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Ribeiro Netto, como era conhecido entre nós, foi um grande mestre e se despontou como um dos mais importantes cirurgiões torácicos brasileiros. Filho do dentista Antonio Ferreira Ribeiro da Silva Filho e de Ruth de Castro Ribeiro da Silva, era natural de São João Del Rey (Minas Gerais) e foi para o Rio de Janeiro aos dois anos de idade para ser, não somente um grande cirurgião, mas, sobretudo, um grande homem. Pág. 4 Em reconhecimento... JORNAL Ano 2 - Edição 3 - setembro de 2011 Bioéca E stá bem determinada hoje a normava contra o excesso terapêuco em pacientes portadores de doenças crônicas terminais por meio da Resolução 1.805/06 do Conselho Federal de Medicina do nosso país, publicada no D.O.U., dia 28 de novembro de 2006: “na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente, garanndo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na perspecva de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente ou de seu representante legal”. Pág. 5 Eu já falei !!! Tem que juntar todo mundo !!! A gente tem que se unir !!! Pra brigar com eles !!! Se não, não dá !!! jornal SBCT A4 trimestral_edição5.indd 1 22/09/11 10:41

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Ribeiro Netto, como era conhecido entre nós, foi um grande mestre e se despontou como um dos mais importantes cirurgiões torácicos brasileiros. Filho do dentista Antonio Ferreira Ribeiro da Silva Filho e de Ruth de Castro Ribeiro da Silva, era natural de São João Del Rey (Minas Gerais) e foi para o Rio de Janeiro aos dois anos de idade para ser, não somente um grande cirurgião, mas, sobretudo, um grande homem. Pág. 4

Em reconhecimento...

JORNALAno 2 - Edição 3 - setem

bro de 2011

Bioética

Está bem determinada hoje a normativa contra o excesso terapêutico em pacientes portadores de doenças crônicas terminais por meio da Resolução 1.805/06 do Conselho Federal de Medicina do nosso país, publicada no D.O.U.,

dia 28 de novembro de 2006: “na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e tratamentos que prolonguem a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na perspectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente ou de seu representante legal”. Pág. 5

Eu já falei !!!Tem que juntar todo mundo !!!

A gente tem que se unir !!!Pra brigar com eles !!!

Se não, não dá !!!

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA TORÁCICA

DIRETORIA - Presidente: ROBERTO SAAD JÚNIOR - Vice- Presidente: RUI HADDAD - Secretário Geral: MÁRIO COSTA GESTEIRA -

Tesoureiro: JORGE MONTESSI - Secretário Científico: JOSÉ DE JESUS PEIXOTO CAMARGO - Secretário de Assuntos Internacionais: JOSÉ

RIBAS MILANEZ DE CAMPOS

JORNAL DA SBCT - Editor Responsável: LUIS CARLOS LOSSO - Editor Adjunto: MARIO CLAUDIO GHEFTER - Editor Adjunto: LUIZ

CARLOS FILGUEIRAS LEIRO - Jornalista Responsável: ANA ELISA NOVO m.t.b 41871/SP - Assistente Editorial e Diagramação: FELIPE

MESTIERI ONOFRIO

Secretaria: Av. Paulista 2073 Horsa I cj. 518 São Paulo/SP - CEP 01311-300 Fone/fax: (11) 3253-0202

www.sbct.org.br [email protected] [email protected]

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da SBCT.

Impressão: Editora Atheneu Periodicidade: Trimestral Tiragem: 1.000 exemplares

Caros colegas,

O Jornal da SBCT completa neste novo formato, um ano de vida. Um aniversário certamente muito comemorado por nós, editores, como o de um filho querido que está crescendo e procurando seu espaço. Mas também merecem comemorar todos aqueles que participaram de forma direta ou indireta, colaborando para que trimestralmente pudéssemos levar conteúdo de qualidade aos sócios desta entidade.

É inegável que o nosso primeiro ano foi marcado pela busca da identidade do Jornal da SBCT, uma identidade ainda em construção. E a sua participação neste processo se torna fundamental. Para isso, esperamos receber críticas e sugestões de temas, artigos e assuntos que possam interessar ao colega cirurgião torácico.

Nos próximos aniversários, nossa principal meta é de que este ambicioso projeto de criar um jornal que leve informação e diversão ao leitor, seja, sobretudo, uma importante ferramenta no sentido de congregar a todos os associados

Os Editores

COTA BRONZE

E d i t o r i a l - a n o 2 e d i ç ã o 3

Página 2 - Setembro de 2011

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Mensagem do

Presidente

Setembro de 2011 - Página 3

Roberto Saad Jr.

É claro que a Diretoria de uma Sociedade Brasilei-ra tem que ser dinâmica: procurar problemas e

encontrar soluções, propor idéias novas e operaciona-lizá-las, ter metas e atingi-las. Nada de mais, afinal, essa é nossa obrigação como diretores da Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica. Ocorrerão erros, ocorrerão acertos. E garantimos muito mais acertos do que erros. Não podemos contemplar, temos que agir. São ATITUDES.

Mas, acima de tudo temos plena consciência de que uma Sociedade é constituída principalmente por sócios e não somente pela Diretoria. Sabemos também que as ideias destes mesmos sócios são, muitas vezes, superiores às propostas da Diretoria. Não raro verificamos que muitas ações isoladas e praticadas por sócios obtiveram o sucesso desejado. Daí a necessidade do envolvimento de todos nós. Mandar e-mails, elogios, críticas, artigos para o nosso jornal e organizar jornadas também são atitudes bem vindas.

A função da Diretoria nestas situações é a de um órgão facilitador das demandas. Não podemos negá-las e nem tão pouco atrapalhar. Temos, isso sim, que dar crédito a estas ações. É o nosso dever!

Quero citar alguns exemplos:

1- Colaboração do Dr. Roger Normando enviando um artigo para esta edição do jornal.

2- Organização do 30 Simpósio de Cirurgia Minima-mente Invasiva de Pulmão e Esôfago, simpósio pro-movido pelos sócios, Dr. Carlos Alberto Araújo, Dra. Paula A. Ugalde e Dr. Sergio Tadeu Fortunato Pereira.

3- Organização do Congresso de Trauma do Rio de Janeiro ao lado do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e da Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Trauma, evento proposto pelo Dr. Fernando César David e outros integrantes da Comissão de trauma da SBCT.

4- Proposta da Dra. Paula A. Ugalde em realizar Cursos de Vídeo Cirurgia para residentes.

5- Proposta do Dr. Luis Carlos Losso para criação da Escola Brasileira de Cirurgia Torácica.

6- Proposta do Dr. José Camargo para indexação da nossa revista.

E muito mais! Isso é COLABORAÇÃO!

A Diretoria agradece este empenho e desejamos muito que esta filosofia assim se perpetue. Somos todos nós os responsáveis pelo sucesso da SBCT

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O Dr Ribeiro Netto, como era conhecido entre nós, foi um

grande mestre e se despontou como um dos mais importantes cirurgiões

torácicos brasileiros. Filho do dentista Antonio Ferreira Ribeiro da Silva Filho e de Ruth de Castro Ribeiro da Silva, era natural de São João Del Rey (Minas

Gerais) e veio para o Rio de Janeiro aos 2 anos de idade para ser, não somente um

grande cirurgião, mas, sobretudo, um grande homem. Cursou a Faculdade Nacional (Praia Vermelha), hoje UFRJ, e

formou-se em 1953 com méritos por seu brilhantismo. Ao se graduar, trabalhou no Hospital São Sebastião (Pavilhão Clemente Ferreira) com o renomado médico Arnaldo Neves. Em seguida, foram 12 anos na Maternidade Alexandre Flemming, de onde foi convidado para cirurgião geral no Hospital dos Servidores do Estado. Trabalhou também como cirurgião geral no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Três Rios (RJ).

Assim, atuou inicialmente na cirurgia da tuberculose e, ao mesmo tempo, se apaixonou pela cirurgia do trauma, tendo chefiado por 40 anos o Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Souza Aguiar. No início da década de 90, convidado por DeLarue e Eschapasse para escrever um capítulo na coleção denominada International Trends in General Thoracic Surgery, apresentou, com a simplicidade que lhe era característica, uma casuística de 3.709 feridas penetrantes do tórax, uma das maiores do mundo.

Seus casos eram anotados um a um e metodicamente fotografados, originando slides – alguns deles inacreditáveis. Muito bom desenhista, sempre fazia uma figura - síntese que ajudava na memorização da experiência ligada a uma determinada lesão. Tinha o hábito de levar consigo um pequeno livro de bolso com capa preta e a máquina fotográfica. Para cada doente uma página, e em cada página, a respectiva figura representativa. Em frente ao paciente, muitas vezes, abria o livro para recordar ou acrescentar um dado ou outro, o que fez, certa vez, um doente comentar: “O Dr. Ribeiro é muito religioso, pois ele sempre traz a Bíblia.”

Em 1980 ingressou na carreira acadêmica na Faculdade de Ciências Médicas da UERJ onde fez sua Livre Docência. A tese versou sobre uma técnica cirúrgica por ele criada e muito reconhecida na cirurgia para tratamento de câncer de pulmão invasor da parede torácica: “A Gaiola de Passarinho de Ribeiro Netto”.

O Dr Rodolfo Acatauassu Nunes, um dos seus melhores amigos e integrante de sua equipe, relata: “Como cirurgião, poucos o superariam na extensão de sua prática cirúrgica. Operava com proficiência um hematoma subdural, uma cesariana, uma revisão de mamoplastia feita por outrem, uma comissurotomia mitral de urgência sem extracorpórea, uma cirurgia de aneurisma de aorta, uma osteossíntese de clavícula, uma icterícia obstrutiva por coledocolitíase, uma esofagectomia radical de Skinner, uma pneumonectomia com carinectomia ou uma ressecção de esôfago por Cirurgia Torácica Vídeoassistida, em uma época em que a colecistectomia laparoscópica estava apenas começando”.

Formou outros cirurgiões que atualmente se destacam

e chefiam serviços de cirurgia de hospitais nacionais e internacionais.

Um dos grandes marcos de sua dedicação à Medicina foi a atenção especial dada a todos os pacientes, em especial a aqueles mais necessitados que o procuravam nos hospitais e em seu consultório particular, tratando-os sempre com muito carinho. Foi um cirurgião habilidoso, simples e sempre disponível a ajudar outros profissionais “em apuros”.

Era incansável em realizar cirurgias (em qualquer hora) e gostava de desafios. Quanto mais difícil era o caso mais o fazia gostar daquele paciente. Quando seu auxiliar estava exausto e “pestanejava” ele chamava a atenção com a expressão: “Acorda Patativa!” (Patativa = pássaro com hábito de dormir mesmo de dia). Era realmente difícil para nós, auxiliares, acompanharmos seu ritmo, com várias operações em um dia apenas e em vários hospitais!

Este seu perfil de cirurgião extremamente dedicado aos pacientes, com um grande conhecimento científico (visitou os maiores centros internacionais de cirurgia torácica) e busca constante da perfeita técnica cirúrgica, tudo isso o fez muito conhecido na área médica e serviu de exemplo para vários profissionais que o conheceram e/ou o seguiram.

Além da habilidade cirúrgica, a sua facilidade em se adaptar a novas técnicas era fabulosa. Isto ocorreu com a vídeocirurgia. No início dos anos 90, trouxe toda a aparelhagem do exterior e, junto com seus auxiliares, carregava o equipamento por vários hospitais realizando os mais diversos tipos de cirurgia por este novo método.

Sua esposa, Sra. Marta, e seus dois filhos, Márcia e Carlos Eduardo, contam que sentem sua ausência no lar, mas se orgulham muito da pessoa que foi o Dr. Ribeiro Netto, da sua dedicação aos pacientes. Relatam também que a sua presença em determinadas situações foi salvadora para aquele ser humano que estava agonizando.

O amigo, Dr. Rodolfo Acatauassu Nunes, lembra: “Era também um excelente professor, suas aulas, magníficas, sempre com desenhos esclarecedores e detalhes técnicos, fruto de sua experiência pessoal, faziam a diferença. Desvendava assuntos extremamente complexos de uma forma tão clara que os fazia parecer simples. Amigo, sincero, generoso e prestativo, não conhecia a preguiça. Não inventava desculpas ou fazia adiamentos. Era capaz de partir para outra tarefa após um procedimento de 12 horas com a mesma disposição”.

O Dr. Ribeiro Netto foi um amante da sua profissão, vivendo para amenizar o sofrimento dos seus doentes com carinho, dedicação e dignidade, um grande ícone na formação e no exemplo para muitos médicos cirurgiões e não-cirurgiões.

Ele precocemente nos deixou no auge de sua carreira, aos 65 anos (16/04/1995). Ficaram muitas saudades e uma grande esperança de termos um maior número de médicos seguidores de uma Medicina mais dedicada aos valores da vida

Eduardo SaitoProfessor Adjunto e Coordenador da Disciplina de Cirurgia Torácica da Faculdade de Medicina da UERJMembro Titular da SBCT e do CBCMestre e Doutor em Cirurgia Torácica pela UFRJ

Antônio Ferreira Ribeiro da Silva NettoE M R E C O N H E C I M E N T O . . .Página 4 - Setembro de 2011

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Está bem determinada hoje a normativa contra o excesso

terapêutico em pacientes portadores de doenças crônicas terminais por meio da Resolução 1.805/06 do Conselho Federal de Medicina do nosso país, publicada no D.O.U., dia 28 de novembro de 2006, seção I, pág. 169 (e facilmente encontrável na internet no site www.jurisway.org.br), de modo que “na fase terminal de enfermidades graves e incuráveis é permitido ao médico limitar ou suspender procedimentos e trata-mentos que prolonguem a vida do doente, garantindo-lhe os cuidados necessários para aliviar os sintomas que levam ao sofrimento, na pers-pectiva de uma assistência integral, respeitada a vontade do paciente ou de seu representante legal”.

No entanto, o conceito de Qualida-de de Vida (QV) no paciente terminal está fortemente atrelado às circuns-tâncias que envolvem o ser humano, nos momentos que antecedem o enfrentamento do seu maior desafio: a perspectiva da morte, e o medo e a incompreensão que usualmente a cercam.

A grande questão que se coloca é aquela que inexoravelmente envolve os atores deste rito de passagem: o paciente com sua doença, a família, os amigos com sua imobilidade angustiada e os profissionais de saúde com o dilema do limite de sua participação no episódio da termina-lidade da vida.

Talvez valesse a pena, então, tentar discriminar hierarquias de valores em termos de “valores supremos”.

Os primeiros e mais importantes “valores supremos” dizem respeito ao próprio paciente: sua autonomia e seu direito à dignidade. Enquanto ente autônomo, o paciente detém todas as decisões a respeito de si mesmo e, como todo indivíduo é único, não é possível prever como cada um reagirá diante da inevitabi-lidade do desfecho de sua doença e de sua vida. Pode ser que, em sua fragilidade, ele até mesmo abra mão da autonomia em relação aos deta-lhes da doença e de sua real condi-ção, e entregue-a ao médico e aos familiares (o que não deixa de ser

um ato autônomo e, portanto, deva ser respeitado). Pode ser que rejeite frontalmente a percepção da iminên-cia da morte e deseje ser mantido vivo a qualquer custo. Pode ser que compreenda e aceite o inevitável e se prepare para ele. Exceto por seu direito inalienável aos cuidados que suprimam a dor e o desconforto físico, a postura do paciente em relação à percepção do fim da vida que se avizinha diz respeito apenas à sua própria individualidade e é incontestável, não havendo argumen-to da família ou do médico que lhe negue as informações necessárias para sua compreensão.

Tal espectro de comportamentos e posturas do paciente está eviden-temente vinculado aos seus próprios “valores supremos”, particularmente àqueles de ordem espiritual, moral e de percepção da vida e de si mesmo. Mesmo dentro das máquinas de viver e morrer, que são as Unidades de Terapia Intensiva modernas com todo seu aparato biotecnológico, tais questões devem estar sempre contempladas 1.

Outro aspecto a ser considerado é o papel do círculo familiar e dos amigos no processo de adoecimento inexorável que acomete o pacien-te. A transferência do medo e da ansiedade que ele gera é fator que usualmente contamina o espaço vital que envolve a relação do pa-ciente com o profissional de saúde, podendo interferir na implementação de cuidados de final de vida e nas decisões para limitação de suporte de vida 2. Por outro lado, quando o paciente não possui mais condições de autonomia, a mesma passa a ser prerrogativa da família, devendo-se, então, transferir para esta todos os direitos descritos, respeitando-se, portanto, os valores supremos fami-liares e passando a compreender o adoecer e a morte como construção psicossocial 3.

O derradeiro coadjuvante do drama que se desenrola é o profis-sional de saúde que se coloca de permeio ao universo paciente-famí-lia, sem ter conhecimento das rela-ções estabelecidas, sendo, muitas vezes, mero técnico que, com seu

conhecimento setorizado, pretende recompor um paradigma relacional já desfeito ou em vias de se desfazer. Há que se considerar sempre, na participação dos técnicos, o papel relevante da enfermagem, que frequentemente é quem estabelece um espaço de conforto para todos ao reconhecer os diferentes níveis de sofrimento orgânico e emocional.

Finalmente (e evidentemente), o atendimento pronto aos sintomas de dor e desconforto deve ser sempre paradigmático e “valor supremo” para a equipe de saúde, já que seu alívio é determinante na qualidade de vida dos pacientes 4

Abrão RapoportLivre Docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Hospital Heliópolis

(São Paulo-SP)

Ricardo Pires de SouzaDoutor em Medicina pela Universidade de São Paulo e Radiologista do Hospital Heliópolis (São Paulo-SP)

_________________________

1 SOUZA, R.P. Máquinas de Viver e Morrer, in Côrte, B. e col (org): Velhice, Envelhecimento e Complex(idade), São Paulo, Vetor, 2005.2 SOARES, M. TERZI, R.G.G., PIVA, J.P. Série Temática – Terminalidade da Vida e Cuidados de Final de Vida na Unidade de Terapia Intensiva, RBTI, 19(3):357-8,20073 COLOVAN, NT, CORRÊA, C.L., HOFFMAN-HOROCHOVSKI, M.T., MURATA, M.P.F. Quando o vazio se instala no ser: reflexões sobre o adodecer o morrer e a morte, Ver. Bioética, 18(3):561-71, 20104 HERMANN, C.P., LOONEY, S.W. Determinants of Quality of Life in Patients Near the End of Life, Oncol Nurf Form, 38(1):23-31, 2011

Setembro de 2011 - Página 5

Fatores determinantes na qualidade de vida no paciente terminal

Bioética

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COTA BRONZE

V I S Õ E S

Um dos assuntos mais atuais e tema frequente de conver-sas e palestras das áreas de RH e gestão de pessoas é,

sem dúvida, a identificação, atração e retenção de talentos. Nunca, como nos dias atuais, se falou tanto sobre este tema.

Entretanto, no meu entender, existe certa confusão entre a palavra talento e as outras duas que dão título a este texto. A primeira é DOM (do latim donu), que significa presente, dádiva. É algo inato, que nasce com a pessoa. É aquele “algo especial” que lhe permite realizar uma determinada tarefa com extrema facilidade. Geralmente é mais observa-do nas artes e nos esportes.

Para os antigos romanos, cada ser humano nasce com um dom, uma determinada capacidade que lhe foi ofertada por Deus, um presente divino. Para citar apenas um exem-plo, lembro de Pelé, cujo dom era jogar futebol.

A segunda palavra é TALENTO (do latim talentum; do gre-go tálanton). Na Grécia Antiga, tálanton era uma moeda de ouro ou prata e também uma medida de peso. Um talento (tálanton) era igual a 60 minas que, por sua vez, equivaliam a 100 drachmas. Como cada drachma variava entre 4,5 a 6 gramas de ouro ou prata, um talento variava entre 27 a 36 gramas de ouro ou prata.

Mais tarde, esta unidade foi adaptada ao sistema mone-tário romano. O talento era a moeda dos tempos de Jesus, o Cristo. E foi através de uma de suas parábolas, descrita no evangelho de Mateus (Mt 25:14-30) que talento passou a significar uma habilidade humana. O talento, como habilida-de humana, é desenvolvido através de treino, determinação, persistência, disciplina, obstinação, etc. É pelo talento que aprimoramos o nosso dom, tornando-nos capazes de realizar tarefas que, além de trazer resultados, nos tornarão distintos, diferentes, “não-ordinários”, extraordinários.

E aqui também se incluem leituras, pesquisas, frequência a cursos, congressos, workshops para aprimorar o conheci-mento e as habilidades. Falaremos sobre isso mais adiante.

Voltemos ao exemplo de Pelé, que tinha o dom de jogar futebol. Por que Pelé se tornou um talento? Porque treinava, treinava e treinava. E, por seus dribles inesquecíveis, joga-das de mestre e gols de placa, fizeram com que recebesse o título de Atleta do Século XX, inicialmente pela revista

francesa L’Equipe (1980) e depois pelo Comitê Olímpico Internacional (1999).

Daiane dos Santos, Albert Einstein, Michael Jordan, Pavarotti, Tiger Woods, Santos Dumont, Silvio Santos... Todos eles, assim como eu e você, tê um dom que, ao ser desenvolvido, é transformado em talento. É isto que faz as pessoas serem conhecidas e reconhecidas. O dom e os talentos transformam a pessoa comum na pessoa certa, no lugar certo e na hora certa.

A terceira palavra é VOCAÇÃO (do latim vocare), que significa chamamento, ato de chamar. É aquela voz interior, que vem da alma. É a voz que nos diz o devemos fazer: a que nos ajuda a tomar a decisão mais acertada (intuição??); a que faz com que sintamos prazer em realizar determinada tarefa e, enquanto a fazemos, ela se torna fácil, por mais árdua que seja.

Quem segue sua vocação, não trabalha se diverte, pois encontrou a razão, o significado, para tal. Quem segue sua vocação, tem sempre um brilho no olhar, desde o início até o fim de seu trabalho. Quem segue sua vocação, nunca está cansado, está sempre disposto física e mentalmente. Quem segue sua vocação, renuncia a muitas coisas para ser feliz. Como Sidarta Gautama, o Buda, um príncipe que renunciou a toda a sua riqueza para divulgar suas idéias e sua filosofia de vida. Quem segue sua vocação, está sempre motivado e tem energia para vencer e superar os mais difíceis desafios.

Quem segue sua vocação descobre, pelo autoconheci-mento, sua missão de vida. Aquele que tem consciência do seu dom, aprimora-o pelos talentos e segue sua vocação transforma-se, como afirma Robert Wong, na pessoa certa, na hora certa, no lugar certo mas com a razão certa.

E tudo isso, certamente, fará com que esta pessoa usufrua de maior qualidade de vida, pois estará sempre feliz com o que faz

Luiz Roberto FavaCirurgião-dentista, especialista em EndodontiaDiretor Geral da Fava Consulting e Consultor da ICI Capital Humano

Dom, Talento e Vocação

Página 6 - Setembro de 2011

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Setembro de 2011 - Página 7

A evolução, o treinamento e a perspectiva

Três décadas de prática clínica, ensino, pesquisa adicionadas ao contato per-

manente com estudantes, pós-graduandos, residentes e internos, nos ensinam que um olho no futuro e outro no passado são fun-damentais na construção do presente.

Com base nesta convicção, creio que algum conhecimento sobre o processo evo-lutivo pelo qual a Cirurgia Torácica passa é necessário. Neste particular, instigo os que estão em treinamento durante uma cirurgia ou procedimento endoscópico dizendo que, ao colocar-se o bisturi na pele ou ao introdu-zir-se um broncoscópio na via aérea de um paciente, é fundamental que se saiba um pouco sobre a evolução destes procedimen-tos, suas respectivas técnicas e equipamen-tos. Isso facilita a compreensão do “como chegamos até aqui”, ao mesmo tempo que valoriza e incita os mais interessados esti-mulando-os a aprender algo sobre aqueles que nos trouxeram este conhecimento e permitiram que o procedimento fosse feito de forma eficaz e segura. Por mais óbvio que se pareça, este é um exercício rara-mente realizado por cirurgiões jovens em formação, cuja prioridade é a de acumular o maior manacial possível de informações e um mínimo de experiência para que se possa desempenhar a tarefa num mercado competitivo.

No que tange aos jovens cirurgiões torá-cicos, o papel das sociedades cirúrgicas foi, tem sido e será sempre instrumental, pois veicula informações e congrega es-pecialistas, ao mesmo tempo que afere e regulamenta as atividades profissionais. A primeira Sociedade de Cirurgia Torácica das Américas (American Association for Thora-cic Surgery-AATS) foi fundada em 1917 e seu primeiro congresso ocorreu no dia 10 de Junho de 1918 em Chicago, EUA. O pro-grama constava de duas sessões: na sessão da manhã, a fala do presidente e fundador da sociedade (Samuel Meltzer), seguida da conferência intitulada “Revisão da Evo-lução da Cirurgia Torácica nos últimos 14 anos” proferida pelo genial cirurgião alemão radicado nos EUA, Willy Meyer. A sessão da tarde continha os tópicos excitantes da época: tratamento do empiema com solução de Dakin, pneumotórax, drenagem torácica pós-operatória, entre outros1.

A conferência de Willy Meyer, uma pérola da Cirurgia Torácica, está disponível na íntegra no site da AATS2 e sua leitura é reco-mendável, mesmo que como item de cabe-ceira. Meyer discorre com elegância e pre-cisão sobre os tópicos preponderantes da época, muitos dos quais ainda fundamen-tam princípios e condutas que norteiam nossa prática clínica nos dias de hoje. Pela primeira vez no continente, uma sociedade de cirurgia torácica cumpria este papel de difundir e debater temas de interesse entre

os especialistas. A evolução, ao longo destes 93 anos, tem sido simplesmente espetacu-lar.

A receita é simples: ao aliarmos a pes-quisa constante à geração e difusão do co-nhecimento, trazemos à luz novas técnicas e dispositivos que demandam constante treinamento para que possam ser utilizados corretamente, de forma segura e na plenitu-de de suas potencialidades.

Tanto quanto atualizar-se através de pu-blicações, cursos e congressos, “treinar” é hoje parte integrante da atividade do cirurgião torácico, e não mais uma prerro-gativa dos mais jovens em formação. Os dois exemplos mais atuais são a cirurgia minimanente Invasiva e os novos métodos endoscópicos. Enquanto a primeira possui um apelo inequívoco por tratar-se de pro-cedimento cirúrgico ao qual todos estamos de certa forma habituados, a Endoscopia Intervencionista e os novos métodos ainda encontram resistência por parte dos cirur-giões, mormente dos ditos “mais experien-tes”. Isso se resolve através do treinamento e familiaridade com os métodos, o que nos traz de volta à questão da difusão do conhe-cimento pelas sociedades cirúrgicas e pelas entidades acadêmicas.

Ser capaz de realizar métodos endoscó-picos como EBUS-TBNA, tratamento endos-cópico de enfisema e asma, ablação endos-cópica de tumores, dilatação de estenoses, colocação de próteses e os métodos de navegação endobrônquica, fornecem ao ci-rurgião novas áreas de atuação e a oportuni-dade de parcerias com outros especialistas. Este último item me parece particularmen-te desejável, sobretudo num momento no qual a atividade cirúrgica está cada vez mais ligada às outras especialidades e áreas de atuação, tais como Oncologia, Pneumologia e Endoscopia Respiratória.

A participação das sociedades cirúrgi-cas na educação e treinamento em novos métodos/técnicas e a parceria com as en-tidades acadêmicas são o caminho mais curto e prático para este fim. O desenvol-vimento de ferramentas virtuais tem se proliferado como método de auxílio para a educação e estas parcerias tem o poder de oferecê-los. O treinamento médico em simu-ladores está muito bem abordado em sua forma conceitual por Dawson & Gould, dois gigantes britânicos da simulação médica. Os autores fazem uma análise concisa e didática sobre a habilidade de integração entre computação, visualização, performan-ce e avaliação de resultados em treinamento com simuladores neste interessante artigo publicado no Lancet3.

Ao contrário do que pregam os pessimis-tas, sigo dizendo aos que estão em treina-mento que as perspectivas em Cirurgia Torá-cica são excelentes, sobretudo para os que

estão dispostos a se atualizar com os novos métodos e técnicas. No Brasil, temos uma Cirurgia Torácica florescente e uma socie-dade cirúrgica comprometida com aqueles representados por ela. O desafio agora é educar. As possibilidades de treinamento através de telemedicina e outros recursos à distância estão disponíveis em nosso meio a partir de entidades acadêmicas. Nunca foi tão fácil nos comunicarmos e estabelecer-mos vínculos com nossos colegas cirurgiões no Brasil e no exterior para troca de infor-mações e aprendizado.

A pesquisa deixou de ser restrita aos centros acadêmicos e está ao alcance dos que desejam inovar e criar. A iniciativa privada hoje vê o Brasil como foco de de-senvolvimento de pesquisa em áreas como a nossa. A participação ativa em projetos multicêntricos de pesquisa clínica e experi-mental coloca a nossa Cirurgia Torácica no circuito internacional ampliando, em muito, as possibilidades de educação e atualiza-ção, tanto para os pesquisadores, quanto para as instituições. Reitero, portanto, que a perspectiva é muito boa e não hesito em recomendar a nossa especialidade aos que pensam em segui-la.

Uma sugestão final: Arrisque perguntar aos mais jovens o “de como chegamos até aqui” durante a sua cirurgia/exame. Se a resposta for aquele balançar negativo da cabeça, sugira algumas das referências abaixo e aguarde o resultado que, além de gratificante, é diversão garantida para ambos

Referências:1.http://www.aats.org/annualmeeting/

Program-Books/50th-Anniversary-Book/First-Annual-Meeting.html

2. http://www.aats.org/annualmeeting/Program-Books/50th-Anniversary-Book/A-Review-of-the-Evolution-of-Thoracic-Surgery-Within-the-Pas.html

3. Dawson S, Gould D. Procedural simulation’s developing role in medicine. The Lancet 2007;369:1671-73.

Paulo Francisco Guerreiro CardosoProfessor Associado VisitanteDepartamento de Cardiopneumologia, Dis-ciplina de Cirurgia TorácicaInCor-Hospital das Clínicas da Faculda-de de Medicina da Universidade de São PauloMembro titular-So-ciedade Brasileira de Cirurgia Torácica

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I N F O R M E - S E

Crise de confiança! O modelo ideal de um sistema de

saúde busca oferecer profissio-nais bem treinados para administrar a melhor tecnologia disponível. Como a tecnologia, além de cara, está em efervescente progressão, não há chance de Medicina de qualidade em países pobres.

A propósito, a alardeada Medicina Cubana, vitimada pela miséria que grassa no país, está limitada ao único ramo barato do atendimento médico - a prevenção. Nada além de Medici-na Preventiva merece ser copiado do atual modelo cubano de saúde.

Enquanto os franceses e os japone-ses gastam, respectivamente, 6% e 7% dos seus PIBs em saúde, os ame-ricanos, no extremo oposto da cadeia da pobreza, gastam 14%, e do maior PIB do mundo. Curiosamente se per-guntarmos ao americano médio o que não funciona nos EUA, a resposta é uníssona: a saúde.

Mas, se há tanto dinheiro investido e tantos profissionais magnificamen-te treinados, falta o que?

Pois a crise atual é de confiança, e esta, como se sabe, o dinheiro não compra! O cenário atual começou a ser construído há uns trinta anos, quando os pacientes americanos per-suadidos a se comportarem como consumidores, pressionados por bacharéis inescrupulosos, contrata-dos por insaciáveis companhias de seguro, deturparam a relação médi-co-paciente, substituindo a doçura de

palavras como parceria, confiança, afeto e esperança, pela aspereza do consentimento informado, erro, dano moral, e claro, ressarcimento.

Com todos lutando por direitos in-transferíveis, era de se esperar que os médicos abrissem uma rede de pro-teção, sob pena de terem suas vidas pessoais destruídas em impagáveis indenizações.

O produto dessa política de descon-fiança foi a chamada Medicina De-fensiva, que trouxe no mesmo pacote duas consequências lamentáveis. Ruiu a relação afetiva, com o médico acuado pelo temor de ser acusado de omitir informações a que o paciente teria direito, despejando sobre ele toda sorte de riscos e prognósticos, muitas vezes antecipando sofrimen-tos sem benefício nem compaixão.

Em segundo lugar, com a preocupa-ção de se prevenir contra um eventual processo futuro, os médicos pas-saram a pedir exames desnecessá-rios, encarecendo absurdamente um procedimento muitas vezes banal. Dois desdobramentos dessa crise já são evidentes. Não há mais médicos americanos jovens interessados em especialidades que envolvam alta complexidade, e serviços famosos não conseguem, inacreditavelmente, preencher as vagas de Residências Médica.

Também popularizou-se o chamado “turismo médico”, onde os planos de saúde se dispõem a transferir pacien-

tes com suas famílias dos EUA para serem operados em centros qualifi-cados de outros países a um custo infinitamente menor.

Preocupa perceber que, como plagiadores históricos que somos, estamos importando este triste modelo de exercício da Medicina.

Ou alguém é tão ingênuo de supor que o impressionante incremento nas denúncias de erro médico, é mera ca-sualidade?

José J. Camargo Professor de Cirurgia Torácica de Univ. Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre-RS (UFCSPA)Diretor Médico do Centro de Transplantes da Santa Casa de Porto Alegre.Secretário Científico da SBCTMembro Titular da Academia Nacional de Medicina

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I N F O R M E - S E

Cirurgia Torácica Geral

The impact of adjuvant brachytherapy with sublobar resection on pulmonary function and dyspnea in high-risk patients with operable disease: Preliminary results from the American College of Surgeons Oncology Group Z4032 Trial

J Thorac Cardiovasc Surg 2011;142:554-62

A luta para oferecer o tratamento cirúrgico para o câncer de pulmão a um maior contin-gente possível de pacientes, incluindo aqueles com função pulmonar comprometida, é mostrada no artigo que apresenta os primei-ros números do estudo Z4032, conduzido pelo American College of Surgeons Oncology Group.

Trata-se de uma análise prospectiva, randomizada e multicêntrica que compara as ressecções sublobares com ressecções sublobares associadas à braquiterapia intraoperatória, em pacientes portadores de câncer de pulmão não de pequenas células no estágio I, com alto risco para lobectomia (n=224). O objetivo principal foi avaliar a eficácia do controle local do método e estes resultados ainda estão na dependência do acompanhamento. No entanto, os objetivos secundários, que estão centrados na avalia-ção dos efeitos destes procedimentos sobre a função pulmonar, dispneia e complicações respiratórias perioperatórias já são apresenta-dos neste artigo.

Num acompanhamento de três meses de 178 pacientes elencados, os resultados iniciais se mostraram animadores, pois não se observou piora da função pulmonar no grupo submetido à ressecção e braquiterapia adjuvante. Tão pouco ocorreu aumento na incidência de complicações pulmonares perioperatórias. Apenas as ressecções realiza-das nos lobos inferiores estiveram associadas com um declínio clinicamente significante no VEF1.

Os autores aguardam os resultados a longo prazo dos efeitos da braquiterapia sobre a função pulmonar

Procedimentos minimamente invasivos

A Comparative Analysis of Video-Assisted Mediastinoscopy and Con-ventional Mediastinoscopy

Ann Thorac Surg 2011;92:1007–11

A análise comparativa entre a vide-omediastinoscopia (VM) e a Medias-tinoscopia convencional (MC), como método de escolha para avaliação his-tológica do mediastino, em pacientes candidatos à ressecção do carcinoma brônquico não de pequenas células, é mostrada no trabalho do grupo coreano com um expressivo número de pacientes elencados (N= 521). Dois grupos homogêneos (VM n=299 e MC= 222) foram estudados em relação ao índice de complicações, número de linfonodos dissecados, estações abordadas e o número de linfonodos remanescentes após a ressecção. Também foram calculados a acurácia, sensibilidade, especificidade e os valores falso-negativos na detecção da doença metastática (N2 e N3). Mesmo que a VM tenha se mostrado um método capaz de dissecar um maior número de linfonodos e reduzir o número de linfonodos remanescentes após a ressecção da doença, nenhuma diferença estatística foi observada nos índices de falso negativo, sensi-bilidade, especificidade e acurácia. O comentário do Dr. Zielinski ao final do artigo reafirma a importância da experiência do cirurgião como fator preponderante nos resultados de um ou outro método.

Tecnologias inovativas

Novel biodegradable stents in the treatment of bronchial stenosis after lung transplantation

European Journal of Cardio-thoracic

Surgery 40 (2011) 619—624

Uma interessante experiência com o uso de stents biodegradáveis, em via aérea, é pela primeira vez apresentada na literatura. O artigo descreve os resultados de seis pacientes portadores de complica-ções brônquicas pós transplante de pulmão, tratados com a colocação de stents biodegradáveis na Universida-de de Praga – República Checa, entre 2005 e 2010.

O dispositivo é autoexpansível, com sustentada força radial, constituído de polímeros semicristalinos biode-gradáveis, degradado de forma não linear por hidrolise de suas molécu-las.

Na prática o procedimento foi precedido de dilatação brônquica, sem que se verificasse sangramento, perfuração ou deslocamento da prótese. Todos os casos necessitaram mais de uma colocação do stent por reestenose ou malácea. Num acompanhamento de quatro anos se observou que os pacientes se manti-veram clinicamente assintomáticos e livres da recolocação do stent por um período médio de 24 meses.

A possibilidade de extrapolação da indicação para estenoses traqueais e a abolição definitiva dos fatídicos stents metálicos é apontada de maneira entusiasmada pelos autores.

Darcy Ribeiro Pinto Filho

Prof. de Cirurgia Torácica da Univer-

sidade de Caxias do Sul, Chefe do

Serviço de Cirurgia Torácica do Hospi-tal Geral-Fundação

Universidade de Caxias do Sul,

Cirurgião torácico titular da Socie-

dade Brasileira de Cirurgia Torácica.

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É desconhecida a origem do violino, mas o provável é que tenha sido criado na Itália. Já na Idade Média, existiam muitos instrumentos de

corda que podem ter contribuído para o desenvolvimento do violino. Em verdade, os primeiros violinos tinham 3 cordas e eram chamados de “rabeca”. A cidade italiana de Cremona foi o provável berço do violino e ali montou-se a primeira oficina por Andrea Amati. Três gerações desta família desenvolveram o violino, com o formato tal qual o concebemos. Na oficina de Amati iniciou carreira um outro italiano – Antonius Stradivarius Cremonesis (1644-1737), conhecido como Stradivari.Stradivari fez um violino mais comprido, reforçou o corpo e alargou os hífens (ff), que são as aberturas de som, enriquecendo, assim, o timbre. Seu trabalho foi referenciado em toda a Europa. Stradivari fez seus melhores instrumentos entre 1.700 e 1.724 na oficina de Amati. Estima-se que ainda existam cerca de 600 violinos de sua autoria. Hoje em dia são peças de muito valor (de 3 a 4 milhões de dólares), e são tocados pelos melhores violinistas do mundo. Um Stradivarius Davidoff de 272 anos, avaliado em 3,5 milhões de dólares, foi roubado, em 1995, da residência da famosa violinista Érica Morini, de 91 anos, enquanto encontrava-se internada no Hospital Monte Sinai, em Nova Iorque. Érica havia recebido o instrumento como presente de seu pai, que dirigia uma academia de música em Viena, e o havia comprado por 10 mil dólares. A violinista não fez um seguro apropriado para o Stradivarius, cujo valor girava em torno de 11 mil dólares pela cobertura plena do instrumento. Érica foi considerada um segundo Heifetz, pelo New York Times. O FBI ainda investiga o caso e existe a possibilidade da peça ser recuperada. O que torna especial um violino Stradivarius é a madeira antiga, o verniz e a massa de enchimento. Contribuem para a sonoridade o tratamento da madeira com fogo ou defumador e a adição de óleo ao verniz. A escolha da madeira é determinante porque deve reunir resistência e capacidade de transmissão sonora. O Abeto é escolhido para o tampo, porque é macio e responde bem à vibração das cordas, enquanto o fundo é feito de Bordo e Ébano, madeiras mais duras que ajudam a preservar o violino do desgaste.

Os melhores instrumentos ainda são feitos à mão. O arco mudou de estilo de 1620 e adquiriu a sua forma definitiva em 1790, até hoje preservada. Este mérito coube ao fabricante de arcos Fançois Tourte (1747-1835). O novo arco era mais longo e equilibrado, permitindo tocar mais notas com um só golpe. A descoberta do Pau-Brasil

introduziu grande qualidade por produzir um arco perfeito. Por ser madeira equilibrada e de alta densidade, não trinca e não deforma. Pernambuco atualmente é tido como o produtor do melhor arco do mundo. O arco de madeira é completado com 100 a 120 fios de crina de cavalo (ou cauda) ajustados às extremidades do arco. As crinas são tensionadas para a execução e afrouxadas quando o arco não está em uso. Hoje se fabricam muitos arcos com fibras sintéticas, de má qualidade e de difícil impregnação pelo breu (o que possibilita produzir som com o atrito da crina nas cordas). Os grandes violinistas precursores foram Arcangelo Corelli (1653-1713), de Bolonha, e Niccolo Paganini (1782-1840). Este último era alto, magro e espigado. Tinha braços e mãos grandes. Tocava com tanta energia que muitos o consideravam inspirado pelo diabo. Dizem que usava um arco muito longo devido ao tamanho das mãos e braços e conta-se também

ESPAÇO CULTURAL NONO VICENTINHO

O Viol inoque foi proibido de ser velado na igreja por “ter parte com o diabo” quando morreu de tuberculose. É considerado por muitos o maior violonista da história. Pablo Martin de Sarasate (1844-1908), nascido na Espanha, foi famoso e frequentou o conservatório de Paris. Outro grande violinista e professor de violino foi Giuseppe Tartini (1692-1770), de Pádua. Ambos compõem o grupo dos famosos violinistas.Os judeus, de um modo geral, e particularmente russos, foram e ainda são considerados os maiores violinistas da humanidade, inclusive Albert Einstein era violinista e tocava o instrumento com razoável habilidade. Meus avós, Ribeiro Barrios, quando imigraram com seus pais, meus bisavôs (Ribeiro Casanova), vindos de Tenerife (Espanha) para o cultivo do café no Brasil, trouxeram consigo um violino. Quando criança, recordo-me de ter visto o instrumento em cima do guarda-roupa, mas não me recordo de tê-los visto tocar. De qualquer maneira na família foram surgindo vários primos que se destacaram como solistas de viola sertaneja e violão. Faziam duplas e tocavam nas décadas de 50 e 60 nos circos de São Paulo e região de São José do Rio Preto. Depois foram para a televisão com Inezita Barroso, Tonico e Tinoco e etc. Com eles aprendi os primeiros acordes nos instrumentos de cordas.Há 20 anos descobri que uma das filhas tinha o dom para a música e começamos a estudar violino juntos. Ela formou-se em piano e eu fiz violino por 12 anos, fazendo dele meu hobby. Até hoje toco o instrumento de uma a duas vezes por semana em um orfanato católico de uma missão religiosa em Mogi das Cruzes.Considero que o que me garante saúde física é frequentar a academia duas vezes por semana, mas tenho certeza de que a música e meus violinos contribuem para minha saúde mental. Reúno 13 violinos, oriundos de seis países, um único Hofner (comprei para minha filha Karina), e doze me foram presenteados por clientes e amigos. Perdi recentemente aquele que fazia a manutenção dos meus instrumentos. Meu luthier. Convivi vários anos com Augusto Lombardi no Bairro de Pompéia, um hábil profissional que, além de fazer manutenção de meus violinos, dirigia uma escola particular de violino e violoncelo em sua residência. Deixou saudade

Fontes consultadas (arquivo do autor):

1. O Jornal Estado de São Paulo,Ed. 04/7/1999 –Caderno 2/Cultura.2. Revista Galileu, outubro 1999, pag 22-27- Tecnologia e Musica por Marino Maradei Jr. [email protected] mundo do violino – Barrie Carson Turner, Ed. Melhoramentos,49 pag. 1997

Olavo Ribeiro Rodrigues

Professor da Disciplina de Cirurgia Torácica da Universidade de Mogi das Cruzes Diretor Técnico do Instituto do Tórax de Mogi das Cruzes Cirurgião Torácico do Hospital Luzia de Pinho Melo da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo.

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