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Juizados Especiais Da Fazenda Publica - Ricardo Cunha Chimenti

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Sumário

RICARDO CUNHA CHIMENTIAberturaCréditosABREVIATURASAPRESENTAÇÃO LEI N. 12.153, DE 22 DE DEZEMBRODE 2009

1.1 ORIGEM E CRIAÇÃO DOSJUIZADOS ESPECIAIS COMUNS DOSESTADOS E DO DF

1.2 OS JUIZADOS ESPECIAISFEDERAIS

1.3 OS JUIZADOS DA FAZENDAPÚBLICA

1.4 O SISTEMA DOS JUIZADOSESPECIAIS

2.1 LIMITE DE ALÇADA E

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POSSIBILIDADE DE CONCILIAÇÃO2.2 AS MATÉRIAS EXCLUÍDAS DA

COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS DAFAZENDA PÚBLICA

2.3 O CÁLCULO DO VALOR DACAUSA QUANDO HÁ PARCELASVINCENDAS

2.4 O VALOR DA CAUSA NAHIPÓTESE DE LITISCONSÓRCIO

2.5 COMPETÊNCIA ABSOLUTA DOSJUIZADOS DA FAZENDA PÚBLICA

2.6 O RECONHECIMENTO DAINCOMPETÊNCIA E A INTERRUPÇÃODA PRESCRIÇÃO NAS AÇÕES ...

2.7 PRESCRIÇÃO NAS AÇÕESCONTRA A FAZENDA PÚBLICA –OBSERVAÇÕES GERAIS

3.1 TUTELA ANTECIPADA ETUTELA CAUTELAR – OBSERVAÇÕESGERAIS

3.2 AÇÃO CAUTELARPREPARATÓRIA

3.3 AS ASTREINTES NA ANTECI

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PAÇÃO DE TUTELA4.1 RECURSO CONTRA A DECISÃO

DECORRENTE DO PEDIDOCAUTELAR OU ANTECIPATÓRIO

4.2 A SUSPENSÃO DA LIMINAR4.3 RECURSO CONTRA A

SENTENÇA4.4 O ÓRGÃO RECURSAL4.5 O RECURSO E A SENTENÇA

QUE NÃO APRECIA O MÉRITO4.6 A TEORIA DA CAUSA MADURA5.1 O AUTOR PESSOA FÍSICA5.2 O AUTOR EMPRESÁRIO

INDIVIDUAL, MICROEMPRESA OUEMPRESA DE PEQUENO PORTE

5.3 A ORGANIZAÇÃO DASOCIEDADE CIVIL DE INTERESSEPÚBLICO E AS SOCIEDADES DE ...

5.4 A FAZENDA PÚBLICA COMOAUTORA DE PEDIDO CONTRAPOSTO

5.5 OS RÉUS5.6 RESPONSABILIDADE CIVIL DO

ESTADO

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6.1 VALIDADE DAS CITAÇÕES EINTIMAÇÕES

6.2 CITAÇÕES E INTIMAÇÕESELETRÔNICAS

6.3 DISPOSIÇÕES GERAIS SOBREAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES

6.4 A PRESCRIÇÃO NAS AÇÕESCONTRA A FAZENDA PÚBLICA

7.1 INEXISTÊNCIA DE PRAZODIFERENCIADO EM FAVOR DAFAZENDA PÚBLICA

7.2 A ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA8.1 OS REPRESENTANTES

JUDICIAIS DA FAZENDA PÚBLICA8.2 CONCILIAÇÃO E TRANSAÇÃO –

NECESSIDADE DE LEI LOCAL8.3 A OBSERVÂNCIA DA ORDEM

CRONOLÓGICA PARA O PAGAMENTODO VALOR DE ACORDO

8.4 A POSSIBILIDADE DE DISPENSADA DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIAS

9.1 INEXIGIBILIDADE DACONTESTAÇÃO NA AUDIÊNCIA DE

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CONCI LIAÇÃO9.2 RECUSA NA APRESENTAÇÃO

DOS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS ÀCONCILIAÇÃO

10.1 EXAME TÉCNICO10.2 AS INSPEÇÕES10.3 OS HONORÁRIOS DO TÉCNICO12.1 A SATISFAÇÃO DAS

OBRIGAÇÕES DE FAZER OU DEENTREGAR COISA CERTA

12.2 A CLÁUSULA PENAL12.3 AS ASTREINTES12.4 A CONVERSÃO DA

OBRIGAÇÃO ESPECÍFICA EM PERDASE DANOS

13.1 PAGAMENTO DO VALORDECORRENTE DE CONDENAÇÃOTRANSITADA EM JULGADO – ...

13.2 O SEQUESTRO DE RENDAS13.3 OS LITISCONSORTES13.4 VEDAÇÃO AO

FRACIONAMENTO PARA FINS DEDISPENSA DE PRECATÓRIO

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13.5 A RPV E OS PRECATÓRIOS13.6 O LEVANTAMENTO DOS

VALORES DEPOSITADOS13.7 PAGAMENTO FEITO A MENOR13.8 A EXECUÇÃO DE TÍTULO

EXTRAJUDICIAL14.1 A INSTALAÇÃO DOS JUIZADOS

DA FAZENDA PÚBLICA14.2 OS JUIZADOS ADJUNTOS E OS

JUIZADOS ITINERANTES15.1 OS CONCILIADORES15.2 O CONCILIADOR-ADVOGADO –

AUSÊNCIA DE INCOMPATIBILIDADEOU IMPEDIMENTO

15.3 O JUIZ LEIGO15.4 RITO DA CONCILIAÇÃO16.1 A CONDUÇÃO DA AUDIÊNCIA

PELO CONCILIADOR16.2 A IRRECORRIBILIDADE DA

SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA16.3 O ACORDO ACEITO POR

APENAS UM DOS LITISCONSORTES16.4 A COLHEITA DE

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DEPOIMENTOS PELO CONCILIADOR16.5 A AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO

E JULGAMENTO E A REVELIA16.6 A DISPENSA DA AUDIÊNCIA

DE TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO16.7 O ADIAMENTO E O

DESDOBRAMENTO DA AUDIÊNCIA17.1 AS TURMAS RECURSAIS17.2 O DIREITO INTERTEMPORAL E

OS RECURSOS17.3 A ESCOLHA DOS

MAGISTRADOS DAS TURMASRECURSAIS

17.4 O RITO DO JULGAMENTO17.5 HABEAS CORPUS, EXCEÇÃO

DE SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO,EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, ...

17.6 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO17.7 OS EMBARGOS INFRINGENTES

E O RECURSO ADESIVO18.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE A

UNIFORMIZAÇÃO DAINTERPRETAÇÃO DE LEI NO

Page 9: Juizados Especiais Da Fazenda Publica - Ricardo Cunha Chimenti

SISTEMA ...18.2 A RECLAMAÇÃO18.3 A ORIGEM DO PEDIDO DE

UNIFORMIZAÇÃO NOS JUIZADOSESTADUAIS E O PROJETO DE ...

18.4 A UNIFORMIZAÇÃOINSTITUÍDA PELA LEI N. 12.153/2009– PEDIDO COM NATUREZA ...

18.5 DIVERGÊNCIAS ENTRETURMAS RECURSAIS DA MESMAUNIDADE DA FEDERAÇÃO

18.6 A DIVERGÊNCIA ENTRETURMAS DE DIFERENTES UNIDADESDA FEDERAÇÃO

18.7 DECISÃO QUESIMULTANEAMENTE CRIADIVERGÊNCIA COM OUTRA TURMADO MESMO ...

19.1 JULGADO DE TURMA DEUNIFORMIZAÇÃO CONTRÁRIO ASÚMULA DO STJ

19.2 SOBRESTAMENTO DOSPEDIDOS DE UNIFORMIZAÇÃO

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SUBSEQUENTES19.3 SUSPENSÃO DOS PROCESSOS

QUE ENVOLVEM A MATÉRIA OBJETODA UNIFORMIZAÇÃO

19.4 O AMICUS CURIAE19.5 A VOCAÇÃO EXPANSIVA DA

UNIFORMIZAÇÃO20.1 A REGULAMENTAÇÃO JUNTO

AOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA20.2 A REGULAMENTAÇÃO DO

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃODIRIGIDO AO STJ

20.3 RECURSO ESPECIAL20.4 O RECURSO EXTRAORDINÁRIO

JUNTO AO STF21.1 O RECURSO EXTRAORDINÁRIO21.2 DECISÃO QUE

SIMULTANEAMENTE CRIADIVERGÊNCIA COM OUTRA TURMADO MESMO ...

21.3 O RECURSO EXTRAORDINÁRIONO REGIMENTO INTERNO DO STF

22 PRAZO PARA A INSTALAÇÃO

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DOS JUIZADOS DA FAZENDAPÚBLICA

23 LIMITAÇÃO DA COMPETÊNCIAPOR ATÉ 5 ANOS

24.1 VEDAÇÃO DA REMESSA PARAO JUIZADO DA FAZENDA DASDEMANDAS AJUIZADAS ATÉ 22 ...

24.2 OS CONFLITOS DECOMPETÊNCIA

LEI N. 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE1995LEI N. 10.259, DE 12 DE JULHO DE2001PROVIMENTO N. 7REFERÊNCIAS

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RICARDO CUNHACHIMENTI

Juiz da 35a Vara Cível de São Paulo, oraconvocado junto à Corregedoria

Nacional de Justiça (CNJ). Coordenadordo Grupo de Juizados Especiais da

Escola Paulista da Magistratura.Coordenador do Grupo de Juízes

designados pelo CNJ para oaprimoramento do Sistema dos

Juizados Especiais e a implementaçãodos Juizados da Fazenda Pública no

Brasil. Ex-Presidente do FONAJE(Fórum Nacional dos Juizados

Especiais) e do Primeiro ColégioRecursal dos Juizados Especiais de São

Paulo. Presidente da ComissãoLegislativa do FONAJE. Foi Juiz Diretor

do Juizado Especial Cível Central deSão Paulo, Juiz da 2a e da 6a Varas da

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Fazenda Pública de São Paulo e JuizConvocado junto à 5a Câmara de Direito

Público do TJSP. É Professor doComplexo Jurídico Damásio de Jesus, doDuctor Centro de Estudos Jurídicos de

Campinas-SP e da UniversidadeMackenzie.

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ISBN : 9788502110311 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação(CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Chimenti, Ricardo CunhaJuizados Especiais da Fazenda Pública : Lein. 12.153/2009 comentada artigo porartigo / Ricardo Cunha Chimenti. – SãoPaulo : Saraiva, 2010.“Contém: Enunciados do Fórum Nacionaldos Juizados Especiais Estaduais (FONAJE)e do Fórum Nacional dos Juizados EspeciaisFederais (FONAJEF)”1. Fazenda Pública – Brasil 2. JuizadosEspeciais – Legislação - Brasil 3. ProcessoCivil – Brasil I. Título. 10-04789

CDU-347.994:354.21 (81) (094.56)

Índice para catálogo sistemático:1. Brasil : Fazenda Pública : Juizados especiais : Leis comentadas : Direito processual civil 347.994 : 354.21(81)(094.56)

Diretor Antonio Luiz de

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editorial Toledo Pinto

Diretor deproduçãoeditorial

Luiz Roberto Curia

Editor Jônatas Junqueirade Mello

Assistenteeditorial

Thiago Marcon deSouza

Produçãoeditorial

Lígia Alves

Clarissa BoraschiMaria

Preparação deoriginais

Maria Lúcia deOliveira Godoy

Arte ediagramação

Cristina AparecidaAgudo de Freitas

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Isabel Gomes Cruz

Revisão deprovas

Rita de CássiaQueiroz Gorgati

Renato Medeiros

Serviçoseditoriais

Elaine Cristina daSilva

Vinicius AsevedoVieira

Capa Leon DenisMatheus

Data de fechamento da edição: 8-6-2010r

Dúvidas?Acesse www.saraivajur.com.br br

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Nenhuma parte desta publicação poderá serreproduzida por qualquer meio ou forma sem a préviaautorização da Editora Saraiva.A violação dos direitos autorais é crime estabelecidona Lei n. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 doCódigo Penal.

Rua Henrique Schaumann, 270, Cerqueira César—SãoPaulo—SP CEP 05413-909 PABX: (11) 3613 3000 SACJUR: 0800 055 7688 De 2° a 6°, das 8:30 às 19:30 [email protected] Acesse: www.saraivajur.com.br FILIAIS AMAZONAS/RONDÔNIA/RORAIMA/ACRE Rua Costa Azevedo, 56 – Centro Fone: (92) 3633-4227 – Fax: (92) 3633-4782 –Manaus BAHIA/SERGIPE

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Rua Agripino Dórea, 23 – Brotas Fone: (71) 3381-5854 / 3381-5895 Fax: (71) 3381-0959 – Salvador BAURU (SÃO PAULO) Rua Monsenhor Claro, 2-55/2-57 – Centro Fone: (14) 3234-5643 – Fax: (14) 3234-7401 – Bauru CEARÁ/PIAUÍ/MARANHÃO Av. Filomeno Gomes, 670 – Jacarecanga Fone: (85) 3238-2323 / 3238-1384 Fax: (85) 3238-1331 – Fortaleza DISTRITO FEDERAL SIA/SUL Trecho 2 Lote 850 – Setor de Indústria eAbastecimento Fone: (61) 3344-2920 / 3344-2951 Fax: (61) 3344-1709 – Brasília GOIÁS/TOCANTINS Av. Independência, 5330 – Setor Aeroporto Fone: (62) 3225-2882 / 3212-2806 Fax: (62) 3224-3016 – Goiânia MATO GROSSO DO SUL/MATO GROSSO Rua 14 de Julho, 3148 – Centro Fone: (67) 3382-3682 – Fax: (67) 3382-0112 – Campo

Page 20: Juizados Especiais Da Fazenda Publica - Ricardo Cunha Chimenti

Grande MINAS GERAIS Rua Além Paraíba, 449 – Lagoinha Fone: (31) 3429-8300 – Fax: (31) 3429-8310 – BeloHorizonte PARÁ/AMAPÁ Travessa Apinagés, 186 – Batista Campos Fone: (91) 3222-9034 / 3224-9038 Fax: (91) 3241-0499 – Belém PARANÁ/SANTA CATARINA Rua Conselheiro Laurindo, 2895 – Prado Velho Fone/Fax: (41) 3332-4894 – Curitiba PERNAMBUCO/PARAÍBA/R. G. DO NORTE/ALAGOAS Rua Corredor do Bispo, 185 – Boa Vista Fone: (81) 3421-4246 – Fax: (81) 3421-4510 – Recife RIBEIRÃO PRETO (SÃO PAULO) Av. Francisco Junqueira, 1255 – Centro Fone: (16) 3610-5843 – Fax: (16) 3610-8284 –Ribeirão Preto RIO DE JANEIRO/ESPÍRITO SANTO Rua Visconde de Santa Isabel, 113 a 119 – Vila Isabel

Page 21: Juizados Especiais Da Fazenda Publica - Ricardo Cunha Chimenti

Fone: (21) 2577-9494 – Fax: (21) 2577-8867 / 2577-9565 Rio de Janeiro RIO GRANDE DO SUL Av. A. J. Renner, 231 – Farrapos Fone/Fax: (51) 3371-4001 / 3371-1467 / 3371-1567 Porto Alegre SÃO PAULO Av. Antártica, 92 – Barra Funda Fone: PABX (11) 3616-3666 – São Paulo

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ABREVIATURAS

AASP -Associação dosAdvogados de SãoPaulo

AC - Apelação Cível

ADECON - Ação Declaratória deConstitucionalidade

ADIn - Ação Direta deInconstitucionalidade

Ag. - Agravo

AgI - Agravo deInstrumento

AgMS - Agravo em Mandadode Segurança

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AgRg - Agravo Regimental

AGU - Advocacia-Geral daUnião

AI - Ato Institucional

Ap. - Apelação

AR - Aviso de Recebimento

CC - Código Civil

CCív. - Câmara Cível

CComp - Conflito deCompetência

CE - Constituição doEstado

Centro de Estudos e

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CED - Debates

CF - Constituição Federal

CLT - Consolidação das Leisdo Trabalho

CNJ - Conselho Nacional deJustiça

CPC - Código de ProcessoCivil

CTN - Código TributárioNacional

Des. - Desembargador

DJU - Diário da Justiça daUnião

DOE - Diário Oficial doEstado

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DOU - Diário Oficial da União

EC - EmendaConstitucional

ED - EmbargosDeclaratórios

EI - EmbargosInfringentes

Incijur -Instituto de CiênciasJurídicas (SantaCatarina)

ENTA - Encontro Nacional dosTribunais de Alçada

FONAJE - Fórum Nacional dosJuizados Especiais

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FONAJEF - Fórum Nacional dosJuizados EspeciaisFederais

j. - julgado

JEC - Juizado Especial Cível

JEF - Juizado EspecialFederal

JIC - Juizado Informal deConciliação

JTACSP -Julgados do Tribunal deAlçada Civil de SãoPaulo

JTJ - Julgados do Tribunal deJustiça

LC - Lei Complementar

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LICC - Lei de Introdução aoCódigo Civil

MI - Mandado de Injunção

MP - Ministério Público

MS - Mandado deSegurança

OAB - Ordem dos Advogadosdo Brasil

PLC - Projeto de LeiComplementar

RE - RecursoExtraordinário

Rel. - relator

RePro - Revista de Processo

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REsp - Recurso EspecialRITJ - Regimento Interno do

Tribunal de Justiça

RJC - Recurso do JuizadoCível

RJE - Revista dos JuizadosEspeciais

RJTJSP -Revista deJurisprudência doTribunal de Justiça deSão Paulo

ROMS -Recurso Ordinário emMandado deSegurança

RPV - Requisição dePequeno Valor

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RSTJ - Revista do SuperiorTribunal de Justiça

RT - Revista dos Tribunais

RTFR - Revista do TribunalFederal de Recursos

RTJ - Revista Trimestral deJurisprudência

RTJE -Revista Trimestral deJurisprudência dosEstados

SCPC - Serviço Central deProteção ao Crédito

STF - Supremo TribunalFederal

STJ - Superior Tribunal deJustiça

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T. - Turma

TACMG - Tribunal de AlçadaCivil de Minas Gerais

TACRJ - Tribunal de AlçadaCivil do Rio de Janeiro

TACRS -Tribunal de AlçadaCivil do Rio Grande doSul

TACSP - Tribunal de AlçadaCivil de São Paulo

TARJ - Tribunal de Alçada doRio de Janeiro

TARS - Tribunal de Alçada doRio Grande do Sul

TFR - Tribunal Federal de

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RecursosTJAM - Tribunal de Justiça do

Amazonas

TJDF - Tribunal de Justiça doDistrito Federal

TJMT - Tribunal de Justiça doMato Grosso

TJRO - Tribunal de Justiça deRondônia

TJRS - Tribunal de Justiça doRio Grande do Sul

TJSP - Tribunal de Justiça deSão Paulo

TRF - Tribunal RegionalFederal

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TRJE - Turma Recursal doJuizado Especial

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APRESENTAÇÃO

A Lei n. 12.153/2009, ao criar oJuizado da Fazenda Pública dosEstados, do Distrito Federal e dosMunicípios, complementa um novosistema de prestação jurisdicional,cujas bases são os critérios daoralidade, da simplicidade, dainformalidade, da economia processuale da celeridade.

O Sistema dos Juizados Especiais teveinício com a já revogada Lei n. 7.244/84,a Lei dos Juizados de Pequenas Causas,que nasceu de um projeto maior dedesburocratização da emperradamáquina estatal brasileira. Na ocasiãotive oportunidade de atuar como juiz deJuizado de Pequenas Causas emdiversas comarcas do Estado de SãoPaulo.

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Diante do grande avanço que trouxeàs relações do jurisdicionado com oPoder Judiciário, o Juizado Especial foiinserido no texto da ConstituiçãoFederal de 1988 (art. 98) e ganhoumaior espaço e competência com aedição da Lei nacional n. 9.099/95, coma qual pude trabalhar como juiz doJuizado Especial Cível Central de SãoPaulo e de Turmas Recursais doEstado. Posso afirmar que os JuizadosEspeciais foram imprescindíveis paraque o direito do consumidor no Brasilfosse, hoje, um dos mais avançados domundo.

Em 2001, com a publicação de outralei federal de abrangência nacional (Lein. 10.259/2001), os Juizados Especiaisganharam novo impulso, desta vezpermitindo que cidadãos comunspudessem acionar a União e suasautarquias (especialmente o INSS) porintermédio de um sistema judicial

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descomplicado. Conheci maisprofundamente a rotina dos JuizadosFederais durante os trabalhos dosquais participei junto à CorregedoriaNacional de Justiça e, assim, possoatestar a sua grande relevância social.

Agora, em um passo largo deexercício da cidadania, temos a criaçãodos Juizados da Fazenda Pública, órgãointegrante do Sistema dos JuizadosEspeciais e que propiciará ao cidadãocomum, às microempresas e àsempresas de pequeno porte acessosimplificado para o ajuizamento deações de até sessenta salários mínimoscontra os Estados, o DF, os Municípios,suas autarquias, fundações e empresaspúblicas.

Durante os períodos nos quais atueicomo juiz de Varas da Fazenda Públicada Comarca de São Paulo testemunheio quanto a burocracia do tradicional

Page 36: Juizados Especiais Da Fazenda Publica - Ricardo Cunha Chimenti

Código de Processo Civil prejudica oacesso ao Poder Judiciário e a rápidasolução dos processos ajuizados contraa Administração Pública estadual emunicipal, circunstâncias que geramimpunidade e acabam por estimular ocomodismo de alguns agentes, tudo emprejuízo da reputação do serviçopúblico.

Certo de que a existência demecanismos eficazes de prestaçãojurisdicional motivará o cumprimentovoluntário das obrigações, acredito queos Juizados da Fazenda Públicainaugurarão um período de grandeevolução na qualidade dos serviçosprestados pelo Estado, cujos erros eabusos passarão a ser controlados deforma muito mais intensa.

Com este livro espero compartilharcom o leitor minhas experiências comojuiz de Juizado Especial, juiz de Turma

Page 37: Juizados Especiais Da Fazenda Publica - Ricardo Cunha Chimenti

Recursal dos Juizados, juiz de Vara daFazenda Pública, juiz convocado junto à5a Câmara de Direito Público doTribunal de Justiça do Estado de SãoPaulo, juiz do Conselho Supervisor dosJuizados Especiais de São Paulo e juizda Corregedoria-Geral de Justiça doEstado de São Paulo e da Corregedoriado Conselho Nacional de Justiça (CNJ),tudo a fim de contribuir para o bomfuncionamento dos Juizados daFazenda Pública.

Agradeço a atenção dos amigos eleitores, a cuja disposição me colocopara críticas e sugestões.

Obrigado.Junho de 2010

Ricardo Cunha Chimenti

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LEI N. 12.153, DE 22DE DEZEMBRO DE

20091

1.1 ORIGEM E CRIAÇÃO DOS

JUIZADOS ESPECIAIS COMUNS DOSESTADOS E DO DF

1.2 OS JUIZADOS ESPECIAISFEDERAIS

1.3 OS JUIZADOS DA FAZENDAPÚBLICA

1.4 O SISTEMA DOS JUIZADOSESPECIAIS

2.1 LIMITE DE ALÇADA EPOSSIBILIDADE DE CONCILIAÇÃO

2.2 AS MATÉRIAS EXCLUÍDAS DACOMPETÊNCIA DOS JUIZADOS DAFAZENDA PÚBLICA

Page 39: Juizados Especiais Da Fazenda Publica - Ricardo Cunha Chimenti

2.3 O CÁLCULO DO VALOR DACAUSA QUANDO HÁ PARCELASVINCENDAS

2.4 O VALOR DA CAUSA NAHIPÓTESE DE LITISCONSÓRCIO

2.5 COMPETÊNCIA ABSOLUTA DOSJUIZADOS DA FAZENDA PÚBLICA

2.6 O RECONHECIMENTO DAINCOMPETÊNCIA E A INTERRUPÇÃODA PRESCRIÇÃO NAS AÇÕES ...

2.7 PRESCRIÇÃO NAS AÇÕESCONTRA A FAZENDA PÚBLICA –OBSERVAÇÕES GERAIS

3.1 TUTELA ANTECIPADA ETUTELA CAUTELAR – OBSERVAÇÕESGERAIS

3.2 AÇÃO CAUTELARPREPARATÓRIA

3.3 AS ASTREINTES NA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

4.1 RECURSO CONTRA A DECISÃODECORRENTE DO PEDIDOCAUTELAR OU ANTECIPATÓRIO

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4.2 A SUSPENSÃO DA LIMINAR4.3 RECURSO CONTRA A

SENTENÇA4.4 O ÓRGÃO RECURSAL4.5 O RECURSO E A SENTENÇA

QUE NÃO APRECIA O MÉRITO4.6 A TEORIA DA CAUSA MADURA5.1 O AUTOR PESSOA FÍSICA5.2 O AUTOR EMPRESÁRIO

INDIVIDUAL, MICROEMPRESA OUEMPRESA DE PEQUENO PORTE

5.3 A ORGANIZAÇÃO DASOCIEDADE CIVIL DE INTERESSEPÚBLICO E AS SOCIEDADES DE ...

5.4 A FAZENDA PÚBLICA COMOAUTORA DE PEDIDO CONTRAPOSTO

5.5 OS RÉUS5.6 RESPONSABILIDADE CIVIL DO

ESTADO6.1 VALIDADE DAS CITAÇÕES E

INTIMAÇÕES6.2 CITAÇÕES E INTIMAÇÕES

ELETRÔNICAS

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6.3 DISPOSIÇÕES GERAIS SOBREAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES

6.4 A PRESCRIÇÃO NAS AÇÕESCONTRA A FAZENDA PÚBLICA

7.1 INEXISTÊNCIA DE PRAZODIFERENCIADO EM FAVOR DAFAZENDA PÚBLICA

7.2 A ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA8.1 OS REPRESENTANTES

JUDICIAIS DA FAZENDA PÚBLICA8.2 CONCILIAÇÃO E TRANSAÇÃO –

NECESSIDADE DE LEI LOCAL8.3 A OBSERVÂNCIA DA ORDEM

CRONOLÓGICA PARA O PAGAMENTODO VALOR DE ACORDO

8.4 A POSSIBILIDADE DE DISPENSADA DESIGNAÇÃO DE AUDIÊNCIAS

9.1 INEXIGIBILIDADE DACONTESTAÇÃO NA AUDIÊNCIA DECONCI LIAÇÃO

9.2 RECUSA NA APRESENTAÇÃODOS DOCUMENTOS NECESSÁRIOS ÀCONCILIAÇÃO

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10.1 EXAME TÉCNICO10.2 AS INSPEÇÕES10.3 OS HONORÁRIOS DO TÉCNICO12.1 A SATISFAÇÃO DAS

OBRIGAÇÕES DE FAZER OU DEENTREGAR COISA CERTA

12.2 A CLÁUSULA PENAL12.3 AS ASTREINTES12.4 A CONVERSÃO DA

OBRIGAÇÃO ESPECÍFICA EM PERDASE DANOS

13.1 PAGAMENTO DO VALORDECORRENTE DE CONDENAÇÃOTRANSITADA EM JULGADO – ...

13.2 O SEQUESTRO DE RENDAS13.3 OS LITISCONSORTES13.4 VEDAÇÃO AO

FRACIONAMENTO PARA FINS DEDISPENSA DE PRECATÓRIO

13.5 A RPV E OS PRECATÓRIOS13.6 O LEVANTAMENTO DOS

VALORES DEPOSITADOS13.7 PAGAMENTO FEITO A MENOR

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13.8 A EXECUÇÃO DE TÍTULOEXTRAJUDICIAL

14.1 A INSTALAÇÃO DOS JUIZADOSDA FAZENDA PÚBLICA

14.2 OS JUIZADOS ADJUNTOS E OSJUIZADOS ITINERANTES

15.1 OS CONCILIADORES15.2 O CONCILIADOR-ADVOGADO –

AUSÊNCIA DE INCOMPATIBILIDADEOU IMPEDIMENTO

15.3 O JUIZ LEIGO15.4 RITO DA CONCILIAÇÃO16.1 A CONDUÇÃO DA AUDIÊNCIA

PELO CONCILIADOR16.2 A IRRECORRIBILIDADE DA

SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA16.3 O ACORDO ACEITO POR

APENAS UM DOS LITISCONSORTES16.4 A COLHEITA DE

DEPOIMENTOS PELO CONCILIADOR16.5 A AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO

E JULGAMENTO E A REVELIA16.6 A DISPENSA DA AUDIÊNCIA

Page 44: Juizados Especiais Da Fazenda Publica - Ricardo Cunha Chimenti

DE TENTATIVA DE CONCILIAÇÃO16.7 O ADIAMENTO E O

DESDOBRAMENTO DA AUDIÊNCIA17.1 AS TURMAS RECURSAIS17.2 O DIREITO INTERTEMPORAL E

OS RECURSOS17.3 A ESCOLHA DOS

MAGISTRADOS DAS TURMASRECURSAIS

17.4 O RITO DO JULGAMENTO17.5 HABEAS CORPUS, EXCEÇÃO

DE SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO,EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, ...

17.6 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO17.7 OS EMBARGOS INFRINGENTES

E O RECURSO ADESIVO18.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE A

UNIFORMIZAÇÃO DAINTERPRETAÇÃO DE LEI NOSISTEMA ...

18.2 A RECLAMAÇÃO18.3 A ORIGEM DO PEDIDO DE

UNIFORMIZAÇÃO NOS JUIZADOS

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ESTADUAIS E O PROJETO DE ...18.4 A UNIFORMIZAÇÃO

INSTITUÍDA PELA LEI N. 12.153/2009– PEDIDO COM NATUREZA ...

18.5 DIVERGÊNCIAS ENTRETURMAS RECURSAIS DA MESMAUNIDADE DA FEDERAÇÃO

18.6 A DIVERGÊNCIA ENTRETURMAS DE DIFERENTES UNIDADESDA FEDERAÇÃO

18.7 DECISÃO QUESIMULTANEAMENTE CRIADIVERGÊNCIA COM OUTRA TURMADO MESMO ...

19.1 JULGADO DE TURMA DEUNIFORMIZAÇÃO CONTRÁRIO ASÚMULA DO STJ

19.2 SOBRESTAMENTO DOSPEDIDOS DE UNIFORMIZAÇÃOSUBSEQUENTES

19.3 SUSPENSÃO DOS PROCESSOSQUE ENVOLVEM A MATÉRIA OBJETODA UNIFORMIZAÇÃO

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19.4 O AMICUS CURIAE19.5 A VOCAÇÃO EXPANSIVA DA

UNIFORMIZAÇÃO20.1 A REGULAMENTAÇÃO JUNTO

AOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA20.2 A REGULAMENTAÇÃO DO

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃODIRIGIDO AO STJ

20.3 RECURSO ESPECIAL20.4 O RECURSO EXTRAORDINÁRIO

JUNTO AO STF21.1 O RECURSO EXTRAORDINÁRIO21.2 DECISÃO QUE

SIMULTANEAMENTE CRIADIVERGÊNCIA COM OUTRA TURMADO MESMO ...

21.3 O RECURSO EXTRAORDINÁRIONO REGIMENTO INTERNO DO STF

22 PRAZO PARA A INSTALAÇÃODOS JUIZADOS DA FAZENDAPÚBLICA

23 LIMITAÇÃO DA COMPETÊNCIAPOR ATÉ 5 ANOS

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24.1 VEDAÇÃO DA REMESSA PARAO JUIZADO DA FAZENDA DASDEMANDAS AJUIZADAS ATÉ 22 ...

24.2 OS CONFLITOS DECOMPETÊNCIA

Dispõe sobre os Juizados

Especiais da Fazenda Pública noâmbito dos Estados, do DistritoFederal, dos Territórios e dosMunicípios.

Art. 1° Os Juizados Especiaisda Fazenda Pública, órgãos dajustiça comum e integrantesdo Sistema dos JuizadosEspeciais, serão criados pelaUnião, no Distrito Federal enos Territórios, e pelosEstados, para conciliação,processo, julgamento eexecução, nas causas de suacompetência.

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Parágrafo único. O sistemados Juizados Especiais dosEstados e do Distrito Federalé formado pelos JuizadosEspeciais Cíveis, JuizadosEspeciais Criminais e JuizadosEspeciais da Fazenda Pública.

1.1 ORIGEM E CRIAÇÃODOS JUIZADOS ESPECIAISCOMUNS DOS ESTADOS E

DO DF

Pioneira na instituição de um modelosimplificado e acessível de prestaçãodo serviço judiciário no País, a Lei n.7.244/84 facultava a criação de Juizadosde Pequenas Causas pelos Estados epelo DF. À época a Constituiçãovigente (de 1967) não trazia qualquer

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previsão sobre os Juizados Especiais.A CF/1988 contemplou os Juizados

Especiais em seu art. 98, normaconstitucional de eficácia limitada (poisexigia normas complementares para asua efetivação – Leis n. 9.099/95,10.259/2001 e 12.153/2009) e deprincípio instituidor (pois determinavaa implementação de um órgão).

Dando cumprimento à regra do art.98 da CF, a Lei n. 9.099/95 instituiu osJuizados Especiais Cíveis e Criminaisdos Estados e do DF e territórios comoórgãos da Justiça ordinária.

Por meio dos Juizados EspeciaisCíveis comuns, de forma simplificada aspessoas físicas capazes, asmicroempresas, as empresas depequeno porte, as Organizações daSociedade Civil de Interesse Público eas sociedades de crédito aomicroempreendedor podem formular

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um pedido judicial contra pessoasfísicas capazes e, também, contrapessoas jurídicas de direito privado,dentre elas as sociedades de economiamista e as empresas públicas dosEstados, do DF e dos Municípios. OsEstados, o DF, os Territórios Federais,os Municípios, suas autarquias efundações públicas, todos pessoasjurídicas de direito público, não estãoentre aqueles que a Lei n. 9.099/95admite como autor ou réu nos JuizadosEspeciais comuns (art. 8° da Lei n.9.099/95), mas são admitidos no polopassivo das ações da competência dosJuizados da Fazenda Pública (Lei n.12.153/2009).

Excetuada a hipótese da conciliação,em regra a opção do autor pelo Juizadocomum do Estado ou do DF (prevaleceque no âmbito dos Estados e do DF oautor pode optar pelo Sistema dosJuizados ou pelo juízo ordinário) implica

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renúncia ao montante superior a 40salários mínimos. As causas previstasno art. 275, II, do CPC, segundo oentendimento predominante, não estãosujeitas ao limite de 40 saláriosmínimos (Enunciado 58 do FONAJE e 3a

Turma do STJ no julgamento da MedidaCautelar n. 15.465, j. em 28-4-2009) ouà renúncia antes referida.

As empresas públicas da União,embora também sejam pessoasjurídicas de direito privado, foramincluídas entre aqueles entes queestão sob a competência da JustiçaFederal (art. 109 da CF). Por isso, nãopodem ser rés nos Juizados dosEstados e do DF.

1.2 OS JUIZADOSESPECIAIS FEDERAIS

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Em sua redação originária o art. 98da CF silenciou sobre a criação deJuizados no âmbito da Justiça Federal.A Emenda Constitucional n. 22/99,contudo, corrigiu a omissão eacrescentou o seguinte parágrafoúnico ao art. 98 da CF, segundo o qual“Lei federal disporá sobre a criação dejuizados especiais no âmbito da JustiçaFederal”. (Atualmente § 1° em razãodas alterações procedidas pela EC n.45/2004.)

O parágrafo único do art. 98 da CFganhou eficácia por meio da Lei n.10.259/2001, que instituiu os JuizadosFederais e se mostra a principal fontede inspiração da Lei n. 12.153/2009(que dispõe sobre os Juizados daFazenda Pública dos Estados, do DF edos Municípios).

A Lei dos Juizados Federaisestabelece o valor da causa (60 saláriosmínimos) como elemento principal da

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definição da competência, explicitandoas causas excluídas (art. 3°e § 1° da Lein. 10.259/2001). Nos Juizados Federaisas conciliações também estão limitadasa 60 salários mínimos.

A regra é que todas as causas de até60 salários mínimos que não foramexpressamente excluídas dacompetência dos Juizados EspeciaisFederais, e que não sejam de maiorcomplexidade probatória, tramitarãopor este (ainda que não previstas noart. 3° da Lei n. 9.099/95). Aliás, noforo onde estiver instalada Vara doJuizado Especial Federal, a suacompetência é absoluta.

Conforme o Enunciado 91 doFONAJEF, “Os Juizados Federais sãoincompetentes para julgar causas quedemandem perícias complexas ouonerosas que não se enquadrem noconceito de exame técnico (art. 12 daLei 10.259/2001)”.

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Contra: “... Diferentemente do queocorre no âmbito dos JuizadosEspeciais Estaduais, admite-se, emsede de Juizado Especial Federal, aprodução de prova pericial, fato quedemonstra a viabilidade de quequestões de maior complexidade sejamdiscutidas nos feitos de que trata a Lei10.259/01...” (CComp 92.612/SC, Rel.Min. Eliana Calmon, 1a Seção, j. em 23-4-2008, DJ de 12-5-2008, p. 1).

Por fim há que se observar que a Leidos Juizados Federais conferelegitimidade ativa às pessoas físicas(capazes ou não), às pequenasempresas e às empresas de pequenoporte. E legitimidade passiva à União,autarquias, fundações e empresaspúblicas federais.

Sobre o tema merece destaque oEnunciado 4 das Turmas Recursais dosJuizados Federais do Rio de Janeiro,pelo qual “é possível litisconsórcio

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passivo necessário dos entesenunciados no art. 6° II, da L.10.259/2001, com pessoa jurídica dedireito privado e pessoa física”.

1.3 OS JUIZADOS DAFAZENDA PÚBLICA

A Lei n. 12.153/2009, ora emcomento, é decorrente do substitutivoapresentado pelo Deputado Flávio Dino(que foi magistrado federal) ao Projetode Lei n. 7.087/2006.

Em seu art. 1° a Lei n. 12.153/2009estabelece que os Juizados Especiaisda Fazenda Pública são órgãos dajustiça comum e integrantes do Sistemados Juizados Especiais. Assim, verifica-se o reconhecimento formal de umsistema que observa princípios próprios

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e específicos.Desde a sua origem, aliás, os Juizados

Especiais foram compreendidos comoum novo processo (e não apenas umprocedimento simplificado), no qual oacesso simplificado ao Poder Judiciárioleva ao efetivo acesso à Justiça 2.

Quando criados os Juizados dePequenas Causas, Theotonio Negrãolecionou: “Para que o povo tenhaconfiança no Direito e na Justiça, épreciso que esta seja onipresente; queas pequenas violações de direito, tantoquanto as grandes, possam serreparadas”.

O art. 1° da Lei n. 12.153/2009 ditaque os Juizados da Fazenda Públicaserão criados pela União, no DistritoFederal e nos Territórios, e pelosEstados, para conciliação, processo,julgamento e execução, nas causas desua competência, ou seja, são

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competentes para as causas de até 60salários mínimos propostas por pessoasfísicas (capazes ou não),microempresas e empresas de pequenoporte contra os Estados, o DF, osTerritórios e os Municípios, bem comoautarquias, fundações e empresaspúblicas a ele vinculadas.

A organização do Poder Judiciário,Ministério Público, Defensoria Pública,Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo deBombeiros Militar do Distrito Federal,nos termos dos incisos XIII e XIV do art.21 da CF, cabe à União. Portanto, osJuizados da Fazenda Pública do DF edos Territórios serão implementadospela União, por meio de lei federal (aexemplo da Lei federal n. 9.699/98, quecriou os Juizados Especiais Cíveis eCriminais comuns do Distrito Federal).

Nos Estados, os Juizados serãoinstituídos por meio de Lei estadual(art. 125, § 1° da CF), de iniciativa do

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respectivo Tribunal de Justiça.Observe-se, porém, que os poderes deautoadministração conferidos aosTribunais pelo art. 96 da CF autorizamque os TJs, por meio de resolução,efetivem a conversão de Vara comum,especialmente aquelas já criadas eainda não instaladas, em Vara doJuizado da Fazenda Pública.

Nas localidades onde o movimentoforense não justifica a existência de umJuizado Especial, são instaladosJuizados adjuntos, ou seja, serviços deJuizados vinculados a uma Vara comumdesignada pelo Tribunal, a exemplo doque se verifica em relação aos JuizadosFederais (art. 18, parágrafo único, daLei n. 10.259/2001).

Pelo parágrafo único do artigo emcomento o legislador explicita que oSistema dos Juizados Especiais dosEstados e do Distrito Federal éformado pelos Juizados Especiais

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Cíveis, Juizados Especiais Criminais eJuizados Especiais da Fazenda Pública.

O legislador utilizou a denominação“Justiça comum” como sinônimo deJustiça dos Estados, do DF e dosTerritórios. Na verdade, há Justiçacomum estadual e Justiça comumfederal, bem como Justiça especialestadual (Justiça militar dos Estados) efederal (a exemplo da Justiça dotrabalho e da Justiça militar federal).

A fim de contribuir para que ainstituição dos Juizados da FazendaPública nos Estados e no DFobservasse um mínimo deuniformização em todo o País, no mêsde maio de 2010 a CorregedoriaNacional de Justiça sugeriu o seguintemodelo de lei:

“SUGESTÃO DEPROJETO DE LEI

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(iniciativa do PoderJudiciário) PROJETO DELEI n. ........., de ...... de

...............Dispõe sobre a criação e

funcionamento do Juizado Especialda Fazenda Pública no âmbito doPoder Judiciário do Estado (ou doDistrito Federal e Territórios), e dáoutras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO (oPRESIDENTE DA REPÚBLICA, no casode lei federal para o DF).

Faço saber que a AssembleiaLegislativa (ou o Congresso Nacional,no caso de lei federal para o DF)decreta e eu sanciono a seguinte Lei: DA ESTRUTURA E DA COMPETÊNCIA

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Art. 1° Fica criado o Juizado Especialda Fazenda Pública, órgão da justiçacomum e integrante do Sistema dosJuizados Especiais, para conciliação,processo, julgamento e execução, nascausas de sua competência, na formaestabelecida pela Lei n. 12.153/2009.

§ 1° O processo orientar-se-á peloscritérios da oralidade, simplicidade,informalidade, economia processual eceleridade, buscando, sempre quepossível, a conciliação ou a transação.

§ 2° O acesso ao Juizado Especial daFazenda Pública independerá, emprimeiro grau de jurisdição, dopagamento de custas, taxas oudespesas.

Art. 2° Compete ao Juizado Especialda Fazenda Pública processar,conciliar, julgar e executar causascíveis de interesse do Estado e dosMunicípios, das autarquias, fundações

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e empresas públicas a eles vinculadas,até o valor de 60 (sessenta) saláriosmínimos, respeitadas as exceçõesproibitivas e o limite estabelecido pelos§§ 1° e 2° do art. 2° da Lei n.12.153/2009.

Art. 3° No foro onde estiver instaladoo Juizado Especial da Fazenda Pública,a sua competência é absoluta.

Art. 4° Os Juizados Especiais daFazenda Pública são órgãos da justiçacomum do Estado (ou do DistritoFederal) e integrantes do Sistema dosJuizados Especiais, presididos por juizde direito e dotados de secretaria e deservidores específicos para conciliação,processo, julgamento e execução, nascausas de sua competência, na formaestabelecida pela Lei n. 12.153/2009.

§ 1° Os Juizados Especiais da FazendaPública serão instalados no prazo de 2(dois) anos, podendo haver o

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aproveitamento total ou parcial dasestruturas das atuais Varas daFazenda Pública.

§ 2° Nas comarcas onde não hajaVara da Fazenda Pública, poderá serinstalado Juizado Especial Adjunto,cabendo ao Tribunal, motivadamente,designar a Vara junto à qualfuncionará.

§ 3° Os serviços de cartório e asconciliações pré-processuais poderãoser prestados, e as audiênciasrealizadas, em bairros ou cidadespertencentes à comarca, ocupandoinstalações de prédios públicos, deacordo com audiências previamenteanunciadas.

§ 4° O Tribunal de Justiça instalará ojuizado itinerante, com a realização deaudiências e demais funções daatividade jurisdicional ou pré-processual, nos limites territoriais da

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respectiva jurisdição, servindo-se deequipamentos públicos oucomunitários.

§ 5° Os Tribunais de Justiça, até oinício da vigência da Lei n. 12.153, de22 de dezembro de 2009, enquanto nãocriados Juizados da Fazenda Públicaautônomos ou adjuntos, designarão,dentre as Varas da Fazenda Públicaexistentes, as que atenderão àsdemandas de competência dos JuizadosEspeciais da Fazenda Pública,observado o disposto nos arts. 22 e 23da mesma Lei e o art. 14 da Lei n.9.099/95.

§ 6° Nas comarcas onde não houverVara da Fazenda Pública, a designaçãorecairá sobre Vara diversa,observando-se, fundamentadamente,critérios objetivos, e evitando-secongestionamento.

§ 7° Os processos da competência da

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Lei n. 12.153/2009, distribuídos após asua vigência, ainda que tramitem juntoa Vara Comum, observarão as regrasda lei especial.i. DA REPRESENTAÇÃO DOS RÉUS E DACOMUNICAÇÃO DOS ATOS

Art. 5° Os representantes judiciaisdos réus presentes à audiênciapoderão conciliar, transigir ou desistirnos processos da competência dosJuizados Especiais da Fazenda Pública,nos termos e nas hipóteses previstasna lei do respectivo ente da federação.

§ 1° A representação judicial daFazenda Pública, inclusive dasautarquias, fundações e empresaspúblicas, por seus procuradores ou poradvogados ocupantes de cargosefetivos dos respectivos quadros,independe da apresentação doinstrumento de mandato.

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§ 2° O Estado, os Municípios, suasautarquias, fundações e empresaspúblicas poderão designar, por escrito,para a audiência cível de causa de até60 (sessenta) salários mínimos,representantes com poderes paraconciliar, transigir ou desistir nosprocessos de competência dos JuizadosEspeciais, advogados ou não.

Art. 6° O empresário individual, asmicroempresas e as empresas depequeno porte poderão serrepresentados por prepostocredenciado, munido de carta depreposição com poderes para conciliarou transigir, sem necessidade devínculo empregatício.

Art. 7° Na comunicação dos atos, noSistema dos Juizados Especiais, deveser utilizado preferencialmente o meioeletrônico, ou correspondência comaviso de recebimento quando odestinatário for pessoa física ou pessoa

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jurídica de direito privado, vedado ouso de carta precatória mesmo entrecomarcas da mesma unidade dafederação que não sejam contíguas,salvo para citação no Juizado EspecialCriminal. DAS OBRIGAÇÕES DE PEQUENOVALOR

Art. 8° São obrigações de pequenovalor, a serem pagasindependentemente de precatório, asque tenham como limite o estabelecidona lei estadual e nas leis municipais.

§ 1° As obrigações de pequeno valorterão como limite mínimo o maior valorde benefício do regime geral daprevidência social, nos termos do § 4°do art. 100 da Constituição Federal.

§ 2° Até que se dê a publicação dasleis de que trata o caput, nos termos do§ 2° do art. 13 da Lei n. 12.153/2009, os

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valores máximos a serem pagosindependentemente de precatórioserão:

40 (quarenta) salários mínimos,quanto ao Estado (ou Distrito Federal,no caso de lei federal);

30 (trinta) salários mínimos, quantoaos Municípios. DOS CONCILIADORES E DOS JUÍZESLEIGOS

Art. 9° Os Juizados Especiais daFazenda contarão com juízes leigos econciliadores, observadas asatribuições previstas nos arts. 22, 37 e40 da Lei n. 9.099, de 26 de setembrode 1995, e nos arts. 15 e 16 da Lei n.12.153, de 22 de dezembro de 2009.

§ 1° A lotação de conciliadores e dejuízes leigos será proporcional aonúmero de feitos distribuídos em cadaunidade judiciária.

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§ 2° Os conciliadores e juízes leigos,quando remunerados ou indenizados aqualquer título, serão recrutados pormeio de processo seletivo público deprovas e títulos, observados osprincípios contidos no art. 37 daConstituição Federal.

§ 3° O exercício das funções deconciliador e de juiz leigo, consideradode relevante caráter público, semvínculo empregatício ou estatutário, étemporário e pressupõe a capacitaçãoprévia e continuada, por cursoministrado ou reconhecido peloTribunal de Justiça.

§ 4° A remuneração dos conciliadorese juízes leigos, quando houver, nãopoderá ultrapassar, quanto aosprimeiros, o menor vencimento base decargo de segundo grau de escolaridadee quanto aos segundos, o de terceirograu de escolaridade, ambos doprimeiro grau de jurisdição do Tribunal

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de Justiça, vedada qualquerequiparação.

§ 5° O desligamento do conciliador edo juiz leigo dar-se-á ad nutum poriniciativa do juiz da unidade ondeexerça a função. DAS TURMAS RECURSAIS

Art. 10. A Turma Recursal do Sistemados Juizados Especiais é composta por,no mínimo, três juízes de direito emexercício no primeiro grau dejurisdição, na forma da legislação dosEstados e do Distrito Federal, commandato de 2 (dois) anos, integrada,preferencialmente, por juízes doSistema dos Juizados Especiais epresidida pelo juiz mais antigo naturma e, em caso de empate, o maisantigo na entrância.

§ 1° O número de turmas recursaisserá estabelecido pelo Tribunal de

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Justiça de acordo com a necessidade daprestação do serviço judiciário.

§ 2° A designação dos juízes dasTurmas Recursais obedecerá aoscritérios de antiguidade emerecimento.

§ 3° Para o critério de merecimentoconsiderar-se-á inclusive a atuação domagistrado no Sistema dos JuizadosEspeciais.

§ 4° É vedada a recondução, salvoquando não houver outro juiz na áreade competência da Turma Recursal.

§ 5° A Turma Recursal terá membrossuplentes, que substituirão osmembros efetivos nos seusimpedimentos e afastamentos.

Art. 11. A atuação dos juízes efetivosnas Turmas Recursais dar-se-á comprejuízo da jurisdição de sua Vara deorigem, salvo decisão em contrário emotivada do órgão responsável pela

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designação.Parágrafo único. Na excepcional

hipótese de atuação cumulativa noórgão singular e na Turma Recursal, aprodutividade do magistrado na TurmaRecursal também será consideradapara todos os fins.

Art. 12. O Tribunal de Justiça poderáregionalizar as Turmas Recursais. DO PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO

Art. 13. Caberá pedido deuniformização de interpretação de leiquando houver divergência entredecisões proferidas por TurmasRecursais da mesma unidade dafederação sobre questões de direitomaterial.

§ 1° O preparo será feito,independentemente de intimação, nas48 (quarenta e oito) horas seguintes àinterposição, sob pena de deserção. O

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valor corresponderá àquele devido emdecorrência da interposição do recursoinominado, respeitadas as isençõeslegais.

§ 2° O pedido de uniformizaçãoatenderá ao disposto nos arts. 18 e 19da Lei n. 12.153, de 22 de dezembro de2009, expedindo o Tribunal de Justiçaas normas regulamentadoras dosprocedimentos a serem adotados parao seu processamento e julgamento.

§ 3° O recurso será dirigido aoPresidente da Turma de Uniformizaçãoe interposto no prazo de 10 (dez) dias,contados da publicação da decisão quegerou a divergência, por petiçãoescrita e assinada por advogado ouprocurador judicial.

§ 4° Da petição constarão as razõesacompanhadas de prova dadivergência. A prova se fará mediantecertidão, cópia do julgado ou pela

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citação do repositório dejurisprudência, oficial ou credenciado,inclusive em mídia eletrônica, em quetiver sido publicada a decisãodivergente, ou ainda pela reproduçãode julgado disponível na internet, comindicação da respectiva fonte,mencionando, em qualquer caso, ascircunstâncias que identifiquem ouassemelhem os casos confrontados.

§ 5° Protocolado o pedido junto àSecretaria da Turma Recursal cujojulgado gerou a divergência, asecretaria intimará a parte contrária e,quando for o caso, o Ministério Público,para manifestação no prazo sucessivode 10 (dez) dias; após, encaminhará osautos ao Presidente da Turma deUniformização.

§ 6° O Presidente da Turma deUniformização decidirá em 10 (dez)dias, admitindo ou não oprocessamento do pedido.

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§ 7° O pedido de uniformização queversar sobre matéria já decidida pelaTurma de Uniformização, que nãoexplicitar as circunstâncias queidentifiquem ou assemelhem os casosconfrontados, ou que estiverdesacompanhado da prova dadivergência, será liminarmenterejeitado.

§ 8° Inadmitido o recurso, cabepedido de reapreciação nos mesmosautos, no prazo de 10 (dez) dias, àTurma de Uniformização, que desdelogo julgará o próprio pedido deuniformização, se entender pela suaadmissão.

Art. 14. Estando em termos a petiçãoe os documentos, o Presidente admitiráo processamento do pedido eencaminhará os autos para distribuiçãoe julgamento pela Turma deUniformização.

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Parágrafo único. Poderá o Presidenteda Turma de Uniformização conceder,de ofício ou a requerimento dointeressado, ad referendum do Plenáriona primeira sessão seguinte à decisão,medida liminar para determinar osobrestamento, na origem, dosprocessos e recursos nos quais amatéria objeto da divergência estejapresente, até o pronunciamento daTurma de Uniformização sobre amatéria.

Art. 15. Quando houvermultiplicidade de pedidos deuniformização de interpretação de leicom fundamento em idêntica questãode direito material, caberá aoPresidente da Turma Recursalselecionar um ou mais representativosda controvérsia, para remessa àrespectiva Turma de Uniformização,sobrestando os demais pedidos até opronunciamento desta.

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Parágrafo único. Distribuído o pedidode uniformização, o relatorencaminhará o feito a julgamento noprazo máximo de 30 (trinta) dias.

Art. 16. Para os fins do § 1° do art. 18da Lei n. 12.153/2009, nos Estados quepossuem mais de duas TurmasRecursais, o Presidente da Turma deUniformização reunirá somente orepresentante eleito por cada uma dasTurmas Recursais da unidade dafederação, salvo determinação diversa,a critério do respectivo Tribunal.i.

§ 1° As reuniões poderão serrealizadas por meio eletrônico.

§ 2° A decisão da Turma deUniformização será tomada pelo votoda maioria absoluta dos seus membros,votando o Presidente no caso deempate.

Art. 17. A decisão da Turma deUniformização será publicada e

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comunicada por meio eletrônico atodos os juízes integrantes do Sistemados Juizados Especiais paracumprimento, nos termos do § 6° doart. 19 da Lei n. 12.153/2009, semprejuízo de sua comunicação pelodiário oficial.

Art. 18. Julgado o mérito do pedidode uniformização, os demais pedidossobrestados serão apreciados pelosjuízes singulares ou Turmas Recursais,que poderão exercer juízo deretratação ou os declararãoprejudicados, se veicularem tese nãoacolhida pela Turma de Uniformização.

Parágrafo único. Mantida a decisãopelo juiz singular ou pela TurmaRecursal, poderá a Turma deUniformização cassar ou reformar,liminarmente, a sentença ou o acórdãocontrário à orientação firmada.

Art. 19. Quando a orientação

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acolhida pela Turma de Uniformizaçãocontrariar súmula do Superior Tribunalde Justiça, a parte sucumbente poderáprovocar a manifestação desseTribunal Superior, que dirimirá adivergência.

Art. 20. A Turma de Uniformizaçãopoderá responder a consulta, semefeito suspensivo, formulada por maisde um terço das Turmas Recursais oudos juízes singulares a ela submetidosna respectiva unidade da federação,sobre matéria processual, quandoverificada divergência noprocessamento dos feitos.

Art. 21. Pelo voto de no mínimo doisterços dos seus integrantes, de ofícioou mediante proposta de TurmaRecursal, a Turma de Uniformizaçãopoderá rever o seu entendimento.

Art. 22. Havendo demandasrepetitivas, o juiz do Juizado Especial

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solicitará às Turmas Recursais e,quando for o caso, à Turma deUniformização, o julgamento prioritárioda matéria, a fim de uniformizar oentendimento a respeito e depossibilitar o planejamento do serviçojudiciário. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 23. O Tribunal de Justiça poderálimitar, por até 5 (cinco) anos, a partirda entrada em vigor da Lei n. 12.153,de 22 de dezembro de 2009, acompetência dos Juizados Especiais daFazenda Pública, atendendo ànecessidade da organização dosserviços judiciários e administrativos.

Art. 24. É vedada a remessa aosJuizados Especiais da Fazenda Públicadas demandas ajuizadas até a data desua instalação, assim como as ajuizadasfora do Juizado Especial por força do

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disposto no artigo anterior.Parágrafo único. A partir da vigência

desta Lei, o cumprimento da sentençaou acórdão proferido na justiçaordinária e que seja compatível com orito previsto no art. 13 da Lei n.12.153/2009, adotará o procedimentonele estabelecido.

Art. 25. Incumbe às TurmasRecursais dos Juizados o julgamento derecursos em ações ajuizadas a partir de23 de junho de 2010 e que tramitamsob as regras da Lei n. 12.153/2009.

Parágrafo único. Os recursosinterpostos contra decisões proferidasem ações distribuídas contra a FazendaPública antes da vigência da Lei n.12.1532009 não serão distribuídos ouredistribuídos às Turmas Recursais doSistema dos Juizados.

Art. 26. Compete ao Tribunal deJustiça prestar o suporte

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administrativo necessário aofuncionamento dos Juizados Especiais.

Art. 27. Aplica-se subsidiariamente odisposto nas Leis n. 9.099, de 26 desetembro de 1995, 10.259, de 12 dejulho de 2001, 12.153, de 22 dedezembro de 2009, 5.869, de 11 dejaneiro de 1973 – Código de ProcessoCivil, e Lei estadual n. ....... (obs.: nahipótese de manutenção da Leiestadual que já disciplinava os JuizadosEspeciais).

Art. 28. São acrescidos ao QuadroPermanente de Pessoal do Tribunal deJustiça os cargos constantes do Anexo Idesta Lei (obs.: a inserção ou não desteartigo observará o disposto na LC n.101/2000, a disponibilidadeorçamentária de cada Tribunal deJustiça e a possibilidade deremanejamento do pessoal jáexistente).

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Art. 29 Esta Lei entra em vigor nadata de sua publicação.Palácio ..........., ...... de.............., de .......GOVERNADOR/PRESIDENTEDA REPÚBLICA

ANEXO I (ao Projeto de Lei de iniciativado Poder Judiciário) (Art. 28 da Lei n.......)

CARGO /DENOMINAÇÃO

NÚMERO DECARGOS

Juiz de Direito

Juiz de DireitoSubstituto

Analista Judiciário

Técnico

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Judiciário”

1.4 O SISTEMA DOSJUIZADOS ESPECIAIS

Ao explicitar que os Juizados daFazenda Pública integram o Sistemados Juizados Especiais, o legisladorreconhece que estamos diante de umnovo modelo de prestação do serviçojurisdicional, o qual possui princípios eregras próprias, prioriza a conciliação etem por critérios a oralidade, asimplicidade, a informalidade, aeconomia processual e a celeridade.Assim, ainda que a interpretaçãogramatical do art. 27 da Lei n.12.153/2009 sugira que a aplicaçãosubsidiária de outras normas devabuscar em primeiro lugar as

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disposições do CPC, na verdade asolução para as eventuais lacunas deveser buscada, primeiro, na integraçãoda Lei dos Juizados da Fazenda com asleis que dispõem sobre outros órgãosdo Sistema dos Juizados Especiais, ouseja, Leis n. 10.259/2001 (da qual foramextraídas diversas das disposiçõesrelativas aos Juizados da FazendaPública) e 9.099/95, que dispõe sobreos Juizados comuns dos Estados e doDF.

Conforme leciona Fernando daFonseca Gajardoni3, “Trata-se de umsistema jurídico aberto ou integrativo(não subsidiário!), em que as váriasnormas regentes do tema secomunicam entre si, complementando-se e evitando-se, com isso, a ocorrênciade omissões prejudiciais à tutela dosdireitos.

Assim, em havendo disposição tutelarem qualquer das leis que integrem o

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sistema normativo dos JuizadosEspeciais (Leis 9.099/1995, 10.259/2001e 12.153/2009), não se busca em outrodiploma legal não integrante dosistema – especialmente no CPC –disposição suplementar. A aplicação doCódigo de Processo Civil ao Sistemados Juizados – até pela regra do art. 27da Lei 12.153/2009 – é subsidiária, nãointegrativa”.

1.4.1 Critérios regentes doSistema dos Juizados

Especiais

Os critérios regentes do Sistema dosJuizados Especiais são aquelesexplicitados em rol não taxativo no art.2° da Lei n. 9.099/95. Ou seja, oprocesso no Juizado Especial orientar-

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se-á pelos critérios da oralidade,simplicidade, informalidade, economiaprocessual e celeridade, buscando,sempre que possível, a conciliação ou atransação.

Pelo princípio da oralidade somenteos atos essenciais serão registradospor escrito. O próprio pedido inicialpode ser apresentado oralmente,quando será reduzido a escrito pelaSecretaria do Juizado, sendo facultativaa assistência do advogado para ascausas de até 60 (sessenta) saláriosmínimos (v. item 8.1).

1.4.2 A simplicidade e oconteúdo do pedido inicial

Nos termos do que estabelece o § 1°do art. 14 da Lei n. 9.099/95, de total

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aplicabilidade aos Juizados da FazendaPública, “do pedido constarão, deforma simples e em linguagemacessível:

I – o nome, a qualificação e oendereço das partes;

II – os fatos e os fundamentos, deforma sucinta;

III – o objeto e seu valor”.O § 2° do art. 14 da Lei n. 9.099/95

dita que “é lícito formular pedidogenérico quando não for possíveldeterminar, desde logo, a extensão daobrigação”.

A regra é o pedido certo edeterminado. Contudo, seguindo alinha adotada pelo art. 286 do CPC, alei especial admite o pedido genéricoquando não for possível determinar,desde logo, a extensão da obrigação.

Leciona J. J. Calmon de Passos4, ao

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tratar do pedido genérico, que “essarelativa indeterminação é restrita aoaspecto quantitativo do pedido(quantum debeatur), inaceitávelqualquer indeterminação no tocante aoser do pedido (an debeatur). O que édevido não pode ser indeterminado –estaríamos diante de pedido incerto;mas, quanto é devido pode não serdesde logo determinado, contanto queseja determinável – é o pedido chamadogenérico pelo Código”.

Não se conclua que em razão dopedido genérico a sentença seráilíquida. A Lei n. 9.099/95, no parágrafoúnico de seu art. 38, impõe que aindeterminação quanto à extensão daobrigação seja eliminada durante afase de conhecimento do processo, poisnão admite sentença ilíquida, aindaque genérico o pedido.

De qualquer forma, conforme lecionaJoão Roberto Parizatto, “... deve a

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parte ser advertida das consequênciasde atribuição de pedido genérico,informando-a da renúncia de seucrédito acima do teto legal e daineficácia da sentença a ser proferida,excedendo-se o limite de alçada”5.

Observe-se que a exigência desimples cálculos aritméticos (a exemploda atualização monetária de um débito)não torna a sentença ilíquida.

1.4.3 A redução do pedidooral a termo e o início do

processo

Muitas vezes, porém, o autor nãopossui conhecimentos suficientes paraelaborar seu pedido inicial nem contacom a assistência de advogado. Nessahipótese, sua manifestação oral será

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reduzida a escrito pela Secretaria doJuizado, saindo o autor ou seurepresentante desde logo ciente dadata da audiência designada e dasconsequências da opção pelo rito (art.3° § 3°, c/c o art. 21 da Lei n. 9.099/95)e da eventual ausência à audiênciadesignada (art. 51, I, da Lei n.9.099/95).

As microempresas e as empresas depequeno porte, a exemplo do que severifica com as pessoas físicas, poderãoapresentar seus pedidos oralmente(para redução a termo pelo cartório) oupor escrito. A manifestação deverá serassinada por quem os estatutosdesignarem ou, não os designando, porqualquer dos seus diretores, nostermos do art. 12, VI, do CPC.

A superveniência da Lei federal n.9.841/99 e da Lei Complementar n.123/2006 suspendeu a eficácia doinciso I do art. 7° da Lei paulista n.

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851/98 e de outras legislaçõesestaduais que restringiam areclamação das microempresas aserviços prestados pelo seu titular (art.24, § 4°, da CF).

A petição inicial (instrumentalizaçãodo pedido), conforme indica o art. 16da Lei n. 9.099/95, não depende dodespacho judicial previsto no art. 263do CPC.

Para fins de prevenção entre juízesque têm a mesma competênciaterritorial (competência de juízo – art.106 do CPC), ou competência territorialdiversa (competência de foro – art. 219do CPC), considera-se prevento aqueleonde primeiro se verificou aapresentação do pedido (art. 14, caput,da Lei n. 9.099/95, c/c os arts. 106 e219 do CPC).

A apresentação do pedido inicialdeve ser comunicada ao Cartório

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Distribuidor, sobretudo para darpublicidade da ação a terceiros de boa-fé. Por aplicação analógica doparágrafo único do art. 253 do CPC,também o pedido contraposto deve sercomunicado ao distribuidor.

Caso ambas as partes compareçampessoalmente (situação que pode serverificada nos acidentes de trânsitosem vítimas), instaura-se desde logo asessão de conciliação, dispensando-seo registro prévio do pedido (art. 17 daLei n. 9.099/95).

De acordo com o § 1° do art. 23 daResolução n. 1/2002 do TRF da 4°Região, “não será aceita a formulaçãooral de pedido feita por terceiro, nempor advogado”. A orientação deve serseguida por todos os Juizados, federaisou estaduais (sem prejuízo de asexceções serem apreciadas em cadacaso concreto – art. 6° da Lei n.9.099/95), a fim de que o sistema

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especial não se transforme em balcãode negócios de intermediários.

Por estar integrado ao Sistema dosJuizados Especiais, conforme o art. 1°da Lei n. 12.153/2009, o Juizado daFazenda Pública deve seguir as regrasgerais deste, mediante integração coma Lei n. 10.259/2001 e consequentefacultatividade da presença doadvogado para as causas de até 60salários mínimos (arts. 3° e 10 da Lei n.10.259/2001). V. no item 8.1.2 outrasponderações sobre o tema.

1.4.4 Requisitos do pedidoinicial

Ante a possibilidade de qualquer daspartes não estar assistida poradvogado (art. 9° caput), a lei especial

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determina que o pedido seja elaboradode forma simples e acessível,dispensando os requisitos do art. 282do CPC.

De qualquer maneira, do pedidoinicial constarão:

I – o nome, a qualificação e o endereçodas partes

Quanto ao nome, hão de se indicarapenas os dados básicos necessários àidentificação do citando. Eventuaismodificações posteriores deverão sercomunicadas ao distribuidor, a fim dese dar a correta publicidade doprocesso aos terceiros interessados.

II – os fatos (causa de pedir) e ofundamento, de forma sucinta

Deve-se consignar o mínimonecessário ao exercício do

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contraditório e da ampla defesa.A lei especial dispensa o fundamento

jurídico da pretensão e a exposição deartigos de lei, viabilizando com isso oprocessamento dos pedidos elaboradospor leigos.

III – o objeto e seu valorO objeto, na hipótese, é o de natureza

mediata, é o próprio bem que sepretende obter com a providênciajurisdicional.

Dispensa-se requerimento expressode produção de provas, já que estaspoderão ser apresentadas durante aaudiência de instrução e julgamento(art. 33 da Lei n. 9.099/95).

1.4.5 A emenda e amodificação do pedido

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inicial

Mesmo que analisada sob a luz dosprincípios da simplicidade e dainformalidade, algumas vezes a petiçãoinicial não preenche os requisitosbásicos do art. 14 da Lei n. 9.099/95;outras vezes apresenta defeitos ouirregularidades capazes de dificultar aampla defesa e mesmo o julgamento dopedido. Nessas hipóteses cabe adeterminação de emenda do pedido, noprazo de 10 dias, sob pena deindeferimento da petição inicial (art.284 e parágrafo único do CPC).

“Petição inicial. Indeferimento peloJuiz Diretor do Juizado Especial Cível.Possibilidade. Providência que estáadequada ao princípio da celeridade.Inexistência de qualquer ato anteriordo Juiz ao qual competira realizar aaudiência de instrução” (Recurso

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498/96, Colégio Recursal de Piracicaba)6.

Observe-se, porém, que o inciso II doart. 51 da Lei n. 9.099/95, acolhendoparte do Sistema dos JuizadosInformais de Conciliação, admite que oprocesso chegue até a audiência detentativa de conciliação mesmo queinadmissível o procedimento especial.Se rejeitada a conciliação, o processoserá extinto.

1.4.6 O pedido implícito

No Sistema dos Juizados Especiaisadmite-se o denominado pedidoimplícito, quando este se apresentacomo pressuposto para a análise dopedido expresso. Nesse sentido oEnunciado 18 do I Encontro de Juízesde Juizados Especiais Cíveis da Capital

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e da Grande São Paulo, do seguinteteor: “Cabe a apreciação do pedidoimplícito, desde que pressuposto paraa apreciação do pedido expresso”.

1.4.7 A simplicidade, ainformalidade e a economia

processual

A simplicidade e a informalidadedeterminam que os atos processuaissejam considerados válidos sempre queatingirem as finalidades para as quaisforem realizados, não se pronunciandoqualquer nulidade sem que tenhahavido prejuízo. Nesse sentido o art. 13da Lei n. 9.099/95.

Exemplo de informalidade está noEnunciado 4 do FONAJEF, do seguinteteor: “Na propositura de ações

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repetitivas ou de massa, semadvogado, não havendo viabilidadematerial de opção pela autointimaçãoeletrônica, a parte firmarácompromisso de comparecimento, emprazo predeterminado em formuláriopróprio, para ciência dos atosprocessuais praticados”.

No mesmo sentido: “Não deve serexigido o protocolo físico da petiçãoencaminhada via internet ou correioeletrônico ao Juizado Virtual, não seaplicando as disposições da Lei n.9.800/99” (Enunciado 27 do FONAJEF).

A economicidade é observada quandose obtém o máximo rendimento da lei edo direito com o menor número de atosprocessuais.

A celeridade, que desde a EmendaConstitucional n. 45 ganhou statusconstitucional (art. 5°, LVIII, da CF), éobservada quando os atos processuais

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são praticados dentro de prazosrazoáveis.

Contudo, conforme lecionam JoséMaria de Melo e Mário Parente TeófiloNeto, “... não se deve perder de vistaque acima da celeridade processual oJuizado especial tem que procuraratingir a Justiça. De que adianta arapidez na tramitação dos feitos se talocorre em prejuízo notório para odireito de alguma parte causandoassim injustiça? Certamente o Juizadonão foi criado para isso”7.

1.4.7.1 A gratuidade do processo noprimeiro grau do Sistema dosJuizados

O princípio da gratuidade estabeleceque, da propositura da ação até ojulgamento pelo juiz singular, em regraas partes estão dispensadas do

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pagamento de custas, taxas oudespesas. O juiz, porém, condenará ovencido ao pagamento das custas ehonorários advocatícios no caso delitigância de má-fé (arts. 54 e 55 da Lein. 9.099/95).

“Nos casos de litigância de má-fé,além das penas previstas no art. 18 doCPC, cabe em primeira instânciacondenação em custas e honoráriosadvocatícios” (Enunciado 4 do IEncontro de Colégios Recursais daCapital do Estado de São Paulo,novembro de 2000).

O § 2° do art. 51 da Lei n. 9.099/95dita que, no caso de extinção doprocesso em razão da ausênciainjustificada do autor em qualquer dasaudiências, deve ele ser condenado aopagamento das custas,independentemente da má-fé. A regravisa impedir que o autor movimente amáquina judiciária, imponha à parte

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contrária deslocamentosdesnecessários e ainda assim nãocompareça à audiência designada. Severificada a má-fé do autor, poderá serdecretada sua condenação aopagamento dos honorários advocatíciose demais despesas.

Nesse sentido o Enunciado 28 doFONAJE, do seguinte teor: “Havendoextinção do processo com base noinciso I, do art. 51, da Lei n. 9.099/95, énecessária a condenação em custas”.

Questão controvertida envolve asdiligências dos oficiais de justiça, osquais, na prática, muitas vezes acabamantecipando o valor de diligências quesó posteriormente serão ressarcidaspelo Estado.

A respeito do tema merece destaqueo Enunciado 44 do FONAJE: “No âmbitodos Juizados Especiais, não são devidasdespesas para efeito do cumprimento

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de diligências, inclusive, quando daexpedição de cartas precatórias”.

1.4.8 As custas e oshonorários advocatícios nafase recursal. As isenções

Para o recurso inominado (arts. 41 a46 da Lei n. 9.099/95), excetuada ahipótese de assistência judiciáriagratuita (v. item 7.2 sobre o tema),exige-se o pagamento do preparo, quecompreenderá todas as despesasprocessuais, inclusive aquelasdispensadas em primeiro grau dejurisdição.

A União, suas autarquias e fundaçõessão isentas de custas, emolumentos edemais taxas judiciárias (art. 24-A daLei n. 9.028/95).

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As empresas públicas da União estãosujeitas ao recolhimento do preparopara fins de recurso.

As mesmas regras costumam serrepetidas nas leis estaduais quedisciplinam as custas forenses.

Quanto aos Juizados Federais, cabeaos Tribunais Regionais, ao STJ e aoSTF, no âmbito de suas competências,expedir normas para o processamentodos recursos. A regra básica observadaé a Lei n. 9.289/96.

Em relação ao prazo para orecolhimento, deve ser observada aregra do § 1° do art. 42 da Lei n. 9.099(“o preparo será feito,independentemente de intimação, nas48 horas seguintes à interposição dorecurso, sob pena de deserção”).

Prestigiando o critério da celeridade,o Enunciado 2 do I Encontro deColégios Recursais da Capital do

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Estado de São Paulo, realizado em 17-11-2000, prevê que, “em razão da regrado § 1° do art. 42 da Lei 9.099/95, nãose admite complementação de preparoapós o prazo de 48 horas”.

Para os carentes aplicam-se asregras de gratuidade da Lei n.1.060/50, e assim os recursos sãoprocessados sem a necessidade dorecolhimento das custas (preparo).

“Assistência judiciária gratuita –Beneficiário vencido – Ônus dasucumbência. A sucumbência é paraambas as partes, ainda que uma delasatue amparada pela assistênciajudiciária. Impõe-se a respectivacondenação. Em havendo mudançapatrimonial do vencido, antesnecessitado, cumpre efetuar opagamento. Raciocínio contrárioafetaria o princípio da igualdadejurídica entre o autor e réu. Justifica-sea distinção por fator econômico. A

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sentença, na espécie, não écondicional. Condicional é a execução”(ED no Recurso n. 576, Rel. JuizMaurício Barros, j. em 14-11-1997,Turma Recursal de Belo Horizonte,Comissão Supervisora dos JuizadosEspeciais Cíveis e Criminais, BoletimInformativo n. 13, Belo Horizonte,1998).

Se vencido no recurso, o recorrentepagará o total das despesas realizadaspela parte contrária e os honoráriosadvocatícios. Há regra específica paraa fixação dos honorários, ou seja, noSistema dos Juizados Especiais Cíveis,os honorários serão fixados entre 10%e 20% do valor da condenação, ou, nãohavendo esta (a exemplo dos acórdãosque reconhecem a improcedência daação), entre 10% e 20% do valorcorrigido da causa. Excepcionalmente,quando o valor dos honorários forconsiderado insignificante se aplicados

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os critérios da Lei n. 9.099/95, deveráser observada a parte final do § 4° doart. 20 do CPC.

“Provido o recurso da parte vencida,o recorrido não responde pelos ônussucumbenciais” (Enunciado 5 da IReunião de Juízes Integrantes dasTurmas Recursais, Rio de Janeiro,Revista de Jurisprudência - JEC-RJ, v. I, p.105).

“Não se condena o recorrido vencidonos ônus da sucumbência, visto que aLei n. 9.099/95 prevê tal condenaçãoapenas em relação ao recorrentevencido” (ED no Recurso n. 587, TurmaRecursal de Belo Horizonte, ComissãoSupervisora dos Juizados Especiais,Boletim Informativo n. 13, BeloHorizonte, 1998).

“Não há imposição de ônussucumbenciais na hipótese de anulaçãode sentença nas Turmas Recursais”

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(Enunciado 4 da I Reunião de JuízesIntegrantes das Turmas Recursais, Riode Janeiro, Revista de Jurisprudência –JEC-RJ, v. I, p. 105).

“O provimento, ainda que parcial, dorecurso inominado afasta apossibilidade de condenação dorecorrente ao pagamento dehonorários de sucumbência”(Enunciado 97 do FONAJEF).

Art. 2° É de competência dosJuizados Especiais da FazendaPública processar, conciliar ejulgar causas cíveis deinteresse dos Estados, doDistrito Federal, dosTerritórios e dos Municípios,até o valor de 60 (sessenta)salários mínimos.

§ 1° Não se incluem nacompetência do JuizadoEspecial da Fazenda Pública :

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I – as ações de mandado desegurança, dedesapropriação, de divisão edemarcação, populares, porimprobidade administrativa,execuções fiscais e asdemandas sobre direitos ouinteresses difusos e coletivos;

I I – as causas sobre bensimóveis dos Estados, DistritoFederal, Territórios eMunicípios, autarquias efundações públicas a elesvinculadas;

III – as causas que tenhamcomo objeto a impugnação dapena de demissão imposta aservidores públicos civis ousanções disciplinaresaplicadas a militares.

§ 2° Quando a pretensãoversar sobre obrigações

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vincendas, para fins decompetência do JuizadoEspecial, a soma de 12 (doze)parcelas vincendas e deeventuais parcelas vencidasnão poderá exceder o valorreferido no caput deste artigo.

§ 3° (Vetado.)§ 4° No foro onde estiver

instalado Juizado Especial daFazenda Pública, a suacompetência é absoluta.

2.1 LIMITE DE ALÇADA EPOSSIBILIDADE DE

CONCILIAÇÃO

O caput do art. 2° ora em análise,além de estabelecer qual o limite dovalor da causa nos Juizados da Fazenda

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Pública (60 salários mínimos), explicitaque os processos que nele tramitam,embora sejam de interesse dosEstados, do DF, dos Territórios e dosMunicípios, admitem a conciliação.

As pessoas capazes podem renunciarao valor superior a 60 salários mínimospara que a sua ação tramite perante oJuizado da Fazenda. Devido à extensãode suas consequências, no processocomum a renúncia exige homologaçãojudicial para o seu aperfeiçoamento.

“Não há renúncia tácita no JuizadoEspecial Federal, para fins decompetência” (Súmula 17 da TurmaNacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados EspeciaisFederais).

A primeira leitura da Lei n. 9.099/95induz à conclusão de que a renúncia avalor superior ao de alçada se dá com asimples distribuição do pedido ao

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Juizado Especial.Há de se observar, porém, que

muitas vezes o pedido inicial é reduzidoa termo por leigos (§ 3° do art. 14 daLei n. 9.099/95), e por isso nem sempreo autor toma plena ciência dasconsequências da renúncia. Assim, aLei n. 9.099/95 determina que, aomanter seu primeiro contato com aspartes, o juiz deve orientá-las quantoàs consequências do § 3° do art. 3° daLei n. 9.099, inclusive quanto àrenúncia do valor superior ao daalçada.

A renúncia a valor superior ao valorde alçada, portanto, somente seaperfeiçoa após a fase prevista no art.21 da Lei n. 9.099/95, após as partesserem orientadas pelo juiz a respeitodas consequências de sua opção pelonovo sistema, ocasião em que poderãoinclusive requerer o apoio daassistência judiciária.

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“Não cabe renúncia sobre parcelasvincendas para fins de fixação decompetência nos Juizados EspeciaisFederais” (Enunciado 17 do FONAJEF),entendimento plenamente aplicável aosJuizados da Fazenda Pública .

“Para efeito de alçada, em sede deJuizados Especiais, tomar-se-á comobase o salário mínimo nacional”(Enunciado 50 do FONAJE).

“Na aferição do valor da causa, deve-se levar em conta o valor do saláriomínimo em vigor na data dapropositura da ação” (Enunciado 15 doFONAJEF).

“Não se admite, com base nosprincípios da economia processual e dojuiz natural, o desdobramento de açõespara cobrança de parcelas vencidas evincendas” (Enunciado 20 doFONAJEF).

Caso o objeto principal da ação seja a

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condenação à entrega de coisa certamóvel, deve ser considerado o valor daindenização por perdas e danos, quesubstituirá o bem na hipótese deinadimplemento.

Se a ação objetivar o cumprimento deobrigação de fazer ou não fazer,sempre que possível deve serconsiderado o valor estimado daindenização por perdas e danoseventualmente devida em razão doinadimplemento (art. 52, V, da Lei n.9.099/95), o valor do proveitoeconômico que o cumprimento daobrigação trará para o interessado.

Há casos, porém, em que a obrigaçãode fazer decorre de contrato sucessivoe aleatório, contrato que impõe parauma das partes o pagamento deprestações sucessivas, mas cujaobrigação da outra parte dependerá deverificação de uma ocorrência futura eincerta. Nessa hipótese, a exemplo do

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que se verifica com os planos e segurosde saúde, mostra-se razoável fixar ovalor da causa com base na média dasúltimas doze prestações.

Nesse sentido: “O contrato deconvênio médico de saúde não possuivalor certo e determinado pois se cuidade prestações sucessivas e mensais.Em casos tais tem-se entendido comorazoável que deva a causa ter comovalor o equivalente à soma de dozeprestações, a exemplo do que ocorrecom as ações de despejo.

Não se mostra correta a pretensão dorecorrente de que o valor da causa sejao do benefício pretendido pelarecorrida, até porque em princípioinestimável por impossível determinarqual será o custo para o convênio daprestação do conveniado. Se assimfosse, não se teria como estimar o valorda causa no momento em que ajuizada,como é de rigor” (Recurso 1.100, 1°

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Colégio Recursal da Cidade de SãoPaulo, Rel. Maia da Cunha, RJE, 1: 148).

Na hipótese de o objeto mediato serexclusivamente a desconstituição ou adeclaração de nulidade de um contrato,o valor da causa será o valor docontrato. Contudo, se a controvérsianão envolver o contrato por inteiro, ovalor da causa observará o montantedo proveito econômico pretendido.

E. D. Moniz de Aragão8, ao analisar oinciso V do art. 259 do CPC, leciona: “Aregra do texto supõe que o litígioenvolva o negócio jurídico por inteiro.Desta sorte, se versar apenas sobreparte dele, também sobre esta parteapenas recairá o valor da causa (...). Anão se fazer tal distinção, chegar-se-iaao absurdo de identificar duashipóteses que a lei distinguenitidamente: uma em que o compradorpede a rescisão do contrato, causa cujovalor só poderá ser o do contrato;

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outra, em que o pedido se restringe auma diminuição da quantia paga econsequente devolução de importância,cujo valor só poderá ser o do reembolsopretendido. A lei não pode serinterpretada de forma a conduzir aoabsurdo”.

A 4a Turma do extinto TFR, aoapreciar o Agravo n. 48.704/MG(Adcoas , 111.125, 1987), concluiu:“Versando o litígio tão somente sobreparte do negócio jurídico, apenas eladeve ser considerada para fixação dovalor da causa”.

A 5a Turma, ainda desse Tribunal, aojulgar o Agravo n. 50.469/BA (Adcoas,112.037, 1987), decidiu: “Estando emdiscussão apenas cláusula contratual,sem o fim específico de desnaturar,invalidar, desconstituir ou rescindir ocontrato de mútuo, não se admitevalorar a causa pelo todo do contrato”.

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Distinguindo a revisão de cláusula damodificação do negócio jurídico (incisoV do art. 259 do CPC), assim decidiu a11a Câmara Civil do Tribunal de Justiçade São Paulo (JTJ, Ed. Lex, 157:234):

“Este dispositivo legal estabeleceque, quando o ‘litígio tiver por objeto aexistência, validade, cumprimento,modificação ou rescisão de negóciojurídico’, o valor da causa será o docontrato.

No caso, porém, a discussão estácircunscrita à revisão de cláusulas, deprestações e do saldo devedor, demodo que tem inteira aplicação, alémdo acórdão bem lembrado pelo ilustreMagistrado a quo, também recentesjulgamentos como aquele cuja ementadiz:

‘Quando a controvérsia nãoaçambarca o contrato por inteiro, masapenas um dos seus itens, aplica-se o

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art. 260 do Código de Processo Civil, enão o art. 259, inciso V, do mesmodiploma legal (Superior Tribunal deJustiça – Primeira Turma, Relator oeminente Ministro Pedro Acioli, DJU de2-12-91)’...”.

A expressão “modificação”, portanto,aplica-se quando a controvérsiaenvolve todo o contrato, enquanto aexpressão “revisão” traduz a discussãolimitada a apenas uma parte donegócio jurídico. Consequentemente, ovalor da causa deve corresponder aoda pretensão econômica, e não ao valordo contrato, sobretudo quando aanálise é feita sob a luz de umalegislação que tem por finalidadeampliar, e não dificultar o acesso dapopulação ao Poder Judiciário.

Nos Juizados comuns dos Estados edo Distrito Federal, a conciliação nãoestá limitada ao valor de 40 saláriosmínimos. Já nos Juizados da Fazenda

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Pública, a exemplo do que se verificana Lei dos Juizados Federais (art. 3° daLei n. 10.259/2001), também aconciliação está limitada a causas deaté 60 salários mínimos.

2.1.1 A arbitragem

Não há previsão legal que autorize autilização da arbitragem para ascausas que envolvam interesse daUnião, dos Estados, do DF, dosMunicípios e das suas autarquias,fundações ou empresas públicas.Assim, ante o princípio da legalidadeque rege a Administração Pública,entendo incabível a instituição daarbitragem nos processos quetramitam perante os Juizados daFazenda Pública ou perante os JuizadosFederais.

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A matéria, no entanto, écontrovertida, merecendo destaque aseguinte lição do mestre Carlos AlbertoCarmona, com citação do precedentedo STF registrado na RTJ, 68:391.“Quando o Estado atua fora de suacondição de entidade pública,praticando atos de natureza privada –onde poderia ser substituído por umparticular na relação negocial -, não sepode pretender aplicáveis as normaspróprias dos contratos administrativos,ancoradas no direito público. Se apremissa desta constatação é de que oEstado pode contratar na órbitaprivada, a consequência natural é a deque pode também firmar umcompromisso arbitral para decidir oslitígios que possam decorrer dacontratação”9.

Nelson Nery Junior e Rosa Maria deAndrade Nery10 sustentam que nassituações previstas pela Lei n.

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9.469/97, em que pode haver transaçãopelo Poder Público, é possível aarbitragem.

A Proposta de Emenda Constitucionaln. 29/2000 propõe a inserção de um §3° ao art. 98 da CF, pelo qual,“Ressalvadas as entidades de direitopúblico, os interessados em resolverseus conflitos de interesse poderãovaler-se do Juízo arbitral, na forma dalei”. Reforça, assim, que não cabearbitragem nos processos quetramitam nos Juizados Especiais daFazenda, à exceção daquelespertinentes às empresas públicas(pessoa jurídica de direito privado).

2.2 AS MATÉRIASEXCLUÍDAS DA

COMPETÊNCIA DOS

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JUIZADOS DA FAZENDAPÚBLICA

O § 1° do art. 2° da lei em comento, aexemplo do que se verifica no § 1° doart. 3° da Lei n. 10.259/2001 (clarafonte de inspiração deste novo textolegal), explicita matérias que estãoexcluídas da competência do Juizado daFazenda, ainda que tenham valor deaté 60 salários mínimos.

O inciso I exclui da competência dosJuizados da Fazenda Pública as açõesde mandado de segurança, dedesapropriação, de divisão edemarcação, populares, porimprobidade administrativa,execuções fiscais e as demandassobre direitos ou interessesdifusos e coletivos.

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a) A exclusão do mandado desegurança

Conforme estabelece o inciso LXIX doart. 5° da CF, o mandado de segurançaé concedido para assegurar direitolíquido e certo, não amparado porhabeas corpus ou por habeas data,quando o responsável pela ilegalidadeou pelo abuso de poder for autoridadepública ou agente de pessoa jurídica noexercício de atribuições do PoderPúblico.

Direito líquido e certo é aquele quenão precisa da dilação probatória paraser demonstrado, pois os elementos deplano apresentados ou indicados(admite-se apenas a requisição dedocumento que esteja em poder doimpetrado ou de repartição pública dedifícil acesso) mostram-se aptos acomprovar a sua existência e o seulimite.

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Ocorre que a Lei n. 12.016/2009, queora disciplina o mandado desegurança, estabelece rito bastanteespecífico para o processamento domandamus. O rito é incompatível com oprocedimento sumaríssimo adotadopelo Sistema dos Juizados Especiais.

Observe-se, contudo, que é possível aimpetração de mandado de segurançajunto à Turma Recursal contra atospraticados por juízes togados emprocesso que tramita nos Juizados ouna própria Turma Recursal. O que sequer impedir é a impetração de ummandado de segurança nos JuizadosEspeciais contra ato externo, contraato que não tenha sido praticado porum juiz em processo que tramita nopróprio Sistema dos Juizados.

Nesse sentido:“Previdenciário. Agravo Regimental.

Mandado de Segurança contra ato de

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Juiz Federal do Juizado EspecialFederal. Competência da TurmaRecursal. Os Juízes que oficiam nosJuizados Especiais Federais, emboraostentem obviamente a condição dejuízes federais, não estão vinculadosjurisdicionalmente aos TribunaisRegionais Federais, mas às TurmasRecursais respectivas (AgMS 4.927,TRF 4, 5ª Turma, DJU de 26-3-2003, Rel.Juiz Paulo Afonso Brum Vaz, v. u.).

A Corte Especial do C. STJ, em 2-8-2006, ao julgar o RMS 17.524, pormaioria, concluiu que é cabívelmandado de segurança para o Tribunalde Justiça ou para o TRF visandopromover o controle da competência dedecisão proferida por Turma Recursaldo Juizado Especial, econsequentemente Recurso para o C.STJ da decisão do TJ ou do TRF. Noacórdão foi reiterado o entendimentode que o mérito das decisões das

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Turmas Recursais não pode sercontrolado pelos Tribunais de Justiçaou pelos TRFs.

Observe-se, porém, que decisão doSTF, proferida em 20-5-2009, no RE576.847, Rel. Min. Eros Grau, concluiuser incabível o agravo de instrumento eo MS contra decisão de juiz de JuizadoEspecial. A decisão é compreensível doponto de vista teórico, mas na prática énecessária a preservação de algunsinstrumentos capazes de elidirdecisões provisórias (provisoriedadeque por vezes dura anos) que podengerar danos irreparáveis.

a.1) O agravo de instrumentoNas hipóteses de medida cautelar há

previsão expressa do cabimento derecurso, que é o agravo de instrumento(v. item 4).

Diante dos princípios da celeridade

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(art. 2° da Lei n. 9.099/95) e daconcentração, que determinam asolução de todos os incidentes nocurso da audiência ou na própriasentença (art. 29 da Lei n. 9.099/95), aquase totalidade da doutrina sustentaa irrecorribilidade das decisõesinterlocutórias proferidas na fase deconhecimento do processo. Comodecorrência, tais decisões nãotransitam em julgado e poderão serimpugnadas no próprio recursointerposto contra sentença, sendo porisso incabível o agravo deinstrumento11.

A jurisprudência amplamentemajoritária, antes mesmo da decisão doMinistro Eros Grau no RE acimaespecificado, também já não admitia oagravo de instrumento, merecendodestaque as seguintes conclusões:

“Nos Juizados Especiais não é cabível

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o Recurso de Agravo (Unânime)”12.“Das decisões proferidas pelo Juizado

Especial, somente são cabíveis osrecursos previstos nos arts. 41 e 48 daLei n. 9.099/95 (recurso inominado eembargos de declaração), não seadmitindo o recurso de agravo,instrumentalizado ou retido” 13.

“Recurso de agravo em processodisciplinado pela Lei 9.099/95.Incabimento” 14.

“Agravo de instrumento. Inexistênciade previsão legal em sede de JuizadosEspeciais – Recurso não conhecido –Precedentes da Turma. Nas decisõesinterlocutórias proferidas no âmbitodos Juizados Especiais não cabe agravode instrumento face a ausência deprevisão legal para tanto, conformetorrencial jurisprudência das TurmasRecursais do país”15.

“Agravo de Instrumento. Juizado

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Volante Ambiental. Indeferimento daPerícia. Lei n. 9.099, de 26-9-95. NãoConhecimento. Tratando-se de agravointerposto contra decisãointerlocutória, proferida emprocedimento da alçada do JuizadoVolante Ambiental, não deve ele serconhecido, posto que a Lei n. 9.099, de26-9-95, não faculta às partes ainterposição deste tipo de recurso”16.

“No Juizado Especial é incabível orecurso de Agravo e as decisõesinterlocutórias não precluem(Unanimidade)”17.

Admitindo o agravo de instrumento:“A propósito das decisões

interlocutórias, a Lei n. 9.099/95silenciou. Isto não quer dizer que oagravo seja de todo incompatível com oJuizado Especial Civil. Em princípio,devendo o procedimento concentrar-senuma só audiência, todos os incidentes

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nela verificados e decididos poderiamser revistos no recurso inominado aofinal interposto. Mas nem sempre issose dará de maneira tão singela.Questões preliminares poderão serdirimidas antes da audiência ou nointervalo entre a de conciliação e a deinstrução e julgamento. Havendo riscode configurar-se a preclusão emprejuízo de uma das partes, caberá orecurso de agravo, por invocaçãosupletiva do Código de ProcessoCivil18.

“Recurso – Decisão que indeferiupedido de assistência judiciáriagratuita - Decisão interlocutóriaproferida nos autos da ação –Possibilidade de ataque através doagravo de instrumento – Preliminarrejeitada” (Recurso 1.995, 1° ColégioRecursal da Cidade de São Paulo, Rel.Sá Duarte, j. em 20-6-1996, RJE, 1:34).

“Mandado de Segurança – Ato

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Judicial – Decisão que comportarecurso de agravo ao qual pode orelator atribuir efeito suspensivo ativo– Impetrante que carece da açãomandamental” (MS 67, j. em 29-4-1999,1° Colégio Recursal da Cidade de SãoPaulo, Rel. Juiz Botto Muscari).

Entendo que o agravo deinstrumento deve ser conhecidoinclusive quando houver risco de lesãoirreparável ou de difícil reparaçãodecorrente de decisão interlocutóriadiversa daquela que aprecia pedido demedida cautelar ou antecipatória (paraas quais o cabimento do recurso éexpresso na Lei n. 12.153/2009), poraplicação subsidiária do CPC.

Aplicável o art. 522, caput, do CPC, naredação da Lei n. 11.187/2005, o qualestabelece que, salvo risco de lesãograve e de difícil reparação, o agravoficará retido nos autos.

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Em síntese, as decisõesinterlocutórias proferidas nosprocessos dos Juizados Especiais nãoprecluem e podem ser objeto dequestionamento no recurso inominado.E o agravo de instrumento somentedeve ter seguimento caso estejaevidenciado que a decisão atacadapode causar dano irreparável ou dedifícil reparação.

Nesse sentido:“As decisões interlocutórias

proferidas nos processos dos JuizadosEspeciais não precluem e podem serobjeto de questionamento no RecursoInominado. O Agravo de Instrumentosomente deve ter seguimento casoesteja evidenciado que a decisãoatacada pode causar dano irreparávelou de difícil reparação. Negativa deseguimento do recurso de agravo pelorelator. Aplicação subsidiária do art.557 do CPC” (Recurso de Agravo n.

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10.616, 1° Colégio Recursal da Cidadede São Paulo, Rel. Juiz RicardoChimenti).

Prolatada a sentença antes dojulgamento do recurso de agravo, emregra este perde o seu objeto. Nestesentido:

“Agravo de instrumento. Efeitosuspensivo negado. Prolação desentença antes do julgamento doagravo. Sentença que engloba adecisão agravada. Possibilidade deapreciação da questão mais amplasomente por meio de recursoinominado. Agravo julgado prejudicadopela perda do seu objeto” (Recurso deAgravo n. 10.032, 1° Colégio Recursalda Cidade de São Paulo, Rel. JuizRicardo Chimenti).

b) A exclusão das ações dedesapropriação, de divisão e

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demarcação, populares, porimprobidade administrativa eexecuções fiscais

Havendo na legislação especial ritoespecífico para determinados tipos deações, a fim de melhor atender às suasespecificações (a exemplo daconsignação em pagamento), inviávelse mostra o processamento destas peloprocedimento da Lei n. 9.099/95,sobretudo após a tentativa deconciliação.

Conforme já deliberou o 2° TACSP (5ªCâmara, AgI 459.793), “... a lei dosJuizados Especiais Cíveis é uma normade caráter geral que se aplica a todosos processos, exceto àqueles que sãoregidos pela legislação processualespecial...”.

No mesmo sentido, Joel Dias FigueiraJr. leciona: “Frise-se ainda que apesardo inciso I, do artigo 3°, não fazer

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qualquer restrição a tipos de demanda,tem-se por subentendido que estãoexcluídas todas aquelas que envolvamquestões fatuais de maiorcomplexidade, ou, ainda, quando osistema processual civil coloca àdisposição do autor outros ritosdiversificados que melhor atenderão asua pretensão”19.

No 2° Encontro Estadual de JuízesSupervisores de Juizados Especiais doEstado do Paraná (Guaratuba, abril de1998) foram tomadas, entre outras, asseguintes deliberações:

Primeira: “Os procedimentosespeciais de jurisdição voluntária sãoincompatíveis com o procedimento dosJuizados Especiais Cíveis”.

Segunda: “Com exceção da ação dedespejo para uso próprio e açõespossessórias de valor não excedente a40 vezes o salário mínimo, as demais

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ações com procedimento especial dejurisdição contenciosa sãoincompatíveis com o procedimentosumaríssimo dos Juizados Especiais”.

No mesmo sentido o Enunciado 9 doFONAJEF, do seguinte teor:

“Além das exceções constantes do §1° do art. 3° da Lei n. 10.259, não seincluem na competência dos JuizadosEspeciais Federais os procedimentosespeciais previstos no Código deProcesso Civil, salvo quando possível aadequação ao rito da Lei n.10.259/2001”.

A desapropriação excluída dacompetência dos Juizados da FazendaPública é a direta, promovida peloPoder Público contra o particular.Subsiste, contudo, a possibilidade de apessoa física, a microempresa e aempresa de pequeno portepromoverem ação indenizatória contra

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o Poder Público que venha a praticarapossamento administrativo.

Dá-se o nome de desapropriaçãoindireta àquelas indenizatórias açõesvoltadas contra o Poder Público que seapodera de bens de particulares semprévia declaração de utilidade públicaou de interesse social, sem a devidaação de desapropriação (oapossamento administrativo acimamencionado). O prazo para apropositura da ação ordinária deindenização é de 20 anos, nos termosda Súmula 119 do STJ. Contudo,quando se está diante de simpleslimitações administrativas, o prazo foifixado em 5 anos pelo art. 1° da MedidaProvisória n. 1.901-30, de 24-9-1999(hoje MP n. 2.183-56/2001), conforme oparágrafo único acrescido ao art. 10 doDecreto-lei n. 3.665/41.

Quanto às distinções entredesapropriação indireta e limitação

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administrativa, merece destaque aseguinte ementa:

“Administrativo – Limitaçãoadministrativa ou desapropriaçãoindiretaProibição do corte, daexploração e da supressão de vegetaçãoprimária ou nos estágios avançado emédio de regeneração da Mata Atlântica– Decreto estadual 750/93.

1. A jurisprudência do STJ é unânime,sem divergências, de que as limitaçõesadministrativas à propriedade geramobrigação de não fazer ao proprietário,podendo ensejar direito à indenização,o que não se confunde com adesapropriação.

2. A desapropriação indireta exige,para a sua configuração, odesapossamento da propriedade, deforma direta pela perda da posse ou deforma indireta pelo esvaziamentoeconômico da propriedade.

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3. A proibição do corte, da exploraçãoe da supressão de vegetação primáriaou nos estágios avançado e médio deregeneração da mata atlântica(Decreto 750/93) não significa esvaziar-se o conteúdo econômico.

4. Discussão quanto aos institutosque se mostra imprescindível quandose discute o prazo prescricional.

5. Na limitação administrativa aprescrição da pretensão indenizatóriasegue o disposto no art. 1° do Dec.20.910/32, enquanto a desapropriaçãoindireta tem o prazo prescricional devinte anos.

6. Embargos de divergência nãoprovidos” (STJ, EREsp 901.319/SC, Rel.Min. Eliana Calmon, DJe de 3-8-2009).

Quanto ao descabimento da execuçãofiscal, mostra-se oportuna a seguintelição de Humberto Theodoro Júnior20:

“Se, porém, na ação anulatória de

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lançamento tributário a FazendaPública apresentar, na contestação,pedido contraposto (Lei 9.099, art. 31)e sair vitoriosa, terá ela constituído emseu favor título executivo judicial, queobviamente será exequível no próprioJuizado Especial. Não se há de pensarque, in casu, a execução de sentençaestaria excluída da competência doJuizado, por força de norma que nãopermite a execução fiscal dentro de suacompetência. É que execução fiscal eexecução de sentença são açõescompletamente distintas, já que aquelase funda em título extrajudicial, dandoorigem a contraditório tão amplo comoo das ações ordinárias de cobrança,enquanto a última nem mesmo seconsidera ação distinta dacondenatória, não passando de simplesfase desta, o que torna reduzidíssimo ocampo de impugnação ao cumprimentoda condenação judicial (CPC, art. 475,

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L). Por outro lado é certo, em nossodireito positivo, que, em princípio, ocumprimento da sentença deveefetuar-se perante ‘o juízo queprocessou a causa no primeiro grau dejurisdição’ (CPC, art. 475, P, n. II)”.

V. item 5.4 sobre a possibilidade de aFazenda Pública apresentar pedidocontraposto nos Juizados da Fazenda.

c) A exclusão das demandassobre direitos difusos, coletivos eindividuais homogêneos

Antes mesmo da vigência da Lei n.12.153/2009 já havia controvérsia sobrea admissibilidade de ações coletivasnos Juizados Especiais dos Estados edo Distrito Federal, sobretudo porqueestas são propostas por entidades quenão foram arroladas como parte autoranas ações que tramitam no Sistema.

Luís Felipe Salomão21, ao lecionar

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sobre os Juizados Especiais comunsdos Estados e do DF, sustenta apossibilidade de o Ministério Públicointentar ações coletivas (de interessesdifusos, de interesses coletivos ou deinteresses individuais homogêneos)para a solução de litígios de consumo,sem limite de valor, já que tal restriçãonão existe no Código de Defesa doConsumidor (arts. 5°, 81 e 92 da Lei n.8.078/90).

Geisa de Assis Rodrigues leciona:“Tratando a inexistência de previsão delegitimidade de agir – no casoespecífico do Juizado Especial Cível –para o Ministério Público e paraassociação beneficente como umaantinomia, deve-se tentar perquirirqual o valor que deve prevalecer. Nocaso, é a norma que mais garante eamplia o acesso à justiça e a queatende ao fim constitucional de criaçãodesses tribunais. Portanto, desde que

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em defesa de causas de baixacomplexidade, podem o MinistérioPúblico e as associações beneficentesser autores nos Juizados Especiais”22.

No Juizado Federal há disposiçãoexpressa excluindo de sua competênciaas demandas sobre direitos ouinteresses difusos, coletivos ouindividuais homogêneos (art. 3°, § 1°, I,da Lei n. 10.259/2001).

Ao tratar das causas excluídas dacompetência do Juizado da FazendaPública, a Lei n. 12.153/2009 fazexpressa referência às demandassobre direitos ou interesses difusos ecoletivos (art. 2°, § 1°, I), mas omite ascausas sobre direitos ou interessesindividuais homogêneos.

Direitos difusos são ostransindividuais, de naturezaindivisível, de que sejam titularespessoas indeterminadas, mas ligadas

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por circunstâncias de fato. Direitoscoletivos são aqueles transindividuais,de natureza indivisível, de que sejatitular um grupo ou categoria depessoas que estão ligadas entre si oucom a parte contrária por uma relaçãojurídica base. Direitos individuaishomogêneos são aqueles decorrentesde origem comum (art. 81 da Lei n.8.078/90 e art. 21 da Lei n.12.016/2009), mas que ao final devemser atribuídos de maneira singular acada um dos seus titulares.

Creio que efetivamente não sãocabíveis ações coletivas para a defesados direitos individuais homogêneosnos Juizados da Fazenda Pública.

É que o Sistema dos JuizadosEspeciais não confere legitimidadeativa para que as associações, oMinistério Público ou a DefensoriaPública figurem no polo ativo das açõespropostas junto aos Juizados (e são

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essas pessoas que costumam figurarno polo ativo das ações coletivas quedefendem direitos individuaishomogêneos). Ademais, nos Juizados,exige-se que a sentença condenatóriaseja líquida (art. 38, parágrafo único,da Lei n. 9.099/95), enquanto nas açõescoletivas a sentença geralmente éilíquida.

Nesse sentido:“Mas fica a indagação: e os direitos

individuais homogêneos? Aqui olegislador disse menos do que queria,devendo haver o entendimento de queo termo direitos coletivos abrange osindividuais homogêneos, especialmentese considerarmos os motivos quejustificam a exclusão de tal categoriada competência dos Juizados Especiaisda Fazenda Pública, notadamente o ritoespecial e as restrições em termos derecurso, pois também são açõescoletivas23.

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“O fato de o inciso II se referir apenasàs demandas sobre direitos ‘coletivosou difusos’ como excluídas dacompetência dos juizados da FazendaPública não importa inclusão das açõescoletivas sobre direitos individuaishomogêneos na esfera de competênciadaqueles juizados. Em primeiro lugar,porque a ação exercitável perante oJuizado Especial em questão somentepode ter por autor pessoa física,microempresa ou empresa de pequenoporte (Lei n. 12.153, art. 5°, I),entidades que não se legitimam apropor ações coletivas em defesa dedireitos individuais homogêneos (CDC,art. 82). Segundo, porque as açõescoletivas, quaisquer que sejam elas,revestem-se de complexidade nãocompatível com o procedimento simplese célere dos Juizados Especiais, razãopela qual não se pode reconhecer comocabíveis naqueles Juizados senão as

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ações singulares”24.O Enunciado 22 do FONAJEF

esclarece que “A exclusão dacompetência dos Juizados EspeciaisFederais quanto às demandas sobredireitos ou interesses difusos, coletivosou individuais homogêneos somente seaplica quanto a ações coletivas”,orientação que também deve serobservada nos Juizados da FazendaPública.

O inciso II exclui da competência dosJuizados da Fazenda Pública as causassobre bens imóveis dos Estados,Distrito Federal, Territórios eMunicípios, autarquias e fundaçõespúblicas a eles vinculadas.

Creio que somente as ações denatureza real sobre bens imóveis daUnião, autarquias e fundações públicasfederais estão excluídas dacompetência do Juizado Especial da

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Fazenda Pública, pois normasrestritivas de direito devem serinterpretadas restritivamente. Asações possessórias que visam protegerdireitos pessoais de até 60 saláriosmínimos podem ser propostas peranteJuizado da Fazenda Pública.

O inciso III exclui as causas quetenham como objeto a impugnaçãoda pena de demissão imposta aservidores públicos civis ousanções disciplinares aplicadas amilitares.

Quanto aos servidores militares,regidos por princípios próprios dehierarquia e disciplina, nenhumasanção disciplinar a eles aplicadapoderá ser questionada perante osJuizados Federais. Observe-se que, emregra, nem sequer o habeas corpus,remédio constitucional de feição ampla,é admitido contra sanção disciplinarmilitar, ainda que no sistema comum de

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justiça (art. 142, § 2°, da CF).Em relação aos servidores civis, o

dispositivo em comento exclui dacompetência do Juizado da FazendaPública apenas a impugnação da penade demissão. E ao contrário do que severifica nos Juizados Federais (art. 3°, §1°, III, da Lei n. 10.259/2001), na Lei n.12.153/2009 não há exclusão genéricada competência dos Juizados daFazenda Pública para a anulação oucancelamento dos atos administrativosem geral.

Assim, observados os demaisrequisitos pertinentes à legitimidadedas partes e à competência (emespecial quanto ao valor de até 60salários mínimos da causa), é possívelimpugnar perante os Juizados daFazenda Pública pena diversa dademissão aplicada a servidor públicocivil.

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As causas de maior complexidadeprobatória. De acordo com o art. 98 daCF de 1988, “A União, no DistritoFederal e nos Territórios, e os Estadoscriarão:

I – juizados especiais, providos porjuízes togados, ou togados e leigos,competentes para a conciliação, ojulgamento e a execução de causascíveis de menor complexidade einfrações penais de menor potencialofensivo, mediante os procedimentosoral e sumariíssimo, permitidos, nashipóteses previstas em lei, a transaçãoe o julgamento de recursos por turmasde juízes de primeiro grau”.

Sob a luz do art. 98, I, da CF, há de seconcluir que as questões de direito,por mais intrincadas e difíceis quesejam, podem ser resolvidas dentro doSistema dos Juizados Especiais, o qualé sempre coordenado por um juiztogado.

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Por outro lado, quando a solução dolitígio envolve questões de fato querealmente exijam a realização deintrincada prova, após a tentativa deconciliação infrutífera o processo nosJuizados dos Estados e do DF deve serextinto e as partes encaminhadas paraa Justiça ordinária (art. 51, II, da Lei n.9.099/95). É a real complexidadeprobatória que afasta a competênciados Juizados Especiais Comuns e daFazenda Pública dos Estados e doDistrito Federal.

Nesse sentido o Enunciado 54 doFONAJE: “A menor complexidade dacausa para a fixação da competência éaferida pelo objeto da prova e não emface do direito material”.

Observe-se, porém, que a lei confereao julgador do sistema especial amplaliberdade para determinar a produçãode provas, admite a adoção de regrasda experiência comum (art. 5° da Lei n.

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9.099/95) e autoriza a inquirição detécnicos e a realização de inspeções (emesmo pequenas perícias),instrumentos que na maior parte dasvezes são suficientes para a soluçãodas controvérsias.

Enunciado 12 do FONAJE: “A períciainformal é admissível na hipótese doart. 35 da Lei 9.099/95”.

Enunciado 69 do FONAJE: “As açõesenvolvendo danos morais nãoconstituem, por si só, matériacomplexa”.

Enunciado 70 do FONAJE: “As açõesnas quais se discute a ilegalidade dejuros não são complexas para o fim defixação da competência dos JuizadosEspeciais”.

2.2.1 Ação para anulação oucancelamento de ato

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administrativo

Os Juizados da Fazenda Pública sãocompetentes para as causas de até 60salários mínimos que tenham porobjeto a anulação ou o cancelamentode ato administrativo, exceto se o atofor a imposição de pena disciplinar (dequalquer natureza) a servidor militarou a imposição de demissão a servidorcivil.

Estão incluídas na competência dosJuizados Especiais da Fazenda Pública,entre muitas outras, reivindicações deservidores remunerados pelos cofresdos Estados, do DF ou dos Municípios,suas autarquias, fundações públicas eempresas públicas, questionamento deposturas municipais, estaduais oudistritais, impugnações, multasimpostas por agentes públicos, açõesdeclaratórias e anulatórias de natureza

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fiscal e repetições de indébito.

2.3 O CÁLCULO DO VALORDA CAUSA QUANDO HÁPARCELAS VINCENDAS

O § 2° deste art. 2° traz para oJuizado da Fazenda Pública dosEstados e dos Municípios aquilo que ajurisprudência consolidou como critériopara a definição do valor da causa nosJuizados Federais, quando há parcelasvincendas. Vale dizer: a soma de dozeparcelas vincendas e de eventuaisparcelas vencidas não poderá excedera 60 salários mínimos.

“Não se admite, com base nosprincípios da economia processual e dojuiz natural, o desdobramento de açõespara cobrança de parcelas vencidas e

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vincendas” (Enunciado 20 doFONAJEF).

O Enunciado 48 do FONAJEF orienta:“Havendo prestação vencida, oconceito de valor da causa para fins decompetência do JEF é estabelecido peloart. 260 do CPC”.

2.4 O VALOR DA CAUSA NAHIPÓTESE DE

LITISCONSÓRCIO

O § 3° do art. 2° da Lei n. 12.153/2009estabelecia que, nas hipóteses delitisconsórcio, o valor da causa seriaconsiderado por autor. A disposição,contudo, foi vetada sob oincompreensível argumento de que ocálculo do valor da causa, por autor,inseriria na competência dos Juizados

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causas de maior complexidade.Em primeiro lugar é de observar que

o dispositivo vetado não dizia respeitoà possibilidade ou não de litisconsórcioativo nos Juizados da Fazenda Pública.O dispositivo apenas fixava um doscritérios possíveis para a fixação dovalor da causa na hipótese dolitisconsórcio ativo.

Afinal, a vedação ao litisconsórcioativo facultativo afrontaria o princípioda economia processual, poisestimularia a propositura de inúmerasações repetitivas, com a simplesalteração do nome do autor na petiçãoinicial, tudo a obrigar o PoderJudiciário a processar de formaindividualizada pedidos que poderiamestar concentrados em um únicoprocesso.

Ademais, a complexidade de umacausa não é medida pelo número de

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litisconsortes, tampouco pelo seu valor.Assim, no caso de litisconsórcio ativo

(relembramos que o parágrafo único doart. 46 do CPC autoriza o juiz a limitar onúmero de litigantes no litisconsórciofacultativo), determina-se o valor dacausa pela divisão do valor global pelonúmero de litisconsortes, à semelhançado que dispôs a Súmula 261 do extintoTFR ao resolver questão que envolvia ovalor da causa para fins de alçadarecursal.

V. item 13.3 sobre a satisfação docrédito no caso de litisconsórcio ativo.

2.5 COMPETÊNCIAABSOLUTA DOS JUIZADOS

DA FAZENDA PÚBLICA

De acordo com o § 4° do art. 2°, em

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estudo, no foro onde estiver instaladoJuizado Especial da Fazenda Pública, asua competência é absoluta.

A análise do dispositivo legal, porém,determina que previamente severifique qual o foro competente para apropositura da ação, se um daquelesprevistos no art. 4° da Lei n. 9.099/95,ou, necessariamente, o foro dodomicílio do réu.

Em primeiro lugar observo que oEstado não possui foro privilegiado,mas apenas juízo privativo em algumascomarcas que possuem Varas daFazenda Pública. Nas causaspertencentes à competência territorialde qualquer outra comarca, não pode aLei de Organização Judiciária atraircausas para o Foro da Capital (REsp192896, 1ª Turma do STJ, j. em 22-5-2001, e AgRg no REsp 1033651, 2ªTurma do STJ, j. em 14-10-2008).

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O Município igualmente não desfrutade foro privilegiado, conforme decidiu a1ª Turma do STJ ao julgar o REsp949382, j. em 23-10-2007.

Assim, a ação contra o Estado, o DFou o Município, a critério do autor,pode ser proposta em qualquer dosforos previstos no art. 4° da Lei n.9.099/95, do seguinte teor:

“É competente, para as causasprevistas nesta Lei, o Juizado do foro:

I – do domicílio do réu ou, a critériodo autor, do local onde aquele exerçaatividades profissionais ou econômicasou mantenha estabelecimento, filial,agência, sucursal ou escritório;

II – do lugar onde a obrigação devaser satisfeita;

III – do domicílio do autor ou do localdo ato ou fato, nas ações parareparação de dano de qualquernatureza.

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Parágrafo único. Em qualquerhipótese, poderá a ação ser propostano foro previsto no inciso I desteartigo”.

Ademais, nos casos que envolveminteresses de menores e incapazes,cumpre observar a orientação daSúmula 383 do STJ, do seguinte teor:

“A competência para processar ejulgar as ações conexas de interesse demenor é, em princípio, do foro dodomicílio do detentor de sua guarda”.

2.5.1 A execução do títuloexecutivo extrajudicial

De acordo com a Súmula 279 do STJ,“É cabível execução por títuloextrajudicial contra a Fazenda Pública”.

Para a execução de título

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extrajudicial, sem prejuízo de oexequente optar pelo foro do domicíliodo executado, também podem serconsiderados locais de cumprimento daobrigação: a) o foro do local dopagamento indicado no título; b) o localda emissão do cheque, pois “presume-se que a ordem foi dada no lugar ondetem de ser pago”25. Na falta deindicação especial, é considerado lugarde pagamento o local designado juntoao nome do banco sacado, nos termosdo inciso I do art. 2° da Lei do Cheque(Lei n. 7.35 7/85).

2.6 O RECONHECIMENTODA INCOMPETÊNCIA E A

INTERRUPÇÃO DAPRESCRIÇÃO NAS AÇÕES

CONTRA A FAZENDA

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PÚBLICA

Pelo sistema clássico, os fatoresdeterminantes da competência internasão o valor da causa, a matéria, anatureza do ato (hierarquia funcional)e o território (arts. 91 a 100 do CPC).

Os fatores valor da causa e territóriosugerem competência relativa(prorrogável, se não excepcionadatempestivamente, porque inerente aointeresse privado e por consequênciasujeita ao princípio dispositivo).

Os elementos matéria e função, poroutro lado, são determinados pelointeresse público e consequentementeregem a competência absoluta, denatureza inderrogável e passível de serreconhecida de ofício.

A incompetência absoluta pode serdeclarada de ofício. A incompetênciarelativa, não (Súmula 33 do STJ).

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Duas questões frequentementesurgem em decorrência da extinção doprocesso proposto perante o JuizadoEspecial. A primeira diz respeito àpossibilidade ou não de redistribuiçãodo processo, com a remessa dos autosà Vara comum quando verificada aincompetência do Juizado (art. 113, §2°, do CPC). A segunda é pertinente àpossibilidade da renovação da ação e àincidência ou não do disposto no art.268 do CPC.

A primeira questão, relativa àredistribuição, merece respostanegativa.

O procedimento da Lei n.12.153/2009, entre outraspeculiaridades, não impõe a assistênciado advogado para as causas de até 60salários mínimos; permite que a inicialseja elaborada sem observância do art.282 do CPC (o art. 14 da Lei n. 9.099/95traz requisitos próprios para o pedido

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inicial); dispensa o pagamento decustas etc. A simples redistribuição àVara da Justiça comum do processoiniciado no Juizado Especial, portanto,poderá causar tumultos de tal montaque o melhor será recomeçar oprocesso no juízo competente,observados os requisitos específicos doCPC.

A prescrição, de qualquer forma,estará interrompida desde a citaçãoconsumada no processo extinto e sórecomeçará a correr da sentença deextinção, pois a citação válida, mesmoque determinada por juizincompetente, interrompe a prescrição(art. 219 do CPC).

“Extinção do processo e interrupçãoda prescrição. Ainda que o processoseja extinto sem julgamento do mérito,tendo sido válida a citação, houve ainterrupção da prescrição26. Contra:RTJ 108/1105; RT 475/78; JTACiv 32/18;

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Cahali27, Aspectos processuais daprescrição e da decadência”.

A segunda questão, pertinente àpossibilidade da renovação da açãoextinta e à incidência ou não dodisposto no art. 268 do CPC, mereceresposta positiva.

Excetuadas as hipóteses de extinçãodo processo pelo reconhecimento daperempção (parágrafo único do art.268 do CPC), litispendência ou coisajulgada (§§ 1° a 3° do art. 301 do CPC),há de se admitir a possibilidade derenovação da ação anteriormenteextinta, até porque a própria causa daextinção pode ter sido superada.

2.7 PRESCRIÇÃO NASAÇÕES CONTRA A

FAZENDA PÚBLICA –

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OBSERVAÇÕES GERAIS

Na análise da prescrição nas açõescontra a Fazenda Pública, observe-seinicialmente o Decreto n. 20.910/32,pelo qual, em regra, as dívidas daFazenda Pública prescrevem em 5anos. O Decreto-Lei n. 4.597/42, porsua vez, estabelece que a prescriçãointerrompida recomeça a correr pelametade.

Entendo que desde a vigência doCódigo Civil em 2002 o prazo para apropositura da ação de reparação dedanos contra o Estado passou a ser de3 anos (art. 206, § 3°, V, do CC de2002), observadas as regras detransição de seu art. 2.028.

A Súmula 85 do STJ, em valiosaorientação, esclarece que “Nasrelações jurídicas de trato sucessivoem que a Fazenda figure como

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devedora, quando não houver sidonegado o próprio direito reclamado, aprescrição 2. ed., São Paulo: Revistados Tribunais, 1976, p. 158. atingeapenas as prestações vincendas antesdo quinquênio anterior à propositurada ação”.

Art. 3° O juiz poderá, deofício ou a requerimento daspartes, deferir quaisquerprovidências cautelares eantecipatórias no curso doprocesso, para evitar dano dedifícil ou de incertareparação.

3.1 TUTELA ANTECIPADA ETUTELA CAUTELAR –

OBSERVAÇÕES GERAIS

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Ao impedir que o indivíduo exercessea autotutela, a “justiça” imediata comas próprias mãos, o Estado assumiu opoder e o dever de solucionar osconflitos de forma eficiente e célere.

Entre nós, a busca por umaprestação jurisdicional mais célereinicialmente foi estabelecida pelapossibilidade de julgamento antecipadoda lide, logo após a fase postulatóriado processo de rito ordinário. A medidamostrou-se tímida e suscetível aoabuso do direito de defesa.

Outras medidas, de caráterantecipado e satisfativo, passaram aser concedidas com base no podergeral de cautela, enfrentandoresistências doutrinárias ejurisprudenciais. O legislador, por suavez, passou a admitir liminaressatisfativas nas ações possessórias deforça nova (art. 928 do CPC) e noscontratos de alienação fiduciária

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(busca e apreensão do Dec.-Lei n.91 1/69), nas ações relacionadas aodireito do consumidor (art. 84 da Lei n.8.078/90) e nas ações de despejo (art.59 da Lei n. 8.245/91).

Em dezembro de 1994, lastreados noanteprojeto do Código de Processo Civilda Comissão formada em 1985 peloMinistério da Justiça, foram criados osinstitutos da tutela antecipadagenérica (art. 273 do CPC) e da tutelaantecipada específica (art. 461 doCPC). Trata-se de medidacronologicamente anterior à sentença,temporária, e que exige cogniçãosumária sem dispensar decisãoexauriente posterior.

Os requisitos básicos para aantecipação da tutela genérica são:

a) o fundado receio de danoirreparável ou de difícil reparação. Háde se demonstrar a necessidade da

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imediata execução provisória dojulgado;

b) o abuso do direito de defesa ou omanifesto propósito protelatório doréu. Mesmo para responder a umprocesso é necessário que sedemonstre o interesse processual,evitando assim a utilização do processoem sua face defensiva para dar direitoa quem não o tem.

Ademais, inicialmente, enquanto amedida cautelar desde a sua origempodia ser determinada de ofício, aantecipação da tutela, específica ougenérica, sempre exigia requerimentoda parte ou do Ministério Público. Hoje,no sistema dos Juizados, as medidascautelares e as antecipatórias podemser concedidas de ofício ou arequerimento da parte ou do MinistérioPúblico.

O princípio da informalidade também

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determina a aplicação do princípio dafungibilidade, possibilitando que umpedido de liminar cautelar sejaacolhido como antecipação de tutela ouque um pedido de antecipação detutela (liminar ou não) seja analisadocomo pedido de medida cautelar.Nesse sentido o § 7° do art. 273 doCPC.

Creio que nas ações de naturezadúplice, nas reconvenções e nospedidos contrapostos, em respeito aoprincípio da isonomia e da economiaprocessual, o réu está legitimado apleitear a antecipação da tutela contrao autor (a denominada tutela negativa).

A revogação pode dar-se de ofício,observada a exigência constitucionalda motivação.

A antecipação pode ser parcial, terápor limite o princípio da correlaçãoprevisto nos arts. 128 e 460 do CPC e,

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em primeiro grau, pode ser concedidaou revogada a qualquer tempo antesda sentença.

Havendo relevante fundamento,entendo que tanto a tutela genéricaquanto a específica podem serconcedidas liminarmente (inauditaaltera pars). A relevância dofundamento também autoriza aantecipação recursal da tutela, odenominado efeito ativo, que permiteao relator do recurso (geralmente naapreciação de agravo de instrumento)antecipar a tutela negada pelo órgãode primeiro grau, estando sua decisãosujeita ao recurso previsto no art. 557do CPC.

A cognição exigível para aantecipação da tutela é de naturezasumária. Tal circunstância determina ocaráter provisório da medida, que seránegada se houver perigo deirreversibilidade absoluta.

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A fim de minimizar os riscos daantecipação da tutela, impõe-se para asua concessão a existência de provainequívoca, prova capaz de convencer ojulgador da verossimilhança daalegação.

A análise da qualidade inequívoca daprova deve considerar a naturezasumária da cognição antecipatória.Prova inequívoca em cognição sumáriaé aquela que apresenta alto grau decredibilidade.

A verossimilhança da alegaçãosignifica que ela tem aparência deverdadeira. Trata-se de um juízopositivo de probabilidade.

Em que pese a aparente vinculação, averossimilhança da alegação não tempor pressuposto necessário a provainequívoca. Há fatos incontestes equestões exclusivamente de direito quedispensam a prova inequívoca para que

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se reconheça a verossimilhança daalegação e se conceda a tutela.

Ao examinar um pedido de liminar, ojulgador trabalhará sopesando asconsequências da concessão ou não damedida, podendo exigir ou não acaução.

As mesmas exigências do inciso I doart. 273 do CPC devem ser observadaspara a concessão da antecipação datutela específica (art. 461 do CPC).

Quanto à irreversibilidade ou não damedida, inicialmente é de ressaltar quepara a execução provisória da tutelaantecipada será observado o art. 475-Odo CPC.

O Enunciado 6 das Turmas RecursaisFederais do Rio de Janeiro dispõe que“Pode o Juiz determinar de ofício acomplementação das provasindispensáveis à apreciação de pedidode tutela de urgência”.

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A Primeira Turma dos JuizadosEspeciais Federais do Distrito Federalfirmou entendimento no sentido de serpossível a concessão de tutelaantecipada na sentença. É o que constado Enunciado 1: “A antecipação detutela por ocasião da prolação desentença é cabível nos JuizadosEspeciais Federais”.

Quanto à distinção entre tutelaantecipada e tutela cautelar, merecedestaque a seguinte lição de NelsonNery Junior e Rosa Maria de AndradeNery28:

“A tutela antecipada dos efeitos dasentença de mérito não é tutelacautelar, porque não se limita aassegurar o resultado prático doprocesso, nem a assegurar aviabilidade da realização do direitoafirmado pelo autor, mas tem porobjetivo conceder, de formaantecipada, o próprio provimento

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jurisdicional pleiteado ou seus efeitos.Ainda que fundada na urgência (CPC273, I), não tem natureza cautelar, poissua finalidade precípua é adiantar osefeitos da tutela de mérito, de sorte apropiciar sua mediata execução,objetivo que não se confunde com o damedida cautelar (assegurar o resultadoútil do processo de conhecimento ou deexecução ou, ainda, a viabilidade dodireito informado pelo autor)”.

É possível a concessão de liminarcautelar em processo de conhecimento,medida baseada no poder cautelargeral do juiz e que tem a finalidade dedar imediata proteção aos bensenvolvidos no processo. LecionaVicente Greco Filho: “Se, porém, setrata daquele poder cautelar geral queabrange, como de responsabilidade dojuiz, as pessoas ou os bens envolvidosno processo, como o exemplo já citadode proteção à pessoa de uma

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testemunha, o juiz pode determinar amedida sem processo cautelar”29.

Ao apreciar o recurso pertinente aoProcesso n. 2002.38.00.716177-5, a 2ªTurma Recursal dos Juizados Federaisde Minas Gerais, tendo por relator oJuiz federal Miguel Ângelo deAlvarenga Lopes, manteve decisão queantecipou a tutela contra o INSS,destacando que não é geral a vedaçãoestabelecida pelo art. 1° da Lei n.9.494/97 e que nas causas relativas abenefícios previdenciários, quepossuem natureza alimentar, a demorano provimento jurisdicional podeacarretar danos irreparáveis aosegurado30.

3.1.1 Hipóteses que nãoadmitem providências

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cautelares ouantecipatórias

Nos termos do art. 7°, § 2°, da Lei n.12.016/2009, que disciplina o mandadode segurança, não será concedidaliminar que tenha por objeto acompensação de créditos tributários, aentrega de mercadorias e bensprovenientes do exterior (segundoprevalece, quando proveniente decontrabando), a reclassificação ouequiparação de servidores públicos e aconcessão de aumento ou a extensãode vantagens ou pagamentos dequalquer natureza. E o § 5° do mesmoart. estende as vedações à tutelaantecipada a que se referem os arts.273 e 461 do CPC.

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3.2 AÇÃO CAUTELARPREPARATÓRIA

Em regra, não cabe ação cautelarpreparatória nos Juizados Cíveis,devendo a medida cautelar, sempreque possível, ser pleiteada no corpo dopróprio processo de conhecimento.

Nesse sentido o Enunciado 14 dasTurmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais do Rio de Janeiro,do seguinte teor: “Sendo possível aconcessão de antecipação dos efeitosda tutela no âmbito do JEF, serávedado o ajuizamento de ação cautelarautônoma, ressalvada a possibilidadedo pedido incidental cautelar (art. 4°da L. 10.259/2001), desde que o Juizadoseja competente para apreciar o pedidoprincipal”.

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3.3 AS ASTREINTES NAANTECI PAÇÃO DE TUTELA

Conforme consta do Enunciado 63 doFONAJEF, “Cabe multa ao ente públicopelo atraso ou não cumprimento dedecisões judiciais com base no art. 461do CPC, acompanhada de determinaçãopara a tomada de medidasadministrativas para a apuração deresponsabilidade funcional e/ou pordano ao erário. Havendo contumácia nodescumprimento, caberá remessa deofício ao Ministério Público Federalpara análise de eventual improbidadeadministrativa.

Inaplicável no Juizado da FazendaPública o Enunciado 120 do FONAJE,segundo o qual “a multa derivada dodescumprimento da antecipação detutela é passível de execução mesmoantes do trânsito em julgado da

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sentença”. As astreintes fixadas contraa Fazenda Pública serão calculadasdesde o descumprimento da obrigação,mas a execução do valor se dará após otrânsito em julgado da sentença, naforma do art. 100 da CF c/c o art. 730do CPC.

O Enunciado 65 do FONAJEF, por suavez, estabelece que “Não cabe a prévialimitação do valor da multa coercitiva(astreintes), que também não se sujeitaao limite de alçada dos JEFs, ficandosempre assegurada a possibilidade dereavaliação do montante final, a serexigido na forma do § 6° do art. 461 doCPC.

Sobre as astreintes, observe-setambém o item 12.3.

Art. 4° Exceto nos casos doart. 3°, somente será admitidorecurso contra a sentença.

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4.1 RECURSO CONTRA ADECISÃO DECORRENTE DO

PEDIDO CAUTELAR OUANTECIPATÓRIO

O recurso contra a decisão relativa àmedida cautelar ou à antecipação detutela é o de agravo de instrumento, aser interposto no prazo de 10 diasperante a Turma Recursal do Sistemados Juizados, não dispondo as pessoasjurídicas de direito público de prazo emdobro nos processos que tramitamperante os Juizados da Fazenda Pública(art. 7° da Lei n. 12.153/2009). Háprevisão similar nos arts. 5° e 9° da Leidos Juizados Federais.

O agravo de instrumento, sob penade não conhecimento, deve serinstruído, no ato de sua interposição,não só com os documentos

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obrigatórios, mas também osnecessários à compreensão dacontrovérsia, salvo justo impedimento(Súmula 4 do 1° Colégio Recursal daCidade de São Paulo).

Há controvérsias quanto aocabimento do recurso tanto nahipótese de provimento quanto deimprovimento do pedido cautelar ouantecipatório.

As Turmas Recursais Federais do Riode Janeiro consolidaram entendimento,estampado no Enunciado 3, pelo qual“Somente caberá Recurso de Decisãodo deferimento ou indeferimento deliminar”. Já o Enunciado 21 da TurmaRecursal Federal de São Paulo dispõeque “Somente caberá recurso contradecisão interlocutória concessiva demedida cautelar (art. 4° c.c. art. 5° daLei n. 10.259/2001)”.

Ante a falta de norma restritiva

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expressa, entendo que deve serobservada a isonomia ante as partes(art. 125 do CPC), admitindo-se oagravo de instrumento (inclusive compedido de efeito ativo ou de efeitosuspensivo) tanto da decisão quedefere quanto da decisão que indefereo pedido cautelar ou antecipatório.

Conforme orienta a Súmula 7 do 1°Colégio Recursal da Cidade de SãoPaulo, “somente se reforma a decisãoconcessiva ou não da antecipação detutela se teratológica, contrária à lei ouà evidente prova dos autos”.

Prolatada a sentença, não se conhecedo agravo de instrumento interpostocontra a decisão que apreciou o pedidode tutela antecipada, consoanteorienta a Súmula 1 do 1° ColégioRecursal da Cidade de São Paulo.

“Não cabe mandado de segurançacontra ato judicial passível de recurso”

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(Súmula 4 do 1° Colégio Recursal daCidade de São Paulo).

4.2 A SUSPENSÃO DALIMINAR

Nos termos do art. 4° da Lei n.8.437/92, a requerimento da pessoajurídica de direito público interessadaou do Ministério Público, admite-se queo Presidente do Tribunal (e a regravale para Turma Recursal) competentepara apreciar o recurso suspenda osefeitos da liminar ou mesmo dasentença nas ações promovidas contrao Poder Público, em caso de manifestointeresse público ou de flagranteilegitimidade, para evitar grave lesão àordem, à saúde, à segurança e àeconomia pública. Contra a decisãocabe agravo, sem efeito suspensivo, em

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5 dias, que será levado a julgamento nasessão seguinte à sua interposição.

Também é cabível o pedido desuspensão ao Presidente da TurmaRecursal quando negado provimento aagravo de instrumento interpostocontra a liminar contrária ao PoderPúblico.

Indeferido o pedido de suspensão ouprovido o agravo contra a suspensãodeterminada pelo Presidente da TurmaRecursal local, caberá novo pedido desuspensão ao Presidente do STF, desdeque a questão envolva matériaconstitucional.

O art. 4° da Lei n. 8.437/92 tambémadmite pedido de suspensão da liminarpara o Presidente do Tribunalcompetente para o julgamento doRecurso Especial. Ocorre que noâmbito dos Juizados Especiais não cabeRecurso Especial (Súmula 203 do STJ),

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o que inviabiliza o pedido de suspensãoao Presidente do STJ.

De acordo com a Súmula 626 do STF,“A suspensão da liminar em mandadode segurança, salvo determinação emcontrário da decisão que a deferir,vigorará até o trânsito em julgado dadecisão definitiva de concessão dasegurança ou, havendo recurso, até asua manutenção pelo SupremoTribunal Federal, desde que o objetoda liminar deferida coincida, total ouparcialmente, com o da impetração”.Creio que a mesma orientação deve serobservada quanto à suspensão daliminar concedida em instrumentodiverso do mandado de segurança.

4.3 RECURSO CONTRA ASENTENÇA

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O art. 4° ora em análise também fazreferência ao recurso contra asentença.

Diante da inexistência de normaespecífica em sentido contrário econsiderado o Sistema dos JuizadosEspeciais, é de concluir que o recursocontra a sentença é o inominadoprevisto nos arts. 41 e 42 da Lei n.9.099/95.

Para o recurso, qualquer que seja ovalor da causa, as partes serãoobrigatoriamente representadas poradvogado, até porque não faria sentidoaceitar que uma peça técnica (asentença) fosse impugnada por umleigo. É imprescindível a intimação dorecorrido para responder. A ausênciadas contrarrazões, porém, não impedeo prosseguimento do feito nemacarreta a presunção de veracidadedas razões apresentadas pelorecorrente.

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Ao contrário de sistemas como o daInglaterra, que divide os advogadosentre aqueles que advogam perante osTribunais superiores (Barristers) eaqueles que tratam diretamente comas partes e advogam perante os juízese Tribunais inferiores (solicitors), noBrasil todos os advogados podemexercer suas funções perante qualquerjuízo ou Tribunal.

Para o sistema dos JuizadosEspeciais, o mandato verbal conferidoao advogado é suficiente para que estepossa representar seu constituinte norecurso, já que tal poder se insereentre aqueles do foro em geral, daantiga cláusula ad judicia. Observe-se,porém, que em alguns casos exige-seque o recurso esteja instruído comcópias das procurações outorgadas aosadvogados das partes, a exemplo dorecurso extraordinário31.

O recurso será interposto no prazo

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de 10 dias, contados da ciência dasentença, por petição escrita, da qualconstarão as razões e o pedido dorecorrente.

O preparo será feito,independentemente de intimação, nas48 horas seguintes à interposição, sobpena de deserção.

Após o preparo, a Secretaria intimaráo recorrido para oferecer respostaescrita no prazo de 10 dias.

As pessoas jurídicas de direitopúblico federais, estaduais, distritais emunicipais não estão sujeitas aorecolhimento prévio do preparo,montante que somente lhes seráimposto quando vencidas, como ônusda sucumbência, se for o caso.

4.4 O ÓRGÃO RECURSAL

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O Sistema dos Juizados EspeciaisCíveis é dotado de órgãos denominadosTurmas Recursais (inciso I do art. 98 daCF), formadas por três juízes togados,em exercício no primeiro grau dejurisdição, reunidos na sede do Juizadoou da circunscrição judiciária. Garante-se, portanto, o princípio do duplo graude jurisdição (art. 5°, LV, da CF), com oreexame das decisões proferidas pelojuiz singular.

“2.1 – A competência das TurmasRecursais decorre de a causa ter sidoprocessada originariamente no JuizadoEspecial, inadmitida a declinação decompetência para o Tribunal de Justiça,por força da regra da perpetuação dajurisdição do artigo 87 do CPC”.

O Ministro José Carlos Moreira Alves,em seu discurso de posse naPresidência do STF, bem ponderou: “Éda natureza do homem não seconformar com um único julgamento.

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Dessa irresistível tendência psicológicae da falibilidade das decisões humanasresultaram os recursos judiciais”32 (v.item 17.1).

O juiz singular não participa doreexame da sentença por ele próprioprolatada (há juízes de Juizados queacumulam Turma Recursal), atuandoem seu lugar um dos suplentes quenormalmente também integram asTurmas Recursais.

Ada Pellegrini Grinover leciona: “Oprincípio do duplo grau, que a nossover é de índole constitucional, indica apossibilidade de revisão, por viarecursal, das causas já julgadas pelojuiz. Entendemos que o princípio sesatisfaz pelo controle interno exercidopor outros órgãos do Poder Judiciário,diversos do órgão a quo”33.

Oreste Nestor de Souza Laspro34

também sustenta que o sistema

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recursal previsto na Lei n. 9.099/95 ésuficiente para a preservação do duplograu de jurisdição, nos seguintestermos:

“Assim, partindo do pressuposto deque o recurso inominado previsto naLei dos Juizados Especiais Cíveis édirigido a um outro órgão, entendemosque efetivamente está garantido oduplo grau de jurisdição, na medida emque este recurso não sofre limitação noque se refere à possibilidade de sepleitear o reexame tanto da matéria defato como aquela de direito”.

O julgamento é proferido mediante ovoto de um relator sorteado, seguidopelo dos outros dois seguintes naantiguidade. Nos Juizados Especiaisaplicam-se as mesmas regras deimpedimento e suspeição que vigemnos Tribunais.

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4.5 O RECURSO E ASENTENÇA QUE NÃOAPRECIA O MÉRITO

Após a vigência da Lei n.10.259/2001, cujo art. 5° estabeleceque somente cabe recurso da sentençadefinitiva, foram suscitadas discussõessobre a extensão da regra exposta noart. 41 da Lei n. 9.099/95.

A interpretação sistemática dos arts.2° e 41 da Lei n. 9.099/95 induz àconclusão de que a intenção dolegislador foi propiciar o recursoapenas das decisões que ponham fimao processo, com resolução do mérito.É que somente nessa hipótese – dejulgamento do mérito – se podeconsiderar que a lide teve solução dadapela sentença, que faz coisa julgadamaterial, impedindo seja reaberta a

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questão em ação posterior.O mesmo não ocorre com as

sentenças que extinguem o processosem resolução do mérito, porque, alémde não darem solução à lide, não fazemcoisa julgada material e propiciam,conforme o caso, o ajuizamento de novademanda com o mesmo pedido. Nessesentido o Recurso Inominado n. 20.261,do 1° Colégio Recursal da Cidade deSão Paulo, do qual fui relator).

A mesma interpretação ao art. 5° daLei n. 10.259/2001 foi dada peloEnunciado 18 das Turmas RecursaisFederais do Rio de Janeiro: “Não caberecurso de sentença que não aprecia omérito em sede de Juizado EspecialFederal (art. 5° da Lei n. 10.259/2001)”.

O amadurecimento conjunto dosJuizados induzirá à conclusão de que amesma interpretação deve ser aplicadaem relação aos Juizados Estaduais, pois

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atende ao critério da celeridade. Noentanto, quanto aos Juizados dosEstados e do DF, o entendimento aindaprevalente é de que cabe recursocontra sentença que julga extinto oprocesso, com ou sem apreciação doseu mérito, aplicando-se inclusive aregra do art. 296 do CPC quanto àpossibilidade de reconsideração nahipótese de indeferimento do pedidoinicial. Isso porque, ao contrário do art.5° da Lei n. 10.259/2001, ao disporsobre o recurso inominado o art. 41 daLei n. 9.099/95 e o art. 4° da Lein.12.153/2009 não fazem referência asentença definitiva, mas tão somente àsentença.

Nesse sentido: “Cabe recurso dasentença que julga extinto o processosem o julgamento do mérito”(Enunciado 31 das Turmas Recursaisdo Juizado Especial Estadual de SãoPaulo).

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4.6 A TEORIA DA CAUSAMADURA

De acordo com o Enunciado 9 daTurma Recursal do Juizado EspecialFederal de Campo Grande, “É aplicávelaos Juizados Especiais o disposto no §3° do art. 515 do Código de ProcessoCivil”. No mesmo sentido o Enunciado54 do FONAJEF. Ou seja, se reformarsentença que julgou o processo extintosem a apreciação do seu mérito, aTurma Recursal pode julgar desde logoa lide, se a causa versar questãoexclusivamente de direito e estiver emcondições de imediato julgamento.

Art. 5° Podem ser partes noJuizado Especial da FazendaPública:

I – como autores, as pessoasfísicas e as microempresas e

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empresas de pequeno porte,assim definidas na LeiComplementar n. 123, de 14de dezembro de 2006;

II – como réus, os Estados, oDistrito Federal, osTerritórios e os Municípios,bem como autarquias,fundações e empresaspúblicas a eles vinculadas.

5.1 O AUTOR PESSOAFÍSICA

Do item 16 da Exposição de Motivosda Lei n. 7.244/84 (que tratava dosJuizados de Pequenas Causas, embriãodos Juizados Especiais), assinada pelosaudoso Hélio Beltrão, à época MinistroCoordenador e Orientador do

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Programa Nacional deDesburocratização, já constava que oobj etivo primordial dos Juizados era a“... defesa de direitos do cidadão,pessoa física, motivo pelo qual somenteeste pode ser parte ativa no respectivoprocesso...”.

A capacidade das partes épressuposto processual de validadedas ações que tramitam perante osJuizados Especiais Cíveis comuns dosEstados e do Distrito Federal. Juntoaos Juizados da Fazenda Pública,contudo, admite-se como autor pessoafísica capaz ou incapaz (art. 5° da Lei n.12.153/2009), a exemplo do que severifica nos Juizados Federais (art. 6°, I,da Lei n. 10.259/2001 ).

O Enunciado 5 das Turmas Recursaisdos Juizados Especiais Federais do Riode Janeiro orienta que “os incapazespodem ser parte no JEF, sendoobrigatórias a assistência por

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advogado e a intimação do MPF,podendo haver conciliação”.

O mesmo entendimento foi firmadopela Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal Previdenciário de SãoPaulo no Enunciado 27: “O incapazpode ser parte autora nas açõesperante o Juizado Especial Federal”.

Sobre a matéria, o FONAJEF editou oEnunciado 10, do seguinte teor: “Oincapaz pode ser parte autora nosJuizados Especiais Federais, dando-se-lhe curador especial, se ele não tiverrepresentante constituído”.

“Cabe conciliação nos processosrelativos a pessoa incapaz, desde quepresente o representante legal eintimado o Ministério Público”(Enunciado 81 do FONAJEF). Osenunciados são aplicáveis aos Juizadosda Fazenda Pública dos Estados e doDF.

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No caso de o autor ser pessoa físicaincapaz, a presença do MP éobrigatória (art. 82, I, do CPC).

5.2 O AUTOR EMPRESÁRIOINDIVIDUAL,

MICROEMPRESA OUEMPRESA DE PEQUENO

PORTE

O critério básico de identificação doempresário individual diz respeito àsua denominação, já que a firma ourazão individual necessariamentecontará com o nome pessoal de seutitular.

Rubens Requião leciona que “oTribunal de Justiça de Santa Catarinaexplicou muito bem que o comerciante

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singular, vale dizer, o empresárioindividual, é a própria pessoa física ounatural, respondendo os seus benspelas obrigações que assumiu, quersejam civis, quer sejam comerciais. Atransformação da firma em pessoajurídica é uma ficção do direitotributário, somente para os efeitos doimposto de renda” (AC 8.447-Lajes,Adcoas, 18.878:73 )35.

Equiparado que está à pessoa física,o empresário individual já eracostumeiramente aceito como autor decausas perante os Juizados Especiaisantes mesmo de haver lei explicitandoa sua legitimidade. Nesse sentido,merece destaque a seguinte ementa deacórdão unânime do 1° ColégioRecursal da Capital de São Paulo:

“Ação – Interesse de agir – Art. 8°, §1°, da Lei n. 7.244/84 – Titular de firmaindividual – Modesta expressãoeconômico-financeira – Licitude em

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admiti-los como autores, ao menos emlitígios com os seus própriosfornecedores ou causadores de danospor atos ilícitos – Preliminarrejeitada”36.

A LC n. 128/2008 instituiu omicroemprendedor individual, espéciede empresário individual que tambémpode ser autor ou réu no Sistema dosJuizados Especiais.

As microempresas e as empresas depequeno porte estão disciplinadas pelaLC n. 123/2006, diploma que tem fonteconstitucional e as autoriza a figuraremno polo ativo das ações propostasperante os Juizados Estaduais eFederais. Os arts. 170, IX, e 179 da CFasseguram tratamento favorecido paraempresas brasileiras de capitalnacional de pequeno porte.

Sendo o autor uma pessoa jurídica,há de se facultar ao réu pessoa física o

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auxílio de advogado.“O disposto no parágrafo 1° do art.

9°, da Lei 9.099/95, é aplicável àsmicroempresas” (Enunciado 48 doFONAJE).

“A microempresa para propor açãono âmbito dos Juizados Especiaisdeverá instruir o pedido comdocumento de sua condição”(Enunciado 47 do FONAJE).

“A microempresa e a empresa depequeno porte, quando autoras, devemser representadas em audiência peloempresário individual ou pelo sócio-gerente” (Enunciado 110 do FONAJE).

5.3 A ORGANIZAÇÃO DASOCIEDADE CIVIL DE

INTERESSE PÚBLICO E ASSOCIEDADES DE CRÉDITO

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AOMICROEMPREENDEDOR

O § 1° do art. 8° da Lei n. 9.099/95, naredação da Lei n. 12.126/2009, autorizaque as pessoas jurídicas qualificadascomo Organização da Sociedade Civilde Interesse Público (nos termos da Lein. 9.790, de 23-3-1999) ou sociedadesde crédito ao microempreendedor (art.1° da Lei n. 10.194, de 14-2-2001)também sejam autoras nos processosdos Juizados Especiais Cíveis Comuns.

Não há, contudo, previsão similar naLei dos Juizados Federais (Lei n.10.259/2001 ) ou na Lei dos Juizados daFazenda Pública (Lei n. 12.153/2009). Avigência da Lei dos Juizados daFazenda Pública, aliás, é posterior à Lein. 12.126/2009, e no artigo em comentosomente confere legitimidade ativa àspessoas físicas (capazes ou não), às

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microempresas e às empresas depequeno porte.

Creio que a omissão da Lei n.12.153/2009 quanto à legitimidadeativa da Organização da Sociedade Civilde Interesse Público ou das sociedadesde crédito ao microempreendedor foiintencional, já que mesmo a legitimaçãodas microempresas e das empresas depequeno porte ainda encontram areprovação daqueles que relembram afinalidade originária do Sistema dosJuizados, que é garantir ao cidadãocomum acesso a um serviço judiciáriocapaz de solucionar as demandas docotidiano (v. item 5.1).

5.4 A FAZENDA PÚBLICACOMO AUTORA DE PEDIDO

CONTRAPOSTO

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A Lei n. 9.099/95 expressamente vedaa reconvenção. Admite, porém, emregra que se aplica aos Juizados daFazenda Pública, que na contestação oréu formule pedido em seu favor,dando a tal pretensão o nome depedido contraposto.

Ao contrário da reconvenção (arts.315 a 318 do CPC), que é apresentadaem peça autônoma (art. 299 do CPC), opedido contraposto integra acontestação. Ademais, enquanto oprocessamento da reconvenção exigetão somente um tênue vínculo entre ascausas, o pedido contraposto tem porrequisito essencial que o pedido dodemandado esteja fundado nosmesmos fatos que embasam o pedidooriginário.

Não vejo óbice no prosseguimento dopedido contraposto mesmo que hajadesistência quanto ao pedido principal,a exemplo do que prevê o art. 317 do

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CPC para a reconvenção.O pedido contraposto também deve

observar os limites de competência daLei n. 12.153/2009.

Apresentado o pedido contraposto, oautor originário normalmente segueum dos seguintes caminhos: 1) apontaos argumentos de seu próprio pedidoem resposta, dispensando acontestação formal; 2) ofereceimediatamente sua resposta; ou 3)requer a designação de nova audiênciapara ofertar sua resposta, saindo ospresentes desde logo intimados.

Somente cabe pedido contrapostoque observe o mesmo ritoprocedimental do pedido originário. Ospedidos serão apreciados na mesmasentença.

É intempestivo o pedido contrapostofeito nas razões de recurso, conformejá deliberou o Colégio Recursal de Jaú,

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São Paulo37.O art. 40 da Resolução n. 30/2001 do

TRF da 2° Região, que trata dosJuizados Federais e serve de orientaçãopara os Juizados da Fazenda Pública,estabelece que é lícito ao réu, nacontestação, formular pedido em seufavor, nos limites da Lei n. 10.259/2001,desde que fundado nos mesmos fatosque constituem o objeto dacontrovérsia.

“É admissível pedido contraposto nahipótese de ser a parte ré pessoajurídica” (Enunciado 31 do FONAJE).

Contra:“No Juizado Especial Federal, não é

cabível o pedido contraposto formuladopela União Federal, autarquia,fundação ou empresa pública federal”(Enunciado 12 do FONAJEF).

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5.5 OS RÉUS

O art. 5°, ora em comento, explicitaque podem ser réus nos JuizadosEspeciais os Estados, o DistritoFederal, os Territórios e os Municípios,bem como autarquias, fundações eempresas públicas a eles vinculadas.

A Administração Pública direta(centralizada) desenvolve suasatividades pelos órgãos próprios(secretarias, ministérios etc.).

A Administração Pública indireta(descentralizada) é formada porpessoas jurídicas de direito público(não são entidades estatais porque nãotêm autonomia política), denominadasautarquias, e por pessoas jurídicas dedireito privado.

Autarquias são criadas por lei para arealização de obras, atividades eserviços descentralizados da entidade

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estatal que as criou, sem subordinaçãohierárquica. As agências reguladorasdos serviços públicos (concedidos ounão) são autarquias.

As entidades fundacionais, nostermos do inciso XIX do art. 37 da CF,podem ser pessoas jurídicas de direitopúblico ou de direito privado. Asfundações privadas têm sua instituiçãoautorizada por lei, devendo o PoderExecutivo tomar as providênciascomplementares à sua instituição.

As fundações públicas são criadasapós autorização legislativa e têm comocaracterística a realização de trabalhoscientíficos, culturais e outros que nãoenvolvem interesses econômicosdiretos ou fins lucrativos.

As pessoas jurídicas de direitoprivado que compõem a Administraçãoindireta são as empresas públicas e associedades de economia mista

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(denominadas entidades empresariais),cuja criação deve ser autorizada por leiespecífica.

As pessoas jurídicas de direitoprivado da Administração indireta têmsua criação autorizada por lei erealizam obras, serviços ou atividadesde interesse coletivo. Têm autonomiaadministrativa e financeira, mas sãofiscalizadas por órgão específico daentidade estatal a que estãovinculadas.

As empresas públicas são pessoasjurídicas de direito privado, podemadotar qualquer forma de sociedadecomercial (S/A, Ltda. etc.) e seu capitalé 100% público (de uma ou maisentidades).

Por fim, temos os entes decooperação, os serviços sociaisautônomos (denominados entidadesparaestatais), pessoas jurídicas de

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direito privado sem fins lucrativosdestinadas ao desenvolvimento social(SESC, SENAI etc. ).

Para as ações propostas após avigência da Lei n. 12.153/2009, asempresas públicas dos Estados, do DFe dos Municípios, pessoas jurídicas dedireito privado que sempre puderamser rés nos Juizados Cíveis comuns,passam a ter por foro o Juizado daFazenda Pública, no local em que estesestiverem instalados.

As sociedades de economia mista (daUnião, dos Estados, do DF e dosMunicípios), as concessionárias e aspermissionárias de serviços públicoscontinuam sob a esfera de competênciados Juizados comuns (por opção doautor) quando no polo passivo dasdemandadas, desde que o autor nãotenha optado pela Justiça comum.

“Acidente de trânsito – Reparação de

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danos – Permissionária de serviçospúblicos – Responsabilidade objetiva.Decisão: Rejeitar as preliminares deilegitimidade de parte e carência deação. No mérito, improver. Tudo àunanimidade. Reparação de danos.Acidente de veículo. Competência. Nãocomprovação da propriedade. 1. Nostermos do art. 8° da Lei 9.099/95, ‘nãopoderão ser partes, no processoinstituído por esta lei, o incapaz, opreso, as pessoas jurídicas de direitopúblico, as empresas públicas daUnião, a massa falida e o insolventecivil’, não se adequando à hipótese aspermissionárias de serviços públicos.2. Para propor ação de reparação dedanos, é suficiente que o interessadodemonstre haver suportado o prejuízo.Precedentes. 3. Conforme o dispostono art. 37, § 6°, da ConstituiçãoFederal, as pessoas jurídicas de direitoprivado prestadoras de serviços

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públicos porque equiparadas a pessoasjurídicas de direito público, respondempelos danos que seus agentes, nessaqualidade, causem a terceiros. Avítima, em tais casos, fica dispensadade provar culpa por parte dessaspessoas, mas estas poderãodemonstrar a culpa exclusiva do lesadono evento danoso para se eximir dodever de indenizar” (Acórdão 89.597,RJE-DF, 1:94).

“Responsabilidade Civil –Concessionária de Serviço Público –Art. 37, § 6°, CF. Decisão: Rejeitadas aspreliminares, negou-se provimento.Unânime. Juizados Especiais Cíveis.Concessionária de serviço público.Competência. Responsabilidade Civil.Art. 37, § 6°, da Constituição Federal. Aconcessionária do serviço público detransporte coletivo de passageiros,pessoa jurídica de direito privado, nãodesfruta de foro especial. O art. 8°, da

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Lei 9.099/95, exclui do Juizado apenas‘as pessoas jurídicas de direito público,as empresas públicas da União’. Aequiparação, para fim deresponsabilidade civil, constante doart. 37, § 6°, da Constituição Federal,não opera para efeito de competência.A recorrente, concessionária do serviçopúblico de transporte coletivo depassageiros, é objetivamenteresponsável, na forma do art. 37, § 6°,da Constituição Federal, e, nãodemonstrada a alegada culpa daprópria vítima, deve arcar com aindenização devida. Não forasuficiente, se o ônibus atingiu a parteposterior do veículo da recorrida,quando, mudado o sinal para amarelo,parou regularmente, evidente a culpado motorista do coletivo, desatento enão mantendo a distância desegurança do veículo que seguia àfrente, cuja parada era então

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previsível. Sentença mantida.Condenação da recorrente aopagamento das custas processuais ehonorários advocatícios, estesarbitrados em 20% (vinte por cento)sobre o total atualizado da condenação(art. 55, Lei 9.099/95)” (RJC, 79:97, RJE-DF, 2:106).

“Competência – Sociedade deeconomia mista – Pessoa jurídica dedireito privado – Competênciaconcorrente da Justiça Especial”(Recurso 2.653, 1° Colégio Recursal daCidade de São Paulo, Rel. Juiz JamesSiano, RJE, 4:41).

Os partidos políticos, nos termos daLei n. 9.096/95, também são pessoasjurídicas de direito privado econsequentemente podem ser réus nasações propostas perante os JuizadosEspeciais Cíveis comuns, mas nãonaquelas que tramitam pelos Juizadosda Fazenda Pública.

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5.5.1 Litisconsortespassivos

O litisconsorte é parte e por issomuitos sustentam que somente podeser litisconsorte passivo aquele quepoderia desde o início da ação figurarno seu polo passivo. Assim, pessoasfísicas e pessoas jurídicas de direitoprivado (à exceção da empresa públicado Estado, do DF ou do Município) nãopoderiam figurar como litisconsortespassivos nos Juizados da FazendaPública ou nos Juizados Federais.

O Enunciado 21 do FONAJEF,contudo, adota orientação diversa, queme parece mais correta e compatívelcom o princípio da economiaprocessual, nos seguintes termos:

“As pessoas físicas, jurídicas, dedireito privado ou de direito público

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estadual ou municipal podem figurarno polo passivo, no caso delitisconsórcio necessário”.

5.6 RESPONSABILIDADECIVIL DO ESTADO

A responsabilidade civil em geralpode decorrer de um contrato ou daprática de uma ação ou omissão danosa(responsabilidade civilextracontratual). As duas espéciesestão regulamentadas no Código Civilvigente, sendo a responsabilidadecontratual consagrada nos arts. 389 es. e 395 e s., e a extracontratualprevista nos arts. 186 a 188 e 927 e s.

Leciona Celso Antônio Bandeira deMello que Amaro Cavalcanti, já em1904, registrava que “(...) no Brasil

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nunca se ensinou ou prevaleceu airresponsabilidade do Estado pelosatos lesivos de seus representantes. Senão havia nem há uma disposição de leigeral, reconhecendo e firmando adoutrina da responsabilidade civil doEstado, nem por isso menos certo queessa responsabilidade se achavaprevista e consignada em diversosartigos de leis e decretos particulares;e, a julgar pelo teor das suas decisõese dos numerosos julgados dosTribunais de Justiça e das decisões dopróprio Contencioso Administrativo,enquanto existiu, é de razão concluirque a teoria aceita no País tem sidosempre a do reconhecimento daaludida responsabilidade, ao menos emprincípio; ainda que deixandojuntamente largo espaço parafrequentes exceções, em vista dos finse interesses superiores, que o Estadorepresenta e tem por missão realizar

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em nome do bem comum”38.Hoje no Brasil vigora a Teoria do risco

administrativo, segundo a qual basta alesão, sem o concurso do lesado, paraque se reconheça a responsabilidadede o Estado reparar o dano. Trata-sede uma responsabilidade objetivamitigada, já que pode ser diminuída ouafastada se comprovada a culpaconcorrente (dupla causação) ouexclusiva da vítima. Difere da Teoria dorisco integral, na qual nem sequer sepermite que o Estado comprove a culpada vítima para excluir ou atenuar aindenização.

A análise da jurisprudência do STFsugere que a Corte estabelece algunsparâmetros para nortear a aplicação daresponsabilidade civil objetiva doEstado, quais sejam: (a) a prova doevento danoso; (b) a causalidadematerial entre o eventus damni e ocomportamento positivo (ação) ou

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negativo (omissão) do agente público;(c) a oficialidade da atividade causal elesiva imputável a agente do PoderPúblico que tenha, nessa específicacondição, incidido em condutacomissiva ou omissiva,independentemente da licitude, ounão, do comportamento funcional; e (d)a ausência de causa excludente daresponsabilidade estatal (RE 495740,AgR/DF).

A responsabilidade objetiva doEstado convive com a responsabilidadesubjetiva nos casos de omissão. Aincidência da responsabilidade objetivaou da responsabilidade subjetivadepende do tipo da omissão. Nessesentido, Sérgio Cavalieri Filho39

distingue a omissão genérica (quandoo Estado responde subjetivamente, ouseja, responde se provado o seu doloou a sua culpa) da omissão específica(quando a responsabilidade do Estado

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é objetiva). Há omissão específicaquando a inércia estatal é causa diretado dano, a exemplo do veículo causadorde um acidente que passou porinspeção na véspera do eventoacidente e foi liberado.

No caso de dano decorrente de atopredatório de terceiro ou de casofortuito ou de força maior, aAdministração só responde secomprovada a sua culpa específica.

Art. 6° Quanto às citações eintimações, aplicam-se asdisposições contidas na Lei n.5.869, de 11 de janeiro de1973 – Código de ProcessoCivil.

6.1 VALIDADE DASCITAÇÕES E INTIMAÇÕES

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No CPC as citações estãodisciplinadas a partir do seu art. 213,sendo que o art. 222, c, veda a citaçãopostal das pessoas jurídicas de direitopúblico.

O art. 247 do CPC, por sua vez,estabelece que as citações eintimações serão nulas, quando feitassem observância das prescriçõeslegais. A regra, contudo, deve serinterpretada sob a luz do art. 250,parágrafo único, do mesmo diplomalegal, do art. 13 da Lei n. 9.099/95 e doprincípio da informalidade que rege oSistema dos Juizados Especiais (art. 2°da Lei n. 9.099/95). Por isso, nãodemonstrado o prejuízo oriundo dainobservância da forma, não há falarem nulidade da citação ou daintimação.

De outro lado, há de se observar queo reconhecimento da nulidade dacitação ou mesmo da intimação não

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exige maiores formalidades e pode dar-se de ofício. Nesse sentido:

“A nulidade do processo por ausênciade citação do réu ou litisconsortenecessário pode ser declarada de ofíciopelo juiz nos próprios autos doprocesso, em qualquer fase, oumediante provocação das partes, porsimples petição” (Enunciado 55 doFONAJEF).

Para as intimações também semostram aplicáveis as regras do art. 19da Lei n. 9.099/95, já que compatíveiscom as previsões do CPC.

De acordo com o art. 19 da Lei n.9.099/95, “As intimações serão feitas naforma prevista para citação, ou porqualquer outro meio idôneo decomunicação”.

O § 1° do art. 19 dita que, dos atospraticados na audiência, considerar-se-ão desde logo cientes as partes. E o §

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2° estabelece que as partescomunicarão ao juízo as mudanças deendereço ocorridas no curso doprocesso, reputando-se eficazes asintimações enviadas ao localanteriormente indicado, na ausência dacomunicação.

Segundo definição do art. 234 doCPC: “Intimação é o ato pelo qual se dáciência a alguém dos atos e termos doprocesso, para que faça ou deixe defazer alguma coisa”.

O Estado, o DF, os Territórios, osMunicípios e suas autarquias nãodispõem da prerrogativa de intimaçãopessoal que beneficia a Advocacia-Geral da União em processos no juízocomum (art. 6° da Lei n. 9.028/95 e art.38 da LC n. 73/93). A intimação pessoaldos procuradores estaduais emunicipais somente é obrigatória nasexecuções fiscais (art. 25 da Lei n.6.830/80), que não estão sob a

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competência dos Juizados.“A obrigatoriedade de intimação

pessoal dos ocupantes do cargo deProcurador Federal, prevista no art. 17da Lei n. 10.910/2004, não é aplicávelao rito dos Juizados EspeciaisFederais” (Enunciado 39 das TurmasRecursais do Rio de Janeiro).

“Nos Juizados Especiais Federais oprocurador federal não tem aprerrogativa da intimação pessoal”(Enunciado 7 do FONAJEF).

Para o bom desenvolvimento dosJuizados da Fazenda Pública hão de sepriorizar as citações e intimaçõeseletrônicas, conforme autorizam osarts. 221 (IV) e 237 (parágrafo único)do CPC. É necessário o préviocadastramento da Fazenda Públicadestinatária do ato junto ao órgãojudiciário ordenador da citação, naforma da Lei n. 11.419/2006.

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“A intimação por carta com aviso derecebimento, mesmo que ocomprovante não seja subscrito pelaprópria parte, é válida desde queentregue no endereço declarado pelaparte” (Enunciado 74 do FONAJEF).

6.2 CITAÇÕES EINTIMAÇÕES

ELETRÔNICAS

Nos Juizados Especiais Federais, “noato do cadastramento eletrônico, aspartes se comprometem, medianteadesão, a cumprir as normasreferentes ao acesso” (Enunciado 25 doFONAJEF).

Exemplo de informalidade aplicávelaos Juizados Estaduais e Federais é aintimação das partes, que pode ser

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realizada por qualquer meio idôneo decomunicação, inclusive o fac-símile oumeio eletrônico (art. 19 da Lei n. 9.099e § 2° do art. 8° da Lei n. 10.259/2001 ).

A Lei n. 11.419/2006, em vigor apartir de 21-3-2006 e que disciplina oprocesso eletrônico, autoriza a citaçãopor meio eletrônico (cf. art. 221, IV, doCPC) e deve ser interpretada sob a luzdos critérios da simplicidade e dainformalidade que regem os JuizadosEspeciais.

“Nos Juizados Virtuais, considera-seefetivada a comunicação eletrônica doato processual, inclusive citação, pelodecurso do prazo fixado, ainda que oacesso não seja realizado pela parteinteressada” (Enunciado 26 doFONAJEF).

“A autointimação eletrônica atendeaos requisitos das Leis n. 10.259/2001e 11.419/2006 e é preferencial à

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intimação por e-mail” (Enunciado 3 doFONAJEF).

“A intimação telefônica, desde querealizada diretamente com a parte edevidamente certificada pelo servidorresponsável, atende plenamente aosprincípios constitucionais aplicáveis àcomunicação dos atos processuais”(Enunciado 73 do FONAJEF).

As Resoluções n. 522, de 5-9-2006, e555, de 3-5-2007, do Conselho daJustiça Federal, disciplinam a intimaçãoeletrônica das partes, MinistérioPúblico, procuradores, advogados edefensores públicos no âmbito dosJuizados Especiais Federais.

“Na propositura de ações repetitivasou de massa, sem advogado, nãohavendo viabilidade material de opçãopela autointimação eletrônica, a partefirmará compromisso decomparecimento, em prazo

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predeterminado em formulário próprio,para ciência dos atos processuaispraticados” (Enunciado 4 do FONAJEF).

“A intimação telefônica, desde querealizada diretamente com a parte edevidamente certificada pelo servidorresponsável, atende plenamente aosprincípios constitucionais aplicáveis àcomunicação dos atos processuais”(Enunciado 73 do FONAJEF).

A citação das autarquias e fundaçõesserá feita na pessoa do representantemáximo da entidade, no local ondeproposta a causa, quando ali instaladoseu escritório ou representação; senão, na sede da entidade. Veda-se acitação postal das pessoas jurídicas dedireito público (art. 222, c, do CPC). Asempresas públicas são citadas naforma das demais pessoas jurídicas dedireito privado (art. 223, parágrafoúnico, do CPC).

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6.3 DISPOSIÇÕES GERAISSOBRE AS CITAÇÕES E

INTIMAÇÕES

A parte ou o advogado presente emCartório serão diretamente intimadospelo escrivão ou escrevente daSecretaria (art. 238 do CPC). Caso ointimado se recuse a apor seu ciente, aocorrência deverá ser certificada peloservidor.

Havendo advogado constituído nosautos (mandato escrito ou verbal), oassistido será considerado intimadocom a simples publicação do ato noórgão oficial, observado o art. 236 doCPC.

Possuindo a parte mais de umadvogado, em regra será suficiente apublicação do ato em nome de umdeles. A respeito, merece destaque o

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item 62 do Capítulo IV das Normas deServiço da Corregedoria-Geral daJustiça de São Paulo, no seguintesentido:

“62. Nas intimações pela imprensa,quando qualquer das partes estiverrepresentada nos autos por mais de 1(um) advogado, o cartório fará constaro nome do subscritor da petição inicialou da contestação com o número darespectiva inscrição na Ordem dosAdvogados do Brasil, a não ser que aparte indique outro ou, no máximo, 2(dois) nomes”.

Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto desde omomento da intimação, nos termos doart. 132, § 4°, do Código Civil de 2002.

Quanto aos prazos contados em dias,devem ser observadas as regras do art.184 do CPC, excluindo-se o dia docomeço e incluindo-se o do vencimento.

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Sendo a intimação efetivada poroficial de justiça, o prazo correrá daprópria intimação, e não da juntada aosautos da carta precatória ou domandado cumprido, visto que a leiespecial dispensa a existência de taisinstrumentos.

Inexistindo prazo fixado pela lei ouassinado pelo juiz, será de 5 dias oestipulado para a prática do atoprocessual (art. 185 do CPC).

6.3.1 A notificação deterceiros

Há de se distinguir a intimação danotificação. A notificação, segundoleciona De Plácido e Silva, “... é atodirigido à pessoa que não contende emjuízo, no que se difere da intimação e

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da citação”40.Conforme dita o art. 339 do CPC,

ninguém se exime do dever decolaborar com o Poder Judiciário para odescobrimento da verdade. A norma,complementada pelo art. 341 do CPC,garante eficácia ao princípio da amplaliberdade do juiz na produção dasprovas, aproxima a Justiça da verdadereal e resguarda a dignidade desta.

Quanto aos dados sigilosos, deve-seobservar o disposto no art. 363 do CPC.

O descumprimento da ordem judicialpelo terceiro acarretará a expedição demandado de busca e apreensão, semprejuízo da responsabilidade por crimede desobediência (art. 362 do CPC).Note-se, porém, que a requisiçãojudicial só é pertinente se a parte nãotiver acesso direto aos documentos.

A testemunha que deixar decomparecer à audiência, apesar de

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intimada (§ 1° do art. 34 da leiespecial), poderá ser conduzidacoercitivamente (art. 412 do CPC).

É válida a intimação efetivada porconciliador durante a audiência detentativa de conciliação ou ao seuencerramento.

6.4 A PRESCRIÇÃO NASAÇÕES CONTRA A

FAZENDA PÚBLICA

No sistema especial, estando orequerido citado, restando infrutífera atentativa de conciliação e sendo oJuizado incompetente para aapreciação da causa, o processo éextinto (art. 51, II, da Lei n. 9.099/95).Como bem leciona Cândido RangelDinamarco, “... extinto o processo de

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pequenas causas sem julgamento domérito, mesmo em virtude daincompetência, a interrupção daprescrição é efeito já produzido e quepermanecerá; a prescrição recomeça acorrer, como quer o art. 173 do CódigoCivil, do dia em que preclusa asentença de extinção”41.

O dispositivo citado é pertinente aoCódigo Civil de 1916, mas foireproduzido no parágrafo único do art.202 do Código Civil de 2002.

A mesma regra, por força do art. 220do CPC, impede que se consume adecadência, conforme anota TheotonioNegrão42.

No mesmo sentido: “Ainda que oprocesso seja extinto sem julgamentodo mérito, tendo sido válida a citação,houve a interrupção da prescrição (RTJ98/213; JSTF 171/187; RTFR 134/3;Tornaghi, Coment., II, 158. Contra, RTJ

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108/1105; RT 475/78; JTACivSP 32/18;Cahali, Aspectos processuais daprescrição e da decadência)”43 .

Após a citação, a modificação dacausa de pedir (fundamento) ou dopedido (objeto da ação) depende daconcordância do requerido, nos termosdo art. 264 do CPC.

O Decreto n. 20.910/32 traz que, emregra, as dívidas da Fazenda Públicaprescrevem em 5 anos. O Decreto-Lein. 4.597/42 estabelece que a prescriçãointerrompida recomeça a correr pelametade. O prazo para a propositura daação de reparação de danos contra oEstado, contudo, passou a ser de 3anos, nos termos do art. 206, § 3°, V, doCódigo Civil de 2002, observadas asregras de transição de seu art. 2.028.

A Súmula 85 do STJ, muito utilizadanas ações dos servidores públicoscontra a Fazenda, estabelece que, “Nas

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relações jurídicas de trato sucessivoem que a Fazenda figure comodevedora, quando não houver sidonegado o próprio direito reclamado, aprescrição atinge apenas as prestaçõesvincendas antes do quinquênioanterior à propositura da ação”.

Art. 7° Não haverá prazodiferenciado para a prática dequalquer ato processual pelaspessoas jurídicas de direitopúblico, inclusive ainterposição de recursos,devendo a citação para aaudiência de conciliação serefetuada com antecedênciamínima de 30 (trinta) dias.

7.1 INEXISTÊNCIA DEPRAZO DIFERENCIADO EM

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FAVOR DA FAZENDAPÚBLICA

A regra visa garantir igualdadeformal entre as partes e evitaincidentes sobre a contagem dosprazos. Nos Juizados Federais tambémnão há prazo diferenciado para aprática de qualquer ato processualpelas pessoas jurídicas de direitopúblico, inclusive para a interposiçãode recurso (art. 9° da Lei n.10.259/2001 ).

A exclusão do benefício para aFazenda Pública não prejudica oslitisconsortes defendidos poradvogados distintos (art. 191 do CPC),já que para eles o prazo em dobro paracontestar ou recorrer decorre danecessidade de se garantir a ampladefesa e não caracteriza qualquerprivilégio. Esse entendimento não é

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pacífico, e o FONAJE editou oEnunciado 123 em sentido contrário,do seguinte teor:

“O art. 191 do CPC não se aplica aosprocessos cíveis que tramitam peranteo Juizado Especial”.

Por inexistir previsão em sentidodiverso, o Ministério Público dispõe deprazo em dobro para recorrer e emquádruplo para contestar nosprocessos que tramitam nos JuizadosEspeciais (art. 188 do CPC).

Nos termos da LC n. 80/94 e do art.5° da Lei n. 1.060/50, os defensorespúblicos e os advogados que atuam emnome do Sistema de AssistênciaJudiciária possuem prazo em dobropara a prática de todos os atosprocessuais.

Nesse sentido o Enunciado 1 dasTurmas Recursais Federais do EspíritoSanto, do seguinte teor:

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“Conta-se em dobro o prazo recursaldo art. 9° da Lei n. 10.259/01 para osque demandam sob o pálio daAssistência Judiciária”.

Contra: “Não há prazo em dobro paraa Defensoria Pública no âmbito dosJEFs” (Enunciado 53 do FONAJEF).

O advogado particular de partebeneficiária das isenções previstas naLei n. 1.060/50 não possui prazo emdobro.

7.2 A ASSISTÊNCIAJUDICIÁRIA

O art. 56 da Lei n. 9.099/95complementa as regras dos arts. 9°, §1°, e 11 do mesmo diploma legal, quepreveem a participação dosrepresentantes da assistência

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judiciária e do Ministério Público emparte das causas que tramitam peranteos Juizados Especiais Cíveis.

A norma tem por inspiração oprincípio da paridade de armasanalisado pelo jurista italiano G.Tarzia44, ou seja, visa garantir aigualdade de condições entre aqueleque dispõe de recursos (em especial oadvogado) para o bom desenvolvimentode sua argumentação e aquele que nãodispõe da mesma assistência.

Dita o inciso LXXIV do art. 5° da CF:“O Estado prestará assistência jurídicaintegral e gratuita aos quecomprovarem insuficiência derecursos”.

A assistência judiciária é aorganização estatal ou paraestatal quetem por fim, ao lado da dispensa dasdespesas processuais, a indicação deum advogado para os necessitados. No

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Sistema dos Juizados Especiais,observada a hipótese do § 1° do art. 9°,a nomeação do advogado à parte que orequerer dar-se-á independentementeda sua condição econômica.

A CF de 1988 inclui a DefensoriaPública, instituição que normalmentedesenvolve os serviços de assistênciajudiciária, entre as funções essenciais àJustiça (art. 134 da CF e LC n. 80/94, naredação da LC n. 132/2009).

“A qualquer momento poderá serfeito o exame de pedido de gratuidadecom os critérios da Lei n. 1.060/50.Para fins da Lei n. 10.259/01, presume-senecessitada a parte que perceber rendaaté o valor do limite de isenção doimposto de renda” (Enunciado 38 doFONAJEF, com redação alterada no 4°FONAJEF).

“Não sendo caso de justiça gratuita, orecolhimento das custas para recorrer

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deverá ser feito de forma integral nostermos da Resolução do Conselho daJustiça Federal, no prazo da Lei n.9.099/95” (Enunciado 39 do FONAJEF).

“O Juiz poderá, de ofício, exigir que aparte comprove a insuficiência derecursos para obter a concessão dobenefício da gratuidade da justiça (art.5°, LXXIV, da CF), uma vez que aafirmação da pobreza goza apenas depresunção relativa de veracidade”(Enunciado 116 do FONAJE).

“É facultado ao juiz exigir que a partecomprove a insuficiência de recursospara obter a concessão do benefício dagratuidade da justiça (art. 5°, LXXIX, daCF), uma vez que a afirmação depobreza goza apenas de presunçãorelativa de veracidade” (Enunciado 20do Colégio Recursal do Estado de SãoPaulo).

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7.2.1 Decurso do prazo de30 dias entre a citação e aaudiência de conciliação

O decurso do prazo de 30 dias entrea citação e a audiência de tentativa deconciliação visa permitir que a FazendaPública colha nas suas diversasrepartições a documentação necessáriapara o conhecimento da questão, deforma a viabilizar a própria composiçãoamigável.

Inexistindo prova de prejuízo ecomparecendo o representante daFazenda Pública, a audiência poderáser efetivada mesmo que não tenhadecorrido o prazo de 30 dias entre acitação e a audiência.

Art. 8° Os representantesjudiciais dos réus presentes àaudiência poderão conciliar,

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transigir ou desistir nosprocessos da competência dosJuizados Especiais, nostermos e nas hipótesesprevistas na lei do respectivoente da Federação.

8.1 OS REPRESENTANTESJUDICIAIS DA FAZENDA

PÚBLICA

8.1.1 Os Procuradores dosEstados e do Distrito

Federal

De acordo com o caput do art. 132 daConstituição Federal, “Os Procuradoresdos Estados e do Distrito Federal,

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organizados em carreira na qual oingresso dependerá de concursopúblico de provas e títulos, com aparticipação da Ordem dos Advogadosdo Brasil em todas as suas fases,exercerão a representação judicial econsultoria jurídica das respectivasunidades federadas”.

A esses procuradores incumbe arepresentação judicial e extrajudicialdos entes aos quais estão vinculados ea consultoria jurídica das respectivasunidades federadas.

Quanto aos Municípios, hão de seobservar as respectivas leis locais, emespecial a Lei Orgânica de cada umadessas unidades.

8.1.2 Os representantesnão advogados e a

audiência de tentativa de

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conciliação

Nos Juizados Federais há normaexplicitando que as partes poderãodesignar, por escrito, representantepara a causa, advogado ou não (art. 10da Lei n. 10.259/2001). A regra éaplicável para os Juizados da FazendaPública, já que não há razoabilidade eminflar os quadros das ProcuradoriasJudiciais dos Estados, do DF e dosMunicípios quando a representação doréu na audiência de tentativa deconciliação pode ser efetivada poragente público diverso.

Ressalte-se, porém, que a pessoadesignada para representar oparticular ou a Fazenda Pública nãodispõe do jus postulandi conferido aosadvogados, cabendo-lhe tão somenteatuar na audiência de conciliação,observados os poderes que lhe foram

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conferidos pelo titular do direito.No julgamento da ADIn 3.168 (DJ de

3-8-2007), que teve por objeto adeclaração de inconstitucionalidade doart. 10 da Lei n. 10.259/2001, o STF“afastou a inconstitucionalidade dodispositivo impugnado (art. 10 da Lein. 10.259/2001 ) desde que excluídos osfeitos criminais, respeitado o tetoestabelecido no artigo 3°, e semprejuízo da aplicação subsidiáriaintegral dos parágrafos do artigo 9° daLei n. 9.099, de 26 de setembro de1995” (v. item 1.4.3).

Enunciado 67 do FONAJEF: “O caputdo artigo 9° da Lei n. 9.099/1995 não seaplica subsidiariamente no âmbito dosJEFs, visto que o artigo 10 da Lei n.10.259/2001 disciplinou a questão deforma exaustiva”.

A experiência tem demonstrado, noentanto, que as partes, muitas vezes,

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são hipossuficientes, a ponto de nãoconseguirem sequer demonstrar o seureal desejo quando procuramatendimento nos balcões dos JuizadosEspeciais.

O funcionário da Justiça Federal nãoé advogado, não pode dar orientaçãojurídica, de modo que, nessassituações, o advogado se mostraindispensável até para a formulação dopedido inicial, independentemente de ovalor da causa ser superior ou inferiora 20 salários mínimos. Constatando-sea total impossibilidade de ointeressado deduzir seu pleito, deveele ser encaminhado à DefensoriaPública ou outro órgão da assistênciajudiciária, que lhe dará o necessárioapoio.

8.2 CONCILIAÇÃO E

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TRANSAÇÃO –NECESSIDADE DE LEI

LOCAL

Ampliando a redação do art. 2° da Lein. 7.244/84, o art. 2° da Lei n. 9.099/95e o art. 8° da Lei n. 12.153/2009incluíram entre os fundamentos dosJuizados Especiais não só a conciliação,mas também a transação (arts. 447 a449 do CPC e 840 a 850 do CC de 2002).A distinção básica está no fato de que aconciliação exige o comparecimentodas partes perante o juiz ouconciliador, que a conduz, enquanto atransação é ato de iniciativa exclusivadas partes e chega em juízo jáformalizada (v. art. 57 da Lei n.9.099/95). Nas duas hipóteses, aspartes podem terminar um litígiomediante concessões recíprocas.

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O acordo extrajudicial (transação), dequalquer natureza ou valor, poderá serhomologado no juízo competente (opedido pode ser encaminhado aoJuizado Especial da Fazenda Públicaquando a matéria e o valor – 60 saláriosmínimos – estiverem dentro dacompetência deste),independentemente de termo, valendoa sentença como título executivojudicial.

A conciliação nos Juizados comunsdos Estados e do Distrito Federal, porsua vez, pode abranger causas deprocedimento diverso do previsto na leiespecial e de valor superior a 40salários mínimos, conforme se concluida análise conjunta dos arts. 3°, § 3°, e51, II, ambos da Lei n. 9.099/95. Já nosJuizados da Fazenda Pública, conformese extrai dos arts. 2° e 8° da Lei n.12.153/2009, também a conciliação e atransação estão sujeitas ao limite de

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alçada (no caso, 60 salários mínimos).A conciliação e a transação dar-se-ão

nos termos e nas hipóteses previstasna lei de cada ente da Federação, ouseja, o artigo em comento é normacontinuável, e não exauriente,circunstância que demandará a ediçãode leis estaduais e municipais para aviabilização de acordos nos Juizados daFazenda Pública. Lei exauriente éaquela cuja vigência é suficiente para aprodução dos efeitos aos quais sedestina, enquanto lei continuável éaquela que, mesmo vigente, aindanecessita de uma norma continuativapara atingir seu objetivo.

A Lei n. 9.467/97, na redação da Lein. 11.941/2009, disciplina a autorizaçãopela AGU e dirigentes máximos dasautarquias, fundações e empresaspúblicas para a realização de acordosou transações. O Decreto n. 4.250/2002regulamenta a atuação dos

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representantes judiciais da FazendaPública da União nos JuizadosFederais.

A Advocacia-Geral da União, por suavez, expediu a Portaria n. 109, de 30-1-2007, pela qual estabeleceu:

“Art. 1° Nas causas de competênciados Juizados Especiais Federais aUnião será representada pelasProcuradorias da União e, nas causasprevistas no inciso V do parágrafoúnico do art. 12 da Lei Complementarn. 73, de 10 de fevereiro de 1993, pelasProcuradorias da Fazenda Nacional.

Parágrafo único. A representaçãodas autarquias e fundações federaisincumbe à Procuradoria-Geral Federale à Procuradoria-Geral do BancoCentral do Brasil nas respectivas áreasde competência.

Art. 2° Estão autorizados a transigir,deixar de recorrer, desistir de recursos

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interpostos ou concordar com adesistência do pedido, no âmbito dosJuizados Especiais Federais, osrepresentantes judiciais da União e dasautarquias e fundações em exercícionos órgãos mencionados no art. 1°”.

Pelo art. 3° da Portaria n. 109/2007, atransação ou a não interposição oudesistência de recurso só poderáocorrer em duas hipóteses: quandohouver erro administrativo reconhecidopela autoridade competente ou quandoverificável pela simples análise dasprovas e dos documentos que instruema ação, pelo advogado ou procuradorque atua no feito, mediante motivaçãoadequada; e quando não houvercontrovérsia quanto ao fato e ao direitoaplicado, reconhecida pelo órgãoconsultivo competente. Em qualquerdas hipóteses, os valores envolvidos natransação não podem superar 60salários mínimos, considerando-se o

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disposto no art. 260 do CPC(prestações vencidas e vincendas).

A mesma Portaria veda a transaçãoem três hipóteses: a) aplicação depenalidade a servidor; b) indenizaçãopor dano moral, salvo se o agentecausador do dano for entidadecredenciada, contratada ou delegadade órgão da Administração PúblicaFederal e assuma, em juízo, aresponsabilidade pelo pagamentoacordado; e c) litígio fundado emmatéria exclusivamente de direito,quando a respeito houver súmula daAGU, parecer aprovado na forma da LeiComplementar n. 73/93 ou orientaçãointerna do Advogado-Geral da União,contrários à pretensão (art. 3°, § 3°).

A fim de contribuir para que aconciliação nos Juizados da FazendaPública obtenha um mínimo deuniformização em todo o País, no mêsde maio de 2010 a Corregedoria

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Nacional de Justiça sugeriu o seguintemodelo de lei para os Estados, o DF eos Municípios:

“SUGESTÃO DE PROJETO DE LEI(iniciativa do chefe do PoderExecutivo do Estado, do DF ou doMunicípio)Projeto de Lei n. ........, de ......de ................ de 2010

Dispõe sobre a conciliação,transação e desistência nosprocessos da competência dosJuizados Especiais da FazendaPública.

O GOVERNADOR DO ESTADO/DF (OPREFEITO MUNICIPAL)

Faço saber que a AssembleiaLegislativa (Câmara Legislativa ouCâmara Municipal) decreta e eusanciono a seguinte Lei:

Art. 1° Nas demandas de

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competência dos Juizados Especiais daFazenda Pública, o Estado (ou o DF ouo Município) será representado por seuProcurador-Geral (adaptar para a LeiOrgânica do DF ou para a Lei OrgânicaMunicipal) ou pessoa por eledesignada, que poderá delegar, porescrito, a advogados ou não,autorização para conciliar, transigir,deixar de recorrer, desistir de recursosinterpostos ou concordar com adesistência do pedido.

Parágrafo único. As autarquias,fundações e empresas públicasvinculadas ao Estado (DF ou Município)serão representadas na audiência poraquele, advogado ou não, que fordesignado por seu dirigente máximo. Orepresentante designado ficaautorizado a conciliar, transigir oudesistir, nos processos da competênciados Juizados Especiais da FazendaPública.

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Art. 2° O Procurador-Geral do Estado(adaptar para a Lei Orgânica Municipalou do DF), diretamente ou mediantedelegação, e os dirigentes máximos dasautarquias, fundações e empresaspúblicas poderão autorizar a realizaçãode acordos ou transações, em fase pré-processual ou processual, nas causasde valor até .................... (valor fixadona lei estadual/municipal).

Art. 3° É vedada a realização deacordo nos Juizados da FazendaPública em causas de valor superior a60 (sessenta) salários mínimos (ouvalor menor fixado na lei estadual,distrital ou municipal), salvo se houverrenúncia do montante excedente.

Parágrafo único. Quando a pretensãoversar sobre obrigações vincendas, aconciliação ou transação somente serápossível caso a soma de 12 (doze)parcelas vincendas e de eventuaisparcelas vencidas não exceda o valor

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de 60 (sessenta) salários mínimos (ouvalor menor fixado na lei estadual,distrital ou municipal), salvo se houverrenúncia do montante excedente.

Art. 4° O acordo ou a transaçãocelebrado diretamente pela parte oupor intermédio de procurador paraextinguir processo judicial, inclusivenos casos de extensão administrativade pagamentos postulados em juízo,implicará sempre a responsabilidadede cada uma das partes pelopagamento dos honorários de seusrespectivos advogados, mesmo quetenham sido objeto de condenaçãotransitada em julgado.

Art. 5° Esta Lei entra em vigor nadata de sua publicação”.

Quanto ao tema, também éimportante destacar que a proposta deconciliação não deve ser interpretadacomo confissão, mas sim como

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concessão capaz de solucionar umlitígio. Nesse sentido o Enunciado 76do FONAJEF: “A apresentação deproposta de conciliação pelo réu nãoinduz a confissão”.

Nada impede que seja homologadaconciliação em causas de procedimento(rito) diverso daquele previsto na Lei n.12.153/2009, desde que observado olimite de alçada de 60 salários mínimose a competência material dos Juizadosda Fazenda Pública.

O art. 475-N, III, do CPC, dispositivoque entendo aplicável ao Juizado daFazenda Pública, estabelece que asentença homologatória de conciliaçãoou de transação caracteriza títuloexecutivo judicial, ainda que versematéria não posta em juízo. Ou seja, oacordo pode abranger matéria diversadaquela posta anteriormente em juízo,desde que respeitada a competênciado Juizado.

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Outra regra importante está no art.art. 850 do Código Civil de 2002,segundo o qual “É nula a transação arespeito de litígio decidido porsentença passada em julgado, se delanão tinha ciência algum dostransatores, ou quando, por títuloulteriormente descoberto, se verificarque nenhum deles tinha direito sobre oobjeto da transação”.

8.3 A OBSERVÂNCIA DAORDEM CRONOLÓGICA

PARA O PAGAMENTO DOVALOR DE ACORDO

Pressuposto para a legitimidade deum acordo que envolve dinheiropúblico é que a composição apresentevantagens para a Fazenda Pública.

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Com isso, resolve-se desde logo a fasede conhecimento do processo.

A fase satisfativa, nas hipóteses emque o valor do crédito for superior aolimite de dispensa de precatórios, deveser efetivada de forma a não prejudicaraqueles que possuem créditoprecedente contra o mesmo devedor eque ainda não foi pago, conforme seextrai do item 2 da ementa referente àReclamação STF n. 1.893-8, j. em 29-11-2001, do seguinte teor:

“2 – Quebra da cronologia depagamentos comprovada pela quitaçãode dívida mais recente por meio deacordo judicial. A conciliação, aindaque resulte em vantagem financeirapara a Fazenda Pública, não possibilitaa inobservância, pelo Estado, de regraconstitucional de precedência, comprejuízo ao direito preferencial dosprecatórios anteriores”.

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Observe-se, ademais, que de acordocom a redação do art. 97 do Ato dasDisposições ConstitucionaisTransitórias, 50% dos valoresorçamentários destinados aopagamento de precatórios em atrasodevem respeitar a ordem cronológicadas requisições, mas os 50% restantespoderão ser utilizados para pagamentoem forma de leilão, ordem crescente devalores ou acordo, tudo com base nalegislação do ente devedor.

8.4 A POSSIBILIDADE DEDISPENSA DA

DESIGNAÇÃO DEAUDIÊNCIAS

A repetição de ações com os mesmosfundamentos de fato e de direito, cujas

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sentenças independem da produção deprovas, aliada à quase inexistência deacordos no âmbito dos JuizadosFederais, evidenciou que, nessashipóteses, a tentativa de conciliação éinócua e apenas serve para onerar asjá saturadas pautas de audiência.

Para dar agilidade maior aos feitosnos quais a matéria é exclusivamentede direito e a Fazenda Pública nãoefetiva acordos, muitos juízes passarama suprimir a fase de tentativa deconciliação e até a de instrução ejulgamento, julgando o feito eintimando as partes para ciência dasentença. A técnica deve ser adotadapelos juízes dos Juizados da FazendaPública.

A Primeira Turma Recursal Federaldo Distrito Federal, adotando esseentendimento, editou o Enunciado 9:“A audiência de conciliação inicial podeser dispensada quando a matéria for

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exclusivamente de direito”.Também as Turmas Recursais

Federais do Rio de Janeirosedimentaram entendimento no mesmosentido, conforme o Enunciado 12:“Embora seja regra geral a realizaçãode audiência no âmbito do JEF, a nãorealização da mesma, a critério do Juiz,não induz em princípio à nulidade”.

No âmbito dos Juizados da FazendaPública, quando for ré unidade daFederação que não editou leidisciplinando a conciliação, o pedidodeverá ser processado sem adesignação de audiência de tentativade conciliação.

A conciliação é possível até mesmoquando o autor for pessoa incapaz,segundo o Enunciado 81 do FONAJEF:“Cabe conciliação nos processosrelativos a pessoa incapaz, desde quepresente o representante legal e

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intimado o Ministério Público”.Art. 9° A entidade ré deverá

fornecer ao Juizado adocumentação de quedisponha para oesclarecimento da causa,apresentando-a até ainstalação da audiência deconciliação.

9.1 INEXIGIBILIDADE DACONTESTAÇÃO NA

AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

O art. 9°, em comentário, visa afastaraudiências de conciliação pro forma ,pois, muitas vezes, sem adocumentação necessária ao

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esclarecimento da questão posta emjuízo não há espaço para a busca deconcessões recíprocas. A exigência deque a Fazenda Pública apresente osdocumentos já na primeira audiência éfundada no dever de cooperação para odescobrimento da verdade (art. 339 doCPC), e justifica a fixação do prazomínimo de 30 dias entre a citação e aaudiência de tentativa de conciliação.

Não se impõe a apresentação decontestação ou outra resposta já naprimeira audiência, exigência queobrigaria a parte ré a se armar paraum ato cuja finalidade é a soluçãopacífica do litígio.

O termo final para a apresentação dacontestação ao pedido originário é aabertura da audiência de instrução ejulgamento.

Nesse sentido o Enunciado 8 do IEncontro de Colégios Recursais da

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Capital do Estado de São Paulo,realizado em 17-11-2000, do seguinteteor:

“Em caso de cisão da audiência,agendando-se data exclusiva para asessão de conciliação, a contestaçãopoderá ser apresentada até aaudiência de instrução e julgamento”.

No mesmo sentido o Enunciado 10 doFONAJE, que assim dispõe:

“A contestação poderá serapresentada até a audiência deinstrução e julgamento”.

No âmbito dos Juizados Federais, aconclusão não é diversa, conforme severifica do Enunciado 8 das TurmasRecursais Federais de São Paulo, quetraz a seguinte orientação: “Acontestação poderá ser apresentadaaté a audiência de instrução ejulgamento”.

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9.2 RECUSA NAAPRESENTAÇÃO DOS

DOCUMENTOSNECESSÁRIOS ÀCONCILIAÇÃO

Havendo recusa indevida einjustificada da parte na apresentaçãode um documento ou coisa essencialpara o esclarecimento da causa, caberáao juiz fixar prazo razoável para ocumprimento da obrigação, sob penade multa diária ou até mesmo de buscae apreensão (art. 461, §§ 4° e 5°, doCPC).

Por fim, se mesmo com as medidascoercitivas adotadas o documento oucoisa disponível não for apresentado,ao decidir o pedido o juiz admitirá comoverdadeiros os fatos que, por meio dodocumento ou coisa, a parte poderia

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provar (art. 359, I e II, do CPC). Issoporque no Juizado Especial o direito daFazenda é disponível, nos termos e noslimites da lei.

Sobre o tema merecem destaque osseguintes enunciados do FONAJEF:

Enunciado 63: “Cabe multa ao entepúblico pelo atraso ou nãocumprimento de decisões judiciais combase no art. 461 do CPC, acompanhadade determinação para a tomada demedidas administrativas para aapuração de responsabilidadefuncional e/ou por dano ao erário.Havendo contumácia nodescumprimento, caberá remessa deofício ao Ministério Público Federalpara análise de eventual improbidadeadministrativa”.

Enunciado 64: “Não cabe multapessoal ao procurador ad judicia doente público, seja com base no art. 14,

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seja no art. 461, ambos do CPC”.Enunciado 65: “Não cabe a prévia

limitação do valor da multa coercitiva(astreintes), que também não se sujeitaao limite de alçada dos JEFs, ficandosempre assegurada a possibilidade dereavaliação do montante final, a serexigido na forma do § 6° do art. 461 doCPC”.

A fim de evitar o uso indevido dasastreintes, o FONAJE editou oEnunciado 132:

“A multa cominatória não ficalimitada ao valor de 40 saláriosmínimos, embora deva serrazoavelmente fixada pelo Juiz,obedecendo ao valor da obrigaçãoprincipal, mais perdas e danos,atendidas as condições econômicas dodevedor. Na execução da multaprocessual (astreinte), que não temcaráter substitutivo da obrigação

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principal, a parte beneficiária poderáreceber até o valor de 80 saláriosmínimos. Eventual excedente serádestinado a fundo público estabelecidoem norma estadual”.

De qualquer forma, é de observarque, prosseguindo o processo, aspartes podem apresentar documentosna audiência de instrução e julgamento(art. 33 da Lei n. 9.099/95).

Ampliando a disposição contida noart. 336 do CPC, o art. 33 da leiespecial dita que todas as provas serãoproduzidas em audiência, ainda quenão requeridas previamente.

Independentemente da ordemprevista no art. 452 do CPC, toda provadisponível no momento da audiênciadeve ser colhida, já que tais elementospoderão ser suficientes para ojulgamento da causa.

Apresentados documentos em

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audiência por uma das partes,manifestar-se-á imediatamente a partecontrária, nos termos do parágrafoúnico do art. 29 da Lei n. 9.099/95. Oart. 6° da mesma lei, contudo, permiteao juiz a concessão de prazo paramanifestação da parte contrária (aexemplo do art. 398 do CPC), casoentenda que pelas características dosdocumentos ou outras provasapresentadas seja esta a decisão maisjusta, equânime e compatível com osprincípios do contraditório e da ampladefesa.

“Prova documental – Comprovante dedébito do IPTU – Juntada na faserecursal – Impossibilidade. Não seadmite a juntada de documento emfase de recurso se não demonstrada aimpossibilidade de fazê-la no momentooportuno” (AC 961081017-9, 1a TurmaRecursal Cível de Campo Grande-MS,Rel. Divoncir Schreiner Maran, j. em 14-

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6-1996, RJE, 3:327).Caso o documento esteja em poder

de terceiro, há de se observar odisposto nos arts. 360 a 363 do CPC.

Art. 10. Para efetuar o exametécnico necessário àconciliação ou ao julgamentoda causa, o juiz nomearápessoa habilitada, queapresentará o laudo até 5(cinco) dias antes daaudiência.

10.1 EXAME TÉCNICO

Todas as provas disponíveis porocasião da audiência devem serimediatamente colhidas, pois oselementos apresentados podem sersuficientes para o convencimento do

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juiz. Dispensável, portanto, aobservância do rito previsto no art. 452do CPC, já que, nos termos do art. 5°da Lei n. 9.099/95 (aplicávelsubsidiariamente neste caso), sobdecisão fundamentada do juiz, a provatécnica poderá ser produzida após acolheita da prova oral, testemunhaspoderão ser dispensadas, testemunhasreferidas poderão ser convocadas etc.

Somente quando o fato não puder serdemonstrado pelas demais provasdisponíveis e sua análise depender deconhecimento especial é que serádeferida a prova técnica.

O juiz, ao nomear o técnico querealizará o exame, a vistoria ou aavaliação, desde logo formulará osquesitos que entender necessáriospara o deslinde da causa e fixará adata da audiência na qual osesclarecimentos serão prestados (ou,se for o caso, o prazo para a entrega do

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laudo escrito, prática que libera apauta de audiências para outros atos).A lei impõe que o perito cumpraescrupulosamente o encargo que lhefoi cometido, independentemente determo de compromisso (art. 422 doCPC).

A exemplo do artigo em comentário,no âmbito dos Juizados Federaistambém há previsão de nomeação deespecialista para a realização de exametécnico e apresentação de laudo (art.12 da Lei n. 10.259/2001) até 5 diasantes da audiência de instrução ejulgamento.

A antecedência de 5 dias visagarantir que as partes tenham acessoao exame técnico antes da audiência deinstrução e julgamento. Caso o prazoseja descumprido, eventual nulidadesomente será reconhecida se houverprova do prejuízo.

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A prova pericial pode ser dispensadaquando as partes apresentarempareceres técnicos ou documentoselucidativos e suficientes para asolução do litígio (art. 427 do CPC).

Verificando o juiz do Juizado que atentativa de conciliação restouinfrutífera, que as provas documentaise orais colhidas são insuficientes paraa solução do litígio e que seránecessária intrincada perícia para asolução do litígio, deverá extinguir oprocesso sem a apreciação do seumérito (art. 51, II, da Lei n. 9.099/95),podendo a parte renovar a ação nojuízo comum.

No mesmo sentido o seguinteentendimento do FONAJEF:

“Os Juizados Especiais Federais sãoincompetentes para julgar causas quedemandem perícias complexas ouonerosas que não se enquadrem no

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conceito de exame técnico (art. 12 daLei 10.259/2001)” (Enunciado 91 doFONAJEF).

10.2 AS INSPEÇÕES

As inspeções, determinadas de ofícioou a requerimento das partes, podemser realizadas pelo próprio juiz ou porpessoa de sua confiança, que lherelatará informalmente o verificado. Oart. 442 do CPC indica que no sistemacomum o juiz sempre deve participarpessoalmente da inspeção.

A exemplo da prova técnica, ainspeção só costuma ser determinadaquando a verificação da pessoa oucoisa se mostrar viável e o fato não forprovado pelas demais provasdisponíveis. Quando não puder serrealizada no curso da audiência, o juiz

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designará data para a inspeção, saindoos interessados desde logo intimados.

As partes têm sempre direito aassistir a inspeção, prestandoesclarecimentos e fazendo observaçõesque reputem de interesse para acausa. A inspeção pode ser registradaem fita de áudio ou de vídeo, quetambém servirão para o registro dasmanifestações das partes.

Ao julgar a Medida Cautelar n.15.465/SC, em 28-4-2009, o STJ, nafundamentação do julgado, sustentou,a nosso ver equivocadamente, que acomplexidade da prova não exclui acompetência dos Juizados Estaduais. OSTF, contudo, ao julgar o RE 571.572,em 8-10-2008, confirmou que aosJuizados cabe julgar as causas demenor complexidade probatória.

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10.3 OS HONORÁRIOS DOTÉCNICO

No âmbito dos Juizados Federais, oshonorários dos técnicos designadospara a elaboração de laudos sãoantecipados à conta da verbaorçamentária do respectivo Tribunal.E, quando vencida na causa a entidadepública, seu valor será incluído naordem de pagamento a ser feita emfavor do Tribunal (art. 54 da Lei n.9.099/95 e § 1° do art. 12 da Lei n.10.259/2001). A Resolução n. 558, de22-5-2007, do CJF, trata do pagamentodos honorários dos advogados dativos,curadores, peritos, tradutores eintérpretes que servem ao sistema deassistência judiciária gratuita.

Inexistindo solução similar no âmbitode um Tribunal de Justiça, caberá aomagistrado observar que a gratuidade

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prevista no art. 54 da Lei n. 9.099/95 éaplicável ao Juizado da Fazenda eabrange, também, os honorários dotécnico.

Em São Paulo, por meio de convêniofirmado com o IMESC (Instituto deMedicina Social e de Criminologia deSão Paulo), o Estado buscou garantirperícias médicas gratuitas para osreconhecidamente pobres. A pequenaestrutura do IMESC, porém, geraatrasos processuais incompatíveis coma garantia processual da celeridade.

Para as demais perícias, o ConselhoSuperior da Defensoria Pública doEstado editou a Deliberação n. 92/2008,pela qual os peritos são remuneradoscom base nas tabelas do FAJ (Fundo deAssistência Judiciária). No âmbito daJustiça Federal a questão édisciplinada pela Resolução n. 558 doConselho da Justiça Federal.

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No caso de hipossuficiênciaeconômica do autor, o magistrado quepreside o processo deve buscar juntoao Estado a designação do técnico paraa realização da perícia, mas, sendoinviável a medida, caberá ao juiz, comobservância do princípio daimpessoalidade, designar um técnicoparticular para a realização do exame,fixando-lhe os honorários e emitindo acertidão necessária à sua cobrançaadministrativa ou judicial. Nessesentido a Apelação Cível n.992051059885, julgada pela 29a Câmarade Direito Privado do TJSP em 3-3-2010.

Art. 11. Nas causas de quetrata esta Lei, não haveráreexame necessário.

O reexame necessário, inaplicável noSistema dos Juizados Especiais, estáprevisto no art. 475 do CPC, e quandoexigido é condição de eficácia da

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sentença.Dita o artigo que, havendo sentença

proferida contra a Fazenda Pública,suas autarquias e fundações de direitopúblico (não inclui empresas públicas esociedades de economia mista, que sãopessoas jurídicas de direito privado), ojuiz remeterá os autos ao Tribunal, hajaou não apelação. Inobservado oreexame obrigatório, no qual é defesoao Tribunal agravar a condenaçãoimposta à Fazenda Pública (Súmula 45do STJ), a decisão não transita emjulgado (Súmula 423 do STF).

O reexame necessário não é umrecurso. O recurso sempre depende deiniciativa de uma das partes ou doMinistério Público, e por isso tem porpressuposto a voluntariedade dointeressado.

A regra do reexame necessário,contudo, possui exceções mesmo no

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processo civil comum, pois não seaplica: a) quando a condenação daFazenda (ou o direito controvertido) forde valor certo não excedente a 60salários mínimos; e b) quando asentença estiver fundada emjurisprudência do plenário do STF ouem súmula deste Tribunal ou doTribunal superior competente.

Nos Juizados da Fazenda Pública éincabível o reexame necessário,qualquer que seja o valor dacondenação ou do direitocontrovertido, mas os arts. 12 e 13desta Lei n. 12.153/2009 estabelecem otrânsito em julgado da sentença comorequisito para que tenha início a fasesatisfativa do processo.

Art. 12. O cumprimento doacordo ou da sentença, comtrânsito em julgado, queimponham obrigação de fazer,

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não fazer ou entrega de coisacerta, será efetuado medianteofício do juiz à autoridadecitada para a causa, comcópia da sentença ou doacordo.

12.1 A SATISFAÇÃO DASOBRIGAÇÕES DE FAZER OU

DE ENTREGAR COISACERTA

Embora não haja reexame obrigatóriodas sentenças proferidas nos Juizadosda Fazenda Pública, o ofício destinadoao cumprimento da obrigação somenteserá expedido pelo juízo após o trânsitoem julgado da sentença.

Inexiste prazo preestabelecido para ocumprimento da obrigação, devendo o

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caso concreto ser decidido dentro darazoabilidade.

12.1.1 O pedidocominatório

Admite-se pedido cominatório nocaso de ações que visem aocumprimento de obrigação de fazer ounão fazer. Se o autor pedir acondenação do réu a abster-se daprática de algum ato, a tolerar algumaatividade, ou a prestar fato que nãopode ser realizado por terceiro,constará da petição inicial a cominaçãode pena pecuniária para o caso dedescumprimento da ordem.

12.2 A CLÁUSULA PENAL

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A cláusula penal (tambémdenominada pena convencional)caracteriza obrigação acessória quepode ser estipulada por ocasião dacelebração do acordo, cominando-seum valor para a hipótese dedescumprimento do p acto.

A cláusula penal, se estipulada paraa hipótese de total inadimplemento daobrigação, converter-se-á emalternativa em benefício do credor, ouseja, será substitutiva da obrigaçãodescumprida se assim este desejar. Talespécie de cláusula penal caracterizaverdadeira prefixação de perdas edanos, nos termos do art. 410 do CC de2002.

A cláusula penal, se estipulada parao caso de mora, poderá ser exigidacumulativamente com a obrigaçãoprincipal (art. 411 do CC de 2002) eexclui a multa prevista no art. 475-J doCPC, que também é de natureza

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moratória e somente está prevista paraa hipótese de sentença condenatória (enão homologatória de acordo).

Entenda-se por inadimplemento ahipótese em que a obrigação se tornouimprestável para o credor. Mora, porsua vez, é a situação verificada quandoa prestação atrasada ainda se mostraútil para o credor.

Não há impedimento para a fixaçãode multa substitutiva e moratória emum mesmo acordo, incidindo uma ououtra conforme a extensão dodescumprimento da obrigação.

O valor da cláusula penal, estipuladapara o caso de mora, não deve excedero montante da obrigação principal, nostermos do art. 412 do CC de 2002. Amulta pode ser exigidacumulativamente com a obrigaçãoprincipal (art. 411 do CC de 2002).

Cumprida em parte a obrigação,

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poderá o juiz reduzirproporcionalmente a pena estipulada(art. 413 do CC de 2002).

Na hipótese de parcelamento dodébito, convém que se estabeleça ovencimento antecipado do total aindadevido para o caso de atraso nopagamento de qualquer das parcelas.Do contrário, a exigência imediata dototal devido ficará restrita às hipótesesexpressamente previstas em lei, aexemplo do art. 333 do CC de 2002.

12.3 AS ASTREINTES

A astreinte é fixada pelo juiz (e nãoconvencionada pelas partes), no cursodo processo, na sentença ou na fase daexecução, com o objetivo de compelir odevedor a cumprir a obrigaçãoespecífica. Seu valor costuma ser

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elevado justamente para que o devedorperceba que é menos oneroso cumprira obrigação específica do que pagar aastreinte, que por sua naturezaintimidatória pode ser cobradacumulativamente com as perdas edanos.

O objetivo principal das astreintes éforçar o cumprimento da obrigaçãoprincipal, podendo por isso ser exigidacumulativamente com esta.

A multa será arbitrada de acordo comas condições econômicas do devedor. Ea partir da vigência da Lei n.11.232/2005, também devem serobservadas as regras dos arts. 466-A, Be C do CPC, no que couberem.

A cláusula penal, por sua vez, não seconfunde com as astreintes ecaracteriza obrigação acessória quepode ser estipulada por ocasião dacelebração do acordo, cominando-se

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um valor para a hipótese dedescumprimento do pacto.

Conforme se extrai do AgravoRegimental n. 1021240, julgado pela 5a

Turma do STJ em 30-5-2008, é possívelao juiz, de ofício ou a requerimento daparte, fixar multa diária cominatória –astreintes -, ainda que contra a FazendaPública, em caso de descumprimentode obrigação de fazer. No mesmosentido, destacando o cabimento dasastreintes inclusive no caso dedescumprimento de obrigação fixadaem tutela antecipada, o REsp 904204,julgado pela 2a Turma do STJ em 15-2-2007.

Infelizmente já foram constatadosexcessos que acabavam por tornar odescumprimento de obrigação umafonte de enriquecimento do credor. Afim de evitar o uso indevido dasastreintes, o FONAJE substituiu o seu

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Enunciado 25 pelo Enunciado 132, doseguinte teor: “A multa cominatórianão fica limitada ao valor de 40 saláriosmínimos, embora deva serrazoavelmente fixada pelo Juiz,obedecendo ao valor da obrigaçãoprincipal, mais perdas e danos,atendidas as condições econômicas dodevedor. Na execução da multaprocessual (astreinte), que não temcaráter substitutivo da obrigaçãoprincipal, a parte beneficiária poderáreceber até o valor de 80 saláriosmínimos. Eventual excedente serádestinado a fundo público estabelecidoem norma estadual”.

O descumprimento da obrigação defazer, não fazer ou entregar coisa certatambém pode caracterizar crime dedesobediência, conforme reforça o art.26 da nova Lei do Mandado deSegurança (Lei n. 12.016/2009). Noscasos de desobediência de ordem ou

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decisão judicial, também é possívelpedido de intervenção federal noEstado-membro ou no Distrito Federal,ou mesmo intervenção estadual noMunicípio (arts. 34, VI, e 35, IV, ambosda CF).

A decisão do Tribunal de Justiça doEstado que requisita do governador aintervenção em um Município, emdecorrência do descumprimento deordem judicial, não está sujeita arecurso extraordinário, pois, de acordocom o Supremo Tribunal Federal não sereveste de caráter jurisdicional(Súmula 637 do STF).

A definição do destinatário do ofícioque requisita o cumprimento daobrigação (autoridade citada para acausa) visa evitar dúvidas prejudiciaisao bom andamento do processo.

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12.4 A CONVERSÃO DAOBRIGAÇÃO ESPECÍFICA

EM PERDAS E DANOS

De acordo com o art. 461 do CPC, aconversão em perdas e danos éexceção que somente se justifica seinviável o cumprimento da obrigaçãoespecífica.

O inciso V do art. 52 da Lei n.9.099/95, por sua vez, estabelece que ojuiz, na sentença ou na fase deexecução, nos casos de obrigação deentregar, de fazer, ou de não fazer,cominará multa diária, arbitrada deacordo com as condições econômicasdo devedor, para a hipótese deinadimplemento. Não cumprida aobrigação, o credor poderá requerer aelevação da multa ou a transformaçãoda condenação em perdas e danos, que

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o Juiz de imediato arbitrará, seguindo-se a execução por quantia certa,incluída a multa vencida de obrigaçãode dar, quando evidenciada a malíciado devedor na execução do julgado.

O inciso VI do mesmo art. 52 traz que,na obrigação de fazer, o Juiz podedeterminar o cumprimento por outrem,fixado o valor que o devedor devedepositar para as despesas, sob penade multa diária.

Art. 13. Tratando-se deobrigação de pagar quantiacerta, após o trânsito emjulgado da decisão, opagamento será efetuado:

I – no prazo máximo de 60(sessenta) dias, contado daentrega da requisição do juizà autoridade citada para acausa, independentemente deprecatório, na hipótese do § 3°

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do art. 100 da ConstituiçãoFederal; ou

II – mediante precatório,caso o montante dacondenação exceda o valordefinido como obrigação depequeno valor.

§ 1° Desatendida arequisição judicial, o juiz,imediatamente, determinará osequestro do numeráriosuficiente ao cumprimento dadecisão, dispensada aaudiência da Fazenda Pública.

§ 2° As obrigações definidascomo de pequeno valor aserem pagasindependentemente deprecatório terão como limite oque for estabelecido na lei dorespectivo ente da Federação.

§ 3° Até que se dê a

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publicação das leis de quetrata o § 2°, os valores serão:

I – 40 (quarenta) saláriosmínimos, quanto aos Estadose ao Distrito Federal ;

II – 30 (trinta) saláriosmínimos, quanto aosMunicípios.

§ 4° São vedados ofracionamento, a repartiçãoou a quebra do valor daexecução, de modo que opagamento se faça, em parte,na forma estabelecida noinciso I do caput e, em parte,mediante expedição deprecatório, bem como aexpedição de precatóriocomplementar ou suplementardo valor pago.

§ 5° Se o valor da execuçãoultrapassar o estabelecido

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para pagamentoindependentemente doprecatório, o pagamento far-se-á, sempre, por meio doprecatório, sendo facultada àparte exequente a renúnciaao crédito do valor excedente,para que possa optar pelopagamento do saldo sem oprecatório.

§ 6° O saque do valordepositado poderá ser feitopela parte autora,pessoalmente, em qualqueragência do banco depositário,independentemente de alvará.

§ 7° O saque por meio deprocurador somente poderáser feito na agênciadestinatária do depósito,mediante procuraçãoespecífica, com firmareconhecida, da qual constem

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o valor originalmentedepositado e sua procedência.

13.1 PAGAMENTO DOVALOR DECORRENTE DE

CONDENAÇÃOTRANSITADA EM JULGADO

– INEXISTÊNCIA DEEMBARGOS OUIMPUGNAÇÃO À

EXECUÇÃO

O caput deste art. 13 desde logoevidencia que não há execuçãoprovisória nos Juizados da FazendaPública, pois somente após o trânsitoem julgado da condenação é que serãomaterializadas as medidas necessáriasà satisfação do crédito.

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No mesmo sentido o Enunciado 35 doFONAJEF, do seguinte teor:

“A execução provisória para pagarquantia certa é inviável em sede dejuizado, considerando outros meiosjurídicos para assegurar o direito daparte”.

Transitada em julgado a sentençaque condena a Fazenda Pública aopagamento de quantia certaclassificada como de pequeno valor, ojuiz da causa expedirá uma requisição àautoridade citada para a causa (afixação do destinatário afasta dúvidas equestionamentos prejudiciais aocritério da celeridade), parapagamento em 60 dias da data daentrega. Afasta-se, assim, anecessidade de nova citação (éinaplicável o art. 730 do CPC) e apossibilidade de oposição de embargosou impugnação à execução.

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Conforme leciona Marisa Ferreira dosSantos em obra da qual sou coautor 45,“Fixado na sentença o valor a ser pagopelo devedor, tem-se comoconsequência que, em havendorecurso, caberá ao vencido impugnarnão só a matéria de mérito, comotambém deduzir todas as questõesrelativas ao valor apurado”.

Nesse sentido a Súmula 10 daPrimeira Turma do Juizado EspecialFederal de Minas Gerais, do seguinteteor: “Não há vulneração ao princípiodo contraditório pela ausência de vistasobre os cálculos quando estes,considerados da lavra do juízo,integram a sentença como resultado deseu convencimento, podendo eventualirresignação da parte em relação aovalor da condenação ser arguida emrecurso, cabível nos termos do art. 41da Lei n. 9.099/95”.

A Segunda Turma do mesmo Juizado

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Especial Federal editou a Súmula 9:“Não constitui violação ao princípio docontraditório e, por conseguinte,fundamento para nulidade dasentença, o fato de a parte vencida nãoter tido vista antecipada dos cálculosque a fundamentaram, já que aespecificação dos valores devidos tempor objetivo tornar líquida e certa aobrigação reconhecida no decisum”.

Com o trânsito em julgado dasentença líquida, ou do acórdão que aconfirmou, passa-se diretamente àrequisição do valor devido, não seabrindo oportunidade ao devedor paraopor embargos à execução. “Não sãoadmissíveis embargos de execução nosJEFs, devendo as impugnações dodevedor ser examinadasindependentemente de qualquerincidente” (Enunciado 13 do FONAJEF).

A sentença ilíquida, a nosso ver, énula, por ferir expressa disposição da

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lei, além de contrariar o princípio daceleridade.

De acordo com o Enunciado 47 doFONAJEF, “Eventual pagamentorealizado pelos entes públicosdemandados deverá ser comunicado aoJuízo para efeito de compensaçãoquando da expedição da RPV”.

A sentença líquida deve definirtambém a questão dos índicesinflacionários, e o recurso que dela seinterpõe devolve à Turma Recursal atémesmo essa questão, eliminando apossibilidade de procrastinação documprimento das decisões judiciais.

Sobre o tema também merecedestaque a seguinte orientação:

“No âmbito dos Juizados EspeciaisFederais, em ações que envolvamrelações de trato sucessivo, tendo porobjeto o pagamento de vantagenspecuniárias, a sentença, ou o acórdão,

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que julgar procedente o pedido poderádeterminar que a Administraçãopromova a implantação da diferença eo pagamento administrativo dosatrasados, ou indique o valor a serrequisitado na forma do art. 17 eparágrafos da Lei 10.259/2001”(Enunciado 22 das Turmas RecursaisFederais do Rio de Janeiro).

13.2 O SEQUESTRO DERENDAS

Desatendida a requisição judicialpara pagamento do pequeno valor em60 dias, o juiz, imediatamente,determinará o sequestro de numeráriosuficiente ao cumprimento da decisão,dispensada a audiência da FazendaPública.

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As obrigações definidas como depequeno valor a serem pagasindependentemente de precatórioterão como limite máximo o que forestabelecido na lei do respectivo enteda Federação. E até que as leis sejameditadas, o valor para dispensa deprecatório é de até 30 salários mínimospara os Municípios, e 40 para Estadose Distrito Federal.

Estados e Municípios, portanto, têmautonomia para editar leis fixando osvalores que dispensam precatórios combase nas suas respectivas capacidadeseconômicas, consoante já decidiu o C.Supremo Tribunal Federal (ADIn/STF2.868/04). O valor mínimo parapagamento com dispensa deprecatório, porém, não poderá serinferior ao valor do maior benefício doregime geral da previdência social, oqual correspondia a aproximadamente6,5 salários mínimos em dezembro de

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2009.No Estado de São Paulo vigora a Lei

estadual n. 11.377/2003, pela qualdébitos de até 1.135,2885 UFESP sãopagos por meio de RPV. No Municípiode São Paulo, a dispensa deprecatórios é regulamentada pela Leimunicipal n. 13.179/2001, e o valormáximo a ser pago por meio de RPV éde R$ 7.200,00 (valor de setembro de2001, reajustado no mês de janeiro decada ano pelo IPCA).

13.3 OS LITISCONSORTES

Na hipótese de litisconsórcio, cadaautor terá seu crédito consideradoindividualmente, de forma que algunspoderão ser dispensados do precatórioe outros, não (Resolução n. 55/2009 doConselho da Justiça Federal). No

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âmbito dos Estados, há quem sustenteque deve ser considerado o valor totaldos créditos (soma de todos oscredores) em cada processo, tesedevidamente rechaçada pela Resoluçãon. 199/2005 do TJSP.

13.4 VEDAÇÃO AOFRACIONAMENTO PARAFINS DE DISPENSA DE

PRECATÓRIO

São vedados o fracionamento, arepartição ou a quebra do valor daexecução, a fim de que o pagamento sefaça, em parte, por RPV e, em parte,mediante expedição de precatório.Também é vedada a expedição deprecatório complementar ousuplementar do valor pago.

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Quanto à renúncia ao valorexcedente, para fins de expedição deRPV, e não de precatório, v. o item13.5.

13.4.1 Os honoráriosadvocatícios

Ao advogado é atribuída a qualidadede beneficiário, quando se tratar dehonorários sucumbenciais, e seushonorários devem ser consideradosparcela integrante do valor devido acada credor para fins de classificaçãodo requisitório como de pequeno valor(art. 4°, parágrafo único, da Resoluçãon. 55/2009 do Conselho da JustiçaFederal).

Se o advogado quiser destacar domontante da condenação o que lhe

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cabe por força de honorárioscontratuais (art. 22, § 4°, da Lei n.8.906/94), deverá juntar aos autos orespectivo contrato, antes daexpedição da requisição.

Após a apresentação da requisiçãono Tribunal, os honorários contratuaisnão poderão ser destacados,procedimento este vedado no âmbitoda instituição bancária oficial, nostermos do art. 10 da Lei Complementarn. 101/2000.

Em se tratando de RPV com renúncia,o valor devido ao requerente somadoaos honorários contratuais não podeultrapassar o valor máximo para talmodalidade de requisição.

“Execução de sentença – Autores quepugnaram pelo desmembramento dovalor dos honorários, para que a verbaconstasse em autônomo ofíciorequisitório de pequeno valor –

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Fracionamento que não se mostrapossível - Precedentes – Aplicação dodisposto no art. 100, 4°, daConstituição Federal - Agravoimprovido” (AgI 994.09.233153-0, TJSP,j. em 23-10-2010).

“Os honorários advocatícios impostospelas decisões dos JEF serãoexecutados nos próprios JEF, porquaisquer das partes” (Enunciado 90do FONAJEF).

13.5 A RPV E OSPRECATÓRIOS

Se o valor da execução ultrapassar oestabelecido para pagamento por RPV,a satisfação do crédito far-se-á,sempre, por meio do precatório, sendofacultada à parte exequente a renúncia

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ao crédito do valor excedente, para quepossa optar pelo recebimento sem oprecatório.

De acordo com o Enunciado 71 doFONAJEF, “A parte autora deverá serinstada, na fase da execução, arenunciar ao excedente à alçada doJEF, para fins de pagamento por meiode RPV, não se aproveitando, paratanto, a renúncia inicial, de definiçãode competência”.

Caso não se aperfeiçoe a renúncia docredor à diferença excedente ao limiteda RPV, a satisfação do crédito se darápor precatório. O que não se admite é ofracionamento, como esclarece oEnunciado 20 da Turma RecursalFederal de São Paulo: “É possível aexpedição de precatório no JuizadoEspecial Federal, nos termos do art.17, § 4°, da Lei n. 10.259/2001, quandoo valor da condenação exceder 60(sessenta) salários mínimos”.

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O precatório, consoante explicita oart. 100 da Constituição Federal, édecorrente de sentença judicialtransitada em julgado proferida contraa Fazenda Pública.

A partir da EC n. 62/2009 (jáquestionada por meio da ADIn-STF4357) os pagamentos tempestivospassaram a observar a nova redação doart. 100 da CF e seus parágrafos. Já osdébitos em atraso passaram a serregidos pelo art. 97 do ADCT.

A Lei n. 12.153/2009 possui ritopróprio, e a satisfação do título judicialdefinitivo no Sistema dos JuizadosEspeciais demonstra que nele oprocesso é sincrético (art. 52, X, da Lein. 9.099/95, tudo a dispensar novacitação. Em síntese, não se aplica o art.730 do CPC na satisfação de um créditodecorrente de sentença judicialtransitada em julgado do Juizado daFazenda Pública.

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Com o trânsito em julgado dacondenação da Fazenda, o juiz da causaexpede o chamado ofício requisitório aoPresidente do seu respectivo Tribunal,órgão competente para a expedição doprecatório.

Tanto os créditos de naturezaalimentícia quanto os créditos comunsdevem ser formalizados por meio deprecatórios (Súmula 655 do STF). Osprecatórios alimentares, contudo,devem ser colocados em primeiro lugarna lista, e só depois do últimoprecatório alimentar é que devem serrelacionados os precatórios comuns,também em ordem cronológica.

O § 2° do art. 100 da CF dispõe sobreo crédito alimentar especial, que, até otriplo do montante definido comodébito de pequeno valor para cadaente político, é o primeiro na ordem depreferência dos precatórios. O máximoa ser pago com preferência absoluta é

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de três vezes o valor do maior benefíciodo regime geral de previdência social.Admite-se o fracionamento, e oremanescente (acima de três vezes omaior valor de benefício) vai para osegundo lugar na ordem depreferência (alimentar comum) eobservará a ordem cronológica dosprecatórios alimentares.

Os débitos de natureza alimentíciacujos titulares tenham 60 anos deidade ou mais na data de expedição doprecatório, ou sejam portadores dedoença grave, definidas na forma dalei, serão pagos com preferência sobretodos os demais débitos, até o valorequivalente ao triplo do fixado em leipara os fins do disposto no § 3° desteartigo, admitido o fracionamento paraessa finalidade, sendo que o restanteserá pago na ordem cronológica deapresentação do precatório.

É obrigatória a inclusão, no

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orçamento das entidades de direitopúblico, de verba necessária aopagamento de seus débitos constantesde precatórios judiciários,apresentados até 1° de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercícioseguinte, quando terão seus valoresatualizados monetariamente. Osdébitos pagos tempestivamente nãoestão sujeitos a juros de mora.

De acordo com a EmendaConstitucional n. 62/2009, a atualizaçãode valores de requisitórios, após suaexpedição, até o efetivo pagamento,independentemente de sua natureza,será feita pelo índice oficial deremuneração básica da caderneta depoupança, e, para fins de compensaçãode eventual mora, incidirão jurossimples no mesmo percentual de jurosincidentes sobre a caderneta depoupança, ficando excluída a incidênciade juros compensatórios. A Emenda,

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infelizmente, já pressupõe apossibilidade de mora (pagamentoposterior ao último dia do exercícioseguinte mesmo que o precatóriotenha dado entrada até 1° de julho doano anterior), pois, de acordo com aSúmula vinculante 17 do STF, “Duranteo período previsto no § 1° (agora § 5°em decorrência da EC n. 62) do artigo100 da Constituição, não incidem jurosde mora sobre os precatórios que nelesejam pagos”.

13.6 O LEVANTAMENTODOS VALORESDEPOSITADOS

Nos Juizados da Fazenda Pública, osaque do valor depositado poderá serfeito pela parte autora, pessoalmente,

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em qualquer agência do bancodepositário, independentemente dealvará. O saque por meio deprocurador, por sua vez, somentepoderá ser feito na agênciadestinatária do depósito, medianteprocuração específica, com firmareconhecida, da qual constem o valororiginalmente depositado e suaprocedência.

Antes mesmo da existência de regraespecífica sobre o tema na Lei n.12.153/2009, o Enunciado 69 doFONAJEF já orientava que “Olevantamento de valores decorrentesde RPV’s e Precatórios no âmbito dosJEFs, pode ser condicionado àapresentação pelo mandatário deprocuração específica com firmareconhecida, da qual conste, ao menos,o número de registro do Precatório ouRPV ou o número da conta do depósito,com o respectivo valor”.

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13.7 PAGAMENTO FEITO AMENOR

Caso o valor devido seja pago amenor, é necessária nova citação daFazenda devedora e expedição deoutro precatório. Para o STF, estacitação somente é dispensável quandoo novo precatório decorre de erromaterial, inexatidões aritméticas ousubstituição de índice de correçãomonetária extinto (ADIn 2.924), masainda assim é necessário novoprecatório (que entra no fim da ordemcronológica).

13.8 A EXECUÇÃO DETÍTULO EXTRAJUDICIAL

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É cabível execução por títuloextrajudicial contra a Fazenda Pública.O rito é o do art. 730 do CPC. Ao final, aexpedição de RPV ou de precatório terápor parâmetro o art. 13, ora emcomento. V. item 2.5.1.

Art. 14. Os JuizadosEspeciais da Fazenda Públicaserão instalados pelosTribunais de Justiça dosEstados e do Distrito Federal.

Parágrafo único. Poderão serinstalados Juizados EspeciaisAdjuntos, cabendo ao Tribunaldesignar a Vara ondefuncionará.

14.1 A INSTALAÇÃO DOSJUIZADOS DA FAZENDA

PÚBLICA

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A criação de Varas de Juizados daFazenda Pública por lei local (nosEstados) ou por lei federal (no DF) étema do art. 1° desta lei. Este art. 14trata da efetiva instalação dos Juizadospelo Tribunal de Justiça de cada enteda Federação, no exercício dos poderesque lhes foram conferidos pelo art. 96,I, b, da CF.

Ao contrário da Lei n. 7.244/84, quefacultava a existência do Juizados dePequenas Causas em uma unidade daFederação, a Lei n. 12.153/2009, comrespaldo no art. 98 da CF, impõe ainstalação dos Juizados da FazendaPública pelos Estados e pelo DF, aindaque sua competência seja reduzida nosprimeiros anos (art. 23 da Lei n.12.153/2009).

Um dos formatos possíveis é acriação de Vara do Juizado da FazendaPública apenas nas capitais e em polosregionais, com competência territorial

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sobre as diversas comarcas da região.Nesse caso o pedido inicial pode serdistribuído ou reduzido a termo emqualquer comarca, pelos cartóriosdesignados pelo TJ, com o posteriorencaminhamento da peça ao JuizadoRegional competente(preferencialmente pela via eletrônica).

Os poderes de autoadministraçãoconferidos pelo art. 96 da CF aosTribunais autoriza que cada um deles,por meio de ato administrativo próprio(em regra uma resolução), efetive aconversão de Vara comum,especialmente aquelas já criadas eainda não instaladas, em Vara doJuizado da Fazenda Pública.

14.2 OS JUIZADOSADJUNTOS E OS JUIZADOS

ITINERANTES

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Nas localidades onde o movimentoforense não justifica a existência de umJuizado Especial da Fazenda Pública,serão instalados Juizados adjuntos, ouseja, serviços de Juizados vinculados auma Vara comum designada peloTribunal, a exemplo do que prevê o art.18, parágrafo único, da Lei n.10.259/2001 para os Juizados Federais.

Caberá a cada Tribunal,motivadamente, eleger a Vara junto àqual funcionará o Juizado adjunto daFazenda (se existente mais de umaVara na localidade), dando preferênciapara aquela que já desempenha acompetência da Fazenda Pública se ointeresse público não recomendarsolução diversa.

O Provimento n. 2/2002 e a Resoluçãon. 1/2007 do TRF da 2a Região, em seuart. 11, estabeleceram que, nassubseções onde não houver JuizadosEspeciais Federais ou Juizados

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adjuntos instalados, as ações serãopropostas perante as respectivasVaras Federais, observando-se osprocedimentos previstos na Lei n.10.259/2001. A mesma solução pode seradotada para os Juizados da FazendaPública, desde que os servidores dasVaras comuns estejam devidamentehabilitados para reduzir a termo ospedidos iniciais e subsequentesofertados oralmente pelo autordesprovido de advogado.

Entre os objetivos do Sistema dosJuizados está garantir o amplo acessode todos aos serviços judiciários, deforma simples e célere. Por isso, osserviços de cartório e as audiências,conforme lecionam Ada PellegriniGrinover, Antonio Magalhães GomesFilho, Antonio Scarance Fernandes eLuiz Flávio Gomes, podem serrealizados em “qualquer prédio público(de propriedade do poder público em

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geral) ou de interesse público(Universidades e escolas, mesmoparticulares etc.)... ”46.

A fim de garantir o efetivo acesso detodos à Justiça, a EC n. 45/2004estabeleceu que os Tribunais estaduaise federais (comuns e trabalhistas)devem instalar a Justiça itinerante(arts. 107, § 2°, 115, § 1°, e 125, § 7°, daCF), trabalho que já era realizado comêxito pelos Juizados Especiais Cíveis dediversos Estados e também da JustiçaFederal.

O art. 94 da Lei n. 9.099/95 prevê queos serviços de cartório poderão serprestados, e as audiências realizadasfora da sede da comarca, em bairros oucidades a ela pertencentes, ocupandoinstalações de prédios públicos, deacordo com audiências previamenteanunciadas.

Art. 15. Serão designados,

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na forma da legislação dosEstados e do Distrito Federal,conciliadores e juízes leigosdos Juizados Especiais daFazenda Pública, observadasas atribuições previstas nosarts. 22, 37 e 40 da Lei n.9.099, de 26 de setembro de1995.

§ 1° Os conciliadores ejuízes leigos são auxiliares daJustiça, recrutados, osprimeiros, preferentemente,entre os bacharéis em Direito,e os segundos, entreadvogados com mais de 2(dois) anos de experiência.

§ 2° Os juízes leigos ficarãoimpedidos de exercer aadvocacia perante todos osJuizados Especiais da FazendaPública instalados emterritório nacional, enquanto

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no desempenho de suasfunções.

15.1 OS CONCILIADORES

O princípio maior que rege o Sistemados Juizados Especiais é o da busca daconciliação entre as partes, pela qualnão só o litígio aparente, mas tambémo aspecto subjetivo do conflito sãoresolvidos mediante concessõesrecíprocas.

A tentativa de conciliação, nostermos do art. 22 da Lei n. 9.099/95, éconduzida pelo juiz togado ou leigo oupor conciliador sob sua orientação.

“Não é necessária a presença de JuizTogado ou Leigo na Sessão deConciliação (Unânime) ”47.

Os conciliadores, que são escolhidos

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preferentemente entre os bacharéisem Direito (profissionais de áreas comopsicologia e contabilidade, dentreoutros, também contribuem para asconciliações), exercem serviço públicorelevante e têm a função precípua debuscar a composição entre as partes,em regra mediante concessõesrecíprocas.

No âmbito federal, conformeestabelece o art. 18 da Lei n.10.259/2001, compete ao JuizPresidente do Juizado designar osconciliadores, pelo período de 2 anos,admitida a recondução por outrosperíodos de 2 anos. O exercício dessasfunções será gratuito, assegurados osdireitos e prerrogativas dos jurados.

O Enunciado administrativo n. 3 doConselho Nacional de Justiça traz que,“Para os efeitos do art. 2° da Resoluçãon. 11, de 31-1-2006, considera-seatividade jurídica a atuação de

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bacharel em direito como juiz leigo ouconciliador nos Sistemas dos JuizadosEspeciais Cíveis e Criminais, desde quenão inferior a dezesseis horasmensais”.

De acordo com o art. 59, IV, daResolução n. 75 do CNJ, para fins decomprovação dos 3 anos de atividadejurídica para o ingresso na carreira damagistratura, considera-se como tal oexercício da função de conciliador porno mínimo 16 horas mensais, por pelomenos 1 ano.

A mesma Resolução, em seu art. 67,XII, reconhece como título, paraingresso na carreira da Magistratura, oexercício da função de conciliador dosJuizados Especiais por, no mínimo, 1ano.

O art. 11 da Resolução n. 30/2001 doTRF da 2a Região explicita que o juiz doJuizado Especial poderá firmar

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convênio com entidades de ensinosuperior, para que o exercício dafunção de conciliador seja consideradoprática forense. O mesmo artigotambém estabelece que o conciliadorfica impedido de exercer a advocaciaperante os Juizados Especiais Federaisdaquela região.

Nos Juizados Estaduais de São Paulo,onde o sistema é regido pela LeiComplementar estadual n. 851/9848, osconciliadores são recrutados pelo juiz-diretor de cada Juizado,preferentemente entre bacharéis emDireito, nos seguintes termos:

“Art. 10. Os Conciliadores, com afunção específica de tentar oentendimento e a composição entre aspartes, são auxiliares da Justiça,recrutados, preferencialmente, entreos bacharéis em direito, de reputaçãoilibada e que tenham condutaprofissional e social compatíveis com a

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função.

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