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O nordeste é a região bra- sileira que apresenta enor- me miscigenação, riquezas naturais exuberantes e cul- tura ímpar. Berço da coloni- zação portuguesa no Brasil, a região abrigou europeus e africanos que, juntos com os filhos da terra, resulta- ram num povo com traços e características marcantes. Composto por nove esta- dos (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe) com pontos turísticos belíssimos, histórias curiosas e comidas diferentes, o nordeste é um convite para mistura! Tem mulatos, caboclos e cafu- zos. Tem tapioca, buchada e acarajé. Tem forró, baião, frevo e axé. Abençoado por Deus, por Padre Cícero e por Iemanjá. Região dos po- etas, guerreiros, cantores e humoristas. Terra de Gon- zagão, Caetano, Gil, Graci- liano Ramos, Jorge Amado, Raul Seixas, Ariano Suassu- na, Chico Anysio, Chacrinha e Lampião. Lugar do carna- val, do São João e dos fes- tivos religiosos. Nordeste da literatura de cordel de Pata- tiva de Assaré, da capoeira, do maracatu e do bumba- -meu-boi. Essas e outras riquezas foram inspirações para esse jornal para que os leitores possam conhecer, sem preconceito, o que há de melhor no nordeste. Se avexe não, leitor! Venha cá! __________________________________________________________________________________________________ JORNAL DA CULTURA NORDESTINA - ANO 1 - EDIÇÃO Nº1 - VIÇOSA-MG, OUTUBRO DE 2012 mAnDACAru OUTUBRO DE 2012 1 Confira nas abas acima nossas principais matérias!

Jornal MANDACARU

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Jornal experimental criado pelos estudantes do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Viçosa - UFV, Caique Verli, Jéssica Santana, Thaiss Moreira e Vinícius Rennó, para a disciplina COM232 - Editoração Gráfica, orientada pela Professora Laene Mucci. Edição: Jéssica Santana; Diagramação, Ilustração e Revisão: Vinícius Rennó; Redação: Caique Verli, Jéssica Santana e Thaiss Moreira.

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Page 1: Jornal MANDACARU

O nordeste é a região bra-sileira que apresenta enor-me miscigenação, riquezas naturais exuberantes e cul-tura ímpar. Berço da coloni-zação portuguesa no Brasil, a região abrigou europeus e africanos que, juntos com os filhos da terra, resulta-ram num povo com traços e características marcantes. Composto por nove esta-dos (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe) com pontos turísticos belíssimos, histórias curiosas e comidas diferentes, o nordeste é um convite para mistura! Tem mulatos, caboclos e cafu-zos. Tem tapioca, buchada e acarajé. Tem forró, baião, frevo e axé. Abençoado por Deus, por Padre Cícero e por Iemanjá. Região dos po-etas, guerreiros, cantores e humoristas. Terra de Gon-zagão, Caetano, Gil, Graci-liano Ramos, Jorge Amado, Raul Seixas, Ariano Suassu-na, Chico Anysio, Chacrinha e Lampião. Lugar do carna-val, do São João e dos fes-tivos religiosos. Nordeste da literatura de cordel de Pata-tiva de Assaré, da capoeira, do maracatu e do bumba--meu-boi. Essas e outras riquezas foram inspirações para esse jornal para que os leitores possam conhecer, sem preconceito, o que há de melhor no nordeste.

Se avexe não, leitor! Venha cá!

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mAnDACAruOUTUBRO DE 2012 1

Confira nas abas acima nossas principais matérias!

Page 2: Jornal MANDACARU

Você já teve a oportunidade

de experimentar uma deliciosa

buchada de bode? Prato típico

do Nordeste, amada por muitos e

odiada por outros, a buchada é

conhecida por seus ingredientes

exóticos: vísceras, rins e miúdos

do bode. Ingredientes esses que

tornam o prato não tão aceito

pela maioria dos brasileiros.

Natural do Espírito Santo e es-

tudante de Engenharia Ambiental

da UFV, Gabriela Saibel é uma

dessas pessoas que não apro-

va o paladar dessa comida típica

nordestina: “eu não sou muito fã

da buchada não. O sabor me in-

comoda e acho pesado também,

porque eu não gosto de vísceras

de animais”.

O vendedor mineiro, Fernando

Araújo conta que a origem des-

ses ingredientes não impede que

a receita acabe logo quando é

feita em sua casa: “aqui, quan-

do minha mãe faz, acaba rápido.

Não sobra nada. Tem gente que

não gosta. Fala que é nojento.

Mas na minha casa todo mundo

ama buchada de bode”. Polêmi-

cas à parte, a buchada é parte

importante da cultura nordestina.

E faz um sucesso enorme nas

terras de lá e no resto do Brasil.

Vamos aprender a fazê-la en-

tão? Faça e experimente. Os nor-

destinos garantem que você não

vai se arrepender! Tá é danado

de bom!

Você já leu “Os

Sertões”, de Eu-

clides da Cunha?

Lembra-se da ár-

vore sagrada da

Caatinga, que vive

mais de cem anos?

Pois bem, é assim

que Euclides define

essa árvore muito

comum no Nordes-

te brasileiro. Ela dá

como fruto o umbu,

fruta que apresenta

um caroço grande,

coberto por uma polpa com bas-

tante sumo, recoberto por uma

casca fina e esverdeada e mui-

to apreciada em todo o nordes-

te brasileiro. Como nutrientes,

observa-se a presença de vita-

minas B e C, além de minerais

como ferro e potássio.

Essa fruta verde e pequena,

muito usada na culinária nordes-

tina, tem sido objeto de estudo de

algumas pesquisas que mostram

os benefícios do consumo dela:

auxilia na eliminação de toxinas;

funciona como energético; serve

de alimentação para as abelhas,

que a partir daí podem produzir

mel; e tem efeito benéfico contra

a desnutrição. Além disso, a raiz

do umbu pode ser usada na ali-

mentação na época da seca bra-

ba.

Agora, engana-se quem pensa

que, assim como a maioria dos

alimentos usados para tratamen-

to, o umbu tem um sabor ruim!

Os nordestinos já aprovaram. E

eles esperam que você também

tenha a oportunidade de experi-

mentar as deliciosas receitas que

surgem dessa fruta, como sucos

engarrafados, doces, geleia s,

sorvetes e até drink! É isso mes-

mo, existe a umboroska, uma

mistura feita com umbu e com

vodka! Outra maravilha feita com

o umbu é a famosa umbuzada,

com sabor levemente ácido, pre-

parado a partir do cozimento do

umbu misturado com leite e açú-

car. E tu, cabra, gosta?

Sabores Arretados

mAnDACAruOUTUBRO DE 20122 mAnDACAru

OUTUBRO DE 2012 3

Buchada de bode

Ingredientes:

Vísceras de 1 cabrito

(bucho, tripas, fígado e rins)

4 limões grandes

3 dentes de alho esmagados

4 tomates e 4 cebolas picados

1 maço de cheiro verde picado

1 maço de coentro picado

2 folhas de louro picadas

1 xícara de vinagre

2 colheres de sopa de azeite

200g de toucinho fresco picado

Sangue coagulado do cabrito

Farinha de mandioca

Coloral e cominho em pó

Sal e Pimenta-do-reino a gosto

Modo de preparo:

Limpe as vísceras, retirando a

cartilagem e o sebo. Depois, lim-

pe o bucho e esfregue o limão

por dentro e por fora. Deixe de

molho em água fria com o suco

de 1 limão por 5 horas. Pique em

tirinhas as tripas e demais vísce-

ras. Adicione temperos e vinagre.

Deixe descansar. Colocar o bu-

cho e cozinhar em fogo brando

por 4h. Sirva com farinha.

Forte, apimentada, insubstituível! A culinária nordestina é única e não perde para nenhuma outra do Brasil. Acarajé, vatapá, tapioca, rapadura e baião de dois! Quem nunca experimentou uma buchada de bode? Ou aquela carne-de-sol deliciosa? Pratos gostosos que mexem com o paladar do Brasil inteiro e também dos turistas que visitam essa terrinha. Com influência das culiná-rias portuguesa, indígena e africana, os pratos nordestinos são conhecidos também por sua variedade, demonstrando a riqueza da cultura do Nordeste. É o cuscuz e a feijoada representando a cultura africana, a pamonha os nossos ancestrais indígenas e o bacalhau português, compondo assim, um mix gastronômico com um tempero especial nordestino! Vamos experimentar um pouco dessa riqueza e encher nosso bucho?

O FRUTO DA ÁRVORE SAGRADAA CONTROVERSA BUCHADA DE BODE

FAZ SUCESSO EM TODO O BRASIL

O fruto sagrado: umbu verde

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Page 3: Jornal MANDACARU

São João

Muito forró, fogueira, comidas

típicas, festival de quadrilhas e

tradição! Tudo isso acontece em

trinta dias no Nordeste. São as

festas juninas, que começam no

dia de Santo Antônio e terminam

no dia de São Pedro, mais co-

nhecidas por lá como “São João”.

Trata-se de uma festa para santo

nenhum botar defeito! Caruaru-

PE e Campina Grande-PB são

as cidades de maior polo festivo

do São João! Mas a única rivali-

dade que existe entre elas é ver

quem é mais alegre e comemora

mais. Pois em ambas a tristeza

não tem vez!

O mestre Luiz Gonzaga can-

tou o São João e consagrou essa

festa como sendo uma das maio-

res manifestações culturais nor-

destinas. Quem não quer dançar

coladinho, trocar selinhos na bar-

raca do beijo, tomar um quentão,

soltar fogos e homenagear os

três santos de junho? Esse é o

São João!

CarnavalO carnaval acontece uma

vez por ano, quatro dias antes

da quaresma. Em cada esta-

do do Nordeste, o carnaval é

comemorado de uma manei-

ra. Mas o que não muda em

nenhum deles é a alegria dos

foliões. Os principais carna-

vais da região são os de Re-

cife, Olinda e Salvador.

Em Recife e Olinda o car-

naval tem como ritmo princi-

pal o frevo e o maracatu. Os

foliões acompanham o maior

e mais famoso bloco de car-

naval: o Galo da Madruga-

da, que atrai turistas de todo

o país. Durante o dia as ruas

são invadidas pelos famosos

bonecos de Olinda, foliões fan-

tasiados e dançarinos de frevo.

À noite o centro antigo de Recife

é tomado pelo agito, com shows

organizados pela prefeitura.

O carnaval de Salvador, para

muitos, é o melhor do Brasil. Os

foliões vestidos com seus aba-

dás, seguindo os trios elétricos,

é a marca principal desse even-

to. O axé é o principal ritmo que

embala a festa na cidade, tra-

zendo grandes nomes da músi-

ca, como, Ivete Sangalo, Cláudia

Leite, Chiclete com Banana e ou-

tros. Engana-se quem acha que

no carnaval de Salvador, o folião

que não tem abadá nem convite

para o camarote fica fora da fes-

ta. Nada disso! Lá tem lugar para

todo mundo! Eles podem pular,

dançar e curtir a festa na pipoca,

acompanhando os trios do lado

de fora da corda.

Festas religiosasA religiosidade é muito forte

e democrática no Nordeste. Ela

passa pela grande devoção ao

Padre Cícero, na cidade de Jua-

zeiro do Norte-CE, e vai até aos

orixás do Candomblé, bastante

presentes na Bahia. E, é claro,

que festas religiosas na região

não faltam! Em Juazeiro do Nor-

te, cidade considerada o maior

centro de catolicismo popular da

América Latina, as Romarias são

bem famosas e ocorrem oito ve-

zes durante todo ano. Elas atra-

em mais de 300 mil romeiros,

que pegam os caminhões pau-

-de-arara, com muita felicidade e

vão prestigiar esse momento fes-

tivo da tradição católica.

A Romaria mais famosa é a

do dia dois de novembro (Dia de

Finados), com duração de três

dias de pagamento de promes-

sas, orações, compras e visitas a

pontos turísticos, como a Estátua

do Padre Cícero. É, ele mesmo!

O Padim Padi Ciço, santo consa-

grado nordestino.

E quem foi que disse que não

tem um dia especial só para co-

memorar o dia da Rainha do

mar? Já dizia a canção de Dori-

val Caymmi “Dia dois de feverei-

ro, dia de festa no mar, eu quero

ser o primeiro a saudar Ieman-

já.” E é isso mesmo que acon-

tece. Principalmente nas praias

de Salvador. As mães e filhas-

-de-santo junto aos devotos vão

saudar Iemanjá e das jangadas e

dos barcos jogam oferendas para

a deusa do mar. E assim a pro-

tetora dos navegantes é reveren-

ciada em seu dia.

Outra festa religiosa bem co-

mum na Bahia é a do Senhor

do Bonfim, onde ocorre a lava-

gem das escadarias da Igreja do

Bonfim. E a Folia dos Reis tam-

bém é tradição nordestina! Elas

ocorrem no período natalino. Os

reisados saem cantando e acre-

ditando que são continuidades

dos Reis Magos que foram visitar

o menino Jesus em Belém. Viu

ai, xodozinho? Não importa qual

é a sua religião, no Nordeste há

sempre um lugar para comemo-

rar e homenagear a sua fé!

Sagrado e Profano: o Nordeste é festa!

mAnDACAruOUTUBRO DE 20124 mAnDACAru

OUTUBRO DE 2012 5

Misturando o sagrado e o profano, o Nordeste respira alegria! Aposto que você já ouviu, já foi ou sonha em ir ao Carnaval de Salvador e Recife ou ao São João de Caruaru e Campina Grande. Ou quem sabe jogar oferendas para Iemanjá no dia dois de fevereiro? Ou ainda mais! Seguir as Romarias? É, tem que ter muito fôlego para acompanhar o gingado nordestino de festejar! Há quem diga que um brasileiro tem que visitar o Nordeste pelo menos uma vez na vida para perceber a riqueza de seu país. Quem sabe não pode ser em alguma dessas festas?!

São João de Caruaru-PE

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Estátua do Padre Cícero, Juazeiro do Norte-CE

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Page 4: Jornal MANDACARU

A Nação Nordestina é uma página do Facebook. Criada em dezembro de 2011, é seguida por pelo menos 434.300 pessoas. Digo “pelo menos”, porque esse número cresce a cada dia que você ousar visitá-la! O sucesso é tão grande que ela se estendeu para um site que traz tudo que há lá e mais algumas novidades. A página é como coração de mãe. Tem espaço pra todo mundo: nordestinos que estão no Nordeste ou que moram em outras regiões e países; e também uma legião de fãs que não são de lá, mas adoram a cultu-ra nordestina. Nessa página porreta os mais variados as-suntos referentes à cultura do Nordeste são tratados de uma maneira bem nordesti-na de ser. Além disso, a Na-ção Nordestina também veio para quebrar preconceitos, mostrando que nessa região há muita coisa boa, muita produção cultural e também grande contribuição para o progresso do nosso país. O mAnDACAru entrevistou o cearense Bráulio Bessa, criador e editor dessa pági-na que é a maior com temá-tica nordestina do planeta. Confira!

Quando e como surgiu a

ideia de criar uma página no

Facebook sobre o Nordeste?

Bráulio Bessa: Surgiu em de-

zembro de 2011, depois de uma

série de notícias sobre precon-

ceito contra o povo nordestino

em redes sociais. Eu que sempre

fui um apaixonado pela cultura

nordestina, decidi então unir meu

amor por essa cultura e meus co-

nhecimentos e criar um espaço

especialmente dedicado ao nor-

destino na Internet.

O nome surgiu inspirado no

disco “Nação Nordestina”, de Zé

Ramalho, que sempre gostei.

Assim, além de ter casado muito

bem com a proposta do projeto,

ainda fiz essa homenagem a um

dos maiores cantores do Nordes-

te.

Qual o intuito com essa pá-

gina?

O lema do projeto Nação Nor-

destina é valorizar a cultura do

Nordeste e combater o precon-

ceito contra nosso povo. Dentro

disso, posso explorar o infini-

to universo nordestino: cultura,

arte, turismo, humor, costumes,

cenários, vocabulário e, princi-

palmente, o POVO. O

povo nordestino é o que

há de mais mágico e rico

em nossa terra!

Você imaginava ta-

manho sucesso da pá-

gina que atualmente

possui mais de 400 mil

seguidores?

Não, hoje passamos

de 430 mil. Temos uma

média de 12 milhões de

pessoas alcançadas em

menos de um ano. Isso

realmente foi surpre-

endente e me motivou

ainda mais nessa bata-

lha. Vi que não estava

sozinho. Vi que o povo

(De)Repente no Facebooknordestino tem força nas

mídias sociais e a Nação

Nordestina tá ai pra pro-

var isso!

Por que o Nordeste?

Por amor, por devo-

ção, por admiração. Todo

nordestino é um bobo

apaixonado pelo Nordes-

te. Não importa as dife-

renças sociais, a seca, a

fome, o nordestino sente

orgulho de ser dessa ter-

ra. Porém, esse orgulho

de ser nordestino vem

justamente de como nos-

so povo enfrenta as coi-

sas “ruins” da nossa região, com

força nos braços e um sorriso no

rosto. Isso é mágico, é poético, é

apaixonante!

O que mais chama atenção

de não nordestinos na página?

Pelo que já pude perceber em

nossa página, e isso talvez se

aplique ao “mundo real”, a culi-

nária nordestina, a cultura e os

pontos turísticos são o que mais

chamam a atenção dos “não nor-

destinos”. É simples, eles querem

aproveitar o que não existe perto

deles e acabam se apaixonando.

Como é a repercussão fora

do Nordeste?

Podemos verificar nos comen-

tários que recebemos a grande

simpatia que muitos não nordes-

tinos têm pelo Nordeste. Comen-

tários como: “não sou daí, mas se

pudesse seria nordestina de pai,

mãe e parteira” (esse foi de uma

gaúcha); outro foi quando o ator

mineiro Jackson Antunes, que é

um grande apreciador da nossa

cultura, entrou em contato dire-

tamente comigo e elogiou muito

nosso trabalho. Fatos como es-

ses fazem a gente ter a certeza

de quanto somos queridos por

esse Brasil a fora.

A página já sofreu algum

tipo de discriminação, críticas,

preconceito?

Sim, várias, inclusive eu pes-

soalmente já fui atacado de forma

preconceituosa por ser o criador

da página. Inclusive respondi ao

criminoso e publiquei o texto na

“Nação Nordestina”. Sem imagi-

nar, o texto “Resposta ao Precon-

ceito” correu a Internet em vários

sites e blogs depois disso.

Como você vê o preconcei-

to ainda existente com o povo

nordestino?

Ridículo! Já dizia meu sau-

doso avô, Seu Dedé Sapateiro,

“quem não gosta de Nordestino,

bom sujeito não é”. E isso é ver-

dade. Alguém que não admira

esse povo tão sofrido e que luta

todos os dias pra vencer, não

pode ser um bom sujeito.

O que é o Nordeste para

você?

O Nordeste é o verso de Pa-

tativa do Assaré, as canções de

Gonzagão, a arte de Mestre Vi-

talino, as histórias de Ariano Su-

assuna. O Nordeste é tanto que

chego até ficar tonto, quando

tento descrevê-lo!

O que encontrará quem qui-

ser conhecer o Nordeste?

Uma natureza linda, uma cul-

tura rica, um povo forte! Afinal,

sempre digo, “O melhor do Nor-

deste é o nordestino”.

mAnDACAruOUTUBRO DE 20126 mAnDACAru

OUTUBRO DE 2012 7

Página Nação Nordestina no Facebook

“O povo nordestino é o que há de mais mágico e rico em nossa terra!”

Bráulio Bessa, criador e editor da página Nação Nordestina

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mAnDACAruOUTUBRO DE 20128

Jornal experimental criado pelos estudantes do Curso de Jor-nalismo da Universidade Federal de Viçosa - UFV, Caique Verli, Jéssica Santana, Thaiss Moreira e Vinícius Rennó, para a dis-ciplina COM232 - Editoração Gráfica, orientada pela Professora Laene Mucci.

Edição: Jéssica SantanaDiagramação, Ilustração e Revisão: Vinícius RennóRedação: Caique Verli, Jéssica Santana e Thaiss Moreira

Memetizando no Nordeste

Acunhar: apressar-se.“João Grilo, se acunhe queestamos atrasados.”

Baixa da égua: lugar distante

Bater o baba: jogar futebolBoca-de-subaco: pessoa

introspectiva, muito calada.Cabeludo: pão doce feito

com coco.

Cafuçú: pessoa desajeitada, mal vestida.

Comer água: consumir bebidas alcoólicas

Frescar: fazer uma brinca-deira com alguém.

Rebolar no mato: jogar algo fora. “Chicó, rebole no mato esses papéis.”

Tamborete de forró: pes-soa de baixa estatura

Dicionário NordestinoNão se acanhe, leitor! Se você vai para a região Nord-

este e está cabrero por não saber o significado de algumas expressões ou palavras, fique atento: preparamos este pequeno dicionário.

Patrimônio cultural

Em Exu-PE, cidade natal de Luiz Gonzaga, situa-se um museu em

sua homenagem. Nele, encontra-se a famosa “casa de reboco” e a

“sanfona de oito baixos”, tão presentes nas canções do Rei do Baião,

além de seus discos LPs e fotos marcantes de sua carreira. Como,

por exemplo, quando ele cantou para o Papa João Paulo II, que agra-

deceu, dizendo “Obrigado, cantador”. Visite o museu, cabra leitor!

Entrada do museu dedicado a Luiz Gonzaga, em Exu-PE