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Fechamento: 22/03/2016 às 23h58 Ano: XXIV - Nº 5.823 Quarta-feira, 23 de março de 2016 Num ato marcado pela emoção e pela argumen- tação qualificada, tanto na seara política quanto na do Direito, juristas notórios manifestaram críticas ao golpe jurídico-midiático em curso no Brasil contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff. A atividade ocorreu ontem no Palácio do Planalto e contou com a entrega de dezenas de manifestos de entidades pro- fissionais e personalidades do mundo jurídico com críticas à conspiração golpista e aos seus protagonis- tas, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que deliberou posição favorável ao processo de impe- achment deflagrado na Câmara dos Deputados. O governador do Maranhão, Flávio Dino, que foi juiz federal durante 12 anos, abriu o ato com duras críticas ao juiz Sérgio Moro, ainda que o magistrado não tenha sido citado expressamente. “Judiciário não pode mandar carta para passeata. E se o juiz ou o procurador quiser fazer passeata, há um caminho: basta pedir demissão do cargo. Mas não use a toga para fazer política porque isso destrói o Poder Judiciário”, criticou Dino, que presidiu a Associa- ção dos Juízes Federais (Ajufe) em duas gestões. Fazendo referência à perseguição promovida pela Operação Lava-Jato contra o ex-presidente Lula e a Juristas criticam Moro e OAB e rechaçam golpe presidenta Dilma Rousseff, Dino disse que uma injus- tiça cometida contra um homem só faz perecer o sen- so de Justiça da humanidade inteira. O governador criticou a OAB e mencionou o período autoritário. “Ontem as Forças Armadas, hoje, a toga supostamen- te imparcial. Pouco importa que a OAB tenha apoiado o golpe de 64. Ninguém lembra o nome do presidente da OAB em 64, mas todos nós lembramos de Ray- mundo Faoro e lembramos daqueles que tiveram co- ragem de defender a democracia”, ressaltou Dino. Francisco de Queiroz Bezerra Cavalcanti, diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), lembrou que Dilma é uma presi- denta “à qual não se atribui uma única irregularida- de” que possa ser configurada como crime de respon- sabilidade. “Estamos num tempo onde os golpes não são dados pelos militares, mas por artifícios jurídi- cos”, disse Cavalcanti, que afirmou também que, caso a presidenta seja afastada, por coerência, o mesmo deveria ocorrer a “pelo menos 16 governadores, in- clusive vários que defendem o impeachment”. Outro professor presente, Marcelo Neves, da Facul- dade de Direito da Universidade de Brasília (UnB), criti- cou os “arautos da ética” que dizem combater a corrupção e disse que Sérgio Moro praticou crime ao divulgar conver- sas telefônicas da presidenta da República sem autoriza- ção do Supremo Tribunal Federal (STF). “Se ele [Moro] não está com problemas psicológicos, ele é um crimino- so. Ele deveria enviar imediatamente as conversas para o STF, mas ele enviou para a Rede Globo. Os arautos da ética deveriam estar criticando o Estado policial que está sendo construído”, sugeriu Neves. Gláucia Foley, falando pela associação Juízes pela Democracia, também criticou os métodos do magistra- do de Curitiba. “Não se combate a corrupção corrom- pendo a Constituição!”, apontou a juíza. Camila Gomes, em nome da Rede Nacional de Advogados Populares (Renap), também apontou as vio- lações cometidas por Moro. “Um processo judicial que não respeita os direitos da presidenta da República vai respeitar os direitos de quem?”, indagou a advogada. O ato contou ainda com uma mensagem em vídeo do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, que se disse “muito preocupado” com a situação brasi- leira, mas mostrou-se confiante na ação do STF para a garantia do retorno à normalidade democrática. Os governadores dos estados brasileiros chance- laram acordo proposto pelo governo federal para alon- gar o prazo de pagamento das dívidas dos estados com a União, por mais 20 anos. Em reunião na Câmara com os líderes partidários, eles apoiaram ontem a proposta do governo que vai aliviar a situa- ção dos caixas estaduais. O governo encaminhou on- tem mesmo, ao Congresso Nacional, o projeto de lei complementar (PLP 257/16) com o texto acordado. Após o encontro, o líder do governo na Câmara, Governadores apoiam proposta do Governo para dívida dos estados; Guimarães cita “acordo republicano” deputado José Guimarães (PT-CE) José Guimarães (PT-CE) José Guimarães (PT-CE) José Guimarães (PT-CE) José Guimarães (PT-CE), afirmou que foi fechado um “grande acordo republicano” que forta- lece o pacto federativo. “Os governadores apoiaram a negociação, e o texto que resultou do diálogo com cons- trução coletiva. Aliás, todos os governadores ressalta- ram o papel do governo ao propor um texto de consenso que foi endossado também pelos líderes partidários. Temos que comemorar, pois o acordo fortalece a todos. Foi melhor para o País e para os estados, que terão mais fôlego para tomarem medidas para a retomada do cres- cimento econômico”, disse. O líder do Governo afirmou que vai se empe- nhar para que a Câmara dos Deputados possa vo- tar, já na próxima terça-feira (29), o projeto com o texto do acordo que foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. De acordo com o ministro, a medida representará um “alívio tem- porário para os estados, mas trará economia no longo prazo em função das reformas estruturais que os governadores terão que fazer”. ROBERTO STUCKERT FILHO/PR

Juristas criticam Moro e OAB e rechaçam golpeptnacamara.org.br/documentos/PT NA CAMARA-5823 - 23... · O governador do Maranhão, Flávio Dino, que foi juiz federal durante 12 anos,

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Page 1: Juristas criticam Moro e OAB e rechaçam golpeptnacamara.org.br/documentos/PT NA CAMARA-5823 - 23... · O governador do Maranhão, Flávio Dino, que foi juiz federal durante 12 anos,

Fechamento: 22/03/2016 às 23h58

Ano: XXIV - Nº 5.823Quarta-feira, 23 de março de 2016

Num ato marcado pela emoção e pela argumen-tação qualificada, tanto na seara política quanto nado Direito, juristas notórios manifestaram críticas aogolpe jurídico-midiático em curso no Brasil contra omandato da presidenta Dilma Rousseff. A atividadeocorreu ontem no Palácio do Planalto e contou com aentrega de dezenas de manifestos de entidades pro-fissionais e personalidades do mundo jurídico comcríticas à conspiração golpista e aos seus protagonis-tas, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),que deliberou posição favorável ao processo de impe-achment deflagrado na Câmara dos Deputados.

O governador do Maranhão, Flávio Dino, que foi juizfederal durante 12 anos, abriu o ato com duras críticas aojuiz Sérgio Moro, ainda que o magistrado não tenha sidocitado expressamente. “Judiciário não pode mandar cartapara passeata. E se o juiz ou o procurador quiser fazerpasseata, há um caminho: basta pedir demissão do cargo.Mas não use a toga para fazer política porque isso destróio Poder Judiciário”, criticou Dino, que presidiu a Associa-ção dos Juízes Federais (Ajufe) em duas gestões.

Fazendo referência à perseguição promovida pelaOperação Lava-Jato contra o ex-presidente Lula e a

Juristas criticam Moro e OAB e rechaçam golpepresidenta Dilma Rousseff, Dino disse que uma injus-tiça cometida contra um homem só faz perecer o sen-so de Justiça da humanidade inteira. O governadorcriticou a OAB e mencionou o período autoritário.“Ontem as Forças Armadas, hoje, a toga supostamen-te imparcial. Pouco importa que a OAB tenha apoiadoo golpe de 64. Ninguém lembra o nome do presidenteda OAB em 64, mas todos nós lembramos de Ray-mundo Faoro e lembramos daqueles que tiveram co-ragem de defender a democracia”, ressaltou Dino.

Francisco de Queiroz Bezerra Cavalcanti, diretorda Faculdade de Direito da Universidade Federal dePernambuco (UFPE), lembrou que Dilma é uma presi-denta “à qual não se atribui uma única irregularida-de” que possa ser configurada como crime de respon-sabilidade. “Estamos num tempo onde os golpes nãosão dados pelos militares, mas por artifícios jurídi-cos”, disse Cavalcanti, que afirmou também que, casoa presidenta seja afastada, por coerência, o mesmodeveria ocorrer a “pelo menos 16 governadores, in-clusive vários que defendem o impeachment”.

Outro professor presente, Marcelo Neves, da Facul-dade de Direito da Universidade de Brasília (UnB), criti-

cou os “arautos da ética” que dizem combater a corrupçãoe disse que Sérgio Moro praticou crime ao divulgar conver-sas telefônicas da presidenta da República sem autoriza-ção do Supremo Tribunal Federal (STF). “Se ele [Moro]não está com problemas psicológicos, ele é um crimino-so. Ele deveria enviar imediatamente as conversas para oSTF, mas ele enviou para a Rede Globo. Os arautos daética deveriam estar criticando o Estado policial que estásendo construído”, sugeriu Neves.

Gláucia Foley, falando pela associação Juízes pelaDemocracia, também criticou os métodos do magistra-do de Curitiba. “Não se combate a corrupção corrom-pendo a Constituição!”, apontou a juíza.

Camila Gomes, em nome da Rede Nacional deAdvogados Populares (Renap), também apontou as vio-lações cometidas por Moro. “Um processo judicial quenão respeita os direitos da presidenta da República vairespeitar os direitos de quem?”, indagou a advogada.

O ato contou ainda com uma mensagem em vídeodo sociólogo português Boaventura de Sousa Santos,que se disse “muito preocupado” com a situação brasi-leira, mas mostrou-se confiante na ação do STF para agarantia do retorno à normalidade democrática.

Os governadores dos estados brasileiros chance-laram acordo proposto pelo governo federal para alon-gar o prazo de pagamento das dívidas dos estadoscom a União, por mais 20 anos. Em reunião naCâmara com os líderes partidários, eles apoiaramontem a proposta do governo que vai aliviar a situa-ção dos caixas estaduais. O governo encaminhou on-tem mesmo, ao Congresso Nacional, o projeto de leicomplementar (PLP 257/16) com o texto acordado.

Após o encontro, o líder do governo na Câmara,

Governadores apoiam proposta do Governo paradívida dos estados; Guimarães cita “acordo republicano”

deputado José Guimarães (PT-CE)José Guimarães (PT-CE)José Guimarães (PT-CE)José Guimarães (PT-CE)José Guimarães (PT-CE), afirmou quefoi fechado um “grande acordo republicano” que forta-lece o pacto federativo. “Os governadores apoiaram anegociação, e o texto que resultou do diálogo com cons-trução coletiva. Aliás, todos os governadores ressalta-ram o papel do governo ao propor um texto de consensoque foi endossado também pelos líderes partidários.Temos que comemorar, pois o acordo fortalece a todos.Foi melhor para o País e para os estados, que terão maisfôlego para tomarem medidas para a retomada do cres-

cimento econômico”, disse.O líder do Governo afirmou que vai se empe-

nhar para que a Câmara dos Deputados possa vo-tar, já na próxima terça-feira (29), o projeto como texto do acordo que foi anunciado pelo ministroda Fazenda, Nelson Barbosa. De acordo com oministro, a medida representará um “alívio tem-porário para os estados, mas trará economia nolongo prazo em função das reformas estruturaisque os governadores terão que fazer”.

ROBERTO STUCKERT FILHO/PR

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Líder da Bancada: Deputado Afonso Florence (BA)

Chefe de Gabinete: Marcus Braga - Coordenação da Imprensa: Rogério Tomaz Jr.; Paulo Paiva Nogueira (Assessoria de Imprensa) Editores: Denise Camarano (Editora-chefe); Vânia Rodrigues e Tarciano Ricarto

Redação: Benildes Rodrigues, Gizele Benitz, Héber Carvalho, Tarciano Ricarto e Vânia Rodrigues - Rádio PT: Ana Cláudia Feltrim , Chico Pereira , Ivana Figueiredo e Gabriel

Fotógrafos: Gustavo Bezerra e Salu Parente Video: João Abreu, Jonas Tolocka e Jocivaldo Vale

Projeto Gráfico: Sandro Mendes - Diagramação: Sandro Mendes e Ronaldo Martins - Web designer e designer gráfico: Claudia Barreiros - Secretária de Imprensa: Maria das Graças

Colaboração: Assessores dos gabinetes parlamentares e da Liderança do PT.

O Boletim PT na Câmara, antigo Informes, foi criado em 8 de janeiro de 1991 pela Liderança do PT na Câmara dos Deputados.EX

PE

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NT

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Um acordo entre o governo federal e a FrenteParlamentar da Saúde viabilizou ontem a votação,pelo plenário da Câmara, do primeiro turno da pro-posta de emenda à Constituição (PEC 01/15) queeleva o valor mínimo a ser aplicado pela União emações e serviços públicos de saúde. A PEC aindaprecisa ser aprovada em segundo turno na Câmara,antes de seguir para apreciação do Senado.

O líder do governo na Câmara, deputado JoséJoséJoséJoséJoséGuimarães (PT-CE),Guimarães (PT-CE),Guimarães (PT-CE),Guimarães (PT-CE),Guimarães (PT-CE), elogiou a negociação que, emsua opinião, garante a aprovação de um texto que “re-presenta melhoria” para a saúde do País. “Esse texto éfruto da construção do melhor caminho, daqueles quequerem solução para os problemas do País. Nós, dogoverno da presidenta Dilma e da Frente Parlamentar daSaúde, fizemos esta negociação porque temos compro-

O plenário da Câmara aprovou ontem a medidaprovisória (MP 699/15) que muda o Código de Trân-sito Brasileiro para definir como infração gravíssimaa conduta de usar veículo para interromper, restringirou perturbar deliberadamente a circulação em viaspúblicas. Pelo texto aprovado, o infrator será punidocom multa e suspensão do direito de dirigir por 12meses. O deputado Afonso Florence (PT-BA)Afonso Florence (PT-BA)Afonso Florence (PT-BA)Afonso Florence (PT-BA)Afonso Florence (PT-BA) foio presidente da Comissão Mista que analisou a medi-da. E o deputado Ságuas Moraes (PT-MT)Ságuas Moraes (PT-MT)Ságuas Moraes (PT-MT)Ságuas Moraes (PT-MT)Ságuas Moraes (PT-MT) foi o

PLENÁRIO

PEC que aumenta orçamento parasaúde é aprovada na Câmara em 1º turno

misso com a saúde pública, com o fortalecimento dosetor, na luta incessante para buscar cada vez maisrecursos para a saúde. Então, quero dizer para oposiçãoque é dessa forma que mostramos o caminho. A tese do‘quanto pior, melhor’, como prega a oposição, não deveprevalecer na busca do fortalecimento das políticas pú-blicas”, disse Guimarães.

O texto aprovado prevê a aplicação, pelos próxi-mos sete anos, dos seguintes percentuais da receitacorrente líquida da União em ações e serviços desaúde: 14,8% no primeiro ano; 15,5% no segun-do; 16,2% no terceiro, até alcançar 19,4% no sé-timo ano. Isso equivale a 10% da receita correntebruta, como prevê o Movimento “Saúde +10”, pro-jeto de iniciativa popular que obriga o governo adestinar 10% da arrecadação bruta da União aoSistema Único de Saúde (SUS).

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ)Benedita da Silva (PT-RJ)Benedita da Silva (PT-RJ)Benedita da Silva (PT-RJ)Benedita da Silva (PT-RJ) e osdeputados Adelmo Carneiro Leão (PT-MG),Adelmo Carneiro Leão (PT-MG),Adelmo Carneiro Leão (PT-MG),Adelmo Carneiro Leão (PT-MG),Adelmo Carneiro Leão (PT-MG),Henrique Fontana (PT-RS), PHenrique Fontana (PT-RS), PHenrique Fontana (PT-RS), PHenrique Fontana (PT-RS), PHenrique Fontana (PT-RS), Pedro Uczaiedro Uczaiedro Uczaiedro Uczaiedro Uczai(PT-SC)(PT-SC)(PT-SC)(PT-SC)(PT-SC) e Ságuas Moraes (PT-MT)Ságuas Moraes (PT-MT)Ságuas Moraes (PT-MT)Ságuas Moraes (PT-MT)Ságuas Moraes (PT-MT)elogiaram em pronunciamento no plenário a aprova-ção da proposta.

Plenário aprova MP sobre trânsito e PECque dá status de tribunal superior para TST

relator-revisor no colegiado.PECPECPECPECPEC – Ainda foi aprovada pelo plenário, em

segundo turno, a proposta de emenda à Constituição(PEC 11/15) que inclui o Tribunal Superior do Traba-lho entre os órgãos do Poder Judiciário. O deputadoZé Geraldo (PT-PA)Zé Geraldo (PT-PA)Zé Geraldo (PT-PA)Zé Geraldo (PT-PA)Zé Geraldo (PT-PA) elogiou a aprovação. “Estamatéria é muito importante. Na verdade, o TribunalSuperior do Trabalho já tem o nome. Já é consideradosuperior. Mas ele precisa, sim, de uma estrutura su-perior para poder atuar”, disse o petista.

O objetivo da PEC é corrigir lapso do constituinteoriginal que colocou na Constituição de 1988 apenasos tribunais e juízes do trabalho como órgãos do PoderJudiciário, sem explicitar o tribunal superior. A PECsegue para promulgação.

CréditoCréditoCréditoCréditoCrédito – Os deputados aprovaram também a MP709/15, que libera R$ 1,3 bilhão para os ministériosda Integração Nacional; Saúde; Defesa; Agricultura;Cultura; Esporte; e Turismo. As duas medidas provisóriasaprovadas ontem seguem para análise do Senado.

DEM leva fascismo do MBL ao plenário da Câmara emevento pela igualdade racial; Vicentinho acionará Justiça

Não contentes com o ódio e a violência – simbólica, verbal e física – quejá disseminam nas ruas e na Internet, representantes do Movimento BrasilLivre (MBL), organização de viés fascista e financiada por fontes ocultas, usa-ram o plenário da Câmara dos Deputados para achincalhar a luta contra adiscriminação racial e ofender militantes do movimento negro.

O ataque, patrocinado pelo partido Democratas (ex-Arena/PDS/PFL), ocorreuontem durante comissão geral realizada para celebrar o Dia Internacional de Lutapela Eliminação da Discriminação Racial, 21 de março, data instituída pela Organi-zação das Nações Unidas (ONU) em memória das pessoas que morreram no cha-mado “massacre de Sharpeville”, em Joanesburgo, na África do Sul, em 1960.

Indicado pela Liderança do DEM para falar em nome do partido na ativi-dade, Fernando Holiday, coordenador do MBL, chamou os convidados do even-

to – em sua maioria, militantes do movimento negro com décadas de luta pelaigualdade racial – de “racistas” e “charlatões descarados”. Além disso, Holidayrasgou uma folha de papel com o Hino da Negritude e disse que o documento,que foi oficializado pela Lei 12.981/14, merecia “a lata de lixo”.

O deputado Vicentinho (PT-SP), autor do projeto de lei que resultou no Hino àNegritude, afirmou que tomará medidas judiciais contra o representante do MBL.“Vamos entrar com uma ação judicial através da Procuradoria da Câmara. Ele nãopode rasgar um hino que é uma lei. É como se rasgasse o Hino Nacional. É como serasgasse a Bandeira do Brasil. Isso a gente não pode aceitar de jeito nenhum”, disse.

Sessão de Homenagem – Por iniciativa de Vicentinho, a Câmara realiza no próxi-mo dia 28 de março, às 10h, sessão solene em homenagem ao Dia Internacional pelaEliminação da Discriminação Racial, comemorado em 21 de março.

LUIZ MACEDO/CD

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A presidenta Dilma Rousseff rechaçou ontem qual-quer possibilidade de renunciar diante de medidas emcurso que questionam a legitimidade de seu mandato.Durante encontro em que recebeu o apoio de juristas, noPalácio do Planalto, Dilma afirmou que a Constituiçãoprevê o impeachment como instrumento para afastarum presidente desde que haja crime de responsabilida-de claramente demonstrado. Mas que, sem ser nessascondições, “o afastamento torna-se, ele próprio, umcrime contra a democracia”.

“Condenar alguém por um crime que não prati-cou é a maior violência que se pode cometer contraqualquer pessoa. É uma injustiça brutal. É uma ilega-lidade. Já fui vítima desta injustiça uma vez, durantea ditadura, e lutarei para não ser vítima de novo, emplena democracia”, disse a presidenta. “Neste caso,não cabem meias palavras: o que está em curso é umgolpe contra a democracia. Eu jamais renunciarei.”

Dilma agradeceu aos juristas, advogados, profes-

O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo,disse ontem que os motivos relatados no pedido de impe-achment do mandato da presidenta Dilma Rousseff, atu-almente em trâmite no Congresso Nacional, não poderi-am ser caracterizados como crime de responsabilidadefiscal. Na sua avaliação, esse argumento tem sido usadocomo desculpa por forças políticas contrárias ao governo.

“Desde o dia seguinte à eleição, tentam encon-trar pretextos para impeachment. E pretexto paraimpeachment é golpe”, afirmou Cardozo. Ainda, se-gundo o ministro da AGU, o processo ofende a Cons-tituição brasileira e nasce vinculado a um desejo de

CONTRA O GOLPE

Dilma: “Já fui vítima na ditadura e lutarei paranão ser vítima de novo, em plena democracia”

sores de direito e a todos os que trabalham pelaJustiça, além de todos os cidadãos que defendem anormalidade democrática e a Constituição. “Juntosvamos defender as instituições das ameaças que es-tão sofrendo”, afirmou.

Segundo a presidenta, ações que ultrapassassemo limite estabelecido pelo Estado democrático de di-reito devem ser combatidas com veemência. “Sei queas instituições do Brasil, hoje, estão muito maduras,sei que temos condições de superar esse momento.Mas sei também que há uma ruptura institucionalsendo forjada nos baixos porões da baixa política queprecisa ser combatida”, enfatizou.

A presidenta também falou sobre as tentativas dese negar que o processo em curso seja um golpecontra a democracia. “Pode-se descrever um golpe deestado com muitos nomes, mas ele sempre será o queé: a ruptura da legalidade, atentado à democracia.Não importa se a arma do golpe é um fuzil, uma

vingança ou a vontade política de alguns de chegarmais rapidamente ao poder”, explicou.

“Esse tipo de sinônimo, esse tipo de uso inade-quado de palavras é o mesmo que usavam contra nósna época da ditadura para dizer que não existia presopolítico, não existiam presos políticos no Brasil quan-do a gente vivia dentro das cadeias espalhadas poresse País a fora. Negar a realidade não me surpreen-de, por isso, o nome é um só, é golpe.”

Por fim, Dilma defendeu a manutenção de umgoverno que preza pelas conquistas sociais alcança-das nos últimos anos. “Tudo isso somente será pos-sível se preservarmos nossa democracia, fundamen-to do Brasil melhor e mais justo que nós todossonhamos. Sejamos, pois, firmes na defesa da lega-lidade, na defesa da Constituição, e do Estado deDireito, na defesa das conquistas que o povo brasi-leiro conseguiu nos últimos anos do nosso País. Porisso tenho certeza, não vai ter golpe”, complemen-

“Se pudesse resumir o que está escrito na Constituição,eu diria: não passarão”, diz Cardozo sobre impeachment

vingança ao atual governo.Cardozo destacou a evolução do trabalho e da

autonomia da Polícia Federal nos últimos 12 anos e ocritério de nomeação do procurador-geral da Repúbli-ca – em que os procuradores elaboram uma listatríplice e fazem uma eleição entre os três nomes –como mostras de como o governo tem trabalhado parafortalecimento das instituições.

Ele criticou ainda os vazamentos de conversas en-volvendo a presidenta Dilma. “Nesse momento turbu-lento, além de se tentar um golpe, tenta-se engrossar[os protestos] com violação de direitos básicos. Não é

possível que num estado democrático de direito que osigilo seja tratado dessa forma”, afirmou.

O advogado-geral da União anunciou que vaientrar no Supremo Tribunal Federal com umanova ação, solicitando o esclarecimento dos li-mites legais para interceptação e divulgação dediálogos da presidenta da República.

O ministro prometeu também continuar a luta pelagarantia dos direitos de todos e disse que a ConstituiçãoBrasileira não abre espaços para manobras oportunis-tas. “Se pudesse resumir o que está escrito em nossaConstituição, eu diria: não passarão”.

ROBERTO STUCKERT FILHO/PR

Autoridades precisam respeitar Constituição, diz Leo de BritoO deputado Leo de Brito (PT-AC), professor licenciado de Direito da Universidade Federal do Acre (Ufac), participou ontem do Encontro

com Juristas pela Legalidade e em Defesa da Democracia, no Palácio do Planalto, para prestar solidariedade à presidenta Dilma Rousseffe manifestar apoio à sua permanência na Presidência da República. “Denunciamos as arbitrariedades que vêm acontecendo nos últimosdias, relacionadas ao Poder Judiciário, que tem, digamos assim, conflagrado a população a estar junto com os golpistas”.

O deputado destacou o lema da Associação de Juízes para a Democracia, de que o combate à corrupção não pode corromper aConstituição. “As autoridades brasileiras precisam ter bom senso e discernimento para que as leis e a Constituição do País sejam respei-tadas e obedecidas, evitando o agravamento da grave crise política”, defendeu.

Para Leo de Brito, o Brasil vive uma tentativa de golpe sem precedentes na sua história, “onde setores do Judiciário, com apoio de quasetoda a mídia nacional, estão passando por cima das leis e da Constituição e promovendo um clima de divisão entre os brasileiros”.

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Os defensores da Constituição e dorito estabelecido pelo Supremo TribunalFederal (STF) para a análise do pedidode impeachment da presidente DilmaRousseff conseguiram barrar mais umailegalidade na comissão especial queanalisa o pedido. A delação premiada dosenado Delcídio Amaral (sem partido-MS), aditada após a aceitação da denún-cia, foi retirada do processo. “Aqui vai seruma luta diária para evitar a ilegalida-de”, afirmou o deputado PPPPPaulo Taulo Taulo Taulo Taulo Teixei-eixei-eixei-eixei-eixei-ra (PT-SP)ra (PT-SP)ra (PT-SP)ra (PT-SP)ra (PT-SP), autor da questão de ordemque resultou na retirada da delação.

Assim, a comissão decidirá sobre a aceitação ounão do pedido de impeachment com base na denúnciaoriginal contra Dilma aceita pelo presidente da Câ-mara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), emdezembro de 2015, que trata de suposta irregularida-de na edição de decretos que liberavam recursos nãoprevistos no Orçamento de 2014. Já a delação deDelcídio trata da Operação Lava-Jato.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) tambémapresentou questão de ordem contra o aditamento dadelação e contra o ajuntamento de qualquer outrodocumento fora do escopo que deu origem ao proces-so de impedimento da presidenta Dilma.

PPPPPrazo de defesarazo de defesarazo de defesarazo de defesarazo de defesa – O deputado Paulo Teixei-ra, que coordena a Bancada do PT na comissão, já

CONTRA O GOLPE

O deputado Ni lmár io Miranda (PT-MG)Ni lmár io Miranda (PT-MG)Ni lmár io Miranda (PT-MG)Ni lmár io Miranda (PT-MG)Ni lmár io Miranda (PT-MG)criticou ontem duramente a Ordem dos Advogadosdo Brasil (OAB) por apoiar o processo de impeach-ment da presidenta Dilma Rousseff (PT), cujo trâ-mite cabe ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, réu na Lava-Jato edetentor de várias contas não declaradas no exte-rior. “A OAB age hoje como em 1964, quandoapoiou o golpe militar”, disse Nilmário.

“Causou-me espanto a decisão da OAB de apoiarimpeachment sem crime de responsabilidade no exatomomento em que são divulgadas gravações de advoga-dos com clientes, quando um presidente da Câmara queé réu abre processo de impeachment contra uma presi-denta que não é ré”, afirmou Nilmário.

O parlamentar refutou os argumentos de par-tidos golpistas como o PSDB e o DEM, segundo osquais o fato de a OAB ter aderido ao golpe mostra-ria legitimidade no processo aberto na Câmara.Nilmário frisou que em 1964 a OAB também “le-gitimou” o golpe militar que instalaria uma dita-dura de 21 anos no País.

Base aliada impede delação na comissão doimpeachment: “Vamos derrotar esse processo”

Nilmário rechaça golpismo da OABe compara direção da entidade à de 1964

ViolaçõesViolaçõesViolaçõesViolaçõesViolações – Ele lembrou que o silêncio da OABperdurou ao longo de anos, mesmo com as graves vio-lações institucionais e desrespeito aos direitos huma-nos patrocinados pela ditadura. Foi o caso da edição doAto Institucional número 5 (AI-5) em 1968, o qualabriu caminho para todos os tipos de abuso, inclusive ofim de habeas corpus, a demissão de três ministros doSupremo Tribunal Federal e até perseguição a advoga-dos de defesa de perseguidos políticos.

“A OAB se prosternou quando advogados valentes(eram muitos) foram presos na defesa dos perseguidospolíticos, quando a tortura tornou-se sistêmica, quandoa censura invadiu as redações”, comentou Nilmário.

O deputado estranhou que a atual direção daOAB não tenha se posicionado contrariamente a vá-rios abusos que têm sido cometidos no âmbito daOperação Lava-Jato. Citou como exemplo o grampoilegal de advogados autorizados pelo juiz SergioMoro e o grampo da presidenta Dilma, numa afrontaà Constituição e às leis do País. “A OAB apoia umimpeachment sem nenhuma base legal e se caladiante das arbitrariedades cometida por Moro e in-tegrantes da Lava-Jato”, comentou.

Nilmário Miranda observou que a OAB, durante aditadura, só se posicionou claramente contra as arbi-trariedades iniciadas em 1964 com a “Carta de Curi-tiba”, em 1977, quando era presidida por RaymundoFaoro. “Coincidentemente, a carta foi lançada namesma Curitiba onde hoje cometem-se violações dedireitos por um juiz federal”, disse o parlamentar.

Ele lembrou que a OAB já foi dirigida por grandesnomes, como Seabra Fagundes e Márcio Thomas Bastos,além do próprio Faoro, que elevou a instituição a um outropatamar, colocando-a na trincheira em defesa da demo-cracia, do respeito às leis e do Estado de Direito.

anunciou que vai apresentar nova questão de ordempedindo para que o processo retorne à fase da noti-ficação de Dilma. Ele explicou que a presidenteDilma foi notificada na tarde de quinta-feira (17) ejá foram contadas duas sessões das dez que com-põem o prazo. Caso haja uma nova notificação, oprazo teria de contar do zero. Teixeira ressaltou quea delação de Delcídio constava como anexo do do-cumento enviado à presidente.

“Essa decisão de retirar o aditamento é um reco-nhecimento de mais uma ilegalidade nesse processo.Como a oposição reconhece isso, então deve-se reto-mar os prazos iniciais de tramitação, sob pena de secometer uma nova ilegalidade” argumentou PauloTeixeira, que não pode apresentar o questionamentoporque a terceira reunião da comissão foi encerrada

prematuramente por causa da Ordem doDia do plenário da Câmara.

Paulo Teixeira reafirmou que es-tão tentando dar um golpe em umapresidente eleita legitimamente. “Va-mos derrotar esse processo e não va-mos aceitar nenhuma ilegalidade”,enfatizou, lembrando que a maior ile-galidade é o próprio processo de im-peachment, porque os motivos da de-núncia são as contas do governo dapresidente Dilma que sequer foramanalisadas pelo fórum competente, no

caso, o Congresso Nacional.“E o parecer do senador Acir Gurgacz (PDT-

RO) é pela aprovação das contas e em 2015 ne-nhuma instituição se pronunciou ainda sobre ascontas do governo. Então, instalou-se o processode impeachment para apontar irregularidades ecrimes fiscais sem que as contas tenham sido ana-lisadas pelo Congresso Nacional”, criticou.

Justa causaJusta causaJusta causaJusta causaJusta causa – Para o deputado AssisAssisAssisAssisAssisCarvalho (PT-PI),Carvalho (PT-PI),Carvalho (PT-PI),Carvalho (PT-PI),Carvalho (PT-PI), não existe justa causa, nemprova que sustente o andamento do processo de impe-dimento da presidenta Dilma. “O correto é a suspen-são do processo, dos trabalhos desta comissão até queas contas do governo Dilma sejam julgadas, uma vezque o motivo da denúncia são irregularidades nascontas que sequer foram apreciadas”, defendeu.

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O cantor Chico Buarque e outras 2 milpessoas também se posicionaram a favorda democracia brasileira e contra o golpe.O abaixo-assinado “Escritores e profissio-nais do livro pela democracia”, publicadona segunda-feira (21), surgiu pelo Face-book e conta com a participação de poetas,editores, revisores, designers, entre outros.

O manifesto está disponível paraadesões na internet. Além de Chico, assinam o documento Antonio Candi-do, Milton Hatoum, Slavoj Zizek, Leonardo Padura, Lira Neto, RaduanNassar, Bernardo Carvalho, Laerte, Humberto Werneck, Aldir Blanc, RubensFigueiredo e Davi Arrigucci Jr, e outros escritores.

Em dezembro de 2015, mais de 760 artistas também assinaram ma-nifesto contra o golpe e pela democracia. Leia a seguir a íntegra.

“Nós, abaixo assinados, que escrevemos, produzimos, publicamos e fa-zemos circular o livro no Brasil, vimos nos manifestar pela defesa dos valoresdemocráticos e pelo exercício pleno da democracia em nosso País, de acordocom as normas constitucionais vigentes, no momento ameaçadas.

Não podemos imaginar a livre circulação de ideias em outra ordem quenão seja a da diversidade democrática, gozada de forma crescente nas últi-mas décadas pela sociedade brasileira, que é cada vez mais leitora e tem

Advogados de todo o Brasil se posi-cionaram contra a decisão da Ordem dosAdvogados Brasileiros (OAB-Nacional) dese manifestar a favor da abertura de umprocesso para decidir sobre o impeach-ment da presidenta Dilma Rousseff. “Adecisão do Conselho Federal não refletea unanimidade do pensamento dos advo-gados do País”, afirma Marcello Lavené-re Machado, ex-presidente da OAB.

Machado, que esteve presente na reu-nião que decidiu o posicionamento da OAB, afirma que existem muitas vozesdivergentes dentro do Direito. Segundo ele, o processo não é legítimo, porque asacusações contra a presidenta Dilma Rousseff, tanto sobre as contas de campa-nha quanto sobre as chamadas “pedaladas fiscais”, são inconsistentes.

Na última sexta-feira (18), o Conselho Federal da OAB decidiu apoiar opedido de impeachment da presidente Dilma. É importante ressaltar que a OABsegue postura semelhante a que teve em 1964, quando apoiou a derrubada dogoverno Jango Goulart. Em março daquele ano, um golpe militar destituiu opresidente eleito e instaurou uma ditadura de mais de 20 anos no Brasil.

Grupos de juristas em todo o País estão se reunindo para se posicionar contraesse processo. No Ceará, advogados do Coletivo Advogados e Advogadas Cearensespela Democracia publicaram um manifesto em que se posicionam contra a decisãoda OAB Ceará, que apoiou a abertura do processo de deposição da presidenta. Emnota, o coletivo repudia “qualquer tentativa de aliança institucional que está emcurso no Brasil, verdadeira afronta ao Estado Democrático de Direito”.

Além disso, a nota, assinada por 199 advogados cearenses, critica as últimasações do juiz Sérgio Moro, que divulgou grampos telefônicos ilegais. Para o cole-

CONTRA O GOLPE

Advogados se posicionam contraapoio ao impeachment pela OAB

tivo, o juiz deveria ser denunciado peloConselho Nacional de Justiça (CNJ).

A ação de Moro recebeu manifesta-ções de repúdio de sedes estaduais daOAB. No Rio de Janeiro, a OAB soltounota afirmando que “o procedimento domagistrado, típico dos estados policiais,coloca em risco a soberania nacional edeve ser repudiado, como seria em qual-quer República democrática do mundo”.

Em outra ação de resistência, um grupode ao menos 587 advogados assinou uma petição pública contra o processo doimpeachment. No texto da petição, os advogados afirmam que não há fundamentosjurídicos para a abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Segundo a nota, o impeachment não se trata de um processo puramentepolítico. Para que ele seja legítimo, é necessário o crime de responsabilidade,algo que a presidenta Dilma não cometeu. “Ainda que se afirme ser o impeach-ment uma decisão política, isso não afasta sua juridicidade, ou seja, seu caráterde decisão jurídica obediente à Constituição”, afirma o texto.

Ainda de acordo com o texto, mesmo o Congresso não pode destituir umapresidenta ou presidente por mero dissenso político. É necessária uma basejurídica real para que isso ocorra. “Não podemos aceitar a relativização doprincípio democrático por meio de um procedimento de impeachment semfundamento jurídico”

Na semana passada, diversos juristas se reuniram em São Paulo, na facul-dade de Direito do Largo São Francisco para se manifestar não só contra oimpeachment, mas também contra diversos abusos cometidos pelo juiz SérgioMoro no âmbito da operação Lava-Jato.

Chico Buarque e escritores assinam manifesto pela democraciacada vez mais acesso à educação.

Ainda podemos nos recordar facil-mente dos tempos obscuros da censuraàs ideias e aos livros nos 21 anos doregime ditatorial iniciado em 1964.

A necessária investigação detoda denúncia de corrupção, en-volvendo a quem quer que seja,deve obedecer às premissas da le-

galidade e do Estado democrático de direito.O retrocesso e a perda dos valores democráticos não interessam à

maioria do povo brasileiro, no qual nos incluímos como profissionaisdedicados aos livros e à leitura.

Ao percebermos as conquistas democráticas ameaçadas pelo abusode poder e pela violação dos direitos à privacidade, à livre manifestaçãoe à defesa, combinadas à agressividade e intolerância de alguns, e àindesejada tomada de partido por setores do Poder Judiciário, convoca-mos os profissionais do livro a se manifestarem em todos os espaçospúblicos pela resistência ao desrespeito sistemático das regras básicasque garantem a existência de um Estado de direito.

Dizemos não a qualquer tentativa de golpe e, mais forte ainda, dize-mos sim à Democracia”.

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CONTRA O GOLPE

Os deputados petistas integrantes da CPI doConselho Administrativo de Recursos Fiscais(Carf) defenderam ontem que as investigaçõesdo colegiado se concentrem no desbaratamentodo esquema de corrupção que existia no órgão.Durante audiência pública que ouviu o procura-dor da República Frederico de Carvalho Paiva,primeiro responsável do Ministério Público a in-vestigar o caso, os parlamentares condenaram atentativa de setores políticos de deslocamentodo foco central da CPI.

Para o 2º vice-presidente da CPI, deputadoPPPPPaulo Pimenta (PT-RS)aulo Pimenta (PT-RS)aulo Pimenta (PT-RS)aulo Pimenta (PT-RS)aulo Pimenta (PT-RS), o sucesso do traba-lho do colegiado está atrelado à disposição damaioria dos integrantes da CPI se concentrar nasinvestigações de corrupção do Carf e não em hipó-teses não comprovadas.

“Cometem um erro aqueles colegas que ten-tam encontrar nexo dessa máfia coLava-Jato pegaherdeira da Globo e Moema Gramacho denunciafalso moralismo da oposição

m os governos A ou B. Alguns dos envolvidosno escândalo estão no Carf desde a década de

A deputada Moema Gramacho (PT-Moema Gramacho (PT-Moema Gramacho (PT-Moema Gramacho (PT-Moema Gramacho (PT-BA) BA) BA) BA) BA) denunciou ontem na tribuna da Câ-mara a hipocrisia dos discursos em defesada moralidade pública realizada por inte-grantes da oposição na Casa. Segundo aparlamentar, os ataques direcionados aogoverno da presidenta Dilma, ao ex-presi-dente Lula e ao PT servem apenas comodiscurso político para viabilizar o retornoda oposição ao poder para esconder as fal-catruas desse grupo e de seus aliados.

“Fico surpresa de ver a hipocrisia que reina aquineste Plenário. Eu não vi até agora nenhum deputadode oposição, que se diz defensor do combate à corrup-ção, falar que a Lava Jato chegou aos Marinho. Que aLava-Jato chegou a uma pessoa chamada Paula Mari-nho. Eu não vi ninguém falar aqui dessa empresa quesustenta essa corja, que também está ligada à Brasif,aquela que sustentava a ex-namorada de FHC en-quanto ele era ainda presidente da República, comrelações diretas”, acusou Moema.

Segundo o site Vi o Mundo, do jornalista LuizCarlos Azenha (Record), em um dos documentos apre-endidos pela Polícia Federal na 26ª fase da OperaçãoLava-Jato, na sede paulistana da empresa MossackFonseca, consta o nome de Paula Marinho de Azevedo.

Lava-Jato pega herdeira da Globo e MoemaGramacho denuncia falso moralismo da oposição

De acordo com o site, a Mossack de São Paulo é umafilial da Mossack do Panamá, considerado um dosmaiores “laranjais” do mundo.

Para o Vi o Mundo, oficialmente a empresa faz oque é definido como “proteção patrimonial”: umempresário que queira guardar patrimônio para seproteger da eventual falência de seu negócio montauma empresa de fachada, por exemplo. Mas na práti-ca, as fachadas podem servir para sonegar impostos,transferir dinheiro de origem indeterminada ou lavardinheiro de origem ilegal.

O site levanta a coincidência de que um dos con-troladores do Grupo Globo, João Roberto Marinho,também possui uma filha de nome Paula Marinho deAzevedo. No item número 11 do auto de apreensão,num papel com anotações manuscritas, o nome de

Paula aparece ao lado do número 576764-15. Há dois valores associados. O primei-ro, de U$ 3.741,00, ligado à data 27 dejulho. A outra quantia, ao lado das anota-ções “Total e Paula Marinho Azevedo”, éde U$ 134.238,33.

O aparecimento de uma anotaçãona empresa Mossack com o nome dePaula Marinho Azevedo se conecta aocaso da mansão Paraty House, constru-

ída de forma irregular na praia de Santa Rita, emParaty, litoral do Rio de Janeiro. A posse da pro-priedade é investigada pela Polícia Federal noâmbito da Lava-Jato.

Atualmente sem um dono identificado, ela estáregistrada em nome da Agropecuária Veine Patrimo-nial, que por sua vez tem como sócia a Vaincre LLC,baseada em Nevada (Estados Unidos).

Um documento apreendido pela Polícia Federalaponta em anuidades a receber pela Mossack o nomeda Glem Participações, controladora da Vaincre LLC, eque pertence ao ex-genro de João Roberto Marinho,Alexandre Chiappetta de Azevedo. Ele se separou dePaula, a herdeira global, no fim do ano passado. Nasanotações, a anuidade para manter a empresa donada Paraty House custou U$ 1.535,00.

Deputados petistas cobram investigaçãorigorosa de esquema de corrupção no Carf

1990. Essa máfia ultrapassou muitos governos e,ultimamente, tratava de estoques de julgamentosde dívidas que chegavam a 585 bilhões de reais.O Brasil não pode perder a chance de investigaressa máfia, e tentar recuperar ao menos 20%desse montante, o que significa algo em torno de100 a 120 bilhões de reais”, ressaltou.

Ainda como advertência ao colegiado, o deputa-do lamentou o pronunciamento de deputados da opo-sição, que em vez de fazerem perguntas relacionadasàs investigações do Carf, tentaram desvirtuar os traba-lhos para temas levantados pela mídia e sem compro-vação. Entre os assuntos, ele citou as supostas ilega-lidades na tramitação de medidas provisórias (MP’s).

“O interessante é que, até setembro de 2015,quando já existiam indícios de venda de sentençasem 74 julgamentos no Carf e estava praticamentepronta uma denúncia contra seis ou sete empresasbeneficiadas por essas decisões, não havia inte-resse da grande imprensa. Mas bastou vazar ainformação de que a Operação Zelotes poderiainvestigar supostas ilegalidades na tramitação deMP’s no Congresso, que o escândalo ganhou co-

bertura do Jornal Nacional e do Jornal da Globo,por exemplo”, afirmou Pimenta.

VVVVVazamentosazamentosazamentosazamentosazamentos – Também integrante do cole-giado, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP)Arlindo Chinaglia (PT-SP)Arlindo Chinaglia (PT-SP)Arlindo Chinaglia (PT-SP)Arlindo Chinaglia (PT-SP),ao citar alerta do próprio procurador de que vaza-mentos de informações chegaram a prejudicar ainvestigação, alertou para o fato de que o mesmoerro não pode ser cometido pela CPI.

“Infelizmente o vazamento virou prática no Bra-sil, para pressionar as pessoas via constrangimentona sociedade. Existe uma preocupação quando é onome de uma empresa, mas não quando envolve onome de pessoas, que podem ou não ter honra, masque não podem ter seus nomes vazados antes daconclusão das investigações”, afirmou.

Segundo o procurador da República Fre-derico Paiva, a exploração política de vaza-mento não interessa ao Ministério Público.“No Brasil temos um Judiciário ineficiente,os julgamentos não obedecem a um prazo ra-zoável, mas não se pode pressionar o Judici-ário por essa via, que é ilegal, mas que setornou comum no País”, reconheceu.

GUSTAVO LIMA/CD

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Os senadores da Bancada do PT – mais as se-nadoras Vanessa Grazziotin (PC doB-AM) e Lídiceda Mata (PSB-BA) e os senadores Telmário Mota(PDT-RR) e Roberto Requião (PMDB-PR) – proto-colaram ontem no Conselho Nacional de Justiça(CNJ) “Reclamação Disciplinar” contra o juiz Sér-gio Moro, que coordena a Operação Lava-Jato. Odocumento tem como destinatário o presidente doSupremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewando-wski, que também é o presidente do CNJ.

“A fundamentação dessa reclamação discipli-nar são os grampos ilegais e a publicidade dessesgrampos feita pelo juiz Sérgio Moro. Essa reclama-ção, de caráter funcional, é competência do CNJpara tratar dos abusos das autoridades do PoderJudiciário. Não trata do mérito. Quem trata do mé-rito é o Supremo Tribunal Federal”, explicou aosjornalistas o líder do governo no Congresso Nacio-

A legitimidade do presidente da Câmara, de-putado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em conduziro processo que sugere o impedimento da presi-denta Dilma Rousseff, foi questionada ontem pelodeputado Henrique Fontana (PT-RS)Henrique Fontana (PT-RS)Henrique Fontana (PT-RS)Henrique Fontana (PT-RS)Henrique Fontana (PT-RS) em durodiscurso no plenário.

“É uma vergonha que o deputado Eduardo Cu-nha (e eu não o chamo de presidente), que é o líderdesse golpe e um dos políticos mais corruptos doBrasil, tente conduzir uma sessão para cassar omandato de uma mulher honesta, honrada, que nãocometeu nenhum crime”, afirmou Fontana.

Conforme explicou o deputado, para um impea-chment sem a característica de golpe, seria necessá-rio comprovação de crime de responsabilidade prati-cada pela mandatária da Nação.

“Não há crime nenhum que a presidente Dilma te-nha cometido. Ao contrário, o que ouço nos corredores é atentativa de construção de um acordo em que se derruba-

Bancada do PT no Senado pedeque CNJ investigue Sérgio Moro

nal, senador José Pimentel (PT-CE).O argumento central da reclamação protocola-

da pelos senadores está na decisão de Sérgio Morode enviar os grampos telefônicos, em “primeiramão”, à emissora Globo News, nos quais se ouveuma conversa privada entre a presidenta Dilma Rous-seff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ossenadores que assinam o documento cobram umrelato detalhado do que efetivamente aconteceupara compreender como foi possível uma ação destanatureza e para localizar os responsáveis pela “ile-galidade perpetrada”.

A reclamação fecha seu foco na diferença entrea hora em que Moro ordena a suspensão do grampoe a hora em que ela efetivamente foi realizada. Odocumento assinado pelos senadores também aponta“o desprezo [de Sergio Moro] pelo devido processolegal, pelo Estado de Direito e pelas instituições”.

Fontana caracteriza como “vergonha”impeachment sem crime e conduzido por Cunha

ria a presidente através de um golpe”, denunciou.Para Fontana, há um conluio entre o PSDB, seto-

res da oposição e parte do PMDB para construir umnovo governo. Ele alertou que o objetivo desse novogoverno é “abrir condições para determinados acordosque poderiam, inclusive, frear investigações, coisaque a presidente Dilma jamais fez em todos os seuscinco anos na Presidência da República”.

“O que está em debate no Brasil hoje é a disputapelo poder. É a disputa para ocupar a Presidência daRepública. Em uma democracia, só há uma forma deocupar a Presidência da República: através do votopopular, não através de um golpe; não é rasgando aConstituição”, enfatizou Fontana.

Fontana também denunciou a tentativa de Eduar-do Cunha de incluir no processo contra Dilma a dela-ção premiada do senador Delcídio Amaral (sem parti-do-MS). A comissão rejeitou a manobra a partir dequestionamento da Bancada do PT na comissão.

PTNOSENADO

O Dia Internacional contra a Discriminação Raci-al, comemorado em 21 de março, foi lembrado natribuna da Câmara ontem por deputados da Bancadado PT. O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG)Reginaldo Lopes (PT-MG)Reginaldo Lopes (PT-MG)Reginaldo Lopes (PT-MG)Reginaldo Lopes (PT-MG),que preside a comissão especial que analisa o PlanoNacional de Enfrentamento ao Homicídio de Jovens,enfatizou que a luta pelo fim da discriminação racialé uma luta importante da sociedade brasileira, por-que, “de fato, ainda não fizemos nosso reencontrocom a democracia racial”.

O parlamentar aproveitou a homenagem para de-fender a aprovação da proposta de emenda à Constitui-ção (PEC 126/15) que propõe a criação de um fundonacional de promoção da igualdade racial, da supera-ção do racismo, em especial para a reparação de danos.A PEC, de sua autoria, é resultado da CPI que investigoua violência contra jovens negros e pobres.

O deputado do PT mineiro destacou que o Brasilvive uma verdadeira guerra contra os pobres, jovens enegros. “Essa guerra, é evidente, tem como base oracismo institucionalizado que deveria envergonhar atodos. Portanto, esse dia internacional de luta deveservir também para que se fortaleçam essas bandei-ras”, defendeu.

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ)Benedita da Silva (PT-RJ)Benedita da Silva (PT-RJ)Benedita da Silva (PT-RJ)Benedita da Silva (PT-RJ) dis-se que o Brasil já avançou muito no combate à discri-minação racial, mas que ainda “não foi o suficientepara que pagasse a sua grande dívida com o povonegro brasileiro”. Ela destacou algumas ações afir-mativas implantadas nos governos Lula e Dilma paraa população negra. “São ações importantes como apluralidade racial nas universidades, o Estatuto daIgualdade Racial, as ações que tratam dos quilombo-las, que tratam das religiões de matriz africana e dasaúde da população negra”. Benedita da Silva lem-brou ainda que 70% dos beneficiários do programaBolsa Família são negros.

Os deputados João Daniel (PT-SE)João Daniel (PT-SE)João Daniel (PT-SE)João Daniel (PT-SE)João Daniel (PT-SE) e Val-Val-Val-Val-Val-mir Assunção (PT-BA)mir Assunção (PT-BA)mir Assunção (PT-BA)mir Assunção (PT-BA)mir Assunção (PT-BA) também parabenizaramtodos os brasileiros que, ao longo da história, lutaramcontra a discriminação racial. Em sessão solene, odeputado Vicentinho (PT-SP)Vicentinho (PT-SP)Vicentinho (PT-SP)Vicentinho (PT-SP)Vicentinho (PT-SP) lembrou a impor-tância da data para esta luta.

Petistas defendemfundo nacional de

promoção daigualdade racial

CONTRA O GOLPE

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Zé Geraldo diz que Câmara, com Cunha, não tem moral para tocar impeachmentO deputado Zé Geraldo (PT-PA)Zé Geraldo (PT-PA)Zé Geraldo (PT-PA)Zé Geraldo (PT-PA)Zé Geraldo (PT-PA) ocupou a Tribuna da Câmara para protestar contra a ofensiva dos opositores do PT e do governo

da presidenta Dilma para afastá-la através de um impeachment, que começa a tramitar na Casa a partir da comissão especial. Ele alertoupara o absurdo desse processo, ainda mais agravado pelo fato de estar sendo conduzido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sobre quem recaem denúncias pesadas de vários ilícitos.

“Precisamos mobilizar este País para vir à Brasília porque esta Câmara, sob a presidência de Eduardo Cunha, não tem moral paradiscutir e votar impeachment. São vários os deputados envolvidos na Lava-Jato”, denunciou. Zé Geraldo sugeriu que a sociedade exija doSupremo Tribunal Federal que coloque em votação o pedido do procurador Rodrigo Janot, para afastar o deputado Eduardo Cunha daPresidência da Câmara, enfatizando que ele não tem moral para coordenar o processo.

Em artigo publicado no Site Brasil 247, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) condena o episódio da interceptação telefônica ilegal

de conversas da presidenta Dilma Rousseff, pelo juiz Sérgio Moro. “Essa não foi a única ilegalidade perpetrada no âmbito de

uma investigação que, iniciada para apurar práticas de corrupção, parece desviar-se na direção da política para minar a

legitimidade assegurada à presidenta nas urnas”. Leia a íntegra:

Artigo/PAULO TEIXEIRA GUSTAVO BEZERRA/PTNACÂMARA

Paulo Teixeira condena“abusos” da Lava-Jato quecausam espanto numasociedade exposta edesprotegida

Acompanhamos com espanto o episódio da inter-ceptação telefônica ilegal de conversas da presidentada República. No Estado de Direito, é inadmissívelque a polícia ou outra autoridade invada a privacida-de de alguém sem prévia e fundamentada decisão dojuiz competente. Nos casos em que se apuram ques-tões de caráter criminal que, em tese, podem envol-ver a presidenta da República, a única instituiçãocompetente é o Supremo Tribunal Federal.

Vale lembrar que à presidenta Dilma não seatribui qualquer delito. Tampouco é possível extrairda conversa, obtida de forma ilegal, qualquer indí-cio de crime, salvo por mentes mal intencionadasou tendenciosas. Ainda assim, Dilma foi alvo deescuta telefônica clandestina, quando já havia sido

Não se pode corromper a Constituiçãorevogada a determinação judicial que autorizara omonitoramento do ex-presidente Lula.

Tal abuso causa espanto numa sociedade que sepercebe exposta e desprotegida. Se até a presidentefoi monitorada ilegalmente, quem não estará sendo?

Essa não foi a única ilegalidade perpetradano âmbito de uma investigação que, iniciada paraapurar práticas de corrupção, parece desviar-se nadireção da política para minar a legitimidade as-segurada à presidenta nas urnas. O código de pro-cesso penal brasileiro determina que, detectadauma prova ilícita, esta deve ser imediatamentedescartada. O juiz à frente da Lava-Jato fez o con-trário: permitiu que os meios de comunicação ti-vessem acesso a gravações ilegais e autorizou a

divulgação de conteúdo privado, sem relevânciapara a investigação. Tal conteúdo foi exploradoindevidamente na mídia, incendiando o País comfalsas e suspeitas interpretações.

A ilegalidade maculou a democracia e o Esta-do de Direito. Quero crer que a revelação desteflagrante atentado, bem como a pronta reação dejuristas de todas as inclinações políticas contra acondução coercitiva do ex-presidente Lula, umasemana antes, lançou luz sobre o que está aconte-cendo. É imprescindível investigar as denúnciasde corrupção. Mas ninguém está autorizado a cor-romper a Constituição.

Deputado pelo PT-SP e vice-líder do

Governo na Câmara dos Deputados

No Brasil, a grande imprensa está empenhada empropagandear o golpe contra a presidenta Dilma Rous-seff. A mídia estrangeira, na contramão, vê a possibili-dade de derrubada de um governo democraticamenteeleito como um retrocesso e uma ameaça à democraciano maior país da América Latina. A maior revista alemã,Der Spiegel, publicou artigo sobre a situação política noBrasil denunciando um “golpe frio” contra o governo.

O golpe, na análise dos alemães, pode destruirtodos os progressos conquistados nos últimos 30 anos.Articulado em ação conjunta por parte da oposição, aJustiça age juntamente com a maior empresa de comu-nicação, a Rede Globo, “para estimular uma verdadeira

Imprensa internacional começa a perceber risco de golpe no Brasilcaça às bruxas que tem como alvo o ex-presidente Lula”,analisa o artigo, que não se furta a chamar Sérgio Morode ambicioso e que tem o “evidente objetivo central decolocar o ex-presidente Lula atrás das grades”.

O artigo, assinado por Jens Glüsing, correspon-dente da revista no Rio de Janeiro foi publicado naúltima sexta-feira (19) e traduzido por Pedro Muñoz,doutor em História e reproduzido nesta segunda-feira(21) pelo portal Brasil 247.

Há artigos com o mesmo tom na mídia europeia.O site Público, de Portugal, publicou, no domingo(20), “A justiça partidária e o limiar do golpe noBrasil”. A jornalista Sylvia Debossan Moretzsohn diz

que Sérgio Moro “avançou todos os limites”. Segundoa articulista, o País vive sua mais grave crise políticadesde a redemocratização.

O espanhol El País publicou “O Brasil perante oabismo”, assinado pelo professor da Universidade doEstado do Rio de Janeiro (UERJ), Ignacio Cano, mos-trando que o País, “depois de anos de crescimento einclusão social”, agora está sob sério risco não só deretrocesso, mas de degradação institucional. “No pro-cesso de polarização crescente que o País vive, a polí-tica fica cada vez mais judicializada e a Justiça sepolitiza, de forma que os limites entre as duas esferasestão cada vez mais tênues”, diz o artigo.