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C onsumidor brasileiro nunca esteve acostumado a com- prar um carro completo com preço justo. Esse é o argu- mento das montadoras chinesas para conquistarem o mercado nacional. Um segmento cale- jado de carros populares, sem itens de segurança e conforto. Até 2008, boa parte da popu- lação nunca tinha ouvido falar nos nomes Chery, Lifan e Chana, primeiras montadoras do país mais populoso do mundo a aportarem por aqui. Ano 5 | Edição 5 | Dezembro de 2011 | Versão TABLOIDE Curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA | http://universoipa.metodistadosul.edu.br Pescaria que ainda resiste FOTO DE GUILHERME NETO página 35 P escaria artesanal é uma atividade ligada às comunidades do lito- ral e àquelas localizadas à beira de rios e lagos. A pesca vem há muito tempo passando por gerações. Com o passar das décadas, foi se aperfeiçoando com o uso de grandes navios pesqueiros que carregam toneladas de peixes. Porém, a pesca artesanal, realiza- da pelas comunidades, onde a maioria dos habitantes ribeirinhos ain- da vive do ofício, herança deixada por pais e avós pescadores, resiste, sustentada por histórias de pescadores. O que as chinesas têm? caderno E página 16 página 6 “Tem que ter o desejo de ser líder”

Jornal tabloide Universo IPA #5

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Projeto desenvolvido pelos alunos do 2º semestre do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA, Porto Alegre, RS, Brasil. Ano 5, edição 5, dezembro de 2011.

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Page 1: Jornal tabloide Universo IPA #5

C onsumidor brasileiro nunca esteve acostumado a com-prar um carro completo

com preço justo. Esse é o argu-mento das montadoras chinesas para conquistarem o mercado nacional. Um segmento cale-jado de carros populares, sem itens de segurança e conforto.

Até 2008, boa parte da popu-lação nunca tinha ouvido falar nos nomes Chery, Lifan e Chana, primeiras montadoras do país mais populoso do mundo a aportarem por aqui.

Ano 5 | Edição 5 | Dezembro de 2011 | Versão TABLOIDE Curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA | http://universoipa.metodistadosul.edu.br

Pescaria que ainda resisteFOTO DE GUILHERME NETO

página 35

Pescaria artesanal é uma atividade ligada às comunidades do lito-ral e àquelas localizadas à beira de rios e lagos. A pesca vem há muito tempo passando por gerações. Com o passar das décadas, foi se aperfeiçoando com o uso de grandes navios pesqueiros

que carregam toneladas de peixes. Porém, a pesca artesanal, realiza-da pelas comunidades, onde a maioria dos habitantes ribeirinhos ain-da vive do ofício, herança deixada por pais e avós pescadores, resiste, sustentada por histórias de pescadores.

O que aschinesas têm?cadernoE

página 16página 6

“Tem que ter o desejo de ser líder”

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2 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPAGeral

■ Michele Limeira

A diversidade de temas marca mais uma edição do jornal Uni-verso IPA, produzido pelos alunos do 2º semestre do curso de Jornalismo, do Centro Universitário Metodista, do IPA. A sa-

la de redação é a disciplina de Projeto Experimental II. A definição das pautas, a redação e a edição dos textos ocorrem no ambiente de aprendizagem. O resultado está nas páginas a seguir, em reportagens como a que abre a edição, produzida por Anselmo Cunha – “Do outro lado da linha”, sobre a realidade dos trabalhadores de telesserviços que, além de, muitas vezes ao dia, ouvirem respostas desagradáveis dos clientes, ainda sofrem pressão das empresas contratantes para que alcancem as metas esperadas. A reportagem de capa chama a atenção para uma profissão antiga e cheia de histórias para contar, a de pes-cador. “Pescaria que ainda resiste”, do aluno Guilherme Neto, funda-menta-se em depoimentos de pescadores que sobrevivem há anos da pesca e, hoje, sofrem com o poluição que afeta os rios e lagos gaúchos.

Na editoria de Geral, você pode conferir a reportagem de Rodrigo Gil, sobre as marcas chinesas de automóveis e os impactos no merca-do brasileira. Em Comportamento, a futura jornalista Andréia Lopes escreve sobre as mulheres e ouve depoimentos sobre “as boazinhas e as poderosas”. Ainda nesta linha, a estudante Letícia Pusti não poupa esforços para tentar traduzir um pouco sobre o que significa ser “fã”, na reportagem “Elas são fãs”. Sugere-se ainda a leitura das reportagens

“Benefícios que vão além do tatame”, da dedicada aluna Emili Pereira, e a matéria da estudante Jane Silveira, que também, com muito cui-dado, apresenta os principais atributos de um bom jogo de capoeira.

A edição do jornal traz também um caderno especial sobre cultura e comunicação, o ‘Caderno E’, apresentando temas atuais e tendên-cias, como o surgimento das rádios webs e o trabalho desenvolvido pelas rádios comunitárias. As reportagens apontam caminhos para a democratização da comunicação, assim como outras matérias do caderno indicam manifestações plurais de cultura que convivem em harmonia na sociedade. Cinema, música, cobertura jornalística e pu-blicidade estão entre as pautas que podem ser conferidas.

Leia, curta, comente!

■ Jorge Sant’Ana

A s pessoas lembram muito das palavras de Millôr e com ra-zão. Este artigo é para

lembrar seus gestos, tão grandes quanto seus pensamentos.

O ano é 1982. O cenário são as primeiras eleições dire-tas para Governador depois de um longo período de Ditadura Militar. Millôr Fernandes des-fruta de um dos espaços mais prestigiados da mídia nacional: duas páginas da revista Veja nas quais escreve e desenha o que quiser (ou quase, como se verá). Não titubeia ao apoiar explici-tamente em seu espaço o candi-dato da esquerda ao governo do Rio de Janeiro, Leonel Brizola. Victor Civita, fundador da edito-ra Abril e dono da Veja, o chama para conversar. Elogia Millôr, o define como o maior jornalista brasileiro e pede (não ordena) que cesse o apoio a Brizola até as eleições, alegando que a re-vista pretende ser isenta (anos mais tarde, ao comentar o epi-sódio, Millôr diria que a revista fizera matérias de apoio a An-tônio Carlos Magalhães na épo-ca). O empresário insiste para que Millôr silencie em troca da permanência na revista. Millôr não cede e com isso abre mão de um dos maiores salários da imprensa nacional em nome da independência editorial.

“Jornalismo é oposição, o res-to é armazém de secos e mo-

lhados”. 1964, Ditadura recém instaurada. Millôr é proprietá-rio de uma revista quinzenal chamada Pif-Paf, anos mais tarde considerada pelo Serviço de Informações do Exército o marco inicial da imprensa al-ternativa no Brasil. No oitavo número, a última página con-tinha a seguinte frase: “Adver-tência: se o governo continuar deixando que circule esta revis-ta, com toda sua irreverência e crítica, dentro em breve estare-mos caindo numa democracia”. O número seguinte não foi às bancas, o governo não permi-tiu. Millôr - ou o regime mili-tar - fecha a revista.

Ano: 1975, AI-5, auge da repressão política. Veículo: jornal O Pasquim, publicação que revolucionou a linguagem jornalística e fez críticas aos costumes e ao governo na época de maior censura e arbítrio dos

“anos de chumbo”. Anunciado o fim da censura prévia ao jornal, Millôr escreve o seguinte edito-rial: “Agora O Pasquim passa a circular sem censura. Mas sem censura não quer dizer com li-berdade... num país em que o judiciário brinca de justiça sem o mínimo dos direitos que é o habeas corpus... este jornal, só, pobre, sem qualquer cobertura

– política, militar ou econômica – e que tem como único objeti-vo a crítica aos poderosos, não pode se considerar livre. Mas continuaremos a trabalhar, com a liberdade interior, que é nos-

sa e nunca nos tiraram, e com o medo, que é humano”. A publi-cação é apreendida. Millôr pre-tende ser mais radical ainda na edição seguinte, mas é dissua-dido por seus colegas e por isso abandona o jornal.

Antes disso, Millôr teve uma crônica sua censurada pelo regi-me militar no Pasquim. Intitu-lava-se “Legalizemos a Banana” e encerrava assim: “Em Jacare-paguá, existe um cemitério só de bananas. Foi fundado em 1833 pelo padre negro, do Zai-re, Regias Aminta, que trouxe para o Brasil a manga-espada, a fruta-de-conde e o aipim-man-teiga. A banana não foi ele quem trouxe. Aliás, a banana só foi introduzida no país inteiro há muito pouco tempo”.

Com tantos exemplos de bravura em tempos difíceis e prejuízos profissionais decor-rentes dessa sua postura con-testadora, Millôr poderia ter exigido do governo uma inde-nização financeira, como fize-ram alguns de seus colegas e muitos ex-guerrilheiros. Sobre isso, Millôr declarou: “A luta ar-mada não deu certo e eles ago-ra pedem indenização? Então eles não estavam fazendo uma rebelião, estavam fazendo um investimento”.

Luis Fernando Verissimo o definiu como “um gênio com princípios, meu ídolo, Millôr Fernandes”. Meu também. Mil-lôr morreu em 27 de março de 2012, aos 88 anos.

Millôr Fernandes (ou quando gestos valem mais que palavras)

IPA - Instituto Porto Alegre da Igreja Metodistaconselho superior de administração - consad

Presidente: Paulo Roberto Lima Bruhn Vice-presidente: Carlos Alberto Ribeiro Simões Junior Secretário: Nelson Custódio Fer Conselheiros: Henrique de Mesquita Barbosa Corrêa, Osvaldo Elias de Almeida, Maria Flávia Kovalski, Augusto Campos de Rezendee Eric de Oliveira Santos Conselheiros suplentes: Jairo Werner Junior e Ronald da Silva Lima

reitor: Roberto Pontes da Fonseca

Jornal elaborado por estudantes do2º semestre do curso de Jornalismo IPA

coordenação do curso de jornalismo

Mariceia Benetti

professores(as)Lisete Ghiggi, Michele Limeira e Renata Stoduto.

projeto experimental ii e produção e planejamento editorial e gráfico iieditora-chefe: Michele Limeira

ajor - agência experimental de jornalismo

• arte-final e diagramação: Carlos Tiburski• revisão: Lisete Ghiggi e Michele Limeira endereço ajor: Rua Joaquim Pedro Salgado, 80, Rio Branco - Porto Alegre/RS CEP: 90420-060 • contato: 51 3316.1269 e [email protected]ão: Zero Hora (1.000 exemplares)

Um jornal plural

Page 3: Jornal tabloide Universo IPA #5

3GeralPORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

cem, o sindicato procura a di-reção ou a gerência da empresa, a fim de verificar o ocorrido e negociar com a empresa de for-ma que os abusos não voltem a acontecer. Mesmo assim, Trin-dade afirma que muitas vezes é preciso até recorrer ao Ministé-rio do Trabalho, o que pode pio-rar a situação do profissional de telesserviço.

Procurada pela reportagem, a empresa onde K.M. trabalha não quis se manifestar sobre o ocorrido.

O trabalho como deve ser feito

Os problemas das empresas que têm setor de telesserviços podem ser superados com a busca do bem-estar do funcio-nário para fazê-lo alcançar su-as metas. Para tanto, cobrança e pressão devem ser substitu-ídas por trabalhos motivacio-nais e até mesmo premiações aos profissionais que se desta-cam no mês. Os funcionários podem receber, além da pre-miação em dinheiro por al-cançar a produção estabelecida, produtos como eletrodomésti-cos e até brindes, como do-ces, para incentivar pequenas metas alcançadas. As dicas são do supervisor de setor de tele-

-atendimento, Filipe Chagas.As metas variam por empre-

sa e período. Em tempos mais rentáveis, elas seriam adaptadas à situação, e o mesmo aconte-ceria em ocasiões onde há di-minuições nas vendas. “Existe uma meta geral estipulada que é divida pelos operadores, de acordo com a sua carteira. Além dela, há metas paras as rotinas de trabalho, pois o controle fica mais fácil e a possibilidade de atingi-la é mais tangível”, ex-plica o supervisor.

Além disso, o funcionário que não alcançar as metas não pode ser punido. A única puni-ção cabível é o não recebimen-to da premiação pelo alcance do número de vendas previamente estabelecido.

■ Anselmo Cunha

N ão é raro ver consu-midores insatisfeitos com serviços de tele-marketing no país. A

lentidão no atendimento e a bu-rocracia desqualificam a função e estressam clientes que preci-sam das ligações para entrar em contato com empresas e servi-ços. Devido à tensão gerada pela repetição de dados e as trocas de setores, o que leva um lon-go tempo de espera na linha, os clientes perdem a paciência e brigam com os operadores, sem saber que estes, muitas vezes, são tão vítimas quanto o cliente.

De acordo com a Associa-ção Brasileira de Telemarketing, entre 2007 e 2010, o setor cres-ceu 350% e a estimativa é que continue a crescer 10% ao ano. Por ser uma alternativa cada vez mais explorada pelas empresas para manter o relacionamento com o cliente, os profissionais de telesserviços são cada vez

mais procurados no país. O mer-cado amplo e uma oportunidade de iniciar a carreira no merca-do de trabalho atraem milhares de pessoas às empresas que têm centrais de telesserviços.

E foi justamente o mercado em desenvolvi-mento que cha-mou a atenção da operadora de telemarketing, K.M., que não será identifica-da na matéria. Ela sent iu-se a t ra íd a pe l a prof issão en-quanto estava à procura de seu pr imei ro em-prego. Ao analisar as propos-tas de trabalho e ver que estava apta começou a procurar traba-lho no telemarketing.

Atualmente K.M. já atua há dois anos como profissional de telesserviços e afirma jamais ter tido dificuldades em relação aos

clientes, porém ela sofre com um problema muito comum na profissão: a tendinite, uma do-ença causada por esforços repe-titivos. Em virtude das várias horas ininterruptas de digita-ção, o problema torna-se re-

corrente entre profissionais do ramo e al-gumas empre-sas negam-se a ajudar os fun-cionários que desenvolvem a doença. “Te-nho tendinite, que começou devido à digi-tação. Eu nunca reclamei disso

para ninguém, porque quem reclama é mandado para rua”, relata K.M.

A situação de K.M. não é um caso isolado. O Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, In-formações e Pesquisas e de Fun-

dações Estaduais do Rio Grande do Sul (SEMAPI-RS), empre-sa que atua como sindicato dos profissionais de telesserviços, envia cerca de 700 recursos por mês ao Ministério do Tra-balho com reclamações dos pro-fissionais cadastrados. Destes, a maioria, 80%, é de profissionais de telemarketing.

Segundo o diretor do setor privado do SEMAPI-RS, Luiz Trindade, os motivos que levam os profissionais de telesserviços a procurar o sindicato são re-clamações de não cumprimento de direitos, condições precárias de trabalho e abuso de poder. Trindade relata que há casos em que o empregado não tem direito nem de ir ao banheiro sem ser pressionado a voltar ao trabalho. “Há empresas onde o trabalhador só pode ir ao ba-nheiro acompanhado até a por-ta pelo seu supervisor que fica marcando o tempo no relógio”, relata Luiz.

Toda vez que abusos aconte-

➜ Lesões por esforço repetitivo e abusos profissionais estão entre os problemas enfrentados por profissionais de telesserviços

FOTO: ISTOCKPHOTO

Do outro lado da linha

“Tenho tendinite, que começou

devido à digitação. Eu nunca reclamei

disso para ninguém, porque quem

reclama é mandado para rua”

Abusos nas empresas e condições precárias de trabalho fazem parte da realidade de profissionais de telesserviços

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4 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPAGeral

Educação ou punição no trânsito?Porto Alegre tem 46 pardais eletrônicos que ajudam na fiscalização do trânsito

■ Jessica Imhoff

O trânsito de veículos em Porto Alegre, de uns tempos pra cá, vem aumentando cada

vez mais. E com ele crescem também as infrações e a dor de cabeça para muitos condutores, principalmente quando rece-bem notificações de multas.

Há 20 anos como taxista no trânsito de Porto Alegre, Bruno Goulart, não concorda com as multas e acredita que são desne-cessárias. “Os agentes de trân-sito deveriam ajudar a melhorar a situação e reeducar os moto-ristas, pois muitos não lembram das leis, e acabam cometendo infrações, pois não sabem que as mesmas existem”, acredita. E critica: “é muito fácil pegar a caneta e aplicar a multa, pois não é do bolso deles que vai sair

o dinheiro para quitá-la”. O secretário municipal de

Trânsito, Vanderlei Luís Ca-ppellari, há 30 anos t raba-lhando na área, explica que

“os agentes de t rânsito ser-vem para orientar e fiscalizar a circulação na cidade, para uma maior segurança de to-dos”. Segundo ele, o agente so-mente aplica a multa quando um motorista não cumpre as leis de trânsito. Cappellari es-clarece que os agentes devem ficar sempre à vista dos mo-toristas. “Eles não são remu-nerados para ficar escondidos, por isso estão sempre à vista dos que querem e dos que não querem vê-los”.

Fiscalizar o trânsito de Por-to Alegre, para o agente Robson Andrade, há dois anos na pro-fissão, atuando nos arredores dos bairros Moinho de Vento,

Rio Branco e Bela vista, é ta-refa complicada. Ele é respon-sável pela parte da Área Azul e afirmou que aplica cerca de 70 multas por dia. “Os motoris-tas são imprudentes, muitos fa-lam no celular, não usam cinto de segurança e não dão sinais

de alerta. Aplicamos a multa e, muitas vezes, eles revidam com xingamentos e agressões. Acham que estão com a razão. Estamos ali para fazer nosso pa-pel e não para ouvir insultos de péssimos motoristas”, desabafa.

Para ajudar na fiscalização, além dos agentes de trânsito a capital gaúcha conta com equi-pamentos eletrônicos. Confor-me o secretário de Trânsito, Porto Alegre tem um total de 46 pardais eletrônicos e os cru-zamentos mais movimentados já contam com 41 câmeras de monitoramento, controladas em tempo real pelos agentes da Empresa Pública de Trans-porte e Circulação (EPTC). As multas aos motoristas também são aplicadas por meio dos par-dais e registros das câmeras. O secretário garante precisão nas multas: “As autuações dos equi-pamentos eletrônicos são acom-panhadas pela foto da infração. Os equipamentos são aferidos pelo Inmetro”.

O motorista Henrique Sar-mento é a favor dos agentes de trânsito. “O condutor não vai co-

meter a mesma infração depois de ser multado. É uma questão de lógica, ninguém quer pagar pelos seus atos, e com isso vai pensar antes de agir”.

Multas

Segundo o secretário de Trânsito Vanderlei Luís Cappel-lari, “o dinheiro arrecadado é projetado em ações de educa-ção para o trânsito, sinalização, câmeras de monitoramento, re-ajustes no Detran, fornecimen-to de material para implantação e manutenção de mobiliário urbano”.

O cidadão, ao receber a noti-ficação de autuação de infração de trânsito, poderá apresentar defesa na Central de Atendi-mento ao Cidadão da EPTC

– Av. Érico Veríssimo, 100, Te-lefone: 118.

➜ Fiscais da EPTC (uniforme azul) devem atuar na orientação e fiscalização do trânsito

“As autuações dos equipamentos eletrônicos são

acompanhadas pela foto da infração”.

FOTO: DIVULGAÇÃO

Page 5: Jornal tabloide Universo IPA #5

5GeralPORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

■ Guilherme Sampaio

P orto Alegre tem mais de 1,3 milhões de ár-vores, segunda dados da prefeitura. Desta-

cam-se na arborização da capi-tal gaúcha os chamados túneis verdes. São áreas urbanas em que as árvores formam natu-ralmente túneis vegetais por meio da união das copas. Atu-almente, foram declarados 18 logradouros como Área de Uso Especial. Um projeto de lei tra-mita na Câmara de Porto Alegre, desde 2006, e pretende declarar mais de 70 vias como Área de Uso Especial. A proposição do vereador Beto Moesch (PP) es-tabelece que no lugar de toda árvore removida do local seja plantada outra.

Dentre essas 70 vias públi-cas, que poderão ser declaradas patrimônio ambiental, estão as ruas Mariante, Casemiro de Abreu, Dona Laura e Gonçalo de Carvalho. E entre as mesmas, 18 já foram declaradas Área de Uso Especial, como é o caso da rua Gonçalo de Carvalho.

Segundo o vereador Moes-ch, Porto Alegre ganha mais visibilidade, em relação ao tu-rismo, com a preservação dos túneis verdes. “A Capital já ga-nhou notoriedade em função da rua Gonçalo de Carvalho, pri-meira via da cidade declarada Área de Uso Especial, por meio de decreto publicado em 2006, em meu mandato como secre-tário municipal do Meio Am-biente. Hoje, ela é considerada a rua “mais bonita do mundo” por diversos blogs nacionais e internacionais, justamente pe-la riqueza de sua arborização. Além disso, muitos taxistas relatam que visitantes de fora do município pedem para se-rem levados a conhecer nos-sos túneis verdes. Prova disso é que esses logradouros foram incluídos no roteiro da Linha Turismo da Prefeitura Muni-cipal”, observa o vereador, pa-ra justificar a importância da proposição.

Conscientização

Baseando-se em números, a quantidade de árvores na capital equivale a aproximadamente ao número de habitantes, tendo em média uma árvore por pessoa. As pessoas são “conscientizadas” to-dos os dias em relação à impor-tância das árvores. Até mesmo ao trocar mensagens pelo correio ele-

trônico aparece uma frase abaixo do e-mail que diz: “Antes de im-primir pense em seu compromisso com o Meio Ambiente”. O verea-dor Moesch explica que “o plantio e a preservação das árvores são a melhor forma de amenizar as mudanças climáticas nos centros urbanos. Além disso, a arboriza-ção contribui para evitar a polui-ção atmosférica e sonora, abrigar e

alimentar espécies da fauna, con-ter os ventos, combater alagamen-tos, embelezar as vias e regular o microclima. Nas cidades, as áreas sem vegetação chegam a ter, no mínimo, 10ºC a mais do que as re giões vegetadas. A esse fenôme-no dá-se o nome de Ilhas de Calor. Porém, mesmo sendo conscienti-zadas e informadas, ainda faltam ações de preservação.

O blogueiro, representante do Movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho e sócio benemérito da Associação dos Moradores e Amigos do Bair-ro Independência, Cesar Cárdia, acredita que as pessoas pouco fazem para defender seu patri-mônio. “Infelizmente vivemos uma era da omissão em muitas questões que envolvem a cida-dania. A grande maioria da po-pulação pouco faz para defender seus direitos e para defender o meio ambiente”.

Segundo a publ ic itá r ia Maiara Nascimento, as pes-soas deveriam ser por si pró-prias mais solidárias com o meio ambiente para depois se tornarem participativas e acei-tarem melhores as campanhas publicitárias. “Imagino que as pessoas deveriam ser mais soli-dárias, por si próprias, fazendo cada uma a sua parte, pois as-sim seria maior a aceitação das campanhas publicitárias de pre-servação. Acredito também que o governo deveria aumentar os projetos de educação ambiental nas escolas da capital.”

Por uma Porto Alegre mais verdeVereador de Porto Alegre e movimento ambientalista caminham juntos pela preservação do meio ambiente

➜ Foto da vista superior da Rua Gonçalo de Carvalho, a primeira via pública considerada Patrimônio Ambiental na América Latina

FOTO: RICARDO STRICHER/ PMPA (DIVULGAÇÃO)

Você sabia? Uma árvore absorve 60%

da água que nela cai.

Porto Alegre é pioneira em tutelar e proteger túneis verdes, processo que se iniciou em 2006. Atualmente, existem 15 vias declaradas, por decreto, como Áreas de Uso Especial em função da riqueza de vegetação. Uma delas é a rua Gonçalo de Carvalho.

Um projeto de lei que tramita na Câmara de Vereadores de Porto Alegre pretende declarar Área de Uso Especial cerca de 70 ruas e avenidas que possuem túneis verdes. A proposta autoriza eventuais remoções, desde que ocorra plantio compensatório na região de origem.

Page 6: Jornal tabloide Universo IPA #5

6 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPAEconomia

se acostumou a fazer? A gente reduz a margem de lucro para o consumidor ter a sua vantagem. Nós viemos para o Brasil para provar que nós podemos ven-der um carro bom, com preço bom, sem repassar para o consu-midor essa quantidade absurda

de impostos que pagamos”, afirma Gauto.

É apostan-do nessa van-tagem para o consumidor

que o diretor vê chances para a JAC e todas as chinesas cres-cerem. “Eu sou diretor da JAC, mas eu sou consumidor também. O consumidor nada mais quer que uma concorrência justa. Ele quer preço pra produto que va-le”, completa.

Assim, de mancinho, JAC

Motors, Effa, Lifan, Chana, Chery e outras marcas impor-tadas da China mudaram o mer-cado de automotores no Brasil. As montadoras tradicionais, co-mo Fiat, GM, Renault e Ford, tiveram que se adaptar às mu-danças. Houve um reajuste nos preços praticados pelas monta-doras nacionais. Quem sai ga-nhando? O consumidor! Sobre essa adaptação, Gauto destaca:

“teoricamente, a gente manteve um preço nosso, e baixamos os preços da concorrência, para o consumidor ter opções também. Teve muita gente que comprou outras marcas, com um pro-duto muito melhor do que nos últimos seis meses, pode ter certeza”.

Ricardo e Juliana Campbell moram em Gramado e vieram a Porto Alegre para comprar o

primeiro carro importado, um J3 da JAC. Os dois são unâni-mes ao afirmar que o motivo na escolha por um chinês foi o pre-ço. A garantia também atratiu, mas foi no test-drive que o casal decidiu. “O que a gente consta-tou do carro é o oposto do que todo mundo falava. Todos falavam mal, e o que se vê é que a China dominando o mercado” .

O c a s a l , que não usa o carro para fazer viagens longas, também men-ciona outras prioridades na compra: serviço de manuten-ção, conforto e qualidade. Para Ricardo, não existem mais car-ros ruins e o marketing em tor-no desses veículos é grandioso.

“Por um preço interessante eu optei por apostar em um veícu-lo completo com vários acessó-rios. Sei que têm defeitos, mas os nossos carros nacionais tam-bém são cheios de defeitos, e as pessoas mantêm ainda aque-la fidelidade que nem sempre é

correspondida”, avalia Ricardo.Marketing! Essa é a palavra-

-chave para a indústria chinesa. A JAC Motors é um exemplo disso. Foram investidos, apenas em mídia, R$ 400 milhões. A marca escolheu um garoto-pro-paganda de peso, em todos os

Montadoras investem pesado no Brasil e mudam o mercado automobilístico nacional

O que as chinesas têm? ■ Rodrigo Gil

O consumidor brasilei-ro nunca esteve acos-tumado a comprar um carro completo com

preço justo. Esse é o argumen-to das montadoras chinesas para conquistarem o mercado nacio-nal. Um segmento calejado de carros populares, sem itens de segurança e conforto.

Até 2008, boa parte da po-pulação nunca tinha ouvido falar nos nomes Chery, Lifan e Chana, primeiras montado-ras do país mais populoso do mundo a aportarem por aqui. Porém, o baixo preço, somado aos belos pacotes de opcionais, fizeram com que o consumidor não só ouvisse, mas se interes-sasse por elas. O “grand finale” veio em 18 de março de 2011, quando a JAC Motors iniciou oficialmente as atividades no Brasil. Representada no país pelo grupo SHC, do empresá-rio Sérgio Habib, a marca che-gou revolucionando o mercado automobilístico nacional. Seis anos de garantia, 50 conces-sionárias em todo o país, um centro de distribuição de pe-ças, carros completos e preço competitivo. Esse é o conjunto que fez da JAC Motors uma das principais montadoras chine-sas em solo tupiniquim.

Os números podem não im-pressionar. Cerca de 2% dos carros vendidos hoje, no Brasil, são chineses. Em Porto Alegre, a JAC conta com duas con-cessionárias, uma na ave-nida Sertório e outra na ave-nida Ipiranga. O diretor da marca na capital gaúcha, Lourenço Gauto, justi-fica que os preços não são bai-xos, são justos. As tarifas são as mesmas praticadas em qual-quer outro importado, a diferen-ça está na margem de lucro. “O que a gente faz de melhor que o mercado brasileiro ainda não

“O consumidor nada mais quer que uma concorrência justa”

FOTO: RODRIGO GIL

“Por um preço interessante eu optei por apostar em

um veículo completo com vários acessórios”

➜ J3 da JAC completo sai da concessionária custando R$ 39.900

Page 7: Jornal tabloide Universo IPA #5

7EconomiaPORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

sentidos. O apresentador Fausto Silva é a cara da JAC no Brasil. Os seis anos de garantia é ou-tra ação de marketing exclusiva que deu certo no país. “Quan-do a importadora traz o carro pra cá, ele vem com três anos de garantia. Nós exigimos, pra vender o carro no Brasil, mais três. Eles concordaram. Então, a gente iniciou anunciando esse carro com três anos de garantia, antes de abrir as lojas. Quando abrimos, para concorrência não ficar sabendo, anunciamos, no mesmo dia, os seis anos de ga-rantia”, conta Gauto.

Dura realidade

Contudo, a propaganda das marcas chinesas obscurece a verdade que existe nos preços. A China está conquistando o mer-cado mundial ao oferecer pro-dutos que custam menos que as marcas tradicionais. E muitos se perguntam: como? A resposta é simples: mão de obra barata.

A realidade na China é bem diferente da existente em outros países. Existe muito dinheiro no país, diversos cidadãos dei-xaram a zona da miséria, mas, mesmo assim, o trabalhador chinês é mal remunerado. Lá, recebe-se em torno de U$ 1 por hora trabalhada. Na vida urbana, os salários ficam próximos de U$ 80 mensais. Enquanto que no meio rural, a situação é ain-da pior.

O administrador e professor universitário, Rafael Barbosa, explica que o maior custo de qualquer organização refere-se à mão de obra. Portanto, para ele, “países em que há oferta abundante de pessoas dispos-tas e precisando de trabalho a um custo menor, relativamen-te aos demais países, tornam-se naturalmente atrativos para as organizações. Com isso, conse-gue-se diminuir o valor dos car-ros desde o momento em que eles são produzidos”, destaca Rafael.

Outro aspecto importante refere-se ao nível educacional dos chineses, que é muito bai-xo. Eles não estão acostumados com direitos humanos e traba-lhistas. Devido ao seu sistema político comunista totalitário, o professor explica que a China se torna atrativa, também, por

outro aspecto. “Não existe uma barreira chamada impostos. O que existe é a mão de ferro do governo totalitário que anda por um viés mais político do que econômico”, afirma. O proces-so de produção no país oriental começa quando uma empresa estrangeira resolve iniciar as atividades no país. Para isso, ela precisa nacionalizar a pro-dução, e por parte do governo são exigidos a abertura de en-sino e know-how para a popu-lação chinesa. Assim, algum tempo depois, a China começa a produzir e exportar os seus próprios produtos, e que, para o administrador, “não são de mesmo nível de qualidade do que aquelas marcas consagra-das”, afirma Rafael.

Assim a China aterrissa no Brasil, com carros que geram comentários, dúvidas, mas dis-põem de longa garantia, que sa-em de fábrica com freios ABS, air-bags, ar-condicionado, di-reção hidráulica, vidros e tra-vas elétricos, tudo por um preço muito atraente. A Chery trouxe o QQ para ser o carro mais ba-rato do país. E foi, durante dois meses, antes de sofrer um rea-juste de R$ 1 mil. Mesmo as-sim, o carro que ostenta o título de mais barato do Brasil, atual-

mente, é o Fiat Mille. Porém, ele não entrega nem a metade dos itens que os chineses trazem de fábrica. Nem com opcionais é possível deixar o brasileiro pa-recido com o importado. Mas, colocando ar-condicionado e um pacote de opcionais o Mil-le passa dos R$ 30 mil, enquan-to o QQ, com tudo e mais um pouco, parte de R$ 23.990.

Essa é a receita. Carros completos, preços baixos, ga-rantia longa, peças baratas. Os chineses chegaram e estão incomodando.

Aumento de IPI

Para aquecer as vendas de carros nacionais e garantir os milhares de empregos de brasileiros, o governo federal anunciou, no dia 16 de setem-bro de 2011, uma medida que eleva as taxas do Imposto so-bre Produto Industrializado (IPI) em 30 pontos percentu-ais para veículos importados.

Com isso, o governo espera-va um aumento nas vendas de carros nacionais e que as fábri-cas brasileiras não tivessem de recorrer a demissões. Porém, o aumento foi amplamente debatido por parte dos impor-tadores e, até mesmo, consumi-dores. Assim, através de uma liminar, os ministros do Supre-mo Tribunal Federal suspende-ram, no dia 20 de outubro, o aumento do IPI para carros que não fossem fabricados no Bra-sil, Mercosul e México. Contu-do, durante o período em que o aumento do IPI vigorou, o efeito foi o oposto ao espera-do. Montadoras como JAC Mo-tors anunciaram que não iriam alterar os preços de seus veí-culos. Lourenço Gauto revelou que as vendas da JAC em Por-to Alegre não diminuíram, pe-lo contrário, aumentaram. “Na minha opinião, atualmente, o IPI está ajudando. A gente du-plicou as vendas desde que o governo anunciou o aumento. Vendíamos cinco carros por dia. Hoje, estamos vendendo na faixa de 10”, afirma o dire-tor da JAC Porto Alegre. Co-mo exemplo do aumento nas vendas estão Ricardo e Juliana, que foram garantir o seu carro antes de um possível aumento.

“Quando se anunciou a medi-da federal, eu fiz uma avalia-ção de custo-benefício. Então, fazendo esse cálculo entendi que valeria muito a pena. O aumento é compreensível. Eu acho que o governo tem que se preocupar, realmente incen-tivar as fábricas a virem para cá. Mas o aumento do IPI vai dar mais conforto às empresas nacionais, e elas vão continuar vendendo carros de média qua-lidade”, afirma Ricardo.

Com ou sem aumento de IPI, a participação das montadoras chinesas no mercado brasilei-ro ainda é pequena, mas elas estão investindo pesado para mudarem esse cenário. A JAC anunciou que vai construir sua fábrica no Brasil, gerando em-pregos e diminuindo, ainda mais, os custos. Lourenço Gau-to diz que “a JAC está disposta a gastar U$ 600 milhões, já pala-vreado com os chineses”, e que a fábrica deve ser inaugurada em 2014. O aumento do IPI foi contestado no STF pelo Demo-cratas e, de acordo com o Supre-mo Tribunal Federal, só poderá vigorar após encerrar o prazo de 90 dias, a partir do dia 15 de dezembro de 2011.

“Não são da mesma qualidade do que

aquelas marcas consagradas”

➜ Juliana e Ricardo aproveitaram a redução do IPI para garantir a compra do primeiro carro importado do casal

FOTO: RODRIGO GIL

Page 8: Jornal tabloide Universo IPA #5

8 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPAGeral

■ Pedro Guterres

A s grandes mudanças políticas e econômi-cas das últimas déca-das fizeram com que o

país passasse de terceiro mundo a uma força emergente no ce-nário global. Porém, como fi-cou a instituição que mandou no estado brasileiro em tempos obscuros, como os de ditadura militar?

O Exército continua sendo parte importante do governo fe-deral e tem a função de defender a nação de possíveis inimigos externos. Contudo, pontos liga-dos às Forças Armadas ainda geram certa polêmica. Um deles é o alistamento obrigatório aos 18 anos, que é tema de divergên-cia entre os jovens. Um exemplo disso é o estudante Lucas Pedro-so Dalpiaz,18 anos. Para ele, o Exército é um ano perdido, no qual o jovem ganha pouco para

trabalhar muito.Um bom exemplo que mos-

tra o contrário é o de Paulo Ca-já Santos, 18: “Eu sempre tive o sonho de entrar no Exérci-to. Têm muitas coisas que eu admiro nesta instituição, a hierarquia, a organização e a importância para com o país”. Ainda nesta linha de pensamen-to, André Pedroso Dalpiaz, 18, irmão gêmeo de Lucas, mostra estar muito empolgado com a possibilidade de seguir carreira militar. “Acho uma ótima op-ção de vida, seguindo a carrei-ra militar sei que posso ter um futuro próspero, poderei fazer o que gosto e ganhar um salá-rio que considero legal para ho-je em dia”.

O Exército trabalha com es-tratégias para continuar sendo forte e atrativo para os jovens, é o que afirma o oficial do Co-mando Militar do Sul, em Por-to Alegre, tenente Silvio Jorge

Martin. “O Exército vem tra-tando isso com cuidado. É fato que nos últimos anos cada vez menos jovens querem ingressar na instituição, só que há outra coisa óbvia, o Exército não po-de ficar sem gente, então esta-mos fazendo um trabalho para que isso possa mudar. Para se ter uma idéia, por ano, entram no Exército cerca de 80 mil jo-vens, o que corresponde a ape-nas 1,2% dos que se alistam em todo país”.

Hoje, se um jovem tem um determinado porte físico ou ca-racterística intelectual, pode in-gressar no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR). Lá vai ter um preparo técnico e profissional. Isso quer dizer que esse jovem ganhará muito em seu currículo, usando a ex-periência para o resto da vida. A Escola de Sargento das Armas (ESA) também é uma ótima op-ção, mas a partir daí é necessário

fazer uma prova caso o candida-to queira entrar. “Sem falar na Escola Superior de Guerra para quem quer ser oficial de carrei-ra”, observa o tenente.

Novidades

O tenente Silvio Jorge Mar-

tin explica que haverá uma mu-dança importante no Exército, que beneficiará os jovens. Em 2010, o governo federal apro-vou “A Nova Estratégia de De-fesa”. O novo plano prevê que as forças armadas incorporem cerca de 30 mil homens até o final do ano de 2012. A grande notícia em relação a este pon-to é que poderá haver a profis-sionalização do Exército, assim como fazem as grandes potên-cias militares.

Outro ponto que muitos jo-vens têm interesse em saber é como anda a estrutura do Exér-cito, porque, historicamente,

o Brasil não tem tradição em guerras, o que coloca em xeque os equipamentos utilizados nos dias atuais. Segundo o tenente Silvio Martin, as Forças Arma-das estão sempre em renovação, e por isso estão bem apare-lhadas. “Um exemplo é que o Brasil comprou, em 2011, 250 tanques de guerra da Alema-nha”. Porém, ele deixa claro:

“Nosso objetivo agora é prote-ger nossas riquezas naturais co-mo o pré-sal e a Amazônia, que são de importância vital para o país, e não sermos a maior po-tência militar do mundo, porém temos que ter um equipamen-to adequado à tecnologia dos tempos de hoje”. Além dos tan-ques alemães, o Brasil está in-vestindo na Aeronáutica, com o primeiro avião não tripulado da América Latina, e na Mari-nha, com os novos equipamen-tos para proteger o vasto litoral brasileiro.

Um grande desafio: como tornar o exército atrativo para os jovens?Com o desinteresse dos jovens em se alistar, a instituição tenta retomar o seu destaque no contexto político do país

DIVULGAÇÃO: HTTP://SAOCARLOSAGORA.COM.BR

➜ Novas estratégias federais incluem a possível profissionalização do exército brasileiro

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9ComportamentoPORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

■ Vinícius de Lima Moresco

Q uem nunca pensou em morar fora do Brasil, conhecer a Europa, os Estados Unidos, o Ca-

nadá ou a Austrália? Pois bem, o intercâmbio é o desejo de jo-vens que cursam o Ensino Su-perior ou até mesmo que já se formaram. Aprimorar o domí-nio de uma segunda língua, seja ela o inglês ou o espanhol, no exterior, é o objetivo principal. Países como Inglaterra, Cana-dá, EUA e República Domi-nicana estão entre os roteiros mais desejados de quem quer vivenciar a experiência, como relata o chefe de gabinete, Gui-lherme Metodisch, que passou dois anos e meio na Califórnia

– EUA: “Além da fluência no inglês, o intercâmbio me pro-porcionou experiência de vida, responsabilidade e muitas ami-zades novas”.

Os destinos mais procura-dos pelos brasileiros são Canadá, Inglaterra (cuja nova regula-mentação dificulta o trabalho para estrangeiros), ou Irlanda.

“Quando fui escolher o local do meu intercâmbio, estava em dú-vida entre Austrália, Dublin ou Canadá. Fui a uma palestra so-bre a Austrália, mas só falavam em festa e sabia que ia me per-der. Então, entre Dublin e Ca-nadá, escolhi Dublin somente por ser na Europa”, conta Igor Mello Silveira, que estuda e tra-

balha na Irlanda.Porém, não é somente de

alegrias a preparação que cer-ca uma viagem de intercâmbio. Checar documentos necessários, estudar os costumes e a história do país de destino, preparar ro-teiros e traçar planos são passos fundamentais para quem deseja se dar bem nesta aventura

Existem inúmeros progra-mas de intercâmbios ofereci-dos por agências de viagens, e entre os mais procurados estão cursos de idiomas e combinados, trabalho remunerado e estágios, além de cursos de férias para alunos de menor idade.

Depois de tudo garantido e checado, é hora de providenciar o visto, um processo que pode demorar. Dependendo do pa-ís de destino, o trâmite é mais complicado ou até mesmo mais difícil. Alguns consulados en-contram-se somente em outros estados, como, por exemplo, o consulado do Canadá (Brasília e São Paulo) ou dos EUA (Rio de Janeiro, Brasília, Recife e São Paulo).

Após estar com o visto em mãos, é preciso começar a pensar o que levar na viagem. É nesta hora que o estudo so-bre o local de destino entra em ação.O aconselhado é que os jovens levem todos os tipos de roupa, mas respeitando as tradi-ções e os costumes locais. Inter-cambistas já rodados dão a dica de levar uma mala pequena, que

será fundamental na hora de fa-zer viagens pelo país escolhido. É preciso também checar com a companhia aérea qual é o pe-so máximo de bagagens, como a quantidade de volumes líqui-dos permitidos (saiba mais em www.infraero.gov.br). Outra dica é incluir na bagagem de mão uma muda de roupa, para ser usado em caso de extravio das malas. Uma boa pedida é levar uma lembrança e cartões postais do Brasil para a famí-lia anfitriã.

Um conselho muito eficaz é não levar todas suas econo-mias em dinheiro “vivo”. Utili-ze recursos como o Visa Travel Money e cartões de crédito in-ternacionais. Veja outras dicas no quadro abaixo.

“O real objetivo do programa de intercâmbio deve ser o de vi-venciar uma experiência inter-cultural, conviver com outras culturas, entender suas diferen-ças e especificidades. Os requisi-tos para se fazer um intercâmbio

é ter disponibilidade, flexibilida-de, maturidade, tolerância com as diferenças, motivação e von-tade de aprender” , relata Carla Mussoi, diretora da agência de intercâmbio World Study.

Onde morar

A moradia também é um fa-tor muito importante a ser de-cidido ainda no Brasil. Mais aconchegante, as casas de fa-mílias normalmente são indi-cadas para quem procura uma total imersão na cultura local. Além de que o jovem pode, em alguns casos, cuidar das crian-ças da casa e descolar uma grana para se manter. Hostel ou albergues são opções para quem não tem problema com privacidade e deseja adquirir novas amizades de todos os cantos do mundo, uma mescla de culturas. Casa de estudan-tes é a opção mais desejada, po-rém mais cara. Apartamentos onde moram jovens de diver-sos países é o meio mais con-fortável e privativo de se alojar, mas o aconselhado é que não se juntem pessoas da mesma nacionalidade, para evitar a comunicação na língua natal.

Escolher uma moradia perto da escola é essencial para quem deseja economizar dinheiro du-rante o intercâmbio. Países eu-ropeus contam com um ótimo serviço de metrô, todavia o

mais recomendado é a bicicle-ta. Além de ser uma forma de locomoção saudável também é muito bem aceito pelas culturas européias.

Contrapeso

Um tempo fora do país, vi-vendo sob sua própria respon-sabilidade, além do domínio de um segundo idioma, é conside-rado como diferencial por mui-tos empreendedores na hora de contratar um candidato.

“Eu avalio o intercâmbio co-mo um investimento de longo prazo. Quem normalmente se frusta são os jovens que vêem o intercâmbio como um inves-timento de curtíssimo prazo, do tipo, “vou, volto e um monte de empresas estará me aguardan-do de portas abertas”. Isso não vai acontecer”, afirma o consul-tor de carreiras Max Gehringer, em entrevista à revista Planeta Intercâmbio.

Da mesma maneira, é preci-so avaliar o que será mais pro-dutivo no seu futuro. Começar a trabalhar ou fazer intercâmbio é a frequente dúvida dos jovens recém formados. Nessa hora, é necessário colocar na balança suas pretensões futuras e pen-sar que um intercâmbio pode ga-rantir garante fluência em uma segunda língua, fator cada vez mais exigido por quem contra-ta jovens.

Na hora do embarqueO Universo IPA dá dicas e conselhos sobre o processo de preparação para o intercâmbio

�Respeite as pessoas e as regras do local onde ficará.

�Não gaste tempo conversando com brasileiros, até mesmo pelas redes sociais. O propósito é aprimorar seu conhecimento em outra língua.

�Cuidado com os excessos.

Ingerir bebidas alcoólicas em demasia ou usar drogas, além de crime, pode gerar deportação.

�Fast food é prático, barato e rápido, mas pode causar danos à sua saúde.

�Não tente usar o “jeitinho brasileiro” para obter vantagens. No exterior

isso não é tolerado e pode lhe trazer sérios problemas.

�É importante saber controlar as festas. Não se deve esquecer que o motivo principal que leva o jovem a fazer o intercâmbio: é aprender ou aprimorar outra língua.

Dicas para melhorar seu intercâmbio

➜ O Intercambista Igor Mello Silveira em Dublin, Irlanda, cidade onde mora e estuda desde fevereiro

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

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10 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPAComportamento

■ Ana Paula Scheffer

E m Porto Alegre, dimi-nuiu o índice de mães jovens com menos de 17 anos, conforme os

dados da Equipe de Vigilância de Eventos Vitais, Doenças e Agravos não Transmissíveis, da Secretaria Municipal de Saúde, que pesquisou entre os anos de 2000 a 2010. Os dados apontam que em 2000 engravidavam por ano 2.285 e em 2010 o número diminuiu para 1.299, em casos de mães entre 10 e 17 anos, con-sideradas adolescentes.

A gravidez na adolescência, apesar de ter diminuído, conti-nua sendo um desafio a ser su-perado. A surpresa do exame positivo numa fase da vida em que a menina não está madura o suficiente para ser mãe é im-pactante. As mães das adoles-centes são as que mais procuram atendimento de psicólogos nos Postos de Saúde e Hospitais. A psicóloga Regiane Larréa Pe-reira aponta que no início do tratamento psicológico a ado-lescente pode ter várias reações de acordo com o grau de ma-turidade e consciência da situ-ação atual, podendo variar de uma rejeição e negação da gra-videz, negligenciando os cuida-dos pré-natais, até sentimentos de maior aceitação da gestação.

“De qualquer forma, a gravidez na adolescência sempre será um sofrimento e precisará de uma boa rede de apoio para que a adolescente possa ter condições de vivenciar a maternidade e di-minuir os riscos ao bebê”, diz Regiane.

A estudante de Direito, Kari-na Monteiro, mãe de Luiz Hen-rique, conta que ao receber a notícia, aos 16 anos, foi com-plicado. Surgiram várias per-guntas principalmente da mãe da adolescente. Ela queria saber sobre tudo, como tinha ocorrido, porque ela não se cuidou e se o

pai iria assumir. Com o passar do tempo “as preocupações fo-ram diminuindo” e Karina não deixou de ter o apoio da família.

“Foi um grande choque, princi-palmente para a minha mãe. Nos primeiros dias foi complicado, depois a minha família come-çou a aceitar o fato, e hoje Luiz Henrique é o xodó de todos”, afirma Karina.

A estudante em nenhum mo-mento sentiu-se incapaz de cui-dar da criança, mas afirma que teve muito medo de criá-lo so-zinha, principalmente por não estar junto com o pai do bebê. No início da gravidez, ela não teve o apoio do pai e o maior medo era que Luiz Henrique não tivesse o afeto e o acompanha-mento paterno.

Karina, mesmo jovem, con-

sidera-se uma mãe dedicada e atenciosa que jamais deixou de lutar pelos seus objetivos e por isso não abandonou os es-tudos. Hoje, no quarto semes-tre de Direito, Karina consegue conciliar filho, estudo e traba-lho. Mesmo não sendo uma ta-refa fácil, ela garante que todo o esforço é válido para o futu-ro de Luiz Henrique, a fim de que ele tenha uma vida boa e estável.

“Me sinto muito abençoada pelo filho que tenho, saudável e esperto. Quando o vi, depois do parto, foi como se a minha vida mudasse da água para o vinho, como se fosse só ele que exis-tisse para mim. E saber que eu dei a luz de parto normal, toda uma força para nascer uma pes-soa de dentro de mim, alguém

que se tem que cuidar e amar. O primeiro sorriso, os primeiros passos, a primeira palavra, o pri-meiro “mamãe”. Não tem como dizer que eu não amo ser mãe”, diz Karina.

Já Kianne Teixeira, tam-bém mãe aos 16 anos, não te-ve a mesma sorte que Karina, precisou abandonar seus estu-dos, após sete meses de gesta-ção, para dedicar-se à gravidez. Ela conta que receber a notícia e repassá-la aos seus pais não foi uma tarefa fácil. O seu pai ficou muito chateado e não manteve o contato por muito tempo, mas com o apoio da mãe, conseguiu superar o “baque”.

“Quando descobri que estava grávida, foi um choque, estava com três meses de gestação e três meses de namoro. Me via

em um beco sem saída e sem-pre pensei: na minha primeira transa, não vai acontecer nada. Fizemos sem camisinha, achei que não teria nenhum problema, mas agi errado. Se não estiver usando camisinha e outras pre-cauções o risco de engravidar é muito grande”, afirma Kianne.

A primeira reação que teve foi pensar: “como permitiu que acontecesse e como seria uma criança cuidando de outra?”. Mas a calma para Kianne foi o essencial para pensar que não seria tão complicado assim.

Abandonar a vida de antes, de balada, sem compromissos, foi o que mais fez diferença na vida dela, porque em um dia ti-nha liberdade para fazer o que queria e no outro, o dever era cuidar de uma criança, princi-palmente, sem experiência. Era tudo novo e “assustador”.

“No início foram mil maravi-lhas, era tudo novidade, depois que a ficha foi caindo não era tão bom assim, pensava: ‘cadê mi-nha liberdade? Me via presa tão nova com uma criança que não era um boneco, mas sim uma pessoa”, relata Kianne.

Hoje Ryan, seu filho, tem três anos e, ela, aos 19 anos, es-tá esperando outro filho. Nova-mente terá que se dedicar, mas agora em dobro, e garante que não se arrepende. A vida con-tinua e para tudo há solução. Casada, conta com o apoio do marido que trabalha e é um óti-mo pai. “Cresci bastante. Penso que na vida nem tudo são flores, mas também não são espinhos.

“Hoje dou graças a Deus por ter meu filho. Ele veio cedo, mas é meu maior tesouro”, finaliza a adolescente.

Duas histórias com destinos diferentes, mas com resultados positivos: as mães assumiram seus filhos. Karine não precisou abandonar suas tarefas. Já Kian-ne abriu mão de seus estudos para poder se dedicar ao filho.

Quando a responsabilidadechega mais cedoO índice de adolescentes grávidas diminuiu em Porto Alevgre, mas a gravidez na adolescência ainda é um desafio a ser superado

➜ Karina Monteiro, mãe de Luiz Henrique, supera os desafios da maternidade na adolescência

ARQUIVO PESSOAL

Page 11: Jornal tabloide Universo IPA #5

por seu

par-cei-

ro que, além de

cozinhar, também

lhe escre-ve poesias.

Atitudes provam que o

amor prevale-ce, mesmo com

duros golpes do tempo, e como

uma velha máqui-na, necessita de óleo

nas engrenagens para funcionar sem ruídos. “Acho

que deveria me mostrar mais dependente emocionalmente, pois como sou o lado mais forte, acabo assumindo alguns papéis que considero ser do parceiro. Mulher independente em tu-do assusta”, conclui a relações públicas.

Solteiras

As solteiras trazem um quar-to ângulo de visão sobre o as-sunto. A primeira a falar é uma advogada de 28 anos, que se considera boazinha, mas nem por isto sente-se prejudicada nos relacionamento: “Os ho-mens me vêem como uma mu-lher interessante e me tratam com respeito e admiração”. Pa-ra ela, o motivo pelo qual os relacionamentos não seguem adiante nos dias atuais está na falta de companheirismo, nos compromissos da vida moder-na e na ausência de sentimentos verdadeiros.

Nathália Arriera Corrêa é Agente de Vendas, tem 20 anos, e ainda não fez a radical defini-ção entre ser boazinha e pode-rosa. Por ser brincalhona, acaba levando a vida de uma forma mais tranquila e acredita que este seu jeito “leve” de ser é que

sempre fez com que fosse res-peita ela em seus relacionamen-tos, “tanto em amizades como em namoros”, acrescenta. Na-thy, como é conhecida, afirma estar sempre disposta a ouvir, é flexível, o que em sua opi-nião conta bastante. E finaliza dizendo: “Penso que, hoje em dia, é tão mais fácil ser sozinho, não dar satisfação a ninguém. As pessoas estão cada vez mais independentes. Quando se sen-tem sozinhos ficam com alguém sem compromisso e parece es-tar tudo resolvido. Então, é di-fícil achar alguém que queira se juntar com outra pessoa se sozi-nho é tudo tão simples”.

Opinião de especialista

Os relatos não traçam um mapa de sucesso sentimen-tal, mas servem de norte pa-ra obter uma visão geral sobre relacionamentos. Na avalia-ção da psicóloga Eliane Mello Silveira, é importante deixar claro que homens e mulheres não escolhem viver juntos pa-ra disputar alguma coisa, mas para construir e vencer juntos e, para que isso aconteça, em algum momento, alguém tem que ceder. Analisando o tema, de acordo com a psicologia, Eliane explica: “Cabe a am-bos o papel de conhecer e de-senvolver-se, desempenhando parcerias, demonstrando um ao outro o que realmente de-sejam no relacionamento, não sendo nem tão poderosos nem bonzinhos, adequando-se aos papéis necessários dentro da relação conjugal, sabendo onde, como e quando sobressair ou desenvolver-se, zelando pela união conforme hábitos e cul-tura familiar.”

Ao final, descobrimos que não existem mulheres boazi-nhas e poderosas. O que há são pessoas com personalidades diferentes, dispostas a viver relacionamentos com intensi-dade e velocidade distintas. O essencial é encontrar o equilí-brio. Por mais modernos que sejam os tempos, algumas si-tuações simplesmente não mu-dam. O importante é não se deixar levar pelos falsos valo-res que a sociedade quer que você acredite.

11ComportamentoPORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

Boazinhase poderosas

■ Andréia Lopes

E m tempos de baladas re-pletas de rostos bonitos o que se vê são pessoas que entram e saem so-

zinhas. O problema não é en-contrar companhia para “ficar”, com corpo definido e ótimo de-sempenho sexual. A grande mis-são está em encontrar alguém disposto a passear de mãos da-das, freqüentar almoços de fa-mília, ir ao cinema, tomar um sorvete, sem que isto acabe ne-cessariamente em transa.

No meio de tanta evolução, a humanidade deixou de lado coisas simples como “encantar o outro”. Almeja-se ter um bom trabalho, conquistar um diplo-ma, comprar automóvel, aparta-mento, fazer pós no exterior. E por conta disso os sentimentos tornaram-se superficiais, fica-ram para segundo plano. Ana-lisando os papéis de mulheres boazinhas e poderosas nas re-lações amorosas e como os ho-mens encaram e valorizam as duas personalidades, é possível entender o quanto o comporta-mento das mulheres contribui para o sucesso ou fracasso dos relacionamentos.

O que dizem os homens

Para o consultor de empre-sas, Jorge Aiub Maluf, casado há 32 anos, a questão é: “Se as mulheres desejam construir um relacionamento estável e dura-douro, é preciso entender que os homens valorizam mais as mulheres que representam um verdadeiro desafio e não as que simplesmente concordam com tudo o que eles pensam, o que define mulheres boazinhas”. Se-gundo Maluf, o que atrai os ho-mens é o mistério, pois faz com que sejam mais criativos na ar-te da conquista. E acrescenta:

“Nenhum homem quer ter ao seu lado alguém totalmente depen-dente, que não tenha um posicio-namento a respeito das coisas”.

Aos 58 anos, ele acredita que o segredo dos relacio-namentos de sucesso está em fazer concessões sem violentar suas próprias vontades, colocar-se no lugar do outro, viver em harmonia e verda-de. E completa dizendo que “ser casado com uma mulher poderosa possui al-go que as boazinhas não têm: sabedoria”.

Quem também compartilha a opinião é o professor José Al-tair Lopes da Silva, 41. Questio-nado sobre qual tipo de mulher os homens gostam, ele respon-de sem dúvidas: “Para casar, as poderosas”. E revela: “Com as boazinhas o homem se sente do-minante e superior, mas é can-sativo, já com as poderosas ele se sente muito bem protegido e pode ter uma relação mais de igual para igual, uma compa-nheira para todas as horas”.

Aos 37 anos, o Analista de Sistemas, André Palacios, co-nhece os encantos de mulheres boazinhas e poderosas. Para ele, a melhor companhia depende do momento e dos objetivos do homem. Contrapondo a deter-minação, objetividade e audácia das poderosas e o fascínio da conquista que elas despertam, André fala sobre a companhia carinhosa, o amor e compreen-são que se tem ao lado da mulher boazinha, que por muitas vezes apresenta-se como um porto se-guro. “As boazinhas, eventual-mente, no afã de agradar, não manifestam tudo que pensam e nos levam a deduzir o que estão pensando, o que geralmente os homens não fazem bem, poden-do prejudicar a relação”, avalia considerando o lado negativo de relacionar-se com elas.

E asmulheres?

As mulheres casadas con-quistaram seus pares com ma-lícia ou doçura? Qual o segredo para manter a chama do amor acesa em seus parceiros? Viver junto requer mesmo uma recon-quista diária? A autônoma He-liege Silveira responde que sim. Aos 25 anos de casada ela fala sobre os elogios que recebe do marido, da forma como a res-peita, das coisas que faz para agradar e, principalmente, da maneira como a ajuda a encarar a vida de forma segura, preocu-pado com tudo que diz respeito a ela. Qual será o seu segredo? A característica que mantém este homem fascinado por todos es-ses anos? Será Eliege boazinha ou poderosa? Ela revela: “Te-nho um pouco de boazinha, mas prevalece a poderosa”.

Aos 40 anos, uma Relações Públicas, que prefere não se identificar, afirma que apesar da aparência de boazinha sente-se poderosa: “Me sinto referência em vários aspectos para muitas pessoas. E os homens tendem a se sentir intimidados comigo”. Mesmo enfrentando o desgaste de 13 anos de relacionamento, a profissional sente-se valorizada

O papel de cada uma nos relacionamentos modernos

FOTO: ANDRÉIA LOPES

Page 12: Jornal tabloide Universo IPA #5

cadernoE

A manipulação da imagem sob a perspectiva da publicidade

PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPA

página 14

Acesso ilimitado à críticapágina 18

Cinema ao alcance de todos!

Projeto da Prefeitura de Porto Alegre ajuda comunidades carentes a manifestarem a paixão pelo audiovisual

página 22

A internet democratiza a arena da crítica de cinema, antes restrita às publicações impressas e a poucos jornalistas especializados

Page 13: Jornal tabloide Universo IPA #5

Uma nova tendência na área da comunicação

13PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

N a evolução tecnológi-ca, o meio radiofônico busca seu espaço. As rádios web conquis-

tam lugar no competitivo mun-do da comunicação. As rádios web são transmissões de áudio via internet, através do uso da tecnologia de streaming. Qual-quer pessoa pode montar a sua própria rádio web, caracterizada como uma ferramenta democrá-tica e nova tendência na área da comunicação. Inúmeras rádios web acolhem públicos segmen-tados, como é o caso da Rádio Putzgrila. De acordo com o mú-sico e apresentador do programa Digestivo, Rafael Cony “a Rá-dio Putzgrila é focada em rock e suas vertentes”. Esta segmen-tação com as rádios web, “cujo objetivo é cativar um público que tem uma relação ou afini-dade com a proposta da rádio”.

Pedro Fonseca, radialista e fundador da Rádio Putzgrila conta que a ideia de criar a rá-dio surgiu du-rante o curso de tecnólogo em Rádio, da Ulbra. Era um t raba l ho de conclusão que resultou numa das mais co-n hec idas rá-d ios web de Porto Alegre. Pedro conta que o projeto ha-via surgido em 2007, mas que só em 2008 a ideia foi levada a sério. Inicialmente a programa-ção era feita entre amigos, de forma a preencher a grade que era ao vivo. Pedro esclarece que até então a programação não era 24 horas e que o objetivo era investir no público que ouvia o gênero rock’n roll. Atualmente, a rádio conta com uma progra-mação variada e colaboradores que se juntaram para manter a rádio e quitar as despesas bási-cas. “A maior dificuldade que

encontramos é a falta de equi-pamento, que é muito caro“, re-vela Pedro.

Muitas das iniciativas de rá-dios webs surgem nos cursos

universitários. N o C e n t r o Universitário Metodista do Ipa, os alunos contam com a Rádio IPA, c uja me t a é propiciar um ambiente ide-al para os es-tudantes das

áreas de Comunicação e Mú-sica aprimor conhecimentos, e praticar a produção de progra-mas e comerciais. Os trabalhos dos alunos são disponibiliza-dos na Rádio Web do Centro Universitário, sob a supervi-são do professor Militão Ri-cardo. Para ele as rádios web possuem uma audiência baixa, porém qualificada, se compa-rada com as rádios difusoras que são poucas e com grande audiência. Portanto, possuem um tipo de programação es-pecializada para determinado

público segmentado. “A rádio web se apresenta como novida-de no sentido da distribuição, pois barateia os custos para a realização de uma transmissão de áudio, embora não tenha o mesmo potencial de audiência massiva que uma emissora de rádio tem”, explica Militão.

Apesar dos elevados custos, a rádio web pode ser encara-da como uma forma de negó-cio rentável. O maior exemplo disso é a Agência Rádioweb, com 10 anos de história, que trabalha com venda de matérias produzidas para outras emisso-ras de rádio. Criada em 23 de agosto de 2001, em Porto Ale-gre, numa época em que a in-ternet ainda era muito lenta, a agência surgiu com o propósito de funcionar como rádio web e disponibilizar conteúdo. Neste aspecto, pode-se considerar a rádio web como um novo ni-cho de mercado.

A segmentação do público

O público segmentado par-ticipa também da programação

das rádios web. Uma vez que estão ali por simpatia à progra-mação, também podem opinar e reclamar através de canais disponíveis na internet como o Facebook e o Twitter. Rafael Cony comenta que “a segmen-tação faz com que se tenha um contato direto com a rapaziada pelas redes sociais”. Para ele, a rádio não é feita só de mú-sica, mas também de informa-ção. Muitas vezes os próprios ouvintes atuam como colabora-dores, ao alertar os apresentado-res sobre notícias que merecem divulgação.

O professor Militão acredita que “estamos em um novo perí-odo onde há uma grande ofer-ta de conteúdo”. A informação através do áudio tem a tendência de permanecer, pois as pessoas tendem a fazer muitas coisas e só conseguem assimilar a infor-mação dessa forma. Uma pessoa que dirige não vai conseguir ler o noticiário ao mesmo tempo, mas conseguirá ficar informa-da através do rádio sem se atra-palhar na direção. “Sempre vai haver espaço para a transmissão da informação por áudio. Como

que agente vai receber esse áu-dio é que está mudando”, opina o professor.

Como ter a minha rádio web?

Se qualquer um pode montar sua própria rádio web, como fa-zer? Pedro Fonseca alerta: “Pra montar uma rádio é caro. Equi-pamento de rádio é muito caro”, mas esclarece que basta acessar o site Google e pesquisar “co-mo fazer uma rádio web”. Na pesquisa é possível ter os pri-meiros passos e através de um teste é possível saber se a rádio terá futuro ou não. Se sim, aí ca-be ao criador decidir se vai in-vestir em servidores, estrutura e equipamento.

A rádio web é uma nova ten-dência e mesmo as difusoras disponibilizam um canal para audição de seus programas por streaming. Enquanto o mundo muda e as mídias fazem o pos-sível para se adaptar, a rádio web se mostra como uma nova tendência que vem para ficar e talvez, quem sabe, substituir as rádios frequência.

Ao contrário das rádios difusoras, as rádios web buscam um público qualificado e atuam numa área que sofre constantes evoluções tecnológicas

➜ Pedro Fonseca entrevistando Nenung, ex-integrante da banda Barata Oriental, durante o programa Rocker, pela Rádio Web Putzgrila

■ Bruno MouraFOTO: BRUNO MOURA

“A rádio web é uma nova tendência e

mesmo as difusoras disponibilizam um canal para audição de seus programas

por streaming”

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14 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPA

A manipulação da imagem sob a perspectiva da publicidadeCada vez mais comuns no meio publicitário, os programas de edição e manipulação de imagem causam polêmica e dividem opiniões

■ Diogo Baigorra

A mpl a me n t e u t i l i -zados em diversas áreas profissionais, sobretudo na publi-

cidade, os softwares de edi-ção e manipulação de imagem vieram para ficar. Suas van-tagens são muitas: poupam tempo do fotógrafo, permitem correções de erros que pas-saram despercebidos na hora em que a foto foi tirada, recu-peram imagens envelhecidas, entre outras. Em contraparti-da, o uso de tais programas levanta uma série de questões éticas e a indagação: até que ponto pode-se manipular uma imagem?

A resposta para essa per-gunta depende do contexto. No jornalismo, por exemplo, o có-digo de ética da Federação Na-cional dos Jornalistas (Fenaj) não permite que a imagem seja manipulada, pois a fotografia jornalística deve passar a maior veracidade possível. Na publici-dade, contudo, o uso desses sof-twares de edição e manipulação de imagem é comum. “Eu acho que hoje precisa haver manipu-lação, porque cada vez mais a imagem é valorizada. Ela conta muito para todo mundo. Então esse desejo de tentar atingir a perfeição na foto é válido”, ar-gumenta a photodesigner Aline Silva de Freitas.

Um ponto de controvérsia relacionado ao assunto refere-

-se às questões éticas da ma-nipulação. Há campanhas que manipulam a fotografia exces-sivamente e acabam descaracte-rizando o modelo ou o produto. Segundo o professor de ética do curso de Publicidade e Propa-ganda do IPA, doutor Norberto Garin, a manipulação e edição da imagem são importantes pa-ra o processo criativo publici-tário, mas deve haver cuidado

Os softwares mais usadosOs softwares mais utilizados para se tratar ou criar imagens e fotografias dividem-se

em quatro categorias: softwares de edição, softwares de manipulação, softwares bitmaps e softwares vetoriais.

��Os programas de edição são utilizados para se editar a imagem. Entende-se por edição a correção de pequenos defeitos, como brilho, contraste, luminosidade e ajuste de cor. A edição só pode ser feita através dos programas bitmaps.

��Com programas de manipulação é possível movimentar elementos e reconstruir toda uma realidade, inserindo novos elementos ou excluindo elementos existentes na imagem original. A manipulação pode ser feita tanto com programas vetoriais quanto com bitmaps.

��Os softwares vetoriais são voltados para o desenho. Neles é possível trabalhar com centenas de elementos separadas em camadas que podem ser manipulados livremente. Os mais usados são o Ilustrator e o Corel Drawn (que é mais utilizado no Brasil). Também existe um que é voltado especificadamente para a geração de imagem para a web, o Fireworks.

��Os softwares bitmaps, por sua vez, são mais adequados para o tratamento de imagens. Os mais utilizados são o Photoshop e o Corel Photo Paint. Com esses programas se trabalha em cima de uma imagem (fotografia), para corrigir defeitos que ela possa apresentar. FONTE: COORDENADOR DO CURSO DE PRODUÇÃO GRÁFICA E MULTIMÍDIA DO SENAC-RS, FRANZ FIGUEROA

➜ Para Aline, o trabalho do photodesigner é uma forma de arte que possibilita maior criatividade à publicidade

FOTO DIOGO BAIGORRA

para não se exagerar. “Eu acho que é possível utilizar os pro-gramas para corrigir pequenos defeitos próprios da captura da imagem, mas sem que isso al-tere ou violente o modelo em si“, afirma ele.

A insistência por parte do cliente para que sua campanha apresente uma estética perfeita conforme os padrões ociden-tais é outro problema. Aline conta que certa vez pegou a campanha publicitária de um

perfume e teve que transformar todo o design da embalagem, pois o cliente exigia uma em-balagem elegante. “E então nós mudamos todo o desenho da embalagem para que ela ficas-se linda e maravilhosa”, con-

tou. De acordo com ela, quem visse a propaganda nunca iria identificar que ela se referia ao mesmo perfume, mas o cliente havia exigido isso e eles tinham que obedecer. “É o cliente que manda no trabalho. Nós não te-mos muita liberdade para dizer o que achamos que seja certo fazer. Tu tens que fazer, e fazer bem feito”, alega.

Um bom diálogo entre as parte é sempre o melhor cami-nho, acredita Garin. “Os contra-tantes têm que ser convencidos de que alterar demasiadamente a imagem de uma pessoa vai, ao invés de melhorar a sua publici-dade, causar críticas por parte da população”. Para ele, fabrica-ções feitas em cima de modelos ferem a ética profissional.

Nos dias atuais, é possível identificar manipulações mal feitas com muita facilidade. Isso se deve, em grande par-te, aos avanços tecnológicos e digitais de hoje. “A Internet é uma boa ferramenta para alertar as pessoas contra propagandas enganosas”, argumenta o coor-denador do curso de Produção Gráfica e Multimídia do Senac-

-RS, Franz Figueroa. Formado em análise de sistemas e mes-tre em computação gráfica, ele acredita que hoje as pessoas não aceitam a artificialidade desca-rada das propagandas e anún-cios publicitários. Franz cita um exemplo com a atriz Julia Roberts. Depois de fotografada na rua, suas fotos foram compa-radas com as da campanha da Lancôme proibida de ser veicu-lada devido ao excesso de trata-mento fotográfico. No anúncio, a atriz norte americana apare-cia com uma pele extremamen-te alisada e sem textura alguma, características que só são alcan-çadas através da manipulação digital.

De acordo com dados do Conselho de Autorregulamen-

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15PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

Acesse http://www.youtube.com/watch?v=hibyAJOSW8U e veja como os programas de manipulação e edição de imagem são capazes de transformar as pessoas.

O antes e o depois da manipulação

Campanha publicitária da “A mais Bela Gaúcha 2011”. O conceito da campanha é: “Para nós é natural ser bonito”. As imagens associam a beleza da mulher gaúcha com a beleza natural das paisagens do Rio Grande do Sul.A peça publicitária contou com um cuidado artesanal, onde trabalhou-se volume, textura, forma e detalhe. O objetivo era manter a naturalidade, mas trazer um visual mais artístico, o que inclui o tom dourado das imagens.

Campanha publicitária do Sebrae/RS, baseada em histórias verdadeiras de micro e pequenas empresas que tiveram sucesso a partir de consultorias, cursos e seminários do Sebrae. Criada pela agência Matriz, fotografada por Molinos e Lima Studio e manipulada pela M1.

tação Publicitária (Conar), na França e na Inglaterra tornou-

-se obrigatório informar o uso da manipulação em campanhas publicitárias. Na maioria dos outros países a advertência fi-ca a cargo dos anunciantes e das agências. No Brasil, o Projeto de Lei 704/11, proposto pelo depu-

tado Carlos Humberto Manato (PDT-ES), está sendo analisado pela Câmara. A proposta obriga que anunciantes e publicações informem quando a fotografia tiver sido editada, retocada ou passado por qualquer processo de manipulação estética. Con-forme o projeto, a imagem que

sofreu manipulação deverá vir acompanhada do seguinte tex-to em tamanho visível: “Foto-grafia retocada para modificar a aparência física de uma pes-soa”. O não cumprimento da re-gra, segundo o projeto, resultará em uma multa de até 50% o cus-to do anún cio.

De qualquer modo, desde 1990 existe a lei federal que condena a publicidade enga-nosa. Em tese, ela proíbe toda propaganda abusiva ou engano-sa, afirmando que a publicida-de deve ser feita de forma que o consumidor rapidamente a iden-tifique como tal. Mesmo assim,

a lei 8078 não aborda especifi-cadamente a questão da mani-pulação da imagem, visto que na época em que foi elaborada os avanços digitais e tecnológi-cos não eram tão sofisticados, o que impossibilitava que se ma-nipulasse a imagem da maneira como hoje.

FOTOS MANIPULADAS: CEDIDA PELA M1 ENGENHARIA DE IMAGEM

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16 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPA

“Tem que ter o desejo de ser líder”Pensar na profissão de jornalista para além da bancada do telejornal, fora da sala de redação de um grande veículo, transpôr o alcance da rádio comercial e transformar a realidade através dos microfones de uma rádio comunitária é um cenário possível para jornalistas que se identificam com a causa do local onde vivem

■ Jucinara Schena

M uita gente amanhe-ce e anoitece sob os embalos das rádios comercias e desco-

nhece o esforço de anônimos que trabalham em comunidades es-palhadas pelo Brasil para fazer um jornalismo diferente, sem lu-cro, em um cenário onde o jor-nalista é visto como líder que atua através dos microfones de uma rádio comunitária. “Ele tem que ter uma característica de li-derança. Tem que ter o desejo de ser líder”, é o que acredita a pro-fessora universitária do curso de Comunicação Social da PUCRS, Beatriz Dornelles, ao defender as características que diferen-ciam um jornalista de veículo comunitário.

Ela, que tem doutorado em Jornalismo do Interior pela Uni-versidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado em Comunica-ção, há 20 anos trabalha com jornalismo comunitário, uma

área de atuação do jornalis-mo, diferente da praticada co-mercialmente. “O jornalismo comunitário é uma ação comu-nicativa da comunidade visan-do tornar público as ações feitas ali”, destaca.

Esta é a veia jornalística à qual pertence o responsável pe-la Rádio Ipanema Comunitária, Doraci Engel. Formado em Jor-nalismo pela PUCRS e especia-lista em Teoria da Comunicação, fundou a rádio em 2002, jun-tamente com outros moradores do bairro Ipanema, Zona Sul de Porto Alegre, para chamar aten-ção da comunidade em prol da preservação do patrimônio his-tórico, ambiental e cultural do bairro, um movimento chama-do SOS Ipanema.

A instantaneidade da rádio serviu como forma de mobilizar a população para as atividades que aconteciam. Como o ideal era que o veículo se firmasse, o grupo conseguiu, após seguir os rigorosos requisitos do Ministé-

rio das Comunicações (MC), a legalizar a, já batizada, Rádio Ipanema Comunitária 87,9 FM.

A outorga da rádio pelo MC se deu em 2005 e desde 2007 a rádio está no ar com uma pro-gramação 24 horas por dia, feita pelos próprios moradores e al-cançada com o sinal de 25 watts de potência (máximo permitido por lei para rádios comunitárias) em todos os lares do bairro Ipa-nema e até redondezas.

Desde então, com a colabo-ração ativa de pessoas do bairro que se dispõem a participar e a

entender um pouco mais sobre jornalismo comunitário, a rádio desenvolve uma programação voltada para a conscientização e mobilização, informa, oferece entretenimento e presta serviço de utilidade pública.

O motivo social pelo qual ela foi fundada embasa os ob-jetivos da rádio até hoje. “Fo-mos o único veículo a cobrir as atividades e envolver os mora-dores no movimento de Defe-sa da Orla do Guaíba, contra o megaempreendimento imobili-ário que se pretendia no Pontal do Estaleiro, em 2009”, lem-bra Doraci, ilustrando o poder da Rádio.

“A rádio é uma entidade co-munitária que conta atualmen-te com cerca de 50 associados ativos, com um Conselho Co-munitário formado por 10 enti-dades representativas da região e mais duas dezenas de volun-tários – moradores que produ-zem e apresentam programas na emissora”, conta Doraci. Ele ex-

plica que qualquer pessoa, gru-po ou entidade que resida ou atue na área de cobertura da emissora pode propor progra-mas. As propostas são avaliadas pelo Conselho de Associados da emissora com base nas dispo-sições legais do serviço de ra-diodifusão comunitária e nas diretrizes de programação.

O ator Alexsandro Fraga é um dos comunicadores da Rá-dio Ipanema Comunitária des-de 2009. Após participar de oficinas oferecidas pela rádio na Escola Estadual Odila Gay da Fonseca, Alexsandro e seu colega de oficina, Bruno Grassi, propuseram um programa vol-tado para a cultura pop japone-sa chamado Otaku Desu, que vai ao ar todas as sextas-feiras, das 18h às 19h. Ida Feijó é ou-tra moradora que tem seu espaço na rádio. Ela, que é economista por profissão, começou seu tra-balho no controle financeiro do veículo e desde 2009 apresenta o programa Alô Vizinho. “É um

“Ele tem que ter uma característica de liderança, ele vai

falar em nome da comunidade. É sondado, é

procurado para ajudar”

➜ Através da Rádio Ipanema Comunitária os moradores se organizam e lutam por melhores condições de vida

FOTOS: ACERVO RÁDIO IPANEMA COMUNITÁRIA

Page 17: Jornal tabloide Universo IPA #5

programa que busca apresentar ao bairro quem somos e todas as histórias interessantes e curio-sas que mostram a vida de cada um de nós”, comenta Ida, que atualmente dedica-se também à graduação em Museologia.

Para todos os que produzem programas na Rádio Ipanema Comunitária, Doraci cumpre um papel de orientador. “De-senvolver um serviço de infor-mação jornalística local, que vincule as pessoas com o que acontece a sua volta é um tra-balho que só o jornalista pro-fissional pode fazer”, afirma o Doraci, ao relatar como a comu-nidade é beneficiada com a pre-sença de um especialista na área de comunicação. “Se todas as emissoras comunitárias pudes-sem dispor do trabalho de um profissional especializado em comunicação comunitária se transformaria a conjuntura da comunicação no Brasil, com be-nefícios para o desenvolvimen-to geral da sociedade”, analisa.

Para trabalhar na área do jornalismo comunitário é pre-ciso alguns requisitos que a professora Beatriz destaca: “o jornalista deve pertencer à co-munidade, porque ele está di-retamente envolvido com as questões do seu bairro, ou re-gião onde mora. Depois, o jorna-lista tem que ter características diferenciadas de quem vai para o mercado de trabalho em jor-nais comerciais. Tem que ser lí-der, pois vai falar em nome da

comunidade. “Ele é sondado e procurado para ajudar”. Um de-talhe importante para a profes-sora é que o jornalista deve ser isento de partidos.

Ser participativo, estar en-gajado, ser orientador e ter li-derança. São as características listadas para o jornalista que pretende trabalhar em um ve-ículo comunitário. Soma-se à missão de “zelar pelos direitos da população e fazer crescer o ambiente de cidadania da região em que ele mora”, conclui Bea-triz. “É onde o trabalho do jor-nalista se torna mais palpável, mais visível”, arremata.

E como uma rádio se mantém?

A principal questão quando se fala neste tipo de jornalis-mo comunitário é relativa ao dinheiro para manutenção da rádio e para a remuneração dos profissionais. “A rádio se man-tém com doações, veiculações de apoios culturais locais e re-centemente com publicidade institucional de alguns órgãos públicos”, explica o jornalista. Neste ponto a professora decla-ra que a construção da lei de outorga das rádios comunitá-rias foi extremista, ao limitar a forma de conseguir a verba que o veículo necessita para compra e manutenção de equi-pamentos, contratação de pro-fissionais, compra de móveis, pagamento de contas fixas co-

mo luz, aluguel. “Até o pessoal que participou da construção reconhece hoje que a lei foi mal feita e é utópica porque não é possível fazer jornalismo co-munitário sem ter dinheiro”, afirma a professora, e justifi-ca que a limitação financeira impossibilita as rádios de te-rem um jornalista profissional trabalhando no veículo. “Não se consegue fazer jornalismo sem um jornalista. Serão pro-duzidos materiais de péssima qualidade, que não terão o su-porte da comunidade”, comple-menta Beatriz.

Universidade e comunidade

A disciplina Comunicação Comunitária aparece na grade curricular de muitas universi-dades que oferecem curso su-perior em Jornalismo. Ela se propõe a debater a democrati-zação da informação nos veí-culos de comunicação, como alternativa para promover e ampliar o debate sobre as rela-ções entre comunicação, edu-cação e comunidade, fazendo com que os alunos reflitam so-bre esta outra forma de se fa-zer jornalismo. “Talvez pelos meus compromissos eu nunca tenha pensado realmente em trabalhar em um veículo co-munitário. Mas eu acho que é uma atividade que todo jorna-lista deveria passar, vivenciar essa relação, por ser diferente

de uma rádio comercial”, conta Luiz Alberto Rodrigues, aluno do 7º semestre de Jornalismo no Centro Universitário Metodista

- IPA, que cursou esta discipli-na no semestre passado. “Uma rádio comunitária tem questões bem específicas”, ressalta Luiz Alberto. Para a professora Be-atriz, a relação entre academia e comunidade não é tão sim-ples e pode mascarar um “falso” jornalismo comunitário. “Por exemplo, uma universidade colocar os estudantes da disci-plina de Comunicação Comu-nitária fazendo um jornal para uma comunidade não é comu-nicação comunitária, seria um jornal acadêmico, pois foge de todas as características. As pessoas não se envolvem e is-to não é comunitário do ponto de vista conceitual”, explica a professora.

17PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

Rádio Ipanema Comunitária Frequência 87.9 Mhz FM Potência 25 watts Fundada em 2002 Está no ar desde 2005 20 programas 24h no ar Site: http://ipanemacomunitaria.comTwitter: @ipanemacom

➜ Todas as atividades são desenvolvidas colaborativamente, inclusive as manutenções

➜ Doraci (à direita) entre os jovens na Oficina de Rádio propovida pela Ipanema Comunitária

Page 18: Jornal tabloide Universo IPA #5

18 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPA

■ Jorge Sant´Ana

O círculo da crítica de cinema sempre foi muito restrito. Até há bem pouco tempo, ra-

ros eram os veículos de comu-nicação que exibiam em seus próprios expedientes um críti-co de cinema.

Eis que veio a Internet e ga-rotos que praticamente nasce-ram em frente a uma tela de TV e, se pode dizer, foram ali-mentados por ela (de informa-ções), tomaram para si a tarefa de traduzir o que viam nas te-las de cinema. Nada mais lógico, pois dominavam essa lingua-gem desde que se entendem por gente. Resultado: bem ao esti-lo norte-americano propagado por Hollywood (não por acaso) do “faça você mesmo”, toma-ram de assalto a Internet com suas ideias e impressões sobre a sétima arte beneficiados pela disseminação da produção au-diovisual mundial que a própria web lhes provia.

Duplamente democrática, a Internet age de forma a fa-cilitar o acesso às produções nacionais e internacionais ao mesmo tempo em que viabiliza o exercício e a veiculação da produção crítica dos bloguei-ros. Rafael Botelho, legítimo representante dessa geração, 17 anos, estudante de jornalismo e crítico de cinema no site www.filak.com.br, reconhece na re-de mundial de computadores uma ferramenta de veiculação de suas críticas que, de outra forma, seriam difíceis de di-vulgar. Porém, critica os efei-tos negativos da democracia propiciada pela ferramenta:

“A Internet possibilitou um po-der de expressão maior, todos falam querendo ser ouvidos e, assim como em tudo, opiniões contrárias surgem. O problema nasce quando não há respeito pela opinião contrária. A Inter-net não criou, mas potenciali-zou a falta de respeito com a opinião alheia”.

Blogueiros associados e concorrência

E os “críticos de carteirinha”, aqueles que integram a Associa-ção dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (ACCIRS), como veem a “concorrência” que nasce com a Internet e é ali-mentada pelos blogueiros? Da-niel Feix, crítico de cinema de Zero Hora e diretor da ACCIRS, espanta a polêmica: “Acho que hoje tudo é muito subjetivo. Um blog pode não ser lido por nin-guém num momento, mas de repente se tornar mania e ter muito mais influência do que uma coluna na chamada grande mídia. As coisas mudam muito rapidamente, é difícil definir o que é o quê”. Inclusive, segun-do Feix, já há vários blogueiros democraticamente integrando a Associação.

Ainda no terreno da dispu-ta de espaço entre os próprios críticos, Rafael, entusiasta, mas ao mesmo tempo crítico (seria um vício do ofício?), do papel da rede mundial de computa-dores, realça sua importância como veículo de publicação das críticas, mas pondera que

“apesar de ajudar, também atra-

palha. Independentemente da qualidade, muitos textos de ci-nema acabam sendo publicados, criando uma grande ‘concorrên-cia’. Qualquer um que tentar en-trar agora terá que penar para conseguir ter seu texto lido”.

Guia prático de sobrevivência

na rede

E como o leitor de crítica de cinema na Internet deve se orientar diante de tanta diver-sidade? Matheus Pannebecker, 20 anos, estudante de jornalis-mo (praticamente um requisi-to para ser crítico de cinema na web) e blogueiro, responde:

“Como leitor de críticas de ci-nema na Internet, costumo me focar mais naqueles endereços que falam sobre cinema con-temporâneo. Desaprovo a ideia de que cinema bom é cinema antigo e que filme comercial não tem conteúdo. Não tenho paciência para ficar lendo so-bre movimentos de câmeras ou termos técnicos, gosto daque-les textos que me convencem, de forma simples e objetiva, a assistir a um filme. Também procuro ler textos de lingua-gem fácil. O tom erudito e di-

fícil que muita gente gosta de dar para tornar o texto comple-xo não é do meu agrado. En-fim, acho que, se você procurar bem, vai encontrar pessoas cer-tas que você sempre vai ler”.

Liberdade de Expressão ou voz (vez) a quem não

tem (tinha)

“No geral, considero mui-to positiva essa democratiza-ção da crítica de cinema na web, que dá a oportunidade de muitas pessoas trilharem um caminho neste meio que, infe-lizmente, é complicado em ter-mos de oportunidades nos meios de comunicação mais tradicio-nais, como rádio e jornal”, ava-lia Matheus.

Juremir Machado da Silva, jornalista, faz, em seus espaços na mídia, críticas social, polí-tica e cultural. Doutor em Co-municação, escritor, intelectual renomado e polemista, Juremir vê no assunto – comunicação e democracia - um prato cheio: “A Internet, do meu ponto de vis-ta, é a salvação da lavoura para a expressão livre. Tudo aquilo que não tinha - e não tem – mais lugar na mídia tradicional ca-

be agora nas redes sociais, nos blogs e nos sites. Quando pro-curo um comentário sobre um filme, vou direto para a Internet. Nem me passa pela cabeça bus-car uma análise alentada de um filme num jornal impresso. Isso tem o seu lado positivo: espaço infinito, liberdade, cada um é dono do seu meio de comunica-ção e seu próprio editor”.

O que parece ser uma una-nimidade (a democracia da In-ternet) pode ser sintetizado na fala de Pedro Henrique Gomes, 21 anos, igualmente estudante de jornalismo, há quatro anos crítico de cinema do site www.tudoecritica.com.br. Alinhado com Juremir, Pedro também festeja a liberdade assegurada pela Internet e ressalta sua fun-damental importância. Ao falar das redes sociais, analisa o pa-pel da própria Internet para o que faz: “As redes sociais são potenciais ferramentas demo-cráticas. Nunca foi tão fácil se expressar, o que constitui, ao menos virtualmente, um estado de democracia social onde to-dos têm voz, opinião. Acredito que a função da Internet, poli-ticamente falando, é essa mes-ma: dar voz aos que não falam

– ou não falavam”.

Acesso ilimitado à críticaA internet democratiza a arena da crítica de cinema, antes restrita às publicações impressas e a poucos jornalistas especializados

➜ Pedro Henrique acredita que as redes sociais são ferramentas democráticas

FOTO: BERNARDO GOMES

Page 19: Jornal tabloide Universo IPA #5

■ Janaína Eickhoff

“Os poemas são pássa-ros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que

lês”. Assim dizia Mario Quin-tana sobre a poesia. E pensando em voos mais altos em relação à poesia, o poeta tinha um so-nho: levá-la às crianças nas es-colas. Ideia que foi comentada inúmeras vezes para uma gran-de amiga, a fotógrafa Dulce Hel-fer, criadora do projeto “A Hora da Poesia”, também responsá-vel pela edição do livro Mario.

O projeto pretende criar uma hora da poesia nas escolas pa-ra que os professores estudem poesias com as crianças, não só as do Mario Quintana, mas de escritores do mundo intei-ro. “Acho muito importante tu-do que incentiva a literatura. A poesia vem para resgatar um pouco do descaso com a lín-gua portuguesa, ensinando as crianças por meio da poesia”, diz Dulce.

Para o escritor e grande ami-go de Mario, Armindo Trevisan, o projeto “A Hora da Poesia” vai

possibilitar à criança o acesso direto ao poeta. “Através dos exemplos da poesia a criança, ao ler, vai formando ideais so-bre determinado assunto.” Tre-visan acrescenta que o maior valor que as crianças podem ad-quirir com a poesia será o hu-mano, o valor dos sentimentos e das emoções.

De acordo com a fotógrafa Dulce Helfer, a realização do projeto é a concretização de um sonho, não só de Mario Quinta-na, mas de muitas outras pesso-as que esperam que esse modelo gaúcho seja copiado em todo o país, pois na área da cultura e da educação tudo que é bom de-ve ser levado adiante.

19PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

O incentivo à poesia nas escolasProjeto A Hora da Poesia e o livro Mario visam promover a leitura de poetas brasileiros

➜ Dulce Helfer com fotos que retratou em livro o poeta Mario Quintana

➜ Dulce e o poeta num momento de descontração no centro da Capital

Livro MárioJuntamente com o projeto “A

Hora da Poesia” será lançado o li-vro Mario, volume II. A primeira edição foi organizada pela CE-EE e os poucos exemplares foram distribuídos a um número restrito de pessoas. A segunda edição do livro será entregue para a Biblio-teca Nacional de Brasília, que fará a distribuição para as bibliotecas públicas do país. No Rio Gran-de do sul, a Secretaria da Educa-ção vai beneficiar três mil escolas com os livros.

O livro conta com a parti-cipação de grandes escritores gaúchos, amigos e admiradores do poeta. Os textos principais e a coordenação da obra serão

de Armindo Trevisan e Taba-jara Ruas. Também terá tex-tos de Erico Verissimo, Moacir Scliar, Antônio Holfeldt, Viní-cius de Moraes, Carlos Drum-mond, Rui Carlos Ostermann, Rubem Braga, Lya Luft, Alcy Cheuiche, Paulo Sant’Ana, Yve-te Brandalise e da idealizadora do projeto, Dulce Helfer. A obra contém todas as informações so-bre o poeta Mario Quintana, co-mo: biografia, bibliografia, fotos dos últimos 10 anos de vida do poeta retratas por Dulce, fotos da infância de Mario, de encon-tros dele com Manuel Bandei-ra, Vinicius de Moraes e Carlos Drummond.

■ Gidiane Oliveira

S er DJ tornou-se hoje uma profissão inovadora que tem atraído mulheres de

todas as idades. Muitas dance-

terias deixaram o preconceito de lado e estão apoiando as “DJa-nes” ou “DJs” como muitas pre-ferem ser denominadas.

O sucesso é garantido quan-do a profissional preocupa-se em mostrar conhecimento mu-sical, explica o DJ Lê Araujo. “O preconceito existe sim, mas só depende delas para conquista-rem o respeito dos profissionais. Elas precisam se preocupar mais com o talento do que com a beleza pessoal”, afirma.

O vice-presidente do Sindi-cato de DJs do Rio Grande do Sul, Lê Araujo, atua há 24 anos na profissão e ministra cursos

para mulheres que desejam ser DJ’s. Já foi professor das duas DJs destaque 2009 e 2010, Ca-mila Vargas e Nicole Baldwin.

“Amo a música, uma vez que me envolvi”. Foi essa forma que a DJ Sill Guerreiro, descreveu a sua motivação para atuar na área. Ela é residente da casa no-turna Cine Theatro, em Porto Alegre, e afirma que a profis-são é sua única fonte de renda:

“A profissão gera muita publi-cidade, participações em even-tos, palestras e cursos na área”. A DJ acredita que é preciso ter um “algo a mais” para obter o sucesso na profissão. “Acredi-

to no chamado feeling”. Você pode aprender a usar o equipa-mento ou até mesmo mixar, mas ser DJ é uma arte que exige não só contato e energia com as pes-soas, mas sentir a pista, tocar a música certa na hora certa, e manter uma técnica apurada”.

As mulheres buscam a qua-lificação e as novas tecnolo-gias permitem a produção de playlists e tracks sem a necessi-dade de um estúdio de gravação, mas mesmo com a especializa-ção, as mulheres sofrem precon-ceito por parte de alguns DJs.

Para DJ Sill, anos atrás as pessoas não se imaginavam

dançando ao som de uma mu-lher. Ela conta que já passou por situações constrangedoras, como, por exemplo, deixar um menino “tocar” em uma festa porque dizia que se ela conse-guia, ele também conseguiria. A DJ defende a regulamenta-ção. “Deve se tentar regulamen-tar um valor mínimo a ser pago ao profissional, para evitar que alguns sejam prejudicados por uma galera que desmoraliza o DJ, tocando até de graça ou se oferecendo para tocar por um valor absurdo”.

FOTO: JANAÍNA EICKHOF

FOTO DE SANDRA RITZEL

Elas comandam as pistas de dançaAs mulheres já dominam o mercado de trabalho. Agora dominar as baladas e club’s é o novo desafio

➜ Dj Sill Guerreiro abrindo os trabalhos no Cine Theatro

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20 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPA

■ Nícolas Andrade

C om princípios no grande sucesso de Teixeirinha, passando pelo estou-ro do rock e chegando

aos dias de hoje, a engrenagem do mercado musical gaúcho não para de funcionar. Governo e mídia investem nos artistas da casa com a certeza de um retor-no a curto prazo.

Quando um trovador da pe-quena cidade de Rolante, inte-rior gaúcho, atinge a marca dos 120 milhões de cópias vendidas, pode ser chamado de fenômeno ou simplesmente de Teixeirinha. Pois este campeão de vendas é considerado como principal ponto de partida para o suces-so do mercado musical do Rio Grande do Sul.

Nos anos 80, o mercado, até então tradicionalista, ganha um som mais pesado. Quando o ro-ck nacional começa a se des-tacar no Brasil, com Legião Urbana, RPM, entre outras ban-das, o Rio Grande do Sul segue o mesmo caminho e revela ban-das tão importantes quanto as do centro do país. Surgem aí nomes como TNT, Engenhei-ros do Hawaii, Os Replicantes e Garotos da Rua. Um pouco mais tarde começam a se desta-car os Cascavelletes e Nenhum de Nós. O público recebe muito bem essa transição e começa a idolatrar, além do “Canto Ale-gretense” músicas como “Ami-go Punk” e “Era um Garoto”.

Após alguns anos, em 1991 entram em cena Acústicos e Valvulados e Ultramen. Estes

tentam resgatar um pouco do que se fazia nos anos 80 para dar suporte ao mercado naquele momento. Alguns anos depois surge a Comunidade Nin-Jitsu, com um rock mixado com ou-tros ritmos que conquistam o público. Mas foi o ano de 1996 que apresentou um marco no mercado gaúcho. Era um baile que ocuparia duas noites no ve-rão levando o nome de Planeta Atlântida.

O festival de Rock promo-vido pela rádio Atlântida vem justamente para comemorar o sucesso da emissora no Estado. Para o vocalista da Comunidade Nin-Jitsu, Mano Changes, está aí uma das explicações de mer-cado para o sucesso da música local. “A Atlântida dá resultado pelo alcance na mídia, a ponto de te procurarem e gostarem de ti querendo ver o teu show. É só com ela que tu vais ter su-

cesso? Não. Mas tem todas as rádios regionais de cada micror-região que potencializam as rá-dios jovens”.

As rádios assumem esse pa-pel de protagonista no merca-do. “Tocar artistas daqui deixa a rádio com uma identidade mais local. Colocar o som da nossa terra gera empatia com as pessoas, abrindo um merca-do de shows para estas bandas com trabalhos relevantes”, diz o apresentador da Rede Atlân-tida, Porã. Para ele, a rádio já toma isso como um diferencial diante às concorrentes.

O mercado segue forte até os dias atuais, as rádios jovens continuam surgindo e ganhan-do força, porém, fatores econô-micos possibilitam, hoje, uma maior facilidade para o estado manter os artistas aqui. “O po-der aquisitivo dos municípios gaúchos é outro ponto crucial.

No Rio de Janeiro, por exemplo, tem uma cena bacana na capital, mas são poucas cidades do in-terior que tem poder aquisitivo de ir a um show, então, é sem-pre o mesmo circuito. Essa é a grande diferença”, disse o tam-bém deputado estadual, Mano Changes.

Os caminhos do mercado gaúcho têm todos os aspectos de um futuro próspero. Com a ascensão da internet e das ban-das independentes, a cena fica muito mais em evidência. Casos de sucesso via internet, como a banda Fresno, que no momento é a banda gaúcha mais reconhe-cida e mais vendida Rio Gran-de do Sul a fora, são cada vez mais comuns. A quantidade de shows no interior do estado só aumenta e impulsiona o nasci-mento de novas bandas.

É o caso da banda Vert 360º. Segundo o vocalista, Lucas Benz, é importante entrar no mercado local. “Ser reconheci-do aqui será muito gratificante. A galera curtindo é um termô-metro pra saber se estaremos bem pra expor isso lá em cima” .

Hoje em dia, com a globa-lização, os estilos do mercado não se restringem apenas ao ro-ck. Bandas de pagode, canto-res de funk e duplas sertanejas também têm sua fatia nesse bo-lo. De qualquer forma, o can-tor Mano Changes define como é a cabeça dos músicos locais.

“Por mais que toquemos na Eu-ropa e em festivais do Brasil, onde a gente se sustenta e se ali-menta é sim aqui no Rio Gran-de do Sul”.

Sucesso o RS fabrica em casaFOTO DE RICARDO DUARTE

Um mercado que é construído por gaúchos para gaúchos que consomem música revela bandas locais

➜ A interação entre as bandas é outra característica do mercado gaúcho

MARCELO BERTANI

➜ Menina da Gaita - Teixeirinha (1979)

➜ Noves Fora - Nei Lisboa (1984)

➜ Pré-Rock’a’Aula - Cascavelletes (1989)

➜ O Papa é Pop - Engenheiros do Hawaii (1986)

➜ Aproveite Agora - Comunidade Nin -Jitsu (2003)

➜ Nada Opera - Reação em Cadeia (2009)

➜ Fresno - Revanche (2010)

A evolução dos discos que fizeram sucesso em diferentes épocas

Em janeiro de 2011, foi sancionada a Lei nº 13.669 do deputado Mano Changes (PP), que obriga as escolas a fornecer atividades relacionadas à música. A medida visa a interação da nova geração com a cultura musical do estado e país. Em seu texto original, a lei diz que “as escolas deverão oferecer as atividades de forma gratuita e aberta, incluindo equipamento e material didático, bem como uma refeição para os alunos que permanecerem durante os dois turnos na escola”. Os estudantes que desejarem participar desse projeto deverão comprovar seus índices de frequência. O projeto será coordenado e supervisionado pelo Comitê de Educação Integral, formado por profissionais com notoriedade e comprovada participação no segmento da arte-educação, a ser criado pelo Chefe do Poder Executivo. Para o deputado é a chance de manter a música viva dentro do convívio escolar.

Música obrigatória nas escolas

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21PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

É um longo caminho até o topo se você quer Rock’n’RollO aumento do número de artistas independentes traz novos desafios para aqueles que sonham em viver da música

■ Guilherme Not

J ogador de futebol. As-tronauta. Ator. Essas são respostas comuns à per-gunta “o que você quer

ser quando crescer?”. Mas a no-va geração está adicionando ou-tra classe a essa lista: músico. É cada vez maior o número de bandas e artistas independentes que lutam por um espaço no co-ração do público (e na mídia), e têm o sonho de se tornar rocks-tars. O fenômeno é ainda mais forte em Porto Alegre, um ce-nário muito fértil no rock’n’roll. No entanto, quem deseja ser ar-tista profissional deve assumir o desafio de viver da música e enfrentar as dificuldades que acompanham a carreira. É co-mo canta o AC/DC, uma das maiores bandas de rock do mun-do: “Eu digo a vocês amigos / é mais difícil do que parece”.

Seja por diversão ou com alguma pretensão profissional, a maioria das bandas começa da mesma forma – amigos que gostam de música, tocam ins-trumentos e se reúnem para pra-ticar. Foi mais ou menos assim com a banda Acústicos & Val-vulados, uma das mais conhe-cidas do Rio Grande do Sul; a diferença é que os Valvulados tinham motivos a mais. “A gen-te começou porque todo mundo tava a fim de tocar, ou já toca-va com alguém, mas queríamos uma banda com o nosso esti-lo, com a nossa cara. Na época, curtíamos basicamente o rocka-billy, Stray Cats, anos 50, esse clima. E todo mundo estava a fim de festa, das gurias, dos tra-gos, chalaças e afins!”, recorda o baterista da banda, Paulo James.

Após os primeiros ensaios, começa uma das partes mais di-fíceis e importantes da vida de uma banda: a criação do mate-rial próprio, que é influenciado fortemente pelo tipo de música

que se gosta. James cita a sua banda como exemplo. Segundo ele, “as influências são muitas, a maioria é do rock clássico. Tudo o que a gente curte ouvir entra no som, de um jeito ou de ou-tro”. O processo de criação po-de ter a participação de todos os membros do grupo ou a ação principal de um deles, como é o caso da banda Abeck 7, for-mada por cinco amigos de Por-to Alegre: “Geralmente alguém da banda tem uma ideia de ba-se musical e traz para o ensaio. Então, improvisamos algo com a banda inteira até achar uma melhor maneira de executar a música”, explica o baixista da banda, Roberto Cezimbra. Com a banda Acústicos & Valvula-dos o processo é parecido. De acordo com James, ele compõe a maioria das músicas e arranjos na voz e violão, “depois a banda toda trabalha em cima disso”.

Pouca grana, muito trabalho

Em seguida, começam os shows, por vezes sem muita es-

trutura, e a batalha para chamar a atenção de um público bom-bardeado com diversos tipos de música e, é claro, conseguir re-torno financeiro com isso. Essa, sem dúvida, é a maior dificulda-de para uma banda iniciante. No entanto, para Cezimbra, tudo va-le a pena para estar no palco, fa-zendo o que se gosta. Ele afirma que, apesar da má remuneração e da “correria”, todas as dificul-dades são superadas pela satisfa-ção de compor e tocar músicas próprias. O baixista da Abeck 7 também explica que todos os membros da banda possuem ou-tras atividades profissionais, já que ainda não é possível viver somente da música, e que o di-nheiro ganho com os shows é investido no próprio grupo. Ele é usado na compra de equipa-mentos e no aluguel de estúdios de gravação e ensaio – tudo pa-ra alcançar o objetivo maior da banda: a gravação do primeiro CD. Mas, se a banda alcança o sucesso, tanto musical quanto mercadológico, a situação muda.

É o caso de bandas mais an-tigas e que já possuem seu espa-

ço no mercado fonográfico. “A gente tende a se adaptar a situ-ações diferentes, porque pode rolar uma feira gigante, ou um pub bacana... O importante é o show! Claro que o cachê melho-rou desde o começo, mas é o tipo de lance que estabiliza, não mu-da muito depois que atinge um certo valor”, afirma Paulo James.

Originalidade é fator decisivo para o sucesso

O cenário de grande cres-cimento musical e fácil acesso ao conteúdo produzido pelos grupos, especialmente através da internet, também apresenta um desafio para as bandas in-dependentes. Como se destacar em meio a uma multidão de ar-tistas buscando a atenção de gra-vadoras e do público e que, por vezes, usam os mesmos meios de mídia, e da mesma forma? Para o diretor artístico da gravadora e produtora Marquise 51, Lucas Hanke, o diferencial está justa-mente na originalidade. “Nós trabalhamos com rock, gênero

que tem um público muito mais exigente e que sabe o que quer ouvir. Então procuramos sem-pre bandas que sejam autenticas, com boas letras, atitude, perso-nalidade e que tenham os pés no chão”, ressalta.

O baterista Paulo James tam-bém considera que a autentici-dade é um fator decisivo. “Se a banda faz um som de verda-de, acredita naquilo, já é meio caminho andado. Não dá pra aguentar banda que fica seguin-do moda, correndo atrás de fór-mula de sucesso, e esse tipo de coisa”. Além disso, James fala sobre a importância da banda ter uma boa química, e não só ha-bilidade musical. Para ele, “uma banda funciona quando ‘bate’, quando tu ouves e o som im-pressiona. Não adianta só com-petência, fazer bem feito, o lado técnico da história. E muito me-nos só a imagem, ou número de views [acessos no Youtube], etc. Isso é o legal da coisa toda: o desafio de fazer uma música so-ar bem, de fazer tudo casar, de fazer um show funcionar, de en-treter o público”.

➜ Acústicos & Valvulados é uma das bandas mais bem sucedidas do Estado

FOTO: DIVULGAÇÃO

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22 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPA

Cinema ao alcance de todos!Projeto da Prefeitura de Porto Alegre ajuda comunidades carentes a manifestarem a paixão pelo audiovisual

■ Paloma Rodrigues

U ma mulher perde tu-do quando o marido a troca por outra mais jovem e precisa lutar

para conseguir reestabelecer sua vida. Enquanto isso, um di-retor azarado cria o plano per-feito para finalmente derrotar seu rival e ganhar o reconheci-mento que sempre sonhou. Um rapaz apaixonado pede dicas de sedução a personagens de fil-mes. Uma mulher descobre o amor enquanto foge de um pe-rigoso assassino.

Todas estas histórias e mui-tas outras são o resultado da Oficina de Realização em Cine Vídeo Digital, promovida pela Prefeitura de Porto Alegre, em parceria com o CineBancários. Voltado para o público carente, o projeto de Descentralização Cultural, realizado pela prefei-tura, oferece cursos gratuitos dos mais diversos estilos, sem nenhum custo: de artes circen-ses até fotografia; de dança a teatro.

A oficina de cinema teve iní-cio em 2005, sempre entre os meses de abril e novembro. “A oficina foi pensada com o ob-jetivo de dar acesso a qualquer pessoa, mesmo os que não ti-vessem noção nenhuma de ví-deo. Mas para nossa surpresa a procura foi grande também por pessoas que tinham conheci-mento e até trabalham na área”, diz Silvio Leal, um dos orga-nizadores da Descentralização.

Apesar da pouca divulgação, o curso atraiu um público gran-de, cerca de 90 alunos. Mas, devido às dificuldades apre-sentadas durante o curso, ape-nas 30% chegaram até o final. Para o estudante e crítico de ci-nema, Alexandre Morosso Gui-lhão, um dos pontos fracos da Oficina “é que a Secretaria de Cultura deveria investir mais no projeto, pois praticamen-te não contamos com equipa-mentos nas aulas e a estrutura que nos disponibilizam é muito limitada”. Jackeline Cruz, es-

tudante de publicidade, concor-da com Alexandre dizendo que apesar do bom manual didáti-co feito pelo professor, existem poucos recursos para as aulas práticas.

“O maior ponto fraco é o cur-so não oferecer absolutamente nenhum material. Outro proble-ma, mas que não é exatamente um empecilho, é um claro des-nivelamento da turma em rela-ção à intimidade/expectativas sobre o conteúdo”, diz o escri-tor e músico Juliano Moreira.

“O ponto forte é a atmosfera de aprendizado que, por ter prazos e cronogramas, acaba criando um comprometimento nosso em concluir o filme para o curso”, completa.

Liana Vargas Fernandes diz que gostou muito da oportuni-dade que a Prefeitura está ofere-cendo, mas que ficou frustrada com a organização. “Não tínha-mos nenhuma disponibilidade de equipamentos e esperava mais do ministrante, que ape-sar de entender de técnica, não parecia ter um conhecimento

muito profundo de cinema, nem muita didática, pois com frequ-ência as aulas eram desviadas para assuntos paralelos”, disse ela. O professor não quis dar entrevista sobre o assunto.

Nem todos os alunos concor-dam com Liana. Alguns citam como ponto positivo os conhe-cimentos do professor, forma-do em jornalismo pela PUCRS e mestre em Comunicação, In-dústria e Criatividade no Au-diovisual Iberoamericano, pela Universidad Internacional de Andalucia, Espanha. Ronaldo Ruduit, que já deu aulas Uni-versidade de Santa Cruz do Sul, no Centro Universitário do Vale do Taquari e no Senac-RS, tra-balhou na área de publicidade, como produtor de comerciais para rádio e TV. “O professor é um excelente conhecedor do ramo audiovisual, um profissio-nal com muita experiência, es-tá nos passando aulas que estão sendo um grande aprendizado para nós”, diz Alexandre.

O motivo de tanta escassez é a falta de verba que a Oficina

recebe da Prefeitura. Em 2011, o projeto contou com R$ 6 mil, destinados ao professor. O ma-terial utilizado em aula, como projetor e computadores, é li-mitado e fica a cargo do Ci-neBancários. Porém não são fornecidos materiais de grava-ção ou edição. Para o professor, a falta de materiais não é um problema, pois o que importa é o talento e a dedicação do aluno.

Já Ricardo Hubba, bancário da Caixa Econômica Federal, se indigna com a falta de recursos da oficina, mas também acredi-ta que a carga horária poderia sofrer algumas alterações. “A Prefeitura não forneceu sequer uma caneta ou lápis para os alu-nos. A apostila também não foi fornecida. E a carga horária de cada sábado é muito extensa, os alunos quase dormem em sala de aula”, completa.

Como ponto forte, os alunos entrevistados citam a oportu-nidade que normalmente não teriam. “Em Porto Alegre são poucos, quase raros, os cursos que oferecem a oportunidade

do aluno colocar em pratica o que é aprendido em sala de au-la”, diz Jackeline. Além de in-comuns, também são caros. A produtora Cena UM, que ofe-rece cursos na área, tem pre-ços que variam entre R$60 e R$300. O crítico de cinema Pa-blo Villaça oferece em todo o Brasil o curso Teoria, Lingua-gem e Crítica Cinematográfi-cas. O curso dura uma semana e custa R$ 407,00. O curso de ex-tensão: Análises Críticas no Ci-nema, oferecido pela UniRitter, sai pelo valor de R$ 500,00. Na PUCRS, o curso superior Tec-nológico em Produção Audiovi-sual, com duração de dois anos e meio, tem uma mensalidade de R$ 2.114,08.

O projeto de Descentraliza-ção Cultural oferece uma opor-tunidade única e, segundo Silvio Leal, está apenas começando e as dificuldades serão vencidas.

“Pretendemos ampliar o numero de oficinas oferecidas, com pos-sibilidade de ter alguma direto lá na comunidade. Também que-remos dar, além ao aprendizado, a formação e encaminhamento do pessoal na área. Talvez re-alizar um Circuito, festival ou mostra dos materiais produzi-dos na Cidade, para a cidade”, diz o coordenador.

No dia 12 de novembro, os alunos, amigos, familiares e adoradores de cinema se reu-niram na Usina do Gasômetro para prestigiar os resultados da oficina. Ao todo, foram seis curtas-metragens, entre eles um documentário. Após a exibição dos filmes, os organizadores da oficina se reuniram ao público para um debate sobre a impor-tância do cinema e de projetos como este.

Os filmes produzidos esta-rão disponíveis, em breve, no site http://descentralpoa.blogs-pot.com. As inscrições para a Oficina de Realização em Ci-ne Vídeo Digital 2012 começam em março e estarão abertas para todos os interessados a deixar que a magia do cinema entre na sua vida.

➜ O resultado da oficina foi exibido na sala P.F. Gastal, na Usina do Gasômetro

FOTO: DIVULGAÇÃO

Page 23: Jornal tabloide Universo IPA #5

de jornais para impressão; brin-co com o pesso-al que é preciso t rês olhos, um para cuidar das máquinas, outro dos caminhões, e, principalmen-te, outro do reló-gio”, afirma.

Para Linhares, a atenção dos tra-balhadores é indis-pensável no parque gráfico, local on-de são efetuadas as impressões e mon-tagens dos jornais. “A tecnologia auxi-lia na impressão e na montagem dos jor-nais, mas precisamos da capacidade huma-na para o transporte e distribuição corretos

do jo r n a l”, explica.

Traba-l h a m n o

Parque Grá-f i c o Ja y m e Sirotsky, loca-lizado na zona norte da capital, 115 trabalhado-res. As impres-soras são capazes de imprimir 75 mil exemplares por hora, ou 21 jornais completos por segundo.

O jor n a l s a i do Parque Gráfico pronto, montado e encartado. Come-ça neste momento o trajeto da notícia. Colocados em ca-minhões, os jornais transitam até os Cen-tros de Distribuições (CD´s), ou, Offices. Nestes locais, que em Porto Alegre são mais

de trinta, é efetuada a entrega aos assinantes, aos vendedores, e aos proprietários de bancas de revistas. Para fora da região Sul, o jornal chega via trans-porte aéreo.

Segundo Linhares, todo o processo é elaborado antes das 5 horas, os caminhões começam a deixar os CD s exatamente às

5h15. A distribuição é efetuada por bairros a partir das 5h30, desta forma, os entregadores fa-zem que com que o jornal che-gue às mãos do leitor.

Os exemplares não vendi-dos também são aproveitados. O secretário de Logística ex-plica que a cada dois dias são recolhidos nos pontos de ven-da e distribuição. Chamam-se encalhos e são reutilizados em novas impressões.

O papel do jornaleiro

Paulo Roberto Ramos, ven-dedor há 6 anos, trata seus jor-nais como produtos e conta: “Chego às 5 horas, bato meu cartão, pego meu jornal e me desloco até meu ponto de venda, a Kombi sai com a rota pronta, as 6 horas já estou começando a fazer minhas vendas”.

Paulo trabalha na região cen-tral de Porto Alegre, próximo ao viaduto Loureiro da Silva. Com uma comissão de 15% sobre ca-da venda e com uma média de 280 jornais vendidos por dia, se diz realizado com a função e com o trabalho prestado a uma empresa conhecida.

Jornal nas bancas

Outro meio de levar o jornal ao leitor é a venda em bancas de revistas e jornais. As bancas são regulamentadas pela Prefeitura. O proprietário Sergio Deli, 56 anos, inclui-se nas bancas ca-dastradas e agora com controle da prefeitura. Ele vende jornais há mais de duas décadas. Dia-riamente, abre a banca às 5 ho-ras e os jornais chegam às 5h30.

Para Deli, acordar cedo to-dos os dias é motivo de alegria. “É uma honra, uma alegria enor-me, a leitura é algo que deve ser cultivada por todas as pessoas, e o jornal é conhecimento. Só pelo fato de estarmos lendo, já adquirimos algum tipo de co-nhecimento”, relata.

Atualmente, são vendidos, em Porto Alegre, jornais de mais de 30 empresas diferen-tes. O número de vendas cres-ce anualmente. Somente assim o jornal impresso irá manter-se vivo, sem o tormento das edi-ções online.

23PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

O caminho de um jor-nal até a mão do leitor é uma obra de arte. A produção do jornal em

si passa pela impressão, o encar-te, a distribuição e a venda ao leitor. O jornal impresso segue na luta diária contra os demais meios de comunicação de massa com o empenho de muitos traba-lhadores responsáveis pela logís-tica e as vendas dos exemplares.

O que a maioria dos leitores não conhece é o árduo trajeto percorrido pela notícia até che-gar à mão do leitor, o que exige uma boa estrutura de logística. E que muitas pessoas ganham a vida com o jornal, sem serem jornalistas, editores ou chefes de redações. O jornal que che-ga diariamente ao leitor depen-de de uma complexa estrutura de distribuição e venda.

A definição do que será pu-blicado no jornal do dia seguinte é feita no dia anterior, em uma reunião de pauta das editorias. Geralmente, por volta das 23h, o jornal está praticamente pronto, faltando somente a impressão e a montagem. A partir desta de-cisão inicia-se o processo para finalizá-lo e deixá-lo pronto pa-ra ser entregue no dia seguinte. O repórter tem a função de sair a campo, atrás das fontes e buscar suas informações para montar sua pauta. Assim que ele tiver a certeza de estar com apura-

ções suficien-tes para finalizar a matéria, dirige-se à redação e finaliza a pauta. O editor, por sua vez, está sempre em comunicação com o repórter, a fim de estar a par da reportagem, pois a res-ponsabilidade da publicação da notícia é do editor. Assim que todas as matérias forem finali-zadas, editadas, diagramadas, creditadas, inicia-se o proces-

so para impressão e montagem do jornal.

De acordo com o secretário de Logística da maior empresa de jornal impresso da região sul do Brasil, a RBS, Renan Linhares, o segredo para tudo ocorrer conforme o planejado é manter o controle sobre má-quinas e funcionários. “Traba-lhamos com uma alta demanda

■ Jeferson Ferreira

O trajeto da notícia no jornal impressoO comércio do jornal impresso segue elevado. Os leitores pouco conhecem sobre a logística e venda dos periódicos

FOTO: JEFERSON FERREIRA

Page 24: Jornal tabloide Universo IPA #5

24 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPA

O futebol vai além das quatro linhasProgramas de televisão e rádio disponibilizam boa parte do tempo para informações sobre o futebol. Internet e jornais também não ficam atrás. Mesmo sendo uma prática jornalística ativa em todo o território brasileiro, existem diferenças maiores do que se imagina

➜ Christiane Matos e Vagner Martins (esquerda) conversam durante a palestra do jornalista Jader Rocha para o curso “Futebol e Jornalismo”, na PUCRS em 2010

■ Gabriel Telles Ferreira

O futebol está consolida-do como o esporte que mais move paixões no Brasil. Por causa disso,

a imprensa brasileira disponibi-liza um espaço considerável nos veículos para noticiar informa-ções das rodadas, dos clubes e do dia-a-dia de treinamentos, pois

existe interesse público. Ainda assim, é diferente de região para região, por motivos, como a cul-tura de cada estado e o número de clubes que mais atraem tor-cedores. Corinthians e Flamen-go, por exemplo, são os que têm maior torcida do país, segundo o Instituto Ibope Media divulgou, no dia 4 de outubro de 2011, o que gera uma maior atenção nos noticiários de todo o Brasil.

A abordagem varia confor-

me a importância do clube. No Rio Grande do Sul, a dupla Grê-mio e Inter tem setor dentro das empresas para fornecer infor-mações e coberturas completas do dia-a-dia e das partidas. Se-gundo Vagner Martins, repórter da Rádio e TV Bandeirantes de Porto Alegre, o interesse públi-co gerou a necessidade de co-locar jornalistas trabalhando

ativamente no Estádio Beira--Rio e no Estádio Olímpico. “O jornalismo esportivo aqui no Rio Grande do Sul tem o seu principal foco no futebol. Pelo fato de a dupla Gre-Nal ser mui-to forte e despertar um interesse público, a cobertura é intensa. Os principais espaços em TV, rádio, jornal e Internet são de-dicados ao futebol”, explica ele. Nos outros estados, o volume de trabalho é tão grande quanto

no RS. Em São Paulo, existem muitos clubes em evidência no cenário do futebol, como Co-rinthians, Santos e São Paulo. Como a demanda é grande, os jornalistas fazem a cobertura de todos os clubes, sem “setoriza-ção”, como no Sul.

Mas a forma de exposição de todos os conteúdos também varia. Para Vagner Martins, aqui temos um ponto de vis-ta mais técnico e profissional do futebol e menos “humorís-tico”, como podemos observar nos programas nacionais, como Globo Esporte (Rede Globo) e o Jogo Aberto (TV Bandeiran-tes). “Entendo que aqui no RS se faz um jornalismo mais sério. Talvez por uma questão cultu-ral. Vou citar um exemplo: atrás das goleiras do Beira-Rio e do Olímpico você não vê um profis-sional com o microfone na mão, comemorando um gol. Algo que ocorre com freqüência no Rio de Janeiro, Goiânia e Salvador”, conta.

Outro fator de cuidado para

os jornalistas é lidar com o sen-timentalismo e a paixão exage-rada, presentes constantemente no meio. Christiane Matos, se-torista do Internacional no jor-nal Diário Gaúcho, conta que nunca recebeu ofensas ou al-gum tipo de agressão verbal por parte de torcedores, mas as re-clamações são corriqueiras: “É comum recebermos telefone-

mas de torcedores reclamando de pouco espaço no jornal para o clube, ou até mesmo discor-dando de uma matéria”.

Muitos estudantes, ao in-gressarem no curso de jorna-lismo, já têm em mente seguir o caminho na área de esportes. Christiane Matos e Vagner Mar-tins dão dicas aos interessados e avaliam que é necessário gostar previamente do assunto e de-dicar tempo e atenção para ter

chances de visibilidade nos ve-ículos. “Minha principal dica é gostar de esporte. Não adianta trabalhar na área se não gostar do que faz. É importante tam-bém estudar o assunto (jogos, adversários, tabelas, classifica-ção) e estar sempre muito bem informado”, analisa. Já Vagner Martins explica que é necessá-rio aliar competência, determi-

nação e vontade para conseguir chegar ao destino desejado.

“Antes de tudo é preciso querer! Depois você tem que provar que quer. Este é o começo. É preci-so trabalhar e mostrar qualidade em tudo que você for fazer. Ou-tra dica: Se você quer trabalhar em jornal, leia muito a parte de esportes. Se você quer o rádio, ouça tudo. Se a opção for TV, veja tudo. Observe o trabalho dos bons profissionais”, conclui.

“Entendo que aqui no RS se faz um jornalismo mais sério. Talvez por uma

questão cultural” - Vagner Martins

“Minha principal dica é gostar de esporte e estar sempre muito bem

informado” - Christiane Mattos

FOTO: MARIANA DE FONTOURA

Page 25: Jornal tabloide Universo IPA #5

■ Rafael Botelho

C hegando no Brasil no início de setembro de 2011, a empresa ame-ricana de locações on-

line Netflix acabou chamando com rapidez a atenção de adep-tos por evidenciar o crescimento de um ramo até então desper-cebido. A empresa americana entra em um mercado que es-tá praticamente consolidado no Brasil com cada vez mais inte-ressados em assistir filme onli-ne, o que coloca em xeque todo antigo mercado de homevídeo. Os números comprovam o ris-co que as locadoras enfretam: se no início de 2003 haviam 12 mil locadoras, hoje existem apenas 8 mil em todo país, segundo a União Brasileira de Vídeo.

O serviço de locadora online, que disponibiliza um variado acervo para o usuário desde que pague uma quantia fixa por mês, impõe-se como um dos princi-pais fatores para a gradual que-da dos antigos estabelecimentos. A disponibilidade de ter acesso ao serviço sem deslocar-se à lo-cadora atraiu bastante a atenção de consumidores que utilizam a internet. “Tendo uma velocida-de de internet boa já basta para alugar filmes online. Mais práti-co do que ir em uma locadora e ter que brigar por um lançamen-to de um filme. É tudo na hora”, afirma Lauro Antonio, adepto do novo sistema.

Porém, ainda existem aque-les consumidores que resistem às mudanças: “Se eu vou numa locadora, eu posso dizer que te-nho um filme nas minhas mãos, enquanto a internet não possi-bilita isso. O virtual é só uma representação, e isso me inco-moda. É por isso que eu con-tinuo indo à locadora”, conta Giordano Gil, estudante de ci-nema e consumidor ávido de lo-cadoras “de tijolos”, como ele mesmo gosta de se intitular.

O mercado de homevídeo te-ve uma história conturbada des-de o início, nos anos 90, ainda

com videocassete. A pirataria já surgia como principal ini-migo nesta época, tornando-se crucial no mercado a partir do momento em que bastava ter um computador e acesso à internet com velocidade moderada pa-ra poder baixar qualquer filme tanto visando o comércio ilegal quanto para consumo próprio. A concorrência aumenta quando a TV por assinatura, que já con-corria com as locadoras, começa a disponibilizar e também locar filmes sem que o consumidor precise sair de casa.

As locadoras revidaram a este múltiplo ataque de várias formas, algumas se transfor-maram em lan houses, outras criaram promoções, serviços de atendimento a domicílio, tudo para trazer os clientes de volta.

Mesmo assim, eles dificil-mente iriam retornar por já esta-rem adaptado às novas formas de locação, aponta Maurício Trilho, funcionário da E o Vídeo Levou,

locadora de Porto Alegre que tenta sobreviver ao inconstan-te mercado. “É bastante compli-cado. Eles foram responsáveis pela redução do número de lo-cadoras em, acredito que 50%. No caso da E O Vídeo Levou, con-seguimos criar um ni-cho no mer-c ad o c om um público específico cujos filmes dificilmente são achados de outra for-ma se não na locadora. Os canais pagos, a pirataria e as lo-cadoras virtuais, trabalham ba-sicamente com “blockbusters”, explica Trilho.

A diversificação das opções de lazer dificultam ainda mais a situação das locadoras. “O

maior problema das locadoras é a grande variedade de opções de “lazer em casa” que as pesso-as têm acesso. O tempo que era destinado a ver filmes hoje está dividido em muitas outras ativi-

dades”, fala Maurício

Já tendo demasiados problemas, as locado-ras também enfrentam os estúdios de p r o d u -ção de f i l-mes, que ao sofrer com uma cr ise interna de-

vido à pirataria acabaram pro-curando o mercado digital para tentar contornar o problema. Quando os estúdios estão ela-borando um filme, o mercado de locações online já está pla-nejado, ao contrario do merca-

do de locações, que sofre pela falta de abrangência.

A internet, grande respon-sável pelo problema, pode ser a única solução para as lo-cadoras. O uso de redes so-ciais tanto para divulgar os lançamentos como também para vender DVDs e demais produtos relacionados ao ci-nema se tornou a chance de sobrevida das locadoras. Fato confirmado por Marcelo, ao informar que 30% do total de vendas e locações provêm da internet. O atendente acredi-ta que “a distribuição online certamente será o futuro. No entanto, ressalta que esta dis-tribuição será dos blockbus-ters. “A grande produção de cinema no mundo inteiro e o crescimento na procura de fil-mes que dificilmente conse-guem exposição nos cinemas serão um grande espaço a ser explorado pelas tradicionais locadoras”.

“Uma velocidade de internet boa já basta

para alugar filmes online. É mais prático

do que ir em uma locadora e ter que

brigar por um lançamento de filme.

É tudo na hora”

25PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

Assista online: é o fim das locadoras?Os antes disputados espaços, hoje sofrem com a falta de público, o que pode ajudar a extinguir o mercado de homevídeo

➜ Página inicial do site Netflix, sistema americano de locações online que chegou no Brasil recentemente

REPRODUÇÃO: RAFAEL BOTELHO

Page 26: Jornal tabloide Universo IPA #5

26 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPAComportamento

■ Letícia Pusti

R eunidos em grupos ou mesmo solitários, fãs incorporam as mensa-gens passadas por seus

ídolos em atividades que, além de homenageá-los, disseminam os ideais inseridos em seus tra-balhos. Livros, desenhos, mú-sicas... Muitos desses meios de expressão são vistos pelas pes-soas como maneiras de contar histórias e, em diversos casos, causam a sensação de confor-to e compreensão. Porém, pa-ra muitas outras, isso vai além. Quando as histórias por trás das melodias, imagens e palavras ultrapassam a linha do simples gostar, passam a fazer parte da construção de caráter e opinião

de milhares de pessoas, os en-volvidos tornam-se fãs.

“Agora me aceito do jeito que sou”, é o que diz Ana Cris-tina dos Santos, 15 anos, sobre o papel que os ídolos exercem na sua vida e na formação da sua personalidade. Os fãs da sa-ga de Harry Potter também são exemplo disso. Encarada pelos não leitores como uma história de magia, as aventuras do bruxo transformaram vidas sem utili-zar feitiços. “É muito mais do que uma aventura. Trata-se de vidas, experiências boas, expe-riências ruins; nossa capacida-de de lutar por nossos objetivos mesmo quando tudo está con-tra nós, e sobre a nossa forçam que está em pequenas coisas, co-mo as lembranças”, diz a leito-

ra Maria Fernanda Castro, 19. “Os livros falam muito sobre a amizade, nossas escolhas, inse-guranças e mesmo preconceito. Não há como não crescer como pessoa depois de conhecer es-se mundo fantástico criado pe-la J.K. [Rowling, a autora dos livros]”, completa.

De fato, na história uma das personagens principais lida com aqueles que se acham superiores por serem de famílias puramen-te bruxas, o que serve como re-flexo da sociedade. Ainda assim, é possível extrair muito mais da história que se desenvolveu em sete livros. “Harry Potter desen-volveu e expandiu minha cria-tividade, quem gosta de ler não tem dificuldade em bolar his-tórias e escrever redações. Na-

quelas páginas são transmitidas infinitas mensagens aos leitores, aprendemos com elas”, conta a também fã da série, Camila de Cássia Araújo, 16.

Fãs conscientes

Já em um contexto social-mente mais crítico, músicas e bandas possuem maior fluência. Entrevistas, letras, melodias bem trabalhadas e até mesmo a vida pessoal dos músicos atin-gem e conquistam um maior e mais receptivo público.

Os fãs antigos ou novos, por sua vez, tornam-se porta-vozes de suas idéias. Como é o caso da banda norte-americana My Chemical Romance.

“Nunca permitam que a mí-

dia diga como seu corpo deve ser. Vocês são lindos do jeito que vocês são. Continuem lin-dos, mantenham isso feio”, pro-feriu Gerard Way, vocalista do grupo, ao receber um prêmio promovido pela revista que ha-via criticado um dos integrantes da banda por sua aparência. Foi o suficiente para abrir os olhos de muitos que ainda não haviam percebido a mensagem por trás do mais recente álbum da banda, Danger Days, The True Lives of The Fabulous Killjoys, mensa-gem que conquistou uma nova multidão de fãs e preencheu os fãs antigos de orgulho.

“O último álbum da banda [Danger Days] veio com men-sagens contestadoras contra o sis-tema alienado em que vivemos,

Eles são fãs Admiradores de bandas, obras literárias, músicos e escritores assumem, cada vez mais, a posição de porta-vozes de seus ídolos

➜ Fãs se reúnem em diversos pontos do país para homenagear o trabalho de seus ídolos, como o grupo de jovens paulistas que se manifesta para pedir a presença da banda no país

FOTO: LAY VENANCIO

Page 27: Jornal tabloide Universo IPA #5

mas ao longo da carreira deles fo-ram incontáveis mensagens para as pessoas não desistirem facil-mente diante das adversidades que surgem em suas vidas, que não se sintam confortáveis na po-sição de vítimas. Qualquer psi-cólogo ou líder religioso poderia passar a mesma mensagem, mas não com a mesma hostilidade e paixão que eles passam”, expli-ca a fã do grupo, Camila Souza.

Para a psicóloga Jéssica de Araújo, o comportamento de considerar-se fã e conseguir captar tantas mensagens se de-ve à necessidade de comparti-lhar valores. “As pessoas, em especial os jovens, buscam al-go significante para sentirem-se parte de algo. E quando o artista ou a história incorpora elemen-tos que tragam alguma forma de identificação, seja em cren-ças, valores, seja em sentimen-tos, faz com que a sensação de estar sozinho diminua”, diz. E completa: “Traz o conforto que todos precisam para não haver a sensação de deslocamento na sociedade e, em muitos casos, na própria vida”.

Certamente, compartilhar de gostos e opiniões é uma ne-cessidade natural que ganha for-ça quando se trata de algo tão singular mesmo quando parti-lhado entre milhares de pessoas. É o que reforça a fã da banda My Chemical Romance, Victó-ria Agostinho, 17: “Não há nada mais divertido do que encontrar

pessoas que gostam da mesma coisa que você e poder conver-sar sobre isso. É confortável; é como encontrar um lugar para você e sentir que você faz parte de algo realmente bom”.

E são o conforto e as inspira-ções em comum que mobilizam os fãs a mostrarem aos ídolos e ao mundo não apenas o amor pelos trabalhos e pelas perso-nalidades em si, mas também a importância das composições (musicais, literárias, artísticas em seus diversos modos) que mudaram milhares de vidas.

Trabalho coletivo

É cada vez mais comum gru-pos de fãs se reunirem para rea-lizar atividades sociais. Para eles, é a melhor forma de prestigiar o trabalho realizado e disseminar as ideias do ídolo. Principalmen-te quando estes carregam ta-manho significado a ponto de modificar ações sociais.

“É comum as pessoas terem como ídolos aqueles que têm al-go a acrescentar e os quais se pode tomar como exemplo. So-mado a isso, há o fato de as pes-soas sentirem a necessidade de estar próximas ao objeto ado-rado, em fazer parte do mundo deles. Planejar um encontro em que se supõe que o ídolo senti-ria orgulho do fã, adicionado a todo aquele conjunto de ideais comuns faz com que o fã sinta mais próximo e completo”, afir-

ma a psicóloga. Tarefas como doar sangue ou

promover festas a caráter e be-neficentes ocorrem periodica-mente no país e no mundo. Sem nunca deixar de lado a confra-ternização e, é claro, a admi-ração, os fãs unem seus ideais e a espera do reconhecimen-to não apenas do seu trabalho, mas do trabalho do ídolo, pa-ra, quem sabe, assim conquis-tar, aos poucos, uma sociedade mais consciente.

27ComportamentoPORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

➜ Fãs de My Chemical Romance utilizam do lema “Art is the weapon” (Arte é a arma) para disseminar pelo Brasil, através de trabalhos artísticos, as ideias compartilhadas pela banda

➜ Jovens admiradoras organizam movimento para chamar a atenção da banda e pedir shows no Brasil

➜ Fãs interpretam personagens de obras admiradas

FOTO: @DOITLOUDRJ

FOTO: YUU

FOTO: @DOITLOUDPE

Page 28: Jornal tabloide Universo IPA #5

28 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPAComportamento

A ntes da criação do Ai-kido, o fundador Mo-rihei Ueshiba insistia em sempre vencer as

suas disputas. Após a morte do pai, em um momento de pro-funda tristeza, percebeu que era inútil insistir sempre na vitória, pois em algum momento da vi-da seria derrotado. Surge, então, na década de 1940, o Aikido, arte marcial moderna repleta de preceitos como harmonia e cooperação e que não permite competições, pois vão contra os princípios de Morihei. Conhe-cedor de técnicas ancestrais da tradição dos Samurais, Morihei agregou aos treinos a busca da espiritualidade e do autoconhe-cimento, bem como os valores dos Samurais: humildade, hon-ra, honestidade, entre outros.

Uma atividade física que traz benefícios tanto para o corpo quanto para a mente, o Aikido pode ser praticado por mulhe-res e homens de todas as idades que buscam melhorar o condi-cionamento físico ou combater o estresse. É recomendável, co-

mo frequência ideal, treinar cin-co vezes por semana, segundo o presidente da Associação RS Aikikai, Christian Sant’Anna, que já treina há vinte anos e afirma que “o Aikido torna o corpo mais saudável”. Trazendo mudanças que também benefi-ciam a vida do aikidoka (pra-ticante) fora do dojo (local de prática), Marcelo Vargas, que treina desde maio de 2002, ci-ta alguns exemplos: melhora o sistema respiratório e cardíaco, ajuda no equilíbrio emocional, combate a monotonia, melhora a concentração e promove a in-tegração entre as pessoas. “No início, buscava saber fazer as técnicas e graduar nas faixas, mas com o passar do tempo fui descobrindo que tudo aquilo que eu aprendia no tatame também servia para minha vida fora do Aikido”, conta.

Equilíbrio e harmonia

Já Wilson Rangel, 41 anos, sempre quis praticar alguma

arte marcial, mas achava que não tinha mais idade para is-so. Depois de conhecer o Aiki-do através de amigos percebeu que poderia praticar tranquila-mente. Treinando desde julho de 2009, já percebeu alguns bene-fícios que a prática trouxe para o seu dia-a-dia, com relação ao aspecto físico. “Treinando você desenvolve a mobilidade, a fle-xibilidade e o equilíbrio, como também a resistência”. Cair e le-vantar muitas vezes exige bas-tante do condicionamento físico do aikidoka. “No Aikido se fala muito em ‘círculo’ e ‘centro’, isto é, sua energia está em seu centro e o seu círculo é o seu espaço, e você define se este espaço poderá ser invadido ou não. Na vida fora do dojo não deixa de ser diferen-te, permitimos que pessoas que gostamos entrem no nosso círcu-lo, assim como repelimos quem não gostamos por alguma razão. Entretanto, devemos aprender a administrar as situações evitan-do conflitos e buscando harmo-nizar o convívio nos diversos ambientes”, explica Rongue.

Com pouca coordenação cor-poral e com medo de se machu-car, devido aos rolamentos e as quedas que acontecem durante o treino, a doutoranda em Direi-to do Trabalho, Valkiria Sarturi, 33, aceitou o desafio de treinar Aikido para conseguir vencer a própria limitação que, segundo ela, ficou visível desde o primei-ro treino. “Acho que a vontade de vencer os meus próprios li-mites e provar para mim mesma que conseguiria foi importante no início”, afirma Valkiria, que em dezembro completa quatro anos de treinos. Os movimen-tos, tanto de ataque quanto de defesa, são determinados pela intensidade ou força de quem realiza o ataque (uke), ou seja, se o uke for com muita força em direção ao nage (aquele que aplica a técnica) poderá receber uma resposta ao seu ataque com a mesma intensidade. Os movi-mentos tendem a se tornar mais vigorosos, conforme a gradua-ção dos praticantes, pois como explica Sant’Anna, o Aikido é uma arte marcial de cooperação,

em que, na prática, busca-se a interação e a harmonia entre os que treinam. Mas isso não quer dizer que os treinos não possam ser cheios de energia, pois “para encontrar a paz o homem tem de estar preparado para a guerra”.

Combate ao estresse

Toda a prática de atividade física ajuda a pessoa a manter uma boa harmonia entre o cor-po e a mente. “É a velha má-xima: ‘mente sana in corpore sano’, ou seja, mente sã em cor-po são”, explica Valkiria, para ela o Aikido a ajuda a extravasar as energias acumuladas durante o dia, se o treino ocorrer à noi-te, ou a começar o dia bem dis-posta, caso o treino seja durante a manhã. Entretanto, a oficial de justiça, Luciane Canella, 35, tem a sensação de relaxamento após os treinos, como se fosse após uma sessão de meditação. Treinando há apenas três me-ses, Luciane já conhecia as artes marciais, como o Taekwondo

■ Emili Nitske Pereira

Benefícios que vão além do tatameConhecido como uma arte marcial que não tem competição, o Aikido traz benefícios tanto para o corpo quanto para a mente

FOTOS DE EMILI NITSKE PEREIRA

Page 29: Jornal tabloide Universo IPA #5

29ComportamentoPORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

A palavra Aikido, na sua tradução direta do japonês para o português, significa

“O caminho da harmonia com a energia vital”, mas como explica Sant’Anna é difícil aproximar para a nossa língua uma perfeita definição para o Aikido. Luciane define como um exercício que visa além de resultados físicos, uma arte que ensina a perseverar diante das dificuldades. Já

Rongue explica que o Aikido é um Budo, uma arte marcial excelente para a defesa pessoal e uma filosofia de vida, “que serve para, além de vencer oponentes, vencer a si mesmo, superar suas dificuldades, seus medos e anseios”.

Ao concordar com Sant’Anna, Valkiria também acredita ser difícil definir algo, pois se pressupõe que tenha um conhecimento

mais profundo a respeito daquilo que se pretende definir. Para Valkiria, Aikido é uma arte marcial que conecta as pessoas e o que lhe chama a atenção é a

“mistura dos mundos”, em um mesmo treino estão reunidos médicos, advogados, taxistas, seguranças, todos em busca de uma integração, de uma harmonia. Wilson concorda com Marcelo ao afirmar que “a única pessoa

que devo superar é a mim mesmo”, e afirma que para ele, o Aikido é além de uma arte marcial, é uma arte que faz com que as pessoas se unam e troquem experiências sem a necessidade de haver competição. Resumindo, Sant’Anna define o Aikido como “uma ferramenta que pode ser utilizada pelo praticante na sua vida, transpondo as paredes do Dojo”.

➜ Sensei Christian Sant’Anna (à esquerda) avalia alunos durante exame de graduação de faixa

M orihei Ueshiba nasceu em Tanabe, no Japão, em 14 de dezembro de

1883. Estudou diversos concei-tos e técnicas de artes marciais nas diferentes escolas de Jiu-

-Jitsu existentes no Japão. Em 1922, a prática de Mo-

rihei começou a adquirir um caráter mais espiritual, levan-do-o a se libertar das práticas convencionais e a desenvolver

um estilo próprio. Em 1935, se tornou famoso em todo o mundo das artes marciais, de-vido à criação “da união do espírito, da mente e do cor-po”, previamente chamada de aiki-budô.

Aos 70 anos, sua técnica fluia de sua imensidão espi-ritual, em contraste com a fe-rocidade e força física que o caracterizava. Em 1967,

aconteceu a cerimônia do iní-cio da construção do Hombu Dojo, em Tóquio. Em janei-ro de 1968, uma comemora-ção foi realizada em razão da conclusão da obra, e Mo-rihei falou sobre a importân-cia da essência das técnicas do aikido. Mesmo parecen-do estar com saúde impecá-vel, veio a falecer em 26 de abril de 1969.

Murihei Ueshiba, o fundador

➜ Alunos do Dojo Central durante a abertura do exame de graduação de faixa

Associação RS Aikikai

A Associação RS Aikikai foi fundada em 1998 pelo Sensei (professor) Chris-

tian Sant’Anna, com o objeti-vo de preservar e difundir os princípios do Aikido. É filiada à Aikido Sansuikai Internatio-nal, organização que permite à Associação RS Aikikai estar li-gada ao Hombu Dojo, organi-zação sede mundial do Aikido, localizada em Tóquio, no Japão.

Em Porto Alegre a Associa-ção tem sua sede e Dojo Central, na avenida Cristovão Colombo, mas pode-se treinar em outras filiais, como na Academia Prá-xis, e em outras cidades, como Pelotas, São Leopoldo e Vitória da Conquista (BA). Atualmente, Sensei Christian possui quarto nível de faixa preta e conta com mais de 50 alunos sob a sua tute-la e dos instrutores da associação.

desde pequena, por meio do ir-mão que também a apresentou ao Aikido.

Relacionamento interpessoal

“Costumo dizer que o Aiki-do não prepara lutadores, mas líderes e pessoas de bem, es-senciais para o desenvolvimen-to da nossa sociedade”, afirma Sant’Anna. Ele acredita que as pessoas ficam mais seguras e confiantes com a prática, con-vivendo melhor umas com as outras. O Aikido, para Valkiria, ajuda na concentração e refor-ça algo que preza muito: “ser humilde e me relacionar com respeito e alegria com o maior número de pessoas possível”. A prática também ajuda a encarar momentos de pressão e angústia com mais naturalidade e com a consciência de que tudo é uma fase, e que na vida “podemos cair e levantar a qualquer mo-mento. Seja qual for o motivo que tenha causado isso, teremos que levantar e seguir em frente quantas vezes for preciso”.

O significado

Page 30: Jornal tabloide Universo IPA #5

30 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPASaúdeDestinado à saúde, defesa e bem-estar dos animais, o projeto Bicho Amigo prevê ações de proteção

■ Jéssica Vieira

A Prefeitura de Porto Alegre pretende au-mentar as ester i l i-zações de animais.

Para isso, conta com duas unidades móveis que se des-locam até as comunidades pa-ra atuar direto na realidade e prevenir problemas. A Unida-de Móvel I do Projeto Bicho Amigo, inaugurada em agosto de 2011, funciona como clíni-ca itinerante para esterilizar animais e educação em saúde, da Secretaria Especial dos Di-reitos Animais (SEDA). Já a unidade móvel II, inaugurada em março de 2011, serve para

apanhar os animais nas vilas populares, e levá-los até a clí-nica de esterilização, onde é feita a castração, esterilização e implantação de microchips. Depois o animal é devolvido à comunidade.

O ônibus, doado pela Asso-ciação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP), é uma clínica itineran-te para esterilização de animais de rua. A coordenação das ati-vidades está a cargo de uma equipe multidisciplinar, com parceria da Faculdade de Vete-rinária, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os atendimentos acontecem nas vilas Chocolatão (primeira a ser

atendida pelo projeto), Santa Terezinha, Bernardino Silvei-ra Amorim e nos loteamentos Arco Íris e Bela Vista.

O Projeto Bicho Amigo executa ações como o con-trole reprodutivo de animais domésticos e educação para guarda responsável e em saú-de ambiental, é operacionali-zado por meio das unidades móveis I e II.

Entre os meses de julho e ou-tubro, a equipe do projeto Bicho Amigo Unidade Móvel II cas-trou 1.098 animais domésticos em bairros e vilas, em proces-so de remanejamento e trans-ferência, como as vilas Dique e Nazaré.

A coordenadora Maria de Lourdes dos Santos Sprenger, da Coordenadoria Multidisci-plinar de Políticas Públicas pa-ra Animais Domésticos, afirma que “o projeto vai ajudar a po-pulação reduzindo os nascimen-tos de animais indesejados”. Ela acredita que ao reduzir a popu-lação reduzem-se os maus-tra-tos, devido a casos de ataques e mordeduras.”

E ainda através do Proje-to Bicho Amigo estão progra-madas três mil esterilizações em clínica licitada e no Ca-nil Municipal. Com o projeto, a Prefeitura irá gastar anual-mente R$ 230 mil, diz Maria de Lourdes.

Experiência

A comerciária Romilda Ri-chter d’a Silva Ami, de 34 anos, tem uma cachorra chamada “Mel”, com quem passeia todos os dias, dá carinho, e leva para tomar banho.

Ela comenta que realmente vale a pena mandar castrar o seu cão ou gato. “Sou totalmente a favor da castração, pois com ela os nossos pets não sofrem com o cio, têm muito menos proba-bilidades de obter algum tipo de câncer, gravidez psicológica, depressão etc”. Segundo ela, a castração é favorável tanto pa-ra o animal quanto para o seu dono que não vê seu bichinho sofrer com o cio.

Projeto Amigo traz melhorias às ruas da Capital

FOTO: LUCIANO LANES / PMPA

A droga que desafia a medicina e a sociedadeO pouco tempo de internação e a falta de um acompanhamento psicológico acabam prejudicando a recuperação

■ Emmanuel Garcia

O mundo está sempre em evolução e os trafican-tes não ficaram para trás.

Criaram uma droga poderosa, capaz de viciar na primeira do-se, formando um exército de vi-ciados, que vendem seu corpo, roubam, matam tudo para sa-tisfazer a abstinência. O crack é feito com a mistura de uma pasta à base da cocaína, adicio-nado de bicarbonato de sódio e água. A mistura é levada a 100ºc

e após a evaporação, obtem-se o produto final. Porém, é comum que traficantes adicionem outras substâncias como cal, cimento, querosene, ácido sulfúrico, com o intuito de aumentar o lucro visto que os produtos têm um valor menor que a pasta de coca.

O problema enfrentado pe-la medicina é que a droga tem um poder muito grande: ataca o sistema nervoso de tal for-ma que deixa o usuário fora da realidade, com alucinações e mania de perseguição.

Segundo o médico Paulo Paim que atende usuários no Pronto Socorro Cruz Verme-lha, com sede na avenida In-dependência, em Porto Alegre, são frequentes as queixas de fa-miliares sobre a venda de todo o patrimônio da família pelos usuários. De acordo com Paim, outro caso que também desa-fia a medicina são os filhos de mães que usaram a droga na gestação. “Esses bebês sofrem uma abstinência muito forte ao nascer e possuem incontáveis

problemas, desde má formação de órgãos até a falta deles. Mas os casos mais graves são os que apresentam problemas cardía-cos ou cerebrais”, explica.

Paulo Paim também alerta que o tempo de internação em vagas contratadas pela prefei-tura junto ao Sistema Único de Saúde (SUS), é muito curto e serve apenas para desintoxicar. Para o médico, o tempo máxi-mo de internação é de 27 dias e neste período não se conse-gue efetuar o acompanhamento

psicológico do dependente, que é indispensável. Paim acredita que o dependente pode se livrar do vício, mas, na sua opinião, “isto só ocorrerá caso ele não venha utilizar quaisquer subs-tância psicoativa novamente”. Particularmente, ele inclui o álcool como a porta de entra-da para todas as outras drogas, e sempre aconselha que o de-pendente sempre vá aos grupos de autoajuda”, pois o isolamen-to às vezes o empurra para a drogadição.

➜ Ônibus adaptado funciona como clínica veterinária ambulante

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31SaúdePORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

■ Pumaira Coronel

O câncer mamário ocupa a segunda posição das doenças mais comuns no mundo. No Brasil,

o Rio Grande do Sul está em se-gundo lugar no ranking de inci-dência da neoplasia, perdendo apenas para o Rio de Janeiro. Porém, não é uma doença que atinge apenas mulheres. Apesar de raros casos, o câncer de ma-ma masculino existe e aflige um homem para cada mil mulheres.

O relato da doença em ho-mens é muito pouco conhecido, e corresponde a cerca de 1% de todos os casos de câncer de ma-ma no país. Em razão da rari-dade, existem poucos estudos e publicações sobre o assunto, o que acaba causando um cer-to preconceito entre os homens

em relação à doença.Foi um desconforto atípico

que levou o empresário Antô-nio da Rosa, 71 anos, ao médico.

“Um dia passei mal do estômago e fui ao meu médico de confian-ça. Na consulta, ele me pergun-tou se nada mais me incomodava. Eu disse que tinha um carocinho no meu mamilo havia um bom tempo. Ele não doía, não inco-modava, não coçava. Só sentia quando eu apalpava”, lembra. Após a retirada do nódulo para a biópsia, ele recebeu o diagnós-tico: Câncer de Mama.

O mastologista Cassio Fer-nando Paganini, residente do Hospital Santa Rita, do Comple-xo Hospitalar Santa Casa, ex-plica que as manifestações dos tumores são as mesmas, tanto na mulher quanto no homem, e na maioria das vezes o tumor

se manifesta como nódulo. As-sim como as mulheres, os ho-mens devem fazer o exame de toque. Dificilmente a doença é diagnosticada precocemente, pois somente quando o paciente sente o nódulo, decide procurar atendimento clínico.

Em relação ao diagnósti-co, Cassio diz que “como no homem a glândula mamária é apenas um resquício de tecido, não é indicado o exame de ma-mografia, apenas exames de imagem, como ecografia e ul-trassonografia e o autoexame”.

Alguns estudos apontam que a maior frequência de casos de câncer de mama masculino es-tá associada à atividade ocupa-cional como exposição a altas temperaturas, como é o caso dos trabalhadores na indústria quí-mica voltada à produção de sa-

bão e perfume. Existem ainda evidencias em relação à expo-sição à gasolina e também em homens que trabalham em em-presas de fumo.

“Assim como as mulheres, muitos homens estão predispos-tos a ter câncer de mama devido aos fatores de risco normalmen-te associados ao excesso de es-trógenos (hormônio feminino) ou diminuição de andrógenos (hormônio masculino)”, explica o mastologista Cassio Paganini.

Os tratamentos oferecidos aos homens com câncer de ma-ma são os mesmos utilizados nas mulheres e incluem: mastec-tomia radical (retirada total da

mama), retirada dos gânglios da região axilar, além de sessões de quimioterapia e radioterapia.

De acordo com especialistas, a única forma de reverter esse quadro é a prevenção. E, para isso, a melhor ferramenta é o autoexame. Segundo dados do INCA, a identificação tardia do tumor nas mamas chega a redu-zir em 50% as chances de cura da doença. Diante de qualquer alteração na mama é importante consultar o seu médico de con-fiança ou um médico mastolo-gista, já que em estágio precoce, o câncer de mama, tanto em ho-mens quanto em mulheres, tem 90% de chances de cura.

Os homens também podem ser vítimas do câncer de mamaOs tumores nas mamas não são uma triste exclusividade feminina, homens sofrem com isso e precisam fazer o autoexame

FOTO DE PUMAIRA CORONEL

➜ Médicos indicam autoexame como técnica de prevenção

Como encarar o câncer Em pleno século XXI, infelizmente, a doença ainda gera grande impacto

■ Victória Duarte

O câncer é uma doença que choca e assusta os pacientes. A professora

aposentada, Marisete Prates, 53, está em tratamento contra um carcinoma da mama es-querda, mais conhecido como câncer de mama. Ela revela que, no momento da descober-ta, levou um susto e por isso não conseguiu aceitar, ficando muito abalada. Quando assimi-lou de fato a doença, pensou que iria morrer, principalmente pela falta de conhecimento so-bre o câncer de mama. A partir

desse momento, decidiu bus-car mais informações, além de recursos clínicos e espirituais.

Para conseguir encarar as dificuldades da doença e o longo e, na maioria das ve-zes, sofrido tratamento, o do-ente necessita do maior apoio possível de familiares, ami-gos e fé nas crenças. Mariste conta que desde o início quis se curar, pois acredita que, se estava passando por isso, era capaz de suportar as dificul-dades até a sua recuperação.

“Afinal de contas, eu precisa-va viver, não só por mim, mas por todos aqueles que querem

me ver bem e fazem sempre de tudo para isso ocorrer”.

“Para o paciente é funda-mental a aceitação da doença, pois só assim conseguirá de fato digerir tudo o que está aconte-cendo em sua vida, proporcio-nando a si a oportunidade de encarar de cara limpa a doença e colocando para fora seu amor próprio”, diz a psicóloga Lau-ra Porto Alegre. A oncologista Helena Andrade explica que o acompanhamento psicológico é mais do que necessário, pois muitos pacientes não aguentam sozinhos, e isso acaba prejudi-cando o tratamento.

FOTO DE VICTÓRIA DUARTE

➜ Pacientes expõem sentimentos no “Mural dos Cataventos”

Page 32: Jornal tabloide Universo IPA #5

32 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPAEsportes

Respeito, gingado e ritmo são atributos do bom jogo de capoeiraPara chegar à corda preta exige-se dedicação, tempo e vivência nas rodas de capoeira e projetos, o que pode levar, em média, 15 anos

■ Jane Silveira

U m jogo alegre e envol-vente onde os partici-pantes têm que saber tocar os instrumentos,

acompanhar a música e jogar no ritmo com agilidade, destreza e respeito com seu adversário. É assim que é jogada a capoeira, uma arte que em 2008 foi reco-nhecida como patrimônio cultu-ral pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artís-tico Nacional (Iphan).

Para quem está em dúvida entre qual modalidade vai esco-lher entre: dançar, lutar ou tocar um instrumento, a capoeira é uma opção que reúne todas em uma só atividade, e ainda é cul-tura. Foi esse conjunto de bene-fícios que ajudou a estudante de Sistemas de Informação, Ingrid Louise Panizze Rodrigues, 20 anos, que já pratica há dez me-ses, na hora de optar entre uma atividade física. “Além dos be-nefícios físicos, a capoeira traz disciplina e o conhecimento da história da modalidade, que considero fascinante”, conta. Ela diz que já nota benefícios em seu corpo como a flexibili-dade e a agilidade.

O presidente da capoeira em Encruzilhada do Sul e funcio-nário público, Pedro Lucio Sil-veira, 46, começou a praticar a modalidade há 7 anos. “A capo-eira auxilia os jovens que que-rem fazer algum esporte e não têm condições. É barato, pois é preciso apenas o espaço”, afir-ma Silveira, para justificar por que levou a capoeira ao muni-cípio, em 2004. Ele conta que a capoeira foi o meio encontrado para chegar às escolas e divul-gar o projeto de conscientização negra do qual. Além disso, ela também faz parte da educação, como está previsto no Estatuto da Igualdade Racial que deter-

mina a sua inclusão no currículo escolar, segundo a lei nº 10.639. Silveira define a capoeira co-mo luta, dança, esporte, cultu-ra e defesa.

Formado em Educação Físi-ca, professor de Capoeira e Jiu-

-jítsu, Roberto Ávila, 48 anos, ou Mestre Tucano, como é conheci-do, pratica capoeira há 31 anos. Ele compartilha da mesma ideia de Silveira e acrescenta: “A defi-nição padrão é tudo: dança, fol-clore, luta, música, esporte, mas para mim é principalmente um jogo de ataque e defesa”. Mes-tre Tucano começou a praticar a modalidade em busca da de-fesa pessoal e relata: “assisti to-do o crescimento da capoeira no Rio Grande do Sul”. Já inserida em academias até fora do Bra-sil. Tucano conta que seu gru-po tem integrantes trabalhando na Espanha, Irlanda, Uruguai e Argentina.

Pedro Lucio relata que o en-sino da capoeira inclui a apli-cação de todos os golpes, jogo da capoeira dentro da roda, sem nunca a acertar o adversário, mantendo domínio do corpo

e da mente. Lucio explica que “dentro da roda tem que haver respeito. Se fala muito na capo-eira o termo ‘marcar’, e para isso tem que ter limite, saber até aon-de tu podes avançar e ter o con-trole do teu corpo”. E cita um exemplo: “se eu der uma pon-teira na boca do meu adversário sem finalizar, eu sei que pode-ria ter acertado e ele não teve condições de defender-se, mas eu tive domínio do meu pé que chegou lá perto e voltou. Porém, quando se sai do jogo e parte-

-se para uma agressão é porque faltou argumento”.

A evolução do aluno e o jogo

Para chegar ao nível de mestre exigi-se tempo. Tuca-no lembra que o caminho é de dedicação, persistência, além deidentificação e vivência nas rodas de capoeira e projetos, o que pode levar em média 15 anos. A graduação da capoeira se dá através das cordas que o aluno adquire durante o treina-mento e que são amarradas na

cintura da roupa típica – o abadá. No iníciom, o batizado - even-to em que os alunos trocam de corda, acontece a cada ano de treinamento, em média, mas o tempo tende a aumentar. Con-forme a graduação maior será o tempo de treinamento. O grau de aprendizado, indicado pelas cordas, deve-se ao interesse de cada aluno, mas Silveira ressal-ta: “não é somente a corda, mas sim o conhecimento da cultura da capoeira que eu considero o mais importante”.

Tucano afirma que a capoeira é uma arte de muita coordenação motora. “Já treinei várias lutas, mas a capoeira é a mais difícil, pois é a única que se ataca em mo-vimento e ainda envolve música e acrobacia”. Segundo o professor, é esse conjunto que faz o capo-eirista ter facilidade em qualquer esporte. Como em qualquer ati-vidade, o cuidado com a alimen-tação é um fator que auxilia em maiores resultados para quem procura saúde e resultados esté-ticos. “Não basta apenas praticar uma atividade se não tiver uma dieta balanceada. A atividade fí-

sica é apenas uma ponte para che-gar aos resultados, mas depende do cuidado de cada um para per-manecer com saúde”. Praticado crianças, jovens e adultos o pro-fessor ressalta que não há contra indicações e “qualquer pessoa po-de fazer capoeira. Se aprendeu a andar já pode praticar”.

Lucio aborda outro benefí-cio da capoeira: “quem faz ca-poeira está numa roda de alegria. Enquanto as pessoas cantam e aprendem a tocar instrumentos, praticam um esporte. É a única atividade que consegue unir tudo isso e proporcionar um exercício físico”. Um elemento importante que ajuda a conduzir o ritmo do jogo de capoeira são as músicas tocadas e cantadas durante a roda. Atualmente a maioria é contem-porânea, mas antes suas origens eram da religião africana, samba de roda e colheitas.

Reconhecimento e espaço

No Brasil a capoeira já foi considerada crime, e foi vista na época da escravidão como uma

FOTOS DE JANE SILVEIRA

➜ Segundo praticantes, a capoeira proporciona disciplina e benefícios físicos

Page 33: Jornal tabloide Universo IPA #5

33EsportesPORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

■ Gabrielle Marques

“O Skate é uma aven-tura. E a cada dia aprendo uma ma-nobra diferente”,

diz Gilson Gomes, 15 anos, que pratica o esporte há dois. A defi-nição de Gilson resume o que é o skate para muitos: um espor-te radical. A prática do esporte surgiu na década de 60, na Ca-lifórnia, com surfistas que que-riam um divertimento nas ruas, nas épocas de secas ou de maré baixa. Em 1965, começaram os primeiros campeonatos, mas o esporte só foi reconhecido uma década depois.

O Circuito Brasileiro de Skate profissional foi inaugura-do em 1989, na categoria street style. Hoje, a disputa conta com provas passando por estados como São Paulo, Rio de Janei-ro, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Brasília, reali-zadas pela Confederação Brasi-leira de Skate (CBSK), fundada

em Curitiba em 1999. A entidade regulamenta as normas e políti-cas voltadas ao desenvolvimento do skate no território Brasileiro.

Em 2000, é fundada em São Paulo a Associação Brasileira de Skate Feminino, por mulhe-res skatistas, e seu primeiro cir-cuito ocorreu em 2005. Hoje a associação é filiada a CBSK.

“Eu acredito que haja ainda um certo preconceito contra as mu-lheres que praticam o esporte. Mas elas são realmente boas, mais focadas que nós homens. Acho muito atraente uma mu-lher skatista”, diz Luciano Gam-bieri, 27, skatista há 7 anos.

Em 2008 e 2009, a Me-ga Rampa chega ao Brasil, no Sambódromo do Anhembi.

Modalidades

O skate é formado por oi-to partes que são: shape, mesa, amortecedores, rodas, rola-mentos, parafusos, lixas e a parte opcional, elevador ou

Com origem nos EUA, o esporte é praticado por jovens que buscam a adrenalina do esporte radical e saúde

Skate: esporte, radicalismo e saúde

slip tape. A modalidade mais conhecida é o Street ou Skate de rua, em que os praticantes usam a arquitetura da cidade, por exemplo, bancos, escadas, corrimãos e calçamento. O freestyle é uma modalidade on-de o skatista apresenta várias manobras em sequência, geral-mente no chão. No Downhill Slide, o skatista desce uma la-deira fazendo manobras em al-ta velocidade. As mini-rampas também são muito utilizadas por adeptos do esporte, são po-pulares em todo o mundo, pois devido a pouca altura as mano-bras são executadas com maior facilidade.

Saúde

O skate é u m excelen-te exercício aeróbico e ajuda a tonificar alguns músculos, principalmente a panturrilha. Mas a maioria do pessoal que anda de skate gosta do espor-te simplesmente pelo prazer. Essa é uma grande vantagem, pois a pessoa vai praticar um esporte e cuidar da saúde, sem esperar um resultado em tro-ca. “Não gosto de academias, natação, essas coisas conven-cionais que as pessoas usam pra fazer exercícios. O skate é a atividade que encontrei para acabar com meu sedentarismo.

Sem contar que fiz muitos ami-gos através do esporte”, afirma Luciano.

A proteção para quem anda de skate é fundamental. Prote-tor para os joelhos, cotovelos e capacete são muito importan-tes. “Já caí muito, quebrei o bra-ço esquerdo ano passado. Mas não deixo de tentar manobras diferentes e arriscadas. Estando com o equipamento de proteção o risco é quase nulo”, conta Ju-liano Ramos, 23, que pratica o esporte há 13 anos.

Em Porto Alegre as pistas mais frequentadas são do Par-que Marinha do Brasil e do bair-ro IAPI.

➜ A modalidade mais conhecida é o skate de rua

FOTO DE ARQUIVO PESSOAL

arma, pois era uma forma dos escravos se organizarem para fugas. Com o tempo a manei-ra agressiva como era vista a capoeira foi sendo modificada.

“A capoeira já foi muito margi-nalizada e temos que reverter isso. Mostrar o que é a capoei-ra: cultura, dança, esporte e, por último uma luta, só quando tu tens que usá-la para se defen-der”, explica Silveira.

Os dois nomes históricos que contribuíram para a evolução e reconhecimento da capoeira fo-ram os mestres Bimba e Pas-tinha. A capoeira só passou a ser reconhecida quando o mes-tre Bimba começou a dar au-la em academias. Foi ele quem

criou a capoeira regional, que é uma mistura de outras lutas que foram aperfeiçoadas dentro da capoeira. Já o mestre Pastinha se dedicou à capoeira de angola que tem um jogo baixo e mais lento, porém mais perigoso por ser esquivado e disfarçado. Esta modalidade era praticada pelos povos africanos.

Roberto observa que a pro-cura pela capoeira nas acade-mias diminuiu, mas os projetos e escolinhas estão em alta. Nos anos 80, a capoeira era dada em academias, mas a academia está limitada ao público adulto. Para ele, atualmente, a prática é in-centivada nas escolas e em pro-jetos sociais.

As cores e seus significadosAs cores das cordas usadas junto ao abadá

indicam qual o nivel de graduação de cada aluno: Crua (branco): corda do primeiro batizado Amarelo: aluno inicianteLaranja: aluno intermediárioAzul: monitorVerde: graduadoRoxo: instrutorVinho: professorMarrom: mestrandoPreto: mestre

Quando são usadas duas cordas, significam os niveis intermediários entre as cordas.

Page 34: Jornal tabloide Universo IPA #5

■ Bruno Marona

O futuro da agricultura familiar no Rio Gran-de do Sul está em bo-as mãos. Ao reafirmar

seu comprometimento como executora dos programas do go-verno do Estado, a Associação Rio-Grandense de Empreendi-mentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), apoia o produtor, salientando a impor-tância da extensão rural como alicerce no desenvolvimento das comunidades do campo.

Para executar suas ativida-des, a Emater desenvolve par-cerias com outras instituições e prefeituras definindo as ca-rências e necessidades em 492 municípios do RS. “Nossa prio-ridade é com os mais pobres: negros, índios, pescadores, quilombolas e etc. Participan-do do desenvolvimento social e econômico das comunidades, conquistamos credibilidade e ampliamos a demanda de tra-balho, o que é satisfatório”, ex-plica o médico veterinário da Emater, Fábio Martins Costa.

Desde 2010, o serviço de As-sistência Técnica e Extensão Rural – ATER, no Rio Grande do Sul, segue aumentando seu raio de ação. As Frentes Pro-gramáticas, criadas em 2008, ganharam solidez e deram um novo norte às atividades da ex-tensão rural e de assistência técnica e social. “O reconheci-mento e a valorização ao traba-lho realizado, em muitos casos, proporciona melhorias na edu-cação e na saúde das famílias rurais, oferecendo momentos culturais, ampliando as redes de energia elétrica e, até mes-mo, acelerando a abertura de es-tradas. As pessoas se dedicaram e se empenharam em fazer com que a agricultura familiar e o Estado se desenvolvessem, ex-plica Lino De David, presidente da Emater/RS.

A dedicação ao trabalho de engenheiros agrônomos, en-genheiros agrícolas, veteriná-rios e assistentes de bem-estar

social, evolui desde 1955 , com estudos sobr e t éc n i-cas de plantio, ma nejo ade -quado com a h o r t a , c o m -pra e venda de alimentos, participação das agroindús-trias, legislação, tributos e etc.

“Quando ingressei na empresa, em 1981, utilizávamos um Fus-ca e uma Moto TT 125cc, para atender a 180 famílias rurais de oito comunidades, promoven-do reuniões técnicas e dias de campo. Os agricultores desco-nheciam o que era análise de solo”, avalia o extensionista da Emater/RS, morador de Santo

Antônio da Patrulha, Flademir Heleno Schimidt.

Desde 2010, a produtora Nel-ci Grando, 51 anos, moradora de Viamão, recebe auxílio da Emater, através do programa Rio Grande Mulher. “Ainda estou no início, trabalho com ovos orgânicos, fruticultura e tenho um pomar doméstico. Es-tou certificando meus produtos a pedido da Emater para poder

participar de feiras e expan-dir minha pro-dução”, explica a agricultora.

J á R o s a -ne de Marco, também com propriedade em Via mão,

se inclui no programa “Rio Grande Para Todos”. “Estou há cinco anos trabalhando com hortifrutigranjeiros e faço par-te do Organismo Participativo de Avaliação (Opac), que con-grega agricultores beneficiários do selo de produção orgânica, expedido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento (Mapa), o qual per-mite a comercialização em todo

território nacional”. A agricul-tora avalia o auxilio da Emater como essencial, nas explicações sobre melhor ensolação, junção de plantas companheiras e me-lhor aproveitamento do sistema ecológico de sua propriedade.

O fato de o agricultor saber que tem um apoio de técnicos especializados acaba criando confiança e credita a Emater como a única parceira presen-te no dia a dia do homem do campo. “Mesmo com crises fi-nanceiras que já aconteceram, a Emater foi vista como uma instituição confiável, firman-do parcerias e criando uma imagem de seriedade em suas ações de apoio ao agricultor fa-miliar gaúcho”, avalia o vete-rinário, Fábio Martins Costa.

34 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPARural

➜ Com auxílio da Emater, produtores colocam os produtos à venda em feiras

“Quando ingressei na empresa em 1981, utilizávamos um Fusca e uma Moto TT

125cc, para atender a 180 famílias rurais de oito comunidades, promovendo reuniões técnicas e dias de campo. Os agricultores desconheciam o que era análise de solo”

Emater apoia comunidades ruraisAs atividades da Emater estão focadas na extensão rural e em assistência técnica e social

FOTO: DIVULGAÇÃO - EMATER/RS

Page 35: Jornal tabloide Universo IPA #5

■ Guilherme Neto

A pescaria artesanal é uma atividade dire-tamente ligada às co-munidades do litoral

e também àquelas localizadas à beira de rios e lagos. A pes-ca vem há muito tempo passan-do por gerações. Com o passar das décadas, foi se aperfeiçoan-do com o uso de grandes navios pesqueiros que carregam tone-ladas de peixes. Porém, a pesca artesanal, promovida nas comu-nidades onde a maioria dos habi-tantes ribeirinhos ainda vive do ofício, herança deixada por pais e avós pescadores, resiste, susten-tada por histórias de pescadores.

Bons tempos

Luis Rosa, 73, pescador des-de guri, sempre morou em Itapuã e dedicou toda a vida à pesca ar-tesanal. “O que temos hoje são as boas lembranças da época de fartura”, comenta Luis. O que lhe deixa feliz é recordar os bons momentos que passou junto à mulher Maria Beatriz no início da duradoura relação de mais de 50 anos. Luis perdeu o pai muito cedo e, com a ajuda dos tios, foi pegando os macetes da pescaria. Com 12 anos já trabalhava prati-camente sozinho e aos 17 tinha sua própria embarcação.

Filho de pescador e borda-deira, Nei também lembra que a vida não era fácil naquele tem-po. Não se tinha água nem luz. O pai, como patrono da família, determinava as tarefas de cada um de forma a não perderem tempo nas atividades. E se so-brasse um tempinho, seu Iná-cio dava um jeito de ocupar-lhe.

Maria Beatriz e Luis ca-saram-se cedo. Luis tinha a responsabilidade de manter a família desde os 18 anos, dois antes de ter o primeiro filho, o menino Marcelo. “A vida era dura. Não tinha muito tempo para me preocupar com o Luis. Acordávamos juntos por volta das 4h30. E enquanto ele saía

para largar as redes eu fica-va tecendo e reparando outras, além de me dedicar ao Marcelo. Quando via o dia já tinha passa-do e já estava esperando o Luis chegar para jantar”, conta Bia.

Nei, de toda forma, gostava da vida na Praia do Sítio. “Pes-car para mim era bom, porque me criei nisso daí (na pescaria). Pra gente é normal. É o mesmo que trabalhar com terra ou numa fazenda, qualquer coisa. É que você nasceu naquele ramo. Tan-to faz você almoçar como não, dormir como não, dá no mesmo”.

Com o passar dos anos, e com a morte do pai, Nei tomou frente nas redes e tocou a vi-da como pescador. Foram anos de muito trabalho, dedicação e rotina dura. Nei conta que nor-malmente acordavam às 4h, e saíam por volta das 6h. “Não tinha gelo, tinha que ir cedo”, relembra, explicando (o traba-lho era feito pela manhã devido à temperatura). As redes eram largadas, recolhidas para que o peixe fosse retirado e, depois largadas novamente, sendo que a partir daí era preciso voltar, descarregar e pesar a primeira pesca para depois voltar nova-mente e recolher o restante das redes. “Às vezes tinha que levar (o peixe) longe, não tinha pei-xaria pertinho. Quando se pes-cava em Palmares, por exemplo,

se acampava em uma ilha que dava uma hora e meia de onde era entregue o peixe. Por isso, ti-nhamos que sair cedo. Às vezes, nem almoçava”, diz Nei.

O declínio

Luis, no entanto, reconhece que nas últimas décadas a pesca artesanal vem sofrendo grande declínio. Ele relata que vários companheiros de profissão, as-sim como ele, decidiram por se aposentar ao invés de rumar pa-ra o rio todos os dias de manhã atrás dos peixes. Luis acrescen-ta: “Está muito difícil hoje em dia. Você sai com a expectativa de conseguir uma boa pescaria e acaba se frustrando. Decidi me aposentar, pois não estava mais conseguindo colocar co-mida na mesa somente com a pesca. Teve épocas que a gen-te passava muito trabalho”. Se-gundo o Ministérios da Pesca, a pescaria industrial já ocupa 40% do mercado nacional.

Nei acredita que a pesca ar-tesanal está acabando devido à falta de experiência desta ge-ração. “Muitos dos que estão pescando atualmente, pescam por necessidade e pelo seguro-

-desemprego. Não tem mais co-mo viver só da pesca”.

A Lei nº10.779 de 2003 institui que seja destinado a

pescadores artesanais o benefí-cio-desemprego, no valor de um salário mínimo mensal, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie. No Rio Grande do Sul, o período de defeso chega até cin-co meses para algumas espécies.

“Parece que os peixes resol-veram ir embora, não querem mais ser pegos por nós”, brin-ca Luis, que conta ter desistido de desenvolver a atividade que mais gostou na vida por falta de peixes. Nei diz que não sa-be como os poucos pescadores que restaram no vilarejo conse-guiram manter suas “chalupas” na água. “Vejo que a chegada da tecnologia e a grande devas-tação ambiental contribuíram muito para a redução da ativi-dade, pelos menos aqui no Rio Grande do Sul”.

Crimes ambientais

Em outubro de 2006, por exemplo, no Rio dos Sinos em Estância Velha, ocorreu um dos mais graves desastres ambien-tais da história do Estado. Este acidente resultou em um crime ambiental que provocou a morte de mais de um milhão de pei-xes ao longo do arroio e do rio atingindo também pescadores de outras regiões. Considera-do como a maior tragédia am-

biental dos últimos 40 anos no Rio Grande do Sul, provocou a indignação e uma forte mobili-zação dos municípios da Bacia, o que resultou na iniciativa de criação do Consórcio Pró-Sinos voltado à recuperação ambien-tal da Bacia do Rio dos Sinos.

A Fepam (Fundação de Prote-ção Ambiental do RS) divulgou nota contabilizando a morte de 85 toneladas de peixes causada pelo despejo excessivo de esgo-to doméstico e industrial sem o tratamento adequado. A análi-se da água do rio identificou a presença de mercúrio e cromo. Seis empresas da região foram multadas num total de R$ 1 mi-lhão. Na ocasião foi decretada situação de emergência em 24 municípios que compõem as ba-cias hidrográficas dos rios dos Sinos e Gravataí.

Fundado em 16 de agosto de 2006, o Consórico Pró-Sinos de-senvolve projetos, capta recursos e pode executar obras, serviços e estudos relacionados ao sane-amento básico e ambiental na região de sua abrangência. Um exemplo disso é o Programa de Educação Ambiental do Pró-Si-nos, que existe desde a criação do Consórcio. Outro exemplo é a Usina de Reciclagem de Resí-duos da Construção Civil, que está sendo implantada em São Leopoldo para atender a região.

35RuralPORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA

Pescaria que ainda resisteO desafio da pescaria artesanal para sobreviver diante da veloz industrialização reduz o interesse das novas gerações pela pesca

FOTO DE GUILHERME NETO

➜ É possível ver a situação da pesca pelo baixo movimento no transporte de peixes pelas embarcações

Page 36: Jornal tabloide Universo IPA #5

36 PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2011Jornal do curso de Jornalismo do

Centro Universitário Metodista do IPATempo

Melhores previsões para o tempo ■ Maria Mercedes Bendati

S e prever o futuro é um exercício de adivinha-ção, não se pode dizer o mesmo da previsão do

tempo. Os meteorologistas são profissionais que garantem, nos dias de hoje, que as previsões de sol ou de chuva tenham cada vez mais um grau elevado de acerto.

Saber se vai ter chuva ou sol, se haverá seca ou inundação, ne-cessita de uma base de dados co-letados ao longo de muitos anos. A estação meteorológica man-tida pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) em Por-to Alegre, por exemplo, iniciou o registro de dados em 1909.

Solismar Prestes, coordena-dor do 8º Distrito do INMET (que engloba os estados do Para-ná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), explica que o trabalho da instituição “envolve tudo que é relacionado à meteorologia, desde a instalação de estações meteorológicas, a sua manuten-ção, a coleta e a formação de banco de dados, e a previsão de tempo e de clima.”

Avanços tecnológicos

A confiabilidade da previ-são do tempo aumentou nas últimas décadas, em função de melhorias tecnológicas nos instrumentos e também graças à informática. A doutora em Meteorologia, Nísia Krusche, da Fundação Universidade de Rio Grande, ressalta que “a me-teorologia atual começa com os satélites e os computadores de grande capacidade, nos anos 70.” O desenvolvimento de modelos matemáticos atmosféricos per-mitiu a avaliação temporal de um grande números de dados, o que só foi possível com a evolu-ção paralela dos computadores e da sua capacidade de proces-samento desses dados.

Há 20 anos, a previsão do tempo tinha muitas limitações. Como lembra Solismar Prestes:

“Quando comecei a trabalhar, em 1986, o meteorologista tinha que ler a carta sinótica (um mapa com os dados meteorológicos), interpretar e fazer os cálculos manualmente para a previsão das próximas 24 horas. Depois, enviava os dados por telex pa-ra Brasília. O boletim da previ-são do tempo era datilografado, e vinham os carros do Correio do Povo, Zero Hora, buscar no final da tarde o texto para os ve-ículos de comunicação.”

O espaço destinado à divul-

gação dos dados meteorológicos na imprensa cresceu junto com o desenvolvimento tecnológico da área. A previsão do tempo, graças aos satélites e aos com-putadores mais potentes, pode ser ampliada para até cinco dias, com um nível de confiabilida-de de 80%, o que é considerado bom. A disseminação de esta-ções de coleta de dados – como temperatura do ar, velocidade e direção de ventos, umidade e precipitação – foi ampliada em termos de cobertura geográfica.

Hoje, no Brasil, o INMET opera cerca de 500 estações, muitas de-las totalmente automáticas, onde cinco minutos depois da leitura a informação já está disponível, para o mundo todo, na página da Internet (www.inmet.gov.br).

Na televisão, no rádio, jor-nais ou nos sites, a busca pela informação do tempo aumentou com a confiança da população nos prognósticos. Para traduzir as informações técnicas, o jor-nalista precisa estar preparado e contar com a assessoria do me-

teorologista. Elton Werb, jorna-lista do jornal Zero Hora, cita as diversas matérias sobre o tem-po já produzidas, sejam even-tos climáticos fora do normal, sejam as previsões diárias do tempo. “No site estamos sem-pre atualizando e vendo o que o pessoal pergunta. No jornal on-

-line tem um link, em que você vê o tempo em treze cidades do estado, vê a previsão para cinco dias, enfim se vai ter chuva, se vai fazer sol”, explica.

Para atender a essa deman-da crescente, o jornal Zero Hora lançou uma nova editoria, res-ponsável por acompanhar a pre-visão do tempo e a repercussão de eventos extremos, como tem-porais ou uma queda de granizo. Como destaca Elton Werb, editor responsável: “o fato de estarmos criando essa editoria em Zero Ho-ra e ter alguém para tratar do as-sunto reflete a importância que o tema tem para nós”. Em um es-tado como o Rio Grande do Sul, que está sujeito a chuva, vendaval granizo, temporal, geada e nebli-na, acompanhar os boletins mete-orológicos torna-se fundamental.

Sol ou chuva?

As previsões do tempo fazem parte do cotidiano das pessoas. Não por acaso, em um programa da TVCOM, com o meteorolo-gista Cléo Kuhn, chegam dia-riamente cerca de 50 perguntas dos leitores de Zero Hora, pa-ra pouco mais de dez minutos de duração. E o que surgem são perguntas assim: “tenho o casa-mento de minha filha no sábado e vou fazer ao ar livre, será que vai chover?”. Ou ainda, “Vai ter granizo na região sul do estado?”

Pois saber se vale a pena ir a Torres ou Santa Catarina, ou mesmo ficar em Porto Ale-gre porque vai chover o fim de semana inteiro, são exemplos práticos da inserção da meteo-rologia e da previsão do tempo na vida de muitas pessoas. Ali-ás, já viu a previsão do tempo para amanhã?

➜ Na Estação Meteorológica do 8º Distrito de Meteorologia do INMET, em Porto Alegre, Solismar Prestes destaca a importância dos equipamentos utilizados para manter o registro dos dados desde 1909

Avanços na meteorologia ampliam a confiança da população nas informações divulgadas na imprensaFOTOS DE MARIA MERCEDES BENDATI

➜ Equipamentos para medições da intensidade luminosa e evaporação complementam as medidas de temperatura, ventos e precipitação pluviométrica nas estações meteorológicas