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2 OUTUBRONOVEMBRODEZEMBRO2012 GERAL É elemento básico, também, do sistema legal da criança e do adolescente, definitivamente encarados, não como adultos mais novos, mas seres diferentes, com estádios de desenvolvimento pró- prios, ainda sem autonomia e matu- ridades bastantes, com característi- cas e necessidades diversas, e não como objectos, mas como sujeito de direitos e, consequentemente, com direito (entre outros): – ao seu integral desenvolvimen- to físico,intelectual e moral (cfr.v.g., artigo 70.º, 69.º, 68.º, 67.º e 64.º-2, da Constituição da República Por- tuguesa,e 1885.º-1 do Código Civil); – o direito à filiação correspon- dente à verdade biológica (cfr., v.g., artigo 1800.º, 1801.º, 1807.º, 1808.º, 1823.º, 1832.º, 1839.º, (…) do Código Civil); – o direito ao respeito pelas suas ligações psicológicas profundas e pela continuidade das suas relações afectivas gratificantes e do sue inte- resse(…) No entanto, acontece que para se defender uns direitos se ex- cluam outros. A situação de vida da criança concreta, deve garantir um cresci- mento onde se consagre os seus direitos fundamentais, sendo esse, no fundo, o seu superior interesse. A introdução deste conceito “su- perior interesse” implica a interven- ção e delimita os direitos e deveres da criança e para com a criança. O INTERESSE DO MENOR é uma constante dos textos legisla- tivos e Convenções Internacionais que regulam os direitos e os esta- tutos dos menores. Não raras vezes encontramos em “Interesse do Menor” como re- ferência “o direito do menor ao de- senvolvimento são e moral no plano físico, intelectual, moral espi- ritual e social, em condições de li- berdade e dignidade”. O legislador não terá definido este conceito precisamente para permitir que a norma se pudesse adaptar à variabilidade e imprevisi- bilidade das situações da vida, da situação de cada família ou mais exactamente de cada criança. A psicologia deu recentemente um contributo que consideramos decisivo, no chamado conceito ope- rativo “vinculação”, como necessi- dade básica de um conjunto de comportamentos de protecção, de cuidado, absolutamente necessários a um desenvolvimento que os leve ao estado de adultos em condições de sucesso pessoal e social. O Lar de Infância e Juventude, que dimensiona a materialidade da dignidade humana, expressa no quadro dos direitos das crianças e jovens, e o tempo reduzido dos menores, leva-nos a procurar ser cada vez mais exigentes e céleres, única forma de garantir estes direi- tos fundamentais. É desta forma que trabalhamos todos os dias, com a exigência que as crianças e jovens nos merecem e que a vida nos ensina. São eles os Direitos da Criança e Jovem (do Regulamento Interno da Obra do Ardina) 1 – Para além dos direitos e garantias legalmente consagrados, a criança ou jovem acolhido na Obra do Ardina goza ainda de direitos es- peciais que decorrem do contexto de acolhimento residencial, em conformidade com o estipulado nas als. a) a g), do art. 58º da LPCJP, a seguir elencados: a) Garantia de respeito pela sua personalidade, liberdade religiosa e ideológica, bem como de Protec- ção dos seus interesses legítimos, não podendo ser privada dos seus direitos e garantias Legalmente re- conhecidos, excepto se as enti- dades previstas no art. 38º da LPCJP (expressamente o determi- narem para protecção e defesa do seus interesses; b) Manter regularmente, e em condições de privacidade, contac- tos pessoais com a família e com pessoas com quem tenham especial relação afectiva,sem prejuízo das limi- tações impostas por decisão judi- cial ou pela comissão de protecção; c) A criança e jovem deve inte- grar assim que possível um estabe- lecimento de cariz educativo e/ou formativo adequados à sua idade e nível de desenvolvimento; d) Receber uma educação que garanta o desenvolvimento integral da sua personalidade e potenciali- dades, sendo-lhes asseguradas a prestação de cuidados de saúde física e mental, formação escolar e profissional, bem como a participa- ção em actividades culturais, des- portivas e recreativas, sempre que possível; e) Usufruir de um espaço de pri- vacidade e de um grau de autono- mia na condução da sua vida pes- soal adequado à sua idade e situa- ção; f) Receber dinheiro de bolso; g) À inviolabilidade da corres- pondência; h) Não ser transferido da institui- ção, salvo quando essa decisão cor- responda ao seu interesse ou seja devidamente determinada pelo Tri- bunal ou pela CPCJ; i) Contactar, com garantia de confidencialidade, a Comissão de Protecção, o Ministério Público, o Juiz e o seu advogado; j) Apresentar quaisquer queixas, reclamações ou sugestões que en- tenda por convenientes,quer se trate de situações da organização, dos adultos ou dos pares, bem como procurar apoio e conselho para si- tuações da sua actividade escolar, profissional, social ou familiar; k) Ser-lhe assegurada a confiden- cialidade de todos os assuntos e procedimentos relacionados com a sua situação pessoal; l) Participar activamente nas decisões que lhe digam respeito; m) Participar na organização e dinâmica da Casa; n) Ter um projecto de vida e, sempre que possível, participar na sua definição e concretização; o) Receber atenção e afecto per- sonalizado; p) Ter direito a um ambiente tranquilo e seguro que lhes permi- ta estabilidade emocional e segu- rança afectiva; q) Ter tempos específicos para brincar, para realizar actividades lúdicas e recreativas. Ao Direito assiste o Dever (do Regulamento Interno da Obra do Ardina) 1 – A criança e o jovem acolhido na Obra do Ardina têm os seguin- tes deveres: a) Respeitar e cooperar com os seus pares, Equipa Técnica, Equipa Educativa, Equipa de apoio; b) Respeitar e cumprir as nor- mas estipuladas no regulamento e na legislação em vigor aplicável; c) Não cometimento de quais- quer actos lesivos ou que atentem e coloquem em perigo pessoas ou bens de outrem, nomeadamente do pessoal da Instituição e restan- tes crianças e jovens acolhidos; d) Cumprir as actividades previs- tas no seu Plano Sócio-Educativo Individual e as legítimas orientações dos responsáveis da Casa; e) Participar nas actividades de interesse colectivo e rotinas da Casa ou tarefas que lhe tenham sido atribuídas, designadamente na manutenção, limpeza e arrumação dos materiais, equipamentos e ins- talações da Instituição; f) Ser cuidadoso e responsável na utilização das instalações e equipa- mentos da Instituição, colaborando na sua manutenção; g) Cumprir as suas obrigações escolares e/ou profissionais, sendo assíduo e responsável pelo material e trabalhos escolares; h) Comparecer, regular, assídua e pontualmente, às actividades pre- vistas no seu Plano Sócio-Educativo individual; i) Relacionar-se de forma cons- trutiva, agindo educadamente, com os outros residentes e com os co- laboradores que ali exercem as suas funções; j) Cuidar da sua higiene pessoal, apresentando-se limpo e arranjado e manter limpos e organizados os objectos de uso pessoal e respecti- vo espaço próprio ou partilhado; k) Utilizar correctamente os ma- teriais e outros objectos existentes na Instituição, não os danificando, devendo comunicar imediatamente o seu extravio ou deterioração; l) Ser solidário e disponível para com os outros, nomeadamente apoiando os mais novos na sua inte- gração e organização da sua vida diária; m) Permanecer na Instituição, não se ausentando das instalações ou do espaço onde decorram acti- vidades, sem a devida autorização para o efeito; n) Comparecer, após saídas au- torizadas, às horas estipuladas para o regresso; o) Respeitar os espaços e mo- mentos de privacidade dos outros, bem como respeitar os objectos individuais de cada residente; p) Partilhar os espaços comuns. Passo a Passo a caminhada é de todos,à velocidade de cada um,como ser único e na verdade dos princí- pios da dignidade humana e cristã. Carlos Diogo Director Executivo e Técnico Sujeito e Não Objecto No dia 14 de Julho p.p. partiu para o céu, a nossa amiga prof. Maria Adriana, natural e residente na Diocese de Lamego. Foi uma brilhante professora e uma exemplar apóstola, responsável nacional da Juventude Católica Portuguesa. Soube bem aproveitar a vida longa que viveu. Era amiga da Obra do Ardina e minha pessoal. Foi uma entusiasta colaboradora nas acções de formação de professores na área de Religião e Moral Católicas que decorreram, nos anos oitenta, por todo o país. “Partiu”, mas o seu espírito ficou. O seu exemplo continua vivo.A sua imagem estará, para sempre, presente, nos nossos corações. Perdemos uma amiga na terra, ganhámo-la no Céu PROF.ª MARIA ADRIANA AUGUSTA LIMA …”O INTERESSE DO MENOR é uma constante dos textos legislativos e Convenções Internacionais que regulam os direitos e os estatutos dos menores.”… Prof.ª Maria Adriana Augusta Lima, uma brilhante professora e uma exemplar apóstola.

Jornal "O Ardina"

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Jornal relativo ao trimestre Outubro/Novembro/Dezembro de 2012

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2 OUTUBRONOVEMBRODEZEMBRO2012 GERAL

Éelemento básico, também,dosistema legal da criança e doadolescente, definitivamente

encarados, não como adultos maisnovos, mas seres diferentes, comestádios de desenvolvimento pró-prios,ainda sem autonomia e matu-ridades bastantes, com característi-cas e necessidades diversas, e nãocomo objectos, mas como sujeitode direitos e, consequentemente,com direito (entre outros):

– ao seu integral desenvolvimen-to físico, intelectual e moral (cfr.v.g.,artigo 70.º, 69.º, 68.º, 67.º e 64.º-2,da Constituição da República Por-tuguesa,e 1885.º-1 do Código Civil);

– o direito à filiação correspon-dente à verdade biológica (cfr., v.g.,artigo 1800.º,1801.º,1807.º,1808.º,1823.º, 1832.º, 1839.º, (…) doCódigo Civil);

– o direito ao respeito pelas suasligações psicológicas profundas epela continuidade das suas relaçõesafectivas gratificantes e do sue inte-resse(…)

No entanto, acontece que parase defender uns direitos se ex-cluam outros.

A situação de vida da criançaconcreta, deve garantir um cresci-mento onde se consagre os seusdireitos fundamentais, sendo esse,no fundo, o seu superior interesse.

A introdução deste conceito “su-perior interesse” implica a interven-ção e delimita os direitos e deveresda criança e para com a criança.

O INTERESSE DO MENOR éuma constante dos textos legisla-tivos e Convenções Internacionaisque regulam os direitos e os esta-tutos dos menores.

Não raras vezes encontramosem “Interesse do Menor” como re-ferência “o direito do menor ao de-senvolvimento são e moral noplano físico, intelectual, moral espi-ritual e social, em condições de li-berdade e dignidade”.

O legislador não terá definidoeste conceito precisamente parapermitir que a norma se pudesseadaptar à variabilidade e imprevisi-bilidade das situações da vida, dasituação de cada família ou maisexactamente de cada criança.

A psicologia deu recentementeum contributo que consideramos

decisivo,no chamado conceito ope-rativo “vinculação”, como necessi-dade básica de um conjunto decomportamentos de protecção, decuidado, absolutamente necessáriosa um desenvolvimento que os leveao estado de adultos em condiçõesde sucesso pessoal e social.

O Lar de Infância e Juventude,que dimensiona a materialidade dadignidade humana, expressa noquadro dos direitos das crianças ejovens, e o tempo reduzido dosmenores, leva-nos a procurar sercada vez mais exigentes e céleres,única forma de garantir estes direi-tos fundamentais.

É desta forma que trabalhamostodos os dias, com a exigência queas crianças e jovens nos merecem eque a vida nos ensina.

São eles os Direitos da Criança eJovem (do Regulamento Interno daObra do Ardina)

1 – Para além dos direitos egarantias legalmente consagrados, acriança ou jovem acolhido na Obrado Ardina goza ainda de direitos es-peciais que decorrem do contextode acolhimento residencial, emconformidade com o estipuladonas als. a) a g), do art. 58º da LPCJP,a seguir elencados:

a) Garantia de respeito pela suapersonalidade, liberdade religiosa eideológica, bem como de Protec-ção dos seus interesses legítimos,não podendo ser privada dos seusdireitos e garantias Legalmente re-conhecidos, excepto se as enti-dades previstas no art. 38º daLPCJP (expressamente o determi-narem para protecção e defesa doseus interesses;

b) Manter regularmente, e emcondições de privacidade, contac-tos pessoais com a família e compessoas com quem tenham especialrelação afectiva,sem prejuízo das limi-tações impostas por decisão judi-cial ou pela comissão de protecção;

c) A criança e jovem deve inte-grar assim que possível um estabe-lecimento de cariz educativo e/ouformativo adequados à sua idade enível de desenvolvimento;

d) Receber uma educação quegaranta o desenvolvimento integralda sua personalidade e potenciali-dades, sendo-lhes asseguradas a

prestação de cuidados de saúdefísica e mental, formação escolar eprofissional, bem como a participa-ção em actividades culturais, des-portivas e recreativas, sempre quepossível;

e) Usufruir de um espaço de pri-vacidade e de um grau de autono-mia na condução da sua vida pes-soal adequado à sua idade e situa-ção;

f) Receber dinheiro de bolso;g) À inviolabilidade da corres-

pondência;h) Não ser transferido da institui-

ção, salvo quando essa decisão cor-responda ao seu interesse ou sejadevidamente determinada pelo Tri-bunal ou pela CPCJ;

i) Contactar, com garantia deconfidencialidade, a Comissão deProtecção, o Ministério Público, oJuiz e o seu advogado;

j) Apresentar quaisquer queixas,reclamações ou sugestões que en-tenda por convenientes,quer se tratede situações da organização, dosadultos ou dos pares, bem comoprocurar apoio e conselho para si-tuações da sua actividade escolar,profissional, social ou familiar;

k) Ser-lhe assegurada a confiden-cialidade de todos os assuntos eprocedimentos relacionados com asua situação pessoal;

l) Participar activamente nasdecisões que lhe digam respeito;

m) Participar na organização edinâmica da Casa;

n) Ter um projecto de vida e,sempre que possível, participar nasua definição e concretização;

o) Receber atenção e afecto per-sonalizado;

p) Ter direito a um ambientetranquilo e seguro que lhes permi-ta estabilidade emocional e segu-rança afectiva;

q) Ter tempos específicos parabrincar, para realizar actividadeslúdicas e recreativas.

Ao Direito assiste o Dever (doRegulamento Interno da Obra doArdina)

1 – A criança e o jovem acolhidona Obra do Ardina têm os seguin-tes deveres:

a) Respeitar e cooperar com osseus pares, Equipa Técnica, EquipaEducativa, Equipa de apoio;

b) Respeitar e cumprir as nor-mas estipuladas no regulamento ena legislação em vigor aplicável;

c) Não cometimento de quais-quer actos lesivos ou que atenteme coloquem em perigo pessoas oubens de outrem, nomeadamentedo pessoal da Instituição e restan-tes crianças e jovens acolhidos;

d) Cumprir as actividades previs-tas no seu Plano Sócio-EducativoIndividual e as legítimas orientaçõesdos responsáveis da Casa;

e) Participar nas actividades deinteresse colectivo e rotinas daCasa ou tarefas que lhe tenhamsido atribuídas, designadamente namanutenção, limpeza e arrumaçãodos materiais, equipamentos e ins-talações da Instituição;

f) Ser cuidadoso e responsável nautilização das instalações e equipa-mentos da Instituição, colaborandona sua manutenção;

g) Cumprir as suas obrigaçõesescolares e/ou profissionais, sendoassíduo e responsável pelo materiale trabalhos escolares;

h) Comparecer, regular, assídua epontualmente, às actividades pre-vistas no seu Plano Sócio-Educativoindividual;

i) Relacionar-se de forma cons-trutiva, agindo educadamente, comos outros residentes e com os co-laboradores que ali exercem assuas funções;

j) Cuidar da sua higiene pessoal,apresentando-se limpo e arranjadoe manter limpos e organizados osobjectos de uso pessoal e respecti-vo espaço próprio ou partilhado;

k) Utilizar correctamente os ma-teriais e outros objectos existentesna Instituição, não os danificando,devendo comunicar imediatamenteo seu extravio ou deterioração;

l) Ser solidário e disponível paracom os outros, nomeadamenteapoiando os mais novos na sua inte-gração e organização da sua vida diária;

m) Permanecer na Instituição,não se ausentando das instalaçõesou do espaço onde decorram acti-vidades, sem a devida autorizaçãopara o efeito;

n) Comparecer, após saídas au-torizadas, às horas estipuladas parao regresso;

o) Respeitar os espaços e mo-mentos de privacidade dos outros,bem como respeitar os objectosindividuais de cada residente;

p) Partilhar os espaços comuns.

Passo a Passo a caminhada é detodos,à velocidade de cada um,comoser único e na verdade dos princí-pios da dignidade humana e cristã.

Carlos DiogoDirector Executivo e Técnico

Sujeito e Não Objecto

No dia 14 de Julho p.p. partiu para o céu, a nossa amigaprof. Maria Adriana, natural e residente na Diocese deLamego. Foi uma brilhante professora e uma exemplar apóstola, responsável nacional da Juventude CatólicaPortuguesa. Soube bem aproveitar a vida longa que viveu.Era amiga da Obra do Ardina e minha pessoal.

Foi uma entusiasta colaboradora nas acções de formação de professores na área de Religião e Moral Católicas que decorreram, nos anos oitenta, por todo o país.“Partiu”, mas o seu espírito ficou. O seu exemplo continuavivo.A sua imagem estará, para sempre, presente,nos nossos corações.

Perdemos uma amiga na terra, ganhámo-la no Céu

PROF.ª MARIA ADRIANA AUGUSTA LIMA

…”O INTERESSE

DO MENOR é uma

constante dos

textos legislativos

e Convenções

Internacionais

que regulam

os direitos e os

estatutos dos menores.”…

Prof.ª Maria Adriana

Augusta Lima,

uma brilhante

professora e uma

exemplar apóstola.