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José d’a MAR - joraga.net · A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS 3 Capa da edição na e-libro – 2003 08 . José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar 4

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José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

3

Capa da edição na e-libro – 2003 08

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

4

J o s é d'A M a r

ILHA DO PESSEGUEIRO

A/s LENDA/s

enC/O/ANTADA/s em redondILHAS

AIVADOS Verão de 1989

Penedo Gordo - BEJA Outono de 1989

ILHA DO PESSEGUEIRO ANO NOVO 92

Penedo Gordo - BEJA 93/94 Porto Covo - Sines - 1995

Amora / Seixal 1996 Seixal - Amora - e-libro 2003 08

Seixal – Vale de Milhaços - Bubok 2017 11

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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Ficha Técnica

título ILHA DO PESSEGUEIRO A/s LENDA/s enCA/O/NTADA/s em redondILHAS

Autor José d’A Mar - um dos 1001 deNÓMIOS de José Rabaça Gaspar

@ JORAGA, C 486-33c Penedo Gordo – BEJA

1ª versão, Verão de 1989 Aivados, à vista da Ilha do Pessegueiro

2ª versão, Outono de 1989

Penedo Gordo, Beja

3ª versão, Sines, Ano Novo de 1992

4ª versão Penedo Gordo, Beja, Outono de 1993/94

Porto Covo – Sines 1995

Amora 1996

Edição 2003 08 – e-libro.net – Buenos Aires - ISBN 1-4135-0117-6 (em papel)

Edição 2017 11 - Bubok

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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Dedicatória

...em viagem...

na sequência do livro A MAR este livro é dedicado ao Tio Zé Moleiro

sua esposa Lídia e filhos, a todos os habitantes da Ribeira dos Aivados e

arredores, representados na família do Senhor Amândio

que sempre nos acolheram com enorme simpatia e a todos os amigos que como eu

ficaram apaixonados pela Costa Alentejana e Porto Covo

donde se pode avistar a Ilha do Pessegueiro...

espero estar a contribuir para que à beleza do Mar e

das suas praias continuem a juntar a beleza da sua poesia e das

suas lendas

e assim se vá transformando O MAR em A MAR…

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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Apresentação «Nenhum homem é uma ilha isolada…»

John Donne

Mas… ...a ILHA

é uma ILHA.

aqui materializada na ILHA DO PESSEGUEIRO

pois

para materializar um LUGAR onde os sonhos se

realizam

Thomas More inventou a ILHA da UTOPIA

...e o nosso Épico...

Inventou a ILHA DOS AMORES

então A ILHA é... possivelmente a TERRA

O PLANETA, que todos chamam TERRA

e o poeta decide chamar PLANETA MAR A MAR... AMAR…

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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Conta a lenda que a ilha do pessegueiro

não era ilha, era terra e à terra estava ligada e num dia de procela

todo envolto em nevoeiro, não era dia, era noite

e a pouca luz que havia desfigurava aumentava

ou então diminuía as formas que as coisas tinham,

aconteceu o milagre uma coisa nunca vista...

nessa noite que era dia

quando num ai, de repente a neblina levantou,

todos viram com espanto que aquele bocado de terra

que pertencia à baía e fechava o porto inteiro que então não era porto mas era costa escarpada onde por fado habitavam

os pescadores daqueles sítios que serviam os senhores

daquele castelo assombrado daquele castelo prisão

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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onde viviam guardados por altos muros de pedra

com todos os seus segredos...

nesse dia que era noite ZÁS!

num momento, num instante o porto que era completo ou antes, costa escarpada

e a baía fechava... ZÁS!

num momento, num instante apareceu com uma falha

uma baía, enseada e todos pensaram que o mar

engolira o que faltava.

Olhando depois ao longe ao passo que o sol abria,

dia e noite distinguia e a luz deixava ver

melhor para além do mar... puderam pois todos ver

o que houvera acontecido...

durante a noite, esse dia em que tudo estava escuro

e então nada se via ou tudo se via bem

mas dum modo bem diferente

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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daquele de ver normalmente... o mar bramiu e urrou

toda a noite, todo o dia, em colossal alarido

que abafava todo o grito que a angústia humana gritava

e num instante, momento transformou aquela terra que antes fechava a baía

num grande, estranho navio com proa, castelo, gáveas, velas, mastros e cordames

e ali o deixou atracado entre pedras e rochedos

a navegar e parado estando perto, estava longe

da terra donde fugira deixando aberta a baía da ilha do pessegueiro.

O que tinha acontecido?

O MAR, senhor poderoso!,

numa fúria nunca vista, arrebatara o lugar,

aquele pedaço de terra naquela costa escarpada onde havia uma cabana, pobre casebre de canas com tabua entrelaçadas

que para se apoiar

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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e melhor se defender dos ventos e tempestades

das forças da natureza e da força dos senhores que tudo ali dominavam

do alto do seu castelo daquele castelo prisão,

se encontrava encostada a um velho pessegueiro coisa rara nunca vista

por todo o sítio em redor e lá vivia guardada,

como envolta em nevoeiro a donzela mais formosa das imensas redondezas

que eram daqueles senhores que viviam no castelo,

aquele que se ergue em terra orgulhoso e altaneiro e de lá, soberbamente com gesto rude e irado governavam por inteiro

tudo o que era gente e gado o que o mar e terra davam

tudo era sua pertença e assim tudo regiam

comendo bebendo folgando

enquanto milhares de escravos

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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fossavam pescavam

aravam para que nada faltasse

aos senhores daquele castelo ensombrado e assombrado que os pobres nunca viam mas entreviam, sentiam

em seus corcéis galopando por praias, montes e vales

e de tudo se apossando e com rigor ordenando

que tudo o que ali havia, fosse gente, gado ou fruto, da terra fosse ou do mar, que tudo a eles pertencia

e a eles, servir deviam para rir e para folgar...

e além das belas princesas que viviam entre muros...,

belas? ninguém sabia pois nunca as puderam ver...,

tudo o que era donzela, ou filha de pescadores

ou então de camponeses..., também a eles pertencia

para cevar seus prazeres...

e dentre aquelas donzelas, de todas a mais cobiçada,

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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era aquela da cabana, encostada ao pessegueiro,

na falésia ao pé do mar, que não tinha pai ou mãe ou ninguém os conhecia,

mas era, em todo aquele reino, a mais bela de entre todas,

assim o diziam todos em segredo ou altas vozes

se o caso o permitia, mas ninguém sabia ao certo donde viera, para onde ia,

nem sequer era sabido como ali ela vivia

naquela cabana velha encostada ao pessegueiro,

tecida de canas e junco que medrava ali na areia

e se chamava tabua para tecer cestos, cadeiras, muros, telhados de casas

que eram cabanas casebres tugúrios, pobres barracas,

covas, tocas de miséria como aquela da donzela

que vivia na cabana encostada ao pessegueiro

na falésia ao pé do mar na terra que havia de dar,

mais tarde, depois da lenda,

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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origem, raiz de um povo que todos hoje conhecem como gente de Porto Covo

pela cova que ficou da ilha que navegou

para mil braças de distância...

mas essa donzela bela que vivia na cabana

encostada ao pessegueiro na falésia ao pé do mar! essa jovem mulher bela que é difícil de contar como era sua beleza

que deslumbrava o olhar... essa jovem, mulher bela,

por artes, mistério, encanto tinha os cabelos doirados,

muito longos ondeados que às vezes pareciam verdes

ou azuis, da cor do mar e como ele formado em ondas

que se ofereciam ao vento ou então caiam soltos a cobrir o corpo todo

como se fosse um vestido muito belo e colorido

dum tecido nunca visto que só usam as princesas das lendas maravilhosas

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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contadas para encantar...

e assim corria solta por escarpas e fraguedos

pelas longas praias de areia bordadas de algas, malhões

ou então...

diziam aqueles que ouviam aos que diziam que viam que aquela bela donzela

se lançava ao mar sem custo em voo leve de ave

do mais alto das falésias e como se fosse um peixe

mal precisava nadar houvesse sol ou luar

fendia, cortava as águas e dançava com as ondas

que a vestiam com espuma a enlaçavam, despiam, a agarravam, largavam

para mergulhar mais fundo, e falava com os peixes

com as algas e as conchas com os búzios e sereias

ou com os seres encantados que vivem nas profundezas dum mar cheio de segredos todo envolto num mistério que só vê quem sabe olhar

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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fechando os olhos, morrendo... que só vê quem sabe amar...

ora consta, conta a lenda, como as lendas de encantar

que o povo sabe contar... que essa donzela bela

não era pobre nem rica, nem filha de pescador

que passa a vida a remar nem do camponês que luta

na labuta desta terra... vivia ali encantada

fugida de longes terras ou trazida pelos ventos numa viagem perdida

que naufragou ali perto e arrastada com os restos

do naufrágio, as marés ali a depositaram para viver isolada

livre feliz encantada sempre em contacto com o mar

e com as gentes do lugar que havia de ser Porto Covo depois da lenda acabada...

até que foi cobiçada por um dos grandes senhores

que ali tudo mandavam e reinavam

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sobre gados e colheitas sobre as gentes e a terra que toda a eles pertencia

e eles, como parte da terra, não tinham eira nem beira nem vontade nem desejo

que não fosse dos senhores....

julgando-a filha de pobres servos da gleba ou escravos camponeses pescadores...

um daqueles grandes senhores deslumbrado pelo encanto do que ouvia e se contava,

quis fazê-la sua amante, o que era honra subida

que os grãos senhores concediam àquela gente humilhada, usando para seu deleite

os encantos que ela tinha ou todos diziam que tinha, um corpo belo de Vénus,

cabelos de Afrodite olhos com luz das estrelas e seios brancos de rolas,

membros de estátua de mármore com mistérios escondidos

como o cosmos infinito enfim,

toda ela era um encanto, deslumbramento fascínio

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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como ali todos diziam porque ao certo ninguém vira

como era toda inteira embora a vissem de perto

e com ela convivessem a saudassem, ajudassem,

ela saudava ajudava mas não sabiam ao certo

aquilo que os seduzia encantava ou deslumbrava com tão completo fascínio,

porque em tudo ela era igual às outras mulheres da terra,

às gentes lá do lugar... mas no fundo, um não sei quê!,

todos sabiam, sentiam, que ela tinha possuía algo muito especial

que não se via, mas viam, que a todos seduzia,

fascinava, deslumbrava...

uns que espreitavam de longe e que a viram nadar...

diziam que a viam ao longe, onde ninguém se atrevia,

toda nua envolta em ondas, vestida de espuma branca que turvava o seu olhar, e saltar brincar com elas como se fosse do mar,

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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diziam: não há beleza

que se possa comparar para se dizer, contar

com palavras ou pinturas ou artes de retratar...

ela era gente, era deusa, era mulher e donzela,

não namorava ninguém, ninguém que eles conhecessem,

mas de certo era amada e estava apaixonada

por algum donzel do mar por um duende ou um príncipe,

um rei senhor poderoso daqueles reinos mais profundos

que há por baixo das águas e têm poder, riquezas

que nunca foram sonhadas pelos senhores doutros reinos

que há em cima da terra...

e quando o senhor do castelo que reinava em toda a terra

e até em todo o mar, como ele pensava, coitado!,

decidiu ir cativá-la, para a levar como amante

o que era subida honra

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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por ele ser dono de tudo, cativar uma donzela

que vivia pobremente numa cabana encostada a um velho pessegueiro

que ficava na colina mais à beirinha do mar...

vrrrruuuuummmm zzzzz sssss vrrr sssss pum!

nessa noite o nevoeiro engoliu-a por inteiro, a terra toda, a colina

onde morava a princesa que era uma pobre donzela

e tudo ficou escuro como o breu

embora fosse de dia e tempo de lua cheia!...

zzzzz sssss brrrruuuummmm vrrr sssss plum!!!

a lua escondeu-se toda o sol desapareceu

e o mar correu para longe dos lugares onde chegava deixando aberto segredos que a água sempre cobria

cidades caves palácios cavernas grandes medonhas

com tesouros fabulosos mas foram só uns momentos

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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da noite que era de dia em que o olhar humano não perscrutava nem via

porque a luz o deslumbrava ou a noite o impedia...

e numa noite tremenda em que ninguém sabe se o era

pois devia ser de dia e tudo se confundia

com uma fúria subida... o mar que tinha fugido

voltou com ondas revoltas com uma fúria dobrada

e, na crista de uma onda, dizem que o donzel do mar

galopou em mil cavalos com seus guerreiros marinhos mais numerosos que estrelas

e com dardos lanças raios e com armas nunca vistas

invadiram toda a terra mudando o dia em noite e rasgando a escuridão

com clarões que deslumbravam arrancaram a colina onde vivia a donzela que vivia na cabana

encostada ao pessegueiro que se erguia na falésia mais à beirinha do mar

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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e a fizeram navegar como um navio fantasma

e a mudaram em ilha erguida em frente ao castelo

onde reinava o senhor que a queria cativar....

e na ilha que emergiu

nova mesmo em frente do castelo

onde a tirania reina, o donzel e sua gente

com os grandes poderes do mar construíram para a donzela

um castelo semelhante em tudo ao do outro lado,

só que o dela era encantado... tempo antes na falésia

como uma simples cabana encostada a um pessegueiro,

e agora é uma ilha toda de mar rodeada

onde ela como princesa estava presa... sendo livre...

prisioneira, sendo deusa para fazer o que queria

e até para decidir se era livre ou se prendia porque o amor e paixão podem ser uma prisão

para escolher livremente

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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se ama para ser livre ou se é livre não amando

não vivendo o vida em cheio como deve ser vivida....

...mas seguindo a nossa história, esta lenda de encantar

conta o povo que transmite a sua sabedoria

através das suas lendas ou pela sua poesia...

que o senhor daquele castelo

que ia para cativar a donzela da cabana

encostada ao pessegueiro que julgava abandonada

por não ter pai nem ter mãe nem amigo protector...

mas que afinal era amada por aquele donzel do mar

que era senhor de mil reinos imersos nas profundezas ocultos no fundo mar... esse senhor insensato cheio de raiva e furor

por ver fugir sua presa, mandou armar num instante

tudo o que pudesse vogar barcos jangadas batéis

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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para tomar de assalto a ilha usando de violência e resgatar a donzela

que assim se lhe escapava e segundo o que ele pensava

a ele pertencer devia (o que era subida honra!)

como tudo ali afinal fosse terra fosse fruto

fosse gente ou animal!...

então... a lenda conta que o mar se pôs calmo a baloiçar

e os deixou navegar até se aproximarem

com todo o seu arsenal até meio do canal

sem sinal de se vingar... e quando todos pensavam

que a ia alcançar a colina feita ilha

onde havia uma cabana encostada ao pessegueiro

onde vivia a donzela

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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sempre envolta em nevoeiro brilhando em plena luz

com seus encantos mistérios cobertos por seus cabelos que eram verdes e azuis doirados da cor do mar

como seus olhos brilhantes que reflectiam o sol

e a cor do mar imenso com beleza redobrada que a todos fascinava

pois era um deslumbramento, um encanto sedutor

que inspirava o respeito e um amor verdadeiro

de todos que a conheciam!

mas de repente, de súbito!??? zzzzz sssss, vrrrruuuuummm, pãooooo, pum!

quando aquele grande senhor a ia mesmo alcançar

a ilha do pessegueiro... zzzzz sssss! prrrruuuuummm, bão, pum!

uma onda levantou-se uma onda grande enorme abriu um fosso profundo onde a onda se formou

e logo se afundou com um barulho inaudito...

e os barcos e batéis com aquele grande senhor

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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que levava remadores camponeses pescadores tudo obrigado a remar...,

ali foram engolidos com os barcos destruídos em mil bocados partidos que à praia vieram dar

trazendo em cima das ondas os corpos dos pescadores camponeses e pastores que foram a remadores

e se agarraram às tábuas salvadoras dos batéis

e, milagre! estavam vivos e correram para terra onde foram acolhidos

pelas famílias e amigos e subiram às falésias

para olhar, saudar o mar que assim os tinha salvo dum trabalho revoltados

e oferecia ali perto aquela ilha encantada

toda envolta em nevoeiro... um mistério! ali plantada

mesmo ao alcance da mão duns remos ou duma vela

ou dumas braçadas fortes... mas longe, o suficiente para sonhar, imaginar

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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que a liberdade e o sonho a felicidade e o bem

estão sempre longe, bem perto mesmo ao alcance da mão daquele que quiser ousar

usar a imaginação para se deixar fascinar

para viver e para sonhar e fazer do sonho a vida que vale a pena viver

mesmo depois de morrer que é dar vida a novo ser

sempre sempre em espiral sempre a vida a renovar

em constante movimento em permanente mudança

que mantém viva a esperança de viver eternamente

no nosso cosmos imenso de mil galáxias estrelas

em constante crescimento em constante criação

que provoca o encantamento de criar sempre de novo algo que nunca existiu

e ninguém pode abarcar mesmo com a imaginação

um mundo que é sempre um outro e não pode ficar velho

como este mundo acabado

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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de donos, amos tiranos que dominam causam danos

por se tornarem senhores do pensar e do sentir

e do fazer... que é de todos de todos e cada um

que pode viver, sonhar, e sobretudo AMAR

enquanto a vida durar... e dura para todo o sempre

sempre, sempre eternamente!...

...passada aquela desgraça em que o mar em seu furor

destruiu barcos e vidas mas só dos grandes senhores

e varreu com seu pavor as ambições desmedidas dos que julgam dominar as terras gentes e gado...

pôde ver-se que a desgraça era um milagre, uma graça pois nenhum daquela raça

que vivia de sugar a vida que era doutros

nem um sobrou para contar ou deixar sua semente...!

isso pensam os que sonham poder viver e amar!!!

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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...conta a gente, ainda espantada do assombro daquele dia que foi uma noite escura

embora de lua cheia e foi tudo escuridão

e um brilho deslumbrante durante a noite e o dia

que tudo o que acontecia era verdade e mentira fruto da imaginação

porque ninguém pôde ver ao certo o que aconteceu mesmo aquilo que viveu e sendo mentira verdade

sonho querer e desejo foi tão real e tão certo

como a vida que viviam sem a poderem viver!

conta a gente do lugar que a donzela da cabana

encostada ao pessegueiro que havia na colina

toda envolta em nevoeiro alcandorada no mar

que todos podiam ver e depois foi arrastada

para longe, perto da terra... ali fundou o seu reino

na ilha nova criada

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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onde não pode existir o ódio e a tirania

que reinam em tantos povos!...

conta a gente, conta a lenda, que essa donzela bela cuja beleza era tanta

que ninguém sabe contar... inda vive nessa ilha

vivendo ali escondida à vista de toda a gente

rodeada de animais peixes, aves voadoras

naquele castelo encantado vivendo de amor paixão

sempre sempre renovado pelo seu donzel do mar que no mar é rei senhor de reinos de maravilha...

e... usando o seu poder,

desde então, desde esse dia, ela, a bela, a perseguida,

ali vive a sua vida protegendo os pescadores camponeses e pastores... todos os trabalhadores

que fazem o mundo belo os poetas, sonhadores,

os que vivem seus amores com tormentos e paixão

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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toda a grande multidão que constrói um mundo novo

e povoa o mundo inteiro mesmo para lá das estrelas

pelo universo infinito....

até o ti Zé Moleiro lá da Ribeira da Azenha

que conta contos patranhas como os melhores contadores com mentiras e com manhas

que são verdade a fingir como usam os caçadores pescadores e outros tais poetas e sonhadores....,

diz, afirma:

NUNCA MAIS desde esse tempo, esse dia

em que a ilha se formou,

NUNCA MAIS, houve senhores a reinar naquele castelo

do lado de cá do mar que só viviam à custa

dos outros que mourejavam sofriam e trabalhavam

para eles... só rir, folgar, comer beber a fartar...

e se aqui aconteceu pode acontecer no mundo

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em cada canto da terra onde inda existem tiranos e pobres escravizados...

- Isso era bom! é bem certo!

mas o certo e verdadeiro é que nada disso é certo

que esteve aí a contar nem pode ser de verdade -

diz o tio Zé Moleiro pró poeta deslumbrado... - Isso era bom! é verdade!

que o mundo vivesse em paz e todos fossem felizes e o desejo não faz mal

pois se todos o quiserem isso pode acontecer... -

Ele que o diz, é porque sabe e pelos sinais que ali há: salas grandes e cozinhas celas bastas e guaritas

com trincheiras bem talhadas na pedra dura cavadas... - aquilo ali foi caserna!? foi cadeia?! foi prisão!?

com presos muito perigosos a levar para o outro lado

para o castelo da ilha toda de mar rodeado

que tem tanques salgadeiras e umas celas quadradas

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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que ficam cheias com água até ao peito de um homem quando chega a preia-mar

e serviria para dar tormentos até matar

os presos mais atrevidos que ousavam denunciar

abusos dos senhorios e convinha isolar

do povo, arraia miúda que, se abrisse bem os olhos com um só gesto, uma acção

mudava este mundo velho de abusos e ambições

num mundo novo fraterno onde fosse permitido sonhar! viver ilusões!

como cantam os poetas, os artistas criadores!!!

E afinal, meus senhores, minhas senhoras, donzelas, meus meninos e meninas,

todos meus queridos leitores e ouvintes do planeta com a alma de poetas ficai sabendo: afinal,

tudo o que aqui foi contado não passa de puras tretas

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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enroladas numas petas... pois, como todos sabemos

afinal não há castelos muito menos encantados...

havia só fortalezas e cadeias e prisões

pra matar a liberdade e inventar os papões

que regem a sociedade e podem ser pais e mães professores e doutores ministros e presidentes

ou polícias e ladrões rufias que metem medo com armas e autoridade

pra manter longe do povo algum que vê a verdade

e diz aos outros que dormem: ACORDAI. Abram os olhos!

Isto bastava afinal pra acabar com todo o mal...

mas isto soava mal aos ouvidos dos senhores

dos amos e ditadores... e quer queiramos quer não o mal sempre há-de existir como desde sempre existe luz e sombra, dia e noite

e pra uns terem que farte outros hão-de ter só parte

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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ou nada que dê prazer!... É a Lei. é o Destino, ele é a sina é o fado

desde sempre destinado aos escolhidos da sorte

ou do azar! É o norte e é o sul,

o nascente e o poente que rege a humanidade com letal fatalidade!...

Mas, para saber a verdade, vale a pena perguntar porque teria acabado

aquele castelo assombrado da ilha do pessegueiro?

e tanto o do lado do mar, o da ilha verdadeira,

como o do lado da terra que também se chama ilha

talvez por ser rodeado pela ribeira do queimado

e a ribeira do seixal ou simplesmente por estar mesmo à beirinha do mar

muito perto do da ilha e com ela faz um todo

que dá nome a Porto Covo e atrai gente, turistas

de todos os cantos do mundo?!

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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porque teria acabado!

não se sabe. ninguém sabe. mas pode a gente deitar-se

a sonhar, a adivinhar, que um dia terá havido

em que as coisas mudaram e os presos que ali estavam

encerrados nessas celas com a água até ao peito

à espera duma sorte que era a morte certa e dura

ou, encontrar na loucura dos sonhos dos contos lendas

ou na poesia, na arte a arte de dali fugir

nas asas da liberdade... um dia, talvez, quem sabe?

saíram de lá por milagre os presos ali fechados

todos soltos, libertados por muitos milhares de mãos

de vozes e corações que gritaram aos senhores:

BASTA! FIM! Ponto final. Agora é a nossa vez....

E para a história seguir

como sempre tem seguido com o bem e com o mal

de mãos dadas como irmãos...

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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aqueles guardas e senhores terão lá ido parar

às celas dos prisioneiros pra assim dar ocupação

àquele castelo prisão e assim se dar razão ao ditado, ao rifão

que até se diz popular por ser uma lei comum

e estar sempre a acontecer: que sempre ter de haver

o bem e o mal, bons e maus ricos, pobres, juntamente

felizes e infelizes uns com sorte, outros azar!

enfim! o fado, o destino desta vida em sociedade

desde que o homem na terra procura a felicidade...

enfim! para acabar esta história

desta parte que contamos aqueles guardas e senhores que antes foram opressores

de poetas sonhadores camponeses pescadores ali morreram salgados

nas salgadeiras do peixe e depois, o mar senhor

o vento e as tempestades

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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as aves do céu e o ar as gaivotas e os corvos tomaram conta da ilha

para a purificarem.

Assim, a ilha sem nada, cheia de vida e de cor, a Ilha do Pessegueiro

que nunca teve nenhum! A Ilha que foi passagem

de milhares de prisioneiros desta vida pra melhor... ou talvez, foi só escolho

onde encontraram a morte uns navegantes de longe, pescadores mais atrevidos

perdidos no nevoeiro que procuravam a terra no porto de Porto Covo,

um porto côncavo, fundo que dá refúgio seguro!...

ou talvez, mui simplesmente

A Ilha do Pessegueiro é Ilha dos Passageiros

dos que iam de viagem ou a Ilha dos Pesqueiros

das Pesqueiras onde há peixe, dos camponeses pastores

pois ali, perto do mar todos eram pescadores...

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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era ilha do Peixeiro que pesca ou vende peixe?

ou a ilha da Peixeira que é tanque grande profundo

para criação do peixe? era talvez um PESQUEIRO?

e depois com a evolução que as palavras sempre têm

numa língua a renovar-se as pessoas começaram

a dizer: é o PEIXEGUEIRO, PEXIGUEIRO PEXEGUEIRO

por causa do muito peixe que ali houve e inda há

e depois um erudito ou um génio do lugar

que emenda o povo que sabe aquilo que quer dizer

pegou nos livros e disse: é ILHA DO PESSEGUEIRO

desde que levem os pêssegos de um outro qualquer lugar!

temos de educar o povo que nunca sabe o que diz...

Peixada ou Peixaria não é nome que bem soe

a ouvidos delicados que come peixe, só no prato!

De qualquer modo essa ilha

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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Créditos – Hélder Afonso

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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ali tão perto, bem longe, aquela ilha encantada

toda envolta em nevoeiro, até no nome que tem!

...um mistério! ali plantada,

mesmo ao alcance da mão, duns remos ou duma vela

ou dumas fortes braçadas... mas longe o suficiente pra sonhar, imaginar

que a liberdade e o sonho a felicidade e o bem...

tudo está longe, bem perto ali ao alcance da mão como fruto pra colher

para o que quiser ousar usar a imaginação

pra viver e pra sonhar e fazer do sonho a vida que vale a pena viver

sempre sempre, até morrer que não é morte é vida, é dar vida a novos seres é ser semeado na terra alimentar o seu ventre e dar vida novamente

sempre sempre em espiral! sempre a vida a renovar

em constante movimento

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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em permanente mudança que mantém viva a esperança

de viver eternamente nas asas do pensamento

em constante criação que nasce do encantamento

de criar imaginar um mundo que é sempre novo

e quando é velho, acabado como o dos senhores tiranos que dominam, causam danos

por se tornarem em amos do pensar e do sentir

e do fazer... que é de todos, de todos e cada um

que pode viver sonhar e viver sempre a amar

enquanto a vida durar..., e quando isso acontece

a violência e a força, a arrogância e opressão!...

então, a vida morreu por não ser já vida viva e morrendo faz nascer

uma nova vida viva.

Mesmo assim, sendo mentira todas as lendas da ilha!

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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e mesmo que não exista a donzela da cabana

que por ser feita de canas entrançadas com tabua

estava, para estar segura, encostada ao pessegueiro que nunca houve na ilha nem tão pouco na colina sobranceira sobre o mar como varanda mirante...

mesmo que isso não exista e a beleza da dama

que habitava essa cabana ou o castelo da ilha

seja só uma invenção com longos cabelos de oiro que a cobriam toda inteira

e assim, cobriam, mostravam uma beleza de sonho

que não se vê, adivinha!... e tinha olhos azuis

verdes, negros, cor do mar!... e brincava com as ondas que a vestiam de espuma mergulhando, esvoaçando

como sereia ou golfinho e assim (a)parecia nua

vivendo a vida feliz procurando o seu amor o seu destino o seu fado

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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que era um donzel do mar sempre pronto prá salvar

das garras da ambição e do desejo malsão

e fez dela uma princesa que vive naquele castelo encantado, nunca visto,

que todos pensam ruínas pois só o vêem de fora

e não vão imaginar aquilo que a ilha cobre

e vai ao fundo do mar!... mesmo assim, sendo mentira

tudo o que aqui se contou AQUELA ILHA É UM GRITO É UM SIGNO É UM SINAL

É UM SÍMBOLO, É UM INDÍCIO, UM ÍNDICE

uma certeza mentira que os poetas cantadores

e os contadores de histórias sabem de cor desde sempre,

e sempre ser verdade tal como é também mentira...

é signo da solidão de todo o que tem na vida um grande amor, a paixão de criar um mundo belo

no nosso mundo que o é.

Assim,

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

53

quer o autor desta lenda que se chama: Zé dA MAR porque O MAR é feminino

em tantas línguas do mundo!, que a ILHA DO PESSEGUEIRO

é um SIGNO verdadeiro do AMOR que vem dA MAR

e ainda da LIBERDADE que conjuga o verbo AMAR

e leva à FELICIDADE!... porque prisões para prender

a liberdade dos povos ou impedir o amor

de crescer e dar amor é como ousar, desejar,

querer o mar aprisionar ou querer agarrar o ar

pretender segurar o vento ou prender o pensamento!...

é como querer pretender esgotar a água ao mar,

não querer a luz a brilhar metê-la numa prisão

toda envolta em escuridão!... é querer fogo sem arder

é querer aves sem ter asas e crer que podem ser aves

sem ter asas pra voar!... é como querer entre os dedos

guardar a areia da praia!...

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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Créditos – Hélder Afonso

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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é crer que pode um tanque prender a água das fontes

é crer que pode a barragem segurar a água aos rios

que correm livres pró MAR... QUE CORREM LIVRES PRA/MAR

para AMAR... se o construtor imprudente não abrir um furo, escape para a deixar correr livre... quando a água se juntar,

crescer, trepar as paredes, da prisão que lhe fizeram

com a pretensa ilusão de a conseguir parar,

de a impedir de correr sempre livre para O/A MAR...

quando alguém conseguir isso, quando isto acontecer... esgotar a água ao mar

ou prender o pensamento ou prender a água aos rios,

então construam prisões para prender o AMOR

e matar a LIBERDADE!...

é este o símbolo o signo da ILHA DO PESSEGUEIRO

que o poeta zé d'AMAR sem pedir licença às lendas

e aos donos de as contar

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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sonhou um dia acordado porque era noite com lua com clara luz a brilhar!!!

e essa clara luz da lua que é clara de enfeitiçar

poetas e sonhadores desenhava ali nas águas

uma estrada sobre A MAR que ia da beira da praia

mesmo em frente do olhar e ia até ao infinito

ao encontro das estrelas e se perdia no cosmos

do universo sem parar... e sempre que se perdia nesse universo estelar

sem encontrar a estrela que lá sonhava encontrar pra com ela se encantar

e encantado se encontrar voltando de novo às fontes

onde tem suas raízes lá bem no cimo das serras

fontes que lançam as águas correndo por vales e montes

e se vão lançar à MAR espelhando então nas águas

a estrela que sonhava só lá no alto encontrar!...

e um dia lá na serra

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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que chamaram da estrela depois de muito correr e gastar sete sapatos

de ferro que se não gastam descobriu que eram verdade

os nomes que as gentes davam às pessoas e lugares!...

havia mesmo uma estrela de luz clara e verdadeira

uma estrela deslumbrante que como a água das fontes

se lançava pelos vales e ia lançar-se à MAR

sem nada a poder parar.

e então o Zé dA MAR ali, nA MAR à espera

já cansado de esperar de tão longe a procurar,

já quase mesmo a afogar-se, mergulhou fundo nA MAR

à procura da estrela que espelhava as suas águas

e viu que era ilusão ali a estrela encontrar

pois ela brilhava no céu sem se deixar alcançar... e para se livrar da morte

e da profunda ilusão num dia de nevoeiro

que era de sol a brilhar,

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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Créditos – Hélder Afonso

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na ilha do pessegueiro inventou toda esta estória para guardar na memória

a magia do olhar da luz clara dessa estrela que um dia viu brilhar...

e aprendeu que o sonhar também faz parte da vida e inventando esta lenda

como os contos de encantar assim se livrou da morte

por mais de mil e um dias por mais de mil noites e uma

inventando sem parar mil histórias para contar

para enfim se/me encontrar para enfim se/me encantar...

PARA ENFIM (se/me) VOS FASCINAR.!!!

Mas NÃO não é assim essa lenda

da ILHA DO PESSEGUEIRO.

Contaram-ma lá na terra que se chama PORTO COVO.

A lenda é duma princesa que veio de muito longe

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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dumas terras sempre brancas que ficam no mar do norte

onde o frio e a brancura e o mar se dão as mãos

mas como o mar é A MAR O AMOR rima com A MORTE

com o frio e a brancura com a dor e com a sorte.

Conta-se então, meus amores que em tempos muito antigos

cujos já ninguém se lembra houve uma grande revolta

nos países lá do norte e que a princesa mais bela

que era a herdeira do trono não no-lo pôde ocupar

por ter dado o seu amor a alguém que não devia..

não devia, se dizia, diziam os que mandavam até no amor dos outros...,

pois o seu apaixonado não tinha sangue real e daí lhe veio o mal.

Tendo deixado o seu trono e o reino em confusão

lançou-se atrás do Amor com toda a sua Paixão.

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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Mas aqueles que entendiam ser a princesa traidora

e por isso não devia fugir para ser feliz...

raptaram o seu amor e fazendo-a prisioneira meteram-na num navio

que a levasse para bem longe onde nunca encontraria o amor que procurava.

Navegou sempre para sul o navio que a levava e por ventos e marés

não se sabe por qual sorte talvez um grande naufrágio

aqui veio ela parar com guardas e carcereiros

a esta ilha perdida que chamam do Pessegueiro

muito perto duma terra que se chama Porto Covo

que nada sabiam das terras lá do norte donde vinha.

Assim os seus carcereiros

ali lhe deram prisão construindo a fortaleza

a da ilha e outra em frente sem dar qualquer ilusão

de possível salvação nem por terra, nem por mar...

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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Ali passou os seus anos mais belos da sua vida a princesa lá do norte a chorar a sua sorte

sempre virada pró mar misturando suas lágrimas

amargas com o mar salgado sonhando com o seu amor

que podia, talvez quem sabe?, aparecer disfarçado

numa barca ou num veleiro como um bravo marinheiro

ou um pobre pescador navegando em seu pesqueiro

que trouxesse a salvação a alegria de viver,

a vida, o amor a sorte em lugar da negra morte.

Ali morreu a princesa?

Não se sabe, ninguém viu. Mas um dia de repente soldados e carcereiros

deixaram aquele castelo e também a fortaleza... Terá voltado pró norte para o seu país natal...

que encontrou de novo a paz?... Terá vindo o salvador

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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que a conseguiu libertar para viver seu amor?

Não se sabe, diz a lenda, nas lendas nunca se sabe ao certo o que se passou,

porque fica sempre a parte p'rá arte, imaginação.

Mas há quem diga, é verdade,

que a princesa solitária passava os dias chorando a olhar sempre pró mar

vendo passar os pesqueiros navios, barcos e velas

vindos de longe e de perto... e ali tanto chorou

tantas lágrimas correram misturadas com o mar

que a sua cela se encheu de água verde, água salgada que ao fim de muitos anos

ali morreu afogada nas lágrimas que choraram os seus olhos já cansados e gastos de olhar o mar que já não viam passar

os barcos a navegar.

Mas

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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mesmo depois de morta quando a lançaram ao mar

o seu corpo hirto, morto transformou-se em jangada

e o seu véu de princesa tornou-se uma vela larga

que a levou de viagem talvez, quem sabe, talvez

à procura do amado por quem tanto tanto tempo

tanta lágrima chorou. Que terá acontecido

ao amado tão chorado? Foi também pelos soldados

noutra ilha desterrado? Terá fugido e morrido exausto de a procurar

a toda a roda do mundo?

São sempre assim estas lendas mesmo tristes de chorar

e mesmo com morte no fim

deixam-nos sempre a esperança que na última viagem

os dois corpos se encontraram e pela força do amor

em peixes se transformaram em sereia e em delfim

reinando nas profundezas desse imenso mar sem fim...

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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enfim felizes n'A MAR

onde AMAR não tem medida.

Mas ainda há mais lendas, cada um inventa a sua, pois cada um se fascina pelo que é fascinante

para si...!

Uma princesa do Norte vê que o filho corre perigo de ser condenado à morte como os bebés de Belém

que Herodes mandou matar... Ele era herdeiro do trono mas parentes afastados

usurparam o lugar que deveria ocupar

e vivendo seria eterna ameaça

para eles e seus descendentes...!

A mãe, a princesa aflita com a ajuda dos fiéis

consegue fugir de barco para salvar o seu filho

que corre tamanho perigo!!!

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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Por onde fugir? Para onde ir?

Os reinos seus aliados Já assinaram tratados com os usurpadores...

- Vamos para longe, à deriva correr nas asas da sorte correr nas asas do vento dando costas à estrela

que sempre no firmamento nos apontará o Norte.

Correram pelos sete mares entre perigos e procelas e numa grande tormenta

que abriu o barco pelo meio foram parar c'os destroços

à Ilha do Pessegueiro. O deus poderoso dos vikings

que correram todo o mar com os seus barcos fantasmas

não permitiu que a fuga acabasse a aventura da fuga desesperada.

Ali sozinha com o filho aquela mãe heroína

de todos desconhecida consegue que o filho se salve

e cresça senhor dos mares sem temer perseguidores mandados pelo inimigo...

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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Mas um dia Oh! que desgraça em que o príncipe partira

para explorar o mar os esbirros que correram

do mundo as sete partidas assaltam de noite a ilha

e raivosos por não terem o filho para matar

dão cruel morte à mãe tão feroz e tão horrenda

que os seus gritos estridentes chegaram ao filho valente que voou para a salvar... Já não encontrou a mãe que fora lançada ao mar mas jurou solenemente

com a mão bem estendida sobre aquele túmulo imenso que a vingança sem perdão

seria total e tremenda:

- espalhar por todo o mundo a paz que vem das estrelas

- enfeitiçar toda a gente com a magia dA MAR.

- que AMAR seria imenso sempre sempre em movimento

e do tamanho d'A MAR...

Esta jura impressionante

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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restituí-lhe a mãe de novo e agora em cada lugar

em todos os cantos da Terra... como a água vem das fontes mesmo dos cumes da Serra

correndo sempre para A MAR também todos os seres vivos

vindos do ventre da Terra correm sempre para AMAR.

Não!!! Não é nada disto ainda

a lenda que ouvi cantar... Há muitas lendas contadas

pelas gentes do lugar... A do Chico da viola do Vizir de Odemira

que por amor morreu novo... ou as outras que imagina cada qual que ali sentado numa pedra à beira mar sonha tudo quanto quer

e se põe a inventar...

É esta a magia da ILHA, da Ilha do Pessegueiro

e nas páginas que não há cada um pode escrever

as lendas que ouviu contar

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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ou aquelas que inventou de tanto as imaginar

e para si são a verdade por assim as ter sonhado

e guardado dentro de si para sempre...

...

mas conta ainda uma lenda muito antiga e esquecida ou LENDA POR INVENTAR

por quem outra quer contar e outros sempre espantar...

que aquela ilha - magia - em risco de se perder

não era do PESSEGUEIRO nem de PESQUEIRO de mar... nem talvez do PISCEGUEIRO...

de PIXIS - lá do latim... por um feito acontecido

desses que soam nos fados e já de todo esquecido

por velhos cantores e bardos aquela ilha chamou-se

A ILHA DOS ENFORCADOS!!! quem sabe essa lenda? quem?

É isso que vamos ver correndo as terras que bordam

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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essA MAR cheio de LENDAS e histórias p'ra enca(o)ntar e gentes para as contar...

Faltava depois contar

Outra LENDA a do QUEIMADO … Foi na Invasões Francesas

… os soldados, quais danados destruíram a Ermida

e queimaram a Senhora que atiraram ao mar

para enfim desaparecer...

não sabiam os malvados que o MAR não era O MAR

mas A MAR que lembra AMAR e na maré veio a Santa

que os pescadores recolheram e, reerguida a Ermida ali veneram a Santa

A Senhora do Queimado A Nossa Senhora da ILHA

Que se ergue do meio d'A MAR…

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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...há sempre mais uma LENDA PARA AS OUTRAS AUMENTAR...

E QUEM SABE? A NOVA LENDA

VAI SEMPRE LENDO AFINAL A OUTRA LENDA CONTADA

OU TENTANDO LENDO A LENDA

DAR-LHE UM SENTIDO FINAL REVELANDO MIL SINAIS MIL MISTÉRIOS REVELAR

QUE FICAM SEMPRE PERDIDOS NO FUNDO OCULTO DO MAR

DA MAR D'AMAR

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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SENTEI-ME UM DIA A OLHAR A ILHA DO PESSEGUEIRO TODA CERCADA DE MAR

TODA ENVOLTA EM NEVOEIRO

Rodeada de mil sonhos De mil lendas quais sinais Que indicam os portais Do mistério que nós somos O que seremos!? Que fomos!?... Sentei-me e via só mar... A Ilha ali a vogar Nas ondas que vêm, vão... Era sonho? Era ilusão? Sentei-me um dia a olhar...

Que segredos, que Magia? Quanto mistério escondido Neste espaço ali perdido Transformado numa ilha Tão pequena, mas que brilha Qual ara, pedra de altar À doce luz do luar... Como um castelo fantasma Cheio de lendas e fadas Toda cercada de mar...

Bem ali na minha frente Abriam-se os horizontes De mil nascentes, mil fontes Que seguiam a poente Da minha alma doente... Guiada por um marinheiro Voava esbelto veleiro Que correra sete Mundos E vinda dos mares profundos A Ilha do Pessegueiro.

São mil lendas, mil sinais Que abarcam todo o universo E nos vão dizendo em verso Segredos que os nossos pais Já deixaram nos anais Nas lendas do Mundo inteiro Como segredo primeiro Na tradição transmitida Que desvenda toda a vida Toda envolta em nevoeiro

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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Quando eu era pequenino acabado de nascer eu mal sabia falar e gostava de ouvir contar contos para adormecer! Eram mouros, eram fadas vindas pelas madrugadas ou em noites de luar... Eram as lindas donzelas encerradas em castelos tranças louras, olhos belos, tristes, tristes, a chorar! Eu ficava impressionado com tudo aquilo que ouvia... depois, quando adormecia, punha-me a sonhar com elas... Agora que já sei ler nas folhas que os livros têm nelas aprendo também contos lindos, coisas belas... e tudo o que os livros ensinam com carinho e com amor... É milagre redentor de suas letras singelas! Poema do Tio Zé Moleiro, Ribeira dos Aivados, Porto Covo, O poeta de cabelos brancos e olhos azuis que me contou tantas lendas, contos, patranhas e poesia... tantas histórias com tanta fantasia... e conhece com os pés e com as mãos, cada pedra e cada recanto das falésias do mar entre Porto Covo e Vila Nova de Mil Fontes, a ponto de me ensinar o esconderijo secreto onde tem a sua cana de pescar... Com ele, a minha homenagem à poesia popular e aos contadores de histórias, que seriam a continuação normal desta/s publicação/ões

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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ANEXOS

LENDA DA NOSSA SENHORA DA QUEIMADA – PORTO COVO, SINES

TEIXEIRA DA SILVA

.A Ilha do Pessegueiro, que integra a

freguesia de Porto Covo, tem como

tradição uma lenda que se refere ao

milagre de Nossa Senhora da Queimada.

Essa lenda diz-nos que em meados do

século XVIII (dezoito) chegaram a esta

ilha piratas provenientes do norte de

África, que logo foram enfrentados por um eremita que

mantinha uma ermida invocada a Nossa Senhora. Contudo, a

refrega terá sido breve, dado que o religioso foi assassinado, a

capela completamente saqueada e a imagem da santa foi

atirada para as chamas.

Quando os piratas agressores bateram em debandada,

regressaram os habitantes de Porto Covo, que verificaram os

enormes danos que lhe haviam sido infligidos, mas que ainda

assim, resolveram dar uma sepultura cristã ao eremita.

Porém, quanto à imagem e apesar de esta ser afincadamente

procurada, não a localizaram de início. Após haverem iniciado

novas buscas, agora abrangendo toda a ilha, vieram a

descobri-la, miraculosamente intacta, no meio de uma moita

que tinha sido incendiada. De imediato, recolheram a imagem

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

78

e construíram, propositadamente para ela, uma nova ermida,

a cerca de um quilómetro de distância do local onde fora

descoberta.

Essa ermida, entretanto ampliada, deu lugar à hoje chamada

Capela de Nossa Senhora da Queimada, que ainda é um local

de imensa veneração, não só da própria população, bem como

de outros povos vizinhos. .

(Baseado in “Ilha do Pessegueiro, sua história e origens”, by publicação autárquica)

.

Pesquisa e adaptação de

TEIXEIRA DA SILVA, AJ

Gondomar, Porto, Portugal

http://www.faroldanossaterra.net/2016/06/07/lenda-da-nossa-senhora-da-

queimada-porto-covo-sines/

Forte de Nossa Senhora da Queimada

https://pt.wikipedia.org/wiki/Forte_do_Pessegueiro

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LENDA DO MENINO DA GRALHA - Ilha do Pessegueiro, Sines

POR - Maria Luisa – 2016 05 05 - https://www.facebook.com/groups/alentejosuasterras/

«Do tempo em que o Forte da Ilha do Pessegueiro, era ocupado pelos Mouros se conta esta lenda.

Um capitão mouro...

vivia no referido forte com um grupo de soldados, sua mulher e filhos. Tinha a seu cargo a defesa da fortaleza e o treino dos seus soldados. Sonhava, ele, fazer do seu filho (criança de 8 anos), um grande guerreiro, corajoso e forte, destemido e sanguinário.

Porém o menino detestava as armas e fugia aos treinos a que o pai o submetia. Gostava muito de brincar e tinha um coração bondoso, tanto para com a gente como para todos os animais. Afeiçoou-se de tal maneira a uma gralha, que era ela o seu passatempo favorito. Onde estava o menino lá estava o pássaro, o pai enfurecido do seu desinteresse pelas artes da guerra, ameaçou-o de matar a gralha se ele não deixasse de brincar com ela. Então, uma noite quando todos dormiam o menino pegando na sua companheira gralha

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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resolveu fugir para que seu pai não matasse a sua amiguinha.

Muitos dias se passaram. Todas as buscas foram em vão pois não encontravam o pobre menino. Chorava a mãe, arrependia-se o pai. Quando voltaram a ver o seu filho, já ele estava morto junto a uma fonte num vale, com a sua amiga gralha pousada no seu corpo, morta também. Desde ai, aquela fonte ficou conhecida como a "Fonte da Gralha".

Nota: Esta fonte encontra-se debaixo da água da nova barragem, construída na herdade da Cabeça da Cabra, e muita gente ali residente se lembra perfeitamente dela.

http://cheirar.blogspot.pt/2008/09/

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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A ILHA – na e-libro 2003

Ano: 2003 Tamanho: 592 KB Formato: PDF Sinopse: ...a ILHA é a ILHA – todas as ILHAS que emergiram do MAR ou de A MAR... aqui materializada na ILHA DO PESSEGUEIRO... ou a ILHA DO

PESQUEIRO, onde havia tanques para a salga do peixe! uma pequena ilha despovoada que existe em Portugal, na Costa Vicentina, em frente a uma pequena povoação, que se chama Porto Covo e se pode avistar de quase todas as dunas e praias, que se estendem desde Sines e até Vila Nova de Mil Fontes... É, talvez, a ILHA inventada pelo Épico no Canto IX do seu imortal Poema os Lusíadas — a ILHA DOS AMORES... onde os Nautas LUSOS se transformam em Deuses-Argonautas... É, talvez, a TERRA com todos os Continentes, que não passam de pequenas Ilhas que surgiram da imensidão do MAR ou de A MAR — o PLANETA a que todos chamam TERRA, mas que o Poeta decide chamar PLANETA MAR — A MAR, a remeter para o verbo AMAR… ver: A MAR. As LENDAS, aqui efabuladas, são uma invenção do autor, que assina José D’A MAR, um deNómio de José Rabaça Gaspar, como acontece na outra obra intitulada A MAR e assim se assume, mais uma vez, como um Homem seduzido

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pelo MAR, ou antes por A MAR; como Nauta, que nunca andou nas Caravelas, mas nelas “navega” sem cessar por todo o Universo; como Marinheiro; nunca manobrou os Navios em que viajou, a não ser em sonhos; como Homem de A MAR, que gosta de mergulhar e nadar e de se perder nas ondas de A MAR, mas que tem um profundo respeito por A MAR e continua, há mais de seis décadas, à procura da sua ILHA... in A MAR... Em papel e-libro.net -- https://e-libro.net/libros/libro.aspx?idlibro=1922

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Álbum de algumas imagens

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Foto de João Damião

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Capa e contra Capa da edição na e-libro – 2003 08

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A ILHA – adaptação ao teatro “O OUTRO LADO” - Fátima Borges

Para o “O OUTRO LADO” – Associação Cultural ALMADA – 2017 10/11

para a XXI mostra de teatro de Almada

Tempestade

Os painéis giram

As luzes acendem brancos amarelos

Ciclorama – azul escuro / amarelo – relâmpago

Sons trovões

Gritos – homens mulheres

....mulheres

....

....

A tempestade e o nevoeiro envolvem o público

Toda esta cena é fora do palco junto ao público, o

senhor e as mulheres estão sentados no público

Aparece a princesa ao longe a dançar entre o

nevoeiro mas nas escadas desaparecendo...

Senhor do lado contrário da princesa – sentadas

no público irão deslocar-se para o proscénio sem

entrar no palco – o mar

SENHOR: - não há beleza

que se possa comparar

para se dizer, contar

com palavras ou pinturas

ou artes de retratar...

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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1ª mulher: - ora consta, conta a lenda,

como as lendas de encantar

que o povo sabe contar...

2ª mulher: - que essa donzela bela

não era pobre nem rica,

nem filha de pescador

que passa a vida a remar

nem do camponês que luta

na labuta desta terra...

3ª mulher: - vivia ali encantada

fugida de longes terras

ou trazida pelos ventos

numa viagem perdida

que naufragou ali perto

e arrastada com os restos

do naufrágio,

SENHOR: - as marés

ali a depositaram

para viver isolada

livre feliz encantada

sempre em contacto com o mar

e com as gentes do lugar

que havia de ser Porto Covo

depois da lenda acabada...

1ª mulher: - até que foi cobiçada

por um dos grandes senhores

que ali tudo mandavam

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

92

e reinavam

sobre gados e colheitas

sobre as gentes e a terra

que toda a eles pertencia

e eles, como parte da terra,

não tinham eira nem beira

nem vontade nem desejo

que não fosse dos senhores....

2ª mulher: - julgando-a filha de pobres

servos da gleba ou escravos

camponeses pescadores...

um daqueles grandes senhores

deslumbrado pelo encanto

do que ouvia e se contava,

quis fazê-la sua amante,

o que era honra subida

que os grãos senhores concediam

àquela gente humilhada,

usando para seu deleite

os encantos que ela tinha

ou todos diziam que tinha,

SENHOR: - um corpo belo de Vénus,

cabelos de Afrodite

olhos com luz das estrelas

e seios brancos de rolas,

membros de estátua de mármore

com mistérios escondidos

como o cosmos infinito

enfim,

toda ela era um encanto,

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

93

deslumbramento fascínio

como ali todos diziam

3ª Mulher; - porque ao certo ninguém vira

como era toda inteira

embora a vissem de perto

e com ela convivessem

a saudassem, ajudassem,

ela saudava ajudava

mas não sabiam ao certo

aquilo que os seduzia

encantava ou deslumbrava

com tão completo fascínio,

porque em tudo ela era igual

às outras mulheres da terra,

às gentes lá do lugar...

1ª mulher: - mas no fundo, um não sei quê!,

todos sabiam, sentiam,

que ela tinha possuía

algo muito especial

que não se via, mas viam,

que a todos seduzia,

fascinava, deslumbrava...

2ª mulher:- diziam que a viam ao longe,

onde ninguém se atrevia,

toda nua envolta em ondas,

vestida de espuma branca

que turvava o seu olhar,

e saltar brincar com elas

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

94

como se fosse do mar,

3ª mulher: - ela era gente, era deusa,

era mulher e donzela,

não namorava ninguém,

ninguém que eles conhecessem,

mas de certo era amada

e estava apaixonada

por algum donzel do mar

por um duende ou um príncipe,

um rei senhor poderoso

daqueles reinos mais profundos

que há por baixo das águas

e têm poder, riquezas

que nunca foram sonhadas

pelos senhores doutros reinos

que há em cima da terra...

1ª Mulher: - e quando o senhor do castelo

que reinava em toda a terra

e até em todo o mar,

como ele pensava, coitado!,

decidiu ir cativá-la,

para a levar como amante

o que era subida honra

por ele ser dono de tudo,

cativar uma donzela

que vivia pobremente

numa cabana encostada

a um velho pessegueiro

que ficava na colina

mais à beirinha do mar...

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

95

vrrrruuuuummmm zzzzz sssss vrrr sssss pum!

Tempestade ainda maior

No palco onde já estavam os biombos fixos e os

articulados que tb estavam em pé

PRINCESA; - (do lado do público na ilha...)

...passada aquela desgraça

em que o mar em seu furor

destruiu barcos e vidas

mas só dos grandes senhores

e varreu com seu pavor

as ambições desmedidas

dos que julgam dominar

as terras gentes e gado...

pôde ver-se que a desgraça

era um milagre, uma graça

pois nenhum daquela raça

que vivia de sugar

a vida que era doutros

nem um sobrou para contar

ou deixar sua semente...!

isso pensam os que sonham

poder viver e amar!!!

No palco Entra POSEIDON seguido dos seres

marinhos

Sons do mar – música poderosa

As Ninfas dançam com os painéis (recolher as

caudas dos vestidos)

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

96

Poseidon fala poderoso na frente indo sentar-se

junto de um biombo que deverá ter um género de

trono no final

POSEIDON; - nessa noite o nevoeiro

engoliu-a por inteiro,

a terra toda, a colina

onde morava a princesa

que era uma pobre donzela

e tudo ficou escuro

como o breu

embora fosse de dia

e tempo de lua cheia!...

(Bate com o tridente e começa trovões e a

escurecer...

a lua escondeu-se toda

o sol desapareceu

e o mar correu para longe

dos lugares onde chegava

deixando aberto segredos

que a água sempre cobria

cidades caves palácios

cavernas grandes medonhas

com tesouros fabulosos

mas foram só uns momentos

da noite que era de dia

em que o olhar humano

não perscrutava nem via

porque a luz o deslumbrava

ou a noite o impedia...

e numa noite tremenda

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

97

em que ninguém sabe se o era

pois devia ser de dia

e tudo se confundia(senta-se)

NINFA : - dizem que o donzel do mar

galopou em mil cavalos

com seus guerreiros marinhos

mais numerosos que estrelas

e com dardos lanças raios

e com armas nunca vistas

invadiram toda a terra

mudando o dia em noite

e rasgando a escuridão

com clarões que deslumbravam

arrancaram a colina

onde vivia a donzela

que vivia na cabana

encostada ao pessegueiro

que se erguia na falésia

mais à beirinha do mar

e a fizeram navegar

como um navio fantasma

e a mudaram em ilha

erguida em frente ao castelo

onde reinava o senhor

que a queria cativar....

Ninfa: - e na ilha que emergiu

nova

mesmo em frente do castelo

onde a tirania reina,

o donzel e sua gente

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

98

com os grandes poderes do mar

construíram para a donzela

um castelo semelhante

em tudo ao do outro lado,

só que o dela era encantado...

tempo antes na falésia

como uma simples cabana

encostada a um pessegueiro,

e agora é uma ilha

toda de mar rodeada

onde ela como princesa

estava presa... sendo livre...

prisioneira, sendo deusa

para fazer o que queria

e até para decidir

se era livre ou se prendia

porque o amor e paixão

podem ser uma prisão

para escolher livremente

se ama para ser livre

ou se é livre não amando

não vivendo a vida em cheio

como deve ser vivida....

POSEIDON : - ninguém pode abarcar

mesmo com a imaginação

um mundo que é sempre um outro

e não pode ficar velho

como este mundo acabado

de donos, amos tiranos

que dominam causam danos

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

99

por se tornarem senhores

do pensar e do sentir

e do fazer... que é de todos

de todos e cada um

que pode viver, sonhar,

e sobretudo AMAR

enquanto a vida durar...

e dura para todo o sempre

sempre, sempre eternamente!...

Ninfa: - conta a gente, conta a lenda,

que essa donzela bela

cuja beleza era tanta

que ninguém sabe contar...

inda vive nessa ilha

vivendo ali escondida

à vista de toda a gente

rodeada de animais

peixes, aves voadoras

naquele castelo encantado

vivendo de amor paixão

sempre sempre renovado

pelo seu donzel do mar

que no mar é rei senhor

de reinos de maravilha...

e...

Ninfa: - usando o seu poder,

desde então, desde esse dia,

ela, a bela, a perseguida,

ali vive a sua vida

protegendo os pescadores

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

100

camponeses e pastores...

todos os trabalhadores

que fazem o mundo belo

os poetas, sonhadores,

os que vivem seus amores

com tormentos e paixão

toda a grande multidão

que constrói um mundo novo

e povoa o mundo inteiro

mesmo para lá das estrelas

pelo universo infinito....

Poseidon: - E afinal,

ouvintes do planeta

com a alma de poetas

ficai sabendo: afinal,

não há castelos

muito menos encantados...

havia só fortalezas

e cadeias e prisões

pra matar a liberdade

e inventar os papões

que regem a sociedade

e podem ser pais e mães

professores e doutores

ministros e presidentes

ou polícias e ladrões

rufias que metem medo

com armas e autoridade

pra manter longe do povo

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

101

algum que vê a verdade

e diz aos outros que dormem:

ACORDAI. Abram os olhos!

Isto bastava afinal

pra acabar com todo o mal...

mas isto soava mal

aos ouvidos dos senhores

dos amos e ditadores...

e quer queiramos quer não

o mal sempre há-de existir

como desde sempre existe

luz e sombra, dia e noite

e pra uns terem que farte

outros hão-de ter só parte

ou nada que dê prazer!...

É o norte e é o sul,

o nascente e o poente

que rege a humanidade

com letal fatalidade!...

Ninfa: - De qualquer modo essa ilha

ali tão perto, bem longe,

aquela ilha encantada

toda envolta em nevoeiro,

até no nome que tem!

...um mistério!

Ninfa: - ali plantada,

mesmo ao alcance da mão,

duns remos ou duma vela

ou dumas fortes braçadas...

mas longe o suficiente

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

102

pra sonhar, imaginar

que a liberdade e o sonho

a felicidade e o bem...

tudo está longe, bem perto

ali ao alcance da mão

como fruto pra colher

para o que quiser ousar

usar a imaginação

pra viver e pra sonhar

e fazer do sonho a vida

que vale a pena viver

sempre sempre, até morrer

que não é morte é vida,

é dar vida a novos seres

é ser semeado na terra

alimentar o seu ventre

e dar vida novamente

sempre sempre em espiral!

sempre a vida a renovar

em constante movimento

em permanente mudança

que mantém viva a esperança

de viver eternamente

nas asas do pensamento

em constante criação

que nasce do encantamento

de criar imaginar

As ninfas entusiasmadas

Ninfa: - AQUELA ILHA É UM GRITO/

Ninfa: - É UM SIGNO Ninfa: - /É UM SINAL/

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

103

Ninfa: - É UM SÍMBOLO, / Ninfa: - É UM

INDÍCIO,/ Ninfa: -

UM ÍNDICE

Assim,

Ninfa: - quer o autor desta lenda

que se chama: Zé dA MAR

Ninfa: - porque O MAR é feminino

em tantas línguas do mundo!,

Ninfa: - que a ILHA DO PESSEGUEIRO

é um SIGNO verdadeiro

Ninfa: - do AMOR que vem dA MAR

e ainda da LIBERDADE

Ninfa: - que conjuga o verbo AMAR

e leva à FELICIDADE!...

Ninfa: - porque prisões para prender

a liberdade dos povos

Ninfa: - ou impedir o amor

de crescer e dar amor

Ninfa: - é como ousar, desejar,

querer o mar aprisionar

Ninfa: - ou querer agarrar o ar

pretender segurar o vento

Ninfa: - ou prender o pensamento!...

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

104

Ninfa: - é como querer pretender

esgotar a água ao mar,

Ninfa: - não querer a luz a brilhar

metê-la numa prisão

toda envolta em escuridão!...

Ninfa: - é querer fogo sem arder

Ninfa: - é querer aves sem ter asas

e crer que podem ser aves

sem ter asas pra voar!...

Ninfa: - é como querer entre os dedos

guardar a areia da praia!...

Ninfa: - é crer que pode um tanque

prender a água das fontes

Ninfa: - é crer que pode a barragem

segurar a água aos rios

que correm livres pró MAR...

Ninfa: - QUE CORREM LIVRES PRA/MAR

para AMAR...

Ninfa: - é este o símbolo o signo

da ILHA DO PESSEGUEIRO

que o poeta zé d'AMAR

sem pedir licença às lendas

e aos donos de as contar

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

105

sonhou um dia acordado

porque era noite com lua

com clara luz a brilhar!!!

e essa clara luz da lua

que é clara de enfeitiçar

poetas e sonhadores

desenhava ali nas águas

uma estrada sobre A MAR

que ia da beira da praia

mesmo em frente do olhar

e ia até ao infinito

ao encontro das estrelas

e se perdia no cosmos

do universo sem parar...

Ninfa: - e sempre que se perdia

nesse universo estelar

sem encontrar a estrela

que lá sonhava encontrar

pra com ela se encantar

e encantado se encontrar

voltando de novo às fontes

onde tem suas raízes

lá bem no cimo das serras

fontes que lançam as águas

correndo por vales e montes

e se vão lançar à MAR

espelhando então nas águas

a estrela que sonhava

só lá no alto encontrar!...

Ninfa: - e um dia lá na serra

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

106

que chamaram da estrela

depois de muito correr

e gastar sete sapatos

de ferro que se não gastam

descobriu que eram verdade

os nomes que as gentes davam

às pessoas e lugares!...

havia mesmo uma estrela

de luz clara e verdadeira

uma estrela deslumbrante

que como a água das fontes

se lançava pelos vales

e ia lançar-se à MAR

sem nada a poder parar.

Ninfa: - e então o Zé dA MAR

ali, nA MAR à espera

já cansado de esperar

de tão longe a procurar,

já quase mesmo a afogar-se,

mergulhou fundo nA MAR

à procura da estrela

que espelhava as suas águas

e viu que era ilusão

ali a estrela encontrar

pois ela brilhava no céu

sem se deixar alcançar...

(As ninfas em desacordo , cada uma fala para seu

lado)

1ª Ninfa: - Mas NÃO

não é assim essa lenda

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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da ILHA DO PESSEGUEIRO.

2ª:Ninfa - Contaram-ma lá na terra

que se chama PORTO COVO.

3ª Ninfa:- espalhar por todo o mundo

a paz que vem das estrelas

1ª Ninfa:- enfeitiçar toda a gente

com a magia dA MAR.

2ª Ninfa: - que AMAR seria imenso

sempre sempre em movimento

Todas: - e do tamanho d'A MAR...

Poseidon: - ( dirigindo-se ao público) Não!!!

(Bate com o tridente)

...há sempre mais uma lenda

para as outras aumentar...

e quem sabe?

a nova lenda

vai sempre lendo afinal

a outra lenda contada

ou tentando

lendo a lenda

dar-lhe um sentido final

revelando mil sinais

mil mistérios revelar

que ficam sempre perdidos

no fundo oculto do mar

da mar

d'amar

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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As ninfas desaparecem ocultando-se debaixo dos biombos

PRINCESA – (mais 3 ninfas)

Sentei-me um dia a olhar... A Ilha do Pessegueiro

Toda cercada de mar... Toda envolta em nevoeiro

Rodeada de mil sonhos De mil lendas quais sinais Que indicam os portais Do mistério que nós somos O que seremos!? Que fomos!?... Sentei-me e via só mar... A Ilha ali a vogar Nas ondas que vêm, vão... Era sonho? Era ilusão? Sentei-me um dia a olhar...

Que segredos, que Magia? Quanto mistério escondido Neste espaço ali perdido Transformado numa ilha Tão pequena, mas que brilha Qual ara, pedra de altar À doce luz do luar... Como um castelo fantasma Cheio de lendas e fadas Toda cercada de mar...

Bem ali na minha frente Abriam-se os horizontes De mil nascentes, mil fontes Que seguiam a poente Da minha alma doente... Guiada por um marinheiro Voava esbelto veleiro Que correra sete Mundos E vinda dos mares profundos A Ilha do Pessegueiro.

São mil lendas, mil sinais Que abarcam todo o universo E nos vão dizendo em verso Segredos que os nossos pais Já deixaram nos anais Nas lendas do Mundo inteiro Como segredo primeiro Na tradição transmitida Que desvenda toda a vida Toda envolta em nevoeiro

(a circulatura do quadrado)

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A ILHA

Figurinos de “A ILHA” pela Ass. Cul. “o OUTRO LADO”

21ª Mostra de Teatro ALMADA

Novembro de 2017

A peça leva-nos a evocar a/s LENDA/s da Ilha do Pessegueiro como lugar onde se podem realizar todos os sonhos… Autor – José d’A MAR (um deNÓMIO de José Rabaça Gaspar)

Adaptação, Encenação e Direcção de Actores – Fátima Borges

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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Figurinos – “o Outro Lado”, Ana Califórnia (Calif)

Costura e confecções – Ana Maria Silva Luz e Som – David Rabaça

Luz e Som – Patrícia Vieira

Design – Nuno Quá

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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Interpretação:

1ª Mulher - 1ª Ninfa – Sónia Silva

2ª Mulher - 1ª Ninfa – Antónia Ventura

3ª Mulher - 1ª Ninfa Carla Nogueira

Princesa – Susana Fonseca

Senhor Feudal e Poseidon – o Senhor dos Mares—Pedro Bernardino

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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A ILHA de José d’A MAR

Figurinos para a ILHA, de Ana Califórnia

As 3 Mulheres

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O Senhor Feudal

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Poseidon – o Senhor dos Mares

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Princesa

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Ninfas

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Ninfa - Bailarina

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Imagens da representação na XXI mostra de Teatro de Almada – 2017 11 9 a 19

no dia 18 de Novembro de 2017 (imgs de Luís Aniceto e Vítor Cid)

(as mulheres do povo… as alcoviteiras que dão conta do que se diz e conta… por aquelas bandas… ) – Sónia Silva, Antónia Ventura, Carla Silva Nogueira…

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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(O Senhor daquelas Terras e Gentes…) Pedro Bernardino

(as alcoviteiras e o Senhor Feudal…)

A ILHA A Ilha do Pessegueiro enca/o/ntada em redondILHAS

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(A bailarina – a misteriosa Donzela da Ilha… ) – Susana Fonseca

(Poseidon – o senhor dos Mares…) – Pedro Bernardino

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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(As ninfas…) – Carla Silva Nogueira, Sónia Silva,

Antónia Ventura

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Os actores, com o autor (José d’a MAR)

– José Rabaça Gaspar

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Primeira peça do Grupo - “DÚVIDA”, de John Patrick Shanley – 2016 11 12 2ª e 3ª representação 2017 09 09 e 09

SINOPSE É Esta primeira peça - “DÚVIDA”. É esse o desafio... Onde está a verdade? Do lado de quem julga? Do lado do que é julgado?... Se duvido, logo penso... logo existo... logo tenho de decidir... como parte integrante de uma comunidade... A peça leva-nos ao Bairro de Bronx, Nova York, 1964, onde encontramos uma congregação Católica que vive um conflito entre a rígida Irmã Aloysius, directora da escola, e o padre Flynn, um religioso moderado que pauta a sua Vida por ideias flexíveis e pela modernidade. Apresentada na XXª Mostra de Teatro de Almada – em 12 NOVEMBRO 2016 | SÁBADO | 19H00 - TEATRO-ESTÚDIO ANTÓNIO ASSUNÇÃO - Associação Cultural O Outro Lado FICHA TÉCNICA: Dúvida de John Patrick Shanley - ENCENAÇÃO Fátima Borges - TRADUÇÃO Rolanda Teixeira Lopes - INTÉRPRETES Ana Califórnia, Ângela Santos, Carla Silva Nogueira e Pedro Bernardino – CENOGRAFIA - O Outro Lado – FIGURINOS - O Outro Lado / Ana Maria Silva - DESIGN - Nuno Quá - LUZ e SOM - David Rabaça – AGRADECIMENTOS: Câmara Municipal de Almada, Teatro Extremo e José Rabaça Gaspar.

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Fotos de Luís Aniceto e Vítor Cid na apresentação

Ana Califórnia e Carla Silva Nogueira – Irmã Aloysius e

Irmã James

Pedro Bernardino - padre

Flynn

Irmã Aloysius, padre Flynn e Irmã James

Ângela Santos - Sra. Mueller,

mãe de Donald Mueller

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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1ª criação deste Grupo – 2016 11 12

2ª e 3ª representação de o OUTRO LADO no Teatro Estúdio António Assunção – 2017 09 08 e 09

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Índice Conta a lenda ............................................................................................ 11 ora consta, conta a lenda, .......................................................................... 20 diziam: ...................................................................................................... 24 ...mas seguindo a nossa história, ............................................................... 28 ...passada aquela desgraça ........................................................................ 34 conta a gente do lugar ............................................................................... 35 E afinal, meus senhores, ............................................................................ 41 Mas, para saber a verdade, ....................................................................... 43 Mesmo assim, sendo mentira .................................................................... 50 A lenda é duma princesa ........................................................................... 59 Mas ainda há mais lendas, ......................................................................... 67 mas conta ainda uma lenda ....................................................................... 71 Outra LENDA a do QUEIMADO ................................................................... 73 ...há sempre mais uma LENDA ................................................................... 74

SENTEI-ME UM DIA A OLHAR .............................................................. 75

Quando eu era pequenino .................................................................. 76

ANEXOS .......................................................................... 77

LENDA DA NOSSA SENHORA DA QUEIMADA – PORTO COVO, SINES ........... 77 LENDA DO MENINO DA GRALHA ................................................................ 79 A ILHA – na e-libro 2003 ............................................................................ 81 Álbum de algumas imagens ....................................................................... 83 Capa e contra Capa da edição na e-libro – 2003 08 ..................................... 88 A ILHA – adaptação ao teatro “O OUTRO LADO” - Fátima Borges ............... 90 Sentei-me um dia a olhar... ...................................................................... 108 Figurinos de “A ILHA” pela Ass. Cul. “o OUTRO LADO” ............................. 109 Figurinos para a ILHA, de Ana Califórnia .................................................. 113

Imagens da representação na XXI mostra de Teatro de Almada – 2017 11 9 a 19 ............................................................................................ 121

Primeira peça do Grupo - “DÚVIDA”, de John Patrick Shanley – 2016 11 12 ............................................................................................................... 128

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Outras obras do autor

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A MAR – Autor: José d’A MAR – Maio / Junho de 2003 – 102 pp. Um deNómio de José Rabaça Gaspar. A MAR - Como a água das fontes e dos rios, a VIDA, todas as VIDAS, correm sempre para O MAR… A MAR… AMAR… Nestes poemas com a influência de Camões, Torga e Borges, é proclamada a subversão: O MAR é A MAR! ISBN 950-502-602-5 /e 6 – Preço para transferir €3 - Em papel – $7.28 mais custos de envio. (in LP euros 7.5)

A ILHA – Autor: José d’A MAR – Julho / Agosto de 2003 – 80 pp. Um deNómio de José Rabaça Gaspar. A ILHA, na sequência de A MAR, é um poema carregado de LENDAS e pretende ser um desafio para que os leitores descubram a MAGIA de criarem a sua própria ILHA em A MAR.... ISBN 1-4135-0116/7-8/6 - Preço para transferir €3 - Em papel – $6.44 mais custos de envio. (in LP euros 7.5)

A FEIRA – Autor: José Penedo de Castro – Set/ Out 2003 –154 pp. Um deNómio de José Rabaça Gaspar. José Penedo de Castro é um cigano andarilho de FEIRAS que tenta mostrar com palavras e imagens o movimento e o colorido destes centros de Encontros e desEncontros... Publicou também, na mesma editora, como José d’A MAR – A MAR e A ILHA. ISBN 1-4135-0126/7-5/3 - Preço para transferir €3 - Em papel – $9.80 mais custos de envio. (in LP euros 10)

José d’a MAR um deNómio de José Rabaça Gaspar

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A COBRA – Autor: José Penedo – Dez 2003 / Jan 2004 – 184 pp. Um deNómio de José Rabaça Gaspar. Em A COBRA, José Penedo, outro deNómio como José d’A MAR, e José Penedo de Castro, canta-nos aqui, em BALADAS, as Lendas do Touro e da Cobra (uma LENDA de BEJA?) e o enCanto das Fontes... numa espécie de sinfonia em três Andamentos e várias Cantatas... ISBN 1-4135-0135/6-4/2 - Preço para transferir €3.5; em papel – $10.64 mais custos de envio. (in LP euros 10)

A SERPE – Autor: José Penedo de Serpa, Março / Abril de 2004 – 118 pp. Outro deNómio de JRG, como José d'A MAR, José Penedo de Castro e, e José Penedo, canta agora AQUI, as Lendas da SERPE, que pode ser o Rio ANA, e as origens de SERPA e Mértola... ISBN 1-4135-0142/3-7/5 - Preço para transferir €3 - Em papel – $7.68 mais custos de envio. (in LP euros 7.5)

A MOURA – Autor: José Penedo de Moura, Maio / Junho de 2004 – 136 pp. José Penedo de Moura, outro deNómio de JRG, canta agora AQUI, através de 10 “vozes” – autores diferentes, as Lendas da MOURA, cidade cristã, com nome pagão – ou a UTOPIA da CONVIVÊNCIA (im)Possível!!! ISBN 1-4135-0164/5-8/6 - Preço para transferir €3 - Em papel – $8.30 mais custos de envio. in LP euros 10)

ALFÁTIMA – Autor: José da Serra do Vale do Zêzere, Julho / Setembro de 2004 – 124 pp. Com este livro sobre a LENDA da MOURA – ÁLFÁTIMA – o autor, decide regressar ao FUTURO, à sua STerra – Serra da Estrela – Manteigas, com 10 Lendas da Moura encantada, à espera de uma libertação gloriosa, com Cristãos e Mouros… A HUMANIDADE, um só POVO, com o tesouro da sua polícroma diversidade interCULTURAL. ISBN 1-4135-0185/6-0/9 - Preço para transferir €3.5 - Em papel – $8.30 mais custos de envio. in LP euros 10)

NOMINALIA – Autor: Herminia Herminii – Março de 2005 – 526 pp. - Uma TRILOGIA da minha STerra – Serra da Estrela, Manteigas, a minha Terra na Serra… NOMINALIA é uma Sinfonia vastíssima e caótica cujas notas não são outra coisa senão NOMES: terras, lugares, apelidos, alcunhas, expressões… de Serra da Estrela, Manteigas, terra do autor ISBN 1-4135-3547/8-X/8 - Preço para transferir €5 - Em papel – $19.80 mais custos de envio. (in LP euros 15)

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O PASTOR – Lenda do Pastor dos Hermínios – por Viriato dos Hermínios – previsto para ser editado na e-libro.net, em Setembro de 2005 Novembro de 2005 (2º de uma outra trilogia da Serra da Estrela) O PASTOR - LENDA/s do PASTOR DOS HERMÍNIOS – é só uma MENSAGEM fascinante ditada pela ESTRELA – A SERRA, do Pastor que conquistou os MONTES ERMOS! Viriato dos Hermínios foi encarregado de a divulgar a quem a quiser ouvir. Há mais 5 lendas complementares. ISBN 1-4135-3600/1-X/8 - Preço para transferir €2.62; papel–US$ 9.80 (más gastos de envío). (in LP euros 10)

MANTEIGAS – uma Terra na Serra enoVELADA em Lendas – Lenda da Fundação mítica de Manteigas, por Hermes do Zêzere - previsto para ser editado na e-libro.net, em Novembro de 2005 – Março 2006 (enfim a outra TRILOGIA sobre Manteigas, Serra da Estrela, com ALFÁTIMA e O PASTOR). Manteigas enoVELADA em muitas lendas e A LENDA de como foi descoberto o lugar onde hoje é MANTEIGAS e do PORQUÊ de ser este nome usado, contrariamente ao uso corrente, no plural - manteigas... & o que são OU PODEM SER os ribeiros e ribeiras e caminhos e estradas… que serpenteiam pela Serra... ISBN 1-4135-3613/4-8/X - Preço para transferir €2.62 - Em papel – US$ 11.20 (e envío). (in LP euros 10)

GRITOS NA SOLIDÃO – Décimas de INOCÊNCIO DE BRITO – um POETA popular de S. Matias, Beja – Um Mestre esquecido e ignorado – José Rabaça Gaspar (coord.) Cremilde de Brito, Manuel de Sousa Aleixo - Junho 2006 – Inocêncio de Brito —1853? – 1938?— foi um notável Mestre na Arte de versar em Décimas “construindo” importantes temas com um profundo fundamento como a Morte, a Guerra, a Mulher… ISBN 1-4135-3624-7 - Para transferir €3.05 em papel - US$ 14.72 (más gastos de envio) in LP euros 12.5)

Também publicado na BUBOK…

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ISBN 972 9171 03 3

OUTROS EM COLABORAÇÃO: «OS LOBOS DE MANIAMBA» Moçambique 1968 / 1970» Memórias da CART2326, Janeiro de 2005, com 156 pp., tem recolha de dados, organização, plano, digitalização e apresentação (c/ versão do CANCIONEIRO DO NIASSA).

DEIXAS… As DÉCIMAS e Os Poetas Populares… colaboração no jornal “Há Tanta Ideia Perdida”, da Confraria do Pão… Alentejo, Alandroal, Terena…

OUTROS EM COLABORAÇÃO: "Que modas?...que modos? (actas do 1º. Congresso do Cante Alentejano) (dos GRUPOS CORAIS ALENTEJANOS)", edição de FaiALentejo, Horta, Faial, Açores, com 360 pp. – colaboração.

OUTROS EM COLABORAÇÃO: «Lendas da Moura SALÚQUIA», Março de 2005, com mais de duas dezenas de versões, uma Edição de “Moura Salúquia” AMCM, 250 pp., tem prefácio e colaboração de 10 versões da lenda e uma Décima;

A FAMÍLIA DOS RABAÇA – projecto em execução e estudo até 2010…

- Com os ascendentes e descendentes da Avó Encarnação Rabaça e Avô Manoel Paiva

os PAIVA RABAÇA – com origem em Manteigas – Serra da Estrela

(Pode ser pedido o livro em PDF ao autor: [email protected]

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LENDAS DE BEJA – O TOURO E A COBRA E OUTRAS LENDAS E MITOS JRG, com o deNómio de José Penedo, conta e/ou reconta Lendas de Beja – o Touro e a Cobra e outras lendas e mitos – que se pode OUVER na voz do Povo e nas Letras das Estrelas. Em Word e PDF – 314 e 436 páginas – em estudo para tentar publicação em formato de papel a pedido… (Publicado em BUBOK – 2012)

Luciano Pinto Martinho – LUCIANO PAPELARIA – Rua Quinta do Paço, 2 – Loja 8 – 2845-129 CRUZ DE PAU – Tel e Fax 212241099

Uma transliteração de José Rabaça Gaspar, a comemorar os 500 anos de 4 de Março de 1514 – 4 de Março de 2014 – um legado para as gerações futuras… Corroios, 1 de Junho de 2013. Passo a passo, letra a letra, palavra a palavra, frase a frase, cada pessoa pode encontrar os dados base para fazer a sua leitura deste documento com mais de 500 anos e, possivelmente, tirar ensinamentos para o presente e para o futuro... Nota - A encomenda deste livro em formato papel, poderá, em princípio, necessitar de uma licença expressa da fiel depositária deste documento, a Câmara Municipal de Manteigas, embora a finalidade deste trabalho seja essencialmente para promover a aprendizagem e a partilha do conhecimento... (Publicado em BUBOK – 2014)

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BIO(BIBLIO)GRAFIA Nota: deNómios de José Rabaça Gaspar. (www.joraga.net ) Não são um pseudónimo nem um heterónimo (exclusivo de Pessoa) mas um neologismo inventado, um NOME (outro), anjo ou demónio, musa inspiradora, que escreve através do autor, o livro ou cada um dos poemas do autor.

José RABAÇA GASPAR – usando 1001 deNÓMIOS diversos... Professor de Língua e Literatura Portuguesa, já dispensado do Ensino Oficial, é de novo aluno. Nasceu na Serra da Estrela, Manteigas (1938), tirou o Curso Superior de Filosofia e Teologia, na Guarda, e exerceu a sua actividade, desde 1961 em várias localidades da Serra – Loriga, Gouveia, Covilhã e Ferro, passando depois pela Academia Militar, em Lisboa, antes de cumprir o Serviço Militar em Moçambique - Metanguala, Maúa e Nampula, (4 anos) tendo passado algum tempo em Angola - Luanda e Benguela. Frequentou depois, em Paris, um Curso intensivo de Animação Cultural, para os Povos em Desenvolvimento e Alfabetização, com Paulo Freire, e esteve, 4 anos, nos Serviços de Apoio aos Emigrantes Portugueses na Alemanha onde frequentou Cursos de Alemão e leccionou Português. De regresso a Portugal, em 1975, esteve primeiro a trabalhar nas Cooperativas Agrícolas como trabalhador agrícola, na Alfabetização e Animação Cultural tendo ingressado no ensino Oficial em 1976. Leccionou em Rio Maior, Setúbal, Caldas da Rainha e cerca de 20 anos em Beja, Alentejo, procurando levar os alunos a aprender o melhor da Língua e da Literatura Portuguesa, a partir das suas raízes culturais. A Poesia Popular, as Canções, o Contos, as Lendas, os Provérbios e os usos e costumes, bem como a maneira característica de FALAR (saudações, nomes, alcunhas, expressões regionais...) serviam, normalmente, de base para aprender toda a gramática e “riqueza” da Língua e da Literatura. Com mais de 20.000 páginas de Recolhas e Textos dispersos por mais de 200 obras alguma das quais podem ser consultadas em http://www.joraga.net – um ESPAÇO na NET – aminhaTEIAnaREDE... desde 09.2002. PUBLICAÇÕES

2008 – Participação em três Antologias da ABRALI, Junho d 2008: - VIDE VERSOS – Poesia em Liberdade; - NAVEGANTES DAS LETRAS – Antologia Literária Internacional; – POEGRAPHIA - Antologia Poética Internacional; … Poema, «…de noite ouvindo as estrelas, declamado por Celso Brasil. Em preparação, Outubro, Lendas de Beja – o Touro e a Cobra e outras Lendas & Mitos… Para a Alma Alentejana – IPSS – colaboração no boletim e proposta de criação do núcleo animAlentejo e AlentejoemRede, junho – XIV Congresso – Alentejo XXI – Julho… Reestruturação em MOODLE das principais Páginas de joraga.net, em

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MOODLE, para uma maior interactividade, como: – eAlentejo – Alice Galeria - e A Minha Teia na Rede – Família dos Rabaça e todos os outros… Livro da FAMÍLIA dos RABAÇA – em estudo para imptimir…

2007 – Participação na USALMA, Universidade Sénior de Almada, no Plano e execução da Área de Estudos sobre o Alentejo – propostas de trabalho e palestras mensais…e criação em MOODLE do eAlentejo… – Para UNISSEIXAL (Universidade Sénior do Seixal e Casa do Educador) o livro mágico sobre o Alentejo que pode ver em resumo no YouTube… e pedir para ver completo, com diaporama sobre o Alentejo. – Centenário do Pai Elísio – 2007.08.09.

2006 – Junho – GRITOS NA SOLIDÃO – Décimas de Inocêncio de Brito, um Poeta Popular de S. Matias, Beja, um Mestre ignorado e esquecido! – José Rabaça Gaspar (coord.) Cremilde de Brito, Manuel de Sousa Aleixo – in www.e-libro.net – Centenário da Mãe Prazeres – 2006.12.15.

2006 – Março – MANTEIGAS – uma Terra na Serra enoVELADA em LENDAS, por Hermes do Zêzere (no prelo, na e-libro)

2005 – Novembro – O PASTOR – LENDAS do Pastor dos Hermínios, por Viriato dos Hermínios, in www.e-libro.net

2005 – Março - "Que modas? ...que modos? (actas do 1º. Congresso do Cante Alentejano em Nov. de 1997)", edição de FaialAlentejo, Horta, Faial, Açores – colaboração com resumo da comunicação apresentada e participação em debates.

2005 – Março – OS LOBOS DE MANIAMBA – Edição da Cart2326, recolha de dados, organização, plano, digitalização e apresentação.

2005 – Março – Lendas de Moura, edição de “Moura Salúquia” AMCM* – Prefácio, colaboração e apresentação. -*Associação das Mulheres do Concelho de Moura

2005 – Março – NOMINALIA, com o deNómio de Herminia Herminii, in www.e-libro.net

2004 – Setembro – ALFÁTIMA, com o deNómio de José da Serra do Vale do Zêzere, in www.e-libro.net

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2004 – Maio – A MOURA, com o deNómio de José Penedo de Moura, in www.e-libro.net

2004 – Abril – O Canto do CANTE – DEIXAS – as DÉCIMAS e os Poetas Populares, colaboração regular, no Jornal “Há Tanta Ideia Perdida” da Confraria do Pão, Alentejo, Alandroal, Terena…

2004 – Fevereiro – A SERPE, com o deNómio de José Penedo de Serpa, in www.e-libro.net

2003 – A GUERRA68/70 – LOBOS DE MANIAMBA – Memórias da Guerra Colonial da CART 2326 – Moçambique 1968/1970. (ver tb. in www.joraga.net com o Cancioneiro do Niassa e Canções de Guerra contra a Guerra...)

2003 – Dezembro A COBRA, com o deNómio de José Penedo, in www.e-libro.net

2003 – Outubro – A FEIRA, com o deNómio de José Penedo de Castro, in www.e-libro.net (ver em Poesia e Vanguardia)

2003 – Julho – A ILHA, com o deNómio de José D’A MAR, in www.e-libro.net (ver em Poesia e Vanguardia).

2003 – Maio – A MAR, com o deNómio de José D’A MAR, in www.e-libro.net (ver em Poesia e Vanguardia).

2003 – Fevereiro – Mértola – As Vozes do Silêncio – in www.joraga.net - Alentejo – Mértola...

2002 – Lenda/s do Pastor da Serra da Estrela (5 EXEMPLARES impressão e encadernação manual)

2002 - LENDA/s de ALFÁTIMA (5 EXEMPLARES impressão e encadernação manual)

2001 – Ceifeiro e Mil e Uma Noites - Grito do Índio, A LENDA do Pastor da Serra da Estrela, e NOMINALIA (5 EXEMPLARES impressão e encadernação manual)

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2000 – Dezembro – in Revista Arquivo de Beja – Vol. XV, série III - PRESÉPIO - AUTO DE NATAL de S. Matias, Beja

1999 – Dezembro – in Revista Arquivo de Beja – Vol. XII, série III – Décimas de Inocêncio de Brito – GRITOS NA SOLDÃO.

1998 – Agosto – in Revista Arquivo de Beja – Vol. VII e VIII, série III – DÉCIMAS – Uma Linguagem Comum Ibero Americana

1997.01 – 1996.12 – SERPA enCANTADA EM LENDAS – Serpa Antiga – separata de SERPA INFORMAÇÃO, 4º série, n.º 17 (12.000 exemplares).

1997 - Dezembro – in Revista Arquivo de Beja – Vol. VI, série III – MOURA - 10 LENDAS - UMA LENDA – A Moura Amor A Morte - A Magia ou a Utopia da Convivência (im)possível.

1996 - Dezembro – in Revista Arquivo de Beja – Vol. II e III, série III – INSTITUTO ALENTEJANO DE CULTURA (IAC/D).

1996 – Setembro – AUTO DA VISITAÇÃO (DO VAQUEIRO) -NATAL NA ESCOLA OU A MAGIA DE TUDO RENOVAR – proposta de várias re/cr(i)eações. Ed. Da Escola Secundária João de Barros, Corroios, (50 exemplares impressão e encadernação manual).

1996 - Abril – in Revista Arquivo de Beja – Vol. I, série III – A/s LENDA/s do TOURO E DA COBRA – Uma lenda de Beja?

1995 Abril / Maio - A/s FEIRA/s – A FEIRA DE CASTRO EM VÃS REDONDILHAS – Brochura policopiada, (500 exemplares) ed. Escola Secundária João de Barros, Corroios e Junta de Freguesia de Corroios.

1995 Abril / Maio – ILHA DO PESSEGUEIRO – A/s LENDA/s enCoANTADAS em redondILHAS – Edição policopiada (100 exemplares) Junta de Freguesia de Corroios.

1995 – Março / Dezembro in LER EDUCAÇÃO Nºs 17/18 – Revista da Escola Superior de Educação de Beja – A LITERATURA (CULTURA TRADICIONAL) e o Desenvolvimento e a urgente criação de um INSTITUTO ALENTEJANO DE CULTURA /DESENVOLVIMENTO.

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1994 – Abril e Maio O CANTO DO CANTE – in Jornal Terras do Cante Ano I, 1ª série, Nº 2 e Nº 3, Alcáçovas, Évora.

1987 (1989) – POETAS POPULARES DO CONCELHO DE BEJA – introdução, selecção, Anexos e Estudo final, arranjo gráfico, paginação e trabalho em processador de texto – Editora Câmara Municipal de Beja – Concelhia DGAEE (Direcção-Geral de Apoio e Extensão Educativa, Beja, 1987.

1985/87 – Outubro, Évora – A Linguística e a Análise Literária como contributo para o Desenvolvimento do Alentejo – in ACTAS do I CONGRESSO SOBRE O ALENTEJO, III volume, pp. 1127 - 1131

1980/85 - Professor na Escola Secundária Nº 1 de Beja (antes Liceu de Beja e depois Diogo de Gouveia), com trabalhos desenvolvidos na actualização de Autos de Gil Vicente e recolhas de Contos e Lendas, Décimas e Literatura Popular...

1979/80 - Professor na Escola Secundária de Caldas da Rainha, com trabalhos de recolhas e jornalismo...

1976/79 - Professor na Escola Secundária de rio Maior com trabalhos sobre as cheias do Ribatejo e minas de Sal-gema...

1975/76 - Trabalho de Alfabetização em Cooperativas Agrícolas – AZAGRO – Torre Bela, Aveiras, Azambuja... Uma brochura de 36 páginas sobre a Torre Bela e Cooperativas AZAGRO e uma dezena de volumes com estudos, notas e recolhas…

1972/75 - Na Alemanha, Mainz, Frankfurt, Darmstadt... trabalho com emigrantes, jornais e opúsculos, como as canções de protesto. Frequência de Cursos/s de Alemão na Universidade de Mainz e Trier e em Boppard, no Ghöte Institut, apontamentos e notas e apresentações em Slide Show e ilustradas com postais; Lecionar Cursos de Português para estrangeiros no INLINGUA, Frankfurt e Wiesbaden.

1971 Set. Out. Nov. – Curso no INOEDEP, em Paris. Evangelização e Desenvolvimento – Notas do Curso no INODOEP – Paris, Cadernos, notas e rascunhos – INOEDEP, Av. Reille, Paris, com José Luzia, José Alberto, Luís Osório e um grupo de brasileiros…

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1971.08 - Alemanha, Mainz, férias de trabalho com emigrantes portugueses. A oportunidade de ter uma visão privilegiada dos emigrantes portugueses…

1970/71 - Trabalhos em Nampula, no Bairro Muhala, Diocese com D. Manuel Vieira Pinto, Colégio Vasco da Gama e Missão de S. Pedro e Anchilo. Centenas de apontamentos e notas para cursos e celebrações nas escolas das Missões dos Redentoristas, folheto da paróquia em construção no bairro de negros, a construção da Palhota (Igreja, Escola e sala de reuniões e Festas…)

1967/70 - Academia Militar em Lisboa, Serra do Pilar em Vila Nova d Gaia, Porto e Viana do Castelo e dois anos mais um em África, responsável pelo Jornal do Batalhão de Artilharia 2838, em Metangula, Maúa e Nampula, «Os LOBOS»... (1967.10) Discurso de um Comandante de Companhia, no final do 1º Curso para Capelães Militares, na Academia Militar, Gomes Freire, Lisboa; (1968/70) Em África – OS LOBOS - Jornal do Batalhão – BART 2838 11 números do Jornal do Batalhão e centenas de folhas em stencil... (1968/70) volume - ÁFRICA I – Moçambique – Em Missão na Guerra, (1970/72) volume ÁFRICA II – A OUTRA Guerra – em Missão Missionária; ÁFRICA III – Cartas e Memórias Cartas Fotos de uma Paixão que foi Amor impossível...; 1968 realizado em 1994) MEMÓRIAS DE GUERRA – CART 2325 – 68 MOÇAMBIQUE 70 – com José Ribeiro Portilha e (Missa sobre o Mundo de uma Guerra em África, Miandica 1 de Abril de 1968 e CANCIONEIRO DO NIASSA);

1961/67 - Trabalhos desenvolvidos em Loriga; Gouveia, nos Jornais locais; Covilhã, no Jornal Notícias da Covilhã; no Ferro, criando uma página separata do Ferro, no Notícias da Covilhã. (1961/68 já na vida activa) Estudos sobre a Bíblia, Teologia e as Notas sobre Pastoral, cadernos e fichas de trabalho; (1964) Estudos e notas sobre os Cursos de Cristandade, intervenção com apoio de Padre Atanásio no Fundão; (1964/66) Notas e missivas de um Chefe Regional de toda a Diocese da Guarda, para os Exploradores, nos tempos de Coadjutor do Padre José de Andrade na Covilhã; (1965) Criação de Veladas de Armas para Escuteiros... Lobitos – Exploradores – Caminheiros... na Covilhã e em Barco… Criação de um texto para O CAMINHO DA CRUZ, prosa poética para uma dramatização, por José Simão de Cirene, revisto em 1991; (1966) Palestras para Jovens da JAC, no Ferro e Minas da Panasqueira;

1954/61 – Desde o Curso de Filosofia e Teologia, Seminário Maior da Guarda, imensos trabalhos publicados em órgãos Regionais e da Escola e muitos

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preparados para publicação: (1954/57) Cadernos de Escutismo e Guia de Patrulha; Fichas e cadernos de trabalhos; (1957 Verão) Relato de uma Viagem pela Europa, até Inglaterra – Jamboree Internacional de 1957; (1958) Colaboração no Jornal Ecos de Manteigas, Director, Dr. José Esteves Gaspar de Carvalho; (1958/59) Colaboração na VITA PLENA, Revista do Seminário Maior da Guarda, coord. de José Bernardino Duarte; (1960) Tradução de um Livro inglês sobre Escutismo, como treino da língua e registo de ideias; FALO para COMUNICAR a SOLIDÃO… que se estende até 1988…

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JORAGA

trabalho acabado de escrever e realizar em WinWord

C 486-66 - hp Desk Jet 550C para complementar com ilustrações e estudo dos signos -

símbolos... por @ JORAGA

Penedo Gordo, Beja 1994/95

Amora 1995/96. Buenos Aires - e-libro – 2003 08

Associação Cultural “O Outro Lado” – 2017 11 Almada – 21ª Mostra de Teatro – 2017 11

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Edição especial para a 21ª Mostra de Almada 2017 11 03 a 19

ILHA

Depois de a “DÚVIDA”, o 2º Trabalho da Associação Cultural “o OUTRO LADO”

ALMADA - 21ª mostra de Teatro 2017 11 03 a 19 – ILHA dia 18 SÁBADO