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JUSTIÇA VERMELHA
F a c u l d a d e P i t á g o r a s
T e i x e i r a d e F r e i t a s - B a h i a
F u n d a m e n t o s H i s t ó r i c o s d o
D i r e i t o
P r o f e s s o r E r n e s t o
2 1 / 0 8 / 2 0 1 2
Nayan, Naiane e Vinicius
Resenha do Filme
Teixeira de Freitas - Bahia
1
Faculdade Pitágoras
Direito 1
Justiça Vermelha
Resumo do Filme
Fundamentos Históricos do Direito
Professor Ernesto
Nayan Pereira Couto Alves
Teixeira de Freitas
21/08/2012
2
Índice
Introdução........................................................................................... p.04
Desenvolvimento................................................................................ p.06
Conclusão........................................................................................... p.10
Bibliografia.......................................................................................... p.13
3
4
Red Corner - Introdução
Red Corner (em português: Justiça Vermelha) é
um filme de suspense, com direção de Jon Avnet,
que mostra a história de Jack Moore,
um advogado que vai na China para fechar um
grande negócio. Conhece uma chinesa, com
quem se envolve. No dia seguinte, é acordado
pelos soldados chineses, sendo acusado
de assassinato dessa mulher. Vários indícios o
incriminam e ele se depara com um sistema legal
que não respeita os civis. Como não pode ter
um advogado estrangeiro, o estado indica Shen
Yuelin, uma advogada que não conversou com
ele antes do julgamento e que acredita que não
seja inocente.
Elenco
Ator Personagem
Richard Gere Jack Moore
Bai Ling. Shen Yuelin
Bradley
Whitford
Bob Gehry
Byron Mann Lin Dan
Peter Donat
David
McAndrews
Red Corner
Justiça Vermelha (BR)
Pôster do filme Red Corner
Estados Unidos
1997 • cor • 122 min
Produção
Direção Jon Avnet
Elenco original Richard Gere
Bai Ling
Gênero Suspense
IMDB: (inglês) (português)
Projeto Cinema • Portal Cinema
5
Robert Stanton Ed Pratt
James Hong Lin Shou
Tzi Ma Li Cheng
Ulrich
Matschoss
Gerhardt
Hoffman
Richard
Venture
Embaixador
Reed
Jessey Meng Hong Ling
Chi Yu Li General Hong
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JUSTIÇA VERMELHA
O filme se passa na China comunista da era moderna, durante a década de 90,
após a queda da URSS. No filme, Jack Moore é um advogado Norte-Americano que
está na China para representar sua empresa em um negócio milionário com
representantes do governo e do Partido Comunista Chinês.
(Pequim, China. Aparece em primeiro plano a Praça da Paz Celestial (Tiananmen
Square), palco, em 1989, de violenta repressão à manifestação estudantil pela
democracia).
Durante sua estadia no país, Jack sai para conhecer os prazeres das noites
chinesas com seu contato comercial com seu contato comercial, Lin Dan o filho de
um político chinês, e em um desfile de moda, conhece uma modelo chinesa, Hong
Ling, com a qual Jack conversa e acaba indo com a mesma para o seu apartamento,
passando uma noite de amor com ela.
Jack é acordado de-repente por militares chineses, que ao perceberem Jack com a
roupa toda suja de sangue, o leva em custódia, como suspeito de assassinar a
modelo, que é encontrada de bruços no chão da sala.
Ao chegar à cadeia, ele é lavado para se limpar do sangue, e colocado preso
enfrente a uma televisão para assistir cenas de execução do governo chinês. Ao
declarar que é cidadão americano, lhe é negado o direito de contatar sua
embaixada. Jack é informado que é investigado pelo estupro e assassinato da
modelo chinesa, Hong Ling, e segundo a legislação deste país, ele só poderá
contatar a sua embaixada no decorrer das investigações.
(E é nesse particular que o filme interessa porque deixa evidentes as diferenças
entre um processo penal que parte da presunção de inocência e um procedimento
criminal que parte da presunção da culpa. Em um, a dúvida quanto à verdade
precisa buscar espaço para que a alegação de inocência tenha força argumentativa.
Em outro, o processo não tem existência válida se não se admitir a inocência como
um dos vetores do procedimento, com argumentos e provas nesta direção).
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Jack nega o assassinato e é agredido por um dos investigadores. Após um tempo
Jack consegue conversar com dois representantes do governo dos Estados Unidos,
mas ele é impedido de relatar seu caso e sua versão aos mesmos, pois a lei chinesa
decreta que somente o advogado pode ter conhecimento da versão do réu. As
condições das prisões chinesas são relativamente precárias, mas mesmo assim, são
pouco habitadas, devido à lei de execução de criminosos vigente neste país. Jack
descobre que Hong Ling é filha do General Hong, político do alto escalão comunista
chinês, cujo mesmo possuí completa certeza de sua culpa.
(É evidente que o filme foi feito com a proposta de criticar o sistema comunista. Em
1989, o roteirista Robert King havia apresentado a ideia de retratar o regime
totalitário ao estúdio Universal Pictures. A história se passava na Rússia e foi escrita
sob medida para Robert Redford. King passou inclusive a estudar o direito russo,
mas, no entremeio, o sistema judicial foi modificado. Três anos depois, os estúdios
MGM acolheram a ideia, adaptada ao sistema chinês, muito semelhante ao antigo
processo penal russo).
Começa o processo de julgamento de Jack Moore, sendo ele acusado pelo estupro
e assassinato de Hong Ling, e lhe é designado uma advogada cujo réu declara
nunca ter tido contato, Dra. Shen Yuelin, que aceitara pegar o caso, mas possuí total
certeza da culpa de seu cliente. Na China, a educação dos criminosos é importante,
a misericórdia é grande para o que confessa, a punição é para aqueles que insistem
em sua inocência. A Advogada de Jack permanece duvidando de sua inocência, ela
alega que se ele alegar inocência poderá ser sentenciado á morte, sendo que as
sentenças na China saem em uma semana, à execução é a tiros, e o custo da bala
vai para a família do réu.
Mesmo com os perigos, Jack persiste em declarar sua inocência. “Na China, o
estado sobrepõe o individuo” declara sua advogada, e roga para que Jack declare
sua culpa. Durante as audiências, o perito declara que o sangue da arma do crime e
da roupa de Jack confere com o da vítima e o Investigador declara a embriagues de
Jack durante o ocorrido. Para livra-lo da acusação, sua advogada tenta declarar
insanidade do réu, e o mesmo pede objeção á declaração.
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O General Hong tenta convencer Shen Yuelin a desistir da inocência de Jack. Após
um tempo de investigação profunda, Yuelin percebe que faltam provas importantes
de acusação de seu cliente, e que outras provas foram adulteradas. Através destas
descobertas, Yuelin, passa a declarar a inocência de seu cliente.
Jack é atacado dentro de uma unidade prisional, e sofre uma tentativa de
homicídio. Durante o percurso para o fórum, Jack é trancado no carro de transporte
com sua advogada, e eles sofrem um atentado, desta vez por parte de um policial
comprado, e para evitar sua morte, Jack foge até chegar à embaixada americana.
(Richard Gere, comprometido com as questões do Tibete (o ator é budista), não
pôde filmar na China. As imagens em que ele aparece foram filmadas por Jon Avnet
e montadas em laboratório, com efeitos tecnológicos especiais. O diretor, porém, foi
conferir de perto o judiciário chinês. Informou-se com juízes e advogados, os quais,
mesmo correndo riscos, levaram-no a uma das cortes, oferecendo-lhe inúmeros
detalhes sobre o procedimento criminal daquele país. John Avnet e Bai Ling
arriscaram-se também, filmando às escondidas. As cenas em que a advogada é
vista em sua bicicleta foram filmadas realmente em Pequim).
Jack resolve se entregar ao governo chinês para então ser julgado e salvar o
prestígio de sua advogada, garantindo-a sua integridade. A advogada de Jack
retorna a cena do crime para então encontrar a prova final da inocência de seu
cliente, e assim garantir sua liberdade. Yuelin é atacada na cena do crime e a prova
conseguida por ela é roubada.
O Julgamento começa, e todo o comitê do Partido Comunista Chinês está
presente. A advogada de Jack tenta apelar para a corte aceitar novas provas, mas
presidente da corte nega, mas a corte aceita as provas com Dois votos a favor
versus Um contra. O Procurador Geral chama Yuelin, e tenta força-la á abandonar o
caso, declarando culpa de seu cliente, mas ela declara que possuí certeza de sua
inocência. Novas provas aparecem e começam a aparecer outras testemunhas da
inocência de Jack, e a advogada de Jack recebe permissão para retornar ao
julgamento.
Depois de uma grande confusão onde os verdadeiros culpados foram cercados e
confessaram seus crimes, Dan, o verdadeiro mandante do assassinato, foi morto
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pelo General Hong, os culpados foram indiciados por conspiração, Jack Moore
recebeu sua total liberdade, e recebeu o direito de retornar ao seu país.
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CONCLUSÃO
Sabe-se que o processo criminal chinês sofreu alterações em janeiro de 1997. O
presidente Clinton, em 1998, foi o primeiro presidente norte-americano a pisar o solo
chinês após o massacre da Praça da Paz Celestial, em esforço para tornar o país do
oriente mais receptivo aos direitos individuais fundamentais.
Consta, no entanto, que apesar da mudança do sistema processual penal (de
sistema inquisitório para acusatório), na prática nada mudou. Agentes estatais se
negam a fornecer informações a advogados e impedem o exercício dos direitos de
defesa postos em lei. Advogados, de seu lado, podem ser presos e apenados por
defender seus clientes de forma combativa, o que faz com que recusem causas
criminais. A comunicação entre acusado e advogado é sempre interceptada,
monitorada e gravada. Como não existe acesso ao cliente e poder suficiente para a
produção de prova defensiva, o advogado não tem elementos para contra
argumentar. Resta-lhe simplesmente refutar as provas de acusação. Apesar de a
tortura ser proibida na legislação penal e processual penal, provas ilícitas são
admitidas e a tortura permanece como técnica de solução de crimes. O direito de
calar e a proibição de se auto incriminar não foram acolhidos pela reforma. Prisões
administrativas, de longa duração e sem fundamentação são admitidas na
legislação. Cooperação entre polícia, juiz e promotor compromete a imparcialidade e
a justiça das decisões. Promotores e juízes ainda são escolhidos pelo partido e a
proteção legal é suprimida quando o crime envolve questões de natureza política. A
prisão é a regra, não se admitindo recursos àquele que não se recolher à prisão.
Atualmente, o filme causa perplexidade. É curioso assistir ao passar do tempo e
constatar sintomas de totalitarismo na atualidade, mesmo em países que se dizem
democráticos. O passado vai e volta em território não delimitado.
Nos EUA, muçulmanos, americanos ou não, são presos sem acusação formal e
mantidos incomunicáveis. Sofrem o mesmo destino de Richard Gere. A advogada
americana de um deles, Donna Newman, tal como Shen Ling, tem o exercício da
profissão impedido pela supressão dos direitos de defesa. Seu cliente, Jose Padilla,
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originalmente preso em Nova York, além de permanecer incomunicável durante 23
horas ao dia, foi transferido para estabelecimento situado na Carolina do Sul, fora do
âmbito das atribuições da advogada dativa. Discute-se abertamente nos jornais a
possibilidade de suspeitos terroristas serem submetidos a táticas psicológicas de
interrogatório, com a supressão do sono e isolamento. Internautas são convidados a
votar, sim ou não, no site da revista TIME, sobre a utilização destes métodos de
interrogatório. A presunção de inocência, o devido processo legal e o direito de não
oferecer provas contra si mesmo foram às favas. A advogada deixa claro que não
apoia terroristas e afirma que está exercendo sua função para assegurar que, no
futuro – quando a perseguição aos terroristas tiver terminado, o memorial às
vítimas de 11 de setembro tiver sido erguido e finalmente qualquer um puder olhar
tranquilamente um avião em voo baixo -, os direitos fundamentais estarão sendo
respeitados e não esquecidos no passado (Revista TIME, 11.9.2002).
Países europeus, durante o século XX, adotaram as mesmas medidas repressivas
agora utilizadas nos EUA. A França as utilizou quando em guerra na Argélia. A
Alemanha as utilizou nos anos 70, durante intensa onda de terrorismo, permitindo
que se invadisse a privacidade, com a violação de dados da informática, registros
bancários e outras informações protegidas. A Inglaterra se viu em luta contra
ataques terroristas do IRA. A Itália, de seu lado, luta contra a máfia. A Espanha sofre
ataques constantes de grupos extremistas da região basca.
E o Brasil, pergunta-se? Qual o perfil do processo penal brasileiro? Quem são os
inimigos do povo brasileiro? Contra quem se voltam às exceções à regra de direito?
Nunca é demais afirmar que nossa Constituição não prevê nenhuma exceção, pois
indica expressamente quais as medidas constritivas de direitos que poderão ser
adotadas, apenas em hipótese de estado de sítio ou estado de defesa, garantindo-
se que a prisão, no estado de defesa, será comunicada ao juiz competente, junto
com declaração do estado físico e mental do detido e será relaxada quando ilegal,
sendo facultado ao preso requerer o exame de corpo de delito. A incomunicabilidade
do preso é expressamente vedada, mesmo nessas situações extremas. Note-se,
ainda, que nosso habeas corpus vale em qualquer situação, na paz ou na guerra,
para a defesa dos direitos de liberdade de qualquer pessoa, seja pobre ou rico,
nacional ou estrangeiro. Nosso habeas corpus é direito e não garantia que se possa
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suspender como dizia Rui Barbosa. A Constituição brasileira, poder constituinte
originário, não autoriza ao poder constituinte derivado a suspensão desse direito
(art. 60, § 4o, IV). É importante a advertência, pois a Constituição norte-americana
admite a suspensão do habeas corpus pelo Congresso (Abraham Lincoln invocou a
medida durante a Guerra Civil, em 1861. Na atualidade, os atos do Congresso que
limitam o habeas corpus americano são apontados como a “28 a. emenda
constitucional”).
É mesmo triste constatar a mudança do discurso norte-americano sobre direitos
humanos no plano internacional. Alianças com países asiáticos são feitas para
combater o “terrorismo global”. Em troca de apoio à invasão do Iraque, os EUA dão
sinal verde à violação de direitos fundamentais (a China, juntamente com EUA,
Rússia, Reino Unido e França, é membro permanente do Conselho de Segurança
da ONU). Sem qualquer censura, minorias religiosas muçulmanas (Uigures), são
enquadradas como terroristas, mesmo sem que atos terroristas tenham jamais
ocorrido de fato, em solo chinês (Revista TIME, 20.9.2002). De censores, os EUA
passam a incentivadores de medidas opressivas. Curiosamente, a Alemanha –
opondo-se terminantemente à invasão ao Iraque e comparando as táticas de Bush
às de Hitler (v. comentários da ministra da justiça alemã Herta Daeubler-Gmelin, no
The New York Times, de 22.9.2002) -, parece querer surgir como contraponto,
redimindo-se do papel de vilã da história.
Por Paulo Sérgio Leite Fernandes, Advogado Criminal.
13
Bibliografia
Red Corner (Justiça Vermelha) – Filme, MGM Pictures.
Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Red_Corner
Paulo Sérgio Leite Fernandes - http://www.processocriminalpslf.com.br/site/
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