12
PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 1A DEZ/2013 1 VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº: 0051151-49.2013.8.19.0000 AGRAVANTE: FUNDO ÚNICO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - RIOPREVIDÊNCIA AGRAVADO: MARIA DE LOURDES DE ASSIS Relator: Desembargador MARCELO LIMA BUHATEM AGRAVO DE INSTRUMENTO - PREVIDENCIÁRIO PENSÃO POR MORTE DE SERVIDOR CIVIL INSTITUÍDA EM 1986 - FILHA MAIOR E CAPAZ - RIOPREVIDÊNCIA - PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DE RECADASTRAMENTO DECLARAÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL DA PENSIONISTA NO PERÍODO DE 1967 A 1995 – PERDA DA DEPENDÊNCIA ECONÔMICA EM RELAÇÃO AO INSTITUIDOR DA PENSÃO CONFIGURADA – REQUERIMENTO DE SUSPENSÃO LIMINAR DO PENSIONAMENTO FORMULADO PELA AUTARQUIA PREVIDENCIÁRIA ESTADUAL QUE ORA SE DEFERE – FILHAS MAIORES QUE FAZEM JUS À PENSÃO POR MORTE DE SEUS PAIS QUE DEIXAM DE OSTENTAR A CONDIÇÃO DE SOLTEIRA PERDEM O DIREITO AO BENEFÍCIO - EX VI LEGIS OS ART. 29, I DA LEI ESTADUAL Nº 285/79 (REDAÇÃO ORIGINAL) E ART. 1º, PARÁGRAFO ÚNICO DA LEI 959/85 – LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO CASO DIANTE DO ÓBITO DO INSTITUIDOR DA PENSÃO, OCORRIDO EM 1986 – TEMPUS REGIT ACTUM – VERBETE Nº 340 DA SÚMULA DO STJ – AGRAVO QUE SE DÁ PROVIMENTO.

jurisprudência lei 285/79

Embed Size (px)

DESCRIPTION

jurisprudência lei 285/79

Citation preview

  • PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    1A

    DEZ/2013 1

    VIGSIMA SEGUNDA CMARA CVEL

    AGRAVO DE INSTRUMENTO N: 0051151-49.2013.8.19.0000

    AGRAVANTE: FUNDO NICO DE PREVIDNCIA SOCIAL DO ESTADO DO RIO

    DE JANEIRO - RIOPREVIDNCIA

    AGRAVADO: MARIA DE LOURDES DE ASSIS

    Relator: Desembargador MARCELO LIMA BUHATEM

    AGRAVO DE INSTRUMENTO - PREVIDENCIRIO PENSO POR MORTE DE SERVIDOR CIVIL INSTITUDA EM

    1986 - FILHA MAIOR E CAPAZ - RIOPREVIDNCIA -

    PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DE

    RECADASTRAMENTO DECLARAO DE UNIO ESTVEL DA PENSIONISTA NO PERODO DE 1967 A

    1995 PERDA DA DEPENDNCIA ECONMICA EM RELAO AO INSTITUIDOR DA PENSO

    CONFIGURADA

    REQUERIMENTO DE SUSPENSO LIMINAR DO

    PENSIONAMENTO FORMULADO PELA AUTARQUIA

    PREVIDENCIRIA ESTADUAL QUE ORA SE DEFERE FILHAS MAIORES QUE FAZEM JUS PENSO POR

    MORTE DE SEUS PAIS QUE DEIXAM DE OSTENTAR A

    CONDIO DE SOLTEIRA PERDEM O DIREITO AO

    BENEFCIO - EX VI LEGIS OS ART. 29, I DA LEI

    ESTADUAL N 285/79 (REDAO ORIGINAL) E ART. 1,

    PARGRAFO NICO DA LEI 959/85 LEGISLAO APLICVEL AO CASO DIANTE DO BITO DO

    INSTITUIDOR DA PENSO, OCORRIDO EM 1986 TEMPUS REGIT ACTUM VERBETE N 340 DA SMULA DO STJ

    AGRAVO QUE SE D PROVIMENTO.

  • PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    1A

    DEZ/2013 2

    ACRDO

    VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Agravo de

    Instrumento N: 0051151-49.2013.8.19.0000, em que AGRAVANTE:

    FUNDO NICO DE PREVIDNCIA SOCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO -

    RIOPREVIDNCIA e AGRAVADA: MARIA DE LOURDES DE ASSIS.

    ACORDAM os Desembargadores que compem a

    Vigsima Segunda Cmara Cvel deste E. Tribunal, por unanimidade de

    votos, em DAR provimento ao apelo, nos termos do voto do relator.

    RELATRIO

    Trata-se de agravo de instrumento interposto pela

    Autarquia Previdenciria Estatal acima epigrafada, em face de deciso

    prolatada pelo Juzo da 9 Vara de Fazenda Pblica, nos autos do

    mandado de segurana n 0478471-40.2012.8.19.0001, na qual a

    agravada pretende que seja o RIOPREVIDNCIA impedido de suspender

    a penso previdenciria que recebe, por ser filha maior de servidor

    falecido aos 25.10.1986.

  • PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    1A

    DEZ/2013 3

    Na aludida demanda, o juzo a quo, liminarmente,

    determinou que a agravante mantenha o pensionamento, em decisum

    assim ventilado nos autos, in verbis:

    DECISO Mandado de segurana preventivo impetrado por MARIA DE LOURDES ASSIS, pensionista do

    Fundo nico de Previdncia do Estado do Rio de

    Janeiro, onde pretende a Impetrante, liminarmente,

    que o Presidente da autarquia previdenciria se

    abstenha suspender o recebimento dos proventos.

    Alega, em resumo, que recebera uma

    correspondncia do RIOPREVIDNCIA onde foi

    informado que a penso recebida no estaria em

    conformidade com a Lei Estadual 285/1979, art. 31,

    inciso IV, alnea a, e que deveria comparecer ao

    local designado para apresentao de defesa, sendo

    que nem sequer houve meno do processo

    administrativo onde teria sido apurada tal

    irregularidade. Defende que se trata de ato jurdico

    perfeito e consumado, o que assegurado

    constitucionalmente, e que a Administrao est

    sujeita ao prazo decadencial de cinco anos para

    anulao dos atos administrativos dos quais decorram

    efeitos favorveis aos destinatrios. Aduz, ainda, que a

    atitude da autoridade coatora afronta ao princpio da

    segurana jurdica. o relatrio. Decido. Em anlise

    inicial, entendo que esto presentes os pressupostos

    autorizadores da medida, notadamente porque se

    trata de verba de carter alimentar percebida pela

    Impetrante por mais de vinte e cinco anos. Ademais,

    como bem salientado pela Impetrante, o comunicado

    no chegou nem a mencionar o procedimento

    administrativo onde estaria sendo apurada a

    ilegalidade apontada, o que, por bvio, impede o

    pleno exerccio do direito ao contraditrio e da ampla

    defesa. Isto posto, CONCEDO LIMINARMENTE A MEDIDA

    para determinar que o Presidente do RIOPREVIDNCIA

    se abstenha de suspender o pagamento do

    pensionamento da Impetrante at o julgamento de

    mrito do presente mandamus, sob pena de multa

  • PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    1A

    DEZ/2013 4

    mensal de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Intime-se com

    urgncia. Expea-se mandado. Notifique-se o rgo

    de representao judicial aps o decurso do prazo

    para informaes e, depois, abra-se vista ao Ministrio

    Pblico. (g.n.)

    Em suas razes de agravo, afirma o recorrente que a

    prpria recorrida declarou que vivem em unio estvel, quando de seu

    recadastramento administrativo, tendo perdido a sua condio de

    solteira, a ensejar a manuteno do benefcio. Destaca que foi

    observado o devido processo administrativo, atravs de realizao de

    auditoria previdenciria e que no ocorreu a decadncia em face da

    administrao pblica, diante da m-f da recorrida.

    Deciso deste relator, s fls. 20/27, indeferindo efeito

    suspensivo ao recurso s fls. 20/27.

    O Ministrio Pblico oficiou pelo desinteresse em intervir

    no feito (fls. 45/47).

    Passo ao VOTO.

    Cuidam-se os autos de agravo de instrumento,

    manejado pela autarquia previdenciria estadual, onde pretende ver

    revogada liminar concedida pelo juzo a quo, em sede de mandado de

    segurana, onde determinou a continuidade do pagamento de penso

    filha maior de falecido servidor (bito 1986), a qual viveu em unio

    estvel de 14/01/1967 a 13/06/1995.

  • PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    1A

    DEZ/2013 5

    A controvrsia do presente recurso cinge-se em se

    estipular se deve ser suspenso o benefcio de penso concedida filha

    maior solteira que conviveu em unio estvel aps o bito do servidor.

    Inicialmente, cumpre destacar que, de acordo com a

    Smula 340 do STJ deve-se aplicar a legislao vigente data do bito

    do segurado.

    No caso em testilha, quando do bito do instituidor da

    penso (1986), a princpio, o direito das filhas maiores solteiras em

    perceber penso resta indubitvel, diante do que prescrevia a

    legislao estadual em vigor, art. 29 da Lei Estadual 285/79 (redao

    original), in verbis:

    Art. 29 - A penso ser concedida aos dependentes do segurado falecido, observadas ainda as demais

    condies estabelecidas nesta lei, na seguinte

    ordem de preferncia:

    I - esposa, ao marido, companheira, ao

    companheiro e aos filhos de qualquer condio: se

    homens desde que solteiros, enquanto menores de

    21 (vinte e um) anos, no emancipados, ou maiores

    invlidos ou interditos; se mulheres, desde que

    solteiras, menor de 25 (vinte e cinco) anos, no

    emancipadas ou maiores invlidas ou interditas, des-

    cendentes de segurado inscrito no IPERJ na vigncia

    da Lei n 285/79, ou apenas enquanto solteiras, se

    descendenes de segurado inscrito antes da vigncia

    da referida lei; (g. n.).

  • PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    1A

    DEZ/2013 6

    A jurisprudncia desta Corte de Justia tem

    entendimento em consonncia com tal dispositivo legal, in verbis:

    0200609-11.2011.8.19.0001 - REEXAME NECESSARIO.

    DES. FERNANDO CERQUEIRA - Julgamento:

    18/12/2013 - DECIMA PRIMEIRA CAMARA CIVEL.

    REEXAME NECESSRIO. REVISO DE PENSO.

    RIOPREVIDNCIA. FILHA MAIOR DE SERVIDOR

    FALECIDO. BENEFCIO CONCEDIDO EM

    CONFORMIDADE COM A LEGISLAO VIGENTE NA

    DATA DO BITO, QUE ASSEGURAVA O DIREITO AO

    RECEBIMENTO DA PENSO FILHA SOLTEIRA DO

    SEGURADO SEM ESTABELECER LIMITE DE IDADE.

    SENTENA DE PROCEDNCIA. 1. Smula 340 do STJ: A

    lei aplicvel concesso de penso previdenciria

    por morte aquela vigente na data do bito do

    segurado. 2. Alteraes trazidas pela Emenda

    Constitucional n 41 de 2003 inaplicveis espcie.

    Direito ao pensionamento da autora anterior

    referida alterao constitucional. 3. Penso que

    deve equivaler totalidade dos vencimentos do

    servidor como se vivo fosse, tal como disposto na

    sentena. 4. As verbas de Gratificao de Atividade

    Perigosa e adicional por tempo de servio - trinio -

    devem integrar a base de clculo do

    pensionamento. SENTENA INTEGRALMENTE

    MANTIDA EM REEXAME NECESSRIO.

    Tambm as jurisprudncias dos tribunais superiores tm

    entendimentos de que a possibilidade de se atribuir penso filha maior

    solteira deve ser resolvida de acordo com a legislao estadual.

    Vejam-se as seguintes ementas, in verbis:

  • PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    1A

    DEZ/2013 7

    STJ

    ADMINISTRATIVO. SERVIDOR MUNICIPAL. ALEGAO DE OFENSA AO ART. 535, INCISO II, DO CDIGO DE

    PROCESSO CIVIL. OMISSO NO CONFIGURADA.

    MATRIA RELATIVA AO DIREITO ADQUIRIDO.

    NECESSIDADE DE EXAME DE LEGISLAO ESTADUAL.

    INCIDNCIA DA SMULA N. 280 DO PRETRIO

    EXCELSO. MANDADO DE SEGURANA E AO

    ORDINRIA. AUSNCIA DE IDENTIDADE ENTRE OS

    PEDIDOS. OFENSA COISA JULGADA. NO

    OCORRNCIA.

    FILHA SOLTEIRA MAIOR DE 21 ANOS DE IDADE. DIREITO

    PENSO POR MORTE. LEI VIGENTE DATA DO

    BITO.

    1. O acrdo hostilizado solucionou a quaestio juris

    de maneira clara e coerente, apresentando todas

    as razes que firmaram o seu convencimento.

    2. A anlise da questo relativa existncia, ou no,

    de direito adquirido, demandaria, necessariamente,

    o exame percuciente da legislao local apontada

    no aresto atacado, o que invivel, em sede de

    recurso especial, nos termos do entendimento

    sufragado na Smula n. 280 do Supremo Tribunal

    Federal.

    3. mngua de identidade entre os pedidos contidos

    no writ of mandamus e na ao ordinria

    anteriormente proposta, no subsiste a alegao

    de violao coisa julgada.

    4. A jurisprudncia desta Corte Superior de Justia

    no sentido de que, em se tratando de penso por

    morte, a lei aplicvel a vigente ao tempo do bito

    do instituidor.

    5. Agravo regimental desprovido.

    (AgRg no Ag 1148422/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ,

    QUINTA TURMA, julgado em 17/09/2009, DJe

    13/10/2009) (g.n.)

  • PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    1A

    DEZ/2013 8

    STF

    ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PBLICO. DIREITO PENSO PARA FILHA SOLTEIRA MAIOR DE 21

    ANOS. LEI ESTADUAL 7.672/82 DO RIO GRANDE

    DO SUL. APLICAO DOS EFEITOS DA AUSNCIA

    DE REPERCUSSO GERAL TENDO EM VISTA

    TRATAR-SE DE DIVERGNCIA SOLUCIONVEL

    PELA APLICAO DA LEGISLAO ESTADUAL.

    INEXISTNCIA DE REPERCUSSO GERAL. 1 (RE

    610220 RG, Relator(a): Min. MIN. ELLEN GRACIE,

    julgado em 29/04/2010, DJe-100 DIVULG 02-06-

    2010 PUBLIC 04-06-2010 EMENT VOL-02404-07 PP-

    01423).

    Este relator, reiteradamente, tem se posicionado pelo

    direito de concesso de penso filha maior solteira, quando o bito do

    instituidor se deu em poca em que havia previso legal (Apelaes

    Cveis: proc. n 0113467-42.2006.8.19.0001 proc. n: 0367074-

    44.2010.8.19.0001 - proc. n - 0204125-78.2007.8.19.0001 APELACAO).

    Nesse sentido, a jurisprudncia deste E. Tribunal:

    0062649-86.2006.8.19.0001 - APELACAO / REEXAME

    NECESSARIO - DES. RENATA COTTA - Julgamento:

    02/12/2011 - TERCEIRA CAMARA CIVEL. RECURSO DE

    APELAO. REVISO DE BENEFCIO PREVIDENCIRIO.

    FILHAS MAIORES. ALEGAO DE

    INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA.

    DESCABIMENTO. JUROS REVISTOS. HONORRIOS

    ADVOCATCIOS AFASTADOS. Mrito. Valor da penso

    que deve corresponder integralidade dos

    vencimentos do servidor falecido, na forma do

    art.40, 7 e 8, da CRFB. Princpio da Paridade. As

    gratificaes genricas devem integrar a base de

  • PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    1A

    DEZ/2013 9

    clculo da penso devida s dependentes, pois tm

    natureza remuneratria e no indenizatria, sendo

    incorporadas aos vencimentos do ex-servidor.

    Correta a condenao do ru ao pagamento das

    diferenas em atraso, ressalvadas aquelas atingidas

    pela prescrio qinqenal, acrescidas as parcelas

    devidas de correo monetria e juros. No que

    tange suscitada inconstitucionalidade da norma,

    ao contrrio do defendido pelo recorrente, no h

    que se falar em inconstitucionalidade das regras que

    permitiam concesso de penso filha maior por

    violao ao princpio da isonomia, uma vez que este

    se traduz no reconhecimento da necessidade de

    tratamento desigual entre homens e mulheres em

    determinadas situaes, como se d, por exemplo,

    ao tratar de aposentadoria, na qual se exige menor

    tempo para essas ltimas. No bastasse, o

    acolhimento da pretenso recursal violaria outros

    princpios constitucionais, quais sejam, o da

    segurana jurdica, da legtima expectativa e da

    boa-f. Logo, tendo sido reconhecido

    administrativamente o direito das autoras ao

    pensionamento, no se pode afastar o direito

    penso e, em conseqncia, reviso do benefcio

    previdencirio. A existncia de Argio de

    Inconstitucionalidade n 0057894-80.2010.8.19.0000,

    oriunda da Apelao n 0349658-34.2008.8.19.0001,

    invocada pelo apelante, no tem o condo de

    obstaculizar o julgamento deste feito ou modificar o

    entendimento acima esposado. (...)

    0347451-62.2008.8.19.0001 - APELACAO / REEXAME

    NECESSARIO. DES. INES DA TRINDADE - Julgamento:

    06/12/2011 - NONA CAMARA CIVEL. AGRAVO

    INOMINADO. DECISO SINGULAR DO RELATOR QUE

    NEGOU PROVIMENTO AO APELO DO RU E DE OFCIO

    CORRIGIU O TERMO A QUO DA CORREO

    MONETRIA. REVISO DE BENEFCIO

    PREVIDENCIRIO. PENSO POR MORTE. FILHA MAIOR

    E SOLTEIRA DE EX-SERVIDOR. ARGUIO DE

    INCONSTITUCIONALIDADE SOBRE O TEMA QUE NO

  • PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    1A

    DEZ/2013 10

    FORA CONHECIDA PELO RGO ESPECIAL.

    APLICAO DA SUMULA 340 DO STJ. APLICVEL A

    LEGISLAO VIGENTE AO TEMPO DO BITO.

    PRESCRIO. INOCORRNCIA. RELAO DE TRATO

    SUCESSIVO. PRESCRIO QUINQUENAL. SMULA 58

    DO STJ. O VALOR DO BENEFCIO DEVE

    CORRESPONDER AO VALOR DOS PROVENTOS DO

    SERVIDOR EM ATIVIDADE NA DATA DO BITO, NA

    FORMA DO ARTIGO 40, 5 DA CR/88. ASSIM, O ART.

    29, DA LEI ESTADUAL N 285/79, COM REDAO DADA

    PELA LEI N 959, DE 1985, QUE GARANTIA S FILHAS

    MAIORES E SOLTEIRAS, SEM LIMITE DE IDADE, O

    RECEBIMENTO DA PENSO POR MORTE DE SEU PAI,

    DEVE SER MANTIDO. (...) AGRAVO INOMINADO NO

    PROVIDO.

    0228260-52.2010.8.19.0001 - APELACAO / REEXAME

    NECESSARIO. DES. LEILA ALBUQUERQUE -

    Julgamento: 09/12/2011 - DECIMA OITAVA CAMARA

    CIVEL. APELAO CVEL. REVISO DE PENSO POR

    MORTE. FILHA MAIOR DE IDADE.Sentena de

    procedncia para determinar a reviso do benefcio

    para corresponder a 100% dos vencimentos do ex-

    segurado.Recurso do Ru alegando a

    impossibilidade de pensionamento de filha maior.

    Arguio de Inconstitucionalidade da Lei vigente

    poca da concesso do benefcio no conhecida

    pelo rgo Especial deste Tribunal de Justia.Direito

    adquirido da filha maior e solteira ao recebimento

    de penso ante a lei vigente poca do bito do

    ex-segurado. Verbete n 340 da Smula do Superior

    Tribunal de Justia.Iseno do Rioprevidncia ao

    pagamento da taxa judiciria, por fora dos artigos

    10, inciso X e 17, inciso IX da Lei 3.350/1999.PARCIAL

    PROVIMENTO DO RECURSO.

  • PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    1A

    DEZ/2013 11

    Porm, o n grdio da presente demanda saber se o

    benefcio deve ser revogado, na medida em que, segundo expressa

    declarao da agravada em processo administrativo junto ao

    RIOPREVIDNCIA, poca do bito de seu genitor, convivia em unio

    estvel, situao que se perdurou at o ano de 1995.

    Nesse diapaso, de se trazer baila, o teor da Lei

    Estadual 959/1985, in verbis:

    Art. 1 - s filhas de segurados inscritos no Instituto de Previdncia do Estado do Rio de Janeiro - IPERJ -

    anteriormente vigncia da Lei n 285, de 03 de

    dezembro de 1979, assegurada a condio de

    beneficirias da penso ali instituda, enquanto

    solteiras.

    Pargrafo nico - Equiparam-se s solteiras as filhas

    vivas, desquitadas, separadas judicialmente ou

    divorciadas, de segurados inscritos na forma prevista

    nesta artigo, desde que vivam sob sua dependncia

    econmica.

    Da leitura de tal dispositivo, tem-se que as filhas que,

    independentemente da idade passaram a perceber penso, somente

    mantm tal benefcio enquanto ostentarem a condio de solteiras.

    No caso em comento, tem-se que a recorrida perdeu

    a condio de beneficiria de penso, na medida em que conviveu em

    unio estvel at o ano de 1995.

  • PODER JUDICIRIO

    JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    1A

    DEZ/2013 12

    Ora, como de conhecimento, aps o advento da

    Constituio da Repblica de 1988, a unio estvel ganhou proteo

    constitucional, com reconhecimento de entidade familiar e seus

    consectrios; consoante preceitua o seu art. 226, 3, in verbis:

    Art. 226. A famlia, base da sociedade, tem especial proteo do Estado.

    1 - (...)

    3 - Para efeito da proteo do Estado,

    reconhecida a unio estvel entre o homem e a

    mulher como entidade familiar, devendo a lei

    facilitar sua converso em casamento.

    Assim, indubitvel que, uma vez convivendo em unio

    estvel a filha maior, cessa a dependncia econmica em relao ao

    seu pai, razo pela qual, no h que se falar em manuteno do

    pensionamento institudo quando do bito do seu genitor.

    Ex positis, VOTO pelo PROVIMENTO do agravo, para

    determinar a suspenso liminar do pagamento da penso recorrida,

    referente ao bito de seu genitor.

    Rio de Janeiro, de de 2014.

    Desembargador MARCELO LIMA BUHATEM

    Relator

    2014-01-22T16:20:44-0200GAB. DES MARCELO LIMA BUHATEM