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MÚSICA .FILME .HQ .SHOW Ano 2 nº 10 João Pessoa, setembro 2012 O que dificulta é a questão de espaço... Defina valorizado... Lawrence - Valorizado pela galera da cidade, compa- recer nos shows... Você disse no Informativo da Cactus Discos em 2000... Lawrence - Você está parecendo Ana Hickman: Você falou para a revista Contigo... (risos). ...onde fiz uma entrevista com a Comedores, e você falou assim: atualmente João Pessoa está muito parada... às vezes o pessoal vai aos shows, mas não entra, arruma dinheiro pra beber, mas não paga três reais num show... talvez seja o momento, deu uma decrescida e vai crescer de novo. Lawrence - De 2000 até 2009, piorou muito. Começou a melhorar de 2010 pra cá. Teve tempo que a gente tocou apenas uma vez no ano! Tava tudo tão em baixa que não tinha show, não tinha porra nenhuma! Principalmente porque se valorizava mui- to as bandas que faziam cover, isso foi uma merda! Teve um show uma vez que tinha três Nirvana cover numa noite só! “Aos Mortos” é um apanhado do que a banda já fez ou é tudo inédito? Lawrence - Não é um disco conceitual. É uma Distribuição gratuita Comedores de Lixo - Aos Mortos e Aos Vivos No processo de fabricação do vinho, existem várias etapas: colheita, esmagamento, fermentação, afinamento, envelhecimento e engarrafamento. Aí você me pergunta: “E daí? O que isso tem a ver com os Comedores de Lixo?” Eu respondo: Tudo! Nos confins do conjunto habitacional, Presi- dente Costa e Silva, assistindo aos ensaios da Rotten Flies, três moleques sem grana e com muita força de vontade deram início a uma jornada que já dura 16 anos. Com o passar do tempo, a banda foi mudando de formação, chegando ao ponto que culmina na sua melhor fase, o lança- mento do seu debut, intitulado Aos mortos. Aqui você confere um bate-papo no qual a banda nos brinda com sua persistência e honestidade. Saúde! Foto: Olga Costa Como está essa formação nova? É como começar de novo? Lawrence - Da formação mais antiga, só tem eu e Beto. Não é começar de novo, é continuar. Cada for- mação é um aperfeiçoamento, cada componente que entra vem com uma influência diferente, mas a gente mantém a nossa linha de som. Marcel, você já conhecia a banda, mas como foi ter que pegar todas as músicas em tão pouco tempo? Marcel - Até agora, ainda estou no processo de pegar as músicas! É música pra caramba! (risos). Tem hora que dá um branco e esqueço, mas é normal. Isso é só com tempo, mas, quando começam a dizer que vão chamar Anselmo de volta, só falto ter um ataque! (risos). Foi você que criou a Comedores de Lixo? Lawrence - A Comedores de Lixo foi criada da se- guinte maneira: ensaiava na serigrafia de Jader, na Rua da Areia, a Rotten Flies. Quase toda semana, ía- mos assistir ao ensaio. Já conhecia a banda do Costa e Silva, ainda com Neto na guitarra. Eu era muito amigo de Jorge, estudava na Escola Técnica, e con- hecemos Jader através de Beto. Daí a gente resolveu formar uma banda comigo no vocal, Jorge no baixo, Edvan na bateria e Jader na guitarra, a Ugly Duck. Nosso primeiro show foi no II Escarro Sonoro... Vi vocês tocando pela primeira vez no Vox Odiun, no Cilaio Ribeiro... Lawrence - A gente passou um ano tocando com essa formação... Ugly Duck já era hardcore? Lawrence - Sim, mas não tinha ideologia nenhuma. As letras eram sexistas, e a gente nem sabia o que era isso na época (risos)! Tinha uma letra que dizia: Glória era a puta mais gostosa da cidade. As letras eram do Jader. Nessa época, não tinha o lance do movimento punk caindo em cima dessas coisas, de- pois começou a ficar mais forte aqui em João Pessoa, e começou o policiamento. Depois disso, deu uma es- friada, e resolvemos formar outra banda. Dessa vez, seria hardcore com letras politizadas, sem sexismos, que tava com todo caralho aqui, o pessoal criticava muito o Matalamão (PE), que tinha vindo tocar aqui, caiu de pau. A Comedores de Lixo existe há 16 anos. O que fa- cilita e o que dificulta? Qual a ressonância do trab- alho da banda depois de tanto tempo? Lawrence - O que facilita é saber que já temos uma estrada, uma trajetória. É ter seu trabalho valorizado.

Jornalmicrofonia#10

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MÚSICA .FILME .HQ .SHOWAno 2 nº 10 João Pessoa, setembro 2012

O que dificulta é a questão de espaço...Defina valorizado...Lawrence - Valorizado pela galera da cidade, compa-recer nos shows...

Você disse no Informativo da Cactus Discos em 2000...Lawrence - Você está parecendo Ana Hickman: Você falou para a revista Contigo... (risos).

...onde fiz uma entrevista com a Comedores, e você falou assim: atualmente João Pessoa está muito parada... às vezes o pessoal vai aos shows, mas não entra, arruma dinheiro pra beber, mas não paga três reais num show... talvez seja o momento, deu uma decrescida e vai crescer de novo.Lawrence - De 2000 até 2009, piorou muito. Começou a melhorar de 2010 pra cá. Teve tempo que a gente tocou apenas uma vez no ano! Tava tudo tão

em baixa que não tinha show, não tinha porra nenhuma! Principalmente porque se valorizava mui-to as bandas que faziam cover, isso foi uma merda! Teve um show uma vez que tinha três Nirvana cover numa noite só!

“Aos Mortos” é um apanhado do que a banda já fez ou é tudo inédito?Lawrence - Não é um disco conceitual. É uma

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Comedores de Lixo - Aos Mortos e Aos Vivos

No processo de fabricação do vinho, existem várias etapas: colheita, esmagamento, fermentação, afinamento, envelhecimento e engarrafamento. Aí você me pergunta: “E daí? O que isso tem a ver com os Comedores de Lixo?” Eu respondo: Tudo! Nos confins do conjunto habitacional, Presi-dente Costa e Silva, assistindo aos ensaios da Rotten Flies, três moleques sem grana e com muita força de vontade deram início a uma jornada que já dura 16 anos. Com o passar do tempo, a banda foi mudando de formação, chegando ao ponto que culmina na sua melhor fase, o lança-mento do seu debut, intitulado Aos mortos. Aqui você confere um bate-papo no qual a banda nos brinda com sua persistência e honestidade. Saúde!

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Como está essa formação nova? É como começar de novo?Lawrence - Da formação mais antiga, só tem eu e Beto. Não é começar de novo, é continuar. Cada for-mação é um aperfeiçoamento, cada componente que entra vem com uma influência diferente, mas a gente mantém a nossa linha de som.

Marcel, você já conhecia a banda, mas como foi ter que pegar todas as músicas em tão pouco tempo?Marcel - Até agora, ainda estou no processo de pegar as músicas! É música pra caramba! (risos). Tem hora que dá um branco e esqueço, mas é normal. Isso é só com tempo, mas, quando começam a dizer que vão chamar Anselmo de volta, só falto ter um ataque! (risos).

Foi você que criou a Comedores de Lixo?

Lawrence - A Comedores de Lixo foi criada da se-guinte maneira: ensaiava na serigrafia de Jader, na Rua da Areia, a Rotten Flies. Quase toda semana, ía-mos assistir ao ensaio. Já conhecia a banda do Costa e Silva, ainda com Neto na guitarra. Eu era muito amigo de Jorge, estudava na Escola Técnica, e con-hecemos Jader através de Beto. Daí a gente resolveu formar uma banda comigo no vocal, Jorge no baixo, Edvan na bateria e Jader na guitarra, a Ugly Duck. Nosso primeiro show foi no II Escarro Sonoro...

Vi vocês tocando pela primeira vez no Vox Odiun, no Cilaio Ribeiro...Lawrence - A gente passou um ano tocando com essa formação...

Ugly Duck já era hardcore?Lawrence - Sim, mas não tinha ideologia nenhuma.

As letras eram sexistas, e a gente nem sabia o que era isso na época (risos)! Tinha uma letra que dizia: Glória era a puta mais gostosa da cidade. As letras eram do Jader. Nessa época, não tinha o lance do movimento punk caindo em cima dessas coisas, de-pois começou a ficar mais forte aqui em João Pessoa, e começou o policiamento. Depois disso, deu uma es-friada, e resolvemos formar outra banda. Dessa vez, seria hardcore com letras politizadas, sem sexismos, que tava com todo caralho aqui, o pessoal criticava muito o Matalamão (PE), que tinha vindo tocar aqui, caiu de pau.

A Comedores de Lixo existe há 16 anos. O que fa-cilita e o que dificulta? Qual a ressonância do trab-alho da banda depois de tanto tempo?Lawrence - O que facilita é saber que já temos uma estrada, uma trajetória. É ter seu trabalho valorizado.

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EXPEDIENTE

Editores Responsáveis:

Adriano StevensonOlga Costa(DRT – 60/85)

Colaboradores:Josival Fonseca/Beto L./Erivan Silva/Joelson Nascimento

Editoração:Olga Costa

Ilustração:Josival Fonseca

Revisão: Juliene Osias Anúncios:(83)3512 2330

E-mail:[email protected]

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Twitter:@jmicrofonia

Tiragem:3.000 exemplares

Todos os textos dos nossos colabora-dores são assinados e não necessari-amente refletem a opinião da redação.

evolução... a nossa primeira demo tape foi Fator de Repressão num estúdio que tinha Williard, Wilhelm e Peixe nos Bancários. O primeiro CD foi a Velha Seca em CD-r, depois veio a coletânea Farinha, Hardcore e Rapadura, primeiro material prensado da banda. Depois veio De Deus e dos Homens, já com Klaton na guitarra. Nos créditos desse novo CD, tem todas as músicas compostas pela Comedores e Kla-ton Lins, porque ele compôs todas as músicas desse CD antes de deixar a banda. Roninho assumiu a gui-tarra, e começamos a procurar um baixista, e Ansel-mo veio gravou as músicas e depois foi embora para Portugal. Só fez gravar o CD e saiu! Nada antigo foi aproveitado, só tem músicas inéditas.

Por que “Aos Mortos”?Lawrence - Não se faz disco ao vivo? Então, re-solvemos fazer um disco chamado “Aos Mortos”. Junto com Nildo, a gente foi criando as ideias, a pla-teia toda de caveiras e por aí foi. É uma espécie de antônimo.

Nildo Gonzales fez a diferença na produção do CD Aos Mortos?Lawrence - Sim! Nildo acompanhou os ensaios, a pré-gravação, a gravação. Até nas letras ele também ajudou, discutiu comigo, entonações, etc. Ajudou muito Beto na bateria... a presença de Nildo foi mui-to forte nesse nosso trabalho.Roninho - No underground, não estamos acostuma-dos com a figura do produtor. Muitas vezes, achamos ser irrelevante, mas foi bem legal. Foi a primeira vez que trabalhei com um produtor!

A capa é bem Misfits... quem foi que fez a arte da capa?Lawrence - Foi Jansen Baracho, de Natal, ele de-senha muito bem! Além de gostar de hardcore e des-sas paradas meio “walking dead”.

Como foi fazer Aos Mortos?Lawrence - A gente estava sem gravar desde 2008. Daí paramos para compor o CD novo, não tínhamos capa, nada ainda. Foi quando Klaton foi para Natal, e aí ficávamos eu, Beto e Roninho fazendo as músicas.Beto – No início, a gente deixou nas mãos dele, mas teve uma hora que foi preciso chegar no cara. No fi-nal, deu tudo certo.Roninho - Tem um lance engraçado: é que Lawrence fazia as músicas no beatbox. Ele gravava no trabalho dele e trazia pra gente ouvir e passar pra guitarra (risos).Lawrence – Já penso numa base. Hoje em dia, como tem o celular, gravo a ideia cantando a base. Um cara que estava lá no estúdio disse: “Meu amigo, quando faço isso a galera diz que sou abestalhado!” Pois eu faço direto, já deve ter umas dez músicas gravadas nesse celular. É muito bom, principalmente porque não tenho um violão em casa...

Qual foi a música que deu mais dor de cabeça nesse disco?Beto – Fins Lucrativos...Lawrence – A gente gravou e acabou descartando...Roninho – Não gravamos com metrônomo.

Quais as que vocês gostam mais?Roninho – Inimigos, acho muito foda!Lawrence – Herança, Alianças do Medo e Criança Soldado, gosto muito dessas três músicas.Marcel – Herói e Criança Soldado.

A criação é um lampejo ou é um trabalho braçal?Lawrence - Na maioria das vezes, a ideia vem quan-do estou dentro de um ônibus, no trabalho... quando vem uma ideia, escrevo. Nesse CD agora, muitas le-tras escrevi pensando na base que já tava pronta, mas a maioria das músicas anteriores veio do nada! É raro conseguir parar para pensar num tema, e, quando

isso acontece, sai uma merda! (risos).

Você já pensou em sair desse tema contestatório?Lawrence - Não. Até mesmo porque eu acho que o hardcore tem a ver com isso, de você expor a sua indignação. Tenho meu trabalho, mas não é por conta disso que vou deixar de ter a minha visão da reali-dade que é fudida! E eu não acho bom não, velho! Tem até uma letra que escrevi uma vez, mas nunca usei, que é assim: quando um dia estiver tudo mara-vilhoso/vou falar de amor. Mas não dá pra falar de amor agora, não, tem muita coisa triste. O hardcore está totalmente ligado a isso aí, não tem como se des-vincular.

Se alguém chegasse pra você e afirmasse que, ape-sar de fazer um som rápido, pesado, com letras politizadas, vocês não são hardcore. Em que isso afetaria?Lawrence - Eu perguntaria: o que é hardcore pra você? O hardcore está na minha cabeça. É meu jeito de viver, de pensar. Não tem nada a ver com questão social ou financeira. Não adianta você falar um mon-te de coisa e viver justamente o contrário. Eu vivo dentro do sistema, não posso dizer que sou contra, mas vou ter a minha maneira de viver.

Quem você destaca no cenário de bandas hoje?Lawrence - Aqui tem muita banda legal! Aqui ainda tem uma cena forte nessa linha de som pesado. Tanto no metal como no hardcore. Destaco a banda E.R.R.O., gosto muito da Fucinho de Porco, Disacu-sia, No One Answers, Noskill, Madrecita.

O que você espera dessa fase nova da Comedores de Lixo?Lawrence - Aos Mortos é o primeiro disco oficial. Provavelmente, a gente não vai tirar o que investiu, mas era algo que a gente esperava muito. O interes-sante é você poder lançar um material pelo que os outros acreditam! A música é a nossa válvula de es-cape! Não queremos viver de música. O mais in-teressante da música é poder criar. Quando pensamos em lançar o CD, não pensamos em tirar o investi-mento, mas a questão de criar é que é foda e dizer: isso aqui quem fez fomos nós! Goste quem gostar! Não foi outra pessoa que fez, foi a gente. Isso é o mais importante. E, muitas vezes, quando o estresse bate, fazer música é isso...

Se vocês não fossem lançar Aos Mortos prensado, seria um problema lançar em CD-r?Beto – Quando a gente ficou sem selo, pensamos o seguinte: vamos arrumar três selos. Pensamos em Klaton, Jorge... e vamos lançar em CD-r. Daí eu falei: eu prefiro que a gente faça um envelope com o CD prensado do que ter uma capa fuderosa e um CD-r dentro. Lawrence – A gente fez um investimento nesse CD e lançar em CD-r seria o mesmo que morrer na praia!Roninho – Tem o lance da durabilidade também. O CD-r, com um ano, ele começa a descascar, o CD prensado tem um tempo de vida maior.

EDITORIAL

Sorrisos amarelos, concessões – não fazemos isso, nós fazemos aquilo em que acreditamos. E acreditamos no veículo im-presso que se encontra em sua mão. Como não temos nenhuma amarra governamental, escrevemos e publicamos o que nos dá na telha, só seguimos a regra do português. Em outras palavras, não desaportuguesamos a língua pátria porque agora nós temos uma revisora que usa métodos de correção que a própria aprendeu em Guantánamo... Neste número, a prata da casa e também a mais nova aquisição do selo Jornal Microfonia, Comedores de Lixo. Joelson Nascimento entra para o time do Jornal Microfonia em grande estilo e fala dos heróis Marvel zumbi-ficados no Zumbilândia. A família Jornal Mi-crofonia está crescendo também com novos parceiros, e isso é só o começo! Boa leitura!

Quais os planos futuros?Roninho – De imediato, tocar para divulgar o CD! E, quando chegarmos aos vinte anos, estamos pen-sando em fazer umas regravações.

O que você acha que a Comedores de Lixo não deveria ter feito?Lawrence - Nada, acho que tudo o que a banda fez foi bem feito. Não tenho nenhum arrependimento. Já teve atitudes pessoais que hoje eu me arrependo, mas, quando a gente é imaturo, faz algumas coisas nada a ver...

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Zumbilândia - Com grandes poderes vem grande fome

GUERRA URBANA D-BEAT - EXTERMINIO, GANÂNCIA E PODER CD (PE) Se eu não tivesse visto a ficha técnica, juraria que esse CD foi gravado em 1986, pois o som é aquele hardcore cru, bateria seca, guitarra a La barbeador elétrico e baixo grave, o que não compromete de forma alguma o CD. Pois do que adianta uma gravação magistral se você não tem boas músicas? As letras são metralhadoras giratórias, descrevendo todos os problemas que esse povo brasileiro sofrido enfrenta. O legal do som hardcore é que você pode até se enganar, mas você não vai enganar quem realmente gosta do estilo. Formada por Fernanda (vocal), André (vocal), Netto (guitarra), Flávio baixo e Allan bateria, os vocais são bem comuns, incluindo até a bela desafinada de Fernanda em algu-mas passagens. Os destaques ficam por conta de “Prisão Domicili-ar” e “Guerra Urbana. B.L. www.myspace.com/guerraurbana12

MADALENA MOOG PHILIPEIA EP CD (PB) Uma singe-la homenagem pop a Jampa. Um belo retrato musical do cantor, compositor e multi-instrumentista Antônio Patativa. Percorreu o caminho batido desde suas descobertas college rock até a foz do mar imenso da música popular brasuca. Um evidente amadu-recimento partilhado com Valter Pedroza (guitarras), Jansen Carvalho(baixo) e Emerson Pimenta (bateria) que dão definição à banda como agulha e linha fiando no colorido tecido. Esse EP, composto por sete faixas, é uma extensão do trabalho anterior. Foi produzido e gravado no estúdio Peixe-Boi com destaques para as músicas “Ela só pensa em namorar”, com a levada mais samba-rock de todas; fez de “Bifurcação” uma versão clean e curta, emprestada da banda rock Musa Junkie. O fato conclusivo: seu namoro com o samba rock virou casamento. Ou será com o rock samba?! Enfim, a Madalena Moog despiu-se da inocência e botou o seu melhor vestido de passeio. Despojada, faceira e melindrosa, com caras e com bocas. J.O. www.myspace.com/madalenamoog8

ALBA SAVAGE S/T EP VIRTUAL (PB) Com uma capa mais carnavalesca do que glam, a nova empreitada dos irmãos Wilhelm Hansen e Williard Scorpion tem a alcunha de Alba Savage. Oriundos de bandas como Medicine Death, Bona Dea e Dissidium (apenas Williard era membro), eles se juntaram a Diego Nobrega (guitarra/backing vocals) e Jr. Punk (bateria). Dessa feita, o quarteto difere de suas antecessoras, pois o flerte

El Mariachi

A série Zumbis Marvel surgiu aqui no Brasil na finada revista Marvel Max. Mas, antes dis-to, uma história publicada na também finada Marvel Millennium Homem-Aranha (Ulti-mate Fantastic four 21, lançada em 2003), o quarteto Fantástico em sua versão Ultimate, encontram a terra em 2149 (isso mesmo, a Marvel também tem suas terras paralelas, assim como a DC) e encontram uma versão zumbificada do universo Marvel. A história foi escrita por Mark Millar, e a ideia foi bem aceita pela Marvel, surgindo, assim, a série “Marvel Zombies”. Desta vez, escrita por Robert Kirkman, criador e escritor da série The Walking Dead, publicada pela Imagecom-ics desde 2003 e que hoje faz grande sucesso

com o Hair Metal com laquê é latente. Mas, é claro, as influên-cias não se limitam ao estilo citado, a bagagem sonora da banda se faz presente em cada riff, que, mesmo sendo alguns clichês, não compromete o resultado final, por sinal, pouco explorado dentro dessa seara. No EP de estreia, apenas com quatro músicas, o entrosamento é evidente, apesar do pouco tempo de formação. Destaques para Shine On e Spellbound, que tem passagens bem ao estilo do Whitesnake. A.S. www.myspace.com/albasavage

NÃO CONFORMISMO – BASTA! CD (RJ) Falar do Não Conformismo é falar de hardcore old school e ouvir coros unís-sonos, dedos apontados para o alto, como se a indignação fosse sair pelas mãos! Sim, caro leitor, essa banda consegue fazer o ouvinte não ficar parado, mesmo que seja com um leve balan-çado de cabeça. Esse quinteto de Macaé-RJ começou nos anos 90, lançaram a demo tape Famintos por Liberdade e depois de um tempo, que durou aproximadamente uns dezoito anos, a banda voltou e gravou o CD Basta! Formada por Alex (guitarra), Fe-lipe (baixo), Fred (vocal), Marlon (guitarra), Sidarta (bateria), nos presenteia com um petardo com letras e som que a muito se faz falta, produzido pelo ex-Dead Fish, Hóspede, que segun-do Alex em entrevista para o FMZ (www.feiramodernazine.com) disse que ele “é o cara!” Se você gosta de Sociedade Ar-mada, Ação Direta, Lobotomia, essa é uma banda que vai en-trar na sua lista. A.S. www.facebook.com/NaoConformismo

KOPOS SUJUS - OS TÍMIDOS MENINOS DO UNDER-GROUND EP CD (RJ) Impossível não associar Kopos Sujus com birita, o nome de cara entrega, e pra a coisa ficar mais api-mentada, a diluição é feita com punk rock. São quatro músicas, na qual a ultima, I kill spies é um cover do Agent Orange do disco This is the voice de 1986. A primeira, Sujeito Homem, tem uma influencia oitentista, que lembra uma banda paulista chamada Crime, Os Tímidos Meninos Do Underground, a terceira do ál-bum é rockabilly no tutano. Alexandre bolinho (voz e guitarra), Davi Duarte (bateria) e Marcelo Ramones (Baixo e backing vo-cal), sacam a manha de fazer punk rock pra beber e dançar, segun-do alguns informantes, quando forem lançar o próximo CD, eles irão pagar bebidas para todos. Faz jus ao nome da banda, então que venha o próximo. Amém! A.S. http://kopossujus.com.br

como série de TV. Este cara é considerado por muitos admiradores do gênero, o George Romero atual dos zumbis. Os desenhos são de Sean Philips, e as capas, de Arthur Suydam. Na série zumbis Marvel, praticamente todos os heróis são transformados em zumbis. Tudo começa quando a Sentinela (finado herói tam-bém) é atingida por um clarão no céu. E, ao voltar para a Terra, infecta os vingadores e os transforma em zumbis. A partir daí, os heróis começam a devorar todo o universo Marvel. Este é apenas o início de toda a loucura. Um dos pontos altos da série é o humor negro e as belas capas que fazem referências às grandes sagas do universo Marvel e a filmes famosos. Pra se ter ideia, tenta Imaginar o

Homem-Aranha “morrendo” de remorso por ter literalmente comido Mary Jane e a tia May! O Capitão América passa toda a série faltando metade da cabeça, e o Hulk, que de-vora tudo que vê pela frente, ao voltar a ser Banner, não comporta na barriga tudo que comeu. A fome dos heróis é tão grande que eles chegam a comer o próprio Galactus. A saga dos zumbis Marvel foi tão bem aceita que chegaram a ser produzidas cinco séries, inclusive um encontro entre os “heróis” e Ash (Isso mesmo, aquele interpretado por Bruce Campbell no clássico The Evil Dead de Sam Raimi). Sem sobra de dúvidas, Marvel Zumbis é uma das séries mais legais que a Marvel já produziu nos últimos tempos!J.N.

E.R.R.O. - Um erro que culmina no rock & roll. É assim Extreme Rock & Roll Over – um dos significados para a junção das letras E.R.R.O. – o mais novo projeto que surge dentro do cenário musical de João Pessoa, criado e idealizado por Adriano Stevenson (guitarra), conhecido por seu trabalho junto à Rotten Flies, como também, nas bandas de sua cidade de origem (Natal), como a Devastação e Discarga Violenta, nos anos 80/90. Além de Adriano, a banda conta com André Livramento (vocal), que, em passado recente, representou a Paraíba em alguns festivais fora do Estado, com a sua banda Psicocedim e contribui na percussão do Nação Maracatu Pé de Elefante desde 2007; Degner (baixo), de currículo extenso, tocou em diversas bandas, como Dead Nomads, Caronas do Opala e La Gambiaja, além de ter diversos projetos musicais com os quais se apre-senta na noite, tocando clássicos do rock; Elmon (bateria), o fundador da banda Elmon, que, du-rante cinco anos, tocou em diversos locais e em cidades vizinhas, registrou composições próprias num CD lançado em 2010 e atualmente toca na Retroline. Todas essas influências e experiên-cias dos integrantes conspiram para que o som da E.R.R.O. tenha personalidade já no primeiro momento de sua existência, criando uma sonoridade que oscila entre o punk rock e o hardcore. (83) 3042 3212

Quase Famosos

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Amor à Queima Roupa Atrás da Porta VerdeCONFISSÕES AO TAXIS-TA (DRIVE) 2006 VIVID VIDEO.Se tem uma produ-tora que lança filmes bons, é essa! Estrelado por Savanna Samson (que fez a refilma-gem de O Diabo na Carne de Miss Jones, tendo arrebatado o AVN de 2006 de melhor atriz), esse filme se destaca por ser leve, cuja história poderia acontecer em qualquer lugar. O filme trata da vida de uma mulher dedicada à família que, ao chegar em casa, encontra seu marido com uma garota de programa, mas, com muita insistência, o marido con-vence a esposa a participar da brincadeira. Depois disso, ela pega um táxi e, no de correr da viagem, começa a relatar ao taxista o que aconteceu. Depois de todo o ocorrido, ela se torna uma taxista, que, ao pegar uma corrida com duas garotas, presencia uma cena de sexo entre as duas. O filme tem uma surpresa no final, mas só assistindo pra descobrir. B.L.

- Baixa essa porcaria, menino, senão, chamo seu pai. Esse era o mantra que escutava minha mãe dizer quando colocava, no som 3 em 1 da sala, o disco da famigerada banda punk oi, Garotos Podres, formada no final de 1982 na cidade de Mauá, cidade que faz parte do grande ABC paulista. Mais Podres do que Nunca, lançado em 1985 pelo selo Rocker, foi o disco que entortou minha vida. Quando escutei, foi como eletricidade! Vi ali uma oportunidade de fazer algo... pensava: se eles conseguem, eu também consigo. A guitarra som de campainha era o chama, e as letras, uma ingênua e sincera ode ao inconformismo, ao con-trário das produções pasteurizadas do ano. Foram ini-cialmente prensadas 4000 cópias, e, em 1985, o disco começou a ser distribuído pelo selo Lupsom, atingindo a marca de 50.000 cópias vendidas (um recorde para um LP independente). Acredito que hoje, com o CD, já vendemos 250.000 cópias, disse o baixista da banda Michel Stamatopoulos, também conhecido como Suka-ta. O disco também impulsionou o movimento punk oi: mesmo que os garotos dissessem que não faziam oi mu-sic, e sim rock de subúrbio, O LP, na verdade, era uma demo tape de 14 músicas, tendo sido 11 aproveitadas, e as três restantes não entraram por falta de qualidade. Outro causo que existe No Mais Podres Do Que Nunca: para burlar a censura, a banda modificava o título das músicas. Papai Noel Filho Da Puta virou Papai Noel Velho Batuta, e Maldita Polícia virou Maldita Preguiça. Mais uma música ainda entrou na lista da censura, Johnny, que, aliás, virou título de um livro lançado pelo baixista da banda. Hoje, raramente, um disco me emo-ciona tanto! Um clássico do punk rock brasileiro.A.S.

Disseram que o mundo iria acabar em 2012, certo?! Não. Errado! “O mundo ainda não acabou.” É com esta premissa que o Coletivo WC (http://coletivowc.com.br) lançou, no último dia 21 de julho, a “Sanitário # 01”. Co-letânea de HQs inéditas dos quadrinistas que participam do blog. A edição de estreia conta com nove destes e tem como convidado especial o cartunista mineiro Ryot, cujos trabalhos podem ser conferidos em http://ryotiras.com. Formado por paraibanos nascidos ou radicados no Estado, o Coletivo WC iniciou as atividades em 24 de julho de 2010, com HQs e tiras na grande rede. O nome faz alusão à sigla norte-americana para banhei-ro (water closet) e, ao mesmo tempo, define-se como web comics, suporte no qual se iniciou a jornada, surgindo, dois anos depois, a nova cria, agora impressa.Embora seus autores tenham seus blogs particulares, iniciativas como esta com grupos de quadrinistas já é bem comum na internet e tem dado certo mundo afora, onde o conjunto tem mais poder de interação e divulga-ção. A proliferação dos “blogspots” e “wordpress” vem como ferramentas facilitadoras de acesso e manuseio, servindo como um cartão de visitas para os novos artis-tas, que, de certa forma, começam amadoramente e, ao longo do tempo, consolidam-se na criação e amadureci-mento de suas ideias. Fazendo uma comparação, o blog de forma virtual funciona hoje como os fanzines xeroca-dos de antigamente e ainda existentes, mas que anterior-mente tinham maior poder antes do advento da internet.A Sanitário está programada pra ser anual, mas o coletivo pretende outras ações no sentido de [ Tro-quei “para” por “no sentido de” apenas para evitar a repetição excessiva que havia da palavra “para” neste parágrafo.] difundir os quadrinhos paraibanos. Ponto mais do que [ Troquei “pra lá de” por “mais do que” apenas para evitar a repetição excessiva que havia da palavra “para” neste parágrafo.] positivo para que des-pertem novos talentos e novas propostas, ampliando o leque de novos autores. Para adquirir a revista, o contato pode ser através do blog, Facebook ou pelo e-mail [email protected]. E que venha a próxima Sanitário! Alguém arriscaria o próximo tema? Zumbis, mensalão, planeta Marte? Façam suas apostas.J.F.

Sanitário # 01 – Independente16,5x25,0 cm,

40 págs. Preto & Branco, R$ 10,00

Enquanto isso, na redação...

E o Vento Levou

SelO jORNAl MICROFONIA Apresenta:

Rotten Flies Comedores de Lixo

Estamos apenas começando...