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Jornal mensal da Igreja Metodista Março de 2010 Ano 124 número 3 Palavra Episcopal Pela Seara Missões Testemunho Educação cristã Página da Criança Mosaico de fé: um retrato do metodismo no Brasil A partir dos relatórios divulgados nos últimos concílios regionais, um panorama de realizações e desafios da Igreja Metodista em todo o país. Páginas 8 e 9 Caliju 2010 Agora é a Hora! Juvenis na Ação! Este foi o tema do Encontro de Capacitação da Liderança Juvenil. Página 4 Além de rosas e bombons Um bate-papo a propósito do centenário do Dia Internacional da Mulher. Página 14 Percepção metodista sobre a Lei de Direitos Humanos: Colégio Episcopal emite suas primeiras impressões sobre o PNDH-3 Ceia do Senhor Vivenciemos os sinais da graça na Ceia Página 3 Centenário Da Igreja Metodis - ta Institucional, em Porto Alegre, RS Página 5 Carta ao índio brasileiro Compromisso meto- dista com a causa indígena. Na década de 80. Página 10 O fio da prata Uma conversa com Deus, na UTI car - diológica Página 12 Uma história para contar Talento dedicado à música e à educação infantil. Página 14 Arte: Alexander Libonatto Fernandez; Fotos: Arquivo Sede Nacional crédito foto Enchentes O que podemos fa- zer pelas vítimas da nossa comunidade. Página 16

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Jornal mensal da Igreja Metodista • Março de 2010 • Ano 124 • número 3

Palavra Episcopal

Pela Seara

Missões

Testemunho

Educação cristã

Página da Criança

Mosaico de fé: um retrato do metodismo no Brasil

A partir dos relatórios divulgados nos últimos concílios regionais, um panorama de realizações e desafios da Igreja Metodista em todo o país. Páginas 8 e 9

Caliju 2010Agora é a Hora! Juvenis na Ação! Este foi o tema do Encontro de Capacitação da Liderança Juvenil. Página 4

Além de rosas e bombons

Um bate-papo a propósito do centenário do Dia Internacional da Mulher. Página 14

Percepção metodista

sobre a Lei de Direitos

Humanos: Colégio

Episcopal emite suas

primeiras impressões

sobre o PNDH-3

Ceia do Senhor

Vivenciemos os sinais da graça na Ceia

Página 3

Centenário

Da Igreja Metodis-ta Institucional, em Porto Alegre, RS

Página 5

Carta ao índiobrasileiro

Compromisso meto-dista com a causa indígena. Na década de 80. Página 10

O fio da prata

Uma conversa com Deus, na UTI car-diológica

Página 12

Uma história para contar

Talento dedicado à música e à educação infantil.

Página 14

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Enchentes

O que podemos fa-zer pelas vítimas da nossa comunidade.

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Março 20102

Presidente do Colégio Episcopal: Bispo João Carlos LopesConselho Editorial: Magali Cunha, José Aparecido, Elias Colpini, Paulo Roberto Salles Garcia e Zacarias Gonçalves de Oliveira Júnior.Jornalista Responsável: Suzel Tunes (MTb 19311 SP)Assistente de comunicação: José Geraldo Magalhães JúniorCorrespondência: Avenida Piassanguaba nº 3031 Planalto Pau-lista - São Paulo - SPCEP 04060-004 - Tel.: (11) 2813-8600 Fax: (11) 2813-8632home: www.metodista.org.br e-mail: [email protected]

Órgão oficial da Igreja Metodista, editado mensalmente sob a responsabilidade do Colégio Episcopal

A produção do Jornal Expositor Cristão é realizada em convênio com o Instituto Metodista de Ensino Superior, que cuida da diagramação e distribuição do periódico. O conteúdo editorial é definido pela Sede Nacional da Igreja Metodista.Editoração eletrônica: Maria Zélia Firmino de SáProjeto Gráfico: Alexander Libonatto FernandezImpressão: Gráfica e Editora RudcolorAssinaturas e RenovaçõesFone: (11) 4366-5537e-mail: [email protected] do Sacramento n. 230 Rudge Ramos - São Bernardo do Campo, SP • CEP 09640-000 www.metodista.br/editora

Editorial Palavra do leitor

Missão é uma das seções do Expositor Cristão. Mas, nesta edição, bem poderia ser o nome do jornal inteiro. Nossa matéria de capa mostra o que a Igreja Metodista está fazendo – e ain-da pretende fazer – para honrar o compromisso wesleyano de “espalhar a santidade bíblica sobre a terra”. Norte e nordeste estão definindo as comunidades que serão contempladas com a Oferta Missionária de 2010. A Educação Cristã traz dicas valio-sas para quem deseja aprimorar seus talentos de contador(a) de histórias para crianças (e adul-tos, por que não?). E as lideran-ças juvenis acabam de partici-par de um grande encontro de capacitação em Teresópolis, na Escola de Missões. Capacitam-se para a missão.

Você pode achar que a entrevista sobre teologia fe-minista destoa das demais. O feminismo carrega tanto pre-conceito histórico que pouca gente entende a importância da teologia feminista e da te-ologia de gênero para a missão da Igreja. Contudo, uma igreja dividida não faz missão. Era o que dizia Jesus. Era, também, o que dizia Paulo, apesar de tantas interpretações machistas que já se fizeram sobre suas cartas: “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”. (João 17.21). “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há ma-cho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas 3.28).

Compreender e praticar a igualdade entre todas as pes-

Meninos e bonecassoas é, portanto, condição essencial para o exercício da missão. Missão que não se es-gota na proclamação da Pala-vra, mas é, essencialmente, cuidado com o(a) próximo(a). Achei interessante quando a professora e teóloga Sandra Duarte lembrou, na entrevista, que o brincar com bonecas, clássica brincadeira “de meni-na”, estimula o cuidado que as mulheres terão, mais tarde, com sua família, amigos(as) e até com o meio ambiente. Mas, ai do menino que for pego brincando com bonecas! Logo alguém irá questionar sua masculinidade. Como se aos homens Deus também não hou-vesse dado o privilégio – e o dever – de acalentar e cuidar de seus filhos e filhas, de aju-dar seus amigos(as), de ampa-rar os necessitados(as). Assim fomos condicionados; não há como negar as influências do ambiente em que vivemos. Mas podemos buscar o discernimen-to de Deus para conseguirmos reconhecer essas influências e lutar contra aquelas que po-dem nos levar a atitudes con-trárias aos ensinamentos de Jesus e à missão que Ele nos conferiu. Quanto ao mais, ir-mãos, tudo o que é verdadei-ro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há al-gum louvor, nisso pensai.O que também aprendestes, e rece-bestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco. (Filipenses 4.8-9).

Suzel [email protected]

Mudança de endereço Gostaria de informar aos irmãos(ãs) meu novo endereço:Alameda Gravatá, conjunto 7, quadra 301Residencial Beatriz, apartamento 1003Bairro: Norte (Águas Claras), Taguatinga, DfCEP: 71901-340 Rev. Roberto Loiola, por e-mail.

No dia 20 de dezembro de 2009, faleceu Geny Rodrigues Brianez, aos 88 anos, após 8 anos de luta contra o mal de Alzheimer e um câncer de me-dula, data em que completava 62 anos de casamento com o Dr. Alfredo Rodrigues Brianez, de Mandaguari, norte do Para-ná. Nascida em Porto União, Santa Catarina (11/10/1921), conheceu Jesus ainda jovem e se dedicou à Igreja Metodista local. Quando professora da Escola Dominical teve como alu-no o menino Richard dos Santos Canfield, hoje bispo aposenta-do da Sexta Região. Convidada pelo pastor Daniel Lander Betts, fundador da Igreja Metodista local, Geny foi à Curitiba para um congresso de Jovens Meto-distas, onde conheceu o aca-dêmico Alfredo, com que se casaria em 1947; juntos cons-truíram uma família de 5 filhos (Alberny, Guido Ney, Marylina,

Amaury e Linamary), 10 netos e 2 bisnetos.

Formada em Música desde 1946, levou sua vocação para Mandaguari. Foi pioneira na divulgação e ensino da música, tendo realizado o Primeiro Con-certo Musical de Mandaguari (piano, acordeão, órgão e vio-lão). Por mais de 35 anos, foi organista na Igreja Metodista em Mandaguari. Foi respon-sável pelo desmembramento da Sociedade Mista da igreja local, dando origem às Socie-dades Metodistas de Homens e Mulheres, em 1952.

Em 1966, com a criação da Sexta Região foi fundada a Fe-deração das Sociedades Meto-distas de Senhoras do Paraná e Santa Catarina, tendo sido a primeira presidente e organi-zadora do primeiro Congresso de Mulheres da região.

Em meio à saudade e à tris-teza da separação, encontra-mos dois consolos: o privilégio de tê-la conhecido e a certeza - pela fé - de que Geny Rodri-gues Brianez retornou ao lar que Deus tem preparado para todos os seus.

Elias Colpini, por e-mail.Texto baseado nas informa-ções da filha: Linamary Fon-toura Fotos: Arquivo da fa-mília

Retorno ao lar

Março 2010 3Palavra Episcopal

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Bispo Roberto Alves de Souza, 4ª Região Eclesiástica

O grande desafio que temos como metodistas não é apenas de conhecer doutrinariamente o significado do sacramento da “Ceia do Senhor”, mas de sermos desafiados a “testemu-nhar os sinais da graça na Ceia do Senhor”. Como declara uma antiga canção, “testemunho é vida”; testemunhar é vivenciar algo que acreditamos em nosso dia-a-dia.

Ainda hoje temos o de-safio de vencer inúmeros “achismos” e preconceitos que vivenciamos em nossas celebrações, em especial, na Ceia do Senhor, onde constantemente observa-mos as pessoas querendo excluir a criança e outros. A Ceia do Senhor que de-vemos celebrar é a que “aproxima a todos igual-mente de Cristo e uns dos outros. Na mesa do Senhor comemos do mes-mo pão, bebemos do mes-mo vinho, confessamos a mesma fé e esperança em Jesus: somos irmãos e irmãs! Neste ato cele-bramos a comunhão com Deus e com os irmãos e irmãs. É um momento de profunda igualdade, unidade, comunhão e espiritualidade” (Carta Pas-toral sobre os Sacramentos).

A Ceia do Senhor é um meio de graça que rompe com toda a forma de preconceito e manifesta ao ser humano o perdão, a compreensão de um Deus que nos ama e nos aceita como somos, pois a cada dia Ele nos transforma com a sua superabundante graça. A Ceia do Senhor manifesta a graça de Deus, pois nela somos acolhidos pelo amor de Jesus Cristo e, por esse amor, transformados em todas as áreas da vida hu-mana. Ninguém tem o direito

Sinais da Graça na Ceia do Senhor“Então Jesus lhe respondeu: Mulher, que fé tão grande tens. Que teus

desejos se cumpram. E a filha ficou curada nesse momento”Mateus 15.28

de pensar diferente, pois foi Jesus Cristo que vivenciou isto por nós quando disse: “Isto é o meu corpo, que é entregue por vós. Igualmente tomou a taça depois de cear e disse: _Esta é a taça da nova aliança, selada com o meu sangue, que é derramado por vós” (Lucas 22.19b-20).

Vivemos dias onde as crian-ças estão sendo mortas através da prática do aborto, violen-tadas, exploradas e vítimas da absurda prática da pedofilia; vivemos dias onde inúmeras mulheres são violentadas e es-tupradas sexualmente e espiri-tualmente; vivemos dias onde os anciãos são desrespeitados em sua história de vida e vio-

lentados fisicamente, emocio-nalmente e espiritualmente. Como Corpo de Cristo somos desafiados a praticar o sacra-mento da Ceia do Senhor como um sinal encarnado da graça de Jesus Cristo para libertar a todo ser humano destas práticas malignas que ferem e destroem a imagem e semelhança de Deus em cada criança, juvenil, jo-vem, homem, mulher e idoso.

A graça que se manifesta na Ceia do Senhor não é sinal de alienação, de exclusão, de hi-pocrisia, de acepção de pessoas ou quaisquer outras práticas abusivas contra o ser humano. “A Ceia do Senhor é um mo-mento profundamente amplo,

fraterno e de comunhão. Sa-bemos que os seres humanos constroem muros de separa-ção. Nossa sociedade exclui das mesas ora os pobres, ora os negros, ora as mulheres, ora as crianças. Num contex-to de vida no qual o alimento se torna motivo de angústia e sofrimento na mesa do povo brasileiro, entendemos ser fundamental que o sentido do repartir o pão seja experiência de partilha e solidariedade” (Carta Pastoral sobre os Sacra-mentos). Quais respostas temos dado a tais práticas como Igreja de Jesus Cristo na comunidade onde estamos inseridos?

Nos dias de Jesus Cristo ha-via uma separação de pureza

legal entre judeus e pagãos. Judeus não comiam com pa-gãos para não se contamina-rem. Na passagem bíblica da “mulher Cananéia” Jesus vem abolir essa prática de distinção entre judeus e pagãos. Mas, infelizmente, parece que não aprendemos essa lição e, ain-da hoje, reforçamos os muros dos preconceitos que trazem separação e isolamento. Jesus Cristo não suportou essa práti-ca separatista, mas manifestou o seu amor: “Jesus partilhou seu amor e perdão. E foi tão sério seu compromisso que Ele se dispôs a dar sua vida. Quando Jesus foi ameaçado para calar-se sobre o seu amor

por nós, preferiu obedecer ao Pai, mesmo sabendo dos riscos que tal decisão impli-caria: Jesus nos amou apesar da ameaça da cruz; Jesus nos amou ao ponto de morrer por isso, ao ponto de morrer por nós (Carta Pastoral sobre os Sacramentos).

Nossa sociedade vivencia desgraças profundas nas quais esposos matam esposas em nome do “amor”; vive a desgraça da violência contra a criança que é abandonada pela própria “mãe”; a abusiva prática de “dirigir” embriagado e provocar a morte de precoce de sóbrios; vive a antiga corrupção dos políticos que agora tentam espiritualizar suas práticas corruptas com a

“oração”. Como diz Boris Ca-soy: “isso é um absurdo”.

Certa vez Matin Luther King disse: “A covardia colo-ca a questão: – É seguro? – O comodismo coloca a questão: – É popular? – Mas a cons-ciência coloca a questão: – É correto? – E chega uma altura em que temos de to-mar uma posição que não é segura, não é elegante, não é popular, mas o temos de fazer porque a nossa cons-ciência nos diz que é essa a atitude correta”. É tempo de tomarmos atitudes como povo chamado metodista e extirpar toda prática alienan-te e deturpadora da Palavra de Deus que é distorcida e

desrespeitada por muitos em nosso meio.

Neste espírito, somos de-safiados a “Testemunhar os sinais da graça na Ceia do Senhor” como seres humanos criados à imagem e semelhança de Deus. Que na vivência desse testemunho possamos promover a confissão, o perdão, a comu-nhão, o amor; a graça de Deus manifesta em Jesus Cristo.

Deus nos ajude,

Bibliografia

SCHÖKEL, Luis Alonso, A Bíblia do Pe-regrino, Paulus, 2002, São Paulo, SP.Colégio Episcopal, Carta Pastoral so-bre os Sacramentos, Biblioteca Vida e Missão, Pastorais, n. 8, 1ª edição, 2001, Editora Cedro, São Paulo, SP.

Março 20104 Oficial

Direitos HumanosO Colégio Episcopal divulga suas primeiras impressões sobre o Programa de Direitos Humanos proposto pelo governo. Uma análise mais aprofundada do tema será feita

Declaração do Colégio Episcopal sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH - 3)

Como metodistas, em nosso Credo Social, afirmamos que cre-mos que “a verdadeira segurança e ordem sociais só se alcançam na medida em que todos os recursos técnicos e econômicos e os valores institucionais estão a serviço da dignidade humana, na efetiva justiça social”,[1] pelo que “adotamos a Declaração Universal dos Direitos Humanos”.[2]

A Declaração Universal dos Direitos Humanos com-promete-nos com princípios, dentre os quais muitos se en-contram no Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH - 3). Neste sentido valorizamos a iniciativa do governo em aperfeiçoá-lo, a fim de que os princípios estabelecidos na lei sejam reconhecidos na vida social de maneira efetiva. Preciosos avanços são constatados no PNDH-3,

Expressamos, ao mesmo tempo, nossa preocupação e desacor-do com alguns itens deste Programa que se contrapõe ao que cre-

mos ser o melhor para a promoção da vida. “Seja a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno”(Jesus em Mateus 5.37) Nesta direção nos unimos a outros pronuncia-mentos, por entender que se faz necessário discernir melhor temas como os ligados à famí lia, sexualidade e religiosidade, de forma a considerar de maneira significativa os valores essenciais do Evangelho e dos Direitos Humanos.

Esta é a nossa percepção neste momento em que muitas vozes se levantam diante do PNDH-3.

São Paulo, 18 de fevereiro de 2010.

Bispo João Carlos Lopes

Presidente do Colégio Episcopal da Igreja Metodista

1. Credo Social da Igreja Metodista, II.10b, em Cânones 2007, São Paulo, 2007, p. 512. Credo Social da Igreja Metodista, IV. 4, em Cânones 2007, São Paulo, 2007, p. 55

A CaLiJu aconteceu nos dias 26 a 29 de janeiro de 2010, na cidade de Teresópolis, no Instituto Metodista de Formação Missionária e teve como tema “ Agora é a Hora! Juvenis na Ação”

Este encontro foi organizado pela Confederação Metodista de Juvenis, cujo objetivo foi capacitar, treinar e enviar líderes juvenis para suas federações, distritos e igrejas locais. Participaram do encontro um grupo de aproximadamente 200 juvenis e, naqueles três dias, Deus se manifestou revelando Sua Graça e Amor a todos.

Os juvenis de diversas regiões tive-ram a oportunidade conhecer a estrutura da Igreja Metodista no Brasil e alguns receberam de Deus a confirmação do seu chamado. Todos estreitaram os la-ços de amizade e amadureceram seu compromisso com a missão que lhes é proposta por nossa Igreja. No decorrer do encontro, os juvenis participaram de cultos, palestras, oficinas, dinâmicas e atividades opcionais, como uma inesque-cível subida ao Monte.

A principal temática foi alertar os juvenis que não há mais tempo a perder, Cristo está voltando e o mundo espera a nossa ação. Espera que espalhemos o evangelho e a santidade bíblica pela terra, mas para que isto aconteça, nós adolescentes precisamos ter a atitude de nos comprometermos com a ação nas nossas igrejas locais e onde quer que pisemos.

O encontro também serviu de lançamento do trabalho para a JuNaMe 2010, que acontecerá dos dias 21-25 de julho com sede na cidade de Brasília, capital do nosso país. O sonho é grande, mas com um grande numero de juvenis capacitados para o trabalho em suas regiões, cremos ser possível a realização dessa grande Juvenília Nacional para 1.000 juvenis. Mais informações no site da Confederação: www.confederacaometodistadejuvenis.weebly.com.

Confederação Metodista de Juvenis

Caliju 2010Juvenis não têm tempo a perder

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Março 2010 5Pela Seara

Quarta Região tem Escola de MissõesA Escola de Missões Carlos Wesley é resultado de

uma parceria da 4ª Região Eclesiástica com o INFORM (Instituto Metodista de Formação Missionária), mais conhecido como Escola de Missões de Teresópolis. Há dois anos o Inform desenvolve essa parceria na Igreja Metodista do Bairro São Mateus, em Juiz de Fora, ofe-recendo os cursos de Adoradores, Missões, Evangelista e de Intercessão. E, para glória do Senhor, tem colhido muitos e abençoados frutos e atendido a outras igrejas da Região, não só do distrito Sul de Minas e Serra da Mantiqueira, como também às dos distritos vizinhos, como Zona da Mata e Leste da Zona da Mata.

No final do último ano, foi firmada mais uma parce-ria, agora com o Instituto João Ramos Júnior, de Belo Horizonte, fortalecendo sobremaneira a tarefa de capa-citação missionária do povo metodista na 4ª Região.

A Escola acredita que os cristãos foram enviados para fazer discípulos e discípulas de todas as nações. Por isso, adota como prioridade capacitar os membros das igrejas para participar das ações missionárias e de evangelização, auxiliar de forma especial na vida ministerial de músicos e conscientizar os alunos da importância da oração e da intercessão; tudo para um grande avivamento espiritual. Todas estas prioridades são trabalhadas através de um estrito conteúdo bíblico, teológico e doutrinário, de tal modo que o povo meto-dista possa cumprir a missão recebida de Deus e ser sal e luz em nosso tempo. O objetivo da Escola é preparar, capacitar e treinar todos aqueles que desejam servir ao Senhor Jesus e, conseqüentemente, apoiar as igrejas metodistas e seus projetos missionários.

Os cursos são oferecidos em módulos, um final de semana a cada mês, e, ao término dos cursos de Evange-lista e Missões, o aluno realizará estágio supervisionado, à conclusão do qual estará apto ao serviço em sua igreja de origem, nos mistérios e nos projetos missionários. Além disso, poderá ser consagrado pelo seu pastor como Evangelista ou Missionário.

Neste ano, a Escola de Missões Carlos Wesley ativará um pólo na Igreja Metodista em Vila Garrido, Vila Velha, no Espírito Santo, sob a direção do Rev. Alexander Men-des Cunha. Já em Juiz de Fora, a escola oferecerá em março, se for atingido o número mínimo de 20 alunos, o Curso de Agente de Promoção Social e o Curso Popular de Bíblia. As inscrições poderão ser feitas:

Módulos em Juiz de Fora- MG: pelo telefone (32) 3216-4141, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e 14h às 18h, ou pelo e-mail [email protected] ou [email protected]

Módulos em Vila Velha – ES: pelo telefone (27) 3359-1772, falar com Pr. Alexander, ou pelo e-mail [email protected]

Venha capacitar-se para servir ao Senhor com exce-lência! Aguardamos o seu contato.

Rev. Carlos Alexandre de Carvalho e SilvaCoordenador

Fala, CriançaJesus no coração

Ele tem que morar aí! Senão você não vai morar no céu.

Minha filha Luma Gomes Rios, de 7 anos, tem aprendido na Escola Dominical da Igreja Metodista em Tucuruvi da importância de evangelizarmos os amiguinhos, falando do amor de Deus. E decidimos então começar evangelizando as amiguinhas do prédio onde moramos...

Numa bela tarde de sábado ela convidou sua amiguinha Fer-nanda para ir ao nosso apartamento. Quando a menina entrou em casa, Luma logo foi perguntando:

-“Fefe, que igreja você vai? Ela falou o nome da igreja para minha filha. Luma veio até a

mim e, de canto, perguntou baixinho:“Mamãe essa igreja é de Deus?”Respondi: Não.De imediato ela pegou uma fita de desenhos bíblicos, pôs no

braço da amiga e disse com firmeza na voz: “Fernanda, você tem que aceitar Jesus no seu coração. Ele

tem que morar aí! Senão você não vai morar no céu”. A menina saiu desesperada da sala correndo e me disse: Eu

vou embora pra casa.Estranhei e fui ver o que tinha acontecido e a Luma explicou o

que tinha feito. Então, disse: - Filha, você precisa falar do amor de Jesus com mais calma, sem deixar as pessoas com medo, tem que mostrar que é bom ter Jesus na nossa vida. Aí ela disse:

-Tá bom, mamãe, da próxima vez eu faço direitinho...Sempre que a Luma brinca com as crianças do prédio canta

músicas da igreja e todas cantam com ela....Outra história-Mamãe, como Jesus foi parar na barriga da Maria? pergunta

a Luma– Filha, foi um milagre, Deus mandou um anjo pra avisar a

José que sua namorada conceberia o Filho de DEUS.– Ahhhh, mamãe, vou querer um milagre desse quando crescer.– Não, filhinha, não é assim. Temos que casar pra então termos

nossos filhinhos, como a mamãe fez.... Jesus veio ao mundo para levar tudo aquilo que fizemos de errado, Ele levou à cruz, para então podermos estar aqui hoje, Deus nos ama mesmo antes de nascermos...É um lindo milagre.

- Hummmmmm, disse a Luma.

Mamãe Luciane Gomes S RiosPapai Eduardo Augusto Rios

irmão Ian Gomes RiosIgreja Metodista de Tucuruvi – 3ªRE

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Março 20106 Pela Seara

Culto da saudadeValorizando sua história e tradição, a Igreja Metodista em

Fátima do Sul, Mato Grosso do Sul, promoveu, no dia 20 de fevereiro, o “Culto da Saudade”. “O Culto da Saudade é um momento onde nos reunimos como Igreja do Senhor para ado-rarmos a Deus por meio de canções antigas que fizeram parte da história da Igreja Cristã Evangélica e que ainda hoje tocam nossos corações”, explica o pastor José do Carmo.

O pregador do culto foi o Reverendo Getro da Silva Camargo, pastor jubilado na cidade de Nova Andradina, MS. Como já ocor-reu em anos anteriores, o culto da saudade tem uma programação bem participativa, permitindo a participação dos ministérios de louvor de igrejas visitantes e a apresentação de grupos, duetos e solos. Cada irmão(ã) pode participar por meio de duas canções, “desde que sejam antigas”, diz o pastor.

Aniversário em Pinheiros

O mês de março será festivo no tradicional bairro de Pinhei-ros, em São Paulo. O bairro, que completa 450 anos, tem uma Igreja Metodista forte, atuante, e jovem, completando “apenas” 70 anos de vida. Ao longo do mês, a Igreja Metodista receberá os bispos João Carlos Lopes, Marisa Ferreira e Adriel de Souza Maia, além de pastores convidados e muitos visitantes. A Igreja espera que uma dessas visitas, que será recebida com todo o carinho, seja a sua.

R. Dep. Lacerda Franco, 318 São Paulo – SPCEP 05418-001 • Tel. 11 3812 8799

Noite de gratidão

Com a presença do Bispo Adriel, representantes das Federa-ções de Homens e Mulheres,Igrejas de Sorocaba e comunidade local, uma linda congregação com alegria adorou, louvou e agra-deceu pelo momento histórico, quando o Rev. Laurindo Prieto, tendo a frente a liderança local, recebeu do Bispo o Certificado de Autonomia Administrativa e Pastoral e todos os presentes cantaram “Glória, glória, Aleluia!”.

Como marca da esperança, consagração e envio, adentraram o templo as crianças do grupo infantil “Perfeito Louvor”, que de forma descontraída e contagiante, levou a congregação ao louvor expressando a gratidão a Deus pela Igreja caçula da Região. Após a bênção do Bispo, foi a hora da confraternização e do abraço. Para a Igreja Local ficou o desafio da continuidade do testemunho e comunicação do Evangelho de Jesus.

Rev. Laurindo Prieto

Magali Prieto - Ministério da Comunicação

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Março 2010 7Pela Seara

Deus está no temploIgreja Metodista Institucional celebra o centenário de seu templo

Neste ano de 2010 o templo da Igre-ja Metodista Institucional completa 100 anos. Motivada por esta data histórica, a comunidade se organiza para um tem-po de celebração do amor de Deus, que constituiu a igreja neste local para ser veículo da Sua maravilhosa Graça.

Preparando-se para este tempo a igreja mobilizou-se para a pintura do santuário no ano de 2009 e hoje, graças à fidelidade do Altíssimo, quem passa pela esquina da Guido Mondin com Pre-sidente Roosevelt já pode visualizar o resultado deste esforço dos metodistas do Bairro São Geraldo, Porto Alegre: o templo está lindo e a igreja toda se ale-gra, concluindo mais uma vez que tudo aquilo que é inspirado por Deus torna-se possível, pois Ele é fiel.

Venha nos visitar neste tempo de festa! Nossos cultos são aos domingos às 9h30, seguido da Escola Dominical. Sua presença muito nos alegrará!

Revda. Jussara Rotter Cavalheiro, pastora coadjutora

Rev. Aristides de Souza Cavalheiro, pastor titular

O Alvo Nacional é de R$ 400 mil e os alvos regionais são:

Campanha Nacional de Oferta Missionária 2010 - Alvo 400 mil

1ª Região 2ª Região 3ª Região 4ª Região 5ª Região 6ª Região REMNE REMAR$ 108.078,80 R$ 17.244,40 R$ 87.592,40 R$ 65.108,00 R$ 57.293,60 R$ 32.854,40 R$ 17.477,20 R$14.351,20

REMNE REMA Emergências Ação Social Divulgação 35% 35% 10% 10% 10%

A Aplicação e Distribuição da Oferta Missionária 2010

Acompanhe as informações pelo site www.metodista.org.br e pelas próximas edições do Expositor Cristão e veja como foi dis-tribuída a Oferta Missionária no ano de 2009 em www.metodista.org.br.

Desde o começo do ano a equipe de comunicação da Sede Nacional trabalha na reformulação da Web-Rádio Metodista. A primeira mudança que o ouvinte já vai poder conferir é a qualidade da nossa transmissão, com melhor sinal de áudio e caminhos alternativos para aqueles que não conseguiam ouvir a programação devido às configurações exigidas.

A “faixa de inauguração” do novo sistema de áudio será descerrada no dia 5 de abril, quando uma nova grade de pro-gramação da Web-Rádio Metodista entra no ar, além de novos podcasts com programas e seleções especiais. Veja os programas que farão parte da nova programação:

Web-Rádio Notícias – Notícias importantes para manter o metodista informado sobre fatos que influenciam na sua vida e missão.

Um toque de vida – as campanhas que mobilizam a sociedade têm espaço em nossa programação.

Minutos de Refrigério – Novas mensagens do pastor Luis Da-

A Web-Rádio está em reforma niel, da Igreja Metodista do Catete-RJ para motivar o seu dia. (colaboração da rádio 97FM do Rio de Janeiro).

Um tempo com Deus – músicas e orações que nos fazem me-ditar e orar, com Bispo Nelson Luiz Campos Leite. (colaboração da rádio Transmundial de São Paulo)

NOVO - 10 motivos para... – 10 depoimentos de membros metodistas sobre o tema do mês, opiniões que levam o(a) ouvinte a refletir.

NOVO - Pergunte ao nosso bispo – Bispo Stanley de Moraes esclarece dúvidas sobre a fé, a doutrina e a missão da Igreja Metodista.

NOVO – A web-rádio é sua – o(a) ouvinte seleciona as músicas que mais tocam o seu coração e a gente atende o seu pedido.

Para saber mais sobre a produção dos novos programas e poder participar dessa transformação, não deixe de acessar o twitter da Web-Rádio Metodista: https://twitter.com/wr_meto-dista e mandar o seu e-mail para [email protected]

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Março 20108 Capa

Durante a realização dos concílios regionais, no final do ano passado, os bispos presidentes e as COREAMs de cada região apresentaram relatórios sobre a caminhada da Igreja Metodista no biênio 2008-2009. Entre números e análises conjunturais, destacando diferentes aspectos do trabalho desenvolvido pela Igreja Metodista nas várias regiões do país, os relatórios trazem em comum a preocupação em estimular os pontos positivos e vencer os obstáculos com vistas ao cumprimento da missão.

Trazemos aqui um brevíssimo destaque destes relatórios re-gionais. É possível que ao ler o relatório de uma outra região, o(a) irmão(ã) identifique situações, desafios e metas existentes também em sua região eclesiástica, uma vez que, a despeito das diferenças sociais, econômicas e culturais dentre as várias regiões do país, a Igreja Metodista em todo o Brasil trabalha com o propósito de “teste-munhar os sinais da graça na unidade do Corpo de Cristo”. Todos juntos, os relatórios regionais traçam um retrato abrangente da Igreja Metodista no país, um colorido mosaico de uma Igreja que, a despeito da complexidade do mundo em que vivemos, precisa honrar seu compromisso histórico de ser uma “co-munidade missionária a serviço do povo”.

A leitura deste rela-tório deve despertar nos metodistas duas reações igualmente importantes: a gratidão pelas vitórias alcançadas e o comprome-timento pessoal no sentido de vencer os obstáculos que ainda se colocam para o exercício da missão.

Primeira Região

Em seu relatório, o bispo Paulo Lockmann lembra que vive-mos tempos difíceis: à guerra, violência e pobreza juntam-se os desequilíbrios ambientais, ceifando vidas e esperanças. Para enfrentar essa situação, precisamos nos voltar à Palavra de Deus. Aprendamos com o profeta Oséias, que também viveu tempos de opressão. Ele denunciou a corrupção e a falta de amor e conhe-cimento de Deus, mas também anunciou a misericórdia para os que se arrependem.

Olhando para o campo a semear, a Igreja Metodista no Rio de Janeiro estabeleceu como meta chegar a um milhão de discípulos(as) até o ano de 2014. Segundo o bispo Paulo, o Rio de Janeiro também está em fase de crescimento missionário: nos últimos cinco anos, a cada duas semanas nasce uma nova frente missionária. Neste mesmo período, os relatórios indicam um cres-cimento de cerca de 60%.

O Ministério de Discipulado tem treinado lideranças leigas para as igrejas locais, atuando nos distritos e também na Escola de Missões. E também os(as) pastores(as) têm sido discipulados, por meio de uma parceria com o SEPAL – Ministério de Pastoreio de Pastores. Outro destaque do biênio 2009-2010 foi a criação do Programa de TV “Vida e Missão”, com grande sucesso. Centenas de testemunhos de conversão e cura têm chegado ao conheci-

Mosaico de fé: um retrato atual da Igreja Metodista no Brasil

Então Samuel tomou uma pedra, e a pôs entre Mizpá e Sem, e lhe chamou Ebenézer, e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor. (I Sm 7:12)

mento do bispo.Segunda Região

O relatório do bispo Luiz Vergílio destaca que vivemos numa sociedade desigual. Enquanto as relações fraternas são substitu-ídas pelo individualismo e superficialidade, cresce a injustiça so-cial, a fome, a miséria, a violência. A diluição dos valores éticos também atinge as igrejas, diluindo as identidades doutrinárias. Enquanto cresce a teologia anti-bíblica da prosperidade, a maioria dos(as) cristãos(ãs) históricos(as) é afetada pela apatia: mais de 50% não participam de ministérios, escola dominical, grupos de discipulado, sociedades, reuniões de oração... Não contribuem regularmente com seus dízimos e ofertas, não testemunham a sua

fé, sequer convidam alguém a visitar sua igreja.

Mas os relatórios apresen-tados pelos superintendentes distritais da 2ª RE também indicam sinais animadores. Segundo o bispo, a Igreja Me-todista tem crescido de for-ma quantitativa, qualitativa e orgânica. “Percebemos pas-tores e pastoras comprometi-dos com a capacitação, com o ensino, com a formação de lideranças, com o discipulado, com a evangelização e com o desenvolvimento espiritual, através da administração dos meios da graça. Por isso, suas comunidades estão crescendo. É bem verdade que este cres-cimento está muito aquém do que poderia ser; pois, ainda temos algumas igrejas locais que passaram o biênio sem receber nenhum novo mem-bro sequer”.

A Coream também fez uma avaliação do biênio que revela sinais positivos e desafios a ser enfrentados. Há maior participação nos cultos e grupos de discipulado, retorno de membros(as) afastados(as), envolvimento maior na comunidade e no bairro, crescimento numérico e inves-timentos na manutenção do patrimônio. Dentre as necessidades da Igreja, avalia que é preciso estimular as lideranças leigas, tornar os ministérios mais atuantes, envolver a membresia nas atividades evangelísticas e nas programações semanais, aumentar o número de dizimistas, estimular a visitação e a assiduidade à Escola Dominical.

Terceira Região

A Igreja Metodista na Terceira Região Eclesiástica dispõe de um Planejamento Estratégico Missionário para dez anos. O bispo considera que ainda há muito que caminhar para cumprir os ob-jetivos propostos por este plano: numa escala de 10 pontos, ele considera que a Igreja avançou quatro pontos. “Ainda estamos longe do que almejamos em termos de um avanço mais corajoso da região em todas as suas áreas de vida e missão. No entanto, temos sinais de esperança, bem como, sinais consistentes da nossa potencialidade enquanto região”, destaca o bispo Adriel de Souza Maia. Ele aponta o aprofundamento da espiritualidade e a paixão evangelizadora como ênfases vivenciadas pelas igrejas locais.

Um projeto que tem rendido bons frutos é o encontro “Capa-

Em sentido horário: Projeto Sombra e Água Fresca, Projeto Passa à Macedônia, Espaço Metodista 24 Horas, Programa de TV Vida e Missão.

Março 2010 9Capa

citAção”, que tem reunido diversos segmentos ministeriais com o propósito de cimentar uma Igreja de Dons e Ministérios. Mas é preciso avançar com novas estratégias missionárias e um passo já foi dado neste sentido com a criação do “Espaço Metodista 24 horas” no coração da cidade de São Paulo, que deverá, agora, ser consolidado. Também está na lista de prioridades a realização do primeiro censo da Igreja Metodista na Terceira região eclesi-ástica, de modo a conhecer melhor o potencial a região.

Quarta Região

O bispo Roberto Alves de Souza exorta os(as) metodistas da 4ª RE de que “não há mais tempo para retroceder à visão ar-caica de uma igreja que perdeu a visão missionária, a visão de crescimento, de ganhar almas para Jesus Cristo”. Ganhar vidas para Cristo é a clara orientação episcopal, meta que os vários setores da Igreja têm buscado cumprir.

A Coream, analisando o biênio 2008-2009, destacou a conso-lidação do Fundo Missionário, por parte das igrejas locais, o que tem permitido grandes investimentos e projetos de construção, reforma e ampliação de templos.

O projeto “Passa à Macedônia” firma-se como um programa regional por meio do qual é possível despertar a paixão missio-nária dos membros das igrejas locais. Foi, também, significati-vo o investimento feito pela região nos campos missionários e igrejas locais que passavam por dificuldades pontuais. Mas ainda é preciso maior conscientização de pastores, pastoras, leigos e leigas com relação às suas responsabilidades para com a Igreja. “Lembramos aos tesoureiros e tesoureiras suas responsabilidade diante de Deus, da Igreja e do governo federal, instâncias a quem prestamos contas direta e indiretamente”.

Quinta Região

O relatório do bispo Adonias Pereira do Lago alerta para o fato de que tem faltado compromisso missionário do povo me-todista. Estamos numa zona de conforto que nos faz omissos aos desafios missionários que a sociedade os apresenta. Não há preocupação com o crescimento da Igreja, diz o bispo: “São poucos que, aonde chegam, se não tem Igreja Metodista, ini-ciam uma a partir de sua própria casa: a maioria vai procurar outra denominação mais perto de sua casa ou de visão litúrgica e teológica que condiz mais com seus desejos egoístas de serem consumidores da fé, em vez de agentes de transformação espi-ritual e social por meio do Evangelho de Jesus Cristo”.

O bispo revela, ainda, sua preocupação com o cultivo da espiritualidade do povo metodista. Nossa espiritualidade não deve ser dominical, mas diária, expressa a partir da vivência da família, na escola, no trabalho e na sociedade.

A Escola Dominical, que sempre foi vanguarda no discipulado do povo, carece de atenção nestes tempos marcados pela su-perficialidade no estudo da Palavra de Deus. “A não importância da Escola Dominical se dá pela perda de interesse no estudo da Bíblia, tanto no contexto da ED como na vida do lar”. “Busca-se muito as promessas, as bênçãos, os milagres em áreas de interesses materiais, físicos e relacionais, sendo que pouco se busca do caráter de Cristo para o caráter humano.

O bispo também destaca a necessidade de que as sociedades de mulheres, homens, jovens e juvenis tornem-se sinais visíveis do amor e da graça de Deus. As Sociedades de Jovens, em es-pecial, precisam ser fortalecidas, com maior apoio de liderança dinâmica e comprometida com elas, pois estão “deixando a desejar” em algumas igrejas. A boa notícia é que se pode ver a presença de jovens em projetos missionários e em vários minis-térios das igrejas locais.

Sexta Região

O relatório episcopal da sexta região relata crescimento, tanto no número de membros quanto no número de igrejas e campos missionários. Este crescimento, destaca o bispo João Carlos Lopes, “deve continuar de maneira intencional”. Com este propósito, a Coream está propondo um plano de ação, de longo prazo, enfatizando a presença metodista em cada município dos estados de Paraná e Santa Catarina. A grande maioria das

igrejas conta com programas de discipulado. “Já não se admite que alguma Igreja Local ou Campo Missionário na 6ª Região não tenha algum projeto de discipulado. Isso é responsabilidade pri-meira do/a pastor/a”.

As federações têm se empenhado no sentido de fortalecer a visão missionária integral da Igreja, em especial através da lide-rança do projeto “Julho para Jesus”. Na ação social, além dos projetos “Bóia Fria” e “Centro Vivencial para Pessoas Idosas”, destaca-se a ênfase na rede de projetos “Sombra e Água Fresca”: três dos trabalhos regionais com crianças se filiaram à rede. E vários esforços locais têm surgido no atendimento a crianças e mulheres empobrecidas.

Ainda há desafios a vencer na área da educação cristã. O relatório da Coream aponta a necessidade de elaboração de currículo e processo didático para a Escola Dominical, bem como a criação de um currículo mínimo de doutrinas bíblicas e ênfases metodistas.

Rema

A Região Missionária da Amazônia ainda busca o objetivo da autoproclamação, autosustento e autogoverno. Um grande de-safio para a Igreja Metodista na região tem sido a implantação do Programa Nacional de Discipulado, que começa a ser adotado pelas igrejas locais. Organizar a igreja local em dons e ministé-rios também é um processo lento, mas é parte do Planejamento Regional atuar de forma mais incisiva com o discipulado e o seu aperfeiçoamento em dons e ministérios. Segundo o bispo, a implementação do programa de Dons e Ministérios, depen-de muito do pastor e da pastora e “o corpo pastoral ainda se mostra muito centralizador”, devendo trabalhar mais o “núcleo essencial do ministério pastoral (Oração, Palavra, Visitação), fundamentados por meio de discipulado e complementados por meio da disciplina eclesiástica (Cânones) e programas missio-nários (Clam)”.

Um ponto positivo destacado pelo relatório episcopal é o maior envolvimento das comunidades com a expansão dos grupos societários, que tiveram bons e proveitosos Congressos regionais. Também é com alegria que o bispo destaca um aprimoramento no cuidado com as crianças, por meio de articulações distritais e programações que têm interagido com a área nacional, propi-ciando a realização de ótimas Escolas Bíblicas de Férias. “Tal é a valorização ao que aqui se tem feito que nossas coordenadoras dos trabalhos com crianças receberam a incumbência de prepa-rarem o Caderno da EBF para 2010”. A Rema conta, ainda, com o crescimento – lento, mas firme – do Projeto Sombra e Água Fresca para dar nova direção às crianças que, antes, ficavam a mercê das ruas.

Remne A bispa Marisa de Freitas, em seu relatório episcopal, destaca

que é preciso conquistar avanços no governo, na expansão missio-nária e no sustento da comunidade metodista. Para obter essas conquistas, estão sendo firmadas várias parcerias: com institutos de formação missionária (como o ImForm e Mission Society), com outras regiões eclesiásticas e até com igrejas locais. Um desta-que especial é dado à atuação missionária das Federações, que tem trabalhado no mesmo foco regional: “Cada Metodista Um/a Missionário/a, Cada Lar Um Igreja”. As atividades e congressos têm sido momentos de fortalecimento da vocação missionária metodista nordestina.

Nos dois últimos anos a Remne cresceu em número de mem-bros. Foi ultrapassada a casa dos 4.500 membros, com dados de até setembro de 2009. “E mais: além de ganharmos pessoas para Jesus, estreitamos o portal de saída. Este é um bom sina-lizador”, comemora a bispa. Novos pontos missionários foram criados: um em Teresina, PI; dois em Vitória da Conquista, BA e um em Salvador, BA. E o número de pequenos grupos, tanto evangelísticos quanto dos de discipulado vêm crescendo. “Ao nosso Deus a gratidão por alargar as nossas tendas. Também a Ele o nosso pedido para que nos fortaleça poderosamente enquanto nos dispomos a edificar muros de proteção e acolhi-mento a todos/as que se encontram em desolação”, conclui a bispa.

Março 201010 Missões

O edifício da Igreja Metodista Unida Central de Luanda foi confirmado como património cultural de Luanda, numa cerimónia presidida pela Governadora provincial, Francisca do Espírito San-to, que esteve naquele local para descerrar a placa que atribui a presente classificação àquele local. O descerrar da placa veio consumar o decreto n.º 18 de Abril de 1995, exarado pelo Governo da Província de Luanda, que consagra este edifício que hoje conta com 125 anos, como património histórico-cultural de Luanda.

A história deste edifício está intimamente relacionada com a chegada do Metodismo a Angola, pois diz a história que no dia 18 de março de 1885, chegou a Luanda a caravana de missionários afectos a esta igreja, chefiada pelo Bispo Willian Taylor, prove-niente dos Estados Unidos de América, que celebrou o primeiro culto naquele local quatro dias depois.

Ao tomar a palavra, Francisca do Espírito Santo considerou que a Igreja Metodista Unida Central é parte integrante da histó-ria do nosso país, não só do ponto vista físico, mas também pelo facto de muitas pessoas terem recorrido a este espaço, de forma clandestina, para a luta de libertação nacional. De acordo com a governadora de Luanda, o reconhecimento vai permitir que todos os luandenses possam inteirar-se da história daquele património da cidade, razão pela qual recomendou uma maior divulgação da história deste edifício a todos os angolanos. “É um gesto há muito tempo aguardado”, disse o líder da igreja, o Bispo Gaspar Domingos, reafirmando que o acto do Governo Provincial de Lu-anda veio apenas confirmar o reconhecimento daquela casa.

Por outro lado não deixou de exprimir a sua satisfação pela cerimónia de “patenteamento” da casa de Deus, que se sobrepõe às restantes casas da cidade de Luanda, por isso já não era sem tempo o este reconhecimento.

Metodismo em AngolaIgreja Metodista Unida central de Luanda declarada património cultural

Quem de igual modo teceu algu-mas considerações sobre o assunto foi o Director Provin-cial da Cultura, Manuel Sebastião, que disse que na verdade muitos de nós desconheciam que aquele edifício é um património histórico-cultural de todos os ango-lanos, para além de salientar a ta-refa de protecção e conservação do mesmo à luz da lei do património cultural.

Por outro lado, considerou que a acção do Metodismo em Angola consubstancia-se também na angolanidade, a julgar pelo esforço levado a cabo pelos metodistas e que contribuiu para o edificar da nação angolana. Por isso a acção do Governo Pro-vincial de Luanda constitui-se num duplo reconhecimento que coincide com as festividades da cidade de Luanda. A casa Meto-dista foi fundada no ano de 1885, com a chegada a 18 de Março de uma caravana de missionários americanos a Luanda, liderada pelo Bispo missionário Willian Taylor que recepcionados pela autoridades portuguesas se estabeleceram naquele espaço.

Valdimiro Dias – Fonte: Jornal o País - www.opais.net (man-tida a grafia original)

Governadora de Luanda quando descerrava a placa na Igreja Metodista

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Esta carta foi escrita seis dias após o assassinato do líder in-dígena Marçal de Souza ocorrido na Aldeia Campestre, município de Antônio João, MS, em 23 de novembro de 1983. O pistoleiro e mandantes não foram condenados e as terras de Cerro Ma-rangatu (Monte Sagrado) que engloba a Aldeia Campestre ainda continuam em litígio.

29 de novembro de 1983

Mais uma vez tu foste espoliado, índio brasileiro! Tantas foram as coisas que te roubaram, desde que aportaram aqui os chamados civilizados. Tuas terras te foram sendo tomadas pouco a pouco. Foste empurrado para cada vez mais longe. As melhores áreas onde tu caçavas ou onde tu colhias o que precisavas foram cobiçadas pelos que aqui chegaram e pelo poder do engano, da persuasão, da força, foste sendo despojado delas. Perdeste gradativamente o teu lugar natal. Dos rios onde nadavas e pes-cavas foste sendo afastado de modo a que perdesses tal fonte de sustento e de alegria.

De tua saúde te roubaram. Trouxeram sobre ti doenças desco-nhecidas, para as quais não estavas imunizado. Dizimaram a tua população. Tuas crianças, teus valentes, tuas mulheres, viram suas forças caírem vítima de moléstias próprias de estrangeiro. Sem remédios conhecidos em tuas plantas e de teus pajés, foste enfraquecendo e reduzindo em número e poder.

De tua moral foste roubado. Reduzido à pobreza, à falta de saúde, sem saída para os teus sofrimentos, empurraram-te à de-gradação. Perdeste o teu orgulho e o teu senso de valor. Muitos dos teus se deram à bebida e à prostituição. Forçados pela degra-dação a que foram submetidos, perdendo ainda mais o seu senso de valor e de significado para a vida. Foste reduzido a objeto de exposição aos olhos dos turistas. Sentiste a necessidade de assim vender a tua imagem para poder ao menos sobreviver.

Carta ao índio brasileiro De tua independência foste destituído. Tu – que eras o senhor

destas terras – foste feito um irresponsável, tutelado, incapaz de se governar e de afirmar e afirmar a tua posse e soberania. És considerado como alguém que precisa ser dirigido por outros, que não são capazes nem sequer de dirigirem-se a si mesmos, pois aí vês o estado em que se encontra a sociedade não indígena.

E agora te roubaram a voz e a liderança. Tiram a vida de teus líderes, destroem quem quer falar por ti, reclamar os teus direitos, afirmar tuas reivindicações, recuperar o teu orgulho de ser humano, de ser outra vez senhor de seu destino.

Neste momento em que roubam Marçal de Souza, Marçal Tupã’i - (deus pequeno), levanta a tua voz, reconhece que estás sendo roubado. Convoca outros marçais, desperta teus líderes, sacode os que precisam ser despertados, entrelaça a tua união. Afirma tua força, une-te contra os que julgam que os tempos da tua exploração haverão de continuar eternamente. Há muita gente não-índia que não compartilha da sanha dos que te roubam. Há muitos que são do teu povo que se revoltam contra este estado de coisas e que querem se unir a ti e dar-te apoio para que os que te furtam de tuas terras, tua saúde, tua moral, tu independência e tua voz, saibam que isto tem que terminar. Que jamais haverá Brasil digno deste nome enquanto um só dos que são teus, índio brasileiro, sofrer qualquer tipo de exploração e de domínio.

A Igreja Metodista está contigo e se identifica com tua cau-sa. Seja a morte de Marçal um chamado a que acordes e te levantes para afirmar valorosamente a tua raça, o teu valor e o teu direito.

Rev. Sérgio Marcus Pinto Lopes (à época, era Secretário Executivo do Conselho Geral da Igreja Metodista)

Colaboração: Pastores Paulo e ImaMissão Metodista Tapeporã – “Comunidade

Missionária a serviço do Povo Kaiowá/Guarani.”

Março 2010 11Missões

Metodista brasileira participa de reunião na EtiópiaDiana Fernandes, presidente da Confederação de Jovens, integra comissão do CMI

Addis Ababa, Etiópia, 29 de Janeiro de 2010 “Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene.” (Amós 5: 24)

A ECHOS, Comissão da Juventude no Movimento Ecumênico, reuniu-se em Addis Ababa, Etiópia, para o seu terceiro encontro como comissão do Conselho Mundial de Igrejas, de 24 a 29 de janeiro de 2010. Durante o encontro, a ECHOS reafirmou seu comprometimento com o desenvolvimento da juventude no mo-vimento ecumênico, no Conselho Mundial de Igrejas, bem como em igrejas e organizações que, mesmo não pertencendo ao CMI, têm membros que servem nas comissões do Conselho. Por meio dessa reunião, a ECHOS confirmou também o seu compromisso de expansão de espaço para a formação ecumênica como um dos objetivos mais importantes da comissão de juventude. Por outro lado, um som reverberava que um “Eco” fora do encontro na Etiópia estava bastante claro: gritos de justiça clamam pela paz. Echos busca pela paz.

Orações pela Justiça e Paz que emergiram durante o com-partilhar regional dos membros da ECHOS:

* Reconhecemos que os conflitos na África trazem um legado his-tórico de injustiças perpetuadas contra a África e seus vários desafios de governo; confessamos nosso papel em tais injustiças; oramos por humildade, discernimento e coragem respondendo em solidariedade com aqueles que buscam por justiça no continente africano;

* ECHOS une-se em lamentação em relação ao impacto devas-tador do terremoto que afetou o Haiti no dia 12 de janeiro de 2010. Sofremos com aqueles que estão sofrendo e que perderam suas famílias, amigos e comunidades. Levantamos nossas vozes de indignação sobre o legado de injustiça que tem passado o Haiti como país; confessamos nosso papel em tais injustiças; oramos por humildade, discernimento e coragem respondendo com freqüentes e persistentes clamores das pessoas do Haiti e o chamado de Deus pela paz em meio a crises.

* Os membros da Comissão ECHOS continuarão a manter essas e outras preocupações globais e regionais em suas orações por jus-tiça e paz: migração, mudanças climáticas e crises econômicas.

* Enquanto mantemos cada uma de nossas regiões em nossas orações, nós oramos especialmente pelo Oriente Médio, esperando que possamos estar aptos a nos concentrarmos como comissão nessa área no futuro.

Echos está grata pela hospitalidade de nossos anfitriões em Addis Ababa e que a Deus por suas bênçãos em nossa comunhão. Salam!

Traduzido por: Diana Fernandes dos Santos Faraon – Moderadora da ECHOS – Comissão de Juventude no Movimento Ecumênico do Conselho Mundial de Igrejas – Presidente da Confederação Meto-dista de Jovens da Igreja Metodista do Brasil. Mais informações: http://www.oikoumene.org

Entre os dias 15 a 22 de janeiro de 2010 aconteceu o Encontro da Região Conesul, orga-nizado pelo “Programa Jovens em Missão” do CIEMAL (Conselho de Igrejas Evangélicas Meto-distas da América Latina e Caribe), na cidade de Assunção, Paraguai. O Encontro contou com a presença aproximada de 50 jovens compostos pelas delegações da Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Brasil – este com 13 representantes. Durante o Encontro também foi realizada a eleição para Coordenador de Juventude do Programa para a região Conesul, cuja função agora é ocupada por Sinval Filho, jovem que já exerceu a presidência da Federação de Jovens na 3ª Região por dois biênios.

Um dos grandes privilégios de participar do “Programa Jovens em Missão” do CIEMAL está na possibilidade ímpar de compartilhar com os nossos irmãos metodistas a fé em Cristo com aqueles que não a conhecem, pois apesar das diferenças culturais, de idiomas e costumes algo muito maior nos unia: o Reino de Deus. Todos dedicaram seu tempo, deixaram seus países, famílias e afaze-res para ganhar almas para Jesus, e enxergar como Deus tem levantado uma geração renovada de jovens em cada nação. Não foi à toa que a canção “Rede ao Mar” foi a que mais mar-cou a vida de todos durante todo o Encontro: “...Vou lançar a minha rede ao mar, muitas almas também vou ganhar, tan-

CIEMAL realiza encontro de jovensNovo Coordenador Regional de Juventude do CIEMAL é brasileiro

tas que eu não poderei contar, almas como areia do mar...” Vídeo do encontro: http://www.youtube.com/watch?v=2o4kV3jvpxA

Sinval Filho (São Paulo/SP, Brasil)

Coordinador Regional de la Juventud Conesul Programa Jovénes en Misión - CIEMAL

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Março 201012 Testemunho

As vivências que compõem a nossa existência relatam nos-sa intimidade com Deus. Nos últimos dias um infarto agudo do miocárdio e todas as suas conseqüências me proporcionaram experiências múltiplas, as quais não poderia ou conseguiria rela-tar em um só testemunho. Uma dessas vivências diz respeito ao “Fio de Prata”, ou seja, a finitude e a fragilidade da vida – dom gratuito de Deus.

Meses antes, em uma de minhas orações dizia a Jesus: “tra-ta, Senhor, o meu coração”. Referia-me ao meu ego, estava por suplicar que Deus me ajudasse a não ser soberbo com certas funções que exerço na Igreja e na vida secular, mas referia-me, também, a não ter uma baixa auto-estima caso alguns projetos não se realizassem. O tratamento do infarto me reportou a este pedido e ali nas primeiras horas de UTI eu senti que Deus estava com justiça, correção e equidade tratando literalmente meu coração e fazendo daquele momento o tratamento que eu solicitara em minhas súplicas de meses anteriores.

Naquela situação de esgotamento de todos os meus sistemas (circulatório, digestório, muscular, etc.) fui sendo educado pelo Es-pírito Santo, instruído sobre a minha fragilidade e finitude humana, reconheci que os projetos pessoais, os ideais, os sonhos, os desejos mais íntimos são ligados à vida por um tênue “Fio de Prata” que pode romper-se a qualquer momento. Passados os momentos de maior crise e a primeira angioplastia realizada apenas algumas horas após o infarto (portanto de emergência), a medida que meus sinais vitais iam aos poucos se estabilizando a aprendizagem era ainda maior, o Espírito estava certo que eu podia compreendê-lo. Então me perguntei como posso agradecer a Deus por este feito tão grande, procurava e rebuscava em minha memória palavras, frases, jargões que pudessem criar um grande alarido de ação de graças e louvor, mas... não encontrava senão pouquíssimas palavras que pareciam nada significar diante do que o Senhor me propor-cionara naquele leito de UTI. Então o Espírito Santo me ensinava: “veja como é a fragilidade e a finitude humana, não há nada que se possa igualar aos feitos do Pai, realizados por seu Filho a teu favor, não há palavras, frases, jargões que possam expressar a totalidade da ação divina.” Passaram-se dias (17 ao todo) e recebi alta hospitalar e devolvido ao seio familiar a quem Deus cuidara com todo carinho por meio de muitos irmãos e irmãs.

Com estes cuidados de Deus fui aproximando-me novamente da necessidade de agradecer e a idéia de culto saltou de minha memória em uma madrugada. Se palavras, expressões, jargões não são suficientes, quem sabe o culto seja mais apropriado para render graças ao Senhor. Com a ajuda do Espírito fui refletindo sobre o que é cultuar, veja bem, sou pastor há 29 anos e me perguntava: o que é cultuar a Deus? Os meus parcos conheci-mentos teológicos começaram a vir à mente e o Espírito parecia selecionar o que eu devia dar importância e me mostrou que eu já sabia o suficiente, mas precisava aprofundar esses conheci-mentos. Entendi que devia refletir sobre a temática e no leito, na madrugada (uma “insônia santa”), era como se o Espírito afirmasse: “agora tudo e todos repousam, podemos conversar”.

Lembrei-me então das palavras liturgia e da expressão or-dem de culto, e o Espírito me ensinava “isto mesmo, vamos lá”. ADORAÇÃO, sim adoração. Adorar..., bem são afirmações sobre os atributos de Deus, certo?! As experiências da grandiosidade e infinitude de Deus que eu vivera na UTI me reportavam à necessidade de dizer coisas sobre o caráter de Deus, sobre sua intimidade. Mais uma vez as palavras eram pífias, pequeninas, insignificantes, não havia jargões teológicos, frases de efeito, ações que pudessem me fazer definir o poder, a misericórdia, a benignidade, o amor de Deus que eu sentira na UTI. É como se o Espírito me confidenciasse; “percebes que nem sempre os cultos realizados fazem sentido para o Pai? É por isso que gemo, com gemidos inexprimíveis, por cada um de vocês” .

“Antes que se rompa o fio de prata...”Eclesiastes 12: 1-8

Ensino, palavra fundamental naquela madrugada. Meus pen-samentos voaram rapidamente para a fragilidade e a finitude humana, se não sou capaz de adorar sem que o Espírito Santo o faça comigo, deverá haver algo que eu possa dizer ao Senhor. Ledo engano! A fragilidade e a finitude da vida me puseram fren-te a frente com a multidão de meus pecados de toda a minha vida, não havia acusações ou culpas, apenas memória daquilo que sou. O Espírito volta a ensinar-me - não ouvia vozes ou tinha qualquer tipo de visão - apenas pensamentos que iam ajustando minhas reflexões. “Marcos, Jesus perdoou todos os teus pecados! Confessá-los é um ato tão importante como adorar ao Deus tri-no.” O sangue remidor derramado naquela horrenda cruz é que me permitia sentir o quanto sou frágil, finito e dependente da ação misericordiosa do Deus Trino. O Espírito Santo novamente me ensinava: “viu, Marcos, como preciso continuar gemendo, gemidos inexprimíveis, em suas confissões?” Lembrei-me do salmista: “absolve-me das faltas que me são ocultas (Salmo 19 : 12). Quão importante é a confissão diária de nossos pecados!

Então o Espírito me conduziu ao LOUVOR! Como se me per-guntasse: “você sabe louvar?” Ah! pensei logo: música! Então o Espírito me orienta: “não é muito insignificante essa resposta?” Disse eu: Senhor, louvar é contar os teus grandiosos feitos, ações magníficas de tua bondade. “Sim”, respondeu-me o Grande Ensinador. “Contudo, lembre-se dos momentos vividos naquele hospital; me diga palavras que podem contar tudo o que o Pai das Luzes fez.” Esforcei-me, o vocabulário parece não conter palavras suficientes para sequer agradecer, que dirá contar com detalhes cada ação favorável a mim. Rendo-me aos teus pés, não sou capaz de louvar ao Senhor na dimensão da Sua Majestade, da Sua Soberania, Seu Poder e Sua Glória. O Grande Ensinador tranqüiliza meu coração: “Marcos, eu continuo gemendo gemidos inexprimíveis para que o louvor possa chegar ao Trono da Graça. Lembra-te da multiforme Graça de Deus, os louvores devem ser multiformes, pois na complexidade da vida há muitos meios para expressar o sentir da obra de Deus, e eu fui enviado para ajudá-lo a louvar, gemendo por ti.” A fragilidade e finitude hu-mana exposta diante de mim em contrapartida à grandiosidade e infinitude de Deus me remeteram aquilo que podemos chamar de final do culto. DEDICAÇÃO. “Você sabe o que é isso, Marcos?“ A pergunta me veio a mente como um sussurro de meu mestre. Lá estou eu, de novo, com os saberes teológicos e a falta de vocabulário. Entrega, confiança, esperança, intercessão, envio. Puxa! parece que agora estou conseguindo me sair bem! “Não é bem assim” afirma o Educador: “Nem mesmo estas palavras são capazes de expressar o que podem significar a Dedicação. Marcos, estou falando de ações que estão muito além do fazer um final de uma apresentação; a dedicação tem uma espiritualidade de entrega.” Comecei a refletir: a intercessão pelos que sofrem é uma entrega, o culto prestado sob a ordem do Espírito Santo é uma entrega, a certeza que Deus nos acolheu e aceitou o culto é uma entrega, a bênção apostólica é uma entrega. O Envio, que é a abertura do ser humano, regenerado por Jesus, e enviado ao mundo como ovelhas entre lobos, é uma entrega. O mestre da madrugada oferece mais uma vez a sabedoria: “Dedicar é oferta suave de entrega do seu próprio ser, frágil e finito, ao que é Grande e Infinito: o Trino Deus”. Então compreendi, o Espírito Santo estava gemendo mais uma vez gemidos inexprimíveis por mim naquela madrugada. Adormeci após um culto fascinante, onde não houve música, nem coros, nem teatro, nem dinâmicas, nem ofertas financeiras, repousei nos braços do Grande Ensinador, como um infante acolhido no colo materno ou paterno dorme o sono da segurança. Edificado como necessitava.

Pastor Marcos Munhoz da CostaPastor Metodista da Igreja em Rudge Ramos

Março 2010 13Educação Cristã

Por que contar histórias?

É um meio muito eficiente de transmitir uma idéia, de levar novos conhecimentos e de guardar tradições e ensinamentos. É um meio de resgatar a memória e as experiências vividas. Vá-rios povos têm sua história transmitida oralmente por meio dos contadores de histórias. É o caso, por exemplo, do povo judeu, cuja história está narrada na Bíblia. Ao contarem as histórias, os contadores legaram às futuras gerações lições imensuráveis e cheias de significado para a vida.

Contar uma história não deve ser visto como um momento para se passar o tempo ou apenas para se cumprir a lição do dia, pois ao contar uma história, o/a contador/a possibilita que os/as ouvintes façam ligações com a vida e tirem preciosos ensinamentos. Otilia Chaves (1952, p.33) diz que “A história grava-se indelevelmente em nossa mente e seus ensinos passam ao patrimônio moral de nossa vida. Ao depararmos com situações idênticas, somos levados a agir de acordo com a experiência que inconscientemente, já vivemos na história”.

Para quem contar histó-rias?

As crianças gostam de ouvir histórias, não somente porque é agradável, mas porque através de-las fica mais fácil entender uma mensagem e relacioná-la com a vida. Gostam de ouvir seus pais, avós e professores/as contando histórias bíblicas, de fadas, da vida deles mesmos e de quando eram crianças. Os jovens e adultos também gostam de ouvir, pois em todas as pessoas a história faz res-surgir a emoção e a fantasia.

A história ajuda as pessoas a recordarem de momentos vivencia-dos, ou lembrar-se de fatos acontecidos e, ao fazer isto, reviver os momentos e tirar ensinamentos para a continuidade da vida. Recordar quer dizer recolocar no coração e viver novamente numa nova tonalidade ou sabor. Vânia Dohne (2000, p. 5) diz: “Estas narrações, tão saborosamente recebidas, desencadeiam processos mentais que levarão à formação de conceitos, capazes de nortear o desenvolvimento de valores éticos e voltados para formação da auto-estima e a cooperação social”.

Como preparar a história a ser contada?

Selecionar – É preciso fazer uma seleção do que contar, levando-se em conta o interesse do/a ouvinte, a sua faixa etária e suas condições sócio-econômicas. Procurar dentro daquilo que se quer ensinar ou de acordo com o contexto da aula que será dada; pesquisar até encontrar algo que toque o/a contador/a de maneira especial. Lembrar que ao contar uma história bíblica ensina-se a Palavra de Deus a ser vivenciada.

Recriar - Não se deve pegar uma história e contá-la como vem escrita, é preciso passá-la para a linguagem oral. Neste momento pode-se optar por contá-la a partir de um personagem atuante na história ou de alguém que estava vendo o acontecido, é o momento em que se cria para depois estudar e contar.

Estudar - Ler muitas vezes o texto e visualizar as cenas para saber contar a história sem decorá-la. O conto decorado des-trói a naturalidade. É visualizar a história lembrando que cada personagem tem a sua própria história, é imaginar as cenas etc. O/a narrador/a tem que se tornar íntimo dos/as personagens e do local onde ocorre a história.

Estrutura – Geralmente a estrutura segue 4 fases: Introdução: deve ser rápida, interessante e apresentar os/

as personagens sem divagação (quando, onde, quem). Ex: há muito tempo atrás, era uma vez...

Desenvolvimento: são contados os fatos essenciais, há um crescimento gradativo da emoção da história.

A arte de contar históriaClímax: ponto de maior emoção da história.Conclusão: deve ser breve e clara. Pode-se encerrar com

frases tipo: entrou por uma porta, saiu por outra, quem quiser que conte outra.

Preâmbulo - Pode-se iniciar uma contação fazendo uso do preâmbulo, que tem por objetivo chamar a atenção para o início da história, devendo ser de acordo com os/as ouvintes.

Ensaiar – Para não repetir nem exagerar nos gestos e movi-mentos, evitar os vícios de linguagem e calcular o tempo, tendo em vista os/as ouvintes.

Que tipo de história contar?Para CriançasAté 3 anos – Histórias que tenham bichinhos, objetos, crian-

ças, rimadas, enredos que façam parte da vida da criança, textos curtíssimos (2 a 3 minutos).

3 a 4 anos – Os textos devem ser curtos e atraentes, história com ritmo e repetição. Pode-se usar gravuras de preferência grandes. Histórias que tenham bichos, brinquedos, objetos e usem expressões repetitivas (5 minutos).

5 a 6 anos - Histórias da vida real que falam do lar, etc. Os textos devem ser curto e ter muita ação. O enredo deve ser simples. Até os 6 anos a criança gosta de ouvir a mesma história várias vezes (5 a 10 minutos).

7 a 9 anos – Histórias de personagens que possuem poder, histórias de aventu-ras, humorísticas e vinculadas a realida-de da comunidade (10 a 12 minutos).

10 a 12 anos – Narrativas de viagens, explorações, relatos históricos e preo-cupação com os outros, fábulas (10 a 15 minutos).

Sugestões de histórias para crianças de 0 a 6 anos: Jesus segura a criança, nasci-mento de Jesus, Zaqueu, Josué e os espias, baratinha, nuvenzinha triste, etc.

Sugestões de histórias para crianças de pré-adolescentes de 7 a 12 anos: Criação, milagres, Abraão, Moisés, Paulo, José do Egito, João Batista, Amós, Jeremias, mis-sionários, John Wesley, etc.

Para juvenis, jovens e adultos

Todo texto bíblico, textos humorísticos, históricos, contos da tradição popular e outros (15 a 20 minutos).

As histórias (parábolas, histórias bíblicas, vida de personagens bíblicos, missionários, personagens da história, pessoas anônimas, benfeitores, pessoas altruístas, etc.) podem ser adaptadas para qualquer idade.

Este texto não tem o propósito de esgotar o assunto, pois há muito mais para ser considerado na arte de contar história. Nossa intenção é motivar para que a contação de história seja um método pedagógico utilizado para ajudar no processo de ensino e aprendizagem.

Profa. Joceli de F. Cerqueira LazierMembro da Catedral Metodista de Piracicaba, contadora de histó-

ria, coordenadora do Centro Cultural Martha Watts e Núcleo Univer-sitário de Cultura da UNIMEP e Mestre em Educação.

BIBLIOGRAFIA

ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: Gostosuras e Bobices. São Paulo: Scipione, 2003.BARBOSA, Reni Tiago Pinheiro. Pontos para tecer um conto. Belo Ho-rizonte: Lê, 1997.CHAVES, Otília. A Arte de Contar Histórias. São Paulo, SP: Confederação Evangélica do Brasil, 1963.COELHO, Betty. Contar história: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1997.DOHNE, Vânia. Técnicas de contar Histórias. São Paulo: Informal, 2000.GRUEN, W. A Bíblia na escola: Subsidio para pais e educadores. São Paulo: Paulus.

Março 201014 Entrevista

No ano de 2010 comemora-se o cente-nário de instituição do Dia Internacional da Mulher. A data, mais do que uma festivida-de, é um perturbador estímulo à reflexão: no dia 8 de março de 1857, 129 mulheres e meninas trabalhadoras da indústria têx-til morreram carbonizadas dentro de uma fábrica enquanto reivindicavam melhores condições de vida e trabalho. Em 1910, o Congresso Internacional de Mulheres, rea-lizado na Noruega, escolheu a data desta tragédia para instituir o Dia Internacional da Mulher. Hoje, passado um século, a data costuma ser celebrada com homenagens, bombons e flores. As mulheres as recebem de bom grado. Mas querem também discu-tir e sonhar com novas e mais saudáveis relações entre homens e mulheres, numa sociedade justa e inclusiva.

Dentre as mulheres que discutem, sonham e, com seus talentos, buscam construir essa sociedade mais igualitária, está a teóloga Sandra Duarte de Souza. Mestre e doutora em Ciências da Religião, Sandra é professora de Ciências Humanas e Sociais da Faculdade de Teologia e do Programa de Pós Gradua-ção em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo e editora da revista Mandrágora, publicação do MANDRÁGORA/NETMAL - Grupo de Estudos de Gênero e Re-ligião da mesma Universidade. Em parceria com a professora Carolina Teles Lemos, da Universidade Católica de Goiás, ela acaba de lançar o livro A casa, as mulheres e a igreja: relações de gênero e religião no contexto familiar, pela Fonte Editorial.

Você tem pesquisado e escrito no campo da teologia feminista. A velha expressão “sou feminina, não feminista” ainda re-percute na Igreja? Afinal, o que é teologia feminista?

Ser feminista é lutar por direitos polí-ticos e políticas públicas voltadas para as necessidades específicas das mulheres. Mas a interpretação da palavra “feminismo” foi cultivada pela mídia de maneira muito negativa. Um movimento pela autonomia das mulheres era uma idéia que não caía bem no século 19. Quando as mulheres começaram a lutar por seus direitos, bus-cou-se desqualificar o ser feminista. Ainda hoje, numa sociedade marcada pela cul-

Além de rosas e bombonsUm bate-papo a propósito do centenário do Dia Internacional da Mulher

tura patriarcal, a palavra é carregada de preconceito. Ao mesmo tempo, persistem as piadas relacionadas ao sexo ou à inteli-gência das mulheres; usa-se a imagem da mulher para vender cerveja.

Se feminismo já é um termo proble-mático, pense isso no contexto religioso e particularmente cristão, no qual há toda uma construção que secundariza as mulhe-res. Nós tratamos Deus como homem – uma divindade que tem poder e que, portanto, só pode ser homem. A teologia feminista é recente na história do pensamento cristão, embora haja iniciativas pioneiras, como a de Elisabeth Cady Stanton, que em 1898 publicou a “Bíblia da Mulher” – que não é essa Bíblia rosa que está sendo vendida nas livrarias. Tratava-se de uma nova leitura da Bíblia (veja quadro).

Os estudos desenvolvidos nos EUA e França têm grande importância para as reflexões que se desenvolvem no Brasil. Há algumas teólogas que podem ser cita-das como referência, como as americanas Rosemary Radford Ruether, Mary Hunt e Mary Daily. Entre as latinoamericanas, Ada María Isasi-Díaz e Maria Pilar Aquino. O Brasil também conta com pesquisadoras na área, como Ivone Gebara e Luiza Tomita, católicas, e Nancy Cardoso Pereira e Tâ-nia Mara Vieira Sampaio, metodistas. Mas publicar livros com a palavra feminista no título é difícil, há muita rejeição por par-te das editoras religiosas, que preferem termos como “teologia na perspectiva da mulher”, e “teologia feminina”.

Hoje já se ouve falar mais em “teologia de gênero” do que “teologia feminista”. Houve uma mudança de conceito?

Gênero é uma ferramenta de análise que permite pensar a temática de ma-neira relacional, ou seja, desconstruindo “construções sociais” baseadas em todo um sistema de relações sociais nos quais se inserem homens e mulheres. Joan Scott escreveu em finais da década de 80 um artigo que consagrou o uso do termo gê-nero, cujo título é “Gênero, uma cate-goria útil para a análise histórica”. Nem todas as feministas concordam com essa abordagem. Algumas consideraram que a categoria “gênero” terminou esvaziando do feminismo seu conteúdo político. Mas a abordagem de gênero não antagoniza com o feminismo. Ela aprimora o olhar feminista. As teologias que têm empre-gado gênero como categoria analítica são teologias feministas.

As distinções entre características fe-mininas e masculinas (“menina é melhor em português, menino em matemática”; “mulher é mais emocional, homem é mais racional”) criaram funções ditas masculi-nas e funções femininas, o que se percebe também na Igreja. Por exemplo: mais mu-

lheres na docência, mais homens na admi-nistração. Como você vê essa questão?

Essa dicotomia é baseada numa leitura essencialista; ou seja, acredita-se que as mulheres tenham uma natureza diversa à do homem, o que lhe confere carac-terísticas e papéis distintos. O grande problema é o que se constrói sobre o dado biológico: não se deveriam atribuir fun-ções ou construir hierarquias sobre essas diferenças. Se no passado não tínhamos mulheres em várias atividades, é porque elas eram impedidas de exercê-las. É cla-ro que o feminismo não nega a existência das diferenças biológicas, mas ele surgiu como um movimento disposto a discutir politicamente as igualdades. Surgiu dis-cutindo, por exemplo, o direito absoluto que os homens tinham sobre o corpo das mulheres – o que lhes dava, até, direito de matar.

Mas, voltando para o campo religioso, vemos que somos muito essencialistas. Ain-da existe todo um discurso que, baseado em Agostinho e Tomás de Aquino, desquali-fica a mulher. Estes teólogos se alimentam dos filósofos clássicos. Tomás de Aquino era aristotélico. E Aristóteles dizia que alguns (homens) nasceram para dominar e outros para serem dominados. Tanto para Agostinho quanto para Tomás de Aquino nós somos menores e são os homens que orientam nossa vida. Fomos associadas ao mal, ao demoníaco, estamos seduzindo o tempo todo... Lutero dizia que as meninas falam mais cedo porque “ervas daninhas crescem mais rápido”... Pois, é, Lutero! Calvino aconselhava as mulheres a não abandonar os seus maridos mesmo que fossem severamente espancadas. Elas só poderiam abandoná-los em caso de risco à vida. Mas, como saber o quanto uma pes-soa vítima de violência pode suportar?

E não é preciso ir tão distante. No final dos anos 90, no jornal oficial de minha própria igreja, um pastor publicou artigo no qual ele aconselhava às mulheres serem submissas a seus maridos, pois, se eles não encontrassem em casa o que queriam, poderiam ir “buscar em outro lugar”. O texto bíblico estava sendo usado para justificar a infidelidade masculina! Mesmo no âmbito das faculdades de teologia, as mulheres ainda estão em posições perifé-ricas, ministrando aulas complementares como sociologia, antropologia, psicologia. De maneira geral, as matérias básicas como teologia sistemática e Bíblia são ministradas pelos homens.

Recentemente a imprensa noticiou o au-mento de homens e mulheres nas creches e escolas infantis do ensino público no es-tado de São Paulo. Dizia a reportagem ser muito positivo poder contar com o ponto de vista masculino e com a referência de figura paterna na educação das crianças.

Sandra Duarte de Souza. Mestre e doutora em Ciências da Religião

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Março 2010 15Entrevista

Você concorda com este ponto de vista? E na Igreja, existe essa tendência de termos homens ensinando crianças?

Quando um trabalho se “masculiniza” ele ganha valor. Veja o que acontece com a inserção dos homens no mundo da culiná-ria. Se as mulheres são boas cozinheiras, os homens são grandes “chefs”. Quando um homem cuida de criança todos dizem “uau, que fantástico!” Mulher cuidando de criança é natural. Mas na Igreja ainda é bem raro ver homens lecionando para classes de crianças na Escola Dominical ou cuidando do berçário. Ainda se entende que é um “desperdício” empregar homens nestas fun-ções; eles seriam melhor aproveitados lecionando para os adultos. Embora, como Igreja, digamos que é das crianças o Reino dos Céus, o trabalho com crianças não é valorizado.

A imprensa também tem noticiado a existência de igrejas (no Brasil e no exterior) que estão promovendo lutas de “vale-tudo” para atrair os jovens. Um dos pastores entrevistados afir-ma que é necessário “injetar masculinidade” nos ministérios. Diz que os homens na faixa de 18 a 34 anos “caem no sono” porque as igrejas têm “tons pastéis”. Há um recrudescimento do machismo no jovem de hoje?

O homem é socializado para tornar-se agressivo. Por que o seguro de carro é mais barato para mulheres do que para homens? Simplesmente porque os meninos são criados para serem mais com-petitivos, mais agressivos, e isso se reflete nos acidentes de trânsi-to. Essa agressividade é devida apenas a testosterona? Eu acredito que é muito mais pelo contexto cultural que a favorece.

Desde cedo os meninos jogam games violentos, praticam artes marciais, são ensinados numa cultura de violência, e é isso o que aparece agora na iniciativa dessas igrejas. Existe a idéia de que se a agressividade do menino não for estimulada, ele pode se transformar em homossexual. Outro dia uma amiga minha discutiu essa questão na escola de seu filho. O menino chegou em casa com uma espada de brinquedo e ela foi à escola reclamar que o brinquedo de luta contrariava os valores defendidos por sua família. A resposta da professora foi que o menino, uma criança tranqüila, era muito “banana” e que era necessário estimular sua “masculinidade”.

Por que não podemos deixar os meninos brincarem com bo-necas? A boneca ensina o cuidado com o outro. Nós, mulheres, não somos naturalmente cuidadoras, somos ensinadas a cuidar do outro. Cuidamos dos filhos, dos maridos, dos pais, de todo

mundo... menos de nós mesmas. Já aos meninos são dados carri-nhos. O carro ensina a autonomia, a condução da própria vida. O menino que brinca com o carro, mesmo que esteja dentro de casa, imagina a rua... Em contrapartida, boneca e fogãozinho restringem a menina ao espaço doméstico que sempre foi confe-rido à mulher. Mas o menino também é vítima desta socialização. Ele nunca pode estar no espaço doméstico. Tanto que, quando o homem fica desempregado, ele não fica em casa. Muitos ficam no bar. Adolescentes saem cedo da escola porque precisam trabalhar, precisam ser “produtivos”.

Particularmente no contexto da alta concorrência religiosa busca-se um diferencial de mercado. Uma vez que as igrejas perderam sua identidade, todas se parecem iguais. Muda-se o rótulo, mas o conteúdo é o mesmo. Oferecer um novo “produ-to”, como a luta, é uma tentativa de se diferenciar. O que pode gerar adesão por algum tempo, uma vez que se trata de produto descartável.

Há também um recrudescimento dos fundamentalismos, o que afeta as relações de gênero. Entre os fundamentalistas, tem havido um grande reforço da submissão das mulheres. Na literatura americana, há muitos livros escritos para as mulheres que estabelecem um perfil feminino desvantajoso nas relações de força.

Este conceito tem que ser desconstruído na Igreja. E essa desconstrução passa pelo gabinete pastoral, que é o lugar de poder da Igreja. Embora o poder regulador da Igreja esteja mais relativizado nestes tempos de secularização, o que o pastor ou pastora fala ainda faz muita diferença para o fiel. Se o pastor aconselha a uma mulher vítima de violência doméstica que não tome nenhuma atitude, que fique em casa, ela pode não ama-nhecer viva. Isso é muito sério. Não sei se todos os pastores têm consciência do poder que exercem sobre a vida dos fiéis.

Pesquisa da socióloga Maria das Dores Campos Machado (Ca-rismáticos e pentecostais: adesão religiosa na esfera familiar) mostra que quando a adesão à igreja é só da mulher, a dinâmi-ca familiar não muda muito. Quando a adesão é do casal ou do homem, a possibilidade de mudança é enorme. A Igreja entra como um elemento regulador importante. Diminuem os proble-mas relacionados a alcoolismo e violência doméstica. O estudo mostra a importância da liderança religiosa e do papel da Igreja na construção de novas relações.

Entrevista a Suzel Tunes

Uma leitura feminista da Bíblia. Em 1898.Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Gênesis 1.27 Se a linguagem tem algum significado, nós temos neste versículo a clara declaração da existência do elemento feminino

da divindade, igual em poder e glória ao masculino. O Pai e Mãe Celestial! “Deus criou os seres humanos à sua própria ima-gem, homens e mulheres”. A Bíblia da Mulher, 1898

Igualdade de direitos foi uma bandeira que a escritora americana Elizabeth Cady Stanton (1815-1902) levantou a vida inteira. Começou questionando a escravidão e as justificativas bíblicas para sua existência. Após a abolição, em 1863, ela voltou suas atenções para a discriminação que o seu próprio sexo sofria – e, mais uma vez, com respaldo das Escrituras. Ela escreveu: “Quando as mulheres entendem que os governos e as religiões são invenções humanas, que bíblias, livros de oração, catequeses e encíclicas são emanações do cérebro do homem, elas deixarão de ser oprimidas pelas imposições que lhes chegam com a autoridade divina do ‘Assim diz o Senhor.’ ”

Junto com outras mulheres, o “Comitê Revisor”, Elizabe-th desenvolveu um projeto ambicioso e polêmico: uma nova interpretação da Bíblia denominada A Bíblia da Mulher, cuja primeira edição foi publicada em 1898. É uma das primeiras tentativas de avaliação da herança judaico-cristã e seu im-pacto sobre as mulheres através da história.

Elizabeth Stanton concluiu que “a Bíblia em seus ensinos degrada a mulher do Gênesis ao Apocalipse”. No entanto, ela e as outras autoras acabaram encontrando muito o que admirar na Bíblia, particularmente nas histórias de mulheres do Antigo Testamento.

Militante do sufrágio universal, Elizabeth morreu 18 anos antes de ver aprovada a 19ª Emenda da Constituição dos Es-tados Unidos, que finalmente garantia às mulheres o direito ao voto – e teria sua redação inspirada nos próprios textos de Elizabeth. Seu epitáfio poderia ser o poema que ela citou na primeira página do seu diário:

Eu vivo ... Para a causa que carece de assistência, Para o mal que precisa de resistência, Para o futuro na distância E o bem que eu posso fazer.

Março 201016 Página da Criança