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Autora: Juliana de Moraes Prata Mestranda em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas UERJ/ Brasil [email protected] MÉTODO Revisão de literatura buscando o ponto de contato entre a temática juventudes, precariedade e as categorias de análise que vêm configurando o debate teórico pautado no campo denominado sociologia da juventude. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES No livro “Mil Platôs”, Deleuze e Guattari trabalham com a ideia de que o sujeito e objeto se anulam mutuamente. Se EU crio um conceito de um objeto (ou de outra pessoa), eu automaticamente me anulo, pois o objeto conceituado contém a potencialidade de me definir como outro (ou não-EU). Isto é, no momento que eu digo que isso é aquilo é a geração à rasca (ainda que eu faça parte), eu determino que o movimento é não-EU e eu sou não-geração à rasca. Mas não-geração à rasca não contém todos os elementos que me definem como EU. Logo, o ser e o não-ser estão numa relação próxima. Se as pessoas experimentam esses sentimentos, ainda que de maneiras distintas, todas elas são e não são geração à rasca. Elas, seus familiares e talvez toda a sociedade.Logo, todos estão no “mesmo barco”. Ou melhor, nos mesmos movimentos instável entre platôs. Utilizando-os como linha de fuga e potência multiplicadora da criação e da criatividade. Dessa forma, como os autores apresentam, existe a procura de chegar não somente ao ponto onde não se diz mais EU, mas ao ponto onde não tem mais importância dizer ou não dizer EU. Por quê? Porque o EU é limitador, e não pensamos nele como contendo multiplicidade.“Não somos mais nós mesmos. Cada um reconhecerá os seus. Fomos aspirados, multiplicados.” Destarte, essa potencialidade de multiplicação é apontada por Deleuze e Guattari como esses mil platôs. Onde nesse texto, tento trafegar juntamente com a juventude. As multiplicidades se definem pelo fora: pela linha abstrata, linha de fuga ou de desterritorialização segundo a qual elas mudam de natureza ao se conectarem às outras. O plano de consistência é o fora de todas as multiplicidades”. Para Deleuze, este se torna um corpo sem órgãos a partir do momento em que se estabelece uma linha de fuga, para conectar essa linha a outras, que contém em si o tema do livro, mas faz conexões com outros temas. É o platô, a linha de fuga, onde acredito estar a juventude portuguesa, a brasileira e de outras sociedades também, e não só os jovens à rasca, mas todos os humanos estão ou deveriam estar, no platô, na fuga, no múltiplo, no ar... INTRODUÇÃO A juventude é uma categoria posicional e relacional na sociedade contemporânea. Possui sentidos que estão para além de um simples conceito. É signo, símbolo, objeto de disputa, poder e designado segundo o tempo sócio-histórico. A juventude como condição é a ênfase dada nesse breve ensaio em consonância com autores que tratam do tema juventude, a saber, Feixa (1997), Margulis & Uresti (1998), que admitem a fluidez e a provisoriedade de determinadas categorias quando o assunto é a juventude. . A opção feita foi por um ensaio inspirado nos conceitos de Deleuze e Guattari de rizoma, biopoder, biopolítica e cognitariado, sem esmiuçá-los, mas usando-os como pano de fundo essencial para se pensar a juventude enquanto posição e em sua condição no mundo atual. Para tanto, escolhi o exemplo da “Geração à Rasca”, jovens portugueses que organizam-se livremente com ações de resistência ante ao biopoder. OBJETIVOS Analisar o período de crise econômico-financeira que acometeu vários países do mundo e sua consequências para a população jovem; Desenvolver um ensaio sobre a juventude no contexto de crise à luz de alguns dos conceitos de Deleuze e Guattari; Problematizar o conceito de juventude na sociedade contemporânea; Contribuir para o exercício intelectual acerca da temática da juventude. VII Congresso Português de Sociologia FL/FPCE‐UP - 19 a 22 de junho de 2012 UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro FEBF -Faculdade de Educação da Baixada Fluminense Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DELEUZE, Gilles & Guattari,Félix (1997). Mil Platôs. São Paulo: 34. FEIXA, Carles (1997). De Jóvenes, Bandas y Tribus- Antropología de La juventud. Barcelona: Ariel. GALLO, Silvio Donizetti de Oliveira (2005). Deleuze e a Educação. Belo Horizonte: Autêntica. MARGULIS, M. & URRESTI, M. (1998) Juventud es más que uma palabra: ensaios sobre cultura e juventud. Buenos Aires: Biblos. PAIS, José Machado (1993). Culturas Juvenis. Lisboa:Imprensa Nacional - Casa da Moeda. . Juventude em Mil Platôs: resistência em tempos de crise

Juventude em Mil Platôs: resistência em tempos de …historico.aps.pt/vii_congresso/papers/finais/PAP1088_ed.pdfNo livro “Mil Platôs”, Deleuze e Guattari trabalham com a ideia

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Page 1: Juventude em Mil Platôs: resistência em tempos de …historico.aps.pt/vii_congresso/papers/finais/PAP1088_ed.pdfNo livro “Mil Platôs”, Deleuze e Guattari trabalham com a ideia

Autora: Juliana de Moraes PrataMestranda em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas

UERJ/ [email protected]

MÉTODORevisão de literatura buscando o ponto decontato entre a temática juventudes,precariedade e as categorias de análise quevêm configurando o debate teórico pautado nocampo denominado sociologia da juventude.

DISCUSSÕES E CONCLUSÕES

No livro “Mil Platôs”, Deleuze e Guattari trabalham com a ideia de que o sujeito e objeto se anulam mutuamente. Se EU crio um conceito de um objeto (ou de outra pessoa), euautomaticamente me anulo, pois o objeto conceituado contém a potencialidade de me definir como outro (ou não-EU). Isto é, no momento que eu digo que isso é aquilo é ageração à rasca (ainda que eu faça parte), eu determino que o movimento é não-EU e eu sou não-geração à rasca. Mas não-geração à rasca não contém todos os elementos queme definem como EU. Logo, o ser e o não-ser estão numa relação próxima. Se as pessoas experimentam esses sentimentos, ainda que de maneiras distintas, todas elas são enão são geração à rasca. Elas, seus familiares e talvez toda a sociedade.Logo, todos estão no “mesmo barco”. Ou melhor, nos mesmos movimentos instável entre platôs.Utilizando-os como linha de fuga e potência multiplicadora da criação e da criatividade.Dessa forma, como os autores apresentam, existe a procura de chegar não somente ao ponto onde não se diz mais EU, mas ao ponto onde não tem mais importância dizer ounão dizer EU. Por quê? Porque o EU é limitador, e não pensamos nele como contendo multiplicidade.“Não somos mais nós mesmos. Cada um reconhecerá os seus. Fomosaspirados, multiplicados.”

Destarte, essa potencialidade de multiplicação é apontada por Deleuze e Guattari como esses mil platôs. Onde nesse texto, tento trafegar juntamente com a juventude.“As multiplicidades se definem pelo fora: pela linha abstrata, linha de fuga ou de desterritorialização segundo a qual elas mudam de natureza ao se conectarem às outras. O planode consistência é o fora de todas as multiplicidades”.Para Deleuze, este se torna um corpo sem órgãos a partir do momento em que se estabelece uma linha de fuga, para conectar essa linha a outras, que contém em si o tema dolivro, mas faz conexões com outros temas. É o platô, a linha de fuga, onde acredito estar a juventude portuguesa, a brasileira e de outras sociedades também, e não só os jovensà rasca, mas todos os humanos estão ou deveriam estar, no platô, na fuga, no múltiplo, no ar...

INTRODUÇÃOA juventude é uma categoria posicional e relacional na sociedade contemporânea. Possui sentidos que estão para além de um simples conceito. É signo, símbolo,

objeto de disputa, poder e designado segundo o tempo sócio-histórico.A juventude como condição é a ênfase dada nesse breve ensaio em consonância com autores que tratam do tema juventude, a saber, Feixa (1997), Margulis & Uresti

(1998), que admitem a fluidez e a provisoriedade de determinadas categorias quando o assunto é a juventude.. A opção feita foi por um ensaio inspirado nos conceitos de Deleuze e Guattari de rizoma, biopoder, biopolítica e cognitariado, sem esmiuçá-los, mas usando-os comopano de fundo essencial para se pensar a juventude enquanto posição e em sua condição no mundo atual. Para tanto, escolhi o exemplo da “Geração à Rasca”, jovensportugueses que organizam-se livremente com ações de resistência ante ao biopoder.

OBJETIVOSAnalisar o período de crise econômico-financeira que acometeu vários países domundo e sua consequências para a população jovem;Desenvolver um ensaio sobre a juventude no contexto de crise à luz de algunsdos conceitos de Deleuze e Guattari;Problematizar o conceito de juventude na sociedade contemporânea;Contribuir para o exercício intelectual acerca da temática da juventude.

VII Congresso Português de SociologiaFL/FPCE‐UP - 19 a 22 de junho de 2012

UERJ – Universidade do Estado do Rio de JaneiroFEBF -Faculdade de Educação da Baixada Fluminense

Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DELEUZE, Gilles & Guattari,Félix (1997). Mil Platôs. São Paulo: 34.FEIXA, Carles (1997). De Jóvenes, Bandas y Tribus- Antropología de La juventud. Barcelona: Ariel.GALLO, Silvio Donizetti de Oliveira (2005). Deleuze e a Educação. Belo Horizonte: Autêntica.MARGULIS, M. & URRESTI, M. (1998) Juventud es más que uma palabra: ensaios sobre cultura e juventud. Buenos Aires: Biblos.PAIS, José Machado (1993). Culturas Juvenis. Lisboa:Imprensa Nacional - Casa da Moeda.

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Juventude em Mil Platôs:resistência em tempos de crise