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Clipping 08/09/2011 Juiz e Promotoria cobram solução para evasão Juiz e Promotoria cobram solução para evasão Juiz e Promotoria cobram solução para evasão Juiz e Promotoria cobram solução para evasão escolar escolar escolar escolar Para magistrado, mecanismos de combate a abandono na rede pública são ineficazes na cidade de São Paulo Ministério Público abriu inquérito no mês passado para apurar evasão em bairros da zona leste da capital FÁBIO TAKAHASHI NATÁLIA CANCIAN Preocupados com a "inoperância" do poder público em evitar que as crianças abandonem a escola, um juiz da capital paulista e o Ministério Público decidiram cobrar a rede pública a "reverter o quadro de evasão". A ação começou com documento enviado à Promotoria pelo juiz da Vara da Infância de São Miguel Paulista (zona leste), Alberto Gibin Vilela, que relata "inoperância dos mecanismos municipais para coibir evasão" e solicita "providências para compelir o poder público a assumir suas responsabilidades". Segundo a lei, quando uma criança começa a faltar, o diretor da escola deve avisar o conselho tutelar. Caso o problema não seja resolvido, a Justiça deve ser acionada. Conselheiros tutelares da região ouvidos pela reportagem reclamam que as escolas demoram a comunicá-los sobre as faltas excessivas e também dizem que suas estruturas são insuficientes para atender a todos os pedidos. Em resposta ao ofício do juiz, o Grupo de Atuação Especial de Educação da Promotoria abriu mês passado inquérito para "perfeita apuração e combate à evasão escolar" em São Miguel Paulista, Ermelino Matarazzo e Itaim Paulista, áreas da zona leste com baixos indicadores socioeconômicos. A medida pode ser ampliada na cidade. Inicialmente, o juiz pediu medidas referentes ao sistema municipal. O Ministério Público decidiu estender a investigação para as escolas estaduais, pois a apuração inicial mostrou que o problema também afeta essa rede. "O normal é o juiz tratar caso a caso. Mas, devido ao volume, tomou a medida inusual de pedir política mais ampla", disse a promotora Michaela Carli Gomes. O juiz confirmou o ofício, mas não concedeu entrevista. Segundo as secretarias, o abandono na região é maior no ensino médio (entre 4,2% e 5,7% na rede estadual), ainda que a taxa esteja próxima à média da cidade.

Juiz e Promotoria cobram solução para evasãoJuiz e ... · O blog Notinhas de São Miguel () tem denunciado o problema. Segundo o blog, o trecho tem uma curvatura em 90° e seu

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Clipping 08/09/2011

Juiz e Promotoria cobram solução para evasãoJuiz e Promotoria cobram solução para evasãoJuiz e Promotoria cobram solução para evasãoJuiz e Promotoria cobram solução para evasão

escolarescolarescolarescolar Para magistrado, mecanismos de combate a abandono na rede pública são ineficazes na cidade de São Paulo Ministério Público abriu inquérito no mês passado para apurar evasão em bairros da zona leste da capital FÁBIO TAKAHASHI NATÁLIA CANCIAN

Preocupados com a "inoperância" do poder público em evitar que as crianças abandonem a escola, um juiz da capital paulista e o Ministério Público decidiram cobrar a rede pública a "reverter o quadro de evasão". A ação começou com documento enviado à Promotoria pelo juiz da Vara da Infância de São Miguel Paulista (zona leste), Alberto Gibin Vilela, que relata "inoperância dos mecanismos municipais para coibir evasão" e solicita "providências para compelir o poder público a assumir suas responsabilidades". Segundo a lei, quando uma criança começa a faltar, o diretor da escola deve avisar o conselho tutelar. Caso o problema não seja resolvido, a Justiça deve ser acionada. Conselheiros tutelares da região ouvidos pela reportagem reclamam que as escolas demoram a comunicá-los sobre as faltas excessivas e também dizem que suas estruturas são insuficientes para atender a todos os pedidos. Em resposta ao ofício do juiz, o Grupo de Atuação Especial de Educação da Promotoria abriu mês passado inquérito para "perfeita apuração e combate à evasão escolar" em São Miguel Paulista, Ermelino Matarazzo e Itaim Paulista, áreas da zona leste com baixos indicadores socioeconômicos. A medida pode ser ampliada na cidade. Inicialmente, o juiz pediu medidas referentes ao sistema municipal. O Ministério Público decidiu estender a investigação para as escolas estaduais, pois a apuração inicial mostrou que o problema também afeta essa rede. "O normal é o juiz tratar caso a caso. Mas, devido ao volume, tomou a medida inusual de pedir política mais ampla", disse a promotora Michaela Carli Gomes. O juiz confirmou o ofício, mas não concedeu entrevista. Segundo as secretarias, o abandono na região é maior no ensino médio (entre 4,2% e 5,7% na rede estadual), ainda que a taxa esteja próxima à média da cidade.

ANÁLISE EVASÃO ESCOLAR

Judiciário deve exigir políticasJudiciário deve exigir políticasJudiciário deve exigir políticasJudiciário deve exigir políticas

públicas que fortaleçam as escolaspúblicas que fortaleçam as escolaspúblicas que fortaleçam as escolaspúblicas que fortaleçam as escolas A exclusão no setor público está relacionada à própria estrutura do ensino, como as salas de aula lotadas

SALOMÃO XIMENES ESPECIAL PARA FOLHA A alta evasão é a mais evidente representação do caráter seletivo e excludente de osso sistema educacional e está diretamente relacionada à forma como quase universalizamos o acesso à escola, sem garantia de investimentos e de qualidade. Antes do ECA, a questão ficava restrita à escola e às redes de ensino. É salutar o envolvimento do sistema de justiça, como controle externo das políticas públicas. Apesar de iniciativas adotadas no próprio campo educacional, as razões da exclusão escolar estão relacionadas à própria estrutura do ensino. Longe de indicar problemas individuais dos estudantes e das escolas

ANÁLISE EVASÃO ESCOLAR

Judiciário deve exigir políticasJudiciário deve exigir políticasJudiciário deve exigir políticasJudiciário deve exigir políticas

públicas que fortaleçam aspúblicas que fortaleçam aspúblicas que fortaleçam aspúblicas que fortaleçam as

escolasescolasescolasescolas A exclusão no setor público está relacionada à própria estrutura do ensino, como as salas de aula lotadas famílias, as altas taxas de evasão apontam desajuste entre o sistema educacional e o direito humano à educação, entendido como aprender em condições de igualdade e com dignidade. Salas lotadas, precarização das condições de trabalho do magistério, carência de insumos elementares, ausência de gestão democrática e de condições para implementação de estratégias de combate à violência, ao preconceito, ao racismo e à homofobia são fatores intraescolares na raiz da exclusão e que, enquanto dado estatístico, manifesta-se como evasão. O desafio é mobilizar o Judiciário, fazê-lo assumir de fato seu papel na realização dos direitos fundamentais, identificando a responsabilidade do Estado e exigindo políticas públicas que fortaleçam as escolas públicas. De nada adiantará responsabilizar genitores, menos ainda dizer que os juízes não podem intervir em políticas públicas. Neste caminho o resultado é bem conhecido: o Judiciário continuará ocupado gerenciando o ciclo de exclusão do qual tomou parte. SALOMÃO XIMENES, advogado e mestre em educação, coordena o programa Ação na Justiça da ONG Ação Educativa

CET constata que curva de praça facilita batidasCET constata que curva de praça facilita batidasCET constata que curva de praça facilita batidasCET constata que curva de praça facilita batidas Endereço da Capela de São Miguel, na Zona Leste, registrou três acidentes em menos de um mês. Veículos quase atingiram o prédio tombado. Nesta quinta, reunião busca solução que evite mais choques Representantes da comunidade de São Miguel Paulista, na Zona Leste, se reúnem com técnicos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) nesta quinta para encontrar uma solução que evite os constantes acidentes na curva sentido Centro da Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, endereço da Capela de São Miguel Arcanjo. Só em agosto, foram três batidas envolvendo dois carros e um ônibus. Em todos elas, a capela tombada pelo patrimônio histórico e recentemente restaurada só não foi atingida porque os veículos pararam na grade de proteção do prédio. O vereador Ricardo Teixeira (PV), que encaminhou o problema à CET, disse que técnicos da empresa estiveram na praça na semana passada e constataram que a curva é negativa. Ou seja, ao entrar na curva, dependendo da velocidade que está, o motorista não consegue controlar o veículo, que segue para fora do percurso da via. foto: Gilberto Travesso / Divulgação

Em 1 de agosto, o motorista de um ônibus perdeu o controle do veículo na curva, bateu em um poste e foi parar ao lado da capela "Os acidentes de agosto foram à noite e não sabemos em qual velocidade os veículos estavam. Mas caía na região uma garoa fina, o que, com o pavimento novo da via, facilita o deslizamento", lembrou o vereador. Os acidentes não provocaram vítimas graves. O blog Notinhas de São Miguel (www.notasdesaomiguel.blogspot.com) tem denunciado o problema. Segundo o blog, o trecho tem uma curvatura em 90° e seu declive do lado esquerdo não aceita alta velocidade. Em 1 de agosto, um ônibus perdeu a direção, bateu em um poste e quase atingiu a parede lateral da capela. O que segurou o impacto foram as proteções de concreto. No dia 13, um carro se chocou contra a grade e invadiu o jardim da igreja. No dia 29, outro carro também chegou perto do prédio. A CET informou nesta quarta que só poderia falar sobre o problema a partir desta quinta. Capela de São Miguel é o mais antigo templo da cidade A Capela de São Miguel Arcanjo é o templo mais antigo de São Paulo. De taipa de pilão, seus registros datam de 1622. Ela foi erguida na única colina da várzea do Rio Tietê, em uma região marcada pela presença dos índios. A partir de 1960, o bairro de São Miguel passou a receber migrantes nordestinos e o endereço da capela passou a ser conhecido como Praça do Forró. Enquanto a cidade crescia, a capela histórica ficou abandonada. Em março deste ano, porém, um restauro completo da edificação foi entregue à cidade. 6 milhões de reais custou a restauração completa da área da capela

Fora dos trilhos EDUARDO FAGNANI Modernizar não é comprar trem. O fundamental é reduzir a frequência. Há muito poderíamos contar com 290 km a mais de metrô. O debate sobre os transportes públicos é desalentador. Ao lado da esgotada opção pelo ônibus (na forma de corredores), emergem "soluções" elitistas (bicicletas) e utópicas (restrição ao uso do automóvel, pedágio, carona, rodízio etc.). Bicicleta é bom para quem mora em Higienópolis (centro) e trabalha no Pacaembu (zona oeste). Não serve para a minha empregada, que mora no Capão Redondo (zona sul) e trabalha no Butantã (zona oeste). Usar automóvel não é ato de vontade, mas falta de opção. O problema remonta à década de 1950. A acelerada urbanização não foi acompanhada de ação pública. O setor nunca foi prioridade, e usuários sempre foram tratados como gado. Em metrópoles europeias, o transporte coletivo prepondera ante o individual. No universo dos meios coletivos, metrô e trem respondem pela maioria das viagens; o ônibus tem papel suplementar. Caracas e Cidade do México seguem esses parâmetros. Aqui, ocorre o inverso. Entre 1967 e 2007, a participação dos meios coletivos declinou (de 68% para 55%) em favor do automóvel. No âmbito exclusivo das viagens coletivas, em 2007, o ônibus respondia por 78% dos deslocamentos, ante 16% do metrô e 6% do trem. Iniciamos tarde o investimento em transporte público e não recuperamos o tempo perdido. Desde 1968, construímos, em média, 1,7 km de metrô ao ano. Na Cidade do México e em Santiago, o ritmo é superior -4,4 km e 2,6 km, respectivamente. xangai constrói 21 km/ ano desde 90. Aqui, as obras da linha amarela (de 12 km) já levam 16 anos. O indicador "população por km de linha" evidencia a reduzida oferta. Em 2009, figurávamos entre as dez piores situações globais (278 mil pessoas/km), distantes da Cidade do México (94 mil) e de santiago (55 mil) e da maioria das aglomerações(entre 10 e 30 mil). Nosso metrô é um dos mais superlotados do mundo (27mil passageiros por km de linha), taxa superior às da Cidade do México, de Buenos Aires, de Santiago (entre 15 e 19mil) e da maior parte das metrópoles mundiais (inferior a 10 mil). Com a privatização, o metrô tem de dar lucro. Nos últimos 20 anos, a tarifa subiu quase o dobro da inflação. Em 2009, nossa tarifa (€ 0,99) era semelhante à de Lisboa (€ 1,05). Todavia, o lisboeta trabalhava 14 minutos para comprar um Big Mac; o paulistano, 40. Cidades latinas possuíam tarifas inferiores: Santiago (€ 0,72); Bogotá (€ 0,57); Buenos Aires (€ 0,31) e México (€ 0,18). Não priorizamos a modernização dos 290 km da CPTM, que demanda investimentos muito menores (pois evita desapropriações e subterrâneos). Em 2007, o metrô (60 km) transportou 2,2 milhões de pessoas/ dia, enquanto a CPTM (290 km) se restringia a 800 mil. Essa disparidade é explicada pela rápida frequência do metrô. Modernizar não é comprar trem. O fundamental é reduzir a frequência. Há muito poderíamos contar com290 km adicionais de metrô. O governo estadual é o principal responsável pela crise, seguido pelo município, que não investe no sistema. A União também foi omissa: em 1990, o tema saiu da agenda, só retornando em 2007(via PAC). Precisamos elaborar uma política nacional assentada na responsabilidade compartilhada entre os entes federativos e ancorada em fontes de financiamento sustentadas. O Brasil pode resolver essa questão no curto prazo. Estima-se que meio ponto a mais na taxa de juros tenha um custo de R$ 15 bilhões -o suficiente para construir mais da metade da rede de metrô paulistana. Transporte público em metrópoles do porte das capitais brasileiras requer sistemas de alta capacidade. Isso é o que separa a civilização da barbárie. Transporte é um direito

do cidadão, e não apenas do torcedor da Copa do Mundo. EDUARDO FAGNANI é professor doutor do Instituto de Economia da Unicamp.

Do paraíso à desaprovação O metrô sempre foi um dos orgulhos de São Paulo, uma das poucas coisas que funcionavam direito nessa metrópole confusa. De tão bom, passou a ser usado por cada vez mais paulistanos, entupiu, e o serviço piorou. Mesmo linhas que eram mais tranquilas, como a 2-verde (aquela que passa no Paraíso e na Consolação), hoje enfrentam problemas de superlotação. Além da disputa por espaço nos vagões, o excesso de passageiros leva o sistema a operar no limite - qualquer probleminha pode resultar em atrasos enormes. Assim, pela primeira vez em quase 15 anos, menos de 50% da população aprova a qualidade do metrô, diz o Datafolha. Dois fatores levam a essa superlotação: de um lado, os ônibus são tão ruins que a população foge deles sempre que dá. Isso, em grande parte, é culpa da prefeitura. O prefeito Gilberto Kassab (PSD) havia prometido, na campanha passada, criar 66 km de corredores de ônibus. Quase nada foi entregue ainda, e o mandato dele termina no ano que vem. Por outro lado, a expansão do metrô tem sido muito lenta aí, a responsabilidade recai principalmente sobre o governo estadual, de Geraldo Alckmin (PSDB). O cronograma de várias linhas, como a 4 e a 5, está muito atrasado. Quanto mais rotas houver, mais as pessoas podem buscar trajetos alternativos, desafogando as linhas que estão acima do limite. Em 2012 tem eleição para prefeito. Em 2014, para governador. Os atuais governantes de São Paulo vão ter que suar mais que passageiro do metrô em horário de pico para tentar explicar por que não fizeram mais.