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Alguém que deve ser amado, compreendido e respeitado como um ser único. Pág. 2 Crianças autistas são aceitas, mas inclusão ainda é parcial Luta. Sem escola para estudar há três meses, o filho de Alviclênia Lopes, que é autista, está em casa. Pág. 6-7 10 Perguntas e respostas sobre o Autismo Jornal Superando Obstáculos FCE - FACULDADE CAMPO ELÍSEOS - SÃO PAULO - SP - ANO 1 - Nº 1 - ABRIL DE 2017 Pág. 3-4 Onde posso encontrar orientação para ajudar o autista? ENTREVISTA EXCLUSIVA COM PSICOTERAPEUTA E PSICOPEDAGOGA Editado por: Ana Paula C. Santos, Cristiana Morais J. Bispo, Hevelyn Villani, Luciana Ap. de Lima Catula Professora Orientadora: Valéria Carraro A U T I S T A Pág. 8 Pág.5-6 1 Esclareça suas dúvidas sobre o diagnóstico e o tratamento desse transtorno e saiba por que é fundamental detectá-la o quanto antes. 1.O que é autismo? 2. Existem diferentes graus de autismo? 3.Como é o diagnóstico? Como posso saber se meu bebê é autista? 4. O que desencadeia o transtorno? Fatores hereditários, metabólicos ou o problema ocorre ao acaso? 5. O distúrbio é mais frequente em meninos ou meninas? Por quê? 6. Existe tratamento? Como funciona? 7. Meu filho vai se desenvolver normalmente? 8. Como funciona o aprendizado de uma criança autista na escola? 9. Como uma criança autista se relaciona como com os pais? É carinhosa como as demais? 10. Qual a prevalência do autismo?

Jornal Superando Obstáculos · e sente seu amor. Não espere nada em troca. Quando não existe reciprocidade aparente, ela está escondi- ... Precisamos de sistemas que tratem o

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Alguém que deve ser amado, compreendido

e respeitado como um ser único. Pág. 2

Crianças autistas são aceitas, mas inclusão ainda é parcial

Luta. Sem escola para estudar há três meses, o filho de Alviclênia Lopes, que é autista, está em casa. Pág. 6-7

10 Perguntas e respostas sobre o Autismo

Jornal Superando ObstáculosFCE - FACULDADE CAMPO ELÍSEOS - SÃO PAULO - SP - ANO 1 - Nº 1 - ABRIL DE 2017

Pág. 3-4

Onde posso encontrar orientação para ajudar o autista?

ENTREVISTA EXCLUSIVACOM PSICOTERAPEUTA

E PSICOPEDAGOGA

Editado por: Ana Paula C. Santos, Cristiana Morais J. Bispo, Hevelyn Villani, Luciana Ap. de Lima CatulaProfessora Orientadora: Valéria Carraro

A U

T I

S T A

Pág. 8

Pág.5-6

1

Esclareça suas dúvidas sobre o diagnóstico e o tratamento desse

transtorno e saiba por que é fundamental detectá-la

o quanto antes.

1.O que é autismo?

2. Existem diferentes graus de autismo?

3.Como é o diagnóstico? Como posso saber se meu bebê é autista?

4. O que desencadeia o transtorno? Fatores hereditários, metabólicos ou o problema

ocorre ao acaso?

5. O distúrbio é mais frequente em meninos ou meninas? Por quê?

6. Existe tratamento? Como funciona?

7. Meu filho vai se desenvolver normalmente?

8. Como funciona o aprendizado de uma criança autista na escola?

9. Como uma criança autista se relaciona como com os pais?

É carinhosa como as demais?

10. Qual a prevalência do autismo?

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A

Alguém que deve ser amado, compreendido e respeitado

como um ser único.

U T S

T A

2

‘’...Vivemos em uma era de muitas desco-bertas na ciência e na tecnologia. Cada vez mais o número de autistas cresce na socie-dade, mas esta frase merece e necessita deatenção. Não é o número de autista que aumenta, o que acontece é que cada vez mais temos profissionais preparados para identificar precocemente quanto tardiamente o autismo. A tecnologia e facilidade de acesso à internet fazem com que grandes grupos se formem para conversar, trocar experiências e divulgar tudo o que é novidade sobre o assunto.

Tudo isso faz com que o autismo seja divulgado e muito bem desmistificado. Essa é minha missão. Trazer o tema para exposição, discussão e quebrar tabus que ainda existem. Mas, a grande missão consiste em se não acabar, ao menos diminuir o preconceito e promover a inclusão, cada vez mais fornecendo atendimento em condições de desenvolvimento de nossos amados autistas. Mais do que isso o que quero é lhes dar conforto, tranquilidade e respeito por parte de pais, mães, familiares e cuidadores e a sociedade como um todo.

Todos nós temos muitas chances na vida de desenvolver nossa inteligência emocio-nal , não existe prazo e nem idade. Ame mesmo sem compreender que seu filho nãoolhe nos seus olhos agora. Assim, a trocapassa a ser intensa, porque seu filho recebe e sente seu amor. Não espere nada em troca. Quando não existe reciprocidade aparente, ela está escondi-da nos detalhes, em um aperto de mão, em um choro

Cada pequeno progresso deve ser come-morado, sentido, vivenciado em sua total intensidade.

Nunca se sinta só. Existe uma energiamuito positiva que une as pessoas envolvi-das com o autismo, Juntos aprendemos a amar, a sentir, a vibrar, viver, chorar, tudo em uma experiência incrível que nos renova e cria força dia após dia.

Respeitar as diferenças é entender que elas existem. Precisamos de sistemas que tratem o autismo de forma peculiar, desvendando cadavez mais este lindo universo azul.

de emoção, ou em um simples sorriso.

Defendo terminantemente a importância das terapias, dos acompanhamentos médicos, do desenvolvimento como um todo. Mas siga em casa, no restante do tempo tudo o que é feito, e iniciado dentro dos consultórios. Não existe fórmula para amar, não existem regras quando falamos de sentimentos, de entrega, de conhecermos a nós mesmos e aos nossos filhos. Saúde emocional é exatamente como a saúde do corpo físico, quanto mais você exercita mais você tem, mas para isso você precisa alimentar esse organismo, que no caso da emoção são os seus sentimentos. Alimente-se de coisas boas, positivas, gratidão...’’

F o n t e : D I E H I , K e n y a , O l h a n d o n o s o l h o s : A u t i s m o m e a m e c o m o e u s o u , S i m p l í s s i m o s Livros LDTA, pág. 24-25, 03 de março de 2017

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10 Perguntas e respostas sobre o Autismo

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1. O que é o autismo?

Trata-se de um distúrbio que afeta o desenvolvimento da criança já nos três primeiros anos de vida, especialmente em determinados aspectos:Linguagem: o transtorno pode acarretar limitações na fala. Em casos extremos, os pequenos autistas não conseguem, de fato, progredir na comunicação verbal.Interações sociais: o isolamento é uma característica que se manifesta frequentemente nesse grupo. Não raro, ocorre a dificuldade em estabelecer relações sociais, que geralmente se dão por meio de interações curtas.Variabilidade comportamental: os autistas exploram seus brinquedos de maneira restrita, focando apenas um detalhe ou uma função específica do objeto. Além disso, apresentam comportamentos repetitivos e autoestimulatórios, intolerância a mudanças na rotina ou na disposição do ambiente.

2. Existem diferentes graus de autismo?

Algumas crianças manifestam sintomas mais brandos, enquanto em outras eles aparecem de maneira mais agressiva. Há casos em que há também uma associação com outras enfermidades, como deficiência mental, distúrbio alimentar, do sono ou transtorno obsessivo-compulsivo. Diante de tantas variáveis, fica difícil classificar os graus de autismo com precisão.

3. Como é o diagnóstico? Como posso saber se meu bebê é autista?

Cabe a um psiquiatra ou neurologista infantil a tarefa de identificar o autismo com base em avaliações clínicas, a partir da observação do comportamento do pequeno e dos relatos familiares. Não existem testes laboratoriais capazes de apontar a alteração. É por volta dos 3 a n o s d e i d a d e q u e a s c a r a c t e r í s t i c a s do transtorno se tornam mais evidentes. Atualmente, alguns pesquisadores tentam identificar sinais precoces em bebês, antes mesmo de completarem 1 ano de vida. Algumas características que fazem soar o alarme de risco são:

O bebê não mantém o contato visual com quem fala com ele muitas vezes, nem mesmo com a mãe du ran te a amamen tação ; Ten ta t ivas de brincadeiras, jogos ou mesmo vocalizações dos pais e familiares não costumam chamar a atenção da criança e a insistência chega a incomodá-la; A apatia e o isolamento nas relações sociais são típicos do problema. Frequentemente, a criança prefere ficar sozinha, focada em objetos luminosos, sonoros ou movimentos repetitivos; Irritabilidade excessiva, sem causa aparente, também requer atenção, assim como mudanças no comportamento alimentar – e recusa, vômitos recorrentes – e alterações de sono. É importante ressaltar que esses sinais são apenas indicativos de que algo não vai bem com o seu bebê. Ao notar algum deles, a ordem é buscar o auxílio profissional.

4 . O q u e d e s e n c a d e i a o t r a n s t o r n o ? Fatores hered i tár ios , metabó l i cos ou o problema ocorre ao acaso?

Embora ainda não haja estudos conclusivos,sabe-se que existe um componente genéticorelacionado a essa desordem. Também sedesconfia que o problema esteja relacionado a infecções virais contraídas pela mãe durantea gestação

5. O distúrbio é mais freqüente em meninos ou meninas? Por quê?

O autismo é mais comum em meninos. A cada três ou quatro autistas, apenas um é dosexo feminino.

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10 Perguntas e respostas sobre o Autismo

7. Meu filho vai se desenvolver normalmente?

Não é possível prever. Os pais devem sempre seesforçar para identificar as potencialidades de seufilho, encorajando-o a enfrentar desafios como qualquer criança. Não é recomendado adotar umapostura super-protetora.

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6. Existe tratamento? Como funciona?

Sim. O tratamento pode envolver desde o controle com remédios até acompanhamento fonoaud io lóg ico , ps ico lóg ico e t e rap ia ocupacional. O sucesso depende dos seguintes fatores: Idade do início da intervenção: quanto antes o tratamento começar, melhor será o p r o g n ó s t i c o . D a í a i m p o r t â n c i a d eidentificar os sinais de risco já nos bebês;Abordagem de t ra tamento adequada às características e l imitações do paciente; Comprometimento da família durante esse processo; Rigor na adesão ao programa terapêutico que, em geral, dura pelo menos dois anos, com 40 horas semanais de acompanhamento profissional.

8. Como funciona o aprendizado de uma criança autista na escola?

Não há um padrão, mas os portadores da disfunção podem enfrentar entraves em certas disciplinas. Muitos conseguem acompanhar uma escolarização regular, sem adaptações. Outros necessitam de modificações curriculares devido à dificuldade de assimilar conteúdos inerentes a certas áreas de conhecimento, como matemática e português.

9. Como uma criança autista se relaciona como com os pais? É carinhosa como as demais?

Apesar de não demonstrar afeto da mesma maneira que as outras crianças, isso não significa que o autista não ame seus pais. Ele simplesmente se expressa de maneira diferente. O convívio permite que a família aprenda a identificar essas manifestações peculiares de carinho.

10 . Qual a preva lênc ia do aut i smo?

Nos Estados Unidos, a incidência é de umautista a cada 110 indivíduos. Já no Brasil, infelizmente, os estudos epidemiológicos nãofornecem dados precisos.

Fonte: Cíntia Guilhardi, Claudia Romano e Leila Bagaiolo, psicólogas e diretoras do Grupo Gradual, instituição voltada para o tratamento e a inserção da criança autista na sociedade; Fernanda Braga de Araújo, psicóloga, psicanalista, diretora educacional da Trilha – Unidade de Integração, escola de educação dedicada ao ensino de crianças especiais, em São Paulo. Acesso em: 03-04-2017http://bebe.abril.com.br/gravidez/10-perguntas-e-respostas-sobre-o-autismo/

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ENTREVISTA EXCLUSIVA COM PSICOTERAPEUTA - Dinerson Fiuza e

PSICOPEDAGOGA - Maria Teresa Perestrello de MoraesReportagem por: Cristiana Morais J. Bispo e Hevelyn Villani

em 05/04/2017

Palestrante Psicoterapeuta, PsicólogoCognitivo ComportamentalClínica PsiconEnd: Rua Dr. Neto de Araújo, 363 Vl. Marianawww. psicologofiusa.com.br

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Hevelyn: Os pais também necessitam de um acompanhamento para assim poderem auxiliar melhor seu filho(a)? Dinerson: Na realidade, ocorre primeiro um luto emocional, porque os pais sempre tem a imagem de uma criança sadia e perfeita. Quando os pais se deparam com tal realidade, se faz necessário uma explicação geral e, posteriormente, mais detalhada referente ao transtorno e o quanto o envolvimento deles será de extrema importância. Diante do diagnóstico, os pais precisam ser preparados emocionalmente, e culturalmente para acompanhar o crescimento dessa criança, precisando de apoio t e r a p ê u t i c o p a r a m e l h o r l i d a r c o m o s acontecimentos que poderam ocorrer.

Hevelyn: Quando a criança com autismo frequenta a escola e está em um ambiente onde a inclusão não está acontecendo e sofre uma exclusão por parte dos demais, essa diferença pode agravar seu tratamento?

Dinerson: O autista percebe que alguma diferença esta acontecendo e não costuma reagir bem a isso. Tem uma repercussão enorme, pois o fato de ser ``zoado, judiado´´ faz com que a sua aversão ao relacionamento interpessoal só aumente. Com isso, sua insatisfação a este ambiente pode fazer com que ele não queira permanecer com os demais, caso não aconteça uma interferência do professor, trazendo sobre os demais a conscientização de que este aluno também tem direito de fazer parte deste grupo e que todos devem tratá-lo com o devido respeito e carinho para que, assim, ele passe a ter satisfação de estar com os demais.

Dr. Dinerson Fiuza

Cristiana: Como os pais poderiam identificar que seu filho tem autismo?

Maria Teresa: Os pais precisam a cada dia se tornar mais conscientes do desenvolvimento de seu filho, portanto quanto mais informações recebem desde o nascimento mais preparado os pais estarão para identificar algum tipo de alteração que seu filho apresente. O autista tem um mundo próprio, dificilmente ele vai manter relacionamentos com outras pessoas, a não ser que ele se identifique. Normalmente seu contato é de maneira superficial; Tem gestos repetitivos, balança as mãos e cabeça com frequência, fixa o olhar em determinado objeto ou mesmo em um ponto no vazio, ele ficamuito voltado para si mesmo.

Cristiana: Em todas as etapas da vida é possívelidentificar o autismo? Alguma etapa é mais delicada?

Maria Teresa: Volto a insistir na necessidade do conhecimento básico do desenvolvimento infantil, assim toda e qualquer desconfiança deverá ser verificada e pesquisada para se obter, em qualquer idade, um diagnóstico precoce ep r e c i s o q u a n d o p o s s í v e l , p a r a q u e a s providências sejam iniciadas. Não teríamos uma etapa mais delicada, o autismo desde que diagnosticado, sempre precisará de um trabalho de profissionais gabaritados: Neurologistas, Psiquiatras, Psicólogos, Psicopedagogos, Fonoaudiólogos e Terapeutas Ocupacionais,para ajudar a criança a se relacionar e, na medidado possível, integrá - la à sociedade.

Cristiana: A inclusão do autista é possível nos dias atuais, e de que forma poderia ser feita?

Maria Teresa: A inclusão de modo geral deverá ser analisada em várias visões: social, cultural, física e individual. Principalmente na inclusão os níveis classificatórios do autismo tem um peso muito acentuado, onde as características individuais deverão ser individuais deverão ser

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Crianças autistas são aceitas, mas inclusão ainda é parcialPais denunciam despreparo de escolas públicas e

particulares para o recebimento de alunos

Luta. Sem escola para estudar há três meses, o filho de Alviclênia Lopes, que é autista, está em casa.

Pedagoga e PsicopedagogaMaria Teresa P. de Moraes

Email: [email protected] para acompanhamento

e organização escolarConsultório: Rua Caiowaá, 1.071 - cj. 76

Vila Leopoldina

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analisadas tanto para a aceitação de onde será feita a inclusão como para aquele que seráincluído. A forma mais tranqüila para fazer a inclusãoé aquela baseada no afeto, na acolhida, no desprendimento e na aceitação para a criança.

Cristiana: É possível garantir a permanência do autista na escola? Qual seria a estratégia?

Maria Teresa: A permanência poderá ser possível ou não, pois dependerá da estratégia que será usada pelo profissional e do grau do autismo daquele aluno, não terá garantia de sucesso porque no caso estaremos lidando com um ser emocionalmente comprometido do qual não poderemos esperar um constante retorno e sim comportamentos variados apresentados dia após dia.

Cristiana: Qual seria o melhor tratamento para o autismo?

Maria Teresa: O melhor ou o pior tratamento para o autismo, no meu entender não ocorre. Teremos sim o momento que melhor atenderá àquela criança e o que ela precisará para ter uma qualidade de vida mais propícia. Para os procedimentos alternativos, terapêuticos, pedagógicos ou médicos é de extrema importância que se conheça o nível do autismo, as complicações que ocorrem ou poderão ocorrer, a idade da criança, o histórico familiar entre outros aspectos.

P U B L I C A D O E M 1 8 / 1 0 / 1 5 - 0 4 h 0 0SANDRA CARVALHOESPECIALPARAOTEMPO

“Uma luta árdua, de anos e anos”. Assim a dona de casa Alviclênia Lopes, 28, define o processo de inclusão do filho Breno, hoje com 10 anos. Sem muitos recursos financeiros, Breno, autista clássico,com diagnóstico da doença fechado quando tinha 4 anos, deveria estar frequentando uma escola municipal no bairro Petrolândia, em Contagem na região metropolitana da capital, mas

está em casa há mais de três meses, sem o direito de estudar. O motivo, diz a mãe, é que não há mediador – auxiliar da professora que acompanha exclusivamente o aluno que demanda cuidados especiais, direito garantido por lei. A dificuldade enfrentada por Alviclênia e pelo filho se repete em escolas públicas e particulares da região metropolitana de Belo Horizonte. É do que reclamam os pais de crianças autistas. Eles afirmam que, apesar da aceitação aos filhos, o processo de inclusão ainda é incompleto nas instituições. Breno, por exemplo, se locomove perfeitamente, usa o banheiro, mas tem grandes dificuldades na comunicação verbal. Por conta de distúrbios sensoriais característicos do autismo, ele não consegue ficar muito tempo em sala e, às vezes, tem crises nervosas por não saber se expressar. “Mas ele aprende. Se compreender o ritmo dele com paciência, ele aprende”, garante a mãe, que, desde 2009, busca inserir o filho em escolas públicas perto de casa. Mas essa não é a primeira vez em que Breno fica s e m m e d i a d o r. “ To d o a n o é a s s i m . O estagiário chega meses após o início do ano escolar, aí acaba o contrato, que é de seis meses

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Fonte: http://www.otempo.com.br/cidades/crian%C3%A7as-autistas-s%C3%A3o-aceitas-mas-inclus%C3%A3o-ainda-%C3%A9-parcial-1.1142736

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e a prefeitura não envia outro. A direção da escola liga e pede para não mandar o Breno, dizendo que a professora não dá conta dele edo resto da turma, que ele atrapalha muito. Teve uma vez que o Breno ficou seis meses em casa por causa disso. Fui até denunciada no Conselho Tutelar”.O despreparo para receber crianças autistastambém ocorre na rede particular. Outra mãe, que pede para não ter o nome divulgado, matriculou o filho, de 2 anos e 3 meses, em uma escola do bairro Buritis, na região Oeste da capital. “A coordenaçãodo colégio informou que eram preparados pararecebê-lo, mas quando a psicóloga e a terapeuta ocupacional que o atendem solicitaram contato com a professora para or ientar no PDI (Plano de Desenvolvimento Individual), algo queé praxe na inclusão, a escola impediu, sob o argumento de que a intervenção contraria regras do estabelecimento. A única alternativa foi tirar meu filho de lá. Acho que queriam isso desdeo começo”.Prejuízos. O diagnóstico precoce e o tratamento correto com terapeutas ocupacionais, psicólogos e fonoaudiólogos, entre outras ações com profissionais da saúde, proporcionam melhor desenvolvimento às crianças autistas. Em muitos casos, elas se tornam adultos independentes. Nesse contexto, o apoio pedagógico e social da escola também é essencial para se ter um bom prognóstico, explica o psiquiatra infantil Walter Camargos Junior. É porque exatamente na infância importantes áreas do sistema nervosoestão mais sensíveis, e, consequentemente, há mais facilidade de se aprenderem certas habilidades, como leitura e escrita, explica o coordenador do ambulatório de psiquiatria infantildo Hospital das Clínicas da UFMG, Arthur Kummer: “A inclusão escolar é muito importante, mas é preciso ter bem estabelecido o objetivo da inserção do aluno autista ou com qualquer outradeficiência intelectual naquele ambiente. Pelo fato de a escola, muitas vezes, não atuar de maneira adequada, alguns pais têm optado por deixar seusfilhos em escolas especiais ou tentado o ensino domiciliar, algo não bem regulamentado no Brasil. Mas a escola ainda é um dos melhores ambientespara o desenvolvimento”. Para a neuropsicóloga Cláudia Fachin, há má vontade de gestores e dirigentes das escolas em receber o aluno autista. “As leis estão aí. As escolas não estão fazendo favor. Como são mais fiscalizadas, as instituições públicas, apesar de todos os problemas, estão melhor na inclusão. Mas, infelizmente, essa não é a

realidade de todas as cidades”, destaca. Justiça pode ser um bom caminho. O defensor público Estevão Machado Assis, da Defensoria do Idoso e da Pessoa com Deficiência, aconselha os pais de crianças autistas que não tiverem seus filhos aceitos em escolas a acionar a Justiça. “As determinações judiciais são uma forma de fazer os municípios planejarem melhor a política de inclusão”, afirma. Segundo a diretora de Inclusão da Secretaria de Educação de Contagem,Sebastiana Rangel, a cidade tem 147 jovens autistasem escolas municipais. Eles são 10% dos alunos com deficiência. Casos são recorrentes, dizem pais. O caso de Breno não é o único de crianças autistas sem mediadores em escolas municipais de Contagem, segundo a presidente do Grupo de Apoio a Pais e Familiares de Autistas (Amais) de Contagem, Josy Silva. “São muitas mães que procuram o Amais diariamente com essa queixa. Levamos a demanda à prefeitura, fizemos diversas r e u n i õ e s c o m c o n s e l h o s m u n i c i p a i s , secretarias, audiências públicas, e nada foi feito”.Para Josy, cujo filho já viveu o drama da inclusão incorreta, o modelo de contratação de mediadores de Contagem deveria seguir o de Belo Horizonte e do governo do Estado, no qual os auxiliares são funcionários e não estagiários com contratos curtos. “Outra opção seria fazer contratos longos, de um ano, com início de vigência que coincida com o começo do ano letivo”. Outro lado. A diretora de Inclusão da Secretaria de Educação de Contagem, Sebastiana Rangel, explica que a questão de contratação de mediadores está em fase de ajustes, e que estão sendo realizados diversosencontros com os pais para se resolver o problema. “A contratação é demorada porque é feita por meio de convênios com universidades, modelo herdado da administração anterior que não pode ser mudado sem planejamento. Por isso, estamos fazendo reuniões com os pais para fazer os ajustes necessários”, explica. Sebastiana Rangel acrescenta que a inclusão de alunos autistas em Contagem segue as legislações nacional e municipal. “Diretores de escolas não podem pedir para o aluno não ir à aula.Isso é errado. O aluno é de responsabilidade da escola, do professor. Se isso acontecer, os pais têm que denunciar”.

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Onde posso encontrar orientação para ajudar o autista?

CONTATOAPAE DE SÃO PAULO - Associação de

Pais Amigos dos Excepcionais de São PauloOnde você pode nos encontrar

Rua Loefgren, 2109 - CEP 04040-033Vila Clementino, São Paulo - SP

(11) 5080-7000Visite o site: www.apaesp.org.br

Instituto Panda – Núcleo de Apoio à Pessoa com Deficiência / Paralisia Cerebral

Dr. Hortêncio M Ribeiro, 391. Ribeirão Preto - SP - Brasil

TEL: 55 (16) 3637-4290 / (11) 2155-9324

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