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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
RIO GRANDE DO SUL – IFRS - CAMPUS BENTO GONÇALVES
TRATAMENTOS ALTERNATIVOS NO CONTROLE DE PODRIDÃO
PÓS-COLHEITA DE MORANGOS
JOSIANE PASINI
BENTO GONÇALVES
2009
2
JOSIANE PASINI
TRATAMENTOS ALTERNATIVOS NO CONTROLE DE PODRIDÃO
PÓS-COLHEITA DE MORANGOS
Trabalho acadêmico do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos, apresentado como requisito para obtenção de título de Tecnóloga de Alimentos, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves. Orientadora: Dra. Cristina Simões Costa Co-orientadora: Dra. Lucimara Rogéria Antoniolli
Bento Gonçalves
2009
3
A comissão avaliadora, abaixo assinada, aprova o trabalho acadêmico
TRATAMENTOS ALTERNATIVOS NO CONTROLE DE PODRIDÃO
PÓS-COLHEITA DE MORANGOS
Elaborado por
JOSIANE PASINI
Como requisito para obtenção do título de Tecnólogo em Alimentos.
Aprovada em:
Pela comissão avaliadora.
Dra. Cristina Simões Costa Orientadora
Dra. Regina Borba Dra. em Fitossanidade
Dra. Marlice Salete Bonacina Dra. em Ciência e Tecnologia de alimentos
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Avelino e Marinez,
meus irmãos Marcisete, Miriam, Leandro e
Juliane,
meus sobrinhos Nathana, João Pedro e Milena,
meu namorado Mateus.
Todo o meu amor e carinho!
5
AGRADECIMENTOS
Ao Universo, por TUDO o que aconteceu comigo até hoje;
Minha irmã Miriam pela ligação no penúltimo dia da inscrição do vestibular em
Tecnologia em Alimentos, sem a qual não teria realizado a inscrição;
Toda minha família, em especial meus pais, pelo apoio e paciência. Vocês
são meu exemplo.
Mateus, que esteve do meu lado durante grande parte dessa jornada e me
mostrou a importância de “ter com quem contar”.
Família Debiasi pelo carinho de sempre.
Camila e Letícia, por tudo o que passamos e aprendemos juntas. Impossível
esquecer!
Todos os meus amigos, por compreender minhas freqüentes ausências.
Ao Dr. Flávio e Dra. Elenice Koff por permitirem minhas saídas durante o
estágio e à colega Carine por segurar a barra durante minha ausência.
Aos professores e funcionários do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Rio Grande do Sul, em especial a professora Cristina pela dedicação e
auxílio.
À Dra. Lucimara Rogéria Antoniolli, pessoa incrível, de conhecimento
admirável, pela oportunidade e exemplo.
Aos colegas do laboratório de Fisiologia e Tecnologia pós-colheita: Miqui,
Laís, Rô, Wanderson, Joce, Miguel, Magda e Ednaldo, pela troca de informações,
ajuda, trabalho sério e risadas.
O meu MUITO OBRIGADA de todo o coração! Sem vocês, nada disso seria
possível!
6
EPÍGRAFE
“É preciso correr riscos, dizia ele. Só entendemos direito o milagre da vida
quando deixamos que o inesperado aconteça.
Todos os dias Deus nos dá – junto com o sol – um momento em que é
possível mudar tudo que nos deixa infelizes. Todos os dias procuramos fingir que
não percebemos este momento, que ele não existe, que hoje é igual a ontem e será
igual a amanhã. Mas, quem presta atenção ao seu dia, descobre o instante mágico.
Ele pode estar escondido na hora em que enfiamos a chave na porta pela manhã,
no instante de silêncio logo após o jantar, nas mil e uma coisas que nos parecem
iguais. Este momento existe – um momento em que toda a força das estrelas passa
por nós, e nos permite fazer milagres.
A felicidade às vezes é uma bênção – mas geralmente é uma conquista. O
instante mágico do dia nos ajuda a mudar, nos faz ir em busca de nossos sonhos.
Vamos sofrer, vamos ter momentos difíceis, vamos enfrentar muitas desilusões –
mas tudo é passageiro, e não deixa marcas. E, no futuro, podemos olhar para trás
com orgulho e fé.
Pobre de quem teve medo de correr os riscos. Porque este talvez não se
decepcione nunca, nem tenha desilusões, nem sofra como aqueles que têm um
sonho a seguir. Mas quando olhar para trás – porque sempre olhamos para trás –
vai escutar seu coração dizendo: “O que fizeste com os milagres que Deus semeou
por teus dias? O que fizeste com os talentos que teu Mestre te confiou? Enterraste
fundo em uma cova, porque tinhas medo de perdê-los. Então, esta é a tua herança:
a certeza de que desperdiçaste tua vida.”
Pobre de quem escuta estas palavras. Porque então acreditará em milagres,
mas os instantes mágicos da vida já terão passado.”
(Paulo Coelho, extraído de “As Valquírias”)
7
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................... 9
ABSTRACT ............................................................................................................... 10
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
1. OBJETIVO .......................................................................................................... 13
2. HISTÓRICO E SITUAÇÃO PRODUTIVA ........................................................... 14
2.1 IMPORTÂNCIA DO MORANGO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR ........ 15
2.2 PRODUÇÃO INTEGRADA ........................................................................... 15
3. ASPECTOS GERAIS DA CULTURA DO MORANGUEIRO .............................. 17
3.1 MORFOLOGIA ............................................................................................. 17
3.2 MELHORAMENTO GENÉTICO ................................................................... 18
3.3 CULTIVARES ............................................................................................... 18
3.3.1 Cultivares Nacionais .............................................................................. 19
3.3.2 Cultivares Introduzidas .......................................................................... 20
3.4 COMPOSIÇÃO DO FRUTO ......................................................................... 21
3.5 MATURAÇÃO E FISIOLOGIA DO MORANGO FRESCO ............................ 23
3.5.1 Maturação ............................................................................................... 23
3.5.2 Fisiologia ................................................................................................. 24
3.5.3 Respiração .............................................................................................. 24
3.5.4 Senescência ............................................................................................ 24
3.5.5 Transpiração ........................................................................................... 25
4 DOENÇAS DO MORANGUEIRO ....................................................................... 26
4.1 DOENÇAS QUE OCORREM no morango NA PÓS-COLHEITA .................. 26
4.1.1 Antracnose .............................................................................................. 27
4.1.2 Podridão de Rhizopus ou Podridão-Mole ............................................ 27
4.1.3 Mofo-Cinzento ......................................................................................... 28
5 MANEJO E CONSERVAÇÃO DO MORANGO NA PÓS-COLHEITA ............... 30
5.1 SELEÇÃO E EMBALAGEM .......................................................................... 30
5.2 PRÉ-RESFRIAMENTO ................................................................................. 30
5.3 REFRIGERAÇÃO ......................................................................................... 31
5.4 ATMOSFERA MODIFICADA e CONTROLADA ........................................... 31
6 CONTROLE DE PODRIDÕES EM PRÉ E PÓS-COLHEITA ............................. 34
8
6.1 TRATAMENTO QUÍMICO CONVENCIONAL: PRÉ-COLHEITA .................. 34
7 TRATAMENTOS ALTERNATIVOS.................................................................... 36
7.1 CONTROLE BIOLÓGICO ............................................................................. 36
7.2 QUITOSANA ................................................................................................ 39
7.3 DIÓXIDO DE CLORO – Tecsa®Clor ............................................................ 41
8 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 44
8.1 PREPARO DO INÓCULO ............................................................................ 45
8.2 INOCULAÇÃO .............................................................................................. 45
8.3 ARMAZENAMENTO E AVALIAÇÃO ............................................................ 45
9 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 46
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 51
ANEXOS ................................................................................................................... 59
9
TRATAMENTOS ALTERNATIVOS NO CONTROLE DE PODRIDÃO
PÓS-COLHEITA DE MORANGOS
RESUMO
A fim de minimizar o uso de resíduos tóxicos e garantir ao consumidor maior segurança alimentar, o presente trabalho tem por objetivo estudar os tratamentos alternativos no controle de podridões pós-colheita em morangos. Pesquisas realizadas mostram que a quitosana, o Tecsa®Clor e o controle biológico tem se mostrado bastante eficientes nesse aspecto. Também foi realizado um experimento com morangos na Estação Experimental da Embrapa Uva e Vinho, em Vacaria/RS. Os frutos foram pulverizados com os tratamentos, colhidos, inoculados e armazenados em câmara fria a 1°C e UR 89%±1, sendo avaliados a cada dois dias para a ocorrência de podridão. Os resultados não foram conclusivos por haver número insuficiente de frutos, no entanto serviram como base para a continuação do projeto “Tratamentos alternativos no controle de podridões pós-colheita em amora, morango, framboesa e mirtilo”.
Palavras-chave: Controle biológico, quitosana, Tecsa®Clor, pulverização pré-colheita, Botrytis cinerea.
10
ALTERNATIVE TREATMENTS IN THE CONTROL OF DECAY POSTHARVEST
STRAWBERRIES
ABSTRACT
In order to minimize the use of toxic and ensure consumer food safety, this work is to study alternative treatments to control postharvest decay in strawberries. Research shows that the chitosan, the Tecsa ® Clor and biological control has been quite effective in this regard. Was also performed an experiment with strawberries Estação Experimental da Embrapa Uva e Vinho, in the Vacaria / RS. The fruits were sprayed with the treatments, harvested, inoculated and stored in cold at 1°C and humidity 89%±1, being evaluated for the occurrence of rot. The results were not conclusive because there is insufficient number of fruits, but served as a basis for the continuation of the project "Alternative approaches to control postharvest decay in raspberry, strawberry, raspberry and blueberry.
Keywords: Biocontrol, chitosan, Tecsa®Clor, Pre-harvest spray, Botrytis cinerea.
11
INTRODUÇÃO
O Brasil é o terceiro pólo mundial de fruticultura, com produção anual de
cerca de 38 milhões de toneladas. A fruticultura propicia a geração de empregos e a
fixação das famílias no meio rural, contribui na alimentação e saúde da população e
na sustentabilidade ambiental. Dessa forma, o conhecimento por parte dos
produtores rurais das tecnologias de armazenamento pós-colheita na
comercialização de frutas visa a ampliar o espaço do Estado como fornecedor de
produtos de qualidade para o mercado nacional e internacional (CÉ, 2009).
O morango é uma das frutas mais apreciadas pelo consumidor não só pelo
seu sabor e aroma agradáveis, como também pelo seu valor nutricional e
propriedades funcionais. O morango é uma boa escolha entre os gêneros
alimentícios, pois é fonte de vitamina C, potássio, cálcio e magnésio, dentre outros
nutrientes (CASALI, 2004).
A produção comercial de morangos ocorre em vários estados brasileiros
graças à adaptabilidade das diversas cultivares introduzidas no país. Sua safra
possibilita produção de junho a março (CASALI, 2004) e é um mercado bastante
atrativo, visto que além da produção primária, no consumo dos frutos in natura, esta
cultura é de grande importância para a agroindústria regional, sendo matéria prima
para a produção de sorvetes, bebidas lácteas, doces, licores, geléias, entre outros
(FILHO, et. al., 2007).
Atualmente, há um conjunto amplo e satisfatório de tecnologias para
produção, colheita e pós-colheita de morango, que, se bem aplicadas, resultam na
obtenção de um produto de qualidade. Se o manejo durante a fase de produção do
morango foi corretamente executado, o ponto decisivo para manter as
características do fruto e sua conservação é efetuar a manipulação na colheita e nas
etapas seguintes com o máximo de cuidado (COSTA et. al., 2004). Para uma
comercialização bem sucedida é necessário aumentar a vida de prateleira, testando
e adaptando técnicas na conservação, embalagem e transporte (CASALI, 2004).
A podridão fúngica causada pelo Botrytis cinerea é a principal causa de
perdas na pré-colheita, durante o transporte e armazenamento. Portanto, por mais
eficiente que seja o tratamento fitossanitário efetuado no campo, o mesmo não é
suficiente para impedir seu aparecimento na pós-colheita (CAMILI et. al., 2007).
12
Os consumidores procuram alimentos sem conservantes químicos ou
fungicidas, levando pesquisadores a buscar novas alternativas de controle que
garantam a segurança do produto e não coloquem em risco a saúde do consumidor.
Nesse contexto, alternativas como a quitosana, o controle biológico, através de
microrganismos antagonistas e sanitizantes como o dióxido de cloro vêm sendo
testados em morangos para verificar sua eficácia sobre o Botrytis cinerea. Esse
estudo está inserido no projeto de pesquisa “Métodos alternativos no controle de
podridões pós-colheita de morangos, amora, framboesa e mirtilo”, o qual compõe um
projeto mais abrangente desenvolvido na Embrapa entitulado “Tecnologia de
produção para pequenas frutas”.
Em face disto, este trabalho tem por objetivo descrever características
econômicas, botânicas, fisiológicas e de manejo do morango, bem como medidas
que devem ser adotadas para sua conservação e o emprego de tratamentos
alternativos. Também está descrito um experimento – teste para verificação dos
melhores tratamentos que possam ser utilizados posteriormente.
13
1. OBJETIVO
Estudar tratamentos alternativos aplicados em pré-colheita no controle de
podridão pós-colheita causada pelo fungo Botrytis cinerea em morangos.
14
PARTE I - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2. HISTÓRICO E SITUAÇÃO PRODUTIVA
De acordo com estudos antigos, o cultivo do morangueiro iniciou nas
civilizações indígenas da América Pré-Colombiana e a partir do século XIV, espécies
de morango foram cultivadas na Europa, para fins de ornamento de jardins. Com o
passar do tempo, foi trazido para a América pelos europeus, difundindo-se no Chile
e em toda a América do Norte (DIAS et al., 2007). Atualmente, o morango é uma
cultura que possui grande expressão econômica em diversos países do mundo,
como Estados Unidos, Espanha, Turquia, Rússia, Coréia do Sul e Japão (RONQUE,
1998; FAOSTAT, 2009)
No Brasil, a introdução do morango deu-se a partir da década de 50, na
região da “serra do sudoeste”, expandindo, ao final da década de 60, para outras
áreas (OSÓRIO, 2003). Essa expansão deve-se a diversidade de cultivares
disponíveis, novas técnicas de cultivo, pela maior oferta de mudas livres de
enfermidades e ao melhoramento genético desenvolvido em todo o país (SANTOS
et al., 2003; DIAS et al., 2007).
Os estados brasileiros que se destacam na produção de morango são São
Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Espírito Santo, Rio
de Janeiro e o Distrito Federal (FILHO, 2009). Minas Gerais é o maior produtor
nacional de morango, com produção anual de 40 mil toneladas/ano, o equivalente a
cerca de 40% da produção nacional, seguidos por São Paulo, que produz 29 mil
toneladas/ano e Rio Grande do Sul onde são cultivados em cerca de uma área
superior a 600 hectares e produção de cerca de 11 mil toneladas/ano (ANTONIOLLI,
2007). Santa Catarina, Espírito Santo e Rio de Janeiro também são grandes
produtores de morango (CARVALHO, 2006).
A quase totalidade é dirigida ao mercado interno, sendo que utilização é tanto
para o consumo in natura como para a industrialização.
15
2.1 IMPORTÂNCIA DO MORANGO PARA A AGRICULTURA FAMILIAR
De acordo com Dias (2007), o morango pode ser cultivado em diferentes
condições climáticas e de solo, no entanto, o clima temperado é o mais favorável,
podendo produzir satisfatoriamente em regiões subtropicais e até mesmo tropicais.
A cultura do morango geralmente é praticada pelo pequeno produtor rural,
que utiliza a mão-de-obra familiar desde o preparo do solo e plantio das mudas até a
colheita, sendo esta a principal fonte de renda da família. Essa renda é revertida
para melhoria social na aquisição de equipamentos como pulverizadores, insumos,
na melhoria da habitação e aquisição de bens de consumo (BOTELHO, 1999).
Ainda, segundo o autor, esses produtores possuem tradição no cultivo do morango,
sendo, na maioria das vezes, proprietários de minifúndios, arrendatários e meeiros.
A agricultura familiar é de grande importância no país para a fixação do homem no
campo e para a geração de emprego rural, especialmente para a população com
menor grau de qualificação (SANTOS, 2003).
A tecnologia de produção deixa a desejar por verificarem-se dois tipos de
produtores, aqueles que possuem o segundo grau completo e os que possuem o
primeiro grau incompleto (BOTELHO, 1999). O produtor desinformado não analisa
de forma profissional o mercado, a mão-de-obra, o clima e os recursos naturais, a
tecnologia de produção e investimentos, o que pode acarretar em transtornos e
prejuízos (RONQUE, 1998). Portanto, o pequeno produtor, que utiliza da mão-de-
obra familiar, deve dar atenção contínua ao planejamento e previsões de gastos e
exigência da cultura para obter sucesso e garantir a maior segurança possível
(RONQUE, 1998).
2.2 PRODUÇÃO INTEGRADA
O Brasil é o terceiro maior produtor de frutos do mundo, no entanto, as
exportações ainda são baixas. Com o objetivo de atender à demanda do mercado
externo e padronizar a produção, valorizando o aspecto qualitativo e o respeito ao
meio ambiente, criou-se o Sistema Agropecuário de Produção Integrada (SAPI). Os
princípios básicos do SAPI são basicamente a elaboração e desenvolvimento de
normas e orientações de comum acordo entre os agentes de pesquisa, ensino e
desenvolvimento; extensão rural e assistência técnica; assistência aos produtores;
16
cadeia produtiva específica, empresários rurais, produtores e técnicos. Dessa forma
garante-se que a fruta foi produzida seguindo o roteiro de um sistema adequado e
garantindo resultado positivo da fazenda à mesa do consumidor (ANTUNES, 2008).
17
3. ASPECTOS GERAIS DA CULTURA DO MORANGUEIRO
3.1 MORFOLOGIA
A classificação botânica define o morango como sendo a única hortaliça
pertencente da família Rosaceae, ao gênero Fragaria e a espécie Fragaria x
ananassa Duch ex Rozier, resultado do cruzamento entre as espécies F. chiloensis
e F. virginiana (SILVA et al., 2007). Atualmente, através de cruzamentos foram
desenvolvidas inúmeras variedades componentes da base genética Fragaria x
Ananassa, permitindo maior amplitude de adaptação e qualidade das cultivares de
morango (OLIVEIRA e SANTOS, 2003)
A planta do morango possui sistema radicular do tipo fasciculado, herbáceo e
superficial. A coroa, parte que sobressai da terra, origina o eixo caulinar. A folha do
morangueiro é constituída de três a cinco folíolos; as flores estão agrupadas em
inflorescências do tipo cimeira, com cálice geralmente pentâmero. O florescimento é
dependente de fatores como temperatura e fotoperíodo e a interação entre eles
(SILVA et al. 2007). Bordignon (2008) cita que a primeira inflorescência gera o fruto
mais volumoso e as últimas a desabrochar produzirão os menores e com defeitos.
Os frutos, corretamente denominados aquênios, são aqueles pontinhos pretos
conhecidos erradamente como sementes, por serem pequeninos, duros e
superficiais (SANTOS, 1993; SILVA et al., 2007; BORDIGNON, 2008). Entretanto,
para fins comerciais denomina-se fruto todo o conjunto de frutos verdadeiros e o
receptáculo hipertrofiado da flor, que é a epiderme vermelha que recobre a polpa do
morango (SANTOS, 1993; BORDIGNON, 2008). Este é resultado do
desenvolvimento do receptáculo devido à presença de auxinas nas sementes em
crescimento (SILVA et al., 2007).
De acordo com SILVA et al. (2007), os aquênios completam o crescimento e a
capacidade de germinação antes da maturação do fruto, sendo esta forma de
propagação utilizada somente para melhoramento genético. O processo de
polinização ocorre geralmente por intermédio dos insetos e vento.
O morangueiro é uma cultivar anual, embora seja uma planta perene
(SANTOS, 1993; RONQUE, 1998). De acordo com RONQUE (1998), isso se deve a
questões fitossanitárias, de manejo e produtividade.
18
3.2 MELHORAMENTO GENÉTICO
Desde que se iniciou a exploração do morangueiro em escala comercial
ocorreram inúmeras modificações genéticas a fim de alcançar maior produtividade e
melhor qualidade (SANTOS, 1999).
Dentre as principais características que são consideradas no melhoramento
genético destaca-se a capacidade de produção, bem como o tamanho e o número
de frutos, a resistência da polpa e firmeza da epiderme, a fim de conservar por mais
tempo as qualidades sensoriais, a coloração do fruto, o brilho, o sabor, a exigência
ao frio e a resposta ao fotoperíodo e temperatura (SANTOS, 1999).
Com o melhoramento genético também se almeja a resistência às doenças e
o prolongamento da vida de prateleira, e ainda oferecer amplas possibilidades para
o controle de doenças pós-colheita. Em relação a esses aspectos, a seleção de
cultivares com elevados níveis de componentes antifúngicos tem se destacado como
uma estratégia importante no controle de infecções (SILVEIRA et al., 2005).
3.3 CULTIVARES
A escolha da cultivar a ser utilizada pelo produtor é um ponto estratégico para
obter o sucesso esperado visto que as características de cada uma delas, aliadas às
condições climáticas de cada região, ao manejo adotado e às pragas e doenças
determinarão a produtividade e a qualidade do produto, influenciando na sua
comercialização (ANTONIOLLI et al., 2007; FILHO, et al. 2007).
Filho et. al. (2007) afirmam que além destas exigências inerentes ao
morangueiro, existem aquelas referentes ao mercado consumidor, como por
exemplo, a qualidade organoléptica, a aparência e a segurança alimentar, sem
resíduos de agrotóxicos.
Em função da sua resposta às condições ambientais e especialmente ao
fotoperíodo, podem-se classificar as cultivares em dois grupos:
� Cultivares de dia curto: iniciam o florescimento em condições de fotoperíodo
curto, com duração menor a 12 horas e temperatura baixa, o que corresponde
ao outono e inverno (RONQUE, 1998; ANTONIOLLI et al., 2007). São
representantes as cultivares IAC Campinas, Vila Nova, Santa Clara, Burkley,
19
Dover, Oso Grande, Camarosa, Sweet Charlie, Tudla Milsey, Campidover e,
mais recentemente, Festival, Earlibrite, Camino Real e Ventana (ANTONIOLLI
et al., 2007).
� Cultivares de dias neutros: são as que independem do comprimento do dia
para iniciar a floração, dependendo da temperatura, cuja frutificação se dá em
temperaturas suficientemente altas para manter o crescimento vegetativo.
Possuem alta capacidade de produção de frutos com tamanhos variáveis. As
cultivares utilizados no Brasil são Seascape, Aromas, Diamante, Selva e
Capitola (SANTOS et al., 2003; ANTONIOLLI et al., 2007).
3.3.1 Cultivares Nacionais
a) IAC Campinas
De acordo com Ronque (1998), a cultivar campinas foi obtida pelo Instituto
Agronômico de Campinas. É uma planta forte, pouco exigente ao frio e bastante
produtiva, entretanto apresenta baixa conservação pós-colheita devido a sua textura
mole. Os frutos apresentam boa qualidade organoléptica por serem menos ácidos
(SANTOS, 2003).
b) Vila Nova
Foi desenvolvida por pesquisadores da Embrapa Clima Temperado. É uma
cultivar de dia curto, que apresenta ciclo precoce e alta produtividade. Os frutos são
de formato cônico, longos e graúdos quando de flores primárias ou secundárias, e
podem ser consumidos tanto in natura como industrialmente (SANTOS, 2005).
Segundo SANTOS (2003) a cultivar Vila Nova é bastante resistente às
principais doenças apresentadas pelo morangueiro.
c) Santa Clara
Por seu sabor ácido e alta produtividade, a cultivar Santa Clara é própria para
industrialização, além de apresentar resistência a doenças fúngicas da folha; seus
frutos são de tamanho médio e formato irregular (SANTOS, 2003)
20
d) Bürkley
Assim como as cultivares Vila Nova e Santa Clara, a Bürkley foi desenvolvida
na Embrapa Clima Temperado. É uma cultivar de dia curto, com alto vigor e
capacidade de produção; apresenta sabor ácido, próprio para industrialização
(SANTOS, 2003)
3.3.2 Cultivares Introduzidas
a) Oso Grande
A cultivar Oso Grande foi introduzida na Universidade da Califórnia em 1987 e
apresenta capacidade produtiva elevada, frutos de tamanho grande, polpa com
textura firme a mediana. É própria para o consumo in natura, pelo seu sabor
subácido; apresenta resistência ao Botrytis cinerea, principal fungo que ataca o
morango na pré e pós-colheita (SANTOS, 2003).
b) Dover
É uma cultivar pouco apreciada pelo seu sabor insípido, porém apresenta
muita produtividade, baixa resistência ao frio e frutos de textura firme, o que
proporciona maior durabilidade e resistência ao transporte se comparada a outras
cultivares (FILHO et al., 2007). De acordo com Santos (2003), no Brasil, a cultivar
Dover não se mostrou resistente a certas doenças, apresentando tendência a
desaparecer nos próximos anos.
c) Camarosa
Segundo Filho et al. (2007) a cultivar Camarosa é a mais plantada em todo
mundo. Possui alta capacidade de produção com frutos de textura firme, tamanho
grande e uniforme; pode ser consumido in natura ou industrializado, apresentando
sabor subácido (SANTOS, 2003).
d) Tudla Milsey
É uma cultivar espanhola, de vigor médio e que possui boa aptidão para o
transporte pela sua firmeza (RONQUE, 1998). A produção é tardia, com grande
capacidade produtiva. Apresenta frutos de tamanho grande, sabor subácido e muito
aromático, próprio para o consumo in natura (SANTOS, 2003).
21
e) Sweet Charlie
Cultivar bastante produtiva, a Sweet Charlie produz frutos de tamanho médio,
textura firme e coloração interna vermelho-clara. Apresenta sabor doce, destinada
assim para o consumo in natura. É uma cultivar de dia curto (SANTOS, 2003).
f) Seascape
Diferentemente das descritas acima, a seascape é um cultivar que independe
do fotoperíodo. Apresenta frutos de tamanho uniforme, sabor agradável e polpa
firme (SANTOS, 2003).
g) Aromas
É uma cultivar de dia neutro, porte ereto e mais produtiva se comparada a
Seascape. Produz frutos firmes, saborosos que podem ser destinados tanto para o
consumo in natura quanto para industrialização (FILHO, 2007).
h) Diamante
De acordo com Filho (2007), a Diamante é a cultivar de dia neutro mais
plantada em todo o mundo. Produz frutos grandes e de excelente qualidade; por ter
coloração interna clara, não é utilizada industrialmente.
3.4 COMPOSIÇÃO DO FRUTO
A água é o composto mais abundante do morango, cerca de 92% do fruto
(GEBHARDT et al., 2002), tornando-o dessa forma altamente susceptível a
deterioração e à desidratação.
A doçura do morango está relacionada a quantidade de glicose e frutose,
açúcares que predominam no fruto, e em proporção menor o xilitol, o sorbitol e a
xilose, sendo estes os componentes mais abundantes encontrados no teor em
sólidos solúveis (SS). Para que um fruto seja sensorialmente aceitável deve possuir
um teor mínimo de sólidos solúveis de 7% (AZEVEDO, 2007; KADER, 2004).
Segundo Kader (1991) o morango possui teor de sólidos solúveis totais entre 4,1 e
11,9, dependendo da cultivar e dos fatores pré-colheita.
Os ácidos orgânicos não voláteis são os componentes mais abundantes
depois dos açúcares. Além de ser fator relevante na qualidade organoléptica, os
22
ácidos possuem importância na regulação do pH celular, influenciando a
estabilidade das antocianinas possuindo consequentemente importante papel na cor
dos frutos. O ácido mais abundante no morango maduro é o ácido cítrico embora
também se verifique presença de ácido málico e outros ácidos. As variações nos
ácidos málico e cítrico são responsáveis pelas diferenças de acidez entre os frutos.
A acidez titulável (AT), num morango maduro pode variar entre 0,5 e 1,87%
(KADER, 1991), sofrendo variação em função da cultivar e dos fatores ambientais e
culturais a que foi sujeita na pré-colheita.
O morango ainda é um fruto rico em vitaminas e sais minerais. Dentre as
vitaminas nele presentes destaca-se a vitamina C, que, por ser uma vitamina
instável, sua quantidade pode variar de acordo com o manuseio pós-colheita, além
da cultivar, estado de maturação do fruto e condições de cultivo (AZEVEDO, 2007).
Dos minerais tem-se a presença de potássio, magnésio e cálcio (AZEVEDO, 2007).
A cor vermelha do morango se dá pelo conteúdo e perfil de antocianinas
presentes. A principal antocianina é a pelargonidina-3-glucosídeo, constituindo cerca
de 90% da composição total de antocianinas e a cianidina-3-glicosídeo é a segunda
antocianina mais importante (AZEVEDO, 2007).
O conjunto dos compostos voláteis do morango é determinante para sua
qualidade aromática e depende de fatores genéticos, ambientais e do estado de
desenvolvimento. O aroma típico do morango deve-se essencialmente ao seu
conteúdo ésteres voláteis, que se desenvolvem durante o amadurecimento. Os
morangos também produzem metabólicos resultantes da fermentação, incluindo
acetaldeído, etanol e acetato de etilo quando acondicionados sob condições
desfavoráveis (AZEVEDO, 2007).
O morango contém elevados níveis de compostos antioxidantes entre os
quais de destacam as antocianinas, os flavonóides os ácidos fenólicos. A atividade
antioxidante total depende de fatores genéticos e das condições de crescimento da
planta (AZEVEDO, 2007).
23
3.5 MATURAÇÃO E FISIOLOGIA DO MORANGO FRESCO
3.5.1 Maturação
A maturação é um processo em que ocorrem mudanças físico-químicas e
fisiológicas diferentes em cada espécie de fruto (CANTILLANO, 2006). As
características que o fruto apresenta no momento da colheita são determinantes na
sua qualidade final, sendo que para a colheita do morango deve-se considerar no
mínimo 75% da superfície com coloração vermelha (RONQUE, 1998; CANTILLANO,
2006; ANTONIOLLI, 2007). Se forem colhidos com maturação avançada poderão
chegar no mercado em decomposição ou com podridão e se forem colhidos com
falta de maturação apresentarão alta acidez, adstringência e ausência de aroma
(CANTILLANO, 2006)
Conforme CANTILLANO (2003), o ponto de colheita pode variar em função do
tempo e da distância de transporte, da temperatura ambiente, da cultivar e da
finalidade do produto (se para consumo in natura ou industrialização). Recomenda-
se que a colheita seja realizada a cada dois ou três dias para obter um ponto de
maturação uniforme (CANTILLANO, 2006; ANTONIOLLI, 2007).
A cor atrativa do morango se dá pela presença de antocianinas, pigmentos
naturais derivados dos açúcares. O teor de antocianinas indica, portanto, o índice de
maturação do fruto (CANTILLANO, 2006).
A textura é determinada em função da estrutura dos polissacarídeos
(substâncias pécticas). A perda da firmeza tem grande importância comercial e
determina a qualidade do morango e sua vida pós-colheita (CANTILLANO, 2006;
AZEVEDO, 2007). Nesse processo ocorrem diversas alterações da parede celular,
com o aumento da ação de enzimas como a celulase, a xilosidase, galactosidase e
outras (AZEVEDO, 2007).
A acidez decresce gradualmente no processo de maturação do morango
enquanto se desenvolvem um conjunto de ésteres voláteis responsáveis pelo aroma
característico (AZEVEDO, 2007).
As transformações físicas, químicas e bioquímicas ocorridas durante a
maturação refletem nos atributos de qualidade dos frutos. Na sua fase final, há o
aprimoramento das características sensoriais, ou seja, sabores e odores específicos
se desenvolvem, com aumento na doçura e a redução na acidez e na adstringência
(CHITARRA & CHITARRA, 2005).
24
3.5.2 Fisiologia
Uma característica importante das frutas e hortaliças que deve ser levada em
consideração para sua conservação é o fato de serem um tecido vivo, que está
propenso a processos fisiológicos e físicos após a colheita. Algumas dessas
modificações são benéficas no que se trata de aroma, sabor e aspecto, outras, no
entanto, contribuem para a perda da qualidade (CANTILANO, 2006).
Os principais fatores fisiológicos envolvidos na pós-colheita do morango são a
respiração, senescência e a transpiração.
3.5.3 Respiração
De acordo com Cantillano (2006), a respiração é o processo metabólico no
qual as células obtêm energia a partir da oxidação de moléculas combustíveis. A
taxa de respiração é variável para cada fruto e quanto mais alta for esta taxa, mais
rápido o fruto será degradado e menor será seu tempo de prateleira (SILVA, 2000).
Os morangos apresentam alta taxa respiratória, aumentando com a elevação
da temperatura e com danos mecânicos, podendo aumentar em 50% quando o fruto
passa de imaturo para maduro (CANTILANO, 2006).
Segundo as características de respiração os frutos são divididos em
climatéricos e não-climatéricos. Os primeiros reagem à presença de etileno,
amadurecendo mesmo separados da planta e produzindo altas taxas deste
composto. Nos frutos não-climatéricos, verifica-se a diminuição gradual da
respiração depois de colhido (SANTOS, 2007), só amadurecem na planta e não
produzem etileno após a colheita (SILVA, 2000).
Cantillano (2006), afirma que os morangos são frutos não-climatéricos, ou
seja, não melhoram sua qualidade sensorial depois de colhidas e não produzem
níveis significativos de etileno endógeno. Por isso, o morango é colhido com seu
ponto de maturação próximo ao de consumo.
3.5.4 Senescência
A senescência é um processo de deterioração natural dos órgãos, causando
deterioração. No entanto, pode haver o processo de deterioração sem que o órgão
tenha entrado em senescência.
25
O morango, por possuir alta taxa respiratória, entra em senescência de forma
rápida, pois o fruto não pode receber nutrientes e água como quando estava na
planta, tendo vida curta pós-colheita (CANTILANO, 2006).
3.5.5 Transpiração
Transpiração é o processo em que ocorre a perda de água na forma de vapor
dos tecidos do fruto, provocando perda quantitativa e qualitativa do produto. Causa
perda de massa, enrugamento e amolecimento. A perda de massa depende do tipo
de produto, tamanho, composição e estrutura, temperatura do fruto e do ar no
ambiente, umidade relativa e velocidade de movimentação do ar.
O morango em função de seu tamanho apresenta grande superfície exposta
para transpiração em relação à massa. Se o morango perder 6% da massa
apresentada na colheita, de água, torna-se inaceitável comercialmente.
26
4. DOENÇAS DO MORANGUEIRO
O morangueiro é suscetível a várias doenças provocadas por fungos, vírus e
bactérias, além de viróides e fitoplasmas (DIAS, 2007). Estas podem ser
diferenciadas entre as que atacam a parte aérea (folhas, frutos, estolões e flores) e
as que provocam podridões de raízes e colo da planta (FORTES, 2003).
Segundo Dias (2007), muitas dessas doenças têm se agravado ano após ano,
favorecidas pelo clima que permite seu desenvolvimento em todo o período de
cultivo. Assim sendo, a ocorrência dessas doenças e a dificuldade de controle
representam um ponto-chave para alcançar a alta produtividade e qualidade do
morango.
O produtor deve levar em consideração os fatores inerentes à planta, ao
patógeno e às condições ambientais predisponentes (ZAMBOLIM, 2006). Dessa
forma, o manejo deve ser realizado adotando práticas multidisciplinares, com o
objetivo de melhorar o controle, reduzir os custos de produção, diminuir o impacto
ambiental e evitar a ocorrência de resíduos em frutos (TÖFOLI, 2005).
Entre os principais fatores que predispõe o morango a doenças podem-se
citar os fatores climáticos como temperatura, umidade relativa e duração do
molhamento foliar, o desequilíbrio de nutrientes no solo e na planta, as injúrias e
ferimentos provocados por implementos agrícolas, insetos ou manuseio excessivo, o
emprego de mudas de baixa qualidade, o sistema de irrigação utilizado, visto que
pode haver acúmulo de água em solos com deficiência de drenagem, emprego de
monocultura e ausência de limpeza (ZAMBOLIM, 2006).
4.1 DOENÇAS QUE OCORREM NO MORANGO NA PÓS-COLHEITA
As perdas pós-colheita podem alcançar altos valores dependendo da cultivar,
método de colheita, condições de armazenamento entre outros. Doenças pós-
colheita são as grandes responsáveis por perdas de produção no Brasil, causando
grandes prejuízos, visto que afetam o produto comercial (DIAS, 2005). Essas
doenças são favorecidas por injúrias mecânicas durante o trato cultural, irrigação,
colheita, transporte e armazenamento.
27
O morango é um produto altamente perecível, apresentando vida limitada na
pós-colheita. Assim sendo, devem ser adotadas medidas adequadas e métodos de
controle eficazes a fim de aumentar o período em que o morango permanece
disponível nas prateleiras (DIAS, 2005).
Dentre as principais doenças que podem atacar o fruto na pós-colheita estão
a antracnose, a podridão de Rhizopus e o mofo-cinzento.
4.1.1 Antracnose
É causada pelo fungo Colletotrichum acutatum Simmons, na qual apresenta o
sintoma denominado flor-preta, podendo destruir flores, frutos e até mesmo as
plantas se houver condições favoráveis para a infecção.
Nos frutos ocorre o aparecimento de manchas de coloração marrom-clara,
tornando-se escura ao longo do tempo, com forma circular e aspecto aquoso. Com a
evolução progressiva da doença os frutos atacados ficam totalmente mumificados
(FORTES, 2003; ZAMBOLIM, 2006; DIAS, 2007).
A antracnose é favorecida por temperaturas em torno de 25 a 30ºC e alta
umidade. Dias consecutivos de chuva ou irrigação incorreta são favoráveis ao seu
aparecimento e disseminação (TÖFOLI et al., 2005; DIAS, 2007), embora o principal
agente causador seja o emprego de mudas contaminadas.
Assim sendo, segundo vários autores (FORTES, 2003; ZAMBOLIM, 2006;
DIAS, 2007) a melhor forma de controle da antracnose é a utilização de mudas
sadias e certificadas, a eliminação de restos culturais, a irrigação realizada por
gotejamento a fim de não molhar a parte aérea da planta, além de controle químico,
se necessário.
4.1.2 Podridão de Rhizopus ou Podridão-Mole
A podridão de Rhizopus manifesta-se durante o transporte e armazenamento.
É causada pelo fungo Rhizopus nigricansi Ehr (DIAS, 2005; ZAMBOLIM, 2006).
Dificilmente se observa no campo um fruto com esta podridão, porém podem
carregar na superfície estruturas do fungo, que constituem o inóculo. Pode se
disseminar rapidamente pelo contato do suco que escorre dos frutos infectados para
os sadios nas embalagens (TÖFOLI, 2005; DIAS, 2007).
De acordo com Töfoli (2005) e Dias (2007), os frutos infectados mudam de
cor, acompanhado de uma podridão mole, aquosa, com o escorrimento de suco.
28
Sob condições de alta umidade são recobertas por um denso micélio branco,
característico do fungo.
Para o controle da doença recomenda-se o mínimo de contato com o solo,
manusear corretamente os frutos na colheita e transporte, desinfetar as caixas de
colheita, evitar condições de alta umidade e resfriar rapidamente em temperatura
inferior a 10ºC (TÖFOLI, 2005; DIAS, 2007).
4.1.3 Mofo-Cinzento
O principal fungo associado ao morango no campo e pós-colheita é o Botrytis
cinerea, que causa a doença chamada mofo-cinzento (COSTA, 2004). Chega a
destruir até 70% dos frutos e manifesta-se sob condições de alta umidade e
temperaturas amenas (FORTES, 2003; TÖFOLI, 2005).
O mofo-cinzento induz a deterioração de um grande número de frutos e
vegetais, possuindo assim grande importância econômica durante o período de
crescimento, pós-colheita e armazenamento. É também um importante obstáculo ao
transporte de longa distância e armazenagem (BADAWY et al., 2009). Este
patógeno infecta as folhas, caules, flores e frutos, quer pela penetração direta ou
através de feridas causadas pelas práticas culturais.
A podridão pode iniciar em qualquer ponto da superfície do fruto, porém
geralmente inicia na lateral, onde ocorre o contato com o solo ou nas caixas de
colheita e armazenamento (FORTES, 2003). Desenvolve-se em temperaturas
relativamente baixas, no entanto necessitam de alta umidade (DIAS, 2007). Três
dias de chuva são suficientes para favorecer a infecção, além do emprego da
irrigação por aspersão, que mantém os frutos molhados (DIAS, 2007).
Segundo Zambolim (2006), o excesso de fertilização nitrogenada,
espaçamentos adensados e culturas onde não se pratica a catação de restos
culturais e frutos doentes também são favoráveis para o aparecimento da doença.
Fatores do hospedeiro como resistência e hábito de crescimento, e do
ambiente, como água livre, umidade relativa, temperatura e luz afetam a ocorrência
ou a prevalência do ciclo de vida do patógeno (MORANDI, 2005).
Nos frutos verdes os sintomas iniciam-se com manchas marrons, até atingir
toda a superfície, seguidos por coloração acinzentada e recoberto por um mofo-
cinzento característico do desenvolvimento do fungo (Anexo 1). Nos frutos maduros
inicia com o aparecimento de manchas descoloridas que se expandem. Apresenta
29
sabor e odor desagradáveis tornando-o impróprio para o consumo. Também são
recobertos pelo mofo e apodrecem rapidamente (DIAS, 2007).
O controle dessa doença é especialmente importante durante o
armazenamento porque se desenvolve em baixas temperaturas (por exemplo -0,5 ◦
C) e se espalha rapidamente entre frutas e legumes (BADAWY et al., 2009). No
entanto medidas adotadas ainda no cultivo dificultam o desenvolvimento do fungo,
tais como plantar em áreas novas, drenar o terreno, evitar o contato do fruto com o
solo, eliminar restos culturais, utilizar ambiente protegido, manusear o fruto com
cuidado para não ferí-los durante a colheita e pós-colheita, limpeza e desinfecção de
utensílios utilizados nos galpões de embalagem. O controle químico pode ser
realizado com aplicação de fungicida (DIAS, 2007). Segundo Morandi (2005), o
manejo das doenças causadas por este patógeno requer a interrupção do maior
numero possível de pontos em seu ciclo de vida, bem como do conhecimento dos
efeitos do ambiente e do hospedeiro sobre ele.
30
5. MANEJO E CONSERVAÇÃO DO MORANGO NA PÓS-COLHEITA
A obtenção de frutas com qualidade adequadas às exigências de mercado é
um fator de suma importância no sistema de produção e só é alcançado mediante
técnicas apropriadas para sua produção e conservação. Qualidade pode ser
definida, segundo Santos (2007), como “o conjunto de atributos relativos ao
potencial genético da espécie que confere atratividade, segurança alimentar e
durabilidade à fruta”. Cor, sabor, aroma, textura e o balanço açúcar/acidez são
fatores determinantes na qualidade total do morango (CANTILLANO, 2006).
Dessa forma, devem-se buscar métodos que proporcionem maior período de
conservação, com as características desejadas pelo consumidor.
5.1 SELEÇÃO E EMBALAGEM
O processo de seleção consiste na remoção das sujidades, dos frutos
danificados e atacados por fungos. Em seguida os frutos são classificados quanto ao
tamanho e estágio de maturação (ANTONIOLLI et al., 2007; CENCI, 2008). Neste
processo é importante eliminar os frutos danificados por fungos ou insetos, visto que
estes podem contaminar os frutos sadios (CANTILLANO, 2003).
A utilização de embalagem adequada é importante para evitar danos
físicos ao produto, que devem ser novas e limpas, além de não provocar
modificações internas ou externas (CANTILLANO, 2003). A embalagem ideal
também deve evitar perda por desidratação e reduzir a taxa respiratória (CENCI,
2008).
5.2 PRÉ-RESFRIAMENTO
O resfriamento rápido é o processo que consiste em retirar imediatamente o
calor que a fruta traz do campo (CANTILLANO, 2006). Segundo Cenci (2008) ocorre
a diminuição do metabolismo do fruto, controlando-se as atividades enzimáticas, de
respiração e transpiração, além de evitar a incidência de podridões. De acordo com
Pizarro (2009) atrasos no resfriamento resultam em aumento na perda de água,
evidenciando no murchamento dos frutos e desidratação do cálice.
31
A operação é realizada através de correntes de ar frio forçado sobre os frutos
(RONQUE, 1998). Este método, além de ser uma forma rápida de resfriamento evita
a umidade sobre o fruto, evitando deterioração (CANTILLANO, 2006). De acordo
com RONQUE (1998) em outros países produtores essa prática é quase obrigatória,
porém pouco utilizada no Brasil.
5.3 REFRIGERAÇÃO
Durante o processo de armazenamento deve-se manter a temperatura da
câmara entre 0 e 1°C e umidade relativa de cerca de 90% (CANTILLANO, 2006;
ANTONIOLLI et al., 2007). Santos (2007) indica que o morango pode ser
armazenado por cinco a sete dias, a 0ºC. Segundo Moraes (2008), temperaturas de
refrigeração contribuem para reduzir a atividade microbiana e as alterações
químicas e enzimáticas do próprio vegetal, mantendo a qualidade do produto e a
segurança para o consumidor.
É importante que a umidade relativa da câmara seja ajustada pois se for baixa
haverá a desidratação e se for alta aumentará a incidência de podridões. Após o
resfriamento, o morango não deve ser submetido a temperaturas elevadas e nem se
deve interromper a cadeira de frio (CANTILLANO, 2006).
De acordo com Chitarra e Chitarra (2005), o controle da qualidade na colheita,
resfriamento rápido e o armazenamento em baixa temperatura, são os principais
meios capazes de evitar o aparecimento do fungo Botrytis cinerea, principal fator de
deterioração do morango. Chitarra e Chitarra (2005) e Santos (2007), afirmam que
sem o uso da refrigeração, as deteriorações são mais rápidas em função da alta
taxa metabólica com perdas de aroma, sabor, textura, cor e demais atributos de
qualidade. Essa taxa deve ser mantida em nível mínimo e suficiente para manter as
células vivas, de forma a preservar a qualidade dos produtos durante todo o período
de armazenamento.
5.4 ATMOSFERA MODIFICADA E CONTROLADA
A utilização de atmosfera modificada e controlada tem por objetivo prolongar
o período de armazenamento dos frutos através do controle da concentração dos
gases do ambiente de armazenamento, por meio da remoção ou adição dos gases.
32
A diferença entre os dois métodos consiste no grau de controle da concentração dos
mesmos. Os benefícios do armazenamento em atmosfera controlada ou modificada
depende do produto, cultivar, idade fisiológica, qualidade inicial, concentrações de
O2 e CO2, temperatura e duração de exposição a tais condições (SANTOS, 2007).
De acordo com Kader (2004), submeter os frutos a atmosferas impróprias pode
acarretar estresse ao tecido vegetal, originando sintomas como amadurecimento
irregular, desencadeamento de distúrbios fisiológicos, desenvolvimento de odores
desagradáveis e aumento da sensibilidade ao ataque de doenças.
O princípio de utilização da atmosfera modificada é a utilização de filmes de
polietileno como o Cloreto de Polivinil (PVC) a fim de alterar a atmosfera no interior
da embalagem. O PVC se caracteriza por apresentar boa barreira ao vapor d’água e
permeabilidade relativa a O2 e CO2. Esse tipo de filme permite que a concentração
de CO2 proveniente da respiração aumente, e a concentração de O2 diminua, à
medida que é utilizado pelo processo respiratório. Dessa forma, o metabolismo do
fruto é reduzido e sua vida pós-colheita pode ser prolongada substancialmente
(RESENDE et al., 2001). Segundo SANTOS (2007), a permeabilidade dos gases
pode ser controlada pela variação na densidade do filme e pela espessura ou
perfurações.
O uso da atmosfera controlada consiste em controlar as concentrações de O2
e CO2 no ambiente, monitorados periodicamente e ajustados para que mantenham
as concentrações desejadas. A mistura gasosa desejada é injetada nas câmaras,
que permanecem hermeticamente fechadas, onde os frutos estão armazenados
(SANTOS, 2007). Este processo é oneroso e exige alto grau de precisão, sendo
indicado para armazenamento a longo prazo. Chitarra e Chitarra (2005) afirmam que
o período máximo de vida pós-colheita para o morango (10 dias) só é atingido se
forem mantidos as condições de 0-5ºC, 10% de O2 e 15-20% de CO2.
Para os frutos os benefícios são a redução da taxa respiratória e produção de
etileno, retardamento da perda de cor e firmeza dos frutos além de inibir o
crescimento fúngico (CALEGARO et al., 2002). Calegaro et al. (2002), cita também
que se tem observado que exposições prolongadas de morangos em atmosferas
com altos níveis de CO2 ou baixos de O2 podem levar ao surgimento de sabores e
odores desagradáveis e a perda de coloração dos frutos.
Brackmann et al. (2005), afirma que inúmeros trabalhos demonstraram a
eficiência do CO2 sobre a retenção da firmeza da polpa e redução das podridões em
33
morangos. Cita também que a degradação da firmeza da polpa é reduzida
linearmente perante o aumento da pressão parcial de CO2 e que a atmosfera
modificada enriquecida desse componente reduz a incidência e a severidade de
podridões, estendendo a vida pós-colheita de morangos. Finalmente, em seu
experimento afirma que a utilização de CO2 reduz a ocorrência de podridões e
mantém a firmeza da polpa.
34
6. CONTROLE DE PODRIDÕES EM PRÉ E PÓS-COLHEITA
6.1 TRATAMENTO QUÍMICO CONVENCIONAL: PRÉ-COLHEITA
O controle químico tem se mostrado o método mais eficiente na redução de
infecções fúngicas (SILVEIRA et al, 2005). De acordo com Antoniolli et al. (2007),
os agrotóxicos são de contato quando o produto fica sobre a epiderme da planta ou
de ação sistêmica quando podem penetrar nos tecidos.
Os fungicidas sistêmicos garantem uma maior proteção das frutas durante o
período de armazenamento, agindo sobre patógenos causadores de infecção
latente, inativando esporos de patógenos associados a ferimentos e protegendo a
superfície das frutas (SILVEIRA et al., 2005).
De acordo com o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em
Alimentos (PARA), o morango, desde 2002 apresenta resultado insatisfatório no que
se refere a limites máximos de resíduos de agrotóxicos. De 2002 a 2007, o morango
esteve na primeira posição em resíduos de agrotóxicos de acordo com análises
realizadas pelo programa. Em 2008, 36,05% das amostras analisadas apresentaram
resíduos, obtendo então a segunda posição diante de outros frutos. Além disso, a
fim de garantir maior vida de prateleira os produtores também utilizam produtos não
registrados na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) (PARA, 2009).
Em contrapartida há uma carência de produtos registrados na ANVISA para
aplicação no morangueiro, sendo que para o controle da antracnose e do Rhizopus
não há produtos registrados e para o Botrytis cinerea estão registrados apenas 8
produtos, limitando a utilização dos agricultores.
Em decorrência dos efeitos toxicológicos que provocam, é necessário o
acompanhamento e a quantificação desses produtos na água, no solo, nos
alimentos e na atmosfera, a fim de proteger a saúde do consumidor (AMARAL et al.,
2006). Além disso a utilização freqüente de fungicidas no controle de doenças pós-
colheita faz com que os patógenos desenvolvam resistência a eles, obrigando o
produtor a utilizar doses crescentes para combatê-los (WILSON & WISNIEWSKI,
1989).
A exposição dos produtores rurais e consumidores aos resíduos de
agrotóxicos constitui um dos alvos de preocupação com a saúde pública em
35
diversos países e programas de monitoramento de resíduos de agrotóxicos tem sido
implantados (AMARAL et al., 2006). A consciência pública sobre o impacto negativo
dos resíduos de fungicidas sintéticos para a saúde humana e o meio ambiente tem
desregulamentado o uso de fungicidas químicos essenciais (BADAWY et al., 2009).
36
7. TRATAMENTOS ALTERNATIVOS
Atualmente há uma preocupação muito grande por parte dos consumidores a
respeito da utilização de agrotóxicos. De acordo com Andreazza et. al. (2008), há
uma tendência mundial, na qual os consumidores estão preocupados em adquirir
produtos livres de resíduos tóxicos. Além disso, o uso continuado de agrotóxicos
pode gerar raças de patógenos resistentes aos fungicidas. Morandi (2005), afirma
que o aparecimento de linhagens resistentes na população do patógeno é resultante
de mutações espontâneas pelo uso exclusivo e intensivo de certos fungicidas.
Nesse contexto busca-se novas alternativas no controle de podridões que possam
substituir o uso de fungicidas com eficácia em pós-colheita (ANDREAZZA et. al.,
2008).
Para Schwarz et. al. (2008), a importância de estudar métodos alternativos
para o controle de perda de qualidade de frutos se deve também à necessidade de
prolongar o período de armazenamento sem perdas por problemas fitossanitários e
a restrição que o uso de agroquímicos possui em relação às exportações. Já para
Carvalho et. al. (2009), a importância em se buscar tratamentos alternativos se deve
aos aspectos de segurança dos mesmos, em função dos possíveis efeitos
carcinogênicos e teratogênicos, bem como toxicidade residual. Segundo Sá et. al.
(2009) a utilização de alternativas que não agridam o meio ambiente é uma
necessidade para a manutenção da sobrevivência humana.
Andrade et. al. (2009), afirma que a busca ao uso de meios naturais ou
ecologicamente seguros deve garantir a produtividade econômica das culturas sem
causar danos expressivos ao solo, a água e a qualidade dos alimentos, promovendo
assim, a segurança alimentar e a sustentabilidade da agricultura. Jamal et. al.
(2008), elenca todos os fatores citados anteriormente como motivo para a busca de
tratamentos alternativos.
7.1 CONTROLE BIOLÓGICO
Embora existam práticas que garantam maior vida de prateleira, o biocontrole,
através da utilização de microrganismos antagonistas, tem demonstrado grande
potencial no manejo pós-colheita de doenças fúngicas. As condições controladas
37
onde as frutas são armazenadas após aplicação dos antagonistas, propicia o
estabelecimento dos mesmos, e a pulverização destes nos alvos específicos,
destacam o uso de biocontroladores como uma tecnologia viável na pós-colheita de
frutas (SILVEIRA et al., 2005; EL GHAOUTH et al., [200-]). Diversas espécies de
bactérias e leveduras já foram isoladas e indicadas para controlar a deterioração de
uma série de frutas (EL GHAOUTH et al., [200-]).
Entretanto, para obter sucesso na utilização destes antagonistas no controle
biológico é necessário que estes possuam determinadas características
indispensáveis, tais como: não apresentar risco para a saúde humana e para o
ambiente, ser geneticamente estável, ser eficaz em uma ampla gama de patógenos;
ser eficaz em baixas concentrações, não ser exigente em suas necessidades de
nutrientes, ser capaz de sobreviver e manter-se ativo sob várias condições de
conservação ambiental, ser propício para a produção em um meio de crescimento
barato, ser favorável a uma formulação com uma longa vida de prateleira, ser fácil
de dispensar e ser compatível com o processamento comercial procedimentos (EL
GHAOUTH et al., [200-]).
Compreender seu modo de ação também é importante para sua utilização.
Wilson & Wisniewski (1989) descrevem em sua revisão que esse conhecimento
permitirá o desenvolvimento de procedimentos mais confiáveis para a aplicação
efetiva e fornecerá uma base para a seleção do antagonista mais eficaz. As
hipóteses prováveis descritas são a antibiose, a competição por nutrientes, o
parasitismo direto e, possivelmente, resistência induzida, denominada como
"princípio da posse" (WILSON & WISNIEWSKI, 1989; EL GHAOUTH et al., [200-]).
A antibiose ocorre quando a produção de antibióticos ou metabólitos tóxicos
por um microrganismo tem efeito direto em outro microrganismo. A competição por
nutrientes se dá a partir do momento em que há demanda por dois ou mais
microrganismos para o mesmo recurso, ou seja, o acesso aos nutrientes é inibido
pela presença do primeiro colonizador. Para competir com sucesso com o patógeno
no local da ferida, o antagonista deve se adaptar melhor às diversas condições
ambientais e nutricionais. O parasitismo direto é o fenômeno na qual um fungo
parasita o outro, impedindo que este sobreviva e a resistência induzida é o processo
em que a planta, após o tratamento com antagonistas, “liga” seus mecanismos de
defesa natural (EL GHAOUTH et al. [200-]; SHARMA et al., 2009).
38
El Ghaouth et al. ([200-]), descreve ainda que a eficácia dos antagonistas é
influenciada pelo intervalo de aplicação do antagonista e a inoculação do patógeno,
a temperatura de armazenamento e transporte, a época de colheita e maturação dos
frutos, a mortalidade do antagonista pelo uso de sanitizantes e fungicidas, a
composição do fruto além das características do local do ferimento.
Sharma et al. (2009) cita que a aplicação pré-colheita de microrganismos
antagonistas é eficaz para controlar a deterioração. O objetivo da aplicação pré-
colheita é pré-colonizar a superfície do fruto com um antagonista imediatamente
antes da colheita para que as feridas ocorridas durante a colheita já estejam
colonizadas antes do aparecimento de patógenos. Cita também que diversos
autores obtiveram sucesso nessa prática, utilizando diferentes microrganismos
antagônicos no controle de deterioração de diferentes frutos, e ressalta que o
emprego de agentes microbianos é a estratégia mais adequada para substituir os
produtos químicos.
O Bacillus amyloliquefaciens é conhecido por suas propriedades catabólicas e
degradação de macromoléculas complexas, como proteínas extracelulares. É uma
bactéria gram-positiva e aeróbia, encontrado no solo. Essa bactéria, assim como os
outros membros da família Baccilaceae forma endospóros fortes utilizados quando
as condições ambientais não são favoráveis. Foi isolado por excretar a enzima
subtilisina ao digerir as proteínas (SATHER, 1998). Esta proteína, segundo Schulz et
al. (2005), possui ação antimicrobiana, sendo indicado para a conservação natural
de alimentos. O autor cita que o Bacillus amyloliquefaciens produz uma substância
capaz de inibir o crescimento de Listeria monocytogenes. Hiradate (2002) cita que a
cultura mostra efeitos inibitórios sobre o crescimento de vários outros fitopatogênicos
fungos e bactérias. Em estudo sobre o controle de Botrytis cinerea em tomates Mari
et al. (1996) verificou que Bacillus amiloliquefaciens teve efeito fungistático em
tomates verdes armazenados em baixa temperatura e uma redução significativa de
crescimento do patógeno nos sete primeiros dias de armazenamento. Também cita
que o controle do mofo cinzento utilizando antagonistas foi bem sucedido na pré e
pós-colheita no tratamento de morango, uva, maçã e tomate.
Saccharomyces cerevisiae é uma levedura utilizada em bebidas alcoólicas,
etanol e panificação, cuja função é atuar como agente biológico de transformação e
ao final do processo é descartada, sendo considerada subproduto (BONALDO et al.,
2007). De acordo com diversos a S. cerevisiae apresenta potencial controle de
39
doenças de plantas, por controle direto de microrganismos patogênicos ou pela
ativação de mecanismos de defesa na planta (PICCININ, 2005; WULFF et al., 1998;
BONALDO, 2007). Wulff et al. (1998), cita que a proteção contra patógenos foi
observada em plantas de milho, sorgo, café, eucalipto e maracujá.
A bactéria Curtobacterium pusilum é um gênero de bactérias da ordem
Actinomycetales. São Gram-positivas e encontradas no solo. O seu modo de ação
ainda não foi identificado, no entanto, em estudos preliminares a bactéria tem
demonstrado eficiência no controle de podridões em maçãs.
7.2 QUITOSANA
Quitosana é um polímero natural constituído de unidades repetidas de
glicosamina, um polissacarídeo de alto peso molecular, atóxico e biodegradável,
obtido através da desacetilação alcalina da quitina, que é encontrada naturalmente
nas paredes celulares de fungos e forma a maior parte do exoesqueleto de insetos e
crustáceos, além de invertebrados marinhos (PEN, 2003; DEVLIEGHERE, 2004;
HAN et al., 2005; JUNIOR, 2006; MAZARO et al., 2008). É assumido como o
segundo polissacarídeo mais abundante no mundo, atrás apenas da celulose, e sua
estrutura é formada pela repetição de unidades β (1� 4) 2-amino-2-deoxi-D-glucose
(ou D. glicosamina) (SHAHIDI et al., 1999; REDDY et al., 2000; CÉ, 2009).
As variações nos métodos de preparação são susceptíveis de resultar em
diferenças no grau de desacetilação, a distribuição dos grupos acetil, o comprimento
da cadeia e a estrutura conformacional da quitosana podem ter influência sobre a
solubilidade, a atividade antimicrobiana e outras propriedades. (DEVLIEGHERE et
al., 2004; NO, 2007).
Os alimentos são uma mistura de compostos diferentes como carboidratos,
proteínas, gorduras, minerais, vitaminas, sais e outros, e estes componentes podem
interagir com a quitosana e levar à perda ou aperfeiçoamento da atividade
antibacteriana (NO, 2007). Os fatores benéficos atribuídos a quitosana podem ser
devido à formação de um filme que pode atuar como uma barreira para a absorção
de O2 atrasando a atividade metabólica e, conseqüentemente, a processo de
amadurecimento (REDDY et al., 2000). A quitosana também possui importante
mecanismo antimicrobiano. El Ghaouth et al. (1991) afirma que essa cobertura
modifica o ambiente interno bem como diminui as perdas por transpiração. Dutta
40
(2009) cita que as propriedades seletivas de filmes comestíveis e revestimentos são
responsáveis por retardar vapores orgânicos (aromas, solventes), vapor de água,
solutos (lipídios, sais, aditivos, pigmentos) e gases (oxigênio, dióxido de carbono,
nitrogênio).
Quitina e quitosana possuem estrutura única, propriedades multidimensionais
e altamente sofisticadas, com diversas aplicações na biomedicina, em cosméticos,
na indústria de alimentos e na agricultura (BAUTISTA-BAÑOS, 2004; PILLAI et al.,
2009). Na agricultura, a quitosana tem se mostrado útil no melhoramento de
sementes e qualidade das flores, bem como o aumento do rendimento da colheita
(BAUTISTA-BAÑOS, 2004). Devlieghere et al. (2004), cita a utilização da quitosana
em alimentos como agente clarificante de sucos de maçã, antioxidante em salsichas,
além de inibir o escurecimento enzimático em sucos de maçã e pêra. É um fungicida
natural contra patógenos de vários frutos, inclusive Botrytis cinerea, sendo indicado
como revestimento ideal para conservação pós-colheita de frutos e legumes (PEN,
2003; BAUTISTA-BAÑOS, 2004; CAMILI, 2007; DEVLIEGHERE et al., 2004).
Cobertura comestível de quitosana reduziu a incidência de deterioração em tomates,
pepinos, pimentões, atraso no amadurecimento de maçã além de reduzir
dessecação em pimenta e pepino (REDDY et al., 2000). Pen et al. (2003), observou
que o tratamento com quitosana em abacaxi reduziu a descoloração após 3 dias de
armazenamento a 4ºC e inibiu o crescimento de doenças. Chien (2007) em sua
pesquisa com manga minimamente processada constatou resultados positivos para
a utilização da quitosana, que apresentaram menor deterioração e menor perda de
água, além de não afetar o sabor natural após análise sensorial. Segundo o autor
isso é um fato importante, já que qualquer alteração no sabor é indesejável. Nawar
(2005) observou que quitosana 6g/L aplicada em tomates inibiu o crescimento
micelial e não houve a germinação de esporos.
Quando aplicado em frutos de morango, tem demonstrado eficiência no
controle de B. cinerea e R. stolonifer (El Ghaouth, 1991). Reddy et al. (2000)
observaram em seu trabalho que a aplicação em pré-colheita de quitosana, além de
controlar B. cinerea em pós-colheita mantém a firmeza de polpa e a acidez titulável,
e seu uso em pós-colheita pode ser tão eficiente quanto o uso de fungicidas,
induzindo a produção de enzimas de defesa e fitoalexinas e inibindo o crescimento
de fungos. Mazaro et al. (2008), em um experimento semelhante concluiu que a
aplicação de quitosana na pré-colheita além de manter as qualidades sensoriais e
41
atuar positivamente nas características físico - químicas, induziu na planta a
resistência a patógenos e dessa forma a diminuição de podridões nos frutos na pós-
colheita.
De acordo com No (2007), a atividade antimicrobiana da quitosana ainda não
foi totalmente elucidada. Segundo o autor, o fato mais provável é que ocorra uma
mudança na permeabilidade celular devido às interações entre as moléculas
positivamente carregadas da quitosana e as de carga negativa das membranas
celulares microbianas. Essa interação leva à fuga de substâncias protéicas e outros
constituintes celulares. Outra hipótese levantada é que os produtos resultantes da
hidrólise se difundam com DNA microbiano, levando à inibição do mRNA e da
síntese de proteínas e à quelação de metais, pequenos elementos e nutrientes
essenciais (NO, 2007). Mazaro et al. (2008) cita que a ação da quitosana está
relacionada ao aumento da concentração endógena de ácido salicílico, compostos
fenólicos, indução de lignificação e síntese de fitoalexinas, além da ativação das
enzimas de defesa vegetal, como a quitinases e β-1,3-glucanases.
7.3 DIÓXIDO DE CLORO – TECSA®CLOR
Os produtos clorados são os sanitizantes mais utilizados no mundo, sendo
que o Hipoclorito de Sódio é o único sanitizante permitido pela legislação brasileira.
Entretanto existe certa preocupação quanto ao seu uso e dos demais sais de cloro,
considerados precursores das cloraminas orgânicas, prejudiciais à saúde pelo seu
alto potencial carcinogênico (SREBERNICH, 2007). Em vista disso diversos
sanitizantes vem sendo testados, entre eles o Dióxido de Cloro que, embora
derivado do cloro, sua reação com a água não forma cloraminas e gera apenas uma
quantidade insignificante de trihalometanos, outro componente resultante do contato
do cloro com a matéria orgânica, que pode causar intoxicação e outros malefícios à
saúde (ALMEIDA, [200-]; SREBERNICH, 2007).
Segundo Almeida ([200-]), as primeiras utilizações do Dióxido de Cloro
aconteceram no início do Século XX e foi se difundindo visto que não origina
alterações sensoriais nos produtos na qual entra em contato. Atualmente, é utilizado
especialmente na desinfecção de água destinada ao consumo humano, bem como
na desinfecção de utensílios, laboratórios, tanques de armazenamento, entre outros.
42
O Dióxido de Cloro (ClO2) é obtido da reação entre o Ácido Clorídrico e o
Clorito de Sódio em meio aquoso (MORAES & BARRADAS, [200-]). Uma das
propriedades físicas mais importantes do Dióxido de Cloro é a solubilidade em água
(cerca de 10 vezes mais solúvel que o cloro em temperaturas acima de 10ºC), sem
haver hidrólise. Além disso, suas propriedades biocidas não são influenciadas pelo
pH da água;
Almeida ([200-]) afirma que o dióxido de cloro atua como agente oxidante
altamente seletivo pela sua capacidade única de transferência de um elétron,
reduzindo-se a íon Clorito (ClO-2). O metabolismo dos microorganismos e sua
capacidade de sobreviver e se propagar é influenciado pelo potencial de redução de
oxidação do meio em que vive, atacando a membrana celular, penetrando,
desidratando e por fim oxidando os componentes internos da célula microbiana sem
causar ação tóxica como a maioria dos compostos de cloro (SREBERNICH, 2007;
CHLORINE, 1999). Dessa forma, o Dióxido de Cloro elimina com eficácia os
microorganismos presentes no meio. Age no controle de bactérias gram-positivas e
gram-negativas, fungos, vírus e algas (MORAES & BARRADAS, [200-]).
O dióxido de cloro também apresenta ação sanitizante e esporicida em
concentrações menores de cloro, isso se deve ao fato de ser solúvel em óleos,
graxas e substâncias de composição mista, como células de vírus e de bactérias,
em cujas membranas penetra facilmente. Outro aspecto positivo é que diminui a
possibilidade da formação de sabores e odores estranhos por hidrolisar os
compostos fenólicos (SREBERNICH, 2007). A Autora cita que o dióxido de cloro foi
eficiente na redução de Salmonella sp. nas superfícies de tomate e melão.
Em estudo realizado com cheiro verde minimamente processado Srebernich
(2007) demonstrou que o Dióxido de Cloro em concentração de 50ppm, durante 10
minutos apresentou maior eficiência perante outras concentrações, sendo um
substituto apto do Hipoclorito de Sódio.
Sanhueza (2004) em uma pesquisa em que analisa a eficácia do Dióxido de
Cloro (Tecsa®Clor) na redução da contaminação da água de lavagem por
Penicillium expansum e na diminuição das perdas pela podridão em maçãs Fuji
inoculadas artificialmente observa que o sanitizante controlou o patógeno nas
suspensões e protegeu os ferimentos das maçãs do ataque do patógeno em todas
as concentrações avaliadas e naquelas em que o microorganismo foi inoculado,
concluindo que o Tecsa®Clor pode ser utilizado na concentração de 50 ppm de
43
ingrediente ativo, obtendo controle total sobre a contaminação da água sem matéria
orgânica.
Em estudo realizado com pêssegos da cultivar Biuti, somente após 38 dias de
avaliação com os frutos armazenados em câmara fria apareceu um fruto podre,
sendo que os demais permaneceram em perfeito estado de conservação. A
concentração de Tecsa®Clor utilizada foi de 100ppm, sob imersão de 30 segundos
(DONDELLI et al., 1999;). Zofolli et al. (2005) avaliou o efeito do Tecsa®Clor em
função da concentração x tempo x pH sobre a germinação de esporos de fungos,
entre eles o Botrytis cinerea em uma concentração de 75ppm e exposição de 1
minuto, 98% dos conídios de B. cinerea foram controlados. O mesmo resultado foi
obtido em concentração de 25ppm, porém com 30 minutos de exposição.
Carvalho et. al. (2009) observou que o dióxido de cloro na dose de 0,1%
reduziu a incidência de Rhizopus spp. até o nono dia, e a severidade, até o sexto dia
após o tratamento.
44
PARTE II – DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL
8. MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Estação Experimental da Embrapa Uva e
Vinho em Vacaria. Foram utilizados morangos da cultivar Aromas. As mudas foram
acondicionadas em travesseiros de Policloreto de Vinila (PVC), contendo o substrato
inerte de casca de arroz e casca de pinus, sobre um estrado de madeira (Anexo 2).
O experimento foi dividido em 2 ensaios:
ENSAIO 1: Cv. Aromas, com substrato de casca de arroz e casca de pinus,
fertirrigação realizada dois dias com água e dois dias com adubo, e os tratamentos
foram Curtobacterium pusilum, Bacillus amyloliquefaciens, Saccharomyces
cerevisiae e testemunha.
ENSAIO 2: Cv. Aromas, com substrato de casca de arroz e casca de pinus,
fertirrigação realizada seis dias com solução e um dia com água, e os tratamentos
Tecsa®Clor 100ppm, Quitosana 6g/L e testemunha.
O delineamento experimental foi interiamente casualizado, constituído por 10
mudas. Os tratamentos foram realizados através de pulverização manual das
plantas (Anexo 3) até o ponto de escorrimento (Anexo 4). Os frutos foram colhidos e
imediatamente levados ao Laboratório de Fisiologia e Tecnologia Pós-Colheita,
pesados e selecionados. Os frutos considerados fora do padrão de maturação, ou
com ferimentos, foram desprezados.
Os tratamentos utilizados foram: quitosana 6g/L, purificada de acordo com o
método descrito por Reddy (2000); Tecsa®Clor Serquímico 100ppm, as bactérias
Bacillus amyloliquefaciens, Curtobacterium pusilum e a levedura Saccharomyces
cerevisiae. As plantas foram pulverizadas duas vezes com os tratamentos. A
testemunha foi pulverizada com água destilada. Os frutos foram colhidos três dias
após primeira pulverização dos tratamentos e três, sete e dez dias após a segunda
pulverização dos tratamentos.
45
8.1 PREPARO DO INÓCULO
O fungo Botrytis cinerea foi isolado a partir de morangos contaminados da
casa de vegetação e mantidos em meio de cultura Batata Dextrose Agar (BDA), a
22°C, durante cerca de 6 dias. O micélio desenvolvido foi transferido para um bécker
contendo 50 ml de água destilada e 0,1%(v/v) de Tween 80, com posterior filtração
da suspensão micelial. A concentração foi ajustada para 2 x 105 conídios.ml-1 através
de leitura em Câmara de Neubauer.
8.2 INOCULAÇÃO
Os frutos foram alinhados sobre uma bancada e pulverizados individualmente
com o inóculo até o ponto de escorrimento. Uma hora após a inoculação, os frutos
foram acondicionados em embalagem para ovos de Politereftalato de etileno (PET)
cristal transparente com 12 casulos cada, devidamente higienizadas. Os frutos foram
acondicionados individualmente em cada casulo (Anexo 5). Os frutos que
apresentaram podridão foram descartados para não haver contaminação do
restante.
8.3 ARMAZENAMENTO E AVALIAÇÃO
Os frutos inoculados foram armazenados em câmara fria com temperatura
de 1ºC±0,5 e UR 89%±1. O período de armazenamento dos frutos submetidos a
uma pulverização foi de dez dias, enquanto que o período de armazenamento dos
frutos submetidos a segunda pulverização foi de quatorze dias. A cada dois dias,
os morangos foram inspecionados para a detecção de desenvolvimento fungico.
46
9. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados encontrados nos frutos submetidos a uma pulverização dos
tratamentos correspondentes ao ensaio 1 são apresentados na tabela 1.
Não foi verificado desenvolvimento de B. cinerea nos frutos testemunha e nos
tratados com C. pusillum. Nos morangos pulverizados com S. cerevisiae e nos frutos
pulverizados com B. amyloliquefaciens, observou-se uma incidência de podridão
fúngica de 8,33 e de 16,67%, respectivamente.
Tabela 1. Incidência de podridão fúngica(%) em morangos cv ´Aromas’ colhidos 3 dias após a pulverização dos tratamentos: Curtobacterium pusillum, Bacillus amyloliquefaciens, Saccharomyces cerevisiae e testemunha, mantidos sob refrigeração (1ºC e UR = 89%±1) durante 10 dias após inoculação com Botrytis cinerea.
TRATAMENTO Podridão Fúngica (%)
Curtobacterium pusillum 0
Bacillus amyloliquefaciens 16,67
Saccharomices cerevisiae 8,33
Testemunha 0
Embora Wulff (1998) afirme que Saccharomices cerevisiae possa ser utilizada
como forma proteção contra patógenos em plantas de milho, sorgo, café, eucalipto e
maracujá, este tratamento não se mostrou eficiente em morangos, assim como o
tratamento com B. Amyloliquefaciens, já que Mari et al. (1996) observou que a
bactéria foi eficaz contra podridão fungica nos primeiros sete dias de
armazenamento em baixa temperatura de tomates verdes.
Com relação ao ensaio 2, não foi verificado desenvolvimento de B. cinerea
nos frutos testemunha e nos tratados com Tecsa®Clor 100ppm, enquanto que os
frutos tratados com quitosana apresentaram uma incidência de 8,33% deste fungo,
conforme a tabela 2.
47
Tabela 2. Incidência de podridão fúngica(%) em morangos cv ´Aromas’ colhidos 3 dias após a pulverização dos tratamentos: Tecsaclor, Quitosana e testemunha, mantidos sob refrigeração (1ºC e UR = 89%±1 ) durante 14 dias após inoculação com Botrytis cinerea.
TRATAMENTO Podridão Fúngica (%)
Tecsa®Clor 100ppm 0
Quitosana 8,33
Testemunha 0
Sanhueza (2004); Zofoli et al. (2005) e Carvalho et al. (2009) observaram que
o uso do Tecsa®Clor pode diminuir ou inibir o crescimento do fungo causador da
podridão. Dondelli et. al. (1999) utilizou a mesma concentração de Tecsa®Clor em
pêssegos e obteve resultado satisfatório. Isso pode ser comprovado no experimento,
já que este tratamento não apresentou podridão. O resultado encontrado para o
tratamento com quitosana contraria Reddy (2000) e Mazaro (2008), que também
aplicaram o tratamento na pré-colheita e observaram diminuição da incidência do B.
cinerea em relação a testemunha. No entanto, foi observado que a quitosana atraiu
um número grande de insetos na casa de vegetação. Diversos frutos deste
tratamento foram descartados por apresentar o tecido danificado. Sendo assim, os
frutos podem ter sido inoculados injuriados ou os insetos podem ter transportado o
fungo para os frutos. Em vista disso, a testemunha também não apresentaria
podridão.
Nos frutos submetidos à segunda pulverização, colhidos no terceiro, sétimo e
décimo dia após a pulverização, não ocorreu desenvolvimento fúngico nos
tratamentos, tanto do ensaio 1 quanto do ensaio 2, durante os quatorze dias de
armazenamento. No entanto, deve-se ressaltar, que o morango estava no seu pico
de produção quando foi realizada a primeira pulverização e inoculação, enquanto
que na segunda aplicação houve decréscimo do número de flores e
conseqüentemente de frutos colhidos para inoculação. Assim sendo, não foi possível
realizar as repetições necessárias, trabalhando-se com menor número de repetições
nos frutos após a segunda pulverização.
Várias hipóteses podem ser levantadas para justificar a ausência de
desenvolvimento de fungos, mesmo na testemunha. Na seleção a que os frutos
foram submetidos, os frutos que apresentavam tecido danificado foram descartados.
A seleção rigorosa dos frutos quanto ao estádio de maturação e a presença de
danos mecânicos é fundamental no controle da podridão fúngica (CIA, [199-]). A
48
presença de ferimentos favorece a penetração do fungo no tecido, visto que estes
rompem todo o esquema de proteção dos frutos e aumentam a transpiração,
expondo o produto à deterioração microbiológica, o que diminui o frescor e afeta a
comercialização. (CIA [199-]; PEREZ, 2000; LUENGO, 2001). Também a
temperatura utilizada no armazenamento é um fator muito importante, podendo ter
interferido no crescimento do fungo. Embora Ronque (1998) afirme que o fungo
mantém-se ativo mesmo a 0ºC, a temperatura ótima para infecção ocorre, na
maioria dos casos, entre 15 e 25°C (MORANDI, 2005). A baixa temperatura de
armazenamento pode ter contribuído para a inibição do desenvolvimento do fungo.
Contrariamente, Brackmann (2002) observou desenvolvimento fúngico tanto a 0ºC
quanto a -1,6ºC em morangos cv. Oso Grande.
Como não foi realizado teste de viabilidade do inóculo, após os 10 dias de
armazenamento refrigerado, os frutos submetidos à segunda pulverização foram
submetidos à armazenamento a 20°C, observando-se desenvolvimento fúngico em
todos os tratamentos. Dessa forma, pode-se afirmar que a temperatura de
refrigeração a 1ºC impediu que o fungo inoculado desenvolvesse, mas manteve
seus conídios ativos. Também verificou-se que os tratamentos não foram efetivos
nessa condição. De acordo com Morandi (2005), o Botrytis cinerea pode produzir
infecções quiescentes (ou latentes). Nesse caso, o patógeno após penetrar no
tecido paralisa seu crescimento até que as condições ambientais ou do tecido
hospedeiro (a senescência dos tecidos, por exemplo) se tornem favoráveis. Esse
mecanismo é pouco conhecido e sua duração pode variar com microrganismo
hospedeiro e as condições específicas de sua fisiologia. Cia ([199-]), cita que essa
infecção é comum para o Botritys.
A umidade relativa da câmara foi mantida em torno de 89% com circulação de
ar. Alta umidade relativa (>90%) e presença de água livre são pré-requisitos para a
infecção. Portanto, a circulação de ar impede que se forme o filme de água e que
permaneça tempo suficiente para ocorrer a infecção. (MORANDI, 2005). Além disso,
os frutos estavam protegidos pela embalagem, o que não propiciou um ambiente
favorável.
Os morangos utilizados no experimento estavam sob condição de cultivo
protegido, com uma cobertura plástica. Antunes et. al. (2008), cita que o cultivo
protegido oferece melhoria de qualidade e disponibilidade de produto em uma
condição controlada. “Um filme plástico tem eficiência na indução de resistência e no
49
controle do desenvolvimento dos fungos”. Além disso, a cobertura protege o fruto da
ação de pragas que podem danificar os tecidos e assim propagar o fungo. Santos
(2009), afirma que a utilização de coberturas plásticas além de proteger contra
granizo e chuvas fortes, diminui a incidência de pragas e doenças.
Durante as avaliações de podridão foi possível observar que os frutos
tratados com quitosana apresentaram-se mais firmes do que os demais tratamentos
(Anexos 5). Isso se deve, segundo No (2007) e Reddy (2007) ao fato de que a
quitosana forma uma barreira protetora que reduz as taxas de respiração e
transpiração na superfície, retardando o crescimento microbiano e as mudanças de
cor e melhora a textura dos frutos. A película cria uma barreira para a entrada de O2,
modificando a atmosfera interna do tecido e atrasando a atividade metabólica. A
manutenção da firmeza foi observada por Reddy (2007) com o aumento da
concentração de quitosana.
O experimento com morangos terá continuidade com as próximas florações,
onde se espera um número maior de frutos para realizar as repetições. Os
tratamentos utilizados no morango também serão aplicados em amora-preta, mirtilo
e framboesa. Essas espécies não possuem a característica de floração do morango,
devendo apresentar quantidade de frutos suficiente para o experimento ser completo
e apresentar dados concretos a respeito da eficiência dos tratamentos utilizados.
50
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diversos são os métodos alternativos capazes de controlar a podridão pós-
colheita em morangos. Atualmente, a quitosana e o Tecsa®Clor parecem ser os
tratamentos mais viáveis devido a facilidade de encontrá-los disponíveis no
mercado, o baixo custo e em virtude de haver um maior número de pesquisas
avaliando sua eficácia. O controle biológico é uma alternativa satisfatória, no entanto
é dependente de características particulares de cada espécie e cultivar e do
microrganismo antagonista e ainda exige certos cuidados.
O experimento realizado não possibilitou avaliar os tratamentos de forma
conclusiva, sendo necessário realizar outros testes para analisar a viabilidade de
sua utilização em morangos. No entanto, a realização do experimento possibilitou
uma maior compreensão do processo da implantação de uma experimentação
prática, da importância do planejamento e do controle das variáveis envolvidas.
51
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ANEXOS
ANEXO 1- Morango com incidência de mofo cinzento
Fonte: en.academic.ru/dic.nsf/enwiki/147235
60
ANEXO 2 - Morangos plantados em sacos de PVC sobre estrado
61
ANEXO 3 – Pulverização manual
62
ANEXO 4 – Ponto de escorrimento
63
ANEXO 5 – Comparação entre os frutos tratados com quitosana (A) e o controle (B) após 10 dias de armazenamento, na primeira pulverização.
A
B