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AUTORIZAÇÃO Nº DE01892009SNC/GSCCS Mensal | www.15Quinze.com | Ano I | Número 14 | Setembro 2009 | Director: Hugo Aguiar | Edição: Pedro Dias | Redacção: Raúl Testa Autárquicas 2009 Quem será o próximo inquilino? O Quinze esteve à conversa com os candidatos das próximas eleições autárquicas e revela os projectos de António Martinho Gomes (CDS/PP), Isabel Damasceno (PSD), José Peixoto (BE), Mário Brites (CDU) e Raul Castro (PS). Gente da minha terra “Local de chegada: Pastelaria Santos. Lá dentro, as cores vivas das garrafas de licores misturavam- -se com os pacotes de ervas medicinais. Entre pausas para tirar cafés e um “olá“ amistoso às pessoas que passavam na sua casa, Senhor Santos foi falando sobre a sua vida. Apesar de se lamentar de algum azar, não se arrepende de nada. Homem de ideias bem vincadas, Senhor Santos abriu o livro, sem medos nem segredos...” Foto: Cristóvão Teles

Jornal Quinze - Set09

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Jornal Quinze

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AUTORIZAÇÃO Nº DE01892009SNC/GSCCS

Mensal | www.15Quinze.com | Ano I | Número 14 | Setembro 2009 | Director: Hugo Aguiar | Edição: Pedro Dias | Redacção: Raúl Testa

Autárquicas 2009Quem será o próximo inquilino?O Quinze esteve à conversa com os candidatos das próximas eleições autárquicas e revela os projectos de António Martinho Gomes (CDS/PP), Isabel Damasceno (PSD), José Peixoto (BE), Mário Brites (CDU) e Raul Castro (PS).

Gente da minha terra“Local de chegada: Pastelaria Santos. Lá dentro, as cores vivas das garrafas de licores misturavam- -se com os pacotes de ervas medicinais. Entre pausas para tirar cafés e um “olá“ amistoso às pessoas que passavam na sua casa, Senhor Santos foi falando sobre a sua vida. Apesar de se lamentar de algum azar, não se arrepende de nada. Homem de ideias bem vincadas, Senhor Santos abriu o livro, sem medos nem segredos...”

Foto: Cristóvão Teles

2 | Quinze Setembro . 2009

Legislativas, Autárquicas e não sóMais uma vez somos chamados às urnas. Vá lá, somos convidados a ir às urnas e, já se sabe, se o dia estiver solarengo ou jogar o Benfica não vamos votar porque a vida tem prioridades. Embora isto de votar seja o corolário da democracia e, até ver, aquilo que decide o futuro do nosso País, o Aimar, o Cardozo e o Saviola não jogam todos os dias (é só todas as semanas).

Pode ser que isso agora mude, pode ser que não deixemos que 15% da população decida o destino de todos. Sim, porque numa eleição em que só 40% dos eleitores votam, um partido que ganhe com 30% tem aproximadamente 15% da população a apoiar as suas políticas.

Os debates eleitorais das legislativas têm tido uma média de um milhão de espectadores e isso parece ser um bom indicador. Tenho visto todos os debates e confesso que alguns líderes me têm surpreendido. Os últimos meses de governação correram mal a Sócrates mas o Primeiro-Ministro conseguiu ir buscar forças aos indicadores económicos que tiram Portugal da recessão técnica. Paulo Portas parece-me menos forte do que o habitual. Louçã continua no ataque cerrado ao PS, embora, na minha opinião, se tenha notado que a hipótese governativa (através de aliança com o PS) não lhe desagradaria.

Ferreira Leite tem-se mostrado um pouco mais agressiva e Jerónimo de Sousa tem mantido o tom que tem levado o PCP à melhoria de resultados eleitorais dos últimos anos.

Depois das legislativas (27 de Setembro) vêm as Autárquicas (11 de Outubro) e neste particular a equipa do Quinze orgulha-se de afirmar que, ao entrevistar todos os candidatos à Câmara Municipal de Leiria, ajuda o leitor a fazer a sua escolha.

Aproveito para, também com muito orgulho, informar que no próximo dia 15 de Outubro o Jornal Quinze celebra um ano de existência. Obrigado, Leiria.

Editorial

Raúl [email protected]

Região

Muita coisa acontece no mês de Setembro. Na Índia comemora-se o Dia do Professor, no Japão respeita-se os velhinhos num feriado nacional, na Eritreia tenta-se celebrar o Dia da Independência (porque quem vive com 1 euro por dia não pode celebrar de verdade) e na Holanda o governo apresenta o orçamento anual que inclui a distribuição de charros previamente enrolados para os partidos de extrema esquerda. Falta, claro está, o começo de um novo ano lectivo para a maior parte dos países do Hemisfério Norte. Os pais empurram os miúdos para a escola, os miúdos empurram os pais para as compras. Não pode faltar o caderno da Lucy, devidamente plastificado, o estojo dos Morangos com Açúcar (com as caras dos “actores”/modelos/figuras tristes) e a mochila dos 4 Taste, para ser mais fácil chumbar a Música.Por falar em regressos, o União

de Leiria volta a estar na primeira divisão. Muitos acreditam numa campanha tranquila para se manter

na Liga Sagres. Eu também, pelo menos se estivermos a falar do barulho vindo do estádio. Parece--me que este ano os moradores da Nova Leiria voltarão a dormir em silêncio, como nos outros anos, porque no que toca a espectadores, parece que partilha a Distrital com o Marrazes.O governador civil de Leiria, Paiva de Carvalho, afirmou que a proximidade do Santuário de Fátima aumenta a sinistralidade rodoviária no nosso distrito. Um bando de pastorinhos alucinogénios fizeram com que mais de 4 dezenas de pessoas morressem em apenas 8 meses. Quem diria! Para além de andarem de joelhos ainda têm que levar com a Morte em cima. Será um sacrifício? Ou os mortos eram todos ateus? Não sei, mas parece que o dinheirinho das velas não chega para melhorar a segurança nas estradas. As autárquicas estão à porta e os candidatos já se

apresentaram. Quase todos se afirmam independentes. Pegou moda. Concorrem por um partido, mas garantem que não seguem as suas ideologias. São independentes! Então, os partidos vão financiar as candidaturas dos meninos “completamente” independentes porque lhes apetece? Porque o fulano que se candidata até lhe pagou uma cerveja no outro dia? Porque o filho do fulano que se candidata até namora com a prima da vizinha dele? Porque sim? Acreditar que não há troca de influências na política é como acreditar que o José Castelo Branco é um homem. Por isso deixai-os ser “independentes”! Porque sem as aspas é impossível! Mais um mês passou nesta nossa linda terra. As “independências” vão vigorar e os pobres ateus vão ser julgados por Deus no caminho até Fátima. É melhor mudar-me para outro lado, porque não me dou muito bem com Deus e as “independências” só gosto delas sem aspas...

João Gaspar

Um Mês e Algumas Palavras

por André Pereira

Sem cura

Dor Crónica

Com o Verão a chegar ao fim, muitas são as pessoas que regressam de férias. Grande parte de carro funerário, é certo, mas também ninguém as manda ter ido para o Algarve. É que no Algarve há duas coisas que atentam contra o bem-estar das pessoas: as falésias e a Gripe A (que este ano facturou mais do que o Zézé Camarinha).

É preciso estarmos preparados para esta epidemia. Já há um plano de vacinação: primeiro os velhos, depois as mulheres e as crianças. Eu concordo. Se é para experimentar, que testem primeiro em quem não faz falta.

“Não fazer falta” – uma expressão que, a par da expressão “Código Deontológico? O que é isso?!”, se adequa perfeitamente a Manuela Moura Guedes. O seu afastamento da TVI só pode ser uma medida preventiva em relação à Gripe A. Com uma boca daquelas, a transmissão de vírus torna-se mais fácil.

Sócrates é encarado como o principal suspeito por ter provocado esta suspensão. E os partidos, como sempre, criticam- no. Mas está tudo doido? Se ele o fez, não merecia uma reprimenda, mas antes um louvor e a Grã-Cruz da Ordem do Infante D.

Henrique pela defesa do Jornalismo.

Um assunto que está a provocar muito debate é a chamada de Liedson à Selecção Nacional. Eu acho que estamos a apostar no género errado. Toda a gente sabe que a nossa selecção funciona melhor com brasileiras.

Repetem-se os casos de negligência médica em Portugal. Há umas semanas, uma jovem violada esperou 12 horas para ser atendida pelo médico. Ela diz que foi muito tempo, mas tendo em conta os casos de abuso de menores no nosso país, ter estado 17 anos sem

ser violada é que é um exagero.

Agora que as aulas estão a começar, gostava de deixar um conselho para as crianças: nunca aceitem guloseimas de alguém com um blusão cor-de-rosa! Muito menos com batina.

Quinze | 3 Setembro . 2009

Especial Autárquicas 2009

A sua ligação a Leiria já leva sensivel-mente três décadas. Considera-se um leiriense?De alma e coração.

O Eng. Martinho é um candidato independente com o apoio do CDS/PP, isso significa que não está tão vinculado às políticas do partido como qualquer outro candidato militante?Todos os candidatos autárquicos que me acompanham nesta candidatura, qualquer que tenha sido o seu passado político, estão, tal como eu, de corpo inteiro nas candidaturas do CDS/PP. Significa que formamos uma equipa coesa com base nos princípios que norteiam as propostas do nosso programa autárquico. Todavia, o Partido respeita a liberdade de pensamento de cada um. Aliás, outra coisa não seria de esperar de um partido democrático.

Afirmou que o seu objectivo é vencer as autárquicas. Acha que estão reunidas as estruturas necessárias no CDS para que tal objectivo possa ser cumprido?O objectivo é a conquista do maior número possível de freguesias e a presidência da câmara. Ter uma estrutura forte é importante, e, como é do conhecimento público, o CDS/PP esta a encetar um novo caminho de renovação. Há, portanto, que trabalhar com redobrada energia, tal

como aconteceu para elaborar as listas de candidatos nas 29 freguesias, num tempo muito reduzido.

É engenheiro na Câmara Municipal. Durante o seu trabalho como funcionário da Câmara teve a oportunidade de seguir de perto o desempenho de Isabel Damasceno. Acredita que o seu emprego o ajudou a detectar os problemas que têm de ser corrigidos em Leiria?Trabalho em Leiria e na Câmara Municipal há cerca de trinta anos, e em sectores que me permitiram adquirir uma profunda experiência pessoal no que se refere ao que deve ser o serviço publico. Por outro lado, adquiri um perfeito conhecimento da realidade do concelho e do município, o que me permite conhecer as dificuldades, bem como o modo das ultrapassar. Estou em condições de satisfazer as aspirações dos leirienses a um futuro melhor e de colocar a CML ao serviço da comunidade.

E, neste momento, quais são as necessidades básicas da nossa cidade?Se estamos a falar apenas da cidade considero fundamental requalificar o Centro Histórico, criar um programa de reabilitação do património arquitectónico, novos espaços culturais e de lazer, bem como resolver os problemas de acessibilidades e estacionamento. É preciso povoar a cidade e combater a desertificação criando incentivos à fixação de moradores, o que também nos conduz à revisão do IMI e à criação de linhas de crédito para a habitação e o pequeno comércio. Temos de dar mais qualidade de vida a Leiria.

Leiria continua sem um mega empreendimento comercial, o que pensa em relação à desistência do Grupo MD/

Lena da construção do Fórum Leiria? Era favorável ao projecto?Não me parece que o local escolhido fosse o melhor para a cidade e o desenvolvimento comercial. Certamente, teremos possibilidade de voltar a estudar o assunto de forma mais adequada ao interesse público.

Jogou futebol e foi capitão da Académica e do União de Leiria durante vários anos. Pondo de parte a sua paixão pelo desporto-rei, qual a sua opinião sobre o investimento feito pela Câmara no Estádio Dr. Magalhães Pessoa em 2004? Na sua óptica há alguma solução para a zona circundante ao Estádio?Eu não teria feito o estádio naquele local. No limite faria um novo estádio numa zona de expansão fora da cidade, perto dos acessos a uma das auto-estradas, que incluiria, um centro de estágio completamente equipado, zonas comerciais e habitacionais. A zona circundante ao actual estádio há que devolvê-la aos Leirienses para que possam fruir de um espaço público de lazer que lhes pertence por direito próprio. O topo Norte tem de ter uma solução, analisadas todas as perspectivas do problema, a questão não pode continuar a arrastar-se no tempo e a penalizar os leirienses. Qual o motivo que o fez candidatar-se à Câmara?Acima de tudo a vontade de combater

a descrença e o conformismo reinante, bem como a firme convicção de que pela experiência adquirida ao longo de todos estes anos de contacto directo com as populações poderia dar um contributo muito positivo para a resolução dos problemas que nos afectam. Estamos apostados em mostrar que existe vida política em Leiria para além do situacionismo representado por Raúl Castro e Isabel Damasceno.

António MArtinho GoMes«Quero colocar a Câmara ao serviço da comunidade»

Agora que está quase a ouvir-se o tiro de largada da corrida à Câmara Municipal de Leiria, o Quinze traz-lhe as ideias e ambições dos 5 candidatos a cruzar a meta em primeiro lugar. Sem reservas e sem pudores, António Martinho Gomes, Isabel Damasceno, José Peixoto, Mário Brites e Raúl Castro responderam às questões que interessam aos Leirienses. Lobbies, Estádio Municipal, Mega Empreendimento Comercial e ideologias, nada ficou de fora.

Autárquicas 2009

«Eu não teria feito o estádio naquele

local.»

«Trabalho em Leiria e na Câmara Municipal há cerca

de trinta anos»

«É preciso povoar a cidade

e combater a desertificação»

4 | Quinze Setembro . 2009

Especial Autárquicas 2009

isAbel DAMAsceno«Os Leirienses preferem alguém com obra feita.»O que é que a fez entrar na vida política?Eu acho que foi um gosto de fazer coisas para as pessoas, de servir. Talvez, um pouco habituada pelo ambiente que tive em casa, porque o meu pai teve muitas actividades de intervenção política ao longo da sua vida. Contudo, nunca foi uma entrada na política premeditada. Nunca construí a minha vida profissional a pensar nela, embora acredite que este ambiente familiar teve alguma influência para eu aceitar a proposta, quando ela me foi apresentada. Mas eu sou economista de formação e fiz toda a minha vida profissional na Portugal Telecom, com variadíssimas responsabilidades, e um belo dia surgiu a oportunidade, que não rejeitei.

Sempre se sentiu leiriense?Sem dúvida nenhuma, embora não tenha nascido em Leiria. Mas a grande maioria da minha vida foi vivida cá. Nasci em Trás--os--Montes e depois vim para Leiria, todavia com algumas interrupções pelo meio. Embora não rejeite as raízes e goste muito de ser transmontana. [risos]

O que é que a liga ao partido? Sente-se identificada?Completamente. Do ponto de vista de valores e do ponto de vista ideológico. Há uma componente no PSD com a qual eu me identifico muito, precisamente pelo facto de ser um partido com uma importante preocupação social e com uma grande intervenção do Estado. Sem rejeitar, obviamente, a economia de mercado, a iniciativa privada, que me parece muito importante, concretamente em Leiria, onde o empreendorismo tem um grande peso no desenvolvimento económico. Para além disso, os partidos são sempre marcados pelas pessoas que os dirigem e a minha adesão ao partido dá-se com o Professor Cavaco Silva, como Primeiro-Ministro. É uma pessoa com a qual eu me identifico imenso, no sentido da seriedade, da missão e da realização.

Houve bastante polémica na nomeação do candidato do PSD a Leiria. É verdade que se sentiu pressionada a recandidatar--se? De certa maneira, sim. Evidentemente que estas opções são conduzidas por um pensamento pessoal, e não porque nos encostam à parede e o que tem que ser, tem que ser. Não há dúvida nenhuma que senti um grande incentivo, quer por parte do partido a nível nacional, quer a nível local, de pessoas que nada têm a ver com o partido. Vinham ter comigo e achavam que eu era a melhor solução em termos de candidatura do PSD para Leiria.

Quais são as necessidades básicas de Leiria?Eu acho que estamos numa fase de desenvolvimento do concelho e da cidade, muito virada para aquilo a que eu chamo de acções imateriais. Todos estes anos, como Presidente da Câmara, foram muito virados para a resolução de infra-estruturas culturais, desportivas, saneamento básico, o problema da água. Evidentemente que, simultaneamente, fomos fazendo coisas imateriais, mas estas necessidades actuais é muito o dinamizar dos espaços criados, o dinamizar das estruturas culturais, o dinamizar das infra-estruturas desportivas. Óbvio que, complementando aquilo que eu considero algumas necessidades básicas no concelho, como o saneamento básico. Juntando ao saneamento básico, há que melhorar as estradas, visto que o grande problema do saneamento é estragar tudo por onde passa. Depois, é necessário apostar muito nas questões sociais, atendendo à situação que o País vive, e apostar na cultura, entretenimento. A educação também é deveras importante, visto que é sempre uma preocupação fundamental em qualquer gestão.

Muitos leirienses consideram o Estádio Dr. Magalhães Pessoa um mau investimento por parte da Câmara. Voltaria a fazer o mesmo?Sem dúvida nenhuma. Não partilho de forma alguma essa opinião. Muitos dos leirienses que têm agora essa opinião foram dos primeiros, na altura, a apoiar incondicionalmente a sua construção, assim como em todo o País. E, na altura, houve, praticamente, unanimidade, no sentido de que Leiria deveria estar no Euro 2004. Para o termos cá, tínhamos que ter um estádio. E ele não é um campo de futebol, o que muitos se esquecem: tem a valência do atletismo. Hoje em dia, as nossas associações, que já tinham um certo peso no atletismo nacional, com a existência desta infra-estrutura, tem tido, no país, e até internacionalmente, resultados que não aconteceriam sem o estádio que temos. Também tem sido palco de eventos de atletismo muito importantes, nomeadamente o Campeonato Europeu de Atletismo. Por outro lado, o estádio tem características que muitos não conhecem que é o espaço para a realização de eventos. Actualmente, o estádio tem um número bastante satisfatório de eventos, como encontros de empresas ou festas. Em termos de encargos, a única coisa suportada pela Câmara, neste momento, são os empréstimos contraídos pelo investimento inicial. Ou seja, o estádio, em si, gera as receitas para se sustentar.

João Costa, o Presidente da JSD Leiria, afirmou, em entrevista ao Jornal de Leiria, que a sua lista “não tem um projecto, não tem um objectivo, e que não contribui em nada para a evolução positiva do concelho”. Como é que o PSD e o Presidente da JSD andam de costas voltadas? Há razão para tais afirmações?Eu penso que isso só tem a ver com ambições pessoais que foram traçadas ao longo deste percurso agitado que teve a escolha da candidatura e que, naturalmente, não vieram a ser satisfeitas, o que se reflecte nesse tipo de comentários, aos quais não dou qualquer tipo de importância. Nem ele conhece o projecto, nem nunca mostrou interesse em conhecer. O programa eleitoral não foi ainda apresentado e são, portanto, palavras sem fundamento.

O mesmo João Costa afirma que, na sua lista, vem ao de cima a “ânsia de poder”. Qual o motivo que a fez recandidatar-se à Câmara?Já expliquei, não tenho qualquer motivação pessoal. Senti-me muito realizada nestes anos em que construí este projecto para Leiria, e as circunstâncias da vida levaram-me a que reponderasse a decisão de sair. Com as várias conversas que tive com variadíssimas pessoas, conclui que os leirienses mereciam que eu estivesse disponível. Não tem nada a ver com questões de poder pessoal.

A longa presença à frente da Câmara é um ponto a favor, ou sente que os leirienses poderão querer, nesta altura, alguma renovação política?Eu acho que os leirienses preferem apostar em alguém que tem obra feita, que tem princípios que julgo inquestionáveis do ponto de vista de qualquer político – a seriedade, a transparência, a igualdade, uma certa humildade. Penso eu que preferem isso.

Se permanecer na Câmara, vai tentar lançar, novamente, o projecto do Megacentro Comercial?Leiria precisa de um novo centro comercial. É uma noção sustentada em estudos que fizemos. As circunstâncias económicas levaram a que o projecto não tivesse o sucesso que pretendíamos, mas a minha opinião é de que, passada esta fase mais difícil, há todas as condições para se lançar de novo o projecto.

E não acha que a sua construção poderá afectar o centro histórico de Leiria?Antes pelo contrário. O que quisemos foi encontrar uma solução e um espaço que permitisse a convivência sã e concorrencial entre o centro histórico e uma nova unidade. Por isso, encomendámos um estudo, já que fomos confrontados com três pedidos de centros comerciais para além do que já existe. E pareceu-nos que não haveria mercado, em toda a região, para os sustentar. O mercado aguenta mais um centro, e a localização para poder haver uma existência pacífica entre o comércio instalado e o novo edifício era o mais próximo do centro possível.

Alguma última mensagem que queira deixar aos nossos leitores?Deixo um apelo muito grande a que as pessoas votem no dia 11, porque acho que o nosso maior combate deve ser a abstenção. Este ano, as eleições autárquicas serão as últimas, e espero que não haja cansaço dos eleitores, pois é o momento de dizerem aquilo que pensam, pelo que apelo para que votem. Feito este combate, a convicção que tenho é que os leirienses farão a opção certa, porque são justos na sua apreciação.

«Tenho gosto em fazer coisas para

as pessoas.»

“Não me arrependo da

construção do Estádio.”

Quinze | 5 Setembro . 2009

Especial Autárquicas 2009

Como é que um delegado de informação médica se torna candidato às eleições autárquicas? No Bloco, nenhum de nós é profissional da política. Portanto, haverá delegados de informação médica, como há professores universitários, assim como há médicos. Sou é militante do Bloco há muito tempo e um dos fundadores do mesmo. Sendo um dos mais antigos, e pelo Bloco aqui ser bastante recente, é natural que tenha assumido alguma notoriedade em Leiria. Mas há algo muito importante - eu sou representante do Bloco. Não se pode ver esta candidatura como a minha candidatura, mas como a candidatura do Bloco, que eu encabeço, e nada mais do que isso.

Como é que entrou na vida política?Há muitos anos. Eu tive a sorte [ou o azar] de, quando vim estudar para Portugal, ter apanhado uma altura bastante conturbada da vida portuguesa, e ter encontrado um núcleo de gente muito culta, que na altura era uma pedrada dentro do charco. Mesmo naqueles com menos consciência política, havia uma certa unidade que não se encontrava noutros lados, de maneira que eu, mesmo que não quisesse, fui integrado, porque eu vim de Angola como um perfeito analfabeto político. Cheguei cá e apanhei com uma realidade completamente diferente... e devo ser boa pessoa, porque alinhei logo! [risos]

Não sente que o facto de ser de fora possa ter alguma influência?Claro que tem influência. Mas grande parte da população de Leiria veio de fora…naturais de Leiria são muito poucos. O que interessa é viver a cidade e sentir a cidade onde estamos. A Isabel Damasceno também não é de cá. Ela própria se afirma transmontana e, no entanto, fez o maior pólo de modificação de Leiria, com coisas que são irreversíveis e que, infelizmente, não são muito boas.

Quais é que são as necessidades básicas de Leiria?Para mim, a principal é a democracia, participação. Eu acho que todas as políticas, que um país ou uma cidade toma, têm que ser definidas em função de alguém, com a participação de todos. Isto não se passa em Leiria. Leiria está a ser construída completamente à revelia da população. Eu não digo que a culpa é de quem está no poder, acho que é mais de quem deixa que as pessoas que estão no poder que façam o que lhes dá na “tana“. Deve haver debate!

Seria a favor da construção do Centro Comercial?Claro que não. Um erro não se pode pagar com outro ainda maior. Pessoalmente, eu sou contra os centros comerciais. É um espaço pouco inteligente, até na maneira como nos leva a fazer as compras. Eu não sou a favor, mas percebo que as pessoas o sejam. Mas, se os constroem, por favor, tirem-me esses “monstrinhos” de dentro da cidade. Porque Leiria já é uma cidade que não está muito articulada para o trânsito que tem. Depois, acho que um centro comercial numa zona daquelas que não é a resolução do problema. Devia-se fazer um concurso de ideias, como se faz em tantas outras cidades europeias. É sempre necessária a aprovação da cidade, dos leirienses. Leiria tem muitos cidadãos com ideias! Porque é que há-de estar sempre a Câmara a criar tudo sem consultar ninguém?

Qual a sua opinião sobre a performance da actual Presidente de Câmara?A senhora tem fôlego, e é aquilo a que toda a gente considera uma excelente política. É uma senhora que não deixa as coisas por

mãos alheias, está informada, tem força. Não é “à balda” que o PSD fez esta guerra toda e apostou na senhora com medo de perder a Câmara. Embora ela seja aquilo que eu mais detesto num político, é, nesse aspecto, uma excelente política. Mas, para fazermos obra que vá modificar a face da cidade, só se pode fazer com a conivência da população. Durante o seu mandato, estes senhores apenas estão a gerir aquilo que é nossa propriedade. Eu não culpo apenas a Doutora Isabel Damasceno. Eu culpo esta cidade por deixar que a Dra. faça o que lhe dá na real gana! O que mais me entristece é que não vejo grande contestação, mesmo dentro da oposição política, nomeadamente na oposição socialista!

Há soluções para fintar o problema do Estádio?O grande erro foi a construção. Pelo menos, a forma como foi feita a sua construção. O Estádio Magalhães Pessoa tem uma pista de tartan enorme e isso traz problemas. A dimensão do atletismo em Portugal é fraca. Campeonatos da Europa não se fazem todos os dias. Mas, já que temos a estrutura construída e uma boa pista de tartan, há que apostar no atletismo, mesmo sabendo que nunca irá resolver o problema económico. Um erro é ter-se feito um estádio para um clube. Depois do Euro 2004, o estádio foi quase um monopólio total do União de Leiria. Tem que se abrir aquele estádio à cidade de forma a que, já que é pago, seja utilizado por mais gente. Portanto, é a única forma que eu vejo de o estádio servir para alguma coisa.

São públicos os problemas internos da direita, em Leiria, quanto à nomeação dos cabeças de lista. Isso pode, de alguma forma, ter encorajado a sua candidatura?Quem me dera que isso resolvesse os nossos problemas! Mas não. A Dra. Isabel Damasceno foi imposta pela direcção geral do partido porque, de facto, lá, sente-se que os outros candidatos não seriam capazes de levar o PSD à vitória. Não sei se isto é verdade ou mentira, mas é ter pouca confiança nas políticas que se defendem. E, para nós, o que é importante são as políticas que defendemos.

Mas acredita que a direita está agora mais enfraquecida no nosso distrito?Não. A direita está mais enfraquecida no país…isso está. E está, não só pelos erros que fizeram no distrito, mas também em Portugal e no Mundo. Mas se eu falo na direita, também falo no PS. De facto, a crise é uma crise do capitalismo. Há quem diga que Portugal está em crise crónica, por isso já estamos habituados, mas não é bem assim... nós temos uma classe média considerada muito rica pelo governo, temos uma classe muito alta que, curiosamente, é aquela que mais foge aos impostos e, depois, temos gente no limiar da pobreza, que cada vez é maior. Uma pessoa ouve falar o governo, e parece que não se passa nada, que está tudo bem...

Correndo o risco de chover no molhado, o que é que o fez, concretamente, candidatar-se à Câmara de Leiria?A candidatura é do Bloco. E porque é que ele se candidata? Eu disse, na altura da apresentação da candidatura, uma frase que deixou muita piada: que queríamos mudar o mundo. E estamos aqui, por Leiria. Na primeira vez que nos candidatámos, sabíamos que o melhor que conseguiríamos era eleger deputados municipais. Conseguimos. Desta vez, queremos outros rumos, como ter vereadores... Só com um deputado municipal, demos um ar da nossa graça: veja-se o caso da ribeira dos Milagres! Foi a primeira vez que estiveram, frente a frente, a Associação dos Suinicultores e a Associação de Defesa da Ribeira dos Milagres, para chegar à brilhante conclusão que defendiam os mesmos interesses...

O BE tem vindo a crescer, como se viu nas europeias. Acredita que, no futuro, para o partido, será mais fácil conseguir ter um Presidente de Câmara em Leiria?As autárquicas são, para o melhor e para o pior, umas eleições diferentes, tendo em conta a proximidade das pessoas. Num pequeno município, é diferente, porque dá algumas garantias aos cidadãos de poderem interferir mais…mas aumentam os caciques! Lembrem-se daquele senhor que dava electrodomésticos, ou de bandidos que foram eleitos, como a Fátima Felgueiras. Quanto a nós, não espero que votem em mim por ser o José Peixoto. A verdade é que terei alguma visibilidade, mas espero que não seja por isso, espero que me reconheçam como elemento do Bloco. Eu, sozinho, não… [risos]

Mas acha-se capaz de, no futuro, liderar Leiria? E se fosse hoje?Liderar Leiria, sendo Presidente da Câmara?! Porque não?

Tem alguma última mensagem que queira deixar aos leitores leirienses?Quero. Participem mais na vida social e política da cidade... na vida cultural. Porque, no fim de contas, tudo está interligado. Uma cidade que é um casulo de monos, a vários níveis, acaba por ficar enquistada, permitindo que esteja, há trinta anos, o mesmo poder nesta terra, sem a mínima contestaçãozinha. Apenas numa cidade amorfa é que isto acontece! O que eu peço é que participem.

José Peixoto«Leiria necessita de democracia!»

«Leiria é um casulo de monos!»

«É preciso debate nesta cidade!»

6 | Quinze Setembro . 2009

Especial Autárquicas 2009

O que é que o fez entrar na vida política? Foi o amor à camisola. Faço parte do PCP há muitos anos. Antes de filiado fui simpatizante e as primeiras vezes que concorri foi como independente e sinto-me muito identificado com o PCP e com as propostas do PCP. A partir do momento em que o meu partido disse que precisava de mim eu, obviamente, disse que sim.

Sempre se sentiu identificado com as ideologias do partido? Com as ideologias do partido sempre me senti identificado com as ideologias do partido a 100%. Eu sou marxista-leninista como o partido é marxista-leninista e, penso eu, que pretende continuar a ser. A História deu-nos uma lição recente através da crise do capitalismo a nível mundial, algo previsto por Marx. A actual situação económica dá razões a Marx e a Lenine para defenderem aquilo por que lutaram ao longo das suas vidas.

Acredita que há uma renovação das ideologias partidárias da população leiriense? Nota-se uma maior aceitação. O facto de termos perdido alguma votação nos últimos anos não reflecte uma rejeição directa das nossas ideias e convicções. Nota-se, essencialmente nas camadas mais jovens, que há uma certa propensão para aceitarem e defenderem as nossas ideias de esquerda e as nossas posições. Nota-se quando andamos na rua. Na minha freguesia o número de votos conseguidos desde 1993 não tem parado de crescer.

O Partido Comunista, a nível nacional, não perdeu alguma influência política? Os últimos resultados eleitorais têm sido de subida acentuada para o partido a nível nacional. Os objectivos foram sempre cumpridos e nas últimas autárquicas o Partido Comunista subiu consideravelmente. Conseguimos, nas Câmaras onde não ganhámos, manter o número de vereadores e conseguimos recuperar a Marinha Grande e o Barreiro, dois pontos históricos ao nível da luta operária.

Neste momento, quais é que são as necessidades básicas de Leiria? A primeira preocupação que tem de haver com Leiria é a qualidade de vida dos seus habitantes. A nível de concelho há uma carência enorme de infra-estruturas básicas e essa carência reflecte-se na qualidade de vida da população. Primeiro falta concluir o saneamento básico em muitas freguesias do concelho, nomeadamente no norte do concelho. A conclusão do saneamento básico é fundamental para resolver uma série de problemas. Há também uma lacuna enorme no que diz respeito a lares de terceira idade, não havendo qualquer acompanhamento de investimentos ao nível dessas infra- -estruturas. Há uma falta terrível de uma boa rede de escolas pré-primárias públicas que apenas é colmatada por alguns infantários privados, muitos deles com qualidade

duvidosa. O crescimento urbanístico é outro grande problema de Leiria. Leiria cresceu rápido, mas não cresceu de forma harmoniosa. Leiria, na cidade e na periferia, está cheia de urbanizações, aquilo a que eu gosto de chamar a “rua do volta atrás”. Estas urbanizações trazem consequências ao nível do planeamento das redes viárias e inviabiliza o crescimento da própria cidade. Leiria carece também de um pavilhão multiusos que existe em muitos outros concelhos, até em concelhos de menor de dimensão. Faltam também locais abertos, na cintura urbana, onde as crianças possam jogar à bola sem terem a necessidade de esperar por horários. É necessário melhorar a qualidade de vida de população, reduzir as deficiências terríveis ao nível do urbanismo, criar infra-estruturas fundamentais e equilibrar a distribuição demográfica

No cômputo geral, qual é a sua opinião acerca da “performance” da actual Presidente da Câmara?Os últimos quatro anos foram quase de estagnação, por razões várias. Financeiramente, a situação da Câmara é má e, quando não há dinheiro, não pode haver obra. Há limites legais ao endividamento que não permitem que uma autarquia se continue a endividar sem ter retorno e, depois, onde é que se reduz? No investimento público. Houve um decréscimo de investimento, neste sector, por parte da Câmara, houve obras que ficaram por executar, outras por concluir e obras que nem passaram do papel. Por exemplo, a conclusão do saneamento básico no concelho, que era uma bandeira da candidatura do PSD.

Falámos já do Estádio, que disse ser um mau investimento por parte da Câmara. Tem, em vista, alguma táctica para fintar este problema?Bom, ele não devia ser construído. Mas está lá, portanto, há que saber lidar com ele, fazendo um aproveitamento público do que ali está. Primeiro, há que concluir aquele topo norte, onde poderão depois ser feitas muitas coisas – serviços públicos e administrativos, culturais, desportivos. Porque um estádio moderno [e nós até temos a pista de atletismo] permite a construção de uma série de equipamentos de apoio. A CDU defende também há muitos anos que a zona fronteiriça do estádio é aberta, bonita, que deve ser, por excelência, uma zona de lazer para os leirienses. Isso faz uma falta tremenda aqui em Leiria, não basta aquilo que foi feito com o Polis na margem ribeirinha. Não chega! E o estádio não deve estar só ao serviço do União de Leiria, mas também de todos os munícipes...

Então acha que o Estádio devia ser aberto ao público em geral, às outras equipas do concelho?Sem dúvida. Defendo que um clube que queira um estádio para uso próprio, deve construí-lo, deve ser seu investimento, deve arranjar dinheiro. Agora, nenhum município pode construir um estádio municipal para pôr ao serviço de um clube, ou dois ou três, exclusivamente. Deve estar ao serviço dos munícipes e de todos os clubes.

E acha também que há uma cumplicidade “perigosa” entre o UDL e a CML?Da parte perigosa não vou falar... mas cumplicidade há, claramente. O UDL viveu sempre na sombra da CML. Ainda eu, miúdo, assisti a muitos jogos quando ainda jogavam na 2ª divisão, zona centro... Foi sempre o estádio municipal que o União de Leiria utilizou, não sei se com alguma contrapartida financeira, mas sempre lhe foram concedidas muitas facilidades. Portanto, sempre houve esta cumplicidade com este clube. Perigosa ou não, não vamos entrar por aí...

Concorda com a construção do Mega Centro Comercial?Não. Não concordo, pessoalmente, nem concorda a estrutura que represento. Nós temos, já referi, o problema do centro histórico, que está a ficar desabitado. O pequeno comércio emprega muita gente, famílias inteiras, e criam uma série de postos de trabalho que se foram perdendo. A formação de mega centros comerciais nas periferias faz com que as pessoas se desloquem para lá, o que tem muitas implicações: o abandono do centro, o problema das acessibilidades, o facto de tirar hábitos à população... Hoje, ao fim de semana para onde é que as pessoas vão? Para o centro comercial! Temos milhares de pessoas fechadas numa área relativamente pequena, aos “cotovelões” umas às outras. E, de mais desemprego, não precisamos.

Sente que, se fosse hoje eleito para presidir a CML, o partido teria estruturas?Sem dúvida alguma. Sei que não vou ser eleito para a presidência. O objectivo, que será difícil, sei, mas para o qual temos condições de alcançar, é a minha eleição como vereador. Portanto, gostaria mais de falar dela do que da eleição para presidente da CML. Não tenho dúvidas que o partido tem estruturas para isso. Tem feito um óptimo trabalho, desde o 25 de Abril, a nível autárquico, tem mantido um número de câmaras considerável, e isso é sinal de que as populações estão contentes com o nosso trabalho. E, em Leiria, não é excepção.

Quer deixar, para concluir, alguma mensagem aos leitores de Leiria?Sim, faço um apelo ao voto da CDU. É um voto de qualidade, porque é votar numa estrutura e em pessoas que tem ideias, que têm como preocupação fundamental, sempre, o bem-estar das populações, que têm como preocupação o crescimento sustentado. Porque Leiria cresceu mas sem qualidade, por tudo aquilo que já falei. Crescer, sim, mas com qualidade, dotando o concelho das infra-estruturas necessárias a que haja qualidade de vida. Pretendemos ter uma palavra muito mais activa no dia-a--dia do Município.

Mário brites«É necessário qualidade de vida para os leirienses.»

«O estádio não devia ter sido

construído.»«Pretendemos

ter um papel mais activo em

Leiria.»

Quinze | 7 Setembro . 2009

Especial Autárquicas 2009

O que o liga ao partido? Alguma vez sentiu alguma disparidade entre as suas ideologias e as ideologias do seu partido?Eu sou um cidadão independente que me identifico com os ideais de um partido democrático como é o PS e com o projecto social e reformista da sociedade portuguesa que o PS tem hoje, inegavelmente. Diria que não há nenhuma clivagem ideológica entre mim e o PS, embora o apelo partidário continue a não me seduzir, pelas minhas características pessoais. Mas quero frisar que há uma perfeita identificação entre a minha visão de sociedade e o meu projecto para Leiria e a visão de sociedade e o projecto para Leiria do Partido Socialista. É essa identificação, essa sintonia, que teve o seu expoente na escolha da minha equipa e na elaboração do nosso programa, que está a permitir o crescimento desta onda de mudança que está a entusiasmar e a movimentar o concelho de Leiria como antes nunca se viu.

Nos últimos anos generalizou-se a opinião que as políticas nacionais do PS e PSD são bastante semelhantes. Em Leiria, afirma-se que as Assembleias Municipais são “demasiado calmas”. O que verdadeiramente distingue Raul Castro de Isabel Damasceno? Muita coisa me distingue e afasta de Isabel Damasceno. Desde logo, os projectos que corporizamos: o meu é um projecto independente, um projecto de alargamento e de envolvimento da sociedade, o dela representa a continuidade de um sistema fechado sobre si mesmo, em que são

sempre os mesmos sentados à mesa do poder. Veja-se a lista que ela encabeça e as pessoas que a apoiam, a teia de relações que é visível, e vislumbra-se de imediato o peso dos interesses instalados. Depois, e perdoem-me a imodéstia, as origens, a experiência e o percurso de vida. Ela é a própria a confessar que tudo o que lhe aconteceu lhe caiu do céu, sem esforço, eu sempre estudei enquanto trabalhei, construí uma carreira profissional a pulso e, felizmente, com algum êxito. Quanto à experiência, designadamente de gestão pública, há também diferenças substanciais, eu sempre disse que fazia dois mandatos na Batalha e cumpri, fiz um trabalho que ainda hoje é reconhecido e nunca, mas nunca, a minha gestão foi criticada de forma violenta, designadamente ao nível da gestão financeira, como foi a da Dra. Isabel Damasceno por uma entidade independente e insuspeita como é a Inspecção-Geral de Finanças. Há aqui, portanto, uma diferença substancial de competências de gestão. Quanto ao resto, quem nos conhece a ambos está em muito melhores condições para comentar as diferenças.

Neste momento, quais são as necessidades básicas de Leiria?Primeiro que tudo, uma nova liderança, que coloque Leiria no seu lugar de locomotiva da região e do distrito. Depois, políticas de apoio à instalação de empresas, pois as empresas geram empregos e os empregos geram qualidade de vida. Depois, mais segurança: os leirienses não podem ter medo de andar nas ruas da cidade e das freguesias do concelho. Ao mesmo tempo, a absoluta necessidade de disciplinar e sanear as finanças da Câmara, que não paga a tempo e horas, que não cumpre os orçamentos, que se endivida cada vez mais sem que a esse endividamento corresponda obra. Finalmente, e sem que isto queira dizer que não falta mais nada (na verdade, falta quase tudo!), Leiria carece de uma extrema e cuidada atenção aos mais necessitados. Mas um apoio verdadeiro e decente, não a ofensa que constitui para os mais necessitados um “programa de apoio” que passa por descontos nas piscinas e nos cinemas, como a gestão da Dra. Isabel Damasceno apresentou.

Para quando o, há já dez anos prometido, Jardim da Almoinha (entre o Rio e a Nova Leiria)?Comigo, será feito no próximo mandato! Aliás, o nosso programa prevê a disseminação de espaços verdes de lazer e desporto informal pela cidade, mas não só, também pelas freguesias do concelho, que têm sido uns autênticos parentes pobres da cidade.

É a favor do Mega Centro Comercial em Leiria?Sou a favor da construção de um centro comercial que contribua para o aumento da qualidade de vida dos cidadãos, para a descida dos preços, para a harmonização da oferta comercial e para a criação de emprego, logo de riqueza. Mas há mais variáveis que têm de ser consideradas, e nós vamos considerá-las e tomar a melhor decisão para os cidadãos de Leiria. Uma coisa é certa: a decisão que tomarmos vai ser executada rapidamente e sem problemas, ao contrário do que se passou com a gestão da Dra. Isabel Damasceno, que em 12 anos não foi capaz de resolver o problema. Abriu concursos, fechou concursos, os concorrentes desistiram devido ao tempo excessivo que demoraram a apreciar os processos, enfim, uma trapalhada, que constitui outro exemplo da incapacidade de gestão da maioria liderada pela Dra. Isabel Damasceno.

A maioria da população leiriense considera o Estádio Dr. Magalhães Pessoa um péssimo investimento por parte da Câmara. Alguma táctica para fintar este problema?Devo dizer que também nós fomos a favor da construção do estádio. Mas de um estádio que custasse não mais de 20 milhões de euros, e não 90 milhões, que é o preço em que já está, o que tem condicionado o investimento da autarquia, designadamente

nas freguesias, e vai continuar a condicionar ainda por muitos anos. A construção do estádio, que nem sequer conseguiram terminar em cinco anos (vide topo norte) é mais um exemplo, e um exemplo absolutamente gritante, da incapacidade de planeamento e da falta de competência de gestão da Dra. Isabel Damasceno. Mas agora o estádio está feito e não podemos demoli--lo, era pior a emenda que o soneto. O que vamos fazer é tentar rentabilizá-lo da forma mais adequada, colocando-o ao serviço do concelho. Vamos dialogar com todas as partes interessadas, como o União de Leiria, para encontrarmos a melhor forma de tornar menos penalizador este encargo.

Qual a sua opinião acerca da performance de Isabel Damasceno, enquanto Presidente da Câmara Municipal de Leiria?A Dra. Isabel Damasceno será uma pessoa muito simpática mas a sua gestão prova à sociedade que a simpatia não é um atributo suficiente para se ser bom gestor público. É grave, e eu teria vergonha se isso me sucedesse a mim, que uma entidade como a Inspecção Geral de Finanças tenha dito que a gestão financeira da Câmara é um caos e que as contas não são fiáveis (foram escondidas dívidas – isto só para dar um exemplo). Considero que a gestão da Dra. Isabel Damasceno constituiu um retrocesso para Leiria, que nada evoluiu nestes últimos doze anos. Leiria perdeu a liderança regional, não conseguiu sequer fazer uma área metropolitana, obviamente por não ser reconhecida a liderança da Dra. Isabel Damasceno. Em resumo, a gestão da Dra. Isabel Damasceno foi um verdadeiro desastre.

Em Leiria costuma falar-se muito dos “lobbies” de poderosos grupos financeiros. Sabe da existência destes lobbies? Se for eleito o que vai fazer em relação a esta “suspeita” dos leirienses?Os lobbies só existem se os alimentarem e se permitirem que eles actuem. Comigo não há lobbies, há apenas os interesses do município, os interesses dos cidadãos do concelho e o interesse público. Se se fala em lobbies em Leiria é porque quem de direito permite a sua existência e actuação – e basta olhar para constituição da lista da Dra. Isabel Damasceno para se perceberem as ligações e as redes de interesses que ali estão bem patentes. É também por isso que os leirienses querem a mudança e vão eleger-me presidente da Câmara Municipal de Leiria.

rAul cAstro«Comigo não há lobbies, há apenas os interesses dos leirienses»

«Comigo, o Jardim da Almoinha será feito no próximo

mandato.»

«Ela [Isabel Damasceno]

confessa que tudo o que lhe aconteceu

lhe caiu do céu.»

8 | Quinze Setembro . 2009

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Saúde

Segundo o relatório da UNAIDS, a percentagem global de adultos infectados com HIV estabilizou desde 2000. O aumento da acessibilidade ao tratamento permitiu diminuir o número de mortes por SIDA.Em 2007 registaram-se 2,7 milhões de novas infecções e cerca de 2 milhões de mortes relacionadas com HIV.A região mais afectada é a África subsaariana onde se encontram 67% de todos os infectados.Em Portugal o primeiro caso de SIDA foi registado em 1983. Até Dezembro de 2007 registaram-se 32.491 casos, dos quais 43,9% em utilizadores de drogas injectáveis, 38,8% por transmissão heterossexual e 12,0% por transmissão homossexual. Destaca-se um aumento da transmissão entre a população heterossexual e entre toxicodependentes. Apesar da maior incidência nalgumas populações, actualmente não se fala em grupos de risco, dado que este risco existe para todos.

Como se transmite?O HIV transmite-se essencialmente através do contacto com fluidos corporais infectados. Assim transmite-se através de: 1. Relações sexuais desprotegidas (Homo e heterossexuais) 2. Partilha de objectos cortantes (lâminas, agulhas, escovas de dentes...) 3. Durante a gravidez/parto – transmissão mãe-filhoNão se transmite por: 1. Relações sexuais protegidas (uso do preservativo) 2. Relações sociais (abraços, beijos, aperto de mão) 3. Picadas de insectos

Fase de Janela (6 a 12 semanas) - fase inicial da infecção. Pode ser assintomática ou assemelhar-se a uma gripe comum. Nesta fase não se consegue detectar o vírus no sangue do doente através de análises, no entanto ele é contagioso para outras pessoas. Seropositivo (cerca de 10 anos) - O organismo vai tentando debelar a infecção e começa a criar anticorpos contra o vírus que já são detectáveis no sangue. O indivíduo mantém-se assintomático.

Início dos sintomas - emagrecimento, febre, maior susceptibilidade a infecções.SIDA - fase em que o sistema imunitário está muito enfraquecido pelo que já não consegue lutar contra infecções simples (infecções oportunistas) e tumores.

Existe cura?De momento não existe cura para a SIDA, no entanto existem tratamentos que atrasam o desenvolvimento da doença e o aparecimento de infecções oportunistas.

Evolução da infecção por HIV:

Autoras:Dr.ª Rita Durão, Dr.ª Bibia SantosBibliografia:

Report on the Global AIDS Epidemic, UNAIDS, 2008•Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infecção VIH/SIDA, Março 2007•Infecção VIH/SIDA – a situação em Portugal, Dezembro 2007•

3Início dos Sintomas

- Linfodenopatia difusa- Perda de peso- Infecções (febre, diarreia)

4SIDA

- Agravamento dos sintomas- Infecções Oportunistas- Tumores

1Período de

Janela

- 6 a 12 semanas- Sintomas ligeiros- Síndrome gripal

2Seropositivo

- Assintomático- Duração média de 10 anos

Capacidade de transmitir a infecção para outras pessoas

Anticorpos anti-HIV no sangue

HIV no Mundo

Um olhar sobre a SIDAA SIDA (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida) é uma fase da infecção pelo Vírus de Imunodeficiência Humana (HIV). Caracteriza-se por uma susceptibilidade maior do indivíduo a contrair determinadas infecções (infecções oportunistas). O HIV é um vírus linfotrófico, isto é, tem maior afinidade para o sistema imunitário, destruindo-o.

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Quinze | 9 Setembro . 2009

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Há quanto tempo está em Leiria?Estou há 40 anos na cidade de Leiria. É a capital do meu distrito! E a pastelaria, já a tem há muito?Trabalho aqui há 36 anos. Mas a casa tem 125 anos e, como pastelaria, está por aqui desde 1948.

Como é que veio parar a esta pastelaria?Eu era empregado bancário e, quando saí do Banco Espírito Santo, andava na rua a vender ovos. Ao vender ovos, um cliente aliciou-me para que eu viesse trabalhar com ele, como sócio para este estabelecimento. Desde então que trabalho aqui. Já lá vão 36 anos...

E a Leiria, como veio parar?Na minha terra, dizia-se que terra pequena nunca faz homem grande. E eu, como ambicionava ser grande, vim nessa ilusão.

Muita gente o chama de Sr. Santos. Porquê?Santos foi o senhor que veio para aqui em 1962 e era uma casa muito bem conceituada, muito visitada pelos leirienses e turistas. Então, mantivemos esse nome para que se preservasse a identidade do estabelecimento. Pode-nos falar da sua experiência no Ultramar?Quem tivesse 20 anos era chamado a defender as fronteiras de Portugal. Todos os homens válidos e, muitos deles, com alguma invalidez, eram chamados para as fileiras do exército para defender Portugal. O exército recrutava imensa gente para deixar para vós aquilo que vós não conseguis deixar para os outros.

Fez com gosto essa missão?Essas missões eram feitas com dificuldade porque nós deixámos cá os amigos, a família e íamos à espera da morte. Mas como nós

vivemos para além da morte, porque eu acredito que haja uma vida para além dela, eu fui para o Ultramar e gostei imenso de lá ir. Estivemos num território do leste angolano que era superior ao tamanho de Portugal, apenas com 700 homens a controlar aquela imensa região. Tal leva-nos a ter uma forma de pensar superior. Isso dá uma experiência de vida bastante enriquecedora.

Ficou com marcas?Ganhei muita experiência em termos de chefia e de comando. Tínhamos 7 meses de curso antes de irmos para Angola mas, no fim, estaríamos preparados para enfrentar este país porque Portugal é um pequeno canteiro, comparado com a dimensão de Angola. A guerra deu-me, a mim e aos outros, novos mundos e novos horizontes. Lá, aprende-se a amar Deus. Ali não havia pais, filhos, filhos, pais. Éramos só nós e só nós!

Apaixonou-se por África, portanto?Apaixonei-me. África é um sítio fantástico. Era bom que todos os que estão para nascer e todos os que estão para morrer passassem por África, para terem uma noção do que é aquela terra.

O que é que guarda com mais saudades de Angola? Desde tomar banho ao pé de jacarés, a

lavar roupa ao pé dos hipopótamos, são experiências únicas. Também me lembro de ir a Cacuaco, perto de Luanda, onde nos sentávamos durante a tarde a comer marisco e a beber cerveja.

Já falámos de Angola. Agora, quanto a Leiria, que sentimento tem por esta cidade?Leiria é a cidade onde eu pensei ter o meu futuro e, felizmente, tenho trabalhado por aqui, mas o sucesso tem sido muito pouco. O azar tem batido à porta e as coisas nunca correram bem. Simplesmente, é a capital do meu distrito, com a qual me identifico. Leiria é uma terra na qual precisava de haver dinamismo e, por isso, chamei as freguesias todas para homenagear aos heróis de Portugal que caíram pela pátria no século passado, na Guerra do Ultramar. Em 2008, procurei o nome de todos eles, pedi a ajuda de 22 Juntas de Freguesia deste concelho e, nessa situação, criámos um mausoléu para eternizar o nome dessa gente. No ano passado tivemos a inauguração e, este ano, as comemorações do 10 de Junho. Convidei todas as Juntas do Concelho e, delas, apenas apareceram a Freguesia de Leiria e a da Barreira, enquanto as outras 27 não apareceram. Acho que isto é falta de patriotismo e dignidade em ser leiriense.

10 | Quinze Setembro . 2009

Local de chegada: Pastelaria Santos. Lá dentro, as cores vivas das garrafas de licores misturavam-se com os pacotes de ervas medicinais. Costa Alves, mais conhecido por Senhor Santos, conversava com ex-combatentes do Ultramar. Com uma voz carregada de frustração, lamentava-se de uma cidade que esquecia os seus heróis, os homens que tombaram em terrenos africanos. Depois de algum tempo à espera a conversa começava. Entre pausas para tirar cafés e um “olá“ amistoso às pessoas que passavam na sua casa, Senhor Santos foi falando sobre a sua vida. Apesar de se lamentar de algum azar, não se arrepende de nada. Homem de ideias bem vincadas, Senhor Santos abriu o livro, sem medos nem segredos...

Gente da minha terra

Faço gosto em servi-lo!

Entrevista com Sr. SantosPor Fernando Sá Pessoa e João Gaspar

Quinze | 11 Setembro . 2009

A sua casa é conhecida quer pela sua longevidade, quer por algumas bebidas já muito populares, como é o caso do “subaru”. Pois, são bebidas que temos de imaginar para ser diferente...

Foi invenção sua?Sim, ainda há momentos fui lá dentro atender um senhor que pediu uma dessas bebidas.

Porque muitos jovens vêm aqui, correcto?Sim, sim, e felizmente, por um lado. Por outro lado, o álcool mata. E procuro, realmente, que as pessoas não bebam muito e tenham bom senso. Mas o mal disto, muitas vezes, é que as pessoas não começam a beber álcool, de tenra idade, em sua casa. Começam muito tarde a metê-lo no seu corpo, tendo então uma grande avidez. Depois, ingerem-no em grandes quantidades. Quanto a mim, se os adultos bebessem sempre um copo de vinho à refeição - porque as crianças devem beber um dedal - não aconteciam alguns excessos. Eu procuro que eles não aconteçam e que as pessoas saiam de nossa casa satisfeitas.

Mas, para mim, devia haver, em todas as casas, pão e vinho sobre a mesa. Porque, isso sim, é uma casa portuguesa.

E visto que vêm à sua casa muitos jovens, considera a sua pastelaria uma espécie de local de baptismo boémio?[Risos] Se quiserem considerar isso, a gente está cá para os servir. A nossa casa não modificou muito e os próprios clientes vão dizendo que mantemos a tradição.

Procura prolongar a filosofia originária, vendendo um pouco de tudo...Sim, a tradição eu procuro mantê-la. O senhor chega aqui, vem com qualquer ideia, e temos que lhe resolver o seu problema.

E quanto a segredos da casa?Trabalho, trabalho e trabalho! O segredo é trabalho.Mas sobre histórias que já cá se terão passado, recorda alguma em especial? Sim, há alguns episódios caricatos. Recordo um dia em que apareceu aqui um indivíduo que vinha já embriagado e que queria que lhe servisse mais álcool. Eu disse que não, mas ele insistiu e quase que me ia virando

uma vitrine. Então, tive que lhe abrir o extintor para cima, e só assim é que ele foi embora [risos]. Felizmente, deixou de cá aparecer. Faço por cumprir a lei, porque ela existe para isso mesmo. E as pessoas costumam ser tratáveis. Mas, quando não o são, ponho-as no olho da rua.

Disse, atrás, que poderá ter tido alguns azares na sua vida. Se voltasse atrás, mudava alguma coisa? Algo de que se arrependa?Não. Um homem, quando faz qualquer coisa, nunca se pode arrepender. Ou faz, ou não faz. A gente tem uma linha de conduta, e não nos podemos desviar dela, para termos a consciência tranquila. Não fiz nada errado, procurei o meu bem-estar e o de quem me rodeia, continuo a seguir isso e, portanto, não voltaria atrás em nada.

Trocava a sua pastelaria por alguma coisa na vida?Eu fui militar, e o senhor que me comandou deu-me um lema: “pronto para tudo”. Um homem, quando nasce, tem de estar pronto para tudo e, aquilo que for preciso fazer, eu estarei cá para fazer.

Mas sente-se-lhe muito ligado...Sim, sinto, porque, desde que nasci, o meu pai tinha uma mercearia em Figueiró dos Vinhos e, aí, habituámo-nos a viver com os clientes. Portanto, para nós, foi sempre a razão de estar na vida. Então, temos gosto em servir as pessoas. É o meu lema, como diz o pin que uso: faço gosto em servi-lo. É uma expressão errada, que alguém trouxe do Brasil, porque diz-se “tenho gosto em servi-lo”. Mas eu aproveitei-a, e faço mesmo gosto em servi-lo.

"Quando as pessoas não

me respeitam, ponho-as no olho da rua!"

12 | Quinze Setembro . 2009

Espaço CulturalDiferenças de Velocidade

agavetadopaulo.blogspot.com

Paulo KellermanELA (num tom algo hesitante): Suspeito que a felicidade, aquilo a que chamam felicidade, seja apenas isso. (Pausa breve.) A capacidade de sincronizar a nossa velocidade pessoal, o nosso movimento, com a velocidade do mundo. (Pausa breve. Num tom tímido, vacilante): Não achas?EU (pensativo, algo distante): Pode ser o oposto. Pode ser a capacidade

de abdicar do movimento, de reduzir a velocidade a nada. (Pausa breve.) Como durante o sono. (Sorrindo.) Não és feliz quando estás a dormir?

Esboço # 55 in agavetadopaulo.blogspot.comELA (tom pesaroso): Faz-me impressão ver homens jantarem sozinhos.(Ele ergue o olhar do prato e espreita a sala do restaurante; há dois casais, algumas famílias com crianças e três homens sós, mastigando lentamente enquanto olham para a televisão.)ELE (regressando ao seu peixe grelhado; tom sério, sem sombra de

ironia): Estão sós porque querem. (Cospe uma pequena espinha, sem grande elegância.) Deixam as mulheres em casa e fogem, que já não suportam olhar para elas.(Ela olha o marido, surpreendida; depois, baixa o olhar para o prato.)

www.fazer-avancar.com | [email protected]

Junta de Marrazes transplanta árvores da AFANo passado mês de Agosto a Junta de Freguesia de Marrazes mudou de sítio as árvores plantadas na Aldeia do Desporto pelos alunos do 3º ano da Escola Primária dos Marrazes no âmbito da iniciativa "Hoje plantei uma árvore" planeada pela Associação Fazer Avançar conforme foi noticiado na edição número 10 desta publicação. A Direcção da AFA apoia todas as iniciativas da Junta que sirvam para melhorar e embelezar o local mas lamenta esta mudança não planeada e espera que no final dos trabalhos todas as árvores voltem a ser colocadas no seu local original.

Março 2009 Agosto 2009

Quinze | 13 Setembro . 2009

Nuno Rancho lançou, em 2008, um projecto que despertou os ouvidos e a atenção de muita gente. “Unready Demo” é a maquete que divulgou a sonoridade singular de Nuno Rancho.

O botão é carregado. Play! Espera-se uns míseros segundos. A música vai saindo tímida das colunas. A guitarra limpa começa, construindo o esqueleto sonoro. A voz dá a pele e a carne à música, ditando letras agregadas a pensamentos reprimidos. Os caprichosos sons familiarizados com a electrónica saltam em ondas sonoras, compondo a estética do corpo musical de Nuno Rancho. A música é finalmente celebrada como um todo. Unifica-se a carne, a estética, o esqueleto. Os ligamentos não se desdobram em Nuno Rancho, prevalece a união. Plena e aguerrida. Uma união que leva a sua música para uma anatomia sonora onde

poucos chegam, onde poucos conseguem chegar. Será então errado celebrar este talento e afirmar que estamos perante um dos melhores artistas da música portuguesa? Decerto que não...

Made in Portugal

Nuno Rancho

João Gaspar

http://www.myspace.com/nunorancho

É complicado encontrar boas bandas na Argentina onde quase toda a qualidade musical reside em grupos que apostam no tango electrónico, que tanto sucesso teve com os franco-argentinos Gottan Project.

Los Alamos é uma surpresa muito agradável num país onde o rock alternativo é paupérrimo. Esta banda de Buenos Aires já tem 3 álbuns, mas ainda não deu o grande salto. Porém, o som que produzem merecia mais notoriedade. Guitarras melodiosas e sincronizadas a um ritmo completamente “azul”, toques de um banjo muito country e uma voz que marca a diferença, um misto de Johnny Cash com Leonard Cohen. Apesar da voz dar referência à banda argentina é também o seu ponto fraco, com demasiadas parecenças, em algumas canções, com Johnny Cash, dando a

impressão de estarmos na presença de um tributo ao pai do rockabilly.

Têm talento. Falta desprenderem-se das suas influências, demasiado vincadas nas músicas que produzem.

Volta ao mundo

Los Alamos (Argentina)

João Gaspar

http://www.myspace.com/losalamospace

Calendário

CinemaElegia20 Setembro | 15h3020 e 21 Setembro | 21H30

Teatro Miguel Franco

M/12

Mostra de Arte

Rabiscuits 200918 a 20 Setembro

Centro Histórico de Alcobaça

CinemaO Barco do Rock20 Setembro | 21h30

Cine-Teatro Actor Álvaro

M/12

CinemaO dia depois de amanhã21 Setembro | 15h30 e 21H30

Teatro José Lúcio da Silva

M/12

Cinema

Sacanas sem Lei24, 26 a 30 Setembro | 21H3026 e 27 Setembro | 15h30

Teatro José Lúcio da Silva

M/16

CinemaO Mensageiro dos Espíritos23 Setembro | 18h3023 a 25 Setembro | 21h30

Teatro Miguel Franco

M/16

Cinema/MúsicaMaria do Mar25 Setembro | 21h30

Teatro José Lúcio da Silva

Cinema

Transiberiano27 Setembro | 21h30

Cine-Teatro Actor Álvaro

M/16

CinemaLutador - A Lei das ruas25 a 27 Setembro | 21H30

Cine-Teatro de Monte Real

M/12

MúsicaVon Magnet no Festival Fade In 20093 Outubro | 22h00

Teatro Miguel Franco

Cinema

Duplo Amor27 Setembro | 15h3027 a 30 Setembro | 21h3030 Setembro | 18h30

Teatro Miguel Franco

M/12

ExposiçãoMáscaras da Ásia25 Setembro a 25 Janeiro

Edifício Banco de Portugal

MúsicaCouple Coffee26 Setembro | 21H00

Teatro Miguel Franco

M/12

MúsicaThe Dad Horse Experience no Festival Fade In 200926 Setembro | 23H30

Beat Club, Leiria

Teatro

Os monólogos da vagina17 Setembro | 21H30

Teatro José Lúcio da Silva

M/16

MúsicaMundo Cão noFestival Fade In 200918 de Setembro | 22h00

Teatro Miguel Franco

M/12

Cinema

Uma verdade inconveniente16 Setembro | 18H3019 e 22 Setembro | 21h30

Teatro Miguel Franco

M/6

Workshop

A musa Natureza - Ateliê de Escrita Criativa25,26 Setembro

Centro de Interpretação Ambiental

MúsicaCoro Juvenil de Mozart17 Outubro | 17H00

Teatro José Lúcio da Silva

M/3

por Sandra Duarte

14 | Quinze Setembro . 2009

?Estará Leiria a evoluir no sentido certo (centros comerciais, estádio vs. centro histórico degradado)

Por Pedro Pereira

«Na minha opinião, Leiria atrasou-se muito na reabilitação do centro histórico. Atingiu um nível preocupante embora se comecem a notar melhorias, nomeadamente na praça Francisco Rodrigues Lobo,

espaço este que considero dos mais bonitos do país com o seu enquadramento com o castelo. A nível da modernização, do que me é conhecido, concordo com a evolução e criação de espaços comerciais uma vez que além de requalificarem

partes da cidade, alteram substancialmente o “modus vivendi” da cidade. Recordo até o novo jardim projectado para a zona da Nova Leiria. Pena será que por razões conjunturais este processo se atrase.»

carlos MagalhãesBancário

«Penso que o conceito de desenvolvimento inerente a qualquer cidade pressupõe o cumprimento de diversas etapas que contemplam não apenas o investimento novo como a preservação dos testemunhos do passado mais visível no património e nos “cascos” históricos da cidade. No que respeita a Leiria, penso que

está a cumprir estas etapas de forma um pouco lenta porque cidades semelhantes já dispõem de estruturas e infra-estruturas, designadamente a nível comercial, que Leiria não tem. Em todas as cidades deparamo-nos com esta dicotomia “fazer novo” e “preservar o passado”. É fundamental caminhar paralelamente embora

reconheça que em relação aos centros históricos velhos e degradados, os desafios sejam bem mais complexos, não só com questões relacionadas com a restauração em si, mas também com os meios necessários para tal.»

Júlio órfão Director do Mosteiro da Batalha

«Sou de opinião que Leiria não está a evoluir nem no sentido certo nem no sentido errado. O Centro Histórico degrada--se, com algumas honrosas excepções como é o caso da praça Rodrigues Lobo, a Nova Leiria (na freguesia dos Marrazes) é um “jardim” de betão, o “novo” jardim (que já é

velho, por dele se falar há tantos anos), parece que não passa do papel, o estádio serve para gastar dinheiro aos munícipes. Depois de qualquer cidade do interior já os ter há anos, Leiria vai ter finalmente um Centro Comercial (ou será um “shopping”?) onde vamos poder ir passear aos domingos deixando

ainda mais vazio o centro da cidade. A conjugação dos novos espaços comerciais fechados com um espaço comercial aberto no centro histórico seria o ideal, mas como o dinheiro não abunda desde o Euro 2004...»

Manuel AndrinoRevisor Oficial de Contas

O Quinze anda à procura de saber o que pensam os leirienses da sua cidade. Compará-la, no bom e no mau, com outras capitais de distrito revela-se fundamental sobretudo numa altura de eleições. Analisamos leiria à lupa através de opiniões de leirienses que ocupam cargos de destaque nas mais variadas áreas enriquecendo assim a opinião pública. Hoje o Quinze trata uma questão que muita polémica tem causado nos últimos anos. Pomos frente-a-frente os investimentos em infra-estruturas comerciais tão desejadas com a necessidade de restaurar o nosso importante património histórico. Vamos ver o que acham os leirienses.

Leiria à Lupa

Quinze | 15 Setembro . 2009

Sudoku! Coloque em cada espaço um algarismo de 1 a 9 de forma a que, em cada linha, em cada coluna e em cada quadrado em destaque de 3x3 espaços, estejam todos os algarismos de 1 a 9, sem repetições.

HoróscopoCarneiro

Carta do Mês: O Dependurado, que significaSacrifício.Amor: Poderá ser invadido pela saudade, viva mais focado no presente. A felicidade espera por si, aproveite-a!Saúde: Procure fazer uma vida mais salutar. Cuidar da sua saúde não é uma questão de querer. É um dever. Dinheiro: Esta não é uma boa altura para investir nos negócios.Número da Sorte: 12Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 11

Touro

Carta do Mês: 2 de Ouros, que significaDificuldadeouIndolência.Amor: Dê mais atenção à sua família. Ela também necessitade si. Que o Amor seja uma constante na sua vida!Saúde: Poderá ter dificuldadesem dormir. Dinheiro: Se pretende abrir um negócio não o faça já. Espere por dias melhores.Número da Sorte: 66Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 12

Gémeos

Carta do Mês: A Papisa,quesignificaEstabilidade, Estudo e Mistério.Amor: É uma boa altura para os nativos solteiros iniciarem um relacionamento estável. Procure intensamente sentimentos sólidos e duradouros, espalhando em seu redor alegria e bem-estar!Saúde:Odescansoeoexercíciofísico são fundamentais paraconseguir aguentar a pressão exercida sobre si durante este mês.Dinheiro: Planifique a sua vidaprofissional para que possa sermais organizado e rentabilizar o seu trabalho.Número da Sorte: 2Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 13

CaranGuejo

CaranguejoCarta do Mês: Cavaleiro de Paus, que significa Viagem longa,Partida Inesperada.Amor: Ponha as cartas na mesa e evite esconder a verdade. Enfrente os seus medos e as suas dúvidas e será feliz!Saúde: É possível que se sintapsicologicamente esgotado. Descanse mais.Dinheiro: É possível que tenhaalguns problemas com o seu patronato. Número da Sorte: 34Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 14

Leão

Carta do Mês: Morte, que significaRenovação.Amor: Esqueça o seu passado afectivo e parta em direcção à felicidade. Que o futuro lhe seja risonho!Saúde: Andará mais impaciente nesta altura.Dinheiro: Financeiramente tudo se apresenta estável.Número da Sorte: 13Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 15

VirGem Carta do Mês: A Estrela, que significaProtecção,Luz.Amor: Altura ideal para efectuar a mudança que tanto necessita de fazer. É tempo de um novo recomeço!Saúde: Canalize a sua energia para actividades de lazer. Faça apenas aquilo que realmente gosta.Dinheiro: Esforce-se por aumentar os níveis dos seusrendimentos, para conseguir melhorar a sua situação económica.Número da Sorte: 17Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 16

BaLança Carta do Mês: 8 de Paus, que significaRapidez.Amor: Evite as discussões com alguém que lhe é muito querido. Agora é tempo para desenvolver a paciência e a vontade de partilhar.Saúde: Previna-se contra gripes. Dinheiro: Dê mais valor ao seu trabalho, e só terá a ganhar com isso.Número da Sorte: 30Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 17

esCorpião

Carta do Mês: Valete de Ouros, que significaReflexão,Novidades.Amor: Poderá ser surpreendido pelo seu par. Aproveite a surpresa. Viva o presente com confiança!Saúde: Tente manter a calma, pois o seu sistema nervoso anda um pouco frágil.Dinheiro: Este é um momento favorável, aproveite para fazer o que já tinha planeado.Número da Sorte: 75Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 18

saGiTário

Carta do Mês: 10 de Ouros, que significaProsperidade, Riqueza e Segurança. Amor: Saiba desculpar e pedir desculpa. O seu par apreciará a sua atitude. Siga a sua intuição, siga o caminho do amor!Saúde: Faça mais exercíciofísico. Olhe mais pela suacirculaçãosanguínea.Dinheiro: Tente poupar algum dinheiro. Mais tarde poderá precisar dele. Número da Sorte: 74Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 19

CapriCórnio

Carta do Mês: O Carro, que significaSucesso.Amor: Mês de grande harmonia entre o casal. Aproveite ao máximo os momentos de alegria para agradecer a Deus tudo o que tem!Saúde: Modere o seu estado de ansiedade. Dinheiro:Êxitosanívelpessoaleprofissional.Número da Sorte: 7Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 20

aquário

Carta do Mês: A Temperança, que significaEquilíbrio.Amor: Sentirá a necessidade de fazer alguns sacrifícios paramanter o bem-estar familiar. Rejeite pensamentos pessimistas e derrotistas. Dê mais de si.Saúde: Tendência para sentir uma ligeira indisposição que o conduzirá à redução do seu ritmo diário. Dinheiro: Poderá ter as condições necessárias para se dedicar a um projecto deixado na gaveta. Número da Sorte: 14Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 21

peixes

Carta do Mês: 7 de Espadas, que significa Novos Planos,Interferências.Amor: Sentir-se-á liberto para expressar os seus sentimentos e amar espontaneamente. Que o Amor seja uma constante na sua vida!Saúde: Estará melhor do que habitualmente.Dinheiro: Boa altura para pedir aquele aumento ao seu chefe.Número da Sorte: 57Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 22

deScubra aS diferençaS!Aparentemente as duas imagens são iguais, mas na realidade têm 5 diferenças. Consegue descobri-las?

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Jogo

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Setembro . 2009 Quinze | 16

Desporto

ccrD burinhosa e AFA, mais que uma parceriaDepois de dois anos com resultados muito positivos (subida à 1ª Distrital e subida à Divisão de Honra) a Burinhosa prepara-se para mais uma época e promete esforço e dedicação. Na passada Sexta-feira, dia de apresentação para a época que se avizinha, a formação da Burinhosa convidou a equipa da Académica de Coimbra para um particular, na qual se registou um belo espectáculo e uma bela moldura humana. O resultado fixou-se no minuto final 1-3 com natural superioridade da Académica de Coimbra comandada pelo Prof. Tó coelho.A população satisfeita com os resultados das épocas anteriores continua a dar garantias de apoio para os jogos que se avizinham. De

facto, na Burinhosa, embora o preço dos bilhetes sejam ao preço "que o Sr. quiser dar" o futsal é de qualidade e as bancadas estão sempre cheias.Este clube que tem mostrado à região que o amor à camisola, a humildade e a decência também fazem equipas vencedoras celebrou esta época uma parceria com a Associação Fazer Avançar que consiste em ter o seu logótipo no equipamento, dando assim um contributo importante na divulgação desta entidade sem fins lucrativos, constituída por jovens cujo dinamismo e atitude participativa já foram demonstrados em tão curto espaço de tempo de existência e com iniciativas previstas e objectivos que vão ao encontro das necessidades sociais e ambientais da região

Antevisão da temporada 2009/2010 Chegada a nova temporada, é altura de fazer uma projecção ao que podem render os «grandes» do futebol nacional e ainda a U. Leiria, nesta época de regresso ao escalão maior do futebol português.

FC Porto Sporting Benfica U. Leiria

Os portistas sonham repetir o feito alcançado entre 1994/1995 e 1998/1999 e o seu treinador sonha com algo que nenhum técnico português conseguiu até hoje: vencer o campeonato quatro vezes seguidas. É bom referir que seja qual for a classificação final, Jesualdo Ferreira ficará para sempre na história do FC Porto. É natural dizer que os dragões são favoritos a ganhar a Liga, não só porque são os actuais campeões, mas também porque as saídas de Lucho (Marselha) e Lisandro (Lyon) parecem ter sido bem compensadas. O defeso mostrou que o estilo de jogo que possibilitou uma segunda parte de campeonato excepcional mantém-se. Para além disso, a melhor adaptação de Hulk, a evolução de Fernando e o facto de jogadores como Varela (E. Amadora) e Belluschi (Olympiakos) se terem imposto rapidamente jogam a favor do clube nortenho.

Confirmadas as permanências de Bruno Alves e Fernando (pelo menos até Janeiro), apenas um Benfica e um Sporting fortíssimos poderão dar luta a este dragão.

Ser segundo quatro vezes seguidas pode ter diferentes interpretações. Olhando para o dinheiro gerado pela Liga dos Campeões, é bom. Mas como os adeptos olham sempre para os resultados, Paulo Bento tem de fazer qualquer coisa para inverter a situação. Uma meta que ele assumiu como importante para os dois anos do seu novo vínculo com os leões. No entanto, olhando para o plantel, não se vislumbra tarefa fácil fazer frente ao Benfica e ao FC Porto. A aposta na continuidade é boa, mas apenas se a equipa evoluir. É precisamente neste aspecto que, pelo que se viu na pré-época e início de época, os resultados demoram a aparecer. Matías Fernández (Villarreal), Caicedo (Manchester City) e Angulo (Valência) são os reforços mais sonantes, tendo ainda regressado de empréstimos André Marques (V. Setúbal) e Carlos Saleiro (V. Setúbal/Académica). Os dirigentes entendem que «Liedson vale por cinco». Até quando não puder aguentar a pressão...

As águias entram para 2009/2010 com um novo treinador, Jorge Jesus (Sp. Braga), tendo este afirmado logo que quer ser campeão. Obviamente! Apenas faz sentido dizer esta coisa quando se treina um clube com o prestígio dos encarnados, estando o novo timoneiro benfiquista consciente do desafio que tem pela frente. Pode não conseguir o objectivo, mas sabe que apenas pode lutar pela liderança. A equipa foi bem reforçada e este defeso mostrou que também foi bem trabalhada. Realisticamente, o Benfica parece ser o principal adversário do FC Porto na luta pelo título. Anteriormente, os jogadores jogavam ao seu próprio ritmo; agora trabalham no mesmo sentido, sabendo cada um o que tem de fazer nas quatro linhas, como se fizessem parte de um «exército». Com o valor de nomes sonantes como a dupla Saviola/Javi García (Real Madrid), Keirrison (Barcelona), Ramires (Cruzeiro), César Peixoto (Sp. Braga) e Felipe Menezes (Goiás) as expectativas serão mais elevadas. Na teoria, este plantel tem argumentos para lutar «taco a taco» pelo campeonato até ao final.

A temporada passada foi complicada e a subida conseguida ao «soar do gongo». Mais uma promoção para o currículo de Manuel Fernandes. Mas as últimas passagens do técnico pelo campeonato principal, orientando Santa Clara e Penafiel, não foram famosas. De resto, em 2004/2005 esteve apenas duas rondas no comando da formação penafidelense. Assim, é difícil prever o que a U. Leiria irá fazer esta época. A maioria dos jogadores que faziam parte do plantel permaneceu na cidade do Lis, mas isso não assegura desde logo um bom rendimento colectivo. Jogar para subir de divisão na Liga Vitalis é uma coisa; lutar pela manutenção na Liga Sagres é outra totalmente diferente. Analisando a equipa por sectores, constatamos que no defensivo somente Hugo Gomes (E. Amadora) e Ronny (Sporting) conhecem bem a realidade do primeiro escalão (45 e 38 partidas antes de 2009/2010, respectivamente). No intermediário, exceptuando o regressado Silas (Belenenses) e Elias (V. Setúbal), com 195 e 133 jogos disputados na elite futebolística nacional até este campeonato, o jogador mais experiente é também oriundo da Reboleira: Vítor Moreno, com 53 desafios realizados na principal montra do futebol português no final de 2008/2009. Muito do destino leiriense nesta competição dependerá do que as principais referências atacantes (Cássio e Carlão) conseguirem mostrar num grau de exigência bem maior.

por João Gouveia