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nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaedição nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaedição marco LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas jornal Projeto Conviver reúne mulheres que necessitam aumentar a renda das familias. Os trabalhos manuais são vendidos em bazares. Página 4 Evento com a presença da cantora Maria Bethânea, na UFMG, promove encontro entre música e literatura. Página 13 Cidades do interior de Minas ainda sentem os efeitos provocados pelas chuvas, que provocaram destruição e famílias desabrigadas. Página 10 Abril •2009 Ano 37 • Edição 265 MAIARA MONTEIRO MAIARA MONTEIRO MAIARA MONTEIRO Lançando seu quinto CD, o cantor Affonsinho, que iniciou sua carreira como guitarrista da banda Hanói- Hanói, na década de 80, reafirma seu novo estilo musical, que tem “um pouco de bossa nova, com um pouco de pop e uma pegada de blues”. O cantor revela, em entrevista ao MARCO, que hoje prefere tocar para públicos menores, com o qual é possí- vel estabelecer uma interação mais íntima, sem precisar ficar gritando. Além disso, o músico cita diversos nomes já consagrados da música brasileira, que lhe serviram de influên- cia, e indica revelações da música mineira. Declarando a paixão por seu trabalho, o também compositor diz que não se imagina em outra profis- são. “O que me move para a música não é o dinheiro, mas o amor”, assume. Página 16 Movido pelo amor à música e não só atraído pelo dinheiro ÁRVORES EM SITUAÇÃO DE RISCO A situação das árvores em Belo Hori- zonte e em algumas cidades históricas mineiras é delicada. Em São João del Rei, cinco das 11 palmeiras imperiais que enfeitavam o Largo de de São Francisco de Assis foram cortadas por estarem doentes. Na capital, um mapeamento das espécies vegetais plantadas em vias públi- cas possibilitará a redução dos prejuízos causados por quedas de árvores, tanto ao patrimônio municipal quanto à popu- lação. “Só no ano passado, foram 1.870 quedas de energia causadas por árvores”, contabiliza Carlos Alberto de Souza, da Companhia Energética de Minas Gerais. Páginas 8 e 9 Anel rodoviário faz parte da rotina de belo-horizontinos Técnica da falcoaria é aplicada em aeroporto Desde o início de 2008, o Aeropor- to da Pampulha, localizado na capital mineira, utiliza o método da falcoaria na prevenção das frequentes colisões entre pássaros e avióes. Só no ano pas- sado, foram registrados 550 acidentes desse tipo em todo o país, o que gerou a necessidade de inplementar essa téc- nica nos aeroportos do Brasil. Depois de um ano, as atividades foram momentaneamente paralisadas, em função da renegociação do contrato entre a Infraero e a Biocev, empresa encarregada pelo serviço, que deve ser retomado ainda em maio. Página 7 Associações pedem maior participação Associações de Moradores de bairros da Região Noroeste de Belo Horizonte enfrentam um problema comum, que as enfraquecem e até ameaçam a continuidade de suas ativi- dades: a pequena participação da comunidade. No Bairro Dom Cabral, por exemplo, a recente eleição da diretoria da entidade foi marcada pelo baixo ïndice de eleitores. Além disso, a Amabadoc tem passado por problemas quanto a sua organização e falta de verbas. Já no Coração Eucarístico, o presidente da Associação local, Iracy Firmino da Silva, pensa em arrumar um substituto para o cargo que ocupa. Como solução para o problema, associações se uniram e formaram o Conselho Comunitário de Segurança Pública (Consep), que envolve desde bairros próximos à Avenida Raja Gabaglia, até o campus da PUC Minas, no Coreu, para bus- car melhorias e pensar soluções para a cidade. Página 3 Com um fluxo diário intenso de veículos e pedestres, o anel rodoviário ainda possui muitos problemas, tanto em sua infra-estrutura quanto em sua segurança. Moradores e comerciantes que vivem e trabalham próximo a ele têm opiniões diferentes em relação às melhorias necessárias a essa via, mas destacam sua importância por integrar diversas regiões da capital mineira, facilitando o acesso a bairros que, sem o anel, ficariam mais distantes. Página 11 MAIARA MONTEIRO MAIARA MONTEIRO MAIARA MONTEIRO MAIARA MONTEIRO

Jornal Marco - Ed. 265

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Jornal laboratorio dos alunos do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicacao e Artes da PUC Minas

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Projeto Conviver reúnemulheres que necessitamaumentar a renda dasfamilias. Os trabalhosmanuais são vendidos embazares. Página 4

Evento com a presençada cantora MariaBethânea, na UFMG,promove encontro entremúsica e literatura.Página 13

Cidades do interior deMinas ainda sentem osefeitos provocados pelaschuvas, que provocaramdestruição e famíliasdesabrigadas. Página 10

Abril •2009Ano 37 • Edição 265

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Lançando seu quinto CD, o cantorAffonsinho, que iniciou sua carreiracomo guitarrista da banda Hanói-Hanói, na década de 80, reafirma seunovo estilo musical, que tem “umpouco de bossa nova, com um poucode pop e uma pegada de blues”. Ocantor revela, em entrevista aoMARCO, que hoje prefere tocar parapúblicos menores, com o qual é possí-vel estabelecer uma interação maisíntima, sem precisar ficar gritando.Além disso, o músico cita diversosnomes já consagrados da músicabrasileira, que lhe serviram de influên-cia, e indica revelações da músicamineira. Declarando a paixão por seutrabalho, o também compositor dizque não se imagina em outra profis-são. “O que me move para a músicanão é o dinheiro, mas o amor”,assume. Página 16

Movido peloamor à música enão só atraídopelo dinheiro

ÁRVORES EM SITUAÇÃO DE RISCOA situação das árvores em Belo Hori-

zonte e em algumas cidades históricasmineiras é delicada. Em São João del Rei,cinco das 11 palmeiras imperiais queenfeitavam o Largo de de São Franciscode Assis foram cortadas por estaremdoentes. Na capital, um mapeamento dasespécies vegetais plantadas em vias públi-cas possibilitará a redução dos prejuízoscausados por quedas de árvores, tanto aopatrimônio municipal quanto à popu-lação. “Só no ano passado, foram 1.870quedas de energia causadas por árvores”,contabiliza Carlos Alberto de Souza, daCompanhia Energética de Minas Gerais.Páginas 8 e 9

Anel rodoviário fazparte da rotina debelo-horizontinos

Técnica da falcoaria é aplicada em aeroportoDesde o início de 2008, o Aeropor-

to da Pampulha, localizado na capitalmineira, utiliza o método da falcoariana prevenção das frequentes colisõesentre pássaros e avióes. Só no ano pas-

sado, foram registrados 550 acidentesdesse tipo em todo o país, o que geroua necessidade de inplementar essa téc-nica nos aeroportos do Brasil. Depoisde um ano, as atividades foram

momentaneamente paralisadas, emfunção da renegociação do contratoentre a Infraero e a Biocev, empresaencarregada pelo serviço, que deve serretomado ainda em maio. Página 7

Associações pedem maior participaçãoAssociações de Moradores de bairros da Região Noroeste

de Belo Horizonte enfrentam um problema comum, que asenfraquecem e até ameaçam a continuidade de suas ativi-dades: a pequena participação da comunidade. No BairroDom Cabral, por exemplo, a recente eleição da diretoria daentidade foi marcada pelo baixo ïndice de eleitores. Alémdisso, a Amabadoc tem passado por problemas quanto a suaorganização e falta de verbas. Já no Coração Eucarístico, opresidente da Associação local, Iracy Firmino da Silva, pensaem arrumar um substituto para o cargo que ocupa. Comosolução para o problema, associações se uniram e formaramo Conselho Comunitário de Segurança Pública (Consep),que envolve desde bairros próximos à Avenida RajaGabaglia, até o campus da PUC Minas, no Coreu, para bus-car melhorias e pensar soluções para a cidade. Página 3

Com um fluxo diário intenso de veículos e pedestres, oanel rodoviário ainda possui muitos problemas, tanto emsua infra-estrutura quanto em sua segurança. Moradores ecomerciantes que vivem e trabalham próximo a ele têmopiniões diferentes em relação às melhorias necessárias aessa via, mas destacam sua importância por integrardiversas regiões da capital mineira, facilitando o acesso abairros que, sem o anel, ficariam mais distantes. Página 11

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2 ComunidadeAbril • 2008jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

jornal marcoJornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: [email protected]

Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920

Sucursal PucMinas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286

Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Profª. Ivone de Lourdes Oliveira Chefe de Departamento: Profª. Glória GomideCoordenador do Curso de Jornalismo: Profa. Maria Libia Araújo BarbosaCoordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Profª. Daniela Serra

Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditor: Profa. Maria Libia Araújo Barbosa Editor Gráfico: Prof. José Maria de Morais Editor de Fotografia: Prof. Eugênio Sávio

Monitores de Jornalismo: Aline Scarponi, Camila Lam, Diana Friche,IsabellaLacerda, Bianca Araújo de Souza (São Gabriel) Monitora de Fotografia: Maiara Monteiro e Pâmela RibeiroMonitor de Diagramação: Marcelo Coelho

Fotolito e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares

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DIANA FRICHE, 4° PERÍODO

Melhorar a nossa cidade é uma missão não sópara os governantes, mas também para a popu-lação. Para que uma cidade tenha alto nível dedesenvolvimento é necessário que pessoas envolvi-das direta ou indiretamente nos fatos dêem a suacontribuição. Como sempre, o MARCO pretendecontribuir exercendo seu papel jornalístico pormeio da divulgação de histórias que estão pre-sentes no cotidiano dos belohorizontinos e que difi-cilmente são retratadas na mídia, por estarem àsmargens da sociedade.

Mostrando o pioneirismo de Belo Horizonte nocontrole do tráfego aéreo, apresentamos aosleitores a técnica da falcoaria, implantada noAeroporto da Pampulha desde o ano passado eque tem como promessa diminuir a incidência deacidentes. A colisão entre pássaros e aviões écomum e a implantação desse método pretendeminimizar os riscos desse tipo de incidente nospousos. O sucesso da técnica na capital mineiraserviu de inspiração para outros aeroportos, que jánegociam sua aplicação como forma de prevenção.

O anel rodoviário, via com grande fluxo diário deveículos, é abordado nesta edição do MARCO sobnovo ângulo. A rotina de pessoas que moram outrabalham nas margens do anel é retratada,mostrando os prós e contras do local. Alguns recla-mam da existência de poucas passarelas no lugare no consequente excesso de atropelamento.Outros comemoram a possibilidade de ter comér-cio às margens da via, onde o fluxo de veículos éintenso e o lucro é constante. Porém, todos concor-dam que o anel possui diversos problemas. Ementrevista ao MARCO, o prefeito Marcio Lacerdarevelou alguns de seus projetos, em convênio como Departamento Nacional de Infra-Estrutura deTransportes, de total revitalização da via, como porexemplo, por meio da criação de pistas laterais.

Sem a participação ativa da comunidade fica maisdifícil que ocorram melhorias onde vivemos.Mantendo seu caráter comunitário, o MARCOaborda em uma de suas matérias as principaisqueixas dos presidentes das associações de bairrosda Região Noroeste. Eles contam que a pequenaparticipação dos moradores nas decisões da admi-nistração é visível e que a cobrança por melhoriasé muito grande.

Aumentar a qualidade de vida de gestantessoropositivas é o objetivo do trabalho que vemsendo realizado no Hospital das Clínicas. Mulheresfragilizadas física e psicologicamente pela doençatem a chance de receber tratamento especialdurante a gravidez. Nesta edição, o leitor co-nhecerá práticas e informações que ajudarão adestigmatizar o vírus da Aids.

Mais do que retratar os erros e acertos de BeloHorizonte, o MARCO abre espaço ao leitor parauma reflexão acerca dos problemas levantados pornossas matérias. Situações que refletem a vida dacidade mas que, muitas vezes, ficam margina-lizadas e passam despercebidas pelos grandesveículos de comunicação. Mas não por nós.

Melhorias na capitaldependem tambémde seus habitantes

editorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialEDITORIAL

expedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteEXPEDIENTE

Centro Dia do Idoso promovebazar para arrecadar recursosn

ANTONIO ELIZEU DE OLIVEIRA, 4º PERÍODO

MAIARA MONTEIRO

Algumas pessoas vãochegando e conferindo osprodutos oferecidos, quevariam de roupas, panosde pratos, acessórios femi-ninos, dentre outros. Comas portas abertas à comu-nidade, o bazar de roupastem o objetivo de angariarrecursos para a manu-tenção do Centro Dia doIdoso, que funciona emum prédio funcional,construído com recursosdo Orçamento Partici-pativo (OP). "Acho legal,oportunidade para a pes-soa que não tem muitascondições comprar umaboa roupa", opina CláudioLuiz, 33 anos, vigia.

A aposentada ZulmaEspírito Santo, 74 anos,explica que a visita aobazar representa a suacolaboração ao centro."Venho aqui para não ficarà toa em casa", completa."Espero que dê dinheiro aogrupo, estou só ajudando",diz Arlete Singolani, 54anos, dona de casa. Noentanto, nem todos os pre-sentes têm a finalidade de

O bazar oferece roupas usadas em boas condições e promove a integração

comprar, apenas passear,como Maura Maria daGlória, 92 anos, aposenta-da, que tem filhos nosEstados Unidos e os mes-mos enviam roupas paraela.

ATUAÇÃO Funcionandohá 13 anos, à rua SantaMatilde, 324, Bairro DomCabral, o GrupoEsperança e Vida reúne173 pessoas da 3ª idade,em encontros semanais deconvivência e atividadeslúdicas, “sendo um grupopolitizado, muito atuantena comunidade", enfatizaVaneide Caricati, 60, apresidente. Vaneide elencaos demais serviços ofereci-dos, como o "Santa Folia",um tipo de pré-carnaval,ou carnaval temporão, queteve a estréia no final doano passado, com promes-sa de repetir esse ano, pas-seios, excursões, palestrase "Ciclo da Saúde", emparceria com Pró-Reitoriae Extensão da PUC Minas.

No primeiro domingode abril deste ano, dia 5,aconteceu a primeira edi-ção do bazar de roupasusadas, com a proposta derealização trimestral. "Esse

TRÂNSITO NO COREUAINDA É PROBLEMÁTICO

bazar tem dois objetivos,sendo o primeiro, oferecerartigos usados, porém comqualidade, com preçosacessíveis aos que procu-ram, e segundo, integrar acomunidade e o 'GrupoEsperança e Vida'”, destacaa presidente. As atividadessão abertas a todos, ofereci-das gratuitamente, excetoas aulas de dança de salão,única atividade paga,porém um preço simbólico,conforme explica Vaneide.

Tendo já uma vasta

experiência profissionalcom o negócio, NeideGiarola Lopes, coorde-nadora do bazar, se colocaà serviço da causa social,colaborando de formadesprendida com esse seg-mento que participa. "Façotudo para o Bom Pastor,procuro ajudar onde pre-cisem de mim, estou àsordens", explica a Coorde-nadora, numa alusão aopadroeiro da Igreja Cató-lica no Bairro Dom Cabral.

Movimento de carros na Rua Dom Joaquim Silvério, no Coração Eucarístico, é alvo de preocupação da comunidade

Com o intuito de melhorar a vida de motoristas e pedestres, a BHTrans tem buscado implementar novos projetos no bairro

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GLÁUBER FRAGA, 6° PERÍODO

O Bairro Coração Eu-carístico, Região Noroesteda capital, demonstra inú-meros fatores que preocu-pam motoristas e pedestres.Buscando fazer com que ofluxo de veículos possaescoar com maior facili-dade, a BHTrans fez modi-ficações há cerca de seismeses em várias ruas dobairro e disse, por meio desua assessoria de comu-nicação, que ocorrerá nosegundo semestre de 2009uma segunda etapa de

intervenções no bairro. Essasalterações vão desde aimplantação de redutores develocidade em avenidas, atéa transformação de algumasvias em mão-única.

De acordo com a as-sessoria da BHTrans, o obje-tivo dessa nova fase é inves-tir em segurança para opedestre. Serão colocadosnovos semáforos, faixas deretenção e placas de sinaliza-ção, entretanto, essa novaação da BHTrans na regiãonão possui data específicapara ser iniciada. Contudo,serão realizadas experiênciasna região até a implemen-tação efetiva do projeto.

Depois de cinco mesesdestas alterações os proble-mas foram amenizados.Morador do bairro há 15anos, Nicola Menta aprovouas intervenções feitas pelaBHTrans, porém diz que aregião e principalmente obairro, não comportam ofluxo de automóveis. "APUC cresceu muito e comisso o número de alunostambém cresceu, o bairronão foi projetado parasuportar todo esse cresci-mento", afirmou.

O taxista HumbertoCarlos Godinho, comparti-lha da idéia de que o trânsi-to está melhor, porém não

está totalmente satisfeitocom a situação e tambémcom a BHTrans. "A grossomodo o trânsito melhorou,mas somente fora dohorário de pico. No horáriode pico continua tudo amesma coisa. No meuentendimento, o trânsito noCoração Eucarístico precisade uma reestruturação drás-tica". Godinho reclama doórgão que gerencia o trânsi-to na capital. “A fiscalizaçãotambém é falha. A BHTranspassa aqui e tem vans esta-cionadas em local proibido enão resolve o problema",questionou o taxista.

José Carlos compartilhada idéia do companheiro deprofissão e diz que na ruaDom João Antonio dosSantos, antigamente mão-dupla, continua com osmesmos problemas deantes. Segundo ele, a viaafunila próxima a ViaExpressa e se torna mão-dupla novamente.

Na região Noroeste deBelo Horizonte não é só oalto fluxo de veículos queprejudica o trânsito etráfego de pedestres eautomóveis. A má condutados motoristas fica evidentenas ruas do bairro. Sãoveículos estacionados dosdois lados das vias, próxi-mos a esquinas, parados emfaixas de pedestres e, emalguns pontos, nota-seexcesso de velocidade.

MAIARA MONTEIRO

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3ComunidadeAbril • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

ASSOCIAÇÃO TEM NOVOS GESTORESn

DIANA FRICHE,ISABELLA LACERDA, LAURA SANDERS, 4º, 3º E 5º PERIODOS

O Presidente da Associação do Bairro Dom Cabral, Maurício Antônio de Sales, mostra o livro com a lista dos associados

A nova diretoria daAssociação de Moradores doBairro Dom Cabral, RegiãoNoroeste de Belo Horizonte,assumiu no dia 18 de abril agestão para o biênio2009/2011, por meio deuma eleição no dia 29 demarço, quando somente umachapa concorreu ao cargo.Entretanto, a votação foimarcada pela falta de partici-pação dos moradores.Maurício Antônio de Sales,ex-presidente e atual vice-presidente da Amabadoc(Associação de moradores doBairro Dom Cabral) contaque 77 pessoas comparecer-am ao local de votação,porém apenas 47 delas eramassociadas e puderam votar."30 pessoas não puderamvotar porque seus nomesestavam cortados da lista",afirma Maurício.

A participação na eleiçãopoderia ser feita de duas for-mas: formar uma chapa parao biênio 2009/2011 ou votarem uma das chapas. Paratanto, era necessário que omorador fosse associado, istoé, constasse no número deregistro da associação. Mau-rício afirma que estavaminscritos no livro 954 pes-soas, entretanto, antes mes-mo da votação já era espera-da uma pequena partici-pação. "Algumas pessoas nãomoram mais no bairro e ou-tras já morreram e, por isso,o livro está sem atualização",conta.

"Na hora de cobrar, todomundo cobra, mas na horade resolver alguma coisa dobairro, ninguém participa",reclama o atual vice-presi-dente. A costureira SueliAparecida Silva é moradorado bairro há nove meses. Elaacha importante a existênciada associação, pois traz mel-horias para o bairro e integraa comunidade. Mas, mesmoassim, não tem interesse emparticipar das decisões."Antes de me mudar para oDom Cabral, morava noBairro Saudade (RegiãoLeste da capital), que tam-bém tem associação. Mastambém não era associadalá", revela.

Eduardo Alessandro deMacedo, pintor e morador dobairro há três anos, tambémnão se interessava pelasdecisões da associação, devi-do às gestões anteriores. "Aspessoas vinham na associ-ação, mas o pessoal não fazianada", lembra. Ele conta queagora teve o interesse de par-ticipar da nova gestão, umavez que é amigo da nova dire-toria. "Queremos ver se agoraconseguiremos participar pa-ra trazer melhorias", revela.Eduardo não pode participarda última votação, porque épreciso ter pelo menos 30dias de associado, o que nãoera seu caso.

Maurício diz que a poucaparticipação não pode seratribuída à falta de divulgação.Ele conta que, quando ocorreuma reunião excepcional ounovas eleições, são afixadoscartazes e faixas pelo bairro ena porta da associação, alémde anúncios na Paróquia Bom

Pastor, que fica na região, o quede fato podia ser observado naassociação. Além disso,durante o período em que aspessoas podiam formar chapase se associar, Maurício contaque deixou o local aberto das 8às 17 horas e que ninguémsequer entrou para perguntarnada a respeito.

Para se tornar um associa-do, o morador deve apresentarna associação seu título deeleitor, que tem que ser de BeloHorizonte, além de seus dadospessoais, como nome,endereço e data de nascimen-to.

NOVA GESTÃO A associaçãotem passado por grandes difi-culdades. A primeira é que oterreno em que atualmentefunciona não possui alvaráde funcionamento nemespaço suficiente para aten-der a demanda da comu-nidade. Alguns impostosestaduais e municipais daentidade, que somavam maisde R$ 2.000, tambémestavam atrasados, o que fezcom que ficassem sem algunsdocumentos necessários.Além disso, a demanda pelouso de computadores é maiordo que a quantidadedisponível e as máquinasestão velhas. Por fim, a enti-dade não tem fins lucrativos,não possui verba para con-tratar um funcionário quepossa cuidar de seu espaçodurante o dia e possui umúnico voluntário, EduardoMaldonado.

Como solução para algunsdesses problemas, a novadiretoria, liderada pelo presi-dente João Carlos de Souza e

pelo vice Maurício Antôniode Sales, destaca como prio-ridade a legalização das áreasdoadas pela então Minas-Caixa ao bairro e sua devidaocupação para as atividadessocioculturais, recreativas edesportivas de que o bairronecessita. "A associação ga-nhou o terreno do Minas-Caixa, mas nele, hoje em dia,tem um posto e uma lavande-ria. O terreno que ocupamosatualmente é um antigo postopolicial que foi desativado.Há 14 anos ele é 'nosso', masnão temos o registro", assumeMaurício. Ele acrescentadizendo que a associaçãopode brigar pelo registro doterreno, mas que não é isso oque querem, preferem que a

prefeitura ceda o espaço. Outra prioridade é a cons-

trução da sede da associaçãoque, segundo João Carlos, éum grande problema, umavez que a sala de reunião é emconjunto com a sala de com-putadores. "Queremos verbaspara aumentar a sala, fazendouma sala de reunião separadado resto da sede", planeja.

João Carlos diz que tam-bém está nos planos da asso-ciação buscar melhorias parao bairro, como na rede plu-vial, na conservação das ruas,reformas do complexo es-portivo, além de oferecermaior segurança aos mora-dores.

Para que tudo isso possaser feito, João Carlos ressalta

que é necessário a ar-recadação de verbas. Ele dizque esse dinheiro pode vir pormeio de eventos na comu-nidade, como festas e bar-raquinhas, onde conseguiri-am angariar fundos parapagar um funcionário, com-prar novos aparelhos eletrôni-cos e fazer a reforma na sede.

"A associação não tem finslucrativos, então precisamosde ajuda", diz o novo presi-dente. Ele afirma que a par-ticipação da comunidade éfundamental, já que com oapoio dela é mais fácil con-seguir vantagens para o bair-ro. "Queremos que as pessoasvejam que a associação é paraajudar", ressalta.

Falta de interesse também é comum aos moradores doBairro Coração Eucarístico A falta de interesse da

comunidade pelas ativi-dades da associação não éespecífica do Bairro DomCabral. No Bairro CoraçãoEucarístico, Região No-roeste de Belo Horizonte,a pequena participaçãodos moradores tambémtem sido um problema.

Presidente há seis anosda Associação de Mo-radores do Coração Eu-carístico (Amacor), IracyFirmino da Silva, conheci-do como Capitão Firmino,afirma que os moradoresdo bairro só aparecemquando têm algum proble-ma que os atingem direta-mente. "A associação mar-ca uma reunião que tem200 pessoas envolvidascom o problema, e no dia amaioria não comparece",lamenta.

De acordo com CapitãoFirmino, antigamente aassociação fazia reuniõessemanalmente, entretanto,devido a essa falta de inte-resse, as reuniões passarama ocorrer somente quandotêm assuntos importantes.Ele conta que a últimareunião foi no início de2008, a respeito dos pro-blemas com trânsito no

Capitão Firmino, do Coreu, reclama quanto a falta de interesse da comunidade

bairro. "Cerca de 200 pes-soas foram convidadas,mas somente 18 compare-ceram", lembra.

Capitão Firmino acredi-ta que se essas reuniõessurtissem um efeito maisimediato, a descrença seriamenor e mais pessoas seinteressariam em ajudar."Não vejo nenhuma so-lução, pois as pessoas estãodescrentes com o poderpúblico", opina.

Apesar da falta de inte-

resse de algumas pessoas edos problemas, o presi-dente da Amacor acreditaque as associações nãoacabam, pois sempre têmpessoas que querem repre-sentar o bairro, assimcomo em seu caso. Por jáestar há três eleições nocargo de presidente, ele dizpretender no meio do anopromover uma nova elei-ção. "Tenho impressão quevão ter outros interessadosao cargo", observa.

Conselho reune associações debairros para conseguir melhorias

Com o objetivo de con-seguir melhoras mais efi-cazes para o Bairro NovaSuíça e Gameleira, RegiãoOeste de Belo Horizonte,Ernani Ferreira Leandro,em parceria com outrasassociações comunitáriasde diferentes regiões dacapital, criou em 21 deabril de 2002 o ConselhoComunitário de Segu-rança Pública (Consep).A entidade envolve bair-ros que margeiam toda aAvenida Raja Gabagliaaté o campus da Pon-tifícia Universidade Cató-lica de Minas Gerais(Puc-Minas), no BairroCoração Eucarístico, naRegião Noroeste.

De acordo com Ernani,que também preside aAssociação de Moradoresdos Bairros Gameleira eNova Suíça, o Consepatende aos interesses debairros de classe médiaalta e aglomerados, ondevivem famílias de baixarenda.

Os principais focos dogrupo são o controle dosistema legislativo e exe-cutivo. Para tanto, cri-aram o Grupo de Acom-panhamento Legislativo

(GAL) e estão criando oGrupo de Acompanha-mento do Executivo (GA-E), que serão testemu-nhas das principais de-cisões tomadas por essespoderes.

O presidente afirmaque, nos últimos tempos,as principais discussõesda associação foram rela-cionadas à transferênciada rodoviária, que, segun-do ele, causaria severostranstornos aos morado-res da região. "Fizemosuma reunião com oprefeito Marcio Lacerda,em março, quando con-versamos a respeito da ro-doviária. Além disso, pe-dimos para que todas asações que envolvessem opoder executivo e legisla-tivo fossem acompa-nhadas pelos presidentesdas associações comu-nitárias da capital. Fomosmuito bem atendidos pe-lo prefeito", conta.

Segundo Ernani, essasiniciativas demonstramque parte da comunidadeestá engajada na melhoriade vida da população,entretanto, ele afirma queainda é alto o índice dealienação. As principais

questões tratadas atual-mente pela associação re-ferem-se a segurança pú-blica, saúde e obras.

Em relação a saúde,Ernani comemora o fatode, através da mobiliza-ção popular, o bairro terconseguido a construçãode um novo centro desaúde, mas ele diz queainda pode melhorar. "Asaúde vai regular", diz.

Como solução para osproblemas das associ-ações, ele propõe que ogoverno municipal repas-se verbas para essas insti-tuições com o intuito deajudar nas obras. "Esta-mos tentando integraressas iniciativas da comu-nidade para estarem emuma gestão municipal",sugere.

"A participação ainda émuito melhor do queantes. A Região Oeste,entretanto, não é a quetem mais engajamentopopular. Por exemplo, nãoconseguimos até hojefazer a 'coordenação dequarteirão', que já foiimplantada no PadreEustáquio, Caiçara, den-tre outros bairros", afirmaErnani.

MAIARA MONTEIRO

MAIARA MONTEIRO

Eleição para a nova gestão da Associação de Moradores do Bairro Dom Cabral é marcada pela falta de participação da comunidade, o que tem gerado reclamação por parte da diretoria

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4 ComunidadeAbril• 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

LINHAS, AGULHAS E MAIS RENDAProjeto Conviver, que agrega diversos bairros de Belo Horizonte, promove troca de experiências e complemento financeiro às donas de casa, que podem comercializar seus produtos

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ISABELLA LACERDA, 3º PERÍODO

Lãs, linhas, agulhas egarrafas pet em meio aum grupo de, em média,25 mulheres de diversosbairros de Belo Hori-zonte e da Região Me-tropolitana da capitalem um galpão localiza-do à Rua Dom JoaquimSilvério 111, no BairroCoração Eucarístico,Região Noroeste da ca-pital. Esse é o ProjetoConviver, que acontecenas tardes de segundas equintas-feiras, das 14 às17 horas, onde donas-de-casa dedicam-se àcostura.

O projeto, idealizadoe coordenado por Mariade Fátima Baião, existehá três anos e surgiu apartir de uma idéia parao trabalho de conclusãodo seu curso de admin-istração. “Já era umsonho meu de criançater um projeto social,cresci vendo o exemploda minha avó em proje-tos voluntários. Fui paraa faculdade de adminis-tração, onde me formeiem 2005, e meu traba-lho de conclusão decurso foi montar umprojeto social, e foi issoo que eu fiz”, contaMaria de Fátima, quetambém é servidora

pública. Ela explica quedepois de pronto, re-solveu procurar a ajudade algumas pessoas paraconcretizar o projeto. Apartir daí procurou opadre Éder Amantea, daParóquia Coração Euca-rístico de Jesus, tambémno Bairro Coração Euca-rístico, e conseguiu aajuda da igreja que ce-deu o espaço para asreuniões. “Depois dissoreuni um grupo de ami-gas e passamos a divul-gar a idéia na paróquia ena igreja”, lembra.

Padre Éder afirma queresolveu abraçar essaidéia por perceber queera um projeto impor-tante, que visava a pro-moção humana. “O es-paço é disponibilizadopela igreja, assim comoas despesas com água eluz”, ressalta.

De acordo com a cri-adora, a idéia do projetoé possibilitar um espaçode convivência e geraçãode renda para mulheresque necessitam aumen-tar a receita financeiradentro de casa. Elaressalta, entretanto, queos laços de amizade quesão criados e o ensina-mento da solidariedadetambém são muito im-portantes.

Maria de Fátima ex-plica que todo o materi-al usado na confecção

dos produtos vem ou dedoação ou é compradocom parte da venda dosprodutos comercializa-dos, normalmente, embazares na própria re-gião, principalmente naigreja. “Fazemos os ba-zares e tiramos parte dodinheiro para as produ-toras e outra parte paracomprar mais materi-ais”, explica. Segundoela, as mulheres quenormalmente necessi-tam de aumentar arenda dentro de casasão quem vendem osprodutos nos bazares econseguem um certolucro, mas observa quemuitas são voluntárias,ou seja, acabam nãorecebendo sua parte nasvendas para ajudar amanter o projeto, dei-xando o dinheiro para acompra de novos mate-riais.

“Nosso objetivo é quecada uma caminhe comas próprias pernas depoisde aprenderem. É comouma ‘roda viva’. As que jáestão há mais tempo e jáaprenderam vão parti-lhando os conhecimentoscom as que estão chegan-do agora”, comenta acoordenadora. Dessa for-ma, as pessoas ficamaptas a produzir porconta própria e a venderseus produtos fora doprojeto.

A coordenadora e idealizadora Maria de Fátima Baião exibe um dos produtos feitos pelas mulheres do projeto

BAZARES E PRODUTOS Amaneira encontrada ini-cialmente pelo grupo devender suas peças earrecadar dinheiro foipor meio dos bazares. Aintegrante do projeto emoradora do BairroCoração Eucarístico,Marlene Rodrigues Cou-tinho, de 64 anos, revelaque já vendeu suas peçase que, assim, conseguiutirar algum dinheiro.“Uma vez estava fazendoas contas e vi que já ga-nhei R$1200 só com avenda de almofadas”,comemora.

De acordo com a coor-

denadora Maria deFátima, esses bazaresocorrem em algumasépocas do ano e vendemdiversos produtos. “Fa-zemos bazar no Dia dasMães e no Natal e emlocais em que somos con-vidadas, para vender oque produzimos. Faze-mos cachecol, camisetas,almofadas e diversos ti-pos de bordados”, expli-ca.

Ela ainda diz que, pre-ocupadas com a sus-tentabilidade, o gruporesolveu fazer bolsas comrestos de garrafas pet.“Fazemos essas bolsas

para levar para feiras,padarias e supermerca-dos. Também fazemossabão que são produzi-dos mensalmente paradoar para grupos ca-rentes aqui da comu-nidade, a partir do óleode cozinha que a comu-nidade nos doa”, conta.

Segundo padre Éder,os bazares ocorrem coma ajuda das integrantesdo projeto. “Pessoas daregião procuram e fazemcompras. Vendemos ra-zoavelmente. Não esgo-tamos tudo, pois é restri-to a essa região”, explicao pároco.

Os motivos que reunem as integrantes do ConviverDiferentes motivos

levaram essas mulheres aintegrar o Projeto Con-viver. Problemas de saúdee com a distância de casanão são empecilhos paraelas. Maria Lúcia Go-dinho, que faz parte dogrupo há um ano, contaque sempre fazia borda-dos para creches e pes-soas carentes e que,quando ficou sabendo doprojeto através de suairmã Heloísa Godinho, seinteressou em ajudar.

Maria Lúcia, que vaivoluntariamente ao localtodos os dias em que háreunião, conta que aos 20anos, após a morte dopai, desenvolveu artrite -doença crônica que temcomo principal carac-terística a inflamaçãoarticular persistente, queacaba causando proble-mas de rigidez na articu-lação nas mãos e nos pés.Mas, segundo ela, mesmoassim continuou fazendotrabalhos manuais. “To-da doença se a genteentregar ela vence agente”, comenta.

Assim como MariaLúcia, a professora apo-sentada Alaíde CoelhoGuimarães, 61 anos, estáno projeto há um ano.Ela conta que se interes-

Integrantes do Projeto Conviver na Região do Coreu auxiliam umas as outras na produção de trabalhos manuais

sou em participar porqueestava tendo dificuldadespara pagar o apartamentodos filhos, que estudamem Belo Horizonte, e quepor isso precisava teralguma atividade extrapara ajudar na renda emcasa. “Procurei a se-cretária da igreja parapedir alguma indicaçãode trabalho e foi quandoela me indicou aqui”,lembra.

Alaíde diz que mesmo

morando em Sete Lagoasse esforça para compare-cer a todas as reuniões dogrupo. “Vim para cá paraaprender coisas paravender, mas acabei fazen-do amigos e aprendendoainda mais coisas. Tentovir todos os dias, poisaprendo coisas novas.Elas trazem gente de forapara nos ensinar. É muitoaprendizado”, ressalta.

Segundo ela, o gostopela costura vem desde a

infância. “Estudei em umcolégio interno chamadoDom Joaquim Silvério deSouza, em ConselheiroMata, no Vale do Je-quitinhonha, que ensina-va a fazer crochês e amexer com costuras. Látomei gosto por isso.Depois da escola parei demexer com isso, virei pro-fessora, tive um comércio,mas agora estou voltandocom minha paixão”, afir-ma Alaíde, que atual-

mente faz peças com des-fiados, bolsas feitas degarrafas pet e crochês.

O projeto tambémconta com professorasvoluntárias. Este é o casode Rosilda CarvalhoFaria, de 47 anos, e deAlda Espineli Batista, de56. Elas, que ensinam asoutras integrantes a fazeraplicações em camisetasdesde maio de 2008, con-tam que entraram nogrupo a convite de ami-gos do bairro. “Moramosno Coração Eucarístico esempre fizemos bordadosem casa. Aqui mais ensi-namos do que apren-demos, mas é bom parti-cipar de um grupo e co-nhecer gente nova”,observa Rosilda.

NOVOS OBJETIVOS Deacordo com a coorde-nadora do projeto, Mariade Fátima Baião, já exis-tem ideias de aperfeiçoa-mento do projeto.“Nosso desafio agora éreconstruir o que per-demos com a enchente,no dia 31 de dezembro.Estamos procurando par-ceiros para doação detintas e pessoas que pos-sam nos ajudar a limparo local, para o espaçovoltar a ser como era

antes”, explica.O objetivo principal,

entretanto, segundo ela,é conseguir fazer parce-rias com lojas na cidadepara vender os produtos.“Nossos produtos já temgrande padrão de quali-dade e já podem ser ven-didos em qualquer loja.Por isso queremos fazeresses acordos, o queaumentaria a renda doprojeto e das integran-tes”, ressalta Maria deFátima. Além disso, elacomenta que agora queratrair as pessoas para olocal onde o projetoacontece para conhece-rem melhor sua história,além de possibilitar acompra dos produtos alimesmo.

A coordenadora aindaacrescenta que o grupoestá aberto a convitespara participar de ba-zares e expor suas peças.O próximo que, segundoela, ocorrerá será naPUC Minas. “Fomosconvidadas pela PUCpara participar de umcongresso em junho rea-lizado pela Pastoral daFamília da RegionalLeste, onde vamos ven-der nossos produtos”,conta.

MAIARA MONTEIRO

MAIARA MONTEIRO

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Moradores do Ouro Minascomemoram a nova UMEI

Com a nova escola, 400 criancas do Bairro Ouro Minas serao beneficiadas

MAIARA MONTEIRO

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PRISCILA DE ASSIS, 8º PERÍODO

A inauguração da Uni-dade Municipal de EnsinoInfantil (UMEI) no BairroOuro Minas, Região Nor-deste de Belo Horizonte,no início de abril, realizouum antigo sonho da comu-nidade. A obra, iniciadaem fevereiro de 2008, teveinvestimento aproximadode R$ 2.048.000,00 (doismilhoes e quarenta e oitomil reais). Segundo Glau-con Rodrigues, engenheiroresponsável pelas obras, aschuvas intensas no fim doano de 2008 atrapalharama fase de acabamento e,com isto, foi necessário oadiamento da entrega queestava prevista para o iníciode março.

A escola está preparadapara receber 400 alunos deaté cinco anos, sendohorário integral para crian-ças de até dois anos ehorário parcial para criançasentre três e cinco anos.

ESTRUTURA O prédio écomposto por oito salas deaula, parte administrativacom diretoria, secretaria esala dos professores, área delazer externa com brinque-dos e uma novidade que é oanfiteatro, um pequenopalco com arquibancadaspara apresentações. “Alémdisso, ainda conta com umrecreio coberto, refeitório ecozinha industrial”, acres-centa Glaucon Rodrigues.

A escola também estápreparada para receberalunos com necessidadesespeciais, as instalações do

prédio contam com ba-nheiros para deficientes físi-cos e elevadores de acessopara os três andares.

De acordo com infor-mações da vice-diretora de-signada para a UMEI OuroMinas, a escola é umaextensão da Escola Muni-cipal Consuelita Cândida,situada no Bairro Belmontee os profissionais da edu-cação já foram contratados.

MARCO Segundo ArizioNeves, presidente da As-sociação Comunitária doBairro Ouro Minas (As-com), a entidade vem lutan-do há anos para a cons-trução de uma escola deEnsino Fundamental ouEnsino Médio no local, masa Prefeitura de BeloHorizonte não aprovou aobra, já que o terreno de

2000 m² era relativamentepequeno para construção deuma escola deste porte, quenecessita no mínimo 4000m². “Por isso, só foi possívela construção de uma escolade ensino infantil, o que já éum marco na educação nonosso bairro, que temaproximadamente 6000 ha-bitantes”, desabafa Arizio.

ABRANGÊNCIA As ins-crições foram divulgadas nomês de janeiro deste anoatravés da associação dobairro, com faixas espa-lhadas na comunidade, pelosite www.bairroourominas-.hpg.com.br, por e-mails epela igreja católica local. Asinscrições não se restrin-giam apenas para mora-dores do Bairro Ouro Mi-nas, se estendendo tambémpara bairros vizinhos, como

Dom Silvério, Belmonte eSão Gabriel.

Segundo Arizio, o sorteiode vagas foi realizado no dia26 de fevereiro e as matrícu-las foram realizadas. O lídercomunitário destaca a im-portância da escola para oconforto de crianças e depais beneficiados. “Muitos

pais se deslocam para bair-ros vizinhos com seus filhospara levá-los à escola, gas-tando tempo e dinheirocom transporte; por isso, aconstrução dessa escola é aconcretização de um sonhopara nós, moradores dobairro Ouro Minas”, concluio presidente da ASCOM.

VOZES INFANTIS QUE JÁCUMPREM PAPEL SOCIALRádio Morrinho, no Morro do Cascalho, passa a possuir jornal próprio, escrito por crianças que integram o projeto

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ANTÔNIO ELISEU DE OLIVEIRA, 4ºPERÍODO

Crianças participam do Projeto Morrinho: rádio e jornal, no Morro do Cascalho

Iniciado há quatro anoscomo iniciativa de extensãoda PUC Minas, o ProjetoMorro do Cascalho estápassando, desde 2008, poruma fase de expansão. Apartir de uma ideia de algu-mas mães de participantesda Rádio Morrinho, passoua existir também um jornalproduzido pelas própriascrianças. Neste mês de abrilfoi publicada a terceiraedição do jornal “O Mor-rinho”, que a exemplo dasduas anteriores, veiculadasem junho e novembro doano passado, tem tiragemde mil exemplares, distribuí-dos nos principais pontosdo Morro do Cascalho etambém na PUC Minas, noCampus São Gabriel. A ini-ciativa ganhou nova deno-minação e passou a ser cha-mada de Projeto Morrinho:Rádio e Jornal.

“Gosto de tirar fotos e

entregar o jornal”, dizLarissa Júnia Ferreira deCastro, 11 anos, aluna da 5ªsérie da Escola EstadualNossa Senhora do BeloRamo. Como todas asdemais atividades inseridasno Projeto Morrinho, o jor-nal tem o objetivo de pro-mover a cidadania. Sãooferecidas diferentes ofici-nas no Morro do Cascalho,uma das vilas existentes noAglomerado Morro das Pe-dras, situado na RegiãoOeste de Belo Horizonte eoutras nos laboratórios daPUC Minas, no SãoGabriel.

Nessas atividades há apossibilidade de exerceremo direito à comunicação apartir de suas próprias refe-rências e escolhas, numainteração com a comu-nidade. “Foram muito boasas visitas na PUC, poisaprendi muitas coisas, porexemplo, vi as coisas daquicomo eram e como estãoagora, muitas coisas melho-raram”, relembra Larissa

Lúcia Borges, 13 anos, alunada 6ª série.

SATISFAÇÃO Todos osintegrantes do projeto sãoestudantes da EscolaEstadual Nossa Senhora doBelo Ramo e o gosto pelasdiversas atividades é unâ-nime. A judoca Ana CristinaGonçalves, 15 anos, da 1ªsérie do Ensino Médio, par-ticipa desde o início e seconsidera muito satisfeita.“Gosto muito de partici-par”, afirma. Júnior Floresda Silva, 13, da 5ª série,também está desde o co-meço e aprovou as tres visi-tas que fez à PUC Minas noSão Gabriel. “As professorassão boas, não xingam, mexono computador, aprendomuito”, comenta Júnior,referindo-se às monitoras.“Projeto muito bom, sempreinovando com as crianças”,observa Rosilene Custódia,34 anos, mãe da AnaCristina.

Participante da rádiono-vela produzida dentro do

projeto, Jerônimo Luiz deAlmeida, 12 anos, da 6ªsérie, que interpreta o feiti-ceiro, acredita que a partici-pação nas atividades “me-lhora a educação das pes-soas”. “Participei de algu-mas coisas para passar otempo, aprendi muitascoisas legais nas quatrovezes que visitei a PUC, fizcomputação, gravação darádionovela”, enumera.

FOCO Conforme GustavoReis, monitor do projeto, ofoco este ano será a comu-nicação, o jornalismo e otrabalho social que formamuma união perfeita, per-mitindo às crianças pro-duzirem essa comunicaçãocom maior valor. “Ficomuito feliz de fazer partedesse projeto. Já estoucriando um laço de carinhoenorme com as crianças eacho que posso, e queroajudá-las muito, não só eu,mais todos envolvidos,dando voz ao morro e aca-bando com essa imagem

negativa que muitas pessoastêm”, relata Gustavo.

Não só as crianças, masos pais delas e membros daParóquia Santíssima Trinda-de, do vizinho Bairro Gu-tierrez, estavam presentesna manhã do Domingo deRamos. O Padre Arnaldo,após presidir a cerimônia,sugeriu a integração dosmonitores com a paróquia,que também desenvolve ati-vidades semelhantes nolocal.

Jornalista responsável pe-lo Jornal Morrinho, o pro-fessor Mário Viggianoobserva que tem todo ocuidado durante as revisõesdos textos para manter aespontaneidade do discurso,sem perder de vista as regrasda língua portuguesa. Se-gundo ele, dessa forma épossível que as pessoas semanifestem do jeito delas,adequado àquela situaçãoda comunidade, sem mudaro discurso.

“O Morrinho”: aprendizado, desafio e expectativasNa distribuição da ter-

ceira edição do jornal “OMorrinho”, em 5 de abrilúltimo, a tarefa se transfor-mou numa verdadeira festade confraternização entreprofessora, estudantes uni-versitários, crianças e inte-grantes da comunidade doMorro do Cascalho.

"Trabalhei no projetoRádio Morrinho nos doisúltimos anos. Foi umaexperiência que me acres-centou muito”, observaJúlia Duarte Moreira, aluna

do 7º período de jornalismo.Ela diz que passou a ver acomunicação como uma viade mão dupla e também aconhecer meios alternativosde comunicação. “Pessoal-mente o projeto me fezcrescer como pessoa; destru-iu preconceitos, acredito eu,que formados pelo modocomo a mídia trata as comu-nidades como a do Morrodo Cascalho; me permitiuconhecer uma realidademuito distante da minha erespeitar essas pessoas

acima de tudo, dar valor aelas e às dificuldades queelas passam e, principal-mente, a amar a comu-nidade do Cascalho comouma grande família que meacolheu nesses dois anos”,comenta.

ENTUSIASMO Uma dasnovas monitoras, Ana Elisa,do 4º período de Comu-nicação Social Integrada, sediz entusiasmada com anova experiência. “O Pro-jeto Morrinho, a princípio,

está sendo um sonho pramim, pois ele une as duascoisas de que mais gosto:trabalho social e jornalis-mo”, revela. “Tenho muitossonhos, planos e idéias paraessa monitoria. Sei que aequipe, junto com as cri-anças, pode sim produziruma comunicação de quali-dade, dando voz ao morro eacabando com a visãoestereotipada de que nomorro só há coisa ruim”,acrescenta.

Para a coordenadora,

Elisa Rezende, inserir o pro-jeto na mídia convencionalé um desafio, já que aindanão houve êxito nos con-tatos realizados com asemissoras de rádio da capi-tal mineira. Segundo ela, aspessoas gostam, o elogiam,mas não abrem espaço aoprojeto na grade de progra-mação. De acordo com aprofessora, outro desafio éfazer uma comunicação coma realidade local e “traduzir”para o estilo convencional,sem perder a originalidade

“Hoje, a Rádio Morrinhotem uma programação pou-co palatável para o ouvinte,é preciso despertar inte-resse, sem perder a espon-taneidade”, afirma a coorde-nadora.

Foram produzidos oitoprogramas até o momento,com entrevistas, decla-mações de poesias, apresen-tação de rádionovela, dentretantas outras brincadeirascom veiculação garantida naRádio On line: www.fca.puc-minas.br/radio.

MAIARA MONTEIRO

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TRANQUILIDADE NA MORADA DO RIOConjunto Morada do Rio, localizado no município de Santa Luzia, possui 451 imóveis e apresenta baixo índice de violência em comparação com outras regiões de Belo Horizonte

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ANTÔNIO ELIZEU DE OLIVEIRA, 4° PERÍODO

O Conjunto Moradado Rio, situado na chama-da “parte baixa” de SantaLuzia, um dos 34 municí-pios que compõem aRegião Metropolitana deBelo Horizonte, é umlocal onde se vive comcerta tranqüilidade, em-bora apresente algunsproblemas comuns aos debairros de outras cidades.“O conjunto é um lugarbom de viver, com boavizinhança. Temos bonsrelacionamentos e poucoíndice de violência”, apro-va o comerciante JoséLuiz Costa, 40 anos, queé dono do Sacola Cheia,situado à Rua Reni deSouza Lima.

O sacolão é um dospequenos estabelecimen-tos comerciais que foramsendo instalados com opassar do tempo noConjunto Morada do Rio,que, inicialmente era for-mado por imóveis exclusi-vamente residenciais. Odiversificado comérciolocal é formado não ape-nas pelo que garante aoferta de produtos básicos– padaria, sacolão, mer-cearia, farmácia –, mastambém por clínicasmédica, odontológicas, defonoaudiologia e segu-rança do trabalho, agênciade recursos humanos, eoficinas para veículos,além de muitos bares.

“Desde quando come-cei a frequentar o conjun-to, pois tenho umaparenta que mora lá,percebo que é um lugartranquilo, não se ouvefalar sobre violência. É

O Conjunto Morada do Rio, em Santa Luzia, oferece tranquilidade e segurança para os moradores da região

um lugar bonito, plano, asconstruções das casasorganizadas”, comenta acaixa de padaria AlineAlbertina Santos, 19 anos.

O Morada do Rio abri-ga 451 imóveis, construí-dos pela Santa BárbaraEngenharia, por meio doInstituto Nacional deCooperativas (Inocoop-MG), com financiamentopelo extinto Banco Eco-nômico. Os contratos fo-ram negociados, posterior-mente, com a Caixa Eco-nômica Federal (CEF). Ainauguração aconteceu em15 de setembro de 1981.Atualmente muitas dessascasas já tiveram seus con-tratos encerrados, propor-cionando à maioria dosmoradores a efetiva rea-

lização do sonho da casaprópria.

Da história do conjun-to, é parte integrante aAssociação ComunitáriaMorada do Rio (AC-MOR), que, nos primeirostempos, promovia eventosque permitiam a confra-ternização dos moradores.Aos poucos, no entanto,essas festividades foramdiminuindo e, atualmen-te, pouco tem a oferecer.Uma das exceções acon-tece durante o Carnaval,quando há sete anossurgiu o bloco carnavale-sco “Margaridas desfo-lhadas, concentra mas nãosai”, que, segundo o presi-dente da entidade, MiltonJosé dos Santos, 50 anos,além de fazer a festa dos

foliões, arrecada alimen-tos que são doados àsentidades beneficentes.

Miltão, como é co-nhecido, tem mandato até2010. Ele mora noConjunto desde 1982.“Sempre me envolvi coma associação, já participeide várias diretorias, atual-mente sou o presidente”,comenta o líder comu-nitário.

Com certo grau desaudosismo, há quemtenha outra visão hoje emdia das atividades emgeral no Morada do Rio.“Antigamente tinha maisparticipação das pessoas,tinha mais união, divertia-se melhor. Antes existiaminteresses coletivos”, re-corda a auxiliar contábil

Tamara Stefânia Noguei-ra, 28 anos.

Da Associação Comu-nitária Morada do Rio,entidade sem fins lucra-tivos, devidamente re-gistrada em todas asestâncias que exige a lei,surgiu Associação Espor-tiva Morada do Rio(Aemor), também consti-tuída juridicamente, ad-ministra as áreas físicaspara a prática do esporte.Outra agremiação atuantetambém na área esportiva,é o Grêmio RecreativoMorada do Rio (Gremor).

O aposentado ÂngeloAgostinho de Paula, 71anos, mais conhecido porSônem, considera-se o pri-meiro morador do lugar.Ele se lembra que em1981 esteve no escritóriodo Inocoop, no BairroFloresta, em Belo Hori-zonte, quando foi realiza-do o sorteio das casas,para entrega aos então no-vos mutuários.

MAIOR SEGURANÇA Ainstalação de um posto daPolícia Militar de MinasGerais, em março de2005, melhorou a segu-rança no local, reduzindoo índice de assaltos e rou-bos a comerciantes, deacordo com o tenenteEduardo, lotado na 58ªCompanhia no BairroAsteca, distrito de SãoBenedito, cuja rota seestende por todo o mu-nicípio de Santa Luzia.“Nas estatísticas, especifi-camente o ConjuntoMorada do Rio tem pou-cas ocorrências”, confirmao tenente Medeiros, da150ª Companhia, subor-dinada ao 35º Batalhão

Polícia Militar, instaladono Bairro Carreira Com-prida.

“É um lugar tranquilopara morar, onde os filhospodem ficar até maistarde na rua, tem segu-rança”, comenta o profes-sor da Rede Estadual deEnsino Denílson Carva-lho, ex-diretor da EscolaEstadual Altair de Almei-da Viana.

Nem todos os mora-dores, no entanto, estãosatisfeitos com as con-dições do conjunto. “Todomundo que veio para esseconjunto, queria arrumarum canto para sossegar,não ter compromisso comnada. A sistemática: comecarne de terceira, masarrota caviar. Falta espíri-to comunitário, soli-dariedade”, observa oadvogado Romeu Cam-pos, 79 anos, professoraposentado da Univer-sidade Federal de OuroPreto (UFOP).

Segundo ele, existemproblemas com linhas deônibus, além de o postode saúde ter sido retiradodo local onde funcionava,sendo substituído peloposto policial. “Ninguémfalou nada, a comunidadenão foi consultada, pois épassiva, tolerante e pre-guiçosa”, desabafa RomeuCampos.

A esposa dele, Maria deLourdes Kfouri Campos,65 anos, que foi presi-dente da Acmor no biênio90-91, também lamenta afalta de união. “Aqui fun-ciona o bloco do eu sozi-nho”, ressalta.

MAIARA MONTEIRO

Associação Esportivado conjunto ajuda naformação de crianças

Atividades que visam melhorar a saude fisica e a qualidade de vida sao oferecidas pelo Projeto Atleta do Amanhã

No campo esportivo,a união e ânimo sãoconstantes, tanto naAssociação Esportiva doConjunto Morada doRio (Aemor), quanto noGrêmio Recreativo doConjunto Morada doRio (Gremor). A pri-meira dá suporte aoProjeto Atleta doAmanhã, mantido pelaSecretaria de Esportes.“Há mais de seis anosesse projeto, que visatrabalhar o aluno, emparceria com as escolas,tem contribuído para aformação dos jovens eadolescentes. De trêsem três meses ava-liamos o desempenhodeles”, afirma o moni-tor Geraldo Martins dePaula, 54 anos.

Desde 2003, quandose mudou para o con-junto, o funcionáriopúblico Glauber Fa-biano de Souza, 37anos, conhecido portodos como Bó, é sóciodo grupo. “Entrei e via força que o grupotem é a amizade gre-mista”, afirma o atualpresidente do Gremor,que reúne hoje 45 pes-soas, na maioria veter-anos, para as “peladas”de final de semana.“Há união do pessoal,amizade, todos osdomingos, a partir das6 horas, encontro aquipessoas de várias ida-des, jogador ou não,estamos ai, já tem dezanos”, acrescenta otécnico de Operação

de Comando, MarceloBruno de Carvalho, 26anos, estudante gra-duando de EngenhariaElétrica.

Incansável na lutacomunitária, a sociólo-ga Terezinha DariaSoares não mede es-forços para ampliar aparticipação nos movi-mentos sociais. “Bus-camos obter os resulta-dos esperados, contin-uamos lutando, paraver se sensibiliza maisas autoridades, paraver se consegue umatravessia digna em umconjunto dividido poruma linha de trem,promessa feita na con-strução do Conjunto”,enfatiza a socióloga.

ATLETA DO AMANHÃCriado em 10 de julhode 2002, pela diretoriade Esportes da PrefeituraMunicipal de SantaLuzia, o projeto atendia280 alunos do bairroMaria Antonieta (Con-junto Palmital). Atendeatualmente cerca de 4mil crianças e adoles-

centes da cidade, com ointuito de melhorar odesenvolvimento social,a saúde física e a quali-dade de vida através depráticas esportivas defutebol de campo, vôlei,basquete, futsal e hande-bol, distribuídas em 27núcleos, atendendo tam-bém crianças da Apae.

O Projeto Atleta do

Amanhã, ferramenta detransformação e inclusãosocial, tem a colaboraçãode pessoas, empresas einstituição que acreditamno esporte como soluçãopara a exclusão social epara a formação docidadão, além de ser ummeio de valorizar acidadania.

ANTÔNIO ELIZEU

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7CidadeAbril • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

XÔ PASSARINHO, TEM AVIÃO NO AR!Técnica utilizada para evitar acidentes aéreos provocados por pássaros, a falcoaria ajuda no trabalho de prevenção, que é necessária para garantir maior segurança nos vôos

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GABRIEL DUARTE, LILA GAUDÊNCIO, 3º PERÍODO

Há mais de três milênios,aves de rapina eram usadasna Ásia como meio de obteralimento. Desde abril de2008, no Aeroporto daPampulha, a falcoaria,como é chamada a técnica,é utilizada como métodopreventivo de colisões entreaeronaves e pássaros. O sis-tema é pioneiro no Brasil evem trazendo resultadospositivos à segurança devoo.

Após a implantação dosistema no aeroporto,houve uma queda de 27%no número de incidentesenvolvendo pássaros,segundo a Empresa Brasi-leira de Infra-estruturaAeroportuária (Infraero).Conforme Gláucia SilveiraFreire, fiscal do contrato doPlano de Manejo daAvifauna do Aeroporto daPampulha, isso se deve aofato do aumento doperímetro urbano e docrescimento ao entorno doaeroporto, que gera dese-quilíbrio ambiental. “Oaeroporto fica perfeito paraas aves procriarem”, obser-va Gláucia Freire.

No ano passado, segun-do o Centro de Investigaçãoe Prevenção de AcidentesAeronáuticos (Cenipa), 550colisões foram registradasentre aeronaves e pássarosno país. Apesar disso, a fis-cal do plano de manejoenfatiza que o sistema nãofoi implantado no Aero-porto da Pampulha devidoa altas taxas de incidentes,mas como um método pre-ventivo. “A execução do sis-

Pista de pouso do Aeroporto da Pampulha utiliza falcoaria para previnir colisões entre aeronaves e pássaros

MAIARA MONTEIRO

metros (2000 pés). “A técni-ca é reduzir a potência – avelocidade – do avião esubir o mais rápido possívela 900 metros de altura. Àsvezes nem tem como fazeristo, o jeito então é reduzirao máximo o impacto”, afir-ma.

Com a implantação dosistema de prevenção a aci-dentes envolvendo aves,Nunes afirma que está maistranquilo voar no espaçoaéreo da capital mineira.”Está tendo um controle me-lhor aqui na Pampulha. Temum bom tempo que eu nãoouço relatos de colisões compássaros no aeroporto”,conta.

“CINCO TONELADAS” O mecâ-nico de aeronaves, Rildo Linsdos Santos, que já trabalhouem aeroportos do país quenão utilizam o método pre-ventivo, constata que as estru-turas mais prejudicadas daaeronave nas colisões – ochamado bird strike – são aasa, a fuselagem, o motor e opara-brisa. Santos ainda enfa-tiza os estragos causados peloimpacto. “Se um avião estivera 800 km/h e colidir com umurubu de três quilos, oimpacto vai ser de cincotoneladas”, calcula.

Além disso, o prejuízoeconômico da empresa aérea,com esse tipo de incidente,segundo o mecânico deaeronaves, pode chegar a US$

50 milhões. “Há estragos nomotor também. A empresapode ter um custo caro, já queum motor de um avião degrande porte custa em tornode US$ 50 milhões”, avalia.

INTERRUPÇÃO Apesar dométodo da falcoaria ser efi-caz na Pampulha, as ativi-dades foram paralisadas nomeio de maio, devido ao fimde contrato entre a Biocev ea Infraero. Este procedimen-to é feito a cada seis meses,por exigência da instituiçãoaeroportuária.

Segundo Gustavo Diniz,o interrompimento dosserviços não é problema e oque o deve ser acertado nocontrato são apenas termosde prestação de serviço,porém, segundo ele, nadaserá modificado em relaçãoaos métodos utilizados.“São termos burocráticosque deverão ser acertados aqualquer momento”, afirma.

O contrato, segundoDiniz, deve ser acertadoainda em maio. Ele informatambém que outros aeropor-tos do país, cientes do suces-so do método em BeloHorizonte, já estão proje-tando a implantação da fal-coaria. “Já estamos acertan-do com o aeroporto deCongonhas (São Paulo) e ode Confins deve ter a fal-coaria ainda este ano”,comenta o consultor ambi-ental.

tema é feita tentando mini-mizar os riscos dos aci-dentes, utilizando as técni-cas necessárias”, afirma.

Ainda segundo GláuciaFreire, o processo de pre-venção precisa ser contínuo,já que as aves se adaptam àstécnicas de captura. Alémdisso, apenas a falcoaria nãoresolve o problema. “Cadaespécie funciona com umatécnica diferente, que variade captura com armadilhaaos fogos de artifício”, diz.“Em todos os aeroportos háproblemas como esse.Quem está usando mais deum sistema está sendo bemsucedido”, acrescenta.

De acordo com dados daBiocev, empresa encarrega-da pelo treinamento dasaves no Aeroporto daPampulha, em um ano de

introdução do sistema, 407pássaros foram capturadosna pista. De acordo com oconsultor ambiental e espe-cialista em falcoariaGustavo Diniz, um dosresponsáveis pelo treina-mento das aves de rapina noaeroporto, os pássaros quecausam mais problemas sãocarcarás, corujas e quero-queros. Segundo GustavoDiniz, as aves têm costumede ficar na pista na parte damanhã. “A presença dos fal-cões – predadores – tende aafastá-las do local, é a ques-tão da cadeia alimentar”,explica.

A “equipe”, segundo Di-niz, é composta por três fal-cões, cinco gaviões e umcão. Os equipamentos uti-lizados no chamado LureFly (técnica de voo) são um

capuz de falcoaria – usadoapenas no transporte da aveaté a pista – e um rádiotelemetry, um aparelholocalizador colocado na aveantes do voo.

REDUÇÃO DO IMPACTO Jo-safá Alves Nunes, piloto hásete anos no Aeroporto daPampulha, revela que já teveproblemas com aves. “Eusofri um incidente no (Aero-porto) Carlos Prates, emque um carcará voou emdireção ao meu avião”, rela-ta. O piloto executivo expli-ca, ainda, que os relatóriosde voo indicam que, casohaja perigo iminente de col-isão com pássaros, a aeron-ave deve atingir uma alturade 914 metros (3000 pés),já que as aves costumamvoar a uma altura de 610

A origem da falcoaria não é certa, mas há indícios de que aprática surgiu no ano de 1700 A.C, na Mesopotâmia,regiãoatualmente identificada como Oriente Médio. Até o séculoXVII, as aves de rapina eram utilizadas como ferramentas decaça. Com o surgimento da pólvora no mesmo século, a falcoariaperdeu sua principal função, tornando-se uma forma de lazer –caça esportiva – em todo mundo.

Animais de estimação sofrem com excesso de peson

JULIA LERY, 1º PERÍODO

A cadela Pitucha tem seisanos e pesa 40 quilos, o queé considerado muito parasua raça, Labrador Retriever.Para resolver o problema, elaestá fazendo um tratamentocom esteira aquática com afisioterapeuta da clínica ve-terinária Professor Israel,Andressa de Marco. Aintenção de Andressa é quePitucha perca de seis a setequilos, o que fará com queseu problema de nascençanas articulações traga menosdesconforto. Para isso, acadela seguirá um regime abase de ração light e frutas, ese exercitará na esteiraaquática com a freqüênciadeterminada pela vete-rinária.

“Em torno de 60% doscães e gatos que atendo estãoacima do peso”, afirma o ve-terinário Luís FernandoLucas Ferreira, que dá aulasno curso de veterinária daPUC Minas em Betim, eatende, na clínica ProfessorIsrael, no Bairro São Pedro.Ele afirma que hoje, com ofenômeno da verticalização,os animais ficam mais confi-nados nos apartamentos enão têm espaço para gastarenergia.

A cadela da raça Labrador, Pitucha, faz exercícios físicos para diminuir o peso e sanar seus problemas na articulação

“As pessoas também têmcada vez mais atividades edeixam seus cães de lado,pois não têm tempo paralevá-los para se exercitar.Essa deficiência de exercíciofísico é um fator predispo-nente para a obesidade, nocão, principalmente. Nogato, a principal causa doexcesso de peso é a castração,pois os gatos tendem acomer mais com a ausênciade hormônios sexuais”,explica Luís Fernando.

Na prevenção da obesi-dade, o professor recomendaexercícios físicos regularesaliados a uma dieta adequa-da. As rações light são indi-cadas para animais comsobrepeso, mas para evitarque engordem é interessanteseguir a dieta por faixaetária. A maioria das marcaspossui rações específicaspara cada idade ou para cãescom necessidades especiais.As rações para controle depeso têm baixo valor calóricocom a mesma quantidade denutrientes, mas são maiscaras. Um saco de 15 quilosde ração da Pedigree Adultoou Júnior por exemplo,custa, na loja virtual ciashop(www.ciashop.com.br), R$111,13, enquanto a opçãoWeight Control, da mesmamarca porém com menoscalorias, custa R$ 144,89.

Segundo Luís Fernando, oinvestimento é válido paraevitar várias doenças que osanimais obesos tendem adesenvolver. O veterinárioalerta que gatos muito gordoscostumam sofrer de doençascardiovasculares, pois ocoração tem dificuldade parabombear sangue para o teci-do em excesso. Cães, alémdos problemas cardiovascu-

lares, podem ter lesões nasarticulações devido ao sobre-peso.

ESTEIRA AQUÁTICA A estei-ra aquática para cães surgiucomo um tratamento alter-nativo para a obesidade eproblemas articulares. O ve-terinário Luís Fernandoexplica que, na água, além doefeito do exercício ser inten-

sificado, não há sobrecarganas articulações.

Cada sessão de esteiraaquática custa R$ 60,00, oque inclui secar o cão no petshop da clínica. A cadela serámedida e pesada a cada 15dias, para que se possa acom-panhar seu emagrecimento.Andressa ressalta que não sedeve esperar muita perda depeso nas primeiras sessões,

mas que ao verificar as medi-das do cão, pode-se perceberque ele perdeu gordura eganhou massa muscular.

A cadela Labrador, quenão pode fazer outro tipo deexercício além de caminharna água, parece gostar dotratamento. Mesmo demons-trando cansaço, Pituchaabana a cauda e joga águapara os lados durante asessão.

DOENÇA Segundo o site docanil Golden Legacy, de cri-ação de cães da raça GoldenRetriever, a displasia co-xofemoral é uma doença queacomete, em especial, cães demédio e grande porte. Podeser genética, mas é intensifi-cada, ou em alguns casos cau-sada pela obesidade dos ani-mais.

A doença é, na verdade,um encaixe incorreto entre osossos do fêmur e da bacia.Existe em diferentes intensi-dades e pode causar muitador e comprometer a movi-mentação das patas traseirasdo animal em seus estágiosmais graves.

Não há cura para a displa-sia coxofemoral, e o trata-mento consiste no alívio dador e retardo das artroses commedicamentos, ou, em algunscasos, cirurgias que mini-mizam a lesão.

JULIA LERY

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8 CidadeAbril • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Queda de árvores é problema também em Tiradentes

No Largo das Forras em Tiradentes já ocorreu a queda de duas árvores

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ISABELLA LACERDA, 3º PERÍODO

A histórica cidade deTiradentes, que se localiza a202 quilômetros de BeloHorizonte, tem passado porproblemas de queda de suasimponentes e tradicionaisárvores. O mais recente inci-dentes do gênero ocorreu nasegunda quinzena de janeiroúltimo, véspera do início da12ª Mostra de Cinema deTiradentes. Antes disso,houve outro em julho de2005.

De acordo com a adminis-tração da cidade, as quedasdessas árvores ocorrem devi-do a necessidade de poda dasmesmas. “Quando identifica-dos esses problemas, avisa-mos o Iphan (Instituto doPatrimônio Histórico eArtístico Nacional) e ele

julga a necessidade ou não demanutenção dessas árvores”,explica o secretário de MeioAmbiente e engenheiro flo-restal de Tiradentes, GustavoAdolfo da Rocha. Ele ressaltaque a prefeitura verifica,avisa ao Iphan e é o institutoquem dá a palavra final.Porém, Gustavo afirma queessas quedas não são fre-quentes, o que não torna essefato um risco para os turistasque visitam, durante todo oano, a cidade. Nos dois episó-dios de quedas de árvores noLargo das Forras não houvevítimas.

O Iphan de Tiradentes,quando consultado, entretan-to, disse que a prefeitura équem avalia, através de umlaudo técnico feito por ou-tros órgãos ambientais e porum responsável técnico daprópria administração, anecessidade de haver cortes

de árvores ou até mesmo apoda, e que, após esse laudo,é pedida a autorização doinstituto.

“É necessário uma avali-ação do Iphan, pois é umórgão que cuida do Pa-trimônio Histórico e Naturalda cidade, e o corte deárvores modifica essa estru-tura. A Prefeitura deTiradentes tem mania de darautorização e cortar todas asárvores sem uma análise cor-reta”, diz Maria AparecidaNascimento, da adminis-tração do Iphan em Ti-radentes, que no momento,está sem um responsável téc-nico de meio ambiente.

Segundo Maria Aparecida,tem ocorrido bastante cortede árvores na cidade. Ela dizque eles ocorrem por diversosmotivos. “Normalmente édada a autorização. No cen-tro histórico da cidade é me-

lhor para acompanharmosesse corte de árvores, mas emlocais mais distantes é maisdifícil”, revela. Ela acrescentaque é simples fazer o pedidode manutenção de árvores aoIphan. “Fazer o pedido aoIphan é fácil, basta preencherum requerimento, e essesrequerimentos normalmentesão aprovados.”

Maria Aparecida ressaltaque a queda e o corte inde-vido de árvores são prejudici-ais e perigosos para qualquerum. “Estar em uma área deperigo, onde não se tem umaavaliação correta, é perigosopara todos, não somente paraos turistas”, diz. Ela aindaafirma que esse procedimen-to é prejudicial para a cidade,uma vez que degrada a pais-agem e altera suas caracterís-ticas. “A paisagem da cidadefica muito prejudicada”,opina.

TRISTE PERDA DAS PALMEIRAS IMPERIAISEm São João del Rei, corte de cinco árvores que compunham a praça em frente à Igreja São Francisco de Assis, foi recebido de forma diversa por moradores e foi jusitificada por autoridades

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TATIANA LAGÔA, 7º PERÍODO

A paisagem da praça quefica em frente à Igreja SãoFrancisco de Assis, um doscartões-postais da cidadehistória de São João del Rei,está modificada, porquecinco das 11 palmeiras impe-riais que enfeitavam o localforam cortadas. Há mais decem anos, essas árvoresforam projetadas de modo afazer o contorno das cordasde uma lira. Como a formada praça lembra esse instru-mento musical, às 9h30 asombra das árvores se har-monizavam com o desenhodo lugar. Essa beleza cen-tenária está ameaçada já quenem as autoridades locaisque autorizaram o cortesabem ao certo qual adoença que atingiu asárvores e o que será feitocom as que ainda estão lá.

O ministro da OrdemTerceira de São Francisco deAssis, instituição que admi-nistra o complexo da igreja,Carmello Geraldo Viegas,explica que só retiraram aspalmeiras que estavam mortase que perderam suas copas."Muitas pessoas ficam emdúvida se assistem a sucessivamorte de cada uma delas ou sepermite que sejam cortadas.Cortamos as que vimos quenão tinha mais jeito, masainda têm outras que demon-stram ser portadoras dadoença e já percebemos quevão cair", revela.

Mas o engenheiro da Uni-versidade Federal de Lavras(Ufla), Arcelino Couto, um dosresponsáveis pelo laudo en-comendado pela VenerávelOrdem Terceira de São Fran-cisco de Assis para detectar adoença nas árvores, não concor-da totalmente com o posiciona-mento da instituição. Ele contaque o laudo elaborado não foiconclusivo e que para chegar aum resultado preciso serianecessário mais tempo, recursose pesquisadores. "No relatórioprevi a queda da palmeira quechegou a atingir um casarão.Essa palmeira precisava mesmoser cortada. As outras estavamaparentemente sadias. Eu nãocortaria as palmeiras. Secomeçassem a murchar aí simeu cortaria", diz.

A moradora de São João Del Rey, Raquel Teixeira, lamenta o corte das árvores, mas acredita que foi necessário

O secretário municipal dePolítica Urbana e MeioAmbiente local, Fuat CarlosKaluf, conta que registrosmostram que essas palmeirasdatam de 1853 e que existemmais árvores dessa espécie emoutros pontos da cidade tam-bém correndo o risco de cair.Uma está na AvenidaPresidente Tancredo Neves,principal via do centro históri-co, outra plantada no ServiçoSocial do Comércio (Sesc) euma na Praça Salatiel. Ofuturo dessas e das árvoresque ainda restam no LargoSão Francisco de Assis aindaserá decidido pelas autori-dades locais. Segundo ele,está sendo feito um estudopara descobrir se realmente énecessário cortar todas aspalmeiras e se outras podemser plantadas, sem com isso,serem contaminadas pelamesma doença. "Ainda estásendo estudado o caso, mastalvez seja a melhor opçãocortar todas e comprar outrasespécies de porte grande parasubstituí-las", analisa Kaluf. Osecretário lembra que uma daspalmeiras imperiais que ficouem frente à Igreja SãoFrancisco de Assis está alta-mente comprometida, mastambém não sabe o que fazercom ela. Uma das alternativas

estudadas é a de ligá-la a ou-tras por meio de cabos de açopara dar maior sustentação.

Quanto a arquitetura dolocal que possibilita que asombra das árvores projetemas cordas de uma lira, quan-do o sol bate às 9h30, Kalufnão garante que será manti-da. "Estamos pensando nissotambém. Não sei, talvezmais para frente, quandosoubermos o que fazer comas palmeiras que ainda estãolá, possamos fazer um con-curso para premiar melhoresideias de desenho para olugar. Seria uma forma deenvolver a comunidade local.Mas isso, é só depois. A pri-oridade agora é acabar com orisco que elas trazem", expli-ca.

Já Carmello garante que aforma da praça será mantidaintacta. "Vamos sim conser-var a arquitetura do local.Temos um levantamentotopográfico que nos demons-tra onde elas foram plan-tadas", revela. Quanto a ati-tude de cortá-las, ele defendeter sido a melhor saída. "Aspalmeiras estão muito próxi-mas à igreja. Não cortá-laspoderia significar um riscomuito grande ao patrimôniohistórico que seria um danomuito maior", afirma.

HISTÓRICO Já em 2002, umrelatório de pesquisadores daUfla apontava a presença deuma doença nas palmeirasimperiais de São João del Rei.Na época, mesmo com olaudo em mãos, as autori-dades locais nada fizerampara tentar solucionar o pro-blema. Em outubro de 2008,a Venerável Ordem Terceirade São Francisco de Assis, queadministra o complexo daigreja, encomendou um laudopara a mesma instituição deensino, que mesmo não sendoconclusivo foi utilizado comojustificativa para o corte dascinco palmeiras imperiais.

No carnaval deste ano, oministro da Ordem Terceiro,Carmello Geraldo Viegas,pediu ao prefeito da cidadepara que a praça fosse interdita-da para que os foliões não fos-sem surpreendidos caso algumadelas chegasse a cair. Com oobjetivo de evitar transtornos,as autoridades decidiram entãocortar as árvores uma semanaantes do evento. "Foi uma lou-cura, o tanto de problemas quetivemos que enfrentar para queessas árvores pudessem ser cor-tadas em um prazo tão curto",afirma Kaluf.

Moradores lamentamcorte das árvores quefaziam parte da históriaA moradora da cidade

Raquel Teixeira, de 42 anos,lamenta o corte das árvorespelo que representam nahistória da vida dela. "Essasárvores fazem parte da minhavida desde que nasci. É umatristeza muito grande perderalgo tão importante para acidade, tão bonito. Eu nãoesqueço meus tempos de cri-ança, quando eu vinha brin-car na praça e ficava sentadadebaixo delas", conta. Mesmocom o sentimento de perda,Raquel acredita que o cortefoi a coisa mais certa a serfeita pelo risco que a quedadelas poderia representarpara a população local. Aliás,esse é o sentimento de grandeparte dos moradores: umamistura de nostalgia pelaperda, com alívio pela elimi-nação de um risco.

Edson Borges Gonçalves,de 54 anos, é uma das pes-soas que compartilha dessavisão. Natural da cidade,morador de uma rua muitopróxima à Igreja de SãoFrancisco de Assis, ele fazquestão de mostrar o quantode ligação possui com o lugar.Em suas palavras: "Sou nasci-do e criado aqui nasredondezas. Freqüentei tor-res durante muito tempo daminha vida porque fuisineiro. Conheço bem cadapedaço dessa igreja". Agora,Edson não sobe mais na torreda igreja para tocar seu sino eanunciar algo para a popu-lação local, mas para encon-trá-lo a tarde é fácil: basta iraos bancos que ficam naque-la praça, que lá está ele "pro-seando" com alguns conterrâ-neos. Quando o assunto sãoas palmeiras imperiais ele faza sua análise: "O que fica éum sentimento muito pro-fundo, muita tristeza perdernossas palmeiras centenárias.Mas, cortar foi um malnecessário: por motivo dedoença e pelo dano que podeser causado". O ex-sineirolembra que em meados denovembro, uma das pal-

meiras chegou a cair em umdia de forte chuva, atingindoum casarão tombado peloInstituto do PatrimônioHistórico e Artístico Na-cional (Iphan) e o prédio daReceita Federal.

Enquanto aguardava oônibus que para em frente àpraça, Zileide Melo de 76anos, ao olhar para ospedaços que restaram daspalmeiras que foram cor-tadas, comentou em vozbaixa: "Gente, eles têm queparar de cortar essas árvores.Olha como já está isso aí".Indagada sobre sua opinião arespeito, ela limitou-se adizer: "Satisfeita eu nãoestou né, mas fazer o que,elas estão caindo".

Outro morador que estavapróximo a igreja, o motoristade 47 anos, Paulo RobertoPereira, diz que quando olhapara a igreja acha que ficou“esquisito”. Isso aqui era onosso cartão-postal e agoraacabou", afirma Para ele, oplantio de outras árvores, jáanunciado pelas autoridadeslocais, não vai resolver oproblema. "Ixe, isso aí a gentenem vai ver”, lamenta.

Há 20 anos trabalhandocomo guia turístico na região,Pedro das Mercês França, jáperdeu as contas de quantasvezes contou a história daIgreja São Francisco de Assise das palmeiras imperiais quea cercam. Mas, desde a se-mana anterior ao início docarnaval quando as palmeirasforam cortadas, o texto deapresentação do local teveque ser alterado. "Todos osturistas que eu atendo estãoachando uma perda muitogrande e ficam querendosaber o porque do corte",afirma. Pela primeira vez nacidade de São João del Rei, aturista Andréa Alves Nasci-mento, lamenta não ter co-nhecido o jardim intacto. Elaacredita que deveria ter sidoprocurada outra alternativaao corte. “Achei um absur-do”, ressalta.

TATIANA LAGÔA

ISABELLA LACERDA

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9CidadeAbril • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

ÁRVORES DE RUA SERÃO

MAPEADAS NA CAPITALProjeto permitirá conhecer a real situação das árvores da capital, favorecendo manejos adquados e evitando novos acidentes.

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ALINE SCARPONI, 3º PERÍODO

As 230 mil árvores derua de Belo Horizontedeixarão em breve de tersituação desconhecida paraa prefeitura da capital. Oprojeto chamado Inven-tário, que propõe a con-tagem e a análise dasárvores da cidade, terá seuinicio este ano. “OInventário, visa georeferen-ciar as árvores, além dediagnosticá-las”, explicaEdnilson dos Santos, en-genheiro agrônomo flore-stal da Secretaria Muni-cipal Adjunta do MeioAmbiente (SMAMA).

A execução do Inven-tário só será possível por-que tomará como base oPrograma Especial de Ma-nejo Integrado de Árvore eRede (Premiar) da Com-panhia Energética de Mi-nas Gerais (Cemig). Se-gundo a empresa, esse pro-grama buscará melhorar oconvívio entre a rede elétri-ca e a arborização urbana econtribuirá para o In-ventário, na medida emque a prefeitura, por meiodele, efetuará a substitui-ção das árvores que es-tiverem em situação críticae o plantio de espéciescompatíveis com o local ecom a rede elétrica queatende os consumidores dacapital mineira. “Emborao projeto da Cemig se rela-cione com árvores de rede,será um ponto de partidapara a realização do ma-peamento das árvores deBH”, acrescenta o enge-nheiro florestal

Além disso, essa açãoconjunta beneficiará a po-pulação também no senti-do de minimizar proble-mas relacionados à falta deenergia. De acordo com ocoordenador do Premiar,Carlos Alberto de Sousa,da Cemig, atualmente umdos principais motivos defalta de energia é a quedade árvores. “Só no ano pas-sado, foram 1.870 quedasde energia causadas porquedas de árvores e galhos

na rede, prejudicando umtotal de 740 mil consumi-dores no município”, con-tabiliza.

Para Agnus Rocha Bit-tencourt, também enge-nheiro florestal da SMA-MA, o “Inventário das ár-vores de Belo Horizonte éum desejo antigo da pre-feitura”, já que a capitalainda não dispõe de ummapeamento de suas ár-vores.

Até então, cada uma dasnove regionais da prefeitu-ra possui uma Gerência deJardins e Áreas Verdesresponsável por atender aschamadas de moradores eanalisar a viabilidade dospedidos de plantio, podaou extração de árvores derua. “Depois que a pri-meira vistoria é feita, geral-mente por um agrônomoou engenheiro florestal, opedido poderá ser enca-minhado para a execução.Isso funciona as mil ma-ravilhas? Não. Faltamrecursos. Estamos aquémda demanda”, avalia Ed-nilson.

FATOR VENTO A grandequantidade de árvores quecaíram na cidade, nos últi-mos temporais, causaramprejuízos a moradores quetiveram portões de casasamassados e carros quebra-dos. “O portão eletrônicoda garagem da minha casaentortou devido a queda deum grande galho”, relataMarília da Rocha Yo-shizane, moradora da Pam-pulha.

A Região da Pampulha,Zona Norte da capital, éapontada pela prefeituracomo a que mais sofreuquedas de árvores. “A con-centração maior de ocor-rências com árvores, in-cluindo queda de árvores equebra de galhos, no iniciodo ano aconteceu na Re-gião da Pampulha. Tam-bém neste ano, houve umaoutra ocorrência de ventoscom queda de árvores naRegião Leste e Centro-Sul”,afirma Agnus Rocha Bit-tencourt, também enge-

nheiro florestal da Se-cretaria Municipal Adjuntade Meio Ambiente.

Ele aponta como motivoprincipal para as quedasdessas árvores a ocorrênciade fortes correntes de ar,que assolaram a cidade. “Acausa mais comum são ven-tos fortes, na verdadeexcepcionais, associados àschuvas, quando a copa dasárvores recebe uma acrésci-mo de peso imposto pelaágua e a força do vento.Na Região da Pampulha,isso ocorreu por causa deuma forte ventania associa-da a chuva, inclusive degranizo”, afirma.

Ao estacionar seu carroem frente a um restauranteà Rua Leopoldina, noBairro Santo Antônio, naRegião Sul da capital, oadvogado Guilherme Go-mes Ferreira, que haviacomprado seu veículo hádois meses, teve danifica-do o teto e a porta esquer-da do seu Renault Clio, ano2009. “Ainda preciso ava-liar se houve mais danos”,comenta o advogado. Anamorada de Guilherme,Maria Fernanda Penido,também presente ao local,disse que a sensação nomomento em que ouviramo “grande estalo” e viramos estragos no patrimônioque haviam acabado deadquirir foi “péssima”.

O proprietário do veícu-lo disse que pretendeentrar com uma ação con-tra a prefeitura, uma vezque acredita que é respon-sabilidade da adminis-tração do município, cuidardas árvores de rua, evitan-do que elas causem aci-dentes e danos à popu-lação. “Na hora, não estavachovendo muito e nemventando. A prefeitura temque olhar a situações dasárvores, realizar podas.Não pode ser omissa nesseaspecto”, alega.

Embora variados, onúmero de casos de quedasde árvores não foram con-tabilizados pela prefeitura.Para o engenheiro florestalEdnilson dos Santos, con-

Carro estacionado no Bairro Santo Antônio também é atingido por galhos

tabilizar o número deárvores que caíram e levan-tar as possíveis causas édifícil, por causa da ine-xistência de um órgão ousetor que centralize essesdados. “Há dificuldade emse calcular o número e selevantar possíveis causasdas quedas, porque muitasárvores quando caem sãoremovidas por bombeirosou pela Defesa Civil, logoos dados se perdem”, diz.

OLHAR ATENTO Quem jánão caminhou pela cidadeem dia de chuva e teve seuguarda-chuvas agarrado emalgum galho? Ou que pre-cisou abaixar a cabeça aopassar próximo a umaárvore plantada no pas-seio? Essas situações sãoapontadas pelo coorde-nador da Divisão das ÁreasVerdes da UniversidadeFederal de Minas Gerais(UFMG), Geraldo Luiz deOliveira Motta, comoevidências simples de que aprefeitura necessita cuidarmelhor das áreas verdes dacidade. “BH é muito malcuidada em termos deárvores. Não é destinadomuitos recursos. Os galhosde árvores, por exemplo,têm que estar acima de 2,5metros”, afirma.

O coordenador aindaobserva que muitas árvoresna cidade ainda morrem

por plantio sem irrigaçãoou realizado em momentoincorreto e poda inadequa-da. “Há a poda de for-mação. Ela seve para orien-tar a formação da copa. Asárvores da avenida AntônioCarlos, por exemplo, já pas-saram da hora de poda.Observo isso porque passolá todos os dias”, alerta.

Outro problema aponta-do por Geraldo Motta é onão obedecimento a umespaçamento adequado en-tre uma árvore e outra e,que terá seu tamanho va-riando de acordo com aespécie de planta escolhi-da. “O que vem sendo uti-lizado é o espaçamento de8 a 10 metros entre asárvores. O problema é queexiste uma pressão muitogrande para se obter áreassombreadas de forma rápi-da, por elas gerarem umconforto maior. Assim,muitas vezes, ocorre plan-tio utilizando menor dis-tância entre uma árvore eoutra”, diz.

Como exemplos de áreasdo município em que ainadequada proximidadedas árvores podem ser niti-damente observadas,Geraldo Motta assinala aAvenida Bernardo Mon-teiro, local no qual a árvorepredominante é o Ficus e aRua Antônio Aleixo entre aAssembléia Legislativa e aPraça da Liberdade. Alémdisso, ele comenta sobre aregião hospitalar da capital.“É necessário ter consciên-cia porque as árvoresficarão enormes. A praçapróxima ao Hospital dasClínicas (Praça Hugo Wer-neck) tem Oitis enormes emuito próximos. Som-breamento excessivo não ésalutar”, explica. Segundoo especialista, a capitalnecessita não apenas de tersuas áreas verdes melhorcuidadas, como também deter mais espaços arboriza-dos. “BH tem um quadrode áreas verdes pequeno”,opina.

São muitos os fatores queresultam em abalo e queda

Praça Hugo Werneck, na Região Hospitalar, causa preocupações devido à grande quantidade de sombras dos Oitis

Desde um mal plane-jamento espacial a umaintempérie da natureza.Muitas podem ser ascausas de queda de ár-vores. Entretanto, segun-do o coordenador daDivisão das Áreas Verdesda Universidade Federalde Minas Gerais (UF-MG), Geraldo Luiz deOliveira Motta, “deve-seevitar o que se pode pre-ver”.

O principal motivocausador de queda deárvores no meio urbano,segundo ele, é a cha-mada compactação dossolos. “Nesse caso, o so-lo não apresenta porosi-dade para a raiz da plan-ta crescer, o que faz comque ela não consiga sus-tentar seu peso. Bastaum vento um poucomais forte para que elacaia”, explica Geraldo.

Outro causador seria apoda inadequada dasárvores. “Podas feitas deformas incorretas podemenfraquecer a árvore,porque favorece a entra-da de fungos e bactérias

no caule, o que podeapodrecê-lo”, comenta ocoordenador.

Não menos impor-tante é o chamado esti-olamento, que consisteno crescimento acelera-do da planta em buscade luz. Isso ocorremuitas vezes por causada proximidade com quesão plantadas. Essasplantas passam a concor-rer entre si. “A plantanão vai ter uma estrutu-ra tão sólida”, afirmaGeraldo Motta.

Além desses fatores,geradores em potencialde queda de árvores, oespecialista ainda cita ovandalismo praticadopor moradores, quemuitas vezes acabam porrealizar o corte de raízesde árvores ou cimentamtodo o seu entorno.“Pessoas têm mania decortar raízes ou cimentaro colarinho das árvores.Isso faz com que elasnão respirem e nãopeguem água das chuvase acaba por fragilizá-las”,salienta.

Segundo Agnus RochaBittencourt, engenheiroflorestal da SecretariaMunicipal Adjunta deMeio Ambiente, na capi-tal o principal motivo dequedas de árvores é acombinação chuva e ven-tos fortes, mas há aindaoutros motivos significa-tivos. “Podemos citaroutros motivos como oataque de cupins à raízese a colisão de veículos.Freqüentemente, váriosmotivos podem estarassociados”, comenta.

Ele diz que a idadedas árvores nem sempretem influência em suaqueda. “É importanteque fique claro que ofato de uma árvore pos-suir 80 anos não querdizer que ela esteja emmal estado ou que deveser retirada. Uma árvoreem estado natural,dependendo da espécie,pode chegar aos 200 ou800 anos. Idade elevadanão é um demérito paraas árvores”, explica.

ALINE SCARPONI

MAIARA MONTEIRO

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CHUVAS ARRASAM INTERIOR DE MINASPrefeituras do interior do estado prestam socorro às vítimas da tempestade do início do ano. A Defesa Civil contabiliza desabrigados e busca soluções, mas a preocupação da população permanece

Chuva que durou menos de dez minutos causou estragos no Bairro Bela Vista, na cidade de Perdoes no mes de janeiro

JÉSSICA ALVES

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RENATA LOPES, JÉSSICA ALVES, CÍNTIA RAMALHO, BRUNA CARMONA, ISABELLA LACERDA, 1° E 3° PERÍODOS

Rosângela Vasconcelos,secretária da Escola ProfessorJuvenal de Freitas Ribeiro, nacidade histórica de Con-gonhas, a 70 Km de BeloHorizonte, viveu os doislados das enchentes que atin-giram diversas cidades nointerior de Minas Gerais nofinal de 2008 e início desteano. Enquanto ajudava as fa-mílias abrigadas em seu localde trabalho, contava com aajuda de parentes e vizinhospara recuperar-se dos estragosda chuva.

Alem de Rosângela, váriasoutras famílias tambémforam atingidas pelas chuvas.De acordo com o balanço par-cial (desde 15 de setembro de2008) das chuvas em MinasGerais, publicado pela DefesaCivil do estado, 256 municí-pios foram afetados pelaschuvas. Dentre eles estavamincluídos Congonhas, Per-dões, Brumadinho, PonteNova, Manhuaçu e EsperaFeliz.

Ainda segundo a DefesaCivil, desde 2008 o numerode desabrigados no estado jáchegou a 10.730, com cincodesaparecidos, 444 feridos e35 óbitos. Quanto aos danosmateriais, foram 29.276 casasdanificadas, 986 casas des-truídas, 550 pontes danifi-cadas e 382 pontes destruí-das.

Rosângela conta que suacasa, localizada na região cen-tral de Congonhas, foi toma-da pela água que estragouvários móveis e destruiu umguarda-roupa. Hoje, já resta-belecida, ela diz que nãopensa em se mudar, apenaslamenta o acontecido. “Éuma questão da natureza quenão temos como controlar. Avida continua e nós nãopodemos parar no primeiroobstáculo”, explica.

Mesmo com a ajuda de

voluntários, conhecidos e dasprefeituras locais, muitas pes-soas continuam desabrigadase sem condições de se resta-belecer plenamente. Esse é ocaso da dona de casa Gorete,moradora das proximidadesdo Bairro Jardim Profeta,também em Congonhas. Acasa onde morava com omarido e os cinco filhos foiinvadida pela água, quedestruiu móveis, eletrodomés-ticos, roupas e alimentos.Após as enchentes, a família,ciente de que habitava umaárea considerada de risco pelaprefeitura, foi removida parauma escola da cidade juntocom várias outras vítimas dachuva.

RECUPERAÇÃO A Prefeiturade Congonhas informou, pormeio de sua assessoria deimprensa, que a cidade já con-seguiu se recuperar dasenchentes e que, para isso,contou com a ajuda de recur-sos estaduais na realizaçãodas obras de maior urgência ecom programas de assistênciacomo o “Bolsa Aluguel”, queconsiste no aluguel de casaspelo governo para hospedaras famílias vítimas das chuvas

e que não podem voltar parasuas casas.

DRAMA Já em Perdões, a220Km, ao sul da capitalmineira, uma tromba d’águaem janeiro que durou menosde dez minutos provocougrandes estragos. A domésticaMaria de Fátima Esteves,perdeu quase tudo com asinundações. Ela conta que sóconseguiu salvar uma tele-visão 22 polegadas. Ela, quemora em uma casa alugada,diz que seu muro ficoudestruído.

Maria de Fátima revela,entretanto, que não temcondições financeiras de semudar e ainda arcar com osprejuízos causados pelachuva. A doméstica explicaainda que depois da tragédiasó pôde contar com amigos,vizinhos e voluntários, já quea prefeitura não ofereceuajuda com cestas básicas eremédios. Procurada pelareportagem, a prefeitura dePerdões não prestou escla-recimentos.

APOIO Brumadinho, a 50quilômetros de Belo Hori-zonte, outra cidade atingida,

optou por uma ajuda maisdireta às vítimas da enchente.“A prefeitura está dando todaa infra-estrutura, comoaluguel, alimentação, atendi-mento de saúde“, afirma oprefeito da cidade, Avimar deMelo Barcelos. Segundo ele,o município foi muito atingi-do e que hoje, alem das 200famílias que já tiveram suascasas reformadas e que jápuderam retornar as suasresidências, há 28 famíliasdesabrigadas. “Precisamosencontrar uma solução rápidapara esse problema porque aprefeitura não tem condiçõesde sustentar essas famílias”,alerta o prefeito quanto aosaltos gastos que isso tem ge-rado para a prefeitura dacidade.

Avimar Barcelos garanteque não irá retornar comessas famílias para essas áreasatingidas, uma vez que sig-nifica uma área de risco, alemdas próprias famílias nãoquererem retornar. Por isso,construirão novas casas emoutras localidades. “Vamoscontinuar sustentando essaspessoas até as casas ficaremprontas. Esperamos estar comisso pronto em, no máximo,

sete meses“, calcula. Segundo o prefeito de

Brumadinho, já houve umpedido de ajuda formal aoGoverno Federal, alem de játer sido apresentado um pro-jeto para a construção de ou-tros serviços nas localidadesatingidas. “Pensamos emconstruir praças ou aproveitaresses locais de outra forma,sem colocar pessoas paramorar ali”, informa.

Avimar afirma que o

Governo Federal prometeuuma ajuda de R$ 3 milhões e800 mil para a reconstruçãoda cidade, como as pontes,que ficaram destruídas.Entretanto a prefeitura rece-beu somente parte dessesrecursos, que foram R$ 800mil reais. “Vamos usar essedinheiro que recebemos, porenquanto, para essas refor-mas, mas ainda estamosesperando mais ajuda do go-verno”, conta.

Desalojados se somamao longo dos anosNa cidade de Ponte

Nova, a 170 quilômetrosda capital, que teve oitoquilômetros de sua popu-lação ribeirinha atingidacontabilizando 4.500 pes-soas desalojadas, aprefeitura também estadando apoio aosmoradores que sofreramcom as chuvas e ainda nãopuderam voltar para suascasas. Para isto, buscououtras alternativas paradiminuir os gastos comessas famílias. “Em dezem-bro foram 22 famíliasatingidas. Em alguns casosentão em casa de parentese em outros, em casas alu-gadas pela prefeitura.Dessas 22 famílias, quatroestão em casas de par-entes“, explica o assessorespecial do prefeito,Marcos Dias.

Marcos explica que aprefeitura não tem con-dições de dar maior apoioas famílias, uma vez queainda custeia o aluguel de115 famílias atingidaspelas enchentes de 2003.

De acordo com Marcos,essa e a única ajuda que aprefeitura esta dando,exceto para as famíliasmais necessitadas querecebem cestas básicas.

“Também vamos buscarapoio do governo paraalguns projetos de recon-strução da cidade“, salien-ta.

Outra cidade que aindatem desabrigados é EsperaFeliz, distante 378 qui-lômetros de BeloHorizonte, na Zona daMata. Jorge Frigoleto, sec-retario de administraçãode fazenda local, contaque todos essas famíliasestão em casas de par-entes. “A prefeitura nãodeu abrigo para elas.Temos ajudado as pessoascom colchonetes eprimeiro socorros“, expli-ca.

Segundo ele, a prefeitu-ra já está tendo gastosdemais pois desde janeiroesta fazendo obras parareconstruir a cidade. Eleainda acrescenta quehouve um óbito na cidade,que foi atingida como umtodo: houve queda decasas, pontes caíram e es-tradas ficaram danificadas.A cidade tem recebidoajuda do governo, massomente ajuda material.“No momento estamosrecebendo cestas básicas,colchonetes e cobertores“,revela Jorge.

Horta Comunitária em Nova

Lima auxilia famílias carentesn

CAMILA BASTOS RAMOS, 1º PERIODO

Depois de uma tempora-da de abandono, beneficia-dos do Centro de Con-vivência Sócio-Ambiental seunem para revitalizar o pro-jeto Horta Comunitária,através de um "mutirão", noqual a cada semana um lote ésorteado e nas segundas,quartas e sextas feiras todosfocalizam em restaurá-lo.

O projeto foi criado háaproximadamente seis anos,em Nova Lima, a partir deuma monografia do psicólo-go Caio Azevedo, e patroci-nado pela secretaria de AçãoSocial. O programa visavadar auxílio social a famíliascarentes. Depois de algumasmudanças administrativas, oprograma teve vários coorde-nadores, passou a chamarCentro de Convivência Só-cio-Ambiental e a ser pa-

trocinado pela Secretária deMeio Ambiente, o que fezcom que o foco mudasse paraa educação ambiental. Hoje,está novamente sob a coorde-nação de Caio Azevedo.

Essas mudanças preju-dicaram bastante os benefici-ados pelo projeto HortaComunitária, como Mari-nalva Ferreira, uma das par-ticipantes mais antigas, quese queixam da falta de recur-sos, principalmente adubo eágua.

A principal ação do pro-grama é aimplantação daHorta Comunitária. Segundoo coordenador, cada famíliarecebe da Prefeitura um loteequivalente a 360m² (que selocaliza no Centro deConvivência Sócio-Ambien-tal) adubo, sementes, ferra-mentas e assistência técnicapara que possa cultivar e co-lher os vegetais.

A cada três meses umcarro da prefeitura recolhe as

verduras e as leva para a feirarealizada na praça da cidade,onde são vendidos e todo olucro é destinado às famílias.Como os alimentos são pro-duzidos sem o auxílio deagrotóxicos e em pequenaescala, acabam tendo umcusto muito mais alto do queos produzidos industrial-mente, o que torna a concor-rência muito alta e faz comque algumas famílias prefi-ram utilizar as hortaliçaspara consumo próprio.

O Centro discute, demaneira sutil, temas comoviolência doméstica e alco-olismo, tentando aumentar aauto-estima das famílias pormeio de principios de Eco-logia Integral, que abrange apaz consigo mesmo, com ooutro e com a natureza.

Algumas Associações deBairro aceitaram fazer parce-rias com o Centro e realizamatividades similares em ter-renos que são disponibiliza-

dos por elas. Nessas associ-ações a família beneficiadanão vende as hortaliças, masas leva para casa.

PROJETOS Existem tambémvárias outras parcerias, taiscomo o Projeto Lótus e oProjeto Preservar. O ProjetoLótus é uma união com aSecretaria de Educação eque leva para a horta alunoshiperativos, com o objetivode que eles possamextravasar a energia acumu-lada. Há a pretensão deque, no futuro, alunos comdificuldade de aprendiza-gem possam aprender asmatérias convencionais,como português ematemática, na horta usan-do a memória cinestésica(pelo movimento).

Já o Projeto Preservarprocura instaurar no localuma "Farmácia Viva", culti-vando ervas medicinais eresgatando o conhecimento

Moradores de Nova Lima trabalham na recuperação dos lotes

medicinal popular. Inicialmente era ofer-

ecido um curso de jardi-nagem, realizado em seismeses, com aulas práticas eteóricas e com oficinas decurso, uma forma lúdica deaumentar a autoconfiançado jovem participante.Devido à necessidade deformações mais imediatas,o curso foi dividido emmódulos semanais.

Segundo Caio Azevedo,

a preservação do Meio Am-biente é muito valorizadano Centro, que realiza ofic-inas de alfabetizaçãoecológica com filmes,debates e dinâmicas emgrupo.

O Centro de ConvivênciaSócio-Ambiental se local-iza, na Chácara dosCristais, Rua Professor AldoZanine, nº30501 e estáaberto a visitações na parteda manhã.

MAIARA MONTEIRO

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O ANEL NA VIDADA POPULAÇÃO

Anel rodoviário, que liga diversas regiões da capital, é ponto de passagem dos motoristas e por isso tem trânsito intenso

MAIARA MONTEIRO

Comerciantes e moradores das proximidades relatam como é a rotina nessa rodovia

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PATRÍCIA SCOFIELD, 7º PERÍODO

O comerciante RichardPereira Lopes, proprietáriode um restaurante no BairroDom Cabral localizado a umquarteirão do Anel Rodo-viário, vê com otimismo aproximidade do estabeleci-mento dele com essa viaexpressa. “O anel traz ummovimento razoável declientes, já que os cami-nhoneiros que passam por lávêm aqui almoçar”, rela-ciona. Richard comenta quehá vários motoristas de ca-minhão na redondeza,segundo ele, também pelofato de ter um grandenúmero de oficinas e tor-nearias mecânicas na região.Apesar dessa clientela fixa,ele pondera que não temmuito contato com seusclientes caminhoneiros,porque eles fazem uma horarápida de almoço e depoisvão logo embora.

Com o ruído do trânsitodo anel, Richard diz já ter seacostumado, mas o classificacomo “irritante”. De acordocom ele, o filho evita estar láajudando no estabelecimen-to porque costuma ficar como ouvido doendo. Outroponto que o comerciantedestaca é o grande fluxo deveículos nesta via expressa.“Da Pracinha São Vicente(Bairro Progresso) até asegunda passarela tem engar-rafamento todo dia às 17h.O grande problema é quehoje cada um tem um carro”,conta. Richard nota queduas vezes por semana acon-tece um acidente no trechopróximo ao restaurante dele.

Ainda sim, Richard utilizaa rodovia diariamente desdeo Bairro Alípio de Melo, porconsiderar a via como derápido acesso. “Gasto sete,oito minutos para chegaraqui. Dou mais volta – uns 2km a mais – mas economizooutros sete ou oito minutosno caminho”, relata. Quantoà segurança no trânsito, ocomerciante aparenta tran-qüilidade ao dizer que ele“dirige consciente”.

Na visão do morador doBairro Dom Cabral desde1965, Jorge Luiz de Lima

Ferreira, é seguro morar adois quarteirões do AnelRodoviário. Jorge costumapassar pela rodovia para iraté a Pampulha e o som dotrânsito no local não o inco-moda. “Só ouço sirenes, maso barulho é bem de longe”,afirma.

PLANOS O Anel Rodoviário,construído nos anos 50,desafogava grande parte dotráfego de carga que passavapelo Centro de BeloHorizonte. Porém o fluxo decarros de passeio, moto-queiros, pedestres e cami-nhoneiros está levando agestão do prefeito MarcioLacerda a planejar uma alter-nativa para facilitar a pas-sagem de caminhões. Ele re-velou que essa fase de articu-lação da idéia do Rodoanel,anterior ao projeto da obra,está sendo feita atualmentepela Federação das Indústriasdo Estado de Minas Gerais(Fiemg) e pelo Depar-tamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes(DNIT).

Sobre a total revitalizaçãodo anel, o prefeito adiantou:“Vão fazer pistas laterais emtoda a extensão, vão retiraras famílias que invadiram,melhorar todos os cruzamen-tos e todos os acessos. Esseprojeto está em andamento,é um projeto de engenharia,que nós não temos recursosainda alocados. Vamos discu-tir com o governo federal”. Aassessoria de planejamentoda Fiemg informou que nãopossui autorização da direto-ria para detalhar a concepçãodo projeto, que ainda está emnegociação.

O DNIT informou, pormeio de nota divulgada porsua assessoria de comu-nicação, que firmou con-vênio com a PrefeituraMunicipal de BH, no qualdelega à administração mu-nicipal competência parafazer projetos no AnelRodoviário, para alargamen-to de pontes e viadutos, con-strução de passagens inferi-ores, ruas laterais, etc”. Aassessoria do órgão divulgouainda que “o convênio tam-bém prevê que a PBH temcompetência para providen-ciar, quando for o caso, os

devidos licenciamentos am-bientais junto aos órgãos domeio ambiente do estado”.

Para o torneiro mecânicoRoberto Rosa, que trabalhahá 27 anos em uma torneariaà beira da rodovia no BairroDom Cabral, uma soluçãopoderia ser “o alargamentodas pistas”, apesar do grandenúmero de carros rodando.Roberto diz que no serviçodele todos reclamam da via,mas o torneiro mecânicoacredita que o anel está me-lhor sinalizado e diz percebermenor frequência de aci-dentes. “Dez anos atrás eraum terror em termos de aci-dentes como atropelamento.Está mais seguro. Os moto-ristas precisam é de terpaciência e se conscienti-zarem”, complementa.

De acordo com o majorDaniel Castelo Branco Ave-lar, comandante do Batalhãoda Polícia Rodoviária Es-tadual – que há três anostornou-se a responsável peloanel, anteriormente moni-torado pela Polícia Rodo-viária Federal – o “grandeproblema” dos atropelamen-tos de pedestres nessa via é ofato de eles atravessarem, emalguns pontos, debaixo daspassarelas.

Outros acidentes comuns,ainda segundo o major Da-niel Avelar, são colisões comveículos em alta velocidade echoques com veículos para-dos em muretas e em postes.O comandante aponta oviaduto da Avenida Ama-zonas e a Praça São Vicentecomo os locais onde maisacontecem acidentes, comfrequência dos casos “em queo condutor do caminhão nãoconhece o segmento, e des-cendo a via se depara com aretenção do trânsito, provo-cando colisões ou choques”.O anel recebe um fluxo esti-mado de 100 mil veículospor dia.

A respeito de engarrafa-mentos, o major DanielAvelar destaca o trecho dokm 5, do Viaduto Betâniaaté a Avenida Amazonas,sentido Rio de Janeiro-Vi-tória, nos horários de 17h30às 19h e de 19h30 às 20h30,diariamente. Ele ressalta odeclive de 7 km no final doViaduto Betânia como ponto

crítico quanto a acidentes.Nas proximidades da PraçaSão Vicente, km 13 do anel,acontecem engarrafamentosno horário de 19h30 às20h30, nos dois sentidos davia. Outro ponto é o daAvenida Antônio Carlos como anel, na altura do km 19,apenas no sentido para o Riode Janeiro. O comandantedetalha que os engarrafamen-tos chegam a 1 km de exten-são, e o trânsito fica lentodevido ao estreitamento depista nesses pontos.

Luan Kenneth, orientadorde estacionamento da PUCCoração Eucarístico, passapelo anel todos os dias paravoltar para casa, na VilaCalifórnia. Ele acredita queas pessoas preferem atraves-sar a via por debaixo das pas-sarelas pois acontecemmuitos assaltos durante atravessia de pedestres nasmesmas. “Eu já conheço aregião e passo numa boa,mas é perigoso”, garante. Adona de banca de jornal noBairro Dom Cabral

Terezinha Alves da Silva, quetambém usua a rodovia parachegar até o trabalho, achamuito perigoso passar por láe conta que em dezembropassado um veículo rodopi-ou na pista e bateu no carrodela. “Se eu pudesse, fariaoutro caminho. Confio sóporque quem dirige é meumarido”, diz.

O motorista da empresaÚtil, Ari de Almeida, contaque o anel rodoviário facilitaseu deslocamento de Betimaté a banca de jornal daesposa, Terezinha Alves daSilva. “É bem rápido, e senão houvesse o anel, seriadifícil para eu vir trabalhar”,diz. Ari elogia a qualidade dapista, mas chama a atençãopara a sinalização, que eleclassifica como “péssima”. Omotorista conta que vê, dabanca de jornal, inúmerosacidentes na bifurcação entreo anel e a Avenida 31 deMarço. “Podia fechar o trân-sito ali e abrir mais na frente,porque acontece muito aci-dente principalmente com o

pessoal que vem para aPUC”, sugere.

Para o morador deContagem, Antônio CésarCardoso Gontijo, a quali-dade da pista melhorou “bas-tante”, fato que ele acreditacontribuir para que os carrosde passeio trafeguem emvelocidades acima de 80km/h. “Não é seguro, temmuito excesso de velocidadee poucos radares, no BairroBetânia apenas”, resume.Essa opinião é compartilha-da pelo caminhoneiro HélioAntunes da Silva, que recla-ma da falta de acostamentosao longo do Anel Rodoviário.“Do trevo do Betânia emdiante tem muito declive, e omotorista que vem cutucan-do o freio pesado mata quemestiver na frente”, diz. Porachar perigoso o trânsito noanel, Hélio prefere passarpela Via Expressa. “Meusconhecidos caminhoneirosdo Pará, Mato Grosso eMaranhão detestam vir aqui.Eles têm medo de passarpelo anel”, completa.

Ana Carolina Souza Menezes é moradora de um barracão construído em frente a Açotubos à beira do Anel Rodoviário

Na Região Nordeste de BH a situação não é diferenteNo Bairro São Gabriel,

Região Nordeste de BeloHorizonte, a manicureMaria Janete Xavier moraà beira do AnelRodoviário há 28 anos.De positivo, ela nãopercebe nenhum aspectoem morar ali, na altura dokm 461 da via. MariaJanete conta que há cincoanos presenciou o atro-pelamento do vizinho àessa altura do anel, ondehoje está instalado umradar eletrônico. Outroincidente que ela presen-ciou durante todos essesanos foi mais um atropela-mento, dessa vez de umapessoa que pretendiaatravessar a via sem uti-lizar a passarela instaladapróximo à unidade daPUC São Gabriel. Aprópria manicure admiteatravessar o anel bemdiante da porta da casadela, sem usar a passarelapara pedestres. “A pas-sarela dá muita volta paraeu chegar no ponto doBairro São Paulo ondetenho que ir”, afirma. Eladiz preferir aguardar atétrinta minutos para quehaja uma chance, mesmo

que arriscada, de atraves-sar apenas um dos doissentidos do anel.

A localização de suamoradia preocupa MariaJanete. “Outro dia entrouum caminhão na casa daminha vizinha”, conta.Além disso, o casal de fi-lhos da manicure, de seis edez anos, não pode sairpara ficar nem brincar narua, devido ao tráfegointenso. Esses veículosque transitam pelo anelem alta velocidade provo-cavam tremor na parteinterna da casa de Janete,segundo a moradora. Ofato foi solucionado com aconstrução de um murona fachada da moradia,resolução que possibilitouque a família pudesse terum sono tranquilodurante a noite, já que osom não chega com tantaintensidade na casa deMaria Janete, situada nosfundos do lote.

A menina Ana CarolinaSouza Menezes, de 14anos, também lamentanão poder sair de casapara brincar e andar debicicleta. Moradora dobarracão construído tam-

bém no km 461, AnaCarolina não tem a com-panhia do irmão maisvelho para passar o tempoe reclama do númeroreduzido de vizinhos, oque a impossibilita defazer mais amigos.

Há três anos, desde quemudou-se para esse trechodo anel, Ana Carolinaconta que fica preocupadanos dias de chuvas, quan-do a entrada da casa delafica alagada, além de osônibus jogarem mais águapara dentro do barracãoquando passam em altavelocidade. E até se acostu-mar com o barulho dosveículos que passam àporta, ela passou a adquiriro hábito de ligar o rádio.“Não vejo nada de bom emmorar aqui”, comenta.

O pai de Ana Carolina,Valdinei de Souza Mene-zes, discorda da filha.“Acho bom morar no anelporque posso ir em várioslugares com a minha bici-cleta, tem distribuidoras esupermercados nas mar-gens e consigo dormir tran-quilo, que já me acostumeicom o barulho”, esclarece.

MAIARA MONTEIRO

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BH SUBSTITUI SACOLAS PLÁSTICASBuscando minimizar os danos causados ao meio ambiente, nova lei determina que estabelecimentos privados e órgãos públicos da capital devem passar a usar sacolas ecológicas

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FABIANA SAMARA,FERNANDA MACHADO,NAYARA FÁTIMA,5º E 3º PERÍODO

Belo Horizonte é aprimeira capital do Brasil adeterminar, por lei, a substi-tuição das sacolas plásticaspor alternativas mais eco-lógicas. De autoria dovereador Arnaldo Godoy, alei n° 9.529, de 2008, deter-mina que os estabelecimen-tos privados e os órgãos eentidades do Poder Públicosediados no Município deBelo Horizonte deverãosubstituir o uso de saco plás-tico de lixo e de sacola plás-tica pelo uso de saco de lixoecológico e de sacola ecológ-ica. O decreto que a regula-menta prevê três anos parasua vigência, portanto, entraem vigor em 27 de fevereirode 2011. O prazo é dadopara que o comércio e asrepartições públicas de BeloHorizonte se adequem ànova realidade. As multasprevistas pelo não cumpri-mento da lei variam desdenotificação até à cassação doAlvará de Localização eFuncionamento de Ati-vidades.

Segundo o vereadorArnaldo Godoy, a lei é umacontribuição para mini-mizar os danos diários cau-sados ao meio ambiente.“As ‘inocentes’ sacolas plás-ticas, fartamente distribuí-das pelo comércio, impedema decomposição do lixoorgânico nos aterros san-itários e entopem as redespluviais e de esgotos, cau-sando enchentes nascidades”, declara o vereador.A lei entende como saco ousacola ecológica aquelesconfeccionados em materialbiodegradável - material queapresenta degradação porprocessos biológicos natu-rais de ação de microrganis-mos, sob condições ade-quadas de iluminação, aer-ação e umidade – reciclado,ou retornável, no caso dassacolas.

Antes mesmo da apro-vação da lei, a rede de super-mercados Verdemar já ado-tava as novas sacolas. Elas jáestão em uso desde junhode 2007. Segundo o

Apesar da nova lei, muitos supermercados em Belo Horizonte continuam oferecendo aos seus clientes sacolas plásticas

Movimento das donasde casa da capitalpromove campanha O Movimento das

Donas de Casa(MDC), de BeloHorizonte, promovecampanha contra ouso abusivo do sacoplástico. A idéia é con-feccionar, a baixocusto, sacolas arte-sanais retornáveis. ACampanha Vai-e-Vem,como é chamada, érealizada através deoficinas na sede doMDC - na ruaGuajajaras, 40, 24ºandar, no Centro, eatenta para adiminuição do uso dassacolinhas descartá-veis. A campanhaconta, atualmente,com dez donas de casaque prestam trabalhosvoluntários na pro-dução das sacolas.

Para a presidente doConselho Diretor doMDC, Lúcia Pacífico,a medida vai deencontro a umatendência mundial deredução à produção doplástico. “Eu sou aprimeira a ir contra o

uso abusivo de sacolasplásticas”, ressaltaLúcia.

Retalhos de panossão usados para a con-fecção do material. Asoficinas acontecemdesde julho de 2008.As donas de casa sereunem todas as quar-tas-feiras, das 14h às17h. A iniciativa tam-bém serve para exerci-tar a criatividade dasdonas de casa, comcada uma dando seutoque especial na con-fecção das sacolas. Naprimeira etapa dasoficinas, 45 sacolasforam vendidas apreços que variaramde R$ 5 a R$ 15, noSupermercado ExtraSanta Efigênia, emdezembro de 2008. Omaterial produzido,desde então, já estásendo organizado paracompor uma segundaetapa de vendas, mas,ainda, não se tem umaprevisão de data paraque isso ocorra.

Departamento de Marke-ting, a decisão de trocar100% das sacolas de plásticocomuns pelas oxibiode-gradáveis surgiu na diretoriada empresa ao se perceberque esta já estava se tornan-do uma das simples atitudesque acabam fazendo umagrande diferença paraclientes e a sociedade emgeral. A analista de marke-ting do supermercado,Maria Fernanda Fonseca,afirma que mensalmente sãoultilizadas mais de 2 milhõesde sacolas para as três lojasde Belo Horizonte e o preço,que para o Verdemar é vistocomo investimento, ésomente 10% mais caro queas sacolinhas comuns.“Apesar de termos adotadoas sacolas oxibiodegradáveis,incentivamos sempre,através de promoções e embreves lançamentos, que oconsumidor traga sua sacolade casa. Aquela mais forte,resistente, de feira mesmo”,afirma Maria Fernanda.

Os outros projetos dosupermercado, neste sentidovão desde a caixa-ecológica(que ficam nos caixas eservem para que os clientesdeixem embalagens des-nessárias que levariam pracasa - como caixas de pastasde dente, embalagens dePague 2 leve 3, etc.) até a

Campanha de Reciclagem,montada em todas as lojas eque recebe além dos resíduossecos como papeis, plásticos,latas e vidros também osresíduos nocivos como pil-has e óleo de cozinha.

DESINFORMAÇÃO O sub-gerente, Alex Aurélia, dosupermercado Epa, localiza-do no Bairro SagradaFamília, na Região Leste deBelo Horizonte, está cienteda nova lei somente pormeio da mídia e de comen-tários ouvidos em palestrasorganizadas para fun-cionários do supermercado.Segundo o subgerente, nãohouve nenhum comunicadoformal do poder públicopara normas e procedimen-tos da lei. Alex ouviu dizerque o uso da sacola ecológi-ca serviria apenas paraembalar produtos que nãofossem do gênero alimentí-cio, como os produtos delimpeza por exemplo, já queo uso da sacola poderia con-taminar alguns alimentos.“Assim, a lei não seria eficaz,pois o consumidor seriaforçado a comprar sacolas depano, por exemplo, paraembalar os alimentos e paraos outros produtos o super-mercado forneceria sacolasecológicas” afirma Alex. Noentanto, a lei determina o

uso de sacolas ecológicaspara todos os tipos de pro-dutos, inclusive os do gêneroalimentício. Para o subger-ente do Epa, a lei tem queatender a necessidade docliente como um todo, semfalhas. “Eu acho correto ouso de sacolas ecológicas,pois sacolas de plástico agri-dem o meio ambiente, masnão só os estabelecimentosque devem adotar a medida,e sim todos nós”, ressaltaele.

Alex Aurélia ainda infor-ma que o supermercadoEpa, que gasta em média 30mil sacolas plásticas men-salmente, implantará a“nova sacola” assim que a leicomeçar a vigorar. A pro-dução poderá ficar umpouco mais cara, mas nãoafetará no bolso do consu-midor. “Se a lei existe, temosque nos adaptar a ela”,comenta ele.

A dona de casa OcelitaTeixeira da Silva, de 42anos, conheceu a lei tam-bém através da mídia eacha muito válida, já queserá para o bem do meioambiente. “As sacolas plás-ticas prejudicam muito. Jáestava passando da hora deser criada uma lei para isso.O melhor a se fazer é con-scientizar as pessoas ”,ressalta Ocelita.

Na sua rotina de donade casa, sempre que possív-el, leva com ela uma sacolade pano para fazer com-pras. Em casa, Ocelita con-fessa que usa sacola deplástico na lixeira, mas quenão gostaria. “Não tem poraí sacola ecológica igualtem a de plástico, por issoeu uso. Fazer o que?”

Para incentivar às enti-dades públicas ou privadasque apóiem as medidas depreservação ambiental e dedesenvolvimento sustentá-vel o decreto nº 13.446

prevê ainda a criação deum Selo de AtitudeAmbiental e o Selo AtitudeSocioambiental. O uso dosSelos será gratuito e se des-tinará como modalidade dereconhecimento a ser con-ferida aos estabelecimentosque preencherem ascondições previstas desteDecreto, em que a substi-tuição tiver caráter faculta-tivo, ou seja, entrefevereiro de 2008 àfevereiro de 2011, quando,então, a lei passa a ser obri-gatória.

Mudança deve garantir maiorsustentabilidade ambiental

O Coordenador do Cursode Ciências Biológicas daPUC Minas, Miguel Ângelode Andrade, reflete sobrealguns impactos da substi-tuição de sacolas plásticaspor sacolas ecológicas aomeio ambiente. Para ele, oprimeiro impacto será noresíduo gerado pelo uso dassacolas plásticas, no que dizrespeito ao volume e àcapacidade de degradaçãono meio ambiente. Osegundo é a questão daeducação da comunidadeem relação ao uso e a desti-nação desse tipo de resí-duo, além do entendimen-

to da necessidade de se vero ciclo dos produtos e nãosó o produto em si.“Precisamos saber de ondevem, como é consumido epara onde vão esses materi-ais”, ressalta Miguel. “Tudoisso é um impacto bastantepositivo”, completa.

Segundo ele, os grandesresponsáveis pela quanti-dade de resíduos descarta-dos no meio ambiente sãoos donos dos estabeleci-mentos. “Aqueles que for-necem sacolas plásticasdevem ser punidos, porquesão eles que disponibilizam,inconscientemente, grandes

quantidades de sacolas àpopulação, então eles têmde ser os responsáveis porcontribuir na gestão do resí-duo”, argumenta. Voltado,então, para a conscientiza-ção da sociedade, Miguelaposta em duas maneiras:na mídia massiva e namudança de hábito da po-pulação. “Da mesma formaque aconteceu com o cintode segurança, à medida queeu tive que usar o cinto, nocomeço me incomodoumuito pela falta de hábito epela pouca educação notrânsito, mas isso se incor-porou de uma forma natural

com o tempo”, enfatizou ocoordenador.

EVOLUÇÃO O advogadoAlexandre Leal atua na àreade direitos do consumidor, epara ele a conscientizaçãodeve ser a mais ampla pos-sível demonstrando as van-tagens de se viver com umamaior qualidade de vida.“Acredito que foi umagrande evolução, tendo emvista o tempo que os mate-riais plásticos demoram a sedecomporem no meio ambi-ente, juntamente pelaenorme quantidade que sãoconsumidas diariamente”,

Miguel Ângelo, professor da PUC Minas, avalia positivamente a mudança

afirma. Segundo AlexandreLeal, é necessário fiscaliza-ção para que a lei não caiano esquecimento e que opoder público cumpra com

sua função fiscalizando eimpondo multas para queas pessoas invistam e pos-sam preservar a vida da pre-sente e futura gerações.

MAIARA MONTEIRO

MAIARA MONTEIRO

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13Cultura • Perfil Abril • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

MARIA BETHÂNIA, UMENCONTRO DAS ARTES

Maria Bethania fez leitura de textos e poemas no projeto Sentimentos do Mundo

UFMG promove integração entre meio acadêmico e comunidade, em um evento que reune diversas manifestações artísticas

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SARA DUTRA,CLARISSE GODINHO, BRUNA FONSECA, CÍNTIA RAMALHO,1º PERÍODO

Não é de hoje que MariaBethânia se envolve com ouniverso literário. A estreianos palcos como cantora,ocorreu em um espetáculoteatral, o show “Rosa dosVentos”, em 1971, que mar-cou seu encontro com apalavra. A partir daí, a intér-prete baiana passou a uti-lizar em sua performancenos palcos a leitura de tex-tos e poemas mesclados àsmúsicas de seu repertório.

Nada mais natural, por-tanto, que Bethânia fosse aconvidada para a primeiraapresentação do ano do pro-jeto Sentimentos do Mun-do, promoção da Uni-versidade Federal de MinasGerais, que levou um grandenúmero de pessoas aoauditório da reitoria da ins-tituição, no Campus daPampulha, no dia 17 demarço último.

O evento, realizado desde2007, tem como objetivotirar a universidade de suarotina e promover a inte-gração entre meio acadêmi-co e comunidade, uma vezque é aberto ao público.Desde às 8h, uma fila comcerca de 50 pessoas já podiaser vista em frente ao prédioda reitoria. A partir da ini-ciativa dos próprios especta-dores, foram distribuídassenhas que garantiram aentrada no auditório.

A UFMG sempre convidaa participar do projeto umprofessor da própriainstituição e artistas popu-

lares, cientistas ou escritores,como Mia Couto, autormoçambicano de “O últimovôo dos flamingos”, o soció-logo português Boaventurade Sousa Santos, a críticaliterária argentina BeatrizSarlo e o especialista embioética Gregory Pence. Noano passado, o evento con-tou com as participações daativista ambiental e ex-primeira dama francesaDanielle Mitterrand e docineasta norte americanoDavid Lynch.

Para abrir a versão 2009do projeto “Sentimentos doMundo”, foram escolhidas aprofessora do curso deLetras, Lúcia CastelloBranco e a cantora MariaBethânia, que já trabalhamjuntas desde 2006. Elas atu-aram em conjunto na pro-dução de um documentário,“Mar interior”, ainda semprevisão de lançamento,que mostra a relação daartista com o universoliterário. Elas se conheceramdurante a produção do DVD“Língua de Brincar”, feitopela professora sobre o poetaManoel de Barros, no qualMaria Bethânia recitou“Ruína”.

Após esse primeiro conta-to, houve um estreitamentona relação, quando a trocade poemas entre as duas setornou constante. Foi entãoque Lúcia apresentou o tra-balho da escritora portugue-sa Maria Gabriela Llansol àcantora, que o utilizou emseus shows.

Apesar de o projeto serestruturado em debatesentre seus participantes,Maria Bethânia inovou ao seapresentar sozinha, recitan-

do. Lúcia Castello Brancoiniciou a apresentação com aleitura de um texto de suaautoria, “três lugares paraencontrar MB”, uma home-nagem à cantora.

Maria Bethânia entrouno palco vestida com umterno e sem sapatos, cantan-do à capela. Seu repertóriovariou desde GuimarãesRosa, Fernando Sabino,Clarice Lispector, PadreAntônio Vieira, até textos deautoria desconhecida, alter-nando a leitura com cançõespopulares como “Romaria”,acompanhadas pela platéia.“Acho os textos que elaescolheu muito pertinentes emuito lindos, a voz dela émaravilhosa, ela é muitocarismática. Adorei, atéchorei”, conta a uruguaiaViviana Ferrer, 33 anos,estudante de doutorado emmatemática da UFMG, aqual não conhecia o traba-lho de Maria Bethânia nemo projeto “Sentimentos doMundo”.

Com aproximadamenteuma hora de espetáculo,Maria Bethânia surpreen-deu. “A intenção era mostraro que significa o transportede você ficar ali sentado,ouvindo poesia com alguémque sabe ler e tem essapaixão, mas não imagineique a Bethânia fosse fazerum show, porque ela fez umshow”, comenta LúciaCastello Branco. Comcapacidade para 200 pes-soas, o auditório teve todosos seus lugares ocupados.Cerca de 500 pessoas, quenão conseguiram entrar,assistiram ao evento pormeio de telões, o que nãoimpediu a interação do

público, cujos aplausos pu-deram ser ouvidos de dentrodo auditório. “É um eventobom pela abertura e peloacesso. Essas coisas culturaistêm que ser cada vez maisabertas a todos”, aprovouEverton Vinícius, 25 anos,estudante de história daPUC Minas.

O espetáculo contou comum público variado, forma-do desde crianças a idosos,com maior presença de uni-versitários. “Acho uma ini-ciativa formidável, fiqueifeliz de ver o número de par-ticipantes jovens”, observa apedagoga aposentada Marí-lia Bombina. Ao fim doevento, Maria Bethânia rece-beu das mãos do reitorRonaldo Tadeu Pena, umaplaca de agradecimento comversos do ex-aluno e ex-pro-fessor da UFMG, EmílioMoura.

O vereador ArnaldoGodoy e o ex-prefeito deBelo Horizonte, FernandoPimentel, que é professor daUFMG, também prestigia-ram o acontecimento. “Foiuma visita da poesia e achoque Bethânia é muito inspi-rada, escolheu muito bem ostextos e ela tem uma pre-sença muito forte”, dissePimentel, que completou:“eu podia, vim e gostei,espero voltar nas próximasapresentações”.

No dia 2 de abril, aconte-ceu uma outra edição doprojeto “Sentimentos doMundo”, dedicada ao tema“Desafios e implicações dananotecnologia”. No dia 20de agosto, haverá a terceiraedição do ano que tratará de“Tecnologia, desigualdade eJustiça”.

“Eu sou o Brasil, eu sou misturada”Maria Bethânia afirma ter

escolhido os textos para suaapresentação no projeto“Sentimentos do Mundo”,com base na sua identificaçãocom a obra dos autores. ”Euescolhi para ler hoje textoscom os quais tenho algumaintimidade”, explicou a can-tora. Dentre os textos lidos,causaram surpresa os de auto-ria de Caetano Veloso e Titãs.

Quando questionada so-bre o convite para participardo projeto “Sentimentos domundo”, Maria Bethânia nãose fez de rogada. “Creio queme fizeram o convite porqueouso em cena. Além de can-tar, me expresso também coma palavra falada”, disse Eainda explicou sua paixãopela literatura e interpretação:“Não sou atriz, mas gosto deemprestar minha vida, minhavoz aos personagens, àshistórias que os autores nosrevelam, isso desde muito,muito cedo”.

A mais recente aventura dacantora no mundo literárioaconteceu na produção de seusdois últimos álbuns solo, lança-dos simultaneamente em2006, “Mar de Sophia” e“Pirata”, nos quais utiliza tex-tos da escritora portuguesa,Sophia de Mello Breyner.“Gosto de ser intérprete e demisturar poetas portuguesescom a literatura brasileira.Porque eu sou isso, eu sou oBrasil, eu sou misturada”, diz.

Dessa forma Maria Bethâniase firma, cada vez mais, como“cantora de leitura”, saindo dacondição de apenas intérpretepara a posição de escritora, jáque corta e edita os textos queutiliza em seus trabalhos.“Adorei dizer o que penso usan-do os autores que eu admiro eorientam minha vida, determi-nam muitas coisas. Deu traba-lho, mas gostei”, afirma. Quantoa ser uma “cantora de leitura”,brinca: “ Ah, isso é coisa de poeta(risos)”.

Marcelo Blade é referência na alfaiataria em BHn

JOSÉ CARLOS MENDES, 4º PERÍODO

Há 17 anos, Marcelo Blade inova em suas criações como alfaiate da capital

JOSÉ CARLOS MENDES

Marcelo Blade é um con-ceituado alfaiate mineiro quedesenvolveu o gosto pelas li-nhas e agulhas ao frequentar,desde os cinco anos, o ateliêdo pai, transformando-o emcenário para suas brincadeiras.Dessa forma, ele herdou ogosto pela alfaiataria e deusequência ao trabalho paterno.Com 17 anos de atividade,Blade faz nomes para impor-tantes personalidades de Mi-nas, a exemplo de seu pai, quetinha como clientes políticos eempresários mineiro.

Hoje, Blade trabalha emcasa, onde tem o seu próprioateliê, além de atender tam-bém a domicílio. As roupasfeitas por ele são conhecidaspelo caimento impecável,diferencial que conquistouclientes como o prefeitoMárcio Lacerda, o ex-prefeitoRonaldo Vasconcellos, o advo-gado Marcelo Leonardo, quejá foi presidente da seçãomineira da Ordem dosAdvogados do Brasil (OAB-MG), e o meia-atacanteWagner, um dos destaques dotime do Cruzeiro.

Blade observa que a maior-ia de seus clientes segue umatradição familiar. “Meusclientes são pessoas muitobem sucedidas, minha roupa épara diretores”, ressalta o alfa-iate, que não vê com otimismoo futuro da profissão. Elepercebe pouco interesse dosalunos de moda pela alfa-iataria, além das mudanças domercado que hoje trabalha

com roupas “mais fast” e apreços muito mais acessíveis.

“A mudança é terrível paratodas as áreas, mas estou ten-tando incentivar algumas pes-soas para aprenderem, masnão está fácil”, observa. Bladeafirma que no que dependerdele a profissão de alfaiatarianunca acabará. O alfaiate rev-ela que tem investido cada vezmais em peças artesanais e

com um diferencial, mas con-corda que cada vez mais pes-soas procuram menos este tipode profissional devido à corre-ria do dia a dia, sem contar queo mercado está repleto deestilistas que criam duas vezesao ano uma nova coleção, aspessoas também consomemcada vez mais.

Sem uma formação emmoda, Marcelo Blade já foiprofessor em uma universi-dade, que abandonou por nãoconseguir conciliar a vidaacadêmica com a do ateliê.Blade conta que aprendeutudo o que sabe na vivência noateliê do pai e que a cada diaaprende algo novo trabalhan-do como costureiro. Ele passa-va os domingos brincando noateliê do pai, riscando as pare-des com o giz de alfaiate,inventava brinquedos com oscarretéis, linha e agulhas, e emseguida passando a ajudar opai com as encomendas e,mais tarde, como assistentefinanceiro do ateliê do pai.

Quando já era profissional,Marcelo criou a Blade Runaw,fabrica na qual começa a repro-duzir as suas próprias roupas,sempre com uma pegada dealfaiataria, vanguarda e refer-ência européia, com peças com

acabamento de primeira quali-dade. “Introduzi uma modaeuropéia que foi um sucessodanado, que veio a ocupar umnicho que estava carentenaquele momento”, comenta.

Para se manter atualizado,Marcelo Blade revela que jáacompanhou várias edições desemanas de moda em dife-rentes capitais brasileiras, masdiz que deixou de fazer isso.“Tenho uma preguiça das se-manas de moda, pois em todosos desfiles que fui eles atrasam,e aquele atraso ali me fazperder a graça de todo o even-to”, justifica.

Por esse motivo, MarceloBlade diz acompanhar essetipo de evento mais pela tele-visão. Ele diz gostar muito dotrabalho de estilistas interna-cionais como Domenico Dulcee Stefano Gabbanna da grifeDulce Gabbana, e MiucciaPrada, a estilista da grifePrada.

Para Maristela, uma dosdez funcionárias do ateliê deBlade, o ritmo de trabalho ali émuito intenso e corrido, mascom muita diversão. “Gostomuito do trabalho do Marcelo,e de trabalhar com ele. Alémdele ser uma pessoa sensa-cional, é muito profissional”,

afirma Maristela, que trabalhahá um ano com o alfaiate.

Atualmente, além da con-fecção de roupas MarceloBlade também divide seutempo com outras atividadescomo mestre de cerimônias doFestival da Loucura deBarbacena, onde juntamentecom os seus assistentes, brincacom o publico. Atua tambémcomo showman em lançamen-tos de galerias de arte e baresda cidade, e até animador defesta.

Ele organiza também umbloco de carnaval na cidadehistórica de Tiradentes. Eleconta que naquele momentose transforma no “personagemBlade”, quando veste cartola esaia, saindo pelas ruas fazendointervenções e “muita festas”.

O alfaiate e artista deixatransparecer seu jeito irrever-ente e divertido, em suas brin-cadeiras e obras, espalhadaspor Belo Horizonte, conheci-das como iconografiasurbanas. Elas são peças intera-tivas, feitas a partir de sucataencontrado por onde passa eque ele transforma em arte.“Hoje em dia me consideromuito mais artista do queestilista”, comenta MarceloBlade.

MAIARA MONTEIRO

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14CidadaniaAbril • 2009jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

FAMÍLIAS SOLIDÁRIAS DOAM AMORO Serviço Famílias Acolhedoras é um programa que envolve crianças em situações de risco e famílias que se oferecem a cuidá-las. É a opção indicada para que elas não fiquem em abrigos

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LÍVIA ALEN, 3º PERÍODO

Projeto que visa enca-minhar crianças de até seisanos, consideradas em situ-ação de risco, para laresonde serão cuidadas portempo determinado, oServiço Famílias Aco-lhedoras realiza o primeiroacolhimento em BeloHorizonte. O objetivo donovo programa social é dartempo e condições paraque a família de origem dacriança consiga se reestru-turar, permitindo sua voltaà casa, sem correr nenhumtipo de risco.

O serviço está sendoimplantado em outroslugares do país. Em BeloHorizonte é uma iniciativada Prefeitura Municipalexecutada pelo InstitutoFelix Guatarri, em parceriacom a Secretaria de Estadode Desenvolvimento Socialde Minas Gerais e com oColégio Loyola. A sede foiinaugurada em julho de2008 e teve como pri-meiras missões a monta-gem de um banco de da-dos e a capacitação de pos-síveis famílias acolhedoras.Atualmente há uma famíliaacolhendo uma criança,três outras preparadas euma família cadastrada,mas ainda sem concluir acapacitação.

As crianças são enca-minhadas para o programapelo Juizado da Infância eJuventude quando se con-sidera que estão em risco,como situações de ne-gligência, violência domés-tica e sexual. A família deorigem perde a guarda domenor, mas entende-se quehá condições de ela se recu-perar. O juiz concede aguarda provisória, de três a18 meses, à família substi-

As famílias participantes devem estar dentro de alguns critérios, mas ter carinho e amor é o mais importante

tuta indicada pelo progra-ma.

A coordenadora doserviço, em Belo Hori-zonte, psicóloga LindalvaMartins de Abreu, explicaque, dessa forma, evita-se a“institucionalização dascrianças”, que seriam en-caminhadas a abrigos, alémde garantir o cumprimentodo artigo 19 do Estatuto daCriança e do Adolescente.Ela diz que “toda criançaou adolescente tem direitoa ser criada e educada noseio da sua família e, excep-cionalmente, em famíliasubstituta, assegurada aconvivência familiar ecomunitária, em ambientelivre da presença de pessoasdependentes de substânciasentorpecentes”.

Lindalva Martins revelaque apesar de existiremabrigos bem estruturados,eles têm limites por sereminstituições e cuidarem de

várias crianças. Ao mesmotempo se tenta ajudar àfamília de origem para queesta consiga ter condiçõesde cuidar dos filhos nova-mente, como auxílio paratratamento contra uso dedrogas ou profissionaliza-ção. Todos os envolvidos –crianças, famílias biológicase substitutas – contam comapoio psicossocial de umapsicóloga e duas técnicassociais.

Enquanto a criança estáacolhida acontecem encon-tros entre as famílias e acriança na sede do serviço,com o objetivo de manter efortalecer os laços fami-liares biológicos. Dessaforma, Lindalva Martinsexplica que quem sedisponibiliza a acolher nãovai apenas cuidar de umacriança, mas participar dareestruturação de suafamília.

Quem se cadastra não

pode escolher nenhumacaracterística da criança ouda família de origem, pois,segundo a coordenadora,isso seria preconceito emais uma forma deexclusão sofrida pela cri-ança. “Ela não pode ter pre-conceito em relação à cri-ança e à família dela”,ressalta a psicóloga. As ca-racterísticas da famíliasubstituta, entretanto, sãoconsideradas pela equipedo serviço. A psicólogaexplica ainda que a equipevai trabalhar para que a cri-ança entenda e valorize oslaços com sua família deorigem. Assim, pretende-seque as possíveis mudançassocioeconômicas sejam a-menizadas. Ela ressalta quecada caso deve ser analisadoisoladamente. “A genteainda não tem pronto comoessas relações se estabele-cem”, diz.

A difícil adaptação dascrianças nas famílias

“Em termos gerais afamília seria mais interes-sante do que o abrigo”,diz o psicólogo judicial doTribunal de Justiça, mes-tre em psicologia socialpela Universidade Federalde Minas Gerais (UFMG)e doutorando em psicolo-gia clínica pela Uni-versidade de São Paulo(USP), Hélio Cardoso deMirando Júnior. Ele colo-ca que o fato de uma cri-ança passar de umafamília para outra nãocausa necessariamente umproblema psicológico.

O especialista explicaque algumas vezes afamília substituta, noentanto, pode não ser tãointeressante se o ambientefor muito distinto, masacredita que suposta-mente os núcleos fami-liares se preparam parareceber a criança, o quefacilitaria a adaptação.Outro fator é que se a cri-ança foi retirada de umasituação de risco ela ten-derá a se adaptar indepen-dente do lugar devido aoalívio e conforto propor-cionados.

O psicólogo diz quepode acontecer de o juizentender uma situaçãocomo de risco, mas a cri-ança não perceber assim.Dessa forma ela sentiráque está sendo retirada desua família. Ele explicaque normalmente as cri-anças desejam retornarpara seus lares. E ressaltaque cada caso deve ser

percebido individual-mente.

CONFIANÇA A economistaCarmem Almeida Naves,de 47 anos, mora sozinha equer acolher uma criança.Ela já passou pelas etapasde avaliação e para setornar acolhedora falta ape-nas a capacitação. “Euacredito muito no projeto”,diz Carmem, que aindacompleta dizendo que acoordenação do projetoestá muito interessada emfazer com que o mesmo dêcerto.

Carmem, que antesmesmo de encontrar esseprojeto já estava em buscade um trabalho social, dizque não tem interesse emadotar, seu interesse é aco-lher com amor e carinho,além de trabalhar juntocom a família biológica ecom a equipe do serviço.Ela explica que é como umtriângulo baseado nasfamílias e no serviço. “Omais bacana disso é con-seguir reintegrar a famíliacomo um todo”, concluiela.

A economista, que teveacesso ao projeto por email,acredita que se a criançanão conseguir ser reintegra-da a família, será uma “que-bra do processo”, e elaavalia isso como um grandeprejuízo, uma vez que o queestá faltando hoje àsociedade é o laço familiar,como o que ela teve em suafamília.

Centro Cultural do Bairro PadreEustáquio recebe índios Pataxós

Alunos observam curiosamente a apresentação dos Índios Pataxós

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MARCELO COELHO DA FONSECA, 5º PERÍODO

Nós vamos ver os índiosmesmo? Será que é alguémfantasiado? Eles andam pela-dos? Eles são muito bravos?Essas foram algumas das per-guntas feitas pelos alunos da1º e 2º série da EscolaEstadual Sarah Kubitschekantes de visitar o CentroCultural do Padre Eustáquio,que recebeu índios da triboPataxós nos dias 22, 23 e 24de abril. A atividade fezparte dos Ciclos de Debate eReflexão sobre a cidadaniaindígena, que também apre-sentou exposições de arte,artesanato e pintura corporalindígena. É importante queos meninos tenham conheci-mento da diversidade cultu-ral brasileira. Muitas cri-anças não conhecem sobre oíndio, sua história e os pro-blemas atuais deles”, contaFátima Yoshida, professorada E.E. Sarah Kubitschek.

Além de assistirem àsapresentações de dança, os

alunos também participaramdo ritual seguindo os índios,que cantaram e falaram sobreseus costumes nas aldeias.

REAÇÕES Pedro HenriqueAguiar de Oliveira, aluno daE. E. Sarah Kubitstchek, par-ticipou das atividades e ficouimpressionado com as de-monstrações. “O que maisgosto nos índios é a dançadeles, e também das pinturasque eles fazem no corpo parair para as lutas”, conta Pedro.Fernanda Aguiar, mãe dePedro, que acompanhou aexcursão, defende uma maiorpresença do tema índio nasescolas brasileiras. “Os índiosestão perdendo muito desuas antigas características, jánão são mais os mesmos deanos atrás. Por isso é aindamais importante que as cri-anças conheçam sua cultura,para que jamais caia noesquecimento”, conta.

Já Emanuelle AmandaMoreira Silva, aluna daprimeira série, se impressio-nou mesmo pelo vestuárioindígena, que pôde ver de

perto pela primeira vez. “Aroupa deles é o mais legal,muito diferente mesmo. Anão ser na televisão, eununca tinha visto um índiode verdade não”, contaEmanuelle.

A índia Wanaty, que noidioma português significaRosa, explica que a sociedadefica muito mal informadasobre a verdadeira realidadede seu povo em muitos casos,e defende uma atitude maiscorreta por parte da mídianacional sobre os problemasindígenas dos dias de hoje.“Tem muita gente que só vêcoisa ruim sobre nosso povo,o que não é verdade de formaalguma. Às vezes passamnossa imagem como bagun-ceiros, que só fazem baderna,mas isso é uma mentira. Atelevisão e os jornais nemsempre explicam nossasreivindicações e lutas, quesão em busca dos nossospróprios direitos”, afirmaWanaty. Sua tribo Pataxó,veio para Minas há 32 anos,depois de perder as terraspara fazendeiros baianos.

A professora da educaçãoinfantil da Escola MunicipalPadre Guilherme Peters,Giorgina Maria da SilvaAlves, acrescenta que o con-tato com o índio é essencialpara os alunos, e os elemen-tos da cultura indígenadevem ser muito exploradospelos educadores, comoforma de conscientização daimportância de preservardiferentes culturas. “Está-vamos estudando sobre osíndios em sala de aula, mas ocontato pessoal de cada cri-ança com eles é outra coisa.Eles ficaram extasiados aover os índios de perto. Essacultura deve ser sempre res-gatada, principalmente nasescolas”, aponta Giorgina.

Se para as crianças a pre-sença dos índios foi umaótima experiência, para acomunidade a visita dosPataxós também foi muitobem recebida. Foram apre-sentadas danças e amostrasda arte indígena, além dedebates aberto à participaçãopopular sobre a cidadaniaindígena.

Paulo Souza Carvalho,morador do Padre Eustáquiohá mais de 40 anos, esteve eassistiu as apresentações econtou sobre a visão do índiona sua época de criança.“Quando eu era menino sem-pre ouvia falar deles, eramquase que lendas queouvíamos falar. Apesar deque no interior em que mora-va, a gente era muito pareci-do com os índios. Tínhamosmuitas coisas em comum,eramos desligados de tudoque é meio de comunicação”,brinca Paulo.

Gildete Mafra, diretora docentro e responsável pelaorganização do evento, expli-ca a necessidade de passarpara a sociedade que o índiotambém é um cidadão donosso país. “Trabalhamosdentro de um ciclo dedebates que levasse à reflexãoem busca do conceito decidadania. Através daConstituição Brasileira oindígena, como qualqueroutro cidadão brasileiro, temos direitos defendidos pelalei, e isto deve sempre serrespeitado”, destaca Gildete.

MAIARA MONTEIRO

MAIARA MONTEIRO

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15SaúdeAbril • 2009 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

PRÉ-NATAL ESPECIAL À MÃES ESPECIAISAssistência diferenciada à gestantes soropositivas garante crianças sadias e mamães felizes. No Ambulatório Carlos Chagas, médicos e estudantes investem na conquista de adesão ao tratamento.

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ALINE SCARPONI,JOYCE SOUZA, VANESSA ZILIO,3º PERÍODO

A gravidez correspondea um período de oscilaçõesna vida de uma mulher,mas para algumas delas,esses desníveis aindapodem ser maximizados. Éo caso das gestantes porta-doras do vírus da Aids(Síndrome da Imunode-ficiência Adquirida). Paraessas mulheres, o acom-panhamento médico du-rante os nove meses degestação, o pré-natal, éessencial e permite quemedidas específicas sejamtomadas para reduzir orisco de contágio da cri-ança.

O exame de sangueconstitui um dos primeirosprocedimentos realizadose através dele são identifi-cados anticorpos contra ovírus HIV, o anti-HIV, casoa mulher esteja infectada.Detectado o problema, assoropositivas podem serencaminhadas para umtratamento diferenciadoque atenderá às suasnecessidades. Muitas mu-lheres só descobrem queestão contaminadas após arealização dos exames derotina do pré-natal, o quecomprova a importânciadessa avaliação.

O diagnóstico precocedo contágio possibilita oinício do tratamento e difi-culta a transmissão verti-cal, quando o vírus passada mãe para o filhodurante a gestação, o partoou através da amamen-tação. As pacientes sãomedicadas com anti-retro-virais (AZT) e acompa-nhadas pelo obstetra epelo infectologista. Parareduzir o risco de trans-missão, as soropositivas

Mulheres HIV positivas recebem acompanhamento diferenciado durante os nove meses de gestação

são sempre orientadas arealizarem cesárias e a nãoamamentarem.

O Centro de TratamentoEspecializado no Ambu-latório Carlos Chagas, per-tencente ao complexo doHospital das Clínicas daUniversidade Federal deMinas Gerais (UFMG),recebe, aproximadamente,23 mulheres HIV positivastodas às quartas-feiras parao acompanhamento do pré– natal. A avaliação con-tínua tem como principalobjetivo verificar a evo-lução da doença e dosriscos da transmissão verti-cal. As portadoras do vírusrecebem medicações diá-rias, para controlar a cargaviral e fazem exames desangue, entre os intervalosdas consultas, para que osmédicos interpretem asreações provocadas pelosremédios, assim como paraque possam descobrir se os

medicamentos foram ad-ministrados de forma ade-quada. Para Marcelo Men-des, estudante de medicinada Universidade Federal deMinas Gerais, que trabalhanesta ala do ambulatóriohá três meses, a maior difi-culdade é a negação aotratamento. “Muitas pa-cientes são relutantes emtomar os remédios. Oscomprimidos são grandes,desconfortáveis, e devemser ingeridos algumas vezesao dia”, enfatiza.

O acadêmico do décimoperíodo de medicina daUFMG, que trabalha noambulatório, Lucas Rochada Costa Filho, explica queo pré-natal realizado éespecial, uma vez que épedido à gestante que rea-lize exames em períodosmenos espaçados. Alémdisso, a partir da décimaquarta semana de gestação,a “futura mamãe”, mesmo

que não tenha apresenta-do, devido á doença, umquadro imunológico propi-ciador de início de inter-venção medicamentosa,começa a tomar remédiosde forma profilática. “Cha-mamos isso de terapia anti-retro viral profilática. Elausa essa mediação paraprevenir a infecção do feto.Se ela mantiver essequadro de baixa carga viral,após o parto, o uso damedicação é interrompi-do”, explica.

O perfil das gestantes édefinido pelo ginecologistaresponsável por esta ala doAmbulatório Carlos Cha-gas, chamada PNAR (Pré-Natal de Alto Risco),VítorHugo de Melo, como “mu-lheres geralmente jovens,abaixo dos 30 anos,pobres, heterossexuais e,ao contrário do que sepensa, com relaçõesestáveis.”. Victor, que tam-

bém é professor associadoda Faculdade de Medicinada UFMG, explica quemuitas mulheres se desco-brem portadoras do vírusHIV, quando realizam opré-natal, uma vez que nãoexiste um rastreamentopara a AIDS. Para ele, essadescoberta, pode ser umforte agravante no quadropsicológico da gestante.“Elas descobrem que estãográvidas e que contraíramo HIV de seus parceiros. Apartir deste momentonasce o medo da morte, jáque a doença é estigmati-zada pela sociedade, e asincertezas quanto a saúdedo filho”.

POLÍTICAS PÚBLICAS Se-gundo dados apresentadosdurante o Congresso Bra-sileiro de Prevenção àsDST/AIDS, realizado emBelo Horizonte, no segun-do semestre de 2006, háaproximadamente 240 milmulheres em idade repro-dutiva portadoras do vírusHIV, mas a maioria nãosabe que está infectada.Dessas, apenas 62% temacesso ao teste do HIVdurante a gestação.

Entretanto, Victor acre-dita que as políticas públi-cas brasileiras estão “bemeficientes” e possibilitamampla assistência as ges-tantes soro positivas. Deacordo com ele, hoje se temum serviço de referência,que se for bem utilizado, etiver o tratamento seguidocorretamente, possibilita àsgestantes uma “gravideztranquila, normal”.

O estudante de medici-na, Lucas Rocha afirma quehá uma taxa de falha notratamento mundial de pré-natal das gestantes de altorisco, de 3%, sendo queaqui se incluí as pacientes

que não seguem a terapiacorretamente. Entretanto,ele explica que “no nossoambulatório (AmbulatórioCarlos Chagas), não hánenhum caso de pacienteque seguindo corretamentea terapia tenha uma criançasoro positiva. Então, aqui, ataxa de transmissão verticalé zero”, contabiliza.

HUMANIZAÇÃO Para osuniversitários que traba-lham na ala de pré-natal dealto risco do AmbulatórioCarlos Chagas, o conheci-mento adquirido trans-cende o aprendizado técni-co-científico. Devido àsnecessidades especiais dagestante soropositivas, osestudantes são convidadosa refletirem aspectos comopreconceito e necessidadede acompanhamento psi-cológico. “É um contatoenriquecedor por váriosmotivos. Essas pacientestêm necessidades emo-cionais e psicológicas queem outros pré-natais nãoocorre. Além disso, o fatode ser uma doença rela-cionada ao ato sexual, fazcom que a sociedade aindacontinue a estigmatizan-do”, comenta Lucas Rochada Costa Filho.

O estudante aindacomenta que essas pa-cientes geralmente “falampouco e têm muita dificul-dade no começo do trata-mento, principalmente, detocarem no assunto dainfecção”, e esse é um dosprimeiros desafios enfrenta-dos pelos médicos. “Nósprecisamos aprender a do-sar o quanto podemos ofe-recer ao paciente sem ser-mos impositivos ou autori-tários. Temos que conquis-tar a paciente para termossua adesão. Essa é a partemais difícil”, desabafa.

Descoberta de Carlos Chagas completa 100 anosn

FERNANDO ROCHA,3° PERÍODO

No início do séculoXX, convidado porOswaldo Cruz, o médicomineiro, recém-formado,Carlos Chagas (1978-1934), voltou à Minaspara tratar do surto demalária que assolava onorte do estado. Aochegar a Lassance, muni-cípio de Minas Gerais,alertado por um fazen-deiro da região, conheci-do por Vovô Evaristo, ocientista passou a exami-nar o barbeiro, e desco-briu que ele carregava oagente causador do Malde Chagas. Então, emabril de 1909, o médicosanitarista anunciou aomundo a descoberta deuma nova doença huma-na, identificando seuagente causador, o proto-zoário, Trypanossoma cruzie seu vetor, o barbeiro,Triatoma infestans, co-

nhecido popularmentepor “chupança”.

Diagnosticada atravésde exame parasitológico adoença afeta, principal-mente, o coração, o esôfa-go e o intestino. A trans-missão se dá pela picadado barbeiro contaminado,por transfusão de sanguee via placentária. Recen-temente, foi descobertoque também pode se darpela ingestão de açaí ecaldo de cana contamina-do. O mal de Chagasapresenta duas fases, umaaguda – que pode não afe-tar em nada a pessoa, eoutra crônica – queprovoca uma lesão nocoração, causando insufi-ciência cardíaca ou mortesúbita, e atinge popu-lações de toda a AméricaLatina, sobretudo, emregiões mais pobres.

O professor e pes-quisador de doenças tro-picais da Faculdade deMedicina da UFMG, JoãoAmílcar Salgado, 72 anos,

conta que em suas expe-riências profissionais exa-minou, aos 53 anos, amenina Berenice, o pri-meiro caso da doençaidentificado pelo médicosanitarista, quando elatinha apenas 2 anos deidade. Autor do livro inti-tulado, provisoriamente,por “O caso Berenice”,doutor Amilcar disse queBerenice, que tinha a faseaguda da doença, faleceucomo qualquer outra pes-soa e, portanto, não deChagas. Segundo o estu-dioso, Charles Darwintambém pode ter contraí-do a doença enquantoviajava pela Ilhas Ga-lápagos.

Para o médico, CarlosChagas foi o maior cien-tista brasileiro, pois foiautor de um feito inéditona história da medicina.Descobriu a doença deChagas de maneira dedu-tiva, isto é, apontou,primeiramente, sua causa,e depois a doença.

Segundo o médico, nor-malmente estas descober-tas são feitas de maneiraindutiva. Ele acredita que“para ter um cientistamaior que Carlos Chagas,teria que ser feita umadescoberta deste nível. Eas pessoas não enxergamisso”, diz.

Apesar de não ter ga-nhando o prêmio Nobelde 1921, Chagas tevereconhecimento interna-cional e assinalou ummarco na história da me-dicina e saúde brasileiras.“Há possibilidades deCarlos Chagas ter ga-nhado o prêmio Nobel,pois parece que a Aca-demia Nacional de Me-dicina informou aos pro-motores da premiaçãoque não houve nenhumadescoberta”, contesta oprofessor. “O próprio Bra-sil fez Chagas perder oprêmio”, completa.

Após 100 anos dedescoberta, a doença diag-nosticada por Chagas

João Amílcar lançou um livro com seus estudos sobre a doença de Chagas

ainda não foi erradicadadefinitivamente. Poucomudou de lá pra cá, aforma de prevenção con-tinua sendo o extermíniodo vetor e, ainda, não temremédios eficazes no seutratamento. Assim como aleishmaniose, o mal deChagas é uma outra

doença pouco estudadapela indústria farmacêuti-ca. “As multinacionais far-macêuticas negligenciam asaúde, elas querem olucro”, afirma DoutorJoão Amílcar que vê poucointeresse por parte doscientistas em acabar comas doenças tropicais.

MAIARA MONTEIRO

MAIRA MONTEIRO

Page 16: Jornal Marco - Ed. 265

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disco foi o disco que me levou para agravadora que eu estou hoje, que é aDubas. O Ronaldo Bastos que é o dono dagravadora, ele é parceiro do Milton, életrista também, do Lô, do Beto Guedes,Ed Mota, o Ronaldo ouviu o disco e gostoue falou: quero te contratar. Adorei o disco.E eu falei: pô, mas logo o disco que eu nãofiz para a gravadora, não fiz nenhuma con-cessão de fazer essas coisas de múscia popde colocar um refrão repetindo 50 vezes.Fiz a música do jeito que eu queria fazer. ORonaldo gostou das letras. Uma músicachamada “Escândalode Luz” que ele gos-tou mais e ai me con-tratou e a gentelançou o disco pelaDubas. Quando eu ialaçar o segundo, eleteve uma idéia de eupegar as músicas queeu gostava mais doClube da Esquina egravasse essas músi-cas do mesmo jeitoque eu fiz o “Zunzun”, bem levinho, comoutra interpretação, só com violão, e ai agente fez um disco chamado “Esquinas deMinas”. Como ficaram faltando algumasmúsicas e esse disco vendeu legal, tambémporque é só de músicas consagradas doMilton, do Lô, do Beto Guedes, esses dis-cos todos são lançados no Japão tambémque tem um público bom para a músicabrasileira, ai o Ronaldo falou para eu fazeroutro. Ai eu fiz o “Esquinas de Minas II” efiquei esperando para lançar o “Belê”, quetem “Vagalumes”. E agora que ele saiu.Então o próximo é uma continuação donosso trabalho autoral. É um pouco do que

foi feito no “Zunzun” com um pouco do“Belê”, com “Vagalumes” e as bossas quetem lá. Então é mais ou menos a mesmaonda.

E esse quinto CD vai seguir essa linha mais suave?É claro. Nós fizemos com banda também.Eu estou gostando de fazer música maisassim. Eu já passei por muita confusão,com rock, banda de rock, barulhada, eunão aguento mais isso. Eu gosto de lugarmais silencioso, tipo teatro, com som bai-

xinho, para você podertocar conversando, sem terque gritar aquele negócio“Vamo moçada, vamospular...”

Muitas das suas músicas,desse CD novo, são veicu-ladas na internet, noYoutube....É, porque eu fiz umaexperiência de tocar algu-mas em shows. A gente

fica fazendo disco louco para tocar logo, edemora para você fazer um disco, porquevoce tem primeiro que compor, depois daruma trabalhada na música, tem que ter aidéia, que aí você pega um gravadorzinho,um violão e ai gravo. Ai amanha você vaiouvir para ver se não estava horrível, sevocê não estava só empolgado com aquelemomento ou se da para trabalhar. Quandonão dá para trabalhar, você pega e jogafora. Quando dá, você vai experimentar,vai trabalhar, ter uma idéia para a letra.Escrever letra é um negócio que demoramuito. Depois que você definiu as músicas,

AffonsinhoEntrevistaMÚSICO

[ ]“EU AMO MÚSICA. SE EU VOU GANHARDINHEIRO OU NÃOVOU, NADA DISSO

IMPORTA”

DO ROCK’N ROLLAO TÍPICO ESTILODE AFFONSINHOEle ganhou seu primeiro violão de John Lennon aos cinco anos. “Eu pensei: nossa meu pai, amigodo John Lennon... É claro que eu acreditei. Pai é pai”. O compositor, intérprete, professor de guitar-ra de Samuel Rosa, além de jornalista, Affonso Heliodoro dos Santos Junior, mais conhecido comoAffonsinho, conheceu a fama na banda de rock dos anos 80, Hanói-Hanói, que emplacou sucessoscomo “Totalmente demais” e “Rádio Blá”. Ele estudou na escola Berklee College of Music (USA)e é considerado um dos melhores guitarristas do Brasil. Foi eleito o melhor instrumentista do Fesbelô2000 e agraciado com o Troféu PróMúsica, na categoria de melhor cantor. Atualmente, com mais de20 anos de carreira, está em estúdio gravando seu quinto CD solo, no qual reafirmará seu novo esti-lo que, segundo ele, é uma mistura de bossa nova, pop e jazz. “Minha música é um pouco do que euvivi, com um pouco do que eu observei, com um pouco que a gente fantasia”, diz. Nesse “bailado delibélula”, trecho de um de seus maiores sucessos “Vagalumes”, Affonsinho admite que a mudançaocorreu quando ele pode “começar a ter mais coragem” para ser ele mesmo. Em entrevista ao JornalMARCO, o cantor relembra sua trajetória na música, comenta influências familiares e profissionais,analisa a situação da música mineira no país, pontua a importância do bom relacionamento do artistade hoje com a tecnologia, além de ressaltar o amor que sente pelo seu trabalho. “Eu não consigo fazeruma música se eu não amar aquela música, não consigo fazer um show, se não estiver amando estarali”, conta.

Você conheceu o sucesso no Rio deJaneiro, dentro da Hanói-Hanói, participavaaté de programas do Silvio Santos, e hojevocê toca para um público muito específi-co. Para você isso foi uma evolução ou umainvolução? Eu não vou dizer evolução, porque senãofica parecendo um pouco pretencioso. Masacho que seguiu um fluxo natural. Eucomecei a tocar rock porque era adoles-cente e todo mundo ouvia rock no colégio.Mas eu já tinha escutado coisas quando euera pequeno. Mas se eu tocasse o que euouvia quando pequeno, meus amigos nãoiam gostar. Eu ouvia as coisas que meu paiouvia. Coisas que eu sou apaixonado hoje.Coisa dos musicais americanos. Depois ascoisas do Brasil, Noel Rosa, DorivalCaymmi. Eu gostava e esse negócio estavaguardado lá. Daí eu fui pro Rio tocar rock.Quando eu pude começar a ter mais co-ragem pra ser eu mesmo, eu comecei afalar: olha eu gosto também de cantarbossa nova, do João Gilberto que o meuirmão mais velho ouvia. Eu acho legal. Aicomecei a descobrir que a minha voz com-binava mais com a bossa do que com orock. E eu conversei com o PaulinhoMoska sobre isso uma vez, a geração dagente pegou o Caetano, o Chico, o Gil, eao mesmo tempo Jimy Hendrix, Beatles...a gente ouvia isso. Era uma mistura dana-da. Eu sempre fui muito ligado em letra demúsica. Desde pequenininho eu gostava.Meu pai me levou pra assistir o Help dosBeatles, quando eu era pequeno, e eucomecei a tocar por causa disso. Oprimeiro herói que eu tive na vida foi oJohn Lennon. Antes de Batmam, e dequalquer outro depois. Coitado do meupai... me levou uma vez pra ver o filme edepois teve que me levar outras 80 (risos).Nessa época eu morava no rio. Um diameu pai ganhou um violãozinho, umamigo deu pra ele lá em Copacabana, ondea gente morava, e ele chegou em casa, euera pequeno, e falou assim: meu filho, eutava andando lá na rua tal, enfrente aColombo, que era uma confeitaria famosano Rio, e encontrei com John Lennon efalei com ele “meu filho é seu fã”ai o JohnLennon respondeu “ah é? Então leva esseviolão aqui pra ele.” Eu pensei: nossa, meupai, amigo do John Lennon... É claro queeu acreditei. Pai é pai. Nem pensei queJohn Lennon falava inglês (risos). Daífiquei com aquele violãozinho lá e tentavatocar e não conseguia nada. Ai depois umprimo me ensinou alguma coisa e eucomecei a aprender.

Como você define seu som?É um pouco de bossa nova, com um poucode pop, mas não um pop como do Skank.Tem só a pegada de pop, porque eu nãogosto muito de música Pop mais não. Temmuita coisa de blues também. Eu acholegal a gente misturar, já que a gente temessas influências todas. João Gilberto, JimiHendrix, é bom a gente misturar um como estilo do outro. Tem um pouco de Jazztambém.

E há influências da sua formação jornalísticano seu trabalho como compositor?Olha, eu sempre gostei de escrever. Fuifazer jornalismo por isso, já que a famíliaficava falando que música não dá dinheiro,como se jornalismo desse dinheiro!(risos).Mas o negócio é que no jornalismo vocêvai escrever outras coisas. Se eu fosseescrever música eu acho que ia ser umpouco complicado porque eu ia estarfalando dos meus colegas de trabalho.Então é meio anti-ético eu falar de umcara que eu já toquei com ele, meu amigo,fica um negócio meio complicado.Escrever sobre outra coisa eu acho que nãoteria paciência para estudar e escrever.Sobre cinema e teatro, por exemplo, den-tro da área de cultura, eu prefiro não meaprofundar para não ficar com uma coisachata que eu tenho na música que é ouvi-do crítico. Eu vou a um show, como eu tra-balho com isso há muitos anos, eu vououvindo e sem querer eu faço comentários.

O que o público pode esperar do seu quinto CD?Na verdade é o terceiro autoral por essagravadora, que chama Dubas. Eu fiz oprimeiro em 2000 chamado “Zunzun”. Eutinha feito dois discos ainda nessa coisa detransição do pop rock do Hanói para oque eu faço hoje. Então eu estava meiosem saber o que eu cantava, experimen-tando minha voz em vários tipos de músi-ca, em outra e tal, ai tentei levar esse discopara a gravadora e ninguém quis ai de pir-raça eu falei que ia fazer um disco paramim, para a minha mãe, para a minha avó,para a minha tia, para as minhas ex-namoradas. Aí então, eu entrei aqui noestúdio e gravei um disco chamado“Zunzun”, que é um disco acústico bemleve, fiz com dois violões, baixo acústico epercussão, só. Um disco bem levinhomesmo, todo de canção de amor, e esse

geralmente a gente faz mais do que vaientrar no CD, no “Belê” eu tinha 28 músi-cas e entraram 11 só. Porque a gentecomeça a se repetir, entendeu? Depois quevocê grava você vai fazer um corte, paraver o que está demais, se colocou umrefrão demais, modifica a música, ai vocêvai remixar, que é achar todos os volumesde cada instrumento, masterizar que écomo se você desse uma reequalizadanisso tudo, pegar todos os timbres do vio-lão, então tem muito equipamento emuito recurso, então demora.

Você tem blog, tem orkut, como o artistadeve se relacionar com a tecnologia?Bem, muitos artistas têm uma equipe parafazer isso. Eu prefiro fazer sozinho, já quenesse meu trabalho com a música eu voucativando o público aos poucos. Tudo queas pessoas me escrevem no orkut, eumesmo respondo.

A tecnologia favorece o artista?Eu acho que favorece. Eu gosto de eumesmo responder, porque gosto de conver-sar com aquela pessoa que sai de casa,comprou o ingresso, comprou o CD, foiver meu show, prestou atenção na letra,sabe cantar. O mínimo que você tem quefazer é ser gentil com ela, é conversar. Émuito legal isso. Eu gosto de fazer coisapequena. Se eu pudesse eu tocava todanoite para 20 pessoas, toda noite! Eu achomelhor do que fazer um show para 50 milpessoas de uma só vez, onde você não vê orosto de ninguém. A pessoa ficou pulando,mas não prestou atenção na letra, não riudaquela parte que você cantou. Eu fiz doisshow no museu Abílio Barreto e foi muitointeressante, porque lá é pequenininho eeu cantei uma música inédita. Lá eu pudever a reação das pessoas na hora. É difer-ente de fazer um show onde as pessoasforam lá para dançar. Nesses locais, sevocê canta uma música inédita, o show vailá em baixo, porque as pessoas queremdançar. Então, no Abílio Barreto eu canteiuma música inédita que se chama “Sambado Carinho”, e ela diz assim: “se você nãotrata sua moça com carinho, um dia ela vaiembora e você vai ficar sozinho. Se acordacom pressa e deixa bom dia pra depois doalmoço, só chega pra jantar feito umcachorro atrás do osso, vai separando aescova de dente e um pouquinho de feijão,que na panela dela você já não cabe não.Pega a cerveja, a cueca, o miojo, o pente, eum pedaço de pão, que na panela delevocê não cabe mais não”. O pessoal mor-reu de rir! É muito legal você poder real-mente experimentar a música ali. Em umlocal muito grande você não tem essaoportunidade, além de ter muita pressão.

O que você acha da música mineira?Acho muito bacana, com muita tendêncianova.

E quanto a visibilidade?Ah, quanto a isso tem uma coisa muitocomplicada. Eu não sei bem o que acon-tece. Rio e São Paulo continuam sendo oeixo cultural. Eu não entendo porque agente não pode ter uma novela produzidaaqui, por exemplo. Aqui não tem tele-visão? Não tem ator? Eu tenho um medode a gente daqui um tempo começar apuxar o “s”, porque a gente só vê BigBrother. A música mineira até que con-segue furar esse negócio e tocar fora deMinas, mas não é como a música carioca epaulista. Mesmo sendo as duas bandaspops mais famosas mineiras (Skank e JotaQuest), é complicado. Quando eu fui parao Rio com a Hanói, o Lobão falava pra eutocar “Coração de estudante’, porque láfora só se achava que existia o Clube daEsquina aqui em Minas Gerais. Nós temosSepultura, que é algo muito diferente.Temos Pedro Morais que é uma coisa maisMPB.

Quais são, na sua opinião, os destaques da música mineira?Tanta gente. Marina Machado é uma pes-soa que eu adoro. Tem uma cantora reve-lação que eu também adoro, que é umacantora de samba que está ficando maisconhecida no Rio do que aqui, que é aAline Calisto. A Regina Souza, esposa doWander Lee, lançou um disco agora. JúliaRibas tem um vozerão, Bianca Luar.

A gente leu no seu blog que o objetivo dele era “conhecer pessoas bacanas, que gostam de músicas bacanas”. O que são músicas bacanas para você?Eu considero que são músicas que fazem agente melhorar de alguma forma. Ou me-lhorar o humor, ou ter uma idéia bacana,pensar uma coisa que você não tinha pen-sado antes. Então proporcionar uma ale-gria, bem-estar, calma, paz, nada que teprovoque raiva, ou irritação, ou violência.Uma música é paz e amor mesmo.

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ALINE SCARPONI,

ISABELLA LACERDA, 3º PERÍODO

MAIARA MONTEIRO