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ANO X – Nº 79 JUNHO 2016 JORNAL Jessica Peixoto Inovação Digital na Universidade A UFG tem se destacado no desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis em diversas áreas. Conheça alguns desses projetos p. 8 e 9 Reportagem analisa Ciência Sem Fronteiras, que completa 5 anos p. 10 e 11 Professor cria sistema que aproveita água eliminada pelo ar-condicionado p. 12 Media Lab é parceiro da revitalização do Museu Casa de Cora Coralina p. 5

Jornal ufg 79

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Publicação da Assessoria de Comunicação Universidade Federal de Goiás ANO X – Nº 79 – JUNHO DE 2016

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ANO X – Nº 79 JUNHO 2016

J O R N A LJessica PeixotoInovação Digital

na UniversidadeA UFG tem se destacado no desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis em diversas áreas. Conheça alguns desses projetos p. 8 e 9

Reportagem analisa Ciência Sem Fronteiras, que completa 5 anos p. 10 e 11

Professor cria sistema que aproveita água eliminada pelo ar-condicionadop. 12

Media Lab é parceiro da revitalização do Museu Casa de Cora Coralinap. 5

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ade EDITORIAL

É hora de celebrar a história e continuar na busca por mudanças

– Universidade – Reitor:

Orlando Afonso Valle do Amaral; Vice-reitor:

Manoel Rodrigues Chaves; Pró-reitor de Graduação:

Luiz Mello de Almeida Neto; Pró-reitor de Pós-Graduação:

José Alexandre Felizola Diniz Filho; Pró-reitora de Pesquisa e Inovação:

Maria Clorinda Soares Fioravanti; Pró-reitora de Extensão e Cultura:

Giselle Ferreira Ottoni Cândido; Pró-reitor de Administração e Finanças:

Carlito Lariucci;Pró-reitor de Desenvolvimento

Institucional e Recursos Humanos: Geci José Pereira da Silva;

Pró-reitor de Assuntos da Comunidade Universitária:

Elson Ferreira de Morais.

– Jornal UFG – Coordenadora de Imprensa:

Michele Martins; Editora:

Kharen Stecca;Editora-assistente:

Angélica Queiroz; Conselho editorial:

Angelita Pereira de Lima, Cleomar Rocha, Estael de Lima Gonçalves (Jataí), Luís Maurício Bini, Pablo

Fabião Lisboa, Reinaldo Gonçalves Nogueira, Silvana Coleta Santos Pereira, Thiago Jabur

(Catalão) e Weberson Dias (Cidade de Goiás); Suplente:

Mariana Pires de Campos Telles; Projeto gráfico e editoração:

Reuben Lago; Fotografia:

Carlos Siqueira; Reportagem:

Angélica Queiroz , Luiz Felipe Fernandes e Renato Rodrigues;

Revisão: Fabiene Batista e Bruna Tavares;

Bolsistas: Adriana Silva e Ana Fortunato (Fotografia);

Impressão: Centro Editorial e Gráfico (Cegraf ) da UFG;

Tiragem: 7.000 exemplares

Publicação da Assessoria de Comunicação Universidade Federal de Goiás

ANO X – Nº 79 – JUNHO DE 2016

ASCOM Reitoria da UFG – Câmpus Samambaia

Caixa Postal: 131 – CEP 74001-970Goiânia – GO

Tel.: (62) 3521-1310 /3521-1311 www.ufg.br – www.ascom.ufg.br

[email protected]@ufg_oficial

J O R N A L

Angélica Queiroz, Kharen Stecca e Michelle Martins*

Há 10 anos, a UFG divulgava a primeira edi-ção do Jornal UFG. Com editorial do então reitor, Edward Madureira Brasil, ele concla-

mava o início de uma política de comunicação da Universidade e uma expectativa: que a perenidade do Jornal UFG só ocorreria, caso ele se mostrasse um veículo a serviço do ensino, da pesquisa, da ex-tensão e da cultura, abrindo canais de divulgação que garantissem oportunidades de expressão à co-munidade universitária.

“O Jornal UFG, que ora apresentamos, faz parte de uma política de comunicação baseada nos princí-pios da pluralidade, da diversidade, da liberdade, da democratização do acesso à informação. Estamos convictos de que este veículo só será perene se real-mente se firmar como espaço democrático de comu-nicação a serviço do ensino, da pesquisa, da extensão e da cultura; se abrir canais eficientes de divulgação científica; se garantir oportunidades de expressão aos vários segmentos da comunidade universitária; se se consolidar, efetivamente, como uma ferramenta de difusão de conhecimentos e informações, com-prometido com a inclusão social e cultural”.

No mesmo editorial, Edward Madureira fala ainda de um mundo em crises de diferentes naturezas, ce-nário que, dez anos depois, ainda persiste, especial-mente com o agravamento da crise política e eco-nômica vivida no Brasil este ano. Nesse contexto, temos o desafio de continuar reforçando o papel da universidade como instituição que deve buscar res-postas às demandas sociais. Com mesas-redondas, entrevistas e reportagens sobre assuntos polêmi-cos, atuais e decisivos, tentamos mostrar diferentes pontos de vista e manter nossa missão de combater posturas e atitudes antidemocráticas.

Em seu décimo ano, após 79 edições publicadas, muitas lutas, greves, períodos de intensa produção, dificuldades e também inovações, continuamos fir-mes no propósito de manter a democratização do acesso à informação. E fomos além: hoje o Jornal UFG é um dos vários veículos institucionais da UFG, integrado ao esforço de se consolidar em uma ver-dadeira política de comunicação para a universi-dade. Enquanto, no início, a preocupação era a pe-riodicidade, na edição 50, em março de 2012, esse desafio já era considerado vencido. Para a então editora geral do Jornal UFG e professora da Facul-dade de Informação e Comunicação, Silvana Coleta, o veículo vinha cumprindo com sua missão.

“Uma incessante capacidade crítica e olhos aber-tos para as possibilidades de aperfeiçoamento são fundamentais para que o Jornal UFG se consolide como um referencial de leitura e de divulgação da

produção acadêmica e dos caminhos da universi-dade em todas as áreas. A disponibilidade de um material que pode ser encontrado nos corredores da instituição e consumido em curto, médio e lon-go prazo contribui para a ampliação da visibilida-de do conteúdo publicado. Ao divulgar os saberes produzidos na academia e ao propor a discussão de temas do presente e do passado da universida-de, o Jornal UFG cumpre a missão de fortalecê-la e, também, de contribuir para o crescimento hu-mano e intelectual de todos que a compõem”.

No ano passado, em nosso nono aniversário, ganha-mos nova identidade visual influenciada por elemen-tos mais sofisticados, com conteúdos mais fluidos, utilização de nova tipografia, organização da página de forma mais leve e inserção de mais recursos grá-ficos. As mudanças no projeto gráfico e editorial fo-ram resultado de ampla pesquisa com a comunidade universitária, reforçando nossa vontade de entender e estar próximo ao nosso público. As alterações vi-suais, que seguiram a tendência atual dos impres-sos em promover maior interação com os leitores, incentivam a participação, valorizando ainda mais o conteúdo produzido. Agora, para comemorar os dez anos, o Jornal UFG passa a ser todo colorido.

Desde seu nascimento, o Jornal UFG tem tentado abarcar a complexidade da instituição e, também, da sociedade. Evidenciando ora temas de pesquisa, ora temas polêmicos em pauta na nossa realida-de. Muitos contribuíram para chegarmos até aqui. Estagiários, diagramadores, editores, repórteres, professores, técnicos-administrativos, bolsistas, fotógrafos, entre outros. Em nome da necessidade de sempre buscar o novo um dos destaques desse mês é uma matéria sobre aplicativos para smart-phones e tablets desenvolvidos na UFG que aten-dem diversas necessidades como, por exemplo, a promoção da responsabilidade social e o combate a doenças como a dengue.

Para além do novo é preciso também buscar a sus-tentabilidade, tema que será discutido na matéria “Sistema aproveita água do ar-condicionado”, que mostra um projeto da Escola de Engenharia sobre reuso da água do ar-condicionado. A mesa-redonda traz um outro lado da sustentabilidade, que deve ser buscada na produção pecuária, uma das áreas de destaque da economia brasileira e que também precisa ser repensada. Até mesmo a entrevista com o Presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Produção, Milton Vieira Junior, traz à tona a ideia de sempre buscar a inovação e destaca o empreende-dorismo como um desses caminhos, neste caso, para o mercado da engenharia. Em nome dessa necessi-dade, seguiremos sempre na tentativa de buscar esse caminho de mudança, de crescimento e inovação.

* Equipe Jornal UFG

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3Porém, deixo isso bem claro, é preciso desen-volver novas tecnologias, ou seja, não se deve buscar empreender com ideias conservadoras, é preciso sair da “zona de conforto” e enfrentar novos desafios. O Brasil precisa de novos empre-endedores com capacidade de inovar e com mui-ta criatividade.

Sobre o Brasil desenvolver novas tecno-logias: qual o papel da pós-graduação nesse processo? Ela tem conseguido alavancar essa necessidade ou ainda se prende apenas à docência?

A pós-graduação deveria ter um papel de fo-mento nesse processo. É nos cursos de pós-gra-duação stricto sensu que existe a maior possi-bilidade de geração de novos conhecimentos e de novas tecnologias. Entretanto, durante anos privilegiou-se apenas a geração do conhecimen-to e a publicação de artigos em periódicos, prin-cipalmente em língua estrangeira. A geração da nova tecnologia, o registro de patentes derivado do desenvolvimento de novos produtos, tudo isso foi deixado em um plano menor em função da obrigação de publicar artigos em periódicos qualificados. Com isso, ocorreram diversos ca-sos de conhecimentos desenvolvidos aqui no Brasil em que o produto decorrente disso (a tecnologia) foi desenvolvido em outros países. A pós-graduação ainda tem que assumir o papel de gerador de novas tecnologias, mas é preciso que as políticas de avaliação mudem para incen-tivar isso. Alguns passos já estão sendo dados, quando a avaliação começa a considerar que pe-didos e registros de patente, de software e ou-tros processos similares podem ser pontuados em benefício dos cursos de pós-graduação.

Muitos engenheiros têm procurado sair do país, seja para se especializarem ou para tentar novos rumos. Como tem sido essa internacionalização da pro-fissão?

É preciso entender o benefício que essa saída para o exterior pode trazer. De nada adianta sair e atender a cursos que sejam iguais ou inferio-res aos que se oferecem no Brasil. Para buscar uma experiência internacional é preciso que ela seja melhor e mais intensa do que se consegui-ria aqui. Para fazer um mestrado ou doutorado no exterior é preciso que haja o contato com novas tecnologias e a orientação de pesquisa-dores de renome, melhores do que se teria no país, caso contrário, seria uma simples saída para trabalhar com alguém que vai acrescentar menos na formação do que o que se encontra no Brasil. A experiência internacional é importante quando bem estruturada. Sair do Brasil em bus-ca de experiências e ir trabalhar como garçom ou lavador de copos em bares no exterior não é uma experiência que acrescente algo em termos profissionais. Em muitos casos, nem mesmo um aperfeiçoamento da língua estrangeira isso traz, pois o convívio pode se dar com pessoas que também não têm o domínio da língua ou que uti-lizam muitas gírias para se comunicar; isso em nada acrescenta à formação profissional.

Kharen Stecca

O campo da Engenharia teve grande cres-cimento nos últimos anos com o desen-volvimento econômico do país. Na mira

desse mercado, muitos cursos de Engenharia foram criados no Brasil, muitas vezes com no-menclaturas bastante específicas e campos de atuação delimitados. Agora, em um momento de crise econômica, surge a necessidade de repen-sar a atuação desses engenheiros em um novo contexto. Esse foi o tema da abertura do IV En-contro do Centro-Oeste Brasileiro de Engenha-ria de Produção, realizado no fim de março no Câmpus Aparecida de Goiânia. Na abertura, par-ticipou da discussão o Presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Produção (Abepro), Milton Vieira Junior. Ele também falou ao Jornal UFG sobre o papel do engenheiro neste novo contexto: “é preciso sair da zona de conforto e enfrentar novos desafios”.

Nos últimos anos, vimos surgir diver-sas ramificações da Engenharia. Qual a vantagem do surgimento dessas ramifi-cações para o mercado?

A ramificação é decorrente da especialização que se criou para as engenharias. Há uma gama muito grande de habilitações que são aprofundamentos específicos de uma área ou de outra. Além disso, o desenvolvimento tecnológico promove essa ra-mificação e essa criação de habilitações; e, por di-versas ocasiões, uma nova tecnologia serve como base para essas ramificações. Enxergo que há uma proliferação de habilitações com especifici-dades muito particulares, contrária à concepção de uma formação mais generalista e abrangente.

Não seria melhor criar especializações da Engenharia?

Muitas vezes o que se vê é a criação de habili-tações com o objetivo de atender a demandas pontuais e específicas do mercado de trabalho. Entretanto, esses casos nem sempre têm a sus-tentação necessária, seja no campo teórico, seja

no tecnológico, e acabam sofrendo com a baixa procura após um período de picos de demanda. O modelo de criações de cursos em função do mercado de trabalho não é benéfico, pois pode gerar a oferta de cursos com pouco tempo de vida no mercado. Cursos de Engenharia na área de Automação e Controle são um exemplo. Ou-tro exemplo são os cursos de Engenharia com denominações atraentes, mas que acabam tendo estruturas semelhantes às dos cursos tradicio-nais. Nesses casos, os cursos de Tecnologia se-riam mais adequados, pois têm duração menor e atendem com mais velocidade a esse tipo de demanda específica. As especializações também são um bom caminho para atender a tal situação.

Vivemos um boom na procura por mão de obra na área da Engenharia nos úl-timos anos, mas como a maior parte do mercado, a Engenharia também sofreu esse impacto da crise. Como o enge-nheiro precisa se reinventar para con-tinuar nesse mercado?

Em primeiro lugar é preciso ter em mente que sempre há coisas a serem aprendidas, ou seja, nunca se conclui a formação do profissional de Engenharia. A tecnologia avança e é preciso es-tar atento a isso, caso contrário, a obsolescência profissional chegará em curto espaço de tempo. Num segundo momento, creio que a evolução técnica deve ser acompanhada por uma evolu-ção cultural abrangente. Isso ajuda a emergir a criatividade necessária para essa “reinvenção”. E todo profissional da área de Engenharia deve ter em mente que há algumas “soft skills” (compe-tências pessoais) que devem ser sempre desen-volvidas: liderança, ética e integridade, comuni-cação oral e escrita, dentre outras.

O empreendendorismo é um caminho para os novos engenheiros?

O país está cerca de três décadas atrasado em termos de desenvolvimento de inovações. Isso abre um campo enorme de atuação para o pro-fissional de Engenharia que quer empreender.

O modelo de criações de cursos em função do mercado de trabalho não é benéfico, pois pode gerar a oferta de cursos com pouco tempo de vida no mercado

Entrevista Milton Vieira Junior

Repensando a Engenharia no contexto da crise

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Ações abrem caminhos à Política de Saúde e Segurança do TrabalhadorA UFG se mobiliza para atender às exigências legais de proteção ao trabalhador com extensão das ações às Regionais

Silvânia Lima

O Decreto nº 7.602 (7/11/2011) é claro quanto às obrigações institucionais em relação à

segurança no ambiente de traba-lho e estabelece a Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST). Na UFG, diversas ações vêm sendo efetivadas rumo à consolida-ção dessa política nacional.

Uma minuta elaborada pelo Subsis-tema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS/UFG) deve ser o documento base dessa política. Nele, buscou-se contemplar as normativas do Ministério do Planejamento alusi-vas aos direitos do trabalhador rela-cionados à promoção da saúde no am-biente do trabalho. A Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional e Re-cursos Humanos (Prodirh) e o SIASS têm buscado compartilhar essa minu-ta com representantes das entidades dos docentes (Adufg) e dos técnicos--administrativos (Sint-IfesGO), antes

Unidades instalam CISSPs

A instalação das Comissões Internas de Saúde do Servidor Público (CISSP) está a cargo dos dirigentes das unida-des e órgãos, com o apoio do SIASS. Depois de elaborada uma proposta e de sua divulgação entre os servido-res, são escolhidos os seus membros entre aqueles que se identificam com ações de prevenção no ambiente cole-tivo. A gestão é de dois anos.

A primeira ação da CISSP costuma ser o diagnóstico de não conformi-dade nos ambientes de trabalho, que objetiva identificar situações que de-mandam medidas para adequação. Esse trabalho conta com a assessoria da equipe de Saúde e Segurança do Trabalho do SIASS, que se empenha ainda, junto às esferas competentes, para que haja atendimento eficiente às diretrizes/ações requeridas pelas unidades. As informações das CISSPs subsidiarão decisões locais na ocor-rência de acidentes de trabalho.

O acidente de trabalho

O acidente em serviço caracteriza-se como um

evento súbito, indesejado ou inesperado que possa resultar,

ou não, dano físico ou psíquico ao servidor, relacionado com

as atribuições do cargo ou função exercida, podendo

causar, ainda, danos materiais e econômicos à organização.

Incluem-se aí os danos decorrentes de agressão sofrida

pelo servidor no exercício de suas atribuições, acidente no percurso da residência

para o trabalho e vice-versa e as doenças relacionadas ao

trabalho.

Em caso de acidente de trabalho, os procedimentos

são: buscar atendimento médico, informar à chefia

imediata e à CISSP, preencher a CAT; encaminhá-lo ao SIASS/

UFG. O nexo causal do acidente será estabelecido por perito

oficial em saúde.

de submetê-la à aprovação do Con-selho Universitário (Consuni), for-malizando a política a ser instituída na UFG. O assunto foi tema do último Ciclo de Debates realizado, em abril, pela Adufg, Sint-Ifesgo e a Associação dos Pós-Graduandos (APG).

Apesar da força de lei, não há re-cursos específicos para atividades dessa natureza. E, utilizando de re-cursos próprios, a instituição busca atender demandas da comunidade universitária, como a aquisição de equipamentos de proteção indivi-dual (EPIs), contratação de pessoal especializado, descentralização de serviços, bem como a formalização dos procedimentos em caso de aci-dente de trabalho, do planejamento sistemático e a própria reestrutura-ção do SIASS/UFG. Merece destaque a implantação das Comissões Inter-nas de Saúde do Servidor Público (CISSPs), que estão sendo criadas nas unidades, valorizando e estimu-lando a participação dos servidores.

Conheça as últimas ações estruturadasna UFG

CAT subsidia prevenção

Todo acidente de trabalho deve ser informado aos órgãos competentes para registro. O registro deve ser feito por meio da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), impor-tante instrumento que associa infor-mações estatísticas, epidemiológi-cas, trabalhistas e sociais, subsídios para ações prevencionistas, além de assegurar direitos trabalhistas.

O formulário do CAT está disponível no

site do Siass UFG ou no QR Code ao lado.

Ações dessa natureza são previstas no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFG desde 2011; no ano passado, a equipe do SIASS fez o seu planejamento estratégico, facilmente compreendido no Mapa Estratégico, acessível no seu site <www.siass.ufg.br>.

Disponibilidade do formulário de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), cujo preenchimento, em caso de acidente de trabalho, é procedimento obrigatório, permitindo maior controle sobre as ocorrências dessa natureza na UFG.

A chegada de novos servidores:

• quatro médicos, um auxiliar de enfermagem, um engenheiro, dois auxiliares administrativos e quatro técnicos de segurança do trabalho;

• nos últimos dez meses, fortaleceu a equipe do SIASS, hoje com 22 profissionais na Regional Goiânia, dois na Regional Catalão e dois na Regional Jataí.

A UFG já conta com doze CISSPs instituídas. Em unidades que ocupam o mesmo espaço físico, como a Faculdade de Enfermagem e Faculdade de Nutrição e a Escola de Engenharia, que reúne cinco faculdades, tem sido instituída uma única Comissão, com membros de cada uma delas.

A presença de técnicos de segurança do trabalho em diversas localidades da UFG, inclusive nas Regionais Catalão e Jataí, garante agilidade nos trabalhos de prevenção de acidentes, auxiliam nos diagnósticos de riscos, capacitação/treinamento, inspeções gerais, medições e outras ações.

Antiga reivindicação dos servidores de contar com mais postos, além do SIASS, para a entrega de atestados médicos está sendo atendida. No Câmpus Samambaia, isso pode ser feito na própria Prodirh; nas demais regionais, já há pessoas e locais destinados a receber o documento. A intenção é dispor de um médico em cada Regional da UFG, como já acontece em Jataí e Catalão.

A primeira leva dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) está sendo distribuída, conforme demanda do ano de 2015, em toda a UFG. A equipe do SIASS continua trabalhando no planejamento das necessidades de EPIs com o intuito de manter um fluxo contínuo, que dê mais agilidade na entrega dos acessórios de segurança.

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5Cultura

Media Lab moderniza Museu Casa de Cora CoralinaUFG presenteia a população com uma nova experiência tecnológica na residência da poetisa

Weberson Dias

Versos de Cora Coralina saem de uma velha máquina de escrever e saltam em uma parede bran-

ca. Poemas escorrem na água da bica. Na fumaça da antiga chaleira, mais poemas… É este o cenário que o novo Museu Casa de Cora Coralina oferece aos seus visitantes. Desde o dia 22 de março, a exposição permanente Cora Coralina: Coração do Brasil, marca uma nova concepção de museu, que deixa de expor o modo de vida de Cora e apresenta a poesia num espaço mo-derno, relembrando três décadas de falecimento da poetisa e doceira Cora Coralina e celebrando os 60 anos que Cora retornou de São Paulo para mo-rar definitivamente em Goiás.

Todo o projeto de modernização con-tou com o apoio da Universidade Fe-deral de Goiás (UFG), por meio de um convite feito à equipe do Laboratório de Pesquisa, Desenvolvimento e Inova-ção em Mídias Interativas (Media Lab). As intervenções midiáticas foram de-senvolvidas em cinco ambientes da casa: sala de espera, cozinha, bica, sala de escrita/documentação e sala de saída. Ao novo caráter implantado na Casa em quatro meses de trabalho, o professor Cleomar Rocha caracteriza como uma experiência sensível, pul-sante, uma forma de incorporar a po-esia a novos sistemas multimídia em seu estado vibrante, visual e sonoro.

“Queremos proporcionar a todos uma nova dimensão interativa de ex-

periência sensível, uma vida pulsan-te. Agora aqui será a Casa da Poesia, porque a poesia projeta-se no que Cora chamava de triângulo da vida: terra, água e ar. O novo museu de Cora não olha apenas para um pas-sado, mas cria perspectivas de um futuro a partir de mídias interativas. Durante a visitação, fica evidente que o futuro via tecnologia está cada vez mais presente no passado que forma a Casa”, detalha Cleomar Rocha.

Revitalização

O evento de reinauguração con-tou com a presença de familiares da poetisa e doceira Cora Coralina, cognome de Ana Lins dos Guima-rães Peixoto Bretas (1889-1985), a “Aninha” da Casa Velha da Ponte. A revitalização é fruto do Programa de Apoio ao Patrimônio Brasileiro da Caixa Econômica Federal – Biênio 2015/2016 – que destinou um valor de R$ 290.000,00 mil ao projeto, o único aprovado na Região Centro--Oeste. Um detalhe interessante: foi de Cora a primeira conta da Agência Vila Boa da Caixa na cidade.

Esta é a segunda intervenção com pa-trocínio da Caixa. A última foi há sete anos. Outras três propostas de inter-venção estão previstas no Museu. O alcance da poesia de Cora Coralina foi relembrado pela diretora do Museu, antiga amiga de Cora que vê a poeti-sa “presente” em todos os cantos da Casa. “Como a Casa recebe turistas do Brasil inteiro e do exterior, eles pode-rão vivenciar e imergir nessa poesia, pois agora o museu é vivo!”, destaca Marlene Velasco.

A Universidade Federal de Goiás (UFG) sempre esteve presente na vida e obra de Cora Coralina. Desde 1983, a poetisa é doutora honoris causa pela UFG (Resolução Consuni n°001/1982). A Universidade tam-bém editou os primeiros livros de Cora, entre eles a segunda edição do livro Poemas dos Becos. “A obra de

Cora, nossa poetisa maior, é um patri-mônio imensurável para Goiás, para o Brasil e até para o mundo”, justifica a pró-reitora adjunta de Extensão e Cultura, Flávia Maria Cruvinel.

Valorização

A reformulação tem também par-ceria com a Prefeitura Municipal da Cidade de Goiás. “Por meio da litera-tura, Cora cantou nossa cidade para o mundo e, por causa dela, recebemos tantos vistantes, o que fomenta nos-so turismo. O município deve muito à Cora, grande mulher, grande poetisa, e nada mais justo que devolver este presente, valorizando-a”, observa a prefeita da cidade, Selma Bastos.

Para um dos netos de Cora, Paulo Sérgio Sales, cumpre-se o que ela já ditava: que suas poesias seriam revi-sitadas pelas futuras gerações. “Ela tinha a visão de que as gerações futu-ras apreciariam sua mensagem me-lhor que aquelas que presenciaram ela em vida. Percebemos um interes-se cada vez maior pelas mensagens de Cora e essa nova apresentação do Museu valoriza e reconhece a sua obra, trazendo-a para o século XXI. Estamos vendo aqui a tecnologia re-alçar a poesia”, elogia, agradecendo a importância da UFG na vida de Cora.

Museu

O Museu Casa de Cora Coralina está lo-calizado ao lado da ponte sobre o Rio Vermelho, em frente a Cruz do Anhan-guera, na Cidade de Goiás, e funciona desde 1989, quando abriu suas portas pela primeira vez ao grande público. Importante por preservar a memória e divulgar a obra de Cora Coralina, a partir da exposição de espaços da casa onde estão peças de roupas, móveis, quadros de fotos antigas, utensílios domésticos, livros, cartas recebidas, bem como fotos de personalidades que viveram ao lado de Cora, como Vi-cente e Maria Grampinho.

Depois de quatro meses fechado para reforma, o Museu Casa de Cora Coralina foi reinaugurado no dia 22 de março

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6relacionada com a forma de abate. Polemiza-ram uma coisa que não se conhece. As pesso-as criam polêmicas sem conhecer o sistema de produção brasileiro, pegam pontos e acham que aquilo é geral. As pessoas criticam, mas o animal tem que ser abatido para ser consu-mido. Eu gosto sempre de frisar que o nosso maior problema é a fome. Somos da cadeia pro-dutiva e estamos gerando pesquisa e ciência, mas estamos preocupados em matar a fome das pessoas. Às vezes as pessoas criticam, mas não se conscientizam que algumas pessoas precisam desse abate para comer. A mídia bate muito em cima disso porque é muito simples para uma pessoa ir ao supermercado, pegar na gôndola e exigir uma carne boa, sem pensar o sistema produtivo. As pessoas querem a facili-dade e a vida moderna traz isso: você pode ir ao supermercado, pegar a parte boa do negócio e criticar o produtor que está lá no campo tra-balhando de sol a sol para produzir essa carne de qualidade.

Marcelo Penha – O próprio Ministério de Agri-cultura e Pecuária e Abastecimento e a Agro-defesa se preocupam muito com essa questão. Estamos evoluindo com relação ao abate hu-manitário e temos que nos preocupar com isso mesmo, para fazer com que consumamos essa proteína, mas com zelo para com os animais.

José Pato – Uma das preocupações da indús-tria da carne em geral é que haja um abate hu-manitário, porque o animal não pode sofrer stress. Isso, inclusive, faz parte das avaliações da carne, animal que é abatido com stress, a carne não tem boa qualidade, fica dura, com as fibras rígidas e perde parte do sabor. O abate humanitário é bastante observado. O animal não pode ser julgado, sujigado, ser espetado como era antigamente. Inclusive outros ani-mais, por exemplo, o suíno, são anestesiados para serem abatidos. Com o bovino isso ainda não acontece, mas tem um sistema de abate que não o leva ao stress, preservando o sabor da carne.

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Confira os vídeos do Programa Conexões no QR

Code ao lado.

Pecuária sustentável:é possível aplicar novas práticas de produção?

Quando iniciou-se a discussão sobre a crise hídrica no país, uma das primeiras atividades a serem apontadas foi a pecuária. A crescente preocupação com o meio ambiente, o aquecimento global e até o crescimento do número de adeptos ao vegetarianismo fez com que a produção pecuarista começasse a ser questionada. Da quantidade de água gasta com a produção, até o bem-estar animal, tudo tem sido alvo de discussão. No entanto, seguimos com a produção animal como importante atividade para o país e o Brasil como grande mercado consumidor e exportador destes produtos.

Diante dessa perspectiva, o que o mercado tem feito para se adaptar a essas demandas? É possível pensar em uma produção com critérios mais rigorosos para a sustentabilidade? Para debater o assunto, a mesa-redonda desta edição convidou o professor da Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG (EVZ), Juliano José de Resende Fernandes; o coordenador técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás, Marcelo Penha; e o presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados no Estado de Goiás (Sindicarnes), José Magno Pato.

Ascom, TV UFG e Rádio Universitária Hoje, quando se fala em produção de carne e leite, imediatamente há uma associação da produção com o custo ambiental dessa atividade. Problemas como degradação do solo e alto consu-mo de água para produção são alguns dos problemas levantados. É possível a produção bovina sustentável? Ela já é feita no nosso estado? É caro produzir de maneira sustentável?

Juliano Fernandes – Na verdade, existe uma preocupação muito grande por parte da socie-dade rural em preservar e procurar produzir de maneira sustentável. Lembrando sempre que sustentabilidade não é só a parte ambien-tal, existe também a sustentabilidade social e a sustentabilidade econômica. Sendo assim, não adianta frisar apenas o lado ambiental, se não há viabilidade econômica para produção, se o sistema torna inviável. A comunidade científica vem buscando isso cada vez mais. Com relação ao questionamento que se tem sobre a produ-ção animal prejudicar o meio ambiente, esta-mos procurando achar formas de ter produtos mais sustentáveis. Eficiência de produção é ser sustentável, porque é produzir mais com menos recursos naturais.

Marcelo Penha – Temos experimentado um crescimento em relação ao conhecimento, pois os produtores e os trabalhadores do campo têm se preocupado bastante. Paralelamente, a sociedade que vive no meio urbano e algumas pessoas que não estão por dentro da proposta de produção do campo, criticam. Essa crítica às vezes é um pouco injusta. Temos que conhecer os lados para ver qual poderá atender a todos, lembrando que a pecuária em Goiás emprega muito e devemos ter em vista o cuidado e o zelo para que isso não pese para um lado ou para outro, fazendo com que consigamos buscar equilíbrio para todos.

José Pato – A sustentabilidade na pecuária vem sendo discutida há muitos anos e nós te-mos conseguido alguns avanços. Recebemos muitas críticas, alguns pesquisadores dizem que para se produzir um quilo de carne bovi-na, são gastos mais de 100 mil litros de água. Achamos que isso é realmente um exagero. Nós temos que procurar orientar e apoiar pesqui-sas no sentido de reduzir o consumo de água como, por exemplo, reduzindo a idade de aba-te e, também, promover determinados ajustes na criação. Temos ainda uma pecuária muito extensiva, que tem gastos muito grandes. Preci-samos concentrar mais para que a sustentabili-dade seja alcançada.

Recentemente, um programa de culi-nária em que o apresentador abateu um animal em frentes as câmeras ge-rou muita polêmica. Atualmente o aba-te leva em consideração o bem-estar animal?

Juliano Fernandes – Sim, hoje existe um tra-balho, até dentro da EVZ, com disciplinas vol-tadas ao bem-estar animal. A qualidade do produto final, que é a carne, está totalmente

Você pode participar das próximas mesas-redondas enviando sugestões de temas e convidados pelo telefone: 3521-1311 ou [email protected]

As pessoas querem a facilidade e a vida moderna traz isso: você pode ir ao supermercado, pegar a parte boa do negócio e criticar o produtor que está lá no campo trabalhando de sol a sol para produzir essa carne de qualidade.

Juliano Fernandes

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7um padrão de carne e os pratos produzidos nes-ses restaurantes tem um padrão. Isso porque nós produzimos commodities, então nossa carne não vai com certificado de garantia. Esse é o grande problema e nós precisamos avançar.

Marcelo Penha – Algumas associações já têm conseguido fazer isso. O pessoal do Pantanal e do Angus, por exemplo, já certifica sua carne, e outros estão buscando melhorar a imagem da questão do bem-estar e da pecuária sustentável. Isso está sendo feito, mas é preciso aumentar para poder atender as exigências dos consumi-dores em relação a nossa carne bovina.

O que é possível fazer para diminuir a água gasta na criação bovina?

Juliano Fernandes – Na verdade, temos que lembrar que a água não desaparece. O que está diminuindo é a água potável e o boi não é o cul-pado disso, não é o sistema produtivo. O grande culpado disso é a cidade, onde se produz muito lixo, falta educação e falta conscientização. No nosso sistema de produção é muito difícil você pegar um boi de 600kg e dizer que ele deve con-sumir menos água. O leite, por exemplo, é 87% de água. Então, não tem como diminuirmos o sistema fisiológico do animal. Podemos diminuir desperdícios de água, tratar bem as nascentes e o sistema de captação de água. Isso faz parte das preocupações atuais do produtor e ele é muito mais preocupado com a água do que a pessoa que está na cidade. A pessoa que está na cidade culpa o órgão concessor da água. O produtor não. Se ele prejudica a água da propriedade dele, ele é o responsável, ele paga por aquilo, legalmente ele é o responsável por aquela água. Hoje o sistema produtivo está preservando a água, porque isso é vital para ele próprio.

Marcelo Penha – A questão da água vai muito além disso. Precisamos fazer um estudo aten-dendo a todas as frentes de observação: cidade e campo. Isso precisa ser bem mais delineado, melhor construído. Precisamos fazer com que as obrigações de cada um na cadeia produtiva estejam bem definidas.

O que é o projeto “Boi na Sombra” e como ele pode contribuir para a susten-tabilidade da atividade e bem-estar ani-mal? Ele tem sido aplicado em Goiás?

Marcelo Penha – O projeto, que conhecemos pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), visa aproveitar as florestas nativas de cada região do Brasil e desmatar o mínimo possível de árvores no pasto. A ideia dele nada mais é do que favorecer a questão da sombra para o bem-estar do animal e do número de matéria orgânica no solo, fazendo com esse solo seja mais aproveitável pela gramínia, produzindo o pasto. Tem pessoas que veem isso de forma difícil, porque você tem que fazer as manutenções do pasto e isso atrapalharia um pouco, mas outras pessoas veem essa ideia com bons olhos, porque contribuiria para o bem-estar animal e ambiental, diminuindo o efeito estufa e fazendo com que o carbono fique no solo, aumen-tando a sua fertilidade. Em Goiás, ele tem sido apli-cado mais na forma da integração lavoura-pecuária e floresta, porque, neste caso, utiliza o eucalipto como forma de produção de madeira e as culturas de soja e milho para fazer a instalação da pastagem, melhorando, desta forma, a produção de pasto e di-minuindo o impacto dos gases do efeito estufa na atmosfera.

José Pato – Essa prática de integração lavoura-pecuária e floresta já vem sendo implementada há alguns anos no Brasil, inclusive, com alguns projetos interessantes em Goiás, porque essa for-ma melhora a rentabilidade da propriedade e faz também uma exploração sustentável, reduzindo o efeito estufa. Existe muita crítica em relação ao bovino dizendo que ele é o responsável pela grande emissão de carbono na atmosfera, há uma corrente de pesquisa que acha que o boi é o cul-pado por tudo e que temos que acabar com a sua criação. Mas não é bem assim. Precisamos procu-rar, dentro de um processo de sustentabilidade, ter um desfrute econômico porque ninguém vai

Mesa-redonda

criar nada e gastar dinheiro por boniteza. Isso não existe mais. Antigamente até existiam alguns “filósofos” que soltavam o gado em criação exten-siva e reunia uma vez por ano um grupo de bois para matar e para vender. Isso não existe mais. A necessidade de alimento da população mundial é muito grande e o Brasil é um país que tem pos-sibilidades de contribuir muito nos próximos 20 anos. Precisamos explorar direito. Não podemos nos render a determinadas filosofias que não tra-zem bem-estar para o homem.

Juliano Fernandes – Lembrando que o nosso animal predominante, o Nelore, tem adaptabi-lidade muito grande ao Cerrado, então traba-lhamos com um animal já bem adaptado. E essa questão do desmatamento, precisamos quantifi-car melhor. A integração lavoura-pecuária e flo-resta precisa de mais estudos para mostrar a sua eficiência em números, porque não existe mode-lo na produção animal e agrícola. Cada caso é um caso. Tem muita gente fazendo isso bem feito, mas existem pessoas que tentam copiar esse modelo e não estão fazendo de maneira correta. Se pa-rarmos para pensar, precisamos calcular se é me-lhor integrar ou se especializar em determinadas áreas do sistema de produção. Então, existe uma tendência muito grande de pesquisar e botar nú-mero em cima disso. Essa história de que o “pum” da vaca é o grande vilão, a própria comunidade científica já mostrou que não é bem assim. Existe uma controvérsia muito grande porque as pesso-as não querem que intensifiquemos a pecuária. Só que toda vez que você intensifica um sistema de produção, a planta cresce mais e há mais se-questro de carbono na atmosfera. E essa planta pode ser utilizada pelo próprio boi. O sistema de produção de bovino utiliza o que o bovino pro-duz em questão de gases, especialmente o CO2. Acho que a comunidade científica foi muito efi-ciente em achar formas de diminuir o efeito es-tufa e mostrar que o bovino não é o grande vilão da história. É muito fácil usarmos sozinhos, na cidade, um carro feito com motor e espaço para cinco pessoas, ar-condicionado e falar que o boi é o grande culpado de tudo.

Como o consumidor tem acesso a uma carne produzida de forma mais susten-tável? Existe um selo? O consumidor vai ter que desembolsar mais para ter acesso a uma carne de melhor qualida-de, que respeite o meio ambiente?

José Pato – O Brasil está caminhando lentamen-te nesse processo. Nós temos exemplos, como a Austrália, onde hoje é produzida carne certificada e qualquer lugar do mundo que compre essa car-ne tem todas as informações sobre o processo de produção através de um sistema de certificação. O Brasil ainda está na fase de commodities. Vende-mos carne por tonelada e vai tudo quanto é car-ne. Já tivemos a oportunidade de levantar alguns processos de discussão para ver se conseguimos colocar Goiás num programa desses de qualidade, porque nosso Estado é hoje responsável por mais de 10% da exportação de carne no Brasil. Nós pre-cisamos qualificar essa carne para poder ter um valor agregado melhor e também dar uma garan-tia, muito exigida pelo consumidor. A Europa, por exemplo, exige algumas normas, que nós que ain-da somos meio novatos no sistema de qualificação do produto achamos exagero. Mas é um povo que passou por necessidades grandes, guerras, doen-ças, falta de alimentos e, por isso, começaram a exigir bastante. O mercado diz que é preciso pro-duzir para quem compra e nós não podemos dizer que a nossa carne é boa, se o consumidor mundial diz que não é. Eu já estive, por exemplo, em res-taurantes famosos na Europa conversando com os responsáveis e questionando porque eles não compram a carne do Brasil e compram da Aus-trália, da Argentina e, recentemente, o Uruguai tem sido a grande estrela em produção de carne. A resposta unânime é a de que o Brasil não tem

Estamos evoluindo com relação ao abate humanitário e temos que nos preocupar com isso mesmo, para fazer com que consumamos essa proteína, mas com zelo para com os animais.José Pato

Marcelo Penha

A necessidade de alimento da população mundial é muito grande e o Brasil é um país que tem possibilidades de contribuir muito nos próximos 20 anos. Precisamos explorar direito. Não podemos nos render a determinadas filosofias que não trazem bem-estar para o homem.

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UFG desponta na criação de aplicativos móveis

tas digitais, principalmente devido à facilidade de inovação e criação de novos produtos nesta área. “O em-preendedor necessita apenas de um computador e seu conhecimento, enquanto outras áreas demandam anos de pesquisa, desenvolvimento e testes para se chegar a um produto final”, acrescenta.

Emília Rosângela destaca que o Proi-ne atua no sentido de estimular a formação de competências empre-endedoras para contribuir com a proposição de projetos passíveis de se transformar em novos empreen-dimentos, como o UFG Empreende, subprograma destinado à comunida-de acadêmica, que busca estimular a cultura do empreendedorismo, de-senvolver conhecimentos e habilida-des para a criação de novos negócios. No programa são realizadas oficinas com atividades lúdicas, estimulando o desenvolvimento de atitudes em-preendedoras no ambiente acadêmi-co, seja para a criação de novos ne-gócios ou na preparação do indivíduo para o mercado de trabalho.

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Tecnologia em ascensão é versátil e pode ajudar em diversos objetivos, como no combate a endemias e responsabilidade social

Renato Rodrigues

A UFG tem se destacado no de-senvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis em

diversas áreas, como saúde, cultura e responsabilidade social. Instalados em smartphones ou tablets, algumas destas novas ferramentas tecnológi-cas foram viabilizadas por meio dos Centros de Empreendedorismo e Incubação da UFG, Proine, Regional Goiânia; Athenas, Regional Catalão; e Beetech, Regional Jataí, que apoiam projetos na área de inovação.

A gerente do Proine, Emília Rosân-gela Pires da Silva, explica que apli-cativos que ainda estão em fase de concepção recebem apoio para o de-senvolvimento do Produto Mínimo Viável (MVP), que é uma versão ou protótipo de um modelo de negócios, e aqueles que já tem o produto pron-to, recebem apoio para a inserção no mercado. Emília Rosângela avalia que na área de Tecnologia da Infor-mação (TI) há uma oferta em grande escala de novos produtos e ferramen-

Sangue do Bem

Um aplicativo desenvolvido na Regional Catalão foi projetado para aumentar o número de doa-dores no banco de sangue do mu-nicípio. O Sangue do Bem surgiu

DoeAlimento.org

A possibilidade de unir as novas tecnologias com a filantropia resul-tou no aplicativo DoeAlimento.org, desenvolvido por um professor e pesquisador do Curso de Medicina Veterinária da Regional Jataí. Thia-go Carreo, idealizador do projeto, afirma que existem atualmente muitas pessoas que desejam fazer alguma boa ação, mas não sabem onde, nem como, ou não tem tem-po para transformar a intenção em realidade. “A ideia surgiu por conta disso, o aplicativo DoeAlimento.org é uma ferramenta na qual usuários podem fazer doações de cestas bá-sicas a pessoas ou instituições de

a partir da observação de posta-gens nas redes sociais que pediam a doação para alguma pessoa da família ou conhecido, mas que nem sempre despertavam o interesse de possíveis doadores. Fernando Hen-rique da Silva, aluno do programa

de pós-graduação em Modelagem e Otimização da Regional Catalão e idealizador do projeto, com a ajuda de Douglas Kurtz Zaltron, estudan-te de Engenharia de Software da Universidade de Rio Verde (UniRV), notou que poucas destas postagens surtiam efeito, principalmente de-vido à falta de informações sobre o processo de doação de sangue e à forma de construção das posta-gens, que pouco incentivavam os leitores a ajudar.

Os estudantes observaram, em uma campanha feita na empresa em que um deles trabalhava, que muitas pessoas, mesmo com um bom perfil, sequer sabiam como doar sangue. Por isso, decidiram pensar em uma solução para o problema. “Pensa-mos em tornar fácil o contato das pessoas com a doação de sangue, tornar os usuários mais próximos e trabalhar o apelo pessoal e social de uma forma mais direta”, explica. A ferramenta foi premiada em terceiro lugar na 2ª Olimpíada de Empreen-dedorismo Universitário da UFG.

O aplicativo visa auxiliar o usuário nas informações básicas de doação, por meio de um feed, campanhas e notícias sobre o assunto, com as

opções “Doar para alguém”, para listar pessoas que precisam de doação e indicar um doador e “Buscar doadores”, que serve para fazer o pedido de doação. É possível também selecionar o item “Registrar doação”, quando o aplicativo abre a câmera do dis-positivo móvel e aguarda o usuá-rio fotografar o adesivo fixado no hemocentro, validando a doação. Em “Hemocentros” são listados os locais disponíveis para doação de sangue, incluindo a opção de traçar a rota ou ligar diretamente para a sede do hemocentro. Por último, no campo “Informativo”, são mostrados todos os requi-sitos exigidos para estar apto a realizar a doação de sangue. O aplicativo Sangue do Bem ainda está em fase de testes e em breve será disponibilizado para outras cidades de todo o País.

Baixar o APP: <https://goo.gl/mxfxRT>.

Site do Projeto: <http://sangue-dobem.com.br/>.

Fotos Ação Social: <https://dri-ve.google.com/open?id=0B-MN-1fQ1FILEM2t5WTRzMjU4ejg>.

caridade utilizando o celular”, explica.

Para desenvolver o aplicativo, o pes-quisador contou com a participação de Daniel Leonardo de Souza Tei-xeira, aluno do curso de Ciência da Computação, que cuidou da parte de desenvolvimento do software. Carreo comenta que ainda precisa da cola-boração de mais pessoas para viabili-zar a parte logística do projeto. “Bus-camos alguém que possa contabilizar as doações, realizar cotação de pre-ços e que fique responsável por ga-rantir as compras e entregas das cestas básicas”, acrescenta. A ideia do professor é vincular a ferramenta a um projeto de extensão universitária como forma de conseguir este apoio.

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9Inovação

Fotos: Camila Caetano

Bim

Pensando em amenizar o desgaste emocional de crianças que neces-sitam se submeter à hemodiálise, a professora do Instituto de Ciências Biológicas da UFG, Renata Mazaro e Costa, idealizou um aplicativo em 3D especial para pacientes a partir dos três anos de idade. O projeto foi

#UFGAedesZero

Outro aplicativo móvel que está em fase de testes, o #UFGAedesZero, pre-tende ser uma arma a mais no com-bate ao mosquito transmissor da den-gue. Para mapear os pontos críticos de focos de criadouro do mosquito, o Laboratório de Pesquisa, Desenvolvi-mento e Inovação em Mídias Intera-tivas da UFG (Media Lab), em parce-ria com o Grupo Integrado de Ações contra a Dengue (Giad) desenvolveu um aplicativo – #UFGAedesZero – que deve ser utilizado por esses agentes durante as vistorias. No aplicativo, os agentes poderão detalhar a localiza-ção dos locais críticos e abrir uma Or-dem de Serviço para o Centro de Ges-tão do Espaço Físico da UFG (Cegef).

O professor Marcelo Ricardo Quin-ta, do Instituto de Informática (INF), um dos idealizadores do aplicativo, explica que era necessário saber a dimensão da proliferação dos focos da dengue para adotar as medidas de combate. Os primeiros testes do #UFGAedesZero foram feitos com a colaboração de servidores do Cegef e membros do Giad. Em campo, o apli-cativo iniciou o mapeamento de focos do mosquito visando facilitar o tra-balho do Cegef na remoção dos cria-douros. “Ao abrir o aplicativo, é mos-trado um mapa que é centralizado na posição que o usuário se encontra e com a ajuda do GPS é possível regis-trar onde está o foco”, destaca Marce-lo Quinta.

O professor esclarece ainda que o usu-ário pode navegar entre os pinos e ver

O idealizador do aplicativo tam-bém prevê disponibilizar o Doe Alimento para ajudar na doação de cestas básicas para alunos ca-rentes da própria UFG. “Além do combate à fome, certamente pro-moveríamos também a educação”, observa. Ele planeja propor uma parceria com a assessoria estu-dantil no sentido de garantir a iniciativa. Thiago Carreo defende que existe um grande desafio a ser superado por pesquisadores que pretendem desenvolver aplicati-vos. “É difícil encontrar pessoas que tenham capacitação mínima para atuar nessa área e, princi-palmente, que tenham compro-metimento”, pontua. O professor lembra que, na área de tecnolo-gia, normalmente os alunos que se destacam acabam recebendo propostas de estágios remunera-dos ou mesmo de trabalho em em-presas e nem sempre dispõem de tempo para participar de projetos da própria Universidade.

Para baixar o DoeAlimento.org, que já está pronto, basta acessar o Google Play. A ferramenta está disponível para dispositivos mó-veis que utilizam a plataforma Android. Ao entrar no aplicati-vo, a primeira opção a marcar é a que mostra para qual institui-ção deseja fazer a doação da ces-ta. Em seguida, escolher o tipo e quantidade de cestas e realizar o pagamento do pedido. “É bem simples e intuitivo”, completa Thiago Carreo.

construído em parceria com pro-fissionais do Hospital das Clínicas (HC), da Faculdade de Nutrição (Fa-nut) e do Laboratório de Tecnologia da Informação e Mídias Educacio-nais (LabTIME), além do curso de Psicologia da Pontifícia Universida-de Católica de Goiás (PUC).

A hemodiálise é um procedimento

em que uma máquina limpa e filtra o sangue, fazendo parte do trabalho que o rim doente não consegue fa-zer. Quem precisa do procedimento passa, em média, 12 horas por se-mana (4 horas por dia, três vezes na semana) ligado a uma máquina. Se a rotina, as restrições alimenta-res e os efeitos colaterais não são simples para um adulto, para uma criança é ainda mais difícil. Atu-almente, 14 pacientes pediátricos precisam se submeter a esse trata-mento somente no HC.

O aplicativo Bim é um amiguinho virtual com doença renal e precisa ser cuidado para não ficar doente. A criança é a responsável por garantir todos os cuidados que ele precisa para sobreviver, como dar bebi-da, comida, remédio e banho. Além disso, fazer com que Bim frequente às sessões de hemodiálise e durma bem. Se o amigo virtual já estiver saudável, a criança tem a opção de acessar alguns minijogos no próprio dispositivo. Caso Bim fique doente, a criança então terá que levá-lo ao hospital e ficará impedida de jogar por um tempo. “A ideia é que a crian-ça, enquanto brinca, aprenda sobre a doença”, explica Renata Mazaro. Responsável pelo desenvolvimen-

to do aplicativo, o designer Igor Avelar do LabTIME, ressalta que o Bim traz uma nova perspectiva para a criança, fazendo com que ela entenda um pouco mais sobre o comportamento dos familiares, médicos e enfermeiros que lidam diariamente com a hemodiálise. “Ela passa de paciente a cuidado-ra”, pontua.

A intenção é de que o aplicativo, em breve, seja disponibilizado gratuitamente para que qualquer pessoa possa fazer o download em tablets e smartphones. No entan-to, antes disso, o aplicativo pas-sará por uma fase de validação junto ao público-alvo. Nessa fase, as crianças em tratamento no HC receberão tablets com o software instalado e uma equipe de alunos de pós-graduação, de iniciação científica e de extensão univer-sitária farão o acompanhamento para avaliar o efeito do aplicativo na qualidade de vida desses pa-cientes. No momento, a professora busca recursos para adquirir esses equipamentos, que serão doados ao final da validação, e também de-senvolver os novos minijogos para incrementar o aplicativo.

quais são os focos existentes já cata-logados. Na tela do dispositivo, cada cor tem um significado específico. A cor azul representa que não é possível identificar o criadouro, a amarela que existe água parada, a vermelha indica a presença de ovos, larvas ou do pró-prio mosquito. Já a cor roxa aponta que será necessária uma intervenção do Cegef e a verde mostra que apesar de o foco ter sido encontrado, o pro-blema já foi resolvido.

Marcelo Quinta lembra que se um agente encontrar algum foco, basta tocar no mapa (não no pino) e regis-trar o local, o tipo do problema e a descrição da situação. “Ainda é pos-sível apontar se o problema já foi re-

solvido e pedir que um represen-tante do Cegef vá até o local tomar as medidas de eliminação do foco”, afirma. Para facilitar a comunica-ção entre a pessoa que encontra o criadouro e o servidor que irá ao local para combatê-lo, o Cegef dispõe de uma versão do aplicati-vo que gera uma ordem de serviço com os dados de quem detectou o problema. Ao terminar de eliminar o foco, o servidor responsável pela ordem de serviço entra com a se-nha e já marca o ponto como resol-vido. Os dados gerados pelo aplica-tivo estão abertos para ajudar no trabalho do Giad e, futuramente, poderão ser usados em pesquisas e estudos da Universidade.

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Além da fronteiraPrograma do Governo Federal foi responsável pela intensificação da mobilidade internacional de estudantes de graduação da UFG

Luiz Felipe Fernandes

Responsável pelo envio de mi-lhares de estudantes de gradu-ação brasileiros para intercâm-

bio em universidades no exterior, o Programa Ciência sem Fronteiras chegou em 2016 prejudicado pela crise econômica e política que se ins-talou no país e que afeta diretamente programas voltados às instituições de ensino superior. Considerado uma iniciativa surpreendente, há muito o que comemorar em seus cinco anos de existência, ainda que problemas possam ser apontados.

Na Universidade Federal de Goiás (UFG), o Ciência sem Fronteiras deu continuidade ao crescimento da mo-bilidade internacional de estudantes de graduação. Há pouco mais de uma década, o número de graduandos da UFG em intercâmbio no exterior mal passava de uma dezena. Programas como o Erasmus Mundus, o Bolsas Luso-Brasileiras Santander Univer-sidades, o Capes/Brafitec e o Ca-pes/Brafagri, assim como parcerias

como a estabelecida com o Instituto Politécnico de Bragança, alteraram esse cenário. O Ciência sem Fron-teiras intensificou ainda mais esse crescimento.

Em 2015, 477 alunos da Universida-de estavam em instituições de outros países – a maioria (78%) pelo Ciência sem Fronteiras. Se antes a mobilida-de se restringia à Europa e à América do Norte, a partir de 2012 observou--se maior diversificação desses des-tinos, com intercâmbios para Ásia e Oceania. A UFG, com sua integração à Associação das Universidades Grupo Montevidéu (AUGM) e participação em programas como o MARCA, dire-cionou ainda mais estudantes para a América Latina.

Estudantes da UFG que fizeram parte do programa do governo federal ou que ainda estão no exterior relatam experiências acadêmicas e pessoais únicas. Em julho de 2013, Pedro Hen-rique Rodrigues, 23, foi para a Uni-versidade de Toronto, no Canadá. Es-tudante de Engenharia Química, sua

primeira experiência em solo estran-geiro durou um ano e meio. Ele conta que o nível de dificuldade do curso era alto, assim como a exigência den-tro e fora da sala de aula. Também teve de enfrentar o rigoroso inverno canadense, com temperaturas abaixo dos 20 graus negativos. “Severo, po-rém contornável com um aquecedor e um bom casaco”, ameniza.

Pedro destaca como pontos positivos o programa de recepção e acompa-

Mergulho cultural

O inverno também foi um dos obs-táculos da bióloga Lia Wentzel, 24. Em agosto de 2012, então estudante de Ciências Biológicas, ela foi para a Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, onde ficou por um ano e três meses. Na estação em que às quatro da tarde já escurece, Lia con-ta que se sentiu deprimida nas duas primeiras semanas. Saudade mesmo foi do arroz e feijão diários, da pamo-nha e do pequi. “Tanto é que quando minha mãe foi me visitar, levou pequi em conserva”, recorda.

Apesar de saber alemão, ela conta que no primeiro semestre sentiu di-ficuldade para acompanhar as aulas, o que não impediu a compreensão do conteúdo. Além das aulas normais, Lia fez estágio no Laboratório de Eco-logia Microbiana da Universidade, conheceu novas técnicas, aprendeu mais sobre Biologia Molecular e viu que era com isso que realmente que-ria trabalhar. De volta ao Brasil, atu-almente faz mestrado em Microbio-logia Aplicada. Ela também destaca o mergulho cultural proporcionado pela história do país, pelos museus, pela pluralidade social e por estar no centro da Europa.

Ainda vivendo a experiência de estu-dar no exterior, Joyce Mamede, 21, diz que o idioma continua sendo um desa-fio, especialmente por estudar Biologia e não estar familiarizada com termino-

Da UFG para o mundoA mobilidade internacional de estudantes de graduação da UFG deu um salto em uma década. Em 2003, 12 alunos de graduação fizeram intercâmbio no exterior. Esse número chegou a 530 em 2014, auge do programa Ciência sem Fronteiras.

nhamento da universidade para os estudantes do Ciência sem Frontei-ras, além do contato com um país multicultural, o que facilitou a adap-tação e o ensinou a respeitar as di-ferenças e a trabalhar em conjunto. “Foi a experiência que mais marcou minha vida pessoal e profissional. O fato de estar em outro país e sozinho tornou tudo mais difícil, mas a ex-ploração de novas fontes de conheci-mento resulta num enriquecimento cultural e profissional único”.

logias e pronúncias de alguns termos em inglês. Ela está na Universidade de Washington, nos Estados Unidos, des-de junho de 2015. “A qualidade de ensi-no na minha universidade é muito boa e eles têm um sistema de ensino dife-rente do que estou acostumada, com menor carga horária de aulas e mais atividades extraclasse. Não vejo mais o curso do mesmo modo e não vejo o mundo do mesmo jeito”.

Além do crescimento como estudan-te e profissional, Joyce brinca que voltará para o Brasil com o saldo de um namorado e inúmeros amigos. Isso para quem nunca tinha viajado nem para fora de Goiás. Ela afirma que está preparada para enfrentar qualquer desafio, assim como se sen-te muito mais capacitada como estu-dante. “Ampliei meus horizontes de uma maneira que jamais aconteceria se eu não tivesse aproveitado esta oportunidade”, comemora.

Além da formação acadêmica, Lia Wentzel destaca o crescimento cultural durante intercâmbio na Alemanha

Apesar da dificuldade em aproveitar o estágio, Marcus Forzani reconhece a contribuição do CsF para o ensino superior brasileiro

Fotos: Divulgação

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Universidade

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Visibilidade ao ensino superior brasileiro

Para a coordenadora de Assuntos In-ternacionais (CAI) da UFG, Ofir Ber-gemann, o Ciência sem Fronteiras proporcionou visibilidade ao ensino superior brasileiro no exterior. “Pes-quisadores e estudantes brasileiros já eram bem vistos e a pós-gradu-ação brasileira, muito respeitada, mas com o Ciência sem Fronteiras as universidades do exterior passaram a enxergar o ensino superior brasi-leiro na sua totalidade e diversida-de”, ressalta.

Outro grande mérito do programa, segundo a coordenadora, foi a ado-ção da internacionalização do ensi-no como política do Ministério da Educação (MEC). Tanto que outras iniciativas foram criadas para dar suporte ao programa. Ela cita o Idio-

mas Sem Fronteiras, elaborado com o objetivo de proporcionar aos can-didatos a programas de mobilidade oportunidades de acesso a universi-dades de outros países por meio do ensino de línguas estrangeiras. São oferecidos cursos presenciais e a distância, além da aplicação de tes-tes de proficiência.

Entretanto, a coordenadora não dei-xa de questionar alguns pontos na execução do Ciência sem Fronteiras. Se por um lado o programa conse-guiu disponibilizar milhares de va-gas em universidades localizadas ao redor do mundo, por outro não con-seguiu promover vigorosamente a consolidação de parcerias bilaterais, uma vez que as negociações dessas vagas são feitas exclusivamente pelo governo federal. Contudo, ela reco-nhece a dificuldade ou até a impos-sibilidade que seria, para as institui-

Meta alcançadaIniciativa conjunta dos Ministérios da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Ciência sem Fronteiras alcançou a meta de concessão de 101 mil bolsas de estudos entre 2011 e 2014. Deste total, 65.205 foram pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o restante pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em 2015 e 2016 não foram concedidos novos benefícios, embora mais de 13 mil bolsas no exterior estejam sendo mantidas atualmente. O Ciência sem Fronteiras disponibiliza mensalidade, auxílio instalação, auxílio material didático, passagens aéreas e seguro saúde.

ções, alocar grande quantidade de seus estudantes em boas universi-dades estrangeiras. Outro problema – corrigido ao longo dos anos – foi a falta de planos de estudo quando os primeiros estudantes foram envia-dos ao exterior.

Ofir Bergemann cita ainda o proble-ma na formação acadêmica de estu-dantes que não tiveram a oportuni-dade de fazer disciplinas em suas áreas ou cujas disciplinas não foram aproveitadas ao retornarem ao Bra-sil. “Morar sozinho em outro país, o contato com outra cultura, o apren-dizado de uma nova língua, tudo isso é muito rico como experiência pessoal, mas não necessariamente do ponto de vista acadêmico”. Ainda assim, o saldo é muito mais positivo. “Quando o aluno retorna, acaba pro-porcionando novas discussões sobre metodologias e projetos pedagógi-cos”, considera.

Aproveitamento

Em 2012, Marcus Vinícius Forzani, 25, embarcou para os Estados Uni-dos pelo Ciência sem Fronteiras. Ele estudou na Missouri State University e fez estágio de três meses na Saint John’s University, em Nova York. Ele lembra que, logo ao chegar, teve a primeira surpresa: ele já havia feito todas as disciplinas disponíveis para a graduação em Biologia. Isso porque o edital permitia que estudantes com até 80% do curso concluído partici-passem do programa. Com autoriza-

ção da Capes, pegou matérias desti-nadas ao início da pós-graduação.

Marcus também não conseguiu apro-veitar os estágios que fez no labora-tório de Fisiologia Microbiana, na Universidade do Missouri, e no labo-ratório de Genética Microbiana, na St. John’s. “Colegas do primeiro edital me disseram que seria impossível, já que não havia os documentos de estágio em inglês para os professo-res assinarem”. Por fim, alguns co-ordenadores de curso no Brasil não aceitaram a disciplina cursada no ex-terior, ainda que a ementa fosse pra-ticamente a mesma.

Na avaliação de Marcus, o programa deveria eleger suas prioridades e se-lecionar melhor os candidatos. Ele cita, por exemplo, estudantes que não possuíam o domínio necessário do idioma e, assim, tinham dificul-dades nas disciplinas. “O programa deveria observar o currículo dos can-didatos e se o aluno do Ciência sem Fronteiras estava de fato cursando as matérias de sua grade curricular”, considera. Para ele, pelos objetivos elegidos pelo governo com o progra-ma, claramente ele se enquadra me-lhor para a pós-graduação.

Ainda assim, Marcus reconhece a con-tribuição do Ciência sem Fronteiras para a internacionalização das univer-sidades brasileiras. Pessoal e profis-sionalmente, ele descreve a experiên-cia como “maravilhosa, indescritível e impagável”. “Um intercâmbio muda a vida de qualquer um”, conclui.

2012Total de estudantes em mobilidade: 252.Pelo Ciência sem Fronteiras: 138 (55% do total).Principais destinos: Portugal, Estados Unidos e Espanha.Principais cursos contemplados: Engenharia Civil, Ciências Biológicas e Farmácia.

2013Total de estudantes em mobilidade: 400.Pelo Ciência sem Fronteiras: 278 (70% do total).Principais destinos: Estados Unidos, Portugal e Canadá.Principais cursos contemplados: Agronomia, Engenharia Civil e Ciências Biológicas.

2014Total de estudantes em mobilidade: 532.Pelo Ciência sem Fronteiras: 417 (78% do total).Principais destinos: Estados Unidos, Reino Unido e Portugal.Principais cursos contemplados: Engenharia Civil, Engenharia Elétrica e Agronomia.

2015Total de estudantes em mobilidade: 477.Pelo Ciência sem Fronteiras: 376.Principais destinos: Estados Unidos, Reino Unido e França.Principais cursos contemplados: Engenharia Civil, Engenharia Elétrica e Arquitetura e Urbanismo.

Pedro Henrique estudou Engenharia Química na Universidade de Toronto, no Canadá

Ainda nos EUA pelo Ciência sem Fronteiras, Joyce Mamede elogia a qualidade de ensino, com mais atividades extraclasse

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sa Sistema aproveita água do ar-condicionadoProjeto desenvolvido por pesquisador da UFG gera economia e evita o desperdício de água tratada que seria utilizada na limpeza

Renato Rodrigues

Uma pesquisa coordenada pelo professor Euler Bueno, da Es-cola de Engenharia Elétrica,

Mecânica e de Computação (EMC) da UFG, resultou em uma forma simples e barata de aproveitar a água do gote-jamento causado pela condensação da umidade presente no ar para os servi-ços de limpeza, evitando o uso de água tratada para esta finalidade. O sistema de coleta e aproveitamento da água que seria desperdiçada por aparelhos de ar-condicionado está em funciona-mento desde o ano passado na sede do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) e gera uma economia de cerca de 400 litros de água por dia. O volume captado consegue atender a demanda dos ser-viços de limpeza do edifício-sede do Conselho, de um segundo prédio anexo ao principal e ainda regar plantas dos jardins da entidade.

Inicialmente foi feito um estudo de viabilidade do sistema para comprovar que seria possí-vel usar água liberada pe-los aparelhos de ar-con-dicionado. O primeiro passo foi colocar um recipiente com me-dida de volume coletando a água que pingava do a p a r e l h o i n s -

talado no Laboratório de Máquinas Es-peciais da EMC. Foram feitas medições e o professor constatou que o volume de água captado por todos os apare-lhos resultava em significativa quan-tidade. Além disso, Euler Bueno ob-servou que a maior parte da água que é liberada fica empoçada e se acumula em calçadas ou marquises. “A água pa-rada pode se tornar um criadouro de mosquitos da dengue”, adverte. Assim, os reservatórios indicados para arma-zenar a água são projetados para que tenham a proteção necessária para evi-tar vazamentos, com telas de proteção para evitar o acesso de mosquitos ao interior dos reservatórios.

A segunda etapa da pesquisa consistiu em atestar que a água captada poderia ser utilizada sem ris-cos de da-nos à

saúde dos trabalhadores. Para isso, foram realizados na UFG testes bacte-riológicos e físico-químicos com amos-tras da água coletada. “Com o resultado constatou-se que a água era adequada para os serviços de limpeza”, afirma Eu-ler Bueno. Ainda na etapa da avaliação foi realizada a medição da captação de água no período de estiagem, quando os níveis da umidade relativa do ar es-tão baixos, com o objetivo de verificar se o sistema teria uma funcionalidade aceitável nesse período. Os resultados mostraram que, em dias mais secos, foi possível coletar entre 310 e 350 litros de água, ao passo que no período chu-voso do ano, em que a umidade relati-va do ar está acima de 60% em média, o volume captado diariamente subiu para até 510 litros.

Além de proporcionar a economia de água em um período que exige uma maior atenção de todos para o uso consciente deste recurso, o sistema de captação e aproveitamento desen-volvido é considerado de baixo cus-to – foram investidos R$ 782,24 para captar a água que seria descartada de 74 aparelhos de ar-condicionado. O sistema pode ser implantado nas edi-ficações que possuem aparelhos de ar-condicionado, principalmente nas empresas privadas e órgãos públicos. Já está em andamento a instalação do sistema no Bloco A da Escola de Engenharia da UFG, no Câmpus Cole-mar Natal e Silva.

Funcionamento

A água que seria desperdiçada é cap-tada por dutos interligados a dois reservatórios de 200 litros cada. Os recipientes foram instalados em lo-cais estratégicos para que sejam facil-mente transportados em reservatórios móveis com capacidade de 100 litros. Todo o volume é suficiente para lim-par uma área de 4.444,78 m² (sede) e outra de 235,49 m² (prédio anexo). No reservatório foi instalado um cano que

liga os recipientes a torneiras instaladas na área in-

terna do prédio. “O objetivo

Euler Bueno mostra sistema que capta e armazena água coletada dos aparelhos de ar-condicionado

Dutos conectados aos equipamentos de ar-condicionado levam a água que seria descartada para reservatórios equipados com torneiras adaptadas para facilitar a retirada

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é facilitar que a água seja coletada pe-los colaboradores do serviço de limpe-za”, explica Euler Bueno.

Conscientização

Euler Bueno lembra que também foi realizada no Crea-GO uma campanha de conscientização para a importân-cia do uso racional da água com cola-boradores que executam os serviços de limpeza. Entre as ações implanta-das está o uso de um carrinho adap-tado para acondicionar os recipien-tes que transportam a água, evitando o desperdício gerado pelo transbor-damento do líquido usando baldes. Também está sendo elaborada uma cartilha educativa com dicas simples para diminuir o desperdício de água.

Entre as recomendações, estão o uso de mangueiras para coletar água das torneiras de banheiros, evitando en-cher a cuba da pia de água para em seguida transferir para o balde. Ou-tra medida indicada é usar apenas recipientes adequados com tampas e transportá-los em carrinhos com ro-das para evitar o transbordamento e, ao mesmo tempo, prevenir possíveis acidentes de trabalho. O idealizador do sistema avalia que as ações con-juntas realizadas no Crea-GO foram efetivas no combate ao desperdício de água, gerando economia. Segundo Euler Bueno a medida ajuda também a manter o nível dos reservatórios que podem sofrer alterações pelas mudanças climáticas e ter o volume comprometido em meses de pouca in-cidência de chuvas.

Presidente do Crea-GO, Francisco Al-meida, elogia os resultados do sistema desenvolvido em parceria com a UFG. “Deixamos de utilizar cerca de 100 mil litros de água tratada em um ano no serviço de limpeza e ainda economi-zamos cerca de quatro mil reais ”, des-taca. Francisco Almeida lembra que o sistema também prioriza a qualidade de vida dos colaboradores do setor de limpeza. “A forma como a água é co-letada é ergométrica e não exige que o funcionário terceirizado se abaixe para colocar a água nos baldes na hora de realizar a limpeza”. O presidente do Crea-GO garante que pretende levar a ideia do sistema de aproveitamento de água para entidades do setor da in-

dústria da construção civil para que um número maior de construto-

ras sejam incentivadas a adotar práticas sustentáveis nas obras

que realizarem. “Este projeto desenvolvido em parceria entre o Conselho e a UFG, pode ser levado para todo

o País”, com-pleta.

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13Extensão

Projeto leva ensino de língua portuguesa a imigrantes haitianosCurso auxilia estrangeiros na adaptação ao idioma e na inserção no mercado de trabalho

Wilgens Baptiste trabalha como metalúrgico e faz planos para trazer a família para o Brasil

Renato Rodrigues

Cerca de 60 imigrantes haitianos que residem no Setor Expansul, em Aparecida de Goiânia, e no

Jardim Guanabara, em Goiânia, encon-traram uma oportunidade de aprender a língua portuguesa após a chegada ao Brasil em busca de uma vida melhor. Um projeto de pesquisa na área de for-mação de professores da Faculdade de Letras (FL) da UFG em parceria com voluntários de instituições religiosas, oferece curso de português aos estran-geiros. O objetivo principal do trabalho é ajudá-los na adaptação e na inserção no mercado de trabalho.

Giuliano Pereira, professor da Facul-dade de Letras e especialista em por-tuguês para estrangeiros, um dos res-ponsáveis pelas aulas de Português, avalia que o principal motivo que leva os haitianos a escolherem Goiás como destino é a receptividade dos goianos. “Vários deles já tentaram se estabele-cer em outros países, mas acabaram sendo vítimas de xenofobia ou de ra-cismo”, completa. Ele explica que os alunos são divididos em três turmas, com aulas às terças, sábados e domin-gos, ministradas na Escola Municipal Camila Scaliz Figueiredo, em salas cedidas pela Secretaria Municipal de Educação de Aparecida de Goiânia ou em espaços adaptados da Igreja Meto-dista do Setor Expansul.

O professor relata que os haitianos chegam ao Brasil sem conhecer o idioma e enfrentam muitas dificul-dades para conseguir trabalho. Para Giuliano Pereira, o aprendizado da língua é o primeiro passo para que os imigrantes consigam sobreviver no Brasil. “A maioria dos alunos é caren-te e chega em nosso país sem conhe-cer o idioma, o que torna a adapta-ção ainda mais difícil”, completa. Ele lembra ainda que todos que atuam no projeto são voluntários e pagam

do próprio bolso os custos de deslo-camento e da produção do material didático utilizado nas aulas.

Os alunos do curso de Letras também atuam como voluntários no projeto por meio da pesquisa na área de for-mação de professores, extensão ou cursando a disciplina de língua por-tuguesa para estrangeiros. “Os alunos recebem, primeiramente, uma orien-tação teórica, acompanham o curso e só depois passam a dar aulas sob, a minha supervisão”, detalha. Segundo Giuliano Pereira, uma outra forma de ampliar e aprimorar o projeto é inte-grar os estudantes do curso de Letras para um intercâmbio linguístico cul-tural com os haitianos. “Os estudan-tes de licenciatura em Francês, por exemplo, poderão praticar o idioma com estes estrangeiros como forma de exercitar o contato bilíngue”, prevê.

Voluntários

A Irmã Glória Dal Pozzo, da Pastoral dos Migrantes da Arquidiocese de Goiânia da Igreja Católica, desenvol-ve um trabalho de apoio aos imigran-tes estrangeiros que desembarcam diariamente no Terminal Rodoviário de Goiânia e colabora com o projeto que leva o ensino da língua portugue-

sa aos haitianos do Setor Expansul há dois anos como voluntária. Ao notar a dificuldade de comunicação enfren-tada pelos haitianos, ela percebeu a necessidade de se oferecer aulas de Português para os imigrantes. “Seria uma forma de garantir uma melhor inserção deles em uma nova cultura e uma nova realidade”, pontua.

Kátia de Oliveira Campos, professora de Francês aposentada do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Edu-cação da UFG (Cepae), é membro da Igreja Metodista do Goiânia Leste e trabalha como voluntária ministran-do aulas aos sábados no Setor Expan-sul, em Aparecida de Goiânia, e aos domingos em um espaço improvisado em um terreno de um lote no Jardim Guanabara, bairro da região Norte de Goiânia. Ela diz que os haitianos aten-didos pelo projeto são pessoas caren-tes e chegam ao Brasil sem ter onde morar e até mesmo sem ter o que co-mer. Ela afirma que o trabalho ainda não recebe nenhum tipo de apoio fi-nanceiro e todas as despesas para ga-

rantir a realização das aulas são cus-teadas pelos voluntários envolvidos no projeto. “Eles precisam de vários tipos de ajuda, muitos não conseguem empregos quando chegam e só con-seguem sobreviver graças à ajuda de outros imigrantes”, pontua.

Oportunidade

A pedagoga Lúcia Dorval, de 54 anos, é uma dos cerca de 400 imigrantes haitianos que vivem no Setor Expan-sul, em Aparecida de Goiânia. Ela re-side no bairro há um ano e sete me-ses, é casada e deixou para trás os três filhos. Aposentada como professora do ensino fundamental no Haiti, a imi-grante afirma ter encontrado dificul-dades em conseguir trabalho em seu país de origem, o que a motivou a ten-tar uma vida nova no Brasil. “A maior dificuldade que enfrentamos quando chegamos ao Brasil é conseguir apren-der o idioma”, comenta Lúcia Dorval. A haitiana diz que precisa enviar di-nheiro para manter os filhos no Hai-ti e que, apesar de ter uma formação superior em Pedagogia, trabalha aqui como auxiliar de limpeza. A professo-ra aposentada destaca o acolhimento dos haitianos e elogia a receptividade dos brasileiros. “Apesar de enfrentar muitas dificuldades no começo, fomos muito bem recebidos aqui”, comenta.

Wilgens Jean Baptiste, de 34 anos, vive no Brasil há seis meses. Ele é casado e nos últimos anos trabalhou como costureiro no Haiti. O imigrante tem um filho e faz planos para trazê-lo com a esposa para morar aqui. Há cer-ca de cinco meses trabalha como me-talúrgico em uma indústria de portas e janelas. Com formação técnica em costura, Wilgens Baptiste, explica que optou por deixar seu país de origem devido às condições de sobrevivência que enfrentava. Ele recorda que os primeiros dias de adaptação foram os mais difíceis. “Na primeira semana não conseguia fazer compras no su-permercado por não saber os nomes dos produtos que queria comprar”, re-corda. Wilgens Baptiste afirma estar muito feliz no Brasil e, que apesar de viver há pouco tempo no país, já fez muitos amigos no trabalho e na igre-ja. “Estou muito feliz aqui e não penso em voltar para o Haiti”, planeja.

A maior dificuldade que enfrentamos

quando chegamos a Brasil é conseguir

aprender o idioma Lúcia Dorval

A maioria dos alunos são carentes e chegam em nosso país sem conhecer o idioma, o que torna a adaptação ainda mais difícil

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Laboratório incrementa formação

de engenheiros de minas na UFG

Pesquisas sobre flotação desenvolvidas na Regional Catalão já renderam três patentes e dois prêmios da SBPC-GO

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Angélica Queiroz

A economia brasileira, desde os tempos de colônia, tem es-treita relação com a extração

mineral, que continua sendo um dos ramos mais produtivos do Brasil, colocando o país como destaque na área de mineração no cenário mun-dial. Goiás é um dos estados que vive maior crescimento da atividade. Nes-se contexto, o curso de Engenharia de Minas da Regional Catalão da UFG se destaca, formando profissionais para atender a essa demanda. Em funcionamento desde 2008, o curso carecia de um laboratório para de-senvolver pesquisas na área de pro-cessamento mineral. Graças ao es-forço dos professores André Carlos Silva e Elenice Maria Schons Silva, a criação desse espaço foi possível e, desde 2010, incrementa a formação de engenheiros de minas na UFG.

No Laboratório de Modelamento e Pesquisa em Processamento Mine-ral (LaMPPMin), os alunos podem

colocar em prática os conceitos te-óricos vistos em sala de aula, além de desenvolver projetos de pesqui-sa, desenvolvimento e inovação. A possibilidade de “botar a mão na massa”, segundo o coordenador do LaMPPMin, André Carlos Silva, faz com que os alunos extrapolem o conteúdo visto em sala e perce-bam nuances impossíveis de serem apenas descritas, tais como som, cheiro e, até mesmo, vibração dos equipamentos. “Existe uma grande diferença em saber como fazer e de fato fazer. Os alunos que passaram pelo laboratório estão empregados e muito bem colocados no mercado de trabalho”, se orgulha o professor.

O laboratório possui alunos bolsistas de ensino médio, graduação, mestra-do e doutorado e, segundo o coorde-nador do LaMPPMin, André Carlos Silva, hoje conta com projetos finan-ciados pelo CNPq, CAPES e FAPEG, bem como parcerias com diversas empresas. As principais pesquisas desenvolvidas são em flotação, mé-

todo de separação de misturas mui-to usado na indústria de minerais, nas quais os pesquisadores estão utilizando óleos de frutos do Cerra-do goiano em substituição a reagen-tes sintéticos, para novas fontes de amido para o uso como depressor, desenvolvimento de rota de produ-ção de monazita (mineral de terras raras) e produção de concreto, subs-tituindo areia por magnetita (rejei-to da produção de rocha fosfática).

As pesquisas do LaMPPMin sobre flo-tação já renderam 3 patentes – óleo de pequi, óleo de macaúba e óleo de pinhão manso – e dois prêmios da SBPC-GO, menção honrosa em 2014 e primeiro lugar em 2015. Atualmen-te, os pesquisadores do laboratório estão realizando testes para produ-zir magnetita para a construção civil substituindo areia. “Os resultados estão sendo muito promissores e es-

peramos em um futuro breve reduzir o custo do concreto”, ressalta André Carlos Silva. Além disso, o professor relata que o laboratório já está ne-gociando para assinar dois projetos científicos importantes para a pro-dução de elementos de terras raras.

Construção da sede

O LaMPPMin está provisoriamente instalado em um galpão de apro-ximadamente 400m² alugado pela UFG e conta com um patrimônio de mais de 350 mil reais, além de verba já aprovada para a aquisição ime-diata de mais de 400 mil em equipa-mentos. Segundo o coordenador do laboratório, já está em fase de aná-lise um projeto, em parceria com o governo do Estado, para a constru-ção de uma nova sede que permitirá dobrar a área construída do prédio.

No laboratório, estudantes podem colocar em prática conceitos teóricos vistos em sala de aula

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15U

niversidade

ARTIGO

Ana Cláudia Barros Tolentino*

Empresa Júnior e a nova Lei

senvolvem habilidades empreendedoras, senso de responsabilidade, de iniciativa, aprendem como gerir uma empresa e como trabalhar em equipe.

Ao ter sua existência legalizada por lei, as empresas juniores conquistam legitimidade dentro das uni-versidades, conseguindo mais apoio das unidades acadêmicas e cursos aos quais estão vinculados. Antes, as empresas juniores eram regulamentadas apenas por resoluções internas das instituições de ensino e pela confederação brasileira de empresas juniores, a Brasil Júnior. A partir de agora, as uni-versidades têm uma base legal para estruturar o movimento dentro de suas atividades.

A nova legislação endossa que a empresa júnior tem o propósito de realizar projetos e serviços que contribuam para o desenvolvimento acadêmico e profissional dos associados, sendo que as ativida-des desenvolvidas devem estar relacionadas ao campo de conhecimento de pelo menos um curso de graduação indicado no estatuto. Os alunos que participam de uma empresa júnior devem realizar trabalho voluntário e estar devidamente matri-culados no curso de graduação. Como a empresa júnior tem fins educacionais, toda a renda obtida deve ser reinvestida na própria associação. A Lei determina ainda que os projetos desenvolvidos devem ser orientados e supervisionados por pro-fessores ou profissionais especializados, que as empresas, respeitando as normas internas, terão gestão autônoma em relação à direção da faculda-de e que podem cobrar pela prestação de serviços independentemente de autorização do conselho profissional regulamentador de sua área de atua-ção profissional (desde que sejam acompanhados por professores ou profissionais da área).

A nova lei vem para reafirmar algo que o MEJ já defende há tempos: a importância das empresas juniores na formação acadêmica e profissional dos estudantes. Além de formar profissionais mais preparados para o mercado de trabalho, o movimento é um celeiro de jovens empreende-dores que saem da graduação com um negócio próprio, gerando emprego e renda para a socie-dade. As universidades, ao abraçarem essa cau-sa, fomentam o empreendedorismo, a inovação e a interação universidade-empresa, tornando-se mais completas e atendendo a diferentes perfis de alunos, do pesquisador ao empreendedor.

*Responsável pelo Programa UFG Júnior, da Coordenação de Transferência e Inovação Tecnológica daUFG

Uma lei sancionada pelo Governo no dia seis de abril deste ano, além de ser pio-neira no mundo, veio consolidar e dar

base jurídica para um movimento que tem se expandido em todo o país, o Movimento Em-presa Júnior – MEJ. A Lei 13.267/16, também conhecida como Lei de Empresa Júnior, que re-gulamenta o funcionamento dessas associações nas universidades brasileiras.

As empresas juniores são associações civis, sem fins lucrativos, criadas e geridas por alunos de graduação, que prestam serviços de consultoria para pessoa física e/ou jurídica. O MEJ, que nas-ceu na França na década de 60, chegou ao Brasil nos anos 80 e atualmente envolve milhares de jovens no trabalho voluntário em empresas ju-niores. A importância dessa lei pode ser dimen-sionada tanto pelo impacto que uma empresa jú-nior tem na formação do universitário brasileiro quanto pelo crescimento que pode trazer para o movimento daqui para frente.

Participar de uma empresa júnior é uma oportuni-dade ímpar para alunos de graduação. Os empre-sários juniores têm a oportunidade de entrar em contato com o mercado de trabalho desde a gra-duação, atendendo clientes e realizando projetos que os permitem aplicar os conhecimentos teó-ricos aprendidos em sala de aula. Além disso, de-

CAMINHOS DA PESQUISA

Cresce número de bolsistas PQ/CNPq na UFG

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos, de inteira responsabilidade de seus autores.

Kharen Stecca

A UFG comemorou em 2016 o maior núme-ro de Bolsas de Produtividade em Pesqui-sa (PQ/CNPq) já obtido pela instituição.

Ao todo, 152 professores têm a Bolsa PQ e outros doze têm a Bolsa de Desenvolvimento Tecnológico (DT), que funciona nos mesmos moldes, mas para projetos de conhecimento tecnológico aplicados. Em 2004 eram apenas 32 PQs. Proporcionalmen-te, o maior número de Bolsistas PQ estão no Insti-tuto de Física (IF), que tem 35,4% de seus douto-res com a bolsa, seguido do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), com 23% e do Instituto de Ciências Biológicas (ICB, com 20,5%.

Selo de Qualidade

Para a pró-reitora de Pesquisa e Inovação (PRPI/UFG), Maria Clorinda Fioravanti, o número de bol-sistas PQ e DT representam para a UFG um selo de qualidade externo. “Quanto mais nosso número de bolsistas cresce, mais reconhecidos somos na aca-demia. O número de bolsistas PQ e DT é um jeito simples de se reconhecer a qualidade do grupo de professores que se têm”, explica. Para se tornar um bolsista é preciso concorrer entre os pares. O nú-mero de vagas no edital não cresceu nos últimos anos, explica a pró-reitora. Para a categoria inicial do processo (PQ2) é preciso ter cinco anos de dou-torado e cumprir com uma série de requisitos de acordo com a área de atuação, que podem ser pu-blicações em revistas com determinada classifica-ção, número de orientações de mestrado e doutora-do em andamento e concluídas, entre outros.

Como funciona o sistema?

Após entrar no sistema, o pesquisador PQ2 pode tentar renovar o projeto e, assim, passar a pesqui-sador PQ1. Essa modalidade divide-se em quatro categorias, começando da categoria D até A. Tam-bém foi criada a categoria sênior para pesquisa-dores aposentados que foram nos últimos 10 anos de trabalho PQ A ou B. Além da bolsa de pesqui-sa, um valor voltado ao professor (R$ 1.100,00 a 1.500,00) de acordo com a categoria, há um montante para utilização no projeto chamado adicional de bancada (que varia de R$ 1.000,00 a 1.300,00). Outra peculiaridade é que alguns edi-tais de fomento só são liberados para professores bolsistas. Uma vez aprovado, o projeto tem uma duração de três anos para PQ2, quatro anos para PQ1 categorias B, C e D; e cinco anos para PQ1A. Após a vigência do projeto, o bolsista pode con-correr novamente ao edital e mudar de categoria, conforme nova avaliação do CNPq.

Sudeste lidera

Maria Clorinda destaca que, apesar do cresci-mento da UFG, ainda existe alta concentração de bolsistas na região Sudeste. Na região Norte, exis-tem 305 PQs em 2016, 1.881 na Região Nordeste, 879 na Região Centro-Oeste, 2.900 na região Sul e 9.186 na Região Sudeste. O Centro-Oeste repre-senta apenas 5,8% dos bolsistas. Segundo ela, o caminho para crescermos em número de bolsis-tas é a consolidação da pesquisa, principalmente por meio da criação e consolidação do doutora-do, que se traduzem em elevação da qualidade e quantidade de pesquisa produzida na UFG.

COMUNIDADE PERGUNTA

A diferença básica é que o profissional veterinário cuida da saúde animal, é o médico dos animais. O Veterinário cuida da parte médica animal, como clínica e cirurgia, diagnóstico e tratamento de doenças, além de cuidar também da saúde pública (doenças dos animais que são transmitidas aos

Qual a diferença entre as atividades profissionais do Veterinário e do Zootecnista?

Marcos Café é diretor da Faculdade de Veterinária e Zootecnia da UFG

homens), da inspeção e do controle da qualidade (inspeção e auditoria) de alimentos e produtos de origem animal, da vigilância sanitária, entre outros.

O Zootecnista cuida da produção animal, ou seja, da criação dos animais. O profissional da área trabalha no melhoramento genético dos animais, apurando as raças, na nutrição dos rebanhos, no manejo de animais e nas técnicas de criação de diferentes espécies animais, desde abelhas até os bovinos.

Camila Corrêa de Godoy, Jornalista

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Sempre alerta!UFG inaugura seu primeiro grupo escoteiro por meio de projeto de extensão do Hospital das Clínicas

Luiz Felipe Fernandes

Para quem é de fora do movimen-to escoteiro, tudo é diferente: a maneira de se cumprimentar

(com a mão esquerda, entrelaçando os dedos, e a direita fazendo o sinal de sempre alerta), os gritos de guer-ra e até o jeito de aplaudir, batendo palmas de forma ritmada. Mas todos esses ritos e protocolos passam a fa-zer sentido ao se conhecer a filosofia do escotismo, baseada em conceitos como honra, integridade, amizade, lealdade e cortesia.

Esse ano a Universidade Federal de Goiás (UFG) ganhou seu primeiro gru-po escoteiro. Projeto de extensão do Hospital das Clínicas (HC), o Grupo de Escoteiros Ipê Amarelo começou suas atividades em fevereiro e, no mês se-guinte, foi oficialmente inaugurado. A cerimônia reuniu os novos dirigentes, que fizeram a promessa escoteira e receberam a insígnia e o lenço que re-presentam o grupo.

Os encontros acontecem todo sá-bado, das 15h às 17h, na Escola de Engenharia, na Praça Universitária. O grupo criado na Universidade já

possui uma alcateia – denominação dada às crianças dos 6,5 aos 10 anos de idade, chamados de lobinhos – e uma tropa escoteira, com integrantes dos 11 aos 14 anos. Eles desenvol-vem uma série de atividades moni-toradas, como jogos que estimulam competências específicas, espírito de equipe e coordenação motora.

A enfermeira do HC, Regina Sélia Jorge, foi quem idealizou o projeto. Com 22 anos de trabalho presta-dos à UFG e com a proximidade da aposentadoria, ela conta que queria ficar ligada de alguma forma à Uni-versidade. “O objetivo era propor uma atividade voltada para os filhos dos funcionários da UFG e de toda a comunidade.

A “sementinha” do projeto, como diz Regina, foi plantada há cerca de um ano. Depois que a ação foi cadas-trada como projeto de extensão da UFG, os integrantes passaram por uma capacitação com o Grupo Esco-teiro Goyaz. Mesmo aqueles que não tinham um histórico de ligação com o movimento receberam as orienta-ções necessárias para trabalhar com os mais novos e monitorar as ativi-

dades, o que permitiu a formaliza-ção do Ipê Amarelo este ano.

Além dos encontros semanais, o gru-po promove atividades extras. No último mês de março foi realizado um acampamento em uma chácara próxima a Goiânia. Durante quatro dias, os integrantes participaram de uma programação diversificada que envolvia atividades físicas, jogos lú-dicos e trabalhos manuais. Há cinco meses participando das atividades, Arthur de Castro, 7, elegeu os acam-pamentos como atividade favorita. Gabriel Vilaverde, 9, também afir-ma estar gostando dos encontros. “Aprendemos muitas coisas, como preservar a natureza e não jogar lixo na rua”, diz.

Escotismo e educação

O escotismo é dividido em quatro ra-mos: lobinhos (de 6,5 a 10 anos), es-coteiros (de 11 a 14 anos), seniores (de 15 a 17 anos) e pioneiros (de 18 a 21 anos). Em cada um deles são de-senvolvidas ações direcionadas à faixa etária, sempre de caráter educativo. “Todas essas etapas possuem ativida-des voltadas para o caráter, o respeito e a cidadania. São trabalhos diferen-ciados, mas que no fundo levam à me-lhoria do ser humano”, ressalta Maria José Almeida, presidente do Grupo de Escoteiros Ipê Amarelo e professora do Centro de Ensino e Pesquisa Apli-cada à Educação (Cepae).

Maria José considera que as ativi-dades escoteiras complementam a educação formal, principalmente por transmitir valores éticos e morais, como respeito ao próximo e ao meio ambiente. “O grupo nasce com uma vontade enorme de crescer, de fa-zer um bom trabalho e de contribuir para termos crianças com valores hu-manos mais apurados”, conclui.

No dia em que o Ipê Amarelo foi ofi-cialmente inaugurado, a pró-reitora de Extensão e Cultura da UFG, Gi-

Interessados em participar do Grupo de Escoteiros Ipê Amarelo podem enviar a solicitação para o e-mail <[email protected]>. Para a inscrição é cobrada uma taxa mensal de R$ 20,00 para cobrir despesas com material e uma taxa anual em torno de R$ 100,00 para se associar à União dos Escoteiros do Brasil, que dá direito à carteirinha de escoteiro e a um seguro pessoal.

selle Ottoni, destacou a importância de projetos como esse para reforçar o papel da instituição na dissemina-ção do conhecimento e na troca de aprendizado. “A Universidade não é limitada aos cursos de graduação, ela se estende à comunidade. Que esse grupo contribua com a cidadania e o bem-estar da sociedade, que também são os objetivos da UFG”.

Atividades estimulam valores

O escotismo foi fundado em 1907 pelo inglês Robert Stephenson Smyth Ba-den-Powell, tenente-general do exér-cito britânico. O movimento é mundial e busca proporcionar o desenvolvi-mento de crianças e jovens por meio de atividades que estimulem o traba-lho em equipe e valorizem uma série de valores morais, como fraternidade, lealdade, altruísmo, responsabilidade, respeito e disciplina. A participação é voluntária e o movimento é apartidá-rio e sem fins lucrativos.

O enfermeiro do Hospital das Clíni-cas da UFG, Carlos Almeida, é chefe da alcateia do Grupo de Escoteiros Ipê Amarelo e considera que o su-cesso do escotismo está no trabalho voltado para o desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes. “É uma série de regras muito bem estruturadas, que vêm sendo desen-volvidas há muito tempo, mas que continuam atuais”.

Ele cita, por exemplo, as atividades voltadas para as crianças. O programa educativo é inspirado na obra O Livro da Selva, de Rudyard Kipling. Os lobi-nhos e lobinhas recebem os primeiros ensinamentos para a vida no campo, vida em equipe e desenvolvimento da liderança. São desenvolvidas ativida-des de primeiros socorros, economia, trabalhos manuais, vivência no campo e jogos. “Existem tarefas que são de-senvolvidas para que a criança solu-cione não por ser mais forte, mas por pensar na melhor estratégia”, exem-plifica o chefe da alcateia.

Novos dirigente do Grupo Ipê Amarelo fazem promessa escoteira e recebem lenço e insígnia

Fotos: Victor Martins