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i Modelo de simulação de circuitos de recolha de resíduos urbanos ( ( José Maria Madeira Santos Silva Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Orientador: Prof. Paulo Manuel Cadete Ferrão Júri Presidente: Prof. Mário Manuel Gonçalves da Costa Orientador: Prof. Paulo Manuel Cadete Ferrão Vogais: Prof. Carlos Augusto Santos Silva Julho 2015

José Maria Madeira Santos Silva - ULisboa · José Maria Madeira Santos Silva Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Orientador: Prof. Paulo Manuel

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  • i

    Modelo de simulação de circuitos de recolha de resíduos urbanos ( (

    José Maria Madeira Santos Silva

    Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

    Engenharia Mecânica

    Orientador: Prof. Paulo Manuel Cadete Ferrão

    Júri

    Presidente: Prof. Mário Manuel Gonçalves da Costa

    Orientador: Prof. Paulo Manuel Cadete Ferrão

    Vogais: Prof. Carlos Augusto Santos Silva

    Julho 2015

  • ii

    Agradecimentos

    Gostaria em primeiro lugar de agradecer aos meus orientadores. Ao Prof. Doutor Paulo Ferrão pela oportunidade

    de realizar este trabalho sob sua orientação, pelo acompanhamento e apoio para a sua concretização.

    Ao Eng.º António Lorena pela orientação, pelos excelentes conselhos e por todo o tempo e atenção despendidos

    no apoio à realização do meu trabalho.

    Aos meus pais pela motivação constante, pela paciência e apoio prestado durante todo o processo de elaboração

    da tese.

    Por fim a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para o bom resultado obtido tais como técnicos

    da direção de higiene urbana e resíduos sólidos da Camara municipal de Lisboa, a responsáveis da Simopeças.

  • iii

    Resumo

    Na cadeia de gestão de resíduos urbanos, a recolha assume uma importância extrema, principalmente por ser

    responsável por uma parte considerável da despesa total, por apresentar uma logística complexa e porque os

    resultados obtidos estão altamente dependentes do comportamento dos produtores a montante.

    Estes motivos refletem a importância do cuidado no planeamento dos circuitos de recolha e na avaliação dos

    seus resultados de forma a construir as opções mais favoráveis.

    O objetivo principal deste trabalho foi a construção de um modelo matemático que permita a simulação de

    circuitos com base nas suas características elementares de forma a conhecer a sua produtividade e seus custos

    sem que para o fazer seja necessário proceder ao acompanhamento repetido do circuito m questão.

    Tendo em vista o principal objetivo do trabalho foi utilizada uma nova abordagem de forma a estabelecer

    expressões matemáticas que permitam através das operações básicas do circuito (inicial, ponto de recolha, entre

    pontos de recolha, transporte e final) descrever todo o circuito. Foi necessário fazer algumas considerações com

    base na literatura consultada e nas opiniões técnicas ouvidas durante o trabalho.

    A opção pelos circuitos de recolha Porta-a-Porta nos circuitos estudados revela-se uma opção mais favorável

    porque nestes casos se atingem maiores valores de capitação diária e são o ponto de vista financeiro uma opção

    menos dispendiosa.

    A operação de recolha efetiva é aquela à qual estão associados os maiores gastos e deve por isso ser o principal

    alvo de atenção em questões de melhoria.

    Palavras-chave: modelo; resíduos urbanos; recolha; circuitos de recolha; indicadores; custos.

  • iv

    Abstract

    In municipal waste management chain, the collection is of paramount importance, especially for being

    responsible for a considerable share of total spending, by presenting a complex logistics and because the results

    are highly dependent on the behaviour of upstream producers. In addition the collection is the interface between

    citizens and waste management systems.

    These reasons reflect the importance of the careful planning of the collection circuits and evaluation of their

    results in order to build the most favourable options.

    The main objective of this work was the construction of a mathematical model that allows the simulation of

    circuits based on its basic features to know its productivity and costs without being required to follow repeatedly

    the circuit in question.

    Given the main objective of the study was used a mechanistic approach to building mathematical expressions

    that allow through the basic circuit operations (initial, collection point, between points of collection, transport

    and final) describe the whole circuit. It was necessary to make some considerations on the basis of literature and

    technical opinions heard during work.

    The option for the door-to-door collection, in the studied circuits, proves to be a more favourable option because

    in these cases it reaches higher values of daily capitation and are a less expensive option per collected ton.

    The operation of "effective collection" is the one to which are associated with higher expenses and should

    therefore be the main focus of attention in improving matters.

    Keywords: model; municipal waste; collection; collection circuits; indicators; costs.

  • v

    Índice

    Agradecimentos ................................................................................................................................................... i

    Resumo .............................................................................................................................................................. iii

    Abstract ............................................................................................................................................................. iv

    Lista de Figuras ................................................................................................................................................. viii

    Lista de Tabelas ................................................................................................................................................... x

    Abreviaturas ......................................................................................................................................................xii

    1. Introdução .................................................................................................................................................. 1

    1.1 Âmbito e motivação do trabalho ........................................................................................................ 1

    1.2 Objetivos............................................................................................................................................ 3

    1.3 Estrutura da tese ................................................................................................................................ 3

    2 Enquadramento do tema e revisão bibliográfica ......................................................................................... 4

    2.1 Definição de Resíduos e de Resíduos Urbanos ................................................................................... 4

    2.2 Caracterização qualitativa e quantitativa dos Resíduos Urbanos em Portugal .................................... 5

    2.3 Definição de Gestão de Resíduos e de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos ...................................... 7

    2.4 Recolha .............................................................................................................................................. 9

    2.4.1 Principais opções de resíduos urbanos ......................................................................................... 10

    2.4.2 Tipos de equipamentos de deposição .......................................................................................... 13

    2.4.3 Viaturas de remoção de resíduos urbanos ................................................................................... 15

    2.4.4 Análise de Circuitos ...................................................................................................................... 16

    2.5 Indicadores de Desempenho ............................................................................................................ 18

    2.6 Consumo de combustível e emissões ............................................................................................... 26

    2.6.1 Cálculo de emissões e consumo de combustível .......................................................................... 26

    2.6.2 Emissões e principais efeitos ........................................................................................................ 27

    3 Desenvolvimento do modelo .................................................................................................................... 29

    3.1 Considerações gerais........................................................................................................................ 29

    3.2 Conceito de desenvolvimento do modelo ........................................................................................ 29

  • vi

    3.3 Parâmetros de entrada .................................................................................................................... 31

    3.3.1 Características gerais ................................................................................................................... 31

    3.3.2 Contentorização .......................................................................................................................... 32

    3.3.3 Viatura ......................................................................................................................................... 32

    3.3.4 Custos unitários ........................................................................................................................... 33

    3.3.5 Distância ...................................................................................................................................... 33

    3.3.6 Velocidade ................................................................................................................................... 34

    3.3.7 Tempo por contentor................................................................................................................... 34

    3.4 Indicadores de produtividade calculados e formulação matemática ................................................ 35

    3.4.1 Quantidades recolhidas e fretes realizados .................................................................................. 35

    3.4.2 Distância percorrida ..................................................................................................................... 36

    3.4.3 Tempo despendido ...................................................................................................................... 37

    3.4.4 Consumo de combustível ............................................................................................................. 39

    3.4.5 Encargos ...................................................................................................................................... 42

    3.4.6 Emissões ...................................................................................................................................... 44

    3.5 Limitações do modelo ...................................................................................................................... 48

    3.6 Interface .......................................................................................................................................... 48

    4 Resultados ................................................................................................................................................ 50

    4.1 Validação do modelo........................................................................................................................ 50

    4.2 Análise de circuitos reais .................................................................................................................. 51

    4.2.1 Média dos parâmetros de entrada ............................................................................................... 52

    4.2.2 Quantidade Recolhida.................................................................................................................. 54

    4.2.3 Capitação diária ........................................................................................................................... 55

    4.2.4 Tempo ......................................................................................................................................... 56

    4.2.5 Distância ...................................................................................................................................... 59

    4.2.6 Consumo de combustível por tonelada recolhida ........................................................................ 62

    4.2.7 Custos do circuito ........................................................................................................................ 63

    4.2.8 Emissões ...................................................................................................................................... 69

  • vii

    5 Conclusões ............................................................................................................................................... 72

    6 Referências ............................................................................................................................................... 74

    Anexos ................................................................................................................................................................ A

    Anexo A – Utilização do “Copert 4” ................................................................................................................. A

    Anexo B – Base de dados de fatores de emissão e combustível consumido .................................................... E

    Anexo C – Tabelas dos dados reais utilizados para testar o modelo publicadas por (Santos, 2011) .................. I

  • viii

    Lista de Figuras

    Figura 2-1 - Caracterização física média dos Resíduos Urbanos produzidos em Portugal continental em 2012 5

    Figura 2-2 - Produção total e por habitante de Resíduos Urbanos em Portugal Continental no período de 2002 a

    2012. 6

    Figura 2-3 - Produção de resíduos urbanos em Portugal Continental, por região, em 2012. 7

    Figura 2-4 – Destino Final dos Resíduos Urbanos em Portugal Continental. 9

    Figura 2-5 – Quantidade de Resíduos Urbanos recolhida de forma indiferenciada e seletiva e percentagem de

    recolha seletiva no período entre 2002 e 2012. 11

    Figura 2-6 – Número de habitantes por ecoponto em 2011 em Portugal Continental. 12

    Figura 2-7 – Equipamentos de deposição utlizados na recolha porta-a-porta 14

    Figura 2-8 – Equipamentos de deposição utilizados na recolha coletiva 15

    Figura 2-9 – Esquema representativo das operações constituintes do processo de recolha de contentores

    estacionários. 17

    Figura 3-1 – Representação esquemática das operações elementares do circuito de recolha 30

    Figura 3-2 – Janela de abertura da interface. 48

    Figura 3-3 – Janela de Introdução de dados referentes ao circuito em estudo. 49

    Figura 3-4 – Janela de apresentação de resultados. 49

    Figura 4-1 – Média do erro relativo do consumo de combustível por circuito. 50

    Figura 4-2 – Média dos custos totais por tonelada e da capitação diária nos circuitos de recolha indiferenciada.

    55

    Figura 4-3 – Média dos custos totais por tonelada e da capitação diária nos circuitos de recolha seletiva. 55

    Figura 4-4 – Média dos tempos e dos custos totais, por tonelada recolhida, de circuitos de recolha de

    indiferenciados, para cada grupo analisado. 57

    Figura 4-5 – Média dos tempos e dos custos totais, por tonelada recolhida, de circuitos de recolha de embalagens,

    para cada grupo analisado. 57

    Figura 4-6 – Média dos tempos e dos custos totais, por tonelada recolhida, de circuitos de recolha de papel e

    cartão, para cada grupo analisado. 58

    Figura 4-7 – Média dos tempos e dos custos totais, por tonelada recolhida, de circuitos de recolha de vidro 58

  • ix

    Figura 4-8 – Média das distâncias e dos custos totais, por tonelada recolhida, de circuitos de recolha de

    indiferenciados, segmentados por grupo. 59

    Figura 4-9 – Média das distâncias e dos custos totais, por tonelada recolhida, de circuitos de recolha de

    embalagens, segmentados por grupo. 60

    Figura 4-10 – Média das distâncias e dos custos totais, por tonelada recolhida, de circuitos de recolha de papel e

    cartão, segmentados por grupo. 60

    Figura 4-11 – Média das distâncias e dos custos totais, por tonelada recolhida, de circuitos de recolha de vidro,

    segmentados por grupo. 61

    Figura 4-12 – Média dos consumos e dos custos totais por tonelada recolhida. 62

    Figura 4-13 – Custo total por tonelada recolhida. 63

    Figura 4-14 – Média dos custos totais e dos custos por classes de encargos dos circuitos de recolha de

    indiferenciados. 64

    Figura 4-15 – Média dos custos totais e dos custos por classes de encargos dos circuitos de recolha de

    embalagens. 65

    Figura 4-16 – Média dos custos totais e dos custos por classes de encargos dos circuitos de recolha de papel e

    cartão. 65

    Figura 4-17 – Média dos custos totais e dos custos por classes de encargos dos circuitos de recolha de vidro. 66

    Figura 4-18 – Média dos custos totais e por operação realizada no circuito de recolha de indiferenciados 67

    Figura 4-19 – Média dos custos totais e por operação realizada no circuito de recolha de embalagens 67

    Figura 4-20 – Média dos custos totais e por operação realizada no circuito de recolha de papel e cartão 68

    Figura 4-21 – Média dos custos totais e por operação realizada no circuito de recolha de vidro 68

    Figura 4-22 – Média das emissões de CO e CO2 em cada circuito. 69

    Figura 4-23 – Média das emissões de NOx em cada circuito. 70

    Figura 4-24 – Média das emissões de partículas e VOC em cada circuito. 70

  • x

    Lista de Tabelas

    Tabela 2-1 – Parametros de caracterização de circuitos utilizados por Moreira (2008), Gomes (2009) e Santos

    (2011) 19

    Tabela 2-2 – Indicadores de produtividade utilizados na comparação de circuitos por Moreira (2008) e Gomes

    (2009) 20

    Tabela 2-3 – Indicadores de produtividade utilizados na comparação de circuitos por Santos (2011) 21

    Tabela 2-4 – Tempo de descarga dos contentores 22

    Tabela 2-5 – Tempo médio por ponto de recolha em função do numero de contentores 23

    Tabela 2-6 – Retas de regressão linear do tempo médio por ponto de recolha em função do numero de

    contentores 24

    Tabela 2-7 – Tempo médio por ponto de recolha em função do numero de contentores 24

    Tabela 2-8 – Retas de regressão linear do tempo médio por ponto de recolha em função do numero de

    contentores 25

    Tabela 3-1 – Características gerais do circuito 31

    Tabela 3-2 – Caracteristicas de contentorização do circuito 32

    Tabela 3-3 – Caracteristicas da viatura de recolha 32

    Tabela 3-4 – Custos unitários das diversas componentes do circuito 33

    Tabela 3-5 – Distâncias médias cararteristicas das diferentes operações do circuito 33

    Tabela 3-6 – Velocidades médias de deslocação do veículo nas diferentes operações 34

    Tabela 3-7 – Tempos despendidos por classe de contentor e fluxo de resíduos (hh:mm:ss) 34

    Tabela 3-8 – Indicadores de produtividade relacionados com as quantidades de RU recolhidos. 35

    Tabela 3-9 – Indicadores de produtividade relacionados com as distancias percorridas nas várias operações do

    circuito 36

    Tabela 3-10 – Indicadores de produtividade relacionados com a duração das diversas operações do circuito 37

    Tabela 3-11 – Consumos instantâneos estimados no “Copert 4 “ para as diversas operações do circuito. 39

    Tabela 3-12 – Indicadores de produtividade referentes ao consumo real de combustível do veículo nas diferentes

    operações do circuito de recolha 40

    Tabela 3-13 – Indicadores de produtividade referentes aos encargos do circuito de recolha. 42

  • xi

    Tabela 3-14 – Fatores de emissão, em função da distância percorrida, estimados no “Copert 4” para as diversas

    operações do circuito. 44

    Tabela 3-15 – Fatores de emissão por litro de combustível consumido 45

    Tabela 3-16 – Indicadores de produtividade referentes às emissões de CO, NOx, HC e PM 46

    Tabela 4-1 – Média dos parâmetros de entrada dos circuitos reais de indiferenciados e embalagens analisados

    52

    Tabela 4-2 – Média dos parâmetros de entrada dos circuitos reais de papel e cartão e vidro analisados 53

    Tabela 4-3 – Média da quantidade de resíduos recolhidos em toneladas por tipo de circuito e por tipo de resíduo.

    54

  • xii

    Abreviaturas

    ADA – Avaliação de Desempenho Ambiental

    APA – Agência Portuguesa do Ambiente

    ICA – Indicadores de Condição Ambiental

    IDA – Indicadores de Desempenho Ambiental

    INE – Instituto Nacional de Estatística

    LER – Lista Europeia de Resíduos

    PaP – Recolha porta-a-porta

    PERSU – Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos

    PNGR – Plano Nacional de Gestão de Resíduos

    RA – Resíduos agrícolas

    RFE – Resíduos de fluxos especiais

    RH – Resíduos hospitalares

    RI – Resíduos industriais

    RU – resíduos urbanos

  • 1

    1. Introdução

    1.1 Âmbito e motivação do trabalho

    O crescimento da população mundial, a alteração dos hábitos de consumo das sociedades e a intensificação das

    atividades económicas a nível global levantam problemas relacionados com o esgotamento dos recursos naturais

    existentes e origina um aumento na produção de resíduos. Esta questão torna-se ainda mais sensível nos grandes

    centros urbanos. O número das megacidades, centros urbanos com mais de 10 milhões de habitantes tem

    aumentado nos últimos anos e prevê-se que continue a aumentar principalmente nos países em vias de

    desenvolvimento.

    Em Portugal, a evolução da distribuição da população tem sido no mesmo sentido, embora as cidades

    apresentem menor dimensão. O movimento da população das regiões do interior para o litoral, concentrando-

    se essencialmente nas cidades de Lisboa e do Porto, começou a ter maior expressão depois da década de 50 do

    século XX. Atualmente 60% da população portuguesa vive em cidades e, em contrapartida, as regiões do interior,

    Beiras e Alentejo, estão a decrescer em termos populacionais.

    Por estes motivos, nas últimas décadas, temas como a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente têm

    vindo a ganhar importância e por conseguinte a constar das agendas políticas quer a nível nacional como

    internacional.

    O conceito de resíduos tem sofrido alterações ao longo do tempo e a perspetiva de que devem ser eliminados

    no final das cadeias de produção perdeu importância para dar lugar aos conceitos de reaproveitamento,

    valorização e reintegração no mercado.

    Atualmente os países menos desenvolvidos pretendem criar ou melhorar as soluções para a recolha e

    tratamento dos resíduos, enquanto os mais desenvolvidos enquadram na questão do aumento da produção de

    resíduos a consequente necessidade tornar mais eficazes os sistemas de gestão.

    A produção de resíduos urbanos em Portugal apresentou crescimento até 2009 mas inverteu essa tendência em

    2012, quando atingiu um valor de 4,53 Mt, que corresponde a uma capitação média anual de 454 kg. Este valor

    situa-se abaixo da média dos países europeus, que é próxima dos 500 kg por habitante e por ano (Agência

    Portuguesa do Ambiente, 2014).

    A existência de modelos adequados para a gestão de resíduos é essencial para permitir o aumento da sua

    valorização, o que terá como consequência uma diminuição da extração de matérias-primas e uma poupança

    dos recursos naturais do planeta.

    Na cadeia de gestão de resíduos urbanos, a recolha assume uma importância extrema. Segundo Tchobanoglous

    & Kreith (2002) e Martinho & Gonçalves (1999) é responsável por 40% a 70% da despesa total. Este facto resulta

    da logística complexa que lhe está associada e também porque os bons ou maus resultados deste processo estão

  • 2

    altamente dependentes do comportamento dos produtores a montante. A recolha é a interface entre os

    cidadãos e a cadeia de gestão de resíduos, o que lhe confere grande importância visto que as opções de

    deposição disponibilizadas e a sensação de bom ou mau funcionamento do sistema podem favorecer ou não a

    participação dos cidadãos na recolha seletiva e desta forma influenciar a valorização dos resíduos produzidos.

    A crescente aglomeração das populações nas grandes cidades, a variabilidade nas características de urbanização,

    a opção pela recolha de resíduos em fluxos separados e a panóplia de opções de recolha são alguns dos fatores

    que aumentam os desafios relacionados com a manutenção da limpeza do ambiente urbano em geral e da

    recolha em particular. Um sistema de gestão de resíduos com opções adequadas ao nível da recolha permite

    reduções diretas nos encargos financeiros do sistema global e pode melhorar o seu desempenho ambiental e as

    taxas de valorização de resíduos.

    Manter as cidades limpas e os cidadãos satisfeitos são os principais objetivos da recolha de resíduos. Realizar

    esta atividade de forma eficiente e menos dispendiosa requer um planeamento cuidado que tem de ter em linha

    de conta uma enorme diversidade de fatores. Para isto é essencial conhecer os parâmetros que influenciam o

    desempenho dos circuitos de recolha existentes e os efeitos das alterações possíveis.

    Moreira (2008) e Gomes (2009) realizaram trabalhos sobre os circuitos de recolha indiferenciada e seletiva dos

    concelhos de Loures e Sintra respetivamente, com o objetivo de determinar os indicadores típicos de circuitos

    de recolha de forma a permitir uma análise comparativa de apoio elaboração de novos projetos.

    Santos (2011), numa abordagem semelhante, elaborou um outro trabalho cujo objetivo principal foi

    determinação de um conjunto de indicadores operacionais de circuitos de diferentes sistemas de recolha de

    resíduos urbanos existentes no município de Lisboa, tipificando circuitos porta-a-porta com contentores, porta-

    a-porta com sacos, eco-ilhas e ecopontos.

    Estes autores realizaram os seus trabalhos com abordagens semelhantes, baseadas no conhecimento empírico

    dos circuitos, procedendo ao acompanhamento das viaturas e ao registo dos indicadores de produtividade

    observados. Numa abordagem de complementaridade, procurou-se abordar a gestão dos resíduos urbanos de

    forma mais generalizada, e com base num modelo matemático de simulação, que não obriga ao

    acompanhamento dos circuitos, prever não só indicadores de produtividade associados a um dado circuito mas

    também fazer a estimativa dos custos que lhe estão associados. Este modelo pretende ser uma ferramenta de

    apoio a tomada de decisão dos responsáveis pelo planeamento de circuitos.

  • 3

    1.2 Objetivos

    O principal objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento de um modelo matemático de simulação de circuitos

    que permita, face às características destes, prever os custos associados e os valores dos indicadores de

    produtividade esperados.

    O modelo foi validado através de testes a alguns circuitos descritos na bibliografia que permitem a análise da

    influência das características específicas nos custos e na produtividade.

    1.3 Estrutura da tese

    Este trabalho foi organizado da seguinte forma:

    Capitulo 1: Pequena introdução ao conteúdo, exposição das motivações para o realizar e principais

    objetivos do trabalho.

    Capitulo 2: Enquadramento do tema e revisão bibliográfica a outros trabalhos relevantes.

    Capitulo 3: Exposição detalhada da metodologia de construção do modelo dos parâmetros de entrada

    e dos indicadores resultantes

    Capitulo 4: Análise a casos reais com base no modelo construído.

    Capitulo 5: Principais conclusões do trabalho.

  • 4

    2 Enquadramento do tema e revisão bibliográfica

    2.1 Definição de Resíduos e de Resíduos Urbanos

    A produção de resíduos é um desafio que acompanha toda a história do Homem. Surgiu como consequência das

    atividades quotidianas das sociedades e foi o abandono dos hábitos de nomadismo e a fixação de forma

    permanente dos primeiros grupos que determinaram o aparecimento das questões relacionadas com a

    acumulação e gestão de resíduos (Melosi, 2005). De facto, o uso de recursos naturais para desenvolver as

    atividades socioeconómicas do quotidiano implica a produção de resíduos em todas as fases, desde a extração à

    transformação, até que o produto final deixa de ter utilidade para o consumidor (Agência Portuguesa do

    Ambiente, 2014).

    A definição de resíduo foi estabelecida no direito europeu em 1975 e desde então não tem sofrido alterações

    significativas (Agência Portuguesa do Ambiente, 2011). Segundo o enquadramento legal vigente em Portugal,

    resíduos são “quaisquer substâncias ou objetos de que o detentor se desfaz ou tem a intenção ou a obrigação de

    se desfazer” (alínea ee do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 73/2011 de 17 de junho).

    Apesar da noção de resíduo não ter sofrido grande alteração desde que foi instituída, as preocupações de

    carácter ambiental têm vindo a aumentar com o passar do tempo fomentando constantes alterações nas

    normativas Europeias referentes a este tema. Atualmente é consensual que os resíduos devem ser vistos como

    parte integrante do sistema económico. De acordo com o Plano Nacional de Gestão de Resíduos (PNGR) (Agência

    Portuguesa do Ambiente, 2011, p. 9), “Os resíduos passaram a ser considerados como saídas do sistema

    económico, sendo que, desta forma, a gestão de resíduos constitui parte do ciclo socioeconómico dos materiais

    devendo integrar a sua gestão global.”

    A classificação portuguesa dos resíduos está de acordo com as normas Europeias, nomeadamente com a Lista

    Europeia de Resíduos (LER) publicada na portaria nº209/2004, de 3 de Março. Existem outras classificações

    menos detalhadas em que os resíduos são categorizados de acordo com a sua origem ou perigosidade. De acordo

    com Levy & Cabeças (2006) os resíduos podem ser classificados quanto à origem como resíduos sólidos urbanos

    (RSU), resíduos industriais (RI), resíduos hospitalares (RH), resíduos agrícolas (RA) e resíduos de fluxos especiais

    (RFE). Ainda segundo os mesmos autores, os resíduos podem ser divididos quanto à sua perigosidade em não

    perigosos, perigosos e inertes. O enquadramento de um objeto ou substância numa destas categorias não obriga

    necessariamente à sua classificação como resíduo pois estes podem constituir um recurso interessante para

    outra entidade (Agência Portuguesa do Ambiente, 2011).

    O Decreto-Lei n.º 239/97 de 9 setembro define como resíduos urbanos “os resíduos domésticos ou outros

    resíduos semelhantes, em razão da sua natureza ou composição, nomeadamente os provenientes do sector de

    serviços ou de estabelecimentos comerciais ou industriais e de unidades prestadoras de cuidados de saúde, desde

    que, em qualquer dos casos, a produção diária não exceda 1100 l por produtor”. Entretanto este conceito foi

  • 5

    alargado no Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, e passam a ser considerados resíduos urbanos todos os

    resíduos que pela sua natureza ou composição, sejam semelhantes aos provenientes de habitações

    independentemente da quantidade produzida.

    2.2 Caracterização qualitativa e quantitativa dos Resíduos Urbanos em Portugal

    Para a gestão adequada dos RU é necessário conhecer as suas características quantitativas e qualitativas. Por

    isso, são sistematicamente realizadas campanhas de caracterização de forma a conhecer a composição física dos

    RU.

    Na Figura 2-1 são apresentados os resultados da caracterização física média dos RU produzidos em Portugal

    Continental no ano de 2012, elaborada com base nas especificações técnicas da Portaria n.º 851/2009, de 7 de

    agosto (Agência Portuguesa do Ambiente, 2013b).

    Figura 2-1 - Caracterização física média dos Resíduos Urbanos produzidos em Portugal continental em 2012 (adaptado de:

    (Agência Portuguesa do Ambiente, 2013b))

    O grupo composto pelos RU putrescíveis, verdes, vidro, compósitos, madeira, metais, papel e cartão e plástico

    atinge uma percentagem de aproximadamente 73% do total e pode ser alvo de operações de valorização

    (Agência Portuguesa do Ambiente, 2014).

    1,5%

    1,7%

    38,6%

    0,3%

    10,3%

    12,9%

    2,7%

    1,8%

    0,8%

    10,8%

    3,2%

    6,1%

    5,7%

    3,5%

    Resíduos Volumosos

    Resíduos Verdes

    Resíduos Putrescíveis

    Resíduos Perigosos

    Plástico

    Papel/Cartão

    Outros Resíduos

    Metais

    Madeira

    Finos

    Compósitos

    Vidro

    Têxteis Sanitários

    Têxteis

    0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0%

  • 6

    Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) publicados

    no Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU) 2020 (Agência Portuguesa do Ambiente, 2014) e

    ilustrados na Figura 2-1, a produção de RU em Portugal cresceu entre os anos de 2002 e 2009 tendo vindo desde

    então a decrescer até 2012, ano em que atingiu um valor de 4,5 milhões de toneladas, que corresponde a uma

    capitação média anual de 454 kg. Este valor situou-se abaixo da média dos países membros da União Europeia,

    que foi de 500 kg por habitante por ano no ano de 2011 (Agência Portuguesa do Ambiente, 2014).

    Figura 2-2 - Produção total e por habitante de Resíduos Urbanos em Portugal Continental no período de 2002 a 2012

    (adaptado de (Agência Portuguesa do Ambiente, 2014)).

    4,36 4,42 4,39 4,474,64 4,65

    5,14 5,19 5,18 4,884,53

    441 444 439 444460 459

    508 511 511486

    454

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    0,00

    1,00

    2,00

    3,00

    4,00

    5,00

    6,00

    2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Cap

    itaç

    ão (

    kg/(

    hab

    .an

    o))

    Pro

    du

    ção

    de

    RU

    (Mt)

    Ano

    Produção de RU Capitação

  • 7

    A distribuição regional da produção de Resíduos Urbanos em Portugal Continental no ano de 2012 está

    representada na Figura 2-3.

    Figura 2-3 - Produção de resíduos urbanos em Portugal Continental, por região, em 2012 (Agência Portuguesa do Ambiente,

    2013a)

    As regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Norte no seu conjunto apresentaram um valor de78.1%, sendo na região

    alentejana que a produção de RU é menor atingindo um valor de 6,9%. Daqui se depreende que é naquelas

    regiões que a gestão dos RU assume maior importância e onde se justifica maior investimento.

    2.3 Definição de Gestão de Resíduos e de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos

    Segundo o artigo 3º do Decreto-lei n.º 73/2011, de 17 de junho, gestão de resíduos define-se como “ recolha, o

    transporte e a eliminação de resíduos, incluindo a supervisão destas operações, a manutenção dos locais de

    eliminação no pós-encerramento, bem como as medidas adotadas na qualidade de comerciante ou corretor”.

    Tchobanoglous et al. (1993) definem gestão de resíduos como os processos associados ao controlo da produção,

    armazenamento, recolha, transferência e transporte, tratamento e deposição de resíduos sólidos de forma a

    estarem de acordo com os melhores princípios de saúde pública, economia, engenharia, conservação, estética e

    outras considerações ambientais.

    7,5%

    6,9%

    32,5%

    37,6%

    15,6%

    Algarve

    Alentejo

    Norte

    Lisboa e Vale do Tejo

    Centro

  • 8

    Também são parte integrante da gestão de resíduos as atividades de caráter administrativo, financeiro,

    legislativo e de planeamento necessárias ao bom funcionamento de toda a cadeia, bem como a prevenção da

    produção, a definição de políticas e legislação ambiental e a regulação das atividades do setor (Agência

    Portuguesa do Ambiente, 2011).

    Os modelos de gestão existentes em Portugal são divididos com base na responsabilidade que os diferentes

    intervenientes assumem na organização dos circuitos de recolha e no encaminhamento dos resíduos para o

    destino final adequado. De um modo genérico, os modelos de gestão podem ser agrupados da seguinte forma

    (Agência Portuguesa do Ambiente, 2011, p. 24):

    “O modelo dos resíduos urbanos, cuja gestão é da responsabilidade dos municípios”;

    “O modelo dos resíduos industriais ou de outros tipos de resíduos, em que a responsabilidade da gestão

    é do produtor/detentor dos resíduos”;

    “O modelo dos fluxos específicos de resíduos, transversais a todas as origens, no âmbito da aplicação

    do conceito Responsabilidade Alargada do Produtor, cuja responsabilidade é do produtor dos bens e

    encontra-se, na sua maior parte, assente em sistemas coletivos, ou seja, entidades gestoras, pese

    embora, não se exclua a possibilidade da gestão ser assegurada individualmente para vários fluxos de

    resíduos”.

    Os serviços de gestão de RU envolvem as etapas de recolha, transporte, armazenagem, triagem, valorização e

    eliminação de resíduos. Estas atividades são repartidas em duas classes: a atividades em baixa, que enquadram

    a recolha e as atividades em alta que agregam as restantes operações mencionadas (Entidade Reguladora dos

    Serviços de Águas e Resíduos, 2013).

    Em Portugal existem 259 entidades gestoras responsáveis pelas atividades em baixa e 23 sistemas de gestão de

    RU em alta. A grande discrepância de números está relacionada com o facto das entidades de gestão em alta

    serem multimunicipais e intermunicipais enquanto as atividades em baixa estão geralmente entregues aos

    municípios ou a empresas municipais. (Agência Portuguesa do Ambiente, 2014).

    Estima-se que uma gestão mais eficiente dos resíduos produzidos na União Europeia pouparia 1,4 mil milhões

    de euros de importações anuais e geraria 1,6 mil milhões de euros de receitas. Também o emprego seria afetado

    de forma positiva, sendo gerados meio milhão de postos de trabalho até 2020, considerando apenas o subsector

    da reciclagem.

    A importância da gestão de resíduos nos impactos ambientais pode ser significativa e na Europa este é o sector

    responsável pelo quarto maior contributo, cerca de 2,9%, de emissões de gases com efeito de estufa. Em Portugal

    o contributo deste setor é ainda maior, representando 11,9% das emissões nacionais (Agência Portuguesa do

    Ambiente, 2014).

    Torna-se então evidente a importância deste setor e do seu funcionamento adequado quer a nível económico

    como a nível ambiental.

  • 9

    A Figura 2-4 ilustra o destino final dos RU em Portugal Continental desde 2002 até 2012.

    Figura 2-4 – Destino Final dos Resíduos Urbanos em Portugal Continental (adaptado de: (Agência Portuguesa do Ambiente, 2014))

    A Figura 2-4 mostra que a deposição em aterro representa 53% do total dos RU produzidos. Os restantes RU

    foram encaminhados para valorização energética 18%, para valorização orgânica 16% e para reciclagem 12%.

    A tendência de descida das quantidades de RU depositados em aterro e o aumento dos resíduos que são

    valorizados organicamente estão relacionados com a entrada em funcionamento das unidades de tratamento

    mecânico-biológico. Espera-se que se mantenha o aumento dos resíduos valorizados organicamente e portanto

    exista uma consequente diminuição da deposição em aterro (Agência Portuguesa do Ambiente, 2013b).

    2.4 Recolha

    O artigo 3º do Decreto-lei n.º 73/2011, de 17 de junho define como recolha “a apanha de resíduos, incluindo a

    triagem e o armazenamento preliminares dos resíduos para fins de transporte para uma instalação de

    tratamento de resíduos”

    3,1 3 2,8 2,8 3 33,4 3,2 3,3

    2,92,4

    0,9 0,90,9 0,9

    0,9 0,8

    0,91 0,9

    1

    0,8

    0,1 0,30,3 0,3

    0,3 0,3

    0,4 0,4 0,40,4

    0,7

    0,2 0,2 0,3 0,40,4 0,5

    0,5 0,6 0,60,6

    0,6

    0%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    De

    stin

    o F

    inal

    do

    s R

    U (

    Mt)

    Aterro Valorização energética Valorização orgânica

    Reciclagem Aterro Valorização energética

    Valorização orgânica Reciclagem

  • 10

    O problema da necessidade de remoção dos RU surgiu com o crescimento das populações e com a sua

    aglomeração nas grandes cidades. Os relatos históricos sobre esta atividade atestam a sua importância. Em

    Portugal, foi D. João II que em 1486, obrigou a que nas freguesias de Lisboa existissem homens pagos pelos

    moradores encarregues da limpeza das ruas da cidade. No Século XVII realizaram-se as primeiras recolhas de

    resíduos em Lisboa com recurso a uma frota de seis veículos de tração animal e sob a condição do serviço estar

    terminado até às nove horas da manhã. O desenvolvimento da indústria automóvel trouxe grandes melhorias à

    recolha e progressivamente os camiões substituíram as carroças (Camara Municipal de Lisboa, s.d.).

    De acordo com Tchobanoglous et al. (1993) o termo, recolha de RU, não se refere exclusivamente à remoção dos

    resíduos, mas também ao seu transporte até ao local onde o veículo será descarregado. Martinho & Gonçalves

    (1999) denominam de sistema de recolha as operações de deposição efetuada pelos cidadãos e de remoção dos

    resíduos.

    Então a recolha de RU pode ser vista como o grupo formado pelos seguintes processos:

    Deposição – conjunto de operações em que os RU são armazenados no domicílio e posteriormente

    colocados em recipientes em condições de serem removidos;

    Remoção – operação de transferência dos RU para o veículo de transporte, realizada por pessoal e

    equipamento especializado;

    Transporte – operação de deslocação dos RU desde o último ponto de recolha até ao local de descarga

    do veículo.

    Tchobanoglous & Kreith (2002) referem que a recolha de RU é responsável por 50 a 70% do total dos encargos

    com toda a cadeia de gestão de RU (i.e. recolha, transporte, processamento, reciclagem, deposição). Martinho

    & Gonçalves (1999) atribuem ao conjunto de operações de recolha 40% a 70% dos encargos totais do sistema de

    gestão de RU. Pela sua representatividade nos custos, quaisquer melhorias conseguidas na eficiência desta fase

    do processo podem reduzir significativamente os custos totais.

    Para além das questões de carater financeiro, o facto da recolha de RU ter uma logística complexa e ser muito

    condicionada pelo comportamento dos produtores a montante, é o processo cujos bons ou maus resultados são

    mais influentes na vida quotidiana dos cidadãos.

    2.4.1 Principais opções de resíduos urbanos

    Segundo Martinho & Gonçalves (1999) a recolha de RU pode ser classificada tendo em conta o tipo de resíduos,

    o local onde é realizada, a entidade que a promove e a frequência e horário das operações. Quanto ao tipo de

    resíduos pode ser classificada como:

    Recolha indiferenciada — em que os resíduos removidos se encontram misturados e são provenientes

    quer de materiais que não têm fluxo próprio de reciclagem quer de produtores que ainda não separam

    os resíduos;

  • 11

    Recolha seletiva – em que os resíduos se encontram divididos, em contentores apropriados, por fluxos

    consoante o material que os constituem (i.e. verde para o vidro, azul para papel e cartão e amarelo para

    plástico e metal).

    A Figura 2-5 representa a quantidade de RU recolhida de forma indiferenciada e seletiva em Portugal desde 2002

    até 2012 está também ilustrada a percentagem de RU recolhidos de forma seletiva.

    Figura 2-5 – Quantidade de Resíduos Urbanos recolhida de forma indiferenciada e seletiva e percentagem de recolha seletiva

    no período entre 2002 e 2012 (Fonte: INE)

    Com exceção dos anos 2003 e 2004, o total de RU recolhidos por habitante e por ano apresentou uma tendência

    crescente até ao ano de 2010, em que atingiu o valor de 592 kg. Nos anos seguintes essa tendência inverteu-se.

    A percentagem de recolha seletiva também aumentou até 2010, descendo um ponto percentual de 2011 para

    2012. Os resultados obtidos nos últimos 2 anos são positivos, pois sugerem uma tendência para a redução na

    produção de RU mantendo-se a maior adesão por parte dos cidadãos à separação dos resíduos.

    Quanto à localização dos contentores é geralmente feita a distinção entre três tipos de recolha:

    A recolha por pontos ou coletiva – em que contentores de média e grandes dimensões são

    estrategicamente colocados em pontos pré-definidos pela autarquia, de forma a servirem um elevado

    número de cidadãos. Neste caso os munícipes são obrigados a deslocar-se até aos contentores para

    depositarem os resíduos;

    20 15 21 4047 53 58 65

    77 72 63

    439

    307 304

    441457 457

    505 508515

    487446

    4% 5%

    6%

    8%

    9%

    10% 10%

    11%

    13% 13%12%

    0%

    2%

    4%

    6%

    8%

    10%

    12%

    14%

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Qu

    anti

    dad

    e R

    eco

    lhid

    a K

    g/h

    ab

    Recolha Seletiva Recolha Indiferenciada % de Seletiva

  • 12

    A recolha porta-a-porta (PaP) – em que são distribuídos recipientes de deposição individual em cada

    prédio ou moradia, ou onde exista sistema coletivo de deposição. Neste caso os utilizadores são

    responsáveis pela colocação do contentor no local estabelecido para a recolha ou em alternativa

    permitir o acesso dos trabalhadores ao local de deposição dos RU;

    Uma solução mista em que alguns fluxos têm recolha porta-a-porta e outros coletiva.

    Segundo Levy & Cabeças (2006) o sistema de remoção por pontos é utilizado quando se pretende reduzir

    despesa, pois esta solução apresenta custos mais baixos quer de implementação quer de exploração. Os mesmos

    autores defendem que o sistema PaP acarreta custos de instalação e manutenção mais elevados por ser

    necessário distribuir e manter um grande número de contentores, também implica um maior desgaste dos

    trabalhadores.

    A quantidade de RU produzidos diariamente em cada local determina a quem cabe a responsabilidade pela sua

    recolha. No caso de ser inferior a 1100 l cabe ao município recolher e encaminhar os resíduos. Quando a

    produção supera os 1100 l é o produtor o responsável pela recolha. Em qualquer dos casos a recolha pode ser

    concessionada a privados (Agencia Portuguesa do Ambiente, s.d.).

    A Figura 2-6 ilustra o número de habitantes por ecoponto e as quantidades recolhidas anualmente por habitante

    na recolha seletiva para cada sistema de gestão em Portugal Continental no ano de 2011.

    Figura 2-6 – Número de habitantes por ecoponto em 2011 em Portugal Continental (Fonte: (Agência Portuguesa do Ambiente, 2014))

  • 13

    A Figura 2-6 mostra uma tendência para o aumento das quantidades recolhidas com a diminuição do número de

    habitantes por ecoponto. É de salientar que a diminuição do número de habitantes por ecoponto está

    provavelmente associada a uma maior proximidade dos ecopontos e o aumento da capitação de resíduos estará

    provavelmente associada à maior facilidade de acesso aos pontos de deposição. Esta constatação sugere que

    poderão existir vantagens, da perspetiva das quantidades recolhidas, da PaP face a recolha coletiva.

    2.4.2 Tipos de equipamentos de deposição

    Atualmente existe uma grande diversidade de opções disponibilizadas aos cidadãos para realizarem a deposição

    dos RU.

    A escolha do recipiente utilizado para deposição de resíduos deve ter em conta os seguintes fatores (Martinho

    & Gonçalves, 1999, p. 68):

    “Tipo de habitação ou construções;”

    “Características urbanas locais;”

    “Capacidade de deposição;”

    “Número de recipientes necessários;”

    “Tipo de veículos de recolha;”

    “Flexibilidade do sistema (recipientes / veículos);”

    “Grau de participação a esperar da população;”

    “Tempos de carga/descarga;”

    “Custos de implementação e exploração;”

    “Higiene e segurança dos trabalhadores.”

    Tendo em conta as condicionantes de cada caso, a deposição pode ser feita em sacos ou caixas individuais, em

    contentores individuais ou coletivos.

    A remoção PaP requer a utilização de recipientes individuais, que podem ser sacos, caixas ou contentores entre

    os 90l e os 360 l, consoante o número de produtores afetos ao contentor.

  • 14

    A Figura 2-7 ilustra alguns equipamentos disponiveis para a deposição porta-a-porta.

    Figura 2-7 – Equipamentos de deposição utlizados na recolha porta-a-porta

    No caso da recolha coletiva existem várias hipóteses de equipamentos cujas principais diferenças assentam na

    capacidade e mobilidade dos contentores e na forma de fazer a transferência dos RU para o camião de recolha.

    Os contentores de recolha por pontos ou coletiva têm capacidades iguais ou superiores a 800 l e podem atingir

    os 5000 l. Os recipientes até 1100 l têm rodas que permitem a sua deslocação pelos trabalhadores. Quando a

    capacidade é superior, os contentores passam a ser imóveis podendo estar à superfície, parcial ou totalmente

    enterrados. Os contentores enterrados são mais apelativos a nível estético e têm capacidades de

    armazenamento muito elevadas, o que permite reduzir a frequência com que são despejados. Ainda assim

    apresentam a desvantagem de obrigar a que a sua descarga seja realizada por um veículo de caixa aberta dotado

    de grua (Levy & Cabeças, 2006).

    A mobilidade é uma vantagem no caso dos recipientes de mais pequenas dimensões. Permitem uma maior

    independência de fatores externos como por exemplo mau parqueamento de veículos que no caso dos

    contentores imóveis pode inclusivamente impossibilitar a remoção.

    A organização dos contentores de recolha coletiva é definida pela autarquia local e deve ter em conta o tipo de

    equipamentos utilizados e a densidade de pontos de deposição na malha urbana (Martinho & Gonçalves, 1999),

    podem identificar-se as seguintes alternativas:

    Contentores isolados de recolha indiferenciada ou seletiva.

    Ecopontos, local de deposição onde existem mais do que um tipo de contentores de recolha seletiva

    (i.e. Verde e azul)

  • 15

    Eco-ilhas, ponto em que existem contentores para a deposição de resíduos indiferenciados bem como

    dos três fluxos, vidro, papel e cartão, plástico e metal.

    A Figura 2-8 apresenta alguns exemplos de equipamentos de deposição utilizados na recolha coletiva.

    Figura 2-8 – Equipamentos de deposição utilizados na recolha coletiva

    2.4.3 Viaturas de remoção de resíduos urbanos

    Um aspeto importante na organização de um sistema de remoção de RU é a escolha da frota de viaturas que

    deve depender das circunstâncias locais.

    Segundo (Martinho & Gonçalves, 1999) as viaturas devem ter as seguintes características:

    Rapidez de absorção de resíduos

    Máximo volume e facilidade de descarga

    A zona de carregamento deverá permitir uma fácil descarga dos recipientes

    Ser estanque, de fácil manutenção e lavagem

    Possuir órgãos de segurança adequados

    Máxima manobrabilidade na circulação

    Funcionamento o mais silencioso possível

    Apresentar baixos custos de manutenção e consumo de combustível

    A carga deverá distribuir-se uniformemente pelos eixos

    Ser esteticamente agradável

    De acordo com (Levy & Cabeças, 2006) o veículo deve possuir os atributos atrás mencionados com a diferença

    de que a capacidade de carga deve ser adequada à situação e não máxima.

  • 16

    Existem variadíssimas hipóteses quanto ao tipo de viatura utilizada na remoção dos resíduos. As principais

    diferenças são: o volume de carga transportada, o tipo de caixa, aberta ou fechada e o sistema de elevação de

    contentores. De acordo com (Levy & Cabeças, 2006) existem veículos com capacidades entre os 5 m3 e os 23 m3

    sendo os de menor capacidade destinados à recolha nas zonas antigas das cidades de difícil acesso e menor

    densidade populacional.

    Podem distinguir-se quanto ao tipo de caixa os veículos em que esta se encontra aberta ou simplesmente fechada

    com cortina de borracha ou caixa fechada hermeticamente em que os contentores são recolhidos através de um

    sistema de elevação hidráulico. Martinho & Gonçalves (1999) enumeram algumas vantagens para ambos os

    tipos, tais como a rapidez e o facto de permitir o carregamento de objetos volumosos no caso da caixa aberta e

    a maior higiene e diminuição dos riscos para a saúde, minimização do trabalho dos cantoneiros e a proteção

    destes contra cheiros e poeiras no caso das caixas fechadas hermeticamente. Como desvantagens, as autoras

    apontam no caso das caixas abertas para a exposição dos cantoneiros a cheiros e poeiras e para o facto de

    quando à carga máxima poder causar acidentes e no caso dos veículos de caixas fechadas o maior investimento

    de aquisição e o maior custo de manutenção e o facto de ficarem impossibilitados de receber carga em caso de

    avaria.

    O despejo dos contentores para o interior do veículo pode ser feito manualmente pelos cantoneiros ou através

    de sistemas hidráulicos de elevadores ou gruas. Os elevadores hidráulicos podem estar localizados lateralmente,

    na frente ou na traseira da viatura consoante o tipo de contentores a recolher.

    2.4.4 Análise de Circuitos

    De forma a proceder à remoção de RU num determinado território é necessário proceder previamente ao

    planeamento dos circuitos de recolha tanto indiferenciada como seletiva, caso exista, que cubram todo esse

    território.

    Um circuito de recolha não é mais que o percurso delineado para ser percorrido pela viatura durante a remoção

    de RU. Para definir um circuito e necessário planear previamente a sequência de ruas e pontos de recolha a

    percorrer e os dias e horário em que executado (Martinho & Gonçalves, 1999).

    De acordo com Tchobanoglous et al. (1993) podem realizar-se dois tipos de circuitos consoante se tratem de

    contentores fixos ou transportáveis e estes dois tipos de circuitos envolvem operações e tempos diferentes. Em

    Portugal a remoção de RU é feita em circuitos de contentores estacionários que são descarregados no ponto de

    recolha sem existir necessidade da sua reposição. Os mesmos autores consideram que a recolha de RU em

    contentores estacionários pode ser desagregada nas seguintes etapas:

    Recolha – referente à duração de carga do veículo, começa com a paragem no primeiro ponto de recolha

    para ser descarregado o primeiro contentor e termina quando o ultimo contentor do circuito está

    descarregado;

  • 17

    Transporte – referente ao tempo necessário para chegar ao local de descarga do veículo, começa

    quando o ultimo contentor está descarregado e termina no local de descarga. No caso de ser necessária

    mais do que uma volta então conta também com o tempo para voltar ao primeiro ponto de recolha da

    volta seguinte;

    In Loco – referente ao tempo que a viatura permanece no local de descarga, inclui o tempo de espera

    para descarregar e a duração da descarga;

    Fora de rota – referente ao tempo gasto em atividades não produtivas. Estão incluídos os tempos não

    produtivos inerentes ao serviço (i.e. tempo despendido no trânsito, reparações) e os tempos de

    inatividade.

    A Figura 2-9 representa esquematicamente as operações descritas anteriormente. Não está representada a

    operação “Fora de rota” apesar desta, tal como mencionado, ser inerente a todas as outras. É de salientar que

    quando começa ou termina um circuito, a viatura se encontra descarregada. No caso de não ser possível recolher

    os RU numa só volta então após descarregar o veículo segue para uma segunda volta até terminar o circuito.

    Figura 2-9 – Esquema representativo das operações constituintes do processo de recolha de contentores estacionários (adaptado de (Tchobanoglous, Theisen, & Vigil, 1993))

    Através da análise do tempo despendido e da distância percorrida durante a realização das operações anteriores

    é possível calcular um conjunto de indicadores operacionais e de produtividade de forma a avaliar a eficiência

    do circuito, perceber se este é bem equilibrado e comparar as com alternativas possíveis.

    Um circuito diz-se bem equilibrado quando é possível que a equipa o cumpra no tempo estipulado para o efeito,

    sem que haja necessidade de fazer horas extraordinárias ou, pelo contrário, quando exista excedente de tempo

    face às horas diárias estabelecidas (Martinho & Gonçalves, 1999). Designa-se por análise macro circuito o

    método para determinar circuitos de recolha bem equilibrados. (Rhyner et al., 1995 cit. Martinho & Gonçalves,

    Recolha

    In loco

  • 18

    1999). O mesmos autores classificam como análise micro-circuito os processos de planeamento e organização

    que permitem otimizar a recolha de forma a minimizar o número de circuitos, as distâncias e os tempos

    decorridos e a evitar que os veiculos percorram mais do que uma vez a mesma rua.

    O sistema de recolha deve estar organizado e otimizado de forma a que sejam necessários realizar o minimo de

    circuitos possivel nas distâncias e tempos mais reduzidos de forma a abranger toda a área de ação. Desta forma

    é possível minimizar os encargos e reduzir os impactos ambientais (Martinho & Gonçalves, 1999).

    2.5 Indicadores de Desempenho

    Segundo a norma ISO 14031 muitas organizações procuram formas de entender, expor e melhorar o seu

    desempenho ambiental. A Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA) é um processo e uma ferramenta de

    gestão interna, elaborada para fornecer aos órgãos de gestão informação fiável e continuamente verificável, que

    possibilita perceber se o desempenho ambiental se encontra de acordo com os pressupostos estabelecidos.

    Para realizar a ADA devem ser utlizados indicadores que podem ser divididos em duas categorias gerais:

    Indicadores de Condição Ambiental (ICA);

    Indicadores de Desempenho Ambiental (IDA).

    Os ICA facultam informação sobre a condição ambiental e desta forma ajudam a compreender o impacto real e

    potencial dos seus aspetos ambientais.

    Os IDA expressam os níveis de performance efetivamente atingidos permitindo a comparação de forma clara

    entre os objetivos de gestão e os resultados obtidos (Coelho & Alegre, 1999; Melo Baptista et al. Cit.

    Teixeira & Neves (2007)).

    Os IDA podem ser desagregados em dois grupos:

    Indicadores de Desempenho de Gestão – proporcionam informação que permite avaliar o esforço das

    ações da direção para influenciar o desempenho ambiental das operações;

    Indicadores de Desempenho Operacionais – proporcionam informação que permite avaliar o

    desempenho ambiental das operações.

    De forma a realizar a avaliação de circuitos são geralmente determinados indicadores de desempenho

    operacionais (i.e. consumo de combustível, distância percorrida e tempo despendido por quantidades de

    resíduos recolhidos).

    Existem alguns autores com estudos realizados acerca do desempenho operacional de circuitos de remoção de

    RU. Moreira (2008) e Gomes (2009) realizaram trabalhos cujo objetivo principal foi a determinação de

    indicadores de circuitos de recolha de RU, indiferenciada e seletiva, nos concelhos de Loures e de Sintra

    respetivamente. Já Santos (2011) pretendeu no seu estudo determinar um conjunto de indicadores operacionais

    de circuitos de diferentes sistemas de RU existentes em Lisboa.

  • 19

    A Tabela 2-1 apresenta os indicadores e as respetivas definições que Moreira (2008), Gomes (2009) e Santos

    (2011) selecionaram para caracterizar os circuitos que estudaram.

    Tabela 2-1 – Parametros de caracterização de circuitos utilizados por Moreira (2008), Gomes (2009) e Santos (2011)

    Parâmetro Definição 1 2

    Capacidade das viaturas Capacidade das viaturas usadas em cada circuito

    Idade das viaturas Idade das viaturas usadas em cada circuito

    Consumo médio de combustível (gás natural) por circuito

    Razão entre combustível total consumido e distância total percorrida

    Consumo médio de combustível por circuito

    Razão entre combustível total consumido e distância total percorrida

    Nº de pontos recolha Nº de paragens para recolha de Resíduos Urbanos

    Nº de contentores recolhidos Nº de contentores recolhidos por circuito.

    Taxa de enchimento Taxa de enchimento dos contentores

    Volume de RU recolhido Volume de Resíduos Urbanos recolhidos

    Tempo da garagem ao 1º ponto do circuito

    Tempo decorrido entre a saída da garagem até ao 1º ponto de recolha

    Tempo médio de recolha por ponto de recolha

    Tempo decorrido na operação de esvaziamento dos contentores.

    Tempo efetivo Tempo decorrido nas tarefas de esvaziamento e na deslocação entre contentores.

    Tempo de transporte Tempo decorrido entre o último ponto de recolha até ao local de deposição. Inclui os regressos ao circuito no caso de existir mais que uma volta.

    Tempo no local de deposição Tempo decorrido no local de deposição.

    Tempo para a garagem Tempo decorrido entre o local de deposição e a garagem.

    Tempo não produtivo Tempo decorrido nas operações não produtivas

    Tempo total do circuito Tempo decorrido entre a saída e entrada na garagem

    Tempo da garagem e para a garagem

    Tempo decorrido da garagem até ao 1º ponto de recolha e do local de deposição até à garagem.

    1 (Moreira, 2008); (Gomes, 2009)

    2 (Santos, 2011)

  • 20

    Parâmetro Definição 1 2

    Deslocação da garagem ao 1º ponto do circuito

    Distância percorrida desde a saída da garagem até ao 1º ponto do circuito

    Distância efetiva Distância percorrida nas operações de esvaziamento dos contentores e deslocação entre contentores

    Distância de transporte Distancia percorrida entre o último ponto de recolha até ao local de deposição. Inclui os regressos ao circuito no caso de existir mais que uma volta.

    Distância no local de deposição Distancia percorrida no local de deposição.

    Deslocação para a garagem Distancia percorrida entre o local de deposição e a garagem.

    Distância não produtiva Distância percorrida em operações não produtivas

    Distância total do circuito Distancia percorrida entre a saída e entrada na garagem

    Distância da garagem e para a garagem

    Distancia percorrida da garagem até ao 1º ponto de recolha e do local de deposição até à garagem.

    A Tabela 2-2 apresenta os indicadores de produtividade utilizados por Moreira (2008) e Gomes (2009) e a

    Tabela 2-3 expõe os indicadores selecionados por Santos (2011) para procederem à comparação entre circuitos

    abordados nos seus trabalhos.

    Tabela 2-2 – Indicadores de produtividade utilizados na comparação de circuitos por Moreira (2008) e Gomes (2009)(adaptado de: Moreira (2008) e Gomes (2009))

    Indicador Definição

    Quantidade de resíduos removidos por km efetivo [𝐤𝐠 ⁄ 𝐤𝐦]

    Razão entre a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia e a distância efetiva do circuito. Reflete a densidade de produção de resíduos no tecido urbano.

    Quantidades de resíduos removidos por ponto de recolha [𝐤𝐠 𝐏𝐨𝐧𝐭𝐨⁄ ]

    Razão entre a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia e o número total de pontos de recolha, ou contentores. Reflete a quantidade média de resíduos depositados por contentor.

    Quantidade de resíduos removidos por hora de trabalho [𝐤𝐠 𝐡⁄ ]

    Razão entre a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia e as horas de trabalho efetivas/dia.

    Coeficiente de concentração do circuito [%]

    Razão entre a distância efetiva do circuito e a distância total do circuito/dia; é uma medida da dispersão entre a localização do circuito, a garagem e o local de deposição dos resíduos.

    Velocidade média de trajeto [𝐤𝐦 ⁄𝐡]

    Razão entre a distância total do circuito e o tempo total a realizar o circuito.

  • 21

    Indicador Definição

    Nº de pontos de recolha / circuito Número total de pontos de recolha por circuito e por dia de recolha.

    Nº voltas / circuito Número de voltas por circuito, corresponde ao número de vezes que a viatura de recolha tem que abandonar o circuito para ir descarregar a sua carga.

    Consumo de combustível por km percorrido[𝐥 ⁄ 𝐤𝐦]

    Razão entre a quantidade total de combustível consumido no circuito e os km percorridos.

    Horário efetivo de trabalho / horário normal [%]

    Razão entre as horas de trabalho efetivas/dia e o horário normal de trabalho (ex. se o resultado for 1,2, isto significa que 20% corresponde a horas extraordinárias).

    Tabela 2-3 – Indicadores de produtividade utilizados na comparação de circuitos por Santos (2011) (adaptado de: Santos (2011))

    Indicador Definição

    Distância total percorrida por quantidade recolhida [𝐤𝐦 ⁄ 𝐭]

    Razão entre a distância total do percurso e a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia

    Distância efetiva percorrida por quantidade recolhida [𝐤𝐦 ⁄ 𝐭]

    Razão entre a distância efetiva do percurso e a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia

    Tempo total do circuito por tonelada recolhida [𝐡 ⁄ 𝐭]

    Razão entre o tempo total do circuito/dia e a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia

    Tempo efetivo do circuito por tonelada recolhida [𝐡 ⁄ 𝐭]

    Razão entre o tempo efetivo do circuito/dia e a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia

    Consumo de combustível por tonelada recolhida [𝐥 𝐭⁄ 𝐨𝐮 𝐦𝟑 𝐭⁄ ]

    Razão entre o consumo de combustível no circuito/dia e a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia

    Nº de pontos de recolha por tonelada recolhida [𝐧º ⁄ 𝐭]

    Razão entre o nº de pontos de recolha e a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia

    Nº de contentores recolhidos por tonelada recolhida [𝐧º ⁄ 𝐭]

    Razão entre o nº de contentores recolhidos e a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia

    Quantidade de resíduos recolhidos por km total do circuito [𝐭 ⁄ 𝐤𝐦]

    Razão entre a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia e a distância total do circuito.

    Quantidade de resíduos recolhidos por km efetivo do circuito [𝐭 ⁄ 𝐤𝐦]

    Razão entre a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia e a distância efetiva do circuito.

    Coeficiente de concentração do circuito [%] Razão entre a distância efetiva do circuito e a distância total do circuito/dia

    Quantidade de resíduos recolhidos por tempo total do circuito [𝐭 𝐡⁄ ]

    Razão entre a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia e o tempo total do circuito/dia

  • 22

    Indicador Definição

    Quantidade de resíduos recolhidos por tempo efetivo do circuito [𝐭 𝐡⁄ ]

    Razão entre a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia e as horas de trabalho efetivo/dia

    Velocidade de deslocação da garagem ao 1º ponto [𝐤𝐦 ⁄ 𝐡]

    Razão entre a distância total do percurso razão entre a distância total do percurso e o tempo

    Velocidade na recolha efetiva [𝐤𝐦 ⁄ 𝐡] Razão entre a distância total do percurso e o tempo

    Velocidade no transporte [𝐤𝐦 ⁄ 𝐡] Razão entre a distância total do percurso e o tempo

    Velocidade de deslocação para a garagem [𝐤𝐦 ⁄ 𝐡]

    Razão entre a distância total do percurso e o tempo

    Velocidade por tempo total do circuito [𝐤𝐦 ⁄ 𝐡]

    Média ponderada das diferentes velocidades médias as componentes do circuito/dia

    Tempo efetivo de trabalho por tempo total do circuito [%]

    Razão entre as horas de trabalho efetivo/dia e o tempo total do circuito/dia

    Tempo total do circuito por tempo normal de trabalho [%]

    Razão entre o tempo total do circuito/dia e o horário normal de trabalho.

    Quantidade de resíduos recolhidos por ponto de recolha [𝐤𝐠 ⁄ 𝐏𝐨𝐧𝐭𝐨]

    Razão entre a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia e o número total de pontos de recolha

    Quantidade de resíduos recolhidos por contentor / saco [𝐤𝐠 ⁄ 𝐂𝐨𝐧𝐭𝐞𝐧𝐭𝐨𝐫]

    Razão entre a quantidade de resíduos recolhidos por circuito/dia e o número total de contentores (ou sacos)

    Peso específico dos resíduos em contentor [𝐤𝐠 ⁄ 𝐦𝟑]

    Razão entre o peso dos resíduos e o volume ocupado por estes, para cada tipo de equipamento de recolha

    Os três autores estudaram as mesmas temáticas com abordagens semelhantes, Moreira (2008) e Gomes (2009)

    utilizaram inclusivamente os mesmos parâmetros de caracterização e os mesmos indicadores de produtividade.

    Santos (2011) apresentou mais detalhe tanto nos indicadores de caracterização de circuitos como nos

    indicadores de produtividade utilizados para realizar a comparação, ainda que alguns destes sejam somente o

    inverso de outros também calculados.

    A Tabela 2-4 apresenta os resultados publicados por Tchobanoglous et al. (1993) acerca dos tempos necessários

    para proceder à transferência dos RU dos contentores para o veículo os descarregar no local próprio no caso de

    um sistema de remoção de contentores estacionários.

    Tabela 2-4 – Tempo de descarga dos contentores

    Veiculo Sistema de Carga

    Taxa de compactação

    Tempo de descarga do contentor [s/contentor]

    Tempo In Loco [s]

    Compactador Mecânico 2,0 - 2,5 28,8 - 180 360

  • 23

    Compactador Manual 2,0 - 2,5 -- 360

    Dependendo do tamanho do contentor no caso do sistema de carga do veículo ser mecanizado, tal como a

    generalidade dos veículos utilizados atualmente, o tempo de descarga pode variar entre os 28,8 e os 180

    segundos e são necessárias 360 segundos para descarregar a viatura.

    No trabalho de Moreira (2008) a análise de resultados permitiu à autora calcular os tempos médios de paragens

    cada ponto de recolha em função do número de contentores. Este resultado é apresentado na Tabela 2-5.

    Tabela 2-5 – Tempo médio por ponto de recolha em função do numero de contentores (adpatado de: Moreira (2008)).

    Tempo médio de recolha por contentor [𝒎𝒎: 𝒔𝒔]

    Circuito Tipo de contentores Número de contentores por ponto de recolha

    1 2 3 4 5 6 7 9

    24 RRS 120 l 00:37 01:22

    40 RRS 120 l 00:25 00:34 00:54

    40 RRS 140 l 00:30 00:43

    37 RRS 240 l 00:24 00:28 00:353 00:37

    08 RRS 1100 l 00:46 01:31 02:02 02:42 04:26 06:02

    01 RRS 1100 l 00:254 01:16 02:47 02:53 05:31 07:01 11:25 12:20

    18 RRS 1100 l 01:01 03:35 04:045 04:13

    24 RRS 1100 l 00:54 01:50

    36 RRS 1100 l 00:41 01:00 02:12 02:40

    37 RRS 1100 l 00:29 01:03 01:30 01:44

    320 2400 l 00:56 01:41

    320 3200l 00:57 01:36

    320 2400 l + 3200 l 01:48

    04 RK 5000 l 04:54 07:19 15:07

    3 Valor real medido: 00:31

    4 Valor real medido: 03:16

    5 Valor real medido: 05:24

  • 24

    Com os resultados da Tabela 2-5 autora traçou para alguns circuitos as retas de regressão linear que relacionam

    o tempo de paragem com o número de contentores por ponto de recolha, estas retas e o coeficiente de

    determinação R2 são apresentados na Tabela 2-6.

    Tabela 2-6 – Retas de regressão linear do tempo médio por ponto de recolha em função do numero de contentores (adpatado de: Moreira (2008)).

    Circuito Relação entre o número de contentores existentes por ponto de recolha (𝒙) e o tempo médio de recolha por ponto de recolha (𝒚)

    Coeficiente de determinação R²

    08 RRS (1.1100 l) 𝑦 = 0,042𝑥 – 0,027 0,939

    01 RRS (1.1100 l) 𝑦 = 0,0742𝑥 – 0,1062 0,937

    18 RRS (1.1100 l) 𝑦 = 0.042𝑥 + 0.0293 0,633

    40 RRS (120 l) 𝑦 = 0,0102𝑥 + 0,0061 0,964

    36 RRS (1.1100 l) 𝑦 = 0,043𝑥 – 0,0064 0,949

    37 RRS (1.1100 l) 𝑦 = 0,0173𝑥 + 0,0067 0,970

    37 RRS (240 l) 𝑦 = 0,0031𝑥 + 0,0139 0,970

    04 RK (5000 l) 𝑦 = 0,2129𝑥 − 0,0456 0,915

    A autora não calculou retas de regressão para circuitos mistos ou para circuitos com menos de 3 amostras. As

    retas, à exceção do circuito 18RRS, apresentam valores de R2 próximos de 0,9 o que significa que explicam

    satisfatoriamente a variância dos resultados.

    Gomes (2009) realizou a mesma análise para os circuitos de recolha seletiva, cujos resultados são apresentados

    na Tabela 2-7.

    Tabela 2-7 – Tempo médio por ponto de recolha em função do numero de contentores (adpatado de: Gomes (2009)).

    Tempo médio de recolha por contentor [𝒎𝒎: 𝒔𝒔]

    Fluxo Circuitos Tipo de Contentor

    Número de contentores por ponto de recolha

    1 2 3 4 5 6 7

    Vidro

    BBP03 35 l 00:18

    BBP09 35 l 00:26

    VAP01 240 l 00:17 00:18 00:33 00:41

    VEP01 1100 l 00:52

    320 2400 l 00:48

  • 25

    VEG01 2500 l 01:29

    Embalagens

    BBP03

    35 l 00:10 00:18

    120 l 00:33

    240 l 00:18

    1100 l 00:49

    BBP09 35 l 00:11

    240 l 00:31

    EAP01 240 l 00:35 00:49 01:29 01:35 01:34 01:49 02:02

    EEP07 1100 l 00:53 01:12

    320 2400 l 01:07

    EEG06 2500 l 02:30

    Papel e cartão

    PBP05 35l 00:12 00:22 01:28

    240 l 01:16

    PAP01 240 l 00:20 00:26 00:42 00:42 00:55

    PEP08 1100 l 01:00

    320 2400 l 01:03

    PEG09 2500 l 03:34 05:27

    De forma idêntica Gomes (2009) determinou as retas de regressão linear para alguns dos circuitos analisados,

    os valores de R2 mostram uma boa aproximação aos resultados, Tabela 2-8.

    Tabela 2-8 – Retas de regressão linear do tempo médio por ponto de recolha em função do numero de contentores (adpatado de: Gomes (2009)).

    Circuitos Relação entre o número de contentores existentes por ponto de recolha (𝒙) e o tempo médio de recolha por ponto de recolha (𝒚)

    Coeficiente de determinação R2

    VAP01 (240 l) 𝑦 = 0,0001𝑥 + 0,0001 0,9169

    EAP01 (240 l) 𝑦 = 0,0002𝑥 + 0,0003 0,8962

    PAP01 (240 l) 𝑦 = 0,0001𝑥 + 0,0001 0,9434

  • 26

    2.6 Consumo de combustível e emissões

    2.6.1 Cálculo de emissões e consumo de combustível

    De acordo com Coelho & Costa (2007) a combustão de um hidrocarboneto, como o diesel, em ar segue em

    condições ideais a seguinte reação química (Coelho & Costa, 2007):

    𝐶𝑥𝐻𝑦 + (𝑥 +𝑦

    4) (𝑂2 + 3,76𝑁2) → 𝑥𝐶𝑂2 +

    𝑦

    2𝐻2𝑂 + 3,76 (𝑥 +

    𝑦

    4) 𝑁2

    𝐶𝑥𝐻𝑦 − ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑒𝑡𝑜 𝑂2 − 𝑂𝑥𝑖𝑔é𝑛𝑖𝑜 𝐶𝑂2 − 𝐷𝑖𝑜𝑥𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜 𝐻2𝑂 − Á𝑔𝑢𝑎 𝑁2 − 𝐴𝑧𝑜𝑡𝑜

    (1.1)

    Na realidade a combustão de um hidrocarboneto não é completa e parte do carbono presente não é

    completamente oxidado formando monóxido de carbono (CO) e partículas de carbono (PM). Durante este

    processo existe algum combustível que escapa à combustão e é emitido sobre a forma de hidrocarbonetos não

    queimados (HC). Algum do azoto existente no ar atmosférico sofre oxidação durante o processo de combustão

    e forma óxidos de azoto (NOx).

    Numa reação química existe um equilíbrio entre reagentes e produtos de reação tornando possível determinar

    a quantidade de resultante de produtos de combustão conhecendo a quantidade de combustível queimado e

    vice-versa.

    Através da realização de testes de emissões a um veículo é possível conhecer a quantidade libertada de cada um

    dos produtos de combustão e, através de um balanço ao carbono, a quantidade de combustível consumida.

    [𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑙] = (12 + 𝑟1) × {[𝐶𝑂2]

    44+

    [𝐶𝑂]

    28+

    [𝐻𝐶]

    (12 + 𝑟2)+

    𝑎[𝑃𝑀]

    12}

    [𝐶𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑙] − 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑙 [𝐶𝑂2], [𝐶𝑂], [𝐻𝐶], [𝑃𝑀] − 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑜𝑙𝑜𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑜𝑠

    𝑟1,2 − 𝑅𝑎𝑧ã𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜 ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑔é𝑛𝑖𝑜 𝑒 𝑜 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡𝑖𝑣𝑒𝑙 𝑒 𝑛𝑜𝑠 ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑐𝑎𝑟𝑛𝑒𝑡𝑜𝑠 𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑜𝑠

    𝑎 − 𝑝𝑟𝑜𝑝𝑜𝑟çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑛𝑎𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑒𝑚𝑖𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠

    (1.2)

    As principais fontes de emissões num veículo são os gases de escape e a evaporação de hidrocarbonetos do

    combustível.

    Antes de aquecer, o motor não funciona de forma eficiente, consumindo mais combustível do que na mesma

    situação depois de aquecido e consequentemente produzindo e emitindo mais poluentes.

  • 27

    Então o total de emissões pode ser visto da seguinte forma:

    𝐸 = 𝐸𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 + 𝐸𝑓𝑟𝑖𝑜 + 𝐸𝑒𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟𝑎çã𝑜

    𝐸 − 𝐸𝑚𝑖𝑠𝑠õ𝑒𝑠 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑖𝑠 𝐸𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 − 𝐸𝑚𝑖𝑠𝑠õ𝑒𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐸𝑓𝑟𝑖𝑜 − 𝐸𝑚𝑖𝑠𝑠õ𝑒𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 𝑓𝑟𝑖𝑜

    𝐸𝑒𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟𝑎çã𝑜 − 𝐸𝑚𝑖𝑠𝑠õ𝑒𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑒𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑏𝑢𝑠𝑡í𝑣𝑒𝑙

    (1.3)

    Cada uma das parcelas da equação 1.3 é calculada de forma independente através da seguinte equação:

    Os fatores 𝑒𝑥 e 𝑎 são funções de outras variáveis tais como velocidade média, carga do veiculo, inclinação da

    estrada entres outros.

    O “copert 4” é um software desenvolvido com coordenação da Agencia Europeia do Ambiente e com aplicação

    em todo o Mundo. Através da definição das características que definem a frota a ser estudada tais como o tipo

    de veículo, a sua idade e peso, o combustível utilizado e a carga que transporta é possível calcular a emissão de

    poluentes e de gases com efeito de estufa emitidos pela atividade rodoviária e também o consumo de

    combustível da frota a determinada velocidade de transporte, no anexo A é descrito pormenorizadamente o

    procedimento de utilização do “Copert 4”.

    O “copert 4” utiliza a metodologia publicada em (Transport research laboratory, 1999) descrita anteriormente e

    bases de dados do próprio software para calcular as emissões e o consumo de combustível.

    2.6.2 Emissões e principais efeitos

    Segundo Coelho & Costa (2007) as emissões de poluentes podem classificar-se de acordo com os agentes que as

    provocam nos seguintes grupos:

    Antropogénicas – Provocadas por atividades ligadas à ação humana tais como atividades industriais ou

    veículos a motor

    Naturais – provocadas por atividades naturais como por exemplo a erupção vulcânica

    𝐸𝑥 = 𝑒𝑥 × 𝑎

    𝐸𝑥 − 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 𝑑𝑎 𝑝𝑎𝑟𝑐𝑒𝑙𝑎 𝑥 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎𝑠 𝑒𝑚𝑖𝑠𝑠õ𝑒𝑠 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑖𝑠 𝑒𝑥 − 𝑓𝑎𝑐𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑒𝑚𝑖𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑎 𝑎𝑐𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑥

    𝑎 − 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑙𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎 𝑐𝑜𝑚 𝑎 𝑎𝑐𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑥 𝑟𝑒𝑙𝑒𝑣𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑛𝑒𝑠𝑠𝑎 𝑎𝑐𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒

    (1.4)

  • 28

    Os mesmos autores dividem os poluentes nos grupos primário, quando são emitidos diretamente pela fonte ou

    secundários quando resultam de reações na atmosfera envolvendo os poluentes primários.

    Na análise das emissões resultantes da combustão num motor diesel são regularmente considerados os

    poluentes primários como o CO, NOx, HC e partículas.

    Os principais efeitos destes poluentes são segundo Coelho & Costa (2007):

    CO – capacidade de combinar com a hemoglobina impedindo o transporte de oxigénio no sangue

    podendo provocar a morte.

    NOx – pode provocar complicações a nível pulmonar, danifica os tecidos vegetais e reduz o crescimento

    das plantas e quando em concentrações elevadas na atmosfera provocam danos em materiais sendo os

    polímeros os mais afetados.

    Partículas – originam poluição visível, quando inaladas podem causar complicações pulmonares.

    Um outro produto resultante da combustão é o CO2, a sua principal consequência é o efeito de estufa e o

    consequente aumento da temperatura terrestre.

  • 29

    3 Desenvolvimento do modelo

    3.1 Considerações gerais

    Tal como referido a fase da recolha é de grande importância em toda a cadeia de gestão de resíduos e

    consequentemente deve ser alvo de estudo de forma a analisar as diferentes alternativas disponíveis e a

    influência da variação dos parâmetros que caracterizam os circuitos. Só assim é possível garantir que são

    adotadas as soluções mais convenientes.

    Durante a elaboração deste trabalho foi desenvolvido um modelo de simulação que permite calcular os custos e

    os indicadores de produtividade de um circuito face aos parâmetros de entrada que o caracterizam. Com o

    objetivo de estimar os consumos médios necessários para utilizar o modelo foi utilizado um programa

    informático próprio para o efeito denominado “copert 4”.

    Com o intuito de testar o modelo e de realizar uma análise comparativa a diferentes circuitos, foram utilizados

    parâmetros de entrada obtidos com base em bibliografia consultada, estes parâmetros são explicitados de forma

    exaustiva no anexo C. Sobre alguns dos parâmetros foi necessário tecer considerações particulares que se

    encontram descritas mais à frente.

    3.2 Conceito de desenvolvimento do modelo

    O modelo criado parte da ideia de que um circuito de recolha pode ser caracterizado pelas suas operações

    elementares.

    Para a realização do modelo foi considerado que o circuito começa com a saída do veículo da garagem, durante

    o circuito é efetuada uma paragem em cada ponto de recolha para remover os resíduos desse ponto, quando a

    viatura atinge a sua carga máxima dirige-se a um local próprio para descarregar e regressa à garagem

    descarregada.

    O circuito pode então ser genericamente dividido nas seguintes operações elementares:

    Inicial – Percurso entre a garagem e o primeiro ponto de recolha;

    Ponto de Recolha - Remoção de resíduos no local de paragem;

    Entre Pontos – Percurso entre dois pontos de Recolha;

    Revisão bibliografica

    Construção do modelo

    Simulação no "copert 4"

    Utilização do Modelo

    Análise