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nÚmerO 128 15 de julhO a 15 de setembrO de 2013 2 € periódico galego de informaçom crítica PrOtestOs nO brasil 12 Mobilizaçons maciças enchêrom cida- des do Brasil no mês passado. Ponhem de manifesto o descontento ante umha política económica que encarece servi- ços básicos ao tempo que gasta mi- lhons em espetáculo e imagem. mercadO labreGO de teu 14 Trás um ano celebrando-se todos os sábados, a iniciativa do sindicato la- brego Galego com o apoio do conce- lho, este projeto de mercado local con- solida-se como ponto de encontro en- tre quem produz e quem come. N ovas da G ali a “A imprensa comercial exerce cada vez mais como arma do aparato repressivo estatal” suso CelA ex-preso político galego com 23 anos cumpridos na cadeia pág. 6 OPiniOm A inforMAçoM retorCidA por rodri suárez / 3 por que uM 24 de julho unitário? por eva Cortinhas / 3 pAlestrA sobre luitas de apoio a presos / 19 suPlementO central a revista iMprensA e desenvolviMentisMo Alberte Formoso achega os traços gerais do comportamento submisso ao poder dos meios na chamada ‘Transiçom’ ‘CostA dA Morte’ eM loCArno o último documentário do realizador lois Patiño foi selecionado para o prestigioso festival de cinema de locarno As equipas de base afogam em Compostela, enquanto o concelho esbanja milhares em espetáculos desportivos / PÁG.25 Fiscalia teima em ver ‘terrorismo galego’ juízO na audiência naciOnal o julgamento a que entre 24 e 27 de julho se enfrentárom qua- tro independentistas na Au- diência Nacional espanhola é objeto de especial atençom nos movimentos galegos. A porfia do fiscal Marcelo de Azcárraga em ‘demonstrar’ a existência dum “terrorismo galego” vem ligando sinais de alerta nos co- letivos de defesa dos direitos e liberdades, e movimentos so- ciais em geral, que temem que se procure abrir portas a ilegali- zaçons e ‘caça às bruxas’ contra ativistas e coletivos. / PÁG. 16-17 Sociedade à defesa do património histórico ameaçada umha necróPOle ‘inédita’ Umha autoestrada com o traça- do “feito nos despachos de Ma- drid, sem sequer enviar arqueó- logos ao campo”. Assi resume Carlos Bello, da associaçom Cultura do Pais, as razons da atual situaçom da área do Cas- tro de valente, na freguesia lu- guesa de Coeses. Um caso que exemplifica umha política de obras públicas feita a golpe de escavadora, e ignorante dos re- cursos naturais e culturais do território galego. / PÁG. 22 Ofensiva da direita cOntra as cOnquistas das mulheres Eventos comerciais ou desporto? O feminismO, à defesa dOs direitOs sexuais e rePrOdutivOs Ainda paralisada temporariamente a reforma, anun- ciada polo governo espanhol, da lei de prazos que li- mita o direito ao aborto, as agressons aos direitos re- produtivos e sexuais continuam. A limitaçom de re- cursos na saúde pública, a reduçom de pessoal de ginecologia ou o deixar de financiar os contracetivos mostram a atitude dos governos espanhóis central e autonómico. Enquanto os setores mais rançosos da direita católica projeta reconquistar por lei a hege- monia perdida, o NovAs dA GAlizA conversa com seis feministas galegas passado e presente da luita por decidir sobre os corpos próprios. / PÁG. 21

juízO na audiência naciOnal - Novas da Galiza · pAlestrA sobre luitas de apoio a presos / 19 ... ‘terrorismo galego’ juízO na audiência naciOnal ... cursos na saúde pública,

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Page 1: juízO na audiência naciOnal - Novas da Galiza · pAlestrA sobre luitas de apoio a presos / 19 ... ‘terrorismo galego’ juízO na audiência naciOnal ... cursos na saúde pública,

nÚmerO 128 15 de julhO a 15 de setembrO de 2013 2 €

p e r i ó d i c o g a l e g o d e i n f o r m a ç o m c r í t i c a

PrOtestOs nO brasil 12Mobilizaçons maciças enchêrom cida-des do Brasil no mês passado. Ponhemde manifesto o descontento ante umhapolítica económica que encarece servi-ços básicos ao tempo que gasta mi-lhons em espetáculo e imagem.

mercadO labreGO de teu 14Trás um ano celebrando-se todos ossábados, a iniciativa do sindicato la-brego Galego com o apoio do conce-lho, este projeto de mercado local con-solida-se como ponto de encontro en-tre quem produz e quem come.

Novas da Gali a

“A imprensacomercial exercecada vez maiscomo arma doaparato repressivoestatal”

suso CelAex-preso políticogalego com 23 anoscumpridos na cadeiapág. 6

OPiniOm

A inforMAçoM retorCidA por rodri suárez / 3

por que uM 24 de julho unitário? por evaCortinhas / 3

pAlestrA sobre luitas de apoio a presos / 19

suPlementO central a revista

iMprensA e desenvolviMentisMoAlberte Formoso achega os traços gerais do comportamentosubmisso ao poder dos meios na chamada ‘Transiçom’

‘CostA dA Morte’ eM loCArnoo último documentário do realizador lois Patiño foi selecionadopara o prestigioso festival de cinema de locarno

As equipas de base afogam em Compostela, enquanto oconcelho esbanja milhares em espetáculos desportivos / PÁG.25

Fiscalia teima em ver‘terrorismo galego’

juízO na audiência naciOnal

o julgamento a que entre 24 e27 de julho se enfrentárom qua-tro independentistas na Au-diência Nacional espanhola éobjeto de especial atençom nosmovimentos galegos. A porfiado fiscal Marcelo de Azcárragaem ‘demonstrar’ a existência

dum “terrorismo galego” vemligando sinais de alerta nos co-letivos de defesa dos direitos eliberdades, e movimentos so-ciais em geral, que temem quese procure abrir portas a ilegali-zaçons e ‘caça às bruxas’ contraativistas e coletivos. / PÁG. 16-17

Sociedade à defesa dopatrimónio histórico

ameaçada umha necróPOle ‘inédita’

Umha autoestrada com o traça-do “feito nos despachos de Ma-drid, sem sequer enviar arqueó-logos ao campo”. Assi resumeCarlos Bello, da associaçomCultura do Pais, as razons daatual situaçom da área do Cas-

tro de valente, na freguesia lu-guesa de Coeses. Um caso queexemplifica umha política deobras públicas feita a golpe deescavadora, e ignorante dos re-cursos naturais e culturais doterritório galego. / PÁG. 22

Ofensiva da direita cOntra as cOnquistas das mulheres

Eventos comerciais ou desporto?

O feminismO, à defesa dOsdireitOs sexuais e rePrOdutivOs

Ainda paralisada temporariamente a reforma, anun-ciada polo governo espanhol, da lei de prazos que li-mita o direito ao aborto, as agressons aos direitos re-produtivos e sexuais continuam. A limitaçom de re-cursos na saúde pública, a reduçom de pessoal deginecologia ou o deixar de financiar os contracetivos

mostram a atitude dos governos espanhóis central eautonómico. Enquanto os setores mais rançosos dadireita católica projeta reconquistar por lei a hege-monia perdida, o NovAs dA GAlizA conversa com seisfeministas galegas passado e presente da luita pordecidir sobre os corpos próprios. / PÁG. 21

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02 OPiniOm Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

Se tés algumha crítica a fazer, algum facto a denunciar, ou desejas transmitir-nos algumha in-quietaçom ou mesmo algumha opiniom sobre qualquer artigo aparecido no NGZ, este é o teulugar. As cartas enviadas deverám ser originais e nom poderám exceder as 30 linhas digitadasa computador. É imprescindível que os textos estejam assinados. Em caso contrário, NOVAS DA

GALIZA reserva-se o direito de publicar estas colaboraçons, como também de resumi-las ou ex-tratá-las quando se considerar oportuno. Também poderám ser descartadas aquelas cartasque ostentarem algum género de desrespeito pessoal ou promoverem condutas antisociaisintoleráveis. Endereço: [email protected]

O PelOurinhO dO nOvas

arGumentO Para nOm ser utilizadO

Recém chegada à terra assistimem Compostela à manifestaçomcontra a minaria. Escuitei muitosargumentos em contra mas, refe-rindo-se a Corcoesto, o últimosempre era "e por riba, é uma em-presa estrangeira e vam levar obenefício fora da nossa terra".

o argumento chirriou-me masficou assim a cousa.

Agora leio (ando um pouco re-tardada de leitura) no Novas demaio um artigo sobre a mina deouro de Corcoesto, e de novo vol-ta-se sobre o assunto. Rematachamando a refletir sobre "quePaís temos e que País queremoster" e apela a preguntarmo-nos"se o ouro e os rendimentos se-rám nossos ou se de novo as ré-deas ficarám em maos alheias".

Nossos?, de quem?, de umAmancio ortega qualquer da vida?.

do meu ponto de vista temosargumentos de sobra (e estám re-colhidos muitos deles no artigo aque me refiro) para opor-nos a es-ta e outras minas, mesmo se o ca-

pital e os rendimentos som es-trangeiros, se som nacionais oumesmo numha Galiza indepen-dente e socialista.

Alternativas?, no mesmo núme-ro do Novas fala-se de algumhasno artigo da seguinte página "Asvacas e nós"; soberania alimentar.Como bem di: "A agricultura, a ga-daria e a pesca som setores econó-micos estratégicos: produzembens imprescindíveis para garan-tir a sobrevivência dum país."

Mas nom só dum país, do pla-neta e da humanidade mesmo. Es-se tipo de desenvolvimento nom éo caminho, seja qual for o modelode sociedade em que vivamos.

Luisa Cuevas Raposo (Vigo)

aO blOque dói-lhe a Perna

Umha amiga contou-me quequando ficou grávida sendo mui-to nova foi-lhe dar a noticia à suaavó, e a velha negou amaior re-trucando “ai, nena, pois a mimdói-me esta perna...”.

Minha amiga deveu sentir da-quela algo parecido ao que sen-

tim eu quando tivem nas minhasmaos a ediçom em papel do Ser-

mos Galiza do 28 de junho. vinhade se celebrar em Madrid um juí-zo infame contra quatro indepen-dentistas, que fôrom julgadossem as mínimas garantias proces-suais e agora enfrontan penas deprisom de entre 12 e 20 anos.Nesse processo vulnerárom-se di-reitos, atacou-se ao povo galegopor meio dos seus representanteseleitos, criminalizárom-se asso-ciaçons desportivas, centros so-

ciais e mesmo refrescos, e sentá-rom as bases para aniquilar compunho de ferro qualquer um ace-no de dissidência.

o que Sermos Galiza decidiudestacar na sua portada unha vezrematado o juízo, foi que o seupartido de referencia, o BNG, forainvestigado pola polícia, sempresegundo um meio empresarial es-panhol. Nas páginas interiores, aúnica referencia ao juízo foi paracontextualizar a notícia a quatrocolunas de que –si, outra vez –o

BNG fora investigado pola políciaespanhola.

Quigem escrever umha cartaao diretor do Sermos Galiza paradenunciar esse desleixo, mas sei-ca carecem da seçom, por isso de-cidim mandar esta carta ao NGz,um jornal que já sofreu no seuquadro a ofensiva terrorista doEstado Espanhol.

Enquanto um tribunal de ex-cepçom decide os destinos dequatro ativistas sociais e dos quevirám detrás, enquanto associa-çons juvenis, associaçons vizi-nhais e agrupaçons desportivasaguardam unha resoluçom quepoderia supor a sua ilegalizaçom,ao BNG dói-lhe unha perna.

Patricia A. Janeiro (Compostela)

Às portas dum outro dia daPátria, especialmentemarcado pola incerteza

sobre a nova fase de perseguiçomao independentismo que preparaa 'justiça' espanhola, as olhadaspousam de novo na 'impossibili-dade', a manifesta incapacidadedo movimento para celebrar comumha convocatória unitária a suadata principal. Nem organizaçonspartidárias nem fórmulas basea-das na tam à moda 'sociedade ci-vil' conseguiram, neste 2013, lide-rar umha aposta que com certeza

é ansiada pola maioria das suasbases sociais, umha comunidadenacional cada vez menos setori-zada e seitarizada que exige espa-ços e momentos em comum emque reforçar esse entre-tecido.

Passos adiante deram-se. Avontade de convergência das oitoorganizaçons juvenis e estudantisque baixo a legenda “independên-cia. Mocidade galega erguendo oseu futuro” vam celebrar a tradi-cional rondalha da mocidade no24 de julho é a mais clara. Apar-cando preconceitos umhas, re-

nunciando a certo 'património or-ganizativo' outras, revela-se factí-vel dar passos pequenos que co-mecem caminho. E, sem cair naauto-complacência, ir marcandobalizas nos mínimos desde os queseja possível nem só confluir, mastamém criar discurso, trabalho edebates conjuntos.

Fundamental vai ser isso para acapacidade de dar umha respostaunitária e de auto-defesa, da maisbásica, à represom. Quer frenteumha condena a umha suposta'organizaçom terrorista', quer

frente as multas por colar cartazesou as limitaçons no direito de ma-nifestaçom, a palavra de ordemnom pode ser outra mais que 'senos tocam a umha, tocam-nos atodas”. A resposta pública ao jul-gamento recente na 'AudiênciaNacional', na que mais agentespolíticos e sociais do que nuncaantes se pronunciaram com clari-dade contra a excepcionalidade 'àespanhola', pode com certeza con-siderar-se um primeiro paso.

Mas essa indústria que o estadoquer deslocar de Euskal Herria pa-

ra a Galiza, da que o atual edifíciodos tribunais de excepçom numparque empresarial é ícone perfei-to, nom se sacia com facilidade. Ecumpre que a força coletiva demãos e gorjas se visibilize, escuitee ponha freno às arremetidas fu-turas do estado nem só sobre o pa-pel, mas tamém nas ruas, nos co-letivos de apoio a familiares e ami-gos... Ampliar a solidariedade, daslegendas e logótipos, para essa ou-tra mais próxima, quotidiana e hu-mana, que negue ao estado o po-der de ditar o nosso ánimo.

Unidades, no papel e mais nas ruaseditOrial

humOr mincinhO

d. lEGal: C-1250-02 / As opinions expressas nos artigos nom representam necessariamente a posiçom do periódico. os artigos som de livre reproduçom respeitando a ortografia e citando procedência.

editorAA.C. Minho MediA

Conselho de redAçoMiván G. riobó, Aarón lópez rivas, rubénMelide, Xavier Miquel, Antia rodríguez Gar-cía, raul rios, Xoán r. sampedro, olga ro-masanta, Alonso vidal, paulo vilasenin

seCçonsCronologia: iván Cuevas / economia:Aarón lópez rivas / Agro: paulo vilasenine jéssica rei / Mar: Afonso dieste / Media: Xoán r. sampedro e Gustavo luca /Além Minho: eduardo s. Maragoto / povos: josé Antom ‘Muros’ / dito e feito:

olga romasanta / A denúncia: iván García/ Cultura: Antia rodríguez / desportos: An-jo rua nova, isaac lourido e Xermán vilu-ba / Consumir Menos, viver Melhor: Xanduro / A Criança natural: Maria álvaresrei / Agenda: irene Cancelas / A revista:rubén Melide / A Galiza natural: joãoAveledo / Gastronomia: luzia rgues., sinoseco / língua nacional: valentim r. fagim / Criaçom: patricia janeiro / Cinema:Xurxo Chirro

desenho GráfiCo e MAquetAçoMhilda Carvalho, joám fernandes, Manuel pintor, helena irímia

fotoGrAfiAArquivo nGZ, sole rei, Galiza independente(GZi-foto), Zélia Garcia, Borja toja

AdMinistrAçoMjosé viana e Carlos Barros Gonçales

loGÍstiCA e puBliCidAdejosé viana e daniel r. Cao

AudiovisuAl: Galiza Contrainfo

huMor GráfiCosuso sanmartin, pestinho, Xosé lois hermo,Gonzalo, ruth Caramés, pepe Carreiro, Mincinho, Beto

CorreçoM linGÜÍstiCAXiam naia, fernando Corredoira, vanessa vilaverde, Mário herrero, javier Garcia, iván velho

ColABorAM neste nÚMeroAlberte formoso, Carlos Calvo varela,Charo lopes, inés liste, eva Cortinhas,rodri suárez, vera-Cruz Montoto,rafael lins, André rodrigues,helena irímia, davide do Arroio,edu ‘Abordaxe’, joám peres, Zélia Garcia,Ana quintiá, Maria álvares

feCho de ediçoM: 20/07/2013

O NOvas da Galiza vaidescansar em agostoO periódico nom se publicará

no próximo mês de agosto. da

equipa, na vontade permanente

de seguirmos a oferecer um

produto de qualidade e útil à

Galiza que se move, aproveita-

remos este breve lapso para

ajustar mecanismos de funcio-

namento. até já!

Page 3: juízO na audiência naciOnal - Novas da Galiza · pAlestrA sobre luitas de apoio a presos / 19 ... ‘terrorismo galego’ juízO na audiência naciOnal ... cursos na saúde pública,

Fôrom só cinco minutos.Mas impossível resultavaevadir-se da sensaçom de

perigo, do acosso do Mal. Foi nodia de sam Joám, ressacas feli-zes traumatizadas de súpeto gra-ças à segunda ediçom do princi-pal informativo da televisom pú-blica. se já de por si nestes rai-vosos tempos o visionado e rápi-do análise da atualidade quemostra o parte resulta umha ex-periência complicada, nesta oca-siom foi ainda pior. Mas -deixe-mos a retranca- esse horror queali contavam era o mais impor-tante? o que realmente está pas-sando? se calhar nom tanto.

Alguns dos trucos ideológicosmais utilizados por parte dosmeios sistémicos -por exemplo,os controlados polos Governosque se dim “públicos”- apontamao subconsciente, o que os con-verte em especialmente difíceisde descobrir. Por exemplo -esimplesmente indo a um terrenotam oficial como o das institui-çons- se colocam as imagens deum deputado da esquerda ele-vando a voz do seu escano justodepois dumha nova sobre um ti-roteio na rua e antes dum juízo aum mal-tratador, automatica-mente conseguem que muit@sespetadores/as assimilem umhaquase imperceptível sensaçomde que esse contestatário perten-

ce a um ecossistema delitivo, omesmo do que o rodeárom na es-caleta televisiva.

isso aconteceu no referido te-lejornal. Em plena campanha doPP para criminalizar toda dissi-dência e muito especialmente osoberanismo galego, o Telejornalabriu essa ediçom com umha no-va sobre o juízo na AudiênciaNacional a quatro militantes doindependentismo galego. Cha-márom-lhe “processo contra Re-sistência Galega”, mesmo sendoa existência ou nom desse grupoera o que se julgava. seica a pre-sunçom de inocência reserva-separa Urdangarín e semelhantes.de seguido, informárom sobre adetençom de um suposto mili-

tante da ETA e depois falárom dojuízo ao tal Bretón, acusado deassassinar os seus filhos. Peque-na pausa. Cortinilha. Feito. Con-clusom subconsciente que bus-cam no espetador? o indepen-dentismo galego é ETA e matanen@s. Assim funciona a mani-pulaçom, também por vias sub-terráneas próprias da psicanáli-se. Muito retorcido. Como assuas varas de medir.

o mesmo informativo público,à mesma hora, mas treze dias de-pois. A atualidade mediática con-tratada no enésimo escándalo decorrupçom, nesta ocasiom compapeis que apontam a que o pre-sidente do Governo espanhol te-ria cobrado soldos ilegais quan-do era ministro. Mas para o tele-jornal tratava-se dumha anedotamenor. Nom lhe dedicou nem umsegundo. A notícia importanteera que no verao vai calor.

03OPiniOmNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

OPiniOm

No começo deste mês fazia-se pública a convocatóriadumha mobilizaçom juve-

nil unitária que o vindouro 24 dejulho aglutinará à prática totali-dade da juventude organizada nocampo da esquerda independen-tista e soberanista do nosso país.Um acontecimento inédito nomsó polo novidoso desta unidademas também polos termos emque é convocada, pois com um ca-ráter nitidamente feminista e an-ti-capitalista, reclamará a inde-pendência para a Galiza.

A nova foi acolhida com entu-siasmo por aquelas/es que inter-pretam esta convocatória comoum importante passo para umprocesso de unidade de açom en-tre as forças do amplo espectro doindependentismo e soberanismode esquerdas; por outras/os aco-lhido com cepticismo por nomacreditar na continuidade destetipo de iniciativas e ver esta comoum facto isolado e sem transcen-dência real para o fortalecimentodo nacionalismo galego. seja co-mo for, o certo é que por acima doentusiasmo (ou nom), dumhapossível continuidade (ou nom),há quem vemos esta manifesta-çom como umha necessidade realdado o contexto de grave ofensivaespanholista, neoliberal e patriar-cal que sofre o nosso povo, e demaneira especialmente particu-lar, a juventude.

Nom pretendo aqui reproduziras análises que provam a precária

situaçom que padecemos, e quemuitas leitoras/es deste jornal deseguro conheçam bem melhor doque eu, mas sim acho importantereflectir naqueles problemas con-cretos que constituem condiçonsobjetivas determinantes para queumha convocatória deste tipo lo-gre coalhar no seio dum movi-mento juvenil particularmenteatomizado.

Primeiramente, referimo-nosao desemprego estrutural e a con-

sequente emigraçom massiva co-mo um dos problemas que maispreocupa e afeta à mocidade ga-lega. A imposiçom do capitalismono nosso país está a ter como con-sequência nom só a evidente ex-ploraçom da maioria social mastambém umha grave crise demo-gráfica que está a hipotecar a nos-sa sobrevivência como povo. As-sim, olhamos com pavor como naGaliza se está a normalizar a ideiada emigraçom/fugida ante a mi-

séria e se está a acolher esta viacom preocupante resignaçom en-tre a juventude.

As jovens enfrentamo-nos aliásà perda das já limitadas capacida-des para decidir sobre o nosso cor-po e vemos como o governo espa-nhol dá passos para clandestinizara decisom sobre a maternidade ecolocar-nos no rol submisso decuidadoras do lar e de crianças.

Nom menos importante é a gra-ve ofensiva espanholista queabrangendo a prática totalidadedos ámbitos e adquirindo maioresdimensons, se materializa de for-ma mui evidente na loMCE ouna desmedida repressom que so-fre o independentismo galego.

Em síntese, o inimigo bate cadavez com mais força sendo neces-sário um rearmamento que em in-discutível chave soberanista, fe-minista e anti-capitalista plantecara a estas agressons. É por issoque num momento em que o regi-me padece dum enorme descrédi-to e desafecto popular, resulta de-cisivo colocar entre a juventudegalega a ideia da independênciacomo requisito sine qua non paraum futuro emancipado. Revela-seassim necessária a criaçom de es-paços de luita unitários que desdeo respeito à pluralidade, nos per-mitam reforçar o movimento ju-venil galego e avançar na impres-cindível acumulaçom de forças.

Espero e desejo polo tanto, queesta manifestaçom nom fiquenum facto isolado pois as que des-de um início apostamos por im-pulsar este “24J unitário”, reitera-mos a necessidade de profundizarno diálogo e a unidade de açomentre a juventude da esquerda in-dependentista e soberanista.

Por que um 24 de julho unitário?eva Cortinhas

A informaçom retorcidarodri suárez

o inimigo bate commais força sendonecessário um rearmamento emchave soberanista,feminista e anti-capitalista queplante cara

o telejornal abriucom umha nova dojuízo a quatro mili-tantes do indepen-dentismo galego.de seguido informá-rom da detençomde um suposto mili-tante de etA e de-pois do juízo ao talBretón, acusado deassassinar os filhos

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04 acOntece Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

NGZ / A Conselharia de indústriapendurava o dia 9 de julho na suapagina web umha nota de impren-sa anunciando que já comunicouà empresa Mineira de Corcoesto,responsável pola mina de ouro,que o projeto de exploraçom nomcumpre as exigências técnicasnem económicas para ser aprova-da e polo tanto fica paralisado dejeito temporal. A Junta pediu à fi-lial da canadiana Edgewater queacredite umha solvência do 25%de fundos próprios sobre a inver-som do projeto, e documentaçomque acredite a capacidade técnicada empresa para o desenvolver. oanúncio da paralisaçom colheupor surpresa as entidades detrato-ras do projeto, e embora valoriza-lo como um avance provocado po-las mobilizaçons contra este, pe-dem a paralisaçom definitiva doprojeto. Também denunciam quea Junta valorize negativamente osaspetos técnicos e económicos enom diga nada dos graves impatosambientais que o projeto leva con-sigo, ademais de nom pedir umnovo relatório ambiental, já que seamossou que os outros nom eramreais. desde a a Plataforma poladefesa de Corcoesto alertam deque Feijoo poderia empregar a mi-na como moeda em reunions como embaixador canadiano, a cám-

bio de possíveis contratos no navalou no eido florestal.

Novos estudos desfavoráveisPouco tempo antes que a Junta pa-ralisara o projeto mineiro, dousnovos estudos destacaram os ele-vados riscos ambientais do projetoe a nula rendabilidade económica.Quatro professores das Universi-dades de vigo e santiago emití-rom um informe onde salientavam

os altos riscos que a mina poderiater para a saúde e o meio ambien-te. os expertos falam das deficiên-cias apresentadas pola empresa eavaliadas pola Junta, à hora demedir as técnicas de depuraçomdo arsénico (principal elemento decontrovérsia). segundo os espe-cialistas, estas análises teriam queser muito mais exaustivas, tal e co-mo recomenda a Uniom Europeia,devido à alta toxicidade do arséni-

co. o outro dato é a caida no preçodo ouro, que no segundo semestredo passado ano caiu um 23%, che-gando ao índice mais baixo nos úl-timos 40 meses. Por esta circuns-tancia a Plataforma Cidadá salve-mos Cabana pom em causa que amina de Corcoesto poida ser ren-tável em termos económicos. As-segura que nestas condiçons “ecom o negro panorama que seaproxima, muitas expropriaçonsmineiras terám que fechar por fal-ta de rendibilidade e a elevaçomdos custos de produçom”.

Pressons às cidadásPor outra parte e segundo publica-va a ediçom galega do jornal El

Pais a vizinhança de Corcoesto,tem denunciado pressons por parteda empresa, para que lhes vendamos terrenos onde se quer escavar amina. Ademais da presença conti-nua de representantes da empresanas casas da vizinhança, a mineiratambém está a mandar cartas ondeameaça as pessoas que nom que-rem firmar com que, de nom o fa-zer, vam ser expropiadas por umpreço muito menor ao oferecido.Este caso afeta a umhas 220 pro-prietárias dos terrenos, onde amaioria firmárom um pré-acordo,embora e segundo as informaçons,muitos já se estám a lamentar.

acOnteceMarinheiros da CiG-Mar paralisárom umbarco mercante no porto de vila Garcia aosuspeitar que transportava produtos captu-rados no mar em Mauritánia, caladoiro doque a frota galega foi expulsa em base aosacordos da UE com o país africano.

Paralisam mercante nO POrtO de vila Garcia

o coletivo Herrira estivo na Galiza parasocializar a situaçom dos presos políti-cos vascos, reunindo-se com coletivospolíticos, centrais sindicais e movimen-tos sociais como o de defesa de presosindependentistas galegos.

herrira reuniu-se cOm cOletivOs GaleGOs

10.06.2013 / Mihai B., nascidoem Roménia, morre em Quiro-ga ao cair dum noiro duns 15metros.

11.06.2013 / Apresenta a demis-som Xaquín Charlín, concelhei-ro do BNG que se referiu a So-raya Sáenz de Santamaría co-mo “chochito de oro”

12.06.2013 / Parlamento da Ga-liza aprova por unanimidade re-soluçom a favor da autodeter-minaçom para o povo saariano.

13.06.2013 / Julgado de PonteVedra anula o deslocamentodas trabalhadoras de Cuca aOgrove e deixa sem efeito oERE temporal da empresa.

14.06.2013 / Investigadores e in-vestigadoras concentram-seno Obradoiro de Compostelapola "situaçom desesperada"das suas condiçons laborais eos cortes em I+D.

15.06.2013 / Umhas 2000 prefe-rentistas manifestam-se em

Ourense e atiram ovos contraas sedes do PP e NovagaliciaBanco.

16.06.2013 / Morre V.G.G. em Vi-lhaiom ao emborcar o tractorcom o que trabalhava.

17.06.2013 / Empregados da T-Solar ocupam a sede de Isoluxem Vigo para exigir a retiradado ERE. A dia 2 de Julho, co-meçarám um feche indefinidona fábrica de Sam Cibrao dasVinhas.

18.06.2013 / Rejeitada no Parla-mento com os votos do PP um-ha proposiçom nom de lei paraabrir umha linha de ajudas ameios integramente em galego.

19.06.2013 / Ativistas de Mar deLumes concentram-se no aeró-dromo de Roças (Castro deRei) contra o uso militar des-sas instalaçons.

20.06.2013 / Milhares de traba-lhadores e trabalhadoras to-mam as ruas de Vigo na jorna-

da de greve nos estaleiros pri-vados do Estado.

21.06.2013 / Suso Cela, militantedos GRAPO, sai da cadeia tráscumprir 23 anos de prisom.

22.06.2013 / Centos de prefe-rentistas das plataformas detoda a Galiza realizam jornadareivindicativa em Compostela.

23.06.2013 / Renfe suprime defi-nitivamente o trajeto Ourense-Póvoa da Seabra.

crOnOlOGia

Junta paralisa momentaneamente o projeto da mina de Corcoesto

executivO autOnómicO nOm se PrOnuncia sObre O imPactO ambiental

negamliberdadecondicional apreso galegoem situaçomextremaNGZ / o preso galego José An-tonio vilasó Pardavila, recluí-do na prisom de Mansilla delas Mulas, em leom, viu de-negada a petiçom de excarce-raçom por doença terminal.segundo denúncia o observa-tório para a defesa dos direi-tos e liberdades Esculca, vi-lasó padece de cancro linfáti-co e do viH. o preso estivo asofrer numerosas represáliasna cadeia polos protestos querealizou como denúncia dasua grave situaçom de saúde.vilasó padeceu um isolamen-to encoberto ao ser levado àchamada 'zona Cero' da en-fermaria, onde se limitam ashoras de saída ao pátio e serestringem as suas comunica-çons. o preso tem protestadotambém através da greve defame e o rechaço da medica-çom que se lhe fornecia. se-gundo comunicou Esculca, ojuíz de vigilância Penitenciá-ria vem de conceder a pro-gressom a terceiro grau parao preso, enquanto este solici-tou poder renunciar a ser in-gressado no Hospital de leomjá que voltaria a estar baixocondiçons de isolamento.

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05acOnteceNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

NGZ / A Junta de Pessoal de ser-viços Centrais da Junta da Gali-za denunciou que o subdiretorgeral do Tesouro, Eusebio JesúsMartínez santamaría, empre-gou os seu posto na administra-çom autonómica como reclamopara umha atividade económicaparticular. deste jeito, Martínezsantamaría, durante as suas ho-ras de trabalho no seu cargo delivre designaçom na Conselha-ria de Fazenda, administravatambém algumhas atividades dacompostelana Academia Es-quío, onde lecionavam aulas elee o interventor delegado daConselharia de Meio Ambiente,Emilio Escuredo Cascón.

os mails, que datam dos me-ses de janeiro e fevereiro, envia-vam-se maciçamente desde aconta 'promocioninternaxun-

[email protected]' a endereçoscorporativos, previamente selec-cionados, do funcionariado au-

tonómico que podia estar inte-ressado na preparaçom essasoposiçons de promoçom com aacademia na que Martínez san-tamaria e Escuredo Cascón tra-balhavam. Nos mails deixava-seclaro que era um alto cargo daJunta da Galiza quem estava aofertar as aulas, empregando as-si o seu posto na administraçompara atrair clientela para o seunegócio particular. Às pessoasque se atopavam interessadasMartínez santamaría lhes remi-tia cumprida informaçom sobrepreços, horários e temário.

A Junta de Pessoal, ademaisde fazer pública a “falta de éti-ca” do citado subdirector ge-ral, quere denunciar “a atitudede encobrimento” da Conse-lharia de Fazenda, nomeada-mente da sua secretaria geraltécnica, ante umha “atitude to-talmente reprovável num fun-cionário público”.

Subdirector geral naJunta beneficia-se docargo para negócios

A greve convocada polas principais centrais sindicais,coincidindo com o início das rebaixas de verao, foi qua-lificada como êxito polos convocantes. os piquetespercorrérom durante toda a manhá as principais áreascomerciais, especialmente os centros comerciais ondeconseguirom vaziar boa parte das tendas.

sucessO na Greve dO cOmerciO da cOrunha

A Associaçom de drogodependências de Ferrol (Asfedro)vem de denunciar que nom venhem fundos para abrir osseus centros em agosto. isto deixaria sem atençom a 1200usuários, 700 dos quais som atendidos com metadona,com o risco de recair e sem alternativa onde os poidamatender, já que a situaçom é extensível a toda Galiza.

alertam de cOrtes na atençOm a drOGOdePendentes

24.06.2013 / Queimam de ma-drugada em Ogrove o veículoparticular dum Guarda Civil.

25.06.2013 / Polícia local de Tuigolpea pessoa com diversidadefuncional numha concentraçom.

26.06.2013 / Mário Lúcio, minis-tro de cultura de Cabo Verde,pede alargar a CPLP à Galiza.

27.06.2013 / Plataformas em de-fesa da sanidade pública jun-tam milhares de pessoas em

concentraçons ao longo de to-da a geografia galega.

28.06.2013 / Morre um trabalha-dor em acidente laboral nasNeves (Condado).

29.06.2103 / Frota do polvo ma-nifesta-se em Ribeira contra asnovas normas da Junta, que “le-vam à quebra o setor”.

30.06.2013 / Centos de pessoasrealizam manifestaçom do or-gulho LGTB em Vigo.

01.07.2013 / Alberto Núñez Feijóoassegura que se sente “cada diamais seguro” do seu partido.

02.07.2013 / Morre um marinhei-ro ao cair ao mar perto de Bas-tiagueiro (Oleiros).

03.07.2013 / Pesqueiro 'Piscator'de Bueu é interceptado na Argen-tina, por adentrar-se presumivel-mente nas águas deste país.

04.07.2013 / Alcalde de Oleiros,Ángel García Seoane, recebe

um sobre com as fotos deFrancisco Franco e Juan deBourbon e umha substânciasuspeitosa que finalmente re-sultou nom ser tóxica.

05.07.2013 / Trabalhador de Vigo falece na Estrada ao cairo tecto sobre o que estava a trabalhar.

06.07.2013 / Achado morto umtaverneiro de Sar (Composte-la) por respirar os gases dumpipo de vinho.

07.07.2013 / Realizam destroçosnos parques de bombeiros deBoiro, Arteijo, Carvalho e Or-des, presumivelmente relacio-nados com o conflito laboral naempresa Veicar, encarregadada gestom.

08.07.2013 / Morre um homemde 59 anos em Vigo a conse-qüência dum golpe de calor.

09.07.2013 / Junta denega auto-rizaçom ao projeto mineiro deCorcoesto.

crOnOlOGia

VERA-CRUZ MONTOTO / Na cida-de da Corunha já som catorze pes-soas as propostas para sançons emais três pessoas à espera de jul-gamento, tanto por participar damobilizaçom popular que impediuo despejo de Aurelia Rey, comopor estar presentes numha con-centraçom no mês de abril dianteda sede do PP. No total, superamjá os 6.000 € em sançons.

segundo salientam integrantesdo grupo stop despejos A Coru-nha -coletivo que está a ser objeti-vo central destes ataques-, a inten-çom da subdelegaçom do Gover-no e do Concelho -que nos últimostempos acostuma subministrar àsubdelegaçom relatórios sobreativistas da cidade -, é, por um la-do, dissuadi-las de continuar a

apoiar ativamente às catorze famí-lias em risco de despejo por causadas obras do Parque ofimático,um “pelotazo” urbanístico que foialimentado polas diferentes cor-poraçoms locais desde o ano 1990.

Em segundo termo, e já desdeumha perspetiva de estratégia so-ciopolítica por parte do Estado,“estas sançons vam além de serum castigo do Governo a quemparticipa-mos habitualmente emmobilizaçons sociais -dizem-, oque se procura é dar umha men-sagem de medo à cidadania nummomento em que somos muitosos grupos que estamos a dar a ba-talha nas ruas, e no que o êxito damobilizaçom contra o despejo deAurelia Rey sentou um importan-te precedente ".

Para dar a conhecer o verdadei-ro objetivo político destas sançonse articular umha resposta conjun-ta frente ao assédio policial e à vio-lência económica exercida desdeo governo do Partido Popular,stop despejos A Corunha está apromover a campanha 'Multam-nos a nós para assustar-te a ti'.

Como início da mesma, no dia11 de Julho meio milhar de pes-soas secundárom a primeira ma-nifestaçom conjunta de apoio àspessoas e coletivos que estám asofrer esta vaga de criminaliza-çom dos protestos sociais. Aliásdesta campanha, stop despejos ACorunha tem apresentado alega-çons contra as sançons recebidase vem de pôr em andamento umhacaixa de resistência.

Stop-Despejos Corunha:“Multam-nos para assustar-te”

mais de 6.000 eurOs em sançOns

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06 acOntece Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

A organizaçom internacionalista Mar de lumes, convo-cou umha concentraçom no aeródromo das Rozas (emCastro de Rei) contra o uso militar destas instalaçons paraque a oTAN poida testar os polémicos drones. Mar de lu-mes denuncia que som vários os sítios que servem de baselogística da oTAN, como lavacolha, Ferrol ou Corunha.

cOncentraçOm cOntra a base de drOnes em rOzas

o alunado que interrompeu o Conselho de Governo daUniversidade de santiago de Compostela em março emprotesto polas políticas de cortes estám ameaçados de ex-pulso, segundo consta na conclusom do instrutor do ex-pediente universitário aberto. o regulamento da UsC aeste aspecto data da época franquista.

vÁriOs alunOs e alunas da usc enfrentam-se à exPulsOm

a tua posta em liberdade colheu-

nos a todas por surpresa, já que,

após aplicar-che a doutrina Pa-

rot, a tua condena vira-se aumen-

tada até o 2015. Explica-nos o

procedimento legal que seguiche.

Também foi umha surpresa paramim! Provei com um caminho le-gal que nom se explorara antes,e curiosamente funcionou. Amim condenam-me a 30 anos po-lo Código velho, e, ainda que te-nho redençons, em 2006 apli-cam-me a doutrina Parot e con-firmam-me que tenho de ficar nocárcere até cumprir a condenaíntegra. o que figem foi mudar-me para o Código novo, do 1995,pedindo umha liquidaçom a 25anos. Por algumha razom a esteCódigo nom lhe podem aplicar aParot, polo que, ao somar os anosde redençons extraordinárias, to-cava-me sair já. o bom é que omeu caso cria um precedente,polo que agora todos os presospolíticos que estám na mesma si-tuaçom vam ter que sair. Falei jácom um advogado basco paraque revisem caso por caso, mashá pessoas que poderám seguir omesmo procedimento.

a doutrina Parot foi já criticada

por Estrasburgo. Pensas que o Rei-

no de Espanha desatenderá essas

críticas ou deixará de aplicá-la?

Este é um tema complicado, e de-pende de como estejam as cousascom Europa, e do interesse quetenha esta em atacar a Espanha.Escapam-se-nos muitos fatoreseconómicos e políticos… o que éclaro é que se nom nos quigéromsoltar um a um tampouco nosvam querer soltar agora de cemem cem. de facto, Gallardón jáanunciou que, se Estrasburgoderroga a Parot, farám a enge-nharia jurídica necessária paraque nom saia ninguém.

Poucos dias depois da tua liberta-

çom, La Voz de Galicia publicava

umha nova em que assinalava a

tua mae como ideóloga dos GRa-

PO, para além de dar o seu ende-

reço e o nome do bar de teu ir-

mao. Pensas que estes ataques

diretos da imprensa comercial

som um fenómeno recente, ou já

existia esta presom quando ti in-

gressache na cadeia?

sempre se criminalizou as pes-soas detidas por motivos políticos,mas cada vez vai a pior. A impren-sa fai parte do aparato repressivodo Estado, e assinala antes de queos juízes atuem. Publica-se infor-maçom privada e cataloga-se agente de terrorista com total im-punidade. se tu dis que um empre-sário é um terrorista por atemori-zar os trabalhadores podem deter-te, mas a ti podem chamar-te o quequeiram sem necessidade de con-trastar informaçom. Há um tem-po, por exemplo, saiu em El Mun-

do que eu ameaçara um médicocom o que nem sequer cheguei afalar. sabem que tenhem um po-der social forte, e aproveita-no pa-ra cortar qualquer resposta quesaia do caminho que eles marcam.Passou com os mineiros, com o in-dependentismo galego, e mesmocom os indignados. vinte e três anos na prisom per-

mitirám-che valorizar diversos

fenómenos com muita perspeti-

va. Como qualificarias, por

exemplo, a evoluiçom da re-

pressom?

igual que com o tema da impren-sa, a repressom vai cada vez amais, e procuram a maneira decoartar até as liberdades mais bá-sicas. No ano 85 os presos políti-cos vivíamos em comuna; fazía-mos muito trabalho político e dedesenvolvimento pessoal. Em 87começou a dispersom, que tem aúnica finalidade de isolar a pes-soa e quebrá-la, tentando sem re-sultados que renuncie à sua ideo-logia. Cada reforma do código pe-nal é mais restritiva, e umha sim-ples bronca com um funcionárioé já atentado à autoridade. darumha labaçada a um polícia somdous anos de prisom, ainda queele a ti che desse antes 40 porra-zos. Tenhem mais impunidade doque nunca. Também na rua a de-sobediência se castiga muito

mais. Mas o que está claro é queesse aumento da repressom nomé sintoma da fortaleza do estado,senom da sua debilidade. Encon-tra-se ante umha crise de todos ostipos, e o que busca é adiantar-sea todos esses métodos de luita no-vos que a gente está tentando de-senvolver. o medo ao desconten-to social é tal que estám rematan-do até com o direito de reuniom. o certo é que a repressom trans-forma-se, mas a solidariedadesempre segue ai. Podem disper-sar-nos, mas nom podem isolar-nos, porque temos a muitas pes-soas apoiando-nos. Qualquercontato é valido para romper osmuros que eles levantam. A mimeste ponto parece-me especial-mente importante, porque eu es-tou fora, mas nom esqueço todasas pessoas que ficárom dentro, ecom as que compartim tantos mo-mentos bons e maus.

E apesar de toda essa informa-

çom que che figérom chegar as

pessoas solidárias, percebeche

muitas mudanças umha vez que

pisache a rua?

surpreendeu-me que tenho a sen-saçom de que nom passou tantotempo nem mudárom tantas cou-sas. É certo que a nível laboral ede direitos a situaçom é crítica, eque estám procurando a disper-

som de qualquer tipo de movi-mento organizativo. Mas a verda-de é que o que mais me chamou aatençom é o descontento da gen-te. Estes dias ouvim comentáriosmui duros contra os banqueirosou os políticos que há anos eramimpensáveis. o que falta agora éum referente que aglutine todasessas luitas dispersas, porque narealidade a todo o mundo nos afe-ta o mesmo. os referentes que ha-via na minha época já nom estámpor diferentes motivos, e tampou-co os países socialistas. Muitas or-ganizaçons políticas estám per-dendo a sua independência paraentrar no terreno institucional,condenando mesmo que a gentequeime um caixeiro. Penso quenom devemos esquecer que qual-quer povo oprimido ou trabalha-dor tem direito a defender-se.

E pensas que as luitas do futuro

volverám sobre as formas que co-

nhecemos ou se articularám dum

modo completamente distinto?

Bom, suponho que haverá umhacombinaçom de novas e velhasfórmulas. A revoluçom de 1917foi diferente a de 1937, mas o queestá claro é que há formas anti-gas totalmente válidas. Pessoal-mente, nom creio que se podaquestionar a necessidade dumhaorganizaçom de vanguarda. Aorganizaçom é necessária, nomhá mais que mirar para o próprioEstado. Alguém tem que agluti-nar o descontento, e nom é efeti-vo que se dilua em 40 organiza-çons que fagam assembleias to-dos os dias. Apesar de todo, pen-so que há muitos motivos parater esperança: o caldo é bom,aqui sempre houvo umha tradi-çom forte de movimentos de es-querdas mesmo quando esmore-ceram noutros lugares do mun-do, e o imobilismo nom pode du-rar eternamente. Pode que chedeam umha labaçada 20 dias se-guidos, mas ao 21 devolve-la.

“qualquer amostra de solidariedaderompe os muros das pessoas presas”

entrevista a susO cela, ex-PresO POlíticO GaleGO

O.R. / Há apenas vinte dias bar-beava-se por última vez no cár-cere e despedia-se de todos oscompanheiros que ficam entregrades. Hoje Suso Cela recebe-nos em família, tomando umhacerveja enfrente da sua mae,Pepita Seoane. Tranquilo, more-no, com um sorriso e umha ca-misola de “Mexam por nós…”.Falamos com ele da DoutrinaParot, da evoluçom do sistemarepressivo, de muitos momen-tos duros destes vinte e trêsanos. Mas também da rua, dacrise, da organizaçom, do des-contento, e da esperança, com-provando aquilo que ele pró-prio repete durante toda a con-versa: podem dispersá-los,mas nom conseguem isolá-los.

“Chamou-me muito a atençom o descontento social

que se palpa agora”

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07acOnteceNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

A Plataforma em defesa dos Montes do Morraçodenunciou o intensivo uso do transporte privado eas suas conseqüências agravadas coa chegada doverao. denunciam que o transporte coletivo subiu15 cêntimos nas linhas de autocarro, com o que sepotencia ainda mais o emprego do carro.

Precariedade nO transPOrte cOletivO dO mOrraçO

os atos polo dia da Patria espalham-se por todo o paísantes do 25 de julho. Em Marim a iniciativa de AC Al-muinha, Cs Revira e o grupo cultural “Ronsel”, venhemconvocando umha romaria, este ano foi a sexta, com ati-vidades como umha volta em dornas pola ria, um roteiropolos moinhos do loira, um jantar e umha foliada.

rOmaria POlO dia da PÁtria em marim

NGZ / Em contraste com a faltade convocatória unitária para odia da Pátria, está a ser apresen-tada a recém constituida iniciati-va Galiza pola soberania (Gps),que levou a gestar-se desdemaio. Na sua posta em anda-mento chamam à sociedade apromover a agitaçom social, amobilizaçom e o debate cara arealizaçom da “soberania ple-na”, na forma dum “Estado Ga-lego, antipatriarcal, social, laicoe radicalmente democrático

com base numha república”.subscreve o chamado um gru-

po promotor de 200 pessoas pro-venientes de diversos setores dosoberanismo e o independentis-mo, do feminismo e movimentossociais, que lembram que “ape-sar do discurso globalizador, sónos últimos 20 anos surgiram naEuropa 12 novas nações inde-pendentes” e outras estám em ca-minho “por meios abertos, demo-cráticos e cívicos, baseados emconsultas à cidadania”.

Publicam manifesto‘Galiza pola Soberania’

NGZ / No começo de julho fazia-se pública a convocatória dumhamanifestaçom unitária juvenil eestudantil o vindeiro 24 de julho“pola independência do povo ga-lego, em chave de anticapitalis-mo e feminismo, em defesa anteos ataques recebidos” do estadoespanhol. Assi o sinalávam emconferência de imprensa repre-sentantes de Adiante, Agir, As-sembleia da Mocidade indepen-dentista, Briga, Comités, GalizaNova, isca e liga Estudantil Ga-lega, que enquadram a mobiliza-çom “na auto-organizaçom e noprocesso de autodeterminaçomdo nosso povo cara umha Repú-blica Galega”.

A marcha está convocada bai-xo a legenda “independência.Mocidade galega erguendo o seufuturo”, às oito do serám desde aAlameda compostelá. virá subs-tituir e amplificar as tradicionaismobilizaçons do independentis-mo juvenil, a Rondalha da Moci-dade com a Bandeira da AMi (daque o passado ano já participaraAdiante) e mais a manifestaçomconvocada por Briga desde hácinco anos no marco da Jornadade Rebeliom Juvenil. isca, por

sua parte, realizara já há um anoum passa-ruas próprio, sendo aspresenças mais surpreendentesas de Galiza Nova e Comités, tra-dicionalmente refratárias à pala-vrasde ordem independentistas.

VI Cadeia Humana pol@sPres@s IndependentistasA véspera do dia da Pátria serátamém espaço, por sexta oca-siom consecutiva, para o desen-volvimento da cadeia humanacom a que o coletivo anti-repres-sivo Ceivar “denuncia a repres-som muito específica contra osindependentistas galegos e gale-gas presas e dispersadas, e rei-vindica a sua liberdade”.

desde as seis da tarde na Praçada Galiza chamam à “firmeza nasolidariedade com os e as retalia-das políticas”, cientes da possibi-lidade de a Audiência Nacionalespanhola emitir “a sentença dojuízo-farsa celebrado entre osdias 24 e 27 de junho na vésperado dia da Pátria”. de Ceivar assi-nalam a vontade estatal de “con-dicionar o movimento indepen-dentista e as alianças soberanis-tas para a rutura democrática”com o dito julgamento.

Três manifestaçons no 25-JA pesar de chamados e desidera-tos diversos exprimidos em pú-blico por diversos agentes nos úl-timos meses, nom existe este anoumha convocatória unitária parao dia da Pátria. As manifesta-çons a percorrer Compostela se-rám três, duas delas convocadaspolo independentismo e umhaoutra polo BNG.

A primeira convocatória anun-ciada foi a de Nós-Unidade Po-pular, que chama a se manifestarbaixo a legenda “Espanha e aUniom Europeia som a nossa rui-na. independência”, às doze emeia do 25 de Julho desde Ala-meda de Compostela a

Meia hora mais cedo, às do-ze, sairá a mobilizaçom convo-cada por Causa Galiza para re-matar em Maçarelos. o coleti-vo inclui na convocatória,amais da reivindicaçom de in-dependência, a referência “li-berdade pres@s independen-tistas. stop repressom”.

À mesma hora está convocadatamém na Alameda a saída damanifestaçom soberanista doBNG, que rematará como é cos-tume na praça da Quintana.

Coletivos juvenis e estudantismanifestam-se juntos no 24

três cOnvOcatórias PercOrrerÁm cOmPOstela O 25 de julhO

NGZ / A 'Associaçom de Familia-res e Amig@s d@s Pres@s Polí-tic@s Galeg@s' vem de apresen-tar a nova linha gráfica, queacompanha umha nova jeira notrabalho solidário do coletivo.Numha conferência de impren-sa da que participárom, amaisde representantes da associa-çom, representantes do mundoda cultura como Teresa Moure eo pintor leandro lamas, deu-seleitura ao manifesto em que re-colhem motivos e objetivos darede de apoio, e que resumíromem “transmitir apoio e solidarie-dade aos presos e as suas famí-lias, denunciar a excepcionali-dade e ilegalidade do tratamentojurídico e penitenciário que re-

cebem, e reivindicar o respeitodos direitos fundamentais den-tro das prisons”. Chamam à so-ciedade a participar dum labor“humanitário e básico” em tem-pos em que medra a ameaça de“extensom da dinámica policiale repressiva a cada vez mais se-tores da sociedade”.

Participárom na apresenta-çom, manifestando o apoio àQue voltem para a Casa, as or-ganizaçons partidárias Anova,Bloco Nacionalista Galego,Causa Galiza, Nós Unidade Po-pular e Primeira linha. A Cen-tral Unitaria de Traballado-res/as e mais a CNT de Com-postela figérom presente oapoio desde o sindicalismo.

Apresentada novaimagem de ‘QueVoltem para a Casa!’

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08 acOntece Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

A entidade ecologista vem de apresentar perante aConselharia do Mar umha denúncia sobre o Plano queo governo galego quer implantar para favorecer a in-dústria aquícola. segundo verdegaia, o plano nom vemacompanhado de nengum estudo económico ou am-biental que mostre a necessidade desse projeto.

verdeGaia denuncia O PlanO diretOr de aquicultura

Anova de ourense, denunciou a situaçom em que se en-contra o Centro de interpretaçom do Palao (A Granja),inaugurado no ano 2000 e financiado com fundos euro-peus. A instalaçom está totalmente abandonada, destruí-do polo passo do tempo e polos deficientes coidados, num-ha instalaçom que nom se fijo acorde aos seus objetivos.

centrO de interPretaçOm de jOGOs POPulares em abandOnO

NGZ / Trabalhadoras e trabalhado-res de T-solar levam mais de duassemanas pechados nas instalaçonsdesta fatoria no Polígono de samCibrao das vinhas, em ourense,impedindo o desmantelamento dasmesmas. Em junho o comité de em-presa aprovava um ERE extintivoproposto pola diretiva que afeta às170 pessoas do quadro de pessoalde T-solar, com o compromisso deque voltariam à atividade quandoalgumha outra firma comprasse es-ta fábrica de construçom de paneissolares. Porém, o início de umhasobras de desmantelamento na fá-brica provocou que as trabalhado-ras e trabalhadores de T-solar des-sem um passo adiante na luita eocuparam o seu antigo lugar de tra-balho. deste jeito, conseguiram pa-rar o desmantelamento que estava

a padecer a fatoria e urgiram a res-ponsáveis políticos a tomar cartasnestes assunto para assegurar o fu-turo do quadro de pessoal. Repre-sentantes dos grandes partidos ga-legos reuniram-se com as pessoaspechadas e figeram alarde de boaspalavras prometendo fazer o possí-vel para atingir umha soluçom paraas trabalhadoras e trabalhadores.Assim, também nestas semanas vá-rias mobilizaçons cidadás de apoioestiveram presentes nas ruas da ci-dade de ourense.

A empresa T-solar abriu as suasportas em 2008 e desde entom re-cebeu mais de 60 milhons de di-nheiro público através de subven-çons ou avais de diversas institui-çons, sendo um duro golpe para acompanhia o decreto aprovadoem 2012 polo governo espanhol

que proibia as ajudas económicasàs energias renováveis. Atualmen-te T-solar está em concurso decredores. segundo informam aspessoas trabalhadoras no bloguetsolarnonpecha.wordpress.com, aJunta da Galiza, principal credorado concurso, “nega-se a garantirumha saída sólida que assegure aproduçom e o mantimento dos170 postos de trabalho” enquantoa própria empresa permanece emsilêncio, sem reunir a comissomde seguimento que devera infor-mar às trabalhadoras e trabalha-dores da marcha do concurso. de-nuncia-se também que a passivi-dade com que está a agir a admi-nistraçom concursal pom em pe-rigo as ofertas que poderiammercar a companhia e ponhe-lade novo a produzir.

Ameaças policiais a informador do‘Galiza Contrainfo’NGZ / Um câmara, colaboradordo portal de contrainforma-çom Galiza Contrainfo, foi as-saltado e ameaçado por polí-cias de choque enquanto foto-grafava umha mobilizaçom daPlataforma de Afetados polaHipoteca na Corunha. os far-dados do corpo de anti-distúr-bios achegárom-se ao fotógra-fo no decurso dum protestocontra os despejos que afetamvizinhança do Parque ofimáti-co, para o ameaçar com ser de-nunciado e multado no caso detirar fotografias em que apare-cerem agentes. segundo de-nunciam do coletivo áudio-vi-sual com o que colabora o re-pórter agredido, logo de estese identificar como jornalista,recebeu um “para nós, tu només imprensa” como respostados polícias. os agentes dechoque ameaçárom tamémcom confiscar o material detrabalho do informador, cousa

que nas suas palavras nom fi-gérom porque "nom nos apete-ce e pode que nos denuncias-ses por coaçom e ameaças"..

Prática habitualNom é a primeira vez que ativis-tas da Galiza Contrainfo -comodoutros projetos de informaçomindependentes- sofrem a arbi-trariedade com que a polícia es-panhola decide e coloca os limi-tes reais à liberdade de impren-sa e o direito à informaçom.Atuando à margem dumha le-gislaçom que se pretende garan-te, pero incapaz na prática anteos abusos policiais, a repressomvai das agressons físicas até ele-vadas multas com clara finalida-de dissuasória.

da Galiza Contrainfo recla-mam por isso “o direito a infor-mar, a sermos testemunhas dasdistintas luitas do nosso pais,sem ameaças nem a constantesupervisom do nosso material”.

Pessoal de T-Solar pechado em luita polo futuro da fatoria

a emPresa recebeu mais de 60 milhOns de dinheirO PÚblicO

Contra as touradasem Sárria e a CorunhaNGZ / A Plataforma sárria livrede Touradas mobilizou-se contraa celebraçom de umha corridade touros nesta vila durante asfestas do sam Joám. Este coleti-vo fijo público o seu rechaço aeste tipo de celebraçons “enten-dendo que nom formam parte danossa cultura nem da nossa ideiade respeito cara os animais”.Por outra banda, diversos cole-

tivos sociais e políticos da cida-de da Corunha chamam a mani-festar-se o 4 de agosto umhamobilizaçom anti-taurina. Cole-tivos em defesa dos animais de-nunciam que Mugasa, conces-sionária que conta com o mono-pólio dos suportes urbanos depublicidade, negou-se a que fos-sem contratados valados commensagens anti-taurinos.

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09crónica GrÁficaNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

crónica GrÁfica

O 18 de julho apareceu pintada derosa umha placa de exaltaçom fran-quista no cemitério de Pantim, emValdovinho / NOS-UP

Solidárias e solidários de Madrid con-centrarom-se na véspera do julga-mento de 4 independentistas na Au-diência Nacional / GZCONTRAINFO

Marcha do Naval pola ria de Ferrol de-mandando soluçons para o sector na-val desta comarca / SUSETE FERROL

Vizinhança da Corunha afetada pola cons-truçom do Parque Ofimático manifestou-seexigindo soluçons / GZCONTRAINFO

A III Festa da República Galega rememoroua proclamaçom de 1931 e apresentou novasimbologia / GZCONTRAINFO

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10 acOntece Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

aGrO

P.V. / o passado 11 de julho o sena-do aprova a lei de Cadeia Alimen-tar, em que se rejeitárom pratica-mente todas as emendas da opo-siçom e de grupos de consumido-res e sindicatos agrários. A lei teráque voltar ainda ao Congresso dosdeputados, sem alviscar já possí-veis mudanças.

segundo o governo, este textopretende equilibrar o poder de ne-gociaçom entre os atores quecomponhem a produçom alimen-tar, entre os que o produtor é o elomais débil.

Pola contra, as organizaçonsagrárias sindicais galegas concor-dam em que se perdeu umhaoportunidade para atingir o con-trato dum preço minímo que cu-bra os custos de produçom, e queevite a venda de perdas.

Trás as seguidíssimas jornadasde nom venda de leite à indústriaque realizárom os gadeiros o pas-sado mês de dezembro, e que

apressuradamente os sindicatosfreárom confiando nas promessasda Junta da Galiza, a deceçomcom o governo da Junta nom podeser maior entre as organizaçonsagrárias.

A lei da Cadeia Alimentar as-segura a nom necessidade decriar controlos de mercado entreprodutor e indústria, além da no-va figura dum “mediador”, doqual nom se achega definiçomconcreta das suas funçons. Nosenado nom se considerou ne-cessário intervir ante o abuso narelaçom indústria-produtor, jáque o gadeiro pode optar pola viajudicial contra a indústria com alei de Competência, que tipifica

como delito a venda a perdas.Umha resposta que nom conven-ce os sindicatos agrários já quenumha carreira judicial de indús-tria-produtor o segundo encon-tra-se numha situaçom de des-vantagem polos processos longose custosos.

Consumidores sem garantiaAs organizaçons de consumido-res também saem perdendo nestalei, já que se engadiu ao textoumha emenda que vem a “dificul-tar” as análises comparativas so-bre a qualidade dos produtos. Aorganización de Consumidores yUsuarios (oCU) realiza numero-sos trabalhos de investigaçom quepublicam na sua revista e que pa-gam os assinantes. A oCU pensaintervir judicialmente para luitarcontra o que consideram “censu-ra” nesta e outras partes do pro-cesso de transparência entre in-dústria e consumidor.

Indústria triunfa na leide cadeia alimentar

mar

A batalha do polvoA.DIESTE / o plano de gestomdeste recurso fijo estourar um-ha parte do setor do mar contrá-rio ao mesmo e obrigou à Con-selharia a negociar.

o plano de gestom do polvo daConselharia do Mar fixo estouraro cansaço e mal-estar no setor domar. Nom em todo, mas simnumha parte considerável domesmo. Um mal-estar que se tra-duziu numha greve e em váriasmobilizaçons e protestos, comoo que acabou com cargas de an-ti-distúrbios, feridos (um nenode 15 anos) e detidos em Com-postela. A própria Rosa Quinta-na, conselheira, tivo de sentar anegociar e recuou em parte.

Mas que foi o que se aconte-ceu? A Junta leva vários anosaplicando um plano de gestomdo polvo, iniciativa ativada an-te a constataçom de que esterecurso (muito mais do queumha simples espécie paraGaliza) estava a se esgotar. NaGaliza há um total de 1.341embarcaçons com permissopara faenar à nasa do polvo, oque supom mais de umhaquarta parte da frota galega.Em 2012 capturárom-se emáguas galegas mais de três mi-lhons e meio de quilos destecefalópode, faturando em pri-meira venda por riba dos 15milhons de euros.

o problema deriva quando

este ano a Junta impom umhasérie de medidas (obriga a iden-tificar cada umha das nasas, va-riaçons quanto ao horário de ca-lado,..) que umha parte do setorentende como inaplicáveis. di-zemos umha parte porque nesteconflito também houve confra-rias e marinheiros (na zona suldo país) partidários deste planoda Conselharia.

Nom há onde!Mas a contundência da resposta(greve, protestos, mobilizaçonscontínuas que mesmo obrigá-rom a se posicionar em prol dafrota a alcaldes do PP, como foio caso de Ribeira) tem um fun-do: o empobrecimento do setordo mar. A crise bateu forte e ma-risqueio e frota artesanal ou debaixura notam-no. Aquelesanos de 'se o polvo nom vaibem, vou ao marisqueio, se omarisqueio também nom vaibem, vou ao jeito' já nom exis-tem. Por isso a batalha polo pol-vo, por ser um recurso prioritá-rio e de importância para mui-tos barcos, tornou em impres-cindível para toda umha frota.

o gadeiro terá que recorrer à justiçapara denunciar os abusos da indústria

junta incumPre a sua Palavra e deixa PrOdutOres sem Garantias

Administraçomrechaça controlar

o mercado

A frota de altura foi expulsa de

caladoiros tradicionais

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A.L. / A recente decisom toma-da por Bruxelas de solicitarao Estado espanhol a devolu-çom das bonificaçons fiscaisque recebiam os grandes em-presários no processo deconstruçom de buques, o fa-mosíssimo 'tax lease', é umnovo golpe ao setor naval ga-lego, especialmente para osestaleiros privados que seconcentram na ria de Vigo. Aagonia do naval continua de-pois de que nos últimos anosvários estaleiros entraram emconcurso de credores e mes-mo algum fosse liquidado.Ante isto, NOVAS DA GALIZA

quere botar umha olhada à si-tuaçom do naval viguês e re-passar os acontecimentosque levárom a milhares depessoas trabalhadoras à rua.

A começos de julho voltavam aver-se coletores ardendo no centrode vigo. As palavras do comisárioeuropeu de Competência, JoaquínAlmunia, que ameaçavam com adevoluçom das bonificaçons fis-cais que através do sistema de 'taxlease' beneficiárom especialmenteas grandes empresas, figérom quede novo os operários do naval to-massem as ruas. Quando olhavaas fotos das mobilizaçons no jor-nal, um ex-trabalhador ficavaabraiado ao ver na manifestaçomalguns dos seus velhos encarrega-dos de obra, quem tinham especi-ficamente proibido pola empresaassistir a este tipo de protestos.Efetivamente, nesta ocasiom nomsó protestárom as pessoas que es-tám a padecer o desemprego, aprecariedade ou as longas jorna-das caraterísticas do naval viguês.desta volta a patronal, quem nestadecisom da Europa vê correr peri-go os seus benefícios empresa-riais, apoiou as mobilizaçons.

Este novo fator, o apoio patronal,provocou também umha ligeiramudança de discurso por parte dossindicatos maioritários neste setor.Quando em 2011 a UE fijo públicaa suspensom do sistema de finan-ciamento baseado no 'tax lease', ossindicatos denunciavam como umponto chave do feche de estaleirosdo naval viguês as más gestons ins-titucionais e as práticas empresa-riais irregulares. Estas denúnciasdesaparecêrom das reivindicaçonspúblicas dos sindicatos neste últi-mo mês, em que se pujo por acimaa relevância dum sistema, como otax lease, que permitisse financia-

mento para a construçom de bu-ques na ria de vigo.

O problema do financiamentoPrecisamente um dos problemasque vem arrastando o naval é essafalta de financiamento quase en-démica no setor. Assim, muitasdestas indústrias dependiam derematar a construçom de um bar-co para poder construir outro apartir dos benefícios do anterior.deste jeito, nos momentos demaior carga de trabalho os esta-leiros conseguiam criar emprego,mas ao cair as encomendas asperdas transpassam-se de um bar-co a outro e vam-se acumulando.

Por outra banda, o 'tax lease'começou a se empregar a come-ços dos anos 2000 quando os es-taleiros iniciárom a elaboraçomde buques 'off-shore', o setor dacontruçom naval mais exigente eque conta com umha tecnologiamais custosa. da mao deste tipode construçons (palavra que defi-ne as embarcaçons que prestamqualquer tipo de transporte marí-timo que nom tenha a ver com aproduçom pesqueira) e as suasnovas dificuldades de financia-mento chegou o 'tax lease', umsistema de contratos entre enti-dades financeiras, armadores eagrupaçons de investidores. Ma-nel lópez, sindicalista da CiG noestaleiro viguês de Barreras,aponta que este é um sistema noque “se prima o capital especula-tivo por acima do produtivo”, como objetivo de reduzir impostos a

um grupo de investidores. Entreestes investidores costumam pre-sentar-se entidades como inditexou o Banco santander. lópez in-dica que um mecanismo como o'tax lease' é “imprescindível” ten-do em conta a atual situaçom donaval e assinala que a constru-çom de um 'off-shore' pode ron-dar os 120 milhons de euros. Po-rém, lópez assinala também ou-tros mecanismos como poderiamser as ajudas diretas às empresasem relaçom com a criaçom deemprego, se bem a atual conjun-tura política e económica dese-nham esta opçom como inviável.

Concursos de credoresAtualmente apenas dous estalei-ros privados na ria de vigo con-tam com atividade: Armón e Me-talships. o resto de indústrias ti-vérom que passar por concursosde credores ou bem fôrom liqui-dadas como foi o caso de Mcíes.o sindicalista Manel lópez expli-ca que nessa altura em ocasionsos empresários “nas operaçons

de tax lease nom se ajustavam a100% da lei. isto provocou queuns meses antes da suspensomdo tax lease alguns armadores seassustaram de possíveis devolu-çons e deixárom de contratarcom os estaleiros”.

Precisamente foi Mcíes a pri-meira em apresentar concurso decredores. o caso de Mcíes apre-senta-se escuro, especialmente po-lo seguinte capítulo. Em 2010, anoque a empresa entra em concursode credores a filha do administra-dor de Mcíes, também diretiva des-ta empresa é vítima de um seqües-tro “expresso”, em que se pediaum resgate de dous milhons de eu-ros. os meios de comunicaçom fa-lavam de “motivos familiares”.

depois de Mcíes entrava emconcurso de credores vulcano, aqual saiu do mesmo em 2012. Etambém umha das empresas dosetor que mais pessoal subcontra-tava: Hijos de Barreras. Barrerassaiu do concurso em setembro de2012, com umha quita aos seuscredores de 80%, o que supujoque muita indústria auxiliar tives-se que fechar sem ver cobradasas suas dívidas. Por outra banda,a Fiscalia acusa o ex-presidentedesta empresa José FranciscoGonzález viñas e o seu responsá-vel económico-financeiro Fer-nando vilariño Barreiro de “sé-rias irregulariedades contáveis”que obrigariam a empresa a en-trar en concurso de credores.Além disso, nos últimos meses al-guns meios informavam de que a

cúpula diretiva de Barreras seembolsara perto de 900.000 eurosem 2011, quando a empresa en-trara em concurso de credores.Na atualidade, especula-se com aentrada da mexicana Pemex àempresa como acionista maiori-tário, o que pom em dúvida a su-pervivência das instalaçons do es-taleiro viguês. Ex-trabalhadoresdo naval apontam que a intençomda empresa é criar um porto fran-co em vigo e que os estaleiros so-brevivirám até que a mao de obramexicana se especialice na cons-truçom 'off-shore'.

segundo fontes sindicais, nosúltimos anos perdêrom-se na co-marca de vigo mais de 10.000 em-pregos relacionados direta ou in-diretamente com o setor naval. Arecente decisom da Comissom Eu-ropeia sobre o 'tax lease' , que seproclamou enquanto os trabalha-dores do setor permaneciam fe-chados em protesto nas fatorias,supóm um novo golpe a um dossetores mais destacados da eco-nomia galega. Mesmo algumhasvozes indicam que trás esta jogadaagocha-se umha reconversom anível europeu do setor que benefi-ciará a países que até há poucocompetiam com os estaleiros ga-legos, como é o caso de Holanda.

11acOntece

sindicatos apontam que se perdêrommais de 10.000 empregos no setor ecOnOmia

Apontamentos sobre o naval viguês

'tax lease' liga-se àconstruçom de

buques 'off-shore'

Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

unicamente dousestaleiros contam

com atividade

Cúpula de Barrerasembolsou 900.000

euros em 2011

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12 internaciOnal Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

Crónica de massivos protestos no Brasil a terra treme

RAFAEL LINS / 27 de junho de 2013.Fortaleza, capital do estado doCeará, região Nordeste do Brasil.Após o jogo das semi-finais daCopa da Confederações entre Es-panha e itália, cerca de duzentostaxistas paralisaram em protestoa avenida do hotel onde se encon-trava a seleção espanhola. Moti-vo: a fim de serem credenciadospela FiFA como táxis recomenda-dos pela mesma, havia dois anosque eles estudavam inglês e fa-ziam reformas em seus veículos,mas, chegada a hora de recuperarseus investimentos, a Federaçãointernacional de Futebol optoupor alugar carros e ônibus parti-culares para conduzir delegaçõese jornalistas estrangeiros. dentrode um amplo quadro de manifes-tações que varreram todo o Bra-sil, desde o remoto arquipélagode Fernando de Noronha e muni-cípios com menos de dez mil ha-bitantes até as principais cidadesdo país, o incidente acima parecede menor importância, mas é umexcelente exemplo de como insa-tisfações gerais por muito temposubjacentes foram capazes de sesomarem e se multiplicarem, le-vando mais de um milhão de bra-sileiros às ruas em protestos aomesmo tempo vagos e bastanteconcretos. Ninguém até hoje sou-be explicar direito o que aconte-ceu naqueles dias, mas cada umde nós sabíamos exatamente porque estávamos protestando.

Uma maneira de se interpretaro que passou no Brasil no mêsde junho é se remetendo ao do-cumentário realizado em 2004por estudantes de cinema na Re-pública Tcheca, intitulado "o so-nho tcheco". Nele, os diretoresfazem uma experiência de criarum supermercado falso (cujonome dá título à película) e fazeruma ampla campanha de marke-

ting para anunciá-lo, com todasas mentiras que uma campanhado tipo é capaz de criar. A ideiadeles era mostrar como a publi-cidade é poderosa em criar ilu-sões coletivas, anunciar fumaçacomo verdades concretas, gerarimensas expectativas em cimade uma promessa qualquer. ACopa pra nós tem sido isto, umgigantesco sonho tcheco.

Nos prometeram mundos efundos. digo por salvador: umainfinidade de obras de melhoriasurbanas foi propagandeada, di-ziam que verbas, projetos e licita-ções já estavam a caminho. Pas-samos, a sociedade como um to-do, meses discutindo qual seria amelhor alternativa de transportepúblico, se metrô, BRT ou vlT,para acomodar a cidade aos gran-des eventos e que depois ficariapra população como legado de-les. Hoje, nada, nada, absoluta-mente nada foi feito além de al-gumas maquiagens no entornodo estádio tradicional que fora

demolido e reconstruído nummodelo perfeito pros europeustorcerem, mas que nada tem a vercom nossa cultura futebolística.

E, enfim, quando vamos pro-testar exigindo o que nos foi pro-metido -um país melhor capaz dereceber grandes eventos interna-cionais porque capaz de melhoratender as demandas de sua po-pulação- somos recebidos poruma polícia beócia como a deuma ditadura fascista qualquer.Aí sentimos que a ilusão que nos

haviam criado era muito mais ilu-sória do que acabávamos de des-cobrir: era ainda pior, era um pe-sadelo. É como se no final de"Bienvenido, Mr. Marshall" a co-mitiva americana passasse me-tralhando os homens do vilarejo,estuprando as mulheres e seques-trando as crianças.

Eu vi jovens de periferia -aque-les que sentem na pele a truculên-cia da Polícia em seu cotidiano-levantando barricada atrás debarricada no centro de salvador,recuando e resistindo às tropasantidistúrbios (que, por sinal, de-ram início aos distúrbios) pormais de seis horas e três quilôme-tros de "granizo, rayos, truenos y

viento huracanado". os manifes-tantes só queriam fazer chegarsuas reivindicações às portas doestádio, mas os policiais tinhamrecebido ordens de contê-los adois quilômetros do chamado "pe-rímetro da FiFA", interditando asvias públicas mesmo aos morado-res da região. A batalha só termi-

nou quando, ao chegar num bair-ro nobre, a Polícia não quis inco-modar as madamas com seu gáslacrimogêneo e suas bombas deefeito moral. Findos os ataques daPolícia, o vandalismo perdeu omotivo de existir e os manifestan-tes se dispersaram. Em outro dia,após acompanhar a manifestaçãoque marchou incríveis dez quilô-metros, eu, que naquele momentoestava a uns quinhentos metrosde onde estavam ocorrendo osconflitos, recebi uma bomba deefeito moral a um par de metrosde distância, me deixando ator-doado por alguns segundos. Tudoporque naquele local, a uma de-zena de quilômetros do estádioonde ocorria o confronto entreBrasil e itália, passariam os torce-dores que estavam vindo da parti-da -e a prioridade da Polícia nãoera garantir o direito democráticoda livre manifestação, mas sim apaz e a tranquilidade dos que es-tão financiando a FiFA.

Ao final de "o sonho tcheco",centenas de pessoas se dirigemao local que havia sido indicadocomo endereço do supermerca-do, horas antes de sua anunciadainauguração, só para descobrirque tudo não passava de umabrincadeira regada a uma boa es-tratégia de marketing. os jovensdiretores por pouco não foramlinchados. Nós, brasileiros, so-mos aqueles que esperaram ho-ras à frente do falso supermerca-do cuja inauguração, segundonos prometeram, transformarianossas vidas. Este é o legado daCopa até agora: um acumuladode frustrações. Não é de espantar,portanto, que alguns queiram lin-char os diretores desta película ir-responsável -nem que pra isso aCopa de 2014 seja na Austrália.

Rafael lins, de salvador – Bahia

um sonho tcheco ‘made in Brazil’insatisfações Gerais POr muitO temPO subjacentes fOram caPazes de se multiPlicarem

o legado da Copa éum acumulado de

frustrações

todos sabíamosexatamente por que

protestávamos

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13internaciOnalNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

“se a democracia foi suspensa por este governo, cabe continuar alutar por um país onde se respeitem verdadeiramente as instituições”além minhO

JOSÉ A. ‘MUROS’ / Ao sul da Índiahá umha ilha colonizada há tempopolos portugueses (ainda se escui-ta falar lá um crioulo português)denominada por eles no nossoidioma Ceilám e polos nativos srilanka; lá um povo peleja pola in-dependência: o Povo Tamil da ilha.

o Tamil Ealam é a pátria do povotamil, relacionados e irmanadoscom os tamiles de Tamil Nadu nosul da Índia contam com umha só-lida base de apoio e umha diásporamilitante que canaliza ajuda e re-

cursos para a resistência tamil con-tra a administraçom cingalesa. Cu-riosamente os cingaleses som her-deiros dos povos do Norte da Índia,aqueles que de maneira mais sibili-na e política negam a independên-cia aos tamiles e os restantes povosdrávidas do sul da Índia.

o movimento tamil rompeu nadécada de '70 com a tradicional es-tratégia pactista e negociadora. Foia época da fundaçom dos Tigrespola libertaçom do Tamil Ealam edo desenvolvimento dumha guerra

de guerrilhas que passou por nu-merosas fases: tradicional, de as-salto e grandes atentados suicidasnas cidades, de controlo de muitosdos territórios e cidades em dispu-tas com funçons efetivas de Estado(exército, polícia, administraçom,Banco Central, marina mercante,moeda e tribunais de justiça pró-prios...) até umha posterior derrotadeste Estado e de muitos dos líde-res dos tigres (entre eles o seu lídervelupillai Prabhakaran) assassina-dos. o Tamil Ealam foi neste mo-

mento derrotado, o seu povo teveque sofrer um genocídio brutal aosolhos do mundo (300.000 mortos,deslocamentos forçosos da popula-çom a áreas baixo controlo mili-tar...). Mas nada foi em vam, o his-tórico auto-ódio do povo Tamil su-perou-se em vinte-tantos anos deluita contra o inimigo, a possibilida-de da assimilaçom depois de anosde educaçom e usos administrati-vos plenamente tamiles semelhaumha quimera, o marco próprio ta-mil esta ganhado. venhem os tem-

pos dos grandes e pequenos con-sensos e reconciliaçons no interiordo povo do desenvolvimento da au-torganizaçom já ganhada mas clan-destina, de atingir a representativi-dade tamil nos marcos institucio-nais do estado ocupante, de voltara organizar as autodefesas, de de-nunciar e representar os refugiadosencarcerados e as vítimas dos abu-sos cingaleses com a ajuda da diás-pora e dos tamiles do sul da india.

o objetivo é, como sempre, a au-torganizaçom integral dum povo.

o movimento tamil em sri lanka rompeunos anos 70 com a estratégia negociadoraPOvOs

Tamil Ealam: a pátria que nom morre e renasce

ANDRÉ RODRIGUES / Enquantoalinhavo estas notas preten-dendo traçar, para os leitoresdo Novas, um panorama doque vai acontecendo na políti-ca portuguesa nas últimas se-manas, percebo que o textomais sugere um desses reali-ty shows em voga, tal o graude rocambolesco desta tramade acontecimentos que seprecipitam e que, sobretudo,representam um desastre pa-ra o povo português.

o primeiro facto de que nos repor-tamos deu-se não há mais de umasemana, a demissão do ministrodas finanças, o já histórico (pelaspiores razões) vítor Gaspar, de cu-jo estilo pessoal fazem parte umdistanciamento e uma frieza em re-lação às pessoas e às suas vidas quecertamente os portugueses não es-quecerão tão cedo. o tom sombria-mente monocórdico, as rábulas Ex-

cellianas, ou a sugerida interferên-cia da meteorologia no rumo daeconomia portuguesa não deverãocontudo distrair-nos do essencial:este “Chicago boy” foi um protago-nista importante no rumo desastro-so que este governo traçou para opaís; de resto, as mudanças de ca-ras não deverão ocupar muito danossa atenção, o importante são aspolíticas seguidas, de há muito tra-

çadas e de que este governo nadamudará de essencial. Entretanto,Gaspar já retomou o cargo de con-sultor no Banco de Portugal.

A rábula seguinte, com previsí-veis sequelas, é protagonizada porPaulo Portas, esse travesti políticode perigosa habilidade e instinto ra-tinheiro que garantia, há anos, queo não envolvimento na política eradas poucas coisas que tinha comocertas na sua vida. Ei-lo que apre-senta, logo a seguir ao anúncio deGaspar, a sua «irrevogável» demis-são (a expressão entrou depressapara o anedotário nacional, em fun-ção de tão rápido desmentido), aoque parece, por discordar da esco-lha da sucessora de Gaspar, Marialuís Albuquerque, alvo de um in-quérito do departamento Centralde investigação e Acção Penal(dCiAP) devido a contratos deswaps - um dos procuradores desseinquérito escrevia no Facebook,após o que colocou o lugar à dispo-sição: “Penso que seria de bom-tomadiantarmos as coisas e passarmosdirectamente para a demissão dacandidata ao lugar de Gaspar". ou-tra procuradora perguntava, nomesmo incontornável fórum, ondeaparentemente se decidem ques-tões tão importantes da vida políticanacional: “É impressão minha ouisto está tudo a implodir?” de facto,por alguns dias, assim pareceu.

Mas falávamos de Portas, que,logo após a sua demissão, protago-nizou novo volte-face, em maisuma das suas escabrosas jogadasde bastidores, regressando ao go-verno com poderes acrescidos device-primeiro ministro. No cami-nho, mais ministros e secretáriosde estado do Cds-PP haviam pre-parado a sua demissão em solida-riedade com ele. sobretudo, e par-ticularmente grave, Portas terá re-cusado escala ao avião onde viaja-va o presidente boliviano Evo Mo-rales, autorizando apenas osobrevoo, alegadamente por sus-peita da presença de Edwardsnowden a bordo, assim originan-do um grave acidente diplomático

de contornos ainda pouco claros –apesar de o Ministro ter ido ao Par-lamento, chamado pelo PCP paraprestar esclarecimentos sobre es-tes factos. Mais uma vez, pela mãode gente desta estirpe, as autorida-des portuguesas revelam uma po-sição servil em relação aos EUA.vale a pena recordar quem é snow-den e por que razão tanto enfure-ceu o Governo dos EUA, em maisum caso em que os verdadeiros vi-lões perseguem e pretendem con-denar um whistleblower?

A 10 de Julho, a primeira páginadum jornal português trazia a ima-gem de uma explosão nuclear, apropósito da comunicação do Presi-dente da República, no dia anterior,ao país – na verdade, este não se de-cidiu por dissolver o parlamento econvocar eleições antecipadas.

Era de facto aguardada com ex-pectativa a posição de Cavaco silva,que tem agido, enquanto presidenteda República, como se de um mem-bro do Governo se tratasse. A suamensagem não nos parece total-mente clara e inequívoca nas suasmais directas implicações e conse-quências, tendo dado origem a in-terpretações ambíguas nos media.

invocando o perigo do incumpri-mento das obrigações de Portugalpara com os seus credores, Cavacoafastou o cenário de eleições ante-cipadas no momento presente,

apontando, por esse motivo, a suarealização para Junho de 2014. Exi-ge um entendimento entre Psd,Cds e Ps, partidos que assinaramo acordo com a “Troika”. E, pasme-se, irá nomear uma personalidade“de reconhecido prestígio” paramoderar o diálogo entre os partidos.Que nobre noção de democracia!

Não podemos, ainda pouco de-pois da comunicação do PR aopaís, referir-nos largamente às con-sequências da posição de Cavaco.Mas cremos que o jornalista Mi-guel vital terá razão ao afirmar queCavaco silva «em vez de clarificar,veio armar confusão. … Quer “umapersonalidade” acima dos partidos.Cavaco quer suspender, ainda queparcialmente, a democracia.» Comefeito, Cavaco parece repreender oGoverno, mas não deixa de dar oseu aval a estas políticas, e isto é omais importante. Chama o Ps aoGoverno, ao que os socialistas res-ponderam que não farão sem a rea-lização de eleições, o que faz todoo sentido. irão manter esta palavra?

se a democracia foi suspensapor este governo e com o aval dopresidente, a nós cabe continuar alutar por um país onde se respei-tem verdadeiramente as institui-ções democráticas, em suma, umPortugal verdadeiramente demo-crático. E para acabar de vez comesta enorme farsa.

Presidente da rePÚblica exiGe entendimentO entre Os PartidOs dO sistema

rocambolescas “demissões” em portugalafastam mais o povo dos seus governantes

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14 ditO e feitO Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

ditO e feitO A venda directa de alimentos elimina asempresas distribuidoras da cadeia alimentária

a iniciativa, nascida dO slG, PrOcura criar um circuitO afastadO das Grandes suPerfícies

Desde o verao passado, num-ha pracinha dos Tilos tem lu-gar aos sábados o Mercadode Alimentos Labregos noConcelho de Teu, perto deCompostela. Esta iniciativa,que nasceu entre a militánciado Sindicato Labrego Galego(SLG) e em que colabora opróprio Concelho, procuracriar um mercado de proximi-dade que se afaste das gran-des superfícies e recuperartambém o consumo de produ-tos de época, dotando às pro-dutoras dum espaço sem in-termediários que lhes permitea venda direta ao público.Comprar neste mercado nomé apenas apoiar a produçome o mercado local, é tambémrecuperar as cores, as textu-ras e os sabores dos alimen-tos da nossa terra.

A.L. / Quique outes, que trabalha naHorta de Nuria e Quique, apontapara os tomates que tem a vender echama a atençom para a cor e o ta-manho. Convida-nos a comparar asua aparência com a dos que sevendem nos hipermercados. Nes-sas grandes superfícies as peças defruita som monocromas e dumharedondez quase perfeita, nada a vercom os matizes que apresentam osprodutos labregos. Nos hipermer-cados existe um consumo de esca-parate que oculta às consumidorasa forma em que os alimentos apa-recem depois de ser colhidos dahorta. “Provavelmente, uns toma-tes como estes, os supermercadostirariam com eles”, crê Quique. Etoda a gente sabe que os fruitos quevenhem da horta som também maissaborosos que os produtos de per-feitas formas geométricas à mostranos hipermercados.

o Quique coloca o seu posto aossábados no Mercado de Alimen-tos labregos de Teu. Este espaçode contacto entre produtoras econsumidoras instala-se semanal-mente na pracinha circular dos Ti-los desde há já mais de um ano. Ainiciativa nasceu do conselho co-marcal do slG, que a propujo aoConcelho de Teu e este apoiou oprojeto. Fôrom contactadas váriasprodutoras da comarca e umhavez atingido um número suficien-te para iniciar o projeto, em 9 de

junho de 2012 era inaugurado estemercado de proximidade. duran-te os seis primeiros meses, na pra-cinha dos Tilos chegou a haveruns 20 postos de venda de alimen-tos. Hoje, depois dum inverno es-pecialmente cru e chuvoso, semque por isso deixasse de haver sá-bado sem mercado, o número depostos estabilizou-se entre 13 e16, vindo a ser este mercado maisumha peça da paisagem dos Tilos.Quique di que ainda que o projetonom esteja totalmente assente,aos sábados assiste umha cliente-la fiel que pode falar com as pró-prias produtoras. “Havia genteque vinha aqui e nom sabia comoé mercar no mercado”, indica.

Festas para recuperar alimentos e tradiçonsUm dos pontos mais interessantesdo mercado labrego é essa comu-nicaçom entre a pessoa que produze a que consome. A pessoa quecompra vai ser ciente de quais somos produtos de cada tempada equais som as suas caraterísticas. Ainiciativa é mais que um mercado.Quique explica que cada três me-ses se fam festas que servem real-mente para dar a conhecer os pro-dutos de época ou os alimentos tra-dicionais dum momento concretodo ano. deste modo, nas primeirassemanas de andaina deste merca-do umha oferecêrom umha degus-taçom de tomates, com a intençomde mostrar a diversidade dos pro-dutos que medram nesta comarca.

Certamente, nom foi a única.Houvo umha Festa do inverno, on-de se servírom chocolates quen-tes, consomés, potagens vegeta-rianas e demais alimentos queajudam a aquecer o corpo nos diasmais frios do ano; também umhafesta do Entruido, umha época doano em que os alimentos e os do-ces como as filhoas ou as orelhasnom podem faltar. Ademais, nosábado anterior ao solstício de ve-rao do passado ano, as produtorasobsequiavam à clientela com aservas tradicionais do sam Joám.os dias das festas é quando maisgente vem. Aos postos habituaisde alimentos, juntam-se postos deartesanato e mesmo umha taver-na. Na praça dos Tilos nom só po-dem comprar-se alimentos fres-cos, é também umha porta abertapara conhecer as tradiçons doPaís e a sua relaçom com o rural.

As dificuldades para um mercado localA concorrência das grandes super-fícies comerciais, com as suas in-tensas campanhas publicitárias é aprincipal dificuldade com que de-vem lidar os mercados tradicionais.Assim, existe a ideia estendida de

que qualquer produto compradonum supermercado será mais ba-rato que os produtos comprados napraça. Quique outes di que issonom sempre é assim e explica queàs vezes as quantidades que secompram num mercado podemsair mais baratas para o bolso daclientela do que as quantidades quese vendem nos supermercados.“os hipermercados decidem eles oque queremos consumir”, opinaQuique, “é todo marketing. ofere-cem todo em monodoses. impo-nhem-che o que tés que comprar eo como o tés que comprar”. E, ain-da no capítulo das dificuldades, no-ta-se a bem a diminuiçom do poderde compra da gente em conseqüên-cia da crise económica.

outro dos postos que passam amanhá dos sábados, faga vento,intenso calor ou chuva, é atendidopor dolores lea. A dolores tam-bém dá muita importância a queum espaço o Mercado de Alimen-tos labregos de Teu “faga escola”,

porque “agora já nom sabemosnem o que comemos”. Assim,queixa-se também de que as pra-ças de abastos na atualidade qua-se funcionam como supermerca-dos, porque nom se sabe se que osprodutos que ali se vendem ve-nhem diretamente das hortas dasprodutoras ou se provenhem doarmazém dalgumha distribuidora.o que mais chama a atençom doposto de dolores é umha cesta re-pleta de rosquilhas, elaboradascom umha receita tradicional. Àhora de partir, ela oferece prová-las. som deliciosas. Nem dema-siado secas nem demasiado ado-cicadas. É singelamente o sabordoce de umha rosquilha.

Um ano de mercado de produtos camponeses no Concelho de Teu

festas trimestraisservem para

apresentar osprodutos de tempada

"os hipermercadosimponhem o quemercar e o como

mercar"

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15a cOnversaNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

a cOnversa “o nosso cartom de apresentaçomé o trabalho de base”

HELENA IRÍMIA / Em 2009, a che-gada à diretiva da AGAL deumha geraçom de pessoasnascidas a maioria na décadade 70 do século passado mar-cou o início de um novo rumona veterana associaçom rein-tegracionista. O vice-presi-dente dessa equipa, Miguel R.Penas, tornou-se há poucomais de meio ano no atualpresidente. A entidade tem naaltura mais de quatrocentaspessoas associadas e o obje-tivo é alcançar as quinhentasantes de finalizar o ano.

Umha das mensagens mais re-

petidas pola aGal nos últimos

quatro anos tem a ver com a

«vantagem competitiva» dos ga-

legos e das galegas. Em que

consiste?

Nos últimos trinta anos houvona Galiza duas estratégias parao galego: umha liga-nos com oresto de variantes da nossa lín-gua e a outra desliga-nos. Asduas tenhem sido defendidascom paixom polos seus respeti-vos apoios, mas é evidente quequanto se logrou mediante a es-tratégia que nos «isola» do restoda lusofonia, poderia-se terconseguido também com a es-tratégia que visa «reintegrar-nos», porque a conceçom inter-nacional do galego nom impedeque tenhamos uma televisom euma rádio próprias, nom obsta-culiza o uso da língua na nossaadministraçom, nom é problemapara que se ensine o galego naescola… Nom resta: soma; nomdivide: multiplica.

Precisamente, com motivo do

dia das letras promovestes a

campanha «Multiplica X100 a

tua língua», com muita presen-

ça na internet, especialmente

nas redes sociais. Foi isso que

vos motivou a reproduzir o for-

mato na campanha de filiaçom?

A ideia das duas campanhas foiquase simultánea, mas é certoque a iniciativa #X100 serviu deteste e ficámos muito satisfeitoscom a resposta, a enorme partici-paçom e o grande interesse quesuscitou. Para separar ambascampanhas, decidimos que a pri-

meira girasse por volta do dia dasletras e da mobilizaçom do 17 deMaio; já esta, tem com ponto finalo 25 de Julho, umha outra datasignificativa no nosso calendário.o esquema é similar: nom quere-mos que seja só a diretiva ou «aassociaçom» a falar, nom quere-mos difundir um discurso «ofi-cial» ou umha verdade «única».Gostamos muito de fazer propos-tas participativas, ser altifalantesdas pessoas. Por isso, na campa-nha #X100, qualquer pessoa pu-do enriquecer o nosso discurso,alargá-lo, matizar... Nesta, dealargamento da base social, da-mos a voz a novos e novas asso-ciadas, a #GenteNovadaAGAl.Criámos um blogue (http://gente-nova.agal-gz.org) e usamos osmeios sociais para difundir umbreve vídeo com pessoas que setornárom sócias em 2012. Ainda,publicamos semanalmente váriasentrevistas com pessoas que ade-rírom recentemente a AGAl eprovam que o «perfil agálico» émuito diverso.

Quais som estes diferentes perfis?

A AGAl sempre estivo muitovinculada com perfis e ámbitos

«académicos», e ainda hoje mui-tas pessoas associadas, mesmono último ano, som filólogas.Mas, com certeza, nom é o perfilmaioritário. Eu próprio nom te-nho formaçom filológica, umhacaracterística que é comum coma maioria das pessoas que fazemparte do atual Conselho da asso-ciaçom. isto também tem muitoa ver com o trabalho de base quedesenvolve a organizaçom, comprojetos diversos que provocamque pessoas mui diversas sintamcuriosidade ou interesse. Entreas profissons dos sócios e sóciasdo último ano podemos mencio-nar as de bombeiro, carteiro,economista, jornalista, intérpre-te, médico... qualquer leitor ouleitora do NovAs pode achegar-se ao site e comprovar.

Qual é a participaçom dos mem-

bros da aGal na vida associativa?

ser umha associaçom de ámbitonacional pode ser, às vezes, umpequeno handicap para conse-guir envolver a nossa base asso-ciativa nalgum dos diferentesprojetos, mas acho que nom é onosso caso. Aproximadamenteum em cada seis membros daAGAl participam no muito tra-balho que gera umha entidadecomo esta, quer de maneira es-trutural -nalgumha das áreas,como a audiovisual ou a infor-mática-, quer de maneira con-juntural -para atividades ocasio-nais, como o lançamento de umlivro ou a organizaçom de umevento ou jornada temática-. Esempre o fam de maneira muitogenerosa. É umha generosidadeincrível, por isso nunca cansareide dizer que a nossa principal ri-queza som as sócias e os sócios.

desde 2009, a aGal incremen-

tou mais de um centenar o nú-

mero de pessoas associadas.

Tem isto algumha relaçom com

o aparente avanço das teses

reintegracionistas na sociedade?

o nosso principal cartom de apre-sentaçom é o trabalho de base,mercê a iniciativas como Através

| Editora, imperdível, os ateliêsoPs, os cursos aPorto ou as cola-boraçons com os centros sociaise outras entidades. Todo isto, semdescuidar o trabalho académico,como provam publicaçons doteor do Modelo lexical da nossaComissom lingüística, ou o re-lançamento da Agália como revis-ta focada só para o ámbito cientí-fico. Ainda, continuamos a man-ter projetos estrelas dos últimosanos que constituem um serviçopúblico ou doaçom da AGAl parao desfrute coletivo, como o PortalGalego da língua ou o dicionárioe-Estraviz.

Todo este trabalho acho quetem contribuído a que o discursoreintegracionista seja cada vezmais central na sociedade galegae, claro, o avanço destas tesestambém ajuda a que o pessoalsinta necessário reforçar organi-zaçons como a nossa.

Para rematar, convença-me para

me tornar sócia.

Bom, vamos tentar! [sorri] Achoque os argumentos principais es-tám nas hemerotecas, embora nosite da campanha pode encontrarum pequeno resumo e mostra donosso trabalho. se a entrevista-dora é umha pessoa que tem inte-resse polo galego, acho que senti-rá curiosidade por conhecer a as-sociaçom. se já partilha o discur-so reintegracionista e a necessi-dade de re-escrever o guiom dofuturo que queremos para o gale-go, acho que nom tem escusa pa-ra nom se associar!

Mais que convencer, queremosmostrar o que somos e como tra-balhamos. depois, o crescimentovirá. Chegamos até aqui commuito esforço e compromissopessoal. E estamos dispostos ecom ánimo de continuar, mas fa-zemos um chamamento a que aspessoas que acreditam na nossaestratégia também se comprome-tam com a associaçom.

A conceçom interna-cional do galego nom

impede televisom erádio próprias

Gostamos muito defazer propostas

participativas, seraltifalantes da gente

miGuel r. Penas, Presidente da assOciaçOm GaleGa da línGua (aGal)

“Se és reintegracionista, nom tens escusa para nom te associares à AGAL”

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16 a fundO Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

a fundO A fiscalia pretende provar a existência dumha estrutura hierárquica que denomina “resistência Galega”

Entre os passados 24 e 27 dejunho decorreu na AudienciaNacional (AN), em Madrid, ojulgamento contra quatro mi-litantes independentistas ga-legos, acusados em conjuntopola Fiscalia de "fazer parteda organizaçom denominada'Resistência Galega', organi-zaçom terrorista cujo objetivoé conseguir a independênciado território histórico da Gali-za". Por esse delito pede a Fis-calia 9 anos de prisom para acada um dos acusados, ou-tros 3 anos para a cada umpor "falsificaçom de docu-mento oficial com finalidadeterrorista" e mais 8 anos paradous deles por "posse de ex-plosivos com finalidade terro-rista". Os quatro dias de jul-gamento estiveram marcadospola atitude autoritária do juizAlfonso Guevara, que alcan-çou o cume quando recusoua intervençom dos peritos deinteligência da defesa dosacusados.

XOÁN R. SAMPEDRO / o processo querecentemente punha quatro cida-daos galegos no banco dos réuscomeçava em novembro de 2011com as detençons de Eduardo vi-go, Roberto Fialhega, Antom san-tos e Maria osório, a subseqüenteaplicaçom do regime incomunica-do que a lei Antiterrorista espa-nhola justifica, e mais dum ano emeio de prisom preventiva em cár-ceres afastados da Galiza. Foramalguns meses menos no caso dum-ha das pessoas imputadas, a quemo Estado se viu obrigado a libertarpor motivos de saúde, tornandoainda mais explícito a arbitrarie-dade dumhas medidas preventi-vas denunciadas reiteradamentecomo um castigo suplementar re-servado a prisioneiros políticos.

o Fiscal da Audiencia NacionalMarcelo de Azcárraga, especiali-zado na perseguiçom ao indepen-dentismo galego, deixou claro nodecurso do processo que tinha opropósito de que este, bem comoa sentença que está por vir, vi-nhesse a demonstrar a existênciadumha organizaçom armada de-signada por 'Resistência Galega'.intençom reforçada polas mani-

festaçons de Francisco Martínez,secretário de Estado de seguran-ça espanhol, que nos mesmos diasdo julgamento declarava que "éterrorismo e portanto merece areaçom penal que merece sempreo terrorismo”, a lembrar assimtambém aos magistrados da ANqual é a decisom que o Governoespanhol espera deles.

No esquema hipotético do fiscale do poder estatal, a dita organi-zaçom seria responsável polas di-versas açons de violência políticaque desde 2005 ocorrem na Gali-za, contra interesses da patronalimobiliária e do grande capital fi-nanceiro, ou contra sedes dos par-tidos do regime espanhol, PP ePsoE. Teria umha “estrutura mi-litar” hierárquica, com umha “di-reçom na clandestinidade”, um“aparato legal”, um outro de cap-taçom... Um por um, os elementostípicos, e feitos banais polo discur-

so monótono da imprensa empre-sarial, com que é caraterizada aesquerda abertzale e com queagora se pretende condenar pre-viamente os acusados pola repeti-çom de categoria carregadas deconotaçons negativas.

Julgamento contra quem nom estava na salaApoia-se a Fiscalia sobretodo emrelatórios policiais que afirmam,sem maiores explicaçons, queexiste continuidade entre a supos-ta organizaçom Resistência Gale-ga e o Exército Guerrilheiro doPovo Galego Ceive, através de An-tom Garcia Matos, "ideólogo de to-do esse movimento radical galego"nas precisas palavras de um perito

policial. E é justo na figura espec-tral de Garcia Matos, antigo mili-tante do EGPGC e o independen-tismo, atualmente “em paradeirodesconhecido porque passou paraa clandestinidade” segundo a polí-cia, que a acusaçom constrói todoo seu relato. Num julgamento queparecia mais focado a demonstrara existência dessa pessoa e o seuenvolvimento no independentis-mo e a luita armada dos anos 80,do que em demonstrar envolvi-mento das quatro pessoas acusa-das, a sala se enchia em todo mo-mento de acusaçons e comentá-rios sobre Garcia Matos. sobre elee sobre, quando menos, três pes-soas atualmente em liberdade esem causas pendentes com a jus-

tiça, de quem policiais e fiscal re-petiam nomes e apelidos acompa-nhados insinuaçons acusatórias,com inegável tom de ameaça. Co-mo também houvo ameaças paraa Assembleia da Mocidade inde-pendentista (AMi) e o Agrupa-mento de Montanha Águas lim-pas (AMAl), organizaçons de ati-vidade pública que, na narraçomconstruída polos diferentes agen-tes do Estado, teriam sido pensa-das por Garcia Matos para “cap-tar novos indivíduos para a luitaarmada”. seguindo a versom doscorpos policiais, essa “direçomna clandestinidade” conformadapor Antom Garcia Matos e umhasegunda pessoa, teria planificadohá mais de umha década boa par-te do campo organizativo do in-dependentismo.

Culpados de independentismoPartindo dessa suposta direçomclandestina, a Fiscalia baseia to-da a sua proposta condenatóriapor participaçom em organiza-çom terrorista numha omnipre-sença de Antom Garcia Matos so-bre a militáncia independentista,que faria entom digna de suspei-ta, por exemplo, a confluência emdeterminadas organizaçons aolongo das trajetórias dos militan-tes. Nisso e em cousas como queum dos presos, Antom santos,que é historiador de profissom,tivesse uma compilaçom de infor-maçons e documentos sobreaçons violentas passadas por par-te dum dos presos; ou nas seme-lhanças entre os explosivosapreendidos a um dos detidos eoutros utilizados noutras açonsviolentas na Galiza (apesar de serconfirmado por um especialistaem explosivos da polícia que "po-

quatrO indePendentistas sOm acusadOs de fazerem Parte de umha OrGanizaçOm militar

Audiencia Nacional espanhola decidirá aexistência ou nom de ‘terrorismo’ na Galiza

relatórios policiaissinalam continuidade

desde o eGpGC

os acusados levamano e meio em

prisom preventiva

estado quercondenar em base

a coincidências

fiscalia ameaçouorganizaçons comatividade pública

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17a fundONovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

deriam se construir à perfeiçom apartir de alguns manuais que seencontram pola rede" com "ele-mentos de fácil aquisiçom nomercado");... No fim, o fiscal Az-cárraga e o Estado a que repre-senta pedem a condenaçom dequatro pessoas a 12 ou 20 anos deprisom em base só a um cruza-mento de dados, mas em nengummomento do processo foi mostra-do qualquer elemento provatórioda existência da tal organizaçomde cuja 'estrutura' fariam parte osquatro processados.

Sem garantias para a defesaA atitude autoritária do juiz Gue-vara assanhou-se especialmentecom a defesa, que viu violentadopor completo o seu patrocínioquando o presidente da sala deci-

diu interronper a prova pericial,retirando à palavra ao historiadorBernardo Máiz vazquez e ao poli-tólogo Carlos Taibo, que mal pui-dérom começar a assinalar algum-ha das discordáncias com a peri-tagem policial. o juiz recusou as-sim também à defesa a possibili-dade de interrogar os peritospoliciais, que, eles sim, dispugé-rom do tempo desejado para ela-borar o relato desejado em respos-tas às perguntas da Fiscalia; umadesigualdade que a defesa denun-

cia como umha "violaçom do prin-cípio de contradiçom e o direito aum julgamento justo e imparcial".

A Esculca, o observatório paraa defensa dos direitos e liberda-des, assinalou também que, à es-pera dum relatório completo, oadvogado presente como obser-vador “detetou irregularidades”,entre as quais a mais grave seriaa referida interrupçom da provapericial, que “erode seriamente odireito constitucional de defesa”,assim como o “beligerante” do

magistrado presidente dificul-tando “o direito dos advogados afazer constar o seu protesto”.

“Nom se trata de criminalizar o independentismo radical”Para além dos factos imputados, aFiscalia inclusive beirou o inquisi-torial e a perseguiçom dos crimesde pensamento ao perguntar aosativistas julgados se defendiam "aviolência para se conseguirem ob-jetivos políticos", algo que todosnegaram apostando em que "osconflitos se resolvam por vias de-mocráticas e populares". o pró-prio Azcárraga argumentava nas

suas alegaçons finais que "nomexiste umha causa geral contra oindependentismo", possibilidadeque, porém, denunciam os movi-mentos sociais galegos. de facto,o organismo Popular Anti-Re-pressivo Ceivar alertava numhacampanha recente que "este julga-mento é chave para iniciar numfuturo umha caça a militantes detodo tipo de organizaçons que atéagora operavam legalmente e que,em curto prazo, podem ser etique-tadas como partes de um suposto'organigrama terrorista', ilegaliza-das e perseguidas".

Ainda mais, na linha de descul-pa preventiva, o promotor Mar-celo de Azcárraga assinalavatambém que "existe umha orga-nizaçom terrorista que nom sechama nem AMi nem AMAl",após estar a referir-se a ambascomo "viveiro" ou "aparelho decaptaçom", e declarava, numhadistinçom que nom considerarano curso do julgamento, que"nom se trata de criminalizar oindependentismo radical", mas o"radical e violento".

o juiz Guevaraassanhou-se em

especial com a defesa

Fiscalia: “nom é preciso que se tenha produzido alarme social”X.R.S. / Entre outros pontos deacusaçom, a Fiscalia aclarava du-rante o julgamento que o "alarmesocial" nom é necessário para im-putar um delito de terrorismo nosistema penal espanhol. Como senom bastassem as provas de co-mo, historicamente, a figura do«alarme social» foi adaptando-seàs necessidades políticas da 'ra-zom de Estado' a cada momento,a própria Fiscalia o confirma ejustifica. Considera irrelevanteassim o facto de que, segundo osúltimos inquéritos realizados po-lo Centro de investigaciones so-ciológicas, só 0,2% da populaçomgalega considere o terrorismo en-tre os primeiros problemas naGaliza. Muito por baixo, porexemplo, de 82% que fala no de-semprego, 34% que aponta osproblemas económicos ou 17%que refere 'os políticos em geral'

como problema principal.Nesse sentido apontavam as

respostas dos porta-vozes dos gru-pos do Parlamento galego a per-guntas da defesa. Tam só PedroPuy Fraga, do Partido Popular, seatreveu a falar em "preocupaçomna Galiza por este tipo de açonsde caráter violento", enquanto asrespostas da oposiçom iam da am-bigüidade do PsdeG à negaçomnde que houvesse umha deriva vio-lenta no nacionalismo, “que sem-pre foi democrático e pacífico” porparte do porta-voz do BNG Fran-cisco Jorquera. ou a denúncia porparte de Xosé Manuel Beiras, daAlternativa Galega de Esquerdas,da necessidade de que existam"associaçons que defendem cida-daos vítimas da aplicaçom da leiAntiterrorista e as vulneraçonsdos direitos consagrados polas le-gislaçons internacionais".

Resposta solidária que cresceAs retificaçons feitas polo fiscalMarcelo de Azcárraga na sua ale-gaçom final, dizendo que nomprepara um processo indiscrimi-nado contra a militáncia políticagalega, distanciando-se agora dotom acusador que nos dias ante-riores de julgamento empregaracontra a militáncia independentis-ta, explicam-se pola resposta so-cial ao processo. Cerca de 80 pes-soas deslocárom-se a Madrid paraacompanhar o julgamento e de-nunciar publicamente o "processopolítico" contra o independentis-

mo; umha solidariedade que véujuntar-se nas semanas prévias aosapoios recebidos de dezenas deorganizaçons políticas, sindicais ejuvenis, vindas do espetro maisamplo da esquerda e do sobera-nismo galegos.

Para além das diversas corren-tes independentistas que de sem-pre se tenhem posicionado frentea cada novo ataque estatal às li-berdades políticas na Galiza, des-ta vez o 'Manifesto Cidadao desolidariedade' com os indepen-dentistas recolheu surpreenden-tes apoios de organizaçons da es-fera do BNG, desde as suas mo-cidades Galiza Nova até a Fede-raçom Rural Galega. TambémAnova e ainda a coligaçom elei-toral Alternativa Galega de Es-querdas, de que também fai partea organizaçom de ámbito estatalEsquerda Unida, assinavam o do-

cumento. A Central Unitária deTrabalhadores/as (CUT), a Fede-raçom de serviços da CiG ou aCNT-Compostela, do sindicalis-mo, e as três organizaçons estu-dantis galegas -Agir, liga Estu-dantil Galega e Comités- som al-guns outros de até um total dequarenta organizaçons, sindica-tos ou centros sociais que aderí-rom ao manifesto.

Ainda, a Confederaçom inter-sindical Galega e o Bloque Na-cionalista Galego, que nom assi-navam o manifesto coletivo, rea-lizárom porém pronunciamentospúblicos próprios, denunciandoas medidas de exceçom impostasàs pessoas acusadas atos de vio-lência política, o sofrimento pro-vocado às famílias e amizades, eo contentável da aplicaçom doesquema de 'organizaçom terro-rista' na Galiza.

Cerca de 80 solidáriosdeslocárom-se até o

tribunal especial

um observador deesculca detetouirregularidades

centrOs sOciais

cs abrenteArcade · Souto Maior

aguilhoarO Forno · Ginzo de Límia

arredistaRodas, 25 · Compostela

cs almuinhaRosalia de Castro, 46 · Marim

artábriaTrav. Batalhons · Ferrol

aturujoPrincipal · Boiro

bou evaTerço de Fora · Vigo

a casa da estaciónPonte d’Eume

csO casa do ventoFigueirinhas · Compostela

csO a Kasa negraPerdigom · Ourense

ls do coletivo terraBoa Vista · Ponte d´Eume

a cova dos ratosRomil · Vigo

distrito 09Coia · Vigo

ateneu libertário a engranaxeRio Sil · Lugo

faíscaCalvário · Vigo

fervesteiroAdám e Eva · Ferrol

O frescoBº da Ponte · Ponte Areias

O fuscalhoRua Colom · Guarda

a GhavillaPonte da Raínha · Compostela

Gomes GaiosoMonte Alto · Corunha

liceo muranteRosalia de Castro · Ponte Vedra

cs lume!Rouxinol nº16 · Vigo

mádia levaSerra de Ancares · Lugo

csO PalaveaPalaveia · Corunha

cs en PéZona velha · Ponte Vedra

O PichelSta. Clara · Compostela

a reviraGonz. Gallas · Ponte Vedra

a revolta do berbésRua Real · Vigo

a revolta de trasancosA Faísca · Narom

sem um camRua do Vilar, 9 · Ourense

a tiradouraReboredo · Cangas

cs vagalumeR. das Nóreas, 5 · Lugo

cs xebraLeandro Curcuny · Burela

csO xuntasRua do Carme · Vigo

cs a zalenváR. Carris, Valençá · Barbadás

Cerca de 80solidários deslocá-rom-se ate Madrid

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18 a exame Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

A falta dumha organizaçom nacional com força nom impede aomovimento lGtBq de tomar as ruas para reivindicar a liberdadea exame

DAVIDE DO ARROIO / Como fijo ostonewall do Greenwich villageapós os distúrbios do 28 de junhode 1969, os bares de Compostelaem que cada noite os corpos e asidentidades dissidentes se movemao ritmo de clássicos do movimen-to lGTB pugérom óculos escurospara se proteger do sol duranteumha semana e espalhar a norma-lidade que habitualmente inundaos seus ambientes. Nom houvograndes desfiles, na capital trocá-rom-se as carroças pola reflexome o dia do orgulho Gai foi a sema-na das liberdades sexuais. Paraas ruas nom só saiu o homosse-xual-tipo fabricado pola indústriaaudiovisual: varom branco, de bomver, alto poder aquisitivo, vizinhoinvejável e ainda melhor amigo. ochamamento era para toda a socie-dade que tem no heteropatriarca-do o inimigo comum, sem levantara hegemonia dum único coletivo,pois na liberdade sexual tambémtenhem que estar presentes desdeas lesbianas, às parelhas heteros-sexuais até o direito ao aborto.

A chamada fíjo-se desde dife-rentes cidades galegas e sem umlema que aglutinasse todo o movi-mento já que nom existe nengunhaorganizaçom lGTB com força a ní-vel nacional. Mai insua, da RedeFeminista Galega e membro dogrupo Lésbicas Creando, fala denexos isolados. A falta de uniomno movimento contribui tambémcom a incerteza do momento emque se encontram. Nos meios co-meçam a ver-se mais gais e lesbia-nas ou nalguns Estados está a le-gislar-se o casamento entre pes-soas do mesmo sexo, polo que, se-gundo di Mai insua, «é difícil de-monstrar que ainda há quereivindicar e que a sociedade deveorganizar-se no lGTB e nom uni-camente noutros movimentos quetocam isso de passagem».

Nós Mesmas, de vigo, é umhadas poucas organizaçoms galegascentradas nas preocupaçons daspessoas gais, lesbianas, transe-xuais e bissexuais. o 29 de junhotomárom a rua para celebrar um

orgulho de resistência, cidadao,mais social e representativo dentrodumha liberdade sem recortes.saíron a apropriar-se dos espaçosque o Concelho de vigo tentou rou-bar-lhes ao solapar os atos reivin-dicativos de Nós Mesmas pola fes-ta sem conteúdo e empapada emtópicos da Concelharia da igualda-de. Apesar dos entraves, figéromque as frontes em que se centrá-rom este ano fossem ouvidas portoda a cidade. denunciáron a si-tuaçom da mocidade lGTB nas sa-las de aulas, reclamáron que o di-reito à saúde continue sendo umdireito fundamental e quigéromtornar visível a situaçom das pes-soas lGTB no eido rural.

Reclamaçons que venhem já develho, mas é preciso continuar a in-sistir mudando a óptica. É o queopina Quique de Mileto, ativistaqueer e relator na semana das li-berdades sexuais de Compostela,ao chamar a fazer essas reivindi-caçons com umha leitura intersec-cional. Para explicá-lo empregaum corpo atravessado por diversosfatores e por questons de classe,pois «nom se é só homossexual ouheterossexual, galego ou galega...

definem-nos múltiplas caraterísti-cas que tenhem de produzir refle-xom e vindicaçons conformes coma sua estruturaçom», di. Fala da in-terseccionalidade como o pontoforte que mais temos que reivindi-car, conduzindo-nos assim à luitaconjunta dos múltiplos ativismospresentes na nossa sociedade ouàs alianças proibidas arraigadasnas nossas identidades de que falaMai insua.

Além do LGTBdamos um passo além do movi-mento lGTB na Galiza. Quique deMileto relaciona o que hoje se estáa fazer no País com a atividade de-senvolvida na Catalunha e em Eus-kádi, países onde a teoria queer,um movimento pós-homosexual,pós-identitário e pós-porno, está ater muita força graças a pequenoscoletivos e pequenas publicaçons.Ainda que de momento na Galizanom haja nengum coletivo, Quiquede Mileto fala de referentes, comoTeresa Moure ou laura Bugalho edumha produçom literária mui po-tente que pode ser um caldo de cul-tura mui propício.

Mas de novo os movimentos so-ciais nom som solitários e o queerbebe e interatua com outras luitas.veja-se que o feminismo nom seriatal sem as reivindicaçons lGTB po-lo que as reivindicaçons queer hamde ser sempre feministas, já que «abatalha é a mesma», assegura Qui-

que de Mileto, que defende incluirtambém na luita as pessoas com di-versidade orgánica e funcional, oscorpos dissidentes e abjetos, a dis-sidência sexual... «É o fim dumhaatitude paternalista e o começo detomar nós mesmxs as atitudes quenos interessam», sentencia assina-lando que todas estas questonssom recolhidas pola teoria queerde modo diferente ao que vinha fa-zendo o feminismo tradicional.

do mesmo jeito que a teoriaqueer rompe com o feminismo tra-dicional, também reprova o movi-mento gai. Em começos da décadade 90 a cultura gai começou a sercriticada por quem se autodenomi-náron queer. Estxs novxs ativistaspreocupárom-se por fazer umhacrítica social nom só à heteronor-ma, como ainda ao sistema capita-lista no seu conjunto, pondo emcausa nomeadamente a tendênciaassimilicionista da cultura gai e asua mercantilizaçom. Esta novamocidade ativista acusava-xs deterem abandonado toda tentativade contestar a sociedade heteros-sexual e de cair numha réplica dosseus privilégios.

Contodo, a linha entre movi-

mento lGTB e a teoria queer con-tinua difusa. Quique de Mileto re-conhece a importáncia da reivindi-caçom do orgulho, mas di que«precisamente por ser o sinal deidentidade dum coletivo é proble-mático, pois desde o momento quese resgata a posiçom dum eu afas-tamo-nos da posiçom dum outrx edesde esse momento produzem-sepadrons normativos exclusivistasque reproduzem regimes políticoscom que hai que rachar». Assimsendo, sublinha que «o assuntonom é tanto rachar com todo comotomar consciência do que estamosfazendo, de que o que antes consi-derávamos como natural, agora esempre foi político»

seja como for, sair para a ruacontinua a ser necessário. Mai in-sua crê que «quando a gente vê quehá um movimento organizado comque tantxs saem para a rua, as pes-soas que estám mais acomodadasficam perturbadas e conseguimosque pensem que a sua supostaidentidade naturalizada também éconstruída». Contodo, a artista deLésbicas Creando nom se confor-ma com o discurso da equidade,ainda que lhe pareça necessário anível de direitos e de melhoria naqualidade de vida, Mai insua querir mais aló e conseguir que o seucorpo dissidente esteja também noimaginário coletivo. «Todo isso temque ir entrelaçando-se e chegar aoutra cousa».

existem PessOas referenciais e PrOduçOm literÁria POtente que POde ser caldO de cultura queer

Perturbar a heteronormatividade entrelazadxs e orgulhosxs

Cumpre organizar-seno lGtB e nom só

noutros movimentos

sair para a rua continuaa ser necessário paramudar mentalidades

Finalmente decidírom sair dos locais em que a heteronormatividade xsrecluíra. Celebrárom o orgulhosxs que se sentiam da sua identidade,mas desta volta os seus berros falavam de liberdade sexual, deixando

de lado a igualdade e o intento de ser coma aquelxs que levavam anostolerando-xs sem chegar a aceitá-lxs. Iam com a ideia de fender as pe-dras para começar com a deconstruçom do sistema.

'Lésbicas Creando' no festival Corpo a Terra de Ourense / NATAShA

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19PalestraNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

Palestra qual é o sentido e funcionalidades dumha estrategia de defesa daspresas políticas separada da do resto de pessoas presas?

Oh, sociedade! Se nom houvera leis protectoras dos

que para se enriquecer com o suor e o sangue da ci-

dadania lhes empurra à misséria e ao delito, seriam

necessários as polícias e os cárceres? / Ugo Foscolo

Se partimos da questom de que oscárceres som parte do sistema re-pressivo, que junto as leis e as dife-

rentes polícias figerom-se para proteger,por ordem da autoridade, a propriedadeprivada dos ricos contra da pobreza e damisséria à que é deixada o povo, tuda luitacontra os cárceres deve ser encaminhadadentro da luita pola mudança social emaras dumha sociedade baseada no princí-pio da solidariedade e o apoio mútuo semdirigismos nem pessoas a quem proteger,com o que tanto a polícia como os cárce-res serám um contrasentido.

Nessa mesma linha nom entendemos adivissom entre pessoas encirradas polosmotivos que o levaram ao elo, dado queconsideramos a prissom como umha ferra-menta política para manter-se no poder erepressaliar e erradicar da sociedade os ele-mentos dos que nom gosta esse poder, e da-do que o que move a construir essas inu-manas estructuras de cimento é fazer desa-parecer as pessoas feias para cada esque-ma social, consideramos que toda pessoapresa tem direito a se considerar presa po-lítica. Além como todas formamos partedestes sistemas injustos, todas estamos ob-rigadas a fugir, quem estám presas e as queestamos "livres", porque compartilhamos aescravitude política dos sistemas que estáminteresados mais que nas persoas, na pro-priedade privada e o dinheiro.

os cárceres estám pensados para des-truir o indíviduo que cae nas suas fauces.A tortura e o ilhamento a quem nom sesubmete as suas instruçons inumanasconfirem à persoa presa a sentimentos deódio, nessas escolas do horror.

Amais os cárceres penalizam as pessoasachegadas as presas, e, nessa medida, o iso-lamento sócial das presas a experimenta

toda a sociedade. de tal jeito o único que sepode fazer polos cárceres é demole-los.

Mas entrando na pergunta em questo-namento, as anarquistas, tanto as que es-tám encirradas dentros dos muros comoas que vivemos fora no quarto grado (doque o mesmo orwell vê-se hoje superado)temos como objectivo final a destruiçomdos cárceres, mas entanto isso nom ocor-ra e para elo haveria que destruir todo esteesquema sócial repressivo, consideramosa luita contra os cárceres como umha luitasolidária com quem sofre as medidas re-pressivas e mantém a sua dignidade.

Tem-se feito campanhas por persoas pre-sas em plena concordância com a sua diná-mica de luita e como apoio extérior às rei-vindicaçons, tanto como grupos de afinida-de ou como pessoas chegadas e também emocasions campanhas tanto de denúncia pú-blica de abusos e torturas como de apoio arepresaliados mais tempo do que lhes toca-ria cumprir como de solidariedade com pes-soas encirradas pendentes de enjulgamentoe doutras barbaridades que se cometem noscárceres do mundo, mas nunca tivemos mi-ramentos por ver as causas que as levaroma sofrer essas inumanas condiçons, o seuespiritu de luita e rebeldia é o que nos animaa elo, além da nossa meta inerrunciável dederrubar os muros e todo sistema repressivoem aras dumha sociedade baseada no apoiomútuo e a solidariedade no que se removamas causas que motivam os actos delictuosos,e assim acabar com eles.

A frase do título é umha citaçom literal da posi-

çom exprimida por Gabriel Pombo no livro "Diario

e ideario de un delincuente", na questom do quê

fazer com assassinos ou violadores.

“Nom creio na prisom,isso tenho-o claro”

Edu, da revista anarquista ‘Abordaxe’

Apergunta que dá azo ao debateproposto tem umha resposta sim-ples: a existência de estratégias de

defesa e solidariedade com os presos epresas políticas diferenciadas das que pu-dessem existir para o conjunto da popula-çom carcerária surge da especificidadedas e dos primeiros, do sentido coletivoque outorgam à permanência no cárcere,das reivindicaçons e objetivos que susten-tam e da sua também específica inter-re-laçom com os movimentos sociais e polí-ticos que no exterior das prisons defen-dem metas estratégicas similares.

É tam óbvio este perfil diferencial queaté mesmo o Estado, que nega a existên-cia de presos e presas políticas, reservapara esta categoria de delinqüentes umqualificativo específico como o de terro-

ristas, assim como umha panóplia de me-didas que nom fam mais que evidenciar oreconhecimento dumha identidade pró-pria: satanizaçom mediática, aplicaçomde legislaçom antiterrorista, tribunais es-peciais, prisom preventiva, dispersom sis-temática, classificaçom como FiEs-3, su-pressom de benefícios penitenciários, tra-tamento dos coletivos de presos e presaspolíticas como um todo, procura da der-rota político-ideológica –quando nom doextermínio psico-físico– como objetivosdo encarceramento umha vez que a “rein-serçom social” nom está em qüestom, etc.

As críticas e críticos da necessidadedesta especializaçom anti-repressiva deraiz político-ideológica alegam contraela a evidência de que existem proble-máticas comuns entre presos e presaspolíticas e o conjunto da populaçom pe-nitenciária, ou a necessidade quotidianada unidade contra o inimigo comum.desta premissa conclui-se a importánciada unidade de açom, sempre que forpossível, dentro e fora das prisons, masnunca a prescindibilidade de estruturasanti-repressivas enquadradas em estra-tégias políticas, nem que estas devam

cumprir funçons desatendidas ou paraas que nom fôrom concebidas.

o debate proposto nesta palestra re-mete em muitas ocasions à definiçom deque é umha presa política e, mesmo, deque entendemos por “luita contra o sis-tema”. A respeito da primeira qüestom,embora o encarceramento maciço de se-res humanos seja fruito da política -nes-te caso, a da oligarquia espanhola, quealcançou as taxas de prisionizaçom maisaltas da UE- , nom se deduz disto que to-do preso seja um preso político, a nomser que definamos a categoria dum mo-do totalmente laxo.

da ótica de que se escreve este artigo, acondiçom de presa ou preso político, queidentifica por exemplo os que conformamo Coletivo de Presas e Presos indepen-dentistas Galegos (CPiG), os presos e pre-sas galegas de PCE(r), GRAPo ou sRi,anarquistas, etc., exige que a causa do en-carceramento esteja na repressom dumhaatuaçom organizada rumada a transfor-mar o sistema político ou sócio-económi-co e que esta motivaçom originária semantenha em prisom, fazendo da están-cia nela mais umha frente de luita. Estenom é o caso de milhares de pessoas que,sendo em muitos casos vítimas do sistemae dignas de toda a solidariedade, afron-tam a privaçom de liberdade como umproblema puramente pessoal e desligadode qualquer dinámica de transformaçom.Estas som, ao meu modo de olhar, as dife-renças objetivas e subjetivas que susten-tam a necessidade de estruturas anti-re-pressivas diferenciadas.

toda pessoa presa temdireito a se considerarpresa política

A especializaçomé umha necessidade

Joám Peres

o estado nega aexistência de presospolíticos mas osqualifica de 'terroristas'

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20 media Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

media

XOÁN R. SAMPEDRO / A negativa por parteda empresa ao cumprimento do con-vénio coletivo vigente, ameaçando no-vos cortes salariais e despedimentos,vem-se traduzido num conflito laboralintermitente em ‘La Voz de Galicia’. Oúltimo episódio, a desconvocaçom lo-go da intervençom direta via carta deSantiago Rey Fernández-Latorre, edi-tor do jornal corunhês, dumha greveque teria sido a primeira em anos a afe-tar um meio impreso galego.

A greve convocada para dia 10 de julhovinha completar, no calendário de mobi-lizaçons elaborado polo comité de em-presa, umha manifestaçom polas ruas daCorunha para o passado 7 de julho. Ma-nifestaçom que nom tivo lugar, logo de“umha representaçom do comité inter-centros” decidir “abrir umha nova via denegociaçom com a empresa”. Na se-qüência dessa decisom ocorreu a demis-som dos representantes sindicais da CiG,que era com 5 (frente a 3 das CCoo e ou-tros tantos da UGT, e 2 do sindicato deJornalistas) a organizaçom com mais re-presentantes no comité, e a que se faziacargo das responsabilidades.

Decisons “através de chamadas”os representantes da central nacionalis-ta denunciam a “mudança de rumo radi-cal”, “nom debatida no pleno do comité,e nom validada pola assembleia”. dimque se dá logo de que a empresa exigira“a retirada da convocatória da manifes-taçom, sem nengum compromisso pré-

vio de atender nengumha das demandasdo pessoal” para reabrir as negociaçons.

Assim se fijo, e na altura a representa-çom de trabalhadores e trabalhadorasvolta a negociar com a direçom da em-presa sem nengum tipo de garantia, con-seguindo com a desmobilizaçom encon-trarem-se de novo sem força algumhanum processo para o que, da parte da pa-tronal, só se observa como possível aaceitaçom total e submissa das condi-çons impostas 'polo momento'.

Novos cortes sem garantia de manutençom do quadroA raiz da atual fase do conflito está na de-núncia do convénio vigente por parte daempresa há uns meses. sem ter em consi-

deraçom que o atual convénio foi conse-guido depois de trabalhadoras e trabalha-dores aceitarem cortes salariais em trocado compromisso de conservaçom dospostos de trabalho, a corporaçom dirigidapor Rey Fernández-latorre decidia emmaio antecipar-se ao fim de 2014 para re-ver o convénio. Esta empresa, altamentesubvencionada com dinheiro público, ofe-rece agora ao pessoal “umha reduçom desalário de 12,5% e a ruptura do compro-misso de manutençom do emprego”, porpalavras da seçom sindical da CiG.

“Tradiçom de entendimento, colaboraçom e apoio mútuo”A proposta apoiaria-se ideologicamentena história de La Voz de “cooperaçom,diálogo e busca de espaços de encontro”de que o editor Fernández-latorre se ga-ba na carta enviada a todos os emprega-dos e empregadas. Na mesma, e nessa li-nha de rançoso corporativismo, di-se“atónito” polo chamado para “una mani-festación callejera de contenido político”contra a “alta consideración que la socie-dad gallega tiene de La Voz”.

santiaGO rey acusava a cOnvOcatória de “POlítica”

Pessoal de ‘La Voz’ desconvocagreve após umha carta do editor

nOtas de rOdaPé

No julgamento seguido contra Eduardo vi-go, Roberto Rodrigues, Antom santos e

Maria osório em Madrid, a linha argumentaldo fiscal é confusa e o probatório esquálido. Abrutalidade do juiz Guevara contra familiaresdos processados e deputados autonómicos de-nunciava a sua incomodidade pessoal.

Em meios de linhas editoriais claramentepartidárias dumha justiça entendida como

castigo, transparecia distáncia a respeito da in-tervençom de interior e nalguns casos reserva.

Às vezes a informaçom denuncia por ausên-cia: a frialdade com que foi acolhida a retó-

rica guerreira do delegado do Ministério do in-terior, samuel Juárez, deixava-o em evidência.Era este o perigo mais grave da Galiza, comoavisara o subsidiário dos agentes armados doEstado? leiam o que reproduzem os meios: “or-ganización constituida por muy pocas perso-nas, muy seleccionada, personas de muchaconfianza”. A ênfase minimalista é do fiscal quenom por isso deixa de pedir vinte anos aos acu-sados. Eis a coerência do tribunal especial.

Durante os últimos anos, as notícias sobre es-ta organizaçom que o fiscal define como “de

baja capacidad”, levavam no recanto do ecrã ocarimbo dalgunha comissaria, como parte datendência de muitas emissoras a falarem de su-cessos por boca de guardas e nom dos própriosredatores. Nas crónicas do julgamento de Ma-drid descobrimos que o terrorismo estava nasinformaçons e nom nos feitos. A unanimidadedos deputados que falárom a instáncia da defe-sa, também retrata Juárez como umha pessoasem critério para exercer de super-comissário.

Juárez confessa que o seu mestre e modelofora Fraga. o tal modelo defendia a fabrica-

çom de cenários terroríficos para assegurar-sea autoridade sobre os assustados. do que tra-tava o ex-ministro de Franco era de alimentaros males, nom de combatê-lo. Juárez ainda nomsabe que umha parte dos seus correligionáriosdefende o mesmo modelo com diferente trata-mento de informaçom.

Por fim, mercê do catastrofismo de Juárez,os únicos postos de trabalho realmente

existentes gerados na Galiza desde 2007 somde especialistas em terrorismo. E nom som pou-cos. Ao mais desinformado poderia ocorrer-lheque um agente especializado que recebe umhaalta prima (normalmente um salário a maiores,por vezes mais) por alto risco, tenha um pendorpor confundir tamanhos.

Osuper-comissário Juárez estava para ava-liar o tamanho da ameaça, nom para re-

presentar Jeremias à conta do erário público.

Samuel Juárez: alarmes à conta do erário público

A raíz do conflito está nadenúncia por parte daempresa corunhesa do

convénio vigente

X.R.S. / Xosé Manuel Pereiro, decano doColégio Profissional de Jornalistas da Ga-liza (CPXG), levou ao parlamento autonó-mico um retrato do setor da informaçom.Foi em 20 de junho passado, aproveitandoumha intervençom numha comissom en-carregada de elaborar um plano contra acorrupçom, cuja “denúncia é seguramentea principal razom da existência do jorna-lismo”, dixo. Para o jornalista e represen-tante dos profissionais colegiados, o jor-nalismo tem entre as suas funçons funda-mentais “tirar à luz algo que alguém quer

que nom se saiba”. Este trabalho irá tor-nar-se mais difícil, visto que está a ser re-digida umha lei de Processo Criminal que“permitirá silenciar todos os participantesnumha instruçom, e proibir a difusom pú-blica de informaçons".

Imprensa “entrincheirada” e “previsível”Pereiro denunciou termos a imprensa“mais entrincheirada e previsível da Eu-ropa, e de menores índices de credibilida-de", como consequência dumha prática,na distribuiçom de ajudas públicas, que

favorece o jogo de influências entre políti-cos e empresários da comunicaçom.

Quanto a estes, critica que nom invis-tam “em melhorar o produto”, e lembrouas condiçons laborais do setor, cada vezmais precárias. A umha sobre-oferta deprofissionais formados em Jornalismo -um terço dos licenciados na última déca-da está desempregado-, soma-se a pará-lise nas condiçons salariais. A este res-peito, Pereiro salientou que o salário mé-dio dumha ou um jornalista é de 8,2 eu-ros por hora, o mesmo que em 2002.

decanO dO cPxG denuncia nO ParlamentO O estadO dO setOr

“Nom ficam jornalistas nem tempo para fazer investigaçons”

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21em anÁliseNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

em anÁlise

Direitos reprodutivos voltam ao primeirolugar na agenda do movimento feminista

O direito a decidirmos sobre os nossos corpos ocupa as açons das fe-ministas no nosso país, conformam-se plataformas para luitar contraumha reforma da lei de prazos que, no momento de fechar este número,ficou paralisada temporariamente. Mas as agressons continuam: o Go-verno espanhol deixa de financiar os anticonceptivos mais modernos,

reduzem pessoal de ginecologia e recursos na saúde pública. Falamoscom seis feministas galegas sobre a defesa dos direitos reprodutivos esexuais, as mobilizaçons e formas de denúncia com que se expressam,e lançamos o debate de se houvo mudanças ou nom com o correr dotempo no movimento feminista a este respeito.

ZÉLIA GARCIA / “A liberdade dasmulheres, de cada mulher, dequalquer mulher a interromperumha gravidez que nom queiracontinuar. sem interferências deninguém. decidir numha cousatam importante é transcendente,assim como o desejo fundo de queas crianças nasçam sendo deseja-das”, resume Nanina santos, narevista de pensamento feministaAndaina, o que defende quandosai para a rua por este tema.

Ximena Mariel, ativista da Mar-cha Mundial das Mulheres, sa-

lienta que “o que hoje defendemosnas plataformas para dar respostaaos ataques é, no concreto, nomdarmos passos atrás em matérialegislativa. Mas como feministas,entendo que quando proclama-mos que é o nosso corpo e, por-tanto, é a nossa decissom, nom es-tamos a falar só de decidirmos serou nom mai, falamos também daliberdade de viver como quiger-mos, de querer a quem nos apete-cer e viver a nossa sexualidade co-mo queremos, pondo em causa to-das as normas e as etiquetas”.

Há mais qüestons em jogo nes-tas mobilizaçons como “a sobera-nia das mulheres sobre as nossasvidas; umha vida sem violência efora da heterossexualidade obri-gatória”, anota Mai Ínsua, ativistalésbica e psicóloga.

Plataforma galega polo direito ao abortoMais de cinqüenta organizaçonssociais, políticas e sindicais con-formam a Plataforma Galega po-lo direito ao Aborto, constituídaem maio para unir vontades emobilizar a sociedade galegacontra a reforma proposta poloministro espanhol da Justiça, Al-berto Ruiz-Gallardón.

Rocio Fraga, socióloga e ativista,sublinha as potencialidades dacriaçom destas alianças que geram“espaços de uniom onde podemosintercambiar formas de trabalhar,combiná-las e aprender juntas” e

aposta em “um fazer novo, ho-rizontal, ativo e plenamente de-mocrático; temos que procurarfórmulas imaginativas e impac-tantes”.

“Nas plataformas todas de-fendemos o mínimo a que nomestamos dispostas a renunciare ainda que a gestom de tempos eacordos nem sempre seja fácil, ébem agradável sabermo-nos namesma trincheira”, aponta XimenaMariel.

Concordam todas na necessida-de de que “a nossa voz se deve ex-pressar numha enorme variedadede formas, de foros e de açons”, dilola Ferreiro, docente e feminista,acrescentando logo que “é precisoespalhar as nossas reivindica-çons, e as manifes som fundamen-tais (e desabafantes, que tambémimporta muito). Mas o debate éfulcral, o intercámbio e a constru-çom de alternativas integrais, pa-ra construir feminismo”.

Ao redor do objetivo destas mo-bilizaçons, Goretti sanmartim, fi-lóloga nacionalista e luitadora poreste mundo em lilás, propóm “ten-tar reduzir as açons orientadas aatacar a igreja e o seu mundo. de-veríamos ignorá-la, nom lhe dar-mos tanta transcendência. Conti-

nuamos a incluir num gueto estareivindicaçom, ao nom considerá-la como mais umha agressomdumha direita que teima por nosdevolver á etapa franquista”.

sobre onde se expressam maisfirmemente, “para além de açonssimbólicas mui relevantes, quesempre nos causam o prazer denos reinventarmos, o que precisa-mos é escuitar muitas vozes, con-seguir que sejam muitas as pes-soas que saem para as ruas recla-mando este direito. E a voz temque sair de todos os lugares, tam-bém de tantos companheiros dou-tras causas que tenhem que se im-plicar”, afirma sanmartin.

Vigência ou continuismo?Também interpelamos a estas seismulheres sobre a existência ounom de mudanças nos feminis-mos e os seus discursos a respeitoda defesa dos direitos reproduti-vos das mulheres.

“Há muitas consignas velhasque estám vigentes, som claras,boas e pegárom: Sexualidade

nom é maternidade. Parir nom é o

destino da mulher. Anticoncepti-

vos para nom abortar. o feminis-mo avançou e matizou muito oseu pensamento e o jeito de o ex-pressar”, remata Nanina santos.

Com base na sua experiência,Rocio Fraga, acrescenta que “po-demos retomar o discurso e atuali-zá-lo mediante os feitos e as açonsde resistência e luita próprias doséculo XXi, e temos que aproveitarpara retomar contacto com as mu-lheres que daquela luitavan e par-tilhar com elas espaços feministas,respeitando a diferença”.

“Que no 2013 saiamos para arua a dizer que as mulheres deci-dem, tal como saírom nos anos 70e 80 reclamando a despenaliza-çom é umha demonstraçom da in-capacidade da sociedade para seavançar realmente neste tema, etambém umha forma de deixar-mos claro que nom temos nengu-nha conquista de direitos assegu-rada. Às vezes, em lugares peque-nos como Compostela, quase quetemos a impressom de sermos asmesmas mulheres que há algum-ha década estávamos nas ruas. Te-

mos um grave problema com a ex-pulsom de moças do País e umhafalta de renovaçom nesta e nou-tras luitas”, analisa Goretti san-martim.

Nesta linha, Mai Ínsua, comen-ta-nos que “sinto muitas vezes queseguimos nas mesmas em muitascousas, como nas consignas, e po-los ritmos e a necessidade doutrasformas de sair à rua; mesmo hátempos que berro pouco em ma-nis e concentraçons porque estoumui cansa dessas rigidezes”.

lola Ferreiro transmite optimis-mo já que “mudárom os nossosmodelos de organizaçom, dimi-nuírom (em parte) as “dependên-cias organizativas”, aumentáromas nossas possibilidades de ache-gar alternativas. somos, em defi-nitivo, mais sábias. Todo isto in-cumbe aspectos como a necessi-dade da coeducaçom; a educaciónsexual encheu-se de conteúdos.Trouxemos novas consignas(“educaçom sexual para decidir”),muitas vezes mais transgressoras(“na minha cona nom manda nin-guém”) e, em todo caso, assumi-mos melhor outras, que continuá-rom vigentes ao longo dos temposou que houvo que resgatar, polosretrocessos que estamos a sofrer”.

seis feministas analisam Para ‘nOvas da Galiza’ a trajetória e futurO da luita das mulheres

umhas 50 organizaçonsconformárom em maio aplataforma Galega polo

direito ao Aborto

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22 cultura Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

cultura

“querem tirar-lhe importáncia aos achados de Coeses,vaziar o jazigo e levar as peças para um museu”

quatrO assOciaçOns de luGO e cOmarca unem-se Para PrOteGer um jaziGO dO traçadO dumha autOvia

Contai-nos que está a acontecer

em Coeses.

Carlos Bello: Coeses é umha fre-guesia de lugo, a seis quilómetrosdesde a muralha. Quando se deci-diu que a autovia lugo-Compos-tela cruzasse o Minho, acabouapanhando polo meio e meio oCastro de valente. Ainda que nomestava catalogado, era conhecidopor toda a gente. Mas no sítio de odetetar rapidamente e variarem otraçado, as máquinas chegárom eparárom ao pé dele. Felizmente, ocastro é catalogado, e estabelece-se umha área de proteçom. o tra-çado da autovia muda para o sul,mas continua dentro desta área deproteçom. E nessa desviaçom, de200 metros, aparece umha chousaou círculo elíptico semitumular. Échamado de muitos modos, mas éinédito. Foi descoberto por XabierMoure primeiro, e Rafa Quintiá,gente da sociedade AntropológicaGalega. Começam a escavar, e en-contram recipientes de louça, pe-ças de cerámica com restos de cin-za dentro que está a ser analisa-da... Nom se sabe mui bem a épo-ca: pode ser de finais do bronze ecomeços do ferro. Aparentementepoderia ter significado funerário,e se fosse assim e coincidisse comos restos do castro, que está só a200 metros, poderia-se estabele-cer que fôrom coetáneos, e estapoderia ser umha primeira amos-tra da cultura funerária da época.outra vez decidem conservá-lo, edesviam novamente o traçado 10metros para o norte: isto implicair entre o castro e o círculo elípti-co. Fazem as prospeçons... e maispetate! Aparecem gabias, estrutu-ras, restos cerámicos, terra cozi-da... o que fai pensar que os trêsjazimentos formam um conjunto,som umha unidade.

Quando começa a campanha pola

recuperaçom do terceiro jazigo?

Antón Somoza: inicialmente, anossa associaçom apresentou um-ha instáncia em Fomento e em Pa-trimónio, pedindo informaçom, à

qual ainda nom recebemos res-posta. Polo seu lado, lugo Patri-mónio fijo o mesmo, entom ocor-reu-se-nos colaborar para fazerpressom com mais força. Tambémse unírom Amigos do Patrimoniode Castroverde e Adega, além degente a título individual, comoManuel Miranda, de Mariña Patri-monio. decidimos apresentar um-ha série de pedimentos a diferen-tes organismos para que nosapoiassem -da RAG até o depar-tamento de História Antiga daUsC; a Unesco, grupos munici-pais; a deputaçom; o Museu Pro-vincial...-, e denunciamos a situa-çom na imprensa. Mas nom rece-bemos muitas respostas. As maispositivas vinhérom do grupo mu-nicipal do Bloco, que apresentouumha moçom pola proteçom e ca-talogaçom do jazigo, aprovadacom os votos do PsoE também.isto daria umha base para que seprotegesse, partindo da ideia deque o tem que fazer o Concelho.Também apresentamos umha de-núncia na Fiscalia, porque a im-prensa continua a afirmar que otraçado passa justo por riba da zo-na, e que apenas se iam protegero circulo elíptico e o castro.

Qual é a situaçom atual? Estám

as obras paradas?

A.S.: Nom estám, e continua a es-cavaçom no terceiro jazigo, que

estava prestes a rematar. Emitira-se um relatório e, em funçom dis-to, saberemos. o caso é que nemPatrimónio da Junta, nem o Mi-nistério de Fomento espanhol, es-tám a fornecer informaçom, assimque há que ver se por outras viasse pode conseguir.C.B.: A estratégia dos poderes fá-ticos é tirar-lhe importáncia, querdizer, afirmar que nom há estrutu-ras musealizáveis. Assi o jazigoseria vaziado, as peças levadas pa-ra um museu e as obras continua-riam. Mas nom entendemos comopodem continuar a construir porriba: ainda tirada toda a cerámica,continua a ser um jazigo arqueo-lógico e, portanto, deve ser perce-bido em conjunto. ismael sabe dis-to, já que estivo na escavaçom docírculo elíptico da Mourela, por ri-ba do qual finalmente passou aautovia vilalba- As Pontes.Ismael Vaz: Umha vez que esca-

vas, nom deixa de ser um conjun-to de pedras o que fica, ou no casodas tumbas, se retiras o material,só fica terra. Mas que se conserveestá em funçom do tipo de esca-vaçom que fas, de como pretendesinvestigar o que ali há: se real-mente queres que fique algo pa-tente, quer dizer, material in situ,para além do registo ou do relató-rio elaborado.A.S.: de todos os modos, quandofoi o debate no Concelho, do PPdérom algumha dica do que podeacontecer: diziam que se ia prote-ger o jazigo, mas que nom todo oque se encontrasse tinha porqueficar musealizável. Mas tirar todasas peças dali é descontextualizartotalmente o que encontras. É co-mo se apanhassses a muralha e acortasses polo meio para fazerumha rua porque solucionas maiso problema do tránsito, enquantoas pedras vam para o museu.C.B.: Poucas esperanças temos deque vaiam desviar a autovia, por-que as obras som faraónicas, e jáestám polos dous lados do jazigo,mas devemos atuar por dignida-de, porque muitas vezes ninguémdiz nada, e desaparece todo. Nomelhor dos casos isto serve paraque haja constáncia de que nomficamos calados, que a gente nomestá de acordo, e para que no fu-turo o pensem duas vezes. Porqueaqui o erro principal estivo, segun-

do ouvimos, na origem da autovia,que foi feita em despachos de Ma-drid, e nem sequer enviárom ar-queolólogos ao campo. se nomfosse isso já haveria umha zonade proteçom e nom se teria feitoesta cadeia de erros.

Quais vam ser os vossos próxi-

mos passos?

A.S.: depende da resposta da Fis-calia e de se som dados passos nacatalogaçom. Continuamos junta-do apoios e tentando criar sensi-bilidade na cidade e na comarca.C.B.: Estamos dispostos a meter-nos nos processos administrativosque sejam; neste sentido nom nosvam apanhar. se há que andar apôr recursos, nom nos vamos bo-tar atrás. Mas, claro, o jazigo vaificar mui afetado se entram as má-quinas. Para além disto, como as-sociaçom, vamos dar a conhecero património arqueológico dacontorna de Coeses, superando oeterno debate de que se abrimos ocaminho, podem ir os expoliádo-res detrás. Mas para que algo nomseja agredido, há que conhecê-lo,é um risco que há que correr. setemos umha sociedade tam incivi-lizada que expolia os jazigos, tal-vez nom os mereçamos. I.V.: Que a sociedade nom valorizeum jazigo nom quer dizer quenom o mereça. Na vida de um ja-zigo arqueológico passam diver-sas sociedades. Umhas valoriza-ram-no mais e outras menos. Nomtemos direito a privar à gente devisitá-los. Para além disto, sempreque falamos de Coeses lembro,mais alá do destroço material queé terrível, a gravidade do facto deque para permitir a passagem daautovia se levante umha ata ar-queológica que minimize a impor-táncia do que ali há. É um dospoucos jazigos em que podemosencontrar vínculo entre enterra-mentos e castro, e se lhe é tirada aimportáncia a isto , se é negada,em trabalhos próximos esta rela-çom nom figurará, e estaremoseliminando dados mui valiosos.

A.R.G. / “Nom há nada neste jazigo que nom haja noutros”, assinalam do PPde Lugo para minimizar os achados de Coeses. É a eterna espiral, que co-meça numha construtora, que paga a umha empresa de arqueologia paraque encontre quanto menos melhor, todo por baixo da olhada vigiantedum governo que, por umha banda tem um departamento de património, epola outra um de infraestruturas que se deve a essa mesma construtora.

Nom há por onde colhê-lo. E acontece com frequência. Desta volta, nestaparóquia de Lugo, na qual está a ser construída a autovia que leva a Com-postela por riba dum jazigo, que faria parte dumha possível e inédita ne-crópole de inumaçom. NOVAS DA GALIZA fala da sua proteçom com Antón So-moza e Carlos Bello, da associaçom Cultura do País, junto com Ismael Vaz,quem também fijo parte da conversa.

“nem a junta nem oMinistério estám a

fornecer informaçom”

“para que um jazigonom seja agredido,há que conhecê-lo”

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23culturaNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

A Junta assinala a sua intençom de declarar BICa carpintaria de ribeiraREDAÇOM./ A Conselharia da Cul-tura e Educaçom está a preparar adeclaraçom das "técnicas constru-tivas das embarcaçons tradicio-nais galegas" como Bem de inte-resse Cultural. o secretário geralda Cultura, Anxo lorenzo, expli-cou-no durante a apresentaçomdo Xi Encontro de EmbarcaçonsTradicionais da Galiza, em outes.A direçom Geral de Património

Cultural explicou os primeirospassos que se estám a dar para es-ta declaraçom no marco do en-contro, realizado no Freixo, emoutes, do 11 ao 14 de julho. Juntocom os relatórios do primeiro dia,o programa do encontro ofereceudiversas atividades, como ateliês eamostras, roteiros e visitas guia-das, exposiçons e atuaçons poéti-cas e musicais.

A Carvalheira de Záscumpre 30 anos recebendoos grandes do folkREDAÇOM / A XXX Festa da Car-valheira de zás, organizada polaassociaçom cultural Castro Meda,já tem cartaz. No passado 9 de ju-lho, a algo menos de um mês doprimeiro sábado de Agosto, dataem que é realizada umha das fes-tas decanas da Costa da Morte, ti-nha lugar a apresentaçom dosconcertos e atividades, que esteano, como há décadas, serám rea-lizados na mítica carvalheira develar.Em 2013, aliás, o festival começa-rá na noite da sexta-feira 2 deagosto, com bandas como os fer-

rolanos amigos da gaita saldosNegativos, os costarricenensesceltas Peregrino Gris ou TararáTrío.No dia grande, sábado 3 de agos-to, as atividades começarám detarde com a tradicional demons-traçom de baile das organizado-ras, a A.C. Castro Meda, e com aBanda de gaitas Estivada de Calo.À noite, abrirám o cartaz os vi-queiras de ordes, e também vampassar polo palco o basco XabiAburruzaga, os galegos Berro-güeto, o escocês Rua Macmillan eos aragoneses lurte.

Um dente de criança: o resto humanomais antigo da GalizaREDAÇOM / Como este mês asnotícias vam de achados histó-ricos, devemos contar tambémo de mais antiguidade encon-trado nas últimas semanas.Trata-se dum dente de criançaencontrado na cova de valdava-ra, em Becerreá.

investigadoras do projetomisto da Universidade de san-tiago e o instituto Universitárioda Universitat Rovira i virgilide Tarragona (iPHEs), encon-trárom neste lugar um dente deleite correspondente a umhapessoa de uns dez anos de ida-

de e que data do Paleolítico, hámais de 17.000 anos. A peça,muito gasta, apareceu duranteas prospeçons realizadas no de-pósito desta cova o passadoano, ainda que o achado nom sefixo público até o passado 11 dejulho.

Recuperam o Castro de Malhounumha nova intervençom de voluntariado arqueológicoREDAÇOM / o Concelho de Car-nota começou, na segunda quin-zena de Julho, o projeto de recu-peraçom do Castro de Malhou,através de açons de limpeza dacoberta vegetal deste importantejázigo galaico da ii idade do Fer-ro. As açons de limpeza, contamnumha nota de imprensa, vamser complementadas com sonda-gens que vam oferecer informa-çom sobre a vida quotidiana nes-ta importante acrópole pré-his-tórica.

Aliás, desenvolvera-se, de ma-neira parelha, um programa dedivulgaçom cultural através dainternet e com atividades literá-rias, teatrais e artesanais paratodos os públicos, vinculadas àarqueologia e aos mitos do Cas-tro de Malhou. A campanha es-tará dirigida polo arqueólogoAntón Malde (entrevistado noNGz Nº108, de 15 de Novembrode 2011, quando estava a traba-lhar noutro projeto de volunta-riado arqueológico, em Pena Fu-rada, em Coirós), e produzidapolo divulgador e professor daUsC Manuel Gago.

A atuaçom no castro de Ma-lhou é a segunda destas caracte-

rísticas que se realiza em Carno-ta depois do sucesso que tivo nopassado ano o projeto arqueoló-gico, realizado também com vo-luntariado, da Torre dos Mouros.

Museu aberto de Carnota

A Torre dos Mouros, junto como novo projeto de posta em valordo Castro de Malhou, está aco-plado dentro da criaçom paula-tina de um Museu Aberto deCarnota, que incorporará sítiosarqueológicos singulares nocontexto galego, como estes

dous enclaves ou os sete das es-taçons de arte rupestre situadosneste concelho.

Este museu vai permitir às ci-dadás e visitantes percorrer trêsmil anos de história cultural daGaliza, desde a idade do Bronze,passando pola idade do Ferroaté a época tardo antiga e altomedieval, de modo singelo e rá-pido “e com umha grande com-preensom da relaçom e contactoentre os sítios arqueológicos”,contam do Concelho.

REDAÇOM / A direçom Geral dePatrimónio da Junta autorizou oConcelho de vigo a prosseguircom a reabilitaçom do chalé deMirambell como futuro centrode interpretaçom da vila galaicoromana de Toralha.

As sondagens prévias revelá-rom estruturas arqueológicas ro-manas nos alicerces do chalé eera precisa a permissom de Pa-trimónio para continuar. o tem-po de resoluçom protagonizaraumha polémica entre o Conce-lho e a Conselharia da Cultura,porque vigo precisa executar aobra antes de novembro para

nom perder o investimento ofe-recido polo Ministério da Cultu-ra.

A ilha de Toralha continua a

ser de uso privado, apesar de vá-rias tentativas de fazê-la pública.desde os anos 60 há umha urba-nizaçom na ilha, que está comu-nicada com a costa por umhaponte de uso público, que nuncafoi controlada e que destrói o pa-trimónio cultural e natural do lu-gar. dentro deste património háum importante castro da idadedo Ferro, com evidências de co-mércio mediterráneo, e a citadanecrópole galaico romana. Em2010 foi aberto o museu da cha-mada vila Galaico Romana deToralha, à beira da praia do vao,em Corujo.

A Junta autoriza a criaçom dum centrode interpretaçom em Toralha

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24 desPOrtOs Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

d desP

OrtO

sliceO Ganha a OK liGa e cerceda ascende

A trainha dos moanheses conseguiu avitória na bandeira de Portugalete ape-sar de sair no primeiro turno. Umha se-mana depois venceu também na provade Moanha, atingindo o quarto postoda classificaçom por trás das equipasbascas de Kaiku, orio e Urdaibai.

dObradinha de tirÁm na liGa act

Após vencer no último jogo da liga, aequipa corunhesa de hóquei conseguiuum título que se lhe resistia desde 1993.A boa temporada para o hóquei galegocompleta-se com o ascenso à máxima ca-tegoria estatal do Patín Cerceda, nascidoda refundaçom do filial do liceo.

XERMÁN VILUBA / Num contextoonde cada dous por três apareceum manifesto com pontualizaçonsteóricas e signatários vários sobreo modo de reorientar as nossas án-sias de liberdade, medra desde hátempo umha alternativa real e em-pírica, aferrada à terra, de comotentar mudar as cousas. Baseadossimplesmente no nosso modo deestar e entender o mundo comogalegos e galegas, nascia a princí-pios de 2000 a liga Nacional de

Bilharda. Nom houvo notificaçonsdisto, nem texto escrito, nem se-quer foto acreditadora que hojepoida ser publicada nas redes so-ciais e na qual etiquetar os rostosde cada um dos protagonistas. Porhaver, nom houvo nem sequernengum dos conhecidos como"persoeiros" do mundinho das "ar-tes e da política", que costumamassomar em cada esquina pondo oseu nome como aval de um proje-to, por se a cousa fosse a maiores.

o único que houvo fôrom umhascervejas, vinho, licor café, e umhastapas de chouriço, presunto, em-pada e queijo do país… o combus-tível necessário para levantar ospaus com que um poderoso arte-fato à margem e autogestionado,chamado lNB, se pugesse em an-damento. se queres realmente asoberania para o teu país, remexeno teu subconsciente e começapor fazer um Aberto de Bilhardana tua vila, aldeia ou cidade!

A. RUA NOVA/ A resoluçom judicialda “operación Puerto”, que incluia destruiçom de mais de 200 sacasde sangue, desatou a indignaçomda opiniom internacional, do Coi(Comité olímpico internacional) ea AMA (Agência Mundial Antido-ping), que apresentará recursocontra a sentença. A AMA mostroua sua decepçom pola decisom judi-cial e a ordem de destruiçom dasprovas do caso, incluídas as sacascom sangue, privando a agência eoutras entidades analisá-las e des-mascarar os culpáveis.

os meios de comunicaçom dosistema voltárom demostrar asubmissom ao poder, silenciandoo escándalo dentro do Estado,mas nom puidérom evitar que anível internacional a “marca Es-panha” e a candidatura de Madridaos jogos olímpicos de 2020 fossedanada. Perante a indigaçom in-ternacional, houvo vozes que pe-dírom diretamente o boicote aMadrid 2020. desportistas de elitecomo o tenista escocês Andy Mu-rray, a ciclista galesa Nicole Coo-ke e diferentes comités olímpicospedírom que o vindouro 6 de se-tembro em Buenos Aires nom sevote a candidatura espanhola. Nacapital argentina é onde será deci-dida a cidade organizadora dos

Jogos olímpicos, e cada vez sommais as pessoas que pedem o votopara as outras aspirantes, istam-bul e Tóquio, com o fim de evitaro triunfo madrileno.

A censura que aplicam osmeios do sistema implica que pa-ra tenhamos que recorrer à im-prensa alternativa ou internacio-nal. Fora do Estado espanhol aimprensa mostrou-se escandali-zada pola falta de luita contra odoping das autoridades políticasespanholas. Fala-se abertamentede que o Estado espanhol é o pa-raíso do doping. Na França, o jor-nal le Monde afirmou “o Estado

espanhol nom quer chegar até o

final”, e o desportivo l´Equipe es-creveu com rotundidade “o Go-verno espanhol olha para outrolado e a farsa continua”. o rotati-vo inglês The Telegraph fala deque “Espanha quer preservar aelite do desporto espanhol; Eufe-miano confessou que tratou a ci-clistas, futebolistas, atletas,... masa juíza olha para outro lado e nomquer descobrir os culpáveis”. Na

mesma linha expressou-se o ita-liano la Gazzetta dello sport, quefala de “catenaccio na dopagem”e que “o Estado espanhol perdeuumha grande oportunidade deacabar com as suspeitas”.

As autoridades espanholas que-riam que a operación Puerto ser-visse para limpar a má imagem dodesporto espanhol no mundo. ide-árom umha operaçom de maquil-hagem com o juízo, pretendendoimpulsar a candidatura de Madrid2020, mas fracassárom. A opi-niom pública internacional estáescandalizada com a ambígua po-lítica antidoping desporto quepratica o Estado espanhol. Como

já denunciamos no NovAs dA GA-lizA nº 112, em março de 2012, naEuropa irrita especialmente a pro-teçom do Governo e das federa-çons espanholas com respeito aosseus melhores desportistas. inclu-sive havendo sentenças firmescontra Alberto Contador, Alejan-dro valverde ou Marta domín-guez por dopagem, as autoridadesespanholas oferecêrom-lhes pro-teçom e apoio.

Madrid 2020 já fracassou por-que a sua imagem no mundo estámui deteriorada, e a comunidadedesportiva internacional está fartadas trampas espanholas e nomquer permitir que se organizem osjogos num Estado que nom querluitar contra a dopagem.

Para além disto, os contínuoscasos de corrupçom na política ena monarquia espanhola, e a cres-cente oposiçom popular às olim-píadas, que custariam mais de1.600 milhons de euros, ponhem aMadrid contra as cordas. Tóquio eistambul ganham vantagem e àcandidatura de Madrid só lhe res-ta recorrer aos lobbies e ao jogosujo para ganhar votos. Todoaponta que Madrid vai ficar semJogos olímpicos no 2020, tal e co-mo sucedeu com as suas candida-turas de 2012 e 2016.

Bilharda pola soberania desportiva e alimentar!

Madrid 2020 já fracassouA candidatura tem nomundo umha imagem

mui deteriorada

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25desPOrtOsNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

A. RUA NOVA / desde 2011 Com-postela vive na ingovernabilidadee umha situaçom politica insus-tentável por causa da corrupçomgeralizada do governo local do PP.o ex-alcaide Conde Roa demitiupor defraude fiscal; o novo alcai-de, Angel Currás tem duas impu-taçons, e já há 7 membros do go-verno local imputados na opera-çom Pokémon. Entre eles o verea-dor de desportos, Adrián varela,que mesmo pediu ao Concelhoque lhe pague os gastos derivadosda sua defesa jurídica pola sua im-putaçom. varela apostou por um-ha política focada no desporto es-petáculo como reclamo turístico,chegando a declarar “nom vou pa-

trocinar equipas de amigos e ami-

gas”.

Esta política desportiva do PPcompostelano, equiparável à daJunta da Galiza, completa-se comos cortes ou retirada de subsídiospara o desporto de base, que estáa produzir o desaparecimento demuitas equipas. Na categoria 3ªAutonómica, no grupo de Com-postela, na campanha 2011/12existiam 17 equipas de futebol. Natemporada que finalizou nesteano, só participárom 13 equipas, epara a vindoura, só restam 8, e al-gumhas delas, poderiam nomcontinuar.

Estrela vermelha

Um dos clubes que nom estará novindouro curso é o Estrela vermel-ha, fundado em 1997 inicialmentecom o nome de independente dasFontinhas. o Estrela caraterizou-se por ser um clube reivindicativoe comprometido com o galego e adefesa da identidade nacional daGaliza, o que lhes ocasionou mui-tos problemas com a Federaçom.Jorge Teijeiro, o seu presidentediz-nos que “jogar cada tempora-

da custa entre 3.000 e 3.500 €

anuais; boa parte vam para a li-

cença (116€ por futebolista) e pa-

gamento de árbitros; além de

equipaçons, material desporti-

vo,...”. Até a chegada do PP “cadaequipa cobrava um subsídio de

1.800€ anuais; mas este ano

Adrián Varela prometeu-nos

1.200€”. Fôrom passando os me-ses e o subsídio nom chegava; agota de água foi quando o Concel-

ho decidiu deixá-los sem os cam-pos de treino que vinham usando.Nove equipas do grupo decidíromfazer greve e nom jogar.

Greve no futebol local

A uniom das equipas de futebol demodestos de Compostela foi fun-damental para reivindicar os seusdireitos. o Concelho negava-se apagar o prometido e a ceder insta-laçons alegando saturaçom; masisto era falso, diz Jorge “porque em

2013 éramos menos equipas e ha-

via um campo mais, o do Sergas,

que por certo custou 1´25 milhons

de euros e tem deficiências ”. Alémdisto, José Antonio iglesias, presi-dente do Ud lavacolla aponta “o

Concelho pretendia deslocar-nos a

terrenos de jogo mui afastados dos

nossos bairros, havendo muitos

campos abandonados em Lava-

colha que fôrom expropriados à

força às vizinhas e vizinhos duran-

te a ditadura franquista, e agora

nom nos deixam usá-los”. Foi emlavacolha onde Franco criou umdos seus campos de concentra-çom, onde mais de 2.000 presospolíticos fôrom forçados a trabal-har na construçom do aeroporto.

Represálias pola greve

Para desfazer a solidariedade dosclubes, a Federaçom de Futebol desantiago decidiu extinguir o gru-po 10º da Terceira Autonómicapara a temporada 2013/14. Adu-zem falta de equipas, mas Teijeiroe iglesias nom o vem assim “des-

fam o grupo para que nom poda-

mos fazer pressom”. isto implica-

rá mais gastos de deslocamentoao clube que continue a jogar, por-que será integrado com equipasdoutras comarcas.

desporto: direito ou privilégio?

Cada ano resulta mais custoso fa-zer desporto, e no caso do futebolamador a situaçom torna-se enor-memente complicada. Todo istofai que sem ajudas resulte inviávela continuidade para muitas dasequipas. E isso que para poupargastos o Estrela vermelha leva 5anos sem renovar equipagens ecada jogador lava a sua equipa-çom para nom pagar a lavanderia.Perante a dificuldade de encon-trar patrocínios privados, o Estre-la vermelha recorre ao que pomcada jogador do seu bolso e aos300 sócios e sócias da entidade.Com a quantidade achegada podepagar a licença aos jogadores queestám sem trabalho, fazendo visí-vel o lado mais solidário do des-porto. o presidente da equipatem-no claro: “possibilitamos que

quem queira jogar que poda fazê-

lo, e que umha má situaçom eco-

nómica nom seja impedimento

para que qualquer pessoa poda jo-

gar futebol”.

Um futuro preto

Com a difícil situaçom em que fi-

cam, o Estrela vermelha vai re-nunciar a continuar a jogar na ligade modestos, mas o projeto nommorre. vam fazer umha equipa defutebol de salom, que é muitomais económica (as licenças cus-tam 40€) e também vam somar-seao futebol gaélico, criando umhaequipa com que participar na ligaGalega.

Ud lavacolla

É umha das equipas históricas emCompostela. leva jogando desdeos anos 80, e perante a falta de aju-das, pode chegar a desaparecer. opresidente do clube, José Antonioiglesias, afirma que “o futebol mo-

desto é umha tradiçom da cidade,

é parte da memória da cidade e

nom queremos que se perda”, jáque as equipas som um dos cen-tros da vida social dos bairros eumha ferramenta para que a mo-cidade se achegue ao desporto.iglesias afirma que vam luitar atéo final para sacar adiante o projetodesportivo e que os recursos eco-nómicos do Concelho som insufi-cientes para continuarem as equi-pas; conclui que “Varela está mui

interessado em que nom continue-

mos a jogar porque molestamos”.

Conflito sem solucionar

Após o anuncio da greve, o verea-dor recebe às equipas e chegam aum princípio de acordo, solucio-nando-se o problema das instala-çons, mas nom o do subsídio. va-rela, assina um pacto com umhaempresa, o restaurante Barrigola,para o pagamento do prometido.

Finalmente as equipas só obtivé-rom 600€ e eram “animadas” a fa-zer duas ceias ao ano no restau-rante. desde a Candidatura do Po-vo (CdP), grupo municipal sobe-ranista, perguntam: que relaçomexiste entre esta entrega de din-heiro, aparentemente a fundo per-dido, e os contratos de serviço decatering em colégios municipais àempresa Barrigola? Podemos es-tar perante umha nova trama co-rrupta de concessons e contratospúblicos que enriquecem os res-ponsáveis do PP e os seus amigos.de facto, a operaçom Manga estáa estudar os contratos irregularesou “de favor” entre Raxoi e as em-presas que gestionam o serviço deáguas, o cobro de multas ou aoRA. A entrega de ajudas a clu-bes desportivos da cidade seriaumha das contraprestaçons paraque desde o Concelho se favore-ce-se a estas firmas.

Ricardo Picáns, representanteda CdP, denuncia que “o PP impu-

jo no Concelho umha política sel-

vagem de cortes ao desporto de

base, em contraste com o destino

de milheiros de euros a empresas

privadas que organizam espetá-

culos desportivos”. lembremosque o Concelho gastou mais de8.000€ na montagem dumha pistade patinagem de gelo na praça daQuintá, trouxo a seleçom espan-hola de futebol feminino com40.000€ e tentou trazer a Copadavis por mais de 2 milhons e vaipagar máis de 50.000€ para que a“vuelta Ciclista a Espanha” pasepor Compostela em agosto. Pi-cáns manifesta que “a maior parte

dos orçamentos dos Desportos

vam para espetáculos desportivos

turísticos e espanhóis, o que debi-

lita a promoçom da base”. Umhamostra mais da política elitista doPP que pretende impor que só unspoucos privilegiados tenhamacesso ao desporto, quando o des-porto deve ser um direito para opovo. desde a CdP insistem emque “há sérias dificuldades para

que a vizinhança poida usar as

instalaçons públicas desportivas

no Concelho” e também criticama falta de ajudas ao desporto fe-minino e ao desporto tradicionalque ficam totalmente à margemda agenda do Concelho.

A padegeira de Aldám estivo mui perto da vitória na es-pecialidade K-1 200 metros, e só escassas centésimas aseparárom da polonesa Marta Walczykiewicz no cam-peonato celebrado na localidade portuguesa de Monte-moro velho. Raquel Rodríguez, em C-2 500 metros eÓscar Carrera e Rodrigo Germade, em K-4 1.000 me-tros, conseguírom a quarta posiçom.

Prata Para teresa POrtela nO eurOPeu de canOaGem

Até quarenta e seis dornas participárom na XXiX edi-çom da prova mais longeva do calendário de embarca-çons tradicionais disputada em águas galegas. No espe-tacular e exigente circuito da ria de Arouça levou a vitó-ria a dorna “Cariñosa”, seguida por “Jalerna” e “Nécora”,embora o espírito lúdico e e festivo primou num eventoque este ano viu reduzidos os apoios institucionais.

sucessO da vOlta a arOuça de dOrnas

O Concelho de Santiago afoga o futebol de base

equipas de basedesaparecem por

falta de fundos

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26 temPOs livres Novas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

temPOs livres

C.C.V. / Jürgen Habermas elogia odesenvolvimento dos cafés e clu-bes aristocratas como criaçom doespaço público. É, claro, umhahistória burguesa, que desprezaos espaços de sociabilidade tradi-cionais: o concelho aberto no adroda igreja, o quinteiro… E assimcomo algum antropólogo bascofala do frontom como a ‘ágorabasca’, bem podemos falar nós databerna como da ‘ágora atlántica,que nos últimos anos está a sertam transformada que mais bemdeveríamos dizer destruída.

o piso de madeira e serrim, emque ainda ecoava a nostalgia úmi-da do bosque, deu passo a esseschaos encerados e brilhantes, quetenhem um atroz ar familiar comos hospitais. As grandes mesasalongadas e rejas fôrom substituí-das, como envergonhando-se deumha promiscuidade passada,por mesinhas de plástico, indivi-dualizadas e individualizantes;nas quais está mal visto que oscartógrafos do mágico tracem assuas navegaçons com os círculosencarnados das cuncas. A hierar-quia imposta polo balcom, anta-nho esconjurada por taberneirosque contrabandeavam a frontei-ra, agora torna-se omnipotente. Acozinha e a lareira tiram-se davista, e no melhor dos casos –por

nom dizer no pior- o lume apare-ce televisado através dum vidro.

Quiçá polo prazer acrescenta-do de beber e comer ao quenteenquanto fora chove, as naçonsatlánticas compartem a devoçompola taberna, pois como di dic-kens, “amam a virtude, sobretodoquando esta se acha comodamen-te sentada à beira do lume e comum bom copo de cerveja ao alcan-ce da mao”. se o genial guionistaRafael Azcona se compadecia deum cinema hollywoodiano emque nunca ninguém comia nembebia, a literatura atlántica polacontra sempre recende e fumega.

A propósito d’Os Papeis póstu-

mos do clube Pickwick, romancede dickens, santiago Alba Ricoaponta que “a vida do itinerantePickwick e dos seus inefáveisamigos transcorre toda ela emquartos pequenos com as janelascerradas, em vinte metros qua-drados iluminados polo lume dachaminé e carregados do fumo dotabaco e do vapor que se levantade entre as ruínas de algum pobreanimal estofado alegremente nacozinha. Aí dentro, o mundo émuito mais amplo, rico e interes-sante que nos mares do sul ou nocoraçom das trevas”.

Por sua parte G.K.Chesterton –definido pola sua irmá Cecil como

“solitário cavaleiro andante, quena sua viagem foi hóspede de to-das as tabernas de hospitalárioengenho e alegre camaradagem”-continuará a defesa da taberna.Quando passeia por Brompton ouKingston, entre luxosas casas que“se assemelham a umha fileira detumbas adossadas”, alegra-se detopar umha taberna que “parecea casa dos ananos”, “plantada aospés de aqueles gigantes grises”,pois “há nela certa alegria, apesarda sua sujidade, certa liberdade emagia, apesar da sua insignifi-cáncia”.

Noutra ocasiom, caminhandoentre macieiras num sendeiro “que

parece dirigir-se ao coraçom da si-dra de devonshire, bate com umhapousada com telhado de palha: daporta pinga um rótulo no que se liaO Dragom Azul; e debaixo do ró-tulo havia umha dessas mesasalongadas e toscas que se costu-mavam ver à porta de muitas ta-bernas inglesas, antes de que entreos defensores da lei seca e os fa-bricantes de cerveja ficáramossem liberdade”.

Nom fica atrás outeiro Pedraiono seu relato O camiom do vinho,

onde o Chimpanetos encontra re-fúgio no mesom de Bocapodre. Ali“a mesoneira a todos parolava eservia. sobre da mesa decorriamcompangos poderosos, de seguidavoltos couça ou poeira como se fo-ra a consumiçom deles o alentódos convidados; as peças penedo-sas de pam de Ceia, as empanadasem roda de horizontes, as cachei-ras de porco, as parreiras de chou-riços pendurados sobre a mesa, to-da a noite a tevra disposta arredorda chama fria, toda inçada e feitade mil olhares baleiros e dum chei-ro de fumos de murradas molha-das e aterecidas”.

Ágora celta onde se cria a subs-táncia comum falando comida e co-mendo palavra. sorte que ainda so-brevivem algumhas, como “oAraghuaney” de Castelo, em Traço.

ANA QUINTIÁ/ de entre o labor deediçom levado adiante baixo o se-lo demo Editorial, já aí atrás des-tacava-se Os lobos de Moeche, si-tuada justo antes e durante aGrande Guerra irmandinha. Um-ha banda desenhada que conti-nua a sua viagem, numha segun-da ediçom depois de esgotada aprimeira de 2009, polas livrariasdo pais. Acompanhada, agora, deA torre dos Mouros, da autoria deManel Cráneo como a sinaladaanteriormente. Esta pequenaobra procura achegar umha vi-som próxima da que os habitan-tes da altura podiam sentir, da To-rre dos Mouros, umha fortalezasitiada em Carnota que as primei-ras achegas tendem a ubicar “en-tre a antiguidade tardia e o perío-do alto-medieval”.

No caso desta última, a peque-

na Bd, de apenas 16 páginas, écomplemento dum projeto muitomais amplo de intervençom e di-vulgaçom ao redor da Torre dosMouros, levado adiante no veraopassado, que incluia desde a par-ticipaçom de grupos de voluntá-rios na limpeza do jázigo ou visi-tas guiadas a este, até umha sériede conferências na redonda dafortaleza e ateliês para crianças.

Mas, em todo o caso, à margemde vir complementar um outro pro-jeto mais amplo, A torre dos Mou-

ros apresenta umha vontade de di-vulgaçom que se encontra igual-mente em Os lobos de Moeche,

num estilo que procura introduzirnom só a imagem de construçons,vestimentas ou ferramentas de la-brança, mas tamém -apoiado comfrequência no monólogo interior- amentalidade da altura.

Umha mentalidade em que dei-xa pegada funda a ameaça cons-tante da intromissom violenta navida local: no caso da Torre dosMouros, os ataques dos 'lordoma-ni', os vikingos; para os irmaosprotagonistas de Os lobos de Mo-

eche, a arbitrariedade e o abusocom que os senhores feudais e osseus vassalos lembravam amiúdequem era que estava por riba equem por baixo do seu pé.

Apoiado num desenho de tra-ços grandes e sombras mui carre-

gadas de conteúdo, Cráneo pro-cura por aí, pola luita para a so-brevivência contra poderes im-previsíveis e brutais, a empatia.No fim de contas, a luita por um-ha certa 'liberdade', talvez umpouco neutra nos seus conteúdos,mas enfrentada à tirania, nomdeixa de ser umha das linhas re-correntes para filmes, contos oujogos de recriaçom histórica. Eneste senso continua a ser eficazem duas obras que, para além deestarem a (re)abrir um campo nabanda desenhada galega, atuali-zam e tornam acessíveis para to-das as idades os discursos e pers-petivas historiográficas nom de-pendentes -nom coloniais- e cien-tes do papel próprio na constru-çom de imaginários coletivos,autónomos e que ham ser obra epatrimónio coletivo.

- elogio das tabernas fumegantes -

entrelinhas Os lObOs de mOeche / a tOrre dOs mOurOs

GastrOnOmia

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27temPOs livresNovas da GaliZa 15 de julho a 15 de setembro de 2013

que fazer

18.07.2013 / APRESENTAÇOMDE ARCADIA. OS GARDIÁNSDO SECRETO / 20:30 na Li-vraria Cartabón (Rua Urzáiz,125). VIGOCom a presença do autor, Al-berte Blanco Casal. organiza aA.C. o Castro vigo.

18.07.2013 / CHARLA COLÓ-QUIO 'A RESISTÊNCIA DOPOVO CURDO' / 20:30 noC.S. A Revira (Rua GonzaloGallas, 4). PONTE VEDRAorganizam o centro social eMar de lumes - Comité Galegode solidariedade internaciona-lista. Com a intervençom de re-sidentes curdos na Galiza e Pe-pa Baamonde.

18.07.2013 / MONÓLOGO:‘MARX NO SOHO’ / 22:00 naFundaçom Artábria (Travessade Batalhons, 7 - Esteiro).FERROLAdaptaçom do texto de Ho-ward zinn por Pepe sendón.

18 a 20.07.2013 / FESTIVALREVENIDAS / Todo o dia emVila Joám. VILA GARCIA DEAROUÇAAtuam Fermín Muguruza, osdiplomáticos de Monte Alto,Ruxe Ruxe, Martelo, o leo iArremecághona ou A Compa-ñía do Ruído. o programa com-pleto está em http://www.reve-nidas.com/.

19.07.2013 / TEATRO: ‘ELCANTO A LA LUNA’ / 21:00no C.S. Cova Dos Ratos (RuaRomil, 3). VIGOo novo espetáculo de ResiduiTeatro.

19 a 21.07.2013 / FEIRA DO LI-VRO ANARQUISTA / 14:00 às22:00 na Praça de Sam Biei-to. GUARDAApresentaçom de livros, teatroe concertos.

20.07.2013 / VIII FESTIVAL DACHAIRA / Todo o dia na praiada Riboira (Baltar). PASTORIÇABilharda, jogos populares e osconcertos de som do Galpom,zenzar ou skandalo Gz. Maisinformaçom no blogue achain-za.blogspot.com.

20.07.2013 / II ESMORGA PO-PULAR / 18:00 na TravessiaArias de Arvieto, s/n. SÁRRIAFoliada, teatro, cantos de taver-na... Também haverá ceia po-pular. organizam A.C. Peleiri-ños e A.C. Rúa da Música.

20.07.2013 / I FESTIVAL POR-QUE SI / 19:00 no Campo daFeira. FERREIRA DE PAN-TOMPola tarde heverá jogos, cha-ranga e pancetada. À noiteatuam liviao de Marrao e ThePoet's silence.

20.07.2013 / FESTA DO PRO-GRAMA ‘DISIMULEN’ DECUAC FM / 20:00 na SalaMardi Gras (Travessia da To-rre, 8). CORUNHAAtuam das Kapital e volonté.

21.07.2013 / JORNADA DECONFRATERNIZAÇOM /12:00 no C.S. Gomes Gaioso(Rua Marconi, 9 - Monte Alto).CORUNHAinclui sessom vermute e pique-nique no campo ao pé da Torrede Hércules.

22.07.2013 / FESTA DA CUL-TURA E A TRADIÇOM / 13:00no Souto da Carroza. FOL-GOSO DO COURELinclui umha carreira de carrila-nas, jogos tradicionais, um jan-

tar e música. organiza a A.C.A Coroa.

23.06.2013 / MERCADO ‘EN-TRE LUSCO E FUSCO’ /19:00 no Parque de Belvis.COMPOSTELATodas as terças-feiras. inclui‘Espaço de Troca’ de diferentesobjetos, roupa, etc.

24.07.2013 / VIII FESTIVALARREAOCABO / 21:30 na es-planada de Lavandeiras (Ce-leiro). VIVEIROorganiza o Coletivo Chilindrín;atuam Miguel Costas, Terbuta-lina, The lákazans, sundayMorning Club e Factory.

26 e 27.07.2013 / FESTIVALANTROSPINOS / À tarde em

Taragonha. RIANJOEntre outros grupos estarámla Troba Kung-Fu, FamiliaCaamagno, la Gran orquestaRepublicana ou oito nun Piso.inclui atividades de tarde comoa ‘Matraquillada’, umha procis-som em tratores.

27.07.2013 / IV FESTIVAL IN-DEPENDENTE DE CHANTA-DA / 16:00 na Casa da Músi-ca / 20:00 no Jardim do Casi-no / 03:00 no Pub Times.CHANTADAAtuam Rafa Anido, Estrambo-te, Camarada Nimoy ou Manode obra. Mais informaçom emhttp://fich2013.wordpress.com/.

27.07.2013 / CHARROS INGUARDA / 19:00 na Discote-

ca Malizzia (Rua Brasil).GUARDAConcerto solidário com o espa-ço autogerido 13 Monos, de sa-lamanca. Atuam várias bandasque ensaiam nesse espaço.

02 e 03.08.2013 / X CASTELOROCK / 20:15 na Praia doCastelo. MUROSConcertos de Banda Fura Fura,lehendakaris Muertos ou zën-zar. Mais informaçom emhttp://www.castelorock.com/.

02 e 03.08.2013 / FESTIVAL‘SON RÍAS BAIXAS’ / Todo odia no Recinto Multiusos daEstacada (Rua Pazos Fonten-la - Jardins de Urbano Lu-grís). BUEUorganiza Troula na Banda.Atuaçons de los Enemigos,Talco ou The Toy dolls. Maisinformaçom no sitehttp://www.sonriasbaixas.info/.

03.08.2013 / XXX FESTA DACARVALHEIRA / ZASMais informaçom no sitehttp://www.festadacarballeira.com/.

02 a 04.08.2013 / FESTIVALDE PARDINHAS / Todo o diaem Pardinhas. GUITIRIZinclui a XX Mostra de instru-mentos de Música Tradicional,gastronomia, cantos de taver-na, artesanato... e os concertosde Coanhadeira, os Minhotos,skarallaos ou dios Ke Te Crew,entre outros. Mais informaçomem http://www.xermolos.org.

08.08.2013 / CLUBE DE LEI-TURA / 19:30 no Ateneu Fe-rrolano (Rua Madalena, 202-204). FERROLTodas as primeiras terças fei-ras de mês.

10.08.2013 / FESTIVAL PON-TE LOUCO / CASTRO CAL-DELASAtuam liviao de Marrao, Cu-chufellos e la Banda de Andre-lo. Mais informaçom no bloguepontelouco.blogspot.com.

10.08.2013 / FESTIVAL 27373/ Todo o dia nas instalaçonsdo Clube Fluvial. BEGONTEo programa poderá ser consul-tado neste blogue http://festi-val27373.wordpress.com/.

14.08.2013 / FESTIVAL ASNOSAS MÚSICAS / Desde atarde em Couso. ESTRADAorganiza Asociación Xuvenil AXesteria. Atuam, entre outros,zurrumalla. o programa com-pleto está em http://www.asno-sasmusicas.org/.

homenagem às vítimas do franquismo efestival sinsal permitem visitar sam simomA ilha de sam simom vai estaraberta ao público durante dousfins de semana de julho.no domingo 21 de julho as asso-ciaçons galegas para a recupera-çom da memória histórica organi-zam umha ‘homenagem às víti-mas do franquismo’ nesta ilha quea ditadura converteu em campode concentraçom. o ato central

será às 12:00; para chegar a samsimom haverá três saídas em bar-co desde o porto de Cesantes: as11:15, 11:40 e 12:00. para re-servar lugar pode-se escrever àComissom para a recuperaçomda Memória histórica da Corunha:[email protected] fim de semana seguinte sinsa-laudio celebra o festival sinsal,

com a particularidade de contarcom um programa surpresa comsete atuaçons principais em dife-rentes pontos da ilha. o programapara o sábado 27 e para o domin-go 28 de julho repete-se. há maisinformaçom sobre barcos, reser-vas, e dicas para adivinhar os gru-pos que vam atuar no sitehttp://sinsalaudio.es/.

7ª marcha contra reganosao Comité Cidadao de emergên-cia para a ria de ferrol convocaa 7ª Marcha de ferrol a Mugar-dos com o lema “feche já!”, paraexigir a clausura da planta deGas de reganosa na ria. denun-ciam o seu perigo e a “ilegalidadeda súa situaçom”, confirmada

polo tribunal supremo.A marcha vai sair às 17:00 doparque Carmelo teixeiro (Caran-ça, ferrol) para chegar às 21:00ao Campo dos Carneiros, em Mu-gardos. o Comité anuncia quevai receber a caminhada commúsica e umha merenda.

A Associaçom de vizinhos e vi-zinhas de postemirom organizaa i romaria de produtos doCampo o dia 20 de julho. o en-contro começa às 11:00 na pa-róquia de vilaboa e conta comdiferentes atividades, entre elasum curso de cultivo de cogume-los (no local social desde as17:00). também haverá umjantar, música, ateliês, feira, vi-sitas guiadas, charlas... Maisinformaçom em [email protected].

romaria deprodutos doCampo

em POstemirOm

nO mês de julhO

de ferrOl a muGardOs

ENVIA CONVOCATÓRIAS aocorreio [email protected] do dia 12 de cada mês.

Anuncia os teus atosno NOVAS DA GALIZA.

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Novas da Gali a Apartado 39 (15701) CoMpostelA tel. 692 060 607 [email protected]

Em que momento decides estu-

dar filologia galega?

sempre tivem interesse pola Galizae polo galego, nom sei dizer o por-quê, penso que simples intuiçom.Matriculei-me em filologia catalá eem segundo ano escolhim línguagalega 1 e 2 , pouco a pouco fumgostando. Em dezembro desse anovim à Galiza pola primeira vez e jánom deixei de vir, também comeceia implicar-me na imprensa galegada Catalunha, ao acabar o curso játinha feitas muitas cadeiras de ga-lego assim que decidim continuare estudar filologia galega. Foi um-ha mui boa opçom, se tivesse feitocaso à gente que me dizia que estu-dasse outra língua “mais útil” nomteria sido tam feliz.

Quando chegas à Galiza falando

galego e descobres todos os pre-

juízos ao redor da nossa língua,

cousa que nom acontece com o

catalám em Catalunha, qual é a

tua atitude?

Agora levo 12 anos aqui e já estouafeito, lembro que a primeira vezque fum à universidade para matri-cular-me alucinei quando me res-pondêrom: “que gracioso! hablasgallego”, também alucinei coa típi-ca paisana que di que estudar umhacadeira de galego está mui bem,mas umha carreira é muito! os pre-juízos nom deixam de ser agres-sons e agora já estou mui prepara-do para responder a elas, trato dedeseologizar o facto da minha es-colha linguística e quando me per-guntam porque falo galego sendocatalám, contesto que porque somde aqui, se insistem dizendo que hámuita gente de aqui que nom o fala,digo que eu nom me quero manterna ignoráncia. Emprego a receitadum linguista catalám, Joan solar,que dizia que há que ser educada-mente intransigente. som cons-ciente de que falando galego aquisem ser galego estou a fazer um atode justiça porque contribuo a rever-ter umha situaçom de mal trato his-tórico com umha língua e com to-das as pessoas que deixárom de fa-lá-la porque se exerceu violênciacontra elas.

Muitos aqui conformam-se di-

zendo que o galego é a língua

minorizada do estado que mais

se fala. Como vês a situaçom do

galego?

Para começar ponho em dúvidaeste dado, porque se isto é certonom conheço o país, e creio quesim o conheço. Há que empregaroutro tipo de critérios para falarde saúde dumha língua. o proble-ma mais grave do galego é que es-tá a ser interrompida a transmis-som intergeracional. Na Galiza hámilheiros de pais que sendo o ga-lego a sua língua, deixam detransmiti-la às suas crianças. istoé dramático e fala do futuro dum-ha língua. Na Catalunha (estou afalar do Principat) ninguém aban-donou a sua língua e quando ol-has a umha mae falando castelha-no com o seu filho é porque é defora e leva pouco tempo ali. A me-tade da populaçom catalana vemde fora. o que importa nom é queumha pessoa fale com os seus paísem castelhano, o que garante o fu-turo da língua é que fale com osseus filhos em catalám, e nós essabatalha ganhamo-la.

Falando de batalhas, na língua

galega há outra. a da norma. Co-

mo te posicionas: ilga ou agal?

o que temos que assumir é que to-

das estamos na mesma luita, queé a defesa do galego. Nom sei paraque lado se resolverá finalmentemas penso que vamos para a con-vivência normativa (outra cousasom os critérios editoriais ou ins-titucionais). Penso que a tendên-cia é caminhar para umha coexis-tência das duas normas e é um ab-surdo nom fazê-lo assim porquefalamos dumha questom de su-pervivência. A discussom sobre anormativa nom nos tem que des-pistar do mais importante, que ésituaçom crítica do galego. o rein-tegracionismo merece o meu res-peito mais absoluto e admiro pro-fundamente essas pessoas quenom recebêrom nunca um pesodas instituiçons. se algo tenhoque criticar é que por vezes somabandonadas formas próprias dogalego em favor da unidade do ga-lego-português. Há que aceitarcomo pertencentes ao portuguêsformas que som próprias da Gali-za tanto na morfologia como noléxico, compre adaptá-las ortogra-ficamente, mas nom prescindirdelas porque se nom som usadasaqui nom vam ser usadas em nen-gumha parte.

Como lhe explicarias a um cata-

lám como é a Galiza?

A Galiza é umha cousa diferente e

é preciso achegar-se a ela supe-rando todos os prejuízos que ten-hem os cataláns (que é Espanha,que os galegos som do PP…). Epenso que neste sentido a Cata-lunha tem umha dívida históricacom a Galiza. informativamentenunca se fala dela a nom ser quehaja umha catástrofe ou eleiçons(porque coincidem com as bascase por ficar bem), no entanto aqui,para bem ou para mal, sabe-se daCatalunha. Quando A Nosa Terraainda se podia ler, sempre haviaalgumha mençom a Catalunha,embora a imprensa catalana na-cionalista sempre marginasse àGaliza. o que ocasiona um grandedesconhecimento para a povoa-çom, de facto, conhecer a Galiza amim ajudou-me para entendermelhor o País valenciá. Na casadiziam-me: para que vás à Galizase som todos uns fachas? e umhavez moras aqui reparas em quenom todo é tam simples, que as di-námicas aqui som mais comple-xas. o que sim é certo é que os ca-taláns olham a Galiza como umpaís, ainda que o vem com um cer-to paternalismo como se fosse umpaís de segunda: mas podo dizerque o termo charnego nunca seempregou para um galego na Ca-talunha. Aliás, há umha riquezacultural popular que no Principat

nom temos, sim em Maiorca, queé a música tradicional e o convíviointergeracional. os cataláns quan-do olham umha foliada morremde inveja.

E os galegos também temos pre-

conceitos sobre Catalunha?

Também. No nacionalismo pensa-se que a língua já foi conquistadae nom é certo. A minha estrategiaaqui é falar da situaçom do cata-lám fora do Principat. Na franjanom é oficial, nas ilhas o PPaprendeu do PP galego que a suavez aprendeu do valenciano e estáa reverter todo o que se conseguiunos últimos 30 anos, no País va-lenciano milheiros de estudantesficam sem estudar catalám…Emtemas da língua catalana eu sem-pre contradigo três tópicos: nem ocatalám está salvado, nem é a lín-gua da burguesia (porque é de to-da a sociedade, é transversal) eCatalunha nom é umha sociedadebilingue, em Barcelona falam-se250 línguas.

Como olhas de aqui o momento

doce que está a viver o indepen-

dentismo na Catalunha?

Penso que nom está todo feito,tenho a sensaçom de ter um bis-coito no forno e de que há muitapresa por sacá-lo e se o sacas muirápido, desinfla-se. o indepen-dentismo agora mesmo, polas ra-zons que sejam, é umha opçomtransversal a toda a sociedade e émaioritária. Mas já nom está liga-do à esquerda. Cousa que na Ga-liza sim. Na Catalunha pareceque é prioritário ser livres e de-pois já vernos que fazemos, é algomui atrativo porque se tem a ilu-som de poder construir um paísnovo e aqui entramos todos, nomse olha para atrás porque há umprojeto de futuro. É umha diferen-ça com a Galiza, onde o naciona-lismo sempre olha para o passadoe é invocada a literatura medie-val, Rosalia ou Castelao. Galizaolha para atrás para construir oseu presente, enquanto Catalun-ha olha o presente para construiro seu futuro.

“Como catalám falo galego para contribuir areverter umha situaçom de maltrato histórico”

MARIA ÁLVARES / Eduard bem pode ser definido como um catalám na Galizaou como um galego na Catalunha. Um binómio que mantém desde que estu-dou filologia galega e que o trouxo ao nosso país já há doze anos. Trabalhouno ILG como tradutor (traduziu a conhecida Pá Negre para o galego, entresoutras novelas) e como professor de galego e catalám. O seu próximo destino

é Lisboa onde dará aulas de estudos Cataláns na Universidade. Tender pon-tes entre o seu país de origem e o de adoçom é umha das suas obsessonsplasmadas no blogue Da Galiza à Catalunha e da Catalunha à Galiza. Na horade escolher fica com os dous paises, mas aqui tem saudades da qualidade equantidade dos meios em catalám e ali da festa e da cultura galegas.

eduard del castillO velascO, PrOfessOr de línGuas e tradutOr