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Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de Lorena - EEL-USP José Francisco Ferreira Junior Aplicação de um Kaizen a um escritório de projetos industriais Lorena 2012

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Universidade de São Paulo

Escola de Engenharia de Lorena - EEL-USP

José Francisco Ferreira Junior

Aplicação de um Kaizen a um escritório de projetos industriais

Lorena

2012

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José Francisco Ferreira Junior

Aplicação de um Kaizen a um escritório de projetos industriais

Projeto de monografia apresentado à

Escola de Engenharia de Lorena - EEL,

como requisito para a conclusão do

curso de graduação em Engenharia

Industrial Química.

Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio

Pereira

Lorena

2012

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, aos meus filhos, e principalmente à minha esposa, pois,

sem seu apoio e incentivo, nada disso seria possível.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, por sempre apoiarem minhas decisões.

Agradeço aos meus filhos, por entenderem que o tempo que não era

dedicado a eles não foi em vão.

Agradeço a minha esposa, que tanto me apoiou e incentivou, mesmo no

momento mais triste de nossa vida, em que minha paciência e ânimo estavam se

esgotando.

Agradeço aos amigos, com quem pude compartilhar várias horas de

estudos, e sem as quais meus objetivos não seriam alcançados.

Por fim, agradeço aos meus professores que, além de fazerem parte da

minha vida acadêmica, deram todo o apoio necessário quando precisei.

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"Há um tempo em que é preciso

abandonar as roupas usadas,

que já tem a forma do nosso

corpo, e esquecer os nossos

caminhos, que nos levam

sempre aos mesmos lugares. É

o tempo da travessia: e, se

não ousarmos fazê-la, teremos

ficado, para sempre, à margem

de nós mesmos"

Fernando Pessoa

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RESUMO

Este trabalho visa mostrar como foram aplicados alguns princípios da filosofia

Lean Manufacturing ao ambiente administrativo para a solução de um problema.

Para tanto, foi feito um estudo de caso com a utilização das seguintes

ferramentas: Mapeamento do Fluxo de Valor, Programa 5S, Trabalho Padrão e

Kaizen, com maior foco nesta última. Todas as ferramentas propostas, bem como

a sua interação, foram embasadas pela literatura, com exemplos práticos de

utilização das mesmas. Por fim, a implementação de tais ferramentas preparou o

caminho para evitar a repetição do erro, além de ter criado uma metodologia para

sustentar as ações decorrentes desta implementação.

Palavras-chave: Lean Manufacturing, ambiente administrativo, Kaizen.

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ABSTRACT

This paper aims to show how some principles of Lean Manufacturing philosophy

were applied to an administrative environment to solve a problem. To do end, a

study case was made using the following tools: Value Stream Mapping, 5S

Program, Standard Work and Kaizen, with greater focus on the latter. All the

proposed tools, as well as their interaction, were based on literature, with real

examples of their using. Finally, the implementation of these tools has paved the

way to avoid the same error, and has created a methodology to support the

actions arising from it.

Keywords: Lean Manufacturing, administrative environment, Kaizen.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Etapas do Mapeamento do Fluxo de Valor ....................................... 19

Figura 2 – Mapa do Fluxo de Valor do estado atual de uma empresa ............... 19

Figura 3 – Fluxo de Valor sendo mapeado ........................................................... 20

Figura 4 – Diferença de um escritório antes e depois da implantação do 5S ....... 23

Figura 5 – Exemplo de organização de pastas de arquivo ................................... 23

Figura 6 – Exemplo de 5S digital .......................................................................... 24

Figura 7 – Processo linear otimizado .................................................................... 25

Figura 8 – Exemplos de A3 para um kaizen ......................................................... 29

Figura 9 – Fluxograma de interdependência entre quatro ferramentas do Lean

Manufacturing ....................................................................................................... 33

Figura 10 – Armário de materiais antes da ordenação ......................................... 35

Figura 11 – Armário de materiais após ordenação ............................................... 35

Figura 12 – Marcação da posição dos acessórios ................................................ 36

Figura 13 – Controle de reposição de materiais consumíveis ............................... 36

Figura 14 – Mesa de trabalho antes e depois da ordenação ................................ 37

Figura 15 – Quadro de informações antes e depois da ordenação....................... 37

Figura 16 – Fluxo de valor do escritório de projetos ............................................. 38

Figura 17 – Macroprocessos do escritório da empresa X ..................................... 40

Figura 18 – Esquema de divisões de regiões do produto ..................................... 42

Figura 19 – Árvore de arquivos ............................................................................. 43

Figura 20 – Peça ultrapassando região de origem ................................................ 44

Figura 21 – Árvore de arquivos ............................................................................. 44

Figura 22 – A3 preenchido, folha 1 ....................................................................... 47

Figura 23 – A3 preenchido, folha 2 ....................................................................... 47

Figura 24 – Fluxo AS IS das atividades ................................................................ 49

Figura 25 – Metas estipuladas no A3 .................................................................... 50

Figura 26 – Desdobramento de metas no Jornal Kaizen ...................................... 50

Figura 27 – Fluxo TO BE das atividades ............................................................... 51

Figura 28 – Árvore antes das ações do kaizen ..................................................... 52

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Figura 29 – Árvore após as ações do kaizen ........................................................ 52

Figura 30 – Árvore de arquivos no estado atual (AS IS) ....................................... 56

Figura 31 – Árvore de arquivos no estado futuro (TO BE) .................................... 57

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Comparativo entre Lean Manufacturing e Lean Office ................... 17

Quadro 2 – Os cinco sensos, seus significados e funções ............................... 22

Quadro 3 – Agenda de uma semana kaizen ..................................................... 46

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Relação entre a melhoria contínua e kaizen ....................................... 28

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................... vi

ABSTRACT ........................................................................................................... vii

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. viii

LISTA DE QUADROS ............................................................................................. x

LISTA DE GRÁFICOS ........................................................................................... xi

1.1. JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 14

1.2. OBJETIVO .................................................................................................. 15

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 16

2.1. LEAN MANUFACTURING E LEAN OFFICE .............................................. 16

2.2. FLUXO DE VALOR ..................................................................................... 18

2.3. PROGRAMA 5S.......................................................................................... 21

2.4. TRABALHO PADRÃO ................................................................................ 24

2.5. KAIZEN ....................................................................................................... 27

2.6. PAPEL DAS PESSOAS NA IMPLANTAÇÃO DO LEAN ............................. 30

3. METODOLOGIA ............................................................................................... 32

4. APLICAÇÃO DA METODOLOGIA A UM CASO REAL ..................................... 34

4.1. DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA 5S .............................................. 34

4.2. MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR .................................................... 37

4.3. CRIAÇÃO DO TRABALHO PADRÃO ......................................................... 39

4.4. EVENTO KAIZEN ....................................................................................... 41

4.4.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ..................................................... 41

4.4.2. ANÁLISE DO PROBLEMA ................................................................... 45

4.4.3. ELABORAÇÃO DO A3 ......................................................................... 46

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4.4.4. FLUXO AS IS ....................................................................................... 48

4.4.5. JORNAL KAIZEN ................................................................................. 49

4.4.6. FLUXO TO BE E AÇÕES ..................................................................... 51

4.4.7. ENCERRAMENTO ............................................................................... 53

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................... 55

6. CONCLUSÕES ................................................................................................. 59

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS CONSULTADAS ......................................................................... 65

APÊNDICE ............................................................................................................ 66

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1. INTRODUÇÃO

Os princípios do Lean Manufacturing que são, normalmente, aplicados à

linha de produção, encontram dificuldade de serem aplicados a um ambiente

administrativo. No ambiente de manufatura o fluxo de valor é mais fácil de ser

determinado, pois trata de materiais físicos. No ambiente administrativo o fluxo de

valor é dado pelo tratamento de informações e conhecimento. Seja pela forma, ou

conceito em si, os métodos de produção enxuta são difíceis de aplicar a esse

ambiente, muitas vezes pelo fato de não se compreender e/ou identificar os

desperdícios e as atividades que não geram valor dentro do fluxo de produção de

um ambiente administrativo.

Neste trabalho será mostrada como a interação entre quatro ferramentas

do Lean Manufacturing permitiu resolver um problema encontrado em um

escritório de projetos industriais. Foi dado maior foco ao kaizen, mas sem deixar

de lado as outras três ferramentas, que abriram caminho para a identificação do

problema, e possibilitaram, com sucesso, a aplicação da solução encontrada.

1.1. JUSTIFICATIVA

Em virtude de um problema encontrado em um projeto, criado por um

escritório de projetos industriais, não foi possível determinar em que momento ele

ocorreu. Como existem muitas etapas na elaboração de um projeto, qualquer

passo pode resultar em um problema se não for realizado corretamente.

As ferramentas do Lean Manufacturing que foram utilizadas permitiram

encontrar o ponto onde este erro aconteceu; possibilitando a criação de

metodologias para mitigar o aparecimento do mesmo tipo de problema, evitando

que ele se repita.

Além disso, foi possível notar que todas as etapas do processo de

elaboração de um projeto estavam corretas, e que apenas um ajuste no método

14

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de trabalho seria suficiente para eliminar a possibilidade de repetição do erro

encontrado.

1.2. OBJETIVO

Aplicar quatro ferramentas do Lean Manufacturing a fim de aprimorar a

performance de um escritório de desenvolvimento de projetos industriais, além de

demonstrar como o kaizen pode ser usado na solução de um problema, e que,

aliado a outras ferramentas de controle, é um meio eficaz de diagnóstico e

elaboração de soluções de problemas em qualquer processo produtivo ou

administrativo.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. LEAN MANUFACTURING E LEAN OFFICE

Nos dias atuais, qualquer empresa se preocupa com os desperdícios que

suas atividades geram. Dependendo da atividade, a preocupação é ambiental ou

então com a mão de obra, mas em todos os casos o que se visa é minimizar o

quanto se perde de dinheiro com esses desperdícios.

No final da década de 1980 o Massachusetts Institute of Technology (MIT)

criou o termo LEAN, baseado em pesquisas sobre a indústria automobilística

mundial. Tal pesquisa revelou que a Toyota desenvolvera um novo sistema de

gestão das principais dimensões de negócio (manufatura, desenvolvimento e

relacionamento com clientes e fornecedores), conhecido como Sistema Toyota de

Produção (STP). A partir da aplicação dessa filosofia, em 2009 a Toyota tornou-se

a maior empresa do mundo em volume de vendas.

O conceito Lean não deve ser entendido como exclusivo da Toyota, mas

como algo que pode ser aplicado por qualquer empresa, de qualquer negócio, em

qualquer região. É um sistema de gestão para toda empresa.

Este conceito visa integrar a satisfação do cliente com a melhor utilização

de recursos, fornecendo entregas com menor custo, identificando melhorias nos

fluxos de valores primários e qualificando e motivando pessoas. O foco da

implementação deve ser a necessidade do negócio e não simplesmente a

aplicação das ferramentas (DIAS; ARAUJO, 2011).

A filosofia Lean Manufacturing tem trazido ótimos resultados para as

empresas que a adotaram. Tendo sido concebida para a área de manufatura, hoje

é implantada em diferentes setores, tornando-se uma filosofia e uma cultura

empresarial, proporcionando a produção de bens mais baratos, com custos

menores, qualidade superior, em prazos menores, com preços aceitáveis para o

cliente, culminando com maior rentabilidade do negócio (NITO, 2010).

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Quando a aplicação da filosofia Lean é na área administrativa, são

necessárias algumas modificações, o que a torna conhecida como Lean Office. A

diferença básica entre Lean Manufacturing e Lean Office é que, no primeiro caso,

os cenários de trabalho são bem visíveis, pois tratam de processos com fluxo

físico, já no segundo, os processos e o fluxo de valor não estão voltados a

materiais, mas a conhecimentos e informações (ROOS; SARTORI; PALADINI,

2011). Pode-se dizer que o processo com fluxo físico é um processo habilitado

para repetições sem presença de erro, e o processo com fluxo de informações é

habilitado a aperfeiçoar o negócio.

O quadro 1 mostra as principais diferenças entre Lean Manufacturing e

Lean Office.

Quadro 1 – Comparativo entre Lean Manufacturing e Lean Office - Fonte:

adaptação de Turati (2007)

Lean Manufacturing Lean Office

Valor Visível em cada passo,

objetivo definido

Difícil de enxergar,

objetivos mutantes

Fluxo de valor Itens, materiais,

componentes

Informações e

conhecimento

Fazer fluir Interações são

desperdícios

Interações planejadas

deverão ser eficientes

Deixar o cliente puxar Guiado pelo Takt Time1 Guiado pela necessidade

da empresa

Perfeição Possibilita a repetição de

processos sem erros

O processo possibilita

melhoria organizacional

Em um ambiente produtivo, seja administrativo ou não, podemos destacar

sete tipos de desperdícios que impactam na qualidade final do trabalho (DIAS;

ARAUJO, 2011):

1 Takt Time: ritmo imposto a um fluxo de trabalho, que determina sua velocidade para o atendimento a uma

demanda. (TURATI, 2007)

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Defeito ou retrabalho: informações incompletas ou erradas;

Excesso de produção: antecipação de relatórios e/ou desenhos;

Transporte: equipamentos para realizar as atividades distantes uns dos

outros;

Movimentações desnecessárias: utilização de muitos softwares diferentes;

Espera: atividades que aguardar informações ou aprovações;

Estoque: excesso de trabalhos prontos (feitos antecipadamente);

Processamento desnecessário: excesso de assinaturas e/ou aprovações.

O desafio do Lean Office é reduzir e eliminar esses desperdícios do fluxo

de valor de informações e conhecimento, gerando produtos mais baratos além de

possibilitar a criação de um sistema de produção de menor custo e sem perda de

qualidade (ALBINO, 2011).

2.2. FLUXO DE VALOR

A melhor maneira de se identificar e eliminar desperdícios é fazer o

Mapeamento do Fluxo de Valor (Value Stream Mapping – VSM), que corresponde

a todas as ações necessárias para transformar a matéria-prima em produto,

desde o início do processo até a sua chegada à mão do cliente (VIDOTTO, 2010).

Este mapeamento ajuda a visualizar todos os processos individuais do fluxo, a

identificar fontes de desperdício e possibilita a implementação de ferramentas

para eliminá-los. Com o fluxo mapeado é possível percorrer o caminho do

processo de transformação ou informação, no estado atual, para coletar

informações e propor um estado futuro. O estado futuro é um novo mapa, onde os

desperdícios identificados não aparecem mais, convertendo o processo em um

estado ideal do processo Lean (PAÇO, 2006).

Embora seja frequentemente associado à manufatura, o Mapeamento do

Fluxo de Valor também é usado em logística, desenvolvimento de softwares, na

saúde e em muitas outras áreas (VIDOTTO, 2010).

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A figura 1 indica as principais etapas do mapeamento de um fluxo de valor.

Figura 1 – Etapas do Mapeamento do Fluxo de Valor - Fonte: adaptação de

Barbosa et al. (2011)

A figura 2 mostra um exemplo de Mapeamento de Fluxo de Valor do estado

atual de uma empresa com dados ambientais. Com este mapeamento, é fácil

perceber onde acontecem os desperdícios, e quais ações devem ser tomadas

para eliminá-los.

Figura 2 – Mapa do Fluxo de Valor do estado atual de uma empresa. Fonte:

Moraes (2010)

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É possível perceber que algumas figuras representam processos

específicos dentro do Fluxo de Valor. Uma lista com as principais figuras é

mostrada no apêndice deste trabalho.

A passagem do estado atual para o estado futuro se dá com a execução de

projetos kaizen, que promoverão mudanças incrementais, de forma que cada

modificação leve a um novo estado futuro, e todos levem ao estado ideal (SILVA,

Alessandro, 2009).

O estado atual é onde se entende o processo de transformação, por isso é

necessário desenhá-lo e validá-lo. Não se pode confiar apenas na experiência e

na memória. A melhor maneira de se fazer isso é utilizar um quadro como o

mostrado na figura 3.

Figura 3 – Fluxo de Valor sendo mapeado

Algum tempo após a implantação do estado futuro, é necessário fazer uma

análise para garantir que as melhorias esperadas foram efetivas. Cada ação de

melhoria deve ser verificada. Caso alguma não tenha o efeito esperado, retorna-

se ao Fluxo de Valor para checar se nenhum ponto foi esquecido, e se isso

aconteceu, novas ações devem ser propostas. Este ciclo se repete até que todas

as ações tenham a resposta esperada.

O objetivo de se mapear o fluxo de valor é construir uma cadeia de

produção onde os processos individuais são coordenados com seus clientes, e

cada processo se aproxima ao máximo de produzir apenas o que é preciso,

somente quando é preciso (MORAES, 2010). A excelência empresarial, que pode

ser traduzida como atender e superar as expectativas dos clientes, é o desejo de

toda empresa que mapeia seus fluxos por meio dessa ferramenta.

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O mapa do fluxo de valor mostra o fluxo de materiais e informações desde

o fornecedor até o cliente final, com registro de informações, tempos e

quantidades importantes para análises (SILVA, Glauco, 2009).

O foco é destacar as fontes de desperdício e eliminá-los, dando atenção às

atividades que agregam valor ao produto, pois, entregar o produto errado ao

cliente significa desperdício, mesmo que o processo seja realizado de forma

correta (VIDOTTO, 2010).

O mapeamento do fluxo de valor é uma importante ferramenta qualitativa,

pois permite visualizar não somente os processos, mas o fluxo todo, ajuda na

identificação das fontes de desperdício e auxilia para que a implementação de

ideias isoladas não seja feita, já que isso é uma forma paliativa de se resolver um

problema, não atingindo a sua causa raiz (PAÇO, 2006).

Ter o fluxo de atividades mapeado permite que vários princípios de gestão

sejam seguidos, entre eles, o nivelamento da carga de trabalho, o uso de tarefas

padronizadas, que são a base para a melhoria contínua e capacitação de

funcionários, e o uso de controles visuais para que nenhum problema fique oculto

(BENATTI, 2007).

Como forma de exemplificar a importância do mapeamento do fluxo de

valor, Benatti et al. (2007) citam o caso da identificação de um problema após

dois meses de atividades de mapeamento de fluxo. A solução foi a simples

implementação de formulários, mas ela dificilmente seria concebida se não fosse

conhecido todo o fluxo das atividades.

2.3. PROGRAMA 5S

Dentre as ferramentas Lean, o programa 5S (cinco sensos), aparentemente

é a mais fácil de aplicar. Este termo é a abreviação de cinco palavras japonesas,

todas começadas em S na tradução para o inglês. Foi necessário adaptá-las ao

português, pois não existem palavras iniciadas em S que representem os mesmos

termos em japonês ou inglês. Os 5S são mostrados no quadro 2.

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Quadro 2 – Os cinco sensos, seus significados e funções - Fonte: adaptação de

Lima, A. e Lima, P. (2006)

Senso Significado Função

Seiri Senso de utilização Seleção de materiais e descarte após

avaliação de utilização

Seiton Senso de organização Identificação dos locais corretos para

cada material

Seisou Senso de limpeza Estabelece cronograma de limpeza e

manutenção

Seiketsu Senso de padronização Define e padroniza processos de trabalho

Shitsuke Senso de disciplina Prepara para a autodisciplina, para

manutenção da ordem

O objetivo do 5S é criar um ambiente que permita controle visual e

produção enxuta, com espaço de trabalho padronizado e eliminação de

desperdícios (OLIVEIRA, 2007). Previne a interrupção do trabalho pela detecção

antecipada de problemas, como falta de recursos, manutenção, etc. Considera-se

que o 5S é mais que uma ferramenta, é um estilo de vida, com características

universais, comprovado pela utilização em vários países, devendo apenas ser

adaptado às condições locais (FRANCO, 2006).

Para a implementação do 5S, é preciso definir e treinar a equipe que irá

executá-lo, e alguns passos devem ser seguidos:

Diagnóstico: levantamento de todo material desnecessário às tarefas.

Pode-se registrar por fotos ou vídeos os pontos críticos;

Definição do dia D: é o dia da limpeza e organização. As atividades são

suspensas para que isso possa ser feito. É o marco da implantação do 5S;

Avaliação e manutenção: depois de implantado, monitora-se por um tempo

a eficiência das ações, e após atingir o valor definido (normalmente acima

de 90%), faz-se a manutenção e melhoramentos.

Os controles visuais são muito importantes, pois as informações ficam

visíveis a todos, sem o risco de cada um dos membros do grupo manter seu

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registro particular, e, por ventura, várias outras pessoas trabalharem com

informações desatualizadas. A figura 4 mostra como um escritório pode ficar

organizado após a aplicação do conceito 5S.

Figura 4 – Diferença de um escritório antes e depois da implantação do 5S

O acesso e controle dos materiais de trabalho também ficam embasados

no conceito de 5S. Com uma simples faixa vermelha é possível indicar que uma

pasta está sendo usada por alguém. A figura 5 ilustra como isso pode ser feito. É

o conceito de “um lugar para tudo e tudo em seu lugar” (SOLIMEO, 2006).

Figura 5 – Exemplo de organização de pastas de arquivo

O 5S não deve ser somente físico. É muito aplicado o conceito de 5S

digital, onde os arquivos eletrônicos são organizados de forma a facilitar o acesso

às informações. Pastas em rede ou servidores devem apresentar os mesmos

conceitos do 5S físico. A figura 6 mostra um exemplo de 5S digital.

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Figura 6 – Exemplo de 5S digital

Como dito anteriormente, aplicar essa ferramenta parece fácil, mas requer

determinação, pois a organização do espaço, a padronização, a limpeza, estão

diretamente ligadas à mudança comportamento das pessoas, e sem ela (senso

de disciplina), qualquer um dos cinco pilares pode ruir, levando todos os outros.

A adoção dos princípios do 5S é uma tendência mundial, comprovada pelo

estudo de caso de Franco (2006), onde a introdução da prática do 5S em uma

empresa australiana impactou o pensamento de todos na organização,

influenciado comportamentos dentro e fora do ambiente de trabalho. Além disso,

a aplicação desses princípios trás imensas vantagens, pois todas as pessoas são

envolvidas, e o programa 5S baseia-se na educação, treinamento e prática do

trabalho em equipe, levando a empresa a ganhos substanciais de qualidade e

produtividade (SOLIMEO, 2006).

2.4. TRABALHO PADRÃO

Silva, Duarte e Oliveira (2004) dizem que os diversos processos que são

identificados no Fluxo de Valor possuem várias tarefas necessárias à sua

execução. Com o objetivo de se padronizar essas atividades, utiliza-se o conceito

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25

de Trabalho Padrão, que consiste na definição e formalização dos processos,

para haver previsão e repetibilidade de seus resultados.

O Trabalho Padrão, quando bem estruturado, promove a eliminação de

desperdícios, reduz as variações do processo e permite a melhoria contínua

(NITO, 2010). É a melhor maneira de se realizar determinada tarefa. Caso exista

uma maneira mais apropriada, substitui-se a antiga pela nova, que passa a ser o

padrão. Essa é a essência da melhoria contínua (kaizen).

Quando se fala de Trabalho Padrão pensa-se em atividades engessadas,

com pouca participação das pessoas, ocorrendo a ausência de criatividade. Mas

na filosofia Lean acontece justamente o oposto. As pessoas são incentivadas a

participar ativamente deste processo, dando sugestões que melhoram a execução

das atividades. Silva, Duarte e Oliveira (2004) afirmam que criar padrões, segui-

los e melhorá-los é uma maneira prática de construir conhecimento.

O Trabalho Padrão elimina todo o trabalho desnecessário, combinando

operações e elementos, modificando sequências e simplificando operações

essenciais. Isso é fruto do que foi mapeado no Fluxo de Valor. A figura 7 mostra

um exemplo de processo otimizado.

Figura 7 – Processo linear otimizado

Perguntas como “quem faz?”, “o que faz?”, “como faz?” vão direcionar a

criação do padrão, juntamente com o apoio de ferramentas gráficas, como o

próprio Fluxo de Valor.

Com o trabalho padrão definido, é preciso fazer a prova de conceito, cujo

objetivo é testar e melhorar o método proposto. Neste passo, a participação de

todos os envolvidos é extremamente importante, pois estarão criando/modificando

algo que eles próprios usarão. Todos os comentários são pertinentes e devem ser

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levados em conta na hora de ser modificar o padrão (GOESE; BRAGATO;

PEREIRA, 1999).

Ligada diretamente à melhoria de eficiência, a diminuição do tempo de

execução é extremamente necessária. Quando se trata de atividades fabris, é

fácil determinar o takt time, pois está diretamente ligado às máquinas. Para

atividades administrativas é preciso considerar que cada pessoa tem seu ritmo, e

não são robôs. Este aspecto deve ser sempre considerado para a criação de

mapas futuros viáveis (TURATI, 2007).

Para o ambiente administrativo, o Trabalho Padrão poderá consistir em

padrões de documentos, apresentações e planilhas. A utilização de gabaritos

para desenhos, ou de uma biblioteca de itens e documentos, evita que cada

pessoa crie seu próprio padrão. Neste âmbito, deve haver um apoio muito grande

da área de Tecnologia de Informação (TI), pois praticamente 100% dos escritórios

são informatizados e ligados em rede. Sem uma integração entre essas áreas,

por melhor que o Trabalho Padrão tenha sido feito, não será eficiente.

O desenvolvimento de um plano de padronização inicia-se a partir de um

desenho de produto. Com as informações do projeto, passa-se a sequenciar as

ações do plano macro. Em uma fase posterior, estas operações são detalhadas

em um nível que depende das características da empresa, pois o plano deve ser

avaliado para monitorar o atendimento das expectativas no sentido de alcançar a

eficiência e a eficácia desejadas (GOESE; BRAGATO; PEREIRA, 1999).

A tarefa mais crítica da padronização do trabalho é não engessar os

procedimentos, para que as pessoas que forem utilizá-los possam inovar e sejam

criativas. O ideal é que os primeiros padrões e instruções sejam, ao mesmo

tempo, específicos, para serem guias úteis, e generalistas, para permitir a

flexibilidade e o fácil entendimento por qualquer pessoa que for usá-los (NITO,

2010).

A ideia de padronização tende a encontrar resistência por parte das

pessoas que a usarão. Uma forma de minimizar esse efeito é envolvê-las na

criação dos padrões. Utilizar suas ideias para aprimorar as instruções de trabalho

é dar a oportunidade de uma contribuição mais efetiva na melhoria dos

processos. Por sentirem que sua contribuição pessoal é importante, haverá um

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estímulo para que sigam o que foi padronizado, pois pessoas precisam de

motivação para fazer um bom trabalho (NITO, 2010).

Para facilitar a implantação de um padrão, Silva, Duarte e Oliveira (2004)

sugerem a adoção de um roteiro que aborde alguns itens como:

Disseminar o padrão a todos os funcionários;

Determinar prazo para implantação

Avaliar periodicamente a eficácia da padronização;

Realizar manutenção da revisão do padrão, se possível a cada dois anos.

Um trabalho padronizado está baseado no takt time (taxa em que os

produtos devem ser produzidos para atender a demanda), sequência de trabalho

(realização das tarefas dentro do takt time), e estoque mínimo para manter o

processo operando (NITO, 2010).

2.5. KAIZEN

A aplicação da filosofia Lean em qualquer empresa começa pelo o

entendimento dos processos identificados por meio do Fluxo de Valor. Ele vai

permitir a visualização dos desperdícios e pontos de melhoria. A partir daí, os

processos são redesenhados de forma a eliminar os desperdícios. A ferramenta

que auxilia esse tipo de melhoria é conhecida como kaizen, cuja filosofia baseia-

se na eliminação de desperdícios, usando bom senso e soluções baratas

apoiadas na motivação e criatividade, no intuito de melhorar os processos de

trabalho com foco na melhoria contínua (BRIALES, 2005).

Por definição, kaizen é um workshop2 intensivo para identificar os

desperdícios de um processo e implantar soluções de melhoria. É uma palavra

japonesa que significa melhoria, mas também pode ser definida como

melhoramento contínuo (SILVA, Alessandro, 2009).

2 Workshop: reunião de um grupo de pessoas para discutir um assunto de interesse de todos.

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Todo processo passa por melhorias, mas a realização de um kaizen

promove resultados concretos, tanto qualitativa, quanto quantitativamente, em um

curto espaço de tempo e a um custo baixo (SILVA, Guilherme, 2005). O gráfico 1

mostra uma relação entre a melhoria contínua comum e um kaizen.

Gráfico 1 – Relação entre a melhoria contínua e kaizen

Nota-se que a melhoria contínua é um processo mais demorado que um

kaizen, que além de ser mais rápido, traz um maior retorno de desempenho. É um

evento que pode ser realizado sempre que necessário e para um mesmo

processo, pois todo processo é passível de melhorias.

Segundo Chaves Filho (2010), um kaizen pode ser dividido em cinco

partes:

Definição: aborda o tema, objetivos, metas, escopo e equipe que realizará

o kaizen;

Preparação: analisa a situação atual do processo;

Execução: implementa as melhorias;

Padronização: padroniza as ações (criação de trabalho padrão);

Sustentação: analisa a eficácia das ações e os resultados obtidos.

O planejamento, a apresentação, a equipe, a proposta e a análise das

ações podem ser publicadas em um A3, que nada mais é que um formulário de

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papel no formato A33. Dependendo da empresa, o layout do A3 pode mudar, mas

basicamente possui as informações que podem ser vistas na figura 8.

Figura 8 – Exemplos de A3 para um kaizen

3 Formato A3: é uma folha de papel com dimensões 420mm X 297mm, de acordo com a Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

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A maneira mais prática de se chegar à solução dos problemas apontados

no kaizen é fazer um brainstorming4. Todos os envolvidos no projeto podem

participar, pois a ideia é encontrar a solução. Todas as ideias dadas servirão, de

alguma forma, para resolver o problema em questão.

Com a solução encontrada, é preciso fazer uma simulação prática, pois é

uma forma rápida e barata de se testar a solução. Se algum refinamento for

necessário, ele já é percebido nesse momento e não somente na implantação.

Isso torna a solução muito mais robusta.

O único ponto de atenção na realização de um kaizen é a equipe se perder

na pressão dos prazos e no volume de ações. Para evitar isso, o líder da equipe

deve distribuir e acompanhar as ações, evitando a sobrecarga de trabalho.

O intuito do kaizen é propor melhorias e solucionar problemas, portanto

não se devem procurar culpados para os problemas encontrados. As melhorias

são intermináveis e devem ser buscadas continuamente.

Como forma de demonstrar a eficiência da teoria de aplicação de um

kaizen, Solimeo (2006) nos mostra que uma atividade de produção obteve

redução de 60% do tempo de execução, além de facilidade e segurança para o

executante. Isso se reflete diretamente no custo do produto.

2.6. PAPEL DAS PESSOAS NA IMPLANTAÇÃO DO LEAN

Embora o Lean Manufacturing e o Lean Office possuam ferramentas para

identificação e eliminação de desperdícios, otimização de recursos e, em resumo,

produzir mais com menos, nenhuma dessas ferramentas será efetiva se não

houver o envolvimento das pessoas. Elas são a peça mais importante nessa

máquina que visa aumento de performance, de qualidade e maximização dos

lucros, que é o objetivo final de toda atividade, seja de produção material ou de

informação. Isso se deve à criatividade que as pessoas possuem, o que as

4 Brainstorming: expressão em inglês para Tempestade de Ideias, criada em 1938 por Alex Osborn.

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permite encontrar maneiras de aperfeiçoar uma ideia, inovar um processo,

simplificar sistemas, enfim, buscar novos caminhos (FRANCO, 2006).

Cabe aos gestores envolvidos no processo incentivar e motivar as pessoas

que fazem parte de suas equipes, de modo a se sentirem parte do processo, e

não meros executantes. Este processo de gestão participativa é fundamental para

que as pessoas entendam que sua atitude é que vai proporcionar o atendimento

das metas estabelecidas para as melhorias. Somente assim é possível ter

processos confiáveis. Além disso, a eficácia das ferramentas de melhoria vai

depender da capacidade de se desenvolver uma cultura de apoio ao crescimento

e a melhoria contínua. A motivação, capacitação e respeito pelas pessoas são

elementos essenciais para a sustentabilidade em longo prazo de qualquer

programa Lean, independente do setor (CHAVES FILHO, 2010).

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3. METODOLOGIA

Foi realizado um estudo de caso da aplicação dos princípios do Lean

Manufacturing em um escritório de projetos de uma das maiores empresas do

Brasil, doravante denominada apenas de empresa X por questão de

confidencialidade pedida pelos gestores da empresa, pois ela se encontra entre

as 150 maiores empresas do Brasil e entre as 20 melhores para se trabalhar.

Para a elaboração deste trabalho, o primeiro passo foi fazer o Mapeamento

do Fluxo de Valor do setor. Neste mapeamento, todas as atividades que agregam

ou não valor foram identificadas e colocadas em ordem, da fonte até o cliente,

indicando o trajeto que a atividade deve percorrer para ser executada. Isto

melhorou o fluxo da informação e permitiu que os pontos críticos de desperdício

fossem identificados e eliminados. Esta ferramenta possibilitou a completa

visualização do estado atual e do estado futuro, ou seja, otimizado.

Em paralelo ao Fluxo de Valor foi aplicado o programa 5S, que é um

método para identificação de anomalias que geram desperdício. Sua aplicação

resultou em um ambiente organizado, limpo e de alto desempenho. Por meio de

controles visuais e senso de organização, apenas o que é necessário à atividade

ficou disponível para utilização.

Com as duas ferramentas implantadas, chegou a vez de ser fazer um

Trabalho Padrão, que nada mais é do que formalizar os processos que foram

identificados no Fluxo de Valor. Dependendo do ramo de atividade, muitos

processos dependem uns dos outros, e é necessário o levantamento de quais são

os mais críticos, tanto em relação ao tempo, quanto à complexidade de execução.

Com isso em mãos, foram criados os requisitos que devem ser atendidos, como

por exemplo, formatação de documentos, apresentações, planilhas de cálculo,

etc., de forma que qualquer produto gerado por qualquer integrante do grupo

tenha a mesma forma.

Após a implantação das ferramentas anteriores, foi necessária a realização

de um kaizen, que se define como um workshop intensivo para analisar um

processo, com a intenção de identificar desperdícios, coletar fatos e dados,

encontrar e implantar soluções para o problema. Pode-se fazer um para cada

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processo ou um para o fluxo total, dependendo da complexidade e/ou

necessidade.

Os resultados do kaizen foram publicados e as ações foram tomadas de

acordo com um calendário definido no próprio kaizen. Um exemplo de possível

ação é a atualização do Fluxo de Valor, para que reflita exatamente o fluxo das

atividades. Além disso, outras ações poderão surgir, como modificações e

melhorias na aplicação do 5S, necessidade de se criar novos Trabalhos Padrões,

entre outras.

A figura 9 mostra de maneira resumida um fluxograma que ilustra as

relações de interdependência entre essas quatro ferramentas apresentadas.

Figura 9 – Fluxograma de interdependência entre quatro ferramentas do Lean

Manufacturing

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4. APLICAÇÃO DA METODOLOGIA A UM CASO REAL

As atividades desenvolvidas em um escritório de projetos são muito

variadas, exigindo o máximo de atenção, pois um erro pode trazer consequências

catastróficas. Pelo grande número de pessoas que são envolvidas, torna-se

necessária a adoção de metodologias específicas de trabalho, de forma que todos

os envolvidos nas atividades, mesmo com suas individualidades, produzam

resultados semelhantes, ou no mínimo, com a qualidade esperada.

Independente do projeto a ser realizado, muitas tarefas são iguais e

demandam os mesmos tipos de atividades, por isso o caso estudado foi

escolhido, por possibilitar o uso das quatro ferramentas Lean propostas.

Como vários recursos são utilizados em um projeto (papel, caneta,

software gráfico, etc.), o primeiro passo foi organizar os recursos físicos, para que

o acesso a eles fosse fácil, reduzindo o tempo perdido em atividades que não

agregam valor ao produto final.

4.1. DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA 5S

Sabendo que a empresa analisada é de grande porte, já se espera uma

organização de seus materiais de apoio. Porém, no dia a dia, devido a tarefas que

são consideradas mais importantes e prioritárias, essa organização acabou sendo

deixada de lado (armários sem organização, mesas com excesso de papeis, etc.).

Nesse ponto, tornou-se necessária a aplicação dos princípios do 5S, que podem

ser descritos como atividades que praticadas por todos, com determinação e

métodos, resultarão em um ambiente agradável e seguro (LIMA, A.; LIMA, P.,

2011). O hábito de se realizar as atividades, associado aos princípios do 5S,

proporciona melhoria no ambiente de trabalho: melhoria do relacionamento

interpessoal, aumento do dinamismo, melhoria no cuidado com as tarefas

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executadas, criação de sugestões de como melhorar os processos de trabalho,

diminuição de defeitos e retrabalho dos processos produtivos (FRANCO, 2006).

Como ponto de partida, os sensos mais importantes aplicados foram os de

utilização e organização. Não se quer dizer que os demais não os sejam, mas

esses dois foram os que trouxeram resultados visíveis imediatos.

A ordenação do armário de suprimentos de materiais foi o primeiro passo.

Como é possível verificar na figura 10, os materiais estavam guardados sem

critério de classificação, tornando demorada a busca por qualquer um deles.

Figura 10 – Armário de materiais antes da ordenação

Após a ordenação, vista na figura 11, apenas o que era necessário ficou no

armário, e uma classificação por tipo facilitou o acesso a qualquer material.

Figura 11 – Armário de materiais após ordenação

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Além da ordenação, foram definidos locais específicos para cada

acessório, sendo sua área demarcada, conforme mostrado na figura 12. Este

princípio é muito usado nos quadros de ferramentas de oficinas mecânicas. É fácil

saber quando um item está em uso, pois seu espaço marcado fica vazio.

Figura 12 – Marcação da posição dos acessórios

Em complemento à marcação da área dos acessórios, criou-se um sistema

simples de controle de reposição de itens consumíveis, mostrado na figura 13.

Uma etiqueta indica quando o material atingiu o nível de reposição e com isso

evitou-se a paralisação de uma atividade por falta de materiais.

Figura 13 – Controle de reposição de materiais consumíveis

Os sensos de limpeza, padronização e disciplina entraram como

complemento aos dois primeiros, pois o que começou no armário de materiais foi

transportado para o restante do escritório, principalmente para as mesas de

trabalho e quadro de avisos. É possível perceber, pelas figuras 14 e 15, como a

organização tornou fácil o acesso às ferramentas básicas de trabalho, neste caso

o computador, bem como a visualização de informações de gestão, por exemplo.

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Figura 14 – Mesa de trabalho antes e depois da ordenação

Figura 15 – Quadro de informações antes e depois da ordenação

A aplicação dos princípios do 5S na empresa X melhorou o ambiente de

trabalho com a organização do espaço. Como todas as pessoas foram

envolvidas, também se tornaram fiscais, garantindo a manutenção da ordem e

limpeza do local.

4.2. MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR

Conhecida a definição e teoria do mapeamento do fluxo de valor, para o

escritório de projetos em questão, o fluxo de valor foi mapeado levando em

consideração as atividades envolvidas na elaboração do produto mais importante

produzido por ele, desenhos liberados, e isso pode ser visualizado na figura 16.

Como a variedade de desenhos gerados é muito grande, para uma melhor

avaliação eles foram subdivididos em três grupos: baixa, média e alta

complexidade. Essa divisão levou em conta um aspecto mais amplo e não apenas

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os processos individuais, de forma a melhorar o todo e não apenas partes

isoladas (RICO, 2009).

Figura 16 – Fluxo de valor do escritório de projetos

Para um melhor entendimento do fluxo de valor, é necessário conhecer

algumas siglas mostradas na figura anterior:

C/O: tempo de setup5;

VNA: Valor não agregado;

VA: Valor agregado;

Lead Time: Tempo total para a conclusão de uma atividade (VNA + VA);

PCE: Porcentagem de agregação de valor em relação ao Lead Time.

As demais figuras do fluxo de valor podem ser verificadas no apêndice

deste estudo.

5 Tempo de setup: tempo parado para seleção, troca ou ajuste de ferramentas.

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Este fluxo é um modelo de produção empurrada, onde uma atividade

posterior não pode ser iniciada sem que a anterior tenha sido finalizada. O intuito

deste modelo de produção é maximizar a utilização dos meios de produção

concentrando esforços na minimização da ociosidade. Para todos os passos do

processo foi considerada uma disponibilidade de 88% do tempo e uma qualidade

final de 100% da atividade, tendo em mente que apenas uma pessoa executa

cada etapa.

A partir do momento em que o fluxo de valor foi mapeado, ficou clara a

necessidade da criação de padrões para que as atividades identificadas fossem

realizadas sempre da mesma forma, garantindo a qualidade do produto final.

4.3. CRIAÇÃO DO TRABALHO PADRÃO

Padronizar um trabalho é combinar ações que adicionam valor executadas

por pessoas e máquinas de maneira eficiente, na sequência correta e no tempo

certo, ajudados pelo mapeamento do fluxo de valor e usando as ferramentas

adequadas.

Analisando o fluxo de valor da empresa X, tem-se o tempo de execução

das ações, mas não se admite estoque, mesmo porque nesse caso, isso

significaria falta de informação para que o fluxo continuasse seguindo até a

próxima operação.

Dentro das atividades do escritório de projetos da empresa X, dois grandes

macroprocessos foram identificados: detalhamento e modificação de produto.

Cada uma deles ainda foi subdivido em grupos menores, conforme pode ser visto

na figura 17.

Cada uma das subdivisões está intrinsecamente ligada aos processos do

fluxo de valor, pois as atividades de criação de modelos 3D e 2D são

referenciadas no refinamento do modelo 3D e elaboração do desenho. Envio para

aprovação e aprovação de desenhos são atividades que estão ligadas ao

processo liberação de desenhos. O processo alinhamento de informações é

referente à atividade que ocorre antes da criação do modelo 3D, o DIP, que é a

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sigla para Desenvolvimento Integrado do Produto. Nessa fase é feita a discussão

de como se produzirá (ou se montará), o que o projeto vai estudar e detalhar.

Todas as áreas são envolvidas, em uma equipe multidisciplinar, por isso se usa o

termo Desenvolvimento Integrado. Todos os requisitos relevantes de cada

tecnologia são considerados na elaboração do projeto.

Figura 17 – Macroprocessos do escritório da empresa X

Para os processos definidos, foram criadas planilhas de entrada de serviço,

onde todos os requisitos necessários foram colocados e serviram de base para a

elaboração dos desenhos. Os modelos 3D foram concebidos em posição real no

espaço, pois o software gráfico, além de permitir isso, possibilita que todas as

tecnologias envolvidas visualizem os arquivos umas das outras. Dessa forma, o

projeto é feito em paralelo, de modo a atingir a meta de tempo acordada. Após

estar concluída a concepção dos modelos 3D, os desenhos 2D foram gerados

para a produção e montagem, dependendo do nível e tipo de desenho requerido.

Tanto na concepção 3D, quanto nos desenhos 2D, normas, especificações

técnicas, etc., foram usadas para que tudo fosse feito da mesma maneira.

Basicamente, foi elaborado um roteiro que orientou o uso de normas

internacionais e nacionais, de acordo com a necessidade de cada assunto.

Tendo sido finalizada a concepção geral (3D e 2D), para se completar o

processo com a liberação dos desenhos, foram geradas listas de materiais, que

continham todos os itens necessários para a fabricação das peças projetadas.

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Como o nível de detalhamento mudava, a lista de materiais acompanhava esse

nível, por exemplo, desenho de peças primárias, ou seja, peças que são as

unidades básicas para a formação de um conjunto maior, tinham como lista de

materiais as matérias-primas para sua confecção. A lista de materiais de

desenhos de conjuntos de montagem possuíam parafusos, porcas, selantes e

tudo o que era necessário à sua produção. Mais uma vez, foi gerada uma lista de

materiais disponíveis, que já estavam em estoque, para que a montagem fosse

ágil, e não houvesse o risco de se usar algo que precisasse ser importado, por

exemplo, ou que possuía um lead time muito alto.

Reuniões semanais para acompanhamento das metas, verificação do

projeto, e aderência aos padrões foram realizadas ao longo do desenvolvimento,

como forma de monitorar as atividades. Os controles visuais foram

implementados para que situações normais ou anormais fossem identificadas

rapidamente, e no caso de anormalidades, para que as ações corretivas fossem

tomadas no menor tempo possível.

Contudo, ainda identificou-se o problema relatado anteriormente, o que

mostrou que apenas o mapeamento do fluxo de valor e o trabalho padrão não

foram suficientes para evitar que ele ocorresse, resultando na utilização de outras

ferramentas de identificação e controle.

4.4. EVENTO KAIZEN

4.4.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

O escritório de projetos da empresa X teve um problema na elaboração de

um projeto, que só foi percebido durante a montagem do produto. Durante a

concepção, os projetistas envolvidos, por diversos motivos, esqueceram-se de

abrir um arquivo. Conceberam uma peça nova, de um item opcional novo, que

não foi possível montar no produto final devido a uma interferência que se

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apresentou. Foi necessário refazer o projeto desta peça, com desperdício de

tempo, documentação e matéria-prima, gerando grandes prejuízos à empresa.

Após a resolução deste problema, necessária para a entrega do produto,

foi feita uma investigação para se chegar ao motivo deste arquivo não ter sido

aberto, e perceberam que a árvore de arquivos estava totalmente desorganizada.

Devido às dimensões do produto (que variam de 13 até 16 metros,

dependendo da configuração), ele é dividido em quatro regiões (dianteira, central,

traseira e junção). Cada região é subdividida por tecnologias, pois o produto é

muito complexo (algumas tecnologias são: elétrica, hidráulica, mecânica, conforto,

entre outras). A figura 18 mostra um esquema da divisão de regiões.

Figura 18 – Esquema de divisões de regiões do produto

Os arquivos do produto são armazenados em uma árvore, com um tronco

principal, que é o próprio produto, e ramificações para cada estudo do produto.

Dentro de cada estudo há uma divisão por regiões. Por sua vez, cada região é

subdividida por tecnologias. Dentro da ramificação da tecnologia, ainda há outra

ramificação para itens opcionais, ou seja, itens que não são oferecidos no pacote

básico do cliente. A figura 19 ilustra essa divisão da árvore de arquivos.

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Figura 19 – Árvore de arquivos

Como já mencionado, as dimensões do produto são muito grandes, e neste

ponto começam os problemas na árvore de arquivos. Determinadas peças, devido

às suas formas, dimensões, etc., algumas vezes acabam ultrapassando o limite

de suas regiões de origem. Sendo assim, devem aparecer na árvore em todas as

regiões pelas quais passam. Por exemplo, uma peça que começa na região

dianteira e termina na central, na árvore deve aparecer nas regiões dianteira,

central e junção.

Quando uma peça nessas condições precisa ser projetada, é imperativo

que ela apareça nos ramos de todas as regiões por onde ela passa. Isso

acontece para que, no caso de se abrir apenas os arquivos de uma região, o

projetista não cometa o erro de imaginar que há uma área livre onde na verdade

não há.

A figura 20 ilustra a primeira condição: uma peça que pertence à região

dianteira, mas devido ao seu tamanho passa por outras. A figura 21 mostra como

essa peça deve representada em vários ramos (indicada como Arquivo_2).

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Figura 20 – Peça ultrapassando região de origem

Figura 21 – Árvore de arquivos

Trabalhando com a árvore de arquivos dessa maneira, além de se garantir

que a peça aparecerá em todas as regiões por onde ela passa, se ela for afetada

por uma modificação da região de junção (mudança de contorno, por exemplo),

quando todos os arquivos das regiões dianteira ou central forem abertos, ela já

aparecerá modificada, haja vista que é a mesma peça em todas as regiões.

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Essa mesma ideia é aplicada para os arquivos de itens opcionais. Como o

foco é sempre para o produto básico, que atinge a maior porcentagem de clientes,

não foi dada a mesma atenção para o ramo de itens opcionais, e um dos arquivos

não foi aberto, gerando o problema que já foi mencionado.

4.4.2. ANÁLISE DO PROBLEMA

Para que o problema apresentado no item anterior fosse resolvido, a

ferramenta escolhida para análise foi o kaizen, cujo título foi Organização da

Árvore de Arquivos.

Traduzindo do japonês, kai significa modificar, e zen significa para melhor,

ou seja, kaizen é modificar para melhorar ou melhoria contínua (SYRIO, 2010). É

um esforço executado por todos, cujo foco central é a busca da eliminação de

desperdícios (CHAVES FILHO, 2010).

O prazo para realização de um kaizen é uma semana (SILVA, Alessandro,

2009), mas sua preparação começa antes, na elaboração do A3, que é um

documento preparado em uma folha de papel A3, e que contem, em linhas gerais,

o escopo do kaizen, os objetivos, a situação atual, as propostas de soluções e a

lista de participantes. Cada kaizen tem um líder, que é responsável pelo

andamento das atividades e garantia de que o foco das discussões seja(m) o(s)

problema(s) apontado(s) no A3.

Todo kaizen deve ser feito baseado em um caso real e que represente a

totalidade dos problemas apontados no A3. Se isso não for feito, perde-se a

chance de resolvê-los, e alguns podem ficar escondidos, de forma que as ações

tomadas não serão efetivas como se espera.

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4.4.3. ELABORAÇÃO DO A3

A elaboração do A3 deve ser iniciada pelo menos uma semana antes da

semana kaizen. Neste período, os participantes devem entrar em acordo sobre o

escopo, objetivos, metas e possíveis soluções para o problema. Como o tempo de

realização do kaizen é curto, essa preparação permite que ele seja usado

integralmente na busca de soluções (SYRIO, 2010). A semana kaizen deve ter

uma agenda bem definida, para que o líder oriente os participantes sobre o que

deve ser feito. O quadro 3 mostra a agenda padrão de uma semana kaizen.

O treinamento é necessário para que os participantes que não tiveram a

chance de contribuir com a elaboração do A3 se familiarizem com o problema. As

metas de um kaizen devem ser arrojadas, pois melhorias muito pequenas podem

ser feitas no dia a dia. Por isso a validação das metas é importante, para que

todos tenham em mente os objetivos a serem atingidos. As figuras 22 e 23

mostram um exemplo de um A3 preenchido.

Quadro 3 – Agenda de uma semana kaizen - Fonte: adaptação de Chaves Filho

(2010)

Segunda Terça Quarta Quinta Sexta

Manhã

Treinamento As Is

To Be Ação Ação Validação

das Metas

Identificação de

Problemas

Tarde As Is Preparação do

Jornal Kaizen To Be Ação

Ação

Encerramento

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Figura 22 – A3 preenchido, folha 1

Figura 23 – A3 preenchido, folha 2

Sem a definição do escopo e das metas do kaizen, não é possível passar

para a próxima fase, que é o mapeamento do fluxo atual.

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4.4.4. FLUXO AS IS

O mapeamento do fluxo atual, conhecido como AS IS, ou seja, como está,

é a etapa mais importante do kaizen, pois é nela que se visualizam os pontos de

problema. Cada empresa pode definir o método para a elaboração do fluxo AS IS.

Na empresa X o mapeamento foi definido, basicamente, da seguinte forma:

Utilização de papel pardo como fundo;

Fios de lã verde para a divisão de tempo (na vertical) e atividades (na

horizontal);

Fios de lã preta para indicar o fluxo normal de atividades;

Fios de lã vermelha para indicar refluxo ou problemas nas atividades;

Post it® amarelo para indicar atividades;

Post it® laranja para indicar ferramentas;

Post it® rosa para indicar problemas.

Para as definições de tempo, adotou-se a largura do Post it® como

referência de duas semanas de trabalho e a divisão de tempo em meses. Em

seguida, começou-se o mapeamento do fluxo das atividades, colocando na linha

do tempo, todo o caminho que foi percorrido para se chegar ao resultado final.

Como previsto na agenda do kaizen, essa atividade demorou um período e meio,

e contou com a participação ativa de todos os envolvidos. É importante frisar que

a contribuição de cada um ajudou na determinação de quando e como as

atividades e problemas aconteceram. O kaizen é uma atividade de um grupo,

então, enquanto uma pessoa pensava, outra escrevia e outra colava os papeis,

com rotatividade entre eles para que todos participassem de tudo. Essa atividade

é muito intensa, e em alguns momentos os ânimos se exaltaram. A discussão, o

brainstorming e a concordância na determinação de um problema fazem parte do

processo, e o líder do kaizen atuou ativamente para que isso acontecesse.

Ao final da metade do segundo dia, o fluxo AS IS estava pronto e os

problemas mapeados. A figura 24 mostra o fluxo mapeado.

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Figura 24 – Fluxo AS IS das atividades

É fácil notar as várias linhas vermelhas que indicam refluxo e os vários

Post it® rosa que indicam problemas. A ideia de se focar na atividade que estava

sendo executada foi de suma importância para seu êxito. Não era a hora de se

pensar em soluções, pois essa etapa seria feita em momento oportuno.

4.4.5. JORNAL KAIZEN

Todas as ações levantadas após a elaboração do fluxo AS IS devem ser

escritas em um documento chamado Jornal Kaizen. É por meio dele que serão

monitoradas essas ações, para garantir que todas serão implementadas no prazo

estipulado. O Jornal Kaizen está diretamente ligado às metas que foram definidas

no A3, porém, não significa que somente elas serão publicadas no jornal. Outras

ações decorrentes dos levantamentos, e que impactarão nas soluções, devem ser

escritas e monitoradas. As figuras 25 e 26 mostram as metas do A3 e o Jornal

Kaizen dos problemas mapeados no fluxo AS IS.

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Figura 25 – Metas estipuladas no A3

Figura 26 – Desdobramento de metas no Jornal Kaizen

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4.4.6. FLUXO TO BE E AÇÕES

Com as ações definidas no jornal, foi iniciada a construção do fluxo TO BE

(que pode ser traduzido como para ser, estado futuro). A mesma metodologia foi

usada para o mapeamento (uso de papel pardo, fios de lã e Post it® coloridos).

Conhecendo o fluxo atual, com problemas, foi desenhado o fluxo ideal, eliminando

os retrabalhos e desperdícios. A mesma energia que foi gasta na elaboração do

fluxo AS IS também foi despendida na elaboração do TO BE. É uma atividade tão

importante quanto a anterior, uma vez que as atividades ali mapeadas serão

implementadas, ou seja, não se podem propor ações que não são factíveis,

mesmo sabendo que as metas devem ser arrojadas. A figura 27 mostra a

proposta de solução que foi implementada no prazo estipulado no Jornal Kaizen.

Figura 27 – Fluxo TO BE das atividades

A partir do momento em que se definiu o novo fluxo, já foram propostas as

modificações na árvore de arquivos. Como o foco do kaizen era a sua

reestruturação, muitas ideias foram dadas e exploradas, pesando prós e contras

de cada uma. Após um consenso, chegou-se a uma versão final. Não significa

que a árvore é imutável, pois melhorias podem e devem acontecer, mas a nova

estrutura será o ponto de partida para que essas novas melhorias aconteçam. As

figuras 28 e 29 mostram o antes e o depois das modificações da árvore.

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Figura 28 – Árvore antes das ações do kaizen

Figura 29 – Árvore após as ações do kaizen

A maior diferença entre os estados atual e futuro está no ramo 03_STUDY

e 17_ZONAL_ANALYSIS. No ramo 03_STUDY foi criado um ramo chamado

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01_INTERFACE e outro chamado 02_PERSONAL. Em 01_INTERFACE ficaram

os pacotes de trabalho, que podem ser vários, e dentro deles, as divisões por

tecnologias. Cada pacote contém a divisão da tecnologia que ele afetou, não

sendo obrigatório ter todas, pois o que não foi afetado ficará com sua divisão

vazia, apenas ocupado espaço e gerando desperdício de tempo. Em

02_PERSONAL ficou tudo o que não estava vinculado a um pacote de trabalho. A

intenção foi deixar separado o estudo pessoal, concepções ou qualquer outro tipo

de estudo. Dessa forma, o projetista pode ir direto aos arquivos referentes ao seu

pacote de trabalho, não sendo necessário navegar por ramos que não dizem

respeito àquilo que ele deve fazer, o que não acontecia na versão anterior da

árvore, onde os pacotes estavam separados por tecnologia, dificultando encontrar

os arquivos.

O ramo ZONAL OPC foi a grande melhoria implementada na árvore. Antes,

cada número de série tinha sua divisão por tecnologias, e cada tecnologia tinha

sua divisão de itens básicos e opcionais. Na nova proposta, todos os itens

opcionais ficaram separados em um ramo independente (ZONAL OPC), e os itens

básicos mantiveram sua divisão por número de série, e em seguida por

tecnologia. Isso foi feito para que não se repetisse o erro de esquecer um

opcional. O projetista ficou incumbido de abrir todos os arquivos opcionais

juntamente com os arquivos do número de série e região em que precisa fazer o

estudo.

4.4.7. ENCERRAMENTO

Após as definições das ações, que foram publicadas no jornal, foi feito o

encerramento do evento kaizen, onde se fez um balanço dos resultados e uma

análise da abrangência das soluções. Isso não foi publicado, sendo apenas uma

forma de feedback6 para o grupo. Em seguida, houve uma pequena

comemoração encerrada com uma foto do grupo participante. Essa forma de

6 Feedback: fornecer dados a uma pessoa ou grupo ajudando-o a melhorar seu desempenho no sentido de

atingir seus objetivos.

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encerramento foi feita como um reconhecimento ao trabalho executado, e para

que haja motivação para manter as soluções propostas.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a realização do evento kaizen chegou-se à conclusão de que o fluxo

de valor estava correto, não sendo necessária modificação alguma. O trabalho

padrão desenvolvido até então também atendia às necessidades, pois o

processo, como um todo, estava otimizado. Percebeu-se, então, que os refluxos

de trabalho, e o esquecimento de um arquivo quando da concepção de uma peça,

foram gerados pela falta de ordenação da árvore de arquivos. A partir deste

entendimento, duas ações surgiram como resultado:

Aplicação de um 5S Digital na árvore de arquivos;

Criação de um trabalho padrão para formalizar o 5S Digital.

Com a definição do que deveria ser feito, foram elaborados novos

procedimentos e uma nova metodologia para a organização da árvore, de forma a

facilitar a navegação por ela. O intuito foi minimizar a chance do esquecimento da

seleção de um arquivo, problema que motivou o evento kaizen e, por sua vez,

este estudo. Além disso, o tempo para se achar algum arquivo na árvore diminuiu

consideravelmente. O aumento de produtividade, pela diminuição do tempo, pode

ser comparado ao trabalho realizado por Nito (2010). Da mesma forma, não

houve mudança do número de pessoas que realizam o trabalho, mas a

padronização melhorou o fluxo de trabalho e a facilidade de treinar novas

pessoas. E, apesar das atividades não serem vinculadas a um takt time, a

diminuição de ciclo foi importante para o dimensionamento da equipe, permitindo

uma melhor distribuição das atividades.

A mudança mais significativa da árvore de arquivos foi no ramo referente a

itens opcionais. A figura 30 mostra uma representação deste ramo no estado

atual (AS IS). É possível notar os vários caminhos, pastas e subpastas pelos

quais era preciso navegar para se chegar a um arquivo específico.

Como já foi explicado, o produto em questão é dividido por regiões, e a

representação da estrutura de uma delas foi suficiente para a definição da

solução, pois é uma estrutura que se repete nas demais regiões do produto. O

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problema todo surgiu devido à repetição, por regiões, do ramo de itens opcionais,

onde somente os arquivos referentes a essa região deveriam estar ligados. Ao se

projetar uma peça, como pode haver a sobreposição de regiões, deveria-se

carregar todos os arquivos opcionais dessas regiões afetadas, o que não ocorreu.

Figura 30 – Árvore de arquivos no estado atual (AS IS)

A solução foi reorganizar a árvore de arquivos, aplicando os conceitos do

programa 5S, mas ao ambiente digital. A figura 31 mostra a proposta de solução

que foi implementada (TO BE) no prazo estipulado no jornal kaizen.

É nítida a diferença entre os estados atual e futuro, haja vista a estrutura de

organização das pastas. Pode-se notar que ainda há a divisão por número de

série, mas o ramo de itens opcionais agora é independente. Este ramo passou a

ser dividido por tecnologias, sendo que todos os arquivos referentes a cada uma

delas foram ligados nas subdivisões correspondentes, não levando em conta a

região onde eles aparecem (dianteira, central, junção ou traseira).

A princípio, teve-se a ideia de que a não divisão por regiões (apenas por

tecnologia), causaria uma confusão de arquivos, mas justamente por esse fato é

que se conseguiu solucionar o problema já apresentado.

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Figura 31 – Árvore de arquivos no estado futuro (TO BE)

O projetista que precisar projetar uma peça, ao carregar os opcionais de

uma tecnologia, não corre mais o risco de esquecer nada, garantindo que seu

projeto agora leva em conta a ocupação de espaço dos opcionais, mesmo que

eles não tenham sido vendidos para o número de série em que ele está

trabalhando. Isso é importante, pois existe a chance de um cliente fazer o pedido

de compra de um opcional algum tempo após a compra do produto, e se essa

ocupação de espaço não for levada em conta, podem ocorrer problemas na

montagem futura. Comparativamente ao estudo feito por Roos, Sartori e Paladini

(2011), os resultados comprovam que eventos kaizen são ótimas ferramentas

para a detecção e correção de problemas, tanto na área produtiva, quanto na

área administrativa. Novamente, a redução do tempo de execução das atividades

foi parâmetro para definir a eficiência da solução adotada. Albino (2011) também

comprova que a realização de um kaizen, aliada ao mapeamento do fluxo de

valor, melhora a performance de uma área administrativa. Este estudo não

precisou aliar o fluxo de valor ao kaizen, pois ele já estava otimizado, mas sem o

mapeamento não seria possível obter essa informação. Dias e Araujo (2011)

corroboram o que os outros autores já provaram, que a utilização de ferramentas

do Lean melhora a eficiência das atividades, e enfatizam que a premissa é

melhorar itens relevantes para os clientes, internos ou externos.

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Para garantir que todas as pessoas envolvidas sempre estejam

trabalhando com a informação mais atualizada, foi criado um procedimento de

atualização de arquivos. Todo último dia útil da semana, uma hora antes do final

do expediente, todos os projetistas devem parar suas atividades e gerar os

arquivos que serão ligados, tanto no ramo de itens opcionais, quando nos ramos

de números de séries. O procedimento foi avaliado durante um mês, e notou-se a

aderência de todos, pois a conscientização da importância dessas informações é

o que iria garantir um produto com maior qualidade. Também ficou definido que,

sempre que uma grande modificação ocorresse, mesmo não sendo o último dia

útil da semana, os arquivos deveriam ser atualizados. Este item teve uma

aderência menor, mas nada que viesse a comprometer as atividades, pois o

maior risco já havia sido mitigado, que era o esquecimento da abertura de um

arquivo.

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6. CONCLUSÕES

Percebeu-se uma melhora organizacional com a utilização do conceito do

programa 5S. A disposição dos materiais e recursos, e a organização do

ambiente, permitiu uma diminuição do tempo das atividades que não agregam

valor ao produto. O tempo para realização de uma tarefa foi diminuído, não

significando que ela foi realizada com menos qualidade, pelo contrário, apenas

atividades que agregam valor foram utilizadas na sua realização, elevando a

qualidade do produto.

Notou-se que nenhuma das atividades poderiam ter sido realizadas a

contento se não fosse feito o Mapeamento do Fluxo de Valor. Somente a partir

dele pronto é que se pode entender que o fluxo das atividades estava correto, e

que o problema apresentado necessitava de outros meios de verificação.

Independente disso, conhecer o processo como um todo foi importante, pois tudo

é passível de melhoria, e só é possível melhorar aquilo que se conhece.

Confirmou-se que cada vez que um problema surge em um processo, cuja

causa precisa ser investigada e a solução ser implementada em um curto espaço

de tempo, o kaizen é a melhor e mais poderosa ferramenta para isso. A

dedicação integral da equipe que realizou esse evento foi primordial para o seu

sucesso, tanto no rastreamento dos problemas, como nas propostas de solução.

A aplicação de seu resultado trouxe uma rápida melhora no processo, e após a

sua estabilização, será possível pensar em novos pontos de melhoria.

Nada do que foi feito, nenhuma ação, ou organização de ambiente,

funcionará corretamente se não houver duas coisas que devem andar em

paralelo: envolvimento das pessoas e trabalho padrão. O trabalho padrão foi

criado para embasar todas as ações tomadas para solucionar o problema, e as

pessoas se conscientizaram da importância de se observar o que ele dita, uma

vez que foi criado pensando em se evitar os mesmos erros. É fato que a criação

de regras encontrou certa resistência de utilização, mas ao perceberem as

vantagens que elas trazem, essa resistência deixou de existir, provando que

pensar antes de se fazer algo é o melhor caminho para o sucesso de qualquer

empreendimento.

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Por fim, conclui-se que o Lean Manufacturing é uma ferramenta que

realmente traz benefícios para o ambiente de trabalho, não importando se ele é

produtivo ou administrativo. A aplicação de quatro de seus princípios trouxe

melhora ao ambiente físico e propôs a solução do problema mostrado. O

ambiente digital, antes desorganizado e de difícil navegação, foi totalmente

organizado e otimizado. Isso diminuiu as chances de se esquecer a abertura de

algum arquivo de item opcional, o que pode ocasionar erros de projeto. As

melhorias físicas e a implantação de trabalho padrão possibilitaram um aumento

de performance e qualidade do trabalho, corroborando o que a filosofia Lean

prega, eliminação dos desperdícios.

Como sugestão, fica a ideia de se utilizar outros princípios do Lean

Manufacturing neste mesmo escritório de projetos. As demais ferramentas de

controle permitirão acompanhar o aumento de performance que as quatro

abordadas neste estudo promoveram, identificando o momento de se realizar

novas ações para que a qualidade do trabalho não caia e a excelência seja

atingida.

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APÊNDICE

Principais ícones usados no Mapeamento de Fluxo de Valor em unidades

de fabricação.

Fluxo de material

Etapa do processo

Recurso externo

Caixa de dados

Estoque

Embarque por caminhão

Fluxo do material empurrado

Produtos acabados entregues ao cliente

Sequência de fluxo

Super mercado

Fluxo puxado

Ícones gerais

Oportunidade de melhoria (kaizen)

Estoque regulador

Operador

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Fluxo de informação

Fluxo de informação em papel

Fluxo de informação eletrônica

Realimentação

Cartão kanban7 de retirada

Cartão kanban de produção

Chegada de lote kanban

Sinal kanban

Sinal kanban

Posto kanban

Nivelamento de carga

Bola de sequência

Controle visual sobre as atividades

Principais ícones usados no de um Mapeamento de Fluxo de Valor em

escritórios. Como o Fluxo de Valor de um escritório compartilha alguns ícones da

fabricação, só serão mostrados os ícones diferentes.

Cliente

Processo

Processo detalhado

Banco de dados

Decisão

7 Kanban: do japonês, registro ou placa visível. Autorização para a produção de determinada quantidade de

um item.

Page 68: José Francisco Ferreira Junior - USPsistemas.eel.usp.br/bibliotecas/monografias/2012/MIQ12011.pdfDeixar o cliente puxar Guiado pelo Takt Time1 Guiado pela necessidade da empresa Perfeição

68

Fax

Fax com texto

Carta

Carta com texto

Telefone

Telefone com texto

Dados

Dados com texto

Documento

Entrada de documento

Organização

Célula

E-mail

E-mail com texto

Prioridade

Subdivisão de célula

Eliminar

Problema com qualidade