Jovem Sherlock - Andrew Lane

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    Equipe: Luzes.Dedicatrias

    Dedicado a Mike Elliott, Keith Garland, Derek Rothwell, Angus Martin, LynnMartinez (ou Lynn Furby, como ela era antes), Paula Fountain e (mais

    especialmente) Sonia Morrish as pessoas que m e ajudaram a sobreviver aosanos 1982-1985 com alguma parcela de sanidade. Obrigado por estarem l.

    Dedicado tambm a Steven Moffat, Mark Gatiss and Guy Ritchie, pormanterem a lenda viva nas telinhas e telonas.

    E meu grato reconhecimento a habilidade e diplomacia de Sally Oliphant,que tem trabalhado antes e alm da chamada do dever em me manter so efocado em tempos difceis, e Polly Nolan, quem gerenciou o corte de 12,000

    palavras de meu primeiro esboo (incluindo algumas centenas de desnecessriosusos da palavra just) e o melhorou incomensuravelmente.

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    Prlogo

    Os corredores e salas do Digenes Club so, possivelmente, os lugares maissilenciosos em toda Londres. A ningum l dentro permitido falar exceto nasala dos visitantes, e somente com a porta bem fechada. Os funcionrios quetrabalham l os criados e os garons tem tecidos acolchoados presos as solasde seus sapatos a fim de que possam se mover apenas silenciosamente, e os

    ornais que os membros do clube leem so impressos especialmente para oDigenes em um papel que no produz rudo quando folheado. A qualquermem bro que limpar a garganta ou assuar o nariz mais de trs vezes no ms dado uma advertncia por escrito. Trs advertncias resultam em sua expulsodo clube.

    Os mem bros do Digenes Club valorizam o seu silncio.Quando Amy us Crowe empurrou o criado no hall de entrada e atravessou o

    labirinto de corredores e salas de leitura at onde Mycroft Holmes estava

    esperando por ele, ele no disse uma palavra, mas havia algo sobre ele que fezcom que todos olhassem pra cima em desaprovao, e ento desviassem o olharrapidamente quando ele os encarava. Embora e le estivesse em silncio, mesmoque suas roupas mal fizessem rudo quando ele andava, mesmo que o couro dasola de seus sapatos fizesse um pouco mais que um rudo de raspar nos ladrilhos,ele parecia irradiar uma energia que crepitava ferozmente e estrondosamente.Ele parecia transmitir uma fria audvel em cada poro de seu corpo.

    Ele bateu a porta da sala dos visitantes atrs de si com tanta fora que nemmesmo as dobradias pneumticas especiais puderam impedir o bang!

    O que voc ouviu? Ele exigiu.Mycroft Holmes estava em p de um lado da escrivaninha. Ele estremeceu."Meus agentes confirmaram que Sherlock fora raptado em Farnham e

    transportado para Londres sob o efeito de drogas. Ele fora levado a bordo de umaembarcao nomeada Glria Scott."

    E o que voc est fazendo a respeito para resgatar seu irmo e meu aluno?Eu estou fazendo tudo o que eu posso Mycroft falou. O que no muito,

    eu temo. O navio partiu rumo a China. Eu estou tentando rastrear um manifesto

    com o qual eu consiga antecipar quando e onde o navio atracar para obtersuprimentos ao longo da rota. Mas isto est se m ostrando problem tico. Asviagens deste navio so organizados sob as ordens de seu capito, o qual notoriamente excntrico, de acordo com meus agentes. Seus pontos de partida echegada esto fixados Londres e Changai mas ele pode parar em qualquerlugar nesse meio tempo."

    E Crowe fez uma pausa e voc tem certeza de que Sherlock estvivo?

    Por que iriam drog-lo e rapt-lo se a inteno fosse mat-lo? Por que ter oaborrecimento de transport-lo a uma embarcao quando poderiam

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    simplesmente sepult-lo em um bosque qualquer? No, a lgica me diz que elepermanece vivo.

    Ento qual o ponto em lev-lo?Mycroft pausou por um momento. Seu rosto ficou, o que se pode dizer, mais

    grave. A resposta a esta pergunta depende de quem o levou.Eu acho que ambos sabemos a resposta a isto, Crowe rosnou.

    Mycroft assentiu. "Relutante como eu sou em tirar concluses com ausnciade evidncias, eu no posso pensar em nenhuma outra possibilidade. A CmaraParadol o tem."

    H alguma evidncia, Crowe ressaltou. "Em seu cam inho para Edimburgoele jura ter visto o Kyte, que terminou por ser um agente da Cm ara Paradol na

    plataform a da estao em Newcastle. Ele mencionou isso a Rufus Stone, e Stonemencionou a m im. Ns dois suspeitam os que a Cmara Paradol mantinha umolho nele, mas no imaginamos que eles tomariam qualquer ao."

    Mycroft assentiu novamente. "E isso explica a sua irritao, que no dirigida a mim m as a si mesmo. Voc est furioso por no ter antecipado operigo que Sherlock corria."

    Crowe desviou o olhar de Mycroft, seus olhos comearam a brilhar pordebaixo de suas espessas sobrancelhas brancas. "Voc disse que se soubssemosquem o teria levado ento saberamos o porqu o teriam levado. Ento Nssabemos que foi a Cmara Paradol. O que eles querem?"

    "A Cmara Paradol so perdoe-m e, voc gostaria de uma pequena dose dexerez seco? No? Bem, ento se importaria se eu me servisse? Sim, como voc

    sabe, a Cmara Paradol so um grupo de agitadores com motivao polticaque desejam mudar os governos a fim de a tingirem seus objetivos, que eu

    presumo que faam uma grande quantidade de dinheiro a partir da negociaode aes e venda de arm as, entre outras coisas. Eu tenho ouvido descries delescomo sendo uma pequena nao sem limitaes, territrio ou uma capital, o que

    parece um a descrio to boa com o qualquer outra. Em minha limitadaexperincia eles raramente tm apenas uma razo para fazer qualquer coisa.Qualquer atividade deles baseada em aes que contribuam para o progresso

    de uma srie de frentes. Se eu fosse arriscar um palpite" Ele interrompeu, emeneou sua grande cabea. "Um passatempo que eu acho repugnante, a

    propsito. Mas sim, se eu for arriscar um palpite, ento eu diria que suas razespara abduzir Sherlock so, primeiramente para puni-lo por seu envolvimento eminterromper vrios de seus golpes, segundo para prevenir que ele venha ainterromper mais desses golpes, e terceiro para j ogar a voc e a m im em umestado de confuso que dificultaria nossos esforos para descobrir o que seusoutros golpes realmente so."

    "Mas no iro mat-lo," Crowe ressaltou. "Por que no?""Matar Sherlock iria puni-lo por alguns segundos, aps o que ele no iria se

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    importar de um modo ou de outro com o que eles fizessem. Estando preso emum navio, separado de seus amigos, sua famlia e de qualquer possibilidade deuma refeio decente o tipo de tortura que dura por um bom tempo, semnenhum custo para eles. E em vez de dificultar nossos esforos pra descobrir seus

    planos, eles devem saber o suficiente sobre voc e sobre mim para entender quese Sherlock morresse ento iramos gastar cada momento e cada guinu para

    rastre-los e traz-los a justia.""Ou fazer nossa prpria j ustia," Crowe grunhiu. "O tipo de justia que vem

    no cano de uma arm a.""Por uma vez," Mycroft admitiu calmamente, "Eu s posso concordar com

    voc nesse caso.""Voc no pode enviar um navio da Marinha Real para interceptar esse

    Glria Scott?"Mycroft meneou a cabea. "Eu no tenho a autoridade para despachar uma

    embarcao por um rapaz, mesmo que este rapaz seja meu irmo. Mesmo queeu pudesse, eu no o faria. Estes navios tm deveres mais importantes,guardando nossas costas contra ataques e fazendo cumprir a vontade da rainha noexterior. Contra isso, a vida de uma criana no pesa muito." Ele suspirou, ecerrou o punho impotente. "Toda essa discusso nos deixou melhores informadasmas no em melhor posio. Ns no podemos ajudar o Sherlock. Ele est porconta prpria."

    "O Sherlock por conta prpria tem melhores recursos sua disposio do quea m aioria das pessoas rodeadas por amigos e familiares." O tom de Crowe era

    mais calmo agora, e a energia feroz que parecia irradiar de seu corpo tinhadiminudo um pouco.

    "Ele corajoso, ele forte e ele tem conhecimento de si mesmo. Oh, e ele habilidoso com os punhos tambm. Eu acho que ele vai perceber que ter de daro melhor de si. Ele sabe que a embarcao voltar a Londres, eventualmente, oque lhe d uma garantia de retorno que e le no conseguir se tentar pular donavio no meio da viagem para encontrar outro navio que venha na direooposta. O capito ser m o de ferro, porque os capites sempre so, e por isso

    ele vai pr o rapaz pra trabalhar. E ser trabalho rduo, mas ele vai passar porisso. E ele provavelmente vir atravs disso mais forte e autossuficientetambm."

    "Dificilmente o tipo de tortura que a Cmara Paradol estava pensando,"Mycroft ressaltou secamente.

    Crowe sorriu. "As pessoas encarregadas da Cmara Paradol, tanto quantoposso dizer, vivem uma vida confortvel, com servos para cuidarem de cadacapricho seu. Para essas pessoas, amarrar um mastro ou puxar uma ncora seriatortura. Para o jovem Sherlock isso ser uma aventura se ele optar por fazerassim."

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    "Eu espero que sim. Eu realmente espero que sim.""Eu acho que tirarei proveito deste xerez agora," Crowe disse. "Deus sabe que

    eu no consigo ver como isso me aproveita, m as eu sinto a necessidade de algumlicor forte."

    Mycroft ocupou-se enchendo um copo para Crowe da garrafa sobre oaparador.

    "Vou escrever umas cartas," ele disse enquanto lhe entregava o copo do outrolado. O qual quase se perdera na enorme e castigada pelo tem po, mo deCrowe. "Eles podem ser transmitidos por telgrafo para vrios portos ao longo darota. Eu posso garantir que as equipes diplomticas estaro a procura do GlriaScott. Eles transmitiro nossas mensagens e nos informaro sobre como ele est.Ele pode nos escrever. Haver navios em cada porto que ele descer que estarona direo da Inglaterra. Eles podero trazer as cartas de volta."

    "Ele s ficar fora por um ano ou mais," Crowe ressaltou. "Talvez menos, o

    tempo e o vento permitindo. Voc ir v-lo novamente."Mycroft assentiu. "Eu sei. Eu s Eu me sinto responsvel. To indefeso."Ele tomou um longo suspiro, firmando-se contra alguma repentina tempestade deemoes. "No contarei a Mam e, c laro. Sua sade no suportaria isso. E noescreverei para nosso Pai at que eu tenha mais notcias e talvez nem mesmodepois disso. Enviarei uma nota para nosso tio e nossa tia em Farnham, dizendo-lhes que est tudo bem. Eles esto preocupados com ele."

    "E eu vou encontrar alguma maneira de contar a Virgnia sobre o queaconteceu," Crowe falou. "E, francam ente, essa conversa me assusta mais do

    que qualquer outra coisa. Ela realmente tem ganhado afeio por este teuirmo."

    "E ele por ela," Mycroft refletiu. "Vamos esperar que as memrias queambos tem um do outro seja o suficiente para m ant-los"

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    Captulo 1

    Havia uma linha escura no horizonte. Sherlock podia v-lo enquantocontemplava todo o oceano. A maior parte do cu era azul-claro, mas l, aolonge, ia sombreando at um roxo escuro insalubre, como uma contuso antiga.Ele teria assumido que aquilo era terra, exceto por estar a oeste do navio. A nicaterra nas proximidades estava a leste o extremo sul da frica.

    Ele se perguntou se deveria contar ao primeiro imediato Sr. Larchmont sobre isso. O Sr. Larchmont colocara Sherlock sob sua proteo e dado a ele umlugar na tripulao depois que Sherlock tinha acordado e se encontrado a bordodo navio, j navegando para longe da Inglaterra. Talvez ele devesse comunicarao Capito Tollaway ele mesmo, mas o Capito era uma figura remota,raramente vista no convs. Talvez ele devesse apenas contar a um dos outrosmarinheiros. Sherlock olhou ao redor, mas estavam todos indo para seus deveresdespreocupadamente como ele deveria estar. Ele fora designado a limpar

    abaixo do convs: eliminando os pedaos de madeira e os comprimentos decordas velhas acumuladas ao longo dos dias, junto com a fina geada de sal quecobria tudo graas aos jorros de gua do oceano e a evaporao pela ao do sol.

    Ele meneou a cabea e voltou para o seu esfregar. Ele era o marinheiromenos experiente a bordo. No era seu trabalho trazer as coisas a ateno dosoutros. Eles no gostavam disso.

    Ele m olhou o esfrego em seu balde e limpou uma mancha do convs ondeum dos marinheiros tinha sangrado, mais cedo naquela manh. O homem teveseu dedo mindinho apanhado por um rolo de corda que tinha sido despachado, derepente, por um movimento das velas, levando o dedo junto. O mdico do navio

    na verdade um dos assistentes do Sr. Larchmont, que tinha um certoconhecimento de medicina limpou e fez bandagem na ferida, e o marinheiroestava agora descansando em sua rede com uma rao dupla de rum paraanestesiar a dor. Isto deixou uma lacuna na escala de servio que Sherlock sabiaque seria aguardado para preencher.

    Pelo que parecia ser a m ilsima vez, ele se perguntava como ele deixou deser um m enino que vive em Hampshire para ser um marinheiro em um navio

    com destino China. Havia uma lacuna em sua memria entre oadormecimento sbito, estando de volta na biblioteca de seu tio em Farnham, eacordando no Glria Scott. A melhor concluso a que ele podia chegar era queele tinha sido drogado, sequestrado e abandonado no navio antes que e le partisse,mas quem teria feito isso com ele, e por qu?

    A nica resposta que ele podia conceber era a organizao criminosacham ada Cm ara Paradol. Ele havia cruzado o cam inho deles muitas vezes.Talvez esta era sua vingana?

    Por um tempo Sherlock tinha planejado abandonar o navio na primeiraoportunidade para tentar encontrar o seu caminho de volta para casa, mas a

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    lgica finalmente superou a saudade de casa. O Glria Scott era uma varivelconhecida ele fizera amizade com a tripulao, ele tinha uma rede de descansoe comida, e ele sabia que o navio retornaria para a Inglaterra eventualmente. Seele fosse abandonar o navio a qualquer hora que ele atracasse para obtersuprimentos ele estaria sozinho, em um pas estrangeiro. Ele poderia ser vtimade qualquer nmero de criminosos, e no havia nenhuma garantia de que

    qualquer navio que pudesse encontrar a caminho de casa seria to confortvelquanto o Glria Scott e o Glria Scott estava longe de ser confortvel o bastante.

    Suspirando, ele empurrou os detritos do convs para a lateral. Havia espaosnas grades l atravs da qual ele poderia em purr-los e v-los cair na gua. Asaves marinhas albatrozes e gaivotas que seguiam o navio mergulharam parainvestigar, no caso de haver comida entre a m adeira e as fibras de corda. Muitoabaixo, os detritos bateram na gua jorrando um spray branco.

    Sherlock levantou o seu olhar para o horizonte novamente, para verificar

    aquela linha escura, mas seus olhos foram atrados para um movimento debaixoda gua. Enquanto ele olhava, uma forma cinza cintilante rompeu a superfcie.Era um peixe, mas um que parecia ser maior do que ele prprio to grandequanto seu tutor, Amyus Crowe. Ele engasgou de surpresa com os outros cinco no, dez ou mais formas romperam a superfcie aps o seu lder. Eles eramcompridos, com nariz alongado, e cauda achatada, e seus olhos eram grandes eescuros.

    Cortejando as bonequinhas? algum cham ou atrs dele.Sherlock virou a cabea e gritou de volta, "Uma delas diz que tua esposa!

    Ela disse que voc prometeu lhe enviar metade dos seus salrios, mas vocnunca o fez. Ela veio busc-los!"

    Houve risadas dos marinheiros no convs. Sherlock descobriu depressa queeles estavam sempre sondando uns aos outros com piadas pessoais. Isso o fazialem brar dos ces sempre m ordendo uns aos outros, e dando dentadas paraestabelecer quem est no comando. Voc poderia se ofender, e neste caso as

    piadas ficariam mais duras e pontiagudas, ou poderia entrar no j ogo, e fazendoisso elevar o seu status. Sherlock estava tomando a segunda opo desde que ele

    se juntara a tripulao, e aparentem ente estava funcionando. Eles o aceitaram, eele no ficara na parte mais inferior da hierarquia. Ele tinha um longo caminhoat o topo, mas, pelo menos, ele era tratado como um deles, no como umintruso.

    Um dos da tripulao Jackson, era nome dele estava perto de Sherlock.Ele indicou as coisas na gua com uma toro do seu polegar. Nunca viu umdesses antes, eu presumo.

    Isso verdade, Sherlock admitiu. O que so? Ns podemos com-los?Jackson se benzeu. Eles so botos, ele falou, e m sorte matar um,

    quanto mais com-lo. Eles se mantm na companhia do navio. Alguns dizem que

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    se um m arinheiro cai ao mar, ento eles circulam ao seu redor e o mantm nasuperfcie, e lutam com qualquer tubaro que tente chegar at ele.

    Tubaro? Sherlock perguntou.Os lobos dos oceanos, Jackson falou. "Com dentes iguais a uma serra de

    fita. Eles arrancam seu brao fora apenas para escovar os dentes com ele."Certo. Vou tentar no cair ento. Ou, se eu for cair, tentarei fazer isso s

    quando houver qualquer boto por perto. Ele aproveitou a oportunidade paraacenar em direo ao horizonte. O que aquilo? Ele perguntou. Aquela corde aparnciaestranha.

    Jackson levantou seu olhar para o horizonte, e franziu o cenho.Voc tem uma boa viso, ele admitiu. Aquilo me parece uma tempestade

    tropical. O Sr. Larchmont vai querer saber sobre isso. Voc quer ir l e contar aele?

    Sherlock meneou a cabea. Voc conta, ele disse. Ele sabia que o Sr.

    Larchmont mantinha uma lista mental de todos os marinheiros, com umapequena m arcao em cada nome para denotar o quo bem ou quo mal elepensava de cada um deles. Essas marcaes deslizavam para c ima ou para baixodependendo se os marinheiros estavam trabalhando duro ou no, quosubordinados eles pareciam, como prestavam deferncia a ele e ao Capito e emquantas brigas eles se envolviam a bordo do navio. Por ser o primeiro marinheiroa trazer a ateno do Sr. Larchmont para a tempestade, Sherlock poderia obteralguns pontos adicionais se aquilo fosse uma tem pestade. Mas por passar aoportunidade para Jackson, Sherlock poderia fazer do marinheiro um amigo mais

    achegado, o que poderia se provar til no futuro.Obrigado, Jackson falou, olhando para Sherlock curiosamente. Eu no me

    esquecerei disso.Ele deu m eia volta e cam inhou em direo a seo elevada na parte de trs

    da em barcao, onde se localizava a sala do leme, e onde o Sr. Larchmontgeralmente poderia ser encontrado.

    Sherlock olhou para o horizonte novamente. A linha escura estava agora aindamais pronunciada. Aquilo se estendia at acima do horizonte como um par dedos

    de um brao comprido, e as bordas estavam se alongando para os lados, comobraos buscando cercar o navio. Havia algo sobre a cor roxa no natura l datempestade que o fez sentir um frio na boca do estmago. Ele podia sentir uma

    briza quente em sua face, soprando da direo da tempestade. Ele notou que oconvs estava balanando sob os seus ps com mais fora do que momentosantes. Quando ele olhou a grande massa verde cinzenta do oceano, ele pode verque as ondas estavam ficando maiores, e a espuma branca em seus topossopravam como a espuma de um copo de cerveja flutuando na superfcie dasguas.

    "Marujos! Todos no convs!" Uma voz rouca chamou. Sherlock virou-se para

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    ver o Sr. Larchmont em p na elevao na parte traseira do navio. Jackson estavaem p ao seu lado. Levantem tantas velas quanto for possvel, e apertem todasas cordas, Larchmont gritou, sua voz ecoando claram ente de uma extremidadea outra do Glria Scott. "Uma tempestade se aproxima, rapazes! a me detodas as tempestades que est vindo, e ns vamos tentar super-la." Ele segurouJackson pelo ombro. V e notifique o Capito, ele disse, m ais quietam ente.

    Sherlock poderia dizer quais eram as palavras da forma como suas bocasmexiam. Diga-lhe o que est acontecendo.

    Sim senhor, Jackson respondeu, e deu meia volta.O convs do navio estava de repente um turbilho massivo de atividade, com

    os marinheiros correndo ou subindo em todas as direes.O olhar de Larchmont caiu sobre Sherlock, que estava parado em p em

    meio aquele caos. Vam os, jovem clandestino! Levante este cordame e chequeos cabos de vela do mastro de proa para apert-los ou eu deixo voc pra trs com

    um bote a remo para enfrentar a tempestade sozinho!Sim, sim senhor! Sherlock correu para a rede de cordame mais prxima.Isto conduzia como uma teia de aranha feita de cordas at as inmeras velas. Acorda era spera contra a pele, e ele sentiu seus recm-desenvolvidos msculosretesando ao puxar-se para cima. O navio arfou e sacudiu empurrado contra asfortes ondas: por um momento, ele inclinou-se, Sherlock olhou para baixo e viu omar diretamente abaixo dele. As ondas quase pareciam chegar at ele centenas de mos plidas arranhando seu caminho a partir da gua. Ele sacudiuessa imagem para longe e continuou escalando.

    Ele chegou a vela mais baixa e se arrastou ao longo da verga, pressionando osdedos contra a madeira spera, verificando por sua vez cada uma das cordas queamarravam o topo da vela a verga. Estavam todas apertadas nenhuma chancede escaparem com a tempestade a menos que fossem particularmente ruins. Elemanteve um firme controle sobre as cordas para evitar que ele mesmo casse, emanteve um olho nas lascas sobre a madeira da verga. Ele tinha visto o queacontecia com os marinheiros que tinham uma lasca enfiada em suas peles: aferida podia ficar infectada e inchar duas vezes o seu tamanho normal, e ento

    ficaria insensvel ao toque e a rea lesada teria que ser removida. Havia mil euma maneiras de ficar gravemente ferido em um navio. Por uma vez, Sherlock

    pode ver o ponto de vista Mycroft a maneira mais segura de se continuar aviver era ficar em casa todo o tem po. Mas se voc fizer isso, voc fica de fora detoda aventura. Ele sorriu para si mesmo. Talvez a m elhor coisa a se fazer eratravar uma am izade com um m dico dessa forma voc sempre teria umtratamento ao alcance da mo.

    Distrado com esses pensamentos, sua mo deslizou em um pedao de algaque de alguma forma tinha se enroscado no comprimento de corda e eleencontrou-se caindo. Ele apertou suas pernas em torno da verga mas o peso de

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    seu corpo o arrostou em torno dele at que ele estivesse pendurado de cabeapara baixo. A lona molhada da vela perm anecia esbofeteando sua face conformeo vento passava por ela. Ele no conseguia se orientar. Qual era o lado de cima?Ele arqueou as costas e estendeu a m o para onde ele imaginou que a vergaestaria, mas suas mos permaneciam agarrando o ar.

    Ele podia sentir suas pernas escorregando. A qualquer segundo agora ele

    despencaria todo caminho at o convs de cabea para baixo.Sua mo direita segurou em alguma coisa quente. Ele se agarrou

    freneticamente aquilo, e sentiu-se sendo puxado na vertical. Sua mo esquerdaagarrou uma corda e ele soltou-a desesperadamente. De repente ele estava na

    posio correta novamente. Ele olhou para a face da pessoa que o salvara. Eraum m arinheiro jovem cham ado Gittens. Ele encarava Sherlock desde cima deonde ele havia se agachado, agarrando-se ao mastro com o brao esquerdo.

    Obrigado, Sherlock ofegava.

    Marinheiro de primeira viagem! Ele largou abruptamente da mo deSherlock e escalou o mastro para a vela seguinte sem olhar para trs. Sherlockmanobrou at o mastro e puxou-se para cima arrastando-se por uma corda. Eracomo segurar no topo de um tronco de rvore no meio de um terremoto. Omastro chicoteava para trs e para frente como se o navio estivesse sendo jogado

    pelas ondas. Ele tomou um momento para olhar para o distante horizonte, e emseguida desejou no t-lo feito. A tempestade agora ocupava completamente umquarto do cu. Estava chegando sobre eles.

    Os outros marinheiros foram tomando suas obrigaes, e Sherlock sabia que

    ele deveria tomar as suas. Apesar da palpitao de seu corao, e o terror queele poderia sentir escorrendo como gelo ao longo de seus nervos, ele se mexeu

    passando pelo mastro para o outro lado da verga para checar as cordas de l.Elas estavam todas vibrando. No tempo em que ele voltou ao mastro principal eleestava encharcado com uma mistura de gua do mar e suor, e seus msculosdoam como se tivesse corrido uma maratona. Aliviado, mas com bastantecuidado, ele desceu desajeitadamente da teia do cordame para o convs.

    Ele nunca se sentira to feliz em ter algo firme sob seus ps como naquele

    momento.O Sr. Larchmont estava perto. O cordame est bem preso no mastro,

    senhor, Sherlock reportou.Bom trabalho, rapaz. O primeiro imediato virou-se para olhar para ele.

    "Voc tem o que necessrio para ser um bom m arinheiro. Se passarmos poressa tempestade e chegarm os a Xangai inteiros, voc poder ficar. Se vocquiser."

    Eu gostaria disso, senhor, Sherlock respondeu. Apenas se for voltar para aInglaterra, e meus amigos, pensou ele.

    Larchmont se afastou, repreendendo um pobre marinheiro que tinha deixado

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    um comprimento de corda correr muito rpido por entre os seus dedos, e agoraestava olhando para as palmas de suas mos sangrentas em estado de choque.Saia do caminho, seu idiota desajeitado!Larchmont gritou. Deixe isso paraalgum que saiba o que est fazendo! Quando ele pegou a ponta corda eempurrou o homem para longe Larchmont se virou para ver o que estavaacontecendo atravs do convs. Lacrem todas as escotilhas! Ele gritou.

    Prendam tudo o resto que possa se m over. Oh, e levem essas cabras e ovelhaspara debaixo do convs antes que elas virem comida de tubaro!

    Um rangido de madeira atraiu ateno de Sherlock. Ele olhou para cima,para onde os mastros balanavam e as velas agitavam-se. As velas esticaram-sesendo empurradas pelo vento, e os mastros pareciam quase estar se dobrando

    para a frente sob a imensa presso. Um imenso movimento de espuma emforma de V se lanava para trs do navio a partir da proa, e Sherlock podia ouvirum som de assobio enquanto o navio cortava as ondas separando-as. Ele olhou

    para c ima de novo. O azul puro do cu equatorial transform ou-se em umaestranha sombra m etlica. Algo estava faltando, e ele levou um momento paradescobrir o que era. Pssaros. As sempre presentes aves haviam desaparecido.Sabendo que uma tempestade se aproximava, elas provavelmente aproveitaramsua chance de sair do caminho, cavalgando os ventos precursores para uma reamais calma. Muito sensveis tambm, Sherlock pensou.

    Parecia de repente, muito mais frio no convs, e as luzes assumiram um tomameaador. Olhando para trs, em direo a popa do navio, Sherlock viu quenuvens roxas haviam obscurecido metade do cu agora. Um punhado de gotas de

    chuva espirrou atravs de seu rosto e sua testa no frias e finas como agulhas,como ele teria esperado de volta a Inglaterra, mas eram gordas e quentes.Sherlock apoiou-se enrolando o brao com o cordame e olhou ao redor, tentandodescobrir se havia alguma coisa que e le poderia fazer para aj udar. Ele viu algoque fez seu corao apertar com um sbito medo. A medida que a frente do

    barco torc ia de uma maneira, a parte traseira torcia de outra. Toda a estrutura donavio fora flexionado nas garras do vento e das ondas. Para Sherlock, que vinha

    pensando no navio como algo slido, aquilo era uma revelao, e no uma m uito

    boa. De repente ele percebeu o quo frgil era esta pequena estrutura demadeira e pano que havia se tornado seu mundo.

    Sherlock! Uma voz chamou. "Sherlock! Por aqui!"Ele olhou na direo de onde a voz vinha. Uma das escotilhas ainda no

    estava lacrada, e uma figura saia dela, o cabelo preto emplastrado atravs de seurosto e seus olhos. Era Wu Chung o cozinheiro do navio. Ele era um homemgrande e alegre, com um rabo de cavalo preto, um longo bigode que pendia decada lado da boca e a pele cheia de marcas por causa de a lguma doena. Eletinha se tornado a coisa mais prxima de um amigo que Sherlock teve no GlriaScott, e ele estava at m esmo pacientemente ensinando Sherlock a falar o

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    cantons a lngua que era falada em Xangai, para onde estavam indo.Sherlock soltou o cordame e cambaleou at a escotilha, tentando antecipar o

    balano do convs conforme e le ia. O cozinheiro o segurou pelo brao paraimpedir que ele passasse direto com o vento. Preciso de voc na cozinha, e legritou contra o rugido do vento. Minhas panelas e frigideiras, elas estoespalhadas pra todo lado. Preciso deix-las protegidas.

    Tudo bem! Sherlock gritou, e seguiu Wu descendo as escadas da escotilhapara o interior do navio.

    Os corredores eram uma massa tremulante de sombras, o balano e avibrao do Glria Scott fez com que as lanternas, que eram fixadas em ganchosao longo das paredes, rolassem para frente e para trs. A luz das velas dentrodelas faziam tudo parecer amarelo e doente. Sem a viso de um horizonte paramanter o senso de equilbrio intacto, Sherlock estava comeando a sentir-seexatamente assim. O cheiro ali era a combinao usual de humanos no

    banhados e velas de sebo. gua espirrava em todos os conveses enquanto o naviose movia. Normalmente era s nas profundezas negras do poro que a guapenetrava, mas parecia estar presente em todos os lugares.

    Sherlock seguiu Wu at a cozinha, que era um cmodo estreito, no final deum dos corredores. O fogo j estava apagado, Sherlock notara , caso contrrioalguma fa sca poderia cair e atear fogo a alguma coisa. As panelas de cobre queWu utilizava deveriam estar penduradas em ganchos no teto, mas a m aioria delastinha cado e estavam rolando no cho. As poucas que restavam balanavam

    perigosamente. Um golpe de uma delas poderia deixar um homem inconsciente.

    Armrios e gavetas foram construdos em todos os cantos disponveis, e como onavio balanava de um lado para o outro as portas se fechavam e abriam, e asgavetas deslizavam para frente e para trs. Era como se um fantasma malvoloestivesse tentando causar o caos. O som era ensurdecedor.

    Wu estendeu a mo para Sherlock. Tome! ele disse. Sherlock ergueu asmos em concha, e Wu deixou cair dez ou mais pequenas cunhas de madeira.Cunhe as gavetas e portas rpido, ele disse. Faa isso agora!

    Sherlock pegou a ideia. Rapidamente, evitando a pista de obstculos de

    panelas balanando, ele encunhou todas as portas dos armrios e gavetasfechadas empurrando os tringulos de madeira em qualquer brecha que ele

    podia ver e martelando suas bases com a palma de sua mo. Wu, por sua vez, fezo seu melhor para descer o resto das panelas sem t-las atacando seus miolos eogou-as em um grande arm rio.

    Ao redor deles, Sherlock podia ouvir as vigas de madeira do navio ranger,devido ao stress a que estavam sendo submetidas. Certa vez, em Londres, eletinha visto uma carruagem de madeira se partindo inteira quando tentara fazeruma curva m uito rapidam ente vindo a tombar e cair no cho. Agora ali estavaele, dentro de uma grandiosa caixa de madeira presos entre si com nada alm de

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    pregos e alcatro, muito longe da costa para nadar para a segurana caso o naviose partisse.

    Era isso que a Cmara Paradol tinha em mente para ele? Este era o castigo?Quando todas as gavetas e portas estavam seguras, ele virou-se para Wu. O

    rangido e gemido das vigas do navio eram grandes demais pra que algumpudesse ouvir qualquer coisa, ento ele fez um gesto em volta encolhendo os

    ombros quando gritou: Eu quero estar no convs! Na verdade, ele no queria ele simplesmente no queria ficar preso dentro do navio caso a tempestadeviesse a emborc-lo, mas Wu no era uma marinheiro. Wu concordou. Seu rostoem forma de lua cheio de cicatrizes de varola estava srio. Ele meio queempurrou Sherlock para a porta, dirigindo-se esquerda, para longe da escotilhaque levava ao convs. Sherlock resistiu. Quando Wu tentou empurr-lonovam ente, Sherlock agarrou seu pulso e balanou a cabea violentamente.

    Wu obviamente queria estar to longe quanto possvel da tempestade, e se

    isso significava se aprofundar nas entranhas do navio ento estava tudo bem paraele.Wu tentou empurrar Sherlock novamente, mas Sherlock meneou a cabea.

    No! Ele gritou. Wu parecia ler em seus lbios o que ele estava dizendo,porque ele soltou o ombro de Sherlock e lhe deu batidinhas tristem ente. Aquiloera um adeus, uma separao. Wu obviamente, no esperava ver Sherlocknovamente.

    Sherlock deslizou passando pelo cozinheiro chins e meio que correu, meioque tropeou em direo escada que levava a escotilha.

    Ele virou-se quando colocou o p no primeiro degrau, e viu o cozinheiro decostas largas desaparecer ao contornar uma curva. Ele arremeteu at a escada,esperando que Wu estivesse errado, e que am bos sobrevivessem. Que todos elessobrevivessem.

    Trs marinheiros iam fixar a tampa de madeira da escotilha quando elecolocou a cabea sobre a borda. Eles estavam encharcados da cabea aos ps, eos seus rostos estavam abatidos com a tenso e o medo. Um deles puxou-o paracima, enquanto os outros desceram a tampa no lugar e a pregaram.

    As coisas estavam piores do que antes ali no convs. O cu estava um roxo dehorizonte a horizonte ou, pelo menos, seria assim, se o horizonte estivessevisvel. Como estava, a visibilidade cara para zero a apenas algumas centenas demetros do navio. Sherlock ficou um segundo ou dois absorvendo tudo isso asondas que subiam mais alto do que o navio, a espuma que cobria tudo, o fortecheiro de sal no ar e, em seguida, correu para o cordame mais prximo ondeele poderia enrolar seu brao em uma corda e pendurar a li sua preciosa vida.Quando estava a m eio cam inho de seu objetivo o navio de repente deu umaguinada para um lado e o convs horizontal tornou-se uma rampa inclinada emque ele derrapou, lascas pegando em suas roupas. Ele bateu na grade ao redor da

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    borda do navio, quase quebrando as pernas, e ele teria passado por entre aslacunas e desaparecido nas guas turbulentas abaixo se no tivesse conseguido seagarrar a um boto de bronze firmem ente aparafusado na grade de madeira. Elese perguntara m uitas vezes para que aquele boto servia aparentem entenenhum dos marinheiros nunca amarrou qualquer coisa a eles mas sej a qualfor o uso a que era destinado, ele estava grato por aquilo estar ali quando ele

    precisou. Cuidadosam ente ele se puxou de volta ao convs girando um brao, emseguida o outro em torno da grade, seguido de perto por suas pernas.

    Seu corao estava batendo forte em seu peito, e ele podia sentir a gargantafechando com o terror. A tempestade os tinham alcanado com uma velocidadeassustadora.

    Os outros marinheiros estavam espalhados em torno das plataform as, cadaum com os braos enrolados no cordame de modo que uma onda no os levasse

    para o m ar arfante.

    Um flash de luz de repente o cegou. Automaticamente ele contou os segundos um dois e, em seguida, um estrondo tremendo ecoou por toda parte.Sherlock podia senti-lo por meio da m adeira do convs e das grades, tanto quantoouvi-lo. Duas milhas. A tempestade continuava a duas milhas de distncia. Elesabia que tinha isso porque Mycroft lhe disse uma vez que a diferena de cadasegundo entre troves e relmpagos significava que a tempestade estava a maisuma milha de distncia.

    E se era assim a duas milhas do centro da tempestade, como seria emseguida no centro dela?

    Atravs da chuva e da gua do mar que espirrava ao redor, ele conseguiu vero Sr. Larchmont em p na sala do leme. Suas pernas estavam apoiadas contra oconvs e suas mos firmemente agarradas a uma grade que Sherlock podia jurarque elas estavam embutidas na madeira. Seu cabelo chicoteava ao redor de seurosto. Ele no parecia assustado, nem aflito. Ele parecia apenas determinado. Eleolhou diretamente para baixo ao centro do navio, como se desafiando atempestade a fazer o seu pior. Sherlock viu seus lbios se m overem e,inacreditavelmente, ouviu o tom de comando de sua voz, at mesmo acima da

    tempestade.Soltem as velas! Ele gritou. Soltem as velas se vocs quiserem ver suas

    mes e suas amantes de novo!Sherlock olhou para as velas, e compreendeu imediatamente. Elas estavam

    bem esticadas sob a fora do vento to esticadas que elas poderiam rasgar decima a baixo se a tempestade piorasse e se o Glria Scott estava a duas milhasdo centro dela, poderia muito bem piorar. As cordas que seguravam as velastambm estavam to tensionadas quanto cordas de violino. Elas poderiam seromper, deixando a lona oscilar de forma destrutiva. O vento poderia tambm virforte o suficiente para tombar o navio, caso no rasgasse as lonas. Se as velas

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    fossem soltas logo, a tripulao teria uma chance. Eles estariam a deriva e amerc da tempestade, sem saber onde parariam, mas suas chances de passar porela aumentariam.

    Inacreditavelmente, alguns marinheiros comearam a m exer-se de seuslugares seguros em todo o convs convergindo ao ponto em que as velas eramanexadas. Sherlock no tinha certeza se eles estavam mais assustados com o Sr.

    Larchmont do que com a tempestade, ou se eles simplesmente sabiam queteriam que arriscar suas vidas para salvar o navio. Sej a l qual fosse a razo, eleschegaram aonde as cordas estavam enroladas em ganchos e estacas e, dois outrs juntamente, aplicavam sua fora sobre ela, e aliviavam a tenso das cordasdeixando-as livres. De imediato o vento pegou as velas esticando as cordas, masento o vento mudou de direo deixando as velas soltas e as cordas cederam,apenas para serem tensionadas novamente momentos depois.

    Sherlock olhou para alm das grades, e prendeu a respirao. Certa vez, um

    ano atrs ou mais, ele tinha acordado em um quarto num castelo da Franapertencente ao baro Maupertuis. Pensando que ele estava em Farnham, eleabriu as cortinas, e ficou chocado sem palavras pela viso das montanhas fora daanela. Agora l estava ele novamente, olhando para as montanhas em

    perplexidade, mas estas montanhas eram feitas de gua, e elas estavam muitomais perto. To perto que ele quase que podia estender a m o para toc-las.

    De repente a imensido e a grandeza do mundo o comoveu. Um sentimentode exultao parecia inundar-lhe o corpo, lavando todo o medo e o substituindo

    por um deslumbrante espanto. Farnham era pequena. Londres era pequena.

    Havia tanta coisa l fora para ver. Como podia Mycroft ficar em seuapartamento e em seu clube e em seu escritrio, passando de um para o outroem uma carruagem fechada, quando havia todo esse espetculo do mundo?

    A verdadeira tempestade estourou mais de uma hora depois, mas at aSherlock j tinha perdido o controle sobre suas em oes. A partir daquelemomento ele era apenas um espectador, impressionado com tudo o que via. Todaa sensao fsica o medo, o cansao, a dor, a fome tudo isso desapareceraem face da das incrveis imagens e sons da natureza em jogo. No importava

    que o Glria Scott estava sendo lanado em volta com uma folha na beira dacachoeira, no importava que um raio tivesse atingido o mastro principal duasvezes, deixando profundos cortes na m adeira seca e um cheiro de queimado emseu rastro; no importava que tanta gua inundasse o convs que as pranchasficassem invisveis sob ela e as escotilhas lacradas estivessem vista somente

    porque a gua se chocava contra e las e espirravam para cima. Nada dissoimportava. O navio e os marinheiros eram como formigas em face algo toenorme e imparvel e belo.

    No estgio em que ele havia imergido entre o sono e o estado hipntico, elepermanecia com os olhos abertos, mas no via nada. Ele voltou gradualmente

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    aos seus sentidos para descobrir que a tempestade havia diminudo. Osmarinheiros estavam atravs do convs, apertando as linhas, destampando asescotilhas e varrendo a gua do convs de volta pro mar tanto quanto possvel. Ocu estava azul novamente, azul e claro. Havia, mais uma vez, pssaros seguindoo navio espera de alimentos serem jogados no mar.

    O Sr. Larchmont estava a poucos metros de distncia. Ele olhou para

    Sherlock.Aproveitou o seu pequeno sono? Perguntou ele.Sherlock sabia o que era esperado que ele dissesse. Pronto para o servio,

    senhor! Ele retrucou, subindo para seus ps.Fico feliz em ouvir isso, Disse Larchmont. Ele olhou para o mastro. Eu

    vejo algumas linhas soltas por a. Eu ficaria muito grato se voc os apertasse paramim.

    Sim, senhor! Sherlock dirigiu-se para o equipamento, mas voltou-se e olhou

    para Larchmont por um momento. Quantos marinheiros perdem os, senhor?Larchmont meneou a cabea. Muitos, Disse ele calmamente. E bonshomens, todos eles.

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    Captulo 2

    Apesar de todo o esforo do dia anterior, Sherlock acordou cedo. Deitado narede, balanando suavemente de um lado para o outro na escurido relativa darea de dormir o que era um pouco mais do que uma seo alargada docorredor com ganchos aparafusados em cada lado da parede onde as redes

    poderiam ser penduradas ele escutou por um tempo o rudo de fundo suave das

    madeiras rangendo, as ondas batendo contra as laterais do navio, marinheirosroncando, roncando ou falando durante o sono, e o som dos homens desajeitadosque saiam ou entravam em suas redes. O trabalho de vigia no Glria Scott duravao dia todo e a noite toda, claro, e quando um turno comeava o outro ia dormir.Sinos tocavam para sinalizar o incio e o fim dos turnos, e Sherlock no teria seuturno por um tempo ainda.

    Eventualmente Sherlock deslizou para fora de sua rede e vestia-se com asmesmas roupas que usara no dia anterior, e no dia antes desse, e em todos os dias

    anteriores que levavam at o dia do seu rapto. A sua nica lavagem de roupa foia imerso nas ondas que teve na lateral do navio. Esquivando-se por debaixo dasredes que, estranhamente, quase lembravam as velas do navio por seu volume,estando elas ocupadas, ele fez o seu caminho para a cozinha.

    Wu Chung estava ausente. Em seu lugar, outro marinheiro um indivduocadavrico chamado Scorby estava servindo uma mistura de biscoitos duros,mingau de aveia e carne seca. Sherlock levou um prato, sentou-se em um bancovago e brevemente riu-se daquilo. Ele se perguntou o que teria acontecido aocozinheiro Chins. A ltima vez que Sherlock o viu, Wu estava indo em direo as

    profundezas do navio. Ser que ele tinha sobrevivido a tempestade, ou algo lhetinha acontecido? Talvez ele tivesse acidentalmente batido a cabea em uma viga

    baixa quando o Glria Scott fora inspecionado de ponta a ponta pela pesada m odo vento. Ou talvez ele tivesse ido at os pores a escurido, as profundezasinundadas mais prximas da quilha e de alguma forma cado e se afogado nagua estagnada que infiltrava por detrs e debaixo.

    Sherlock em purrou o prato vazio e se levantou. Seu lugar foi imediatam entetomado por outro marinheiro. Voltando para onde Scorby ainda estava servindo,

    ele perguntou, Onde est o Wu?Wu Chung? Scorby perguntou, como se houvesse outro marinheiro chins a

    bordo chamado Wu a quem Sherlock poderia estar se referindo. L no convs,companheiro. Ele est fazendo alguma espcie de dana estranha.

    Sherlock sentiu um banho de alvio em cima de si. Wu no era exatamenteum amigo, mas ele era um dos poucos marinheiros que tivera qualquer interesse

    por ele. Se Wu tivesse morrido quem mais ensinaria cantons a Sherlock?Ele dirigiu-se a escada que leva ao convs. A luz brilhante o fez piscar e

    apertar os olhos. Depois que eles se ajustaram ele olhou em volta, checando osdanos que a tem pestade havia causado. Era como se nada tivesse acontecido. As

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    velas estavam infladas, os mastros e verga estavam intactos, e o convs estavato seco como sem pre esteve. Os marinheiros do turno se m oviam ao redornormalmente. Apesar da violncia da noite anterior Sherlock tinha a impressoque as tem pestades tropicais eram algo que acontecia, lidavam com elas e asesqueciam . Todos e tudo mudaram.

    Wu Chung estava em p no centro do convs. Ele estava apoiado com todo o

    seu peso na perna direita flexionada. Sua perna esquerda estava estendida sobre oconvs sua frente. Seu brao direito estava levantado em forma de ganchoquase cobrindo a parte traseira de sua cabea, e seu brao esquerdo estavaestendido para coincidir com sua perna esquerda. Seus dedos estavam juntos emforma de anel, com a palma de sua m o virada para cima, como se estivesseapontando algum que se aproximava dele. A pose em que estava era como seestivesse colocando um estresse significativo nos msculos da perna direita e nascostas, mas ele continuou ali parado como uma esttua por um minuto ou mais

    antes de mudar lentamente para outra pose.Enquanto Sherlock assistia, Wu Chung tomou uma srie de poses de esttuaintercalados com movimentos lentos. Como Scorby descrevera, era como umadana, m as era m ais do que isso. Sherlock comeou a detectar elementos que serepetiam nas poses obstrues e ataques, como se Wu estivesse envolvido emuma luta muito lenta contra um oponente invisvel.

    Eventualmente, ele se endireitou, deixando cair os braos para os lados. Elerespirava profundamente, mas no demasiado. Ele olhou para onde Sherlockestava em p.

    Voc me assistiu praticando, n? ele falou em ingls.Sim. O que que voc praticando?Wu sorriu. O que voc acha?Acho que foi como uma luta, tipo boxe, mas diferente. Eu acho que

    shadow-boxing.Wu m eneou a cabea, e se inclinou ligeiram ente para Sherlock. Muito bom.

    A maioria das pessoas dizem que eu estou danando mal.Eu nunca o vi fazer isso antes.

    Voc nunca esteve acordado to cedo antes. Eu fao isso todas as manhs,por uma hora.

    Porqu? Sherlock perguntou simplesmente.Ah, essa uma boa pergunta. Wu veio e ficou ao lado de Sherlock. No seu

    pas, o boxe algo que os homens aprendem para que eles possam acertar outraspessoas e faz-las sangrar. Em meu pas, o Tai Chi Chuan algo que as crianasaprendem de forma que possam acalmar sua mente e dominar seus corpos.

    Tai Chi Chuan? Sherlock perguntou.Significa punhos sem limites, ou talvez extremamente grandioso boxeConte-me mais, Sherlock pediu.

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    Wu apontou para uma rea vazia em um lado do convs. Vamos sentar. Hmuito a dizer, e eu no sou to jovem como fui uma vez. Uma vez que am bossentaram, de pernas cruzadas sobre o convs, ele comeou a falar, e Sherlockescutava, fascinado. Gostaria de comear por dizer-lhe que existem dois estilosdiferentes de luta na China. Este o Shaolinquan, que sobre ele agitou os

    braos ao redor descontroladam ente ao e atividade, tudo sobre o corpo

    fazer as coisas, e este o Wudangquan, que tudo sobre a mente controlar ocorpo. Ele fungou de m aneira zombeteira. Aqueles que praticam Shaolinquandesenvolvem a fora e o vigor, mas os que no so bons nesse tipo detreinam ento logo perdem o flego e ficam esgotados. O Wudangquan diferente. Ns nos esforam os para sossegar o corpo, a mente e a iniciativa.Procuram os nos concentrar em nosso interior a partir de onde todas as nossasatividades devem comear.

    Eu no entendo, Sherlock admitiu.

    Bom, disse Wu. Isso um comeo. Ele pausou por um m omento,reunindo seus pensamentos. J lhe contei um pouco sobre a China, mas vocdeve saber m ais sobre os Chineses antes de chegar l. Ele olhou em volta paraos outros marinheiros. Estes homens so todos tolos. Eles no se preocupamcom para onde eles esto indo. Eles querem que todos os lugares aonde vo sejaigual mesma comida, m esma lngua, os mesmos tipos de pessoas. Eles no seinteressam em diferenas, s em mesmice. Voc! Voc diferente. Vocobserva as diferenas e est interessado nelas. Voc mais inteligente do queeles.

    Eu sempre m e interessei em aprender coisas, Sherlock admitiu.No seu pas, boxe e Deus e alimento e natureza eles so diferentes, no ?Si sim, Sherlock respondeu, no tendo certeza onde Wu queria chegar.Na China so todos parte de alguma coisa. Acreditamos que tudo est

    conectado. Mudar uma coisa afeta todo o resto. Ele sorriu.Wu continuou falando, e Sherlock ouvia, mas ele no estava certo se entendia

    o que era dito. Mas isso no importava. Wu era, obviamente, apaixonado por suascrenas, e Sherlock encontrou-se encantado com a e loquncia de seu amigo. Em

    certas horas Wu escorregava para o cantons quando no sabia quais as palavrasem ingls corretas a usar e Sherlock percebeu que conseguia acompanhar aconversa. O que Sherlock entendeu que o Tai Chi Chuan era algo entre ummodo de meditar e uma forma de luta, e que era um reflexo de um aspectoreligioso mais profundo da vida chinesa.

    Eventualmente quando Wu cessou as palavras, Sherlock perguntou, Vocpode me ensinar?

    Eu j estou lhe ensinando cantons. Quer que eu lhe ensine a cozinhartambm?

    Sherlock sorriu. No no cozinhar. Eu quero que me ensine Tai Chi Chuan.

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    Wu olhou para ele por um longo momento. Voc quer que eu lhe ensine alutar?

    Sherlock reconheceu o truque na pergunta.No, disse ele. Quero que me ensine a controlar meu corpo com a

    mente.Resposta correta. Wu sorriu. Ento lhe ensinarei isso. A luta vir junto.

    O clima ficou mais quente medida que entravam mais prximos ao sul dafrica O Cabo da Boa Esperana e voltou em direo ao Equador. O cuvoltou a ser azul puro, e o sol batia no convs e nos marinheiros, secando amadeira de um a ponto de faz-la ranger e fazendo bolhas nas costas e nosombros do outro. O mar ficou em silncio novamente, e botos comearam aacompanhar o navio, como haviam feito antes, correndo frente dele como umamatilha de ces de caa. Sherlock s vezes tinha um vislumbre de outras coisas

    paralelas ao navio, sob as ondas, form as escuras que pareciam to grandes,

    seno maiores, do que o prprio navio, mas nunca rompiam a superfcie. Eramtubares? Ou talvez baleias? Ele havia lido sobre as baleias. Ou eram algum tiponovo de vida a quem ningum designara um nome ainda? Ele no sabia, masqueria desesperadam ente saber.

    Os dias se evaporavam em outro. Quando no estava trabalhando oudormindo, ento Sherlock praticava o violino, aprendia cantons com Wu Chungou seguia seus lentos movimentos do Tai Chi Chuan ensaiados no convs todas asmanhs. Sherlock percebeu que adquiriu movimentos graciosos que aceleradosrealmente fariam um eficaz combate defensivo bloquear socos e, em seguida,

    retornar golpes tanto com as mos como com os ps. Ele notou tambm que,praticando os movimentos lentam ente, to lentamente que seus msculos, porvezes, gritavam sob a tenso, ele construa uma memria deles. Se ele tivesse aoportunidade de usar esta arte marcial de verdade, ento ele veria que seguiriaautomaticamente os movimentos que havia memorizado, sem se quer ter que

    pensar sobre isso.Por que algo como o Tai Chi Chuan nunca fora desenvolvido na Inglaterra?

    Ele se perguntou. A coisa m ais prxima que a Inglaterra tinha a uma arte marcial

    era o boxe, e essa coisa que Wu estava ensinando era muito mais eficaz do que oboxe. Haveria outros tipos de arte marcial? Ele se perguntou novam ente. Serque outros pases tm as suas prprias, em diferentes verses?

    Quando Sherlock estava trabalhando ele se concentrava tanto em suas tarefasque no via nada que acontecia ao seu redor. Mas nas ocasies em que ele tinhaalgum tempo para si mesmo, s vezes noite ou no incio da manh, notava oCapito do navio, Tollaway, de p sobre a plataforma traseira fazendoobservaes do cu. Ele usava um dispositivo de bronze que parecia umcruzamento entre um pequeno telescpio e um grande conjunto de compassos.Ele parecia observar as estrelas. Sherlock lembrou de algo que havia lido uma

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    vez sobre navegao em alto-mar, e decidiu que aquilo que o Capito usavadevia ser um sextante.

    Como o navio s avanava atravs de ondas, e o horizonte era uma linha queseparava um tom de azul do outro, era difcil acreditar que estavam a fazerqualquer progresso. Talvez o Glria Scott estivesse estagnado sobre a superfciedo oceano, e a sensao de movimento era uma iluso causada pelas ondas e

    sensao do vento em seus rostos. Apena a ondulao das velas indicava que algorealmente os estava impulsionando para frente.

    Sherlock encontrou-se cada vez mais junto s canes da noite. Aps osmarinheiros receberem sua rao de rum aguado algo pelo qual Sherlockdescobriu que estava pegando gosto eles se reuniam e cantavam as canes demarinheiro. A desenvolvida competncia de Sherlock no violino era muito

    procurada tanto que um marinheiro a quem todos cham avam de Fiddler, quehavia emprestado a Sherlock o seu instrumento, foi relegado a segundo plano. A

    excelente m emria de Sherlock significava que ele poderia lembrar de todas aspalavras, logo que as ouvia, e descobriu, para sua surpresa que tinha uma boaafinao bartona para cantar.

    Sherlock descobriu que havia trechos inteiros de tempo horas na verdade quando ele no pensava em casa, sobre Mycroft e sobre seus amigos AmyusCrowe, Matty e Virgnia. Ele estava chegando a conformar-se com sua situao,ele se perguntou, ou era apenas algum tipo de mecanismo mental deautoproteo sua mente evitando assuntos que eram demasiados dolorosos para

    pensar?

    Sherlock no sabia dizer quanto tempo se passara desde a tempestade, masem uma manh o Sr. Larchmont chamou a todos popa do navio, onde ele se

    postou na plataforma elevada do convs e olhou para e les.Tem sido uma longa jornada rapazes, ele gritou, e h mais para percorrer ,

    mas o Capito supe que estamos apenas um cuspe de distncia da Sumatraagora. Ele pretende atracar em Sabang Harbour. Sumatra controlada pelosholandeses, claro, o que, pelo menos, significa que a comida ser comestvel,eles vo obter moedas da ra inha e ns vamos ser capazes de nos fazer entender.

    Alguns de vocs j estiveram l antes para aqueles que nunca estiveram, tudoque lhes direi que Sabang um buraco de rato infestado de todo tipo de doenastropicais que podem apodrecer os dedos das mos e dos ps de um homem emquesto de um dia. E que muito melhor permanecer no navio do que ir emterra. A nica coisa pior do que Sabang a selva que cobre o resto da ilha. Noque eu possa impedi-los de ir em terra. Estaremos l por dois dias, pegando umacarga de gros de caf e admitindo um holands como passageiro. Ele olhou aoredor da tripulao, que tinha visivelmente se animado com a notcia de queatracariam em terra em breve. Isso tudo. De volta ao trabalho, todos vocs, eadiem o sonho daquelas belas donzelas de Sumatra at a terra estar vista.

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    No dia seguinte, a terra foi avistada. Tudo comeou como uma linha escurafracionada acima do horizonte. Por mais estragos que a tempestade tivesse feito,em vez de correr dela o Sr. Larchmont ordenou que estivessem em curso diretocontra ela. Como ele sabia que era terra? Sherlock se perguntou. medida que seaproximavam , no entanto, ficou claro que ele estava certo. Logo toda atripulao pode ver o que pareciam colinas, mas logo se definiu que eram

    montanhas cobertas de vegetao verdejante.Chegaram lentamente a Sabang, acompanhados por uma grande quantidade

    de crianas acenando desde o cais. Em comparao com Dakar seu ltimoporto na escala Sabang era uma m assa agitada de pessoas indo em todas asdirees em todo tipo de comrcios. Os homens usavam o que pareciam serlenis coloridos envolvidos em torno da cintura. Alguns usavam casacos paracobrir seus peitos, outros estavam de peitos nus. As mulheres usavam o mesmotipo de lenis coloridos, mas enrolados em torno de todo o corpo, e no apenas

    da cintura para baixo. Tudo somado, fazia o lugar uma profuso de cores eatividades.Depois de atracado, a prioridade para o Capito, acompanhado pelo Sr.

    Larchmont, era irem buscar sua carga de gros de caf. A tripulao foiautorizada a desembarcar, e dentro de alguns instantes, o Glria Scott estariavazio exceto por dois marinheiros deixados para trs para guard-lo, e Wu, quedisse que preferia dormir.

    Sherlock desceu a prancha com alguma apreenso. Tal como aconteceu coma chegada em Dakar, ele percebeu que fazer a transio para cam inhar em uma

    superfcie que no estava se movendo para cima e para baixo, era muitocomplicado. Levou algumas horas para parar de sentir enjoo. Olhando para oshomens que passavam por ele no cais e nas ruas, ele poderia dizer quais eram osmarinheiros que desembarcaram recentemente. Eram os nicos quecambaleavam de um lado para o outro, antecipando ondas que nunca chegavam.

    O cais estava lotado de guindastes feitos de bambu que eram amarrados comalguma espcie de corda local. Eles pareciam muito vulnerveis emcomparao com os guindastes mais substanciais que Sherlock vira nas docas de

    Londres e Southampton. Ele se perguntou quantas vezes eles haviam falhado, equantos homens se feriram em cada uma dessas vezes.

    Sob a sombra dos guindastes ele notou tendas que vendiam todo tipo dealimentos e outros produtos, como roupas, facas, instrumentos musicais e

    bonecos de madeira. Enjoado e cansado das restritas raes servidas no navio,Sherlock decidiu olhar o que tinha ali em oferta. Lembrando-se do conselho queMycroft certa vez lhe dera, de nunca pegar o primeiro cabriol, vendo neste casouma possvel armadilha, Sherlock passou as primeiras barracas e parou em umamais abaixo na linha.

    O homem gerenciando o box era pequeno, de pele morena e cabelos escuros.

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    Ele sorriu para Sherlock com uma boca que parecia conter muitos dentes. Eleestendeu um espeto no qual havia alguns pedaos de carne revestidos com ummolho marrom. Muito bom, ele disse. Quer experimentar, sim?

    Sherlock olhou receoso para o bocado que era oferecido. O que isso? Eleperguntou.

    Satay Ponorogo, Ele respondeu. cabra. Cabra ao molho. Ele franziu a

    testa, e virou-se para a vendedora mais prxima dele. Eles falaram em queSherlock presumira que fosse sumatrano, se existisse realmente tal lngua, poralguns momentos. O vendedor voltou. molho feito com amendoim. disse ele.

    Sherlock deu de ombros. Ele nunca tinha comido cabra na Inglaterra, eapesar de toda a preocupao, no foi diferente de comer cordeiro ou carneiro.Ele j havia experimentado amendoim quando esteve em Nova York a um anoou mais, e gostara deles. Tudo bem, ele disse, e entregou uma moeda. Ovendedor passou o espeto para ele, j unto com o troco.

    Sherlock mordeu a carne. Por um segundo, ele sentiu o gosto da cabra e dosamendoins, mas em seguida, seus lbios comearam a formigar. Ele considerouse cuspia ou engolia a carne. No final das contas, ele engoliu, mesmo que apenas

    para no ofender o vendedor. Ele podia sentir a sensao de queimao descerpor garganta abaixo.

    O molho tambm feito com pimenta e limo, Acrescentou o vendedorcom um grande sorriso. Voc precisa beber algo para resfriar a boca e agarganta? O leite de coco timo para resfriar.

    Obrigado, Sherlock falou, mas no, obrigado. E eu admiro sua tcnica

    para conseguir que os clientes comprem suas bebidas, bem como seus alimentos.Muito bom. Muito inteligente.

    Ele seguiu em frente, esperando que a queimao na boca diminusse. Depoisde um tem po ele sentiu um formigamento na parte de trs do seu pescoo.Parecia que algum o estava vigiando. Ele no acreditava que houvesse um sextosentido significando que e le poderia deduzir que estava sendo vigiado mesmoestando de costas, mas estava pronto a acreditar que poderia ter tido umvislumbre de um observador com sua viso perifrica, e que seu crebro estava

    tentando alert-lo para alguma coisa. Ele virou-se, fazendo seu olhar vagar emtoda a multido de marinheiros, colonos holandeses e ingleses e os moradoreslocais.

    Um homem se destacou. Ele estava vestindo um terno de linho sujo e umchapu de palha, e sua camisa branca estava amarrotada e manchada de suor,mas o mais bvio, e estranho, era que seu rosto e cabelo estavam ocultos por umvu de gaze preta, como os que eram usados pelos apicultores. O vu estavaenfiado em uma gravata de seda amarrada frouxamente em torno de seu

    pescoo. A gravata estava m urcha com o calor e a um idade. Ele estava apoiadoem uma bengala e parecia olhar para Sherlock, embora o vu negro tornasse

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    difcil ver algo alm do formato de sua cabea.Posso ajud-lo? Sherlock indagou, sentindo um arrepio correr atravs de si.

    Ele pensou que era apenas as memrias de quando era observado de longe pelosagentes da Cmara Paradol que o deixaram nervoso, mas quando o homemcomeou a caminhar para onde Sherlock estava o sentimento tornou-se m aisintenso.

    O homem parou a poucos metros de distncia. Voc est no Glria Scott?Perguntou ele. Sua voz era fina e esganiada, como o som de um obo, ou umanota alta a partir de um rgo de igrej a.

    Sherlock assentiu.Meu nome Arrhenius, disse ele. Jacobus Arrhenius. Serei um passageiro

    em seu navio. Por favor, me diga onde o capito pode ser encontrado.Ele ele est atualmente em terra, escolhendo nossa prxima carga,

    Sherlock falou. Suponho que ele pretende voltar em breve, se voc puder

    esperar.Obrigado, disse Arrhenius. Vou esperar na sombra pela ponte. Ele olhoupara o cu ou pelo menos, era a direo que sua cabea havia tomado, pois ovu tornava impossvel dizer o que ele estava realmente olhando. O sol e eu nonos damos muito bem. Nem um pouco. Ele virou-se, em seguida olhou para trs

    para que pudesse ver Sherlock novam ente. Voc sabe o meu nome, mas eu nosei o seu.

    Sherlock. Meu nome Sherlock Holmes. um prazer conhec-lo, disse Arrhenius. Ele estendeu a mo direita, que

    estava envolto em uma luva de couro preto, que corria para dentro de sua mangapara que nenhuma carne ficasse visvel. Sherlock tomou sua mocautelosamente. Era estranho sob aquele couro macio no era como uma monormal.

    Irei v-lo novamente, disse Arrhenius, antes de afastar-se, e Sherlock notinha certeza se iro era uma promessa ou uma ameaa. Ele observou o homemvelado indo, ento, quando Arrhenius fora engolido pela m ultido, ele seguiu emfrente.

    Depois de um tempo Sherlock estava entediado por entre as barracas. O calore a umidade pesavam sobre ele. Questionou-se se devia explorar mais a cidade,ou voltar para o navio. Eventualmente, ele decidiu voltar. Afinal no era como seele estivesse indo morar em Sabang por qualquer perodo de tempo, e estar devolta a bordo lhe permitiria continuar com sua prtica de violino, aulas decantons e Tai Chi Chuan em paz por um tempo.

    Quando chegou a ponte, ele se virou e olhou ao redor do cais movimentado.Ele podia sentir o mesmo formigam ento em sua pele que sentira antes. Emalgum lugar, Arrhenius estava olhando para ele de novo. Eventualmente, eleavistou o homem velado nas sombras embaixo de uma palmeira. Quando ele viu

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    que tinha sido percebido, Arrhenius inclinou-se ligeiramente para Sherlock.Poucos minutos depois, o Capito Tollaway e o Sr. Larchmont retornavam de

    suas incurses em Sabang, e Sherlock assistiu do convs quando o Sr. Arrheniussaiu da sombra para cumpriment-los. Sherlock no pode ouvir o diziam uns aosoutros, mas nenhum dos dois marinheiros pareciam impressionados com o vu

    preto que encobria ou as luvas. Ou eles j o viram antes, Sherlock fundamentou,

    ou tinham sido avisados com antecedncia.Os trs homens subiram a ponte e desapareceram no interior do navio.

    Sherlock presumiu que eles tinham ido para a cabine do Capito. Cerca de meiahora depois, uma carroa parou ao lado do navio, puxado por uma espcie devaca com chifres grandes. Quando o Sr. Arrhenius apareceu ao lado do navio

    para checar o contedo da carroa sendo levado a bordo, Sherlock concluiu queera sua bagagem.

    Uma caixa em particular parecia preocupar o holands. Ele era feito de

    madeira e tinha buracos perfurados no topo. Arrhenius desceu a ponte ecaminhou atrs dos trabalhadores locais que o carregavam ao navio. O ventomudou de direo rapidamente, soprando em direo a Sherlock, e ele sentiu ocheiro de um estanho, odor de mofo. A caixa desapareceu por uma escotilha que,

    presumivelmente, levava a cabine de Arrhenius, assim com o o resto de suabagagem , e o estranho cheiro desapareceu com ele.

    Mais carroas comearam a surgir com engradados maiores desta vez. Emvez de serem carregadas a bordo, as caixas foram anexadas a cordas penduradasem dois guindastes de bam bu mais prximos e, em seguida, erguidas no ar. O Sr.

    Larchmont tinha mencionado gros de caf mais cedo, e Sherlock assumiu queeram isso.

    Levou o resto do dia e uma boa parte do seguinte para as ca ixas seremlevantadas a bordo e depois serem baixadas at o poro atravs de escotilhas noconvs. Sherlock assistia durante os seus intervalos de seu violino, Tai Chi Chuan esuas aulas de cantons. Com poucos marinheiros a bordo e o Capito e o Sr.Larchmont comendo com os habitantes holandeses locais a maioria das vezes,Wu Chung tinha poucas coisas a fazer, assim ele acolheu entusiasticamente

    Sherlock sob sua asa.Os marinheiros comearam a voltar de um a um e aos dois ao meio dia do

    terceiro dia. Sherlock sups que a lguma mensagem tinha sado. Havia alguns queSherlock no reconheceu aparentemente o Sr. Larchmont e o Capito tinhamrecrutado alguns holandeses e ingleses deixados l por um navio anterior comosubstitutos para os homens que morreram na tempestade. No meio da tarde elesforam totalmente tripulados novamente, e depois de o Sr. Larchmont ter assinadoalguns papis no cais, o Glria Scott partiu soltando as cordas que o seguravam aocais e comeou a manobrar para fora das guas cristalinas do porto.

    Prxima parada Xangai, pensou Sherlock.

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    Havia um sentimento diferente a bordo do navio na ltima etapa de suaviagem de Sabang para Xangai. Os marinheiros pareciam mais ansiosos, maisfelizes. Eles sabiam que estavam perto de seu destino, o que significava queestavam perto do ponto em que o navio viraria e voltar para a Inglaterra, onde amaioria deles tinham suas famlias. A presena dos novos marinheiros foi umfator neste novo sentimento, c laro, eles rapidamente se integraram a tripulao,

    como Sherlock tinha feito.E l estava o Sr. Arrhenius, claro. Ele parecia passar muito tempo no

    convs, olhando para o horizonte distante. Uma ou duas vezes, quando Sherlockpassou por ele, ele acenou com a cabea em saudao. Os outros marinheiros,obviam ente, o evitavam, e Sherlock ouviu murmrios nos grupos de canto noiteque ele no era humano, mas um tipo de demnio sob o vu. O nervosismo datripulao chegou a um tal ponto que o Sr. Larchmont teve de convocar umareunio com todos os marinheiros e tranquiliz-los em seus tons rudes habituais

    que o Sr. Arrhenius era to humano quanto o resto deles, e e le simplesmentesofria de uma doena que tinha desfigurado sua pele.O Sr. Arrhenius sem pre teve suas refeies em sua cabine. Wu Chung levava

    uma bandeja duas vezes ao dia geralmente algo melhor do que tudo o que atripulao tinha para comer. A tripulao viu isso como outra coisa a murmurarsobre, mas para Sherlock parecia apenas apropriado afinal, o homem era um

    passageiro pagante.Trs dias aps deixar Sumatra, Wu Chung pediu a Sherlock que levasse algum

    alimento cabine do Sr. Arrhenius. O tabuleiro continha duas bandejas sobre ele,

    um de guisado de frango e outro de peixe cru. Intrigado, Sherlock manobrou seucaminho ao longo dos corredores do navio at chegar a cabine perto da frontal,onde Arrhenius passava seu tempo. Ele bateu com uma das mos, equilibrando otabuleiro com a outra, e esperou at que Arrhenius abriu a porta.

    A chegada de Sherlock pareceu ter pegado Arrhenius de surpresa. Ele noestava usando o seu chapu, ou seu vu. Sherlock viu que seu rosto e courocabeludo estavam sem pelos, mas isso no era a coisa mais desconcertante sobreele. No, a coisa mais desconcertante sobre ele era a cor de sua pele. Era um

    azul prateado, e como a luz das lmpadas de leo no corredor brilhavam sobre ohomem Sherlock viu que o branco de seus olhos eram tambm da mesma cor.Era como se ele fosse uma esttua de metal que ganhara vida, e Sherlockencontrou-se dando um passo involuntrio para trs.

    Sim? Sua voz era to alta e esganiada quanto Sherlock lembrava.Eu trouxe um pouco de comida para voc, senhor.Arrhenius apenas olhava para ele. Voc o menino das docas, certo?Sim, senhor.O cozinheiro, o chins, geralmente ele traz minha comida.Ele est ocupado, senhor. Ele me pediu para traz-lo.

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    Muito bem. Arrhenius parecia irritado, embora Sherlock no soubesse dizero porqu. O holands alcanou a bandeja.

    Quer que eu o coloque em uma mesa para voc? Perguntou Sherlock.No apenas d-o para m im.Sherlock entregou a bandeja atravs da porta. Ele se virou para sair, mas

    quando o fez, viu algo se movendo com o canto de seu olho uma forma,

    aproximadam ente do tamanho de um cachorro, deslizando rapidamente parafora da vista nas sombras por detrs das costas de Arrhenius. Conforme a coisase moveu Sherlock pode ouvir um rudo. Ele olhou para Arrhenius para

    perguntar-lhe o que era, m as o holands estava olhando para e le com umaexpresso que claramente indicava que ele queria que Sherlock sasse. Confuso,Sherlock recuou. A porta se fechou em seu rosto.

    Fiddler estava passando enquanto Sherlock ficara ali, pensando. Sherlock opegou pela manga. Ser que o nosso passageiro tem um animal de estimao de

    qualquer espcie? Perguntou ele.Fiddler fez uma careta. O que, aquela criatura diablica? Ele m eneou acabea. No que eu saiba, Disse ele. Mas se tiver, ento ser alguma espciefamiliar das profundezas do inferno!

    Muito obrigado, Falou Sherlock. Ajudou muito.Enquanto se afastava seu p ficou preso em alguma coisa e e le

    acidentalmente a chutou em direo ao anteparo. A coisa fez rudo. Por ummomento, ele pensou que era um dente, que cara para fora da boca de algum uma coisa comum entre os marinheiros, que ele j conhecera mas tinha um

    brilho prateado, com o a pele do Sr. Arrhenius. Ele pegou. Era um conepontiagudo, ligeiramente curvado, e ele parecia ter um buraco que passava porele. Ele no tinha a menor ideia do que pudesse ser, por isso o colocou no bolso, afim de examin-lo mais tarde. Se algum tivesse perdido, ento ele poderiadevolver-lhe e descobrir o que era aquele negcio.

    Mais tarde naquele dia, um dos tripulantes viu algo no horizonte, e clam ou umalerta urgente para o Sr. Larchmont.

    Velas! Ele gritou de sua posio no cordam e. Velas no horizonte!

    Sherlock estava trabalhando ao lado de Gittens no momento, desfiando cordase separando em fragmentos que seriam colocadas entre as tbuas do navio paraajudar a m ant-las a prova d gua. Ele olhou para o rapaz de cara pre ta. Qual o problema? Perguntou ele. No h vrios tipos de navios que navegam pelooceano? Nunca tivemos um aviso desse antes.

    Ns estamos nas guas do sul da China! Disse Gittens severamente. Hpiratas chineses em todas essas guas. Eles saqueiam qualquer navio queencontram, e raptam qualquer passageiro que parea ser importante.

    E se no parecerem importante?Eu ouvi uma histria, certa vez, Gittens confidenciou. De um velho

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    marinheiro. Ele esteve em um navio que foi abordado por chineses. Eles estavamsaqueando o local e eles acreditavam que o capito tinha escondido algumasoias deles, ento eles o amarraram entre os mastros, uma corda am arrada bem

    apertada em torno de seu polegar direito e outra amarrada firmemente em tornode seu dedo do p direito, e o penduraram entre o mastro frontal e o m astromizzen. Em seguida eles se revezavam montando em cima dele como se fosse

    um balano.Ah, Disse Sherlock simplesmente, mas por dentro ele estava enojado com

    a brutalidade casual com que Gittens descrevera.Gittens sorriu, revelando uma boca cheia de dentes enegrecidos.Eles normalmente comeam com o mais novo, Disse ele. Esse ser voc

    ento.E depois voc, Sherlock ressaltou.Ele olhou para onde o Sr. Larchmont estava em p junto a grade, com uma

    luneta nos olhos. Larchmont virou-se, e sua expresso era to negra como tinhasido no dia da tempestade que eles tinham escapado to recentemente.Velas no horizonte, Ele confirm ou. So piratas, rapazes, estam os indo para

    um confronto!

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    Captulo 3

    Larchmont passou por ali e estalou os dedos para Sherlock e Gittens. Vocsdois, ele gritou. Olho vivo agora, e tragam para fora as armas do arsenal. Paraserem distribudas entre a tripulao. Ele retirou uma chave enferrujada de seu

    pescoo, onde estava pendurada em um cordo, e entregou a Gittens. Vopeg-las agora, rpido. Vou mandar m arinheiros para baixo para traz-las.

    Quando term inarem com as armas, comecem a trazer os pinos de am arrao.Quando terminarem com os pinos de amarrao, tragam os ganchos e ascorrentes.

    Arsenal? Sherlock questionou conforme Larchmont se afastava para gritarcom outro marinheiro. Eu nem sabia que tnhamos um arsenal.

    Gittens riu amargamente. No comece a ter ideias, disse ele. No comose esse navio fosse um de guerra naval. O arsenal apenas um armrio perto dacabine do capito, e as armas so coisas que foram coletadas em vrias viagens

    nos ltimos dois anos. H algumas espadas, algumas facas, e um par demosquetes e rifles enferrujados. Portanto eles vo provavelmente explodir nasmos de algum homem, assim que o gatilho for puxado. H tambm algunsmachados que usamos para cortar a madeira e os cabos de emenda, e hrumores de que o Capito tem um revlver do Exrcito que ele adquiriu em um

    bazar em algum lugar e que ele guarda debaixo do travesseiro, em caso demotim. Ele riu novam ente, mas no havia humor no som. Oh, eu suponho que

    podem os tam bm contar com as facas de cozinha do Wu Chung. Vam os esperarque ele as esteja afiando com regularidade.

    No muito para lutar contra piratas, disse Sherlock ansiosamente. Notemos um canho, ou qualquer coisa assim?

    Este um navio comercial. Transportamos carga. Canhes so pesados eocupam espao que poderia ser usado para em pilhar caixas ou sacas. No, nossamelhor chance nos meter s velas cheias, e esperar que possamos ultrapass-los.

    Sherlock franziu o cenho. Mas estamos em posse de muita carga. Isso vainos atrasar Ele olhou ao redor. O Sr. Larchmont tem que pedir a tripulao

    para lanar as caixas ao m ar! Precisamos estar o mais leve possvel pois anica maneira de obtermos velocidade suficiente!

    Ele comeou a se mover na direo onde Larchmont estava gritando com osmarinheiros para desfraldar as velas e apertar as cordas, mas Gittens pegou seu

    brao.No seja estpido ele sibilou. Ns no navegamos ao outro lado do mundo

    para despej ar nossa carga no mar ao primeiro sinal de problemas. nisso que oCapito faz seu dinheiro. Ele prefere ordenar que metade da tripulao salte ao

    mar do que lanar a carga ao mar. Marinheiros so dez centavos. Podem serapanhados em qualquer porto. Perder a carga significa perder dinheiro. Ele

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    olhou para o mar. E com base no que eu ouvi sobre os piratas Chineses, eu seriao primeiro da fila a pular. Eu preferiria m e arriscar com os tubares, eurealmente preferiria.

    Gittens puxou Sherlock o levando consigo em direo a escotilha m aisprxima. Eles fizeram seu caminho rapidamente para o interior do navio, eGittens liderou o caminho para uma porta trancada annima no meio do cam inho

    de um longo corredor. Marinheiros em purravam -se alm deles, as expresses dealarme em seus rostos. Alguns deles comearam a formar uma fila do lado doarsenal presumivelmente por ordem de Larchmont. Gittens conseguiudestrancar o rijo cadeado e os marinheiro de repente apertaram-se para os ladosdo corredor, e Sherlock viu o Capito Tollaway caminhando no centro. Aexpresso em seu rosto era intimidadora, mas Sherlock pensou que poderiaidentificar um tom cinza de preocupao sob o olhar escuro.

    Seu revlver estava balanando em sua mo. Tenham coragem, rapazes,

    ele disse a ningum em particular quando passou. No vam os deixar essesselvagens brbaros colocar as mos em nossa carga! Vam os lutar at o ltimohomem, a deixar que isso acontea! Um shilling para qualquer homem quematar um dos piratas!

    A fila de marinheiros soltou um sonoro grito quando ele passou, mas Sherlocksuspeitava que eles estavam imaginando quem seria o ltimo homem.

    Gittens puxou a porta do Armrio. Dentro Sherlock viu espadas e facaspenduradas em ganchos. Alguns deles estavam enferruj ados. Gittens gesticuloupara Sherlock retir-los e comear a entregar aos marinheiros na fila. O prprio

    Gittens puxou par fora um pano oleado da parte do fundo do arm rio edesembrulhou-os para revelar algumas armas longas e antiquadas. Sherlock tinhavisto agricultores em Farnham usarem armas mais modernas para espantar asaves.

    No foi uma boa viso. Ele podia sentir um n de apreenso enrolando edesenrolando em seu estmago. Certamente, depois de ter sobrevivido atem pestade, iria ele morrer aqui, no meio do oceano, m ilhares de quilmetrosde tudo o que ele amava? Havia coisas que ele precisava fazer em casa. E quanto

    a Virgnia?Aps as armas terem sido distribudas, Gittens fechou e trancou o armrio.

    Ele mantinha duas facas para si mesmo, e ele colocou-as em seu cinto. Um delesera curto e robusto, com um punho revestido de couro. O outro tinha uma lminacurvada e uma aresta que tinha a forma de uma onda no era uma facainglesa, isso era certo.

    Gittens fez meno de voltar para a escada, ento hesitou. Ele puxou aprimeira faca de seu cinto e entregou a Sherlock.

    Aqui, disse ele asperamente. Fique com isso. Pode ser de ajuda. Se nadafor, alm de orao.

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    Antes que Sherlock pudesse dizer qualquer coisa, Gittens estava correndo parafora.

    No convs a tenso era to espessa que parecia pairar como um vu defumaa acima da tripulao. Metade dos homens estavam acima no cordame ou

    puxando cordas no convs; a outra m etade estavam arm ados e agrupados aolongo do lado do navio em que as velas tinham sido avistadas anteriormente.

    Sherlock atravessou o convs para se ajuntar a eles, costurando seu caminhoatravs da presso dos corpos, at que ele estava contra a grade.

    O navio estava cortando rapidamente as ondas, e o spray de gua voltavasobre os rosto de Sherlock. Seus perseguidores poderiam ter as velas no horizontevinte minutos atrs, mas agora eles estavam sensivelmente mais perto. Sherlockesticou o pescoo para dar uma olhada.

    O navio perseguidor era diferente de tudo que Sherlock j vira antes. Seucasco era curvado de modo que a proa e a popa eram projetados para cima,

    elevados acima do mar, e parte do meio cavalgava abaixo nas ondas. As velaseram de uma cor castanhos avermelhados, e eram onduladas como leques, e emvez de serem niveladas na parte superior, vinham em vrios pontos. Foi difcil vera popa do navio, mas pelo pouco que Sherlock podia dizer o leme era muitomaior que o do Glria Scott, e eram necessrios trs ou quatro homens paramov-lo. Quaisquer que fossem os princpios de design que os projetistas donavio tinham seguido, eles eram muito diferentes dos utilizados na Inglaterra.

    Sherlock conseguiu distinguir figuras agrupadas ao longo do navio perseguidor.Estavam todos segurando espadas, e eles balanavam as espadas acima de suas

    cabeas.Os dedos de Sherlock apertaram no punho coberto de couro de sua faca. No

    era muito para defender a sua vida.O vento que soprava na direo da popa trouxe consigo o som das vozes. Os

    piratas estavam cantando uma espcie de canto de guerra.Sherlock e o resto da tripulao observava, enquanto a perseguio

    transcorria. Apesar de cada pedao de vela que o Glria Scott possua tivesse sidoposto em uso, apesar de cada corda ser apertada at ranger, o navio perseguidor

    gradualmente comeu a distncia entre eles. Sherlock podia ver os rostos dospiratas chineses: tatuados e rosnando. Metades deles eram carecas, enquanto aoutra metade tinha cabelos longos que caiam selvagemente em torno dos ombrosou eram amarrados em tranas penduradas nas costas.

    A voz do Sr. Larchmont subiu acima do rugido do vento e o canto dos piratas.Fiquem firmes, rapazes! Estaremos rindo sobre esta aventura e bebendo nastabernas de Xangai antes que percebam!

    Mas, no estariam. Sherlock tinha certeza disso. O navio pirata Chins foiconstrudo para ser rpido, enquanto o Glria Scott tinha o peso extra da carga. Onavio pirata corria como um galgo atravs do oceano, enquanto o Glria Scott

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    revolvia nas ondas feito uma buldogue grvida. Sherlock percebeu que Wu Chungestava em p ao lado dele. O cozinheiro Chins olhou impassvel para o navioatrs deles.

    Eles so chamados junkem seu idioma, ele disse baixinho depois de umtem po, Apesar de que no nossa palavra para ela. Junks so mais rpidos emelhor equipados do qualquer outro navio no mar. Navegvamos com eles por

    milhares de anos enquanto seu povo apenas olhava para o oceano querendosaber como andar atravs deles.

    O que faro conosco se nos pegarem? perguntou Sherlock.Roubar nossa carga, com certeza, disse Chung. Se tivssemos muitos

    passageiros ento eles poderiam mant-los para o resgate por parte dasautoridades Chinesas em Xangai, mas s temos um e eu no acho que trariamuito dinheiro. Estes piratas so cam aradas supersticiosos. Um olhar no rostodele e querero jog-lo ao mar.

    E o resto de ns?Se tivermos sorte, iro nos deixar trancados no poro, deriva, com as velasrasgadas e toda nossa comida tomada.

    E se no estivermos com sorte? Sherlock se viu obrigado a fazer a pergunta,mas ele sabia que no iria gostar da resposta.

    Wu Chung obviam ente sentia o mesmo. Nem pergunte, ele dissecalmamente. Voc descobrir em breve.

    Mas voc fala cantons, Sherlock ressaltou. Voc Chins como eles.Voc no pode falar com eles arrazoar com eles? Deve haver alguma coisa

    que possamos oferecer-lhes que iria faz-los ir embora.Wu balanou a cabea. Eu posso at falar a mesma lngua que eles, mas eu

    no sou como eles. Talvez a minha aparncia salve a minha vida, talvez no. Ofato de estar neste navio com voc significa que serei tratado como voc. Pior,talvez, como eu deixei minha casa e estou trabalhando com demniosestrangeiros. No h nada que eu possa oferecer-lhes que eles no possam tomar

    para si mesmos.Sherlock olhou para a mo de Wu. O cozinheiro estava segurando uma

    grande faca. Os ns dos dedos estavam brancos desprovidos de sangue, pois elesegurava a ala com muita fora.

    Wu viu que Sherlock estava olhando para a faca. Vou lutar com voc. eledisse calmam ente. E, se essa for a vontade do universo, vou morrer com voc.

    Sherlock estremeceu. Estou realmente esperando que isso no chegue a esteponto.

    Enquanto Sherlock e Wu falavam, o Junk se aproximou mais. Sherlockconseguia distinguir as vozes individualmente, e podia ver as armas dos piratasclaramente. Alguns deles seguravam espadas curvas; alguns estavam segurandolanas longas com lminas perversamente farpadas na extremidade. Alguns

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    deles seguravam formas de metal estranhas que pareciam nada mais do queduas espadas amarradas e recobertas de espinhos de metal salientes. O convs doJunk era uma floresta de lminas afiadas.

    Ele nunca se sentira to intimidado, ou to impotente, em sua vida. Ele podiaver a ferocidade das expresses dos piratas e a selvageria de suas roupas. Muitosdeles usavam turbantes feitos de pano vermelho ou azul. Alguns deles estavam

    sem camisa, outros usavam camisas speras ou coletes. A maioria deles tambmtinha cintos de couro largos ao redor de suas cinturas em que tinham enfiado umasrie de facas, espadas e pistolas antigas e calas largas enfiadas em botas decouro.

    Sherlock notou que muitos deles usavam joias. Isso fazia sentido. No eracomo se eles pudessem colocar o seu tesouro em um banco na costa, e escond-lo em algum lugar a bordo do Junk significava correr o risco de que outro piratairia roub-lo. A nica soluo segura era levar consigo o mximo de sua riqueza

    pessoal tanto quanto podiam.Apesar de seu terror, Sherlock percebeu que um dos piratas estava segurandoalguma coisa. Era do tamanho e da forma de um nabo, e ele o levantava comose pretendesse j og-lo. Sherlock queria saber o que exatamente ele achava queestava fazendo. Atirar pedras, ou algum equivalente mais prximo, no iriaexatamente ajudar os piratas a tomar o Glria Scott, ou iria?

    Ento ele percebeu que um monte de piratas estava segurando objetossemelhantes.

    O restante da tripulao do Glria Scott ficou igualmente intrigado. Sherlock

    podia ouvir discusses febris de todos ao seu redor com seus companheirosespeculando am plamente sobre o que os piratas estavam planej ando.

    Eles tiveram sua resposta mais cedo do que gostariam. Como os naviosficaram dentro do espao de arremesso, trs dos piratas brincavam com osobjetos em suas mos. Levou um momento para Sherlock descobrir o que elesestavam fazendo, mas quando os piratas se equilibraram como no crquete eogaram os objetos do tam anho de nabos no sentido do Glria Scott, Sherlock

    pode ver que cada um deles levava a trs de si um comprimento de corda que

    havia sido incendiado.Um pavio.Cuidado, rapazes! a voz de Larchmont subiu acima do tumulto. a obra

    do Diabo!Os objetos fizeram um arco para cima. Um deles atingiu um mastro e

    ricocheteou, caindo de volta para a faixa do mar entre os dois navios. Os outrosdois bateram no convs, saltaram algumas vezes, em seguida, rolaram at parar.

    Antes que algum pudesse chegar a elas, explodiram.Eram algo como fogos de artifcio e como pequenas bombas. Chamas

    amarelo e escarlate espalharam-se rapidamente sobre o convs como uma

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    espcie de substncia oleosa respingando em toda a madeira e embebendo ela.Fascas espalharam-se com enxames de insetos de fogo. Os marinheiroscorreram para jogar baldes de gua do mar no leo inflamado. Vapor subiu doconvs, mas as chamas apenas silvaram e, em seguida, continuaram a arder.

    Areia! Larchmont gritou de algum lugar em volta do convs. Abram ossacos de areia! Espalhem a areia nas cham as se do valor a suas vidas.

    Mais cinco bolas de fogo irromperam no convs, derramando leo, cham as efascas em todas as direes. Um marinheiro correndo com um balde de guaescorregou e cai na conflagrao. Sherlock o viu rolar novam ente, mas a suacamisa estavam em chamas. Sem pensar, Sherlock correu para ele e tentouvarrer as cham as, mas o leo tinha em bebido o tecido e no extinguiriafacilmente. Outro marinheiro juntou-se a Sherlock, e juntos conseguiram rasgara camisa das costas do homem e jog-la ao mar, chamuscando os dedos no

    processo.

    A fumaa preta em todo o convs, obscurecia a viso de Sherlock. A fumaaapegou-se a parte anterior a sua garganta e ele engasgou-se. Seus olhos ardiam.Pnico tomou conta do navio.Mas s por um momento, e ento a disciplina reafirmou-se, reforado por

    ordens gritadas do Sr. Larchmont. Um grupo de marinheiros correram para afrente com sacos de are ia, arrastados de algum lugar de dentro do navio.Arrancaram as costuras delas com facas e espalharam areia em toda a queimado leo. Ele sufocou as chamas instantaneam ente. Fumaa escura percorreu oconvs, mas o brilho infernal do fogo tinha ido em bora. A disciplina reafirmou-

    se.Talvez porque perceberam que a tripulao do Glria Scott estava em p

    prontos com mais sacos de areia, ou porque os piratas no tinham mais munio,no havia mais bolas de fogo voando do convs do Junk. O tom dos gritos dos

    piratas mudou tambm , de um riso triunfante para uma coleo negra demaldies e ameaas.

    O movimento no convs do Junk atraiu a ateno dele. Ele olhou atentamente.Piratas estavam se concentrando no ponto mais prximo do Glria Scott.

    Carregavam ganchos. Vendo que se safaram das bolas de fogo, os pirataspreparavam -se para embarcar no Glria Scott. Sherlock podia jurar que algunsdeles olhavam diretamente para ele, e sorriam com os dentes expostos.

    Ele sentiu um arrepio involuntrio correr por ele. Seu estmago se agitou, ehouve um gosto cido, metlico na parte anterior a sua garganta. Parte deledesejava desesperadamente que a perseguio cessasse, para que alguma coisaacontecesse. Como estava, tudo que ele podia fazer era esperar, e a espera erainsuportvel. Por outro lado, outra parte dele temia a batalha inevitvel eesperava que a perseguio continuas