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2 Jornal Metas | 17 de Novembro de 2018 - Especial PROFISSÕES DO FUTURO

DIRETOR: José Roberto Deschamps | GERENTE ADMINISTRATIVO/FINANCEIRO: Juliana P.Z. DeschampsCOMERCIAL/CRIAÇÃO: Débora R. N. Linhares | DIRETOR José Roberto DeschampsPROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Professor Sandro Galarça (MTB 8357/RS)COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO: Alexandre Melo (MTB 6901/SC) e Kássia Dalmagro (MTB 3401 JP)CAPA: Sandro Galarça, com foto de cnbc.com

REDAÇÃO (Alunos de Jornalismo/FURB): Aldemir Mendez, Ana Paula Dahlke, Elena Bortoncello, Elienara Suane de Oliveira Marinho, Elisiane Roden da Silva, Fernanda Tenfen, Ingrid Leonel de Souza, Marcelo José Santiago, Marco Aurélio da Silva Júnior, Mayara Cristina Korte, Paola Fernanda Dahlke, Rebeca de Paula Nogueira, Victória Krause, Vinícius Peyerl Vieira e Yasmim Cristine Eble Cechelero.

Gráfica e Editora Metas CNPJ 04.598.349/0001-82 email: [email protected] www.jornalmetas.com.br NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE. É permitida a reprodução total ou parcialdo conteúdo deste encarte, desde que citados a fonte e os créditos das imagens.

TENDÊNCIA

EXPEDIENTE

O veículo aéreo não tripulado (VANT), popularmente conhecido como drone, deixou de ser somente um produto de entretenimento e lazer. Em função da diminuição no custo financeiro do equipamento, diversas áreas passaram a incluir o drone como equipamento profissional de trabalho, constituindo-se também como uma ferramenta cada dia mais necessária em vários segmentos.

O fotógrafo Orlando José de Mo-rais Junior comenta sobre o cresci-mento desta profissão e seu trabalho fotográfico utilizando a aeronave. “É uma área que vem crescendo bastante, a gente criou uma cartela de clientes muito grande, prestando serviços para produtoras e emissoras de TV”, explica.

A utilização das aeronaves não se limita apenas à atividade de captação, filmagem e edição de imagem. Segun-do o piloto Guilherme Spengler, a atua-ção com o equipamento vem adquirin-do cada vez mais popularização e novas opções de investimentos no mercado. “Temos aplicativos que fazem todo le-vantamento topográfico via drone, um serviço em que o topógrafo gastava um

dia inteiro você consegue concluir em 15 minutos com os drones e acredito que será algo muito rentável”, afirma.

Todos esses fatores influenciam o mercado em expansão e a necessida-de pelos serviços de pilotagem. Para se tornar um expert nessa tecnologia, existem inclusive escolas especializa-das voltadas para a formação de pilotos profissionais. Luis Drumond, diretor da escola de pilotagem Skyline Films Brasil, destaca que a formação pro-fissional é um diferencial para quem deseja operar e trabalhar com o equi-pamento. “O aluno terá a possibilida-de de ser inserido no mercado e terá todas as condições para desenvolver habilidades técnicas de manuseio do drone”, conclui. Tudo isso influencia na demanda profissional que ainda é escassa no Brasil. O aumento da pro-cura se caracteriza pela regulamenta-ção do uso comercial dos multirotores pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que dá maior credibilidade ao profissional da área.

De acordo com o diretor, o curso oferece todo suporte básico para que o aluno esteja habilitado a pilotar. “Após

De acordo com a legislação fisca-

lizadora, o aluno interessado em ini-

ciar no curso de pilotagem de Drone

precisa ter idade superior a 18 anos

(caso não possua, somente com

acompanhamento de um responsá-

vel). Para pilotar o equipamento pes-

soal, deverá registrar os seus dados

e da aeronave nos órgãos ANAC e o

Departamento de Controle do Espa-

ço Aéreo (DECEA). Caso a aeronave

não esteja homologada de fábrica, é

necessário que ele acesse o site da

Agência Nacional de Telecomuni-

cações (ANATEL), para regularizar a

situação. No dia 3 de maio de 2017,

entrou em vigor a norma que regu-

lamenta as operações de aeronaves

não tripuladas. Até o momento, já

foram cadastrados mais de 41 mil

drones por meio do Sistema de Ae-

ronaves não Tripuladas (SISANT), ge-

renciado pela ANAC. Desses, cerca de

26.843 são de uso recreativo e 14.855

destinam-se ao uso profissional da

aeronave. Também de acordo com o

regulamento da ANAC, as aeronaves

só podem ser operadas por maiores

de 18 anos e em áreas com no míni-

mo 30 metros horizontais de distân-

cia das pessoas não envolvidas com a

operação (por motivos de segurança).

concluído, o profissional estará apto a decolar, aterrissar e pilotar drones, bem como entender e monitorar dados bási-cos de telemetria”, aponta o diretor. Essa tecnologia está sendo utilizada também em outras atividades de grande im-portância para a sociedade, entre elas, inspeções na agricultura, fiscalização rodoviária, transportes de produto, lo-gística, trabalhos fotográficos, infraes-trutura, entre outros.

Recentemente, 21 drones foram utilizados no setor de segurança da

35ª Oktoberfest em Blumenau. A ope-ração batizada de Techno foi realizada por policiais treinados para pilotar os equipamentos, que ficaram ao lado do pavilhão do ginásio Galegão, de onde puderam monitorar a área externa da Vila Germânica como também os des-files na rua XV de novembro. Dessa forma, a multidão é acompanhada em tempo real, diminuindo o tempo de atendimento das ocorrências. Ao fim da festa os aparelhos continuam a auxiliar o policiamento na cidade.

LEGISLAÇÃO

PORMarcelo Santiago e Aldemir Mendez

PELOS CÉUS DO

MUNDOFOTO: MARCELO SANTIAGO

Guilherme Spengler aposta na expansão do mercado

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Jornal Metas | 17 de Novembro de 2018 - Especial PROFISSÕES DO FUTURO 3

Além das estratégias on-page e off--page, quem trabalha com SEO tem a função de pesquisar palavras-chave e ter noção do impacto que cada uma terá so-bre o conteúdo publicado. Para ter esse conhecimento de cada palavra, o espe-cialista precisa de uma boa análise de métricas, por meio de softwares dos mo-tores de busca, como o Google Analytics, o principal da área. É por meio deste que se analisam os resultados atuais e passa-dos do seu site, assim podendo entender o porquê de não ter ou de ter atingido a meta e tendo mais material base para buscar um maior crescimento.

Dentre as qualificações necessá-rias para se trabalhar como analista de

SEO estão graduação ou experiência de trabalho na área de marketing, conhe-cimento dos motores de busca, assim como de seus algoritmos e ranquea-mentos, ser um excelente redator e en-tender de marketing de conteúdo, de preferência com uma certificação.

As habilidades necessárias são óti-ma comunicação escrita, capacidade de analisar dados, montar relatórios e resultados, fazer otimizações baseadas em dados levantados e conhecimento básico sobre programação e domínio de ferramentas de SEO. “A média de salá-rio de um profissional na área está en-tre R$1.000 e R$ 7.000”, dependendo da função, diz César Paladini.

PORAldemir Mendez eMarco Aurélio da Silva Júnior

EM BUSCA DE MAIS VISIBILIDADE

IMPORTÂNCIA

Para não se prender apenas em mídia paga, assim investindo valores e mantendo resultados de aumen-to de clientes, é necessário investir no SEO. O profissional da área terá conhecimento no assunto, assim podendo auxiliar, guiar e até mesmo administrar a visibilidade de seu site.

O analista de SEO terá a respon-sabilidade de levar grande parte da divulgação de seu site direto para seu público-alvo, assim evitando gastos desnecessários e trazendo clientes, não apenas visibilidade.

As empresas que trabalham com geração de conteúdo digital e pretendem atrair público para di-

vulgar seu trabalho e aumentar as vendas, necessitam de um profis-sional da área. Fazendo com que contratar um analista de SEO tenha maior custo-benefício a longo prazo, quando comparado com a mídia paga.

“As empresas começaram a se dar conta que apenas o investimen-to em mídias pagas não é o sufi-ciente para trazer bons resultados”, disse César Paladini, “Com isso, o SEO tem sido visto, por elas, como uma maneira eficaz de atrair a curio-sidade do público para a aquisição de tráfego, leads ou até vendas”, completou.

Moisés Cardoso salienta a eficiência na ação de SEO

A Search Engine Optimization (SEO) é basicamente a otimização de sites, definido como uma forma de au-mentar, por meio de estratégias e técni-cas de marketing digital, os acessos de um site, melhorando o posicionamento nos mecanismos de busca como o Goo-gle e o Yahoo. Para desempenhar essa função e aumentar a visibilidade de uma marca, as empresas têm um funcionário responsável nomeado como analista de SEO, o qual, geralmente ligado à área de tecnologia, marketing e comunicação, tem como objetivo garantir um alto nú-mero de acessos no site ou de procura pela marca em motores de busca, por meio de palavras-chave, análise de mé-trica no Google Analytics e até mesmo geração de parcerias online.

César Paladini, 35 anos, responsá-vel por criar estratégias e planejamento digital para empresas do Vale do Itajaí, explica que a profissão tem seus atrati-vos. “Para quem gosta de correria e de-safios, o SEO é a área certa. O profissio-nal tem que estar ligado em tudo o que acontece ao seu redor e no universo da empresa”, avalia.

Existem duas estratégias principais para melhorar o acesso em seu site, a “on-page” e a “off-page”. A estratégia on-page é melhorar o seu próprio site, como adequar as palavras-chave, o títu-lo das páginas e as URLs (sigla em ingês para endereço de localização da página), com o objetivo de torná-los mais práti-cos e interessantes para os mecanismos de busca. O especialista em mídias di-gitais e doutorando em comunicação e linguagens, Moisés Cardoso, reforça a importância da utilização desse méto-do/técnica. “Através do SEO, a pesquisa por palavra – chave, quando executada profissionalmente, torna o trabalho efi-ciente ao aumentar o tráfego e suas con-versões de um website”, explica. Além de desenvolver conteúdos relevantes para o site de acordo com seu público--alvo. Já a estratégia off-page é buscar parcerias com outros sites aumentando a visibilidade. Isso faz com que a marca obtenha mais links em outras páginas e assim apareça cada vez mais.

As estratégias de SEO não servem apenas para aumentar o número de vi-

sitantes em um site, até porque isso não significa, necessariamente, mais clien-tes. Cada site tem seu público-alvo, sen-do para esse público que a marca será divulgada, assim buscando pessoas re-almente interessadas no conteúdo, com maior probabilidade de se tornarem clientes e gerar resultados reais.

Com o crescimento das redes so-ciais, assim, consequentemente, da in-ternet também, as empresas se veem na obrigação de inovar e aparecer. Apostar em SEO é uma maneira mais acessível e, se bem administrada, po-derá ser até mais eficiente que a mídia paga. “As empresas vêm descobrindo a utilização do SEO como uma maneira eficaz para melhorar a performance e a visibilidade de seus negócios. Isso abre muito a oportunidade para novos profissionais buscarem conhecimento e se destacarem na área”, avaliou César Paladini.

Desempenhar as funções nessa área tão específica não é algo simples, muito pelo contrário, é trabalhoso e compli-cado. Com isso, já é vista a necessidade de contar com um especialista na área. O analista acaba por ter de garantir que todo o conteúdo do site da empresa para a qual presta serviço seja atrativo para os mecanismos de busca, pois é o responsável pela sua visibilidade onli-ne. O analista de SEO que trabalha com marketing digital há mais de seis anos, Ewerton Alex da Silva, comenta sobre a rotina do profissional em conjunto com outras áreas. “Eu considero a rotina de um analista de SEO semelhante a um estrategista. Ele trabalha em conjunto com profissionais de tecnologia da in-formação, produção de conteúdo e até assessoria de imprensa, que vai ditando o ritmo das demandas”, afirma.

FOTO: MARCELO SANTIAGO

INTERNET

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4 Jornal Metas | 17 de Novembro de 2018 - Especial PROFISSÕES DO FUTURO

São pelo menos 1.298 quilôme-tros que, atualmente, separam a mi-neira Keyla Bicalho de sua mãe, que reside na cidade de João Monlevade, em Minas Gerais. Aos 15 anos, ela saiu de casa para cursar o ensino mé-dio em Viçosa, a 180 quilômetros da cidade natal. Concluindo esse desafio, ela decidiu trilhar um caminho ainda mais distante: Blumenau, que em 2014 recebeu uma unidade da Universida-de Federal de Santa Catarina (UFSC), tendo Engenharias como maioria dos cursos ofertados. A que encantou Keyla foi a Engenharia Têxtil.

Ela destaca que a escolha levou em conta Santa Catarina como protago-nista do setor no país, além de o cam-pus possuir uma boa estrutura de labo-ratórios, focando o futuro da profissão.

Um dos assuntos abordados e que é pauta recente nas empresas do ramo, por exemplo, é a Indústria 4.0, uma integração dos mundos físico e virtu-al através de aplicações como Internet das Coisas (Iot), Big Data e Inteligên-cia Artificial e já vem sendo estudada pelos universitários. “São diversos seg-mentos em que podemos trabalhar, desde o convencional cama, mesa e ba-nho, muito forte aqui, até áreas como automotiva, medicina e agropecuária”, esclarece a universitária.

No Brasil, apenas cinco institui-ções oferecem o curso de graduação em Engenharia Têxtil. Aqui no estado, apenas a UFSC. Para a coordenadora Cátia Lange, capacitar os alunos com esse novo olhar vai refletir ainda mais em novos processos produtivos nas empresas, pois “o foco abrange toda a cadeia têxtil, desde a produção até empreendedorismo e inovação”. Ela salienta que empresas da região já

estão sinalizando a abertura de vagas para os futuros profissionais.

Pensando na inserção e deman-da do mercado, Keyla já atua em um estágio não-obrigatório em uma em-presa de Blumenau. Lá, ela auxilia na pulverização de processos e produtos com conceitos e ideias aprendidas na graduação. Com preferência na área de beneficiamento, ela conta que du-rante os dez semestres que compõem a grade curricular do curso, os acadê-micos fazem visitas às indústrias de várias cidades do estado. “Até agora mais de 20 empresas receberam estu-dantes não só do meu curso, mas dos outros daqui. Além disso, eu busco participar de eventos externos para complementar e atualizar minha for-mação. Neste ano já estive em pelo menos 38 palestras”, ressalta.

INTEGRAÇÃOEntre os projetos de extensão

promovidos na universidade, um é focado em educação ambiental, ao ensinar crianças de 8 a 11 anos, que frequentam o Lar Betânia, associação localizada no bairro Ponta Aguda, em Blumenau, a produção de artesanato através da reutilização de retalhos do-ados por uma empresa da região.

Uma vez por semana, a coorde-nadora Cátia, acompanhada de ou-tras professoras e bolsistas do pro-jeto, vai até o local e promove aulas como forma de instruir e conscienti-zar os pequenos. “Utilizamos alguns resíduos sólidos, conhecidos como retalhos, para ensinar as crianças a fazer artesanato reutilizável. O obje-tivo é destacar a universidade cum-prindo seu papel junto à comunida-de”, completa.

PORAna Paula Dahlke e Victória Krause

DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA

INDÚSTRIA 4.0

MERCADO

NO SETOR TÊXTIL

REALIDADE VERSUS NECESSIDADE

Pensando que as empresas devem estar preparadas para atender as necessidades do mer-cado por produtos mais inteligen-tes e customizados, possibilitan-do o monitoramento em tempo real, linhas de produção flexíveis e integradas, o Senai criou uma

plataforma para identificar a rea-lidade e as necessidades de cada organização para facilitar a cons-trução de um plano de ação rumo à transformação digital. Empresas interessadas em fazer a avaliação de maturidade podem acessar o site https://goo.gl/3NR5Sw

Keyla faz estágio não-obrigatório em uma empresa de Blumenau

FOTO: ANA PAULA DAHLKE

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Jornal Metas | 17 de Novembro de 2018 - Especial PROFISSÕES DO FUTURO 5

GASPAR PRESENTE NA

FEBRATEX

NOVAS PROFISSÕES

Blumenau também é palco da maior feira do setor na América Latina, a Febratex, quando a cada dois anos, empresários do mundo todo expõem produtos e consolidam negócios. Na edição deste ano, foram 2.400 marcas nacionais e internacionais, distribuídas em 400 estandes montados no evento.

Helvio Roberto Pompeo Madeira, presidente da Febratex Group, desta-ca que “ao todo, foram distribuídos 51.786 crachás e, considerando que cada visitante costuma ir ao evento em pelo menos dois dos quatro dias de sua realização, a visitação total aumentou, batendo um novo recorde. O volume de negócios também deve superar o da edição realizada em 2016, gerando cer-ca de R$ 1,6 bilhão”.

Com relação ao conceito de Indús-tria 4.0, segundo ele, a ênfase do tema foi percebida em palestras, debates e em máquinas trazidas pelos exposito-

res. “Como destaque, podemos citar a Silmaq, expositora de uma estação completa 4.0, e o Senai CETIQT, que apresentou uma réplica virtualizada de sua planta de Confecção 4.0 desenvol-vida para facilitar a aplicabilidade dos conceitos da Indústria 4.0”, comenta o presidente.

A Censi Máquinas, de Gaspar, foi uma das empresas a apresentar seu portfólio durante o evento. Algumas soluções lançadas por lá são voltadas ao aumento de produtividade com potencial para evoluírem para o uni-verso 4.0, de acordo com Sheila Censi Braun, diretora executiva da empresa. “Há uma evolução bastante grande não só nos produtos desenvolvidos, mas também no mercado. A busca por má-quinas do setor produtivo com ligação com os sistemas de PCP, por exemplo, é cada vez maior e estamos buscando atender a essa demanda”, revela.

De acordo com um estudo do Serviço Na-cional de Aprendizagem Industrial (Senai), 30 novas ocupações em oito áreas devem ser im-pactadas com a Indústria 4.0. No setor têxtil e de confecção são três: técnico de projetos de pro-dutos de moda, engenheiro em fibras têxteis e designer de tecidos avançados.

José Altino Comper, presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Blumenau, avalia que cada vez mais conceitos como o da moda ecológica, o consumo sustentável, inovações e rapidez devem estar presentes na gestão das empresas. “As indús-trias que quiserem continuar progredindo precisa-rão inovar e acompanhar as mudanças. Acredito que essa é uma tendência que irá continuar, trazen-do ganhos na gestão, produtividade, rentabilidade, enfim, para a sustentabilidade é um caminho sem volta. Um exemplo é eletricistas e mecânicos na in-dústria têxtil precisarem de conhecimento de siste-mas e bom domínio em TI”, afirma.

Ana Julia Dal Forno, vice-diretora da UFSC Blumenau, defende que pelo menos 50% das

profissões dos próximos 20 anos ainda não fo-ram inventadas e o curso de Engenharia Têxtil atua com o princípio de preparar o profissional para resolver futuros obstáculos. “Eles atuarão na racionalização e melhoria de processos, no planejamento e implantação de estruturas, de-senvolvendo pesquisas de tecidos inteligentes e inovações nas mais diversas áreas de atuação, desde os transportes, medicina, proteção tér-mica, esportes, área biológica, arquitetura e ou-tras, além das tradicionais têxteis de confecção, moda, vestuário, beneficiamento e malharia”, finaliza.

Em 2016, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), o setor contava com 1.832 empresas têxteis e 7.570 de confecção, totalizando 9.402 unidades. Com relação aos empregos formais, o Cadastro Ge-ral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, registrou nos úl-timos cinco anos 21.443 postos de trabalhos criados no estado.

MERCADO

EMPREGOS GERADOS (POR ANO)2014 1.422

2015 10.849

2016 790

2017 3.784

2018 4.598 (janeiro a julho)

TOTAL 21.443

Sheila Censi acredita na evolução de produtos e do mercado

Cátia Lange aposta na diversificação dos processos

FOTO: ANA PAULA DAHLKE

FOTO: DANIEL ZIMMERMANN

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Em vez de cadernos, livros, lápis, caneta sobre a mesa e o quadro lotado de matéria, há parafusos, tablets e peças. Não se trata de um curso técnico ou graduação em Enge-nharia, mas de aulas do Ensino Fundamental. Enquanto instituições ainda mantém modelos mais tradicionais de ensino, outras começam a inovar para inserir em suas meto-dologias um conceito de ensino preparatório para os alunos. Essa “era de robôs”, em que todas as áreas de conhecimento são arrebatadas pela tecnologia, vai imprimir mudanças em relação às futuras profissões e é preciso preparar quem vai assumi-las.

Em Santa Catarina, um seleto número de escolas já olham as possibilidades tecnológicas diferente de uma inimiga que distrai os alunos. São aliadas para ensinar as matérias recorrentes assim como novos conhecimentos e aperfeiçoamento de habilidades. O cenário do estado reflete a mudança de percepção levantada na Tecnologias da In-formação e Comunicação (TIC) Educação 2016, pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI-BR). Entre as escolas particulares e públicas na área urbana, 86% possuem seis ou mais dispositivos (computadores, no-tebooks, tablets), uma infraestrutura tecnológica que cola-bora para o desenvolvimento do aprendizado em sala.

O ensino da robótica é uma escolha recorrente como re-curso tecnológico de aprendizagem, pois permite explorar os conhecimentos ensinados na escola de formas diferentes e atrativas aos olhos dos alunos. “Todas as escolas deveriam ter o ensino. Ele complementa a parte prática que os pro-fessores de outras disciplinas estão trabalhando em sala de aula”, afirma a professora Ana Paula Matei, que aplica aulas de educação robótica no Colégio Sinodal Doutor Blume-nau, em Pomerode.

A mesma percepção tem a professora Maria Clarice Spengler, 53. Maria é professora no Colégio Madre Fran-cisca Lampel, no centro de Gaspar, e revela que é grande o interesse por parte dos alunos, pois leva a uma mudança dentro do ambiente escolar. “Quanto menores os alunos, mais eles demonstram interesse, pois essa introdução à tec-nologia os fascina”, destaca a pedagoga. Os alunos menores, na faixa etária dos dez anos, empolgam-se ao ver o resulta-do de seus esforços durante a aula e encaram com uma dose de diversão. Essa é uma percepção diferente do que pensam os alunos do 8º ano B sobre as aulas de educação tecno-lógica. As opiniões se dividem e nem todos se envolvem com o mesmo entusiasmo. Isabel Venturi, 14, é sincera e diz que não gosta muito, pois acha difícil algumas montagens

e programações. “Se uma peça está errada, temos que des-manchar tudo e recomeçar”, ressalta a aluna. Apesar de não simpatizarem completamente com os processos das aulas, todos têm a opinião de que a educação tecnológica e o de-senvolvimento dos robôs ajudam a aprimorar o seu racio-cínio lógico e isso contribui nas outras aulas. Em classe, os robôs ensinam a programar, mas, principalmente, ensinam a ter paciência e persistência.

Gracielle Paris, sócio-proprietária da empresa de edu-cação robótica Robomind, viu a oportunidade de ensinar algo a mais e preparar os alunos para o futuro através deste modelo de ensino. Apesar de ser uma aula em que apren-dem a montar robôs, esse é o caminho e não o objetivo fi-nal. Com a abertura e as novas formatações educacionais que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) trouxe, essa vertente da educação tecnológica tem a capacidade de exercitar e desenvolver o pensamento cognitivo, a in-teligência emocional dos alunos e o espírito de equipe.

Ir além dos componentes curriculares da Educação Básica permite potencializar a construção de conheci-mentos, habilidades, atitudes e valores. “Para fazer um relógio que mede batimentos cardíacos, é preciso saber qual a média de batimentos por minuto de um humano, como funciona um aparelho que faz a medição cardía-ca para reproduzi-lo em um relógio”, explica Gracielle. É preciso ‘sair da caixa’. Não é somente o conhecimento técnico que conta, mas pensar em conjunto com diferentes áreas e informações, para alcançar o objetivo e encontrar a solução também faz parte.

PORMayara Cristina Korte e Paôla Fernanda Dahlke

EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PREPARA

CRIANÇAS PARA O FUTURO

EDUCAÇÃO

Alunos aprendem robótica no Colégio Madre Francisca Lampel

FOTO: PAÔLA DAHLKE

APRENDIZADO DE NOVAS

HABILIDADESO ensino tecnológico faz parte da

realidade de muitos países e compõe a matriz curricular desde as mais tenra idade. Países como Alemanha, EUA e Japão são exemplos da educação robó-tica aplicada dentro das escolas com o intuito de desenvolver, a longo prazo, profissionais capacitados para colabo-rar com o crescimento econômico e com recursos para a sociedade.

Seja do outro lado do oceano ou aqui, as aulas têm o objetivo de instigar e levar os alunos a sair da zona de con-forto onde estão acostumados que tudo seja entregue nos mínimos detalhes. A facilidade ao alcance das mãos fez com que as novas gerações seguissem mol-des pré-estabelecidos na sociedade, em que poucas coisas realmente são pen-sadas e criadas do zero. Esses moldes são citados pela pedagoga Gracielle Paris como fatores limitantes da capa-cidade das crianças e as prejudicam a curto e longo prazo em diversas situ-ações na vida, reduzindo a capacidade do pensamento e da lógica.

Os alunos são incentivados a pen-sar e encontrar uma solução ou estra-tégia. A ideia é que aprendam a ver um problema como uma oportunidade de aprender, melhorar e descobrir. No Brasil, apesar dos avanços tímidos em comparação a outros países, o pensa-mento segue a mesma linha. Empre-sas, assim como universidades, estão buscando gerar profissionais capacita-dos para o suporte técnico e humano, proporcionando a renovação e o cres-cimento econômico e social.

Em cada faixa etária, a educação robótica trabalha de formas diferentes, acompanhando a capacidade cogniti-va. Os projetos que a Robomind aplica nas escolas diferem entre si em cada fase, mas sempre buscando estimular a capacidade de raciocínio. Conforme se avança, os desafios propostos ganham um grau de complexidade, e os robôs que os alunos constroem também exi-gem mais atenção e demandam uma capacidade lógica mais afinada. Ricar-do Paulini, coordenador pedagógico do Colégio Madre Francisca Lampel, conta que esse tipo de ensino traz pos-sibilidades para os alunos e procura induzi-los à tecnologia. “Não usamos o termo robótica, utilizamos educação tecnológica, pois traz uma filosofia de

pensar a tecnologia dentro do aprendi-zado”, explica o coordenador. A educa-ção está caminhando em direção a um futuro diferente do vivenciado hoje, e não há como fugir disso.

Assim como a Robomind pro-porciona o ensino de robótica, uni-versidades começam a levar parte do conhecimento ensinado nas suas aulas para alunos de ensino fundamental. É o caso do projeto Furbot, desenvol-vido pela Universidade Regional de Blumenau (Furb). O projeto surgiu em 2008, a partir de uma demanda interna do curso de Ciências da Com-putação, que tinha dificuldade de fa-zer os alunos aprenderem a programa-ção, processo que exige concentração e pensamento lógico. Durante oito anos o Furbot permaneceu em uso apenas na graduação, até que em 2017 foi levado para as escolas com ensino fundamental de Blumenau com adap-tações, transformando-se em um pro-jeto multidisciplinar desenvolvido em parceria com cursos de Matemática, Publicidade e Propaganda e Letras da Universidade.

A ferramenta é usada para desen-volver habilidade nas crianças do que é chamado de pensamento computa-cional. “O trabalho nas escolas ajuda os alunos a organizar o raciocínio de modo a estabelecer um planejamento ordenado e bem organizado para atin-gir uma meta”, conta Mauro Mattos, coordenador do projeto e professor do departamento de Sistemas e Computa-ção da Furb. O ato de aprender a mon-tagem de um robô é uma consequência do Furbot, mas não é o objetivo princi-pal do projeto, assim como a robótica em si não é a prioridade da Robomind. “Elas não sabem que estão programan-do um robô, sabem que estão progra-mando a inteligência do robô e isso que atrai elas”, explica Mauro.

A educação tecnológica é um ca-minho de mão única, é uma tendência que não passageira. Ela acompanha a modernização da sociedade e se faz necessária para que as futuras gerações tenham acesso facilitado e mais capa-cidade para o mercado de trabalho. Aceitá-la e oportunizá-la dentro das escolas, é valorizar as mentes que são moldadas e ajudá-las a revelar todo o seu potencial.

EDUCAÇÃO

CURIOSIDADES SOBRE ROBÓTICA- Em 2016 a proporção de robôs industriais era de 10 para cada 10.000 trabalhadores, enquanto a média global era de 74 para esse mesmo nú-mero de empregados. (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Servi-ços)

- 1,8% das empresas emprega algum tipo de automação no Brasil. Na Ale-manha, por exemplo, esse índice é de 10%. (Senai)

- Cerca de 400 a 800 milhões de pessoas no mundo serão afetadas pela acelerada automatização e, inevitavelmente, terão de encontrar uma nova ocupação até 2030. (Levantamento da empresa americana de consultoria empresarial McKinsey Global Institute, realizado e divulgado em 2017)

- De acordo com levantamento realizado pela a renomada empresa de consultoria econômica, a Boston Consulting Group, um em cada quatro empregos será substituído por robôs ou softwares até 2025.

- Em 2016, 95% das escolas públicas e 98% das escolas particulares locali-zadas em áreas urbanas possuíam ao menos um tipo de computador com conexão à Internet (Pesquisa TIC Educação 2016, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGIBR)

- O uso da Internet em sala de aula no Brasil apresentou aumento em 2016, especialmente nas escolas públicas, passando de 43% para 55%. (Pesquisa TIC Educação 2016, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGIBR)

Ricardo Paulini diz que ensino abre novas possibilidades

FOTO: PAÔLA DAHLKE

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8 Jornal Metas | 17 de Novembro de 2018 - Especial PROFISSÕES DO FUTURO

O VAR, sigla em inglês de video assistant referee, ou árbitro assistente de vídeo, tem conseguido espaço no esporte, principalmente no futebol. O sistema é formado por uma equipe de árbitros que tenham um tempo míni-mo de uma década atuando na pro-fissão. Eles ficam em uma central de vídeo fora do estádio acompanhando por vários monitores de TV toda a partida. A equipe conta também com o auxílio de técnicos que escolhem os

melhores ângulos do lance duvidoso para o replay da jogada. Em uma das margens do gramado, o árbitro prin-cipal poderá rever o lance em um mo-nitor de TV e tomar a sua decisão.

Esta profissão originou-se em agosto de 2016 na Liga de Futebol Unida (United Soccer League), num jogo entre duas equipes de reserva da Liga de Futebol Masculina (Major Le-ague Soccer). O árbitro, Ismail Elfath, analisou duas faltas durante o jogo e, após consultar o árbitro de vídeo, o as-sistente Allen Chapman, decidiu mos-trar um cartão vermelho e um cartão amarelo nos respetivos incidentes. No

PORElienara Suane e Rebeca Nogueira

VIDEO ASSISTANT REFEREE (VAR)

A PROFISSÃODO PRESENTE

ESPORTE

VAR foi utilizado pela primeira vez nas finais da Copa do Brasil de 2018

futebol americano, o VAR já é utilizado desde a década de 1980 na NFL. Todas as jogadas de pontuação, duvidosas ou não, são revisadas no vídeo. Além disso, os árbitros podem tirar a dúvida em outros lances, como aqueles em que a posse de bola muda de time ou para saberem se a bola tocou ou não o chão antes que um jogador a agarrasse.

O VAR já está presente no Brasil, mas apenas a Copa do Brasil conta com a presença desses profissionais nas parti-das. Os equipamentos para ter o árbitro assistente de vídeo nas partidas têm um custo muito alto. Marco Antônio Mar-tins, árbitro presidente da Federação Ca-tarinense de Futebol (FCF) conta sobre a dificuldade de ter o VAR nos campeo-natos menores, como o Catarinense: “É um recurso muito caro, varia de 40 a 50 mil reais. A final da série A do Catari-nense contou com essa tecnologia, mas vai demorar um pouco para as partidas chegarem em um nível de campeonato Fifa’’, avaliou.

O primeiro curso de Árbitro Assis-tente de Vídeo aconteceu em 2017, na cidade de Águas de Lindóia (SP). Parti-ciparam no total 64 árbitros e assisten-tes, sendo 34 árbitros selecionados para participar do treinamento para atuar nas quartas de final da Copa do Brasil. Dentre esses 34, foram ocupadas 4 vagas para as mulheres. Os árbitros são orien-tados com gestos e sinais necessários para acionar o assistente de vídeo.

Segundo a divulgação da Confede-ração Brasileira de Futebol (CBF), os profissionais foram divididos em quatro grupos de 16. No primeiro dia de cur-so, os participantes foram orientados sobre os gestos e linguagem adequadas para serem utilizadas durante o uso do recurso. Na sequência, a programação prevê que eles assistam vídeos temáticos e utilizem o VAR dentro e fora de cam-po. O site oficial da CBF traz uma entre-vista com Marcos Marinho, presidente da comissão nacional de arbitragem da CBF, em que ele declara que “é um in-vestimento alto com toda a parafernália, equipamentos, a preparação do pesso-al... É um investimento pesado, neces-

sário, mas que realmente a CBF está de parabéns pelo que tem feito para colocar o Árbitro de Vídeo em prática’’.

Em uma comparação com as prin-cipais ligas europeias e o brasileirão, em todas, o pagamento para árbitros é supe-rior, permitindo que eles sejam profis-sionais na maioria dos casos. Na Fran-ça, país que menos paga entre os cinco europeus (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália), investe-se cerca de 40 mil euros por ano (R$ 150 mil). Na Espanha, o lugar que mais paga, pode chegar até 134 mil euros (R$ 500 mil). Na Inglaterra, esse valor varia entre 38,5 e 42 mil libras (entre R$ 165 e 180 mil), dependendo da experiência do juiz. Na Alemanha e na Itália o salário pode che-gar até 3.800 euros (algo entre 4.875 e 14.255 mil). No Brasil, os árbitros não recebem um pagamento fixo. Árbitros que são do quadro da Fifa recebem R$ 4.000 a cada partida, enquanto os outros conseguem R$ 2.900. Assistentes ficam entre R$ 1.740 e 2.400, os árbitros de trás do gol ganham R$ 800 e os quartos árbi-tros levam R$ 550.

Com o VAR, a carreira dos árbitros poderá ser prolongada. Hoje, na FCF, 50 anos é a idade máxima para um juiz se aposentar. Entretanto, os árbitros apo-sentados não poderão fazer parte da equipe de vídeo-arbitragem. “Os árbi-tros aposentados poderão atuar como instrutores”, relata a árbitra Daiane Mu-niz. O assistente de vídeo precisa estar dentro de uma cabine sem comprometer seu esforço físico, podendo continuar na carreira auxiliando nas partidas. Se-gundo Marco Antônio, ‘’ter alguém mais jovem com um olhar diferente e um árbitro mais experiente auxiliando nas partidas seria interessante’’, acrescenta.

A Fifa convocou 13 árbitros de víde-os para atuarem na Copa do Mundo de 2018 e nesse quadro, embora não encon-tramos nenhum nome feminino, a CBF se inova e abre vagas para as mulheres atuarem nesse novo ramo tecnológico. Daiane Muniz, formada em Educação Física, faz parte da equipe de arbitragem da CBF há seis anos e há um ano ingres-sou na Fifa.

FOTO: LESLEY RIBEIRO/CBF

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Jornal Metas | 17 de Novembro de 2018 - Especial PROFISSÕES DO FUTURO 9

RECURSO FOI USADO NA

COPA DO MUNDOO mundo vive em constante mu-

dança, e com isso vão surgindo diferen-tes profissões. Em 2018 não foi diferen-te, a equipe profissional de arbitragem de vídeo foi uma surpresa para todos. “O que chamava atenção no mundo há 60 anos era o sinal de rádio emitido pela tecnologia através do soviético Iuri Gagarin, o primeiro homem que viu a Terra do espaço”, destacou João Ventu-ri, jornalista da Fox Sports. Como há 60 anos, na Copa do Mundo as pessoas estavam empolgadas com a estreia do VAR, todos queriam ver o sinal do árbi-tro para acionar os assistentes de vídeo.

Porém, no início muito se questio-nou a capacidade do VAR. Disseram que não dava para o futebol. Torceram o nariz para sua objetividade. “A FIFA e nós árbitros prezamos muito isso, ‘a essência do futebol’. Acredito que com o arbitro de vídeo, assim como na Copa 2018, os resultados se legitimaram”, co-mentou Daiane Muniz. Mas, hoje, já dá para dizer: ele é uma das peças mais de-cisivas em campo, no mundo todo e em todos os esportes. “O árbitro de vídeo é só mais uma ferramenta que vai ajudar

a equipe de arbitragem a legitimar o re-sultado final da partida”, acrescentou a árbitra.

O assistente de vídeo pode ser acio-nado em qualquer momento do jogo, porém existem seus critérios “Esta é uma questão polêmica, é o árbitro de campo que decide se ele vai acionar o VAR ou não. Eu acho errado. O time tem que pedir. O juiz pode manipular’’, comentou João Venturi.

O árbitro assistente de vídeo pode ser acionado em quatro momentos da partida: as jogadas que originam o cartão vermelho podem ser revistos pelo VAR; Todos os lances que resul-tem em gol podem ser revistos. A Fifa argumenta que, como o jogo sempre para quando a bola entra no gol, a re-visão pelo VAR nesses casos não atra-palha a dinâmica da partida; lances de pênalti, que geram recorrentes po-lêmicas, também podem ser revistos por meio do VAR; por fim, o erro de identificação, às vezes, o árbitro pode se confundir e punir algum jogador erroneamente, neste caso, o VAR pode corrigir esse erro.

O árbitro assistente de vídeo é, agora, uma profissão fundamental no ramo esportivo. Basquete, tênis e vôlei já tem usufruído desses profissionais há anos. A atuação desses especialistas, em outros esportes, não difere da técnica usada no futebol. O sistema é o mesmo: o replay das jogadas. Assim, um árbitro auxiliar fica do lado de fora do campo, com acesso a um monitor que repro-duz as imagens da partida.

No basquete, o sistema de arbi-tragem é muito parecido com o NFL (Futebol Americano). O recurso em-pregado é a análise em vídeo da jogada duvidosa, por vários ângulos diferentes. A diferença do basquete para o futebol americano é que não há desafio. Quan-do os árbitros de quadra têm dúvida em algum lance, pedem auxílio à Cen-tral de Replay, QG montado pela NBA. Quando há um lance duvidoso, um ár-bitro vai até o monitor de TV instalado na beira da quadra e, por intermédio de um fone de ouvido, comunica-se com a Central de Replay. Em algumas situ-ações, o árbitro de quadra sequer revê

o lance. Quem toma a decisão são os árbitros da Central de Replay. Segundo a liga, isso dá mais rapidez ao processo.

No tênis, o árbitro por trás das câ-meras é chamado de Hawk-Eye (olho de falcão). É formado por diversas câ-meras de alta velocidade, que geram uma imagem em 3D. Ele consegue de-terminar com precisão se a bola quicou dentro ou fora da quadra. Quando um jogador acredita que houve erro do ár-bitro, ele pede um desafio, na esperança de que a marcação seja alterada. A ima-gem gerada pelo Hawk-Eye é exibida no telão do estádio. Cada jogador tem direito a três desafios por set.

No vôlei usa-se um sistema muito parecido com o do tênis. Um conjunto de câmeras “cobre” toda a quadra para determinar se a bola quicou dentro ou fora dela. As câmeras também podem ser usadas em caso de dúvida se houve desvio no bloqueio em um ataque, ou toque de algum jogador na rede. Nessas situações, o árbitro revê a jogada no ví-deo e decide entre mudar sua marcação inicial ou mantê-la.

POLÊMICA

Apesar de toda essa tecnolo-gia envolvida nas partidas, ainda assim é possível a falha da arbi-tragem. Foi o que aconteceu no jogo de Cruzeiro e Boca Juniors, em partida ocorreu em 19 de se-tembro. O time argentino conse-guiu a vitória em cima do Cruzei-ro, que teve um jogador expulso injustamente. O árbitro paraguaio Eber Aquino expulsou Dedé em um lance envolvendo o defensor do Cruzeiro e o goleiro adversá-rio. Mesmo com o auxílio do VAR, com as imagens mostrando que o jogador visou atingir apenas a bola, o juiz Eber Aquino levantou o cartão vermelho.

Não são todos os campe-onatos que possuem estrutura

para comportar e suportar essa mudança. A falta de preparo na hora de apitar as partidas acaba prejudicando as competições menores, como por exemplo o campeonato catarinense série B. Gabriel Riba, jogador do Me-tropolitano de Blumenau, afir-mou que “para um campeonato obter o VAR, precisa ter no mí-nimo estrutura, seja no estádio ou até mesmo na própria equi-pe de arbitragem, em campe-onatos pequenos acontecem esquemas, falta de profissiona-lismo na hora de apitar para um time, mais um dos motivos para não estar presente nos campe-onatos relativamente menores’’, acredita.

ESPORTE

COMO FUNCIONA NOS OUTROS ESPORTES

João Venturi, da FOX Sports, confia na modernização da arbitragem

Para se tornar um árbitro de vídeo é necessário anos de experiência e co-nhecimento técnico, além de participar de um curso profissionalizante. “Hoje, o

assistente de vídeo é o melhor amigo do árbitro, qualquer dúvida no lance é só consultar”, afirmou o jornalista João Ven-turi, que vê o VAR como fundamental.

FOTO: ELISIANE RODEN

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10 Jornal Metas | 17 de Novembro de 2018 - Especial PROFISSÕES DO FUTURO EMPREENDEDORISMO

PORIngrid Leonel e Vinícius Vieira

VEGANISMO, EMPREGO E SUSTENTABILIDADE

Débora Zimmermann, vegetariana desde os 15

Deixar de comer carne não é novi-dade, mas se alimentar de forma sus-tentável sim. O estilo de vida vegano, que não consome nenhum produto de origem animal - leite, carne, ovos -, tem se tornado cada vez mais popular. De acordo com dados do Instituto Brasilei-ro de Opinião Pública e Estatística (Ibo-pe), o Brasil tem 14% de sua população adepta ao vegetarianismo ou ao vega-nismo. A partir desse nicho de mercado, restaurantes, lanchonetes e até fazendas surgem com esta proposta sustentável e vegana, que cria novas oportunidades de emprego.

A história de Vanessa Van Dall (27) e Eduardo Jardim (29) começou em 2015, quando resolveram, de casa, preparar comida vegana para comer-cializar. No início, a venda partia do Facebook e conforme adquiriram con-fiança de sua clientela passaram a traba-lhar em feiras semanais. Já que ambos não viam opções veganas na cidade, resolveram por conta própria expandir o seu negócio. Foi quando surgiu uma oportunidade de locação no centro de Blumenau. A cidade que precisava de opções alternativas para este público

acabara de ganhar seu primeiro restau-rante inteiramente vegano, o Vegecetera. Os sócios afirmam que ser vegano não significa comer saudável, e que coxinhas, pastéis e outras frituras também fazem parte do cardápio. Tudo que é consumido com carne tem sua alternativa e resposta no lado veggie da alimentação.

Outra frente de empregos que se mo-dificou e expandiu nos últimos anos foi a de nutricionistas e nutrólogos especia-lizados em vegetarianismo ou veganis-mo. Débora Zimmermann é formada em

nutrição, também é vegetariana desde os 15 anos e hoje com 53 fala sobre como o mercado se alterou através do tempo. “Até dentro da própria comunidade de nutricionistas você via muito preconcei-to e conforme mais pessoas aderiram ao vegetarianismo, mais profissionais surgi-ram especializados para esse público. No-vas pessoas começaram a repensar que podiam sim voltar seu ofício para esse tipo de estilo de vida”, afirma Débora. Ela ainda ressalta que o método de alimen-tação sem carne é tão viável quanto um

NÃO COMER CARNE ÉMAIS CARO?

Em uma demanda de parte da população, que busca mais espaços que tenham este tipo de produtos, surge um novo nicho de mercado. Ao originar esses estabelecimentos, os próprios clientes ajudaram de al-guma forma a estabilizar a criação destes novos comércios. “Eu não ti-nha transicionado para o veganismo porque o mercado não era receptivo, mas agora Blumenau percebeu essa demanda, posso dizer que hoje me sinto contemplada nos lugares em que vou”, conta Dalva Rodrigues da Silva, que está transicionando para o

veganismo após sete anos sendo ve-getariana.

Quando questionada sobre o quanto tem que gastar para aderir a alimentação veggie, Dalva avalia: “No meu dia a dia ficou mais barato, a car-ne que era a parte mais cara eu não compro mais, mas em ocasiões es-peciais, quando quiser comprar um queijo vegetal, um leite vegetal, algo que não é essencial, eu acabo gastando algo fora do orçamento normal. Mas alimentos como arroz, batata, feijão, aipim, saladas verdes, não se alteram nada”, explica a assistente social.

FOTO: INGRID LEONEL

com proteínas animais. Ela garante que ingerir apenas alimentos de origem ve-getal é mais saudável, com exceção da vitamina B12, que seria reposta através de suplementos.

No ano de 2012, 5,5 mil pessoas cultivavam produtos orgânicos, uni-verso que cresceu para 6.719 em 2013. Em janeiro de 2015, 10.194 pessoas trabalhavam nessa área. Esses núme-ros, recolhidos a partir do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, chegaram ao seu ápice no dia 31 de se-tembro deste ano, com 17.211 pessoas produzindo neste ramo expansivo da agricultura. Luiza Siqueira Drey, que é vegana, explica que esse estilo de vida vai além do caráter da alimenta-ção e está muito relacionado a como as coisas que usamos são produzidas. “A agricultura não é pensada para ser sustentável e nem saudável para o ser humano, e isso tem tudo a ver com ser vegano. Eu quero que parem de escra-vizar animais para servir a gente, quero que parem de colocar produtos trans-gênicos na nossa mesa. Não quero que as grandes empresas passem por cima da nossa saúde. Então isso tudo tem a ver com ser vegano também, é algo muito mais complexo do que só a ali-mentação”, reclama Luiza.

NEGÓCIODurante sua infância, Luiza Siqueira

Drey, 25, viveu em um ambiente inco-mum para muitos, uma Escola Agrícola, na qual seu pai foi professor. No ambien-te – focado em cursos técnicos relacio-nados à agricultura e à pecuária - esteve muito próxima da criação de bois, gali-nhas e suínos, durante sua infância, dos 4 aos 7 anos. “Eu via os animais ali e não tinha a consciência do que iria acontecer com eles depois”, conta Luiza. Conforme foi crescendo, ela explica que começou a perceber o que viria a acontecer com os animais. Dos 11 aos 16 anos voltou a morar neste meio e, por consequência, a repensar seus hábitos. “Ver aquilo me tocou demais, foi aí que eu tive um es-talo na minha cabeça, que não estava certo a gente usar os animais para isso, então esse foi o primeiro ponto para eu me tornar vegetariana”, explica.

Aos 25 anos, com outros dois sócios, Alan Filagrana e Patrícia Suzena, Luiza,

que é formada em moda, resolveu mu-dar drasticamente o rumo de sua profis-são. “Nós estávamos insatisfeitos com as nossas carreiras, pois não conseguí-amos aplicar os nossos ideais estando onde estávamos. Então surgiu a ideia de criar um lugar aqui em Blumenau, que é uma cidade que tinha várias opções, porém não uma pensada para o lazer do público vegano. Também é importante o fato de funcionar à tarde e à noite para a galera ter onde ir quando quiser sair num horário fora do período de almoço”, con-ta uma das sócias do Mina Vegan, novo estabelecimento vegano de Blumenau.

Com toda esta demanda, surgem novas oportunidades de emprego. Luiza conta que depois de duas semanas com o café em funcionamento precisou con-tratar um funcionário para trabalhar na cozinha, alguém que soubesse cozinhar comida sem carne, já que esta é a novi-dade sendo proposta pelo local.

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Jornal Metas | 17 de Novembro de 2018 - Especial PROFISSÕES DO FUTURO 11TRADIÇÃO

Cleide. Ela conta que ainda gostaria de ter mais tempo para produzir. “Ideias temos de monte, como eu tenho dois empregos falta tempo. Mas estamos estu-dando formas de ter pelo menos um dia livre para produzir. Pretendemos contra-tar outra caixa”, finaliza Cleide.

ADAPTAÇÃO E INOVAÇÃOAlessandra Ensslin Buzetto, psicólo-

ga e pós-graduada em gestão de pesso-as, com mais de 20 anos de experiência em agência, diz que a criatividade é uma das competências que mais está sendo avaliada, em qualquer área. “Quem tem criatividade e ideias nunca será substituí-do, pela questão do lado humano. Porque a tecnologia vai resolver o problema para aquilo que está programada, tudo o que é lógico, cálculo, ela resolve”, declara.

A ex-costureira Zenaide Rodrigues Nascimento, 71, começou a trabalhar na feira Livre Municipal de Blumenau, através de uma nora que produz pães e outros tipos de alimentos para um públi-co mais específico, como os intolerantes à lactose. Zenaide conta que o trabalho de feirante proporciona muito mais con-vívio social do que o de costureira e isso foi o que mais a atraiu. “É uma atividade muito alegre, fazemos bastante amigos e nunca falta assunto na conversa, às vezes tem até demais”, brinca.

Nilton Theilacker, 75, embora apo-sentado, continua na profissão de sa-

pateiro com o filho Flávio, 48, em uma empresa que começou suas atividades em 1939. “O meu pai trabalhava como sapateiro e abriu a sapataria em Timbó depois de se casar. Fui aprendendo den-tro da fábrica, mexendo sozinho e hoje em dia continuo a fazer, desde cortar o sapato até o acabamento”, conta Nilton.

O seu trabalho se destaca pela fabri-cação de sapatos para grupos folclóricos alemães e italianos, além de produzir com medidas e tamanhos especiais. “Sapato ba-rato não existe. Tem aquele com material sintético, não com produto nobre, como o couro”, explica. Como a fábrica sem-pre tem encomenda de calçados, Nilton conta que busca continuar produzindo. “Não temos planos de fazer uma fábrica grande. A burocracia e a busca por mão de obra de qualidade dificultam. Muitos, nas grandes produções, apenas sabem passar cola e não conhecem todo o pro-cesso”, finaliza Nilton.

De acordo com o site oficial do go-verno de Santa Catarina, existe um pro-grama que visa fortalecer a indústria criativa catarinense, atualmente a quarta maior do País, no PIB. A iniciativa conta com mapeamento das informações pela identificação dos territórios criativos e de vocações, dando direcionamento técnico para gestão dos negócios, do artesanato à cultura digital, assim como divulgação desses empreendimentos em feiras e/ou outros eventos.

PORElena Bortoncello e Fernanda Tenfen

PROFISSÕES RESISTEM

À TECNOLOGIADiferentes regiões em diversos luga-

res do mundo estão despertando o poder da economia criativa. Segundo dados das Nações Unidas, U$ 646 bilhões em ex-portações globais anuais provêm de bens e serviços culturais. O pesquisador esta-dunidense John Howkins afirma em seu blog que “reunidas, essas pessoas estão moldando a economia criativa e estão contribuindo para a considerada econo-mia do futuro”.

Para Ralf Marcos Ehmke, professor de Ciências Econômicas da Universi-dade Regional de Blumenau (Furb), o principal problema diante das transfor-mações no mercado de trabalho são as mudanças tecnológicas. Segundo ele, uma série de profissões tendem a desa-parecer nos próximos anos, como aten-dente de telemarketing, que hoje tem um processo de robotização e automação inclusive nas respostas das ligações. “En-tão, a necessidade de pessoas nesse tipo de atendimento tende a reduzir-se cada vez mais, em função de uma mudança tecnológica. Já um sapateiro ou uma cos-tureira vai ainda depender da presença de profissionais nessas áreas”, avalia Ralf.

Ainda de acordo com o economista, a chamada economia criativa é inserir a forma com que um serviço ou produto é oferecido em canais de marketing e co-mercialização, diante de um processo de inovação. E de maneira inesperada abrir oportunidades de negócios. Cleide Uller, 40, artesã há quinze anos, conta que co-meçou a trabalhar em busca de uma nova forma de renda. “Comecei na profissão quando fui demitida de uma empresa, onde trabalhei por oito anos, tinha um fi-lho pequeno e precisava me manter. Um dia fui ao mercado e vi uma revistinha de E.V.A e comecei a fazer decoração de fes-ta e com isso me mantive por seis meses, até arrumar alguém para cuidar do meu filho. Desde lá me apaixonei por artesa-nato e continuo até hoje”, relata Cleide.

Formada como auxiliar de saúde bu-cal, ela possui dois empregos. Durante o dia atende no caixa da loja de artesanato, junto com outra moça. À noite trabalha no hospital. “Nós duas somos caixas con-tratadas, estamos vindo todos os dias, os outros artesãos são voluntários e traba-lham três vezes por mês. Todo dia tem gente e a maioria é turista. De segunda a sexta é um pouco mais fraco. Mas, sá-

bado e domingo tem bastante procura”, explica. Ao todo são 44 artesãos que produzem e vendem seus trabalhos no Centro Cultural de Pomerode, que em outubro comemora dois anos de inaugu-ração. Essa foi uma iniciativa do Núcleo de Economia Criativa de Pomerode e da Associação Empresarial de Pomero-de (ACIP), criado para auxiliar artistas na gestão de seus negócios. “O controle de qualidade é muito bem feito. Usamos várias estratégias para manter o bom ar-tesanato, a boa qualidade e o bom produ-to. Não ser uma lojinha como qualquer outra em que você coloca qualquer coisa. Tem que ser um produto artesanal, a re-gra é que 80% da peça seja feita à mão”, explica Cleide.

A divulgação acontece pelo Insta-gram e Facebook, onde todos comparti-lham seus trabalhos com o grupo. A in-ternet, além de importante para divulgar as peças, continua sendo uma ferramenta essencial para que os integrantes se man-tenham atualizados. “Aprendi totalmente sozinha. Hoje em dia você entra no Pin-terest, Youtube e te ensinam a como fazer tudo. Claro que os primeiros não saem uma maravilha”, lembra Cleide.

De acordo com a artesã, o principal desafio é fazer um produto que chame a atenção do turista. “Já que o artesanato é mais voltado a esse público, temos que criar alguma coisa pensando nele. Então, ele precisa bater o olho e levar”, explica

FOTO: ELENA BORTONCELLO

Nilton está apósenado, mas segue trabalhando como sapateiro na empresa fundada em 1939

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12 Jornal Metas | 17 de Novembro de 2018 - Especial PROFISSÕES DO FUTURO ESPORTE VIRTUAL

PORElisiane Roden e Yasmim Cristine Eble

BRINCADEIRA DE CRIANÇA VIROU PROFISSÃO

Competições têm premiação milionária e reúnem centenas de jogadores

No início, era apenas diversão e, com o passar do tempo, tornou-se uma lucra-tiva profissão. Leonardo Camícia, assim como milhões de jogadores no mundo todo, fazem parte da nova geração de jo-vens que transformaram um mero passa-tempo em uma séria profissão responsá-vel por movimentar recursos milionários no mundo todo. Os pró-players estão fa-turando cada vez mais e hoje podem ter salários de até R$ 20 mil.

Gabriel Garcia é coach assistente da KaBuM! e participou do mundial na Co-reia do Sul em outubro, sendo eliminado na fase de entrada pelo Japão. Gabriel teve um grande apoio de seus pais, espe-cialmente de sua mãe. “Estava com um mestrado fechado e uma entrevista de emprego agendada em uma grande agên-cia. Quando decidi falar para os meus pais, já com 26 anos, que iria largar tudo para viver de um jogo”, revelou Gabriel. Sua atitude de largar tudo para morar no Chile, região onde fica o time de sua pri-meira proposta, acabou por ser uma de suas melhores escolhas. Desde o momen-to de ingresso no competitivo mercado profissional recebeu apoio incondicional de seus pais, fator muito importante para o seu sucesso.

Contrário à situação de Gabriel, o início da carreira de Leonardo não foi fácil. Sua mãe não aceitou muito bem o fato de seu filho seguir em uma profissão pouco conhecida, ainda mais quando ele desistiu da faculdade para seguir seu so-nho. “No começo minha mãe não aceitou muito bem, mas depois percebeu a serie-dade do trabalho e foi muito tranquilo”, disse Leonardo Camícia. Jogando LOL desde o meio de 2015, Leonardo – mais conhecido por Leozuxo pelos jogadores – decidiu por essa profissão quando perce-beu a viabilidade de seguir com a carreira e, ainda mais, que seria feliz jogando.

Mas o fato de a profissão se tornar viável para Camícia em 2015 não é uma mera coincidência. Para Gabriel, o gran-de marco da profissionalização do LOL no Brasil iniciou-se quando os jogadores começaram a ter um salário satisfatório, entre 2015 e 2016. Anteriormente, os pró-players jogavam até começarem uma faculdade, precisando abandonar o jogo por faltar uma segurança na profissão no Brasil. “Agora, os jogadores já podem optar por fazer uma carreira sólida e com

realização financeira ou prosseguir para a faculdade. Isso possibilita aos jogadores e treinadores ter uma vida muito mais lon-ga dentro do estilo competitivo”, afirma Gabriel.

Como qualquer atleta, um pró--player precisa de horas de treino e de-dicação. A rotina da equipe da KaBuM!, normalmente se divide entre os treinos com a equipe e individual. O dia se inicia às nove horas da manhã com as SoloQ, partidas ranqueadas individuais, seguido de uma pausa para o almoço. Uma hora depois se inicia o bloco de Scrim, treino entre equipes, praticado até às quatro horas da tarde. “Após uma hora de des-canso revisamos os pontos necessários e finalizamos o segundo bloco, até às oito horas da noite”, explicou Gabriel Garcia. “Reforçamos bastante o momento dos jogadores irem dormir, pois o descanso é parte essencial de um treinamento ár-duo”, reforça.

Uma parte importante no melhor de-sempenho de um pró-player é o cuidado de sua saúde mental. O psicólogo Rafael Pereira, graduado pela Universidade Fe-deral de Santa Catarina (UFSC), em sua coluna para o MyCNB ressalta que o pa-pel do psicólogo divide-se em pelo menos duas partes. A primeira parte se encarre-ga de cuidar da saúde mental dos joga-dores de forma individual e no coletivo, e o profissional ajuda a minimizar futuras crises de estresse e possíveis problemas pessoais que possam afetar seu desem-penho no jogo. E a outra parte consiste em tratar de suas habilidades cognitivas, como, por exemplo a sua atenção, raciocí-nio, memória, entre outros. Ou seja, o pa-pel do psicólogo é zelar pela integridade mental dos pró-players, e melhorar sua performance dentro do jogo.

É JOGO DE MENINA, SIM!

FATURAMENTO ALTO

Os jogadores brasileiros já prova-ram a grande capacidade do país em formar atletas, tendo como referência no e-Sports o jogador de Counter-Strike (CS) Gabriel Toledo, o famoso FalleN. Natural de Itararé, no interior de São Paulo, ele é um dos cinco jogadores mais bem pagos do mundo. Os nomes mas-culinos do cenário do e-Sports no Brasil são inúmeros. Porém, para as mulheres, decidir por esta carreira torna-se um de-safio ainda mais difícil. E envolve muito mais do que vencer partidas. É preciso

também vencer o preconceito desenfre-ado e conquistar espaço em um ambien-te hostil para as mulheres.

Para a jogadora amadora Caroline Raiser Machado, falta um longo cami-nho a ser percorrido. As mulheres ain-da são vistas como inferiores por seus adversários homens ou são menospre-zadas apenas por serem do sexo femini-no. “Não é uma questão de sexo, é uma questão de prática no jogo. Infelizmente, muitos homens não veem isso”, avaliou Caroline.

Ao observar o cenário específico de League of Legends, tanto o nível dos campeonatos quanto a ampliação dos canais de transmissão e o crescente pú-blico, fica evidente o quanto os e-Sports crescem ano após ano no Brasil. Os dados divulgados pelo Pesquisa Game Brasil 2018 apontam que 75,5% dos brasileiros jogam algum jogo eletrô-nico, seja usando celular ou consoles. Sendo o país o terceiro maior público cativo do e-Sports do mundo.

Um estudo da Newzoo, consultoria especializada no mercado de games e de mobile, revela a existência de 7,8 mi-lhões de brasileiros como audiência de torneios de esportes eletrônicos. Sendo assim, o Brasil é líder na América Lati-na e mundialmente está atrás apenas da China e dos Estados Unidos.

O mercado de e-Sports está em constante crescimento e chama atenção de cada vez mais investidores. Segundo a nova pesquisa do SuperData, o setor

tem atualmente um público de 134 mi-lhões de espectadores e gera cerca de US$ 612 milhões no mundo todo. E os prêmios melhoram ano após ano. Por exemplo, na primeira edição do Mun-dial de League of Legends, as equipes foram premiadas com US$ 99,5 mil. Já no último ano, em 2017, apenas o cam-peão levou para casa cerca de US$ 1,8 milhão. O aumento significativo nas premiações mostra um maior interesse do público com o esporte.

FOTO: RIOT GAMES