1
O JORNAL DO LESTE FLUMINENSE SÃO GONÇALO, RIO DE JANEIRO 9 PAGE VIEW nO LIMITE dA iRRESPONSABILIdADE do Ed Guarduxo por helcio albano ARTE GENTE POLÍTICA CULTURA www.blogdohelcio.blogspot.com Marcelo Barbosa, 46, (esse grandão aí da foto) há alguns anos foi pego numa das tantas armadilhas da vida. Ficou preso a uma cama por conta de pro- blemas ortopédicos. Mas não se entregou. Evangélico, agarrou-se na fé e na família para daí extrair forças e sair do que parecia ser um triste des- tino de um homem ativo e com grande amor à vida. E foi através da janela de sua casa, à Rua Bento Lima, no Gradim, que Mar- celo viu a oportunidade de não enlouquecer devido à enfermidade: contar a história do bairro onde mora desde que nasceu, resgatar a sua memória e assim mergulhar em suas pró- prias origens de brincadeira de pelota nos fins das tardes ainda ingênuas de outrora, de cafifa e bola de gude numa época em que coletivo de criança era molecada e ficava longe de rimar com aborrecimento. O que poderia ser apenas um arroubo de nostalgia passageira virou um despretensioso projeto de levantamento histórico e da memória do Gradim, tendo, como protagonistas, os morado- res e, claro, a própria história do bairro usando-se de uma farta pesquisa que o fazia esquecer das dores insuportáveis em sua coluna: Comecei este trabalho com minha própria família. A primeira casa construída na Rua Bento Lima é do meu pai. De uma certa forma, as primeiras linhas do roteiro e dos persona- gens do video já estavam escritas, lembra Marcelo. A partir daí, e já de pé novamente, o nosso documentaristasaiu a campo atrás dos personagens e depoimentos que enrique- ceram o material de 55 minutos. No video há verdadeiros acha- dos e curiosidades que envolvem desde dom Pedro II, Lavoura e o Gradim FC. Também estão lá as indústrias, o Matadouro e até o Salão Apolo, de frente à praça central, um dos mais antigos de toda a cidade. Eu não tinha real dimensão deste trabalho. Através dele me transformei numa pessoa melhor. Espero con- tribuir humildemente para melhoria da auto-estima de nosso bairro que só nos dá orgulho com sua história, finaliza Marce- lo, que usou de sua própria rua como sala de projeção da obra, além de ter a experiência de levá-la para a escola e sentir na pele a recepção calorosa ao que nasceu fruto de seu amor pelo bairro do Gradim. tudo no mesmo L GAR U 9864.1065 “Escravo! Escravo!.” Não, meu atento leitor. Este homem não é um meliante assassino, estuprador ou coisa que o valha, saindo de um tribunal após um julgamento no século 19 e condenado, como a imagem pode nos levar a crer. Este homem é médico, com mais de 10 anos de experiência em medicina da família e pre- ventiva, que atendeu a um chamado humanitário do governo brasileiro para socorrer brasileiros pobres nos rincões do país. O nome deste homem é Juan Delgado, cubano, que foi ensandecidamente hostilizado por colegas médicos bra- sileiros em Fortaleza no fatídico dia 26 de agosto, que já entrou para a história como a mais ousada mainifesta- ção sem noção e sem vergonha da elite tupiniquim con- tra qualquer coisa que beneficie a nossa gente pobre e esquecida, nossos compatriotas desafortunados. A turba desavergonhada por ser contra o programa Mais Médicos, soltou para cima de Juan Delgado toda a sua carga de estultície esbaforida. Vergonha alheia. A aurora da cidadania Por que esta freguesia tem um IDH tão baixo? A resposta, meu amado leitor, se chama baixíssimo investimento em infraestrutura sanitária. Dentre outros ítens que compõem a análise de desenvolvimento humano como saúde, educação etc., pesa bastante para uma cidade a quantas anda o abasteci- mento de água e o esgotamento sanitário. É exatamente aí que a porca torce o rabo. Então, parabéns à Câmara de Vereadores, e especialmente ao vereador Marlos (foto), por estarem apertando essa ferida aberta em nossa cidade que se chama Cedae. É ina- creditável que apenas 8% das famílias tenham rede de esgoto regular. A empresa pro- meteu (e não cumpriu) uma meta de 12% em 2012. Pausa pra rir. Ou chorar... ANO 3 Nº 20 SETEMBRO DE 2013 A FOTO DO ANO por jarbas oliveira O mês de junho de 2013, claro, já entrou para a história. Se hoje ainda não podemos com- preender totalmente o que de fato aconteceu e o que a onda de manifestações representou em sua profundidade, temos como consolo alguns sinais úteis a nossa análise objetiva dos fatos, pelo menos aqui nes- ta freguesia de São Gonçalo: existe sociedade civil or- ganizada, não da forma clássica que conhecemos, mas uma organização virtual que se concretiza. Aquelas milhares de pessoas aglomeradas nas ruas e particularmente em frente à prefeitura, exigiram maior participação no destino de sua cidade, cobraram do prefeito ação e emparedaram os vereadores junto à sua própria inércia em responder aos novos tempos, que chegaram como uma avalanche pra cima da classe política constituída, bem como dos seus partidos. As 15 mil vozes desdobradas nas mais diversas reivin- dicações tinham em comum a mesma energia e indig- nação contra os péssimos serviços públicos oferecidos no município, que tem nos transportes o amálgama da esculhambação geral. E não é para menos. Afinal, foi o próprio prefeito Neilton Mulim, ainda candidato, quem chamou atenção para o problema, prometendo reduzir o custo da passagem para o trabalhador até R$ 1,50. A rapaziada, então, foi lá cobrar, uai. E se o pre- feito tiver senso de oportunidade, aproveitará o recado das ruas para bem conduzir o seu governo que apenas começa. E para isso, terá que dar transparência aos seus atos de governo, ampliar a participação popular nos fóruns, conferências e conselhos, ampliar a burocracia qualifi- cada através de concursos e, para isso, reduzir imedia- tamente os cargos em comissão, que são uma praga municipal. Hoje, com a tecnologia digital, as pessoas estão mais informadas e cada vez menos passivas. A história, hoje, se faz por fibra ótica. Amor pelo Gradim gera filme se o prefeito tiver senso de oportunidade, aproveitará o recado das ruas para bem con- duzir o seu governo que apenas começa.

JORNAL O GUARDA SETEMBRO

Embed Size (px)

DESCRIPTION

PAGE VIEW - HELCIO ALBANO

Citation preview

Page 1: JORNAL O GUARDA SETEMBRO

O JORNAL DO LESTE FLUMINENSE SÃO GONÇALO, RIO DE JANEIRO 9

PAGEVIEWnO LIMITE dA iRRESPONSABILIdADE do Ed Guarduxopor helcio albano

ARTE GENTE POLÍTICA CULTURA

www.blogdohelcio.blogspot.com

Marcelo Barbosa, 46, (esse grandão aí da foto) há

alguns anos foi pego numa das tantas armadilhas da

vida. Ficou preso a uma cama por conta de pro-blemas ortopédicos. Mas não se entregou. Evangélico, agarrou-se na fé e na família para daí extrair forças e sair do que parecia ser um triste des-tino de um homem ativo e com grande amor à vida.

E foi através da janela de sua casa, à Rua Bento Lima, no Gradim, que Mar-celo viu a oportunidade de não enlouquecer devido à enfermidade: contar a história do bairro onde mora desde que nasceu, resgatar a sua memória e assim mergulhar em suas pró-prias origens de brincadeira de pelota nos fins das tardes ainda

ingênuas de outrora, de cafifa e bola de gude numa época em que coletivo de criança era molecada e ficava longe de rimar com aborrecimento.

O que poderia ser apenas um arroubo de nostalgia passageira virou um despretensioso projeto de levantamento histórico e da memória do Gradim, tendo, como protagonistas, os morado-res e, claro, a própria história do bairro usando-se de uma farta pesquisa que o fazia esquecer das dores insuportáveis em sua coluna: “Comecei este trabalho com minha própria família. A primeira casa construída na Rua Bento Lima é do meu pai. De uma certa forma, as primeiras linhas do roteiro e dos persona-gens do video já estavam escritas”, lembra Marcelo.

A partir daí, e já de pé novamente, o nosso “documentarista” saiu a campo atrás dos personagens e depoimentos que enrique-ceram o material de 55 minutos. No video há verdadeiros acha-

dos e curiosidades que envolvem desde dom Pedro II, Lavoura e o Gradim FC. Também estão lá as indústrias, o Matadouro e até o Salão Apolo, de frente à praça central, um dos mais antigos de toda a cidade. “Eu não tinha real dimensão deste trabalho. Através dele me transformei numa pessoa melhor. Espero con-tribuir humildemente para melhoria da auto-estima de nosso bairro que só nos dá orgulho com sua história”, finaliza Marce-lo, que usou de sua própria rua como sala de projeção da obra, além de ter a experiência de levá-la para a escola e sentir na pele a recepção calorosa ao que nasceu fruto de seu amor pelo bairro do Gradim.

tudo no mesmo

L GARU

9864.1065

“Escravo! Escravo!.” Não, meu atento leitor. Este homem não é um meliante assassino, estuprador ou coisa que o valha, saindo de um tribunal após um julgamento no século 19 e condenado, como a imagem pode nos levar a crer. Este homem é médico, com mais de 10 anos de experiência em medicina da família e pre-ventiva, que atendeu a um chamado humanitário do governo brasileiro para socorrer brasileiros pobres nos rincões do país.

O nome deste homem é Juan Delgado, cubano, que foi ensandecidamente hostilizado por colegas médicos bra-sileiros em Fortaleza no fatídico dia 26 de agosto, que já entrou para a história como a mais ousada mainifesta-ção sem noção e sem vergonha da elite tupiniquim con-tra qualquer coisa que beneficie a nossa gente pobre e esquecida, nossos compatriotas desafortunados.

A turba desavergonhada por ser contra o programa Mais Médicos, soltou para cima de Juan Delgado toda a sua carga de estultície esbaforida. Vergonha alheia.

A aurora da cidadania

Por que esta freguesia tem um IDH tão baixo?A resposta, meu amado leitor, se chama baixíssimo investimento em infraestrutura

sanitária. Dentre outros ítens que compõem a análise de desenvolvimento humano como saúde, educação etc., pesa bastante para uma cidade a quantas anda o abasteci-mento de água e o esgotamento sanitário. É exatamente aí que a porca torce o rabo.

Então, parabéns à Câmara de Vereadores, e especialmente ao vereador Marlos (foto), por estarem apertando essa ferida aberta em nossa cidade que se chama Cedae. É ina-creditável que apenas 8% das famílias tenham rede de esgoto regular. A empresa pro-meteu (e não cumpriu) uma meta de 12% em 2012. Pausa pra rir. Ou chorar...

ANO 3 Nº 20 SETEMBRO DE 2013

A FOTO DO ANO por jarbas oliveira

Omês de junho de 2013, claro, já entrou para a história. Se hoje ainda não podemos com-preender totalmente o que de fato aconteceu

e o que a onda de manifestações representou em sua profundidade, temos como consolo alguns sinais úteis a nossa análise objetiva dos fatos, pelo menos aqui nes-ta freguesia de São Gonçalo: existe sociedade civil or-ganizada, não da forma clássica que conhecemos, mas uma organização virtual que se concretiza.

Aquelas milhares de pessoas aglomeradas nas ruas e particularmente em frente à prefeitura, exigiram maior participação no destino de sua cidade, cobraram do prefeito ação e emparedaram os vereadores junto à sua própria inércia em responder aos novos tempos, que chegaram como uma avalanche pra cima da classe política constituída, bem como dos seus partidos.

As 15 mil vozes desdobradas nas mais diversas reivin-dicações tinham em comum a mesma energia e indig-nação contra os péssimos serviços públicos oferecidos no município, que tem nos transportes o amálgama da esculhambação geral. E não é para menos. Afinal, foi o próprio prefeito Neilton Mulim, ainda candidato, quem chamou atenção para o problema, prometendo reduzir o custo da passagem para o trabalhador até R$ 1,50. A rapaziada, então, foi lá cobrar, uai. E se o pre-feito tiver senso de oportunidade, aproveitará o recado das ruas para bem conduzir o seu governo que apenas começa.

E para isso, terá que dar transparência aos seus atos de governo, ampliar a participação popular nos fóruns, conferências e conselhos, ampliar a burocracia qualifi-cada através de concursos e, para isso, reduzir imedia-tamente os cargos em comissão, que são uma praga municipal. Hoje, com a tecnologia digital, as pessoas estão mais informadas e cada vez menos passivas. A história, hoje, se faz por fibra ótica.

Amor pelo Gradim gera filme

“ se o prefeito tiver senso de oportunidade, aproveitará o recado das ruas para bem con-duzir o seu governo que apenas começa.