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JORNAL ESCOLAR PERSPECTIVA 1 CMYK Editorial perspectiva Escolas | João de Araújo Correia :: JUNHO de 2011 :: ANO XI - EDIÇÃO 35 J o r n a l Área de Projecto Exposição Anual de Artes Pág. 9 O jornal “Perspectiva” é já, na Escola, uma referência no que diz respeito aos projectos que compõem o Plano Anual de Actividades. Assim, estamos face a um jornal que, graças ao contributo e à colaboração de todos os elementos da comunidade educativa, se tornou uma actividade credível, consistente e interessante. Na última edição, resolvemos refrescar o layout do jornal, alterando o tipo de papel e o grafismo. No interior também se procedeu a uma nova organização dos textos e da imagem. Com esta alteração gráfica e o visual mais inovador, apelativo e atraente – que continuamos nesta edição –, pretendemos torná-lo mais leve e de leitura mais agradável. Os objectivos do jornal “Perspectiva” e a natureza dos seus conteúdos mantêm-se. Pretendemos propocionar aos alunos o contacto com os media, como meio de conhecimento do mundo; contribuir para a criação de cidadãos livres, autónomos, criativos e reflexivos; fomentar práticas de produção própria que permitam à comunidade escolar a indagação sobre o mundo que nos rodeia, a fim de contribuir para a sua transformação, em benefício da comunidade em que nos inserimos; constituir um órgão interno de informação que seja uma montra das capacidades da Escola e dos corpos profissionais que a constituem, possibilitando a prática da pesquisa, da investigação, da reflexão, da escrita de vários registos jornalísticos, desde os mais básicos, como a notícia, aos mais elaborados, como são os casos da reportagem, da entrevista, do artigo ou da crónica. Estamos convictos de que, se todos contribuirmos para a melhoria do projecto, iremos torná-lo ainda mais audacioso e majestoso. Manuel Ferreira – Professor de Filosofia Trajectórias Interdisciplinares Pág. 3 Palestras no âmbito da Física Pág. 4 "Sinais" radiofónicos na Escola Pág. 5 Opinião Pág. 12-14 e 17 Concurso Literário Pág. 18-19 Biblioteca Pág. 8 Agrupamento comemorou Dia do Patrono O Agrupamento de Escolas Dr. João de Araújo Correia celebrou, no dia 03 de Junho, o Dia do Patrono. Um evento a todos os títulos notável e com grande expressão na comunidade escolar e local. Pág. 10-11 Decorreu, principalmente durante o mês de Maio, a apresentação dos resultados dos trabalhos de projecto desenvolvidos ao longo do ano lectivo, na disciplina de Área de Projecto, do 12.º Ano. Foi inaugurada, no dia 30 de Maio, pelas 21h 30m, mais uma edição da exposição anual de Artes da Escola Secundária.

Jornal Perspectiva 06/2011

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Jornal das Escolas João de Araújo Correia, em Peso da Régua

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J O R N A L E S C O L A R P E R S P E C T I V A 1

CMYK

Editorial

pe r spe c t i v aEscolas | João de Araújo Correia

:: JUNHO de 2011 :: ANO XI - EDIÇÃO 35

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J o r n a l

Área de Projectow

Exposição Anual de Artes

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Pág. 9

O jornal “Perspectiva” é já, na Escola, uma referência no que diz respeito aos projectos que compõemo Plano Anual de Actividades. Assim, estamos face a um jornal que, graças ao contributo e à colaboração detodos os elementos da comunidade educativa, se tornou uma actividade credível, consistente e interessante.

Na última edição, resolvemos refrescar o layout do jornal, alterando o tipo de papel e o grafismo. Nointerior também se procedeu a uma nova organização dos textos e da imagem. Com esta alteração gráficae o visual mais inovador, apelativo e atraente – que continuamos nesta edição –, pretendemos torná-lo maisleve e de leitura mais agradável.

Os objectivos do jornal “Perspectiva” e a natureza dos seus conteúdos mantêm-se. Pretendemospropocionar aos alunos o contacto com os media, como meio de conhecimento do mundo; contribuir paraa criação de cidadãos livres, autónomos, criativos e reflexivos; fomentar práticas de produção própria quepermitam à comunidade escolar a indagação sobre o mundo que nos rodeia, a fim de contribuir para a suatransformação, em benefício da comunidade em que nos inserimos; constituir um órgão interno de informaçãoque seja uma montra das capacidades da Escola e dos corpos profissionais que a constituem, possibilitandoa prática da pesquisa, da investigação, da reflexão, da escrita de vários registos jornalísticos, desde os maisbásicos, como a notícia, aos mais elaborados, como são os casos da reportagem, da entrevista, do artigo ouda crónica.

Estamos convictos de que, se todos contribuirmos para a melhoria do projecto, iremos torná-lo aindamais audacioso e majestoso.

Manuel Ferreira – Professor de Filosofia

Trajectórias Interdisciplinares Pág. 3

Palestras no âmbito da Física Pág. 4

"Sinais" radiofónicos na Escola Pág. 5

Opinião Pág. 12-14 e 17

Concurso Literário Pág. 18-19

Biblioteca Pág. 8

Agrupamento comemorou Dia do Patrono

O Agrupamento de Escolas Dr. João de Araújo Correia celebrou, no dia 03 de Junho, o Dia do Patrono. Umevento a todos os títulos notável e com grande expressão na comunidade escolar e local.

Pág. 10-11

Decorreu, principalmente durante o mês deMaio, a apresentação dos resultados dos trabalhosde projecto desenvolvidos ao longo do ano lectivo,na disciplina de Área de Projecto, do 12.º Ano.

Foi inaugurada, no dia 30 de Maio, pelas 21h 30m,mais uma edição da exposição anual de Artes daEscola Secundária.

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NOTÍCIAS...

Exames Nacionais do Ensino SecundárioExames Nacionais do Ensino SecundárioExames Nacionais do Ensino SecundárioExames Nacionais do Ensino SecundárioExames Nacionais do Ensino Secundário

O GAVE– Gabinete de Avaliação Educacional, do Ministério daEducação, decidiu este ano lectivo proceder à constituição de uma Bolsade Professores Classif icadores dos Exames Nacionais do EnsinoSecundário, através do Despacho n.º 18.060/2010, de 3 de Dezembro.

Para o efeito, foram seleccionados cerca de 6000 professores eirão realizar-se no total 297 acções de formação sobre «Questões defiabilidade na classificação de respostas a itens de construção nocontexto da avaliação externa das aprendizagens», creditadas peloConselho Científico-Pedagógico da Formação Contínua.

Sobre o processo de constituição da «Bolsa de ProfessoresClassificadores», citando o GAVE, “o Despacho n.º 18.060/2010, de 3 deDezembro, visa dar resposta à necessidade de garantir aos professoresresponsáveis pela classificação das provas de exame uma acrescida qualificação para o desempenho destafunção, cuja relevância social, pelas implicações que os resultados dos exames podem ter nos percursos devida dos nossos alunos, é por todos reconhecida. Simultaneamente, pretende-se garantir a estabilidade douniverso de docentes mobilizados para a tarefa da classificação e a continuidade do desempenho destafunção, assente em padrões de elevada qualidade técnica, o que constitui um valor de promoção doprestígio social da classe docente.”

Neste processo, é celebrado um contrato entre o Gabinete de Avaliação Educacional e o Formando-Classificador de provas de exame nacional, ficando este vinculado ao Primeiro Outorgante até ao final doano lectivo de 2013/2014, em conformidade com o ponto 3 do Art.º 4.º do Despacho n.º 18.060/2010, de 3 deDezembro.

Rosa M. Ferrão – Professora de Português

Novo Programa de Português do Ensino Básico

O Novo Programa de Português do Ensino Básico, cuja concretização se iniciará, em todas as escolas do país,no próximo ano lectivo, procuraadaptar o currículo da disciplina àsexigências da vida moderna ecompetitiva dos dias de hoje. Nummundo que requer adultos críticose interventivos e com proficiênciana língua materna, que seja visívelno domínio das competênciaslinguístico-comunicativas, o novoprograma pretende constituir-senuma ferramenta indispensávelpara a interacção social e o sucessoprofissional dos nossos alunos.

Neste sentido, o novoprograma exigirá também aoprofessor de Português umamudança de actuação pedagógicaque o obrigará necessariamente aconhecer muito bem asorientações programáticas dos três ciclos do Ensino Básico e, em consequência, a proceder a uma gestão eoperacionalização ponderada e equilibrada do mesmo, buscando uma efectiva interligação entre os três ciclosde estudos. Notar-se-á, ainda, a exigência de adequação entre as orientações programáticas, o Projecto Educativo

do Agrupamento e o ProjectoCurricular de Turma.

De modo a que os docentesde Português do nossoAgrupamento possam constituir-se em agentes de mudança,continuam os mesmos afrequentar sessões de formação,no âmbito do Projecto deImplementação do NovoPrograma de Português do EnsinoBásico, agora na modalidade deprojecto de formação, sessões queocorrem uma vez por semana nasEscolas EB 2,3 e Secundária Dr.João de Araújo Correia.

Paulo Pereira Guedes – Professor de Português

Semana da LeituraDesflorestação

A “Semana da Leitura” promovida pelaBiblioteca da nossa Escola é uma iniciativa quepermite a realização de diferentes meios deapresentação acerca de determinada temática eque ocorreu entre os dias 21 e 25 de Março. Esteano, o tema escolhido foi a desflorestação. Nessesentido, a turma 12.º B optou por fazer umadramatização que incluísse a abordagem necessáriaao assunto, mas de um modo que captasse aatenção da audiência. A exibição ocorreu no dia 22de Março, pelas 14h 20m, e teve lugar entre opavilhão de mecânica e a sala de carpintaria.

O objectivo era tratar o tema de uma formaleve, não deixando de focar os aspectosimportantes, tais como a def inição dedesflorestação, as suas causas e possíveis soluçõespara o problema. Deste modo, a turma idealizouuma aldeia – Aldarete – onde o abate de árvores éprática comum. Para explorar essa situação, érealizado um debate ao estilo de “Prós e Contras”na própria aldeia e entre os convidados existe umpresidente da junta mentiroso, uma dona de umaempresa de móveis, dois intelectuais quepretendem acabar com a desflorestação na área,uma engenheira pronta a defender a Natureza, doiscasais de habitantes que, sendo rurais, precisam dalenha em todos os momentos da sua vida, duasbombeiras cansadas de apagar fogos e, ainda, umaactivista da Greenpeace. Há tempo ainda para assistira uma manifestação de um movimento hippie e aosurgimento de uma deputada do partido “OsVerdes”. Depois de muita discórdia e barafunda,chega-se, por fim, à conclusão de que o abate deárvores é necessário, mas deve ser feito de umaforma devidamente controlada, de modo aresponder às necessidades de todos os envolvidos.

Dada a boa aceitação por parte do público,pudemos concluir que a mensagem que a turmapretendia transmitir foi passada de formasatisfatória. Esta actividade permitiu a estimulaçãoda criatividade dos envolvidos e, ainda, a partilhade informações com a comunidade escolar, tendopossibilitado a divulgação de temáticas tãoimportantes quanto a desflorestação.

Resta-nos esperar, porque para o ano há mais“Semana da Leitura”.

Ana João Marques - 12.º B

CONCURSOPARA DIRECTOR

DO AGRUPAMENTO

Decorre neste momento, até ao dia 16de Junho, o concurso para Director doAgrupamento de Escolas, após a publicação, noDiário da República de 1 de Junho, do n.º 11.950/2011, de 23 de Maio.

O mesmo Aviso estabelece os passosnecessários à admissão ao concurso, baseadosnos normativos legais, assim como faz referênciaaos instrumentos e aos métodos utilizados naavaliação das candidaturas.

Paulo Pereira Guedes - Professor de Português

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VI Forum

“Os Jovens, a Saúde e a Cidadania”

No âmbito do Projecto Educação para a Saúde, etendo como objectivo a promoção de atitudesfavoráveis à adopção de estilos de vida saudáveis,realizou-se, mais uma vez, o VI Forum “Os Jovens, aSaúde e a Cidadania”, nos dias 24 e 25 de Maio de2011, no Teatro de Vila Real.

O Agrupamento de Escolas João de AraújoCorreia participou, como acontece há vários anos,com as turmas 2 e A do 9.º ano.

A Escola Secundária Dr. João de Araújo Correia,através do 9.º A, apresentou uma peça de teatro daautoria da Dr.ª Conceição Cruz, “Viver é Arriscar”, eos alunos do 9.º 2, da Escola EB 2,3, projectaram ofilme “Diz não à Droga”.

Durante o almoço, decorreu uma actividade de orientação com muito sucessopara os alunos do Agrupamento, pois conquistaram os 1.º, 3.º e 4.º lugares daclassificação geral.

O momento lúdico das 14 horas esteve a cargo de um grupo de dança dealunos do 10.º D e do 12.º D da Escola João de Araújo Correia.

Estes trabalhosdesenvolveram-sedurante o anolectivo, na áreacurricular nãodisciplinar “Área deProjecto”, e ostemas trabalhadossituaram-se nasáreas da Saúde eCidadania.

Eduarda AraújoProfessora de História

«Perspectivar a evolução das mentalidades»

Dando continuidadeao Projecto «TrajectóriasI n t e r d i s c i p l i n a r e s :Perspectivar a evolução dasmentalidades», teve lugar,no IPTM, no dia 22 deMarço, entre as 14.20 e as15.50 horas, a segundasessão programada. Oproblema abordado e queteve entusiasmadasreflexões foi «O Sentido daEscola».

Traçaram-se osseguintes objectivos:

– Avaliar as funções dosistema escolar nasociedade contempo-rânea;

– Problematizar opapel da escola nasociedade virtual de hoje.

Participaram os alunos das turmas 10.º D, 12.º B, 12.º D, 12.º F, 12.º G e 11.º AProfissional; os professores José Artur Matos, A. Marcos Tavares, João Rebelo,Estela Ferreira e Fernando Cameira. Esteve também presente e interveio na sessãoo senhor Presidente da Associação de Pais da ESJAC, Eng. José Freitas.

Todas as turmas presentes se empenharam responsavelmente, sendo dedestacar as seguintes actividades: a turma do 12.º B construiu um vídeo com palavras-chave sobre a escola, tendo sido projectado no decurso da sessão; a turma do 12.º Drealizou um filme a partir de entrevistas a membros da comunidade escolar; a turmado 12.º F aplicou um inquérito a alunos da escola e procedeu ao tratamento dosresultados; os alunos do 11.º A Profissional apresentaram um vídeo acerca dos factoresde desinteresse e de abandono escolar; a turma do 12.º G procedeu à análise dasfinalidades do Estado para a educação, a partir da Constituição da República e da Leide Bases do Sistema Educativo; e, finalmente, a turma do 10.º D presenteou-noscom uma interessante dramatização da realidade escolar, nomeadamente comreferências ao bulliyng.

Os debates, que aconteceram a propósito de todas estas actividades,centraram-se sobretudo nos seguintes pontos: o sentido da escola; factores dedesinteresse e de abandono escolar; a escola reprodutora, niveladora oudinamizadora?; que futuro para a escola: na sociedade actual, de internet e redessociais, continuará a ser necessária a escola (uma sociedade desescolarizada, aoestilo de Ivan Ilitch)?; o poder (político, económico...) e a educação.

Numa apreciação global, pode dizer-se que o projecto, subordinado nestasessão à problemática da escola, foi muito bem aceite e pensado pelos participantes.Houve dinamismo por parte de todos. Assistiu-se a momentos interessantes deconjugação de saberes e de transferências de competências.

A. Marcos Tavares - Professor de Filosofia

Trajectórias Interdisciplinares

Enigma Humano

Decorreu, no passado dia 13 de Maio, a apresentação final do trabalho dogrupo 2 de Área de Projecto da turma A do 12.º ano. O trabalho desenvolvido pelosalunos pertencentes a este grupo teve a designação de “Enigma Humano”.

A Área de Projecto é uma disciplina na qual os discentes se dividem em gruposde forma a realizarem um projecto durante cerca de 9 meses – ano lectivo. Para tal,os alunos têm a possibilidade de escolha relativamente ao tema que desejam tratare organizam-se de maneira a que sejam capazes de desenvolver o melhor projectopossível. Deste modo, incentiva-se o trabalho em grupo, possibilitando que os alunosmelhorem essa sua capacidade. Além disso, a interdisciplinaridade está presentena realização destes trabalhos, pois são muitas as áreas abordadas nos projectos. É,assim, possível desvendar relações entre disciplinas e áreas de conhecimento que,em princípio, não teriam pontos em comum.

A apresentação a que nos referimos veio no seguimento de uma primeira járealizada no 2.º período lectivo. Nessa altura, a apresentação constou de uma palestraproferida pelos alunos, intitulada “O que é o cérebro”, com base numa análisemeramente fisiológica do tema. O trabalho deste 3.º período consistiu narepresentação de um programa televisivo sobre saúde mental. Durante o programa,foram vários os temas abordados, nomeadamente a definição de mente e análisedas suas componentes, o que é a saúde mental e problemas que podem advir deuma saúde mental debilitada, tudo isto graças a algumas reportagens e à presençade especialistas, protagonizados pelos alunos do grupo. Em seguida, foi apresentadoum filme que retratava um caso de uma pessoa que, devido a uma lesão cerebral,começou a adoptar comportamentos agressivos, tendo o público a oportunidadede escolher o final do filme, entre as várias opções sugeridas pelo grupo. Por último,realizámos um debate, onde se analisou e defendeu a melhor forma de procederem casos como o que havia sido visualizado no vídeo, bem como a que já estádefinida na lei.

Foram várias as opiniões bastante positivas sobre a apresentação e muitas ascongratulações recebidas. A mensagem chegou ao público e houve bastanteinteractividade entre todos, pelo que pensamos ter sido um contributo significativopara uma abordagem do tema que nos propusemos estudar: Enigma Humano.

Marco Ermida – 12.º A

24 e 25

Maio 2011

Gravidez na

Adolescência

“VIVER É ARRISCAR!”

9ºA� � � � � � �| � � � � � � � � � � � � � �

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NOTÍCIAS...

A Escola foi à Universidade

A Universidade do Minho, com o objectivo de celebrar os 50 anos do primeirovoo espacial tripulado por Yuri Gagarin, promoveu o concurso FisicUM, que decorreuno passado dia 14 deMaio.

Esta iniciativapartiu do Departa-mento de Física edesafiou as escolas aconstruírem “naves”para serem lançadas apartir do solo,devendo, depois depermanecerem no aro maior intervalo detempo possível,aterrar numa zona limitada definida no regulamento do concurso.

Duas equipas, “Os Esjac’UM” e “Os Gagarinos”, da Escola Secundária Dr. Joãode Araújo Correia apresentaram os projectos iniciais e foram seleccionadas, tendointegrado as 14 equipas que levaram a bom porto a tarefa a que se propuseram.

As equipas e os respectivos coordenadores dos projectos, professora ConceiçãoReigota e professor Víctor Barbosa, partiram da Régua por volta das 7 horas eregressaram às 18 horas.

Os alunos das duas equipas, na apresentação dos seus projectos, cumpriramde forma integral asnormas do regulamentodo concurso, desfru-taram dos momentos delazer, participaram noagradável convívio, emsuma, o dia foi passadocom muita animação ealegria.

Os alunos e profes-sores que participaramno concurso tiveramainda a oportunidade deassistir a uma palestra

com a única portuguesa consultora internacional especialista em análise de riscosespaciais, Isabel Pessôa-Lopes, e única candidata portuguesa a astronauta.

Alunos do 12.ºA Profissional e do 12.º C

PALESTRAS NO ÂMBITO DA FÍSICA

No passado dia 2 de Maio, tiveram lugar no IPTM duas palestras no âmbito daFísica, de acordo com o ponto E32 do Plano Anual de Actividades 2010-2011.

A coordenação destas actividades esteve a cargo dos professores VíctorBarbosa, Paulo Almeida, Conceição Reigota e Ana Monteiro e contou com aparticipação dos docentes do grupo de Física e Química e dos alunos envolvidos.

As palestras aconteceram em dois momentos distintos. A primeira ocorreu daparte da manhã, às 11:00 horas, cujo tema foi: “Vida inteligente no Universo... Háalguém lá fora?”

Resumo: Há vida inteligente noutros planetas? No Sistema Solar parece tersido somente a Terra que permitiu condições para que a vida inteligente sedesenvolvesse. Mas será que existe vida inteligente noutros sistemas da nossaGaláxia? E noutras Galáxias? Em caso afirmativo, podemos comunicar? Nestapalestra pretendeu-se obter uma estimativa do número de planetas da Via Lácteacom formas de vida capazes de comunicar connosco.

A outra palestra teve lugar da parte da tarde, iniciando-se às 14:30, com o tema“O que é o tempo?”.

Resumo: O que é o tempo? Parece uma questão com resposta fácil. Mas, doponto de vista físico, aquilo que parece que é não é. Toda a gente parece saber aresposta, mas perante o facto de a pergunta ser feita tem dificuldade emresponder. Esta palestra pretendeu confrontar as pessoas com o conceito detempo, mas também com o conceito de presente, passado e futuro. A relaçãoentre as distâncias entre estrelas e entre galáxias, com o tempo que a luz leva apercorrer essas distâncias, funciona como uma ferramenta para lidar com as noçõesde presente, passado e futuro.

O orador foi o Professor Doutor Luís António Gachineiro da Cunha, professor einvestigador da Universidade do Minho. Do seu vasto currículo destaca-se que édoutorado em Ciências, com especialização em Física pela UM em 2000, investigana área da Física Aplicada e em Ciências dos Materiais, Produção de filmes finosSixyz, ZrNxy, MoNxy, TiCxy, Ti-Si-C, Ti-C-N-O por processos de PVD (ReactiveMagnetron Sputtering), tendo obtido vários prémios individuais e uma patenteinternacional. Tem 41trabalhos publicadosno âmbito da inves-tigação científ ica,proferiu 91 comuni-cações em encontrosde investigaçãocientífica e é super-visor de mestrados edoutoramentos.

Os alunos partici-pantes foram dasturmas 8.º C, 8.º E, 10.ºA, 10.º C, 11.º A, 11.º B,11.º C, 12.º B e 12.º C, quemostraram muito interesse e foram participativos, interagindo por diversas vezescom o palestrante.

Os coordenadores

A minha vida se complica,A cada passo que dou,Sem saber por onde vou...Sem saber o que dizer.Já não compreendo a vida,Que me faz ficar perdida,Neste eterno labirinto...Que teima em não me mostrar a saída.

Eis uma lágrima,Pronta a denunciar-me,A desmascarar-me perante a multidão,Aqui estou,Pálida... sem pulsação.Caída, sem a mínima reacção...Num mundo sem calma,Que me roubou a alma,Sem dó nem piedade...Escondendo-me a verdade,Desta dura realidade.

Caminho... inconsciente...Sinto-me a única sobreviventeDesta teia de sofrimento.Desta vida sem cabimento,Inundada em água.Transmitindo a minha mágoa...•c esta minha eterna mágoa,Trespassada pela dor,Não sinto frio, nem calor.

Andreia Cardoso - 10.º G

POESIA...

A arte do sofrimento

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NOTÍCIAS...

No dia 29 de Março, a nossa turmarecebeu a visita de Fernando Alves,reputado jornalista da TSF, para com eleconversarmos sobre a especificidadeda sua profissão, os meios decomunicação social e a escrita de rádio.

Excelente comunicador, foi fácil aonosso convidado prender, desde oinício, esta plateia jovem que se deixoutransportar pelos meandros do seupassado, onde já deixava antever apaixão com que diariamente se entregaà palavra. A esta dedicou uma atençãoespecial. Reconhece-lhe um podercrítico acentuado, ao mesmo tempoque desencadeador de muitasimagens, abrindo janelas para o mundoe tornando evidente a sua impressãopessoal, como se de um filme setratasse, magicamente transformadopelo som. Por isso, ele próprio considerao seu trabalho jornalístico como umaarte.

Mas tudo começou aos catorzeanos, quando ainda frequentava umliceu angolano, participando no jornalde parede. A leitura era, então, umarotina da qual não prescindia. Os textosque escrevia estavam repletos de ironiae de acidez crítica ao quotidiano escolar.Para ele, a palavra era já uma arma dearremesso. É dessa altura a alcunha ocrónicas.

Dois anos mais tarde, iniciou a suacarreira na estação de rádio deBenguela. Gradualmente, foicanalizando e apurando a fórmula dacrónica, pouco frequente na rádio.

Hoje, escreve muito bem sobre oque quer que seja, tendo adquirido umcerto poder: o de ter criado uma certacumplicidade e reciprocidade com umpúblico vastíssimo que, de segunda asexta, escuta a sua crónica matinal, numespaço que designa como “Sinais”, e ode ter dado o seu verdadeiro contributopara o desenvolvimento de uma escritade rádio. Trata-se de uma fala escrita,presencial, que evita as rimas, mas onde

“SINAIS” RADIOFÓNICOS NA ESCOLA

a coloquialidade implica e envolve oouvinte, como se de um jogo setratasse, agarrando o que fica suspensoe originando uma musicalidade que sóa escrita tem. No fundo, é como“escavar o poço da palavra”, na opiniãode Fernando Alves.

Quisemos conhecer um poucomais a sua profissão. Explicou a suaespecificidade e, sobretudo, as suasexigências, distinguindo-a dojornalismo praticado pelos outros meiosde comunicação (televisão e imprensa).

Não faltaram recomendações,destacando-se a da leitura, cujo prazere transformação em vício ocorre depoisde superadas as dificuldades e osaborrecimentos iniciais que, não rarasvezes, ela provoca. As ancoragensliterárias que foi fazendo despertou emnós uma grande vontade de o imitar,embora conscientes do longo caminhoque ainda temos de percorrer.

No final do encontro, o prazer e aadmiração eram visíveis no nosso rosto.

A viagem no “universo FernandoAlves”, iniciada através da escuta activados “Sinais” dele emanados, vaicontinuar, depois do seu começo na aulade Português, quando a nossaprofessora Conceição Pires quis fazer,em Setembro, um diagnóstico da nossacompreensão oral. Para isso, escolheua crónica sobre “Leonardo Coimbra”.Inquietos por causa destaindividualidade, partimos todos à suadescoberta, imediatamenteinterrompidos pela sonoridade vindadas colunas. Como que suspensos,evadimo-nos da tarefa escolar para nosrefugiarmos num outro campo,conduzidos pela voz única, grave esonante, tão profunda quantomagníficos os conteúdos por elaabordados. O ritmo era alucinante, sócomparável ao do Space Mountain daEurodisney. Apesar das indicaçõesprecisas, perdemo-nos numa rede dereferências culturais inéditas para nós.

O labirinto “Fernando Alves”estava diante de nós. Ousámos entrarnele, mas não encontrámosvoluntariamente a saída.

Cada nova escuta é um passo maisneste mundo maravilhoso que a TSFnos oferece quase todos os dias,através do filtro intimista e subjectivodo olhar jornalístico, num momento deverdadeira literatura humanista, comorecentemente confirmámos com acrónica “Llamazares”.

Em cada “Sinais”, um novodesafio, uma nova expectativa, nummisto de surpresa e suspense, de nuncadito e jamais completo, querendoprolongar no tempo a voz querapidamente nos liga ao rádio e aomundo encantador da globalização, daleitura e, sem dúvida, do ser humano. Étambém por causa deste quepartilhamos com Fernando Alves valorescomo a tolerância, o respeito, aresponsabilidade, a paz e o amor. Aoconvidar-nos a reflectir, implica-nos na

construção de um mundo melhor, esseonde também nós queremos viver. Ummundo onde cada um de nós tem umamissão a cumprir, onde a palavra escritaecoa a nossa intimidade e projecta asparedes sólidas de uma sociedade maishumana, onde cada tijolo é um livro lidoe uma voz humana.

Como no poema de José Régio –“Cântico Negro” –, «Quando me dizem:“Vem por aqui!”/ Eu olho-os com olhoslassos /(…) e cruzo os braços, / e nuncavou por ali…/ (…) Só vou por onde /Melevam meus próprios passos. / (…) Euamo o Longe e a Miragem, / Amo osabismos, as torrentes, os desertos…».

Depois de “Sinais”, e retomandoJosé Régio, “A minha vida é um vendavalque se soltou. / É uma onda que sealevantou. /É um átomo a mais que seanimou…/ Não sei por onde vou, /Nãosei para onde vou / – Sei que não vou por aí!».

Os alunos do 10.º F

O jornalista Fernando Alves e a professora Conceição Pires

OPINIÕES: - «É um homem de uma cultura alucinante!» – Isilda- «Deu-nos bons conselhos sobre a vida jornalística.» – Daniela- «É notável o à-vontade com que se dirige ao público, sendo um homem da rádio!» –Mafalda- «Ficámos surpreendidas com o vocabulário que usava. Era muito rico! Nunca faltarampalavras para improvisar o diálogo.» – Sara e Ana Cláudia- «Acho que ele consegue juntar muito bem cultura com humor.» – Inês e Maria Inês- «Gostámos da imagem que ele deu do que é e do que deve ser uma rádio.» –Amadeu e Gonçalo- «Aprendemos que a rádio é, afinal, o meio de comunicação que mais exige da nossaimaginação.» – João e Leandro- «Não esqueceremos nunca a sua voz! É única! Entra tão agradavelmente no nossoouvido!» – Margarida e Gisela- «Espantou-me o facto de ele não gostar de televisão. Afinal, ele foge a muitasregras e vícios sociais. Por isso, admiro-o muito!» – Rita- «Como é que, acordando tão cedo, consegue inspirar-se para escrever tão bem assuas crónicas?» – Rita e Cláudia- «Apercebemo-nos de que ser jornalista não é uma profissão fácil.» – Ana e Ana

Os alunos do 10.º F com o jornalista Fernando Alves e a professora Conceição Pires

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XVI Olimpíadas do Ambiente

Nos dias 29 e 30 de Abril e 1 de Maio, decorreram, em várias zonas do Algarve,as XVI Olimpíadas do Ambiente. Cinco alunos do 12.º C, Diogo Cordeiro, DanielaFonte, Gabriela Borges, Inês Pereira e Susana Barreiro, participaram nas primeiraseliminatórias, tendo ficado apurados para as etapas seguintes. Para a últimaeliminatória apuraram-se as alunas Inês Pereira e Susana Barreiro. Com a persistênciaque as caracteriza, ultrapassaram todos os obstáculos e rumaram ao Sul. Puderamcontar com todo o apoio por parte da Direcção da Escola no sentido de tornar

possível a sua deslocação e participação. Apesar de não terem figurado nos trêslugares do pódio, como tanto desejavam, levaram o nome da nossa Escola até bemlonge.

As actividades não se cingiram à prova final . As jovens puderam tambémassistir a uma palestra que versava vários trabalhos, realizados por alunos, sobretemas relacionados com o Ambiente e a Cidadania. Puderam ainda realizar aactividade “Coastwatch” na Ria Formosa, que tinha como objectivos promover oconvívio entre os participantes e motivar os jovens para a vigilância das zonascosteiras.

Num ambiente de divertimento, os participantes visualizaram, em grandegrupo, o documentário “Pare, Escute e Olhe”, sobre o encerramento da Linha doTua.

Como a participação da nossa Escola foi, não em qualidade mas em númerode alunos, reduzida, as nossas “ambientalistas” foram “adoptadas” por um grupoaçoriano acompanhado pelo professor Márcio.

“Penso que as Olimpíadas do Ambiente foram uma experiência muitoenriquecedora. Apesar de não termos ganho o prémio principal, conseguimosadquirir conhecimentos que poderemos aplicar no nosso quotidiano. Foramtrocadas ideias gratificantes quer com outros concorrentes quer com os própriosorganizadores. Sem dúvida que este fim-de-semana irá ficar na nossa memória,

não só pelos bons momentospassados, como também pelasamizades que se travaram para a vida.”– disse-nos Susana Barreiro

Bem-hajam, Susana e Inês, pormais uma vez honrarem o nome danossa Escola.

Inês Sequeira - Professora de Área de Projecto

No dia 28 de Abril, os alunos do Curso Profissional de Multimédia (11.º A) e deProgramação de Sistemas Informáticos (11.º C) realizaram, no âmbito da disciplinade Área de Integração, uma visita de estudo à Fábrica Centro Ciência Viva, em Aveiro.

Ao longo do dia e acompanhados pelas professoras Ana Paula Lopes, CláudiaOliveira e Sónia Lopes, participaram em três actividades interactivas: o “Sítio dosRobôs”, a “Oficina de Robôs” e a exposição “Mãos na Massa”, onde puderam pôrem prática alguns dos conhecimentos adquiridos nas diferentes disciplinascurriculares.

Deste modo, os alunos tiveram a oportunidade de contactar com a construçãoda realidade científica, verificar a interdependência entre o conhecimento científicoe o tecnológico, bem como certificar-se da aplicação das descobertas científicas noquotidiano.

Pelo seu carácter formativo e pelas experiências enriquecedoras queproporcionou, podemos afirmar que a visita de estudo foi muito positiva.

Ana Paula Lopes - Professora de Filosofia

VISITAS DE ESTUDO...

VISITA À UNIVERSIDADE DE AVEIRO

Fábrica Centro Ciência Viva

Mãos na massa

Fábrica de Robôs

Oficina de Robôs

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VISITAS DE ESTUDO...

Realizou-se, nos dias 24 e 25 de Março, uma visitade estudo a Sintra e Lisboa, participada pelas turmasA, B, C e E do 11.º ano, assim como pela turma C do 11.ºano Profissional, acompanhadas pelos professoresEstela Ferreira, Helena Varela, Rosa Ferrão, TeresaSilva Soares e Paulo Pereira Guedes.

A visita teve como objectivos: proporcionar aosalunos um conhecimento sustentado, baseado no

contacto in loco, dos lugares, monumentos e paisagens de referência que surgemn’ Os Maias, um dos mais conceituados romances em Português; promover o gostopela leitura, procedendo à leitura de excertos nos locais referenciados; estimular oespírito crítico, à semelhança do escritor Eça de Queirós, comparando a capital doséculo XIX com a do século XXI; favorecer uma compreensão mais ampla do mundo,colocando os alunos em contacto com realidades diferenciadas; e diversificar osmétodos de ensino e as formas de aprendizagem.

Em Sintra, o grupo visitou o Palácio Nacional da Pena, para onde se deslocounos transportes próprios que a Câmara Municipal de Sintra proporciona. Aqui, foipossível contactar com uma das jóias do património nacional, tendo-se vislumbradoainda o famoso arco de Seteais, no palácio com o mesmo nome.

Nos dias 31 de Março e 1 de Abril,fizemos uma visita de estudo a Mafra,Lisboa e Leiria, no âmbito da disciplinade Português, para aprofundarmos onosso conhecimento sobre a vida, aobra e a época dos autores estudadosno presente ano lectivo.

Assim, pouco passava das seis damanhã quando partimos em direcçãoao Convento de Mafra. À hora prevista,a curiosidade e o interessesobrepuseram-se ao sono quedeixámos pelo caminho. Era altura de“entrarmos” no Memorial doConvento, de Saramago, pela voz danossa guia. Sentimo-nos, então,construtores desse magnífico edifícioque tanta exploração e sofrimentocausou ao povo português no séculoXVIII. Deixámo-nos contagiar peloambiente vivido neste espaço,envolvendo a vida maravilhosa e trágicadas personagens daquele romance,nomeadamente da epopeia dehomens, do esforço hercúleo demilhares de trabalhadores

Após a pernoita na Pousada da Juventude de Lisboa, o grupo fez, de manhã,um percurso baseado nos espaços que, n’ Os Maias, Carlos e Ega percorrem nopasseio final, em que reflectem sobre o falhanço da sua vida e assumem o fatalismomuçulmano como marca da existência.

Os alunos do 11.º C Profissional

VIAGEM LITERÁRIA

VISITA A SINTRA E LISBOA

arregimentados em todo o país, dearquitectos, engenheiros e materiaisvindos do estrangeiro e pagos a pesode ouro do Brasil, esgotando-o.

Todos os detalhes de um amorartificial entre um rei e uma rainha e adescendência dificilmente conseguida,mas gratificada tão magnificamentepela Majestade real a Deus tãogeneroso, nem que para isso muitasfamílias tenham sofrido, foramapresentados, não raramenteassociados a uma veia satírica e mordaz.

À tarde, complementámos esteconhecimento com o teatro quenaquele espaço é representado, como mesmo título da obra, encenado porFilomena Oliveira e tão densamentedramatizado por uma equipa de actoresde grande qualidade artística. Destavez, atentámos também nas outraspersonagens, nomeadamente emBaltasar e Blimunda, cujo amor naturalfoi vivido de forma tão intensa emodelar para nós. A figura do PadreBartolomeu de Gusmão será, para

sempre, um bom exemplo a seguir naluta e realização dos nossos sonhos.

De regresso a Lisboa, aconfraternização dominou a noitecalma e sossegada.

Restabelecidas as forças, partimos,manhã cedo, em direcção ao Teatro deS. Carlos, diante do qual se encontra acasa onde nasceu Fernando Pessoa.Iniciámos, assim, o roteiro pessoano, soba orientação de Nuno Frazão, um guiada Câmara Municipal de Lisboa. Demodo descontraído, fomospercorrendo os espaços desta cidadeligados à vida do nosso escritor, comancoragens sistemáticas na sua obraliterária, sobretudo da leitura de algunstrechos dos seus poemas maisconhecidos, e nos acontecimentoshistóricos contemporâneos vividos poreste poeta.

Depois de um almoço rápido,viajámos até Leiria, maisespecificamente, até às Cortes, à Casa-Museu João Soares, pai de Mário Soarese pedagogo eminente, para além deactivista político e ministro durante aPrimeira República. Assistimos a umdocumentário sobre a implantação daRepública e o Estado Novo,complementado com a exposiçãopermanente – O Século XX Português.Os Caminhos da Democracia. JoãoSoares/Mário Soares – que dá uma visãosintética do século XX português,sobretudo na sua vertente de históriapolítica. Com a ajuda de uma guia,participámos, então, numa reflexãoque muito nos ajudaria no estudo deFelizmente há luar!, de Luís SttauMonteiro, a partir também dasfotografias, cartazes e documentos,

apoiados por um conjunto deaudiovisuais que, com filmes da época,documentam as principais fases dos trêsperíodos considerados – A Crise doSistema Liberal (1890-1926); DitaduraMilitar, Estado Novo e Resistência(1926-1974); e Revolução e Democracia(1974-1996) –, para além doenquadramento dos percursosbiográficos de João Soares e MárioSoares.

O espaço circundante da casamereceu, igualmente, o nosso apreço.Ele foi transformado, tendo-se tornadonum aprazível jardim, da autoria doarquitecto Gonçalo Ribeiro Telles,integrando um auditório ao ar livre e umparque de estacionamento, onde estáexposto o automóvel com o qual MárioSoares percorreu o país em muitascampanhas eleitorais que se seguiramao 25 de Abril de 1974.

Retomámos, pela última vez, aviagem por algumas horas interrompida,em direcção ao Peso da Régua.

À chegada, algum cansaço, mas acerteza também de uma aprendizagemútil na caminhada literária que aprofessora Conceição Pires deseja apartir da disciplina de Português; para aconstrução da nossa identidadehistórica, como reforçou a professoraRegina Lima; e para o enriquecimentopessoal e social através dodesenvolvimento do espírito crítico, deatitudes de sociabilidade, de tolerânciae de cooperação. A alegria e a boadisposição foram os ingredientesindispensáveis nesta visita queguardaremos para sempre na nossamemória.

Os alunos do 12.º B Profissional

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O CARTAZ DA MINHA ESCOLA

“O Cartaz da Minha Escola” da Sala 1 doJardim de Infância das Alagoas ganhou o 1.ºPrémio do concurso nacional realizado peloPNL, no âmbito da Semana da Leitura 2011 edo Ano Internacional das Florestas.

O desafio lançado foi aceite, conseguiu-se fazer a pretendida articulação transversaldo currículo e, sobretudo, abriram-se asas àimaginação e à criatividade.

PARABÉNS à Educadora Palmira e a todosos meninos e meninas, que sabem um segredo... o ninho da fantasia!

Alunos da turma 6.º 5 da Escola EB 2,3 dePeso da Régua premiados com o 2.º lugardo concurso nacional do PNL

A divulgação da lista de premiados, no dia 29 deAbril, encheu de orgulho e alegria os alunos da turmado 6 .º 5, que participaram na idealização dos Percursosde Pedro e Inês, na modalidade de caça ao tesouro,sob a coordenação dos Professores Ana Paula Silva e

Paulo Lopes e da Biblioteca Escolar.No projeto da caça ao tesouro, os alunos tiveram de definir um percurso pelos

contextos e lugares históricos, geográficos e literários alusivos ao tema, com baseem pesquisas efetuadas a partir de leituras sobre o romance de D. Pedro e D. Inêsde Castro.

A elaboração da atividade incluiu um mapa, que permitiu a visualização da áreade jogo, a explicação das regras a seguir, a divulgação dos enigmas a desvendar e,ainda, a definição do “tesouro”, que representa o culminar da caça ao mesmo.

Para além do cumprimento de todos estes aspetos, os alunos desta turmaconstruíram um castelo de grandes dimensões, que serve de espaço/cenário dojogo.

Os alunos aguardaram, com muita expectativa, a cerimónia de entrega dosprémios, ocorrida no dia 30 de Maio, na Quinta das Lágrimas, em Coimbra.

O concurso é uma iniciativa conjunta do PNL e da Fundação Inês de Castro, como patrocínio da YDreams.

ConcurConcurConcurConcurConcurso Inês de Castrso Inês de Castrso Inês de Castrso Inês de Castrso Inês de Castrooooo

No dia 29 de Abril, a Ana Filipa, oDiogo, a Isabel, a Leonor, a MariaBeatriz e a Rosário, do 3.º ciclo, a Ana,a Helena e a Isilda, do Secundário,acompanhadas pelas professorasresponsáveis das Bibliotecas Escolarese pela professora Nelma Aguiar,partiram do Agrupamento em direçãoà Biblioteca Municipal de Vila Real,onde se realizaria a Fase Distrital doCNL.

ConcurConcurConcurConcurConcurso Nacional de Leiturso Nacional de Leiturso Nacional de Leiturso Nacional de Leiturso Nacional de Leituraaaaa

Foi assinado no dia 18 de Maio,no Museu do Douro, o protocolode cooperação  entre os parceirosque constituem a Rede deBibliotecas do Peso da Régua:Município do Peso da Régua,Museu do Douro, Agrupamentode Escolas João de Araújo Correiae Escola Profissional da Régua.

Para além da partilha e difusãoda informação, através daconstituição de catálogoscoletivos, a Rede de Bibliotecas doPeso da Régua permite ascomponentes de divulgaçãocultural, de maximização derecursos humanos e financeiros ea rentabilização dos espaços,permitindo ações concertadas e eficazesentre todos os parceiros.

Sara Diaquino, aluna do 12.º ano, doCurso de Artes Visuais, vencedora doconcurso promovido para a criação dologótipo da Rede de Bibliotecas do Pesoda Régua, fez a apresentação domesmo, seguindo-se a apresentação doPortal da Rede, com explicação dasfuncionalidades, feita pelo BibliotecárioMunicipal, Dr. António Jorge Pereira.

A cerimónia terminou com a entregade prémios do concurso “O Cartaz daminha Escola”. Este concurso, de âmbitonacional, teve uma participação muitoalargada dos educadores e professores,das crianças e jovens do nosso

RRRRRede de Bibede de Bibede de Bibede de Bibede de Bibliotecas do Pliotecas do Pliotecas do Pliotecas do Pliotecas do Pesoesoesoesoesoda Réguada Réguada Réguada Réguada Régua

Agrupamento, tendo os trabalhos sidoexpostos na Biblioteca Municipal.Posteriormente, um júri selecionou umpor cada nível de ensino, os quais foramenviados ao Plano Nacional de Leitura.

Pré-escolar: Turma 1, Centro Escolar das Alagoas 1.º ciclo: Turma 3.4, Centro Escolar das Alagoas2.º ciclo: Turma 6.º 4, EB 2,33.º ciclo: Turma B, 8.º ano, ESJAC Secundário: 10.º A Profissional – João CarlosValente Rualde, ESJAC

A equipa das BE's(Texto redigido ao abrigo do Acordo Ortográfico)

BIBLIOTECA...

Estendal de LetrasEstendal de LetrasEstendal de LetrasEstendal de LetrasEstendal de Letras

Imagem das “peças de roupa” feitas, com entusiasmo, pelas várias turmas doAgrupamento e que resultaram num esplêndido Estendal de Letras que pôde serapreciado no exterior da Biblioteca Municipal, para comemorar o “Dia Mundial doLivro”.

Parabéns a todos os “artífices” da letra e da palavra!

Biblioteca Municipal do Peso da RéguaMais imagens na página das BE's

Biblioteca Municipal de Vila Real

Às 14:00, cerca de cemalunos, das várias escolas dodistrito, começaram as provascom entusiasmo e empenho!

Seguiu-se uma visitaguiada à Biblioteca Municipale às 15:15 foram anunciados osconcorrentes apurados para aprova oral, que iriam disputara final nacional. Entre elesestavam a Leonor e a Rosário(3.º ciclo) e a Isilda(Secundário), mas onervosismo impediu-as de ir aLisboa.

No f inal das provas, ouvirampalavras de elogio e incentivo doescritor Alexandre Paraf ita, darepresentante do PNL e doBibliotecário Municipal.

Para terminar, foi servido umlanche ao som de um concerto dedixieland, o que muito agradou.

Os nossos representantesregressaram cansados, mas muitocontentes pela participação!

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Decorreu, principalmente durante o mês de Maio, a apresentação dosresultados dos trabalhos de projecto desenvolvidos ao longo do ano lectivo, nadisciplina de Área de Projecto, do 12.º Ano.

Os trabalhos, depois de concretizados, foram na sua maioria apresentados àcomunidade escolar e educativa. A sua divulgação pública foi realizada com o recursoa várias metodologias. Assim, assistimos a palestras realizadas por especialistasconvidados ou pelos próprios elementos dos grupos, subordinadas aos temas

ÁREA DE PROJECTO...

escolhidos, a exposições e a algumas actividades complementares a estasapresentações.

Ficámos satisfeitos com a qualidade e a excelência dos trabalhos expostos.Uma palavra de agradecimento, na pessoa do assistente operacional Sr. Sousa,

para toda a equipa de carpintaria, que esteve sempre disponível para colaborar nasdiversas solicitações. Uma palavra também para o Sr. Presidente da ComissãoAdministrativa Provisória, pela presença constante e pelo apoio concedido.

Uma última apreciação para lamentar o corte desta disciplina do currículo doensino secundário. É que estamos perante uma disciplina com uma fortecomponente formativa, capaz de desenvolver competências a nível do trabalhoautónomo, da reflexão crítica e da criatividade, do trabalho cooperativo, daresponsabilização pessoal e colectiva e de promover a interacção entre o saber, osaber-fazer e o saber-ser.

Manuel Ferreira - Professor de Filosofia

12.º A - "Sono Espelhado"

12.º B - "Abre-te Cérebro"

12.º C - "A Música"

12.º F - "A Publicidade"

12.º G - "Grécia... Passado e Presente"

12.º E - "Sobrenatural"

12.º D - "Cinco Sentidos"

12.º G - "Grécia... Passado e Presente"

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DIA DO PATRONO...

O Agrupamento de Escolas Dr. João de Araújo Correia celebrou, no dia 03 deJunho, o Dia do Patrono. Um evento a todos os títulos notável e com grandeexpressão na comunidade escolar e local. Assim, cumpriram-se com êxito osobjectivos inicialmente definidos. O Dr. João de Araújo Correia foi homenageadocom um programa cultural e lúdico de boa qualidade, que mobilizou todas as escolasdo Agrupamento e que envolveu encarregados de educação e outras instituiçõesdo concelho e da cidade do Peso da Régua.

Durante a parte da manhã, a cidade do Peso da Régua ganhou outra dinâmicae uma outra vida, com a animação de rua proporcionada pelo grupo de bombos daEB 2/3, o grupo de teatro da ESJAC e o grupo de danças do Centro Escolar daAlameda e das Alagoas.

Durante a tarde, teve lugar uma sessão solene no auditório do IPTM, onde serealizou uma conferência, dinamizada pela Dr.ª Hercília Agarez, sobre o médico eescritor, tendo-se procedido à entrega do prémio escolar Dr. João de Araújo Correia,para os alunos dos 9.º e 12.º anos, os prémios do concurso literário 2010/2011 e,ainda, os referentes ao concurso de caricaturas Dr. João de Araújo Correia.

O evento contou ainda com uma exposição de trabalhos dos alunos de todo oAgrupamento e que esteve patente ao público no Parque Multiusos – Avenida doDouro, durante os dias 3, 4 e 5. Quem por lá passou teve a oportunidade de apreciarbons trabalhos de expressão plástica e de fotografia.

Já durante a noite, assistimos a um café-concerto, que decorreu também noParque Multiusos e que mostrou os talentos do Agrupamento a nível da música, dadança e do teatro. Deste modo, foi possível passar algumas horas de entretenimentoe de divertimento onde professores, alunos, encarregados de educação e públicoem geral estiveram presentes e envolvidos.

Uma última palavra para agradecer ao coordenador geral do projecto, Dr.Álvaro Cardoso, e ao Presidente da Comissão Administrativa Provisória, Dr. PauloCardoso, que fizeram tudo o que podiam e que estava ao alcance de ambos paraque este evento tivesse a dignidade e a qualidade que acabou por revelar.

Está de parabéns o Agrupamento…Manuel Ferreira - Professor de Filosofia

AgAgAgAgAgrrrrrupamento comemorupamento comemorupamento comemorupamento comemorupamento comemorou Dia do Pou Dia do Pou Dia do Pou Dia do Pou Dia do Paaaaatrtrtrtrtronoonoonoonoono

Grupo de danças do 7.º E da ESJAC

Grupo de bombos - Clube Bom Bom - EB 2/3

Grupo de danças do Centro Escolar das Alagoas

Grupo de danças do Centro Escolar das Alagoas

Dança pelos alunos do Centro Escolar das Alagoas

Conferência sobre Dr. João de Araújo Correia

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DIA DO PATRONO...Apresentação da Revista "Pensar(es)"

Entrega dos prémios do Concurso Literário 2010/2011

Exposição de trabalhos dos alunos do Agrupamento

Actuação durante o Café Concerto

Actuação durante o Café Concerto

Actuação durante o Café Concerto

Actuação durante o Café Concerto

Actuação durante o Café Concerto

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OPINIÃO...

Tal como acontece com outras áreasdo saber, a aprendizagem de uma línguaestrangeira exige da parte do docente umtrabalho exigente, cuidadoso e emconstante renovação.

Tendo por base as reflexões teórico-práticas à volta da língua, nomeadamente adistinção entre os conceitos “aquisição” e“aprendizagem”, apresentada por Krashen,e entre “sistema linguístico” e“comunicação”, estabelecida por Saussuree Todorov, pretende-se ir ao encontro dasabordagens metodológicas maisimportantes e recentes, no que diz respeitoao ensino das línguas estrangeiras.

Não é possível decorar os princípiosteóricos que nasceram no século XIX e setêm vindo a aperfeiçoar. Na teoria nativista,com Chomsky, defende-se que o serhumano possui capacidades inatas para falaruma língua. Na teoria ambientalista, ressaltaa aprendizagem de uma língua sob o pontode vista da sociologia, sociolinguística,antropologia e linguística antropológica.Tendo por base as relações sociais e ascomunicações por elas causadas, conclui-seque a comunicação nasce de umanecessidade de transmitir ou recebermensagens.

De facto, para se aprender uma línguatem de haver uma motivação comunicativae o aprendiz de uma língua tem de assimilarvalores e comportamentos culturais dacomunidade que utiliza essa língua.

Outra preocupação é saber quais asrazões para a aprendizagem de uma língua– obrigação, prazer, compensaçãoeconómica, de carácter intelectual eacadémico, ou a disposição que oaprendente tem para aprender uma línguadiferente da sua.

Na situação concreta dos nossos alunos,que devem ter uma segunda línguaestrangeira na sua formação, a razão daescolha da língua espanhola prende-se coma curiosidade por outra língua ibérica, pelaproximidade de Espanha, por questões deprosseguimento de estudos no país vizinho,pela possível emigração para Espanha, pelaexpectativa de que seja uma língua maisacessível do que a língua francesa, línguaestrangeira 2, até há bem pouco tempo amais escolhida.

No ensino das línguas estrangeiras,surgem métodos e princípiosmetodológicos, dos quais se destaca oMétodo de Gramática e de Tradução(denominado Método Tradicional), oMétodo Directo, o Método Audiolingual eAudiovisual (com ligeiras diferenças entre

eles), o Método Comunicativo (ModeloNocional-Funcional e Ensino MedianteTarefas).

Todos eles, representativos de umdeterminado momento da História, têm assuas marcas hoje. Conservamos, do MétodoTradicional (até aos anos setenta, presenteainda em alguns manuais), o uso do manual(não exclusivamente de textos) e dodicionário (bilingue e unilingue). Do MétodoDirecto, recolhemos a importância daoralidade sem recorrer à língua materna, aprática da fonética, o uso de textoscontextualizados e o enfoque indutivo noensino da gramática. Dos métodosAudiolingual e Audiovisual, conservou-se oestudo da gramática partindo do maissimples para o mais complexo, a valorizaçãoda imagem e do diálogo, representativosde uma situação do quotidiano.

Hoje, o ensino das línguas apoia-se noMétodo Comunicativo, com programas quetêm por base o modelo Nocional-Funcional,visando desenvolver as competênciaslinguísticas e comunicativas. Assim,aplicando-se “o jeu de rôle”, foi dada aoportunidade ao aluno de representar umasituação possível do quotidiano: numestabelecimento comercial, numrestaurante, num bar, numa loja, numaagência de turismo, numa estação decomboio ou metro, num aeroporto, numaentrevista para um emprego, etc...

Surgem também algumas questões.Quais as necessidades dos nossos alunos?Que conhecimentos trazem já? Que valoressociais lhes faltam? Quais são os que devemmodificar? Quais os que devem conservar?Que procedimento é preciso adoptar paraque os alunos sejam capazes de comunicar?Que recursos utilizar? Quais os maiseficazes?

Nesta perspectiva, o Quadro EuropeuComum de Referência para as Línguas,elaborado pelo Conselho da Europa, quetem trabalhado neste campo desde 1991,fornece linhas orientadoras e sugestõespara o docente. Pretende-se desenvolveruma competência plurilingue epluricultural. Para tal, é necessáriodesenvolver competências gerais ecompetências comunicativas.

Como forma de promover o EnsinoComunicativo, surge o Ensino MedianteTarefas, em que é a tarefa final quedetermina os elementos necessários para asua realização. Esta abordagem motiva, namaior parte das situações, uma vez que oaluno, ao conhecer a sua tarefa/projectofinal, sente-se implicado, reconhecendo anecessidade de adquirir os conhecimentosnecessários e desenvolver competênciascomunicativas apropriadas.

Considerando que o audiovisual e ocinema têm um papel importantíssimo navida de qualquer cidadão moderno e que aescola, os métodos de ensino e os materiaisescolhidos não podem estar desfasados darealidade do aluno, surge uma questão:porque não utilizar o cinema de animaçãocomo recurso de aprendizagem de umalíngua estrangeira, mais especificamente daLíngua Espanhola?

O cinema de animação constitui umimportante veículo da língua e da culturanacional e mundial. Aventa-se que poderáajudar o indivíduo a construir a sua

identidade e o conhecimento, uma vez queremete para memórias, modos de vida evalores. Apresenta visões do mundo,invocando o passado, representando opresente e projectando o futuro.

Tomemos como exemplo três longas-metragens: Idade do Gelo, Shreck e Toy Story.

No filme Idade do Gelo, é importante

reflectir sobre a escolha dos títulos, orecurso a personagens como dinossauros emamutes, a presença de cenáriosrepresentativos de tempos longínquos, autilização de um passado como se dopresente se tratasse, numa fantasia queenvolve o público jovem e adulto.

Shreck explora temas transversais,

numa dialéctica constante entre o passadoe o presente, propondo personagens doimaginário colectivo infantil de forma míticae simbólica que estabelecem um diálogoentre literatura e cinema, num processo deintertextualidade cultural.

Toy Story contempla temas actuais

relacionados com a família, a amizade, oamor, o ódio. A acção e a atitude daspersonagens desenvolvem a sensibilidadee a consciência moral dos alunos. Comopodem os brinquedos da nossa infânciaganhar vida num mundo paralelo e dar liçõesde vida?

Além de longas-metragens, sériestelevisivas de animação como, porexemplo, Phineas y Ferbs ou Doraemonprendem a atenção dos adolescentes. A suautilização, como recurso, permite reflectirsobre temas como a adolescência e aamizade, comparar comportamentos edesenvolver uma atitude dedistanciamento/tolerância frente aacontecimentos e atitudes.

Impõe-se agora a resposta à seguintequestão: como planificar as aprendizagensdos alunos em Espanhol, língua estrangeira?

O docente deve consultar e analisar osdocumentos oficiais existentes emanadosdos órgãos competentes, nomeadamenteos do Ministério da Educação e de outrasentidades com as quais existem parceriasou trabalhos conjuntos. É o caso doPrograma de Espanhol de 3.º Ciclo em vigor,complementado com as competênciasextraídas do Currículo Nacional do EnsinoBásico. Merecem a nossa atenção, também,o Quadro Comum de Referência para asLínguas e o Plan del Instituto Cervantes.

Detectadas as necessidades dodiscente, o professor procede, então, àplanif icação de acordo com toda aenvolvência da situação/situações decomunicação a pôr em prática. Contemplaráas competências gerais (conhecimento domundo, cultura e sociocultura, a consciênciaintercultural e a competência existencial),bem como as competências comunicativas:a competência linguística subdividida emcompetência lexical, semântica, gramatical,fonológica, ortográfica e ortoépica; acompetência pragmática, que contempla acompetência discursiva e funcional; e acompetência sociolinguística, que englobaos marcadores linguísticos, as regras dedelicadeza, as expressões de sabedoriapopular, as diferenças de registo, osdialectos e os sotaques.

Para desenvolver as competênciasenumeradas, é necessário recorrer àsactividades/destrezas de compreensão orale escrita e de produção oral e escrita,fazendo uso de recursos que levem o alunoa um trabalho autónomo e criativo. Nestecontexto, o cinema de animação,documento autêntico e completo, permitelevar a cabo tarefas de aprendizagem, deaprofundamento e de enriquecimento deuma forma motivadora.

Não será descabido mencionar que ouso do audiovisual em demasia conduz àmonotonia e, por conseguinte, àdesmotivação. Propõe-se, então, umequilíbrio na utilização dos recursos dentroda sala de aula.

Pretende-se que o aluno deixe deconsiderar a escola como uma obrigação.Ora, o cinema de animação quebra esteestereótipo, mostrando que o ensino/aprendizagem pode ser agradável,interessante, motivador e eficaz.

Fátima Fraga – Professora de Espanhol

O cinema de animação e a aprendizagem intercultural no ensino do Espanhol, língua estrangeira

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OPINIÃO...

Hoje em dia, a avaliar pelo que os meus pais dizem,os jovens têm mais liberdade de movimentos do queeles alguma vez tiveram. A questão está em sabermosaproveitar essa liberdade e essa confiança que em nósdepositam.

Muitas vezes somos confrontados com o problemada integração num determinado grupo e aquilo quecomeça por ser um elemento de socialização acaba porse transformar num vício que, mais tarde, irá roubar todaa liberdade até então adquirida.

Falo do problema do (excesso de) álcool que circulaentre as camadas mais jovens da nossa sociedade.Começa-se por uma cerveja, vai outra e logo se chega às

bebidas altamente alcoólicas. Não são raras as vezes que ouvimos falar de jovensque entram em coma alcoólico, porque se convencionou que, para se ser feliz e sedivertir, o álcool e as drogas têm de estar presentes.

Pura ilusão! Para se aproveitarem os momentos, temos de estar bem lúcidos,com capacidade de discernir, coisa que o álcool não é capaz de manter no serhumano, pelo contrário, retira toda a capacidade de escolhermos as nossas atitudes,gestos, comportamentos e até mesmo as palavras.

De elemento de socialização, o álcool torna-se muitas vezes o motivo deexclusão, porque ninguém gostará de acompanhar alguém que, mais tarde, devidoàs suas atitudes descontroladas, fruto de um comportamento irresponsável, possadeixar-nos envergonhados. Poderemos uma ou outra vez emprestar o ombro aoamigo, arranjar desculpas para o excesso... mas rapidamente o álcool o levará aoisolamento.

Não gosto de ver a degradação a que alguns jovens chegam, nos quais, comojovem que sou, não me revejo, só porque se querem integrar, porque queremmostrar que já cresceram e que são capazes de aguentar não sei quantas cervejas,uns tantos shots e fazer o “quatro” direitinho. Isto vale tanto para rapazes quantopara raparigas.

Seremos a sociedade de amanhã e, se assentar em vícios, os pilares tornar-se-ão frágeis. O que se quer de uma sociedade é que ela seja forte, capaz, comconhecimento e lucidez.

Procurar no álcool um meio de fuga ou o meio para atingir um fim depressalevará à desilusão.

Há que aproveitar o momento presente, que não voltará, com a maior lucidezpossível para que não nos possamos arrepender amanhã dos erros de hoje. Que anossa memória selectiva guarde para sempre os mais belos momentos da nossavida, e para isso ela tem de estar bem activa.

Maria Inês Ferreira – 11.º D

O álcool e a juventude

O Poder das Redes Sociais

É do conhecimento do país a gravidade doespancamento de uma jovem, mas é mais grave ainda comoas redes sociais distorcem e incentivam à violência. Já foipossível verificar inúmeros casos iguais ou piores quesucederam no país, mas até agora poucos foram motivo defuror e controvérsia em redes sociais como o facebook.

Veja-se agora que as redes sociais já não são vistas comolocais de entretenimento. São, actualmente, como jornaison-line, em que, à distância de um clique, é possível aceder

a imensa informação sobre acontecimentos que a alguns choca, mas que a outrosincentiva.

Como será possível manter alguns adolescentes em segurança se até mesmoestes locais são alvos de notícias que os poderão afectar? Provavelmente será umadas várias perguntas que alguns pais fazem, para as quais virá a ser um quebra-cabeças arranjar uma resposta ou uma solução. As redes sociais são chamativas econseguem cativar e “agarrar” os adolescentes, tornando-se num vício para alguns.Os pais precisam de ter uma grande atenção em relação a esta situação. No entanto,será que já não vigiam demais as crianças, levando-as à revolta?

É necessário um confronto com a vida real, pois o tempo que as crianças ejovens passam nestes locais ‘internéticos’ impede-os de assumirem um ritmosaudável e eventualmente poderá levar a casos de um grande nível destrutivo paraas suas vidas.

Raquel Barbosa – 11.º D

O espectáculo começou e, como sempre, ele tocaas mesmas músicas românticas, mesmo que nãotivessem nenhum sentido para ele, pois nunca tinhaamado uma mulher. Com a forte iluminação no seurosto devido às luzes, ele esquece toda a gente à suavolta e toca como se estivesse sozinho.

No fim da sua primeira música, as luzes apagam-se e então ele consegue ver as pessoas do baraplaudindo-o. A tarde comum de domingo deixou deser comum. Na plateia, ele tinha visto uma mulher quemuito se assemelhava a um anjo. O anjo da sua vida,com cabelos dourados e olhos azuis, como o oceano,um jeito meigo acompanhado de uma sensação deleveza ao olhá-la. Era como se tivesse perdido o chão sob os seus pés.

Encontrava-se perdido num sentimento incondicional e avassalador que jamaishavia sentido antes. Apaixonou-se instantaneamente por aquele anjo de belezaestonteante. No fim do seu intervalo, começou a música seguinte. Novamente asluzes aumentam, impedindo-o de continuar apreciando a sua amada. Ele torna atocar. Toca de coração, com uma emoção e uma inspiração jamais vista. Parecia queseria a sua última vez naquele palco, ou até a última vez na sua vida.

Este foi o seu melhor espectáculo. Com uma prestação dessas, o público do baraplaude-o de pé, porém o seu rosto estava descontente. A sua amada não estava lá.Inquieto, ele deixa o palco rapidamente e procura-a por toda parte. Nada.Desapontado, voltou para a sua casa. O dia mais feliz da sua vida tinha-se tornadonum pesadelo. Aquela mulher, a partir daquele momento, não saiu nunca mais dasua cabeça. Onde estaria ela? Como encontrá-la? Não sabia sequer por onde começar.Não sabia o seu nome, a sua morada, a sua idade, sabia apenas que era o amor dasua vida. Dias e noites passaram-se e, a todo o momento, a imagem daquele rostoangelical vinha à sua cabeça. Estava atormentado por nunca mais poder vê-la. Sabiaque a sua vida não seria mais a mesma.

A partir daí, passou a isolar-se. A sua vida parecia não ter mais sentido. Nadamais parecia ter graça. A vida resumia-se a escrever músicas de amor e a sonharacordado com a sua amada.

Passaram-se dias, mas, para ele, pareciam meses. Resolveu deixar a sua vida eprocurá-la em todos os lugares. Viajou para centenas de cidades, mudou-se diversasvezes, tocou em infinitos bares para sustentar-se. Tudo em vão. Já havia perdido asesperanças de encontrá-la e, por diversas vezes, pensou e tentou suicidar-se. Pareciaque estava sentenciado a viver na agonia de estar longe da sua alma gémea. Agora,a sua única lembrança era do sorriso cativante e do olhar penetrante da sua princesa.Então aprendeu a viver com isso. Aprendeu a aceitar que a sua vida, apesar dedolorosa, deveria continuar. Apesar de, a todo o momento, ter aquela imagem nasua cabeça, ele seguiu em frente com uma força que até ele mesmo desconhecia.Retomou o seu apartamento, o seu emprego, a sua vida. Voltou a tocar nos bares dacidade com a mesma emoção. Passou a ser muito conhecido pelas pessoas dobairro e até da cidade. Os seus espectáculos estavam cada vez mais frequentados,mas sem dúvida a sua vida não estava completa. Ele queria, ao menos, vê-la maisuma vez, nem que fosse por uma foto, nem que fosse por um segundo.

Muitas vezes fez orações e promessas para que Deus cruzasse o seu caminhocom o dela. Uma dessas promessas seria que ele daria a sua vida para ouvir a voz dasua amada. A fé move montanhas! Naquele domingo tão comum, ele tocara comose sentisse o que estaria para vir. Ao apagar as luzes e ao ouvir os aplausos, os seusouvidos ficaram surdos e o seu olhar só viu uma imagem. Era ela! A sua tão amada eangelical princesa estava lá, aplaudindo-o!

Os seus olhos brilhavam como nunca tinham brilhado. A sua vida finalmentevoltou a fazer sentido. As cores voltaram a ter força e o seu sorriso não era forçado.Daquela vez, era sincero. Quando os aplausos cessaram, ele apressou-se e foi nadirecção dela.

Chegou a hora. Finalmente saberia o seu nome que, por tanto tempo, quissaber. Meio atrapalhado, aproxima-se dela e, meio a gaguejar, pergunta o seunome. Ela, com um simpático sorriso e uma voz doce como uma melodia, responde:Ana Antunes. Com um sorriso singelo, ele retira-se, aliviado, e caminha em direcçãoà saída, sem pronunciar mais nenhuma palavra. Toma o seu caminho para casa,onde chega, toma o seu remédio e deita-se na sua cama. Ao lado, escreve numbloco meia dúzia de palavras e fecha os olhos.

No dia seguinte, as pessoas da cidade falavam sobre a morte do músico do bar.Aparentemente, um suicídio, mas nada que possa ser explicado. As suas últimaspalavras estavam num bilhete que dizia: “Ana Antunes. O anjo da minha vidafinalmente trouxe de volta a minha felicidade, e agora que a recuperei, já possopassar à eternidade feliz. Onde for, no céu ou no inferno, a lembrança do teu lindorosto e da tua doce voz vai proteger-me e, então, posso afirmar que a minha vidafez sentido.”

Este foi o último desabafo de uma vida resumida a um amor.

Maria Francisca Cardoso – 12.º G

ÚLTIMO DESABAFO

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OPINIÃO...

É uma realidade incontestável a violênciaprotagonizada pelos jovens nas escolas. Não é umfenómeno novo, no entanto tem vindo a assumirproporções cada vez maiores, não só na quantidadecomo na gravidade dos actos praticados.

As dúvidas que se poderão colocar são:– As escolas estão preparadas para enfrentar a

complexidade dos problemas actuais?– Será a violência um problema somente da

escola ou também da sociedade em geral? Embora as causas sejam múltiplas e variadas,

será necessário investigá-las para as conhecer demodo que se possa actuar para debelar o problema.A verdade é que a violência continua a existir e aassinalar-se cada vez mais nos jovens alunos. A escola,como parte integrante da comunidade e comosistema interventor, não pode desconhecer que osconflitos e problemas sociais existem e que sereflectem nela.

Onde poderá estar a sua origem? Em factoresfamiliares ou sociais? São várias as situações sociaisque podem explicar a indução de um jovem a tomaratitudes violentas nos espaços escolares. Na suagénese, poderão estar famílias desagregadas, paisomissos ou ausentes, pais coniventes com as atitudesdos filhos, falta ou inversão de valores e princípios,carências múltiplas, desemprego, miséria e exclusãosocial. Serão estas situações agentes com

responsabilidade ou influência nas atitudes menosdesejáveis por parte dos alunos?

Por sua vez, a escola é um mundo rico, versátil,mas também inconstante, onde coabitam crianças,adolescentes e adultos, profissionais e familiares,indivíduos com diversos interesses pessoais eprofissionais, diferenças raciais e valores distintos.Os conflitos são inevitáveis. Eles acontecem em epor vários contextos, sob diferentes formas eimpelidos por diversos motivos.

Para inverter este status quo, a escola não podeadoptar uma atitude reactiva. Será indispensáveldiscernir os comportamentos e centrar o exercíciona prevenção, baseada nos indícios decomportamento que antecedem as situações deviolência.

São muitos os problemas existentes na escolade hoje. O processo de massificação que ocorreunas escolas, com a consequente necessidade de umrelacionamento de carácter multicultural entre osactores do espaço escolar, obriga a uma procuraincessante da resolução dos problemascomunicacionais existentes.

A indisciplina que gera conflitos é o que maispreocupa os elementos da comunidade educativa,porque também tem reflexos no sucesso educativoe no abandono escolar. As condutas conflituosas maisperceptíveis, por parte dos alunos, adquirem formasdiferenciadas, como:

– Mau comportamento nas aulas, problemasdisciplinares (conflitos entre professores e alunos);

– Conflitos entre iguais;– Conflitos entre os mesmos de uma forma

sistemática (bullying);– Vandalismo e danos materiais;– Violência física e verbal.Acima de tudo, governantes e educadores

devem estar atentos para o facto de que o conflitonem sempre pode ser considerado como o inimigoda “ordem” que sempre imperou na escola. O

Escola versus Conflito conflito é o resultado dos “diferentes” e das“diferenças” que hoje em dia convivem no espaçoescolar. Deve-se aprender a lidar com estassituações, que são irreversíveis nos estabelecimentosde ensino, antecipando decisões para que, quandoo problema surgir mais fortemente, todos estejamaptos a lidar com ele.

Geralmente, a concepção de conflito associa-sea situações que se encontram numa fase maisagudizada, com posições irreconciliáveis e prestes adegenerar em violência. Ou será que o podemosentender numa perspectiva resultante da própriaeducação democrática, que resulta da discussãofomentada, ou não, mas que pode ser resolvida numaperspectiva moderna do aceitar a diferença de cadaum? Será este o caminho que nos permite resolver eaceitar os nossos conflitos com os outros num sentidointegrador?

As estratégias a aplicar, que visem uma eficazredução de actos violentos por parte dos alunos, sãovariadas. Num papel interventivo de prevenção ecombate da violência na escola, podemos contabilizaralgumas acções, tais como:

– Sensibilização da opinião pública; – Mobilização dos principais protagonistas no

processo educativo para constituição de sólidasredes de parceiros;

– Transformação da escola num localinteressante para se viver;

– Criação de instâncias de mediação de conflitoscom os próprios alunos, transformando-as emoportunidades de desenvolvimento pessoal e social;

– Tirar partido do potencial educativo dasactividades artísticas e do desporto, comoinstrumentos dinâmicos de fomento de convivênciaintercultural.

As acções referidas podem, por si só, não sersuficientes para que o sistema funcione. Prevenir aviolência na escola é uma tarefa que cabe a todosnós. É uma tarefa colectiva.

Manuel Mesquita – Professor de Artes Visuais

Os tempos que correm não são fáceis de seviver, pois é a crise, a guerra que de um modogeral nos fazem preocupar ou com isto ou comaquilo, ou seja, deixam-nos tristes de forma que asnossas vidas não corram como sempre sonhamos.

Desde há uns tempos para cá que ligo atelevisão para ver as notícias e deparo-me logocom a notícia de abertura: “Portugal está emrecessão”, ou então “Crise política está a afectaro país.” Por um lado, acho bem que os mass mediaalertem a sociedade para as dificuldades quevamos ou que iremos enfrentar, mas estar sempre

Crise NÃO, SORRIR SIM!a “bater na mesma tecla” já cansa. Na minha opinião,as pessoas têm andado assustadas, porque ligam aTV e ouvem “crise”, vão na rua e “isto está muitomau”, e tudo devido à exaustiva e cruel forma comoos agentes de comunicação nos transmitem asnotícias. Já que critiquei os mass media, aproveitopara fazer também uma pequena crítica ao povoportuguês, porque se estamos em crise, porque éque quando chega a época das férias grandes vãodesfrutar novos ares para fora do país? Porque é queno fim de ano gastam balúrdios de dinheiro e nãopoupam? Mas não, preferem mais tarde aparecer natelevisão em protestos contra o governo e dizer quea situação económica do país é inaceitável.

Não fugindo ao assunto, acho que, perante osargumentos supra referidos, devemos esquecê-losum pouco e encarar estas situações com humor, comsorrisos, com gargalhadas, pois assim seguiremos avida com outra moral.

Não há nada melhor que encararmos a vida decabeça erguida e sorrir. Eu atrás referi a crise com ointuito das pessoas poderem dar a volta à situação eenfrentá-la sorrindo. Posto isto, aproveito para deixarum desafio: em vez das pessoas comentarem a

situação económica do país com os seus amigos,porque não fazer umas boas piadas sobre ela e fazeros outros sorrir deixando a crise em “cascos derolha”?

Por exemplo, a forma como eu encaro a situaçãodo país é ouvir o que os políticos dizem e, como jáando farto de promessas por eles feitas que não sãocumpridas, acabo por brincar com a suapersonalidade enquanto políticos e com as suasdeclarações, tentando imitar a voz de cada um comdeclarações por mim elaboradas para que eu possasorrir e deixar os outros alegres.

Estarmos contentes e sorrir é importante para anossa vida, porque através do sorriso e do humoresquecemos todos os aspectos negativos queouvimos e com que deparamos. Alivia-nos do stress,da ansiedade, faz-nos relaxar e viver a vida semqualquer tipo de pressão. Rir é um bom remédio.

Para finalizar, deixo um conselho: aproveitem avida e levem-na a sorrir!

João Pedro Mota – 12.º E

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LÍNGUAS... POESIA. . .

High Technology – Does technologywork for you?

The world is outside...

Technology… it mustn’t be an ancient word because technology is not old andit is always being renewed as time goes by.

I think I am a techno person because I have allsort of techno devices available at home like, forinstance, mobile phones, laptops, televisions,internet, microwaves and many others and whatmakes me a real techno lover is that I don’t knowhow to live without them.

I know this can be bad because it can becomean addiction, it is a way of losing real friends oncewe just care about the virtual ones, people youhave never met or seen which is, indeed, quiteweird.

However, one thing that my family is alwaystelling me is to be careful and wise and I am. I mean, when I am at the InstantMessenger, I never accept people I don’t know because there are bad peopleeverywhere.

So, if I am careful, technology is a great thing because I can talk to my friendsand make plans to go out with them. Well, if I hang around with them, I won’t spendall my day surfing in the Net, will I?

And, I can cook, which is really something! Of course that I don’t know how toprepare sophisticated dishes but my microwave is always there for me, in my technokitchen, to help me with my pizzas.

So, my point is: Enjoy the pros of technology but be careful with it and don’tforget that the real world is just outside your room, outside your computer, waitingto be explored and appreciated.

Dare being adventurous and seize the day the best you can!

Raquel Babo – 9.º A

Formal Letter – Applying for a job...

Peso da Régua26th May 2011

Jennifer AshcroftStaff ManagerBaby HelpDear Mrs. Aschcroft

I am writing to apply for a vacancy in your company for the position of a babysitter, as advertised in the last Monday´s edition of the newspaper “The Times”.

I’m 24 years old young woman, I am Portuguese and I am currently unemployed.I am also finishing my degree to be a Kindergarten teacher and that is way I amlooking for a part -time job in this field. I have a certificate that enables me to teachchildren with special needs and deaf children as well.

I have experience in this area as I have done this task, baby-sitting, since I amvery young with my brothers and neighbors.

I have good communication skills, I am tolerant, patient, kind, polite and easy-going. I considered myself a responsible person and I am also punctual and receptiveto children’s requests if they are acceptable, of course. I think I’m a sort of babywhisperer which is a great virtue when coping up with the little ones.

I am available to go on an interview if it is required by your company in advance.I am able to start working as soon as you wish and I am available all morning and

evenings from 7 p.m to 10 p.m.I enclosure my CV and the names of two referees.I look forward to hearing from you soon.

Yours Sincerely

Sofia RodriguesSofia Rodrigues – 9.º A

Procuro…Procuro…Procuro…Procuro…Procuro…Procuro a essência para viverNas noites de luarE fico cativo da procura.Procuro saber o que souPara me poder conhecerE voltar ao meu lugar.Procuro o meu caminhoNão olho para trás,Continuo andando,Mas não encontro.Sinto-me cansado…Paro alguns instantes…Ouço sons…Algo me impulsiona a caminhar.Procuro o presente como se fosse o futuro,Procuro a felicidade,Procuro a liberdade,Procuro a essência para viver!!!

André Fernandes – 10.º A

RebeldiaAh, os jovens de agora!Grandes ambições neles.Diferentes do que se era outrora,Talvez um pouco mais reles.

Pena que já não haja preocupação pelo país.Pena que exista apenas egocentrismo,Ao ponto de se ignorar a patriótica raiz,Substituindo-a por um falso oportunismo.

Não se vê nenhum a tomar uma acção.Preferem viver ridículas vidas de boémia,Deixando apodrecer o coração da nação,E queixam-se que o mal-estar reina.

Dizem-se grandes por destruírem a sua existência,E também da descendência.Não existe nada nessa falsa experiência.Não passa de uma forma de vos agarrar a esta maldita carência.

Para se ter renome,Há que se lutar para que tal passe a existir.Não esperem que ele vos seja dado pelo vosso nome.O mundo é de quem insiste em persistir.

Experimentem algo mais ambicioso.Uma revolução de fazer inveja.Mostrar um patriotismo minucioso,E que a mudança realmente o seja.

Seria algo épico.Deixar que o grande coração lusitano outra vez se expele.Não há proibição de se ser céptico,Mas isto é que é ser rebelde.

Daniel Teixeira de Carvalho - 12.º A

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MATEMATICANDO...

Canguru Matemático sem Fronteiras 2011

Neste ano, na nossa Escola, a prova deste concurso internacional, cujaorganização emPortugal está a cargodo Departamento deMatemática da Facul-dade de Ciências eTecnologia da Uni-versidade de Coim-bra, com o apoio daSociedade Portu-guesa de Matemá-tica, realizou-se nodia 17 de Março.

Participaram 80alunos, distribuídospelas quatro catego-rias (Benjamim – 7.º e8.º ano; Cadete – 9.ºano; Júnior – 10.º e 11.ºano; Estudante – 12.ºano).

Uma das novida-des para este ano foia possibilidade derealizar, para prepa-ração, testes online,no sítio http://www.mat.uc.pt/canguru/. Também aqui podem consultar-se asclassificações por escola e nacionais, além de outros aspectos sobre o concurso,como por exemplo provas de anos anteriores.

Na tabela encontram-se os melhores classificados de cada uma das quatrocategorias.

Um pouco de históriaNo início dos anos 80, Peter O’Holloran, professor de matemática em Sidney,

inventou um novo tipo de concurso nacional  em escolas australianas: um questionáriode escolha múltipla. Este concurso foi um enorme sucesso na Austrália. Em 1991, doisprofessores franceses – André Deledicq e Jean Pierre Boudine – decidiram iniciar acompetição em França com o nome Canguru (“Kangourou”), para prestar homenagemaos seus amigos australianos. Na primeira edição, participaram 120 000 estudantes,atraindo a atenção dos países vizinhos.  Em Junho de 1993, o Conselho deAdministração do Canguru (“Kangourou”) francês convocou um encontro europeuem Paris e sete países decidiram adoptar o mesmo concurso.  Em Junho de 1994, emEstrasburgo, no Conselho Europeu, a Assembleia Geral dos representantes de 10países europeus (Espanha, França, Grã-Bretanha, Hungria, Itália, Moldávia, Polónia,Rússia e Eslovénia)  decidiu a criação do “Canguru Matemático semFronteiras”. Actualmente, a associação conta com representantes de 46 países e cercade 6 milhões de participantes em todo o mundo. Portugal participou pela primeira vezem 2005 no “Canguru Matemático sem Fronteiras”.

Paula Silva - Professora de Matemática

Sugestões de:Sílvia Madureira

Professora de Matemática

EstatísticaEstatísticaEstatísticaEstatísticaEstatística

Evento de formação “Utilização da Tecnologia TI-Nspire”

O Grupo Disciplinar de Matemática do Agrupamento de Escolas Dr. João de Araújo Correia promoveu arealização de um evento de formação subordinado ao tema “Utilização da Tecnologia TI-Nspire”, no passado dia30 de Maio, pelas 16 horas, na Escola Sede do Agrupamento.

A sessão contou com a presença de 29 professores das Áreas Disciplinares de Matemática e de Físico-Química, oriundos das três Escolas de Peso da Régua – Escola Secundária Dr. João de Araújo Correia, Escola EB2,3 e Escola do Rodo – bem como das Escola EB 2,3 de Santa Marta e Escola Prof. Natividade, de Mesão Frio.

A sessão foi dinamizada por professores formadores do Grupo de Trabalho T3 da Associação de Professoresde Matemática (APM).

O Projecto T3 – Teachers Teaching with Technology – reúne professores de todo o mundo que partilhamcom outros professores as suas experiências pedagógicas. Em Portugal, o Projecto T3 é desenvolvido pelaAssociação de Professores de Matemática (APM), tendo como objectivos realizar formação de professores ereflectir sobre a utilização da tecnologia gráfica no ensino e aprendizagem, promovendo a interdisciplinaridadeentre a Matemática e outras ciências.

Carlos Pinto Ribeiro – Coordenador da Área Disciplinar de Matemática

Parabéns a todos os alunos que participaram e seesforçaram por uma boa prestação!

http://www.seguranet.pt/blog/wp-content/uploads/2011/03/4.jpghttp://www.seguranet.pt/blog/wp-content/uploads/2011/02/11.jpghttp://www.seguranet.pt/blog/wp-content/uploads/2011/02/1b.jpg

Pode ter acesso aoutros conteúdoshumorísticos sobreMatemática em:

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J O R N A L E S C O L A R P E R S P E C T I V A 17

OPINIÃO...

1. O que é a TDT?A televisão digital é um sistema de difusão televisiva que transmite sinais

constituídos por bits, ou seja, é uma televisão que tem a mesma linguagem doscomputadores. Devido a esta característica, os sinais da TV digital sãotransmitidos de forma comprimida, ao contrário da TV analógica, cujatransmissão é feita por sinais eléctricos. Por isso, para assistirmos aos canaisdigitais, há a necessidade de haver descodificadores. Uma outra característicapossibilitada pela compressão dos sinais da TV digital é que, numa mesmafrequência hoje ocupada pela TV analógica, podemos ter mais canais, já que ossinais digitalizados ocupam menos espaço no espectro de frequências do queos sinais eléctricos analógicos. Portanto, tecnicamente, a TV digital abre apossibilidade de termos mais canais. É por meio terrestre que temos hoje ossinais abertos da TV analógica, os canais TVI, SIC, RTP 1, RTP 2, RTP Madeira eRTP Açores. Os canais serão transmitidos em seis multiplexes, que foramdenominados por letras, de A a F. Um multiplex é o que possibilita que, numamesma faixa do espectro, sejam transmitidos diversos canais. O multiplex Aserá destinado à TV livre. Os multiplexes B e C serão dedicados à transmissão decanais nacionais por subscrição. Já os multiplexes D, E e F serão para atransmissão de canais regionais.

Há quatro padrões de televisão digital no mundo: o padrão norte-americano (ATSC), o padrão japonês (ISDB), o padrão chinês (ADTB) e o padrãoeuropeu (DVB). O DVB – Digital Video Broadcasting subdivide-se em váriasplataformas que permitem, respectivamente, a televisão digital terrestre, porcabo, via satélite e por Internet Protocol (IPTV), que é transmitida pelos cabosde cobre da rede telefónica. A TDT irá proporcionar mais serviços de programastelevisivos, com melhor qualidade e, adicionalmente, a possibilidade de serviçosinteractivos e a recepção de conteúdos em alta-definição.

2. O que é o switch-off, desligamento ou apagão? O switch-off, desligamento ou apagão é a data do fim das emissões de televisão

analógica, que dará lugar ao início das emissões exclusivamente através do sistemadigital. Nesta altura, se não migrar para a Televisão Digital Terrestre, deixará deaceder gratuitamente aos canais de televisão nacionais. Presentemente, na maiorparte do país, estão a funcionar os sistemas de emissão, o que equivale a dizer quea TDT já chegou ao Peso da Régua. Para a captares, orienta a tua antena para oemissor de Lamego ou para o emissor de São Domingos e sintoniza o teuequipamento na Banda UHF e no canal 67 (838-846 MHz) ou 56 (750-758 MHz) dosseguintes canais da Banda UHF.

3. Quando será o Apagão?O apagão está planeado em três fases piloto (experimentais) e três

fases finais.- 1.º Piloto – 12 de Maio de 2011:

retransmissor de Alenquer- 2.º Piloto – 16 de Junho de 2011:

retransmissor de Cacém- 3.º Piloto – 13 de Outubro de 2011:

retransmissor da Nazaré- 1.ª Fase – 12 de Janeiro de 2012: cessação

dos emissores e retransmissores queasseguram sensivelmente a cobertura dafaixa litoral do território continental.

- 2.ª Fase – 22 de Março de 2012: cessaçãodos emissores e retransmissores das RegiõesAutónomas dos Açores e da Madeira.

- 3.ª Fase – 26 de Abril de 2012: cessação dos emissores e retransmissoresanalógicas no restante território continental.

4. Para ver a TDT é necessário comprar uma televisão nova? Não. Para cada aparelho em casa será necessária uma caixa

descodificadora compatível com a norma DVB-T e MPEG4/H.264

5. Quanto custa uma caixa descodificadora?O preço de um receptor simples sem disco rígido ou com disco rígido

para gravar programas pode variar entre os 40 e os 350 euros, no entantoesperamos que, devido à concorrência, estes preços baixem.

6. Existem subsídios para adquirir as caixas descodificadoras? O valor do subsídio para a aquisição de uma caixa descodificadora é

atribuído pela PT Comunicações, uma única vez, por habitação, sendo essencialque esta não possua serviços de televisão paga. Os apoios estão direccionadospara três grupos: cidadãos com grau de deficiência igual ou superior a 60%;beneficiários do rendimento social de inserção e reformados e pensionistascom rendimento inferior a 500 euros mensais.

7. Por último , como vós já deveis ter visto nas notícias, deixo um alertacontra os oportunistas! Não vos deixeis enganar se fordes contactados poragentes comerciais de serviços de televisão paga, por exemplo serviços MEO,ZON e Cabovisão, que nalguns sítios usam o argumento de que a televisãogratuita irá terminar, e que apenas continuareis a ver televisão se aderirdes aum serviço pago, ou seja, se pagardes uma mensalidade fixa. Isto não é verdade.Alertem os vossos familiares e amigos!

Webgrafia: www.anacom.pt | tdt.telecom.ppt

tdt-portugal.blogspot.com | www.tvdigital.tecnopt.com

Ruben Clemente – Professor de Informática

A A A A A TDT TDT TDT TDT TDT TTTTTeleeleeleeleelevisão Digital visão Digital visão Digital visão Digital visão Digital TTTTTerererererrrrrrestrestrestrestrestre e e e e em Pem Pem Pem Pem Pororororortugtugtugtugtugal al al al al e na nossa re na nossa re na nossa re na nossa re na nossa reeeeegiãogiãogiãogiãogião

TTTTTecnoloecnoloecnoloecnoloecnologiasgiasgiasgiasgiasO próximo será um veículo eléctrico?

O que são os veículos eléctricos?

São veículos propulsionados por ummotor eléctrico, para transportar ouconduzir pessoas, objectos ou uma cargaespecífica. Diferenciam-se dos veículosusuais pelo facto de utilizarem um sistemade propulsão eléctrica e não a soluçãocomum de motor de combustão interna.

O motor eléctrico usa energia químicaarmazenada em baterias recarregáveis,que depois é convertida em energiaeléctrica para alimentar um motor que faráa sua conversão em energia mecânica,possibilitando que o veículo se mova.

O veículo eléctrico é a solução 100%Zero Emissões: zero emissões depoluentes, zero emissões de gases deefeito de estufa.

Vantagens

Eficiência: Maior eficiência que os motores a gasolina e/ou gasóleo;Emissões: Zero emissões em utilização, isto é, 100% limpo;Condução: Condução silenciosa e suave;Utilização: Custos de utilização muito menores em relação aos motores

de combustão;Travagem: Travagem regenerativa;Condução: Condução agradável pelo facto do binário dos motores

eléctricos ser constante, o que não acontece nos motores de combustão;Impostos: Redução total do ISV e redução no imposto de circulação.

A rede está (quase) pronta

Em breve, vai ser possível viajar de carro eléctrico entre as principaiscidades do país, como Lisboa-Porto ou Lisboa-Faro, graças aos postos decarregamento rápido que estão a ser instalados. (título de artigo na revista“Turbo”)

Desvantagens

Baterias: Peso das baterias e uma reduzida densidade energética;Autonomia: Actualmente, é em média de 150 Km;Tempo de carga: 80 % da sua capacidade em 15 a 20 minutos; carga total,

numa tomada de 230 volt, pode demorar entre 6 e 8 horas;Preço: Preço elevado no acto de compra do veículo; as baterias têm um

custo significativo.António Lopes - Professor de Electrotecnia

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Estou no avião. Nunca mais chega ahora de aterrar. Nervos e ansiedade nãome faltam.

Nestas férias de Natal, vou acaminho de Berna, a capital da Suíça.Quero aproveitar o tempo livre e osossego sem o meu irritante irmão. Sóeu e a minha mãe. Longe da minhacidade, Xangai, a mais populosa da China,cerca de catorze milhões e quinhentosmil habitantes, que vivem atafulhadosnos enormes arranha-céus.

Quero estar longe do stressdaquelacidade. Do seu trânsito caótico, dasbuzinas ensurdecedoras dos carros, dasluzes incandescentes e dos ecrãsgigantes com os anúncios de que já mefartei! As pessoas não podiam ser maisantipáticas. Estão sempre atrasadas paraalgo e nunca têm tempo disponível!Sempre ocupadas com os trabalhos e osnegócios. Só quero estar livre desteterrível pesadelo.

Ah! Desculpem! Não me apresentei!Eu sou a Merly e tenho 12 anos. E nemsempre vivi em Xangai. Enquanto vivia aminha doce e inocente infância, eucrescia em Amorim, uma freguesia doconcelho da Póvoa de Varzim, emPortugal. O ambiente lá era aprazível,nada que se comparasse a Xangai!

Em Março, a brisa da Primaverasoprava-me no rosto serenamente e ocheiro a camélias flutuava no ar. Lembro-me das missas de manhã, onde aprendiao valor da esperança e do amor.

No Verão, o calor era abrasador etentava-nos, a mim e às outras crianças,a mergulhar nas praias vazias. Só se ouviao bater palpitante dos nossos coraçõese sentia-se os salpicos da água gelada,que causava arrepios. Era a nossa praia,que guardo no coração até aos confinsdo mundo.

No Outono, o frio voltava das suasférias prolongadas e, suavemente,cumprimentava-me com um querido‘olá’ na face, soprando tranquilamente.O Outono pintava as árvores com todosos tons de castanho e laranja, numafenomenal tela de cores.

Quando o Inverno chegava, o nossovestuário mudava completamente!Ficávamos sempre cobertos por umacamada impermeável de casacos ecachecóis, luvas e carapuços, mas nãodeixávamos de aproveitar o nosso dia demistérios lá fora. O exterior eramisterioso e completamente diferentedurante o Inverno. O céu cobria-se denuvens macias como uma penugemcinzenta e ligeira. Algumas vezes caíaalgodão do céu, um algodão celestial efofo. Era a neve que todos adoravam! Eera com a neve que fazíamos as nossasbrincadeiras, os bonecos de neve e ascorridas de trenós.

– Quando é que aterramos, mãe?! –perguntei eu, pela vigésima vez.

– Estamos quase... – respondeu a

CONCURSO LITERÁRIO...

UMA VIAGEM MEMORÁVELUMA VIAGEM MEMORÁVELUMA VIAGEM MEMORÁVELUMA VIAGEM MEMORÁVELUMA VIAGEM MEMORÁVEL

minha mãe, já cansada de repetir omesmo.

Estou ansiosa. Nunca mais chego àSuíça e este avião é tão aborrecido eenfadonho.

Doem-me as costas. Estou exaustade estar sentada nestes bancosdesconfortáveis. É o que dá ir nestes voosbaratos! A comida é nojenta e parecepuré, apesar de na ementa estar escritoque é tostas com paté de atum. O bancoà minha frente estava todo roto eescarafunchado. Tudo estava emhorríveis condições! E o pior era ainda omiudinho irritante atrás de mim. Nãoparava de dar pontapés!

As hospedeiras são todasdescoordenadas e muito poucoeficientes. Peço especificamente umcopo de água com açúcar e gelo e elastrazem-me um chá verde de borututu!Enfim... Eu nem sabia o que era isso, masdesconfiei, pelo sabor exótico e pelaessência aromática, que era algo vindode África. O sabor era forte e dava-meum conforto inacreditável. A dor decostas desapareceu e aproveitei paradescansar a cabeça um pouco. Encostei-me e, ao fechar os olhos, reparei em algodeslumbrante. Devia estar tão distraídaa lamentar-me que nem aproveitei o quehavia de bom à minha volta.

Fiquei estupefacta! O cubículoapertado, com o vidro gasto pelo passardos anos, guardava um enorme lá fora!As nuvens escondiam a vista. Querem-na toda para elas!

Mas mesmo assim pude aproveitardaquele tesouro puro. A imagem estavaenublada, mas, só pelo pouco que vi,fiquei maravilhada!

Eram campos verdes, gigantes! Aneve estava no cume de todas asmontanhas! Os animais pastavam nasplanícies verdejantes cobertas por umapenumbra de gloriosas natas cremosas.Era neve! Igual à de Amorim.

Existia algo mais que me fazialembrar a minha infância. Era aserenidade! Assim que apreciei aqueleparaíso, envolvi-me num ambiente deharmonia. Não sei se foi do chá ou dasmemórias que começaram a surgir naminha mente, mas eu estava em casa,na minha verdadeira casa. Eu estava emAmorim! As recordações surgiram aopassar dos segundos.

Ah! E o céu?! O céu era grande emajestoso. Nele voavam pássaros detodas as cores e um suave arco-íris estavanele inscrito. O Sol brilhava no centro,como um cartão-de-visita a este local.

Fiquei maravilhada e, ao mesmotempo, assombrada. Era tudo colossal!Parecia que estava enfeitiçada pelamagia daquela paisagem.

– Já chegou a hora que tantoesperavas, anda! O avião já aterrou. –avisou a minha mãe, tirando as malas.

Mas eu não queria ir! A vista de cimaera brilhante. Infelizmente, tive de ir.Despedi-me daquele milagre danatureza e segui caminho atrás da minhamãe.

Depois de sair do aeroporto, fui darum passeio pelas ruas suíças, para ter aminha primeira impressão sobre a cidade.E, para meu espanto, encontrei ummundo à superfície completamentenovo e igualmente esplêndido!

As ruas tinham passeios feitos degranito e as pessoas andavamcalmamente. Sem pressas e,surpreendentemente, elas sorriam,mesmo sem me conhecerem. Erammuito simpáticas!

O silêncio que envolvia o ambienteera delicado. A minha mente estava vaziae sentia-me serena.

As casas eram simples e as varandastinham canteiros com flores coloridas efrágeis. E no ar subsistia um cheiro achocolate, irreal e celestial. A meupedido, a minha mãe ofereceu-me umgelado de chocolate.

Hum! Parecia apetitoso! Estavaansiosa por o provar. Uauh! Era muitocremoso e dulcíssimo! Como nuvens dechocolate a derreterem-se suavementena minha boca.

Depois de me deliciar com o gelado,fomos visitar o parque da zona, ondecorriam as crianças.

O parque era também umarecordação de Amorim. Lembrei-me dastardes no parque, onde esfolava osjoelhos e onde o cheiro a erva frescaesvoaçava na aragem. Recordei-me dobaloiço que oscilava para a frente e paratrás repetitivamente. Lembrei-me dosjogos divertidos que fazia com os meusamigos.

Eram amigos verdadeiros. Não comoaqueles em quem confiamos e depoissão desleais. Eles sabiam o pior a respeitode muitas crianças, mas continuavam arespeitá-las. Nós tínhamos uma profeciasobre a amizade, era a nossa riqueza.Uma expressão de Oscar Wilde: “Amelhor maneira de começar uma

amizade é com uma boa gargalhada. Determinar com ela, também”. Nunca meesqueci e nunca me esquecerei dela,pois é o que me dá força para acreditarque vou encontrar algo positivo emXangai.

Os meus amigos são inesquecíveis,estão no meu coração para sempre.Nunca me irei esquecer dos momentosde riso e de alegria, de brincadeira e dehonestidade.

Quando fui para Xangai não tinhaamigos autênticos, mas supostos‘amigos’, esses, não faltavam. E tirei umaconclusão que vou recordar para todo osempre: “Um amigo é raro de encontrar,mas se procurares bem no fundo docoração de cada um e cultivares a suaamizade com carinho e paciência, hás-de encontrá-lo.”

Só agora é que dei conta que nãoestou a brincar no parque. Estou sentadana relva a pensar em tudo... nos segredosda vida... nos meus amigos e nosconhecidos... no passado e no futuro...no Universo… em tudo!

Mas já aprendi algo com o poucoque passei nesta vida, onde estou a viajarde pssagem: “Temos de recordar opassado, viver o presente e sonhar ofuturo. Temos de relembrar o ontem,estimar o hoje e fantasiar o futuro”.

Então é isso que vou fazer. Voucorrer nesta grandiosa frescura erebolar! Arranhar os joelhos e queimar apele debaixo do Sol quente e poderoso!Vou aproveitar o presente e agradecerpor ele.

– Merly! Acorda! São horas de ir paraa Escola! – disse a minha mãe, apontandopara o relógio.

EU SABIA! Afinal, não passava deum simples e belo sonho! Mal possoesperar para voltar a dormir e descobrirtudo o que há. Mas não me vouesquecer: tenho de viver o presentecom prazer!

Merly(Mariana Guedes – 7.º 2)

(3.º Ciclo – Prosa: 3.º Lugar no ConcursoLiterário de 2010/2011)

CEGUEIRA...CEGUEIRA...CEGUEIRA...CEGUEIRA...CEGUEIRA...

Oh! Dulcineia dos meus sonhosComo queres que eu te vejaSe cegaste meus olhos?Sou cego e vejo tão bem,Quem me dera mais olhos terPara que mos cegasses tambémE eu mais te pudesse ver.

Álvaro de Campos(João Filipe Correia – 9.º 1)

(3.º Ciclo – Poesia: 2.º Lugar no Concurso Literário de 2010/2011)

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J O R N A L E S C O L A R P E R S P E C T I V A 19

As ervas altas oscilavamlentamente ao ritmo da brisa. Estava umdia quente e silencioso. Um velhosobreiro torcido destacava-se naquelecampo de searas pálidas e amareladas.Nada parecia mover-se e apenas ozumbido insistente dos insectospermanecia. Ninguém podia imaginarque no meio das ervas altas brincava umperdigueiro bebé. Cheio de alegria,saltava, rebolava, comia as flores, corriaatrás de borboletas e explorava omundo.

Perdido na brincadeira,experimentou treinar o seu faro. O seuolfacto segredava-lhe que iria encontraralgo especial... De olhos no chão, ocachorro ia farejando o solo e seguindoo trilho. Ao aproximar-se de um grandee velho sobreiro, reparou no seu tronco,oco e podre. Conseguia distinguir umacriatura em cima do tronco. Erasemelhante àquelas que ele via no céu.Percebeu que o seu rasto tinhaterminado e aproximou-se dela. Agoraque estava mais perto, conseguiadistinguir os pormenores que a tornavamtão bonita. Era pequena, tinha patascurtas e vermelhas, asas que pareciamter sido pintadas com a melhorminuciosidade, corpo coberto de penasacastanhadas e macias com padrõesexóticos, olhos negros e bico pequenoe escarlate. Feliz com a descoberta,soltou um uivo longo e prolongado. Aave assustou-se e levantou voo.

– Para que foi isso? ­– Inquiriu a aveirritada.

– Não te assustes, está é a minhamaneira de comunicar com os meusamigos, familiares, donos... É assim que

CONCURSO LITERÁRIO...

UMA AMIZADE INESPERADA

um cão como eu deve fazer quandofareja e encontra algo especial... E afinalque «especialidade» és tu?

– Que maneira mais inconvenientede te apresentares... Ainda dizes que souespecial! Imagina se não fosse. Sabes?Eu sou uma perdiz, bem, uma ave, quevoa... cão tolo!

– O meu nome é Óscar! – Disse ocão alegremente. – Porque fugiste demim?

– Eu não fugi de ti. Não tenho medode ti, se é isso que queres dizer. Tenhoasas, posso voar e tu não. Porque é quehaveria de fugir de um ser que nemsequer tem asas para voar? Nunca mepoderias apanhar se eu não quisesse.

– Medo! Porque haverias de termedo de mim?

“Porque és um cão de caça”,pensou a perdiz, mas não o disse. “Deveser novato...”

– Como te chamas, criatura perdiz?– Eu sou a Luna. Muito prazer!– Aposto que com essas asas deves

ser boa a jogar à apanhada! Vamosbrincar! – Convidou o Óscar, enquantosaltava energicamente.

Luna respirou aliviada, sorriulançando-se num voo rápido e precisopelos campos, enquanto Óscar corriaatrás dela, latindo cheio de alegria porter conquistado mais um amigo.

A partir daquele dia, todos os diasforam dias de brincadeira comuns. Ovelho tronco do sobreiro servia de lugarde encontro e de observador passivo emudo da amizade algo estranha destesdois amigos.

Certo dia, porém, num intervalorepousante da brincadeira, Óscar

perguntou à perdiz:– Ensinas-me a voar? – Pediu o Óscar.A perdiz soltou uma gargalhada: –

Nunca conheci um cão que soubessevoar e também que quisesse aprender avoar. No entanto, corres tão depressaque um dia, quem sabe, poderás mesmovoar!

– Sabes, Luna, tu és a minha melhoramiga. – Disse Óscar.

– Tu também és o meu melhoramigo, Óscar.

– E nós vamos ser amigos parasempre, não vamos?

Luna hesitou: – Sim, para sempre.E os anos passaram...Óscar aperfeiçoou as artes da caça

com o seu dono. Aos poucos, foi-setornando um jovem cão, experiente eforte. O seu faro era infalível e a suaagilidade indiscutível. Poucas vezes viaLuna, pois passava a maior parte dotempo com o seu dono a caçar.

Mas um dia aconteceu o que teriade acontecer, mais dia, menos dia ­–Luna foi atingida. Como sempre, o donode Óscar recompensava-o, encostando-o contra a perna e afagando-o commeiguice nas orelhas.

Naquele dia, porém, Óscar afastou-se das pernas do seu dono, agarrou aperdiz entre os dentes e fugiuesbaforido, como se tivesse asas...Embrenhou-se pelo mato, parandoapenas junto do velho tronco dosobreiro. Ali, pousou a sua amiga e, comternura, lambeu-lhe a ferida, como só umcão o sabe fazer.

O tempo passou... Óscar conseguiaouvir o latir dos outros cães de caça doseu dono que entretanto o substituíram,mas Luna estava ao seu lado e isso era omais importante.

Agora... as ervas altas oscilamlentamente ao ritmo da brisa. Está umdia quente e silencioso... Um velhosobreiro torcido destaca-se naquelecampo de searas pálidas e amareladas.Nada parece mover-se... apenas ozumbido insistente dos insectospermanece. Ninguém pode imaginarque, no meio das ervas altas, ainda hojebrinca um cão e uma perdiz... Apenasporque toda a gente pensa que um cãoe uma perdiz nunca podem ser amigos.Isso é porque ainda não sabem tambémque os animais nos dão verdadeiraslições de amizade e lealdade.

Eu, por mim, acredito que sim.

Lobita(Ana Margarida Almeida, 7.º 2)

(3.º Ciclo – Prosa: 1.º Lugar no ConcursoLiterário de 2010/2011)

Se eu fosse a clarividênciaDespia sem medo a verdade,Revelava o segredo da essênciaDa beleza da tua banalidade.

Se eu fosse o mundo inteiroVenerava-te com pura devoçãoAsfixiada no sentimento matreiroDa candura da contemplação.

Estou presa no ciclo da tua perfeição.Mas não te iludas: tens defeitos!Erras nas palavras mudas que dizes...

Também erro, ainda somos aprendizes...É mero o mal que rege teus feitos,E muito o sal que derrama a maldição!

Benny (Inês Pereira – 12.º C)

(Ensino Secundário – Poesia: 2.º Lugar no Concurso Literário de 2010/2011)

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FICHA TÉCNICA

Editores:

Rosa Ferrão, Manuel Ferreira, Paulo Pereira Guedes

Redacção:

Alunos, Pais/EE, Assistentes Técnicos e

Operacionais e Professores

Paginação e Impressão:

Imprensa do Douro

Endereço:

Agrupamento de Escolas Dr. João de Araújo Correia

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EXPOSIÇÃO EXPOSIÇÃO EXPOSIÇÃO EXPOSIÇÃO EXPOSIÇÃO ANUANUANUANUANUAL DE AL DE AL DE AL DE AL DE ARARARARARTESTESTESTESTESNA 14.ª EDIÇÃONA 14.ª EDIÇÃONA 14.ª EDIÇÃONA 14.ª EDIÇÃONA 14.ª EDIÇÃO

EXPOSIÇÃO...CONCURSO LITERÁRIO...

Foi inaugurada, no dia 30de Maio, pelas 21h 30m, maisuma edição da exposiçãoanual de Artes da EscolaSecundária. Desta vez, osespaços de circulação do novopavilhão A acolhem ostrabalhos dos alunos doensino secundário do curso deArtes Visuais, que revelamuma criatividade eoriginalidade assaz inovadora,que se saúda e se incentiva.

Intitulada “Cinco Sen-tidos”, os trabalhos quecompõem a exposição,orientada pela docente IsabelBabo, constituem umamontra da capacidade deiniciativa e de empreen-dedorismo.

Esta actividade é uma dasque demonstra que, quandoo homem tem querer e avontade existe, a obrafacilmente nasce.

Na inauguração...

Olhares sobre a exposição...

Olhares sobre a exposição...

Viajar. É vulgar? Simples? Luxo de rico ou maniade pobre? Crença de louco ou capricho de poeta?Atravessar a fronteira ou um livro abrir? Entrar ou sair?Proibido ou obrigatório? Em família, excursão ou namais profunda solidão? Com o melhor traje ou comoviemos ao mundo? Devemos ansiar viajar ou fugir comoquem do Diabo tenta escapar? Tantas perguntasexigiriam não menos respostas. E se é fácil questionarnão tão elementar é saber responder.

Viajar tem um sentido mais lato, muito mais lato,do que aparenta. Viajar implica deslocar, diríamos.Mas será assim? Não sonham? Eu sonho e bastante eem cada um dos meus delírios nocturnos visito mundos.

O meu, o do vizinho e por vezes o da Branca de Neve. Imagino-me nos mais diversos locaisrodeada das mais diversas pessoas falando nas mais diversas línguas e vestindo as mais berrantescriações estilísticas. E invento mundos e terras e formas e cores e viajo nos mais variados meiosde transporte: jangadas, balões, foguetões e bicicletas. De carro, nunca fui.

Viagens históricas. São do melhor. Quanto mais longe viajarmos menos pagamos, porque oshomens das cavernas não dão muito valor ao dinheiro. E descubro datas e locais, animais eplantas e sons e cheiros. Nas páginas dos livros velhos e poeirentos da biblioteca municipalencontro partes da história de todos e da história de ninguém. Conheço quem não me conhece ereconheço criaturas extintas, maravilhas da mãe Terra. E os inventos... A roda, a escrita, a lâmpada,o telefone e as vacinas. Que seria de nós sem eles? E agradeço entusiasticamente ao senhor queinventou a cama que tanto jeito que nos faz. Peço desculpa por não me recordar do nome, masnão é fácil saber os nomes de quem me pertence e de quem nada me deve.

E como é óbvio não poderia esquecer as ditas viagens. As “típicas” viagens. Malas feitas,bilhete guardado no bolso mais pequeno, aquele com fecho, da carteira, chaves entregues à mãepara regar as plantas e a música favorita no coração e no Ipod. Não contem, mas às vezes o Sr.Bolinhas também quer ir... e eu deixo. Não sou capaz de abandonar aquele que me acompanhoudurante tantos anos, quando passava as noites agarrada a ele até adormecer com a sua orelhafofinha na mão. O Rio de Janeiro foi bom. Praia, calor, chinelo no pé e um sorriso nos lábios. Aspessoas são afáveis e tratam-te como igual. De Moscovo não fiquei fã. Terá sido a postura hirta egélida dos transeuntes? Não sei dizer. Talvez fosse a falta do Bolinhas que havia ficado esquecidodebaixo da cama. O melhor foi Angola. Dormi no chão, não tomei banho durante quatro dias e aágua que bebi deixava muito a desejar, mas fazia tudo de novo. De lá trouxe um colar de grãos decafé que hoje uso como pulseira, foi o Josué que fez para mim. É incrível a arte e engenho que asmãozinhas feridas e ossudas de uma criança de seis anos conseguem ter. De mim, deixei ficar umpedaço de coração que aposto estar cheio de generosidade e amizade para quando lá voltar, eumas sandálias. O Josué não tinha o que calçar e o meu armário tem 23 pares de sapatos dos quaisuso dois ou três. Que luxúria.

Com o Josué viajei de uma forma que nunca havia feito. Não saí de mim. Mergulhei nasprofundezas do meu ser explorando cada centímetro das vísceras que me compõem. Vi bondadee caridade mas também egoísmo. E o pior é que muito do que naquele enorme pedaço de mimestava escrito eu não consegui ler. Pareceram-me ser as normais letras do alfabeto, mas umacorrente forte de aço presa com um cadeado não me deixou ler. O cadeado não tinha ranhura parachave alguma, mas descobri uma pequena inscrição: “Não procures longe quando o que maisanseias descobrir está mais perto do que a carne do osso.” Na altura não percebi. Paciência. Sabiapouco de mim mas já era alguma coisa. O Josué era feliz sem nunca ter saído dos 4km de terra emque nascera e que explorava todos os dias. E todos os dias eu acompanhava o seu relato dapaisagem. Nunca era o mesmo apesar de os objectos nunca mudarem. A cabana, o riacho, a árvoretorta a este e o pôr-do-sol a poente. Nada mudava, contudo o Josué descrevia tudo com tal vigore novidade como se da primeira vez se tratasse. Ele realmente viajava. Com paus ia até ao tempodas batalhas reais. Montado no burrico da aldeia imaginava-se um cavaleiro e precisava apenasde um pouco de lata para inventar uma armadura e se sentir um gladiador. Era um príncipe semcoroa mas com o coração mais terno e genuíno que alguma vez conheci.

A verdade é que o Josué não resistiu. O seu sorriso desdentado não mais se abriu e a aldeianunca mais teve a vida que outrora tivera. A malária vitimou mais um. E com ele outros 26 daaldeia. Comigo tenho a fotografia que lhe tirei com a minha Polaroid, todavia ainda não ganheicoragem para escrever a mensagem que cabe naquele espacinho branco do fundo.

Viajei ainda mais. Não mais quis exercer a minha profissão. Deixei a vida que levava e tornei-me voluntária da AMI. Dos 23 pares de sapatos apenas uso um, as velhas sandálias que a minhamãe me ofereceu quando foi ao Egipto. Voltei a Angola e reconheci de imediato a aldeia que maispaz e conhecimento me trouxe. O Mateo, irmão do Josué, tem agora cinco anos e é igualzinho aomenino do sorriso aberto. Levou-me até à cruz que serve de âncora para a memória do Josué.Deixei flores e, recordando as nossas conversas, imergi em mim. Não mais o havia feito desde queele morrera. E desta vez, para minha surpresa, não havia cadeados, apenas luz e milhares depalavras a insurgirem-se diante dos meus olhos. A maior de todas era amor. Finalmente percebi.Tinha palmilhado milhares de milhas na busca do meu eu quando esse eu nunca saiu de mim, sótinha que o deixar nascer. Como não percebi mais cedo? O meu eu era aquele que hoje ajudava ascrianças e as mães, os pais e os avós a sorrir todos os dias para a vida. Só nasceu quando eu melibertei da nuvem que a minha antiga vida lhe causara.

Agora, já escrevi uma mensagem para o Josué na fotografia da Polaroid: Josué, o meninoque via gigantes onde estavam montes e me fez ver que a maior viagem que fazemos é aquela emque nos descobrimos.

Isadora (Ana João Marques – 12.º B)(Ensino Secundário – Prosa: 2.º Lugar no Concurso Literário de 2010/2011)

Eu, aquele e os outros

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