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MICROFONIA MÚSICA .FILME .HQ .SHOW Ano 1 .nº 03 João Pessoa Maio.2011 Banda Shock - 32 Anos de Heavy Metal Enquanto a disco music predominava nas rádios, quatro irmãos ouviam hard rock no último volume. Não imaginavam eles que fariam parte da história do rock pesado em João Pessoa, e que, alguns anos mais tarde, a música do quarteto iria transpor fronteiras. Aqui você confere parte dessa saga dos irmãos Roque. A formação clássica, a que permanece mais tempo é com Américo na voz, Paulo no baixo, Edgard na gui- tarra e você, Carlos, na bateria. Vocês gravaram o Insônia, uma demo tape de 89 e em 91 veio pelo Whip- lash com o Luziano (In memorian) o Heavy Metal we salute you. Qual a trajetória desses discos. Na verdade, nós começamos a gravar independente em 89 e essa música Insônia estava nesse projeto, que a princípio sairia em português. E como realmente saiu, tenho ele gravado com as composições em português. Quando estávamos da metade para o final da gravação desse álbum surgiu a proposta do Luziano (In memorian) de Natal. Fomos até Natal, ele gostou muito do nosso trabalho, mas ele disse: “Só tem um problema: eu preciso do material em inglês pra poder mandar pra fora do país.” Daí eu disse que precisava de uns 40 dias pra poder refaz- er tudo, pois a proposta dele tinha o selo, então paramos o trabalho independente pra poder gravá-lo novamente, só que agora todo em inglês. Observe que no álbum Heavy Metal...Tem a música Sleep Last Night, que é a Insônia em português, só que com outra roupagem, outros riffs. Você se lembra do primeiro show da Banda Shock? Lembro e tenho registro! Na época éramos jovens, em 1977 começamos a banda na escola, e é claro, sem Américo no vocal, era um conhecido de colégio do 1º grau. Eu gazeava aula pra escutar vinil na casa de ami- gos e fomos montando a banda, comprando instrumentos usados, guitarra, bateria de zinco, principalmente nos bairros de Cruz das Armas e Jaguaribe. Em meados de 78 é que fomos fazendo uma roupagem legal nas músicas e a banda passou a existir de fato a partir de 79 e veio a se consagrar a partir desse primeiro show, que aconteceu na casa do primeiro vocalista, pegamos os equipamentos, levamos pra lá, com toda garra, na iluminação comum mesmo, juntou uma galera na frente da casa pra ver, o pessoal não sabia o que era aquilo, e ficaram lá, olhando. Nem vaiaram e nem aplaudiram, ficaram perplexos. De- pois o vocalista saiu e convidamos Waldir Dinoá e ele veio pra somar na banda. Essa foi a segunda formação? Sim, a segunda formação é com Waldir Dinoá, que ficou conosco quase dois anos, e por incompatibilidade, ele re- solveu trilhar por outro caminho. Ficamos sem vocalista, eu fiquei cantando e tocando bateria por um ano assim, e tocamos em vários eventos do Estado e Prefeitura. Por incrível que pareça, tocamos mais na época da ditadura do que nos dias atuais. Que show você cita como o melhor e o pior? O melhor foi um que aconteceu no Espaço Cultural junto com Capital Inicial, Uns e Outros e a banda local Socie- dade Anônima. Esse show foi fantástico e só tenho fotos, nenhum áudio ou vídeo. E o pior show não foi só um não, foram vários. Teve uns até que não aconteceram. Nós não apagamos esses shows da memória, nós aprendemos a conviver com as situações desagradáveis. Em 30 anos de banda, já teve alguma situação estra- nha, algum fato inusitado? Numa época, o governo do Estado, que não me lembro quem era o governador, fomos contratados de última hora, já com Américo na banda, nos chamaram pra tocar Heavy Metal no Festival de Arte em Cajazeiras, fomos dentro de um ônibus interestadual alugado pelo Estado, só nós quatro. Achei esquisito, só nós quatro dentro de um ônibus top, de viagem, com hospedagem, muito or- ganizado. Hoje é diferente os caras contratam, colocam você dentro de um bueiro, fecha pra ninguém lhe ver, fica lá com rato, barata, aí na hora de tocar, o cara abre pra você tocar, e como se tem essa fome de se apresentar nem se leva em consideração, mas acho degradante. Basta ver que, quando chega artistas de fora aqui, todo mundo abre caminho, mas já quando é artista da terra, quando você vai estacionar o carro na Lagoa e o palco é na Estação Ferroviária e você sai a pé porque simplesmente o guarda não deixa você encostar o carro lá. Você chega e diz: ”Eu sou músico”. E o cara diz: “Você é o que?! Você não é nada!”. Você diria que a formação da banda com Américo é a melhor fase da banda? Sim. Vamos dizer assim: todo mundo não é igual, somos três irmãos na banda só que eu tenho minhas preferên- cias, Edgard e Paulo têm as deles, mas nós conseguimos chegar a um denominador comum. Américo tem isso também, formamos uma bola. Mas, não querendo ofend- er, trazer uma pessoa só porque tem uma voz boa ou tem uma dicção legal, mas cara curte Avião, Ivete, fica difícil chegar e explicar uma música do Iron Maiden ou do Ju- das Priest, ou então mostrar uma música nossa e pedir pro cara cantar na nossa pegada, não tem como o cara entender porque é como se o indivíduo não tivesse o rock na veia. E Américo tem isso. A formação de Américo é Kiss. Américo é conhecido como Doctor Love! Eu conheci Américo através de Paulo e ele caiu como uma luva! A gente pode passar até seis meses sem ensa- iar, mas quando todo mundo chega junto, e manda ver. Exato, vocês aparecem e desaparecem... Por que ex- istem esses ‘hiatos’ na Banda Shock? Na realidade, a gente não está freqüentando tanto os es- paços mínimos que tem aqui, porque a principio não es- tamos mais na fase de querer sair às 8 da noite e chegar 4 da manhã, todo mundo na banda tem trabalho, família, e sem querer sem estrela, eu não gosto de me expor muito. Prefiro ficar reservado. O prazer de ensaio supre essa sede de tocar em qual- quer lugar... Acho interessante para bandas que estão começando, querer mostrar o trabalho e tal, mas comigo é: “tá a fim de contratar a gente?” Então vamos embora, mas se for pra me submeter a preencher formulários, etc., não esta- mos interessados. Sun Rock Festival... Eu sabia que você ia fazer essa pergunta... Eu recebi em minha residência um cidadão com o nome de João Paulo, não o conhecia, e ele disse que estava com um projeto de trazer o Shaman para tocar aqui, num palco na beira mar e queria a gente pra abrir. Achei legal, fiquei feliz por terem lembrado da gente. Grana? Ele disse: “não vai ser muita, mas vocês não vão tocar de graça”. Beleza. Era um projeto que ia contar até com um tanque de guerra... Terminou o ano e isso não aconteceu. Um dia atendo o telefone, era o mesmo cara dizendo: “Estou trazendo Scorpions, Sepultura, e queria convidar vocês. Eu não acreditei no projeto do Sun Rock. Fomos chamados no escritório, pagaram adiantado, mas eu não queria a grana, queria participar do evento! E a gente se empenhou, com ensaios, investimos na produção, fizemos música nova, mesário, falei com Valério pra fazer a luz, ajeitei tudo, tudo. Chegou o dia. Primeiro ele colocou a gente pra tocar no domingo, dia do Sepultura, Angra, Matanza. Achei que a gente não ia se sobressair no meio de tanto peso pesado, e pensei no sábado, que tinha Scorpions no palco principal, e antes Cachorro Grande, a banda es- tivesse mais bem colocada... Foi uma trabalheira grande, monta, desmonta... Chegou o dia de tocar. Por conta do atraso e exigências do Scorpions e da desorganização do evento nem a gente, nem a Unidade Móvel tocaram. E ficou mais fácil sacrificar gente de casa do que o pessoal de fora. Daí disseram para a gente tocar três músicas no outro dia, e eu disse que não ia tocar três músicas, agora, ninguém da produção me procurou para dar uma satisfa- ção a respeito disso. Pedi desculpas aos fãs pela internet e hoje isso tá sepultado. Copiar é muito fácil... Mas vá criar! Se o cara da organização do Sun Rock Festival es- tivesse aqui agora, o que você falaria para ele? Eu perguntaria a ele o que foi que deu errado e por que não se justificou junto a gente e ao pessoal da Unidade Móvel, só isso! Vocês conseguiram vender o disco para o Japão, como foi esse contato? Como a gente mora numa cidade maravilhosa, a ci- dade das acácias, se aquele tsunami tivesse acontecido aqui nem sentiriam a falta. Brincadeira à parte...Eu amo a minha cidade, gosto de morar aqui, mas aqui não valo- riza o que é para ser valorizado, é o que eu penso e gosto de externar isso. Então, as pessoas entram no site da

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Jornal Microfonia #3 Entrevista com a banda Shock, Cachalote ( Galera/Coutinho), The Automatics, Betty57, Divina Comédia, The Rovers, Lucy & The Popsonics

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MICROFONIA MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 1 .nº 03 João Pessoa Maio.2011

Banda Shock - 32 Anos de Heavy Metal

Enquanto a disco music predominava nas rádios, quatro irmãos ouviam hard rock no último volume. Não imaginavam eles que fariam parte da história do rock pesado em João Pessoa, e que, alguns anos mais tarde, a música do quarteto iria transpor fronteiras. Aqui você confere parte dessa saga dos irmãos Roque.

A formação clássica, a que permanece mais tempo é com Américo na voz, Paulo no baixo, Edgard na gui-tarra e você, Carlos, na bateria. Vocês gravaram o Insônia, uma demo tape de 89 e em 91 veio pelo Whip-lash com o Luziano (In memorian) o Heavy Metal we salute you. Qual a trajetória desses discos.

Na verdade, nós começamos a gravar independente em 89 e essa música Insônia estava nesse projeto, que a princípio sairia em português. E como realmente saiu, tenho ele gravado com as composições em português. Quando estávamos da metade para o final da gravação desse álbum surgiu a proposta do Luziano (In memorian) de Natal. Fomos até Natal, ele gostou muito do nosso trabalho, mas ele disse: “Só tem um problema: eu preciso do material em inglês pra poder mandar pra fora do país.” Daí eu disse que precisava de uns 40 dias pra poder refaz-er tudo, pois a proposta dele tinha o selo, então paramos o trabalho independente pra poder gravá-lo novamente, só que agora todo em inglês. Observe que no álbum Heavy Metal...Tem a música Sleep Last Night, que é a Insônia em português, só que com outra roupagem, outros riffs.

Você se lembra do primeiro show da Banda Shock?Lembro e tenho registro! Na época éramos jovens, em 1977 começamos a banda na escola, e é claro, sem Américo no vocal, era um conhecido de colégio do 1º grau. Eu gazeava aula pra escutar vinil na casa de ami-gos e fomos montando a banda, comprando instrumentos usados, guitarra, bateria de zinco, principalmente nos bairros de Cruz das Armas e Jaguaribe. Em meados de 78 é que fomos fazendo uma roupagem legal nas músicas e a banda passou a existir de fato a partir de 79 e veio a se consagrar a partir desse primeiro show, que aconteceu na casa do primeiro vocalista, pegamos os equipamentos, levamos pra lá, com toda garra, na iluminação comum mesmo, juntou uma galera na frente da casa pra ver, o pessoal não sabia o que era aquilo, e ficaram lá, olhando. Nem vaiaram e nem aplaudiram, ficaram perplexos. De-pois o vocalista saiu e convidamos Waldir Dinoá e ele veio pra somar na banda.

Essa foi a segunda formação?Sim, a segunda formação é com Waldir Dinoá, que ficou

conosco quase dois anos, e por incompatibilidade, ele re-solveu trilhar por outro caminho. Ficamos sem vocalista, eu fiquei cantando e tocando bateria por um ano assim, e tocamos em vários eventos do Estado e Prefeitura. Por incrível que pareça, tocamos mais na época da ditadura do que nos dias atuais.

Que show você cita como o melhor e o pior?O melhor foi um que aconteceu no Espaço Cultural junto com Capital Inicial, Uns e Outros e a banda local Socie-dade Anônima. Esse show foi fantástico e só tenho fotos, nenhum áudio ou vídeo. E o pior show não foi só um não, foram vários. Teve uns até que não aconteceram. Nós não apagamos esses shows da memória, nós aprendemos a conviver com as situações desagradáveis.

Em 30 anos de banda, já teve alguma situação estra-nha, algum fato inusitado?Numa época, o governo do Estado, que não me lembro quem era o governador, fomos contratados de última hora, já com Américo na banda, nos chamaram pra tocar Heavy Metal no Festival de Arte em Cajazeiras, fomos dentro de um ônibus interestadual alugado pelo Estado, só nós quatro. Achei esquisito, só nós quatro dentro de um ônibus top, de viagem, com hospedagem, muito or-ganizado. Hoje é diferente os caras contratam, colocam você dentro de um bueiro, fecha pra ninguém lhe ver, fica lá com rato, barata, aí na hora de tocar, o cara abre pra você tocar, e como se tem essa fome de se apresentar nem se leva em consideração, mas acho degradante. Basta ver que, quando chega artistas de fora aqui, todo mundo abre caminho, mas já quando é artista da terra, quando você vai estacionar o carro na Lagoa e o palco é na Estação Ferroviária e você sai a pé porque simplesmente o guarda não deixa você encostar o carro lá. Você chega e diz: ”Eu sou músico”. E o cara diz: “Você é o que?! Você não é nada!”.

Você diria que a formação da banda com Américo é a melhor fase da banda?Sim. Vamos dizer assim: todo mundo não é igual, somos três irmãos na banda só que eu tenho minhas preferên-cias, Edgard e Paulo têm as deles, mas nós conseguimos chegar a um denominador comum. Américo tem isso também, formamos uma bola. Mas, não querendo ofend-er, trazer uma pessoa só porque tem uma voz boa ou tem uma dicção legal, mas cara curte Avião, Ivete, fica difícil chegar e explicar uma música do Iron Maiden ou do Ju-das Priest, ou então mostrar uma música nossa e pedir pro cara cantar na nossa pegada, não tem como o cara entender porque é como se o indivíduo não tivesse o rock

na veia. E Américo tem isso. A formação de Américo é Kiss.Américo é conhecido como Doctor Love!Eu conheci Américo através de Paulo e ele caiu como uma luva! A gente pode passar até seis meses sem ensa-iar, mas quando todo mundo chega junto, e manda ver.

Exato, vocês aparecem e desaparecem... Por que ex-istem esses ‘hiatos’ na Banda Shock?Na realidade, a gente não está freqüentando tanto os es-paços mínimos que tem aqui, porque a principio não es-tamos mais na fase de querer sair às 8 da noite e chegar 4 da manhã, todo mundo na banda tem trabalho, família, e sem querer sem estrela, eu não gosto de me expor muito. Prefiro ficar reservado.

O prazer de ensaio supre essa sede de tocar em qual-quer lugar...Acho interessante para bandas que estão começando, querer mostrar o trabalho e tal, mas comigo é: “tá a fim de contratar a gente?” Então vamos embora, mas se for pra me submeter a preencher formulários, etc., não esta-mos interessados.

Sun Rock Festival...Eu sabia que você ia fazer essa pergunta... Eu recebi em minha residência um cidadão com o nome de João Paulo, não o conhecia, e ele disse que estava com um projeto de trazer o Shaman para tocar aqui, num palco na beira mar e queria a gente pra abrir. Achei legal, fiquei feliz por terem lembrado da gente. Grana? Ele disse: “não vai ser muita, mas vocês não vão tocar de graça”. Beleza. Era um projeto que ia contar até com um tanque de guerra... Terminou o ano e isso não aconteceu. Um dia atendo o telefone, era o mesmo cara dizendo: “Estou trazendo Scorpions, Sepultura, e queria convidar vocês. Eu não acreditei no projeto do Sun Rock. Fomos chamados no escritório, pagaram adiantado, mas eu não queria a grana, queria participar do evento! E a gente se empenhou, com ensaios, investimos na produção, fizemos música nova, mesário, falei com Valério pra fazer a luz, ajeitei tudo, tudo. Chegou o dia. Primeiro ele colocou a gente pra tocar no domingo, dia do Sepultura, Angra, Matanza. Achei que a gente não ia se sobressair no meio de tanto peso pesado, e pensei no sábado, que tinha Scorpions no palco principal, e antes Cachorro Grande, a banda es-tivesse mais bem colocada... Foi uma trabalheira grande, monta, desmonta... Chegou o dia de tocar. Por conta do atraso e exigências do Scorpions e da desorganização do evento nem a gente, nem a Unidade Móvel tocaram. E ficou mais fácil sacrificar gente de casa do que o pessoal de fora. Daí disseram para a gente tocar três músicas no outro dia, e eu disse que não ia tocar três músicas, agora, ninguém da produção me procurou para dar uma satisfa-ção a respeito disso. Pedi desculpas aos fãs pela internet e hoje isso tá sepultado.

Copiar é muito fácil... Mas vá criar!

Se o cara da organização do Sun Rock Festival es-tivesse aqui agora, o que você falaria para ele?Eu perguntaria a ele o que foi que deu errado e por que não se justificou junto a gente e ao pessoal da Unidade Móvel, só isso!

Vocês conseguiram vender o disco para o Japão, como foi esse contato?Como a gente mora numa cidade maravilhosa, a ci-dade das acácias, se aquele tsunami tivesse acontecido aqui nem sentiriam a falta. Brincadeira à parte...Eu amo a minha cidade, gosto de morar aqui, mas aqui não valo-riza o que é para ser valorizado, é o que eu penso e gosto de externar isso. Então, as pessoas entram no site da

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banda, mandam e-mail... Eu tenho umas trezentas car-tas do Amapá ao Rio Grande do Sul, quando ainda não existia internet, pessoas até de Bayeux. Um dia apareceu um cara do Mato Grosso tinha um contato no Japão e da última vez que falei com ele, deve ter uns oito me-ses, o irmão dele tava fazendo umas coletâneas de ban-das dos Estados Unidos, Europa e queria colocar uma composição nossa nessa coletânea. O que percebi foi que ele tava querendo os vinis, ainda tenho uns cento e poucos vinis... Mandei 40 vinis para a Alemanha, o cara pagou em dólar. Ele queria nossa música na coletânea porque no Japão tinha um público interessado na nossa música, mas a coisa esfriou e não fui mais atrás, porque além de ceder a música, tinha que pagar para constar na coletânea. Já apareceram várias pessoas querendo lançar o vinil em CD, mas nada aconteceu até agora.

Quantas cópias saíram em vinil?Mil cópias. A gente ficou com 500 cópias e o cara que prensou com as outras 500.

Você se interessa por bandas novas?Ouvi recentemente o Accept novo, que não é com o vo-calista da formação principal. As bandas das antigas é o que vem mantendo, porque banda nova pra mim aca-bou. Anos 70 e 80, só. A mídia misturou muito as coisas, não vai mais pela qualidade e sim pela possibilidade de venda. As pessoas têm inveja

por ser uma banda pioneira

Hoje pra quem tá começando existe mais facilidade do que tínhamos, mas deixa de curtir logo...Mas aí é modismo! Hoje o cara pega as tablaturas pela net e fica lá praticando, toca na rapidez de um raio, mas tem uma coisa chamada sentimento, criatividade... Pra copiar é muito fácil, mesmo que não seja igual, mas você coloca uma roupagem que disfarça, mas vá criar! Vá fazer o seu aqui (batendo no braço) na veia. A gente tá trabalhando em composições, mas precisa de inspiração, de técnica, batidas diferentes, mais cadenciadas...

Como foi o show com o Mercyful Fate?Recife sempre nos recebeu de braços abertos, se bem que deve fazer uns 10 anos que não tocamos por lá . Quan-do soubemos do show com o MF, nesse dia ninguém dormiu. A gente foi para Recife numa sexta feira tocar cover num bar chamado Downtown, o show do MF era no sábado, só que os caras estavam lá assistindo a gente tocar. No dia seguinte fomos almoçar no centro e depois ao Sport Clube, onde aconteceu o show. Quando chega-mos o MF já estavam passando o som, King Diamond estava sem maquiagem, tiramos fotos... Quando o show começou teve um problema na iluminação deles... Eu não tenho registro dessa apresentação porque o MF não queria ninguém filmando, temos apenas fotos... A gente pegou ainda a iluminação boa e o som também... Mas é aquela história, passamos dez anos curtindo o som do MF e de repente a gente tava ali, não tem dinheiro que pague.

Na sua opinião, o que a Banda Shock representa na Paraíba?Vamos imaginar que eu não seja da Banda Shock, para mim é a representante no quesito heavy metal tradicional em ní- vel de Nordeste. Eu sinto isso, eu posso estar enganado, me perdoem as pessoas que discordam, mas eu não posso ficar guardando isso... As pessoas têm inveja por ser uma banda pioneira, que tem nepotismo (3 irmãos), eu sinto isso porque fica mais fácil trabalhar com irmãos, não estou dizendo que tudo são flores, tem os espinhos também, mas na hora que pega a gente consegue juntar e fazer.

O seu recado final para os leitores do jornal

Peço desculpas por a banda não atuar com freqüência, não que a gente não queira, mas porque as circunstancias no mo-mento não permitem... Amanhã pode-se abrir novas portas, e que tenham paciência, que antes de pendurar as baquetas quero terminar esse nosso novo trabalho, que tenho certeza irá agradar aos fãs.

D e p o i m e n t o s

Amor à queima roupa

Cachalote - Daniel Galera e Rafael Coutinho/280 páginas. R$ 45,00.Feche os olhos, tape o nariz e pule! Assim dizendo parece ser um ato, um tanto quanto simples, mas na verdade é algo que exige coragem. Mergulhar no sentido pleno da palavra requer desprendimen-to e isso poucas pessoas tem. Algo aparentemente simples, no entanto, demanda uma soltura não ape-nas do corpo, da alma também. No momento em que não se tem isso, raramente se consegue alca-nçar outra dimensão. Essa outra dimensão poderá ser denominada de diversas formas. Porém, vamos deixá-la sem uma denominação específica pra ad-entrar num universo específico: O universo textual do Daniel Galera. Galera cria e recria situações co-tidianas semelhantes as que vivenciamos e inventa outras tantas tão reais quanto as já vividas. E quais são as inventadas? Aquelas que fogem ao padrão que conhecemos? E se não conhecemos os pa-drões? Então, nossa missão, nesse caso é saber até onde vai a ficção e até onde a realidade consegue chegar mais perto. Quem não se lembra de Moby Dick? Um cachalote enfurecido cuja história foi publicada pela primeira vez em Londres em 1897. Cachalote era tido como um monstro para os veteranos do mar. Cachalote era um desafio. Aqui, também, simbolizado como algo que não se quer mudar/enfrentar. As situações contam com perso-nagens diversos e com conflitos diferentes diante da vida. O fato de enfrentarem ou não esses con-flitos fica por conta da imaginação ou vivencia dos leitores, pois as histórias não apresentam um final, como se elas estivessem acontecendo nesse momento. Ao observar de perto cada personagem criado para compor o volume denominado Cacha-lote, encontramos os conflitos inerentes a cada um, e sem que, em cada história, exista um ponto de interseção, apesar de alguns personagens ficarem cara a cara com o gigante mamífero. Mesmo sem algo, aparentemente, em comum, as histórias cria-das por Galera e desenhadas por Coutinho ganham um peso extra por essas ligações inexistirem. Uma referência que pode ser jogada para imagens cinematográficas de um Robert Altman ou para um mundo de sonhos do David Lynch, por mais bi-zarro que isso possa parecer - como uma velha sen-hora grávida – aqui cachalote é um símbolo para a sua longevidade. Tanto Altman quanto Lynch quebraram padrões impostos por uma sociedade dita ideal. Até que ponto devemos engolir, literal-mente, as imposições e até onde elas podem ser rejeitadas como padrões? Cachalote não oferece respostas. Oferece apenas as questões pertinentes que insistimos colocar debaixo do tapete, para um dia serem (re) descobertas e encaradas. Mas quem tem a fórmula? Ninguém tem, e é exatamente a personificação dessa impotência que se encon-tra nas páginas de Cachalote. Bom mergulho!

Beto Farias (baterista - Rotten Flies)Banda Shock é uma das primeiras bandas de heavy metal do Nordeste e de João Pessoa. Pena que os caras pararam um tempo. Eles tocaram com o Viper e os comentários na época é que os shows foram pau a pau, a banda não ficava a de-ver. Lembro que ainda tenho uma Rock Brigade com uma crítica que fala do joio e do trigo, no caso a Banda Shock é o trigo. Fiquei feliz que um amigo meu fez um teste para vo-cal da banda, nosso surfista-mor Jesuíno, achei bacana, mas os caras viram que a onda dele não era heavy metal era surf. Eu tenho o vinil, a capa é horrível, mas o som é maravilhoso!

Jesuíno Oliveira (PBRock/baterista - Nailspop)A banda Shock é um patrimônio do rock paraibano. Desde o final dos anos 70 batalham pelo seu espaço, enfrentando diversas barreiras e preconceitos. Os irmãos Roque sempre foram determinados em fazerem um rock pesado de qualidade e autoral. Foram pioneiros no lançamento, em disco vinil, de uma banda heavy-metal no Nordeste. Uma curiosidade: bem jovem, nos idos dos anos 80, me aventurei até tirar um som com os rapazes, mas vi logo que minha voz era horrorosa para o feito. Ainda hoje é respeitada e referência por todas gerações do rock do estado. Sou amigo e tenho admiração pelos rapazes, uma banda que é lenda viva da nossa história.

Williard Scorpion (Ex-Medicine Death, ex-Bona Dea, ex-Dissidium, atual Lazy Dynamite)

Três bandas locais foram decisivas para que entrássemos na música pesada: Serpente, Necrópolis e a Banda Shock. Foi nos ensaios da banda dos irmãos Roque que entende-mos melhor o processo de uma banda e aprendemos a afi-nar os instrumentos. Até então, o que viria a ser o Medi-cine Death soava mais caótico – no mau sentido – do que o Napalm Death do Scum. Vê-los e ouvi-los executando clássicos imortais do Judas, Accept, além de seus próprios clássicos foi, numa expressão, uma experiência definitiva.

Waldir Dinoá - arquiteto e baixistaEu tive o prazer de tocar na Banda Shock durante um breve período, no início dos anos 80. Cantava e tocava guitarra base. Foi com os irmãos Roque que comecei a tomar gosto pelo rock e pelo palco. Conheci Paulo(baixista) em 73, na escola. Foi ele quem me apresentou ao rock do Led Zeppelin, Deep Purple, Kiss, Black Sabbath, Rush, Sweet, Nazareth e tantos outros. Nunca vou me esquecer do dia em que ele me levou até a garagem da família e me mostrou uma guitarra, que ele e os irmãos haviam comprado. Eu nunca tinha visto uma guitarra tão de perto. Aquilo pra mim era o máximo.

Amor À Queima Roupa

EXPEDIENTEEditores Responsáveis: Olga Costa (DRT – 60/85)/Adriano StevensonColaboradores: Beto L, Jesuíno Oliveira, Óliver de SouzaEditoração: Martinho Patrício/Olga Costa/Josival FonsecaIlustração: Josival FonsecaAgradecimentos: Martinho Patrício, Óliver, Leandro MárcioContato/Anúncios: 3512 [email protected]: 3.000 exemplares

Av. Nego, 200 - Tambaú - João Pessoa www.comichouse.blog.br (83) 3227 0656

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MICROFONIA 3

CAMARONES ORQUESTRA GUITARRÍSTICA – S/T CD (RN)Além dos Retrofoguetes (BA), Sex On The Beach (PB) temos agora a COG que conseguiu um bom resultado nesse CD e que tem boas influências. A Camarones faz um som que mistura rock’n’roll, surf music, hardcore e trilhas sonoras. Se tivessem surgido há 20 anos, diria que eles estariam dando murro em ponta de faca, mas hoje em dia esse tipo de música está sendo bem aceita pelo público e pelos grandes festivais. A banda conta com músicos experientes como Anderson Foca e Ana Moreno. Destaques para Alabama Mama, Pororoca e Pra Inglês Ver – tomara que eles tenham ouvido! B.L.www.myspace.com/camaronesorquestraguitarristica

THE AUTOMATICS – ATLANTIC CD (RN)Levado pela brisa suave... A brisa pode até ser... As guitarras nunca. O barulho já automatizado do quarteto poptiguar traz na brisa de verão e até mesmo no reflexo deles mesmo, mais distorções e outras notas até então inéditas, agora incorporadas em vários retratos, no mais novo Atlantic. As sementes pré-fabricadas na Inglaterra afloram em terras áridas em Never Said. Em reverso, a introdução de Out in the Sun, causa um deja vu apenas na sonoridade muito Vini Reiley da guitarra. A renovação vem graças a brisa, que aos poucos move rochas e muda paisagens, por mais que não se veja. O.C.www.myspace.com/theautomaticsnatal

BÁRBARA – DRAMA, AFETO E REJEITO EP (PB)“Garotas não tocam guitarras elétricas, este é um mundo dos homens” – essa frase atribuída a um professor de violão da Joan Jett pode até soar como ficção em alguns momentos ou contextos. Apesar de refletir um passado bem recente, a competência das mulheres no rock esteve e continua em xeque. “Drama, Afeto e Rejeito” é um recado, não explícito, porem cheio de vontade, para o que ainda encontra-se velado – Batam palmas pra suas próprias risadas - O Espetáculo continua nas Palavras Vazias: Sinta o cheiro da busca que exala em você, verso que nos leva à estrada revolucionária de Sam Mendes - querer espaço pra não sufocar é, e sempre será, motivo para não desistir de trilhar um caminho que parecia impossível adentrar algumas décadas atrás. Make my day tem um refrão tão bom que merece ser a ‘música de trabalho’. O.C. www.myspace.com/bandabarbara

COMANDO ETÍLICO - S/T CD (RN)Tive a grata surpresa de presenciar, no Festival Dosol a apresentação do Comando Etílico, grupo de heavy metal de Natal. Não se trata de músicos iniciantes, até porque o vocalista Vall já advém de outras bandas de longas datas. Então, se você gosta de bandas como Dorsal Atlântica, Azul Limão, Taurus e outras dos anos 80, e que cantavam em português, vai realmente se deleitar com o que aqui é apresentado. Não arriscaria citar melhores faixas, porém, acho que Madame Pecado é uma das minhas preferidas, embora todo o cd tenha uma linearidade incrível, no bom sentido. Ou seja, se gostar da primeira faixa, com certeza gostará das demais. Se você se considera um headbanger dos anos 80, e que aqueles foram os melhores tempos que vivemos, pode correr atrás do cd, pois ele será como que mais um troféu em sua cdteca. O.S. www.myspace.com/comandoetilico

MADALENA MOOG - SAMBA PRO SEU DIA CD (PB) Samba Pro Seu Dia é o que Patativa Moog vem moendo pra formatar uma musicalidade fervorosa, brasileira e universal. As referências são postas num caldeirão só e daí decantadas em substâncias que atendem por samba-rock, maracatu, frevo e rock, ou seja, um produto extremamente pop apostando na busca de identidade. No total são doze faixas, mas nove são absolutas da nova fase. Títulos como “Ladeira da Bor-borema”, “Ela só gosta de Carnaval”, “O homem do doce”, “Quarta-Feira” e a faixa-título, denunciam o carnaval sonoro da MM. Uma constatação final: o resul-tado desse trabalho foi possível graças à perfeita sintonia dos músicos talentosos da banda formada por Edy Gonzaga (baixo e guitarra), Valter (guitarras), Emerson Pimenta (bateria), Rieg (teclados) e a dupla de sopros João Henrique e Mib. J.O. www.myspace.com/madalenamoog8

Betty57- ILEGAL, IMORAL E ENGORDA CD (SP) Começo dizendo que o CD de estréia da banda Betty57 é de uma música só. Dito isso, quero deixar claro que, ser de apenas uma música só não é para soar aqui de forma pejorativa, de jeito nenhum! Paulo Betty (guitarra e voz), Jones (baixo) e Samuel Frade (bateria) conseguem fazer isso sem o tornar enjoativo, esse é o grande mérito do trio. As músicas que compõem o primeiro trabalho são rock and roll em seu estado bruto: muda-se a métrica, mas a base tá lá! Certa feita perguntaram ao Chuck Berry se ele não se sentia prisioneiro de Johnny B. Goode e ele respondeu rindo: “Se esse música é uma prisão, por favor me arranjem outras!” Betty57 curte pra valer o que faz e se diverte fazendo o que mais gosta: rock and roll. Aumente o volume, pegue umas cervejas e afaste as cadeiras: Capitão Copacabana e os Reis do Qué Qué Qué, Shake baby Shake e Gokula Rosa Shoking – inspirada numa figura real da noite paulista – é só o começo da festa. A.S + O.C www.myspace.com/57betty

DIVINA COMÉDIA HUMANA - TUBO DE ENSAIO/LADO A CD (PB)Por mais difícil que pareça o importante é provar/Pedaço por pedaço/ Antes que falte ou permaneça um bom motivo pra juntar/Pedaço por pedaço... Esses são os versos que abre o primeiro trabalho da banda Divina Comédia Humana, Pedaço por Pedaço. Desde setembro de 2007 o quarteto compõe material próprio com influências não apenas do rock (Soundgarden/Stone Temple Pilots/Live) como também da música instrumental brasileira. As letras de José Carlos (bateria) ganha vida com Anderson Oliveira cuja voz passeia em nuances que vão de Zé Ramalho à um Scott Weiland menos gritado. Destaque também para Pé de Romã, que segue trilha floydiana com um gosto de Mais. O.C. www.myspace.com/bandadivinacomediahumana

LUCY AND THE POPSONICS – FRED ASTAIRE CD (DF)Androgenia, criatividade e humor são alguns ingredientes da receita imaginada por Pil e Fer Popsonic para Fred Astaire – que é um ícone de um mundo distante, onde as pessoas preferiam conversar cara a cara. O CD abre com Multitarefa, um eletro pop/rock delicioso que nada mais é do que um atestado dos nossos tem-pos trembalístico.com.br, onde quase nada satisfaz a quem está dentro dele, como também em Biff Bang Pop: a faixa encerra com uma sutil citação da Björk. A faixa Ziggy retrata e explicita outro ingrediente inspirador: o criador camaleônico, desde Alladin Sane (capa) à Earthling (sonoridade). Eu Vou Casar com um Cosmonauta é uma homenagem a 2001–Uma Odisseia no Espaço. Irresistivelmente dançante! O.C. www.myspace.com/ /lucyandthepopsonics

NAÇÃO CORROMPIDA - SEM CHAPAS DE CAMPANHA CD (PE) – Definitivamente o Hardcore não existe sem indignação, contestação, fúria e pancadaria. É o que Davi (voz), Alcides (guitarra), Neilson (baixo), Clécio (bateria) provam com o cd “Sem Chapas de Campanha”. Letras com o dedo na ferida como Sistema de Inclusão: Morticínio dia a dia/Vidas são descartadas/Se adeque ao sistema ou morra com o salário mínimo, mostra uma banda sem firulas e panfletária, metralhando ferocidade sobre a cidade de Recife. Um verdadeiro balsamo contra as frescuras emorrendas que assolam as rádios do país. Nação corrompida é o que há. Destaques também para as vinhetas, e também para Era uma vez um Topetinho e De Soldado a Coronel. A.S. www.myspace.com/nacaocorrompida

THE ROVERS – S/T EP (PB)Em seu primeiro registro sonoro The Rovers deixa muito claro o que quer fazer: hard rock. No início da música Pride se escuta um som de agulha no vinil: Essa é a vibe do trio da cidade de Guarabira, interior do Estado, formado por Vinicius Andrade (guitarra e voz), Thiago Tasca (baixo) e Marcio Freitas (bateria) desde 2002. Vê se me Deixa em Paz tem duas versões: português e inglês e as duas são boas! O vocal cai perfeitamente nos dois idiomas, algo que não se ouve todo dia. Ao vivo fazem uma versão muito boa de Sweet Home Alabama do Lynyrd Skynyrd. Rock!

El Mariachi

Enquanto isso na redação...

THRUNDA – PUNK ROCK NA VEIA! CD www.myspace.com/thrundaAo escutar o CD do quinteto formado no Ceará fiquei surpreso. Com influencias dos anos 70 e 80, os caras fazem um puta punk rock hardcore, além de ser uma gravação de primeira, a capa é muito bem feita onde se encontra um desenho dos caras tocando e no meio do pogo uma velhinha dando uma gravata num punk e segurando um taco de baseball. Não é à toa que o nome do CD (2007) é uma referencia a simpática e violenta velhinha. Já os temas das músicas giram em torno dos problemas que esse país vive e sempre viverá, pois quem governa é uma corja de ladrões e filhos da @#$. Os destaques ficam por conta de Manipulando e Rouban-do, Egoísta (música de Raul Seixas e Marcelo Motta) e Proibidos de Tocar. A banda tem um vídeo clipe de 2009 chamado Nunca Confie num Homem de Terno.

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MICROFONIA4

Atrás da porta verde Farenheit 451 A Caminho do Inferno

(Dangerous Tides). Direção de Brad Armstrong _ 100 minutos.

Esse filme marca o retorno da atriz Jenna Jame-son e que retorno! A história se passa num iate

que leva a bordo os vencedores de um concurso de rádio, alguns casais e muitas garotas gostosas.

O grupo passará o tempo todo do jeito que o diabo gosta, com várias cenas incríveis, inclusive uma que conta com a participação de um grupo de mariaches. Além de troca de casais, acontece também, uma fabulosa orgia entre sete garotas.

Só que que a festa não dura muito, pois o capitão, ao atender um pedido de SOS, acaba por resgatar

sem saber, uma quadrilha de ladrões que está atrás de uma valiosa carga, porém, quando se deparam com as deliciosas mulheres do iate,

eles mudam de idéia e resolvem traçar todas. Destaque para Melissa Hill, Missy e, é claro, Jen-na Jameson, que quando está em ação é perfeita!

G.F.

Tensão em Alto Mar 1º ANUÁRIO DE FANZINES, ZINES E PUBLICAÇÕES UGRA PRESSO lançamento do Anuário mapea o que alguns consideravam extintos: o fanzine impresso. São mais de 120 resenhas de publicações de todo o Brasil. Afinal, pensam alguns, com o advento digital, os blogs teriam substituído o formato em papel. O que alguns desconhecem é que o fan-zine não foi substituído, nem será. Ainda é uma das formas mais sinceras e verdadeiras de expres-sar o que não está na mídia oficial. Dizer que os fanzines restiram a transição do analógico para o digital é uma mentira, pois não foi preciso resistir e sim continuar a existir, como se nada tivesse acontecido. Não existe um resgate porque nada foi perdido e o anuário é uma simples e efici-ente constatação desse fato, a placa sinalizadora por onde deveremos seguir. Leitura obrigatória!

LOU REED – SESC Pinheiros 21/11/2010Por que um compositor com tantas músicas de melodias memoráveis e adoradas mundo afora resolve fazer uma turnê com o seu trabalho mais odiado pela imprensa e fãs? A resposta é óbvia caro leitor: Porque esse com-positor chama-se Lou Reed. Lewis Allen Rabinowitz, nascido no Brooklin, é mais que um compositor, é um maestro. Lou Reed sabia exatamente o que fazia quando lançou Metal Machine Music em 75 com apenas quatro músicas e cerca de 64 minutos de duração. E ainda sabe depois de 35 anos. Nesse show acompanhado de dois músicos que ele rege todos os movimentos, além de produzir os sons de suas guitarras de diferentes tim-bres, afinações e distorções. É simplesmente fascinante ver alguém comandar algo com tanta destreza e pre-cisão aos 68 anos. Os desavisados, que logo deixaram o teatro do SESC Pinheiros, perderam uma versão de I’ll Be Your Mirror do Velvet Underground no final. Tommy Keene disse no #1 desse jornal que “Lou Reed não tem medo de escrever sobre nenhum assunto”, as-sim como não teve medo de expor o que queria quan-do se tornou um fazedor de barulhos inspiradores por décadas. Thurston Moore (Sonic Youth) que o diga!

Foto

Raf

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Primeiro álbum que comprouHatful of Hollow - The Smiths Música que sabe a letra de corO FIM - Rotten FliesÁlbum antigo que ouve até hojeA Hard Day’s Night - The Beatles Uma música que está no seu Top 5A Day In The Life - The BeatlesÁlbum que define o punkRocket to Russia - RamonesÁlbum subestimado que todos deveriam conhecerTestament Live In London - o dvd é muito foda!Música do diaYou Ain’t Got A Hold On Me - AC/DC

No momento eu...LEIO: Diálogo com as sombras - Hermínio C. MirandaESCUTO: AC/DC todo dia no carroASSISTO: Guidable - Ratos de PorãoRECOMENDO: ter calma

PERFIL: CECILIO CARTHAGENES

Não Vamos a La Playa

A Música Urbana é uma loja de discos. Isso, quase todo mundo sabe. O que alguns desconhe-cem é que passou a acontecer de forma natural uma espécie de happy hour no final de tarde da sexta-feira. A música se estende durante os sába-dos quando uma galera se reúne para trocar idé-ias e ouvir rock. Atualmente o rock divide espaço com o pessoal do chorinho na Praça Rio Branco durante os sábados. Convivência harmoniosa de vizinhos. Além de ouvir boa música,você ainda se diverte com as figuras que aparecem para contar histórias ou mostrar alguma novi-dade musical. Rua Visconde de Pelotas, 138 Loja B Centro - João Pessoa. Tel: 30423212

Editorial- Quanto mais tento entender me-nos compreendo como nunca li nenhuma en-trevista da banda SHOCK, puta injustiça que agora graças a um cidadão potiguar foi des-feita. Brincadeira à parte, os paraibanos cos-tumam negligenciar os artistas da terra, prin-cipalmente se tocam rock, infelizmente isso não é nenhum previlegio nosso, até o Stray Cats teve que sair de NYC para ser reconhe-cido. Fugir do estigma é o alvo e resenhamos bandas do Ceará, DF, Rio Grande do Norte e Paraíba, é claro! Se existisse bandas em Marte estariam aqui também. Olga conferiu show de Lou Reed e viajou nas microfonias. Quer mais alienígena que isso? Cachalote não é desse mundo e definitivamente temos a cabeça na lua por acreditar que esse jor-nal vai nos levar a algum lugar mesmo que seja para Nutopia. Nessa viagem, você de-savisado leitor é o nosso passageiro princi-pal, aperte o cinto, o piloto ainda não sumiu!