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nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaedição marco LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas jornal Pela primeira vez em três anos, a Região Noroeste não lidera o ranking de números de casos da dengue na capital mineira. Pág. 2 Muitos atletas amadores que participam de competições correm atrás de patrocínio e conseguem se transformar em profissionais. Pág. 15 Vans transportam pacientes de diversos municípios do interior de Minas Gerais para faze- rem tratamentos médicos na capital Pág. 9 Setembro • 2008 Ano 36• Edição 260 GUSTAVO ANDRADE AMANDA ALMEIDA YONANDA DOS SANTOS Participação popular, maior interesse por iniciativas públicas e maior com- promisso com a política nacional são diretrizes que, para o doutor em Ciên- cias Sociais Malco Camargos, servem como alternativas para melhorar o atual cenário político do Brasil. Em entrevista ao MARCO, ele comenta esses aspectos, o processo de midiati- zação dos escândalos políticos no Brasil e também a relação do público com a exposição excessiva dos governo antes. Cobrar mais e fiscalizar as insti- tuições são necessidades para o me- lhor funcionamento da sociedade. “A impunidade ocorre principalmente devido ao fato de que as instituições políticas são muito corporativas”, avalia. No ano em que se comemora os 40 anos de uma das gerações que mar- cou a história do país e do mundo, a geração de 68, Malco fala a respeito do envolvimento dos jovens com o a- tual momento político e sobre como eles dispõem de mecanismos tecno- lógicos para se manterem informados quanto ao cenário da política e a vida pública dos governantes. Página 16 Reflexões sobre o atual momento político brasileiro ESTUDO ABRE PORTAS PARA PRESAS Quando foram aprovadas no processo seletivo para o segundo semestre deste ano do Centro Uni- versitário Izabela Hendrix, deten- tas da Penitenciária Industrial Estevão Pinto comemoraram o ingresso à faculdade, por abrir uma possibilidade concreta de inserção futura na sociedade. Para transfor- mar o sonho em realidade, no entanto, Beliza (foto ao lado) e três colegas tiveram de superar obstáculos, como falta de trans- porte e de alimentação, contando com a decisiva ajuda do Grupo de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade. Página 13 Trajetória de sucesso apesar das dificuldades Deficientes físicos superam novas barreiras Pessoas portadoras de necessidades especiais podem dirigir graças às pos- sibilidades de adequações nos carros executadas por algumas oficinas mecânicas especializadas na capital. A medida é comemorada por boa parte dos portadores de deficiência física, por causa da praticidade e da autonomia adquirida pelos mesmos. Porém, não reflete a realidade de boa partes dos deficientes físicos de Belo Horizonte, que ainda precisam do transporte público para se deslocarem pela cidade. Mesmo com as adap- tações feitas para os deficientes, eles ainda enfrentam muitos obstáculos, como as dificuldades para subir no ônibus, tendo em vista que nem todos os veículos têm elevador e que faltam pessoas disponíveis para ajudá- los nessa tarefa. Página 7 Quem observa o tímido barbeiro Evandro Lima, morador da Vila São Vicente, não imagina a quantidade de títulos que ele já ganhou ao longo da sua trajetória na queda de braço. O de maior repercussão, até agora, foi o de “Homem mais forte de Minas Gerais”, em 2004. Outros feitos alcançados em sua vida, como ter trabalhado em carvoaria, na construção civil, e hoje ser dono do seu próprio negócio, também são igualmente comemorados pelo atleta, que sonha competir em um mundial de queda de braço. Página 5 Carroceiro guarda o cavalo em sua casa José André Luiz, mais conhecido como Ticão, há oito meses guarda seu cavalo dentro de casa. Tudo começou quando um de seus animais foi roubado e o outro, envene- nado. Tiozinho, como se chama o cavalo, divide o espaço com Ticão e, segundo o mesmo, recebe um tramento espe- cial, à base de uma ração de “boa qualidade”, muitas ver- duras, legumes, vitaminas, além da preocupação do dono com os remédios, vermífugos, desinfetantes para o mau- cheiro e com a higiene. Única fonte de renda de Ticão, de- vido aos carrretos que realiza, Tiozinho agora está machu- cado e faz caminhadas diárias com o dono para se recupe- rar. Página 3 YONANDA DOS SANTOS GUSTAVO ANDRADE GUSTAVO ANDRADE YONANDA DOS SANTOS

Jornal Marco - Ed. 260

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Jornal laboratorio dos alunos do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicacao e Artes da PUC Minas

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Pela primeira vez emtrês anos, a RegiãoNoroeste não lidera oranking de números decasos da dengue nacapital mineira. Pág. 2

Muitos atletas amadoresque participam de competições correm atrásde patrocínio e conseguemse transformar em profissionais. Pág. 15

Vans transportampacientes de diversosmunicípios do interior deMinas Gerais para faze-rem tratamentos médicosna capital Pág. 9

Setembro • 2008Ano 36• Edição 260

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Participação popular, maior interessepor iniciativas públicas e maior com-promisso com a política nacional sãodiretrizes que, para o doutor em Ciên-cias Sociais Malco Camargos, servemcomo alternativas para melhorar oatual cenário político do Brasil. Ementrevista ao MARCO, ele comentaesses aspectos, o processo de midiati-zação dos escândalos políticos noBrasil e também a relação do públicocom a exposição excessiva dos governoantes. Cobrar mais e fiscalizar as insti-tuições são necessidades para o me-lhor funcionamento da sociedade. “Aimpunidade ocorre principalmentedevido ao fato de que as instituiçõespolíticas são muito corporativas”,avalia. No ano em que se comemora os40 anos de uma das gerações que mar-cou a história do país e do mundo, ageração de 68, Malco fala a respeitodo envolvimento dos jovens com o a-tual momento político e sobre comoeles dispõem de mecanismos tecno-lógicos para se manterem informadosquanto ao cenário da política e a vidapública dos governantes. Página 16

Reflexões sobre oatual momentopolítico brasileiro

ESTUDO ABRE PORTAS PARA PRESASQuando foram aprovadas no

processo seletivo para o segundosemestre deste ano do Centro Uni-versitário Izabela Hendrix, deten-tas da Penitenciária IndustrialEstevão Pinto comemoraram oingresso à faculdade, por abrir umapossibilidade concreta de inserçãofutura na sociedade. Para transfor-mar o sonho em realidade, noentanto, Beliza (foto ao lado) e trêscolegas tiveram de superarobstáculos, como falta de trans-porte e de alimentação, contandocom a decisiva ajuda do Grupo deAmigos e Familiares de Pessoas emPrivação de Liberdade. Página 13

Trajetória de sucesso apesar das dificuldades

Deficientes físicos superam novas barreirasPessoas portadoras de necessidades

especiais podem dirigir graças às pos-sibilidades de adequações nos carrosexecutadas por algumas oficinasmecânicas especializadas na capital.A medida é comemorada por boaparte dos portadores de deficiência

física, por causa da praticidade e daautonomia adquirida pelos mesmos.Porém, não reflete a realidade de boapartes dos deficientes físicos de BeloHorizonte, que ainda precisam dotransporte público para se deslocarempela cidade. Mesmo com as adap-

tações feitas para os deficientes, elesainda enfrentam muitos obstáculos,como as dificuldades para subir noônibus, tendo em vista que nemtodos os veículos têm elevador e quefaltam pessoas disponíveis para ajudá-los nessa tarefa. Página 7

Quem observa o tímido barbeiro Evandro Lima, moradorda Vila São Vicente, não imagina a quantidade de títulosque ele já ganhou ao longo da sua trajetória na queda debraço. O de maior repercussão, até agora, foi o de “Homemmais forte de Minas Gerais”, em 2004. Outros feitosalcançados em sua vida, como ter trabalhado em carvoaria,na construção civil, e hoje ser dono do seu próprio negócio,também são igualmente comemorados pelo atleta, que sonhacompetir em um mundial de queda de braço. Página 5

Carroceiro guarda ocavalo em sua casa

José André Luiz, mais conhecido como Ticão, há oitomeses guarda seu cavalo dentro de casa. Tudo começouquando um de seus animais foi roubado e o outro, envene-nado. Tiozinho, como se chama o cavalo, divide o espaçocom Ticão e, segundo o mesmo, recebe um tramento espe-cial, à base de uma ração de “boa qualidade”, muitas ver-duras, legumes, vitaminas, além da preocupação do donocom os remédios, vermífugos, desinfetantes para o mau-cheiro e com a higiene. Única fonte de renda de Ticão, de-vido aos carrretos que realiza, Tiozinho agora está machu-cado e faz caminhadas diárias com o dono para se recupe-rar. Página 3

YONANDA DOS SANTOS

GUSTAVO ANDRADE

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2 ComunidadeSetembro • 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

jornal marcoJornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: [email protected]

Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920

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Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Ivone de Lourdes Oliveira Chefe de Departamento: Profª. Glória GomideCoordenador do Curso de Jornalismo: Profa. Maria Libia Araújo BarbosaCoordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Profª. Daniela Serra

Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditor: Profª. Maria Libia Araújo Barbosa Editor de Fotografia: Prof. Eugênio Sávio

Monitores de Jornalismo: Camila Lam, Cíntia Rezende, Daniela Garcia, DianaFriche, Guyanne Araújo, Laura Sanders, Lorena Karoline Martins, Patrícia Scofield,Raquel Ramos, Renard Vasconcelos, Alba Valéria Gonçalves (São Gabriel)Monitores de Fotografia: Gustavo Andrade e Yonanda dos SantosMonitor de Diagramação: Marcelo Coelho

Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares

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CAMILA LAM, 4ºPERÍODO

Incluir socialmente um indivíduo significa possibilitarque ele tenha oportunidades para encontrar o seulugar na comunidade, na sua cidade e no seu país.A inclusão social é indispensável para que asociedade possa conviver em harmonia com asdiferenças, deficiências e as dificuldades de cadapessoa. Para isto é essencial que o preconceito sejadeixado de lado, pois ele é um dos vários obstácu-los que precisam ser vencidos para que a inclusãoseja completa. No MARCO deste mês, destacam-se histórias não só de inclusão, mas também desuperação pessoal.

A manchete principal desta edição chama para ahistória das mulheres que, mesmo cumprindo penana penitenciária, passaram no vestibular e estão nasala de aula construindo um futuro diferente. Amatéria mostra o apoio fundamental de pessoasque acreditaram na perseverança destas mulheres,acreditaram na vontade delas de lutarem paracrescerem e não acomodarem com os erros do pas-sado. Hoje elas fazem um curso superior e anseiampor mais, muito mais. Um exemplo de dedicação eforça de vontade.

Nas páginas de 2 a 5, os repórteres vão ao encon-tro dos moradores das regiões próximas àsunidades da PUC do Coração Eucarístico e do SãoGabriel, sendo porta-vozes de problemas e deman-das da comunidade. O resultado são reportagensque mostram problemas estruturais dos bairros,como a falta de asfalto em trechos de ruas, que nãoparecem ter solução, além de outras questões quesão um risco para a saúde, como a dengue e escor-piões nas ruas.

Na página 7, a situação de deficientes físicos quetem a possibilidade de se locomoverem com liber-dade graças aos carros adaptados. Apesar de cer-tas limitações e de um outro fator relevante, ocusto, os carros adaptados são práticos e con-tribuem para a independência deles. A matériaainda traz as deficiências do sistema de transportepúblico que ainda não supre as necessidades doscadeirantes.

As eleições estão chegando e um exemplo dedemocracia foi o debate entre os candidatos aprefeito de Belo Horizonte, sediado no teatro daPUC Minas, unidade Coração Eucarístico, transmi-tido ao vivo pela rádio CBN, TV Horizonte, pelaPUC TV e registrado pela equipe do MARCO. Osestudantes dos cursos de jornalismo e de publici-dade e propaganda tiveram a chance de questionaros candidatos sobre propostas para problemasmunicipais.

Outra contribuição para este momento fundamen-tal da democracia é a entrevista o doutor emCiências Políticas, Malco Braga Camargos. Aintenção é que ela ajude a induzir uma reflexãopara todos aqueles que vão escolher os próximosrepresentantes da cidade, prefeito e vereadores.Afinal, vivemos sob um regime democrático e paraque ele funcione bem é preciso que todoscumpram seus deveres de cidadãos. Que oseleitores se informem para fazer uma boa escolha,e que os eleitos correspondam à confiança nelesdepositada.

Inclusão e iniciativacomo forma detransformação social

editorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialEDITORIAL

expedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteEXPEDIENTE

REDUÇÃO DOS CASOS DEDENGUE NO DOM CABRALn

DANIELA GARCIA, 4 º PERÍODO

O relatório de agosto daSecretaria Municipal deSaúde revelou significativaqueda no número de casos dedengue na região atendidapelo Centro de Saúde DomCabral. São 21 casos confir-mados até o mês de agostocontra 137 do ano de 2007.Pela primeira vez em trêsanos, a Regional Noroeste nãolidera o triste ranking demaior número de casos davirose. Bairros da região,entretanto, ainda apresentamum alto índice de casos confir-mados. Nesse mesmorelatório foram notificados 92casos no Centro de SaúdePadre Eustáquio e 44 casos noCentro de Saúde Califórnia.

Segundo Nancy Re-bouças, coordenadora dezoonoses do Centro deSaúde Dom Cabral, aredução de casos de dengueatendidos pelo Centro sedeve principalmente aosreforços dos agentes dezoonoses e saúde na consci-entização da comunidade."Nós otimizamos esse con-tato direto com a popu-lação", afirma.

Maria Aparecida Va-ladares, encarregada dezoonoses do Centro, constataainda a importância doCentro Dia do Idoso, quecedeu espaço para realizaçãode palestras e o apoio de igre-jas católicas e evangélicas daregião. "O Padre Milton(pároco da Igreja BomPastor) falava na missa queera uma vergonha a regiãoestar em 1º lugar em casos dedengue", conta.

Outra ação apontada porAparecida, foi um mutirão nacomunidade em que foramrecolhidos 1 mil pratinhos de

vasos de planta. De acordocom ela, são os pratinhos e ascaixas d'água destampadas asmaiores brechas para o mos-quito na região. Segundo osagentes de zoonoses, deve-seainda ter cuidado com alimpeza dos quintais. "Emgarrafas pet, tampinha derefrigerante, até em uma cascade ovo, se chover, pode virarum depósito de ovos", explicaLeonardo Otávio, agente dezoonoses.

O agente, que é tambémmorador do Dom Cabral, foiuma das vítimas do mosquitono ano passado. Ele lembra

que teve que se ausentar dotrabalho durante alguns diaspara sua recuperação. O tra-balho dele e de mais trêsagentes de zoonoses doCentro de Saúde do DomCabral é visitar os 4.226imóveis no Dom Cabral,Coração Eucarístico, Vila 31de Março e uma parte do JoãoPinheiro. Os trajetos na maio-ria são feitos a pé. Com umamochila a tiracolo e galochanos pés, eles têm a meta devisitar cada imóvel cincovezes ao ano. A essa altura,eles já estão no que chamamde quarto tratamento focal.

Maria Aparecida e agentes de saúde conscientizam os moradores quanto à importância de combater o mosquito

Zelo com vasos de plantas para evitar larvas

"É importante que omorador aceite a visão doagente", enfatiza LeonardoOtávio, agente de zoonoses.Ele pontua a situação em queas pessoas rejeitam sua visitade prevenção e preferem fingirque não estão em casa. MariaAntônia de Souza não é umadelas. Moradora do BairroDom Cabral desde 1965, emsua casa há vários vasos deplantas por toda área externa.Ela, que já teve dengue duasvezes, toma algumas pre-

cauções para evitar os focos."Eu furei vários pratinhos paranão ficar água parada", explicaAntônia a Leonardo. E aindahá vários pratinhos viradospara baixo. No entanto, restaum pratinho com água para-da. Para garantir, Leonardodespeja um preparado quemata a larva do mosquito.Depois de checar a caixad'água, Leonardo registra avisita no cartão de controle. Éconstada como a segunda visi-ta do ano.

Na mesma rua fica a casade Maria Pinheiros. A bem-humorada Maria mora há 40anos no bairro, e não quer sa-ber de ficar com dengue. "Euaté ouço falar dela, mas nãoquero conhecer", brinca. Naárea externa de sua residênciahá várias plantas também. "Ospratinhos? Eu tirei todos",garante. São várias as medidaspreventivas de Maria. O raloda cozinha está tampado, afim de não manter água para-da. "Quando chove, eu subo

na laje e tiro a água com umpano", completa.

Mesmo com toda a dedi-cação da aposentada Maria,Leonardo encontrou larvas doAedes aegypti na sala de estar. Acascata eletrônica, que servecomo decoração, é um desseslugares inusitados onde omosquito pode depositar seusovos. "Essas fontes de águaficam girando, mas é a mesmaágua", explica Maria A-parecida Valadares, encarrega-da de zoonoses do Centro deSaúde Dom Cabral.

Dança ajuda idosos a exercitar

Ao longo de três anos, esse é o primeiro momento em que a Regional Noroeste deixa de ser a campeã de casos da virose

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IZA CAMPOS RAMOS,1º PERÍODO

Vânia Auxiliadora Al-meida Papa, 61 anos,conta que a dança a ajudouna superação de uma crisede depressão. Aluna doCentro de Convivência doIdoso, situado no BairroDom Cabral, que ofereceoficina de dança de salãopara a comunidade eregiões próximas, ela afir-ma que dançar é a coisaque mais gosta de fazer.

O projeto, que é coor-denado pela voluntáriaWaneide Caricate daSilva, 59 anos, nasceu deuma solicitação da própriacomunidade, que impul-sionada pela vontade deuma atividade extra, esco-lheu a dança, por ser degosto comum. O ritmoescolhido pelo professor

Walter Martins Costa, 47anos, foi o bolero, que, segun-do ele, é o mais fácil paraaprender no início curso.

O professor, que tem 17anos de experiência, sente-segratificado em dar aulas paraidosos. “É muito gostoso veros idosos fazendo algumacoisa por eles mesmos, esperofazer o mesmo quando forum também”, diz. Sem finali-dade lucrativa, a oficina dedança de salão cobra umvalor mensal de R$30, que,de acordo com a coordenado-ra, é destinado ao pagamentodo professor. Segundo Wa-neide Silva, parte do dinheiroé utilizada também para amanutenção do espaço.

As aulas acontecem duasvezes por semana, normal-mente com a presença detodos os alunos, que seesforçam para comparecer,pois para eles a dança é umafonte de lazer e bem-estar. Aulas de dança no Centro de Convivência ocorrem duas vezes por semana

Como afirma Maria Ma-dalena Braga de Moura, 82anos, as aulas são como um“remédio”. “Depois que sofrium acidente de carro, fizaulas de hidro, mas aindasentia dores na perna, e sómelhorei depois que comeceicom a dança”, comenta.Mesmo sem o apoio do mari-do, Maria Madalena freqüen-ta, todas as aulas. A faixaetária do grupo varia de 49 a

82 anos, e apesar da pequenaquantidade de homens naaula, o grupo é bem unido esegue sempre de bom-humoros passos do “mestre”.

O professor Walter, a fimde interagir seus alunos dediferentes regiões, promovebailes na Paróquia NossaSenhora Auxiliadora, noBairro João Pinheiro, queacontecem sempre na segun-da sexta-feira do mês.

GUSTAVO ANDRADE

GUSTAVO ANDRADE

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3ComunidadeSetembro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

MORADOR DIVIDE CASA COM CAVALODepois de ter um cavalo roubado, José André, o Ticão, passou a guardar seu cavalo em casa. O morador do Bairro Dom Bosco conta que gasta grande parte de sua renda com o animal

José André Luiz, oTicão, como é mais co-nhecido no Bairro DomBosco, cria um cavalo den-tro de casa. Sua paixãopelo animal começou háoito meses. Após ter umcavalo roubado e outroenvenenado, Ticão re-solveu proteger seu "pa-trimônio", guardando ocavalo, que se chamaTiozinho, em uma áreadentro de casa.

Isaíra dos Santos, vizi-nha de Ticão, conta queagentes da Prefeitura deBelo Horizonte chegarama sugerir que José Andréretirasse o animal de den-tro de casa, mas que devi-do à dificuldade de encon-trar um local seguro paracolocar o cavalo, Tiozinhocontinua dormindo naporta do quarto de Ticão."Ele cismou com esse ca-valo", conta Isaíra.

A única fonte de rendade Ticão provém de car-retos que ele faz comajuda de Tiozinho, R$15

percebeu que seu amigocavalo estava caído. "Acheique ele estava passandomal, mas quando chegueiperto vi que ele haviacaído em um buraco emachucado a perna", dizTicão, chateado.

O carroceiro conta queagora o cavalo é levadotodos os dias para fazercaminhadas. "Como eleestá machucado, nãoposso trabalhar, e se oTiozinho ficar muito para-do, vai demorar ainda

mais para sarar", avisaTicão, que pagou uma ve-terinária para aplicarinjeções contra a dor emTiozinho, mesmo tendoquem possa fazê-lo degraça. "Prefiro pagar paraque cuidem dele direito",

ressalta.De acordo com as infor-

mações da Secretaria deSaúde de Belo Horizonte,não existe nenhuma leique proíba uma pessoa deter um cavalo em casa,desde que o animal fiqueem condições de higiene,não esteja doente e nemincomode os vizinhos combarulho ou mau-cheiro.Embora cavalos possamser hospedeiros do carra-pato-estrela, transmissorda febre maculosa, a vi-gilância sanitária só fisca-liza caso haja denúncia.

Tiozinho não pareceincomodar os vizinhos.Segundo Ticão, o lugaronde o cavalo fica é lavadofreqüentemente com desin-fetantes. O cavalo tomavermífugos, vitaminas e épulverizado com repelentescontra insetos men-salmente. O irmão deTicão, Jair de Souza Vieiraacha que o cavalo sai caro"Só um pacote dessa vita-mina custa R$20", masTicão rebate imediata-mente: "Para cuidar doTiozinho acho que é atébarato".

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RENARD VASCONCELOS, 3º PERÍODO

por viagem, mas por sepreocupar com o bem-estar do animal, que játem 29 anos, não gosta defazer muitos carretos pordia. "Trabalho com ele sóde manhã, senão ele ficamuito cansado", adverteTicão.

Ele conta que só com-pra ração de boa quali-dade para o cavalo, aR$35 o pacote, mas queTiozinho tem uma prefe-rência maior por verdurase legumes. "De dia eu douração, mas à noite, antesdele ir dormir, eu doucenoura, beterraba etomate, ele tem que comercoisas leves para estar bemdisposto pela manhã",conta. Além de alimentos,Ticão gasta boa parte dodinheiro que ganha com-prando outras coisas parao cavalo. "Dou vitaminas,passo remédio, e jogorepelente", enumera.

Ticão conta que no dia16 de agosto levouTiozinho para dar umavolta e pastar em um ter-reno próximo a sua casa eao se distrair um pouco

GUSTAVO ANDRADE

Ticão trabalha fazendo carretos com ajuda de seu cavalo “Tiozinho” apenas pela manhã, para não cansar o animal

Alta incidência de escorpiõesem rua do Bairro Dom Cabraln

JOYCE EMANUELLE,RENATA ANDRADE,CLARISSE ALVES,2° PERÍODO

Assustados com o grandenúmero de escorpiões, osmoradores da Rua OswaldoGattoni, localizada no BairroDom Cabral, Região No-roeste de Belo Horizonte,reivindicam medidas decombate ao animal, que éencontrado com freqüêncianas residências e imediaçõesdaquela via.

O pedreiro Antônio Se-bastião de Souza, 53 anos,afirma que já foi picado pelobicho duas vezes no pé. "Aprimeira vez eu fui (ao hos-pital), porque fiquei muitoruim da perna. A segundavez, já não fui, porque jásabia o remédio que toma-va", relata Antônio, com na-turalidade. Morador dobairro há 23 anos, ValdemarFrancisco Ferreira, 51 anos,também confirma a existên-cia de escorpiões no local eguarda um vidro repletodeles como prova da ocor-rência do mesmo na área emque ele reside.

Alguns moradores recla-mam da ineficiência doórgão responsável pelo con-trole dos escorpiões naregião. Letícia Lima Diniz,23 anos, diz que “o pessoalda vigilância sanitária jáesteve no local, mas eles nãofazem nada. Só falam para opessoal limpar. Alguns vizi-nhos limpam, mas outrosnão. Então não adianta".

De acordo com infor-mações do Centro deZoonoses, órgão responsávelpelo controle de escorpiões eoutros animais, em 2008 ve-rificam-se, na Região No-roeste, 41 notificações de

moradores com relação àincidência de escorpiões. Noentanto, apenas 27 foramatendidas até o mês agosto.De acordo com a bióloga daGerência de Controle deZoonoses da Regionalnoroeste, Pollanah MartinsLira Moreira, o atendimentoàs ocorrências relacionadas aescorpiões pode ser realizadode três maneiras diferentes.A primeira é por meio denotificações de acidentesvindas do Hospital JoãoXXIII; a segunda e feita peloSistema de Atendimento aoCidadão (SAC), através donúmero 156, e a terceira pormeio do Tratamento Focal(Dengue). No terceiro caso,ao visitar as residências aprocura de focos de dengue,o agente também observa seo ambiente é propício à pro-liferação de escorpiões, ecaso sejam encontradoslocais com entulho, lixo acu-mulado, insetos que servemde alimento para esse animalpeçonhento, são distribuidospanfletos educativos. “Ori-entam a mudança de ambi-ente que não favoreça a pro-liferação nem permanênciados escorpiões", explica Pol-lanah.

Ao ser questionado sobrea origem dos escorpiões nobairro, Antônio Sebastião deSouza sugere que os ar-trópodes estejam surgindoda mata pertencente à PUCCoração Eucarístico e damadeireira Itaú.

Elias de Araújo, fun-cionário da madeireira Itaú,garante que medidas positi-vas são tomadas. “A gentepulveriza periodicamente, dequinze em quinze dias, paramatar o cupim, bicho damadeira" conta. Ele salientaque essa ação afasta os escor-piões do local. De acordo

com Pollanah Martins LiraMoreira, eliminar o cupim,que é um dos insetos que ali-mentam o escorpião, é umadas soluções para eliminá-lo,mas ressalta que "não podeser usado inseticida líquido,pois ele não mata o escor-pião. Aliás, ainda não existeinseticida com eficácia com-provada contra escorpiões. Oinseticida líquido apenasdesaloja o animal, aumentan-do o risco de acidentes", diz.

Pollanah orienta que emcaso de acidentes com escor-pião, a primeira providênciaé procurar o hospital JoãoXXIII, que possui um centrode Toxicologia , em no máxi-mo três horas, para que avítima seja devidamentemedicada.

Os escorpiões são ar-trópodes carnívoros que se

alimentam exclusivamentede animais vivos comocupins, baratas, grilos, ara-nhas e pequenos vertebrados.Possuem hábitos noturnos eaparecem com maior fre-qüência em épocas de calor eumidade.

Em 65% dos casos, as pi-cadas são na mão e ante-braço, devido à manipulaçãocom os entulhos e demaislugares onde os escorpiões sealojam. Os sintomas são dorno local da picada, de inícioimediato e intensidade va-riável.

Para prevenir o apareci-mento e a proliferação doartrópode é preciso não acu-mular lixo, entulho e materi-ais de construção; combateros insetos que servem de ali-mento e preservar ospredadores naturais, comocorujas, lagartixas e galinhas.

Valdemar Francisco Ferreira exibe a coleção de escorpiões achados na rua

n A BH Trans realizou no dia 3 de setembro, no

Colégio Santa Maria, uma reunião onde compareceram

53 moradores do Coração Eucarístico, para apresen-

tação das propostas de mudanças previstas no bairro ,

e também colher opiniões dos moradores. De acordo

com José Celso Lana, técnico de transporte e trânsitda

BH Trans, as alterações vão ocorrer em duas etapas.

Na primeira, que tem previsão de início nos próximos

30 dias, Avenida dos Esportes, próximo a Via Expressa,

a Rua Dom João Antônio dos Santos e a Rua Dom

Prudêncio Gomes passarão a ter sentido único. Ainda

serão colocados redutores de velocidade ao longo da

Avenida Ressaca, nas Ruas Dom Lúcio Antunes, Dom

João Antônio das Santos e na Avenida dos Esportes. Na

segunda fase, ainda em fase de elaboração, serão esco-

lhidos cinco membros da comunidade para ajudar na

fiscalização das obras, além da sinalização ao longo da

Avenida Ressaca.

n A estrutura de banheiro localizada na Praça Maria

Luzia Viganó, no Coração Eucarístico, foi removida no

dia 12 de agosto, após reclamações freqüentes dos

moradores do bairro. Citado na última edição do

MARCO, o banheiro foi construído para utilização dos

funcionários do Sistema de Limpeza Urbana (SLU),e

após ser desativado, continuou sendo usado por

moradores de rua que faziam suas necessidades ali,

muitas vezes do lado de fora.

CINTIA REZENDE

YONANDA DOS SANTOS

GUSTAVO ANDRADE

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4 ComunidadeSetembro • 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Cruzamento no Minas Brasil recebe sinalizaçãon

DIANA FRICHE, 3º PERÍODO

O cruzamento das RuasCarioca e Itamarati, noBairro Minas Brasil,Região Noroeste de BeloHorizonte, é marcado poracidentes freqüentes. Ocruzamento dessas ruas éperigoso já que a RuaCarioca é íngreme e osmotoristas descem em altavelocidade. Já a RuaItamarati, onde há a para-da obrigatória, tem a visãoprejudicada por um muroalto na esquina das ruas egrande parte dos mo-radores não respeitam asinalização. Há novemeses, a BHTrans colocou

duas novas placas no local,já que as antigas estavamvelhas e com o letreiro des-gastado. Porém, o proble-ma não foi resolvido.

Moradores da regiãoacompanharam na manhãde sábado, dia 25 de agos-to, um acidente que resul-tou em três pessoas feridase no estrago do portão deum prédio. A batidaenvolveu uma Kombi e umPalio que, segundo teste-munhas, não respeitou aparada obrigatória.

Segundo a moradora doprédio atingido pelo Palio,Damaris Navarro, 51anos, o acidente assustouos moradores que seencontravam no local nomomento da batida. “Por

pouco o carro não bateuna estrutura do prédio, oque poderia causar umagrande tragédia. O queajudou foi que havia trêsvasos na frente de um dospilares da construção”,afirma.

“Acidentes como essecontinuam a ser comunsmesmo com a colocaçãode novas placas no local”,diz Elisabeth RibeiroCosta, 40 anos, dona deum bar situado na RuaItamarati. Ela ainda contaque batidas de trânsito sãofreqüentes no cruzamento.“Normalmente, todomundo que mora aqui naregião vem para socorreras vítimas. A gente aqui dobar sempre acompanha de

perto e faz o possível paraajudá-las”, conta.

Moradores da regiãoafirmam que a nova sina-lização foi colocada a par-tir de um pedido feito àBHTrans que foi atendidoparcialmente, pois não foiinstalado o quebra-molas.“O quebra-molas ajudariabastante na redução deacidentes na nossa rua”,esclarece Ellen Rose CostaMoreira da Silva, 50 anos,moradora do Minas Brasil.

Segundo a assessoria decomunicação da BHTrans,foram colocadas umaplaca “Pare” maior naesquina e uma placa deadvertência antes do local,para alertar o motoristaquanto ao perigo do cruza-

Mesmo com a sinalização, cruzamento no Minas Brasil é local de acidentes

mento. Também foramrepintadas as sinalizaçõesno chão. Não há previsãode colocação de quebra-molas no local e, de acor-do com a assessoria, todas

as providências para adiminuição de acidentesforam tomadas e se omotorista for pegoinfringindo essas regras,poderá de ser autuado.

Samu terá casa nova no Bairro Coração Eucarísticon

MARCELO COELHO DA FONSECA, 4º PERÍODO

O Serviço de Aten-dimento Móvel de Ur-gência (SAMU) vai ga-nhar uma nova sede,localizada no CoraçãoEucarístico. A obra, queteve início em junho desseano e tem previsão paraacabar em abril de 2009,terá uma área total de2.117,28 m², distribuídaem três pavimentos, e éfeita com recursos dosFundos Municipal eNacional de Saúde, doMinistério da Saúde, emum total de mais de R$2,5 milhões.

O terreno escolhido noBairro Coração Euca-rístico foi previamentepreparado para permitir orápido acesso das am-bulâncias à central e tam-bém a vias importantes dacidade. O projeto incluirecursos acústicos e de

climatização e sistema desegurança. Segundo aassessoria da Secretaria deSaúde de Minas Gerais, onovo espaço vai propor-cionar aos trabalhadoresda emergência um ambi-ente adequado para assuas atividades.

Segundo Elias Manuelde Carvalho, mestre deobra responsável pelaconstrução, o andamentoestá correndo conforme oplanejamento e a obratrará vários benefíciospara a comunidade. “Antesa área era um terreno bal-dio, cheio de sujeira eentulhos, o que deixavamuita gente insatisfeita.Agora esta situação podemudar com essa obra”,conta. O mestre de obrasse diz muito feliz em par-ticipar da construção. “Ésempre motivo de grandeorgulho trabalhar emobras públicas da área dasaúde, é bom realizar tra-balhos que contribuem

para todos”, conta Elias,que já participou de outrasobras de centros de saúdeanteriormente.

Para Leandro Ambrósio,que trabalha próximo àfutura sede do SAMU, asobras devem trazer boasmelhorias para o CoraçãoEucarístico. “Acho queessa é uma obra que vaiacrescentar para a região.O movimento de pessoasdeve aumentar muito, oque é bom, e acredito queo melhor será em relação ásegurança do bairro, quedeve aumentar também”,avalia Leandro.

Outro morador quetambém acredita em me-lhorias para o bairro éJarbas de Carvalho, quevive na região há 44 anos ese diz muito otimistasobre a nova sede doSAMU. “Do meu pontode vista será ótimo para obairro. Há muito tempoque o local é um ver-dadeiro matagal, tinha até

tráfico de drogas e ladrõesque usavam o lote para seesconder. Agora isso vaiacabar, o que é muito po-sitivo”, conta Jarbas. Noentanto, ele ressalta quealguns detalhes devem serobservados para evitarproblemas. “Meu únicoreceio é quanto ao barulhoque as ambulâncias ligadaspodem gerar, talvez o somem horas inoportunaspossa incomodar muito avizinhança”, conclui.

MUDANÇA SegundoCarolina Trancoso, coorde-nadora da sede do SAMU,a atual sede, que se loca-liza no Bairro Fun-cionários, na RegiãoCentro-Sul, não atendemais as necessidades exigi-das para operacionaliza-ção do sistema. “As sedesdevem obedecer a váriasespecificações descritaspelo Ministério da Saúde eum projeto contemplandotodas essas particulari-

dades foi elaborado para anova sede. Ela será cons-truída em terreno da PBHno Bairro CoraçãoEucarístico e permitiráuma estrutura mais ade-quada para as centrais,assim como melhorescondições de trabalho danossa equipe”, diz.

Carolina acredita que obarulho não será problemae o projeto só tem a acres-centar para a região. “Além

disso, nessa sede ficarálocada uma ambulânciatipo suporte avançado portratar-se de um local quedá acesso a várias vias detrânsito rápido. As demaisunidades têm suas basesdescentralizadas em todaa cidade e, portanto, épouco provável que ocorraruído que gere transtornoà população da região”,diz.

A nova sede do Samu, já em construção, permitirá acesso rápido a ambulâncias

MUTIRÃO ALERTA PARA OS EXAMESPor meio de palestras, o Centro de Saúde do Dom Cabral conscientiza mulheres sobre a importância do exame que ajuda a prevenir doenças como, por exemplo, o câncer de colo de útero

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ALEXANDRE ALMEIDA,RAPHAEL VIEIRA PIRES,JOSÉ CÂNDIDO PEREIRA JÚNIOR,1° PERÍODO

Levantamento de dadosfeitos pelo Centro deSaúde do Dom Cabralindicou que cerca de 500mulheres estão com oexame do Papanicolau ematraso. O resultado dapesquisa fez os agentescomunitários agilizarem oprocesso de conscientiza-ção, indo de casa em casaconvidar os moradorespara palestras sobre oassunto.

As palestras têm aintenção de esclarecerpossíveis dúvidas sobre arealização do exame,explicando como ocorre oprocedimento e respon-dendo o porquê de fazer oexame.

O Papanicolau, examepreventivo do câncer do

colo uterino e de outrasdoenças sexualmentetransmissíveis, consiste emcoletar amostras de mu-cosa vaginal para análise

em laboratório. A maiorimportância do exame édetectar o tumor precoce,pois assim há maiorchance de cura. O exame,

que é gratuito na redepública de saúde, deve serfeito anualmente em mu-lheres até com 69 anos.Na ocasião, a paciente não

pode estar menstruadanem ter tido relações sexu-ais até 48 horas antes doexame. Médicos ginecolo-gistas e enfermeiros sãohabilitados para fazer oexame.

O câncer de colo uteri-no é o mais comum entreas mulheres do Brasil, cor-respondendo a 24% detodos os cânceres, e podepermanecer de dois a trêsanos sem causar nenhumincômodo a portadora.Por isso a prevenção deveser feita por todas as mu-lheres.

No dia 18 de agostoocorreu uma palestra noCentro de Saúde, no quala enfermeira Maria He-lena Oliveira Nogueirafalou para moradoras doBairro Dom Cabral. “É deextrema importância apresença de todas as mu-lheres da comunidade,pois assim podemos pre-

venir e evitar a prolife-reação do câncer de colodo útero”, disse MariaHelena.

Segundo a moradoraTeresinha Francisca, 63anos, a palestra foi muitoimportante para toda acomunidade e para elamesma, pois ela haviafeito o exame mas nãosabia o porquê, e ficoucom medo no momento,pois também não sabiados procedimentos adota-dos pelos enfermeiros nahora do exame. “Foi real-mente muito bom. Anteseu pensava que o exameera um bicho de setecabeças, mas agora sei queé uma coisa comum quedeve ser feita por todas,independentemente daidade”, explica.

Os exames podem serfeitos no Centro de Saúdedo Dom Cabral, tendoapenas que marcar o diano próprio local.

Palestras para mulheres esclarecem dúvidas sobre o Papanicolau; muitas delas estão com os exames atrasados

MARCELO COELHO

YONANDA DOS SANTOS

RENARD VASCONCELOS

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5Cidade Setembro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

PATROCÍNIO PARA QUEDA DE BRAÇOAtleta da Vila São Vicente precisa de apoio financeiro para viabilizar sua participação no campeonato mundial de queda de braço. Em Minas, ele ganhou 10 dos 12 campeonatos que participou

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TATIANA LAGÔA, 6º PERÍODO

Um braço forte e umamão machucada contamgrande parte de umahistória que se inicia noNorte de Minas, em umafazenda próxima àcidade de Pirapora, e queestá próxima de seguirpara o exterior. EvandroLima da Silva, aos 32anos, após uma série detrabalhos pesados, con-seguiu resistência sufi-ciente para se tornar ovice-campeão brasileirode queda de braço. Asmãos que hoje se machu-cam por causa do treinodiário com um equipa-mento improvisado, já secalejaram em carvoaria,capina, garimpo, cons-truções e em inúmerasoutras atividades. Atual-mente, o atleta da VilaSão Vicente tem umabarbearia e luta pela rea-lização de um sonho:conseguir patrocínio paraparticipar do campeona-to mundial que aconte-cerá em 27 de setembro,no Canadá. "Com certezaum dia eu vou competirem um mundial”, afirma.“Com certeza antes dos40 ainda vou conseguir.Vou treinar bastante paraisso", acrescenta o atleta.

No braço esquerdouma tatuagem evidenciaa paixão pelo esporte aoqual Evandro se dedicahá nove anos. A marca,que o acompanha há seisanos, reproduz uma ban-deira do Brasil com doisbraços competindo nocentro e os dizeres“Braço de ferro”. Braçode ferro pode ser uma

boa definição para o atle-ta que ganhou dez dos12 campeonatos estadu-ais dos quais participou.Em nível nacional, com-petiu oito vezes al-cançando o terceiro lugarem três torneios, sendoque este ano ficou com avice-liderança. Alémdisso, Evandro exibe otroféu do título de"Homem mais forte deMinas". Essa última com-petição ocorreu em2004, no Expominas, eincluiu provas comolevantamento de carro,tombamento de pneupor um percurso de 50metros, suspensão depedras com peso aproxi-mado de 150 quilos auma determinada altura,entre outras atividadescronometradas.

Quando alcançou otítulo de “Homem maisforte de Minas”, Evandrocompetiu com homenstão grandes que ele com-para com “homens dascavernas”. O atletaacredita que a vitória sedeu não só pela força,mas também pelaresistência física adquiri-da quando ainda estavano Norte de Minas, ape-sar da dificuldade finan-ceira que enfrentava noperíodo da competição.Naquele ano, o competi-dor havia saído doemprego e estava comalguns aluguéis atrasa-dos. A premiação querecebeu, de R$ 500, foisuficiente para quitaressa dívida.

Apesar das dificul-dades financeiras, nessesanos de disputa, Evandroconheceu, por intermé- Apesar das dificuldades, Evandro Lima sonha em competir mundialmente

Muito esforço pararealizar um sonhoA luta de braço foi apresen-

tada para Evandro Lima daSilva ainda na infância pelopai. A irmã, Geani Lima lem-bra que, quando moravam nafazenda, o irmão observavadisputas em que participavamo pai e os demais traba-lhadores do lugar. "Mas meupai nem imaginava que umdia ele ia participar de com-petição", recorda. "Eu aindaera pequeno e ficava vendomeu pai ganhando de todomundo", lembra Evandro.

Geani conta ainda que ainfância do atleta foi bas-tante difícil. "A água era dorio, não tinha luz, só tinhapara comer o que plantava. Acidade mais próxima eraPirapora, que ficava a 100quilômetros", recorda. Essasdificuldades são confirmadaspor Evandro: "Passei por todotipo de dificuldade. Eu fuimorar em uma casa comenergia elétrica quando eutinha 16 anos e televisãocom 18 quando eu fui traba-lhar fora e dei de presentepara minha mãe".

A necessidade de traba-lhar para sustentar a famíliaimpediu que Evandro estu-dasse. Mesmo assim, con-seguiu se alfabetizar com aajuda das irmãs que estu-daram até a quarta série. "Oestudo faz falta mas nãoreclamo porque com esforçoa gente vai conseguindo ascoisas. Hoje, vejo que ameninada nasce dentro dasescolas e muitos não queremsaber de nada", diz Evandro.

A trajetória dele confirmaessa visão quanto a possibili-dade de conseguir melhorar avida através de esforço.Geani conta que o irmão temcomo uma das qualidades apersistência. "Ele não sedeixa abater. Quando alguém

fala para ele que não vai con-seguir, que não dá, aí é queele tenta mesmo", comenta.Por outro lado, a irmã acre-dita que o maior defeito deleseja a timidez que o faz ficarmuito calado. O amigoRoberto Coelho Bertoldo,que mora próximo à bar-bearia, não vê a timidez deEvandro como defeito. Aocontrário, classifica comoreflexo de simplicidade. "Eleé muito humilde. Quandoficou em segundo lugar nocampeonato brasileiro nãocontou a ninguém. Acho atéum erro ele ficar caladodiante do que ele é", afirma.

Evandro comenta que, naverdade, não gosta muito dese abrir com as pessoas e porisso fica mais calado. Comseu o jeito mineiro de ser, oretraído Evandro saiu dointerior rumo à BeloHorizonte para conseguirmelhores oportunidades deemprego. Na capital foimorar com a irmã Geani, quehavia se casado, trabalhoucomo servente de pedreiro efaxineiro em uma academia.Passado um tempo juntoudinheiro para montar a bar-bearia onde trabalha atéhoje. "Me considero uma pes-soa vitoriosa. Agora está fal-tando comprar uma casaprópria para mim. Já con-segui minha moto e minhahabilitação de motorista".

O dia-a-dia do atleta é pu-xado. Ele corta, em média, 10cabelos. Nos horários de folga,treina na barbearia comequipamentos que improvisou,como o alicate que usa paradar força as mãos. À noite,Evandro continua se exercitan-do, parte da semana faz mus-culação e, nos demais dias,treina na mesa com os bracis-tas da Equipe Mantovani.

Via asfaltada pela metade incomoda moradoresn

RENARD VASCONCELOS, 3º PERÍODO

Parte da Avenida Itaú, no Bairro Dom Cabral, não tem asfalto e acaba sendo aproveitada como estacionamento

A Avenida Itaú, noBairro Dom Cabral, origi-nalmente foi planejadapara ser uma via larga ecom duas pistas, mas o quese vê atualmente é brita,poeira e reclamações. Sómetade da avenida foiasfaltada, a outra partecontinua em terra batida eé motivo de queixas entreos moradores e frequënta-dores da região.

Maria Carmem Fonseca,que mora no Bairro DomCabral há 20 anos, contaque na Avenida Itaú nãotem tempo bom, quandochove a via se transformaem um verdadeiro lamaçal,e se o tempo está seco apoeira invade as casas.“Quando lavo a minhavaranda, sai até barro,tamanha a quantidade deterra que vem de fora”, diz.

A parte da avenida semasfalto chegou a ser cobertade brita, com o objetivo dereduzir os transtornos cau-

sados pela terra, mas devi-do ao intenso tráfego deveículos já se percebe que acobertura está completa-mente fora do lugar.“Quando me mudei para obairro, solicitei diversasvezes uma solução daprefeitura, mas como ne-nhuma providência foitomada acabei desistindo eaprendendo a conviver como problema”, lembra MariaCarmem.

Como a parte não calça-da da avenida é extrema-mente irregular, não é uti-lizada como passagem paraos carros e acabou sendoaproveitada como esta-cionamento, o que setornou um transtorno adi-cional para os moradoresda Avenida Itaú. Asqueixas são muitas, carrosestacionados em frente àsgaragens, em cima do pas-seio, meio-fio quebrado emais poeira. “Tem genteque faz questão de cantaros pneus quando vai arran-car o carro, só para levantarpoeira e espalhar aindamais a brita”, conta Wagner

Miguel, morador do localhá 15 anos.

A quantidade de pessoasque utilizam o espaço comoestacionamento é grande.Segundo Wagner, a maiorparte é composta por fun-cionários das empresaslocalizadas na avenida. “Eunão me importo que as pes-soas utilizem esse espaçocomo estacionamento, des-de que seja respeitada a

entrada das garagens”,ressalta o morador.

PROBLEMA De acordo como presidente da Associaçãode Moradores do BairroDom Cabral, ArmandoSandinha, um ofício foienviado para a RegionalNoroeste no primeirosemestre de 2007, explican-do o problema existente naAvenida Itaú e pedindo

uma solução, mas até omomento, nenhuma po-sição foi dada por parte daprefeitura. “Alguns mora-dores já estão utilizando aparte sem asfalto comoentrada para as residências,colocando canteiros egrama, mas agora queremosque a prefeitura resolva oproblema de forma definiti-va, asfaltando toda a aveni-da”, diz Armando.

Os moradores da AvenidaItaú lembram que o proble-ma de infra-estrutura no localé antigo. Uma suposta di-vergência sobre a responsa-bilidade do trecho, quemargeia o Anel Rodoviário,existiria entre a prefeitura e oDepartamento Nacional deInfra-estrutura de Trans-portes (DNIT), fazendo comque a avenida fique fora dosprojetos de melhoria noBairro Dom Cabral. “Tudoaqui é difícil, serviço de águae esgoto demorou a chegar, sóconseguimos depois de muitaluta”, lembra a moradoraMaria Carmem.

O engenheiro supervisor doDNIT em Belo Horizonte,Alexandre Oliveira, garantiu quea responsabilidade da AvenidaItaú cabe à Prefeitura de BeloHorizonte, e não ao órgão fede-ral. O MARCO tentou, semsucesso, obter informações sobreo assunto junto à AdministraçãoMunicipal, por meio de suaAssessoria de Imprensa, pelaSuperintendência de De-senvolvimento da Capital(Sudecap) e também pelaRegional.

GUSTAVO ANDRADE

YONANDA DOS SANTOS

dio do esporte, quatroestados: Mato Grosso,São Paulo, Rio de Janeiroe Paraná. Para isso, con-tou com a ajuda deempresas patrocinadorase da amiga SoraiaMantovani, que conhe-ceu em um dos campeo-natos que participou.Soraia é árbitra e técnicada Equipe Mantovani,um grupo mineiro debracistas, do qual é coor-denadora. Evandroencontrou apoio nessaequipe para treinar e cap-tar recursos necessáriospara arcar com as despe-sas das viagens.

"Ele é um excelenteatleta, que corre atrás doque quer. É extrema-mente persistente e seesforça para conseguir

dinheiro para se manternas viagens. O que aequipe pode fazer por eleé ajudar em algumas pas-sagens de ônibus, o restoé por conta dele", contaSoraia. Essa ajuda viabili-zou a participação deEvandro no CampeonatoBrasileiro das Seleções,em Recife, segunda sele-tiva para a disputa noCanadá.

O atleta pediu a cartade convocação dessemundial para a Con-federação Brasileira deLuta de Braço, a fim debuscar patrocínios a par-tir da posse do documen-to. Evandro aguarda queos interessados empatrociná-lo entrem emcontato pelo telefone:(31) 9385-5694.

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6 CidadeSetembro • 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

DANÇA NO SAGUÃO DA RODOVIÁRIA Quinzenalmente, às sexta-feiras, grupos de dança de diversas modalidades se apresentam no terminal rodoviário. As apresentações são uma opção de entretenimento para passageiros

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BRUNA CRUZ, GABRIELA DE SOUZA,JÚNIA PIMENTA,LUÍSA MELO, 1º PERÍODO

Desde a criação da"Plataforma da Arte", astardes de sexta-feira já nãosão mais as mesmas paraquem passa pelo terminalrodoviário de BeloHorizonte. Através desteprojeto, desenvolvido peloSESC/Laces-JK em parce-ria com a rodoviária, osaguão principal tornou-sepalco para manifestaçõesartísticas que propor-cionam momentos de cul-tura e descontração paraos passageiros que alichegam ou aguardam apartida do ônibus.

Embora exista desdemaio de 2005 apenas comespetáculos de balé clássi-co, foi em 2008 que oprojeto se expandiu e apre-sentou ainda vários tiposde dança: contem-porânea, jazz, dança fol-

clórica, street dance, forró,samba, entre outros, con-forme explica HelenoAugusto, responsável pelaprogramação.

As apresentações ocor-rem quinzenalmente, sem-pre às sextas-feiras a partir

das 16 horas. Uma delasfoi realizada no dia 22 deagosto, Dia do Folclore,com a apresentação dogrupo de pesquisa e pro-jeção folclórica Guararás, oqual apresentou espetácu-los de Carimbó, Frevo e

Maracatu. De acordo com a ge-

rente do Laces-JK, JaniceFortini, o principal objeti-vo da “Plataforma da Arte”é democratizar a cultura elevá-la a quem não temacesso. É uma iniciativa

inovadora, pois o projetofoi idealizado para serealizar especificamente noterminal, algo que nãoexistia em BH. "Já experi-mentamos outros tipos dearte, porém a dança foi aque mais se adequou aoespaço disponível", infor-mou Eliane Guedes, asses-sora de eventos do termi-nal.

Além de oferecer lazer eentretenimento, o projetotraz também benefíciospara os grupos de dançaque se apresentam, poisestes divulgam o seu tra-balho e experimentam areação de um público dis-tinto do qual estão habitu-ados. "Primeiramente, aspessoas ficam intimidadascom a apresentação, masdepois se acostumam e atéinteragem conosco", dizLeonardo Augusto,dançarino do Guararás.

A apresentação dogrupo, em geral, teve umaboa aceitação, como podeser observado pela avali-

ação da espectadora OtíliaOliveira: "O espetáculo ébom e necessário".

Magali Araújo, tambémespectadora, destaca aimportância cultural doprojeto. "Foi muito bonito,resgatou uma cultura quenem todos conhecem,nunca vi uma apresentaçãode arte como esta. Achei ainiciativa do projetointeressante, pois aconteceem um local em que hápessoas de vários estadosdo Brasil", diz.

Renomados grupos dedança já se apresentarampela “Plataforma da Arte”,como, por exemplo:Primeiro Ato, GrupoMimullus, Sarandeiros,Seraque? e Aruanda. Oprojeto, através de suasapresentações, possibilitaainda o intercâmbio cul-tural entre os grupos dedança e as quase 30 milpessoas que passam pelarodoviária todos os dias,afirma Janice.

Passageiros assistem à apresentação de frevo, carimbó e maracatu do Grupo Guararás enquanto esperam o embarque

YONANDA DOS SANTOS

Inclusão para pessoas com Síndrome de Downn

ANTONIO ELIZEU DE OLIVEIRA, 3º PERÍODO

Lidsy Mol Lopes, 44 anos,quando deu a luz a um bebêcom Síndrome de Down, hácinco anos, em BeloHorizonte, deixou de exer-cer a profissão de decoradorapara dedicar-se quase queexclusivamente à filha e,mais ainda, à causa de pes-soas com Síndrome deDown. “Aceitando sua cri-ança, a sociedade também aaceita”, diz.

Hoje, a função de Lidsycomo coordenadora é atuarna divulgação do InstitutoMeta Social, no desenvolvi-mento de projetos de infor-mação e na busca de parce-rias junto ao meio acadêmicoe empresas, visando ainclusão da pessoa comSíndrome de Down.

O Instituto Meta Social(IMS) é uma organizaçãonão-governamental (ONG),cuja missão é promover edisponibilizar o conhecimen-to sobre as pessoas com defi-ciência para sociedade, pormeio de ações positivas einovadoras, buscando umamudança de comportamentocom relação às diferenças. OIMS não recebe verbas go-vernamentais, não possuisede e não faz atendimentodireto ao público. A institu-ição sobrevive compatrocínios empresariais eapoios de voluntários.

A cada ação, uma onda deconscientização vai se for-mando, permitindo quenovos espaços sejam con-quistados. Uma dessas açõesfoi a recente exibição deuma novela com o tema ,atuação de uma atriz comSíndrome de Down e a par-ticipação de familiares pres-tando depoimentos.

“O Brasil todo assistiu'Páginas da Vida' e asociedade viu que a pessoacom Síndrome de Down écapaz, renegando essa carac-

terística pessoal comodoença, pois há hoje muitainformação médica e científi-ca. Essa exposição provocouuma grande abertura, fazen-do com que a sociedade sesinta livre para expor a cri-ança, nos dia-a-dia, nas tare-fas”, enfatiza Lidsy.

DIFERENÇA “Ser diferente énormal”. Este é o slogan deuma campanha publicitáriado IMS, visando mostrar àsociedade que a pessoa comSíndrome de Down é alguémcapaz e tem condições deexercer normalmente asatividades. Através desseProjeto, o IMS promoveu,em maio último, apresen-tação numa casa de espetácu-los na Zona Sul da capital daBanda Despertar, compostapor 40 jovens e adultos comSíndrome de Down, Essaapresentação teve partici-pação da Banda Isoldina, docantor Vander Lee e Podé,vocalista da BandaTianastácia.

”Participar de projeto 'Serdiferente é normal' foiinesquecível e gratificantepara todos nós da Isoldina.Ficamos impressionados como carinho e atenção das cri-anças e organizadores doevento. Uma campanhacomo esta é de fundamentalimportância de conscientiza-ção para todos que não co-nhecem e nunca tiveram con-tato com alguém que 'nãosegue os padrões de normali-dade'. Acreditamos que todasas pessoas deveriam conhecero projeto e ter a oportu-nidade de conhecer as cri-anças com de Síndrome deDown”, comenta Rafael, gui-tarrista da Banda Isoldina.

São vários os projetosdesenvolvidos pelo IMS,como a “Turma da Clarinha”,que são bonecos com carac-terísticas de Síndrome deDown para crianças, pro-duzidos pela primeira vez noBrasil em escala industrial,

Oficina das Fraldas, Oficinade Técnicas de Massagem e arealização do documentário“DO LUTO À LUTA”,direção de Evaldo Marcazel,patrocínio da Petrobrás eprodução do Espaço Uni-banco de Cinema. O filmeretrata o mundo da visão doser com Síndrome de Down.

OBJETIVOS Fundado hácinco anos, funcionando noBairro Sion, Zona Sul de BH,o Instituto EducacionalDespertar “tem o objetivo deintegrar no mercado de tra-balho, pessoas com Síndromede Down, deficiência auditi-va, autistas, problemas decoordenação motora, dentreoutros”, explica a coorde-nadora pedagógica VâniaMiranda.

Dentre várias atividades,dois projetos são enfatizados:o primeiro, a Banda Des-pertar, composta por mais de40 integrantes, sob a maes-tria do Professor João deBruçó, músico e ator, que tra-balha com o grupo “desen-volvendo a música e os movi-mentos, não especificamentea dança”, salienta o profes-sor. “Deve-se tratá-los comopessoas 'normais'.. na Banda,é necessário ter disciplina”,explica João.

Outro projeto desta Escolaenvolve jovens que formamuma turma onde aprendemProdução Gráfica e estãosendo preparados para atuarno mercado gráfico.Ministrando a disciplina deProgramação Visual e GráficaRápida, a Professora PaolaTeixeira os prepara, enquantoaguarda um patrocínio paraconcretizar essa atividade.“Eles são capazes de executartrabalhos em Photoshop eCorew Draw, como esse con-vite que nesse momento elesestão desenvolvendo, parauma feira que será realizadapela Escola”, salienta a pro-fessora.

Crianças com ou sem Síndrome de Down participam do ensaio da “Banda Despertar” regido pelo Prof.João de Bruçó

YONANDA DOS SANTOS

“Síndrome de Down é umevento genético relacionadocom o fenótipo, com identifi-cação característica facial.Ela é descrita como oriental,que outrora fora denominadacomo mongolismo”, relata oDr. Zan Mustashi, médicoespecializado em Síndromede Down, no documentário'Do luto à luta', que trata dotema. “Hoje, quando deno-minamos uma criança comSíndrome de Down, nóscaracterizamos que o contex-to evolutivo e os limitesdescritos ou definidos pelaliteratura e pela sociedade.São limites impostos e, senão forem impostos, elesserão, sem dúvida, vencidos”,completa o médico.

Todos os seres humanossão formados por células quepossuem em sua parte centralum conjunto de pequeninasestruturas, chamadas cro-

mossomos, que determinamas características de cada um,como cor de cabelo, cor dapele, altura, etc. O númerode cromossomos presente nascélulas de uma pessoa é 46(23 do pai e 23 da mãe), eestes se dispõem formando23 pares. No caso daSíndrome de Down, ocorreum erro na distribuição e, aoinvés de 46, as célulasrecebem 47 cromossomos. Oelemento extra fica unido aopar número 21. Daí também,o nome de Trissomia do 21.Ainda não se conhece a causadessa alteração genética.

Sabe-se que não existeresponsabilidade dos paispara que ela ocorra, nemproblemas registrados du-rante a gravidez são cau-sadores da Síndrome deDown, pois esta já está pre-sente logo na união do esper-matozóide (célula do pai)

com o óvulo (célula da mãe).Conforme Lidsy Mol

Lopes, coordenadora doInstituto Meta Social, háavanços na legislação contraa discriminação social, taiscomo a Lei n° 9.394, de20/12/1996, do Ministérioda Educação, que estabelecediretrizes e bases da educa-cionais no Brasil, cujoCAPÍTULO V versa sobreeducação especial, incluindoa pessoa com Síndrome deDown no contexto educa-cional, com suas particulari-dades. Outro avanço vem doMinistério da Saúde, quealterou os dados do Cartãoda Criança do Sistema Únicode Saúde (SUS), com infor-mações de medidas e pesosespecíficos da criança comSíndrome de Down, pois, atéentão, usavam-se os mesmosdados aplicados para os nãoportadores da Síndrome.

Causa é alteração genética

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7Cidade Setembro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

ADAPTAÇÕES AJUDAM DEFICIENTESPortadores de deficiências recuperam independência e mobilidade com auxílio de carros adaptados, que podem ser comprados com isenções de impostos fiscais e descontos de até 28%

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CRISTIANO MARTINS,DAVID LUIZ PRADO,EMERSON CAMPOS,8° PERÍODO

Em 1986, o contadorJader Caser, 45 anos,sofreu um grave acidentede carro, e, por conse-qüência, teve ambas aspernas amputadas. Desdeentão, ele passou a convi-ver freqüentemente comdesafios relacionados aoseu transporte. Após algu-mas tentativas frustradasde se adaptar a próteses,Jader passou a se loco-mover por meio da cadeirade rodas. Para se adaptar ànova realidade e buscaruma forma de lazer, eleprocurou um grupo decadeirantes que prati-cavam o basquete. A limi-tação física, no entanto,foi apenas o primeiroobstáculo a ser vencido.“Eu treinava três vezespor semana, sempre ia deônibus, e sabia que, comum carro, teria muito maisliberdade e comodidade”,conta o cadeirante, quepassou a se dedicar aotênis há três anos, períodono qual já conquistouquatro títulos, entre elesuma etapa do campeonatobrasileiro da categoria.

Assim como Jader,muitas outras pessoasvêem nos carros adapta-dos o melhor caminhopara driblar as limitaçõesdo cotidiano e adquirirmais independência. É ocaso de portadores de

amputações, paralisias elimitações de movimentos,dentre outras lesões, sejamelas de nascença ouadquiridas durante a vida.De acordo com a legis-lação vigente no Brasil,indivíduos com dois mem-bros totalmente prejudica-dos ou até três parcial-mente afetados podemconduzir veículos especiaismodificados, automáticosou semi-automáticos.

Os portadores de neces-sidades especiais que dese-jam adquirir seu carro

próprio são beneficiadaspor um conjunto de leisque facilitam o financia-mento da compra eabatem alguns impostos,como o IPI (ImpostoSobre Produtos Indus-trializados), IOF (ImpostoSobre Operações Finan-ceiras), ICMS (ImpostoSobre a Circulação deMercadorias e Serviços) eIPVA (Imposto Sobre aPropriedade de VeículosAutomotores) do valortotal do automóvel.

Apesar dessa vantagem,

Jader lembra que, mesmocom o desconto, que poderepresentar até 28% dopreço total, o valor eleva-do dos carros automáticosainda dificulta o acesso.“Hoje, eu não posso com-prar um carro, por exem-plo, de R$ 10 mil e adap-tar a embreagem nele paradirigir. A lei só me permitecomprar um carro au-tomático, e ele é muitomais caro. Mesmo sem osimpostos, os veículos maisbaratos saem por aproxi-madamente R$ 38 mil”,

explica.

MODIFICAÇÕES As alte-rações necessárias em cadaveículo variam de acordocom as necessidades domotorista, que são cons-tatadas após um testerealizado no simulador noDepartamento de Trânsito(Detran). Cada umadessas modificações, ouaté mesmo mais de uma,simultaneamente, sãoincorporadas ao veículopor uma oficina credencia-da, com base no laudo

médico, e então passampor uma vistoria técnica,para que sejam verificadassua qualidade e segurança.

Desde meados da déca-da de 1970, Hélio Mouraé proprietário de umaoficina credenciada querealiza alterações emveículos para atender àsnecessidades dos porta-dores de deficiência. Apósum acidente de automó-vel, uma cunhada deHélio ficou paraplégica, e,por isso, surgiu a idéia deadaptar um veículo paraque ela continuasse a diri-gir. Durante o mesmoperíodo, um aluno tam-bém paraplégico doColégio Técnico (Coltec),onde o mecânico davaaulas, precisava se loco-mover com mais agilidade.O professor acabou rea-lizando outro projeto deadaptação veicular e,desde então, se especiali-zou na atividade.

Atualmente, a oficinarealiza cerca de 30 adap-tações por mês, e muitaspessoas chegam a vir dointerior de Minas e até deoutros estados pararealizar as modificações.Até mesmo caminhões jáforam adaptados na ofici-na. O preço das modifi-cações varia entre R$ 95,para a colocação do pomogiratório, e R$ 2.400, paraa instalação do sistemacompleto, com freio e ace-lerador manuais, pomogiratório no volante eembreagem semi-automá-tica.

Hélio Moura, proprietário de uma oficina no Bairro Floresta, é mecânico especialista em adaptações. Ele mostra a instalação do pomo giratório, acessório removível

Transporte coletivo aindanecessita de adaptaçõesApesar da evolução no sis-

tema de transporte coletivoem Belo Horizonte, pegaruma lotação parece não terficado muito mais fácil paraquem possui necessidadesespeciais. Quem conta éRafael Medeiros Gomes, de18 anos, paraplégico. O estu-dante joga tênis no mesmogrupo de Jader Caser e, hoje,vive na pele as dificuldadesque o colega contador viviana época em que começou apraticar esportes paracadeirantes. Rafael dependede ônibus para o seu trans-porte até o local dos treinos,e reclama da má qualidade eda falta de acessibilidade dosveículos públicos na capital.“Existem várias linhas quetêm até elevador, mas muitasvezes está estragado, ou ocobrador não tem treina-mento adequado. Alémdisso, às vezes o ônibus páramuito longe da calçada, e aípreciso da ajuda de outraspessoas, fica complicado”,avalia o estudante. Apesardos benefícios e facilidadespara a aquisição de um carro,o contador e o estudantedefendem que a melhorsolução para o problema dalocomoção dos cadeirantesseria um transporte públicomais eficiente. Ambos citama Europa como modelo para

mudanças. “O melhor esque-ma que eu vi até hoje é o daSuécia. Lá, os ônibus têm aentrada para a cadeira derodas no mesmo nível dochão, no ponto”, explicaRafael, que recentementerepresentou o Brasil em umcampeonato de tênis no país.“O ônibus não tem que terelevador, porque isso torna aadaptação mais cara e maiscomplicada de utilizar. Temque ter a entrada no mesmonível, na porta do meio,como é na Europa”, reforçaJader.

Já na opinião de LeonardoFernando da Silva, de 27anos, secretário voluntário daUnião dos Paraplégicos deBH, a maioria das linhas deônibus está bem adaptada, e

o que costuma haver é umapostura passiva do defi-ciente. “Muitas vezes a pes-soa prefere ficar em casa aoinvés de sair, porque já temesse preconceito, e acha quevai ter muito problema, quevai demorar, passar porhumilhação. Mas ela nãopode esquecer que tem odireito ao transporte igual atodo mundo”, argumentaLeonardo.

Segundo Edson Rios,assessor de imprensa doSindicato das Empresas deTransporte de Passageiros deBelo Horizonte, todas asempresas que atuam nacidade promovem cursos etreinamento constante aosfuncionários para lidar comos passageiros cadeirantes.

Auto-escola para deficientesJá foi aprovado em todas

as comissões e aguardavotação o projeto de lei1398/07, do deputadoestadual Diniz Pinheiro(PSDB), que propõe queos Centros de Formação deCondutores (CFC’s) dacapital, com uma frotasuperior a dez veículos,adaptem pelo menos umpara o atendimento aosportadores de necessidadesespeciais. Para isso, o carrodeve apresentar o maiornúmero possível de adap-tações, para que maisalunos sejam atendidos.

A grande maioria dasauto-escolas de BeloHorizonte ainda não contacom veículos adequadospara que deficientes físicosfaçam as aulas e aspirem àhabilitação. Apenas trêscentros na cidade possuemautomóveis destinados pa-ra esse fim. Dependendoda necessidade de adap-tação do veículo, muitoscondutores acabam uti-lizando carros particularespara realizar os examespráticos no Departamentode Trânsito de MinasGerais (Detran -MG).

De acordo com CíceroAlves, instrutor de um cen-tro de formação em Belo

Horizonte, quando umaluno com necessidadesespeciais procura a auto-escola, geralmente éencaminhado para algumadas poucas que possuem osveículos adequados. Emalguns casos, chega a haverlistas de espera pelas aulasnessas escolas. Para oinstrutor, as principais difi-culdades que os centrosenfrentarão, caso a lei sejaaprovada, estão no fato deexistirem adaptações dife-rentes para cada tipo dedeficiência e de que, emmuitos casos, os carros sãoparticulares. “Nem todosos veículos são de pro-priedade das auto-escolas.Alguns CFC’s agregam osinstrutores e seus respec-tivos veículos, e por isso émais difícil ter carros adap-tados para as aulas práticasde direção”, argumenta.

Segundo Hélio Moura,proprietário de uma oficinaespecializada em adap-tações de veículos paradeficientes físicos, existe apossibilidade de instalar,em um mesmo veículo,diversos dispositivos quepossam atender uma maiorquantidade de pessoas.“Alguns tipos de alterações,como a colocação de

pomos, alavancas, inver-sões dos pedais e alonga-mentos, são móveis e, porisso, vários equipamentospodem, sim, ser utilizadosem situações diferentes”,explica.

Para o cadeirante RafaelMedeiros Gomes, que pre-tende tirar a carteira demotorista, a legislação, casoseja aprovada, será muitoútil, sobretudo para as pes-soas que, como ele, depen-dem dos carros automáti-cos, que são mais caros.“Essa mudança seria umgrande passo, porque, hoje,se a pessoa não temcondição de comprar opróprio carro automático,já tem pelo menos a possi-bilidades de tirar a carteira.Eu tenho um amigo queestá na fila de espera há ummês”, comenta Rafael.

Segundo o deputadoDiniz Pinheiro, o projetopode não apresentar aindatodas as soluções, mas,caso seja aprovada, a leiserá um importante avançopara o aperfeiçoamento dasituação. “O principal éque, com isso, vamos des-pertar mais a sociedadepara as necessidades dessaspessoas”, explica o autor doprojeto.

Depender do transporte público para se locomover é um desafio para Rafael

DAVID LUIZ PRADO

GUSTAVO ANDRADE

Page 8: Jornal Marco - Ed. 260

8 Cidade Setembro • 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

NOVA RODOVIÁRIA DIVIDE OPINIÕES Pesquisa de estudantes do 5º período de Ciências Sociais da PUC Minas revela que moradores do Calafate estão divididos quanto a transferência do terminal rodoviário para a região

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PATRÍCIA SCOFIELD, 6º PERÍODO

Pesquisa realizada porcinco alunas do 5º períodode Ciências Sociais da PUCMinas constatou que 51,1%dos entrevistados rejeitam atransferência do TerminalRodoviário de Belo Ho-rizonte do centro para oBairro Calafate. Desse total,35,9% consideraram péssi-mo e 15,2% estimaram comoruim. Por outro lado, aaprovação é de 32,6%, den-tre os quais 19,6% disseramque a mudança da rodoviáriaé boa e 13% classificaramcomo ótimo.

A pesquisa foi feita comoatividade da disciplina deMetodologia Quantitativa etrabalhou com seis variáveis:ótimo, bom, regular, ruim,péssimo e não sabe/nãorespondeu. Durante oprimeiro semestre deste anoforam ouvidas 92 pessoas quemoram no Calafate e na vila,próxima à linha do metrô.

De acordo com a alunaJoyce Gesuilo Gonçalves,uma das responsáveis pelapesquisa, os moradores queconsideraram a proposta daPBH como péssima justi-

Moradores protestam carregando faixas na Afonso Pena e fazem parada em frente a Prefeitura de Belo Horizonte

GUSTAVO ANDRADE

ficaram, em primeiro lugar, ainsegurança no Calafate, porexemplo, o aumento deassaltos e roubos. Em segundolugar, a consideração men-cionada para justificar esseconceito é a "piora" do trânsi-to, seguida por motivos comoaumento do lixo nas ruas e ocrescimento do número depessoas estranhas circulando

no bairro.As estudantes Joyce

Gesuilo, Tábata ChristieFreitas, Rejane de Oilveira,Ana Carolina de Oliveira eBeatriz de Fátima Dominguesdescobriram que a pesquisaquantitativa contrariou aexpectativa de que o comércioseria afetado de forma negati-va, já que 38% dos entrevista-

dos disseram que esse setor deserviços vai melhorar, devidoà construção do shopping e àrecente instalação de bancosna região. "Tem rejeição, masnão como a mídia e os líderescomunitários têm falado”,afirma Joyce. Segundo ela,existem muitas pessoasfavoráveis.

De acordo com as alunas do

5º período de Ciências Sociais,elas já haviam feito, durante o1º e o 3º períodos, análisesantropológicas sobre o termi-nal rodoviário. Sob a orien-tação do professor MalcoCamargos, as estudantesresolveram aliar essa teoria aoproblema da transferência darodoviária. Joyce relembra que,por meio do MARCO, elasdescobriram que os moradoresnão tinham voz na negociaçãocom a prefeitura. A alunaRejane de Oliveira completaque a pesquisa indica um fatoque "vai contra a reclamação"."Os moradores do Calafate nãodão margem para a escuta.Não é a associação demoradores que faz pesquisas,são as pessoas de fora", ressaltaRejane.

Para o professor MalcoCamargos, as pessoas sãomuito benevolentes com asmudanças. "Elas têm aimpressão de que tem a vercom o progresso. Na realidade,não é bem assim", observa.Malco destaca que quempropõe o projeto (darodoviária do Calafate) é omesmo que deveria fiscalizá-lo,e que o plano geral doempreendimento "aconteceude maneira menos controlada".O professor lança uma reflexão

aos belo-horizontinos: "Comoo Coração Eucarístico, oPrado...vêem isso? Fica a pautapara a cidade".

NOTA DA PBH Por meio da suaAssessoria de Comunicação, aPrefeitura de Belo Horizontedivulgou nota em que afirmaque o projeto da novarodoviária está de acordo com alegislação municipal e dentrodas diretrizes urbanísticas dacidade. "A Prefeitura escutou assugestões dos moradores emaudiência pública realizada emjulho deste ano, atendendo aexigência da legislação de lici-tações. O fato de a rodoviáriamigrar para a região do Calafatevai melhorar muito o tráfego nacidade e não impactará deforma negativa o trânsito nolocal", ressalta o texto.

A prefeitura informa que oobjetivo principal da retiradada rodoviária do centro da ca-pital está inserido no contextode requalificação e revitaliza-ção da região central dacidade. "Essa é uma visão quehá 30 anos vem sendo discuti-da e pautada na sociedade. Oatual terminal está obsoleto,não acomoda mais os ônibus eoferece pouco conforto aosusuários”, revela a nota.

Moradores usam nariz de palhaço nas ruas para protestarUma movimentação de

moradores da Região doCalafate se destaca no ambi-ente da Avenida AfonsoPena, no centro de BeloHorizonte, numa manhã dequinta-feira. Em meio apedestres transitando compressa e a carros trafegando,40 manifestantes oponentesà construção da rodoviáriano Calafate faziam um api-taço e seguravam faixas commensagens irônicas e deindignação em relação à pro-posta do governo municipal.

A caminhada, na faixamais à direita da avenida,teve início na Praça Sete eseguiu até a prefeitura dacapital (PBH), depois até arua Goiás. À frente, o carrode som, ecoando a indig-nação de líderes comu-nitários que falavam aomicrofone frases como "Vocêé à favor ou contra arodoviária?". Eles diziam quea PBH quer levar a rodoviáriapara o Bairro Calafate semsaber a opinião do cidadão.Além de apitos, foram dis-

tribuídos narizes de palhaçospor Carlos RaimundoGonçalves, morador doCalafate. Indignado com aproposta de transferência darodoviária para o bairro emque reside, ele desabafou:"Nós somos palhaços. Não dáné?! Vai fazer o quê?".

Durante os minutos emque os manifestantes fizeramuma parada em frente ao pré-dio da administração munici-pal, a equipe de reportagemavistou apenas um senhorgrisalho que olhou para baixo,

da sacada do edifício. Nessemomento, o presidente daAssociação de Moradores doBairro Dom Cabral, daRegião Noroeste da capital,Armando Sandinha, reparavaa cena enquanto fumava, dis-traído. Ele confessou queesperava mais pessoas namanifestação. "O pessoal nãoestá nem aí, e até hoje aprefeitura não se dispôs a nosouvir. Eu duvido que hoje elesmandem algum representantevir aqui dizer alguma coisa.Com a presença de poucas

pessoas eles não vão sair lá dedentro", salienta.

Moradora do BairroCoração Eucarístico desde1964, Sirlei Santos Freirepercebeu que o CoraçãoEucarístico não comporta otráfego de carros dos alunos efuncionários da PUC. "Hoje,a partir das 16h30 já não temtrânsito livre", reclama. "Se arodoviária for transferidapara o Calafate, vai ficar umambiente horrível, commendigos e traficantes naporta da rodoviária. Não

acho isso certo", acrescenta. Rodrigo Freire, filho de

Sirlei, compartilha da mesmaopinião que a mãe. "O trânsitona Via Expressa está caóticodemais, por causa da PUC e doExpominas. Já é ruim, vai pio-rar muito (se o terminal forpara o Calafate) e não vairesolver a questão darodoviária", analisa. A propos-ta da passeata do dia 7 de agos-to, de acordo com o membrodo Conselho da SOS Bairros,major Ernani Ferreira Leandro,foi "sustar o processo”.

Novas lojas são alternativas queajudam a complementar rendan

ANDERSON MENDES,2º PERÍODO

Em 2005, a desempregadaAparecida Elias da Silva, 35anos, passou por umagravidez complicada: feztratamento contra pré-eclâmpsia – moléstia querestringe a circulação san-guínea para o bebê – e teveprincípio de depressão pós-parto. Preocupada em estarpróxima ao filho recém-nascido e em exercer ativi-dades que ocupassem suamente, Aparecida sentiu anecessidade de trabalhar emalguma função com flexibili-dade de horários e quetivesse proximidade de suacasa. "Eu estava organizandoas roupinhas do meu filho evi que elas já estavam peque-nas. Foi então que pensei emvendê-las para minhas ami-gas", conta. Começava anascer assim a Lojinha daFormiguinha, um bazar commercadorias usadas e vari-

adas que funciona há quasetrês anos no Bairro SãoGabriel, na Região Nordeste.

Aparecida já havia traba-lhado com carteira assinadaem outras oportunidades. Naúltima delas, como ajudantede produção numa fábrica depeças para celulares, a atualcomerciante julgava comoúnico incentivo para o traba-lho formal o plano de saúdeque a empresa disponibilizava."Meu marido trabalha numaempresa que oferece plano desaúde para toda minha famíliae isso já não é motivo de pre-ocupação", explica.

Morar e trabalhar nomesmo local, na RuaAugusto José de Araújo, noBairro São Gabriel, temcomo maior vantagem, paraAparecida, a disponibilidadede contato com o crescimen-to dos filhos. "Tive minhasegunda filha e os cuidadosredobraram. Eu fecho a lojatodos os dias no horário delevá-los à escola e, quando

necessário, para ir ao postode saúde", conta. Para ela, ogrande diferencial do traba-lho informal é a freqüenterotatividade de dinheiro."Nas empresas, eu trabalhavao mês inteiro para esperarchegar o salário. Aqui, naLojinha, eu sempre receboum 'trocadinho'. Isto faz todaa diferença quando estouprecisando comprar algo pracasa ou um remédio pras cri-anças", declara.

A aposentada LúciaOliveira Geralda, 53 anos,conta que visita o bazar sem-pre que necessita compraralgum presente para os fami-liares e explica que os produ-tos da Lojinha daFormiguinha, apesar deserem usados, estão em bomestado e têm preços baixos."Compro brinquedos parameus netos e sobrinhos. Éaqui perto de casa e não temnada caro".

Cida, como é conhecidana comunidade, ressalta que

o trabalho independente, naprópria varanda e garagemde casa, tem seus pontosnegativos, como a apariçãode clientes em horários eocasiões indevidas. "Às vezesjá é tarde da noite ou feriado,domingo e aparece algumcliente. Mas eu não deixo deatender bem", explica.

Também na RegiãoNordeste de Belo Horizonte,no Bairro União, Ildete deSouza Melo, 54 anos e RosaMaria Menezes Vale, 55, sãoduas amigas que mantêm eorganizam o Bazar Luxus. Onegócio começou há um anoe meio e oferece desde biju-terias a roupas de cama. Aidéia surgiu certo dia,enquanto faziam uma e con-versavam sobre uma caixa deroupas usadas que estavachegando do exterior, doadaspor uma amiga em comum.A partir da conversa, decidi-ram vender as peças da caixapor preços bem acessíveis.Seria só o começo do bazar

Trabalhando na sua loja, Aparecida da Silva consegue ficar próxima dos filhos

que, segundo as amigas, temfunção de acrescentar rendae de atuar como ocupaçãoterapêutica.

Ildete Melo conta que sem-pre gostou de comércio: tra-balhou em lojas de departa-mento e parou aos 24 anos,quando decidiu casar-se. Daí,foram 30 anos sem trabalhar.Rosa Vale nunca havia manti-do uma relação empregatícia.Segundo elas, integrar o mer-cado de trabalho a partir deuma loja independente é van-tajoso pois permite participarde uma rotina menos cansati-va e que permite alcançar,além de dinheiro, um bomconvívio social. "Fazemos detudo aqui. Comércio eamizades. Limpamos, cui-damos da organização dos

fornecedores de roupas e dodinheiro que entra e sai. Nãonecessitamos da renda dobazar para sobreviver, porém,é uma renda extra que fazdiferença. Sem esquecer, éclaro, das amizades que man-temos aqui. É uma terapia.Amo o que faço", afirmaIldete.

Jaqueline Moraes TorresRibas, 38, freqüenta a lojadesde a sua inauguração eafirma haver um grandepotencial em comércios comoo Bazar Luxus. "Aqui oatendimento é diferenciado,as peças têm qualidade e cri-amos um vínculo entre clientee comprador. Acaba sendouma relação de amizade",conclui Jaqueline, moradorado Bairro Cidade Nova.

GUSTAVO ANDRADE

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9CidadeSetembro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

EM BUSCA DE TRATAMENTO EM BHn

ISABELLA LACERDA,LILA GAUDÊNCIO, LÍVIA ALEN,2° PERÍODO

A dona-de-casa Apa-recida de Fátima da SilvaBorges, moradora de Cór-rego Fundo, na RegiãoCentro-Oeste de Minas,vem mensalmente à capitalmineira para buscar remé-dios de uso controladopara o seu filho Edmilsonda Silva Rocha, 12 anos.Ela conta que o garoto temdiagnóstico de hiperativi-dade e que sofre com vari-ações de temperamento,ficando nervoso e agitadoem algumas ocasiões,chegando a provocarreações violentas contra afamília. A cidade onde elesmoram, distante três horase meia de Belo Horizonte,não oferece tratamentopsiquiátrico.

Aparecida Borges estálonge de ser uma exceção.Ela engrossa uma longalista de pessoas que uti-lizam periodicamente oserviço de vans, na maio-ria das vezes bancadaspelas prefeituras, quepartem de diversas cidadesno interior de Minas embusca de tratamento médi-co em Belo Horizonte.

Os pacientes que nãoprecisam de tratamentoslongos passam apenas odia na capital mineira.Para garantir uma vaganos veículos, o interessadoprecisa comparecer àprefeitura do municípioonde reside para solicitaro agendamento das con-sultas médicas e o trans-porte. Mediante a mar-cação da consulta, parteuma van da cidade comtodos que irão ser atendi-dos no mesmo dia.

Geraldo Ferreira deOliveira, motorista da vanda cidade de Dionísio noVale do Aço, que traz emmédia 15 pessoas, contaque ele chegou à capitalpor volta das 8h e sópoderá ir embora quandotodos já tiverem sido aten-didos. Segundo ele, emalguns dias chega a esperarmais de oito horas.

Na maior parte dotempo as pessoas ficam aespera do atendimentodos outros pacientes quevieram nas vans. Comosão pessoas simples namaioria dos casos, ficamquase todo o dia deitadosdentro dos veículos ou nosarredores dos hospitais.De acordo com GeraldoFerreira, quando final-mente podem iniciar aviagem de volta, muitasvezes encaram estradas emcondições ruins e trânsitointenso, ocasionado pelossucessivos acidentes. “Agente vem na BR-381.Acontece muito acidentenessa estrada”, comenta.Tudo isso atrasa aindamais o retorno para casa etraz mais transtornos aosusuários dessas vans.

Lucilene Natalina daSilva, professora de biolo-gia em Dionísio, acreditaque a estrutura de atendi-mento na capital é melhor.“O interior praticamentenão tem especialistas”,opina. A professora, queveio acompanhar a mãeem um exame de eletro-neuromiografia no Hos-pital do Instituto de Pre-vidência dos Servidores deMinas Gerais (Ipsemg)para verificar um possívelproblema nas pernas emfunção de um AcidenteVascular Cerebral (AVC),sofrido há dois anos, diz

que, apesar de muitasvezes encontrarem os hos-pitais cheios, a mãe con-segue ser atendida rapida-mente em função das con-sultas marcadas com ante-cedência. “O atendimentoé bom demais”, aprovaDionísia de Jesus, mãe deLucilene.

Apesar do bom atendi-mento nos hospitais e daboa qualidade das vans, asdespesas como alimen-tação são pagas pelos pa-cientes. “A alimentação épor conta própria”, co-menta a dona-de-casaRosilene Ermelinda SilvaDias, também de Dio-nísio, que veio trazer afilha de 12 anos para umexame oftalmológico.

Muitas pessoas não po-dem pagar pela alimentaçãoquando passam o dia na ca-pital. Alguns hospitais ofe-recem aos pacientes umcafé da manhã, o que acabanão sendo, na maioria doscasos, suficiente para man-tê-los alimentados durantetodo o dia. Aparecida deFátima, que não tinha co-mo custear outras refeições,teve que se contentar com aalimentação oferecida pelohospital. “São quase quatrohoras da tarde e eu estou sócom o café da manhã”,lamenta.

O motorista da van deDionísio, entretanto, diznunca ter passado porproblemas graves com osusuários desse transporte.Segundo ele, casos de pes-soas passando mal dentroda van não são comuns, jáque pacientes que precisamde tratamento urgente sãoencaminhados de ambu-lância para as cidades commelhor estrutura hospita-lar. “Nas vans é tranqüilo.O povo só vem para fazerconsultas”, ressalta.

Vans fornecidas pelas prefeituras de cidades do interior ocupam as vagas de estacionamentos do hospitais da capital

YONANDA DOS SANTOS

É muito grande o número de pacientes que precisam sair do interior e viajar para a capital mineira em busca de cuidados médicos que não estão disponíveis em suas cidades de origem

Pensões hospedam pacientes Pousadas localizadas na

Região Hospitalar de BeloHorizonte recebem pessoasque vieram do interior parase tratar na capital. Con-veniadas com prefeituras decidades mineiras comoItambacuri, Almenara, FreiGaspar, Padre Paraíso, JoséGonçalves de Minas e OuroVerde, entre outras, elas ofe-recem estadia e café damanhã aos hóspedes quenão têm condição de custearsuas despesas.

Essas pensões recebem,na maioria das vezes, pes-soas que necessitam fazerexames, consultas deretorno e tratamentosdemorados que nãorequerem internação. “Emgeral, o público da pousadaé de adultos de ambos ossexos, raramente vêmidosos e crianças”, dizAdriana Alves de Novaes,recepcionista da PousadaSanta Efigênia, localizadana Rua Piauí, no BairroSanta Efigênia.

Essa pensão tem capaci-

dade para alojar 49 pessoas,em quartos coletivos que seencontram no segundo andarda casa, com capacidade paraseis ou sete pessoas, separa-dos por sexo. Não há ba-nheiros individuais. Há ape-nas um sanitário para todosos hóspedes da pousada. Háa possibilidade dos clientesusarem o fogão, a geladeira eo tanque de lavar roupas eassistir à televisão tambémem uma sala coletiva. Aroupa de cama é fornecidapela pensão e é proibidofumar, andar sem camisa,além de levar pessoas quenão são hóspedes aos quar-tos. As diárias, por pessoa,custam R$15. “Os hóspedesficam em média cinco dias,mas tudo depende daduração do tratamento”,explica Adriana.

Algumas prefeiturasfinanciam, além dahospedagem, a alimentaçãoe o transporte dos seuspacientes e acompa-nhantes. Algumas vezes aestadia das pessoas acaba

se prolongando mais doque o esperado. Foi o casode Maria das Dores ÁlvaresCardoso, de José Gonçalvesde Minas, no Vale doJequitinhonha, que acom-panhava a filha Evanildaem um tratamento de ane-mia falciforme, doençahereditária nas hemáciasque causa fadiga, fraquezae palidez devido à deficiên-cia no transporte de gases.“Combinaram que vinhamdomingo (17 de agosto) eainda não chegaram. E hojejá é terça-feira (19)”, diz.

Procurada novamentepelo MARCO, no dia 25 deagosto, Maria das Doresainda estava em BeloHorizonte, mas informouque a van já havia sidoenviada e a levaria de voltano dia seguinte, para suacasa, na zona rural de JoséGonçalves de Minas. Todoo período de estadia napensão Santa Efigênia e aalimentação foram custea-dos pela prefeitura domunicípio.

Associações oferecem apoio a latino-americanosn

CELSO FREITAS, POLLYANNA DIAS, 1º PERÍODO

"O objetivo principal épromover, difundir e for-talecer o espírito de uniãodos compatriotas", dizBenjamin Garcia Estrada,presidente da Casa Bolívia,ao explicar o papel de insti-tuições de apoio a imi-grantes bolivianos em BeloHorizonte. Existem outrasorganizações que buscam aintegração latino-ameri-cana e caribenha na capitalmineira, como a CasaLatina e o Círculo Peruanode Minas Gerais. “De-vemos esquecer um poucoque viemos aqui a trabalhoe tentar tirar um tempopara mostrar nossa culturae nossas produções artísti-cas”, comenta o paraguaioAdolfo Fernandez, 49 anos.Segundo o artista, autode-nominado “Índio Sul-ame-ricano”, é importante queos imigrantes organizem-separa manter viva sua cul- Benjamin Estrada, presidente da Casa Bolívia, em evento da entidade

tura, visando tanto a ajudamútua dos compatriotasquanto demonstrar que olatino possui um papelimportante dentro dasociedade brasileira.

Os motivos que levam oslatinos americanos a residi-rem fora de suas pátrias sãodiversos. "Acredito que osmotivos econômicos sejama principal causa para nóssairmos de nossa terra.Geralmente mudamos como intuito de mandar remes-sa à família", diz a bolivianaMelvi Maceda, 38 anos,

que difunde a cultura danação com a venda de arte-sanatos indígenas porgrande parte da América doSul. Outro argumento apre-sentado ressalta o interesseem estudar no Brasil. ParaHugo Sanabrias, 42 anos,após visitar o país e gostarda capital mineira, resolveuestudar engenharia noCentro Fedral de EducaçãoTecnológia de Minas Gerais(Cefet). O engenheiro lem-bra que antigamentemuitos bolivianos partici-pavam de intercâmbio cul-

tural enquanto hoje a maio-ria vem por conta própriasem a ajuda do governo.

Dentro desse contexto,essas organizações possuemum papel fundamental deapoio aos imigrantes. Osbolivianos recém chegadosao Brasil são instruídos poroutros imigrantes a se cadas-trarem na Casa Bolívia, queatende cerca de 200 pessoas.A partir daí recebem orien-tações necessárias às suasnecessidades e juntos possi-bilitam sentirem-se em casa.

Uma das atividades daassociação, por exemplo, émonitorar aluguel e comprade imóveis para a fixação deresidência e para a aberturado primeiro negócio de seusassociados. A entidadeinforma, por exemplo,como chegar à PolíciaFederal e em qual faculdadedevem se matricular.

De maneira mais ampla,a Casa Latina procuradivulgar a cultura latina emgeral, por meio de eventos,oficinas e exposições. Paratal, a ONG trabalha em

conjunto com outras orga-nizações do mesmo gênerono Brasil e com instituiçõesconsulares.

CELEBRAÇÃO Foi realizadaem 20 de agosto último acelebração do 183º aniver-sário da Proclamação daRepública da Bolívia. Adata é anualmente come-morada pela comunidadeboliviana residente em BeloHorizonte. Este ano, areunião contou compalestras e debates com apresença do cientista políti-co da Universidade Federalde Minas Gerais (UFMG),o boliviano Antônio Mitre,e do advogado PedroOttoni, que analisaram aatual conjuntura política esocioeconômica da Bolívia.

Durante o evento, umaexposição artesanal apre-sentou os trabalhos de artis-tas do país, como os da boli-viana Melvi Maceda, quecolocou à venda parte dosprodutos trazidos do seupaís. Para finalizar acomemoração, o conjunto

latino musical QuartierLatim tocou músicas fol-clóricas bolivianas ao ladodo harpista paraguaioAdolfo Fernandez, o ÍndioSul-americano.

O evento foi organizadopela Casa Latina, em con-junto com a Casa Bolívia,no Sindicato dosTrabalhadores do PoderJudiciário Federal do Estadode Minas Gerais (Sitraemg).A comemoração foi idealiza-da anos antes, por boli-vianos organizados na CasaBolívia, oficialmente criadaem 2002. Essa ONG procu-ra ser um instrumento deaproximação, integração efraternização em prol dointercâmbio cultural, dasartes plásticas, educação etecnologia a nível profis-sional de brasileiros e boli-vianos. O ambiente familiaré valorizado e resguardado,uma vez que inserem mari-dos, esposas, filhos e netos,tanto nativos quanto imi-grantes no cotidiano do pro-jeto.

YONANDA DOS SANTOS

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10 Cidade Setembro • 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

PROJETO LEVA ARTE PARA JUVENTUDEn

RAQUEL RAMOS DE CASTRO,4º PERÍODO

Quem passa pela RuaLuiz de Melo Matos, noBairro Planalto, podeouvir de longe o som demúsicas sendo tocadaspor saxofone, trompa,flauta, trompete, trom-bone, entre outros instru-mentos. Ali funciona anova sede do Parque-Escola Cariúnas, um pro-jeto mantido pelaSociedade Mirim e queoferece a crianças e ado-lescentes de baixa rendaensino integrado pormeio da música, dança eteatro.

Breno Cruz é um dosalunos do programa. Eleconta que conheceu oCariúnas por acaso, quan-do tinha sete anos. “Umdia eu estava andando narua com minha mãe emeu irmão e a genteouviu um barulho. Meuirmão, que é muitocurioso, olhou por baixodo portão e viu o pessoalcantando e tocando”,relembra. Na época, só oirmão se interessou ementrar no projeto; maistarde, porém, ele tambémquis participar. Hoje, com12 anos, Breno vai ao pro-grama três vezes por se-

mana, faz teatro, aulas demusicalização (uma ativi-dade que integra a músicaao teatro), participa deuma das três bandas queexistem no Cariúnas etoca trompete. “É umacoisa que vou levar para avida toda”, garante.

Outro aluno beneficia-do pelo projeto éWelerton Nobert, 16anos. Ele entrou no pro-grama no início de 2000 eatualmente participa dabanda do Cariúnas e temaula individual de saxo-fone todas as quintas-feiras, durante uma hora.“Estou tendo que ralarmuito para aprender sax,mas é o que eu maisgosto”, relata. O sonho deWelerton hoje é fazermedicina. Apesar disso,ele não descarta a possi-bilidade de fazer músicano vestibular e diz quepretende continuar noprojeto enquanto puder.

HISTÓRIA Tânia MaraLopes Cançado, idea-lizadora do projeto e dire-tora do Cariúnas, contaque enquanto cursavaMúsica na UniversidadeFederal de Minas Gerais(UFMG) percebeu quenão havia nenhum progra-ma direcionado às cri-

anças. Assim, tomou a ini-ciativa de criar o Centrode Musicalização Infantil,que começou a funcionarem 1985 e existe até hoje.“O Cariúnas surgiu em1997, como extensãodesse trabalho feito naUFMG. Eu tinha umsonho em trabalhar paraoferecer o que eu tinhaganhado ali um dia, sóque estes cursos erampagos. Foi ai que nósfomos para a periferia”,diz.

Inicialmente o trabalhoera feito com as criançasde até 12 anos dentro decreches. “Nós estávamosperdendo os meninos nafase da adolescência.Então tomamos coragem,saímos da creche e conti-nuamos o projeto dentrode uma casa alugada, noBairro Primeiro de Maio”,diz Tânia. Ela, que foidiretora da Escola deMúsica da UFMG de1990 a 1994, conta queem 1998 a Prefeitura deBelo Horizonte cedeu umterreno de 12.800 m² paraa construção da sede doprojeto. Apenas em 2005foi possível iniciar a cons-trução, com recursos doBanco Nacional deDesenvolvimento Econômicoe Social (BNDES), além de

Integrante do Projeto Cariúnas há 10 anos, Paloma Roberto das Mercês agora participa como professora de ballet

outras instituições públicas eprivadas.

Em outubro do anopassado o Cariúnas semudou para a nova sede.Atualmente, a área cons-truída corresponde a1.200 m², e a expectativaé que até o final do anofique pronto o pavimentosuperior onde funcionaráum teatro com 200lugares, além de mais salaspara aulas.

Na inauguração dessenovo espaço está previstaa apresentação, em de-zembro, de um musicalintitulado “O Presépio”,com participação das 150

crianças que hoje inte-gram o Cariúnas.

Os interessados em par-ticipar podem se cadastrarpara a seleção. O alunoque entra no Cariúnasterá que passar pelas trêsetapas do programa. Dos6 aos 10 anos ele fará aulade dança, musicalização eteatro, além de aprender oprimeiro instrumento, queé a flauta doce. Na segun-da, o aluno poderá esco-lher outro instrumento desopro e terá aulas de per-cepção musical. Aos 16anos, inicia-se a terceiraetapa e o aluno é orienta-do para o trabalho de mo-

nitoria. Hoje, 12 dos 15professores e monitoresdo projeto são ex-alunos.

Paloma Roberto Bispodas Mercês, 21 anos, fazparte desse grupo. Elaentrou no programa hádez anos e permanece atéhoje, só que agora dá aulade dança clássica e con-temporânea. “Vale muitoa pena trabalhar aqui. Émuito bom ver os meni-nos passarem pelo que eujá passei e repassar o co-nhecimento. Não meimagino fazendo outracoisa ou trabalhando emoutro lugar”, garantePaloma.

O Programa Parque-Escola Caríunas oferece ensino integrado por meio de aulas de dança, música e teatro, e cria nova perspectiva para para crianças e adolescentes de baixa renda

Vila inaugura centro culturaln

JEFFERSON UBIRATAN, MARIANA FARIA,TÚLIO SILVA,1ºPERÍODO

Obtido pela comu-nidade da Vila Santa Ritapor meio do OrçamentoParticipativo e inauguradoem junho, o novo centrocultural da região possuiuma ampla infra-estrutu-ra: auditório para 80 pes-soas, salas para projeçãode filmes e uma bibliotecaque, apesar de recente, jápossui um fluxo semanalde 100 pessoas. "Acheimuito legal. Nas oficinaspodemos conhecer coisasdiferentes, apresentamoscontos, poesias e trava-lín-guas que a gente mesmofaz, fora que ela nos ajudaa fazer novas amizades nobairro", afirma JéssicaCaroline Ferreira, que par-ticipa das oficinasliterárias.

De acordo com a dire-tora do novo CentroCultural do Barreiro, AidaNeves de Araújo, a funçãodo mesmo é despertar ajuventude para processosculturais que os rodeiam,a fim de torná-loscidadãos.

Thales Augusto Neves,que já foi ao centro duasvezes, fala que o projetoestá sendo muito impor-tante para o bairro."Mesmo sendo novo, jámudou muito a rotina dobairro, as crianças daminha escola comentamdas oficinas, das brin-

Com a conquista no OP, moradores passam a ter maior acesso à cultura

cadeiras, coisa que antes agente não tinha", diz.

O espaço agrada tam-bém artistas como o pin-tor José Marinho, querecentemente expôs seutrabalho em uma das salasdo centro e ministra ofici-nas de pintura e desenho."Estou muito feliz depoder ter espaço paraexpor meus trabalhos epassar um pouco dos meusconhecimentos para cri-anças e jovens da comu-nidade", comenta.

BATISMO A primeira ativi-dade do centro ocorreu noúltimo dia 16 de agosto,com o batizado e troca degraduação dos alunos dogrupo de capoeira SantaRita Social, presidido pelolíder comunitário JoséAntonio Tito, mais co-nhecido como mestre Tito.Essa cerimônia ocorre

uma vez por ano e denotatodo o comprometimentoe o desempenho dosalunos e praticantes dojogo. Na opinião domorador AlessandroGomes da Silva, o centrodesmistifica a imagem deque a cultura está aoalcance somente de pes-soas com maior condiçãofinanceira. "Mestre Tito éprova viva de que trabalhosocial feito com respon-sabilidade e dedicaçãopode surtir efeitos benéfi-cos na sociedade", afirmaAlessandro.

Mestre Tito atua comoparceiro da Escola Mu-nicipal Jonas BarcellosCorreia, ministra aulas decapoeira em sua própriacasa e já participou de inú-meros encontros de ca-poeira em prol da cidada-nia em todo o estado.

Conhecer , fiscalizar e votar bemn

DÉBORA TEIXEIRA,JOANA FERREIRA,3° PERÍODO

Os cidadãos irão àsurnas em outubro esco-lher os vereadores eprefeitos dos municípios.Entretanto, a função des-ses representantes muitasvezes é desconhecida peloeleitorado, prejudicando aescolha e na fiscalizaçãodos eleitos. “De maneirageral, as pessoas não têmmuita noção do que o le-gislativo pode fazer,acreditam que só o execu-tivo pode fazer. Dão maisimportância ao executivo.Existe o risco de escolhercom menos importância”,afirma o doutor em ciên-cia política e professor daUFMG, Carlos RanulfoFéliz de Melo.

Segundo o coorde-nador de projetos daEscola do Legislativo,Sulavan Fornazier, opoder legislativo munici-pal atua no campo dasidéias, sendo responsávelpela criação e aprovaçãode leis, fiscalização doexecutivo municipal,abertura de ComissõesParlamentares de In-quérito (CPIs), enfim,pela apuração de respon-sabilidades. Os vereadoressão, portanto, os represen-tantes do cidadão naesfera municipal e devemzelar pelo bem-estar dosmoradores locais. A

Câmara Municipal é dividi-da por comissões perma-nentes que são eleitas noprimeiro dia de legislatura evariam em números edenominações. Em BeloHorizonte, o eleitor podeacompanhar o funciona-mento da câmara e quaisprojetos estão sendo discu-tidos ou votados, por meiodo site www.cmbh.mg.gov.brou do Diário Oficial doM u n i c í p i o(http://www.pbh.gov.br/dom), responsável por publi-cações legais e oficiais doexecutivo e do legislativo.Pode, ainda, assistir asreuniões diárias.

Contudo, as atribuiçõesdos vereadores nem sempreforam essas. Antes de serestabelecida a constituiçãode 1988, eles exerciamfunções meramente decora-tivas, sendo responsáveissomente por homenagens eprojetos para denominaçãode ruas. Assim, quando aconstituição entrou emvigor, o município ganhoumais autonomia e atri-buições, como a gerência daeducação fundamental edos postos de saúde. Desdeentão, foram instituídosprojetos importantes para amelhoria da cidade, como oCódigo de Postura doMunicípio, que regulamen-ta a utilização do espaçourbano, impondo regraspara a construção decalçadas e garagens, porexemplo; e o Plano Diretor

da Cidade, que é um proje-to a longo prazo que defineo futuro do município, emaspectos políticos, cultu-rais, entre outros.

Se os vereadores fisca-lizam o prefeito, oscidadãos precisam acom-panhar o trabalho dosvereadores. Assim, fica maisfácil escolher em quemvotar. Porém, “no caso dedepararmos com umasociedade mais apática afiscalização vai depende deórgãos de controle federal.Isso depende da capacidadede se eleger bons ve-readores, e que eles tenhamboas condições de traba-lho”, cita o professor daUFMG.

A fim de aproximar a popu-lação da Câmara Municipal, foicriada há cerca de um ano aEscola do Legislativo, queforma e capacita agentes políti-cos, servidores e cidadãos como objetivo de fortalecer oParlamento e educar para acidadania. Para isso, promoveseminários, fóruns e visitasescolares à Câmara Municipal.“Sabemos que promover aaproximação do Legislativocom a sociedade e desenvolvera cidadania coletiva é uma tare-fa árdua e de longo prazo.Entretanto, temos certeza deque nosso trabalho tem con-tribuído para estes avanços”,avalia Fátima de OliveiraMagalhães, Gerente da Escolado Legislativo.

GUSTAVO ANDRADE

MARIANA FARIA

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11CidadaniaSetembro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

ONG resgata cidadania de dependentes químicosn

ANTONIO ELIZEU DE OLIVEIRA,3º PERÍODO

A Abreci é uma entidadefilantrópica, mantida comdoações e colaborações finan-ceiras, que funciona à RuaSão Dimas, 25, Bairro SãoGabriel. A entidade contacom apoio e voluntariado devários profissionais comopsicólogos, psicopedagoga,fonoaudióloga, advogados,assistente social, permitindoatendimento amplo aosdependentes químicos e seusfamiliares.

"Dependente químico nãoé apenas quem faz uso dedrogas proibidas, mas tam-bém álcool, antidepressivos;tem drogas prescritas que apessoa começa usa, mas nãoconsegue parar de usar neces-sitando de tratamento ade-quado", explica a médicaAdriana Cristina Soares,doutora em farmacologia pelaUFMG .

Atualmente, um grupo de40 pessoas é acompanhadona instituição nesse trabalhode reintegração. "Fui depen-dente químico, vítima de

tratamento com excesso demedicamentos, cheguei atépensar em suicídio, mas tomeiuma decisão: abandonei aque-les mais de dez medicamen-tos, num corte brusco", afirmao pastor Mário Franco, colab-orador da ONG.

Hoje, a Abreci tem parceria

com a Comunidade Te-rapêutica Jeová-Nissi, emVespasiano-MG, para ondesão encaminhados pacientesenvolvidos com drogas e quedesejam o tratamento e areabilitação.

"Em mais de 20 anos par-ticipando de vários grupos e

entidades assistenciais, jamaisvi igual à Abreci, que tem emseu quadro de voluntariadotantos profissionais liberais,graduados em diversas habili-tações", fala CarméliaFelizardo Ribeiro. Ela própriapassou por problemas graves eencontrou nessa ONG o

Membro da ONG ABRECI, Adriana Cristina atua no atendimento e orientação aos dependentes químicos no São Gabriel

apoio e consolo para superá-lo, tornando-se então umaentusiasta colaboradora.

AÇÕES A associação promovevárias atividades, dentre elas,a Feira Solidária, comexposições pelos própriosartesãos do Bairro SãoGabriel, oficina de pintura emtecidos, bonecas e sacolasecológicas, o funcionamentodo grupo da terceira idade'Anos Dourados', e a pro-moção de palestras sobretemas relacionados à dependên-cia química

A médica Adriana CristinaSoares fez, em junho, umalonga explanação abordandovários tratamentos de depen-dentes químicos, suas conse-qüências e evoluções. Oencontro foi no salão da IgrejaBatista localizada na RuaNossa Senhora de Lourdes,no Bairro São Gabriel. Aplatéia foi composta por pes-soas que já foram vítimas dasdrogas, mas que conseguiramse libertar e hoje trabalhampara resgatar outras pessoasvítimas do mesmo mal.

Segundo Adriana, a pessoaprecisa de ajuda para sair

dessa dependência química.Ela destacou o fato de que osantidepressivos são drogasusadas nos tratamentos, ali-viando os sintomas da doençaacometida, de forma a melho-rar o humor da pessoa.Contudo, vivemos numasociedade que impõe a ditadu-ra da felicidade total, como sefosse proibido ficar triste,chorar ou ficar angustiado,banalizando assim os medica-mentos antidepressivos, queestimulam a alegria constante.A indústria farmacêuticainduz a compra de determina-dos medicamentos, mas todossão igualmente efetivos, tendovantagens e desvantagens, oque poderá ser avaliado peloprofissional da área.

A Abreci quer ampliar a suaatuação com novos serviçospara a comunidade. "Pre-tendemos instalar um 'te-lecentro' para o cidadão tirarsuas dúvidas sobre contas deluz, telefone, água, INSS, den-tre outros serviços de utilidadepública, necessitando deequipamentos próprios",anseia Cleone de LourdesGuimarães, psicóloga.

ANTONIO ELIZEU

DECISÃO QUE VEM A PARTIR DO DEBATEn

GUYANNE ARAÚJO, PATRÍCIA SCOFIELD,6ºPERÍODO

Promovido pela PUC Minas e CBN, debate entre sete candidatos à Prefeitura da capital deu oportunidade aos candidatos de exporem suas idéias para ajudar o eleitor a decidir seu voto

Transmitido pela CBN, PUC TV e TV Horizonte, no debate discutiu-se temas como tranporte público e a atual gestão

O debate entre sete dosnove candidatos a prefeito deBelo Horizonte, realizado nodia 12 de setembro último, noteatro da Pontifícia Uni-versidade Católica de MinasGerais (PUC Minas), foi umaoportunidade para eleitoresquestionarem as propostas eesclarecerem as dúvidas sobreo programa dos candidatos pormeio de uma inovação: sertransmitido, ao vivo, pelaRádio CBN, parceira nessa ini-ciativa. O gerente de jornalis-mo do Sistema Globo deRádio, Luís HenriqueYagelovic, definiu esse eventocomo um canal de aproxi-mação do eleitor, que ele acre-dita que tem de ser crítico. "Éuma maneira para ele entenderquem vai colocar na gestão deBelo Horizonte", afirmou. Deacordo com Yagelovic, o obje-tivo da ponte entre a escola e aRádio CBN é ampliar odebate de idéias e "deixar claroo compromisso da instituiçãocom seu público".

A aluna do 1° período dejornalismo, Bárbara Ferreira,é um exemplo da importân-cia do debate político em umambiente de aprendizado.Ela argumentou que comonão teve acesso às propostasde todos os candidatos,durante o debate houveespaço para eles falarem epara os estudantesescutarem. "Muitas coisasque não sabia, fiquei sabendolá. Deu para conhecer todomundo. Foi muito bom",avaliou. Iza Campos, colegade sala de Bárbara, achou aidéia do debate muito inte-ressante, já que não atingiusó os alunos, mas também aspessoas que ouviram pelorádio. "Foi 10. Atingiu asminhas expectativas, tanto atransmissão pela rádio quan-to o comportamento do pes-soal da platéia. Só que unscandidatos não foram",lamentou.

Por outro lado, o aluno do3° período de jornalismo,Marcelo Augusto Batista deSouza, tinha uma opiniãodesfavorável à realização dodebate, antes de ele começar.Ele acreditava que os can-didatos responderiam apenaso que quisessem. Mas, elemudou de opinião após oevento. "Saiu da mesmice.Cada candidato deixou deresponder apenas aquilo quequeria que os outrossoubessem porque sortearamas perguntas", observouMarcelo. O estudante, quenão é eleitor na capital, disseque se votasse em BeloHorizonte já teria um can-didato em mente a partir dodebate, mas ressalvou queainda pesquisaria mais sobreo seu escolhido.

A coordenadora do curso decomunicação social da PUCMinas, Glória Gomide, con-siderou que a discussão fezcom que os direitos de cidadãofossem exercidos. "Foi umaparticipação de cidadaniaincrível, porque a gentilezacom que os alunos trataram oscandidatos foi uma coisa para-digmática", disse.

A discussão no teatro dauniversidade instigou a parti-cipação do público, que fezperguntas por escrito e reagiuespontaneamente com vaias eaplausos às intervenções doscandidatos. Quando anuncia-do pelo mediador do debate eapresentador da CBN,Marcelo Guedes, que o can-didato Márcio Lacerda (PSB)não estaria presente, a platéiavaiou. O aluno Paulo Cer-queira, do 6º período de pu-blicidade e propaganda, espe-rava ouvir de Lacerda, antesde o debate começar, sobre aaliança de Pimentel e AécioNeves. Outro candidato quetambém descartou a possibili-dade de discutir idéias foiAndré Alves (PT do B).

Durante duas horas, acon-teceram blocos em que oscandidatos responderam per-guntas de alunos de co-municação social da PUC

Minas, outros em que asindagações foram feitas porouvintes da CBN, pela inter-net e aqueles em que os can-didatos, sorteados, pergun-taram aos outros, com direitoà réplica e tréplica. Em geral,os temas das perguntasgiraram em torno de proble-mas ou ausências nos progra-mas dos candidatos. Osassuntos que tiveramdestaque dentre as falas dospolíticos têm relação commobilidade urbana (soluçõespara o trânsito, principal-mente), programas sociaispara jovens, políticas de segu-rança pública, além da ausên-cia do candidato MárcioLacerda.

"Gostaria de fazer umapergunta para MárcioLacerda: Porque é que ele nãocomparece?", disse SérgioMiranda (PDT), ao sersorteado para indagar algumconcorrente. A platéia reagiucom aplausos e gritos.

O candidato Jorge Peri-quito (PRTB) ressaltou aimportância da participaçãoda juventude na política. "Ofuturo de uma Nação está nasmãos dos jovens", afirmou. Jáo candidato Pedro Paulo(PCO) priorizou a defesa dosdireitos dos operários e opapel de articulação quesegundo ele um bom prefeitodeve ter.

Marcelo Guedes, jornalistae apresentador da CBN, clas-sificou o debate como positi-vo. "Nós conseguimos abor-dar todas as questões queeram importantes não só parao meio universitário, maspara a cidade de umamaneira em geral", analisou.“Os candidatos todos man-tiveram uma postura muitorespeitosa, e teve só um pedi-do de resposta no finalzinho,mas foi respondido em 20segundos. Não vi maioresproblemas não", completou.

Vanessa Portugal (PSTU)contemplou que em umdebate os ouvintes passam aparticipar, direcionando aresposta do candidato na

medida em que perguntam."Como no debate a gente nãosabe o que vai ser pergunta-do, as respostas tendem a sermais autênticas", explicou.Sobre a função do debate, acandidata defendeu que arealização desse evento seaproxima do que deva ser opapel da imprensa. "Ajudar aformar e a informar a popu-lação, que não é o que acon-tece, principalmente no nossoestado", comentou.

"Acho que debates comoesse fortalecem a democraciae a efetiva participação docidadão belo-horizontino naconstrução de uma cidademelhor", observou GustavoValadares (DEM). O candida-to defendeu que a iniciativade promover esse debate temque ser copiada e reeditadapelos mesmos participantes.Ele considerou que a dis-cussão foi produtiva e que oobjetivo de levar aos ouvintesda CBN e aos jovens belo-horizontinos a proposta decada candidato foi atingido eajudou a construir a imagemde cada um. Jô Moraes (PCdo B) reiterou essa questãoao afirmar: "A eleição não é sóescolher, é construir proje-tos".

Na avaliação do candidatoLeonardo Quintão (PMDB),

o debate foi uma chance deampliar o acesso dos can-didatos ao eleitorado. "Eraimpossível nós falarmos paraos eleitores se não tivéssemoso acesso a essa comunicação",disse. Sobre o voto da juven-tude, Quintão enfatizou que oestudante pode mudar estaeleição.

ORGANIZAÇÃO O planeja-mento feito para concretizareste evento foi "tranqüilo", deacordo com a coordenadorada disciplina seminários (cur-sada pelos alunos de comuni-cação social de 1º a 4º perío-do), Adelina Martins.Segundo ela, a montagem dainfra-estrutura para a trans-missão de rádio e da TVexigiu um tempo de dedi-cação maior e levou dois diaspara ficar pronta.

Todos os passos da organi-zação para a realização doevento, como infra-estrutura,planejamento, montagem econfirmações envolveram acoordenadora. Ela teve deexplicar aos alunos, por meiodo Sistema de GestãoAcadêmica (SGA), de car-tazes e informativos da PUC,como agir segundo as nor-mas estabelecidas, para queeles tivessem consciência doprocesso.

Segundo Adelina, o com-portamento dos alunosdurante o debate foi excelente."O nível de questionamento foiimpressionante, eles estavamconscientes de seu papelenquanto cidadãos e alunos. Asperguntas estavam bem dire-tas", avaliou. Além da partici-pação de alunos de jornalismoe publicidade e propaganda naplatéia. Dentre os 56 alunos dadisciplina produção e organiza-ção de evento - do curso derelações públicas- sete foramsorteados para participarem nodia do evento, auxiliando naorganização. Eles receberam oscandidatos, encaminharam-nos para seus respectivoslugares, auxiliaram no recolhi-mento das perguntas na platéiae no palco, ou seja ,na con-dução do debate em si. "Estafoi uma boa oportunidade paraeles verem em que eles vãoatuar no mercado ", disse.

Devido ao tamanho doevento, foi necessário o cre-denciamento de todas as pes-soas presentes no teatro.Como a procura seria maior,Adelina afirma que o objetivofoi fazer uma organização doespaço. Um telão foi instala-do ao lado da entrada doteatro para que mais pessoaspudessem acompanhar odebate.

GUSTAVO ANDRADE

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12 Cidadania • Cultura Setembro • 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

CASA DE PROTEÇÃO PARA JOVENSA Casa Dom Bosco atende adolescentes do sexo masculino, com idade entre12 e18 anos, que estejam em situações de risco, como falta de moradia e envolvimento com tráfico de drogas

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LORENA KAROLINE MARTINS,RENARD VASCONCELOS ,3º PERÍODO

“Para fazer entrevista,tem que pagar R$1”, brincaRicardo Bernardino deJesus, 15 anos, um dos dezeducandos do Centro dePassagem Casa Dom Bosco,localizado no BairroIpiranga, Região Nordestede Belo Horizonte. Eleconta que fugiu de casa eficou cinco meses na rua,cheirando cola. Hoje, háquase quatro meses no abri-go, ele gosta de jogar bola,nadar e não pensa emvoltar para casa. O Centrode Passagem é um progra-ma de abrigo que, noEstatuto da Criança e doAdolescente, é consideradocomo uma medida de pro-teção.

O Centro atende adoles-centes do sexo masculino,de 12 a 18 anos que este-jam em situação de risco.“Antes, muitos meninostinham como situação derisco o fato de morarem nasruas, pedindo dinheiro etrabalhando no sinal. Hoje,a situação já é outra, geral-mente são meninosameaçados, envolvidos como tráfico de drogas e atosinfracionais”, conta SandraRegina Ferreira Barbosa, 45anos, assistente social ecoordenadora da CasaDom Bosco há 11 anos.

No Centro de Passagem, Bernardino recebe abrigo e desenvolve diversas atuvidades com instrução dos educadores

Esses adolescentes sãoencaminhados para o cen-tro por meio do Juizado daInfância e Juventude, doConselho Tutelar e doPrograma Miguilim, umprojeto da Prefeitura deBelo Horizonte que benefi-cia crianças e adolescentesmoradores das ruas da capi-tal.

A Casa Dom Bosco contacom duas unidades. Umalocalizada no BairroIpiranga, chamada Centrode Passagem, que atendeaté 15 garotos que podem

permanecer no local por umperíodo de até três meses.“Esse tempo serve paraidentificar o problema dogaroto. Se ele não for deBelo Horizonte, o transferi-mos para seu município e,em certos casos, encami-nhamos para a outraunidade da casa, na qualpoderá permanecer duranteum ano”, explica a coorde-nadora.

Segundo Sandra, 95%dos jovens que chegam atéo abrigo estão envolvidoscom drogas e muitos desses

estão em Belo Horizonteporque foram ameaçados nasua cidade de origem egeralmente não podemvoltar. Ao ingressar no cen-tro, os educadores identifi-cam a situação do adoles-cente, tentam localizar afamília e fazer contato como Conselho Tutelar de suacidade, caso não sejam dacapital. Sandra conta que,no ano passado, dez jovensque passaram pela casavoltaram para o tráfico dedrogas e se envolveramnovamente com a criminali-

dade.

A CASA O trabalho, queexiste há mais de 20 anos, éuma obra da inspetoria SãoJoão Bosco, pertencente aordem dos Salesianos e con-veniados com a Prefeiturade Belo Horizonte, pormeio da SecretariaMunicipal de AssistênciaSocial. O Centro dePassagem recebe R$18.900por mês, empregados nasdespesas de 15 meninos.Além disso, o abrigo recebetambém doações de enti-dades privadas.

Hoje, a equipe do Centrode Passagem conta com 15educadores e duas coorde-nadoras. Segundo Sandra,três educadores forammeninos de rua e hoje tra-balham no local educandooutros garotos.

Como é apenas umamedida de proteção, os edu-candos do Centro dePassagem podem sair sozi-nhos durante o período datarde, de segunda à sexta-feira. “A casa de passagemnão é um centro de inter-nação por isso não são pri-vados de liberdade” , expli-ca a coordenadora.

Por mais que haja fisca-lização do Centro, existemjovens que ainda sãoenvolvidos na rua comalgum tipo de droga.“Sabemos que eles não vãolargar as drogas da noite

para o dia, mas aqui dentroda casa não pode”, explica.

ROTINA Durante as ma-nhãs, o Centro promove ummomento espiritual chama-do “Bom Dia”, destinado àreflexão, sem interesse emcatequizar ou doutrinar oseducandos. Após ajudar nalimpeza da casa, eles têm asoficinas de informática,praticam esporte, fazemartesanatos e discussõessobre o uso de drogas.

No Centro de Passagemos garotos não estudam,porque “não ficam aqui pormuito tempo, então o cen-tro matriculava o garoto naescola, mas daí há trêsmeses ele tinha que sair. Aescola não aceitava isso”,diz a coordenadora.

Iracema Santos Medra-do, 30 anos, é professora deinformática do local hácinco anos. Ela conta que aaula de informática “servecomo complemento para omenino não ficar ocioso”, jáque, pelo pouco tempo depermanência do local, amatrícula na escola não erapossível.

Sandra diz que no centrohá jovens que estão com 16anos e não sabem nem ler eescrever e, por isso, embreve os educadores inicia-rão um método para alfa-betizar os alunos em trêsmeses, tempo que um edu-cando permanece na casa.

Carrancas contam a históriados ribeirinhos do velho ChicoCurupan, Salaô, Jero-

me, Muturãn e Muanêsão algumas das carrancasdo Rio São Francisco,esculpidas por FranciscoGuarany, considerado omais importante carran-queiro do Vale do Rio SãoFrancisco, falecido em1985. As carrancasficavam na proa das bar-cas, embarcações ondetrabalhavam os remeiros.Eles acreditavam que elasprotegiam as embarcaçõescontra os maus presságiose seres mitológicos. Com asubstituição das barcaspelos navios a vapores, asfiguras esculpidas comtraços de animais ehumanos, característicaspeculiares das carrancasde Pirapora, passaram aser utilizadas somentecomo objetos de deco-ração de casas eescritórios.

A navegação no SãoFrancisco sofreu rigorosaredução devido à implan-tação do transporte

rodoviário, à construçãodas usinas hidrelétricasque reduziram considera-velmente o volume deágua, além do assorea-mento, que arruinoumuitos trechos do rio,extinguindo assim aprofissão dos remeiros.

ADAPTAÇÃO De acordocom o antropólogoZanoni Eustáquio RoqueNeves, natural dePirapora, Região doMédio São Francisco, acultura é dinâmica e osribeirinhos adaptaram-seàs transformações cultu-rais ao longo do tempo,criando condições parasobreviver. “Novas tec-nologias, novas formas deorganização social, favore-cem a adaptação e a trans-formação da realidadesociocultural”, completaNeves.

O piraporense realizoudiversas pesquisas sobre aregião sanfranciscana erevela que ama a terra

natal, mas que esse fatonão interfere naspesquisas que realizasobre Pirapora e região. “Énecessário certo cuidadopara que as relações afeti-vas não interfiram nosestudos, que devem serconduzidos com o máxi-mo de objetividade”, argu-menta o pesquisador.

Zanoni relata que, paraefetivar suas pesquisassobre o trabalho dosremeiros, contou muitocom a memória deles, quena época já exerciam out-ras profissões. “Ametodologia de pesquisaem Ciências Sociaisfornece ao pesquisadorum instrumental que lhepermite superar algunsobstáculos como, porexemplo, o etnocentrismo,a idealização do passado,etc., muito presentes nodiscurso dos informantes.É evidente que a objetivi-dade plena e total é difícilde ser alcançada, masfazemos um esforço paraproduzir um conhecimen-

to imparcial”, explicaNeves.

MEMÓRIA O antropólogodiscorre sobre a importân-cia da preservação damemória social para aCiência da História e paraa Antropologia Histórica,para que as novas ger-ações conheçam o que foirealizado no passado paraevitar a repetição de malese equívocos. “Umasociedade sem conheci-mento sobre o seu passa-do fica limitada em ter-mos de aprendizagem.Como evitar novosgenocídios contra osíndios do São Francisco ede outras regiões sem umareflexão sobre o passa-do?”, exemplifica.

Zanoni Neves jáescreveu vários livrossobre a região San-franciscana, entre eles,Navegantes da Integração:os remeiros do Rio sãoFrancisco (1998, Ed.UFMG). Na carreira do

Rio São Francisco (2006,Ed.Itatiaia), além de es-crever artigos para jornaise revistas científicas.Atualmente está organi-zando um Núcleo deEstudos do Vale do SãoFrancisco que terá umespaço para exposiçãocom acervo de peças arte-sanais, sala para palestrase outras atividades, cominauguração prevista para2009.

Segundo o antropólogo,para conter as conseqüên-cias maléficas do progres-so, é preciso que haja von-tade política dos gover-nantes e que esta só exis-tirá quando a sociedadecivil se organizar. “Osmeios de comunicação e,sobretudo, o sistema edu-cacional deverão ser sensi-bilizados para a educaçãoambiental. Certamente, asnovas gerações de ribeiri-nhos estão tendo infor-mações sobre os ecossis-temas sanfranciscanos queminha geração não teve.

Assim, acredito, mudan-ças substanciais estão emgestação”, conclui.

De acordo com JeterJaci Neves, professor delingüística da PUC Minas,os seres fantásticos quehabitavam o “Velho Chi-co” e assombravam o es-pírito dos remeiros e ribei-rinhos não eram o verda-deiro inimigo a ser temidoe esconjurado. “Quemsabe esses fossem atémesmo seus deuses tute-lares - aqueles que cuidamdo rio: de suas águas e deseus filhos, os frágeis seresque o habitam e quefazem sua beleza infinita.Seu verdadeiro inimigoera o bicho-homem, esseque devastou suas matasciliares, meteu-lhe fogo,assoreou-lhe o leito,caçou-lhe os bichos detodas as cores e formas epescou-lhe predatoria-mente seus filhos muitoamados, todos os peixes”,profetiza o professor.

A aluna Juliana Cristina da Silva, do 3° período do curso Comunicação Integrada da PUCMinas São Gabriel, foi a terceira colocada no concurso "Comunicador do Futuro" com amatéria publicada abaixo. O concurso, promovido pelo Governo de Minas, foi realizadono final do semestre passado. Juliana foi premiada com R$ 2 mil reais, além de garantirsua participação em uma expedição pelo Rio São Francisco e um diploma. Segundo aaluna, o tema da matéria foi proposto pela organização do Concurso, mas ela teve aliberdade para dar ênfase à cultura e a aspectos ambientais daquela região.

YONANDA DOS SANTOS

Os ribeirinhos acreditavam que as carrancas protegiam as embarcações de maus presságios

FREDERICO PENA

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tinha que ter uma con-tinuidade. A partir dasmais de 90 horas de filma-gens, além de um vastomaterial em áudio, foifeita uma releitura dopapel da mulher nahistória.

Assim como na so-ciedade, no tráfico a mu-lher também encontra opreconceito. "Quem acei-taria ser comandado poruma mulher?",questiona orapper. Mas seem vários se-tores a mu-lher vemconqu i s -

t a n do seu lugar, nasfavelas não poderia serdiferente. "É uma ascen-são contrária, paradoxal,dentro de uma tragédia,mas dentro daquelemundo isso é uma ascen-são. E a exemplo de outras(mulheres), outras posi-ções, outros lugares, elanão é aceita. Ninguémaceita ser comandado pormulher. Mas ela tem queimpor sua força através doque o tráfico permite aela, a força pelas armas defogo", afirma MV Bill.

"O conteúdo desse livropode chegar a qualquer lugare pode contribuir de váriasformas para várias pessoas.

Agora, eu não tenho apretensão de mudar,com uma obra de li-

teratura, o que foiestabelecido

em 500anos dentrodo nossopaís. Acho

que é umapequena ontribuição. Achoque a mudança vai ser feitaatravés do coletivo, da mobi-lização de todos", acredi-ta o rapper.

13Comportamento Setembro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

DETENTAS SÃO LIVRES PARA ESTUDARQuatro mulheres que cumprem pena por tráfico na Penitenciária Estevão Pinto superam obstáculos, diariamente, para fazer curso superior no Izabela Hendrix, concretizando os sonhos

Sem transporte oficial esem dinheiro para pagarpassagem, Jeniver Cristinada Silva, de 24 anos, se viuobrigada a percorrer a péos cinco quilômetros queseparam a PenitenciáriaIndustrial Estevão Pinto(PIEP), no Bairro Horto,na Zona Leste da capitalmineira, até o CentroUniversitário IzabelaHendrix, na região daPraça da Liberdade, parainiciar seu curso superiorde Administração. Ela éuma das quatro detentasaprovadas no processoseletivo do segundo semes-tre de 2008 dessa institu-ição de ensino e têmenfrentado e superadouma série de problemaspráticos com materiaisescolares, transporte e ali-mentação para concretizaro sonho de estudar.

Como solução pro-visória para esses obstácu-los, o Grupo de Amigos eFamiliares de Pessoas emPrivação de Liberdade,que trabalha junto a PIEPhá três anos, tomou afrente da situação. Virgíliode Mattos, coordenadordo Grupo, informa quenão houve nenhuma par-ticipação da Secretaria deDefesa Social do Estadoem todo o processo. Aprofessora GenilmaBoehler, coordenadora deDireitos Humanos e pro-fessora do InstitutoMetodista Izabela Hen-

fechou turmas para oturno da manhã, o queobrigou a aluna Beliza daCosta Correia, 22 anos,aprovada em 4° lugar, aesperar por uma autoriza-ção especial do juiz paraque pudesse estudar noperíodo da noite. Comoela tem de retornar àPenitenciária EstevãoPinto depois das aulas, foipreciso que seu pai eirmão se comprometessemdiante do juiz a buscá-latodos os dias no centrouniversitário, o que vemsendo cumprido.

"É uma coisa muitobonita. A gente percebeque nesse intuito, a idéia éde inserir, incluir uma pes-soa que está absoluta-mente excluída. O interes-sante é perceber que aeducação superior signifi-ca abrir um outro hori-zonte de possibilidades dereinclusão social, e abreoutras possibilidades de

solidariedade, porque pes-soas se juntam nesseprocesso", afirma Genil-ma.

Assim como a maiorparte das mulheresreclusas na PenitenciáriaEstevão Pinto, as detentasque hoje estudam noIzabela Hendrix tambémestão cumprindo penaspor envolvimento no tráfi-co de drogas. Condenadaa três anos de detenção,Jeniver afirma que foiapresentada às drogas porpessoas de seu bairro emum período difícil de suavida, quando havia perdi-do seu emprego. "A situ-ação financeira foi aper-tando e as latas ficandovazias. O que apareceu nahora para garantir aminha sobrevivência foi otráfico. Eu passei então avender drogas", conta. Ocaso de Beliza foi dife-rente. Condenada a noveanos de prisão, ela afirmaque não era traficante,

YONANDA DOS SANTOS

Mesmo cumprindo pena, Beliza tem a oportunidade de freqüentar às aulas

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ALINE SCARPONI, IZABELLA LACERDA, STEFÂNIA AKEL,2º PERÍODO,CINTIA REZENDE, 7º PERÍODO

drix, explica que, apóstomar conhecimento dafalta de estrutura encon-trada por essas detentaspara estudar, o grupo tevede buscar uma solução."Eles dão todo o apoionesse momento inter-mediário, oferecendo pas-sagem, lanche. E a institu-ição está oferecendo asbolsas de estudos. O nossocompromisso tem sidoesse", esclarece.

"A gente estudoudurante mais ou menosum mês, mas estudamosmuito", lembra Jeniver,aprovada para o curso deAdministração e quegarante estar disposta asuperar todos os proble-mas para conseguir estu-dar. Para ela, o vestibular ésó o começo. Jeniver contater planos para o futuro.Após cumprir sua pena econcluir o curso, ela pre-tende fazer pós-graduaçãoem comércio exterior e umcurso complementar deinglês.

APOIO Para que as deten-tas pudessem iniciar asaulas, foi necessária umaautorização judicial, umavez que nem todas seencontravam em regimesemi-aberto. "A partici-pação do Juiz dasExecuções Criminais daCapital, doutor HerbertCarneiro, foi decisiva paraque pudessem fazer o con-curso do vestibular e agoraassistirem às aulas", expli-ca Virgílio de Mattos.

Todas as detentas seinscreveram para os cursosmatutinos. Entretanto, ocurso de Fisioterapia não

mas usuária. "Eu nuncative envolvimento direta-mente com o tráfico. Euera usuária. Estava comuma pequena bucha demaconha e quatro pedrasde craque", relata.

VESTIBULAR Com ape-nas um mês para seprepararem para as provase com uma rotina diáriade estudos, as cincodetentas da PIEP tiveramde vencer obstáculos parajá participarem do proces-so seletivo do CentroUniversitário IzabelaHendrix. As quatro a-provadas estão cursando,desde o início de agosto,Administração, Enferma-gem e Fisioterapia.

Para as detentas, até aida ao centro universitáriopara a prova do vestibularsignificou uma grande ale-gria. "A gente estava nomesmo carro. Nós vimoscoisas que não via hámuito tempo. Passamospela Andradas e notamosque o Arrudas está cober-to. Fomos relembrando e,ao mesmo tempo, obser-vando cada detalhe",comenta Beliza.

Ela afirma que mesmotendo estudado muito,ficou nervosa no dia daprova. "Nossa, eu passeimal e tive náuseas. Eufiquei a noite toda acorda-da. Sentei nesse bancoaqui (na penitenciária) edisse: eu não vou! Nãovou, não vou!", relata.

Genilma diz que ovestibular foi um processolegítimo, uma vez que asdetentas fizeram a mesmaprova que os outros can-

didatos. "A única dife-rença foi que nós oferece-mos uma sala separada,porque vieram com escol-ta. A escolta ficou nocorredor, enquanto nósfiscalizamos a prova. Asala específica foi umpedido do próprio juiz",explica.

A professora contaainda que desde que asaulas começaram nãohouve nenhuma recla-mação por parte dos cole-gas nem das detentas.Participativas, elas têm seempenhado para se inte-grarem à rotina de estudose ao ritmo da sala. "Até omomento não tivemosqueixa nenhuma, nemdelas nem de ninguémaqui no centro univer-sitário. Elas têm sido par-ticipativas, têm dadoretorno e também, aquipara nós, elas não são víti-mas. A gente tem procura-do conversar isso comelas. São alunas comoquaisquer outras aquidentro e fazem parte dosprocessos como outrasalunas", esclarece.

Ainda de acordo comGenilma, por meio dessainiciativa o InstitutoMetodista Izabela Hen-drix está contribuindopara uma sociedademais inclusiva ehumana, minimizando aviolência e o tráfico dedrogas. "Sabemos quetudo isso é um granderisco, mas a vida é umgrande risco. E se nósnão nos arriscarmos,como é que vamos fazera diferença?", indaga.

Livro de MV Bill aborda vidade mulheres ligadas ao tráfico

MV Bill: mudança virá com mobilização

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Envolvimento com drogas écomum entre maioria das presasTudo começou quan-

do o namorado deSilvana Cristina ResendeFaria, 40 anos, lhe ofere-ceu maconha pelaprimeira vez. Depoisveio o contato com ocrack. "A partir daí fiqueiescrava da droga", relata.Silvana, que era dona deuma loja de bijuterias,conta que passou a fazerpequenos roubos emestabelecimentos parasustentar seu vício."Cheguei a roubar ocapacete do meu cu-nhado. Minha famílianão acreditava nisso",desabafa.

Há sete mesescumprindo pena naPenitenciária IndustrialEstevão Pinto (PIEP)por ter sido pegaroubando para sustentaro vício, ela acredita queos problemas sofridos nainfância ajudaram-na ase envolver com o tráfi-co, e que, por isso, hojemantém um diálogo

franco com suas três fi-lhas. "Eu sempre conver-sei muito com minhasfilhas. Acho que deve-mos sempre falar a ver-dade com os filhos", diz.

Grávida, TaissianiAmâncio Lopes, 18 anos,mãe de duas filhas, estáhá oito meses na peniten-ciária, após ser abordadapela polícia com umaamiga que portava drogase que a acusou de ser adona do produto.Próximo do nascimentode seu filho, ela relata apreocupação com ofuturo das suas filhas."Tenho medo das minhasfilhas se envolverem ecorrerem o risco de serempresas ou mortas porestarem devendo", revela.

Diretora da PIEP,Isnáia da Silva Gomesconta que a maioria dasmulheres que cumprempena no local possuihistórias de vida pareci-das. "Noventa por centoestão presas devido ao

envolvimento com o tráfi-co de drogas", confirma.Chefe de produção dapenitenciária, PaulaSimone Viana deMedeiros diz que no localexiste a preocupação como processo de ressocializa-ção das detentas, pormeio da ocupação e dageração de renda destina-da às famílias.

Após pesquisa querevela o interesse dasdetentas quanto à rea-lização das atividades,elas são escolhidas paradesenvolver as funçõesde confecção de uni-formes, fabricação debijuterias, fôrmas parabolos, artesanatos e fa-bricação de bandeiraspara as festas juninas.Paula conta que a cadatrês dias de atividades,desconta-se um dia depena. Para participar daseleção é exigido que asmesmas estejam estu-dando regularmente. "Sópode trabalhar quemestá estudando”, explica.

Apesar de ser uma ativi-dade predominantementemasculina, o tráfico tam-bém exerce influência nasmulheres, pelo o que émostrado em livro porMV Bill e Celso Athayde,“Falcão - Mulheres e o trá-fico”.

Na obra, os autorescontam histórias de mu-lheres que pegam emarmas e comandam bocasde fumos em favelas doBrasil. "O tráfico é umaquestão altamente mas-culina, na maneira de selevar. Mas é impossíveluma movimentação detráfico de drogas sem apresença de mulheres,fazendo algum tipo decoisa, algum tipo de papel.E são essas coisas que agente traz no livro", relataMV Bill, em entrevista aoMARCO.

O tema, de acordocom o rapper, foi umcaminho natural a serpercorrido, tendo emvista que os protagonistasdo livro Falcão - Meninosdo Tráfico, em sua maioriamorreram, e a história

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14 Comportamento Setembro • 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

ALUGUEL DE LIVROS NA SALA DE CASAn

LORENA KAROLINE MARTINS, RICARDO MALLACO,3º E 2º PERÍODOS

LORENA KAROLINE MARTINS

Maria Tereza mostra seu acervo, organizado nas estantes de sua residência

A locadora de livros “Expresso Cultural”, situada dentro da casa de Teresa Maria de Castro, disponibiliza a um preço acessível obras raras e lançamentos aos clientes leitores da região

Restauração de fotos antigas eternizam históriasn

DIANA FRICHE, LORENA KAROLINE MARTINS, 3º PERÍODO

Convivendo com diversasnovidades tecnológicas exis-tentes nos dias de hoje,Duílio Guerra de FigueiredoJúnior, 49 anos, mantém umtrabalho de restauração nãosó de fotos, mas também dememórias. Há quinze anos,ele iniciou o seu trabalho,sendo uns dos percursoresda técnica de restauração defotografias em BeloHorizonte. Depois de cursardesenho na EscolaGuignard, viu na restauraçãoa possibilidade de unir a téc-nica da arte plástica com afotografia. Atualmente,Duílio mantém seu trabalhona sua própria casa, localiza-da no Sion, Zona Sul da ca-pital.

Em princípio, sem aexistência do computador,Duílio iniciou o seu trabalhoartesanalmente, fazendoretoques à mão com o uso detintas próprias parafotografia. Ele conta quemesmo com o uso do com-putador e dos programasdigitais, as técnicas queaprendeu com o desenho

não foram descartadas. Duílio afirma que 90% de

seus clientes são mulheresacima de 50 anos, queprocuram seus serviços como intuito não somente dereconstituir uma foto, massim de recompor sua históriafamiliar. O restaurador achaa profissão muito prazerosajá que, por meio dela, co-nhece histórias de vida dife-rentes. “Senhoras de maisidade que não têm um círcu-lo familiar convivendo emvolta dela entram numa nos-talgia de rememorar otempo. Elas chegam aqui efalam muito pouco dafotografia e muito dos tem-pos antigos, da família, dasavós”, afirma.

Haydeê Carvalho SilvaTelles, 92 anos, é cliente fixade Duílio. Ela afirma quegosta do trabalho feito pelorestaurador, já que dessaforma suas futuras geraçõespodem ter conhecimentosobre seus antepassados:“Sempre levo fotos para oDuílio restaurar. Atualmenteele está trabalhando emduas fotos minhas”, diz.Haydeê revela que ainda nãoaderiu a fotografia digitalpor preferir as fotos tradi-

Duílio relembra os métodos de restaurar fotos, antes do uso do computador

cionais.Geralmente, as fotos que

chegam até o restauradorpodem ser recuperadas porretoques manuais ou trata-mento digital. O estado dasfotografias varia muito e

algumas não podem ser recu-peradas. “Quando constatoque a foto não tem solução,eu digitalizo e guardo. Falocom a pessoa que até entãonão tem jeito, mas que maispara frente pode ter”, salien-

ta. Na maioria dos casos, asfotografias sofrem problemasrelacionados a conservação,sendo danificadas por mofo,manchas e rasgos.

Além de restaurar fotos,Duílio também faz digita-lização e manipulação deimagens. Este é o serviçoprocurado pelo fotógrafoOdilon Araújo, 55 anos,cliente há sete. O fotógrafoutiliza os serviços de Duílioque, por meio de ferramen-tas digitais, faz retoques,painéis e montagens, acres-centando ou retirando partesda imagem.

A tecnologia digital con-tribui para o trabalho deprofissionais como Duílio.“O trabalho que antesdemorava três dias parafazer hoje eu posso em fazerem três horas”, conta. Mashá pessoas que, mesmo comas facilidades que as novastecnologias podem oferecer,preferem os métodos tradi-cionais, como a películafotográfica: “Há oito mesesque passei para a máquinadigital, isso porque não fa-bricam mais o filme que euutilizo”, conta OdilonAraújo. “Sou romântico comfoto. Tenho saudade da

película, mas tenho que meadaptar ao digital”, comple-ta.

Pessoas que como Odilonainda não acostumaram como digital, gostam do caráterpalpável que a revelação pro-porciona. “Muita gentechega aqui reclamando queestá cansado da fotografiadigital, perguntando se eutenho para vender aquelesálbuns com cantoneiras”,pontua Duílio.

Duílio conta que recente-mente um casal de idosos foiprocurá-lo com uma peque-na fotografia quase impos-sível de reconstituir, porestar cheia de furos de gram-peador. Ao tomar conheci-mento sobre a história dafoto, o restaurador nãomediu esforços para con-sertá-la: “A única coisa físicaque sobrou de toda históriada família deles foi essa fotode dois centímetros. Entãoeu pensei que precisava fazeralguma coisa para ajudar efiquei uns quinze dias atéconseguir arrumar a foto.Eles chegaram, viram oserviço pronto e choraram”.Se deparar com históriascomo esta é comum nocotidiano de Duílio.

Lojas de fotografias aderem ao formato digitalAs redes de fotografia

existentes no mercado tam-bém começaram a fazer arestauração de fotos digi-tais. É o caso das lojasRetes, que divide as restau-rações em grau de dificul-dade: a complexa, que cor-rige problemas de maior

gravidade e a iluminaçãosimples, para pequenas cor-reções. O preço varia entreR$33 e R$75.

Henrique Ranilfo, 19anos, é vendedor da Retesda Rua Rio de Janeiro,Região Central de BeloHorizonte. Ele acredita que

a tecnologia digital estádominando o mercado, masque ainda há compradoresde máquinas analógicas efilmes fotográficos. “En-quanto existirem com-pradores, iremos continuarvendendo filmes e reve-lando-os”, diz.

O restaurador DuílioGuerra de Figueiredo Júnior,49 anos, acredita que seudiferencial em relação àsgrandes empresas é o fatode ainda restaurar fotosmanualmente, apesar degrande parte de seu trabalhoser feito de forma digital.

Em média, Duílio faz vinterestaurações mensais e ocusto do serviço mais sim-ples fica em torno de R$20.

Duílio acredita que afotografia de papel vai setornar objeto cada dia maisprecioso e raro: “Não sei oque vai ficar de memória da

família, já que quem tirafotos digitais não chega amandar para o laboratórionem 10% do que fotografa.Acaba que se perde muitacoisa digital, os CDs perdema leitura muito fácil, aquilonão é permanente como osálbuns”, defende.

GUSTAVO ANDRADE

início, em 2000, e acha“extremamente cômodo afacilidade que esse tipo deprestação de serviço per-mite”.

Segundo Teresa, “aspessoas preferem locarlivros aqui a outras bi-bliotecas, pela flexibili-dade de horário e pela va-riedade de livros contidano Expresso Cultural”. Otécnico químico industrial,Carlos José da Luz, 50, écliente há cinco anos econta que locar livros noExpresso é melhor, porqueo deslocamento até o cen-tro da cidade requer muitotempo. A locadora fun-ciona de segunda a sába-do, das 8h às 19h30,porém, a maioria dosclientes do local são ami-gos da proprietária. “Os(clientes) mais conhecidosvêem a hora que podem, equando tenho um compro-misso e não estou aqui,deixo o livro reservado emeu marido entrega paramim. Com isso, mantenhoa fidelidade do cliente”,conta.

O Expresso Culturalrecebe de cinco a dez pes-soas por dia vindo geral-mente de bairros vizinhoscomo Copacabana, SantaAmélia e São João Batista.

Porém, o movimento émaior no início das aulas eem épocas de vestibular,quando o local não con-segue atender todos osclientes, fazendo com quealguns deles fiquem nalista de reserva.

É o caso do estudanteBruno Garkauskas Neto,de 21 anos, que conta quea locadora sempre temexemplares de livros pedi-dos pelas principais uni-versidades de MinasGerais, como UFMG,PUC e UFV. “Acho oExpresso extremamenteimportante porque aqui seencontram livros raros elançamentos, e o aluguel ébarato”, completa.

HISTÓRIA Criado em2000, o Expresso Culturalfoi uma forma que Teresaencontrou de promover aleitura sem abrir mão dosseus livros. No início, elaresolveu concretizar aidéia do Expresso juntocom um vizinho que pos-suía uma grande quanti-dade e paixão pelos livros.Hoje, parte do seu acervoé derivada de doações dealguns clientes que nãopossuem espaço em suascasas para guardar oslivros. “À medida que o

cliente vai pedindo umlivro, eu compro e assim oacervo vai aumentando”,afirma.

Quando a aposentadaabriu a locadora, seufilho, que na época eraadolescente, estava de-sempregado e, na tentati-va de lhe dar um serviço,buscava e levava os livrosna casa dos clientes, daí onome “Expresso”. Teresalembra que com esseserviço não seria possívelmanter o valor da locação.“É muito dispendioso enão deu muito certo,porém, o nome ficou”,acrescenta.

Em princípio, Teresadivulgou durante doisanos a locadora por inter-médio do jornal que cir-cula na Região da Pam-pulha e depois passou aser de “boca em boca”.“As pessoas que ficaramconhecendo o meu traba-lho falaram com as outrase é por isso que hoje eutenho clientes de bairrosmais distantes e de outrasregiões”, afirma. “Meu a-migo já alugava livrosaqui, eu fiquei sabendo econtei para o meu pai. A-gora, ele também traz meusirmãos para locar livros”,conta o estudante Luiz

Otávio Matias, 15 anos.

PLANOS Ao ser questiona-da sobre abrir uma livraria,ela conta que nunca pen-sou sobre isso, mas, se fosseter uma, seria na região emque mora, pois é muitoprecária de literatura.Receosa, Teresa confessaque tem “medo de investirem algo grande e depoisnão dar certo”.

Teresa está ampliando olocal para abrigar todos osseus livros e pensa futura-mente em voltar a divulgaro Expresso, após as refor-mas. Enquanto isso, a pro-prietária está satisfeita como resultado do seu projeto ecompleta dizendo que “oretorno financeiro é baixo,mas é muito prazeroso”.

“O que me levou fazerisso foi o amor peloslivros”, diz Teresa MariaDelazari Telles de Castro,56 anos, sobre o ExpressoCultural, uma loja dealuguel de livros impro-visada na própria sala desua casa, localizada noBairro Santa Mônica, naRegião da Pampulha,Zona Norte de BeloHorizonte. A loja possuicerca de quatro mil livros,em prateleiras separadaspor literatura brasileira,estrangeira e infanto-juve-nil, organizadas porordem alfabética de autor.O valor da locação dolivro por um período dequinze dias varia entreR$5,00 e R$7,00 paralançamentos.

O “Expresso Cultural”possui 1200 clientescadastrados, sendo que30% desse número sãoclientes fixos, ou seja,aqueles que são freqüentese conhecem o acervo. É ocaso da psicóloga Mariado Rosário AraújoTrindade, 50 anos. Elaconta que acompanha otrabalho de Teresa desde o

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15Esporte Setembro • 2008 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

ATLETAS AMADORES FAZEM CARREIRA Corredores de rua conquistam espaço em competições profissionais, ganham incentivos como patrocínio, ingressam em equipes de clubes mineiros e alguns fazem do esporte sua profissão

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AMANDA ALMEIDA, 8° PERÍODO

William Gomes deAmorim, 32 anos, jáperdeu a conta de quantascorridas disputou em noveanos de atletismo. JáBruno Franco Ricci Faria,19 anos, sabe dizer comexatidão que participoude 19 corridas. Emmomentos diferentes davida esportiva, os dois têmem comum a paixão pelacorrida de rua. Bruno cor-reu pela primeira vez em2005 na Volta daPampulha. “Pode parecerbobo, mas eu achava boni-to pela televisão cenas,como por exemplo, dosatletas pegando o copo deágua dos apoiadores dacorrida, enquanto es-tavam na disputa. Então,comecei a me interessar”,explica. O garoto contaque, antes de entrar para ouniverso das corridas,achava que só existia aMeia Maratona do Rio deJaneiro, a São Silvestre e aVolta da Pampulha.

Após a primeira partici-pação em uma corrida,Bruno se entusiasmou eprocurou se inteirar doassunto. Pesquisou nainternet e entrou em redesvirtuais, como comu-nidades de pessoas quecorrem do site de rela-cionamento Orkut. Atra-vés do site, descobriu queexistem várias corridasmenos divulgadas em BeloHorizonte. Bruno come-çou, então, a treinar porconta própria. Inscrevia-senas corridas e largavaatrás, sem treinador.Durante todo o ano de2007 teve que abandonaras pistas por conta de umproblema de saúde, fezuma cirurgia e precisou serecuperar. Mas Bruno nãodesanimou e voltou a par-ticipar das corridas em2008. “Esse ano, eu estouligado a todas”, conta ani-mado.

Prova dessa animação éa iniciativa de Bruno emlevar uma proposta depatrocínio na empresa emque trabalha. “Expliqueipara eles que eu participa- Bruno Franco, animado com o esporte, conseguiu patrocínio onde trabalha

va de corridas e poderiadivulgar o nome daempresa. Eles toparam”,relata. O próximo passo éarrumar um treinador. “Émuito difícil melhorar otempo sem treinador”, dizBruno que tem comometa um pódio por mês.Ele se enquadrada na ca-tegoria de iniciantes. Masconsidera a corrida maisque uma brincadeira.“Para ser profissional temque viver para isso. Nãofaço isso, mas a corridatambém não é apenas umhobby para mim”, explica.De fora da paixãonacional, Bruno preferedisputar uma corrida ajogar futebol. Bruno tam-bém incentiva os amigos acorrer: três já começarampor causa dele.

Foi também a partir deum incentivo que WilliamGomes de Amorimcomeçou a correr no finalde 1999. Ele trabalhavaem uma construção comoservente de pedreiro. Oresponsável pela obra eraatleta de corrida e ochamou para correr tam-bém. "Ele falava que eutinha um estilo de queni-ano e que poderia tersucesso nessa caminhada",conta. Willian tinha 24anos na época e nuncatinha pensado em ser atle-ta. Após a primeira corri-da, ele se animou e passoua disputar várias corridas.Em 2003, começou a sedestacar no cenário doatletismo e largou todas asoutras atividades para sededicar aos treinamentose competições. "Comoprofissional, dá para ga-nhar a vida no atletismo.Mas tem que incorporarmesmo, dedicação total",adverte. Seu objetivoagora é chegar à próximaSão Silvestre.

DESTAQUE Natural deSão Paulo, mas residenteem Formiga desde os trêsanos, Andréia de Limavem conquistando espaçono atletismo mineiro enacional. Ainda criança,Andréia já se destacavanos esportes que praticavana escola. Influenciada porum tio que era corredor

profissional, ela começou acorrer aos 16 anos. “Noinício, eu só corria lá naregião: Formiga, Divi-nópolis, Campo Belo”,detalha. A atleta parou suapromissora carreia esporti-va aos 18, quando secasou. Aos 23 anos, apóster duas filhas, Andréiaretomou a carreira. “Meumarido não gostava que eucorresse de jeito nenhum.Mas não tenho outro jeito:eu gosto. Estou na batalhacom ele até hoje”, ri docaso.

Segundo a atleta, seuprimeiro passo para aprofissionalização foi dis-putar corridas em BeloHorizonte. "Porque aqui agente quer crescer mais.Lá a gente está naquelemundo pequeno, ganhan-do todas as corridas. Lávocê está bem; agora,quando você vem para cá,o nível é outro", justifica.A atleta conta que perce-beu que era preciso melho-rar e investir em treina-mentos para disputar nacapital mineira. Nessaépoca, então com 23 anos,Andréia trabalhava comoempregada doméstica em

Formiga. Como começou ase destacar em BeloHorizonte, resolveu largaro emprego e se dedicarapenas à corrida. "Porqueeu ia à uma corrida e odinheiro que eu ralava omês inteiro para ganhar, àsvezes eu vinha à uma cor-rida e ganhava o dinheirodo mês todo", relata.

O próximo passo para aprofissionalização, segun-do a atleta, foi entrar paraa equipe do Cruzeiro. Aatleta ficou três anos naequipe, hoje ela competepela equipe da CulturaInglesa. Ainda, assim, con-tinua morando emFormiga. "O pessoal atéacha que eu moro aqui,porque todo fim de se-mana eu estou aqui dis-putando corridas. Formigafica a três horas e meiadaqui", explica. O respon-sável pela preparação daequipe manda o treina-mento por e-mail. Alémdisso, Andréia é avaliadanas corridas e, em algumasépocas do ano, fica emBelo Horizonte paratreinar com a equipe.

Após percorrer todo ocaminho da profissionali-

zação, Andréia explicacomo funciona uma corri-da. Segundo ela, as catego-rias de uma corridaservem como um incenti-vo aos atletas que dis-putam sem um compro-misso profissional. “Aspessoas mais velhas, porexemplo, têm que ter umamotivação para participar.A categoria por idades éuma boa justificativa”,relata. Andréia acreditaque o mesmo acontecepara os iniciantes. Quando

eles sobem no pódio poralcançar um bom tempopara a sua idade, queremdisputar mais vezes. Aatleta deseja que oatletismo seja mais divul-gado para atrair maisesportistas. “Não hámuito interesse em incen-tivar os atletas, principal-mente em um esportepouco popular como é oatletismo. Mas eu nuncadesisti”, incentiva An-dréia.

Quando era criança,Flávio Augusto PessoaVianna, 27 anos, achava queseria jogador de futebol. Elechegou a quase se profissio-nalizar. Até que por determi-nação do pai teve de escolherentre a faculdade e o esporte.Flávio, então, fez a opçãopelo curso de EducaçãoFísica. Arrumou um estágioem uma academia de muscu-lação e novamente se viuenvolvido com o esporte."Meu monitor, a pessoa queme orientava lá, disputavacorridas e sempre me chama-va para treinar", lembra. Emuma das Voltas da Pampulha,Flávio topou a proposta domonitor, conseguiu umpatrocínio e correu com ele.O curioso é que Flávio ficouna frente do amigo que jácorria. "Então, todo mundoriu da cara dele e eu comeceia treinar mesmo", conta.

Flávio agora se dedica àcorrida de aventura. "In-felizmente essa modalidadeainda não é conhecida",lamenta. Corridas de aven-turas são competições queenvolvem várias modalidadesde esportes de aventura. Asmais comuns são: trekking(caminhadas em trilha),moutain bike (trecho percor-rida em bicileta), canoagem(trechos em rios, mar oulagos em canoas, caiaques oubalsas) e atividades verticais(tirolezas, ascenções e ra-péis). Em geral, são reali-zadas em ambiente natural etêm como característica umfuncionamento complexo,tanto na organização dos

eventos como na formação epreparação das equipes.

A organização do eventooferece mapas e cartastopográficas com o trajeto aser percorrido. As compe-tições podem durar algumashoras ou vários dias. Emmuitas provas, é somente amenor parte das equipesinscritas que consegue com-pletar a prova. As equipessão formadas por homens emulheres. Normalmente, oscompetidores navegam dedia e noite, ao ritmo decidi-do pela equipe. "O diferenteda corrida de rua é que contamais a resistência do que avelocidade. A gente tem quesuperar os limites físicos,psicológicos e as surpresas danatureza", observa. A pri-meira equipe completa quecruzar a linha de chegada é avencedora.

Ainda que se dedique àcorrida de aventura, Fláviocontinua correndo na rua."Meu foco é a aventura. Usoa corrida de rua paratreinar", explica. O atletarelata que tem um tempobom para um amador, masnão chega a um tempoprofissional.

Ele trabalha tambémcomo treinador de corrida derua. "Não dá para viver só decorrida de aventura. Porque,como é uma modalidadedesconhecida, dificilmenteconseguimos patrocínio",pontua. Flávio considera queo atleta profissional é aqueleque consegue se sustentarapenas com o dinheiro queganha com as disputas.

Trajétoria marcada pelo esforço e sorte

Bailarina mineira se destaca em dança no exterior

Pernas alongadas, péscalejados em função doslongos ensaios, corpomagro e definido parasuportar as belas coreo-grafias executadas naspontas dos pés. Essas sãoalgumas características dabailarina Luiza Viana, de15 anos, que embarcourecentemente rumo ao seugrande sonho: dançar noexterior. A realizaçãodeste desejo foi como umarecompensa para a jovem

n

LUÍZA SERRANO2ºPERÍODO

artista, após todos os anosde dedicação e entrega aobalé clássico.

Luiza nasceu em BeloHorizonte, e até um mêsatrás residia com seus paise sua irmã no BairroFloresta. Influenciada pelaprimogênita da família, ajovem bailarina começou adançar ainda criança,praticou sapateado, jazz,até encontrar a sua ver-dadeira paixão: o balé clás-sico. "Sempre foi umaaluna dedicada e disci-plinada", relata sua profes-sora e coreógrafa RenataAraújo. Quando questio-

nada sobre sua dura vidade ensaios que ocupam amaior parte do seu tempo,Luiza diz: "Hoje, me dedi-co à dança, ela está emprimeiro lugar. Mas issonão significa que eu nãotenha uma vida fora dela,saio com minhas amigas ecom minha família nor-malmente".

Em 2007, ela foi recom-pensada por todo seuesforço. Ao participar deuma seletiva de nívelinternacional no Brasil, oGrand Prix, a bailarina foiselecionada para participarda etapa realizada em

Nova York. Ao chegar aosEstados Unidos, Luizaconcorreu, através de umaaudição, a uma vaga parabolsistas na escola HaridConservatory, uma con-ceituada instituição deensino de balé na Flórida.Renata, que a acompa-nhou, conta que ficou tãoansiosa quanto a candida-ta.“Sempre que dava olha-va pela janelinha da portapara saber como ela estavaindo", revela. Após a con-corrida vaga para sele-cionar os bolsistas, Luizateve a resposta que signifi-cava todo o seu esforço,

ela era um dos escolhidospara ficar três meses naescola.

Passada a temporada noHarid, a bailarina regres-sou ao Brasil, porém sabiaque iria voltar para con-cluir a sua formação comobailarina clássica. Durantetrês anos, ela irá integrar oseleto grupo que compõe aescola. "O que eu maisquero é seguir essa car-reira, quero dançar atésentir que meu corpo jánão pode mais agüentar adura rotina de ensaios.Esse é apenas o início de

um sonho, desejo ir paraas grandes escolas daEuropa, onde a dança érealmente valorizada.Pretendo voltar ao Brasilpara passar as férias,provavelmente nos mesesde dezembro e julho. Aarte da dança em nossopaís ainda é pouco reco-nhecida, e conta com umincentivo mínimo. Co-nheço bailarinos bra-sileiros fantásticos, masque assim como eu, acre-ditam que para seguir essaprofissão, o exterior é amelhor saída", comenta.

AMANDA ALMEIDA

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Malco Braga Camargos EntrevistaPROFESSOR DE CIÊNCIAS POLÍTICAS

n A política ainda é consideradamuito distante das pessoas. Comopodemos tornar a política maisatraente para o cidadão comum?Quanto mais o cidadão perceber o resulta-do das ações da política, mais ele vai par-ticipar. Então, se as pessoas perceberemuma inoperância do sistema, tende-se quese distanciem os eleitores dos represen-tantes. Quanto mais você perceber que apartir da sua participação você tem resul-tados disso, mais você tem incentivospara participar. Então a palavra chave éresultado. Mais resultados, maior partici-pação. Menos resultados, menor partici-pação.

n Os escândalos políticos,principalmente nos últimos anos,têm afetado essa participação popular? Escândalos políticos sempre tiveram. Elesnão ficaram maiores nos últimos anos. E aparticipação sempre esteve no nível queestá hoje. As pessoas ficarem sabendo dosescândalos até tem um lado positivo,porque elas podem refletir mais sobre oseu comportamento e, a partir daí, tomardecisões mais sérias quanto à política.Quando você não ficava sabendo deescândalos, você não tinha capacidade deavaliar se aquelas pessoas que você esco-lheu estão envolvidas ou não com escân-dalos, e isso pode aprimorar o voto.Então, ficar sabendo de escândalos fazcom que se preste mais atenção e nãoreeleja pessoas envolvidas em escândalos.

n Mas o senhor consideraque os eleitores têm memória curta? Não os eleitores, mas o ser humano temmemória curta. Se seu namorado te trai,depois você o perdoa também. Então vocênão pode querer com um ato negativo deum político dizer que isso é culpa dapolítica. As pessoas têm a capacidade deperdoar, e ainda bem que é assim. Você écapaz de reavaliar posições e resultados e,a partir daí, tomar novas decisões. Então,as pessoas têm memória para a políticaigual têm para as outras coisas, nem maisnem menos.

n E qual o senhor acha que é amelhor maneira do cidadãocobrar mais respeito na política? Participando mais. Quanto mais ele par-ticipar, mais ele pode cobrar. E ele é con-vocado a participar de quatro em quatroanos. Caso ele não participe do processodurante três anos e meio, nos últimos seismeses ele é convocado quando a eleiçãochega até ele através da mídia. Ela chegaaté a casa dele pelo horário gratuito.Então, ele reflete sobre ela e depois tomasua decisão. Nessa decisão, ele pode punirmaus representantes e premiar bons re-presentantes.

n O senhor considera que a impunidadeseja um estímulo para a corrupção napolítica? Sem dúvida. Instrumentos de coerção ede fiscalização devem ser aprimorados nopaís. Então, o Judiciário, o Legislativo e oExecutivo têm que ser mais ágeis tanto naapuração, quanto na punição em relaçãoaos desvios políticos. É importante lem-brar também que desvios de corrupção napolítica acontecem em todo e qualquerpaís. Todo e qualquer país tem corrupção.

n Por que está havendo tantaimpunidade? O senhor atribui isso a que?A impunidade ocorre, principalmente,devido ao fato de que as instituiçõespolíticas são muito corporativas ainda,muito preocupadas com seus própriosinteresses e de seus pares. Então, semprese preserva alguém, visando que vocêmantenha suas boas relações. Mas issonão acontece só na política. Acontece nossindicatos, nas relações entre professores,entre alunos. Um aluno não denuncia ooutro quando ele cola. Ele fica quieto,você vai proteger seus pares. Se um pro-fessor brigar com um aluno, todo mundovai contra o professor. Assim como o pro-fessor também não fala mal de outro pro-fessor, mesmo sabendo que é um mauprofessor. Também o deputado protegeoutro deputado. Agora, o que é funda-mental? Que as instituições tenham maisagilidade no processo de fiscalização epunição. Aí não tem espaço para o corpo-rativismo. Se você consegue comprovartudo, e os processos de punição não pas-sam pelo julgamento dos seus pares e simpor leis que são mais claras nesses proces-sos, aí a impunidade diminui. Não sepode deixar a cargo dos iguais julgaremseus iguais.

n Como o senhor avalia opapel da mídia na discussão política?A mídia é fundamental para dar clarezaao eleitor dos caminhos percorridos pelosparlamentares e representantes durante oseu mandato. Então, a mídia que faz esse

de Belo Horizonte hoje, com o número deindecisos que está tendo, o eleitoresperando para ver e reconhecer os can-didatos, passa exatamente por uma arti-culação que as elites fizeram. O eleitor foideixado à margem desse processo. Osinteresses do eleitor não foram considera-dos na hora de definir o processoeleitoral.

n O senhor acredita que uma reformapolítica possa ser a solução?A reforma política não vai melhorar, nãovai resolver os problemas atuais. Não seresolve nada de uma hora para outra napolítica. Não é na caneta, numa reuniãode elites, que você vai decidir o futuro dopaís em relação à política. Então a refor-ma política vai poder melhorar algumasfragilidades que nosso sistema eleitoral epolítico tem. Agora, resolver não vai,nunca. A gente vai melhorando conti-nuadamente. E quando você melhora,aparecem novas demandas. Quando quese pensava que a gente teria, por exemplo,a Comissão de Participação Popular naAssembléia, na qual o cidadão pode ir lá eincrementar uma lei? Nunca. Isso éporque, com os avanços, essas coisas vãotomando mais corpo e a gente vai tendonovas demandas para a política.

n Mas a reforma política poderia aumen-tar a confiança dos eleitores em relação aospolíticos? Mais do que confiança, a reforma políticapode diminuir a incerteza da política.Porque hoje quando você vota em alguém,você não tem muita idéia do que ele vaifazer. O fortalecimento dos partidospolíticos, que é a principal meta da refor-ma política, faz com que você tenha maiscontrole, mais esperança de que aquelapessoa eleita vai de fato trabalhar emrelação àquilo que você acredita. Então ofortalecimento das instituições políticas épara que cada vez mais a política dependamenos de participações individuais daspessoas.

n Então como se pode ampliar a confi-ança do cidadão com a política? O envolvimento e a confiança vão aumen-tar na medida em que tivermos melhorespolíticos. Quanto mais nós desenvolver-mos nossos políticos, e quem vai desen-volver não são eles, somos nós, filtrandobons políticos, a confiança aumenta.Quanto mais seguro você estiver da suarepresentação, mais tranqüilo você fica.Então, se você fica inseguro com ela, vocêtem que participar o tempo todo. Entãoisso vem com o tempo. Agora, é funda-mental que a mídia, por exemplo, possacada vez mais revelar as fragilidades dosnossos governantes, para que a gentepossa tomar decisões confiáveis na horado voto.

n Como o cidadão pode fiscalizar ospolíticos nos quais ele votou?É muito difícil. O que você tem que fazeré olhar o site do mandato dele, o que éum bom caminho, é fácil. Eu acho quetêm órgãos de avaliação do trabalho deparlamentares, que também são muitolegais. Tem o DIAP (DepartamentoIntersindical de Assessoria Parlamentar),tem o Transparência Brasil, que vai tefalar quem está envolvido em escândalose quem não está. A declaração de bensdos candidatos está disponível. Então,você pode sempre acompanhar isso.Agora, o cidadão vai ter paciência paraisso? Vai ter vontade de fazer isso?Dificilmente. Nós temos tantos outrosproblemas, que a política é só um deles.Então, nesse sentido, o que eu recomendoao cidadão para acompanhar é, principal-mente na época de eleição, converse comas outras pessoas, veja o que o candidatojá fez e pense se o que ele está propondoé de fato o que você quer. Não só paravocê. Pense na sua família, pense nacidade que você quer daqui a quatro anos,olhe para frente e avalie o seu voto hoje.Se você olhar só o curto prazo, o voto valemuito pouco. O TSE (Tribunal SuperiorEleitoral) está sendo muito feliz nas pro-pagandas que está fazendo. Aquela abe-lhinha que fica na cabeça do cara... É exa-tamente isso. O custo da baixa participa-ção e da participação errada é muito alto,principalmente em relação ao tempo deresposta que você vai ter. É uma decisãoque dura segundos para votar e depois vo-cê demora quatro anos pagando por ela.

n O que o senhor acha que o eleitor maisavalia na hora de decidir por um candidato?O eleitor é muito instrumental. Ele faz o

cálculo de custo-benefício. E na hora queele faz esse cálculo, ele pensa o que é me-lhor para a casa dele, a rua dele, a famíliadele. Então ele está preocupado comaonde ele vai ter mais retorno para aque-les mais próximos dele. Ou seja, o eleitoré extremamente egoísta no seu cálculo.

DESAFIOS PARA APOLÍTICA ATUALn ANA LUISA, STEFÂNIA AKEL, 2º PERÍODO

CÍNTIA REZENDE, 7° PERÍODO

Retomar a confiança e a participação do eleitor é um dos maiores desafios da atual políticanacional. È o que acredita o doutor em Ciências Políticas, Malco Braga Camargos. Nestaentrevista, o também professor da PUC comenta como é possível incentivar o cidadão comuma participar mais do processo político e a ter mais confiança em seus representantes. “Quantomais o cidadão perceber o resultado das ações da política, mais ele vai participar. Então apalavra chave é resultado. Mais resultados, maior participação. Menos resultados, menor par-ticipação”, afirma Malco. Corrupção, impunidade e falhas nos instrumentos de fiscalização con-tribuem para o desinteresse da população em relação à política. “Instrumentos de coerção e defiscalização devem ser aprimorados no país. O judiciário, o Legislativo e o Executivo têm queser mais ágeis tanto na apuração quanto na punição em relação aos desvios políticos”, acreditao professor de políticas, Ciências Sociais Aplicadas e Políticas. Malco Braga Camargos vê aexposição de escândalo políticos pela mídia como um processo de amadurecimento da democra-cia que reflete em uma melhor escolha pela população dos seus representantes. “As pessoasficarem sabendo dos escândalos tem um lado positivo, porque elas podem refletir mais sobre oseu comportamento e a partir daí tomar decisões mais sérias quanto á política. Então ficarsabendo de escândalos faz com que se preste mais atenção e assim não reeleja pessoas envolvi-das em escândalos”, conclui.

papel. Os eleitores mais interessadosvão chegar ali sem depender damídia. Vai ver a TV Senado, aTV Assembléia e, a partir daí,vai acompanhar os represen-tantes. Mas quase nenhum denós tem tempo, porque vocêtem que trabalhar, cuidar demenino, tem que tomarcerveja, tem atividades delazer. E você vai ter que com-partilhar isso com seuenvolvimento com a política.Nós não temos tempo para ficaracompanhando CPIs, etc.. Mas amídia tem o papel de resumirisso e trazer isso para oeleitor. E as diversasmídias, não só amídia televisi-va, mas a inter-net, os sitesespecializados,blogs, sãotodos canaisde pessoasque têminteresse na política, mas que não podemficar 24 horas ligadas, acompanhando oque acontece na política. A gente pededemais. Pedimos que o cidadão vá assistirsessões na Câmara dos Vereadores.

n O senhor considera que a abordagemfeita pela mídia é positiva?Depende dos interessesdos seus telespectadores eleitores. Se eles tiveremmais interesse sobre otema, certamente ela vaicobri-lo. Na sua lógica demercado ela age dentro doque cabe a ela mesmo.

n Mas em relação à políti-ca, isso é positivo? Ocidadão se sente mais infor-mado ou ele tem a sen-sação de estar havendo mais escândalos? O cidadão tem a sensação de estar haven-do mais escândalos. Mas o cidadão aindanão percebeu que o fato de ele ver maisescândalos é mérito das instituiçõesdemocráticas. E não demérito dos gover-nantes atuais, que são mais corruptos doque outros.

n A que o senhor atribui a diferença doengajamento dos jovens da geração atualem comparação com os jovens de 1968,por exemplo? Em 1968 você tinha uma bandeira muitomais clara, um resultado muito maior peloqual lutar. Você lutava pela sua liberdade,pela sua independência. Hoje, graças àluta deles, essa bandeira já está resolvidapara vocês. Qual é a grande causa dojovem de hoje? Você não tem que discutiro comunismo mais, isso não passa maispela cabeça dos jovens. Você não tem quediscutir o anarquismo mais, os movimen-tos hoje são muito mais estéticos. Ondevocê freqüenta, com quem você anda, doque o que você pensa do país que vocêquer viver. Mas por que isso acontece?Porque as questões básicas foram resolvi-das, felizmente. Então, hoje se permiteque se façam movimentos estéticos. Ainda

bem que não brigamosmais por liberdade,

porque temos liber-dade.

n Então o senhornão vê isso comofalta de iniciativapolítica dosjovens? Não, mas comoresultado do pro-

cesso de melhorasseletivas na demo-

cracia. Nós não te-mos mais que bri-

gar por isso.

Podemos brigar por outras coisas agora.Isso permite que o movimento Gays,Lésbicas, Simpatizantes, Trans e Bi-sexuais, o GLSTB, por exemplo, briguepor suas bandeiras. Ótimo, então o movi-mento hoje é casamento gay. Vamos brigarpor isso. Agora, essa briga é de poucos.Briga por liberdade, todo mundo entra

nela.

n Que viés, então,tem o envolvimentodo jovem de hojecom a política? Dado o volume deinformação e arelação que ele temcom a mídia, ele temuma informação mui-to difusa. O jovemnão tem uma linha

de ação pela qual ele interessa. Eu achoque são muito poucos os jovens hojeenvolvidos com cultura, movimentos dearte, muito poucos assistem cinema alter-nativo. Cada vez mais o jovem vai nessamassificação do que vem pela mídia. É ainternet, os blogs, o Orkut, que vêmtrazendo informação nesse sentido. Então,o jovem vai ficando cada vez mais apoliti-zado, talvez pela relação que ele tem comos meios de comunicação hoje. Isso meimpressiona muito. Para vários dos meusalunos, o principal meio de informaçãosão as mensagens por celular, as SMS. Asoperadoras mandam as informações e emquatro linhas eles ficam sabendo tudo oque está acontecendo no mundo. Entãovocê tem informação de tudo, mas nãotem um foco de concentração. Eu achoque isso atrapalha o jovem. Ele já lêpouco, não lê literatura, não lê história.Ele está mais preocupado em ler HarryPotter. Claro que não são todos os jovens,existem belíssimas exceções. Agora, amaioria está indo por esse caminho.

n Qual o perfil do eleitor de BeloHorizonte? Porque aqui estão acontecendocoisas muito diferentes na política... É, mas não é culpa do eleitor. A sucessão

YONANDADOS

SANTOS

[ ]A IMPUNIDADE

OCORRE PRINCIPALMENTEDEVIDO AO FATO DEQUE AS INSTITUIÇÕESPOLÍTICAS SÃO MUITO

CORPORATIVAS