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História das Religiões 51 V RELIGIÕES SURGIDAS NO ORIENTE-MÉDIO: MONOTEÍSMO JUDAÍSMO O termo judaísmo não aparece na Bíblia Hebraica. Vem do hebraico Y e hudah (Judá), de sentido desconhecido, mas que em Gn 29,35 faz derivar, popularmente, de hud (louvar). O termo grego correspondente ioudaismós é empregado quatro vezes no segundo livro dos Macabeus 2,21 (deuterocanônico de 160 a.C., que entrou no cânone da Bíblia católica). Traduzido para o latim por judaismus, o termo guarda o sentido de significar “a causa dos judeus” ou “os costumes dos judeus” e se encontra em oposição a helenismo no sentido de “causa ou costumes dos gregos”. Judá designa o patriarca, filho de Jacó e Lia (Gn 29,35; 35,23), que vai constituir a tribo mais numerosa, por ocasião da travessia do deserto. A história. Quem participa de uma tradição religiosa conta a sua história formadora e a vê na totalidade, de dentro, como uma narrativa completa e coerente que compreende de maneira muito pessoal. O observador desse mesmo sistema, ao colocar-se fora dele, estuda a História da história e vê as partes de um contexto externo. A história sintetiza, a História analisa. A história compreende as questões à luz da eternidade, a História as compreende no âmbito do tempo. É o mistério que dá origem à História. Para os Hebreus o tempo era um objeto de experiência. Segundo a mentalidade dos Hebreus, a ação de Deus no mundo determina a natureza do tempo e, por isso, o destino da humanidade. Deus tem um plano de salvação para o mundo, e desenvolve-o no tempo. Tem um ponto inicial na criação e dirige-se para um tempo final. Um tempo carente de mistério seria um tempo vazio, estritamente linear. O mistério abre a temporalidade e transmite-lhe a sua profundidade. É o mistério que dá origem à História, que tem por finalidade melhorar constantemente as condições que tornam possível a vida moral da pessoa. Isto indica que o ser humano transcende a Natureza. Grande cuidado deve ser tomado para que a Bíblia Judaica não seja tomada apenas por um livro de histórias. O Zohar, obra clássica da Cabala, é bastante rigoroso sobre aquele que descaracteriza a Torah de sua dimensão Divina. A origem do judaísmo remonta a quase 4.000 anos. As primeiras referências à formação de uma nova nação constam da primeira parte do texto bíblico, a Torah, com os relatos dos primeiros patriarcas e matriarcas. A família constituída por Abraham e Sara, Isaac e Rebeca, Jacob, Léa e Raquel, respectivamente pai, filho e neto e suas mulheres, é a base da nova comunidade monoteísta. Mas, no séc. VI antes da era cristã, se deu o exílio babilônico (587-538) provocado por Nabucodonosor, após ter arrasado o Templo e a cidade de Jerusalém, além de outras cidades de Judá (Lm 2,5). É a chamada obra do Cronista (I e II Cr, Esd e Ne) que narra, a partir das duras experiências do Exílio inclusive a tentativa de eliminação, como é narrada no belíssimo livro de Ester a volta do povo à terra prometida. Em meio às muitas dificuldades, o povo restabelecesse o culto, reconstrói o Templo, reergue as muralhas de Jerusalém e vive em comunidade.

Judaísmo

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O Judaísmo na História das Religiões

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  • Histria das Religies 51

    V RELIGIES SURGIDAS NO ORIENTE-MDIO: MONOTESMO

    JUDASMO

    O termo judasmo no aparece na Bblia Hebraica. Vem do hebraico Yehudah

    (Jud), de sentido desconhecido, mas que em Gn 29,35 faz derivar, popularmente, de

    hud (louvar). O termo grego correspondente ioudaisms empregado quatro vezes no

    segundo livro dos Macabeus 2,21 (deuterocannico de 160 a.C., que entrou no cnone

    da Bblia catlica). Traduzido para o latim por judaismus, o termo guarda o sentido de

    significar a causa dos judeus ou os costumes dos judeus e se encontra em oposio a helenismo no sentido de causa ou costumes dos gregos.

    Jud designa o patriarca, filho de Jac e Lia (Gn 29,35; 35,23), que vai

    constituir a tribo mais numerosa, por ocasio da travessia do deserto.

    A histria.

    Quem participa de uma tradio religiosa conta a sua histria formadora e a v

    na totalidade, de dentro, como uma narrativa completa e coerente que compreende de

    maneira muito pessoal. O observador desse mesmo sistema, ao colocar-se fora dele,

    estuda a Histria da histria e v as partes de um contexto externo. A histria sintetiza,

    a Histria analisa. A histria compreende as questes luz da eternidade, a Histria as

    compreende no mbito do tempo. o mistrio que d origem Histria. Para os

    Hebreus o tempo era um objeto de experincia. Segundo a mentalidade dos Hebreus, a

    ao de Deus no mundo determina a natureza do tempo e, por isso, o destino da

    humanidade. Deus tem um plano de salvao para o mundo, e desenvolve-o no tempo.

    Tem um ponto inicial na criao e dirige-se para um tempo final. Um tempo carente de

    mistrio seria um tempo vazio, estritamente linear. O mistrio abre a temporalidade e

    transmite-lhe a sua profundidade. o mistrio que d origem Histria, que tem por

    finalidade melhorar constantemente as condies que tornam possvel a vida moral da

    pessoa. Isto indica que o ser humano transcende a Natureza.

    Grande cuidado deve ser tomado para que a Bblia Judaica no seja tomada

    apenas por um livro de histrias. O Zohar, obra clssica da Cabala, bastante rigoroso

    sobre aquele que descaracteriza a Torah de sua dimenso Divina.

    A origem do judasmo remonta a quase 4.000 anos. As primeiras referncias

    formao de uma nova nao constam da primeira parte do texto bblico, a Torah, com

    os relatos dos primeiros patriarcas e matriarcas. A famlia constituda por Abraham e

    Sara, Isaac e Rebeca, Jacob, La e Raquel, respectivamente pai, filho e neto e suas

    mulheres, a base da nova comunidade monotesta.

    Mas, no sc. VI antes da era crist, se deu o exlio babilnico (587-538)

    provocado por Nabucodonosor, aps ter arrasado o Templo e a cidade de Jerusalm,

    alm de outras cidades de Jud (Lm 2,5). a chamada obra do Cronista (I e II Cr, Esd

    e Ne) que narra, a partir das duras experincias do Exlio inclusive a tentativa de eliminao, como narrada no belssimo livro de Ester a volta do povo terra prometida. Em meio s muitas dificuldades, o povo restabelecesse o culto, reconstri o

    Templo, reergue as muralhas de Jerusalm e vive em comunidade.

  • Histria das Religies 52

    Depois do exlio, a denominao povo de Jud foi estendida a todo o povo hebraico e surge tambm o adjetivo judaico; como conseqncia, a rigor se deveria falar em Israel, em israelitas e em religio de Israel para a poca bblica mais antiga e em judeus e judasmo para o perodo posterior ao exlio babilnico. De resto, observa-se que, hoje, o povo judeu desperta curiosidade e interesse em

    quem reflete sobre a histria geral; com efeito, Israel o nico povo da antigidade

    pr-crist que subsiste; no h mais fencios, nem assrios e babilnios... mas existe o

    povo judeu numeroso e influente na vida da humanidade. A quem procure uma

    explicao para isto, pode-se dizer: o povo judeu foi por Deus chamado a ser o bero e

    a testemunha do Messias, conforme as Escrituras (cf. Rm 9-11).

    Bero, porque o Messias foi prometido linhagem de Abrao da qual nasceu.

    Testemunha, porque, mesmo avesso ao Messias, Israel conservado por Deus

    para que se converta e ocupe o lugar que lhe compete no reino messinico. essa

    persistncia, apesar das mltiplas ocasies de ser eliminado do mapa, que surpreende.

    A existncia do povo de Israel escapa a todas as explicaes racionais. O

    templo foi destrudo, o sacerdcio extinto, mas no o ideal religioso e poltico dos

    judeus, que se prolonga pelos sculos afora, at o nosso tempo.

    Tradio judaica.

    O Judasmo, no seu sentido mais amplo, constitudo de um conjunto de leis,

    de instituies, de hbitos e de costumes prprios, que surge a partir do cativeiro

    babilnico, mas que guarda um vnculo com a origem da histria do povo de Israel, a

    partir do chamado do patriarca Abrao e daquilo que est na essncia do seu

    monotesmo: as Alianas com Deus, o Messianismo e o desenvolvimento do judasmo

    propriamente dito como uma instituio que permanece vigorosa no decorrer da

    histria.

    A declarao mxima do judasmo, o maior smbolo da identidade judaica

    (Profisso de f), a frmula extrada de Dt 6,4: Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus, o Senhor Um. O Shem (Ouve) a afirmao do mais absoluto monotesmo, alm de se constituir num verdadeiro cdigo de identidade. Recita-se o Shem nas

    oraes dirias Shacharit e Maariv; tambm noite, antes de dormir, e pela manh, ao

    acordar. Seu texto inteiro Dt 6,4-9.

    Por isso o princpio fundamental do judasmo, a unidade absoluta de Deus.

    O segundo mandamento determina a proibio definitiva de culto idlatra a imagens

    humanas ou animais (x 20,3-5).

    O judasmo muito rgido em relao a este mandamento. O entendimento de

    Deus se d, ento, em um processo mental. A idia de Deus pertence ao domnio do

    intelecto e do esprito, no admitindo qualquer representao sensorial.

    A concepo de Deus abrange dois aspectos: o transcendente e o imanente. O

    aspecto transcendente se refere concepo inteligvel de Deus, que transcende a

    compreenso humana e que est muito alm do pensamento e da linguagem. Este

    aspecto inacessvel limitao humana no encontra qualquer possibilidade de

    registro, a no ser o reconhecimento da transcendncia e do distanciamento. Por outro

    lado, observando o texto bblico no chamado Antigo Testamento, possvel inferir

    determinadas caractersticas no procedimento de Deus criador em Seu envolvimento

  • Histria das Religies 53

    com a Criao. O aspecto criador de Deus representa apenas um detalhe dentro da

    incomensurvel noo de Deus que antecede Criao e que, um evento csmico,

    revelou um pequeno aspecto de Si. Este o aspecto imanente de Deus, ao qual nos

    referimos como Deus Criador. Esta concepo de Deus explica a frmula de grande

    parte das bnos, quando a referncia a Deus (Adonai) se d na segunda ou terceira

    pessoas na mesma frase introdutria: Abenoado sejas Tu, nosso Deus, Rei do

    universo, que nos santificou com Seus preceitos (...). ( - Sidur, o livro dirio de Oraes). O tratamento na segunda pessoa indica a imanncia de Deus implicado na

    Criao, enquanto a referncia na terceira pessoa diz respeito ao distanciamento em

    relao transcendncia de Deus.

    A prtica litrgica diria composta de trs perodos de orao: pela manh

    (Shacharit celebra a sada das trevas e do exlio), tarde (Minch) e aps o pr-do-sol (Maariv). A orao judaica uma orao que utiliza o idioma hebraico da Bblia e

    que reflete o esprito judeu. Tudo que tem de peculiar a Teologia Judaica, tudo que

    tm de especial os valores judaicos, tudo que tem de singular a histria judaica tm tambm as preces judaicas.

    A Torah ocupa o centro desta tradio judaica; a fonte essencial da religio

    judaica. o livro mais sagrado do Judasmo, onde cada palavra tem significado

    profundo e infinito. No menos que a Torah, o Talmude e os trabalhos a ele ligados

    so parte da tradio judaica. Conforme a tradio, o profeta Moiss explicou a Torah

    em setenta idiomas (Rashi, Dt 1,5; 27,28); e o Talmude (Sot 35) nos diz a razo:

    Para que as naes do mundo possam copi-la. A Torah contm 613 mandamentos (Taryag Mitzvot) divididos, quanto forma em dois grandes grupos: os preceitos

    afirmativos, do gnero Fars, e os negativos, do tipo No fars. So 248 preceitos afirmativos e 365 negativos. Como exemplo de preceito afirmativo citamos Deixa a terra repousar no ano sabtico; e de preceito negativo, No exigir um penhor de um devedor fora. No que tange ao contedo, podemos classificar os 613 preceitos em trs

    categorias. A primeira relativa s leis morais e ticas, de contedo bastante bvio.

    Tais mandamentos so chamados Mishpatim, que se traduz como julgamentos. A segunda classificao contm leis que, apesar de no serem necessrias no sentido

    moral e social, cumprem uma importante funo de manuteno e fortalecimento do

    judasmo. So normas que estabelecem as datas referentes aos eventos da histria

    judaica. Os mandamentos desta categoria so conhecidos como Edot, que se traduz

    literalmente, como testemunhas. A terceira categoria a mais difcil de entender; remete s leis e mandamentos para os quais no h motivo aparente. O exemplo mais

    comum para esta categoria o conjunto de leis dietticas (o que prprio Kasher ou imprprio Tref para o consumo). Tais mandamentos so conhecidos como Chuquim, que se traduz como decretos. Por que 613 mandamentos? No Talmude da Babilnia (23b) l-se: Rabi Simlai disse, numa de suas pregaes: seiscentos e treze mandamentos foram comunicados a

    Moiss, sendo trezentos e sessenta mandamentos negativos, correspondente aos dias

    do ano solar, e duzentos e quarenta e oito mandamentos positivos, correspondentes

    aos membros do corpo humano. Este ltimo nmero foi confirmado pela cincia.

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    Os escritos sagrados.

    O TaNaKh ($nt) ou Bblica Judaica no um livro, mas sim uma biblioteca de 39 livros. Foi escrita em hebraico com algumas pginas em aramaico: Gn 31,47;

    Esd 4,8-6,18; 7,12-26; Jr 10,11; Dn 2,4-7,28.

    A Bblia Judaica comparada ao Santurio de Deus. Assim como o Templo

    Sagrado Protegia o Povo de Israel, assim tambm, hoje, os Livros da Bblia seguem

    zelando por toda uma nao. Assim como as oferendas expiavam os erros do Povo,

    assim a Bblia.

    Da mesma forma que o Templo era composto por trs partes principais (o

    Kodesh HaKodashim, o Santurio e o Ptio), a Bblia trplice.

    A palavra TaNaKh um acrnimo composto pelas iniciais das trs partes que a

    compem:

    hrwt Torah. Pentateuco. (5 livros: Gn, x, Lv, Nm e Dt). A parte mais importante.

    ~yaybn Neviim. Profetas (21 livros: Js, Jz, I e II Sm, I e II Rs, Is, Jr, Ez, Os, Jl, Am, Ob, Jn, Mq, Na, Hab, Sf, Ag, Zc e Ml).

    ~ybwtk Ketuvim. Escritos (13 livros: Sl, Pv, J, Ct, Rt, Lm, Ecl, Est, Dn, Esd, Ne, I e II Cr).

    No primeiro livro do Tanakh, quando Deus coloca o homem no Jardim do den, um quadro vvido do que deveria ser a ecologia universal nos apresentado: o

    homem e todos os componentes da natureza convivendo em equilbrio e harmonia. No

    entanto, o ser humano no consegue manter o comportamento que lhe determinado e,

    em consequncia disto, obrigado a deixar o Paraso.

    Com o suor de teu rosto comers po: a sentena proferida pouco antes de sua expulso muitas vezes interpretada como um terrvel castigo, mas o judasmo a

    entende como uma nova oportunidade oferecida ao homem pelo Criador, em Sua

    infinita bondade, para que ele, com seu trabalho, esforo e mrito, reconstrua esse

    mundo ideal.

    Mas onde encontrar orientao para trilhar este caminho? Como abrir as

    estradas que podem levar novamente a uma era de harmonia, paz universal e amor sem

    cobia?

    Para ns, judeus, as respostas se encontram no Tanakh e no Talmud, no estudo

    de suas mensagens e na prtica de seus ensinamentos. Mas para que isto se torne

    possvel, necessria a compreenso de seus textos (Bblia Hebraica, Prefcio). A Torah a base de toda a cultura e tradio judaica. o guia do povo judeu,

    mas seus ensinamentos no esto restritos ao povo judeu.

    A leitura e compreenso de seu profundo significado ampliam o saber dos que

    j a conhecem e agua a curiosidade de novos leitores e estudiosos,

    independentemente de questes religiosas.

    O entendimento e o cumprimento de seus preceitos conduz a um mundo mais

    harmonioso e estimula os homens a um comportamento cada vez melhor.

    A Torah contm a histria do Homem, a origem do povo hebreu e toda sua

    legislao civil e religiosa, finalizando com a morte de Moiss.

  • Histria das Religies 55

    Quanto autoria dos oito versculos finais da Tor, que tratam da morte e

    sepultamento de Moiss (Dt 34,5), o Talmude (Baba Batra 14b) a atribui a Josu, seu

    sucessor, que acompanhou o seu mestre at os ltimos momentos.

    A Torah contm 5845 versculos.

    Talmude e Midrash.

    Segundo a tradio judaica, no s a Lei escrita o Tanach , mas tambm a Lei oral o Talmude , ambas foram reveladas no Sinai.

    O Talmude (abreviao de Talmude Torah, estudo da Lei) uma vastssima coleo de material jurdico e ritual relativo a cada aspecto da vida hebraica, como

    tambm o registro das discusses realizadas nas academias sobre a aplicao das leis,

    das normas e dos preceitos. constitudo de duas partes: 1) a Mishn (repetio do mtodo didtico usado nas escolas), que, compilada nos sculos I-III d.C., compreende

    a legislao que, no inserida na Bblia, era transmitida oralmente. Esta dividida em

    seis ordens, que transmitem os seguintes argumentos: a) preces e regras relativas agricultura; b) sbado e outras festas; c) as leis matrimoniais; d) direito civil e penal; e)

    culto e sacrifcios do templo; e f) normas sobre pureza e impureza de pessoas e coisas.

    2) A Gemara (em aramaico, complemento), que contm explicaes e os anexos Mishn elaborados em aramaico pelos mestres da academia da Palestina at o sculo

    V. d.C. (Talmude palestino ou de Jerusalm) e na Babilnia (Talmude babilnico).

    Este ltimo, por sua amplitude, pela qualidade da argumentao ou pela reviso final

    cuidadosa, imps-se como a segunda fonte do direito hebraico, depois da Torah.

    Sem o Talmude, no teria sido possvel a sobrevivncia do povo judeu no

    exlio.

    Quanto queles que traduzem a Bblia, preciso saber o que os sbios do

    Talmude dizem: Aquele traduz o versculo literalmente desvirtua o texto, mas aquele que acrescenta algo de si mesmo blasfemador (Kidushin 49a). Tudo isto faz com que o tradutor tenha de entender perfeitamente o texto bblico e estudar profundamente

    os seus diversos comentrios a fim de poder se aventurar na imensa responsabilidade

    de verter e explanar a Torah. Afinal, trata-se do Livro dos livros, onde cada palavra

    possui infinitas conotaes.

    Esta uma rdua tarefa e deve ser feita utilizando a literatura talmdica e

    midrshica.

    O Midrash. Existem o Midrash Hagad e o Midrash Halac. O termo, que

    deriva da palavra hebraica darash (buscar, investigar, procurar, solicitar informaes a respeito de alguma coisa Jz 6,29; sentido religioso de procurar Deus Dt 4,29; e, ainda, particularmente na poca ps-exlica, o significado de perscrutar a Escritura a fim encontrar ali a resposta de Deus Esd 7,10) designa um recurso pedaggico, um mtodo interpretativo cujo objeto era preencher as lacunas bblicas, reconciliar

    aparentes contradies no texto da Torah e reinterpretar as leis luz das atuais

    condies histricas, ou seja, interpretao atualizada das Escrituras dirigida ao

    momento presente. O que se buscava era o esprito de determinada passagem bblica,

    muitas vezes encoberto pelo seu sentido literal. Mergulhando nas profundezas da

    Torah, o Midrash perscruta minuciosamente o texto, procurando descobrir o porqu de

    palavras e letras aparentemente suprfluas e extrair as lies ocultas nas entranhas

  • Histria das Religies 56

    bblicas. Enfim, escavar o texto, como o lavrador de La Fontaine recomendava a seus filhos que cavassem a terra e a revolvessem.

    Assim, por exemplo, um leitor atento da Tor poderia questionar por que a

    gerao do dilvio foi destruda, enquanto aquela que construiu a Torre de Babel foi

    castigada apenas com a disperso. Afinal, ambas foram geraes de pecadores. A resposta nos dada por um Midrash: os construtores da torre, embora tenham

    transgredido as normas vigentes, praticavam a fraternidade, ao passo que as vtimas do

    dilvio tinham sido indivduos agressivos e egostas, cada um preocupado apenas

    consigo mesmo.

    O Midrash acima mencionado pertence categoria de Midrash Hagad.

    Haggadah, literalmente contar, narrar, refere-se a questes de carter no-legal, elucidadas por meio de histrias, lendas, parbolas e homilias. Ajuda, estimula, ensina

    a refletir. Neste sentido, exemplar a sua leitura do episdio da torre de Babel.

    Na antigidade judaica, o termo Halakhah (do verbo halakh, caminhar) designa

    o conjunto de disposies jurdicas que codificam a vida judaica, no plano religioso,

    civil, familiar, etc. Acha-se exposta especialmente na Misnh, na Tosefta e no

    Talmude.

    Um dos famosos textos o Hagad Shel Pessach (Hagad de Pessach histria da Pscoa). No h no calendrio judaico, data to repleta de tradies, costumes,

    envolvimento histrico e simbolismo, quanto a festa de Pessach, comemorao esta

    que marca o xodo do Egito e o nascimento de uma nova nao.

    Amostras:

    Ma nishtanah halaila hazeh Mikol halailot?

    Sheb'khol halailot anu

    ochlin hametz umatzah. Halaila hazeh kulo

    matzah. Sheb'khol halailot anu ochlin she'ar y'rakot. Halaila hazeh maror.

    Sheb'khol halailot ein anu matbilin afilu pa'am

    echat. Halaila hazeh sh'tei p'amim.

    Sheb'khol halailot anu

    ochlin bein yoshvin uvein m'subin. Halaila hazeh

    kulanu m'subin.

    Por que esta noite

    diferente de todas as outras

    noites?

    Em todas as noites no

    temos obrigao de

    mergulhar os alimentos nem

    uma s vez, enquanto que

    nesta noite o fazemos duas

    vezes?

    Em todas as noites

    comemos po com levedura

    ou matz, ao passo que esta

    noite, s matz? Em todas as noites

    comemos todo tipo de

    verduras, enquanto que esta

    noite comemos marr -

    ervas amargas?

    Em todas as noites

    comemos sentados,

    enquanto que esta noite

    todos nos reclinamos?

    (Hagad Shel Pessach, Trecho)

    Deus no repele nenhuma criatura; as portas esto abertas; entre quem quiser. Todos so iguais perante Deus: as mulheres como os homens, os servos como os amos,

    os pobres como os ricos. (Midrash Shemot-Rab 10 21).

  • Histria das Religies 57

    Cinco discpulos tinha Rabn Iohanan ben Zacai, que eram: Rabi Elizer ben Hrcanos, Rabi Josue ben Hanani, Rabi Iose Hacon, Rabi Simeo ben Nataniel e

    Rabi Elazar ben Arach...

    Disse-lhes: sa e vde, qual o melhor caminho que deve seguir o homem?

    Rabi Elizer disse: a benevolncia;

    Rabi Josu disse: um bom amigo;

    Rabi Iose disse: um bom vizinho;

    Rabi Simeo disse: a providncia;

    Rabi Elazar disse: um bom corao.

    Disse-lhes: prefiro as palavras de Elazar ben Arach, uma vez que em suas

    palavras esto includas as vossas. (Mishnah Pirquei-Avot II, 10 e 13).

    As festas solenes.

    As cinco grandes festas marcam o ano judaico so comemoraes destinadas a

    recordar acontecimentos passados na histria do povo de Israel e intervenes de Deus

    em seu favor:

    So elas: Rosh Hashan, Yom Kippur, Sukkoth, Pessah e Shavuot.

    - Rosh Hashan. O nome bblico memorial de aclamao, Zikron teruah; dia de aclamao, Yom teruah. O significado da festa: Deus celebrado como Criador, i.., como Rei e Juiz da criao. Seu nome na Mishnah e no Talmude: comeo de ano, Rosh

    h-Shanah.

    - Yom Kippur. O nome bblico o dia das expiaes, Yom ha-Kippurim. Seu nome na

    Mishnah e no Talmude: O Dia (Yoma). Sentido da solenidade: De primeiro, a grande

    purificao de toda espcie de impurezas, contradas devido s necessidades da vida

    ou por ignorncia. Tornou-se uma liturgia do perdo dos pecados propriamente ditos;

    atravs dela Israel expressa, ao mesmo tempo, sua viva conscincia de ser pecador e

    sua f em um Deus que perdoa.

    - Sukkoth. Os nomes bblicos da festa so: festa das Tendas, Hag ha-Sukkot; festa da

    Colheita, Hag ha-Asif; a festa por excelncia, He-Hag. Evento da histria da salvao, introduzido posteriormente nesta festa: a temporada do deserto e residncia em

    cabanas provisrias, sukkot.

    - Pessah. Dupla origem e nomes da festa: uma festa pastoril de primavera, pr-

    israelita, marcada pelo sacrifcio de animal novo, com um ritual de sangue, para se

    obter a fecundidade dos rebanhos: hag ha-Pesah, festa da Pscoa; uma festa agrcola,

    por ocasio da primeira colheita do ano: hag ha-Matsot, festa dos zimos. Os nomes

    bblicos da festa so: festa da Colheita, Hag ha-Qatsir; festa das Primcias, Hag ha-

    Bikkurim; festa das Semanas, Hag ha-Shavuot; encerramento, Atseret. Evento da histria da salvao, introduzido posteriormente e cada uma destas festas (reunidas em

    uma s na poca de Josias): o xodo ou sada do Egito.

    - Shavuot. Os nomes bblicos da festa so: festa da Colheita, Hag ha-Qatsir; festa das

    Primcias, Hag ha-Bikkurim; festa das Semanas, Hag ha-Shavuot; encerramento,

    Atseret. Evento da histria da salvao, introduzido tardiamente nesta festa: a Aliana e a ddiva da Tor no Sinai.

    Ao menos duas outras festas, de menor importncia, marcam ainda o ano

    judaico: Purim (libertao do povo judeu: Rei Assuero e Ester) e Hanuch (Luzes

  • Histria das Religies 58

    purificao do templo efetuada pelos Macabeus e libertao de Jerusalm sob Antoco

    Epfanes em dezembro de 164 a.C.).

    A Cabala.

    A Cabala ou tradio mstica e esotrica judaica, constitui, na histria do

    judasmo, a corrente profunda e secreta que completa, sem a contradizer, a iniciao

    bblica e talmdica. A Cabala uma doutrina mstica e esotrica judaica, elaborada

    com elementos de origem estrangeira que influenciaram a judasmo ao longo do

    tempo. So estes, por exemplo, o pensamento helenstico, a apocalptica, ideias

    gnsticas e neoplatnicas. No obstante, existem na cabala idias tipicamente judaicas

    sobre os nomes divinos, os princpios do amor e do rigor, o messianismo, a sabedoria

    esotrica, a cosmogonia e a teosofia baseada na viso de Daniel (Livro de Daniel, 1).

    Na Idade Mdia, a cabala de origem ps-talmdica chegou a Espanha e

    Alemanha, onde se formaram as duas escolas cabalsticas mais importantes. A escola

    espanhola derivou para a especulao e a alem centrou-se na orao e na meditao.

    Conforme suas duas escolas, h duas tendncias bsicas na apreenso da

    Cabala:

    1. A direo mstica, que se ocupa dos smbolos, frmulas e rituais, apresentando

    grande afinidade com o mundo do mito, do sentimento e da imaginao.

    2. O carter especulativo, com um significado conceitual terico e filosfico. Trata-se

    de uma abordagem associada ao pensamento e razo.

    A obra mais importante da especulao cabalstica o Zohar, atribuda ao rabi

    espanhol Simn Bar Yonai (sculo XIII) um cabalista que viveu como ermito em

    uma caverna por 13 anos e ocultou sua obra do pblico. Este livro torna-se mais tarde

    a verdadeira Bblia dos cabalistas, porque se considera que contm o sentido mstico e

    esotrico da Torah. Escrito em aramaico e, intencionalmente, em um estilo muito

    difcil de ser compreendido. Os discpulos do Zohar e da Cabala lidam com aquelas

    questes de espiritualidade a comunho com Deus, os anjos e a vida aps a morte, as profecias e predies que no foram explorados pelos textos judaicos destinados populao em geral.

    A cabala sofre uma evoluo, sobretudo no Renascimento, atravs de Isaac

    Luria (1534-1572), que insiste no trabalho mstico e asctico do ser humano, trabalho

    que de preparao para a redeno messinica. A influncia de Luria sobre

    ambientes cristos notvel, dando lugar nova cabalstica judaico-crist. Apesar da

    insistncia numa redeno messinica acelerada pela purificao moral e pela

    intensidade espiritual e mstica da pessoa, a cabala no pde evitar um deslizamento de

    carter mgico: conjurao de anjos, magia dos nmeros, superstio, etc.

    A cabala acredita tambm que cada judeu est destinado realizao de uma

    mitsv, de um mandamento previsto para ele. Luta por descobri-lo num conjunto de

    613 mandamentos. Mas apesar de cumpri-los todos, sentir-se- atrado para o

    cumprimento de um deles de forma particular. Quando reconhece a mitsv pessoal, a

    pessoa chega assim s razes da sua alma: compreende o carter particular da sua

    personalidade, a natureza das suas relaes com Deus, a essncia da revelao divina,

    a justeza da sua representao de Deus. Diz o Zohar: Deus aparece s diversas pessoas segundo as suas faculdades, segundo o seu entendimento e segundo a fora da

  • Histria das Religies 59

    sua imaginao. E continua: Este o significado das palavras: os profetas representaram-me com imagens diferentes (Zohar I, 420, b).

    Judasmo e Cristianismo - Legado.

    O estudo do judasmo antigo e do cristianismo primitivo deve ser feito com

    objetividade, empregando mtodos aceitos e imparciais de esforo erudito. O ponto de

    partida o trusmo: o cristianismo surgiu entre os judeus, foi um dia parte do

    judasmo. Por conseguinte, se se deseja analisar as origens do cristianismo, tem-se de

    estudar o judasmo antigo, pois so evidentes as razes judaicas do cristianismo.

    Um estudo do Novo Testamento e do cristianismo primitivo, sem um

    conhecimento ntimo das fontes judaicas, leva a resultados fragmentrios e incorretos.

    Para isso essencial que o estudioso tenha no apenas livre acesso a todas as fontes

    judaicas disponveis, como tambm conhecimento bem fundamentado e slido de

    todas as tendncias e grupos do judasmo na antigidade. Em outras palavras: um

    pesquisador do cristianismo primitivo tambm deve ser um estudioso criativo do

    judasmo. Ele tem de reconhecer tambm que, com muita freqncia, no apenas os

    evangelhos sinticos, mas tambm todo o Novo Testamento, contm testemunhos do

    pensamento e vida judaicos de um perodo anterior maioria dos textos rabnicos.

    possvel demonstrar que, sem dvida, um tema que aparece tanto como um

    dictum rabnico quanto como um relato do Novo Testamento tambm est atestado, de

    fato, no perodo pr-cristo. Um exemplo pode ser citado: Paulo escreve em sua

    Epstola aos Romanos (12,15): Alegrai-vos com os que se alegram, e chorai com os que choram. H uma analogia interessante no tratado posterior Derech Eretz: No se deve chorar na presena daqueles que riem, nem rir na presena daqueles que choram;

    no se deve estar sentado entre aqueles que esto de p, nem ficar de p entre aqueles

    que esto sentados(...). uma regra geral: nenhum homem deve agir de modo

    diferente do comportamento de seu vizinho. Poder-se-ia argumentar que essa referncia inaceitvel (como, de fato, aconteceu um dia), porque no

    metodologicamente correto citar tal analogia com o cenrio das palavras de Paulo.

    Entretanto, por sorte, neste caso a frase est atestada em Tosefta Berachot 2:21, e

    atribuda a Hillel, o Velho: No aparea nu, no aparea vestido1, no aparea de p e no aparea sentado, no aparea rindo, no aparea chorando, pois est dito: Um tempo para chorar e um tempo para rir, um tempo para abraar e um tempo para

    abster-se de abraar (Ecles 3,4-5).2 Hillel viveu no apenas antes de Paulo, como tambm antes de Jesus. Por conseguinte, est eliminada qualquer objeo formal

    contra mencionar a frase de Hillel, conforme est refletida no tratado posterior Derech

    Eretz, como fonte da declarao de Paulo em Romanos 12,15.3 No obstante, sem a

    analogia na Tosefta, onde a frase atribuda a Hillel, no saberamos quo antiga a

    frase na literatura Derech Eretz, onde est preservada de forma annima. Por outro

    lado, a frase em Tosefta Berachot 2:21 est abreviada de tal maneira, que se tornou

    incompreensvel sem a outra analogia. Por isso, sem a passagem na Tosefta, no

    apenas ignoraramos quem cunhou a frase, mas tambm no seramos capazes de

    supor que o ponto de partida da frase de Hillel fosse um versculo bblico a saber, Eclesiastes 3,4-5.

    4 Assim, este exemplo mostrou que permitido usar material rabnico

  • Histria das Religies 60

    posterior para o Estudo do Novo Testamento, bem como, esses esclarecimentos so

    necessrios para analisar as prprias fontes judaicas.

    A bno messinica aparece como clmax de uma seo homiltica (midrash

    Pesikta Derav Kahana, sup. 6) que comea com o promio: Regozijar-me-ei muito no Senhor, minha alma se regozijar em Deus; pois ele me vestiu com os trajes da

    salvao, ele me cobriu com o manto da justia (Is 61,10). Segue assim: O esplendor do traje que Ele pe no Messias continuar fluindo de fim de mundo a fim de mundo,

    como se deduz das palavras como noivo que se adorna de turbante sacerdotal (Is 61,10). Israel far uso de sua luz e dir: Abenoar a hora em que o Messias foi

    criado! Abenoado o tero de onde ele veio! Abenoada a gerao cujos olhos o

    veem! Abenoando o olho ao qual se concedeu o privilgio de v-lo cujos lbios se

    abrem com bno e paz, cuja dico puro deleite, cujos trajes so glria e

    majestade, que confiante e sereno em seu discurso, a declarao de cuja lngua

    perdo e clemncia, cuja orao um doce sabor, cuja splica durante seu estudo

    pureza e santidade. Eles respondem: abenoado Israel. Quanto foi armazenado para

    eles! Como est dito: , quo abundante Tua bondade, que guardaste para eles que Te temem (Sl 31,20).

    O dilogo judaico-cristo seja ele conduzido como contato humano comum ou dentro do rigor de um processo de estrita erudio submetido com freqncia a um padro que o atrapalha: as duas partes nele envolvidas no s do nfase aos

    elementos e caractersticas comuns a ambas, mas tambm se veem confrontadas com

    uma polaridade. Cada um deles pode pressupor uma sutil posio vantajosa de onde se

    descortina a situao da outra religio, e ainda sentir-se satisfeito com o conhecimento

    seguro de sua prpria religio, porque ela agora no possui nenhuma das qualidades

    que distinguem o plo oposto.

    _____________________

    NOTAS.

    1. evidente que esse comeo de frase no era originalmente parte das palavras de Hillel. Essas palavras faltam nas analogias do tratado de Derech-Eretz e foram acrescentadas pelo redator da

    Tosefta a fim de criar um vnculo mais forte com o baraita precedente (2:20).

    2. muito provvel que todo o dito de Hillel seja um acrscimo redacional ao fim do captulo. Tosefta Berachot 2:20 fala sobre aqueles que entram numa casa de banho. H lugares em que os homens esto de p vestidos, e outros lugares em que os homens esto de p nus, e outros lugares em que homens esto de p vestidos e outros nus. O dito de Hillel no tinha, no incio, nenhuma ligao com ambos, mas ele tambm falou sobre ficar de p e sentado. Por causa dessa semelhana, o dito de

    Hillel foi acrescentado ao baraita precedente.

    3. O dito de Hillel falta nas analogias citadas em Billerbeck, vol. III, p. 298, para Rm 12,15.

    4. O dito de Hillel no apenas est refletido em Rm 12,15, mas tambm possvel que tenha

    influenciado I Cor 9,19-23. Ver H. Conzelmann, Der erste Brief an die Korinther, Gttingen, 1969, pp. 188-9, onde ele cita D. Daube, The New Testament and Rabbinic Judaism, Oxford, p. 346.

    Conzelmann trata da questo referente influncia das idias judaicas da auto-humilhao e adaptao.

  • Histria das Religies 61

    E X C U R S U S

  • Histria das Religies 62

    TRANSLITERAO E TRADUO

    (Sidur, p. 364)

    Transliterao

    Avinu shebashamayim, Tsur Yisrael vegalo! Barech et Medinat Yisrael, reshit

    tsemichat gueulatenu. Haguen alecha beevrat chasdecha ufros aleha sucat shelomecha

    ushelach orchah vaamitecha lerasheha, sareha veioatseha, vetakenem beetsa tova

    milefanecha.

    Chazec et iede meguine erets codshenu, vehanchilem Elohenu ieshua vaateret

    nitsachon teaterem, venatata shalom baarets vesimchat olam leioshveha. Veet achenu

    col bet Yisrael, pecod na bechol artsot pezurehem, vetolichem mehera comemiyut

    letsion irecha velirushalayim mishcan shemecha, cacatuv betorat Moshe avdecha, im

    yihie nidachacha biketse hashamayim, misham iecabetscha Adonai Elohecha umisham yicachecha. Veheviacha Adonai Elohecha el haarets asher iarshu avotecha

    virishta, vehetivcha vehirbecha meavotecha.

    Hofa bahadar gueon uzecha al col ioshve tevel artsecha, veiomar col asher

    neshama veapo, Adonai Elohe Yisrael melech umalchuto bacol mashala. AMEN

    SELA.

    Traduo

    Nosso Pai que est no cu, Rocha (Forte) de Israel e seu Redentor! Abenoa o

    Estado de Israel, princpio do crescimento da nossa redeno. Ampara-o com a Tua

    benevolncia e estende sobre ele a tenda da Tua paz; envia a Tua luz e a Tua verdade

    aos seus dirigentes, ministros e conselheiros, encaminhando-os com os Teus bons

    conselhos.

    Fortifica as mos dos defensores da nossa Santa Terra e faze-os herdar, nosso

    Deus, a salvao, coroando-os com a coroa da glria; proporciona paz na terra e

    alegria eterna aos seus moradores. E a nossos irmos que compem toda a Casa de

    Israel visita-os em todas as terras da sua disperso e encaminha-os pronto de cabea

    erguida, a Tsion, Tua cidade, e a Jerusalm, morada do Teu glorioso Nome, conforme

    est escrito na Torah de Moiss, Teu servo: Ainda que o teu desterro esteja na extremidade dos cus, dali te ajuntar o Eterno, teu Deus, e dali te tomar; e te trar o

    Eterno, teu Deus, terra que herdaram teus pais, e a herdars. Une nossos coraes para amar e temer o Teu Nome e guardar todas as palavras da Tua Lei.

    Aparece com a formosura da glria da Tua fora sobre todos os moradores do

    Universo, para que todo aquele que tem flego em seu nariz diga: O Eterno Deus de Israel o Rei e Seu Reino estende-se por tudo. Amm. Sel.

  • Histria das Religies 63

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