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2 Ano XXVII - nº 253 - outubro de 2012 Juca Post - Franco da Rocha - SP. DIRETOR e EDITOR Benedito Coutinho Mtb 54.440 Site: www.jucapost.com.br E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] Fundado em 1º de Outubro de 1985 Cantinho da Saudade Fonte: acervo fotográfico da memória de Franco da Rocha pertencente ao arquivo particular do prof. José Parada. E-mail: [email protected] ou [email protected] EDITOR: Benedito Coutinho — REDAÇÃO: Albertina Vigilatto, Antonio Ramiro Cruz, Edméa Cássia Santos e Nara M. C. de Abreu — CONSELHO EDITORIAL: Ezio Cam- pos, Hilda Marques, Jean Jacques Erenberg, Milton Myura, José Carlos Brollo, José Jorge Neto, José Parada e Paulo Eduardo — COLABORADORES: Adilson José Quintino, Adrienne Kátia Savazoni Morelato, Catalani (Togão), Donato Milillo Neto, Edegard Grecco, Georges Aperguis, Gilson Queiroz Nunes, Guilherm Gizzi Jr., Izilda Arnoso Costa, José Batista S. Filho, José Carlos Brollo, Juvenal Antonio de Lima, Larisa Oliveira, Noé Aparecido da Costa, Paulo Eduardo Ramos, Ranulfo Faria, Renato Cartucheira, Roger Luiz Ambrosio, Wanderley P. Machado, William Martins e Zezo Vieira. FOTOGRAFIA: Arquivo J.P. e Acervo particular de José Parada — EDITORAÇÃO ELETRôNICA: Equi- pe do jornal Juca Post – SITE JUCA POST: Nara M. C. de Abreu e Mayara M. de Abreu. DEPTº COMERCIAL: Nelson Coutinho Jr. (Juba) — IMPRESSÃO: Gráfica Pana. O jornal JUCA POST™ é uma publicação da Editora J P S/S Ltda. — CNPJ Nº. 96.493.416/0001-68. Registrado sob o nº 812 - livro A/8 , prenotado sob o nº 7.945 no Cartório Oficial de Titulos e Registros de Franco da Rocha. Representante em São Paulo: MIDIA MIL REPRESENTAÇÕES. Representante no interior do Estado: ADJORI SP - Associação dos jornais do Interior de São Paulo. O Juca Post, Jornal Atuante, The Saturday Post, O Tempo, Hora de São Paulo e Correio da Tarde são jornais associados. CORRESPONDÊNCIA: Rua 30 de Novembro, 251 - Vila Ramos - Franco da Rocha - S.P. - CEP. 07860-140. Redação: Tels.(011) 4449-3454 e 9842-5914. Os artigos assinados ou entre aspas não refletem necessariamente a opinião do jornal, sendo exclusivamente de responsabilidade de seus autores. Reprodução permitida, desde que citada a fonte e menção de créditos autorais. No tempo em que Franco da Rocha era cidade interiorana INAUGURAÇÃO DO C.S.U - Centro Social Urbano 1980 — Prefeito Oscar de Almeida Nunes recebe o Secretário de Esportes do governo Maluf, Francisco Rossi para inauguração do novo Complexo Exportivo. Ao seu lado na foto, Valdir Martins e Milton Nicodemo. Espaço Crônicas do Juca Charge do Juca Eleições 2012 Uma das reclamações mais ouvidas é a que diz respeito à falta de espaço para circula- ção e estacionamento de veí- culos em nossas cidades. Esse fenômeno é generalizado, não mais restrito às grandes. A fro- ta automotiva cresceu muito, mais de um automóvel por fa- mília é comum, e o espaço nas vias é o mesmo, dizem todos. A economia em alta por sua vez gera mais tráfego de ca- minhões. Concordando com essas cons- tatações, lembro que há duas leituras a fazer desse tema: a primeira e certamente a mais sentida é a de que a posse do automóvel, tido como indi- cador de ascensão social, já atinge também a classe traba- lhadora de menor poder aqui- sitivo, afinal um resgate legíti- mo para o passivo social neste país de distribuição de renda desigual. A segunda, é a de que a malha viária das nossas cidades não está preparada para reagir adequadamente à novidade do aumento explo- sivo da frota em circulação,ou que tenta fazê-lo. Uma e outra ilustram o nosso tempo, por um lado marcado pelo grau mais democrático de consumo de bens mate- riais que chegam aos pontos de venda transportados pelos caminhões em seu trajeto re- gional e eventual por nossas ruas, ou na própria figura do automóvel da frota local, com placas de nossas cidades, e onipresentes portanto. Por outro lado, como quesito de cidadania, está também o di- reito que todos temos ao des- locamento tranquilo a bordo de um veículo. Ambas as situações devem ser consideradas em seu significa- do mais profundo, qual seja, um aparente ganho individu- al de qualidade de vida trazi- do pelo automóvel, agora em maior número, contribui para uma perda coletiva do padrão de convívio e apropriação do espaço nas áreas urbanas, que se já não era bom, piorou. A modernidade, no Brasil, ain- da é ter um veículo próprio, que funciona como afirmação de progresso e capacita a não depender dos serviços públicos com trajetos insuficientes e quase sempre de má qualida- de. Mas a que preço isso está se dando. O espaço quando é negligen- ciado nas tomadas de decisão, especialmente por parte do poder público que discipli- na seu uso, tende no futuro a demandar soluções mais dra- máticas. E para completar ele pode revestir-se de aspectos complicadores que nas três cidades vizinhas, Caieiras, Morato e Franco, tem nomes: o relevo movimentado (mon- tanhoso) e a presença da es- trada de ferro. A culpa pela imperícia em lidar com esses dois fatores limitantes não cabe exclusivamente ao pre- sente mas muito mais a um passado já distante que não incorporou a preocupação com o crescimento que elas teriam, deixando como legado o fato urbano se expandindo por morros servidos apenas pelos poucos caminhos que a natureza, os interesses imobi- liários e os recursos técnicos e legais da época permitiram construir, margeando as en- costas ou cortando as cotas al- timétricas nos locais de pouca inclinação, e a possibilidade de buscar soluções caras, como é o caso de viadutos, para ligar os dois lados da cidade sepa- rados pela faixa de domínio da ferrovia. Neste particular, Caieiras deu-se um pouco me- lhor, pois seu sítio urbano ori- ginal até há algumas décadas desenvolveu-se inicialmente em uma só das metades defini- das pela via férrea. O desafio atual consiste, por- tanto, na capacidade adapta- tiva que podemos manifestar. Nós que somos ao mesmo tempo causadores e vítimas do problema, devemos reinventar o espaço e nossa relação com ele, e isso se dará em duas frentes: na do âmbito privado, em que somos mais ágeis na decisão de ampliar a garagem para o segundo (terceiro?) carro, ou já antevermos isso no projeto da nova casa, e na escolha de trajetos e horários menos traumáticos para cir- cular. Na do âmbito público, da ação administrativa das cidades, intervindo principal- mente nas áreas centrais de concentração do comércio e dos serviços, onde são bem vin- das as medidas que visam oti- mizar os recursos atuais , mas que se mostram eficazes por tempo limitado. No aspecto de circulação de veículos elas indicam a revisão das mãos de direção, a criação de bolsões de estacionamento público de baixo custo, o disciplinar a permanência nas chamadas zonas azuis, o estabelecimento de rotatórias e semáforos etc. Tais ações pontuais, entretan- to, devem preceder preocupa- ções que vão além, como criar novas alternativas na forma de vias para desviar o tráfego das áreas centrais quando se quer atingir os bairros, insti- tuir calçadões exclusivos para pedestres, agrupar serviços como o poupa-tempo e, ain- da, buscar implantar novas travessias da ferrovia, mesmo que caras. E por fim pensar a cidade para as próximas déca- das, procurando não reincidir nos erros dos administradores do passado. Os tempos são outros, mas a referida falta de visão e os de- sacertos com o funcionamento da cidade são como aves de rapina à espreita, para atacar na primeira oportunidade. As presas somos todos nós. José Carlos Brollo

Juca Post - pag. 02

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Edição nº 253 - outubro de 2012

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2 Ano XXVII - nº 253 - outubro de 2012Juca Post - Franco da Rocha - SP.

DIRETOR e EDITORBenedito Coutinho

Mtb 54.440

Site: www.jucapost.com.brE-mail: [email protected]

E-mail: [email protected]

Fundado em 1º de Outubro de 1985

Cantinho da Saudade

Fonte: acervo fotográfico da memória de Franco da Rocha pertencente ao arquivo particular do prof. José Parada.E-mail: [email protected] ou [email protected]

EDITOR: Benedito Coutinho — REDAÇÃO: Albertina Vigilatto, Antonio Ramiro Cruz, Edméa Cássia Santos e Nara M. C. de Abreu — CONSELHO EDITORIAL: Ezio Cam-pos, Hilda Marques, Jean Jacques Erenberg, Milton Myura, José Carlos Brollo, José Jorge Neto, José Parada e Paulo Eduardo — COLABORADORES: Adilson José Quintino, Adrienne Kátia Savazoni Morelato, Catalani (Togão), Donato Milillo Neto, Edegard Grecco, Georges Aperguis, Gilson Queiroz Nunes, Guilherm Gizzi Jr., Izilda Arnoso Costa, José Batista S. Filho, José Carlos Brollo, Juvenal Antonio de Lima, Larisa Oliveira, Noé Aparecido da Costa, Paulo Eduardo Ramos, Ranulfo Faria, Renato Cartucheira, Roger Luiz Ambrosio, Wanderley P. Machado, William Martins e Zezo Vieira. FOTOGRAFIA: Arquivo J.P. e Acervo particular de José Parada — EDITORAÇÃO ELETRôNICA: Equi-pe do jornal Juca Post – SITE JUCA POST: Nara M. C. de Abreu e Mayara M. de Abreu. DEPTº COMERCIAL: Nelson Coutinho Jr. (Juba) — IMPRESSÃO: Gráfica Pana.

O jornal JUCA POST™ é uma publicação da Editora J P S/S Ltda. — CNPJ Nº. 96.493.416/0001-68. Registrado sob o nº 812 - livro A/8 , prenotado sob o nº 7.945 no Cartório Oficial de Titulos e Registros de Franco da Rocha. Representante em São Paulo: MIDIA MIL REPRESENTAÇÕES. Representante no interior do Estado: ADJORI SP - Associação dos jornais do Interior de São Paulo. O Juca Post, Jornal Atuante, The Saturday Post, O Tempo, Hora de São Paulo e Correio da Tarde são jornais associados. CORRESPONDÊNCIA: Rua 30 de Novembro, 251 - Vila Ramos - Franco da Rocha - S.P. - CEP. 07860-140.

Redação: Tels.(011) 4449-3454 e 9842-5914.Os artigos assinados ou entre aspas não refletem necessariamente a opinião do jornal, sendo exclusivamente de responsabilidade de seus autores. Reprodução permitida, desde que citada a fonte e menção de créditos autorais.

No tempo em que Franco da Rocha era cidade interiorana

INAUGURAÇÃO DO C.S.U - Centro Social Urbano 1980 — Prefeito Oscar de Almeida Nunes recebe o Secretário de Esportes do governo Maluf, Francisco Rossi para inauguração do novo Complexo Exportivo. Ao seu lado na foto, Valdir Martins e Milton Nicodemo.

Espaço

Crônicas do Juca Charge do Juca

Eleições 2012

Uma das reclamações mais ouvidas é a que diz respeito à falta de espaço para circula-ção e estacionamento de veí-culos em nossas cidades. Esse fenômeno é generalizado, não mais restrito às grandes. A fro-ta automotiva cresceu muito, mais de um automóvel por fa-mília é comum, e o espaço nas vias é o mesmo, dizem todos. A economia em alta por sua vez gera mais tráfego de ca-minhões. Concordando com essas cons-tatações, lembro que há duas leituras a fazer desse tema: a primeira e certamente a mais sentida é a de que a posse do automóvel, tido como indi-cador de ascensão social, já atinge também a classe traba-lhadora de menor poder aqui-sitivo, afinal um resgate legíti-mo para o passivo social neste país de distribuição de renda desigual. A segunda, é a de que a malha viária das nossas cidades não está preparada para reagir adequadamente à novidade do aumento explo-sivo da frota em circulação,ou que tenta fazê-lo. Uma e outra ilustram o nosso tempo, por um lado marcado pelo grau mais democrático de consumo de bens mate-riais que chegam aos pontos de venda transportados pelos caminhões em seu trajeto re-gional e eventual por nossas ruas, ou na própria figura do automóvel da frota local, com placas de nossas cidades, e onipresentes portanto. Por outro lado, como quesito de cidadania, está também o di-reito que todos temos ao des-locamento tranquilo a bordo de um veículo. Ambas as situações devem ser consideradas em seu significa-do mais profundo, qual seja, um aparente ganho individu-al de qualidade de vida trazi-

do pelo automóvel, agora em maior número, contribui para uma perda coletiva do padrão de convívio e apropriação do espaço nas áreas urbanas, que se já não era bom, piorou. A modernidade, no Brasil, ain-da é ter um veículo próprio, que funciona como afirmação de progresso e capacita a não depender dos serviços públicos com trajetos insuficientes e quase sempre de má qualida-de. Mas a que preço isso está se dando. O espaço quando é negligen-ciado nas tomadas de decisão, especialmente por parte do poder público que discipli-na seu uso, tende no futuro a demandar soluções mais dra-máticas. E para completar ele pode revestir-se de aspectos complicadores que nas três cidades vizinhas, Caieiras, Morato e Franco, tem nomes: o relevo movimentado (mon-tanhoso) e a presença da es-trada de ferro. A culpa pela imperícia em lidar com esses dois fatores limitantes não cabe exclusivamente ao pre-sente mas muito mais a um passado já distante que não incorporou a preocupação com o crescimento que elas teriam, deixando como legado o fato urbano se expandindo por morros servidos apenas pelos poucos caminhos que a natureza, os interesses imobi-liários e os recursos técnicos e legais da época permitiram construir, margeando as en-costas ou cortando as cotas al-timétricas nos locais de pouca inclinação, e a possibilidade de buscar soluções caras, como é o caso de viadutos, para ligar os dois lados da cidade sepa-rados pela faixa de domínio da ferrovia. Neste particular, Caieiras deu-se um pouco me-lhor, pois seu sítio urbano ori-ginal até há algumas décadas desenvolveu-se inicialmente em uma só das metades defini-das pela via férrea.

O desafio atual consiste, por-tanto, na capacidade adapta-tiva que podemos manifestar. Nós que somos ao mesmo tempo causadores e vítimas do problema, devemos reinventar o espaço e nossa relação com ele, e isso se dará em duas frentes: na do âmbito privado, em que somos mais ágeis na decisão de ampliar a garagem para o segundo (terceiro?) carro, ou já antevermos isso no projeto da nova casa, e na escolha de trajetos e horários menos traumáticos para cir-cular. Na do âmbito público, da ação administrativa das cidades, intervindo principal-mente nas áreas centrais de concentração do comércio e dos serviços, onde são bem vin-das as medidas que visam oti-mizar os recursos atuais , mas que se mostram eficazes por tempo limitado. No aspecto de circulação de veículos elas indicam a revisão das mãos de direção, a criação de bolsões de estacionamento público de baixo custo, o disciplinar a permanência nas chamadas zonas azuis, o estabelecimento de rotatórias e semáforos etc. Tais ações pontuais, entretan-to, devem preceder preocupa-ções que vão além, como criar novas alternativas na forma de vias para desviar o tráfego das áreas centrais quando se quer atingir os bairros, insti-tuir calçadões exclusivos para pedestres, agrupar serviços como o poupa-tempo e, ain-da, buscar implantar novas travessias da ferrovia, mesmo que caras. E por fim pensar a cidade para as próximas déca-das, procurando não reincidir nos erros dos administradores do passado.Os tempos são outros, mas a referida falta de visão e os de-sacertos com o funcionamento da cidade são como aves de rapina à espreita, para atacar na primeira oportunidade. As presas somos todos nós.

José Carlos Brollo