Jornalismo de revista Análise revista época

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CENTRO UNIVERSITRIO DE BELO HORIZONTE UNI-BH POLIANA NUNES ROLLO

JORNALISMO DE REVISTA:Anlise dos critrios de noticiabilidade das capas da revista poca

Belo Horizonte 2008

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POLIANA NUNES ROLLO

JORNALISMO DE REVISTA:Anlise dos critrios de noticiabilidade das capas da revista poca

Monografia apresentada ao Centro Universitrio de Belo Horizonte como requisito parcial obteno do ttulo de bacharel em Comunicao Social Habilitao em Jornalismo. Orientadora: Adlia Barroso Fernandes

Belo Horizonte 2008

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POLIANA NUNES ROLLO

JORNALISMO DE REVISTA:Anlise dos critrios de noticiabilidade das capas da revista pocaMonografia apresentada ao Centro Universitrio de Belo Horizonte como requisito parcial obteno do ttulo de bacharel em Comunicao Social Habilitao em Jornalismo.

Monografia aprovada em:

de

de

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Banca examinadora: _______________________________________________ Prof. Ms. Adlia Barroso Fernandes __________________________________________________ Prof. Joo Joaquim de Oliveira

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Agradeo a minha me, que sempre esteve ao meu lado, me apoiando e se preocupando comigo em todos os momentos. A professora Adlia pela orientao, pacincia e auxlio. Ainda, aos amigos que direta ou indiretamente contriburam, de alguma maneira, para a construo desta

monografia.

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Dedico a Deus, o inspirador dos meus sonhos.

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RESUMO

Esta uma pesquisa sobre o jornalismo de revista, cuja finalidade analisar os principais critrios de noticiabilidade contidos nas capas da revista poca. Para isso, discutiremos sobre a mdia e sua visibilidade. Entenderemos um pouco de como o jornalismo de revista e conheceremos os principais valores/notcia, necessrios para que um acontecimento vire notcia.

Palavras-chave: Jornalismo, critrios de noticiabilidade, revista e revista poca.

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LISTA DE ILUSTRAES

Figura 1 - Capa da revista poca, edio 492, de 22 de outubro de 2007 ...............................27 Figura 2 - Logomarca da editora Globo ...................................................................................27 Figura 3 - Parte do logotipo da revista poca, contendo o endereo do site............................28 Figura 4 - Parte do logotipo da revista poca, contendo o preo da revista ............................28 Figura 5 - Logotipo da revista poca .......................................................................................29 Figura 6 - Cdigo de barra da revista poca, edio 487, de 17 de setembro de 2007............29 Figura 7 - Cdigo de barra da revista poca, edio 495, de 12 de novembro de 2007 ..........29 Figura 8 - Chamada superior da revista poca, edio 489 de 01 de novembro de 2007........30 Figura 9 - Chamada superior da revista poca, edio 495 de 12 de novembro de 2007........30 Figura 10 - Capa da revista poca, edio 485, de 12 de setembro de 2007 ...........................32 Figura 11 - Capa da revista poca, edio 493, de 29 de outubro de 2007 .............................36 Figura 12 - Capa da revista poca, edio 487, de 17 de setembro de 2007 ...........................40 Figura 13 - Capa da revista poca, edio 489, de 01 de outubro de 2007 .............................43 Figura 14 - Capa da revista poca, edio 491, de 11 de outubro de 2007 .............................46 Figura 15 - Capa da revista poca, edio 497, de 12 de dezembro de 2007 ..........................50 Figura 16 - Capa da revista poca, edio 495, de 12 de novembro de 2007..........................53 Figura 17 - Capa da revista poca, edio 499, de 10 de dezembro de 2007 ..........................56

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SUMRIO

1 INTRODUO.......................................................................................................................8 2 MDIA E VISIBILIDADE ....................................................................................................11 2.1 Espao pblico e Jornalismo ..............................................................................................11 3 REVISTAS E NOTICIABILIDADE ....................................................................................16 3.1 Jornalismo de revista ..........................................................................................................16 3.2 Critrios de noticiabi1idade................................................................................................19 4 REVISTA POCA ................................................................................................................23 4.1 A revista poca...................................................................................................................23 4.2 Estado: fora do judicirio e poltica internacional ............................................................32 4.3 Escndalos, vazamentos e polmicas envolvendo homens pblicos..................................40 4.4 Descobertas cientficas e sade ..........................................................................................53 5 CONCLUSO.......................................................................................................................60 REFERNCIAS .......................................................................................................................64

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1 INTRODUO

Desde o nascimento do jornalismo impresso, ainda no sculo XVI, quando surgiram as primeiras apresentaes de notcias coerentes e com paginao regular, a construo das notcias sempre foi um processo instigante, em que um grupo decide o que vai ser ou no publicado. Essa escolha do que notcia passa a ser estudada sistematicamente no sculo XX, com as teorias baseadas no Newsmaking, que busca analisar o processo produtivo da notcia, s rotinas e a cultura profissional dos jornalistas. Os pesquisadores buscam entender a regularidade nas escolhas dos assuntos e dos enfoques apresentados nos jornais e revistas. Essa escolha, feita pelo grupo de jornalistas, atende aos critrios de noticiabilidade. Esses critrios seguem a relevncia do acontecimento, a proximidade do fato, o interesse humano, a importncia cientfica, at mesmo a curiosidade das pessoas. Podemos dizer ainda que os critrios oscilam, uma vez que eles mudam com o tempo. Amanh pode surgir uma novidade de interesse pblico, que antes no existia, e assim os jornais e revistas vo moldando suas capas, valorizando os acontecimentos do momento, que interessem os indivduos. A escolha do tema dessa monografia, critrios de noticiabilidade numa revista semanal de informao, veio de uma curiosidade enquanto leitora / pesquisadora, buscando entender se h ou no uma sistemtica na forma como a revista poca escolhe e apresenta suas capas. A revista poca nos interessa, por ser uma das mais recentes no mercado de revistas de informao, representando uma mudana nos padres de capa, mais prxima dos modelos europeus. Assim, esta monografia pretende analisar os principais critrios de noticiabilidade atuais que norteiam as atividades jornalsticas. Para isso, precisamos entender o lugar do jornalismo na contemporaneidade, seu papel de palco de visibilidade na sociedade de massa, bem como o poder do jornalismo em influenciar a opinio pblica. Ainda, tentar compreender como a cultura de massa, conhecer mais dos produtos culturais, dos os efeitos que as notcias exercem nas pessoas. necessrio entendermos como o trabalho do jornalista na construo das notcias, como os veculos utilizam estratgias para conquistar leitores e as principais diferenas dos textos de revistas.

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Queremos conhecer mais da revista poca, do seu surgimento, de suas editorias e profissionais, enfim, conhecer mais do seu contedo e finalmente, como aplicao desses objetivos, iremos entender os critrios de noticiabilidade contidos nas capas da revista poca. Como metodologia desta monografia, podemos citar as pesquisas bibliogrficas sobre os temas que direta ou indiretamente esto presentes neste trabalho, como comunicao, mdia, meios de comunicao de massa, jornalismo e jornalismo de revista, profissionais jornalistas, indstria cultural, espao pblico, ainda os valores/notcia que so necessrios para que um acontecimento se transforme e ganhe status de notcia. Depois, a pesquisa nas capas das revistas, e escolha das oito revistas a serem analisadas. Para a construo do captulo dois, usamos como referncia os autores Edgar Morin (1997) e de Patrick Charaudeau (2006). Trataremos da questo da Indstria Cultural e da burocratizao que existe nos meios de comunicao. Tambm falaremos dos meios de comunicao de massa, uma vez que o pblico se torna universal. Abordaremos ainda as diversas formas em que a cultura de massa alcana as pessoas, exemplo disso so as formas de laser e de espetculo. No captulo trs abrangeremos mais os aspectos do jornalismo de revista, para isso utilizamos os auxlios dos autores Srgio Vilas Boas (1996) e de Marlia Scalzo (2004). Mostraremos os estilos dos magazines, ainda exporemos a maneira como os jornalistas devem atuar para escrever textos de revistas. Alm disso, demonstraremos um pouco como funciona este veculo. Ser exposto o diferencial das revistas semanais em comparao ao jornal impresso e os aspectos especficos das revistas semanais, chamando a ateno do leitor para outras possibilidades de escrita em jornalismo impresso. Indicaremos ainda, no decorrer do captulo trs, as diversas funes das revistas, suas diversificaes e especializaes, alm de demonstrar que o veculo auxilia, inclusive, na educao das pessoas. Alm disso, trataremos dos princpios do jornalismo, da responsabilidade social, ainda da credibilidade, tanto por parte dos profissionais jornalistas, como das fontes escolhidas. Para terminar o captulo trs utilizamos o auxilio terico dos autores Nelson Traquina (1993), Adriano Duarte Rodrigues (1993) e de Mauro Wolf (1999). Ser mostrado como distinguir os acontecimentos do cotidiano daqueles que podem ser transformados em notcias. Para isso trataremos da concorrncia no campo jornalstico, dos critrios de noticiabilidade e ou valores/notcia.

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No captulo quatro, faremos uma apresentao da revista poca, desde a escolha do nome e do seu pblico alvo. Analisaremos as oito capas e seus modelos de apresentao dos temas, enfim, seus critrios de noticiabilidade.

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2 MDIA E VISIBILIDADE

Neste primeiro captulo trataremos sobre a mdia, de como os meios de comunicao de massa so referncia para os indivduos, ou seja, milhes de pessoas tm acesso aos mesmos contedos. O pblico se torna cada vez mais universal, com isso, os meios de comunicao de massa tornam-se versteis. A mdia e o jornalismo se tornaram o espao pblico de maior visibilidade na sociedade atual. Falaremos tambm dos acontecimentos e a maneira com que as informaes chegam at as pessoas. Ainda sero expostos assuntos relacionados opinio pblica, cultura de massa, cultura do lazer e a padronizao que os veculos vm criando.

2.1 Espao pblico e Jornalismo

A mdia, especialmente o jornalismo, exerce um papel importante na sociedade contempornea para manter as pessoas informadas, deixando-as por dentro de acontecimentos relevantes do mundo. Os meios de comunicao so responsveis pelas informaes que circulam no cotidiano, j que praticamente impossvel saber do que se passa em todos os campos sociais sem a mediao dos meios tecnolgicos. Com a existncia dos meios de comunicao passa a existir o espao pblico meditico, que onde as pessoas aparecem para exporem suas opinies, debaterem sobre diversos assuntos e questionarem novas propostas. Assim, com os diferentes pontos de vista, surge opinio pblica. O pblico recebe as informaes e interpreta os contedos oferecidos pela mdia, cada um de uma maneira. Em sua obra, Discurso das mdias, Patrick Charaudeau (2006) afirma que necessrio que as pessoas participem mais com sugestes e opinies e assim a palavra se torne pblica atravs das mdias. Ainda, pode-se dizer que a mdia tem o poder de fazer com que a vida ntima de uma pessoa possa se tornar pblica. Este o paralelo entre o pblico e o privado, que expe a vida ntima dos indivduos. Patrick Charaudeau (2006) refora que a informao miditica visa atingir o maior nmero de pessoas, com mensagens que paream ter credibilidade. Sendo assim, com a visibilidade que a mdia proporciona, os grupos especficos como os polticos, trabalham seus

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discursos de maneira que a linguagem seja compreendida por todos e assim alcance o espao pblico. Isso ocorre porque a mdia alm de tratar de assuntos contemporneos, oferece um enorme alcance dos acontecimentos. Como j dissemos, a visibilidade a principal caracterstica da mdia nos dias de hoje, e, dentre os alvos que a ela busca representar, est o campo poltico. Perante ele, a mdia se ope e por estar em contato direto com a sociedade, ela exerce o papel de denunciar. No campo econmico ela dramatiza, j no campo da cidadania, ela credvel, uma vez que constri a opinio pblica. Charaudeau (2006) afirma que quanto mais a mdia procura demonstrar credibilidade, menos atinge o grande pblico e quanto mais procura dramatizar, menos credvel fica, vivendo sempre esse paradoxo. A mdia impe seus prottipos e, atravs da indstria cultural, existe uma padronizao dos produtos culturais, com moldes espaos-temporais, ou seja, existe uma prdeterminao para os contedos a serem expostos na mdia. Exemplo disso so: o tempo de um filme, o contedo de uma revista, que j tem espaos pr-determinados para publicao das matrias, o mesmo para o jornal impresso, ou para o rdio e a televiso que possuem tempos determinados para transmisso dos contedos programados. Mesmo com essa padronizao de espaos, importante salientar que, tanto nas revistas, quanto nos demais veculos de comunicao, deve haver, alm de acontecimentos da atualidade, de maior interesse pblico, tambm produtos com contedos culturais, que o corao da indstria cultural exposto nas mdias. Isso quer dizer que as pessoas devem buscar mais informaes sobre temas que edificam a cultura. Morin (1997) observa que o consumo da cultura de massa se registra em grande parte no lazer moderno. O tempo de trabalho enquadrado em horrios fixos, permanentes, independentes das estaes. Retraiu-se sob o impulso do movimento sindical, segundo a lgica de uma economia, que encontra obrigada a lhes fornecer um tempo de consumo. Ento o lazer um tempo ganho sobre o trabalho, mas um tempo que se diferencia do tempo das festas, caracterstico do antigo modo de vida. Dessa maneira, podemos perceber, conforme Edgar Morin (1997) afirma, que cada um tende no mais a sobreviver na luta contra a necessidade, a consumir sua vida na exaltao, mas a consumir sua prpria existncia. Ento, a cultura de massa pode assim ser considerada como uma gigantesca tica do lazer. Esta no faz outra coisa seno mobilizar o lazer e isso ocorre atravs dos espetculos, das competies da televiso, rdio, jornais e revistas. Pode-se dizer que, os leitores de jornais e revistas tambm so considerados espectadores, sendo assim, no uma exclusividade da televiso e do rdio. Esses veculos de

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comunicao, que tambm operam para a grande massa, possuem um lado no muito bom, que o fato de exporem contedos no muito edificantes cultura, como fofocas e mexericos, confidncias e revelaes sobre vidas de celebridades. Assim as pessoas participam dos espetculos modernos das vidas privadas, por intermdio dos jornalistas ou locutores. Isso ocorre devido alta audincia que estes tipos de produtos proporcionam para os veculos de comunicao. No entanto, bons contedos de laser tambm podem ser encontrados nos veculos de comunicao de massa. Dessa forma, os leitores podem consumir, tambm, bons produtos, aqueles que so educativos e que acrescentam no conhecimento. Portanto, ler produtos culturais ao mesmo tempo uma forma de laser, de distrao e terapia. Assim, atravs tanto dos bons, quanto dos maus contedos nos meios de comunicao, podemos perceber que existem interaes entre os sujeitos, sejam eles de uma mesma cidade, pas, sejam de lugares diferentes ou distantes. A captao de notcias torna-se possvel graas aos aparatos tecnolgicos. Dessa forma tomamos conhecimento de assuntos locais, nacionais e internacionais da rea poltica, religiosa, econmica etc. A mdia ainda a grande responsvel pela ampliao da visibilidade dos temas e acontecimentos que so expostos, com isso origina aumentos na circulao de notcias. Ela ocupa um lugar de prestgio na sociedade contempornea, uma vez que as pessoas precisam dela para se situar do que acontece ao seu redor. Logo, os indivduos, atravs da mdia, mantm-se atualizados sobre assuntos corriqueiros e tambm dos inditos. As pessoas comunicam-se e, cada vez mais, organizam seus pontos de vista, com isso muitas vezes formam suas opinies e fazem suas escolhas com base no que lhe informado, atravs dos meios de comunicao. Com esse papel que a mdia exerce, passa a existir uma tendncia de universalizao da cultura de massa, e esse aspecto considerado como um grande campo de comunicao entre as classes sociais, ou seja, classes diferentes tm acesso ao mesmo contedo. Morin (1997) diz que dessa forma, a nova cultura se prolonga no sentido de uma homogeneizao dos costumes. Assim, podemos perceber que a produo cultural cria o pblico de massa, o pblico universal. Ento, no universo grande de produtos mediticos, o jornalismo que atende s caractersticas de relao prxima com a realidade dos acontecimentos. Sendo assim, mesmo tendo uma lgica prpria de captao dos leitores, ouvintes ou telespectadores, o jornalismo deve manter uma referncia direta com os fatos ocorridos no mundo.

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Para que isso ocorra, os veculos de comunicao jornalsticos impem seus padres aos jornalistas. Nos dias atuais, esses veculos so considerados organizaes que desejam agir sobre a grande massa. Selecionam os contedos de acordo com o desejo do pblico e assim trabalha para agrad-lo, de maneira com que conquiste cada vez mais audincia e conseqentemente ganhe mais em publicidades. Os veculos jornalsticos precisam do pblico que, com o passar dos anos, se tornou mais exigente. E por causa dessa exigncia, os veculos jornalsticos se ramificaram, passaram a veicular notcias mais especializadas, de acordo com as categorias e anseios dos receptores. Embora haja essa segmentao, o jornalismo pe emoo nos fatos apresentados que so apresentados ao pblico. Trabalha ainda com leves encenaes em seus discursos informativos e ainda utiliza apelos dramticos ou ldicos, seguindo a linha de expectativa do seu pblico. Outra estratgia do jornalismo trabalhar com a persuaso e com a seduo. Ento, os veculos jornalsticos, alm de informar s pessoas sobre os principais acontecimentos passados e atuais das sociedades, devem estar atentos concorrncia, que muito grande. Para sobreviver concorrncia, o veculo de comunicao deve captar o maior nmero possvel de pblico, e uma maneira de conquist-lo transmitir confiana em seus produtos, conduzindo as notcias de forma fidedigna e credvel. Para que isso ocorra, importante que o reprter d explicaes e maiores esclarecimentos das informaes, principalmente onde o fato se originou e dos envolvidos nele. Mas, muitos jornalistas, a fim de obterem informaes, escolhem fontes que vo dizer o que eles querem ouvir. Agindo dessa maneira, o jornalista molda a matria a seu modo. Sendo assim, os profissionais jornalistas esto isentos de se manterem imparciais, uma vez que existe o juzo de valor. Isso ocorre tanto na escolha da fonte, na seleo do material, ou de certos termos, no foco que a matria ter, dentre outros. Contudo, Rodrigues (1993) afirma que as pessoas confiam no veculo de informao e nos jornalistas, no que ali esta sendo narrado, nas fotografias, o que lhes do credibilidade. Com isso, as pessoas tm o jornalismo como um meio vital de fonte, tambm de afeio. Sodr (2006) levanta a questo sobre a influncia que as pessoas sofrem. Se aceitarmos como vital a experincia da realidade criada pelos dispositivos tcnicos e mercadolgicos da comunicao, segue-se que os seus efeitos de convencimento tm uma especificidade, no necessariamente afinada com a razoabilidade tradicional (SODR, 2006, p. 43).

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J no domnio lingstico, podemos dizer que existem elementos, para que os discursos paream verdadeiros, por exemplo, descrever os fatos ou a inteno, comprovar as explicaes. Verdadeiro, no discurso, aquilo que passvel de verificaes, o que afirma Charaudeau (2006). Alm disso, Charaudeau (2006) observa que quando so encontrados fatos ocultos, como segredos ou at mesmo a mentira, vem ento necessidade de descobrir o que est realmente oculto. Quando o prprio sujeito conta o segredo, significa uma confisso, mas se outra pessoa revela o segredo, houve ento uma denncia. Ento, para que o jornalista prove que o que est sendo informando de fato verdadeiro, ele deve fundamentar os acontecimentos, isso depender de como o fato ser exposto. Ele pode utilizar-se de depoimentos dos envolvidos, de esclarecimentos de especialistas no assunto, pode investigar os fatos, dentre outros. No caso das revistas, a melhor maneira ilustrar a verdade atravs de fotos dos acontecimentos ou das pessoas envolvidas. Para os demais veculos jornalsticos, podem-se utilizar sons, barulhos, rudos, e assim dar autenticidade aos fatos.

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3 REVISTAS E NOTICIABILIDADE

Neste captulo, trataremos do jornalismo de revista. Sero expostas as formas de abordagens de temas e ainda o que as revistas tm a oferecer para o leitor. Mostraremos como se d a construo de um texto jornalstico voltado para a revista, por exemplo, ser mais chamativos, elegantes e interpretativos. Sero evidenciados, ainda, como os veculos jornalsticos devem transformar as informaes coletadas em matrias e assim as notcias serem veiculadas. Falaremos das rotinas produtivas dos jornais, tentando entender como so produzidas as notcias, quais os critrios de escolha e noticiabilidade dos fatos e os valores/notcia que um acontecimento deve ter para ganhar espaos nas pginas dos jornais ou revistas.

3.1 Jornalismo de revista

As revistas de informaes possuem suas especificidades com relao aos demais veculos de comunicao social. Por exemplo, as revistas semanais, que abordam temas diversos e fornecem para os leitores informaes mais completas e tambm reportagens interpretativas, o que os outros veculos, tal como os jornais dirios, devido ao tempo, no fazem com freqncia. Entretanto, os contedos dos jornais dirios se aproximam das revistas aos domingos, quando so publicados mais volumes de reportagens. Os temas tratados pelas revistas de informaes so diversos, um deles o entretenimento. Conforme Marlia Scalzo (2004), as revistas representam o papel de auxlio educao, uma vez que aprofundam nos assuntos. So consideradas tambm, como fonte de informao e uma maneira de distrao, sendo assim, elas so, por muitas pessoas, utilizadas como material de coleo. E, para que as revistas cheguem s mos dos leitores, existe todo um processo para construo das matrias. Podemos citar as pesquisas de campo. Os veculos jornalsticos utilizam-se bastante desse tipo de pesquisa, que indicam possveis correes que podem ser feitas no trabalho e identificam os gostos do pblico. ainda, uma maneira de analisar, se alguma matria especfica, possui futuro ou no.

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Alm desses cuidados, importante citar que, uma boa apurao deve ser feita pelos jornalistas. Quanto mais informaes reunidas, mais chances da matria ou reportagem sarem completas. Essa uma maneira de entender melhor do assunto e uma garantia, quanto a uma maior compreenso do que estar sendo escrito. Alm de conhecer do assunto em que ir escrever, importante para os jornalistas buscarem matrias inusitadas. Assim, eles podem apresentar ao leitor, temas com exclusividades, ou seja, assuntos que outro veculo ainda no trouxe. Tambm, para a apresentao de boas matrias, fundamental que o jornalista seja observador, isso porque ele considerado participante ativo na construo da realidade. As notcias surgem dos acontecimentos ocorridos no mundo e cabe ao jornalista transmiti-las. Ento, podemos dizer que o jornalista media a notcia, para que ela possa ser levada at ao pblico. Pblico esse que possui gostos diferentes. Como j dissemos, nos dias de hoje o jornalismo bastante segmentado, conseqentemente, muitas empresas possuem suas prprias revistas, para comunicarem diretamente com seus clientes e funcionrios, com isso reforam suas imagens junto ao mercado. Essa segmentao empresarial afeta os negcios de muitos veculos, que se antes tinham a publicidade de determinadas empresas, passam a no ter mais. Alm das segmentaes empresarias, existem tambm as revistas que atendem os gostos e anseios de acordo com seu tipo de pblico. Esta definio quanto ao pblico alvo fundamental, as revistas aderem a essa especializao para garantirem sua sobrevivncia. Elas so especializadas em diversas reas, como para noivas, mes, mes de bebes, futebol, automveis, imveis, informtica, dentre outros. Sendo assim, as revistas trabalham com diversos tipos de assuntos, e, dentre as matrias publicadas, existem as que so consideradas reportagens. Estas se referem s abordagens mais completas que demonstram os fatos com diferentes e variadas angulaes. Um tipo de reportagem so as narrativas. Vilas Boas (1996) observa que nelas o assunto no termina depois de narrado os fatos, e que dentro do limite, o jornalista deve deixar fluir seu lado sensvel, sentimental e no temer em utilizar recursos da literatura. Neste tipo de texto so aceitveis os usos de neologismos, coloquialismos e grias. J, com relao aos textos publicados em revistas, eles so sedutores, exploram novos ngulos, buscam notcias exclusivas, ajustando o foco no seu leitor. de acordo com as caractersticas dos leitores que se d o tipo de linguagem e contedo das revistas. Sendo assim, para a construo dos textos, existe uma conciliao entre as tcnicas jornalsticas e literrias. Vilas Boas (1996) acrescenta que as revistas publicam as principais notcias em

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destaques nos noticirios, acrescido de pesquisas, documentaes e riquezas textuais, o que quebra as rotinas cotidianas dos demais veculos. Com isso, a construo de textos para revistas possui maior liberdade em relao a estilo, uma vez que elas possuem maior disponibilidade de tempo para informar, analisar e interpretar o fato do que os demais meios de comunicao. Vilas Boas (1996) cita em sua obra os autores Sodr & Ferrari, que abordam dois tipos de reportagem, a de ao e a documental. A primeira inicia o texto com o aspecto mais fascinante, envolvendo a pessoa durante toda a leitura. J na reportagem documental, o texto mais objetivo, fundamentado em pesquisas. O autor d dicas de como retardar um texto, que , por exemplo, utilizar personagens e seus anseios, lembranas, percepes, dentre outros. Tambm, podem ser empregados dilogos, com pargrafos descritivos ou argumentativos. Srgio Vilas Boas (1996) continua a dar dicas de como escrever textos para revistas, como: comear a elaborar uma matria pelo final, comparar seu texto com outros, verificar semelhanas, confrontar idias, ilustrar, dar exemplos e utilizar de testemunhas. Com isso, criam-se facilidades de entendimento para o leitor. Ainda, para os textos de revistas, podem-se utilizar metforas, porm bom economiz-las. Podem tambm, empregar grias e at mesmo palavras que expressem outros sentidos, mas para isso elas devem estar inseridas no contexto, caso contrrio podem afetar a limpidez do texto. permitido tambm, conforme Boas (1996), utilizar em textos de revistas os verbos dicendi, que so verbos no comuns, ele serve de apoio na construo dos textos. Um exemplo de verbo dicendi o alfinetar. Mesmo que os textos de revistas possuam maior liberdade em seu formato, os jornalistas devem escrev-los de maneira com que eles fiquem compreensveis, no escrevendo para si mesmo, pois nem sempre o pblico quer ler o que os jornalistas querem. Contudo, Scalzo (2004) alerta que os jornalistas devem ficar atentos construo das matrias e reportagens, fornecendo para os leitores, uma linguagem acessvel, que atenda tanto aos leigos no assunto, quanto aos leitores especialistas nos assuntos tratados. Outros cuidados essenciais tambm deve haver com os textos de revista, e um deles o tom. Este um dos fatores que difere a revista de um jornal impresso, pois os jornais focam a objetividade, j as revistas podem optar por tons de humor, tragdia, dentre outros. Salientamos que, no s a construo dos textos importante, existe tambm a preocupao com as capas das revistas, estas que so consideradas como marcas registradas de cada publicao. Scalzo (2004) diz que a capa composta pelo logotipo do veculo, que

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quando conhecido transpassa imagem de credibilidade. J as chamadas principais devem ser claras, sem dificuldades de entendimento para o leitor, sem atrapalhar a virtude da capa. Para as capas, mais comum aparecerem notcias quentes, exclusivas e convidativas. Elas so fundamentais para atrair a ateno do pblico, portanto, devem ser atrativas, assim elas ganham uma ateno especial, incluindo um bom design. Tambm, algo que impressiona o pblico so as fotografias, elas convidam o leitor a participar do contedo da revista, portanto, a escolha deve ser feita com ateno. Com as tecnologias digitais, as c tampas das revistas tambm sofrem modificaes, principalmente com relao ao visual, pois para disputar com os concorrentes s revistas abusam da criatividade, como as melhorias na diagramao visual, boas escolhas de fotografias, alm de excelentes textos, que conquistem e fidelizem os leitores.

3.2 Critrios de noticiabi1idade

Os veculos de informao tm como finalidade relatar os acontecimentos mais significativos, e como existe uma gama de acontecimentos diariamente, cabe aos jornalistas e s redaes, selecionar e distribuir as notcias por ordem de importncia. Existem critrios de importncia para seleo dos acontecimentos, que ganham destaque, so os critrios de noticiabilidade. Ento, para que ocorra a escolha do material que ser publicado, os jornalistas funcionam como selecionadores. Eles recolhem fatos notveis e, sobretudo excepcionais. Conseqentemente, os rgos noticiosos devem se organizar internamente, para que a atividade de seleo, edio e apresentao ocorra no tempo e no espao determinados. Com esse processo, os rgos noticiosos, fazem com que os materiais ficam padronizados. Sendo assim, os jornalistas definem, hierarquicamente, quais so os fatos mais importantes, que devem ser selecionados, e elaboram mtodos de relatar os acontecimentos. Nas redaes existem os gatekeepers, que so considerados selecionadores de notcias. Eles utilizam um conjunto de valores profissionais e organizativos indicados pela cultura profissional, como chefes, a instituio, os colegas, os concorrentes. Dessa forma, a realidade das pessoas passa a ser construda conforme seleo de fatos feitos pelo jornalista, uma vez que o profissional d nfase em determinados acontecimentos, de acordo com a forma literria e narrativa que empregada.

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Ainda, podemos citar a existncia do estudo do agenda setting. Segundo esse estudo, as pessoas tendem a selecionar o que a mdia inclui e excluir das agendas. Os indivduos constroem suas agendas atravs dos assuntos que os veculos jornalsticos oferecem. Por as pessoas fazerem do jornalismo o espelho da realidade, importante que os jornalistas atentem, para que no haja distores nas construes das matrias, sendo que ao redigi-las, o profissional deixa fluir sua subjetividade, ou at mesmo ao escolher o rumo do contedo, como na escolha do ttulo, de uma foto etc. Os jornalistas devem atentar-se, tambm, para no invadir privacidades e no tornar as matrias sensacionalistas. Ainda, Wolf (1999) afirma que importante que o jornalista oferea ao pblico, assuntos interessantes, tomando cuidado para que as imagens no desviem a ateno do texto, das informaes que devem ser transmitidas, portanto deve haver o equilbrio. Com todos esses cuidados e recomendaes aos profissionais do jornalismo, tambm entra em questo a noticiabilidade dos acontecimentos. So os rgos informativos que iro controlar o volume e tipos de acontecimentos que podero ser divulgados. Para que isso ocorra, os jornalistas possuem algumas facilidades, para a escolha do que ser ou no publicado. Wolf (1999) afirma que um deles so os valores/notcia, estes que so um dos componentes da noticiabilidade, que conjunto de informaes atravs dos quais os veculos informativos possuem controle, administrando as quantidades e tipos de acontecimentos. de suma importncia o jornalista estar atento quanto escolha do material e aos valores/notcias. Portanto, como os acontecimentos so transformados em notcias, e isso significa que eles foram filtrados e definidos por critrios que determinaram a relevncia dos valores/notcia, significa tambm que, as redaes fazem suas escolhas e destacam para os editores o que deve ter prioridade. Gans, apud Wolf (1999), expe idias quanto aos valores/notcia. Ele afirma que quando uma notcia vai substituir outra, os critrios devem ser relacionados e a razo da substituio de uma pela outra, deve ser aceitvel. Os valores/notcia mudam de acordo com o tempo, conforme os perodos histricos, sendo assim, eles no continuam os mesmos. O que antes era considerado notcia, hoje pode no ser mais, e vice versa. Novas reas de interesse que podem obrigar os jornalistas a criar novas editorias, por exemplo, a editoria de informtica, sade etc. Ento, os valores/notcia do caractersticas aos fatos com relao ao seu contedo, ou seja, quanto importncia e o interesse que a notcia tem. Um valor/notcia ligado ao contedo a possibilidade de evoluo futura que o acontecimento ter. Gans, citado por

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Wolf (1999) afirma que, quando um acontecimento gera grande repercusso, e este fato traz ainda muitas outras matrias, significa que possui uma grande relevncia, os episdios so prolongados, principalmente quando a matria de interesse pblico, gerando opinies e interpretaes desse pblico. Essas notcias de interesse pblico so geralmente as que atraem a curiosidade e a ateno das pessoas, como episdios extraordinrios. Outra caracterstica do contedo, que deve ser considerado, o nvel hierrquico de quem estiver envolvido no acontecimento. Quanto mais rica ou importante a pessoa for, mais provvel de se tornar notcia. Tambm, deve-se atentar quanto ao impacto que a notcia ter sobre a nao, quanto maior o interesse nacional, mais chance de ser publicada. Tambm podemos destacar os acontecimentos que envolvem pases elitizados, os Estados Unidos ganharo mais destaque na mdia em comparao ao mesmo acontecimento ocorrido na frica, por exemplo. Ainda, os acontecimentos que envolvem decises que afetam as vidas das pessoas, fatos inditos e chamativos so os que mais tendem a conquistar espao nas capas das revistas e dos jornais. A quantidade de pessoas envolvidas no acontecimento outro fator de grande importncia. Como exemplo, um acidente entre dois veculos, que mata uma pessoa e, um avio que cai e morrem duzentas pessoas. A queda do avio ganhar maior destaque. Alm disso, quanto mais prximo o pblico leitor estiver desse desastre, mais importncia ele ganha. Se o avio caiu no Japo encara-se o fato de um jeito, se no Brasil a repercusso ser muito maior na imprensa brasileira. Portanto, quanto mais prximo geograficamente, mais as pessoas se interessam pelo fato e assim mais chances de serem selecionados. Outro critrio muito importante quanto ao contedo a exclusividade da entrevista. Ainda, podemos alertar que importante que o acontecimento possua fontes credveis. Nelson Traquina (1993) afirma que protegido por lei o relacionamento entre o jornalista e sua fonte de informao. O jornalista tem o direito de no revelar a identidade de sua fonte, caso seja solicitado. Podemos citar um outro fator relevante para seleo de notcias, que so aqueles acontecimentos que possuem desvios, ou seja, que so anormais. Tambm, os que demonstram conseqncias negativas. Ainda, tem os espetaculosos, que quanto mais dramtico for, maior o valor/notcia, isso porque a negatividade mexe, impacta as pessoas. Fatos que envolvam celebridades tambm ganham frente a outros acontecimentos, que envolvam pessoas comuns, tambm feitos excepcionais e hericos, como pessoas que tm o nome no guinness book, ou pessoas comuns que salvam vidas.

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Quanto seleo de acontecimentos, para que haja a escolha do que ser notcia, no so s os valores/notcias que influenciam. Existem mais critrios, que so: relativos ao produto informativo, aos meios de comunicao, ao pblico, concorrncia e s rotinas produtivas. Detalharemos melhor abaixo. Os critrios relativos ao produto informativo, referem-se a alguns fatores, como a disponibilidade, se havero dificuldades para cobrir o fato, ou se ele poder ser facilmente coberto. Ainda, os acontecimentos que possuem histrias importantes e admirveis tero mais chances de ser notcia. Nelson Traquina (1993) afirma que quanto mais atual for o acontecimento, maior probabilidade ele ter em se tornar notcia, uma vez que as pessoas confiam que o jornalismo trata de acontecimentos atuais. Outro critrio relativo ao produto informativo a qualidade da notcia, deve haver um balanceamento com o conjunto. Galtung e Ruge, citados por Wolf (1999) falam de outro critrio de noticiabilidade, com relao ao meio de comunicao, que a freqncia de um acontecimento, ou seja, o meio possui sua constncia dos assuntos a serem tratados, com isso h maiores chances para que o veculo se unifique em informar notcias relacionadas ao meio. Gans, citado por Wolf (1999) expe os critrios relativos ao pblico, que se referem imagem que o jornalista tem do seu pblico. O jornalista no tem como obrigao agrad-lo, mas sim oferecer programas informativos, embora as notcias sejam focadas nos interesses das pessoas. Gans fala tambm dos critrios relativos concorrncia, que diz respeito competio entre os veculos de informao. Ento, sempre um veculo est querendo chegar frente do concorrente. Para exemplificar, se um fato ocorre em determinado local e l o veculo possui correspondente, sinal de que sair em vantagem sobre o que no tem um correspondente. Portanto, o que mais importa so os furos, as notcias exclusivas, sobretudo apresentar a notcia da melhor forma para o leitor. Por ltimo, as rotinas produtivas. Wolf (1999) observa que a noticiabilidade composta por diversos fatores que possuem os acontecimentos, assim, atravs das prticas de rotinas produtivas, tambm so escolhidos os episdios que tornaro notcias. No podemos esquecer das agncias de notcias. Elas so exemplos das prticas de rotinas produtivas. Atravs delas, os veculos de comunicao recebem diariamente, alertas dos acontecimentos que esto ocorrendo, com isso economizam financeiramente, evitando de enviar jornalistas a outros pases ou lugares distantes. As agncias indicam tambm possveis fontes que os veculos possam precisar.

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4 REVISTA POCA

Este captulo detalhar como a revista poca, o nosso objeto de pesquisa. Sero evidenciados as principais editorias da revista e tambm os principais profissionais que a compe. interessante para o leitor, conhecer mais sobre o que as capas das revistas desejam transmitir. Para construir este captulo, foram selecionadas oito capas da revista poca. Sero feitas anlises de cada uma delas, ento saberemos o que elas trazem, para que haja a captao do leitor.

4.1 A revista poca

poca uma revista semanal de informao, da editora Globo, que surgiu em 25 de maio de 1998 e ocupa o segundo lugar no ranking de circulao das revistas semanais de informao vendidas no Brasil. A revista poca, hoje, possui uma tiragem de 600 mil exemplares por semana, atingindo especialmente as classes A e B. A editora Globo faz parte das Organizaes Globo, que um conglomerado de empresas de comunicao, a maior do Brasil e uma das maiores do mundo. As Organizaes Globo possuem diversas emissoras de rdio, televiso, impressos e revistas. A revista poca surgiu, segundo seus editores, da necessidade de um novo conceito de revista, com um projeto grfico inovador, inspirado na revista alem Focus, com a qual mantm um contrato de direitos autorais e de colaborao para a utilizao de material fotogrfico e editorial, com exclusividade no Brasil. O nome da revista foi escolhido por uma equipe da editora, que depois confirmou a escolha numa pesquisa de opinio pblica, que apontou poca como o melhor entre todos. A revista possui tambm um site, onde hospeda a poca on-line. Ele foi criado com a revista em maio de 1998, com acesso parcial gratuito, uma vez que para ter direito a visualizar o contedo completo, a pessoa deve ser assinante de algum produto da editora Globo. Um dos princpios do website oferecer mais do que a revista impressa, assim o pblico da revista tem acesso a documentos, fotos, udios, interatividades, coberturas on-line, servios, links de compra, a edio da semana, a ntegra de algumas sees ou reportagens, notas e entrevistas. provedores on-line, jornais

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O nmero de pginas da revista poca no padro, uma vez que varia a cada edio, de acordo com o nmero de anunciantes. Nas oito edies analisadas o nmero de variou entre 114 e 186 pginas. J o formato da revista sempre de 20,2 cm x 26,6 cm. Os principais anunciantes da revista so: Casas Bahia e Bradesco, mas freqentemente aparecem publicidades do Unibanco, Ita, Caixa Econmica Federal, Banco do Brasil, Vivo, Sky, Fiat, dentre outros. A diviso da revista se d de acordo com as sees e abordagens de temas. As cinco primeiras e as duas ltimas sesses, conforme abaixo descritas, aparecem freqentemente nesta ordem nas edies; j as demais ocorrem de acordo com cada publicao, podendo uma vir uma antes da outra ou at mesmo nem aparecer na revista. Segue abaixo o detalhamento do contedo das sesses: Da Redao: refere-se a editoriais contendo opinies do veculo. Caixa Postal: so cartas que os leitores enviam redao com as respostas de poca. On-line: referem-se a assuntos em epoca.com.br, como enquetes da internet e blogs. Primeiro Plano, que traz: Personagem da Semana, tratando da vida de uma pessoa; Fala, Mundo, temas interessantes e momentneos de pases estrangeiros; Fala, Brasil, que aborda brevemente o que est acontecendo no Brasil; Bombou na Web, com os principais assuntos comentados na internet ou sites acessados pelos internautas; e Dois Pontos que trata de respostas a crticas, pensamentos ou comentrios de celebridades. Brasil que dividido de acordo com o formato da edio. Podem vir: Janela Indiscreta que um olhar diferente sobre o mundo da poltica, fala de assuntos diversos que envolvem polticos; assuntos ligados a democracia, governo, economia, poltica, educao, meio ambiente, dentre outros. Nesta sesso, a coluna Nossa Antena, da redatora-chefe de poca, Ruth de Aquino, que expressa sua opinio. Quinzenalmente, nesta sesso, o economista Paulo Guedes quem assina a coluna Nossa Economia. J o doutor em Cincia Poltica pela USP e professor da Fundao Getlio Vargas, Fernando Abrucio, escreve a coluna Nossa Poltica. Negcios & Carreira: matrias que abordam temas empresariais, de denncias a matrias de incentivo, tambm entrevistas ping-pong. Ao final o colunista Max Gehringer, com a coluna Nossa Carreira, responde a perguntas e dvidas de leitores e d sugestes sobre empreendedorismo.

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Sade & Bem-Estar: traz matrias sobre assuntos de interesse pblico, como tica, gentica, medicina, dentre outros. Quinzenalmente nesta sesso a psicloga Suzan Andrews escreve uma coluna com o nome de Nossa Vida, com dicas, advertncias e sugestes de sade e bem-estar.

Cincia & Tecnologia: trata-se de assuntos diversos, dentre eles, evolues de telefonia, sofwares, novas tendncias etc. Mundo: notcias histricas e contemporneas, entrevistas ping-pong sobre assuntos diversos do planeta e quinzenalmente a coluna Nosso Mundo, composta pelo escritor e colunista da revista Vanity Fair, Christopher Hitchens.

Sociedade: trata dos assuntos variados, como comportamento, educao, sade, esportes, tecnologias, artes, dentre outros. Vida til: traz assuntos relacionados s diversas formas de se consumir, d sugestes, apresenta as novas tendncias e ainda dicas de preos para produtos. Ao final uma coluna semanal, Nosso Dinheiro, escrita pelo professor, consultor de investimentos e comentarista da rdio CBN, Mauro Halfeld. Nesta coluna Halfeld orienta os leitores sobre diversos temas relacionados economia.

Mente Aberta: esta sesso mais ligada arte e cultura. Nela so expostos diversos temas como, quadrinhos, charges, entretenimento, msicas, shows, cinema, games, livros, etc. Tem uma coluna que se chama Nosso Tempo, escrita, ora pelo jornalista Adriano Silva, ora pelo escritor e jornalista Dagomir Marquezi. Ambos expressam opinies e oferecem sugestes e recomendaes ao leitor. Ao final da sesso uma coluna, Palavra Final, geralmente traz uma personalidade, ou um poltico, um ator, um atleta, um executivo etc. So respostas bsicas e curtas a perguntas pessoais.

Essas sesses demonstram o interesse da revista por poltica, economia, negcios e novas tecnologias. Os principais profissionais responsveis pelo contedo da revista poca so: o diretor de redao Hlio Gurovitz; os redatores-chefes: David Cohen e Ruth de Aquino; o diretor de criao Saulo Ribas; editores-executivos Andr Fontenelle e David Friedlander; diretor de arte Marcos Marques; os editores: Alexandre Mansur, Celso Masson, Guilherme Evelin, Jos Fucs, Ktia Mello, Lus Antnio Giron e Marcelo Musa Cavallari; os reprteres especiais Amauri Segalla, Cristiane Segatto e Eliane Brum e os editores-assistentes Denerval Ferraro Junior, Leandro Loyola e Ricardo Mendona.

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Os assinantes da revista poca possuem assistncia por parte do veculo atravs do atendimento ao assinante, que disponvel de segunda a sexta-feira, das 8h s 20 horas, e sbado, das 9h s 15 horas, atravs de telefones ou pela internet, pelo site www.editoraglobo.com.br/faleconosco. Tanto o assinante quanto o leitor que no assina a revista, podem

corresponder-se com a redao atravs de cartas. s endere-las aos cuidados do diretor de redao de poca, para Caixa Postal 66260, CEP 05315-999 So Paulo, SP. Tambm atravs do e-mail [email protected]. poca possui tambm uma edio especial, edio verde. Ela no tem periodicidade determinada, mas dedicada ao meio ambiente. So matrias especiais que convertem auxiliam o leitor a entender um pouco mais do mundo contemporneo, do aquecimento global e de como contribuir para evitar possveis conseqncias catastrficas. Para nosso trabalho, a partir de 01 de setembro de 2007 foram coletadas todas as edies da revista, para esta pesquisa. Selecionamos oito exemplares desse total para a anlise. Utilizamos um critrio para a escolha das oito capas, qual seja, a partir do primeiro exemplar coletado foi selecionado um e descartado outro, portanto, um sim e um no, at que completasse a quantidade de oito edies, ou seja, quatro meses. Sero analisadas as edies: 485, 487, 489, 491, 493, 495, 497 e 499 da revista poca. Analisaremos os critrios de noticiabilidade das capas da revista poca, ou seja, como a revista constri suas capas, define o contedo, desde manchetes, cores, foco, publicidade, tamanho de letra, fonte, editorias, dentre outras. Conforme apresentado nos captulos anteriores, ao analisar os contedos das capas, em cada edio, sero evidenciados os critrios de noticiabilidade, o papel da mdia e sua visibilidade perante os leitores. Veremos os principais assuntos expostos pela revista em suas capas e a forma como ela aborda e transmite para o leitor as informaes. Boas (1996) observa que as revistas necessitam de aberturas envolventes e isso inclui as capas, que onde ocorre o primeiro impacto, para onde primeiro as pessoas olham. Ela deve ser criativa. H o empenho de sustentar o interesse do leitor. Da se produzir uma capa com atrativos de uma embalagem, e no apenas em julgamento de importncia jornalstica (BOAS, Srgio Vilas, 1996, p.72). As capas das revistas so escolhidas para que o pblico se sinta atrado em ler o contedo destas. Assuntos polticos, econmicos, sociais e de comportamento atraem bastante as pessoas, que buscam as novidades que ocorrem no Brasil e no mundo. E como as revistas visam se diferenciar das concorrentes, passam a abordar o mesmo tema, porm com enfoques

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e ngulos distintos. Levam at seu pblico novidades e exclusividades, cada qual com seu estilo. Utilizam fotografias atraentes, impactantes e chamadas convidativas.

Segue abaixo um exemplo de como a capa de poca.

Figura 1 - Capa da revista poca, edio 492, de 22 de outubro de 2007 Fonte: http://revistaepoca.globo.com

A revista poca, alm do logotipo, destaca a marca da editora Globo. A logomarca surge nas capas de acordo com a formatao de cada edio. Ela aparece em lugares diferentes. A logomarca possui letras em caixa alta, acima da escrita, um globo da cor cinza.

Figura 2 - Logomarca da editora Globo Fonte: http://revistaepoca.globo.com

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J o logotipo da revista poca padro nas capas analisadas, localiza-se em todas elas, na parte superior esquerda da revista. Em sua volta aparece: ao lado esquerdo, do lado de fora do contorno, na parte superior, o preo da revista, com um destaque bem pequeno. Na parte de cima do logotipo aparece o site de poca, que www.epoca.com.br e em cima do logotipo de poca, iniciando a partir do finalzinho da letra O, incio da letra C a frase: A revista de quem tem opinio, com a cor da letra branca, normal, e em caixa alta. Logotipo o smbolo de identificao do produto, ou seja, da revista poca.

Figura 3 - Parte do logotipo da revista poca, contendo o endereo do site Fonte: http://revistaepoca.globo.com

Figura 4 - Parte do logotipo da revista poca, contendo o preo Fonte: http://revistaepoca.globo.com

O nome poca vem dentro de um retngulo de cor vermelha, com contorno branco, conhecido como traos lisos e chamado de fio, ou seja, linhas de composio. As letras vm na cor preto e sublinhado ao redor de branco. A letra o representada por um globo terrestre, que demonstra que a revista traz para o leitor, os principais fatos e acontecimentos ocorridos no s no Brasil, mas em todo mundo. Alm disso, o globo simboliza tempo, que o nome poca se refere ao perodo ou ocasio da ocorrncia dos fatos.

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Figura 5 - Logotipo da revista poca Fonte: http://revistaepoca.globo.com

O cdigo de barra aparece em todas as capas disponibilizadas para no assinante. Ele no possui um lugar fixo e varia de acordo com a formatao da pgina. Nele tem cdigos de identificao e tambm o nmero da edio correspondente. Para os exemplares de assinantes, o cdigo de barras substitudo por um aviso escrito em caixa alta: exemplar de assinante, venda proibida. exposto tambm, nos exemplares de no assinante, embaixo do logotipo, com pouco destaque, letra pequena e em caixa alta, o valor da revista, nmero da edio, data, ms e ano. Essas informaes so nomeadas como linha de registro, que a linha de identificao do veculo, de informaes que indicam a edio e data da mesma.

Figura 6 - Cdigo de barra da revista poca, edio 487, de 17 de setembro de 2007 Fonte: http://revistaepoca.globo.com

Figura 7 - Cdigo de barra da revista poca, edio 495, de 12 de novembro de 2007 Fonte: http://revistaepoca.globo.com

Na parte superior da revista existem chamadas para as matrias principais da edio, mesclando os assuntos. Na maioria das vezes, a revista apresenta trs chamadas, podendo vir tambm apenas uma ou duas. Elas so coloridas, com texto e normalmente acompanhadas de

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imagens. Nas duas primeiras capas analisadas, poca disponibilizou a informao de que a edio trazia um guia de vestibular. Vinha destacado na capa, no lado superior direita, com uma faixa na cor laranja para enfatizar. Das oito analisadas, cinco capas trazem trs chamadas superiores; duas trazem uma chamada e apenas uma traz duas chamadas.

Abaixo, para exemplificar as chamadas superiores, uma de trs e outra de uma chamada.

Figura 8 - Chamada superior da revista poca, edio 489, de 01 de novembro de 2007 Fonte: http://revistaepoca.globo.com

Figura 9 - Chamada superior da revista poca, edio 495, de 12 de novembro de 2007 Fonte: http://revistaepoca.globo.com

J as fotografias de capas ganham cuidado especial. Alm de informar, elas servem para atrair as pessoas, ento fundamental estar atento escolha da imagem, do foco, angulaes e cores, dentre outros detalhes importantes. Sero expostos, de acordo com cada edio, os valores/notcia, que so componentes da noticiabilidade e conjunto de informaes atravs dos quais, os veculos informativos possuem controle, administrando as quantidades e tipos de acontecimentos. Dessa forma, so selecionados os acontecimentos e definidos quais so mais atraentes e significativos de acordo com as normas de poca. Por conseguinte, para anlise, entrar em questo a importncia que os fatos representaram para a instituio, a ponto de se tornarem notcias e ainda serem capa. Enfim, os principais critrios de noticiabilidade que vimos so: credibilidade da fonte; acontecimentos que envolvam autoridades, pessoas elitizadas; nvel hierrquico dos envolvidos; se a notcia afetar decises do pas; geograficamente e culturalmente prximo;

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excesso de pessoas envolvidas no acontecimento; escndalos; denncias. Tentaremos perceber se a revista segue esses critrios. A revista poca traz em suas capas, normalmente, chamadas que vm em destaque, com letras em caixa baixa, grande e em negrito. As chamadas so ttulos, com poucas palavras, s vezes acompanhadas de um subttulo, um pequeno resumo da matria. O subttulo no uma regra, mas quando aparece, em caixa baixa. O subttulo considerado um complemento do ttulo principal. A legenda tambm no vem em todas as edies, quando surge, em caixa baixa e em letras pequenas. As legendas so textos breves que acompanha uma ilustrao ou foto.

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4.2 Estado: fora do judicirio e poltica internacional

Das oito capas analisadas, a revista poca apresentou duas personalidades do mundo poltico e tentou traar um perfil histrico dessas personalidades e alcance de suas influncias. O primeiro personagem poltico retratado foi o ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. O segundo foi o presidente da Venezuela Hugo Chaves. Vamos analisar essas capas.

Figura 10 - Capa da revista poca, edio 485, de 12 de setembro de 2007 Fonte: http://revistaepoca.globo.com

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A edio n. 485, de 3 de setembro de 2007, da revista poca, traz em sua capa Joaquim Benedito Barbosa Gomes, ministro e relator no caso dos mensaleiros, no julgamento do mensalo. poca enfoca, para seus leitores, a conduta do ministro e elogia sua postura, uma vez que ele enviou para o banco dos rus os 40 denunciados no escndalo do mensalo1. A chamada da capa est em destaque com letras em caixa baixa, de cor amarela e em negrito. Foi exposta no lado inferior esquerdo da capa e traz os dizeres: Ele no fechou os olhos. Como sabemos, o Judicirio tem como smbolo uma deusa com olhos vendados. Esta simbologia tem como propsito a imparcialidade. A justia promete no diferenciar uma pessoa da outra, ou seja, o tratamento jurdico por igual, sem nenhuma distino. A revista enaltece o fato de um ministro do Supremo ter assumido publicamente sua deciso de no deixar passar mais um escndalo envolvendo polticos. O judicirio brasileiro, ao contrrio da regra de muitos sculos, resolveu abrir os olhos para a corrupo cometida por polticos. poca expe que existe esperana contra a impunidade dos corruptos no Brasil e que os acusados foram transformados em rus, embora possam ser inocentados das acusaes, mas, mesmo assim, os juzes cumpriram seus papis, pois havia indcios de corrupo, portanto no ficaram cegos diante dos problemas. O subttulo aparece logo abaixo da chamada, do lado inferior esquerdo, com letra em caixa baixa, cor branca. Em amarelo aparece o nome de Joaquim Barbosa. Diz: A conduta de Joaquim Barbosa no julgamento do mensalo um choque positivo no combate impunidade. Fala-se em conduta, com isso podemos presumir que a revista poca est de olho no comportamento e nas aes praticadas pelo ministro do Supremo Joaquim Barbosa. J, quanto ao choque positivo, poca ressalta que a deciso do ministro causou um impacto que contribui para o pas, ou seja, na poltica estamos mais acostumados impunidade, mas um choque, de vez em quando pode ser muito bom. A atitude do ministro considerada histrica na relao entre a justia, o legislativo e o executivo. A legenda da foto apresenta o ministro: Joaquim Barbosa, ministro do Supremo Tribunal Federal e relator no caso dos mensaleiros. A legenda exposta do lado direito daO nome mensalo refere-se maior crise poltica sofrida pelo governo do presidente Luiz Incio Lula da Silva (PT) em 2005/2006. A palavra mensalo, popularizado pelo ento deputado federal Roberto Jefferson em entrevista que deu ressonncia nacional ao escndalo, uma variante da palavra "mensalidade" usada para se referir a uma suposta "mesada" paga a deputados para votarem a favor de projetos de interesse do Poder Executivo. Informaes retiradas do site: pt.wikipedia.org/wiki/Escndalodomensalo - 108k1

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capa, posicionada em cima do ombro esquerdo do ministro. As letras so de cor branca, pequenas e em caixa baixa. A legenda nos diz que o Joaquim no um Joaquim comum, mas ministro e relator do caso que parou o Brasil em 2005/2006. Essa responsabilidade e seriedade so coladas no ombro do personagem. A foto do rosto do Ministro Joaquim Barbosa transmite seriedade e confiana pela deciso tomada. Nesta foto, ele aparece meio de perfil, curvando para o lado esquerdo e sem culos. Com os olhos em direo ao lado esquerdo, fixa a cmera, demonstra fora, compenetrao e certeza de sua deciso. Com uma expresso sria em sua face, sem sorriso, com a boca fechada, indica seriedade. Terno escuro, com uma blusa branca interna, gravata vermelha listrada em branco, vestem elegantemente o ministro, fazendo jus ao cargo. Ao fundo de sua foto aparecem imagens coloridas, provavelmente pastas de arquivos, o que d nfase a feio do ministro. Deve-se destacar que o ministro Joaquim Barbosa negro e que j foi vtima de discriminao racial, segundo declarou em entrevistas. Inclusive, o presidente Lula foi elogiado quando nomeou o primeiro negro como ministro do STF - Supremo Tribunal Federal. A deciso do Ministro Joaquim Barbosa agrada o leitor comum, cansado de impunidade. A revista poca faz questo de expor o caso como matria de capa, uma vez que a deciso tomada por Joaquim afetou diretamente o PT - Partido dos Trabalhadores -, partido do atual Presidente da Repblica, Luiz Incio Lula da Silva. Deve-se destacar que a deciso do ministro foi indita no Supremo Tribunal Federal. Um dos principais critrios de noticiabilidade desta capa, e que possivelmente foi motivo de tal escolha, o fato de envolver uma pessoa que possui um cargo importante que toma uma deciso que pode mudar os rumos da poltica brasileira. Trata-se de uma postura do ministro do STF, que afetar polticos envolvidos no escndalo do mensalo, de uma pessoa hierarquicamente importante, um assunto de interesse da nao, uma vez que aborda a impunidade, ainda porque o Supremo enfrenta Executivo e Legislativo. Na parte superior desta edio os destaques so: Como hackers desbloquearam o iphone e As revelaes de um envolvido no esquema de Renan. Ambas as chamadas aparecem na cor branca, letras mdias e em caixa baixa. A primeira, com o fundo, da cor bnina, j a segunda, o fundo vermelho cor de sangue. Ao lado da primeira chamada, aparece uma fotografia de uma mo segurando um iphone, da cor preta. Em cima desta mo aparecem alguns dedos de uma outra mo segurando o pulso. Parece que a revista vai indicar os passos de desbloqueio do equipamento de informtica mais cobiado do momento. A outra

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chamada promete ao leitor mais segredos do escndalo envolvendo o ento presidente do Senado, Renan Calheiros. Sugere que algum envolvido no esquema de desvio de dinheiro pblico, para pagamento de penso alimentar, ir contar mais detalhes. Do lado direito, na parte superior da capa, destacado: Guia vestibular, logo abaixo, Grtis o segundo fascculo. Ambas as mensagens escritas dentro de uma faixa diagonal, na cor laranja. Guia vestibular est escrito em caixa alta, com letra grande e cor branca. J a segunda frase aparece em caixa baixa, tambm com letras maiores, para ganhar destaque e a cor preta. Logo acima da faixa laranja tem uma fotografia reduzida de duas pessoas, um homem e uma mulher, para ilustrar que o guia auxilia nos estudos. Os dois, o rapaz e a moa encontram-se de cabeas baixas e com sorrisos discretos nos rostos. Ele de blusa cinza e de barba, cabelos curtos e pretos e ela de blusa azul beb e cabelos lisos, castanho escuro, na altura dos ombros.

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A edio n. 493, de 29 de outubro de 2007, traz estampada na capa uma fotografia trabalhada do presidente da Venezuela, Hugo Chves. Eleito presidente pela primeira vez em 1998, tomando posse em fevereiro de 1999, reeleito no ano 2000, em 2006 conquistou novamente o mandato. Hugo Chves alterou o nome do pas para Repblica Bolivariana da Venezuela. Chves tem 53 anos, casado pela segunda vez e possui quatro filhos.

Figura 11 - Capa da revista poca, edio 493, de 29 de outubro de 2007 Fonte: http://revistaepoca.globo.com

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Como chamada de capa esta edio traz: O Brasil deve ter medo dele? As letras esto escritas em caixa alta, bem grandes para dar destaque, em negrito, na cor amarela e localizada do lado esquerdo da capa, mais para o lado inferior dela. poca faz uma pergunta ao leitor, indicando do que se trata a matria. Nesta pergunta o leitor pode se questionar sobre Hugo Chves, se ele um homem perigoso ou ameaador. Geralmente sentimos medo de pessoas que no praticam o bem, ento, h algo de errado, se no est acontecendo, pode vir a acontecer, o que indica a chamada. Abaixo da chamada, dois subttulos, um debaixo do outro, ambos escritos em negrito, em caixa baixa e com letras da cor branca. O primeiro diz: Por que o crescente poderio blico de Hugo Chves uma ameaa liderana brasileira. Atravs desta chamada podemos concluir que a matria trar explicaes cabveis, quanto ao poderio blico da Venezuela representar uma ameaa para o Brasil. Contudo, pode-se imaginar que a Venezuela tem com um grande volume de material blico, quantidade grande de armamentos militares, o que em uma possvel guerra daria mais poder a Chves e dessa forma, Lula perderia a liderana poltica na Amrica Latina. O segundo subttulo diz: Como o governo Lula est planejando o maior investimento militar desde a ditadura. Entende-se que o governo brasileiro, liderado pelo presidente Lula, est projetando compras armamentistas para modernizar o arsenal brasileiro. Indica que isso no ocorre desde a ditadura, ou seja, agora hora de se preocupar com armamentos. A fotografia de Hugo Chves o focaliza do peito para cima, curvado um pouco para o lado direito, nesta foto ele encontra-se fardado. A cor de sua farda verde escura com detalhes de escudos na gola, tanto do lado direito, quanto do esquerdo. O escudo tambm aparece acima do bolso, um pouco abaixo dos ombros. Os escudos so da cor marrom claro com o contorno preto. A blusa interna da farda de Hugo Chves da cor vermelha. Vermelha tambm a cor que est por cima de sua farda, no ombro direito, refere-se a uma parte da bandeira da Venezuela. A foto trabalhada com marcas de impresso digital. A boina que Hugo Chves est usando da cor vermelha, com o contorno preto no encaixe sobre a cabea. Nele possui um broche dourado, localizado do lado esquerdo. Este broche representa a bandeira da Venezuela, com detalhes em vermelho, amarelo e azul. A boina compe a farda do exrcito, utilizada por pra-quedistas. Na edio da capa, ela aparece por cima de uma parte do logotipo de poca, tampando metade da letra C e quase toda letra A. A boina um smbolo chavista, uma vez que os seguidores polticos de Chves gostam de us-la.

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poca selecionou esta imagem de Hugo Chves, onde ele demonstra em sua face uma forte expresso. Seus olhos negros, olhando em direo ao lado direito evidenciam ao mesmo tempo um aspecto de desconfiana, mas tambm, o poder que Chves tem, a segurana que ele possui. As sobrancelhas do poltico acompanham a curva de seus olhos inchados, na bochecha marcas das expresses de uma pessoa sria, nervosa. Chves vem comprando armamentos modernos para a Venezuela, se preparando para possveis ataques de outros pases, como Estados Unidos. Ao contrrio da Venezuela, o Brasil no luta em guerras, e sim participa de misses de paz. O fundo desta capa, do lado direito de Hugo Chves, predomina cores escuras, preto e marrom escuro. J ao lado esquerdo de Chves, aparece um mapa na cor bege, gelo e branco, demonstrando nomes dos principais pases e cidades, da Amrica do Sul, dentre eles: Argentina, Chile, Paraguai, Bolvia, Brasil, Colmbia e Venezuela. Nomes de algumas cidades tambm so evidenciados, mas no pertencentes Amrica do Sul. Cidades como, Miame, Nassau, Bahamas etc. Os principais critrios de noticiabilidade contidos nesta capa so: Hugo Chves um poltico conhecido, no s na Venezuela, mas na Amrica Latina. Tambm importante lembrar que geograficamente o poderio de Hugo Chves afeta o Brasil, uma vez que o poltico exerce influncia com alguns jovens brasileiros chavistas, alm de concorrer diretamente com o presidente Lula, pela liderana da poltica da Amrica do Sul. Esta edio possui trs chamadas superiores. A primeira: 300 mil telefones do pas esto grampeados. Bem do lado esquerdo, com o fundo preto, as letras vm em contrate na cor branca, em negrito e em caixa baixa. Esta chamada j diz tudo, ela informa que esta quantidade de telefones foram grampeados, mas para saber os motivos e os provveis responsveis das linhas, s lendo a matria. No entanto, provavelmente os grampos devem ser devido s escutas telefnicas, para descobrir corrupes e assim combater a impunidade. A segunda chamada superior diz: As contradies no escndalo do padre Jlio. Localiza-se no meio das demais chamadas superiores e com o fundo marrom, dentro de um pequeno retngulo, as letras esto em negrito, em caixa baixa e na cor branca. Esta chamada convida o leitor, a saber, os detalhes do escndalo do padre Jlio Lancelotti, quando denunciou alguns chantagistas e foi extorquido. O padre foi acusado de ato libidinoso. J a terceira chamada superior, logo do lado direito traz: O aquecimento global j obriga os esquims a comprar freezer. Com as letras bancas, em negrito e em caixa baixa, a chamada tem como fundo a cor preta, e logo ao lado direito, uma foto ilustrativa de duas

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crianas, uma ao lado da outra, focando dos ombros para cima. Elas esto bem agasalhadas, com blusas e gorro de pele, para proteger-se do frio. O menino da esquerda com uma blusa cinza claro e com o gorro com listras grossas nas cores preto e cinza. J o segundo garoto, do lado direito veste como o companheiro, porm blusa cinza escuro e o gorro listrado em marrom claro e bege. Esta terceira chamada indica que, para quem ler a matria sobre aquecimento global, obter mais detalhes do que este fenmeno j tem causado e as atitudes que as pessoas j esto sendo obrigadas a tomar, transformando seus modos de vida.

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4.3 Escndalos, vazamentos e polmicas envolvendo homens pblicos

Analisaremos agora mais quatro capas que trazem como destaque personagens conhecidos nacionalmente, envolvidos em assuntos de interesse pblico, como escndalos e polmicas.

Figura 12 - Capa da revista poca, edio 487, de 17 de setembro de 2007 Fonte: http://revistaepoca.globo.com

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A primeira delas a edio de n. 487, de 17 de setembro de 2007, traz em sua capa uma fotografia de Renan Calheiros, presidente do Senado, que foi absolvido da acusao da queda de decoro parlamentar. O principal critrio de noticiabilidade contido nesta capa o fato de Renan ser um poltico de importncia e ocupar um cargo alto na poltica brasileira, ainda por estar envolvido em um grande escndalo e ter sido absolvido pelo Senado, atravs de votos secretos, em uma sesso fechada. A chamada principal da capa : A histria secreta da absolvio de Renan. Em destaque, a chamada est localizada na pgina do lado esquerdo, do meio para cima. Com letras grandes para chamar a ateno das pessoas, em caixa baixa em negrito e na cor branca, a chamada tenta seduzir o pblico, induzindo as pessoas a comprarem a revista e assim poderem descobrir o segredo que tem o presidente do Senado. Indica que na matria as pessoas encontraro todas as ligaes de Renan a sua absolvio, que lhe foi concedida atravs de votos secretos. Na foto escolhida para a capa, o rosto de Renan Calheiros tem um fundo negro, que demonstra dvidas, escurido, medo, interrogaes. Olhos por debaixo dos culos de armao fina e prateada, evidenciam um olhar cnico, malicioso, vitorioso. Com o polegar direito acena positivo, demonstrando que deu tudo certo. Terno preto, blusa branca, gravata xadrez, na cor vermelha, com detalhes preto, o deixa elegante. Com a boca fechada, sem sorriso em sua face, mas com uma expresso de alvio, Renan demonstra firmeza pela sua absolvio. Renan Calheiros parece confiante, uma vez que conseguiu atingir seu objetivo, que era ser absolvido pelo plenrio do Senado. No existe democracia sem Senado, mas a votao

foi considerada como um exemplo negativo no combate impunidade no Brasil. Renan Calheiros um dos principais aliados do presidente Luiz Incio Lula da Silva no Congresso. Nesta edio no possui subttulos nem legenda para a foto. Na parte superior da capa, trs chamadas. A primeira Os novos telefones inteligentes com letras mdias, em caixa baixa e da cor branca, ao fundo predomina a cor vermelha, puxado para marrom e ao lado esquerdo, utilizando o mesmo fundo, uma foto pequena de um celular Nokia, prateado, cheio de botes multifuncionais e com a tela azul de fundo, exibindo as funes que o aparelho oferece. Nesta chamada, o leitor imagina que dentro da revista encontrar mais detalhes sobre os telefones de ltima gerao, como us-los, funcionalidades, onde encontr-los, etc. A segunda chamada superior diz: O que os grampos no Corinthians revelam sobre a corrupo no futebol. Letras mdias, cor preta, em caixa baixa e com o fundo amarelo, utilizando o mesmo fundo, logo esquerda, o escudo do Corinthians. Imagina-se que os

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telefones do Corinthians Futebol Clube estavam grampeados e poca relatar o que foi descoberto sobre os principais envolvidos com o clube, como dirigentes e jogadores. Do lado superior direito, uma faixa cor laranja, na diagonal, escrito em caixa alta, em negrito e na cor branca, a terceira chamada superior, que diz: Guia vestibular, logo abaixo Grtis o quarto fascculo em caixa baixa, normal, tamanho mdio e na cor preta. Acima da faixa uma foto de uma moa, com os cabelos castanho claro dourado, um sorriso largo mostrando seus dentes perfeitos e um olhar de suspiro em direo ao alto. Ela veste uma blusa de frio, cor cinza claro, com detalhe preto nos ombros e uma blusa interna branca com listras pretas. Ao fundo uma imagem longe e desfocada da cabea de uma mulher, aparentemente sorrindo e de cabelos castanhos escuro. A imagem da moa demonstra que ela est encantada com o vestibular e transmite isso atravs da foto para os futuros vestibulandos, indicando que na edio desta revista existe mais um fascculo que servir de auxilio preparatrio, no aprendizado, para quem pretende prestar o exame.

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Outra capa que utilizou os critrios de escndalos, envolvendo homens pblicos, foi a edio e poca de n. 489, de 01 de outubro de 2007. A capa estampou uma fotografia do e ex-candidato presidncia da repblica e ento deputado do PSB-CE - Partido Socialista Brasileiro do estado do Cear, Ciro Gomes, homem cotado para a sucesso de Lula.

Figura 13 - Capa da revista poca, edio 489, de 01 de outubro de 2007 Fonte: http://revistaepoca.globo.com

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A chamada de capa foi: O amigo problema de Ciro, destacado com letras grandes, em negrito, na cor branca, em caixa baixa e do lado esquerdo, mais para o centro da capa. Atravs desta chamada pode-se perceber que a matria tratar um assunto negativo que envolve um amigo de Ciro, porm um amigo problemtico, uma vez que pode trazer conseqncias ruins para o poltico. O subttulo da capa: O homem de confiana de Ciro Gomes acusado de fraude e

irregularidades no Banco do Nordeste. At que ponto isso pode atrapalhar suas pretenses presidenciais? poca indica para o leitor que o amigo problema de Ciro Gomes uma pessoa em que Ciro confia, que o apia, mas que foi acusado de falcatruas. Alm disso, poca lana uma dvida para o leitor, o questionamento de que o amigo de Ciro possa vir ou no a atrapalhar sua possvel candidatura presidncia da repblica. Uma faixa, na cor vermelha, traz escrita a palavra exclusivo, em caixa alta e na cor amarelo. Chama a ateno, uma vez que expe para o leitor que esta capa, cujo assunto Ciro Gomes, traz informaes ou entrevistas de primeira mo, ou seja, com exclusividade para a revista poca. Portanto, os leitores, ao comprarem a revista, podero ali se deparar com

novidades, assuntos antes no tratados pela mdia. Na imagem de capa escolhida por poca, Ciro Gomes aparece de lado, curvando o pescoo para a esquerda. O semblante de Ciro demonstra um tom de cinismo, uma vez que est com os olhos virados para o lado esquerdo e fixados na cmera. O poltico, com a boca fechada, no est sorrindo, nem demonstra seriedade em sua face. A impresso que se tem de que Ciro est com um sorriso malicioso, preso, pronto a se soltar. As sobrancelhas dele esto levantadas e os cabelos lisos, na cor castanho e com uma discreta entrada para careca. A roupa que Ciro Gomes veste, um terno da cor cinza escuro, puxado para o preto, com leves e finas listras brancas na vertical. Ao fundo da foto de Ciro, um tom negro, referente a pessoas vestidas de terno, a imagem est desfocada. Os principais critrios de noticiabilidade contidos nesta edio so: a faixa que indica que poca trouxe uma matria com exclusividade. Mostra que ali existe um furo de reportagem, ou seja, poca saiu com esta notcia frente dos concorrentes. Tambm o fato de Ciro Gomes ser um poltico importante e com grande influncia no Brasil. Na parte superior da capa, vm em destaque trs chamadas, a primeira diz: Tingir ou no tingir o cabelo? O novo dilema das mulheres. A frase est escrita na cor branca, em negrito com o fundo na cor vermelho escuro. A foto que acompanha a chamada de uma mulher, focando de seus ombros para cima. O destaque da foto a cor do cabelo da personagem, que cinza, porm considerado para a maioria das pessoas, como branco. O

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cabelo dela liso, na altura do queixo, olhos azuis, com um sorriso em sua face e vestida com uma blusa preta com a gola mais alta. Esta primeira chamada sugere ao leitor que interessante ler a matria completa para saber mais detalhes de interesses femininos. Indica que na matria sero encontradas explicaes para auxiliar as mulheres quanto dvida em pintar ou no os cabelos. A segunda chamada superior diz: Novos estudos revelam como a raiva pode matar. Esta chamada est escrita com letras em caixa baixa, em negrito e na cor preta, com o fundo da cor mostarda, puxado para um dourado claro. O leitor, ao deparar com esta chamada, pode vir a acreditar que no contedo da revista encontrar informaes sobre o temperamento das pessoas, que dependendo dele, da intensidade do nervosismo, pode vir a morrer, portanto, pode-se imaginar que dicas podero ser encontradas, assim a pessoa pode se instruir melhor de como prolongar mais a vida. A terceira e ultima chamada superior diz: At o Google entrou na corrida espacial com letras na cor branca, em negrito e em caixa baixa. Ao fundo a cor preta permanece e logo do lado direito da chamada, utilizando o mesmo fundo negro, uma ilustrao do planeta terra, em formato de um globo terrestre, na cor azul e branco, representando a gua do planeta. Atravs desta chamada pode-se imaginar que a matria dir algo relacionado disputa que o Google participa, porque, se diz at o Google, indica que existem mais competidores para a corrida espacial.

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Novamente um homem pblico capa da revista poca. A edio n. 491, de 15 de outubro de 2007, traz a foto do apresentador do programa Caldeiro do Huck, da rede Globo de televiso, que vai ao ar todas s tarde de sbados. Huck casado com a tambm apresentadora de televiso Anglica, com quem tem dois filhos. O apresentador tambm, o idealizador de uma ONG, o Instituto Criar de TV e Cinema, cujo objetivo capacitar jovens de baixa renda em profisses tcnicas na rea audiovisual.

Figura 14 - Capa da revista poca, edio 491, de 11 de outubro de 2007 Fonte: http://revistaepoca.globo.com

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A chamada principal da capa uma pergunta, que diz: Ele merecia ser roubado? Com letras em caixa alta, preta e em negrito, os dizeres da chamada est dentro de um quadrado amarelo, localizado em cima da boca de Luciano Huck, dando uma impresso de que est tampando a boca do apresentador, para impossibilit-lo de falar. A chamada , portanto, uma pergunta, e atravs dela poca convida o leitor, a ler o teor da matria e concluir se o apresentador deveria se manifestar sobre o roubo sofrido. Mas, algum merece ser roubado? No, geralmente ningum merece ser roubado. Percebe-se que algum problema tem, porque na maioria das vezes, ser roubado no algo as pessoas fazem jus. poca lana dvidas na cabea dos leitores, sendo assim, a chamada a ttica utilizada por ela, para que o leitor se interesse a conhecer o problema de Luciano Huck. O subttulo da capa diz: O que o debate sobre o assalto a Luciano Huck mostra sobre a alma do brasileiro. As letras esto em caixa baixa, em negrito e com a cor amarela, logo abaixo da chamada principal. Os dizeres do subttulo do a entender que o apresentador Luciano Huck sofreu um assalto que teve repercusso com o pblico. Imagina-se que na matria viro informaes detalhadas sobre este assalto, ainda que v demonstrar sua reao, o que o apresentador sentiu e o que ele pensa quanto ao fato, observando a alma de Luciano e dos brasileiros com relao a diversas opinies que surgiram sobre os comentrios do assalto que envolveu no um cidado comum, mas uma celebridade da elite brasileira. Quando se diz em mistrio da alma do brasileiro, podemos entender que poca est querendo colocar as atitudes e posicionamentos manifestados pelos brasileiros com relao ao artigo que Luciano Huck fez como forma de desabafo por ter sido vtima de assalto e para protestar contra a violncia urbana. A essncia dessa alma brasileira foi que, grande parte do povo, ao invs de se revoltar contra o assaltante, revoltou-se contra Luciano Huck. O fato que as pessoas no esto sabendo separar os culpados dos inocentes e continuam julgando. Luciano Huck ficou magoado com a maneira com que as crticas se voltaram contra ele, e seu artigo, como forma de pedido de socorro, voltou contra si. A foto do rosto de Luciano Huck est estampada na capa desta edio. Ela toda em preto e branco e mostra os detalhes dos poros da face do apresentador, mostra tambm sua barba, que estava comeando a nascer, e na sobrancelha do apresentador, aparentemente grossa. Huck tem os cabelos, na cor castanho claro dourado, porm a foto o coloca com cabelos escuros, puxado para preto e com alguns fios brancos. Um pedao da blusa de Luciano Huck aparece, tambm devido ao trabalho da foto, na cor preta. Sua boca no

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mostrada, uma vez que a chamada principal da capa, dentro de um quadrado amarelo, a tampa. O fundo da foto quase mnimo, pois o rosto de Luciano Huck ocupou grande parte da capa. Ainda assim, aparece dos lados, esquerdo e direito, a cor branca. A fotografia de Luciano Huck foi toda trabalhada, alm de estar em preto e branco, sua face do lado direto, est escurecida, impossibilitando quase que visualiz-la. poca sugere ao leitor, os dois lados de Luciano Huck. Aquele que obscuro, tenebroso e suspeito, mostrando o lado indignado do apresentador, o colocando em posio de mauricinho, um homem mimado que fez um artigo, denunciando sua revolta em ter sido assaltado, como se no pas em que vive isso no acontecesse, como se milhares de pessoas no fossem furtadas e roubadas diariamente. O outro lado, a parte esquerda de sua face, Luciano Huck est com seu olho preto arregalado. Este lado claro demonstra que o apresentador um ser humano, cidado, como os milhes de brasileiros, e que, mesmo sendo rico, possui os mesmos direitos dos pobres, em reclamar o assalto que sofreu e buscar justia. poca traa ento, um paralelo entre os dois lados das manifestaes populares, os que so ou no a favor de Luciano Huck, em desabafar atravs do artigo, o momento em que viveu no assalto, suas sensaes e possveis conseqncias. Os principais critrios de noticiabilidade contidos nesta edio, que o acontecimento que tornou notcia de capa envolveu uma celeridade muito conhecida entre os brasileiros. Luciano Huck um apresentador famoso, alm de ser uma pessoa que transmite muito carisma. Na parte superior da revista trs chamados. A primeira diz: Os novos destinos do turismo esotrico, com letras em caixa baixa, em negrito e da cor branca. Ao lado esquerdo, uma fotografia de um homem sentado no cho, cheio de pedras. O homem encontra-se com as pernas cruzadas, em posio de meditao. Ele est vestido todo de preto, cala comprida e blusa de mangas longas. Por debaixo da roupa negra, percebe-se que o senhor usa uma blusa de cor clara por debaixo. O homem tem cabelos longos e amarrados, barba e bigode aparentemente da cor vermelha. Atravs desta primeira chamada superior, pode-se deduzir que a matria expor as novas opes de destinos esotricos que tem para se conhecer e que poucas pessoas sabem que existe. As agncias de viagens, provavelmente, demonstraro para os leitores, os pacotes tursticos e espirituais em diversas partes do mundo.

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A segunda chamada superior diz: Um guia para o homem elegante, com letras em em caixa baixa, negrito e na cor preta, o fundo um quadrado da cor amarelo. Percebe-se, atravs desta chamada, que o contedo da revista tem uma srie de conselhos para que o homem fique sempre elegante, ainda as dicas podem servir como forma de orientao, como referncia para os homens. A terceira chamada superior diz: Dilma e as privatizaes do PT: As regras de competio do capitalismo so saudveis. As letras esto em caixa baixa, em negrito, na cor branca em contraste com o fundo negro. Ao lado esquerdo da chamada, uma foto de Dilma Rousseff, ministra-chefe da casa civil da Presidncia. A fotografia de Dilma pequena e mostra apenas seu rosto. Cabelos curtos e da cor louro escuro, com um sorriso discreto em sua face e com um culos de lentes transparentes e com a armao detalhes dourado. Contudo, imagina-se que lendo esta terceira chamada, encontraremos na revista, informaes detalhadas de como Dilma conquistou as concesses das principais estradas brasileiras, como foi que lanou as competies entre as empresas e conseguiu reduo nas tarifas de pedgio das privatizaes. Espera-se ainda que Dilma exponha para as pessoas, as regras e as maneira adequada de tratar deste assunto, tambm as estratgias do capitalismo, utilizadas por ela.

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A edio de n. 497, de 26 de novembro de 2007, poca tambm traz como destaque a vida privada de um homem pblico. A fotografia do norte-americano rabino Henry Sobel, que j vive h 37 anos no Brasil e ex-presidente do Rabinato da CIP - Congregao Israelita Paulista, porm afastou-se formalmente em outubro de 2007. Enquanto liderou a CIP, Sobel se tornou um porta-voz da comunidade judaica no Brasil.

Figura 15 - Capa da revista poca, edio 497, de 12 de novembro de 2007 Fonte: http://revistaepoca.globo.com

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A chamada principal da capa diz: Errei, mas no sou ladro. Em destaque, localizado do lado esquerdo da capa, com as letras em caixa baixa, na cor branca e em negrito. Atravs da chamada, entende-se que na matria, o leitor ir encontrar a defesa do rabino com relao ao furto que cometeu. Ele nega ter tido a inteno de praticar o ato e teme que seus valores morais sejam desqualificados. O subttulo diz: A vida do rabino Henry Sobel oito meses depois da priso por furto em Miami, localizado logo abaixo da chamada, em cima do ombro direito do rabino, com letras na cor branca e em caixa baixa, nao esto em negrito. Atravs deste subttulo, podemos imaginar que a matria relatar como anda a vida do rabino aps ter sido pego em flagrante furtando gravatas. O que mudou depois do fato, como as pessoas o tratam, se recebe solidariedade, apoio por parte de algum, se descriminado, contar como anda sua sade etc. A foto do rabino Henry Sobel exibida do peito para cima. Vestido com um terno da cor azul marinho, com delicadas listras brancas na vertical, com uma blusa interna, de manga comprida na cor branca e uma gravata na cor vermelha. Na foto, as mos do rabino esto ajeitando a gravata. A mo esquerda, em cima do n e a direita por debaixo, auxiliando no ajuste. Indiretamente, poca, atravs desta imagem, est ligando a cena da gravata ao fato ocorrido com Henry Sobel. O rabino usa um anel no dedo da mo direita, aparentemente da cor ouro velho. Por cima de seus dois olhos azuis, bem arregalados, Henry Sobel usa um culos com a armao arredondada, na cor marrom, com lentes transparentes. Seus cabelos so da cor cinza e liso, penteados para o lado direito. Em sua cabea, o rabino usa um kipah da cor vinho escuro. Este Kipah usado pelos judeus como smbolo da religio e de temor a Deus Em matrias divulgadas, Henry Sobel defende-se, dizendo que no um santo, mas que tambm no um ladro, observa que roubar gravatas no faz parte de sua biografia e afirma que tem tomado fortes medicamentos controlados para combater a insnia. O principal critrio de noticiabilidade contido nesta edio, o fato de o rabino Henry Sobel ser uma pessoa religiosa, importante e reconhecida, no s nacionalmente, como tambm internacionalmente, e se envolveu em um ato que causou escndalo. Na parte superior da revista, duas chamadas. A primeira, diz: O que o congresso do PSDB muda no cenrio poltico do pas. Dentro de um retngulo preto, as letras so da cor branca, em negrito e em caixa baixa. Logo do lado esquerdo da chamada uma fotografia ilustrativa do governador de Minas, Acio Neves e do governador de So Paulo, Jos Serra, um olhando para o outro, dando um ar de disputa. A imagem os focaliza do peito para cima, ambos trajados de terno escuro e com blusas claras por dentro. O que os diferencia na roupa,

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sao os detalhes. Jos Serra est com uma gravata vermelha e Acio Neves sem gravata, porm Acio est com um adesivo de propaganda poltica, em formato redondo, pregado em seu palet do lado esquerdo. Esta primeira chamada superior, sugere ao leitor que o PSDB vem modificando o cenrio poltico do Brasil e indica que os dois principais e mais poderosos do partido, para as eleies presidenciais de 2010, representam, hoje, a fora dos tucanos no congresso. A segunda chamada superior diz: Como as escolas estragam os alunos mais talentosos, em caixa baixa, letras brancas, em negrito e com o fundo da cor marrom. Logo do lado direito, uma foto ilustrativa de uma criana. Com o fundo azul claro, um menino vestido com uma blusa de mangas longas, com listras grossas na horizontal em preto e branco, levantando o brao direito, em sinal de ajuda e erguendo o dedo indicador para o alto. O menino da pele bem clara, sobrancelhas loiras, um cabelo postio, da cor louro cinza claro e com um bigode cinza, indica que a criana um superdotado, d sinais de que ele velho. A mo esquerda do garoto est sobre um caderno, que se encontra em cima de uma mesa. Lpis das cores, azul, amarelo, vermelho e laranja tambm podem ser vistos sobre a mesa e ao lado do caderno, do lado esquerdo, um estojo transparente com contorno azul. Esta segunda chamada indica ao leitor que existem alunos talentosos e inteligentes, mas que as escolas no vem isto e acabam retardando o ensino de alunos, que deveriam estar bem frente do que esto lhe mostrando as escolas. Elas no sabem identificar os alunos superdotados, a dar-lhes tratamento especial e nem incentiv-los, a saber aproveitar os talentos.

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4.4 Descobertas cientficas e sade

A revista poca tem sesses destinadas a tecnologia, sade e bem estar. Esses assuntos fazem parte do repertorio da revista. Portanto, era de se esperar que notcias relacionadas tecnologia e sade fossem destaques principais. Das oito capas analisadas, duas tratam desse tema.

Figura 16 - Capa da revista poca, edio 495, de 12 de novembro de 2007 Fonte: http://revistaepoca.globo.com

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Esta edio de n. 495, de 12 de novembro de 2007, poca traz como destaque Adilson de Freitas Nascimento, ex-jogador de basquete da seleo brasileira que morreu em 06 de abril de 2005 e foi ressuscitado durante um jogo de basquete, um campeonato de veteranos que rene todas as pessoas que jogaram ou gostam de jogar basquete. A chamada principal da capa diz: Este homem estava morto. Localizada no lado direito da capa, as letras esto em destaque, na cor preta, em negrito e em caixa baixa. Por esta chamada entende-se que a matria contar a histria de Adilson, o caso de um homem que morreu e conseguiu retornar a vida. Acima da chamada principal, dentro de um pequeno retngulo da cor vermelha, a palavra corao, em caixa alta, em negrito e na cor braa. A palavra d indcios de que a causa da morte de Adilson foi problema cardaco. O subttulo da chamada diz: Como as novas tcnicas da medicina esto conseguindo ressuscitar as vtimas de parada cardaca. As letras esto em caixa baixa, na cor preta e no esto em negrito. O subttulo demonstra que, quem tiver acesso ao conte