124
JULIANO TAKASHI WADA Efeitos do alongamento da musculatura respiratória com a técnica de alongamento passivo e contração-relaxamento na mecânica ventilatória e capacidade funcional de pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Ciências Programa de Ciências da Reabilitação Orientador: Prof. Dr. Celso Ricardo Fernandes de Carvalho SÃO PAULO 2014

JULIANO TAKASHI WADA Efeitos do alongamento da musculatura

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  • JULIANO TAKASHI WADA

    Efeitos do alongamento da musculatura respiratria com a

    tcnica de alongamento passivo e contrao-relaxamento na

    mecnica ventilatria e capacidade funcional de pacientes com

    doena pulmonar obstrutiva crnica

    Dissertao apresentada Faculdade de

    Medicina da Universidade de So Paulo

    para a obteno do ttulo de Mestre em

    Cincias

    Programa de Cincias da Reabilitao

    Orientador: Prof. Dr. Celso Ricardo Fernandes de Carvalho

    SO PAULO

    2014

  • Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    Preparada pela Biblioteca da

    Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo

    reproduo autorizada pelo autor

    Wada, Juliano Takashi Efeito do alongamento da musculatura respiratria com a tcnica de alongamento

    passivo e contrao-relaxamento, na mecnica ventilatria e capacidade funcional de

    pacientes com doena pulmonar obstrutiva crnica / Juliano Takashi Wada. -- So

    Paulo, 2014.

    Dissertao(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo. Programa de Cincias da Reabilitao.

    Orientador: Celson Ricardo Fernandes de Carvalho.

    Descritores: 1.Doena pulmonar obstrutiva crnica 2.Msculos respiratrios 3.Exerccios de alongamento muscular 4.Mecnica respiratria 5.Pletismografia

    6.Dispneia 7.Eletromiografia

    USP/FM/DBD-406/14

  • iii

    "Dentro da noite que me rodeia

    Negra como um poo de lado a lado

    Eu agradeo aos deuses que existem

    Por minha alma indomvel

    Sob as garras cruis das circunstncias

    Eu no tremo e nem me desespero

    Sob os duros golpes do acaso

    Minha cabea sangra, mas no se curva

    No importa o quo estreito seja o porto

    Quo repleta de castigos seja a sentena

    Eu sou o dono do meu destino

    Eu sou o capito da minha alma"

    (William Ernest Henley)

  • iv

    DEDICATORIA

    Aos meus pais Carlos Hirokata Wada e Marta Hiroko Wada, exemplos de

    vida, admirao e amor

    s minhas irms Telma Miyuki Wada e Malu Wada, verdadeiras

    companheiras de vida, me traz a plenitude

    minha futura esposa, Camilla Valria Loureno Silva, me faz querer ser

    um homem melhor todos os dias

    Aos amigos, colegas e a todas as pessoas que me ajudaram diretamente

    ou indiretamente durante todo o processo que faz a vida ter mais sentido

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Ao meu orientador, Prof. Dr. Celso Ricardo Fernandes de Carvalho, pela

    oportunidade e confiana em mim depositada. Apesar de termos passado

    muitas intercorrncias ao longo destes 6 anos, continuamos firmes. Em alguns

    momentos eu quis abaixar a cabea e o senhor me ajudou a reergu-la.

    Obrigado por me passar tantos conhecimentos e por me incentivar a ter prazer

    pela pesquisa.

    Ao meu parceiro de pesquisa e grande amigo Me. Ericksson Borges Santos,

    por me acompanhar por todos esses anos, sem a sua ajuda jamais seria

    possvel concretizar este trabalho. Iniciamos com muitas diferenas, e

    permanecemos com elas, mas soubemos conviver harmoniosamente, pois a

    fraqueza de um foi a qualidade do outro. Hoje eu sei que estou terminando

    outro ciclo na minha vida, e saio deste momento com novos conhecimentos,

    mas muito mais que o ttulo, ganhei um amigo para a vida inteira.

    Prof. (a) Dra. Adriana Lunardi, por toda a ajuda profissional e pessoal

    durante o trabalho. Eu enxergava em seus olhos a sua vontade de querer o

    meu bem, participando do nosso estudo, me aconselhando. Foram diversas

    vezes que recebi as suas mensagens de preocupao e incentivo. Obrigado

    por ser mais que uma amiga, voc foi a minha madrinha, no conseguiria ter

    terminado sem a sua ajuda.

  • vi

    Dra. Denise Paisane, por toda a colaborao ao longo do estudo. Tenho

    grande respeito e admirao pela sua dedicao profissional. A sua

    organizao e seu empenho foram fundamentais ao longo do meu mestrado.

    Ao Dr. Ronaldo Silva, por todo o conhecimento e disponibilizao para nos

    ajudar durante o projeto. Estava sempre disposto para realizar qualquer tipo de

    tarefa, sua humildade inspiradora. O seu conhecimento foi essencial para o

    trmino da dissertao.

    Ao Me. Desiderio Cano, por todo o conhecimento do OEP que nos foi

    passado, e pela sua disposio em nos ajudar com a coleta e interpretao dos

    dados.

    Me Cibele Cristine Berto Marques da Silva, pela disposio em nos ajudar

    durante as avaliaes e pelas observaes e correes das apresentaes

    orais.

    Dra. Renata Teixeira Nakata, pela disponibilidade em nos ajudar na

    avaliao dos pacientes e nas correes das apresentaes orais.

    Ao Grupo LIFFE, por todas as reunies semanais, foi uma grande troca de

    conhecimentos. O trabalho em equipe foram fundamentais para a

    concretizao do trabalho.

  • vii

    Aos profissionais do Ambulatrio de Fisioterapia do Hospital das Clnicas,

    pela compreenso e auxlio durante os protocolos de interveno dos pacientes

    do nosso projeto.

    Aos pacientes que participaram do estudo, por todo o esforo em continuar o

    tratamento at a sua concluso. Muitos representaram uma lio de vida para

    todos ns.

    Ao Ambulatrio de Pneumologia do Hospital das Clnicas, pela parceria em

    ceder os pronturios e os pacientes para o projeto. Alm compartilhar

    harmoniozamente o mesmo espao para a triagem dos mesmos .

    Aos meus grandes amigos, por todo apoio, companheirismo, risadas e

    momentos que me mostram o verdadeiro sentido da palavra "viver". Carlos

    Eduardo Hanash, Rodrigo Petrone, Ricardo Almeida Thiago, Eduardo

    Castanhon, Ricardo Maeda, Ricardo Domingos, Felipe Calmon, Thiago

    Almeida, Andr Fogolin, Rodrigo Pizzi, Caio Teixeira, Marcelo Reina, Erik

    Terrabuio, Marcus Sperandio, Jonas Rastelli, Mario Castro, Carlos Eduardo

    Sainz, Gustavo Souza, Gabriel Boal, Rodrigo Guerzoni e Rafael Correa.

  • SUMARIO

    LISTA DE ABREVIATURAS.............................................................................xi

    LISTA DE FIGURAS........................................................................................xiii

    LISTA DE TABELAS......................................................................................xviii

    RESUMO .........................................................................................................xix

    SUMMARY.......................................................................................................xxi

    1 INTRODUO................................................................................................01

    1.1 Definio e Incidncias ....................................................................02

    1.2 Fisiopatologia ...................................................................................04

    1.3 Sistema msculo-esqueltico ...........................................................06

    1.4 Diagnstico e Sintomas.....................................................................07

    1.5 Reabilitao pulmonar.......................................................................09

    1.6 Msculos respiratrios .....................................................................10

    1.7 Alongamento Muscular......................................................................13

    1.8 Mtodos para a anlise da mecnica ventilatria.............................17

    1.9 Hiptese..19

    2 OBJETIVOS...................................................................................................20

    2.1 Primrio............................................................................................ 21

    2.2 Secundrio .......................................................................................21

    3. CASUSTICA E METODOS..........................................................................22

  • ix

    3.1 Aspectos ticos.................................................................................23

    3.2 Casustica..........................................................................................23

    3.2.1 Critrios de incluso............................................................23

    3.2.2 Critrios de excluso...........................................................24

    3.3 Delineamento experimental...............................................................25

    3.4 Interveno........................................................................................26

    3.4.1 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)...............26

    3.4.2 Protocolo de exerccios do grupo controle (GC)..................32

    3.4.3 Protocolo dos exerccios aerbicos.....................................35

    3.5 Avaliaes.........................................................................................36

    3.5.1 Caracterizao Amostral.....................................................36

    3.5.2 Prova de funo pulmonar simples.....................................36

    3.5.3. Padro respiratrio, mobilidade e sincronia

    toracoabdominal...........................................................................37

    3.5.3.1 Avaliao do POE durante o exerccio..................41

    3.5.4 Atividade muscular respiratria...........................................43

    3.5.5 Capacidade Funcional.........................................................44

    3.6 Anlise Estatstica.............................................................................45

    4 RESULTADOS...............................................................................................47

    4.1 Cinemtica toracoabdominal.............................................................50

    4.2 Atividade muscular............................................................................54

    4.3 Capacidade funcional e Dispneia......................................................56

  • x

    5 DISCUSSO...................................................................................................59

    5.1 Cinemtica toracoabdominal.............................................................60

    5.2 Atividade muscular............................................................................63

    5.3 Capacidade funcional e dispneia......................................................65

    5.4 Limitaes.........................................................................................68

    6 CONCLUSO.................................................................................................70

    7 REFERNCIAS .............................................................................................72

    8 ANEXOS.........................................................................................................90

  • xi

    LISTA DE ABREVIATURAS

    ABD: Volume abdominal

    ALAT: Associao Latino-Americana de Trax

    ATS: American Thoracic Society

    BORG: Escala de dispneia

    CPT: Capacidade Pulmonar Total

    CRF: Capacidade Residual Funcional

    CT/ABD: Razo entre a contribuio da caixa torcica e abdmen

    CT: Volume da caixa torcica

    CVF: Capacidade vital forada

    DATASUS: Departamento de informtica do sistema nico de sade

    DPOC: Doena pulmonar obstrutiva crnica

    EMG: Eletromiografia

    EMG/Vt: Razo entre atividade muscular e o volume corrente total

    F: Feminino

    FCMx: Frequncia cardaca mxima

    FE: Fluxo expiratrio

    FI: Fluxo inspiratrio

    GC: Grupo controle

    GOLD: Global initiative for chronic obstructive lung disease

    GT: Grupo tratado

    HCFMUSP: Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da Universidade

    de So Paulo

  • xii

    Hz: Hertz

    Kg/m2: Kilograma por metro quadrado (unidade do IMC)

    L: Litros

    M: Masculino

    mL: Mililitros

    mV: Milivolt

    mV/L: Milivolt por litro

    O2: Oxignio

    OTG: rgo tendinoso de Golgi

    PaCO2: Presso parcial de gs carbnico

    POE: Pletismgrafo optoeletrnica

    RP: Reabilitao pulmonar

    SpO2: Saturao Perifrica de Oxignio

    TC6: Teste de caminhada dos 6 minutos

    TI: Volume do trax inferior

    TS: Volume corrente do trax superior

    VE: Volume minuto

    VEF1: Volume expiratrio forado no primeiro segundo

    VEF1/CVF: Relao do volume expiratrio forado no primeiro segundo e

    capacidade vital forada

    VR: Volume Residual

    Vt: Volume corrente

    WMx: Carga mxima em Watts

    : Variao

  • xiii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1. Desenho experimental.......................................................................25

    Figura 2: Anatomia e tcnica de alongamento do peitoral maior......................28

    Figura 3: Anatomia e tcnica de alongamento do escaleno.............................28

    Figura 4: Anatomia e a tcnica de alongamento do Esternocleidomastoideo..29

    Figura 5: Anatomia e a tcnica de alongamento do Trapzio Superior............30

    Figura 6: Anatomia e a tcnica de alongamento do peitoral menor..................30

    Figura 7: Anatomia e a tcnica de alongamento do Serrtil Anterior e

    Intercostais.........................................................................................................31

    Figura 8: Anatomia e a tcnica de alongamento dos msculos

    abdominais.........................................................................................................32

    Figura 9: Anatomia e a tcnica de alongamento dos flexores do punho..........33

    Figura 10: Anatomia e a tcnica de alongamento dos extensores do punho...33

  • xiv

    Figura11: Anatomia e a tcnica de alongamento dos extensores do

    tornozelo............................................................................................................34

    Figura 12: Anatomia e a tcnica de alongamento dos msculos dos flexores do

    tornozelo............................................................................................................35

    Figura13: Imagem tridimensional gerada pelo OEP.........................................38

    Figura14: Disposio das 89 esferas reflexivas...............................................38

    Figura15: Laboratrio do POE, com a disposio das cmeras e da bicicleta.40

    Figura16: Captao e anlise dos dados do volume toracoabdominal............40

    Figura17: Paciente realizando a avaliao com carga no cicloergmetro no

    POE...................................................................................................................42

    Figura 18: Desenho experimental da avaliao do OEP..................................42

    Figura19: Eletromigrafo da BTS Engeneering................................................44

    Figura 20: Fluxograma do estudo.....................................................................49

  • xv

    Figura 21. Efeitos do alongamento muscular respiratrio na mecnica

    ventilatria durante o exerccio. Os dados foram apresentados em mdia e

    desvio padro, representado pela diferena () = ps- - pr-interveno. Houve

    um aumento estatisticamente significante do volume da CT e do ABD no GT. O

    exerccio foi realizado com 25% da carga mxima predito na equao de

    Jones25. GC= Grupo Controle; GT= Grupo Tratado; CT= Caixa totcica total;

    TS= Trax superior; TI= Trax inferior; ABD= Abdomen; * = p < 0.05 GC vs. GT

    (teste t no pareado)..........................................................................................51

    Figura 22: Efeitos do alongamento muscular respiratrio no volume minuto

    (VE) durante o exerccio. Os dados foram apresentados em mdia e desvio

    padro, representado pela diferena () = ps- - pr-interveno. Ambas

    apresentaram diferenas, houve um aumento estatisticamente significante de

    4L no volume minuto (VE) no GT em relao do GC. O exerccio foi realizado

    com 25% da carga mxima predito na equao de Jones25. GC= Grupo

    Controle; GT= Grupo Tratado; * = p < 0.05 GC vs. GT (teste t no pareado)...52

    Figura 23: Efeitos do alongamento muscular respiratrio no fluxo expiratrio

    (FE) durante o exerccio. Os dados foram apresentados em mdia e desvio

    padro, representado pela diferena () = ps- - pr-interveno. Ambas

    apresentaram diferenas, houve um aumento estatisticamente significante de

    100mL no fluxo expiratrio (FE) no GT em relao do GC. O exerccio foi

    realizado com 25% da carga mxima predito na equao de Jones25. GC=

  • xvi

    Grupo Controle; GT= Grupo Tratado; * = p < 0.05 GC vs. GT (teste t no

    pareado).............................................................................................................53

    Figura 24: Efeitos do alongamento muscular respiratrio na relao da

    contribuio da caixa torcica e abdmen (CT/ABD), durante o exerccio. Os

    dados foram apresentados em mdia e desvio padro, representado pela

    diferena () = ps- - pr-interveno. O exerccio foi realizado com 25% da

    carga mxima predito na equao de Jones25. Foi observado a reduo

    estatisticamente significante dos valores no GT em relao do GC da relao

    CT/AB, que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal.

    GC= Grupo Controle; GT= Grupo Tratado; CT= Participao da caixa torcica;

    ABD= Participao abdominal; * = p < 0.05 GC vs. GT (teste t no pareado)..54

    Figura 25: Efeitos do alongamento muscular respiratrio na atividade

    muscular. Os dados foram apresentados em mdia e desvio padro,

    representado pela diferena () = ps- - pr-interveno. Foi constatada uma

    diminuio estatisticamente significante da atividade dos msculos

    esternocleidomastoideo e intercostal superior no GT. O exerccio foi realizado

    com 25% da carga mxima predito na equao de Jones25. GC= Grupo

    Controle; GT= Grupo Tratado; * = p < 0.05 GC vs. GT (teste t no pareado)...55

    Figura 26: Efeitos do alongamento muscular respiratrio na relao entre a

    atividade muscular e o volume corrente (EMG/Vt). Os dados foram

    apresentados em mdia e desvio padro, representado pela diferena () =

  • xvii

    ps- - pr-interveno. Observou-se uma diminuio estatisticamente

    significante da EMG/Vt no GT. O exerccio foi realizado com 25% da carga

    mxima predito na equao de Jones25. GC= Grupo Controle; GT= Grupo

    Tratado; * = p < 0.05 GC vs. GT (teste t no pareado)..................................... 56

    Figura 27: Efeitos do alongamento muscular respiratrio na escala de BORG.

    Os dados foram apresentados. Os dados foram apresentados em mdia e

    desvio padro, representado pela diferena () = ps- - pr-interveno. Aps

    o tratamento ambos apresentaram diminuio da dispneia, mas somente no GT

    houve uma diminuio na comparao com o GC e com seus dados iniciais no

    pr exerccio. O exerccio foi realizado com 25% da carga mxima predito na

    equao de Jones25. GC= Grupo Controle; GT= Grupo Tratado; BORG= Escala

    de dispneia; TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos; * = p < 0.05 pr vs ps

    interveno; +=p

  • xviii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Caracterizao amostral basal dos pacientes do estudo..................50

  • xix

    RESUMO

    Efeitos do alongamento da musculatura respiratria pelas tcnicas de

    alongamento passivo e contrao-relaxamento na mecnica ventilatria e

    na capacidade funcional de pacientes com doena pulmonar obstrutiva

    crnica

    Os pacientes com doena pulmonar obstrutiva crnica (DPOC), devido

    obstruo brnquica e reduo da retrao elstica pulmonar apresentam o

    aumento do recrutamento da musculatura respiratria, predispondo

    incoordenao toracoabdominal, aumentando o trabalho respiratrio,

    provocando fadiga e dispnia. O alongamento dos msculos respiratrios

    (AMR) poderia diminuir a atividade muscular, melhorar a sua capacidade

    contrtil e a mobilidade da caixa torcica otimizando a ventilao pulmonar,

    entretanto, estes efeitos nos msculos respiratrios permanecem

    desconhecidos. Objetivo: Avaliar os efeitos da adio do AMR associados

    reabilitao pulmonar na mecnica ventilatria, na capacidade funcional e na

    atividade muscular em pacientes com DPOC. Mtodo: Estudo randomizado e

    controlado incluiu 30 pacientes com DPOC que foram distribudos

    aleatoriamente para os grupos: tratado (GT, n = 15) e controle (GC, n = 15).

    Todos os pacientes foram submetidos a 24 sesses de treinamento aerbico

    duas vezes por semana. Alm disso, o GT recebeu AMR e o GC recebeu o

    alongamento dos membros superiores e inferiores, antes dos exerccios

    aerbicos. Foram avaliados: teste da capacidade funcional (teste de caminhada

  • xx

    de 6 minutos, TC6), mecnica toracoabdominal (pletismografia optoeletrnica,

    POE) e atividade muscular respiratria (eletromiografia de superfcie, EMG)

    durante o exerccio. Os dados representam a variao ()=ps- - pr-

    avaliao, foi utilizado o teste t para comparar os grupos e o nvel de

    significncia foi fixado em 5%. Resultados: O GT apresentou o aumento da

    capacidade funcional (25,14m +) com a reduo da sensao de dispneia aps

    o TC6 (p

  • xxi

    SUMMARY

    Effects of respiratory muscle stretching with passive and hold-relax

    techniques on ventilatory mechanics and functional capacity in patients

    with chronic obstructive pulmonary disease

    Chronic obstructive pulmonary disease (COPD) patients due to bronchial

    obstruction and reduced lung elastic recoil present increased in the recruitment

    of respiratory muscles, predisposing an thoracoabdominal incoordination, major

    breathing work, causing fatigue and dyspnea. The respiratory muscles

    stretching (RMS) could decrease the muscle activity and improve their

    contractile capacity, chest wall mobility and optimize the pulmonary ventilation,

    however, this effect remains unknown. Objective: To evaluate the effects of

    adding the RMS associated with pulmonary rehabilitation in ventilatory

    mechanics, functional capacity and muscle activity in patients with COPD.

    Method: Randomized and controlled trial, enrolled 30 COPD patients who were

    randomly allocated into treatment (TG, n = 15) and control (CG, n = 15) groups.

    All patients underwent 24 sessions of aerobic training twice a week. In Addition,

    TG received RMS and CG received upper and lower limb stretching before

    aerobic exercises. Were evaluated: functional capacity (6-minute walking

    distance test, 6MWDT), thoracoabdominal mechanics (optoelectronic

    plethysmography, OEP) and respiratory muscle activity (surface

    electromyography, EMG) during exercise. The data represents the change () =

    post- - pre-evaluation, a t-test was used to compare the groups, and the

  • xxii

    significance level was set at 5%. Results: TG showed improvement in the

    functional capacity (25,14m +) with decrease of the dyspnea sensation after the

    6MWDT (p

  • 1. INTRODUO

  • 2

    1.1 Definio e Incidncias

    A doena pulmonar obstrutiva crnica (DPOC) definida como uma

    patologia pulmonar, previsvel e tratvel caracterizada pela limitao

    persistente do fluxo areo, aprisionamento areo e hiperinsuflao com carter

    de limitao progressiva, associados ao aumento da resposta inflamatria das

    vias areas e dos pulmes decorrente da exposio aos gases e partculas

    nocivas (GOLD, 2013). Os processos inflamatrios causam alteraes

    brnquicas e destruio do parnquima pulmonar que podem variar de

    indivduo para indivduo, resultando no decrscimo da elasticidade tecidual

    pulmonar e diminuio da capacidade ventilatria (Celli et al., 2004; Laizo,

    2009).

    A bronquite crnica e o enfisema pulmonar so responsveis pela

    denominao da DPOC, decorrente habitualmente do tabagismo, embora

    outras formas possam estar envolvidas em sua patognese, tal como a

    deficincia de 1-antitripsina (Wood et al., 2008). O enfisema pulmonar

    definido pelo aumento anormal e permanente dos espaos areos distais do

    bronquolo terminal, acompanhado pela destruio do parnquima pulmonar.

    Na ausncia de uma fibrose evidente o principal distrbio funcional do enfisema

    a perda da retrao elstica tecidual associada ao colabamento das vias

    areas (Fabbri et al., 2008). A bronquite crnica definida clinicamente pela

    presena de tosse crnica com produo de secreo por vrios dias da

    semana por 3 meses em um ano por mais de 2 anos consecutivos. Apresentam

  • 3

    edema e inflamao da mucosa brnquica associada ao aumento do nmero e

    do tamanho das glndulas secretoras de muco e remodelao estrutural

    recorrente da parede dos brnquios (Figuero et al., 2005). Evidenciam-se em

    ambas, a diminuio da luz brnquica e limitao da mobilidade da caixa

    torcica com diminuio da capacidade respiratria, caracterizando um

    distrbio ventilatrio obstrutivo com aprisionamento areo geralmente grave e

    irreversvel (Colom et al., 2006).

    No Brasil, a DPOC ocupa a 5 posio entre as principais causas de

    morte, lder em mortalidade entre as doenas respiratrias, onde 290 mil

    pacientes so internados anualmente, gerando um gasto importante ao sistema

    de sade do pas. Os dados de prevalncia obtidos at o momento atravs dos

    questionrios sintomatolgicos permitiram estimar a DPOC em adultos maiores

    de 40 anos em 12% dessa populao, ou seja, 5.500.000 indivduos. To

    importante quanto os gastos diretos so os indiretos, como os dias de trabalho

    perdidos e aposentadoria precoce (II Consenso Brasileiro de DPOC, 2004).

    Associao Latino-Americana de Trax (ALAT), constituda pelo Brasil,

    Venezuela, Mxico, Uruguai e Chile, desenvolveram um estudo chamado

    PLATINO em 2006, com colaborao da Burden of Obstructive Lung Disease.

    Se considerarmos os dados preliminares a prevalncia da DPOC varia de 6 a

    15,8% da populao brasileira com idade igual ou superior a 40 anos, que

    equivale a 2.800.000 a 6.900.000 indivduos, dados estes, que corroboram com

    o Consenso Brasileiro de DPOC.

  • 4

    O nmero de bitos tm aumentado nos ltimos 20 anos, em ambos os

    sexos, a taxa de mortalidade passou de 7,88 por 100.000 habitantes na dcada

    de 80, para 19,04 por 100.000 habitantes na dcada de 90, com um

    crescimento de 230% (Laizo, 2009). Segundo dados do DATASUS, a DPOC

    gerou no ano de 2010, no Sistema Nacional de Sade Pblica, 141.994

    hospitalizaes que levaram a 778.428 dias de internao. O custo total dessas

    internaes foi de R$ 92.434.415,51 e 7.937 mortes diretamente relacionadas

    com a DPOC. Estima-se que, at 2025, 75% das mortes prematuras

    respiratrias sero provocadas pelo tabagismo (De Godoy et al., 2007).

    1.2 Fisiopatologia

    A obstruo brnquica e a diminuio do recolhimento elstico

    desencadeados pela doena alteram a mecnica pulmonar, que desloca o

    ponto de igual presso das vias areas, favorecendo o aprisionamento de ar,

    desencadeando a hiperinsuflao e a diminuio da capacidade respiratria

    aos grandes esforos, subsequentemente, ao repouso (Senol et al., 2006;

    Fabbri et al., 2008). A configurao alterada da caixa torcica deslocam os

    msculos respiratrios (De Troyer., 1997), inclusive o diafragma, para uma

    posio de encurtamento e desvantagem mecnica, prejudicando

    gradativamente a mobilidade toracoabdominal levando ao aumento do trabalho

  • 5

    respiratrio, limitao da ventilao pulmonar e agravamento a sensao de

    dispneia (Yamaguti et al., 2012; OKroy et al., 2000).

    A limitao do fluxo ventilatrio, faz com que a capacidade residual

    funcional (CRF) se desloque em direo da capacidade pulmonar total (CPT).

    A fora dos msculos inspiratrios exigida para o aumento do volume, mas a

    contrao muscular eficaz somente em esforos leves e moderados. A maior

    demanda ventilatria obriga a CRF se deslocar ainda mais em direo CPT e

    a fora inspiratria no tem capacidade de gerar o ganho volumtrico

    agravando a dispneia, o que leva a interrupo do exerccio (Calverley, 2006).

    A DPOC no somente uma doena respiratria e sim sistmica, a

    hiperinsuflao pulmonar afeta o sistema cardiovascular, pois a alterao da

    presso intratorcica reduz o enchimento cardaco e consequentemente o

    dbito cardaco (Stark-leyva et al., 2004). As disfunes sseas so

    decorrentes, principalmente, da inatividade fsica, do uso de corticesterides e

    pela desnutrio (Ferguson et al., 2009), assim como as neuropatias perifricas,

    incluindo do nervo frnico ocasionando a depresso da excitabilidade e da

    conduo neural (Jann et al., 1998). A hipoxemia possivelmente seja

    responsvel pelas alteraes cognitivas, que compromete a memria verbal e a

    compreenso (Dodd et al., 2010), em contrapartida, a depresso e a ansiedade

    so associados principalmente sensao de desconforto respiratrio e

    limitao da atividade de vida diria (Wagena, 2005). O refluxo gastroesofgico

    outra alterao que provavelmente seja decorrente da diminuio da

    capacidade contrtil muscular diafragmtica, pois com a sua horizontalizao,

  • 6

    perde-se a eficincia contrtil e reduz da presso do esfncter gastroesofgico

    (Hurst et al., 2008; Boutou et al., 2011). Dentre as alteraes sistmicas da

    DPOC, o sistema msculo-esqueltico um dos mais afetados, e est

    relacionado com o agravamento da patologia e ao aumento do ndice de

    mortalidade devido ao descondicionamento fsico (Dourado et al., 2006;

    Swallow et al., 2007; Dodd et al., 2012).

    1.3 Sistema msculo-esqueltico

    O sistema msculo-esqueltico afetado pela inflamao crnica

    sistmica da DPOC, processo que induz a liberao de mediadores qumicos

    inflamatrios acelerando a degradao proteica e aumentando o estresse

    oxidativo muscular (Andreassen e Vestbo, 2003; Macintyre, 2006). O transporte

    de oxignio para o citoplasma celular dos msculos fica comprometido, esse

    oxignio fica inutilizado por no conseguir chegar de forma eficiente nas

    mitocndrias (Shrikrishna, 2009; Barreiro, 2013). As alteraes metablicas

    enzimticas e hormonais anablicas quando associadas diminuio dos

    capilares sanguneos provocam a reduo das fibras musculares do tipo I e II

    (Ries et al., 2007; Strasser et al., 2013). Devido a estes fatores, todos os

    msculos, inclusive os respiratrios, trabalham de forma anaerbica ao mnimo

    esforo, acumulando lactato ocasionando a fadiga precoce ao exerccio e ao

    descondicionamento sistmico (Wagena, 2005; Hostettler et al., 2011).

  • 7

    1.4 Diagnstico e Sintomas

    Para o diagnstico, utilizado principalmente a espirometria, por que a

    obteno da curva expiratria volume-tempo obrigatria na suspeita clnica

    de DPOC, devendo ser realizada antes e aps administrao de

    broncodilatador, na fase estvel da doena. A espirometria permite a avaliao

    de uma multiplicidade de parmetros, porm os mais importantes do ponto de

    vista de aplicao clnica so a CVF (capacidade vital forada), o VEF1 (volume

    expiratrio forado no primeiro segundo), e a relao sua relao (VEF1/CVF).

    A existncia da limitao do fluxo areo definida pela presena da relao

    VEF1/CVF abaixo de 0,70 ps-broncodilatador e pelos dados de VEF1: 80%

    do predito (leve); 50% e < 80% do predito (moderado) e 30% e < 50% do

    predito (grave) (GOLD, 2013).

    A DPOC apresenta, tambm, o aumento do volume residual (VR), da

    capacidade pulmonar total (CPT) e da capacidade residual funcional (CRF)

    (Camargo et al., 2008). Deve-se solicitar o exame radiolgico de forma rotineira,

    nas posies pstero-anterior e perfil, mas dificilmente ser utilizado para o

    diagnstico da doena e sim para descartar outras patologias como a

    neoplasias, bolhas e para acompanhar o prognstico da doena (II Consenso

    Brasileiro sobre Doena Pulmonar Obstrutiva Crnica, 2004).

    A presena de sintomas respiratrios crnicos no paciente com hbito

    tabgico (cigarro, cigarrilha, cachimbo, charuto) deve levar a suspeita clnica da

  • 8

    DPOC. O tabagismo considerado um problema de sade pblica e so

    atribudos a esse vcio 90% dos casos de cancro no pulmo, 86% de bronquite

    e enfisema, 25% dos processos isqumicos do corao e 30% dos cancros

    extrapulmonares (Laizo, 2009). A tosse, o chiado e a dispneia, esto

    frequentemente presentes, tendo sido relatado em 83% dos casos (Nishimura

    et al., 2002; Laveneziana et al., 2011).

    A dispneia o sintoma mais importante dos pacientes com DPOC,

    Montaldo et al. (2000) acreditam que os estmulos aferentes provenientes das

    tenses do sistema msculo-esqueltico da regio toracoabdominal, aps

    serem processados nos centros respiratrios aumentam a percepo da

    dispneia (Breslin et al., 1998). Outro fator so os estmulos dos quimioceptores

    sensveis s variaes de PaCO2 e s alteraes dos mecanoceptores

    articulares e musculares da caixa torcica (Burki e Lee, 2010). Classicamente,

    o instrumento mais utilizado para avaliao da dispneia a escala modificada

    de Borg (1982), a sensao de falta de ar est associada com a incapacidade

    fsica, piora da qualidade de vida e do prognstico clnico. Os pacientes

    normalmente referem os sintomas em uma fase mais avanada da doena e

    frequentemente relaciona a limitao das atividades ao descondicionamento

    muscular perifrico (Castro et al., 2012).

    Szczegielniak et al. (2011), demonstraram que os exerccios aerbicos

    reduzem os nveis inflamatrios caractersticos da DPOC e melhora o

    condicionamento fsico, permitindo a melhora das atividades dirias. Por esta

  • 9

    razo cada vez mais a reabilitao pulmonar vem adquirindo mais importncia

    no mbito cientfico.

    1.5 Reabilitao pulmonar

    A reabilitao pulmonar (RP) um programa baseado em evidncias,

    constitudo pelo treinamento aerbico e resistido, associado aos programas

    educacionais, intervenes nutricionais e suporte psicolgico para os pacientes

    com DPOC. O objetivo otimizar a performance fsica, funcional, social,

    psicolgica e autonmica dos pacientes. realizada por uma equipe

    multidisciplinar composta por mdicos, fisioterapeutas, enfermeiros,

    nutricionistas, psiclogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais (ATS,

    2013). capaz de auxiliar na atenuao das limitaes do sistema

    musculoesqueltico, por isso, melhora a qualidade de vida e garante o mximo

    da sua independncia e funcionalidade em seu meio (Carrieri-Kohlman et al.,

    2005; Garcia-Aymerich et al., 2006; Ries et al., 2007;).

    O treinamento aerbico realizado em bicicleta ou esteira ergomtrica o

    principal componente da RP, conforme observados em alguns estudos, ele

    promove o aumento do tamanho das fibras do tipo I, e na quantidade de

    capilares musculares em DPOC (Montes de Oca et al., 2005). A intensidade

    pode ser ajustada pela frequncia cardaca ou pelo teste de caminhada

    (Figueiredo e Guimares, 2009), sendo necessrio no mnimo 10 semanas de

  • 10

    interveno com 2 sesses semanais (Rossi et al., 2005). Mas os indivduos

    apresentam respostas diferentes quando submetidos RP, sobretudo nos

    fatores que limitam o exerccio fsico. Plankell et al., (2005), realizaram um

    estudo e constataram que pacientes s apresentam um bom condicionamento

    cardiorrespiratrio quando realizava exerccios aerbicos de alta intensidade.

    A RP tem sido reconhecida nos ltimos anos como parte fundamental do

    tratamento da DPOC, pois oferece inmeros estudos com resultados positivos

    para os pacientes. Dentre eles, a melhora da tolerncia ao exerccio (Yoshimi

    et al., 2012), reduo da demanda ventilatria em esforo submximo, melhora

    da eficincia do trabalho, diminuio da dispneia e melhora da atividade de

    vida diria (Godoy et al., 2009). Apesar dos benefcios nos pacientes com

    DPOC, at o presente momento, nenhum exerccio conseguiu atuar

    eficientemente na mecnica ventilatria (Georgiadou et al., 2007). Por esta

    razo, alguns estudos buscaram outras alternativas para interferir diretamente

    nos msculos respiratrios, com o objetivo de potencializar os efeitos positivos

    j demonstrados pela RP.

    1.6 Msculos respiratrios

    O diafragma o principal msculo respiratrio, durante a inspirao

    realiza a contrao das cpulas diafragmticas que descendem e gera um

    aumento da presso intra-abdominal, que serve de sustentao para a

  • 11

    expanso da caixa torcica potencializada pela associao da contrao dos

    msculos respiratrios (Man et al., 2012). Tem sido demonstrado na literatura,

    encurtamento em torno de 28 a 40% do diafragma na DPOC, fato este que

    compromete a mobilidade e funcionalidade toracoabdominal, com repercusso

    na capacidade ventilatria e na tenso dos msculos da caixa torcica de

    forma de compensatria a diminuio da contrao diafragmtica (Iwasawa et

    al,. 2002; Vilar et al., 2010).

    Os principais msculos acessrios respiratrios so o peitoral menor,

    escalenos, esternocleidomastideo, intercostais e abdominais avaliados pela

    eletromiografia (Gandevia et al., 2006; Duiverman et al., 2004), eles participam

    na fase inspiratria, favorecendo a expanso da caixa torcica pela trao

    costal (De Troyer et al., 1994; Taylor et al., 1990). Durante a inspirao forada

    outros msculos so solicitados, como o peitoral maior e o trapzio (Putt, et al.,

    2008). Estudos mais recentes tm demonstrado que a atividade muscular do

    esternocleidomastrideo, intercostais, peitoral menor, latssimo do dorso e dos

    escalenos tanto em condies de repouso quanto no exerccio so maiores em

    pacientes com DPOC quando comparada aos indivduos sadios (Donaldson et

    al., 2012). Os msculos abdominais desempenham um papel importante no

    mecanismo expiratrio e a sua contrao est associada a outras musculaturas

    expiratrias que potencializam no mecanismo de depresso costal para a sada

    de ar (Georgiadou et al., 2007).

    Na DPOC, os msculos respiratrios sustentam a contrao para

    aumentar expanso da caixa torcica com o objetivo de incrementar o fluxo

  • 12

    ventilatrio. Essa diminuio do comprimento das fibras musculares prejudica a

    eficincia da fora contrtil mxima, pois perde a sobreposio fisiolgica ideal

    entre os filamentos de actina e miosina (Izumizaki et al., 2008, Ito, 1999),

    aumentando o gasto energtico e a fadiga durante os exerccios fsicos

    (Kokkonen et al., 2007; Gea et al., 2013). Essas alteraes de comprimento e

    tenso do sistema musculo-esqueltico da regio toracoabdominal geram a

    estimulao mecanoceptoras locais (fusos musculares e os receptores

    articulares) que alteram os estmulos neurolgicos aos centros motores e

    respiratrios (Montaldo et al., 2000). Estes centros, por sua vez, desencadeiam

    a mudana da taxa de disparo do nervo frnico que controla a cadncia e a

    frequncia da contrao diafragmtica (Burki e Lee, 2010).

    A partir destes conceitos prvios da relao entre a mobilidade e as

    alteraes sintomatolgicas da patologia pulmonar, estudos de interveno nos

    msculos respiratrios ganharam importncia cientfica (ATS, 2013). A tcnica

    de alongamento muscular foi escolhida pela maioria, pois veio de encontro aos

    conceitos do aumento da mobilidade tecidual, perdida na DPOC. A maioria dos

    trabalhos tiveram como objetivo principal, aumentar a viscoelasticidade

    muscular para gerar acomodao dos mecanoceptores da caixa torcica,

    sendo assim, regularia os centros respiratrios e, consequentemente

    melhoraria o trabalho respiratrio com reduo dos sintomas (Manning e

    Schwartzstein, 1995; Montaldo et al., 2000).

  • 13

    1.7 Alongamento Muscular

    Bonnar, et al. (2004), consideram que o alongamento busca aumentar o

    espao entre os filamentos de actina e miosina com o objetivo de devolver a

    sobreposio fisiolgica ideal da actina e miosina para potencializar a

    capacidade contrtil muscular (Shrier, 2004; Izumizaki et al., 2008). O

    alongamento pode regular o mecanismo contrtil a partir do equilbrio do clcio

    citoplasmtico pela ativao do retculo sarcoplasmtico (Nakamura et al,

    2012), alm de promover a diminuio da tenso tecidual pela remodelao

    dos fibroblastos (Riley e Van Dyke, 2012). Kokonnen (2007) constataram que o

    tambm diminui o torque muscular sem alterao significante da amplitude

    articular de forma aguda, mas quando realizado de forma regular, os msculos

    apresentaram uma melhora na velocidade de contrao, fora e endurance

    muscular alm de melhorar a amplitude de movimento.

    No incio do sculo 20, Sherrington definiu os primeiros conceitos da

    facilitao e inibio autognica, a partir destes fundamentos, foram

    desenvolvidas diversas tcnicas de alongamento muscular. A inibio

    autognica um dos principais mecanismos neurofisiolgicos do alongamento,

    que consiste na reduo da excitabilidade motora a partir de uma contrao ou

    alongamento muscular (Bonnar et al., 2004). Esse efeito atribudo

    primeiramente pelos fusos neuromusculares, que desencadeiam respostas

    musculares particulares para cada tipo de estmulo. Isto , agudamente, o

    alongamento causa a estimulao intensa e abrupta dos nervos sensitivos, que

  • 14

    desencadeia uma resposta medular eferente motora das fibras extra-fusais

    gerando a aumento da atividade muscular e contrao intensa, com restrio

    da mobilidade tecidual (Morse et al., 2008; Mukherjee et al., 2010; McHugh et

    al., 2010). Para a interveno crnica, onde so realizadas diversas sesses

    de alongamentos, existe uma remodelao maior das propriedades

    viscoelsticas (tixotrpicas) do tecido conjuntivo que envolve as fibras

    musculares, com isso a limiar excitatrio do fuso neuromuscular diminui e o

    estmulo contrtil tensional eferente tambm (Taylor et al., 1990; Izumizaki et

    al., 2006).

    O mecanismo contrrio ao fuso neuromuscular so as estimulaes dos

    receptores musculotendineos chamados de rgos tendinosos de Golgi (OTG).

    A partir da tenso em estiramento do alongamento na regio miotendnea,

    desencadeia um potencial de ao sensitivo do OTG, que inibe a atividade

    muscular via nervos eferentes motores. A intensidade desse mecanismo

    inibitrio est relacionado com o tamanho da superfcie tendnea e com a

    quantidade de tenso exercida sobre ela. Acreditava-se que somente em

    tenso abruptas, ou grande intensidade, estimularia o OTG, ou seja, que

    atuaria somente em situaes de grande estresse tecidual. Mas os ltimos

    estudos apontam que o OTG, alm de atuar em situaes de sobrecarga, a sua

    ao constante com o objetivo de inibir o mecanismo contrtil voluntrio e

    protetor do fuso neuromuscular (Mukherjee e Chakravarty, 2012). Com o ganho

    da viscoelasticidade do tecido conjuntivo, ele tambm causa acomodao do

    OTG, assim como nos fusos, e isso pode acarretar na alterao da ao

    inibitria, pois o limiar de disparo pela tenso pode diminuir ou aumentar,

  • 15

    dependendo da anatomia musculotendnea do msculo tratado (Hindle et al.,

    2012).

    Para obter uma resposta positiva do alongamento recomendado

    realiz-lo sustentando por no mnimo 30 segundos, duas vezes por semana por

    6 semanas (Reid e Mcnair, 2004; Decicco e Fisher, 2005; Magnusson et al.,

    1996). Dentre as diversas tcnicas, a contrao-relaxamento apresenta a maior

    eficcia no ganho da excurso muscular, a tcnica se baseia na associao do

    alongamento passivo intercaladas com contrao isomtricas (Holcomb, 2000).

    Alguns estudos tm verificado os efeitos do alongamento dos msculos

    respiratrios em pacientes com DPOC. O primeiro trabalho de maior relevncia

    foi de Ito et al. (1999), eles observaram a melhora da funo pulmonar e da

    dispneia em 16 sujeitos com DPOC que receberam o alongamento, quando

    comparados ao grupo que realizaram exerccios diafragmticos, assim como

    Minoguchi et al. (2002), com o diferencial que eles realizaram a interveno

    crnica (1 ms) em 12 pacientes. Contrariando estes resultados, Izumizaki et al.

    (2006 e 2008), realizaram o protocolo de interveno aguda de alongamento

    muscular da caixa torcica, com 10 e 14 pacientes respectivamente, e

    constataram uma diminuio da funo pulmonar e sem alterao da dispneia.

    Outros trabalhos, com o mesmo conceito de interveno, constataram o

    aumento da mobilidade toracoabdominal, avaliados pela cirtometria associados

    melhora da capacidade funcional (Paulin et al., 2005; Luularungrayub et al.,

    2009). Mas os trabalhos de Noll et al. (2008 e 2009), de interveno crnica e

    aguda, respectivamente, aps o mesmo protocolo de tratamento muscular,

  • 16

    demonstraram piora da mobilidade e da capacidade funcional. Atualmente, s

    existe um estudo na literatura, de Cunha et al. (2005), que avaliaram a

    atividade muscular respiratria com eletromiografia de superfcie aps a

    interveno nos pacientes com DPOC e apresentou melhoras nos parmetros

    avaliados.

    Devido aos dados contraditrios dos efeitos do alongamento dos

    msculos da caixa torcica presente na literatura, Heneghan et al. (2012),

    concluram em sua reviso sistemtica que atualmente no existem evidncias

    que suportem os benefcios deste tipo de interveno em pacientes com DPOC.

    Apesar da importncia que os estudos prvios representaram para a

    comunidade cientfica, eles apresentaram limitaes metodolgicas

    importantes, pois poucos so os estudos controlados e aleatorizados e tambm,

    a aleatorizao dos pacientes raramente so descritas. Outro ponto importante

    a ser destacado, o fato de realizarem a interveno com avaliao aguda,

    estudos recentes demonstraram que msculo se comporta diferente quando

    comparado com a interveno crnica. Alm disso, os trabalhos utilizaram

    ferramentas de avaliao da mobilidade toracoabdominal de pouca acurcia,

    como a cirtometria, e atualmente, com os avanos tecnolgicos existem

    sistemas mais avanados como o pletismgrafo optoeletnico (POE), para a

    avaliao da mecnica ventilatria (Aliverti et al., 2000).

  • 17

    1.8 Mtodos para a anlise da mecnica ventilatria

    A avaliao dos padres respiratrios importante para a melhor

    compreenso da mecnica respiratria, visando o desenvolvimento e a melhor

    compreenso dos tratamentos fisioteraputicos alm de contribuir para as

    pesquisas cientficas (Parreira et al., 2012). Existem alguns mtodos validados

    que quantifica a mobilidade toracoabdominal, como a pletismografia por

    indutncia (Respitrace), um aparelho composto por faixas elsticas sensveis

    tenso e compresso, posicionadas ao redor da caixa torcia e abdominal.

    Elas so conectadas a um mdulo oscilador e uma unidade de calibrao, os

    dados do movimento das faixas so coletados e atravs de um software

    analisados em tempo real as variveis da mecnica ventilatria (Gosselink et

    al., 1995; Costa et al., 2011; Fernandes et al., 2011).

    Para a avaliao da expansibilidade os estudos ainda utilizam a

    cirtometria, que, atravs de uma fita mtrica, mensura-se o dimetro da regio

    axilar, xifoide e abdominal durante a inspirao e expirao mxima. So

    quantificados a excurso em centmetros, atualmente, no considerado um

    exame fidedigno devido analise subjetiva dos parmetros avaliados (Rondelli

    et al., 2009).

    Com o avano tecnolgico, foi desenvolvido o Pletismgrafo

    Optoeletrnico (POE). Seu funcionamento baseia-se na anlise do movimento

    detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10

    milmetros (Dellac et al., 2010) posicionados na regio anterior e posterior da

    superfcie toracoabdominal (Romagnoli et al., 2008; Bianchi et al., 2007). O

  • 18

    deslocamento das esferas so captadas atravs de cmeras especiais que

    possuem diodos axiais que emitem feixes luzes infravermelho que refletido

    por cada marcador. Aps o sinal ser processado, so identificados o

    posicionamento das esferas na superfcie, a partir do cruzamento das

    informaes de cada cmera bidimensional, os dados so transformados em

    coordenadas tridimensionais (Boudarham et al., 2013).

    O POE possui algumas vantagens, dentre elas um mtodo no

    invasivo, no necessita de clipe nasal, mscaras ou qualquer similar, de

    calibrao simples e as avaliaes podem ser realizadas em vrias posturas

    (Alliverti et al., 2000), diferentes condies e em diversas disfunes e

    patologias (Vogiatzis et al., 2005; Bianchi et al., 2004). Este mtodo no possui

    diferenas significativas nos dados quando comparados com outros mtodos

    de diagnstico da mecnica toracoabdominal (Aliverti, 2008; Layton et al.,

    2013). possvel mensurar a cada ciclo respiratrio, variveis de volume e de

    tempo dos trs compartimentos da parede torcica e dos dois hemitrax, alm

    das variveis de assincronia toracoabdominal (Romagnoli et al., 2008; Aliverti

    et al., 2010; Boudarham et al., 2013). Por todas essas razes o POE tem

    ganhado grande destaque nos ltimos anos, nas pesquisas sobre a mecnica

    toracoabdominal, mas por ser uma tecnologia recente ainda carece de mais

    estudos.

    Os trabalhos que relacionaram os efeitos do alongamento dos msculos

    respiratrios na DPOC ainda so escassos, de baixo rigor metodolgico e at

    ento, nenhum existe nenhum trabalho foi avaliado pelo POE. Os efeitos

  • 19

    destas tcnicas associadas ao exerccio aerbico e o seu impacto na mecnica

    ventilatria permanecem desconhecidos. Sendo assim, parece relevante

    verificar a influncia dos alongamentos associados ao exerccio aerbico na

    mecnica ventilatria e na capacidade funcional dos pacientes com DPOC.

    1.9 Hiptese

    O alongamento dos msculos respiratrios potencializaria a capacidade

    contrtil e a excurso dos msculos respiratrios, que resultaria na melhora da

    mobilidade toracoabdominal, e possivelmente no aumento da capacidade

    ventilatria. Com isso, os pacientes com DPOC, conseguiriam realizar a

    atividade fsica desencadeando menos dispneia.

  • 2. OBJETIVOS

  • 21

    2.1 Primrio

    Avaliar os efeitos do alongamento dos msculos respiratrios

    associados ao treinamento aerbico na mecnica ventilatria e na capacidade

    funcional em indivduos portadores de DPOC, com graus moderado e grave

    durante o exerccio, comparado ao grupo controle (sham).

    2.2 Secundrio

    Avaliar a atividade muscular, eficincia muscular e mobilidade abdominal

    e observar se os dados obtidos possuem alguma relao com as variveis

    principais.

  • 3. CASUSTICA E METODOS

  • 23

    3.1 Aspectos ticos

    A pesquisa foi aprovada pelo Comit de tica (Cappesq) do Hospital das

    Clnicas da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo (HCFMUSP)

    sob o no 1295/09 e todos os pacientes assinaram o Termo de Consentimento

    Livre e Esclarecido, concordando em participar da pesquisa. O estudo foi

    registrado no Clinical Trials (NCT02036762).

    3.2 Casustica

    Foram analisados 28 pacientes portadores de DPOC com grau de

    obstruo moderada a grave em seguimento clnico no ambulatrio de

    pneumologia do HCFMUSP. O diagnstico de DPOC foi estabelecido de

    acordo com os critrios recomendados pela American Toracic Society (ATS,

    2013).

    3.2.1 Critrios de incluso

    Foram estudados pacientes portadores de DPOC, que aceitaram

    participar do estudo com autorizao por escrito, com grau de obstruo de

    moderado (VEF1 50% e < 80% previsto) a grave (VEF1 30% e < 50%

  • 24

    previsto) e VEF1/CVF < 0,70, diagnsticado h no mnimo 6 meses, com

    estabilidade clnica por pelo menos 1 ms em condio clnico medicamentosa

    otimizada de acordo com os critrios do GOLD (GOLD 2013). Os critrios de

    incluso foram: (1) idade >40 anos; (2) clinicamente estveis (sem alteraes

    medicamentosas ou agravamento dos sintomas h, pelo menos, 4 semanas

    antes do incio do estudo); (3) no O2 dependente; (4) ausncia de outras

    pneumopatias e doenas cardiovasculares associadas; (5) ausncia de

    cirurgias torcicas; (6) ausncia de deficincias cognitivas, fsicas ou

    comprometimento funcional que impossibilitasse a participao no estudo; (7)

    IMC: >18 e

  • 25

    Figura 1. Desenho experimental

    3.3 Delineamento experimental

    Ensaio clnico prospectivo, aleatorizado, controlado e de avaliador cego.

    Os pacientes participantes foram alocados em uma proporo de 1:1 nos

    grupos tratamento (GT) ou controle (GC) (n=15 cada). A aleatorizao foi feita

    por sorteio dos pacientes em envelopes pardos e opacos.

    Todos os pacientes foram avaliados em 2 momentos distintos: pr (1

    avaliao) e ps (2 avaliao) programa de exerccios aerbicos associado ao

  • 26

    alongamento muscular. A 1 avaliao foi realizada em apenas um dia e foi

    anterior aleatorizao. A avalio incluiu: anlise da mecnica ventilatria e

    atividade muscular respiratria (pletismografia optoeletrnica e eletromiografia

    de superfcie) durante o exerccio com carga; capacidade funcional (teste da

    caminhada de seis minutos) e da prova de funo pulmonar (espirometria) para

    a caracterizao amostral. A 2 avaliao foi realizada pelo avaliador cego em

    at 7 dias aps o trmino do programa de tratamento e constou das mesmas

    avaliaes descritas anteriormente.

    Aps a 1 avaliao, os pacientes foram divididos aleatoriamente em 2

    grupos. O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo da musculatura

    perifrica (sham) associado ao programa de treinamento aerbico em esteira

    ergomtrica e o grupo tratado (GT) realizou o alongamento da musculatura

    acessria respiratria associado ao programa de treinamento aerbico em

    esteira ergomtrica. Os protocolos de interveno tiveram a durao de 24

    sesses (60 min/sesso, 2x semana, por 3 meses). O treinamento aerbico foi

    realizado aps os 30 minutos de alongamento da musculatura perifrica (sham)

    ou respiratria (tratamento), e teve a durao de 30 minutos em cada sesso.

    3.4 Interveno

    3.4.1 Protocolo de alongamento do grupo tratado (GT)

    O protocolo de tratamento foi composto por uma srie de alongamentos

    para cada musculatura respiratria escolhida. Foram realizadas 24 sesses (2

  • 27

    sesses semanais num perodo de 3 meses). Cada sesso teve durao de

    aproximadamente 30 minutos.

    Os alongamentos foram realizados em diferentes decbitos de acordo

    com a musculatura alongada. Foram selecionadas duas tcnicas de

    alongamento, a contrao-relaxamento para a maioria dos msculos

    selecionados e nas musculaturas que apresentavam limitaes biomecnicas

    para a realizao da tcnica de contrao-relaxamento, foi substitudo pelo

    alongamento passivo.

    Cada srie da tcnica de contrao-relaxamento consistiu,

    primeiramente, na realizao da amplitude mxima articular sustentado por 10

    segundos seguida de uma contrao isomtrica mxima por 3 segundos, com

    retomada ao alongamento passivo por mais 3 segundos, este processo foi

    repetido por 9 sries para cada msculo e a cada 3 sries, foi intercalado com

    1 minuto de descanso (Bonnar, et al., 2004). O alongamento passivo foi

    sustentado por 60 segundos em cada msculo por trs vezes com intervalo

    mnimo de um minuto (Siatras et al., 2008). O posicionamento adequado e a

    tcnica de alongamento ser detalhado a seguir:

    Peitoral maior: Paciente em decbito dorsal, o terapeuta posicionou-se

    do lado homolateral do msculo alongado, primeiramente, foi realizado a

    abduo de 90o do ombro, associado extenso horizontal e rotao externa

    mxima do ombro, com flexo de 90o do cotovelo. O terapeuta apoiou uma mo

    no cotovelo e a outra no esterno para a estabilizao, com a mo distal foi

    realizado o alongamento mximo em extenso horizontal, que iniciou a tcnica

  • 28

    de contrao-relaxamento com contrao no sentido da flexo horizontal (Putt

    et al., 2008). (Figura 2)

    Figura 2: Anatomia e tcnica de alongamento do peitoral maior

    Escaleno: Paciente em decbito dorsal, terapeuta posicionou-se acima

    da cabea do paciente e realizou a lateroflexo cervical contralateral ao

    msculo alongado. O terapeuta posicionou uma mo na regio occipital outra

    estabilizou o ombro homolateral, a lateroflexo contralateral foi realizada at

    amplitude articular mxima do paciente, que iniciou o alongamento de

    contrao-relaxamento com contrao isomtrica no sentido da lateroflexo

    homolateral (Cunha et al., 2005). (Figura 3)

    Figura 3: Anatomia e tcnica de alongamento do escaleno

  • 29

    Esternocleidomastideo: Paciente em decbito dorsal, terapeuta se

    posicionou acima da cabea do paciente, iniciou-se com a rotao homolateral

    ao msculo alongado, associado a uma extenso da mesma. O terapeuta

    apoiou uma mo na regio temporal e a outra na regio esternal onde foi

    realizado a depresso e a estabilizao distal muscular. Aps a amplitude

    mxima articular do paciente, que iniciou o alongamento de contrao-

    relaxamento, a contrao isomtrica foi realizada no sentido da rotao

    contralateral e flexo cervical, durante a tcnica (Cunha et al., 2005). (Figura 4)

    Figura 4: Anatomia e a tcnica de alongamento do Esternocleidomastoideo

    Trapzio superior: Paciente em decbito dorsal, terapeuta posicionou-se

    acima da cabea do paciente para realizar a rotao e lateroflexo contralateral

    da cabea associada a uma flexo da mesma em conjunto com a depresso do

    ombro homolateral musculatura alongada. Aps a amplitude articular mxima

    iniciou-se o alongamento de contrao-relaxamento com contrao isomtrica

    em extenso da cabea (Heneghan et al., 2012). (Figura 5)

  • 30

    Figura 5: Anatomia e a tcnica de alongamento do Trapzio Superior

    Peitoral menor: Paciente em decbito dorsal, o terapeuta se posicionou

    homolateralmente ao msculo tratado, uma mo no cotovelo onde foi realizada

    a elevao do ombro e outra na regio o gradil costal anterossuperior. Elevou-

    se o cotovelo at o limite articular associada depresso das primeiras

    costelas (3a, 4a e 5a) a manobra foi mantida por 60 segundos e repetida trs

    vezes intercaladas com um minuto de descanso (Putt et al., 2008) (Figura 6)

    Figura 6: Anatomia e a tcnica de alongamento do peitoral menor

  • 31

    Intercostais e serrtil anterior: Paciente em decbito lateral, terapeuta

    posicionou-se atrs do paciente, uma mo no cotovelo e a outra no gradil

    costal homolateral inferior. O alongamento consistiu em realizar a depresso

    das costelas associada abduo mxima do ombro, foi mantido por 60

    segundos e repetida trs vezes, intercaladas com minuto de repouso (Izumizaki

    et al., 2008). (Figura 7)

    Figura 7: Anatomia e a tcnica de alongamento do Serrtil Anterior e Intercostais

    Abdominais: Foi a nica musculatura do grupo tratado que o paciente

    realizou o alongamento ativo, ele se posicionou em decbito ventral, o apoio foi

    feito com as mos na maca, extenso bilateral dos cotovelos forando a

    extenso do tronco associado extenso da cabea at a mxima amplitude

    por 60 segundos, foi repetida 3 vezes intercaladas com um minuto de descanso

    (Rassier, 2007). (Figura 8)

  • 32

    Figura 8: Anatomia e a tcnica de alongamento dos msculos abdominais

    3.4.2 Protocolo de exerccios do grupo controle (GC)

    O grupo controle (GC) realizou o alongamento ativo das musculaturas

    das extremidades dos membros superiores e inferiores, foram 2 exerccios para

    flexores e extensores do punho e 2 exerccios para flexores e extensores do

    tornozelo. Foram realizadas 24 sesses, consistidas por 2 sesses semanais

    em um perodo de 3 meses. Cada sesso teve durao de aproximadamente

    30 minutos (Siatras et al., 2008).

    Flexores do punho: Os flexores so compostos por 5 msculos principais,

    flexores profundos dos dedos, flexores superficiais dos dedos, palmar longo,

    flexor radial carpo e flexor ulnar do carpo. O paciente realizou a flexo de 900

    do ombro com o cotovelo extendido, antebrao supinado e extenso do punho

    com a mo espalmada. A mo contralateral estabilizou a regio palmar do

    membro superior alongado e foi efetuada a extenso mxima do punho,

    sustentada por 60 segundos, foram trs repeties intercaladas por um minuto

    de descanso (Ylinen, 2009). (Figura 9)

  • 33

    Figura 9: Tcnica de alongamento e anatomia dos flexores do punho

    Extensores do punho: Os extensores so compostos por 4 msculos

    principais, extensor dos dedos, extensor ulnar do carpo, extensor radial curto

    do carpo, extensor radial longo do carpo. Primeiramente, foi realizada a flexo

    de 900 do ombro com o cotovelo extendido, antebrao pronado e flexo do

    punho. A mo contralateral estabilizou a regio dorsal da mo alongada em

    flexo mxima do punho por 60 segundos, realizadas trs repeties

    intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen, 2009). (Figura 10)

    Figura 10: Tcnica de alongamento e anatomia dos extensores do punho

  • 34

    Dorsiflexores do tornozelo: Os dorsiflexores do tornozelo so compostos

    por 3 msculos principais tibial anterior, extensor longo dos dedos, extensor

    longo do hlux. Sentado com a perna cruzada, a mo contralateral apoiou na

    regio dorsal do p e a mo homolateral estabilizou o tornozelo. O

    alongamento consistiu em forar a flexo plantar mxima por 60 segundos,

    foram trs repeties intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen, 2009).

    (Figura 12)

    Figura11: Tcnica de alongamento e anatomia dos extensores do tornozelo

    Flexores plantares do tornozelo: Os flexores plantares do tornozelo so

    compostos por 7 msculos principais, gastrocnmio, sleo, flexor longo dos

    dedos, flexor longo do hlux, tibial posterior, fibular longo e curto. O paciente,

    em p, apoiou as mos bilateralmente na parede, com a perna contralateral

    frente e a homolateral em extenso de quadril, joelho e dorsiflexo mxima do

  • 35

    tornozelo mantida por 60 segundos, foram realizadas trs repeties

    intercaladas por um minuto de descanso (Ylinen, 2009). (Figura 11)

    Figura 12: Msculos dos flexores do tornozelo e o posicionamento do alongamento

    3.4.3 Protocolo dos exerccios aerbicos

    Todos os pacientes realizaram o exerccio aerbico na esteira

    ergomtrica por 30 minutos, a intensidade inicial da primeira semana foi

    ajustada para 60% da velocidade mdia obtida no teste de caminhada dos 6

    minutos (TC6). Nas semanas subsequentes a velocidade foi gradativamente

    aumentada at atingir 85% da velocidade mdia no TC6, os pacientes

    realizaram durante 5 minutos o aquecimento e o desaquecimento com

    intensidade de 40 a 60% da velocidade do teste (Putt et al., 2008; Figueiredo e

    Guimares et al., 2008; Zainuldin et al., 2007) O incremento da intensidade foi

    baseado nos sinais vitais: frequncia cardaca (FC), saturao perifrica de O2

  • 36

    (SpO2 entre 90 a 94%), percepo da dispneia pela escala modificada de Borg

    (entre 4-7 pontos), todos estes parmetros foram analisados a cada 4 minutos

    durante o treinamento aerbico, ou seja, com a estabilidade dos sinais vitais, a

    velocidade foi progressivamente recalculada e em alguns casos passaram dos

    100% da velocidade mdia obtida no TC6. A presso arterial (PA) foi aferida

    pr e ps os exerccios (Godoy et al., 2005; Figueiredo e Guimares, 2009).

    3.5 Avaliaes

    3.5.1 Caracterizao Amostral

    Os dados antropomtricos foram coletados aps a incluso dos

    pacientes ao estudo, idade, altura, peso, ndice de massa corprea (IMC),

    VEF1, VEF1/CVF, TC6 e ndice de prognstico e mortalidade de Bode.

    3.5.2 Prova de funo pulmonar simples

    A espirometria (Spirobank, Medical International Research, Roma, Itlia)

    foi feita em todos os pacientes de acordo com os critrios de reprodutibilidade e

    aceitabilidade adotados pela American Thoracic Society e European

    Respiratory Society (2005). Os valores preditos de normalidade j haviam sido

    previamente descritos (Pereira et al., 2007). Foram aferidos o volume

    expiratrio no primeiro segundo (VEF1) e a sua relao com a Capacidade vital

    forada (VEF1/CVF) e aceitos trs testes com variao inferior a 5% e foi

  • 37

    considerado o teste com maior valor. Com esse teste foi determinado a

    gravidade da obstruo pulmonar considerando o VEF1 como parmetro para

    caracterizao da amostra.

    3.5.3. Padro respiratrio, mobilidade e sincronia toracoabdominal

    A pletismografia optoeletrnica (POE System; Milo, Itlia) um sistema

    indireto e no invasivo para a avaliao da mecnica ventilatria, mobilidade e

    sincronia, capaz de dividir em 3 compartimentos: trax superior, inferior e

    abdominal (Alvierti et al., 2000). O sistema optoeletrnico evoluiu a partir do

    desenvolvimento tecnolgico do processamento de imagens que possibilitaram

    a anlise de mltiplos pontos posicionados na superfcie corporal. Para o

    desenvolvimento do POE, foi necessrio criar um sistema de anlise

    tridimensional do movimento chamado de ELITE (Elaborate di immagini

    televisive). Inicialmente, utilizaram 32 marcadores, a fim de abranger maior

    rea da parede torcica e posteriormente 86 marcadores. (Cala et al., 1996).

    Gorini et al. (1999) e Ferrigno et al. (1994) encontraram uma medida mais

    precisa dos parmetros ventilatrios utilizando 89 marcadores, que delimitaram

    a superfcie anatmica em trs compartimentos, superior, inferior e abdominal,

    utilizadas at o presente momento.

    O funcionamento do POE baseia-se na anlise automtica do movimento

    detectado a partir de marcadores compostos por esferas reflexivas de 6 a 10

    milmetros (Dellac et al., 2010). As 89 esferas esto dispostas da seguinte

    forma: sete linhas horizontais, cinco verticais, duas mdio-axilares, e sete

  • 38

    marcadores extras dispostas em toda entre a clavcula e a espinha ilaca

    anterossuperior e posteriormente at a regio dos flancos laterais totalizando

    37 marcadores anteriores, 42 posteriores e dez laterais (Romagnoli et al., 2008;

    Bianchi et al., 2007). (Figuras 13 e 14)

    Figura13: Imagem tridimensional gerada pelo OEP

    Figura14: Disposio das 89 esferas reflexivas

  • 39

    As cmeras especiais CCD (Charge Coupled Device) possuem diodos

    axiais que emitem feixes luzes infravermelho que so refletidas pelos

    marcadores e assim pde ser captado pelas cmeras em tempo real (120Hz).

    Este sinal foi processado atravs das 8 cmeras presente na sala de avaliao

    e identificam o posicionamento de cada ponto da superfcie toracoabdominal. A

    reconstruo da cinemtica toracoabdominal foi feita pelo software SMART,

    que executou algoritmos em tempo real e computou as coordenadas

    tridimensionais dos marcadores refletivos durante as coletas com POE (Binazzi

    et al., 2008; Aliverti., 2010).

    O sistema aplicou um modelo geomtrico baseado na posio dos

    marcadores para descrever a superfcie toracoabdominal e seus

    compartimentos durante a coleta. Aps a reconstruo do modelo, os dados

    foram exportados como arquivos numricos, gerando colunas de dados

    representando os sinais por amostras, tempo, posio dos marcadores e

    volume, facilitando a avaliao dos sinais e aplicao dos mtodos de

    estimativa (Parreira et al., 2012; Aliverti., 2010).

  • 40

    Figura15: Laboratrio do POE, com a disposio das cmeras e da bicicleta

    Figura16: Captao e anlise dos dados do volume toracoabdominal

  • 41

    3.5.3.1 Avaliao do POE durante o exerccio

    Os sujeitos da pesquisa foram previamente orientados sobre os

    procedimentos. Inicialmente eles foram colocados sobre a bicicleta ergomtrica

    (Ergometrics 800, Sensormedics) e os 89 marcadores foram posicionados

    sobre a superfcie toracoabdominal (anterior e posterior). A frmula para o

    clculo da carga mxima foi descrita por Jones e colaboradores (1985), Wmax =

    20.4 (altura) 8.74 (idade) 288 (gnero) 1909 [28], foi utilizada 25% da

    carga mxima, o valor de gnero na frmula corresponde a 1 para mulheres e

    0 para homens. (Figura 17)

    Durante a coleta, o paciente foi orientado a manter 60 rotaes por minuto

    (RPM) (Vogiatzis et al., 2005). Aps 30 segundos de descanso, foi realizada a

    1 medida do POE em repouso (6 ciclos respiratrios completos); depois, o

    paciente realizou o exerccio sem carga por 3 minutos e posteriormente foi

    realizada a 2 medida do POE (6 ciclos respiratrios completos). Aps este

    perodo iniciou-se o exerccio com carga que foi incrementado de forma

    proporcional durante 2 minutos at atingir a carga programada e no final foi

    realizada novamente a 3 medida do POE (6 ciclos respiratrios completos). O

    processo finalizou-se com um perodo de recuperao de 2 minutos com

    exerccio sem carga para o retorno dos sinais vitais (Figura 18).

    Foram avaliados o volume corrente da caixa torcica pulmonar (CT),

    volume corrente do trax superior (TS), volume corrente do trax inferior (TI),

    volume corrente abdominal (ABD); de tempo: ventilao/minuto (VE), fluxo

    inspiratrio (FI) e Fluxo expiratrio (FE); participao em porcentagem (%) dos

  • 42

    compartimentos do trax superior (%TS), trax inferior (%TI) e abdome

    (%ABD) (Romagnoli et al., 2008; Aliverti et al., 2008; Boudarham et al., 2013).

    A mobilidade do compartimento abdominal foi calculada pela relao CT/ABD

    no exerccio com carga (Gosselink et al., 1995), a reduo dos valores desta

    relao reflete a melhora da mobilidade abdominal (Yamaguti et al., 2012).

    Figura17: Paciente Realizando a avaliao com carga no cicloergmetro no POE

    Figura 18: Desenho experimental da avaliao do OEP

  • 43

    3.5.4 Atividade muscular respiratria

    A atividade dos msculos respiratrios foi avaliada atravs da aquisio

    do sinal eletromiogrfico de superfcie (System BTS, Milo, Itlia)

    simultaneamente avaliao da mecnica toracoabdominal pelo POE. Foram

    utilizados eletrodos circulares descartveis de Ag/AgCl, com 10mm de dimetro

    e um adesivo condutivo hidrogel, colocados de forma a manter a distncia

    intereletrodo de 20mm. No local da fixao dos eletrodos foram realizados:

    tricotomia, quando necessrio e frico de gaze embebida em lcool (70%),

    para remoo da gordura presente na superfcie de contato, com o objetivo de

    diminuir a impedncia da pele (Dworak et al., 2011)

    Os eletrodos foram fixados no ventre muscular, afastados do ponto

    motor, de forma paralela da direo das fibras musculares, de acordo com o

    European concerted action - surface EMG for an non-invasive assesment of

    muscles (Hermens et al., 2000). O eletrodo para a avaliao do msculo

    esternocleidomastoideo foi posicionado no ventre muscular a 5 cm do processo

    mastoideo (Kallenberg et al., 2009), do msculo intercostal superior foi

    posicionado no 2 espao intercostal e para o inferior entre o 7 e o 8 espao

    intercostal e no reto abdominal foi inserido a 2 cm da cicatriz umbilical.

    (Maarsingh et al., 2000).

    Para o clculo da eficincia ventilatria, os dados da atividade muscular

    de todos os msculos avaliados foram somados e divididos pelo volume

    corrente (EMG/Vt). Essa equao foi descrita primeiramente no trabalho de

  • 44

    Lunardi et al. (2013) que avaliou a mecnica toracoabdominal na populao

    idosa. Essa relao permitiu observar a quantidade de volume deslocado pelo

    nvel de estmulo da atividade muscular.

    Figura19: Eletromigrafo da BTS Engeneering

    3.5.5 Capacidade Funcional

    A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de 6 minutos

    (TC6). A avaliao foi realizada em um corredor de 30 metros, com pouco

    trfego e cada paciente realizou 2 testes, respeitando o intervalo de uma hora

    entre eles (Dourado et al., 2011). Durante os testes, o paciente foi orientado a

    caminhar o mais rpido possvel durante 6 minutos e, caso apresentasse

    dispneia limitante ou qualquer outro desconforto incapacitante ele podia

    interromper o teste at recuperar as condies para continu-lo. A cada minuto,

  • 45

    os pacientes foram encorajados com frases de incentivo padronizadas de modo

    que o mesmo percorresse a maior distncia possvel durante todo o teste (ATS,

    2002; Louvaris et al., 2013). O desempenho do paciente foi avaliado pela maior

    distncia percorrida em um dos testes e foi monitorado tanto pr quanto ps

    exerccio: a freqncia cardaca (FC) e respiratria (FR), a saturao de

    oxignio (SpO2), sensao de esforo por meio da escala modificada de Borg

    (Borg, 1982) e presso arterial (PA).

    3.6 Anlise Estatstica

    Para a mecnica ventilatria foi utilizado para o clculo amostral os

    resultados observados no estudo de Yamaguti et al. (2012), onde a diferena

    das mdias da CT/ABD, foi de 20% durante a respirao natural no GT com a

    diferena do desvio padro de 4%, valor de p

  • 46

    poder de 80% e um valor de alpha de 5% sendo encontrado um tamanho de

    amostra de 14 indivduos por grupo.

    A anlise foi realizada utilizando o programa Sigma Stat verso 3.2. Foi

    utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos

    dados, sendo estes apresentados como mdia desvio padro. Para

    comparao dos dados de caracterizao dos grupos GT e GC foi realizado

    utilizando o teste t de Student para dados com distribuio normal e teste de

    Mann-Withney para dados no-paramtricos.

    A anlise do efeito do tratamento nos dois grupos tambm foi realizado

    pelo teste t e pelo Mann-Withney para dados no-paramtricos no delta das

    diferenas (=ps-pr).

    A sensao de dispneia (BORG modificado) foi analisada com o teste de

    anlise de varincia (ANOVA), seguida do pos hoc de Holm Sidak. Para o TC6

    foi observado a mnima diferena clinicamente significante. Proposto por

    Holland et al. 2013 (25,1m). O nvel de significncia foi ajustado para 5%

    (p

  • 4 RESULTADOS

  • 48

    Quinhentos e noventa e quatro pacientes foram avaliados para

    elegibilidade, 564 no preencheram os critrios de incluso, sendo que os

    motivos mais comuns foram: oxignio-dependente (n=160), sem

    disponibilidade para participar (n=105), cardiopatias (n=80) e doenas

    musculoesquelticas associadas (n=43) (Figura 20). Trinta pacientes foram

    includos e aleatorizados, 2 foram excludos aps o incio do protocolo, sendo 1

    no grupo tratado (crise de clculo renal) e 1 no grupo controle (agudizao da

    doena de Chron), 14 sujeitos terminaram o estudo no GT e 14 no GC (Figura

    20). No foram observadas diferenas entre os grupos com relao aos dados

    antropomtricos, de funo pulmonar e capacidade funcional antes da

    interveno (Tabela 1).

  • 49

    Figura 20: Fluxograma do estudo

  • 50

    Tabela 1. Caracterizao amostral basal dos pacientes do estudo

    Caracterizao Grupo Controle Grupo Tratado P

    Dados Antropomtricos

    Genero (M/F) 5/7 8/6 0,97

    Idade (anos) 645,6 615,4 0,30

    Altura (m) 1,650,07 1,650,08 0,96

    IMC (Kg/m2) 25,92,9 25,73,8 0,91

    Funo Pulmonar

    VEF1 (% pred) 42,69,5 45,915,5 0,56

    VEF1/CVF 0,490,09 0,560,13 0,17

    Capacidade Funcional

    TC6 (m) 439103 47368 0,32

    BODE (I/II/III/IV)(n) 3/5/3/1 6/6/2/0 0,58

    Legenda: Os dados esto apresentados em mdia desvio padro, exceto o BODE que esto expressos

    pelo nmero de pacientes. M/F=masculino/feminino; Kg/m2=quilogramas/metro

    2; VEF1=Volume expiratrio

    forado no primeiro segundo; VEF1/CVF=Relao do Volume expiratrio forado no primeiro segundo e capacidade vital; IMC=ndice de massa corprea; TC6=teste de caminhada dos 6 minutos; BODE=ndice de prognstico e mortalidade para DPOC.

    4.1 Cinemtica toracoabdominal

    Durante o exerccio com carga, os pacientes do grupo controle (GC) no

    apresentaram variao da mecnica toracoabdominal aps a interveno, os

    pacientes do grupo tratado (GT) apresentaram um aumento mdio de 230 ml

    no volume total da caixa torcica total (CT) (equivalente ao volume corrente),

    quando comparado ao GC (respectivamente, 140170mL vs.-86240mL;

    p

  • 51

    O GT tambm apresentou um aumento da ventilao minuto (VE)

    (2.43.6L vs. -1.84.1L; p

  • 52

    Figura 22: Efeitos do alongamento muscular respiratrio no volume minuto (VE) durante o exerccio. Os dados foram apresentados em mdia e desvio padro, representado pela diferena () = ps- - pr-interveno. Ambas apresentaram diferenas, houve um aumento estatisticamente significante de 4L no volume minuto (VE) no GT em relao do GC. O exerccio foi realizado com 25% da carga mxima predito na equao de Jones

    25. GC= Grupo

    Controle; GT= Grupo Tratado; * = p < 0.05 GC vs. GT (teste t no pareado).

  • 53

    Figura 23: Efeitos do alongamento muscular respiratrio no fluxo expiratrio (FE) durante o exerccio. Os dados foram apresentados em mdia e desvio padro, representado pela diferena () = ps- - pr-interveno. Ambas apresentaram diferenas, houve um aumento estatisticamente significante de 100mL no fluxo expiratrio (FE) no GT em relao do GC. O exerccio foi realizado com 25% da carga mxima predito na equao de Jones

    25. GC= Grupo

    Controle; GT= Grupo Tratado; * = p < 0.05 GC vs. GT (teste t no pareado).

  • 54

    Figura 24: Efeitos do alongamento muscular respiratrio na relao da contribuio da caixa torcica e abdmen (CT/ABD), durante o exerccio. Os dados foram apresentados em mdia e desvio padro, representado pela diferena () = ps- - pr-interveno. O exerccio foi realizado com 25% da carga mxima predito na equao de Jones

    25. Foi observado a reduo

    estatisticamente significante da relao CT/AB no GT, que representa o aumento da mobilidade do compartimento abdominal. GC= Grupo Controle; GT= Grupo Tratado; CT= Participao da caixa torcica; ABD= Participao abdominal; * = p < 0.05 GC vs. GT (teste t no pareado).

    4.2 Atividade muscular

    Os dados da atividade muscular dos msculos esternocleidomastoideo,

    intercostal superior, intercostal inferior e abdome foram mensurados e foi

    possvel observar uma reduo da atividade muscular no exerccio, aps o

    protocolo de alongamento no GT quando comparado ao GC dos msculos

    esternocleidomastoideo (-5,721,7 vs 18,5-44,3mV; p

  • 55

    Todos os dados da atividade muscular foram somados e divididos pelo

    volume corrente total, com o intuito de demonstrar a quantidade de atividade

    muscular por volume deslocado. Foi verificado uma reduo da razo EMG/Vt,

    no exerccio com carga, no GT quando comparado com o GC (respectivamente,

    [-13,8 (-51,9- -5,36 mV/L) vs. 1,0 (-7,41- 37,2 mV/L); p

  • 56

    Figura 26: Efeitos do alongamento muscular respiratrio na relao entre a atividade muscular e o volume corrente (EMG/Vt). Os dados foram apresentados em mdia e desvio padro, representado pela diferena () = ps- - pr-interveno. Observou-se uma diminuio estatisticamente significante da EMG/Vt no GT. O exerccio foi realizado com 25% da carga mxima predito na equao de Jones

    25. GC= Grupo Controle; GT= Grupo Tratado; * = p < 0.05

    GC vs. GT (teste t no pareado).

    4.3 Capacidade funcional e Dispneia

    Para os parmetros de Borg (Figura 27), foi aferido em 4 momentos, pr e ps

    TC6 e pr e ps interveno. Os dados basais no apresentaram diferenas

    entre o GT e o GC (respectivamente 1,752,1 vs. 1,21,7; p>0,2). Aps a

    interveno, houve uma diminuio significativa da sensao de dispneia em

    ambos os grupos ps-TC6 quando comparado aos seus dados iniciais, GT

    (4,31,8 vs. 1,50,9; p

  • 57

    0,20,5 vs. 0,60,8; p

  • 58

    Figura 28: Os dados apresentados em () representam (ps interveno pr interveno). No teste de caminhada dos 6 minutos (TC6) foi observada uma diferena clinicamente significante do TC6 no GT, que obteve um aumento mdio de 25,14m e o GC de 6,5m. O exerccio foi realizado com 25% da carga mxima predito na equao de Jones

    25. GC= Grupo

    Controle; GT= Grupo Tratado; TC6= Teste de caminhada dos 6 minutos (* =diferena clinicamente significante)

    Holland et al., 2013 (25m)

  • 5 DISCUSSO

  • 60

    Neste estudo, foi demonstrado pela primeira vez, que os alongamentos

    dos msculos respiratrios melhoraram a mecnica e a capacidade ventilatria,

    decorrente principalmente pelo aumento do volume e da mobilidade do

    compartimento abdominal (CT/ABD). A melhora da mobilidade toracoabdominal

    possivelmente esteve relacionada com o aumento da sua viscoelasticidade

    observada pela diminuio da atividade muscular aps o tratamento. Alm

    disso, houve um aumento da eficincia contrtil dos msculos respiratrios,

    constatado pela reduo da relao EMG/Vt, ou seja, a musculatura necessitou

    de menos atividade para deslocar o mesmo volume respiratrio. Acreditamos

    que, por causa da melhora de todos os fatores descritos anteriormente, houve

    uma diminuio da sensao de dispneia, que possibilitou o aumento da

    capacidade ao exerccio submximo.

    5.1 Cinemtica toracoabdominal

    O trabalho acrescentou novas evidncias na literatura cientfica, pois foi

    o primeiro a demonstrar atravs do pletismgrafo optoeletrnico, que aps o

    tratamento com tcnicas de alongamento dos msculos respiratrios, houve

    aumento significativo do volume da caixa torcica total, abdominal e da

    capacidade ventilatria, durante o exerccio com carga. Vale ressaltar que o

    aumento da mobilidade do compartimento abdominal tambm foi constatado.

    Para reforar ainda mais a importncia dos nossos achados, no grupo

    controle no obtiveram nenhuma alterao volumtrica da caixa torcica, estes

  • 61

    dados vo de encontro aos dois estudos prvios nos quais foram avaliados os

    efeitos da reabilitao pulmonar na cinemtica toracoabdominal em pacientes

    com DPOC, avaliados pelo POE (Georgiadou et al., 2007; Gagliardi, et al.,

    2014). Inclusive, Gagliardi et al. (2014), mesmo aps a interveno de 24

    semanas, encontrou uma diminuio do volume abdominal aps o tratamento.

    Apenas dois trabalhos no controlados de Yamada et al. (1996) e

    Luularungrayub et al. (2009), avaliados pelo pletismgrafo por indutncia e

    cirtometria, respectivamente, associados espirometria, hipotetizaram que a

    melhora no fluxo expiratrio e do volume expiratrio, respectivamente,

    poderiam ter uma relao com a melhora da funo do compartimento

    abdominal, dados estes que tambm apresentamos no nosso estudo. Segundo

    Georgiadou et al. (2007) e Aliverti et al., (2010) o compartimento abdominal o

    maior responsvel pelas variaes da distncia axial xifidea, sugerindo uma

    relao com a mobilidade diafragmtica e o aumento do volume pulmonar total,

    essa hiptese pde ser elucidada em nossos resultados com a diminuio dos

    valores de CT/ABD. Portanto, estes achados servem para destacar que o

    protocolo de alongamento realizados neste estudo, desencadeou a melhora da

    mecnica contrtil dos msculos respiratrios, que provavelmente tiveram uma

    atuao na melhora da funo diafragmtica, relao esta, j descrita por

    Iwasawa et al. (2002) e Man et al. (2012).

    O aumento do volume corrente total aps o alongamento muscular da

    caixa torcica, j havia sido constatado anteriormente pelos estudos no

    controlados de Yamada et al. (1996) e Minoguchi et al. (2002) que realizaram a

    interveno por 4 semanas em 12 e 13 pacientes respectivamente e avaliados

  • 62

    pela espirometria. Em contrapartida os estudos de interveno aguda no

    controlada de Izumizaki et al. (2006) e controlada de Noll et al. (2009) com 10 e

    25 pacientes, respectivamente, obtiveram a piora do volume corrente, tambm

    avaliados pela espirometria. Baseados nos estudos de Mchugh et al. (2008),

    estes efeitos contraditrios ocorreram principalmente pelo tipo de interveno.

    Agudamente, o alongamento promove o estiramento abrupto dos fusos

    neuromusculares que desencadearam o potencial sensitivo medular, e

    consequentemente um aumento da atividade eferente neuromuscular gerando

    a contrao das fibras extra-fusais, por essa razo, provavelmente houve a

    diminuio da mobilidade msculo-esqueltica da caixa torcica e diminuio

    dos valores volumtricos (Mukherjee et al., 2010). A interveno crnica, por

    sua vez, promove o aumento da viscoelasticidade muscular, e causou a

    acomodao do limiar excitatrio do fuso neuromuscular, que diminui o

    estmulo de contrao das fibras extra-fusais, permitindo a melhora da

    mobilidade toracoabdominal (Mchugh et al., 2010).

    No presente estudo, foi realizada a interveno crnica, portanto

    justificaria a razo dos nossos dados apresentarem resultados to diferentes

    quanto a maioria dos estudos anteriores de interveno aguda. Mas

    precisamos considerar tambm as limitaes metodolgicas comumente

    observadas na literatura. Fato este, observado nos trabalhos de Putt et al.

    (2008) e Luularungrayub et al. (2009), que, mesmo sendo de interveno

    aguda, apresentaram um aumento do volume corrente avaliados pela

    espirometria, mas ambos apresentaram grandes restries metodolgicas, pois

  • 63

    realizaram o tratamento somente em um msculo respiratrio (peitoral maior) e

    o outro foi um estudo de caso, respectivamente.

    Hipotetizamos que, nos nossos resultados sugeriram que a interveno

    crnica muscular respiratria, promoveu a melhora da mobilidade do sistema

    musculo-esqueltico toracoabdominal, com o aumento principal do volume e da

    mobilidade do compartimento abdominal, acreditamos que foi o responsvel

    pela melhora do volume pulmonar total. Com a elevao dos volumes

    sugerimos que foram os responsveis pela melhora da capacida