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Kalango#21 1 Kalango Kalango #21 - Ano V - fevereiro de 2015 MEDO

Kalango 21

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A Revista Kalango edição 21 discute o Medo, por meio de artigos, poesias e imagens, além de falar de arte e política.

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    KalangoKalango#21 - Ano V - fevereiro de 2015

    MEDO

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    Revista Kalango. Edio #21. ANO V. Fevereiro de 2015. Editor: Osni Tadeu Dias MTb21.511. A Kalango uma publicao independente, no tem vnculos polticos, econmicos, nem religiosos. A Kalango est no ar desde 2010. Quer anunciar? Quer ser colaborador? Ajude uma mdia independente. Escreva para [email protected] ou [email protected] Site: www. revistakalango.com.brConcluda em 28 de fevereiro de 2015.

    5 Editorial6 Vivemos uma cultura do medo - Por Osni Dias8 O bem comum foi enviado ao limbo - Por Leonardo Boff9 Desafios da individualidade - Por Sonia Mara Ruiz Brown10 O fim da desesperana - Por Maurcio Andrade11 Doura - Por Paulo Netho12 Abra os olhos - Por Delta913 O medo. Por Elizeu Silva13 Nossas fobias. Por Paulo Hds14 O dia em que Gil frustrou a molecada da vila. Por Marcelino Lima15 Imagem: Janela por Alline Nakamura16 Qual o seu medo?26 Msica - Ktia Teixeira. Por Marcelino Lima28 Como vencer seus medos32 Religio nosso lao com o divino - Por Carol Fernanda Pinheiro33 Homem ainda um ser selvagem - Por Luca Gomez34 O medo o pai da coragem. Por Paulo Hds36 Terror extremo em curta australiano. Por Yerko Herrera37 Joo Lino e o real. Por Felipe Tomei Toniato38 Uma homenagem aos que fazem o cotidiano de Atibaia39 O jornalismo brasileiro um cadver em estado de putrefao. Por Marcelo Rio42 Peru - um pas de tirar o flego. Por Luis Pires

    Boa viagem!

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    A edio #21 da sua revista Kalango quer discutir o medo. Segundo Barry Glassner, professor da Universidade da Califrnia, vivemos hoje a cultura do medo. com o aumento da nossa percepo do perigo. A mdia, a ser-vio das grandes corporaes, enfa-tizam a violncia, adulterando pes-quisas, nmeros e dados estatsticos. Enquanto isso, a populao correm para os supermercados em busca da cerveja mais gelada, voam para os grandes magazines procura do ce-lular mais moderno e da concessio-nria a fim de comprar mais o mais novo lanamento da Hyundai. Segun-do Eliane Brum, busca-se algo com o que se identificar e onde aliviar o mal estar constante que, dia a dia, mina o encanto pela vida e pela existn-cia. Nessa neurose contempornea, os personagens da fico tm mais carne que ns, precisamos deles para nos lembrar de quem somos, diz ela. Assim, ao contrrio de inspirar, a arte virou rota de fuga existencial. Por isso, ela prope a urgncia da antiautoaju-da e do enfrentamento do mal estar no sentido de impacto com a realida-de. Ns, da Kalango, tambm quere-mos bradar contra a autoajuda e os mecanismos de entorpecimento que fazem dos seres humanos autmatos e massa de manobra da mdia, das potncias capitalistas e da religio, tornando-os cegos, surdos e mudos, num instante em que o planeta passa por um dos momentos mais frgeis e exige uma tomada de conscincia co-letiva. Boa leitura! Osni Dias Guarani

    EditorialKalango #21 Fevereiro de 2015

    NESTOR LAMPROS

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    o que diz o escritor Barry Glassner, da Uni-versidade da Califrnia. Ele defende que a nossa percepo do perigo que tem aumen-tado e no o nvel real de risco. Pessoas e organizaes manipulam nossas percepes e lucram com os medos coletivos, diz ele. Se-gundo o autor, a cultura do medo fabricada por alarmistas. Seus protagonistas? A mdia, a imprensa escrita, jornalistas, grupos ativis-tas, empresrios, a religio, oa polticos e etc. Estes enfatizam a violncia, adulterando n-meros, dados estatsticos, dominando o no-ticirio e aproveitando-se das limitaes das pessoas para vender o pnico como produto. Na mesma linha, o socilogo polons Zygmunt Bauman aponta que vivemos numa socieda-de lquida que, como tal, vive o medo lqui-do. Para ele, h trs formas do medo afligir as pessoas em nossa sociedade: pelo medo de no conseguir garantir o futuro, de no con-seguir trabalhar ou ter qualquer tipo de sus-tento; pelo medo de no conseguir se fixar na estrutura social e cair para posies vulner-veis e, em terceiro lugar, o medo em torno da integridade fsica. Este ltimo, o medo deri-vado, termo emprestado de Bourdieu e que, ao contrrio do medo primrio, um medo inculcado socialmente. O medo primrio se trata do medo da morte na sua forma mais pura: o medo de levar um tiro quando se est na guerra; j o medo secundrio aque-le que nos obriga a seguir pelo caminho mais longo para no passarmos por uma favela. A liquidez moderna resulta em uma infinidade

    de experincias secundrias da morte e de excluso. O papel da mdia, nesse contexto, se mostra importantssimo por ser aquilo que espalha o medo. O medo no mais o que se escuta nos contos de fada, com as tpicas can-es ouvidas pelas crianas desde pequenas, como a cuca vem pegar ou o boi da cara preta. Ele visto cotidianamente pela televi-so, nos jornais e nos smartphones. Estudos cientficos abordam essa contribuio da m-dia para o processo de difuso do medo e da criao de um ambiente de presso popular por mais rigor nas penas e pela ampliao da interveno do direito punitivo. Assim, o Es-tado faz com que as leis sejam respeitadas por meio do medo, evitando assim a morte violenta, lembrando o pensamento de Tho-mas Hobbes. Livre, o homem s pode romper o pacto social caso sua segurana seja ame-aada, para poder defender sua vida, que um direito inalienvel e intransfervel. Sendo assim, eu pergunto a voc, prezado leitor: no mundo em que vivemos, voc se sente segu-ro? Quais so seus medos?

    Osni Dias Guarani

    medo

    me.do

    () sm (lat metu) 1 Perturbao resultante da ideia de um perigo

    real ou aparente ou da presena de alguma coisa estranha ou

    perigosa; pavor, susto, terror. 2

    Apreenso. 3 Receio de ofender, de causar algum mal, de ser

    desagradvel. sm pl Gestos ou visagens que causam susto.

    Vivemos uma cultura do medo

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    Por Leonardo Boff*

    O bem comum foi enviado ao limbo

    As atuais discusses polticas no Brasil em meio a uma ameaadora crise hdrica e energtica se perdem nos interes-ses particulares de cada partido. H uma tentativa articulada pelos grupos dominantes, por detrs dos quais se escondem grandes corpo-raes nacionais e multinacionais, a midia corporativa e, seguramente, a atuao do servios de segurana do Imprio norte-americano, de desestabilizar o novo governo de Dilma Rousseff. No se trata ape-nas de uma feroz critica s polticas oficiais mas h algo mais profundo em ao: a vontade de desmontar e, se possvel, liquidar o PT que representa os intersses das popu-laes que historicamente sempre foram marginalizadas. Custa muito s elites conservadores aceitarem o novo sujeito histrico o povo or-ganizado e sua expresso partidria pois se sentem ameaadas em seus privilgios. Como so notoria-mente egoistas e nunca pensaram no bem comum, se empenham em tirar da cena essa fora social e poltica que poder mudar irrever-sivelmente o destino do Brasil.

    Estamos esquecendo que a es-sncia da poltica a busca comum do bem comum. Um dos efeitos mais avassaladaores do capitalis-mo globalizado e de sua ideologia, o neo-liberalismo, a demolio da noo de bem comum ou de bem-estar social. Sabemos que as sociedades civilizadas se constroem

    sobre trs pilastras fundamentais: a participao (cidadania), a coo-perao societria e respeito aos direitos humanos. Juntas criam o bem comum. Mas este foi enviado ao limbo da preocupao poltica. Em seu lugar, entraram as noes de rentabilidade, de flexibilizao, de adaptao e de competividade. A liberdade do cidado substi-tuida pela liberdade das foras do mercado, o bem comum, pelo bem particular e a cooperao, pela competio.

    A participao, a cooperao e os direitos asseguravam a existn-cia de cada pessoa com dignidade. Negados esses valores, a existncia de cada um no est mais social-mente garantida nem seus direitos afianados. Logo, cada um se sente constrangido o garantir o seu: o seu emprego, o seu salrio, o seu carro, a sua famlia. Impera o individualis-mo, o maior inimigo da convivncia social. Ningum levado, portan-to, a construir algo em comum. A nica coisa em comum que resta, a guerra de todos contra todos em vista da sobrevivncia individual.

    Neste contexto, quem vai implementar o bem comum do planeta Terra? Em recente artigo da revista Science (15/01/2015) 18 cientistas elencaram os nove limites planetrios (Planetary Bounderies), quatro dos quais j ultrapassados: o clima, ia ntegri-dade da biosfera, o uso da solo, os fluxos biogeoqumicos( fsforo e nitrognio). Os outros encontram--se em avanado grau de eroso. S a ultrapassagem desses quatro,

    PALAVRA

    pode tornar a Terra menos hospi-taleira para milhes de pessoas e para a biodiversidade. Que organis-mo mundial est enfrentando essa situao que detri o bem comum planetrio?

    Quem cuidar do interesse geral de mais de sete bilhes de pessoas? O neoliberalismo surdo, cego e mudo a esta questo funda-mental como o tem repetido como um ritornello o Papa Francisco. Se-ria contraditrio suscitar o tema do bem comum, pois o neoliberalismo defende concepes polticas e so-ciais diretamente opostas ao bem comum. Seu propsito bsico : o mercado tem que ganhar e a socie-dade deve perder. Pois o merca-do que vai regular e resolver tudo. Se assim por que vamos construir coisas em comum? Deslegitimou--se o bem-estar social.

    Ocorre, entretanto, que o crescente empobrecimen-to mundial resulta das lgicas excludentes e predadoras da atual globalizao competitiva, liberalizadora, desregulamentora e privatizadora. Quanto mais se privatiza mais se legitima o inte-resse particular em detrimento do interesse geral. Como mostrou em seu livro Thomas Piketty, O Capitalismo no sculo XXI quanto mais se privatiza, mais crescem as desigualdades. o triunfo do killer capitalismo. Quanto de perversidade social e de barbrie aguenta o esprito? A Grcia veio mostrar que no aguenta mais. Recusa-se a aceitar do diktat dos mercados, no caso, hegemoniza-

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    dos pela Alemanha de Merkel e pela Frana de Hollande.

    Resumindo: que o bem comum? No plano infra-estrutural o acesso justo de todos alimentao, sade, moradia, energia, segurana e cul-tura. No plano social e cultural o reco-nhecimento, o respeito e a convivncia pacfica. Pelo fato de sob a globalizao competitiva foi desmantelado, o bem comum deve agora ser reconstrudo. Para isso, importa dar hegemonia cooperao e no competio. Sem essa mudana, dificilmente se manter a comunidade humana unida e com um futuro bom.

    Ora, essa reconstruo constitui o ncleo do projeto poltico do PT origi-nrio e de seus afins ideolgicos. En-trou pela porta certa: Fome Zero depois transformada em vrias polticas pbli-cas de cunho popular. Tentou colocar um fundamento seguro: a repactuao social a partir dos valores da coopera-o e a boa-vontade de todos. Mas o efeito foi fraco, dada a nossa tradio individualista a patrimonialista.

    Mas no fundo vigora esta convic-o humanstica de base: no h futu-ro a longo prazo para uma sociedade fundada sobre a falta de justia, de igualdade, de fraternidade, de res-peito aos direitos bsicos, de cuidado pelos bens naturais e de cooperao. Ela nega o anseio mais originrio do ser humano desde que emergiu na evoluo, milhes de anos atrs. Quer queiramos ou no, mesmo admitindo erros e corrupo, o melhor do PT arti-culou e articula esse anseio ancestral. a partir da que pode se resgatar, se renovar e alimentar sua fora convo-catria. Se no for o PT sero outros atores em outros tempos que o faro.

    Cooperao se refora com coope-rao que devemos oferecer incondi-cionalmente.Sem isso viveremos numa sociedade que perdeu sua altura huma-na e regride ao regime dos chimpanzs.

    Leonardo Boff colunista do JBonline, telogo, filaofo e escritor.

    www.leonardoboff.wordpress.com

    Sonia Mara Ruiz Brown

    Na vida, constantemente, somos desafiados a novas conquistas e, porque somos personalidades nicas, um amlgama de diferentes genes, culturas, contexto histrico respondemos s provocaes de acordo com nossa constituio.

    Existem os que negam os desafios. Acomodados no seu conformismo auto-indulgente, no seu egosmo, permanecem como esto. So os que Pessoa denominou, na sua magistral obra Mensagem, Cadver adiado que procria, pois Vive porque a vida dura. /Nada na alma lhe diz/ Mais que a lio da raiz-/ Ter por vida a sepultura.

    Encontramos tambm os que traam grandes desafios para toda a existncia. Josef Holzner, por exemplo, dedicou toda a sua vida adulta ao estudo da herana deixada pelo apstolo Paulo. Holzner Viveu para sua obra prima, a biografia Paulo Tarso. Chico Mendes outra personalidade que dedicou sua fora defesa do meio ambiente, divulgando tcnicas de preveno a fim de impedir o desmatamento da Amaznia e denunciando os que insistiam na destruio da mata. Madre Tereza de Calcut pode ser lembrada pela fora de sua f, trazendo esperana, alvio dos menos favorecidos.

    Entre os que buscam frequentemente responder aos desafios quase que dirios ainda possvel distingui-los. H os que possuem como foco o ter. Sempre perseguem algo novo a adquirir numa nsia intensa, mas que se esgota rapidamente. Assim que o objeto dos sonhos conquistado, logo substitudo por outra expectativa ainda mais brilhante, suntuosa. Para esse no h pacificao. Por outro lado, destacam-se os que almejam alcanar amigos, a cura, a diminuio dos males sociais, o incentivo dos decepcionados, cultura, santificao...

    Superar desafios nos d um senso de propsito, preenche os abismos de tdio e de insignificncia, fazendo da vida uma trajetria mais significativa, se no para a humanidade, para ns mesmos.

    * Sonia Mara Ruiz Brown doutora em Lngua Portuguesa/USP.

    Desafios daindividualidade

    CHICO MENDES - Sergio Michilini, 1990

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    O fim da desesperanaPor Maurcio Andrade

    PALAVRA

    Do homem, podem lhe tirar o teto e ele encontrar novamente um abrigo, ao esforar-se para isso, podem lhe tirar o alimento, e ainda que mendigando ele se alimentar porque existem mos caridosas, podem lhe tirar o dinheiro, bens, podem at tentar tirar sua dignidade e em algum momento o homem perceber que as convenes no so maiores que a prpria vida, mas do homem no se pode tirar a esperana, pois sem esperana, ningum se levanta outra vez.

    Hoje nossa esperana pode ser chamada tambm de gua, matas, natureza, me terra. Enquanto os poderes polticos, a intolerncia religiosa atravs do fundamentalismo, o desrespeito gerado por ideologias vazias, os modismos cibernticos e sexuais, o culto ao corpo como tambm a banalizao do corpo, se tornam os deuses, que substituem a verdadeira divindade, que a prpria vida, a esperana vai se consumindo, sendo paulatinamente tirada do ente humano que vive na hipnose, no torpor e no magnetismo do pensamento e informao viral.

    O que se consome no mais alimento, mas conceitos, sabores artificiais do um dia foi saudvel e hoje uma nova alergia, uma endemia no processada pelo organismo coletivo, mas reciclada minuto a minuto pela energia vital dos jovens que so em parte o alimento, como no filme Matrix, que fornecem a energia ao sistema. A esperana que antes, se associava a f, transformada em viva o momento sem remorso e se mais uma rvore caiu no Amazonas ou as reservas de gua potvel esto acabando no mundo,

    vamos fazer uma passeata enquanto a matria prima de nossos produtos existirem. Ou seja, exigir a liberdade via o que o sistema produziu pode, ser livre e opinar sobre a falsa liberdade criada para criar novas marcas, rtulos e grupos no pode.

    O jogo de paradoxos para que no se tenha esperana, para que no conservemos nossas matas, usemos corretamente nossos recursos hdricos, alimentares, para que tenhamos modelos positivos de tecnologia ou mesmo do conceito de famlia, que est desaparecendo, cada vez mais se transforma numa fora consciente que usa a falta de perspectiva humana como fonte para que sejamos apenas

    mais um recurso disposio, e vivamos nos conformismos para que

    o verdadeiro significado da vida no tome lugar em nossas escolhas.

    O medo do fim de nossos recursos fim

    da esperana, se nos tiram a esperana nos tiram a vida, ento vivemos nos anestesiando com as facilidades para no termos de escolher, pensar, responsabilizar-nos pela parte que cabe a cada um de ns neste sculo do terceiro milnio.

    Mas a cada dia que as flores ainda nascem, a cada instante em que o sorriso das crianas no corrompidas pelas estratgias de marketing, continua puro, imaculado, cada vez em que em meio aos grandes centros urbanos ainda h pssaros cantando, parece que um recado nos est sendo dado; -no desista- A esperana no pode ser tirada de quem ama essas coisas, de quem sabe que no a poltica que ir salvar a humanidade e o homem, mas o homem renascido da experincia de

    O medo do fim de nossos recursos fim da esperana, se nos

    tiram a esperana nos tiram a vida,

    ento vivemos nos anestesiando...

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    Mundana palavra mundo de Drummond, de Quintana, at chegar a mim. Mundo vasto mundo. Vasto o pasto. Casto, casto mundo que do verde

    abacate azulei a minha vida. A minha vida azulada, xadrezinho, lils e alcatraz (...) E o mundo muito

    mais que mquidonaldes, xis saladas e anatomia do medo. Os mundos nascem a todo instante. Do brado

    mais forte, do gesto mais nobre. E da palavra que se perdeu, um dia criou-se a necessidade de t-la

    novamente no apenas como smbolo, mas algo vivo e transparente. Criou-se o apelo pela vida. A vida

    criou a frao milagrosa da emoo.

    (Trecho do poema Doura)

    DouraPor Paulo Netho*

    desapego e forjado no humanitarismo sincero. A f que a substncia das coisas impossveis, e que mesmo incompreendida j demonstrou realizar o impossvel, associada esperana ativa, que a esperana dos que plantam aes sinceras e fundamentadas no que bom para todos, uma fora ativa na qual podemos confiar, e que evidentemente uma soluo ao medo do fim daquilo que se tem destrudo.

    Mas esperana no vem do nada, embora seja necessrio o abandono das ideias de vitria sobre isso ou aquilo e abandonar-se a essa fora sem vacilo. H paz quando h esperana, e a paz mais do que uma palavra ou acordo. No caminho da esperana ativa necessria a educao para a paz, uma educao irrestrita do significado mais profundo tanto nas aes, quanto na experincia de paz mais sublime quanto origem do que vem a ser Paz. A educao para a paz em um sentido mais amplo significa tambm ao em um sentido mais profundo com todas as coisas que trazem esperana. Conscientizao ativa e no somente em termos sociais, poltico ou religiosos, mas conscientizao ativa na prtica diria do bem, pois, as pessoas de esperana, os pacificadores no tem tempo para passeata,

    parece paradoxal, mas a transformao vem pela mudana de padro e no pela repetio do mesmo.

    Em um sentido mais profundo, somos as prprias guas, h um ciclo de ligao entre todas elas na terra e no cu, assim como em nosso corpo. Se as guas esto escassas ou turvas dentro de ns tambm h escassez de bondade e turvamento da conscincia, como os elementos da terra e das matas. Ns somos o elemento que precisa ser pacificado pela esperana ativa. Somos ns quem devemos dosar o consumo do que nos oferecem. Nossa natureza sempre foi de colaborao, do contrrio a humanidade j estaria extinta, ento colaborarmos com a natureza tambm sermos promotores da paz, mensageiros de esperana e pacificadores audazes. Isso tudo parece muito bonito apenas, mas por isso que ainda estamos aqui. Ningum pode nos tirar a esperana enquanto encarnarmos sua natureza mais elevada que do amor ao prximo e a todas as coisas. Termos esperana e transformar o mundo uma escolha, mesmo que digam o contrrio.

    Com amor e bnos, Mauricio Andrade.

  • 12 Kalango#21

    Por Delta9*

    Abra os olhosBRISA

    Voc conhece a palavra medo?

    Em portugus uma palavrinha de quatro letras, como Deus.Mas Deus no uma palavrinha de quatro letras.Voc conhece a palavra? Deus?

    Mas voc conhece a palavra medo, por que uma palavrinha de quatro letras.Nenhuma delas se repete: M-E-D-O. E se equilibram da seguinte forma: so duas consoantes e duas vogais. Sem as vogais fivam as letras M-D ou D-M.Do lado contrrio ela quase parece o nome de um deus nrdico.

    M-E-D-OO-D-E-MM-O-D-ED-E-M-OD-O-E-M

    Ai! No d para brincar muito com a palavra medo. perigoso brincar com as palavras. Tem que ter coragem; tem que ser valente.

    Voc sabe o que a palavra medo representa? Um sentimento, uma sensao com valor agregado.Todas as pessoas tem valor e todas tem medo.As pessoas de grande valor sabem controlar e dominar o medo.As pessoas de pequeno valor, no.Damos grande valor ao medo. Quanto mais o valorizamos, ainda mais nos desvaloramos.

    Voc conhece a palavra valor? E a palavra preo? Elas parecem iguais porque ambas tm cinco letras. Voc conhece o significado delas? Voc tem valor ou tem preo?

    perigoso brincar com as palavras. Tem que ter bagagem; tem que ser silente.O medo um no querer saber, um no querer fazer, um no querer viver; s que de forma diferente. um no querer poder ser. uma palavra que amontoa os verbos e os enrosca. Ele substantiva o adjetivo desqualificando-os. um grito mudo, um descortinar de cores aonde no h luz.Abra os olhos.

    curioso brincar com as palavras. s vezes uma viagem que assusta a gente.

    * Delta9 extraterrestre, publicitrio e atua no Judicirio.

    Trilha: https://www.youtube.com/watch?v=vs6clRn69m8

  • Kalango#21 13

    O medo. Medo em sociedade. Medo da violncia, da polcia, da cidade. Medo de ter medo.Voc tem medo de qu? Medo de humanidade.

    O medo. Medo da liberdade. Medo do pensamento, de afirmar sua identidade. Medo de ser humano.Voc tem medo de qu? Medo de humanidade.

    O medo. Medo da opinio. Medo da diferena; de discordar do seu irmo. Medo de expresso.Voc tem medo de qu? Medo de humanidade.

    O medo. Medo da censura. Medo da loucura, dizer o que pensa, pensar o que sente. Medo de ser diferente.Voc tem medo de qu?Medo de humanidade.

    O medo. Medo da verdade. Satyagraha que corta, destri a calma, sacode a alma. Sinceridade d medo.Voc tem medo de qu?Medo de humanidade.

    Voc tem medo de qu?Voc tem medo de voc.

    Zeu*

    O medo Nossas fobiasPor Paulo Hds

    Averso, medo, hor-ror, repug-nncia e pa-vor so sinnimos de fobia. Phbos em grego, pho-bie em francs. Inmeras defini-es. Incontveis tipologias. Algu-mas bem pecu-liares, tanto que existe at um dicionrio sobre elas. Que ver? Confira.

    Talvez o caro leitor j tenha ouvido falar em Aeronausifobia, medo de vomitar quando viaja de avio; Balistofobia, medo de msseis; Catoptrofobia, medo de espelhos; Dipsofobia, medo de beber; Ergofobia, medo do trabalho; Filosofobia, medo de filosofia; ou Gamofobia, medo de casar.

    Quem sabe, conhea He-xacosioihexecontahexafobia, medo do nmero 666; Ideo-fobia, medo de ideias; ou Kat-saridafobia, medo de baratas. Entretando, Logizomecanofobia medo de computadores du-vido que seja aplicvel a ns.

    E sobre Microfobia, medo de coisas pequenas; e Nudo-fobia, medo de nudez, alguma i n fo r m a -o? Ainda temos Oc-tofobia, medo do nu-

    mero 8; Parasquavede-quatriafobia, medo de sexta-feira 13; ou ainda Quiraptofo-

    bia, medo de ser tocado.

    Talvez lhe seja familiar os

    termos Ritifobia, medo de ficar enru-

    gado; Singenesofobia, medo de parentes; Te-

    trafobia, medo do nmero 4; ou Uranusfobia, medo do planeta Urano. No? Sobra as opes Verbofobia, medo de palavras; Xantofobia, medo de objetos de cor amarela; e Zelofobia, medo irracional do cime.

    Calma, no se desespere por no conhec-los. Os termos so realmente atpicos e talvez nunca iremos ouvi-los numa conversa de botequim ou na fila do supermercado. Fato, que a lista segue rumo ao infinito, em proporo similar as fobias humanas. Inventamos medos e, em seguida, os nomeamos, nes-sa ordem. Resolv-los, ao que parece por ora ainda no nos convm.

    PALAVRA

    * Elizeu Silva jornalista e mestre em Artes pela UNESP

    LETRA

  • 14 Kalango#21

    A diverso preferida dos garotos da Vila Yolan-da, eu no meio, era dis-putarmos peladas ao final de todas as tardes possveis. Gos-tvamos tambm, claro, de empinar papagaios, rodar pio, jogar bolinha de gude, nadar onde fosse possvel e desse p, roubar frutas e cana nas casas vizinhas, andar de bicicleta. Ra-lar os joelhos ou os cotovelos escalando barrancos ou pedras estava incluso no risco da ousa-dia, amassar os dedos ao tentar acelerar mais e mais os carri-nhos de rolims com as palmas das mos estendidas no asfalto era o preo por querer ser mais veloz do que o Emerson Fittipal-di. De vez em quando rolava um balana-caixo fora do con-vencional: amos nos esconder com as gurias irms ou primas dos trutas. Mas como cresce-mos no pas do futebol tirar um racha era mesmo a prefe-rida das atividades.

    Formvamos os times na base do par ou impar, dis-putado pelos goleiros. Aquele que ganhava escolhia primeiro o craque do bairro e, assim, as equipes iam sendo montadas, seguindo sempre a hierarquia do melhor para o pior, at que s o pereba mor restasse dis-ponvel. Tnhamos o hbito de adotar nomes de famosos jo-gadores em atividade ao redor do mundo; ainda no havia te-leviso a cabo e transmisso de campeonatos de ligas europeias e de outros continentes como atualmente, nossos dolos se resumiam aos melhores do clu-be para o qual torcamos, de-pendendo, claro, da posio, e a algum destaque das selees. Eu, por exemplo, fui o italiano Franco Causio, que defendeu a Squadra Azurra em trs mun-diais e se tornou campeo em 1982, quando a seleo da Bota bateu a Alemanha na final aps eliminar pelo meio do caminho

    o melhor escrete canarinho que o Brasil j reuniu. Se o Maraca-nazo deixou-nos afundados no complexo de vira-latas, com no menos dor todos temos em fresca memria aquele fatdico pega no estdio Sarri em que o Paolo Rossi deitou e rolou e condenou craques da geniali-dade de Scrates, Falco, Zico, Cerezzo e Oscar, entre outros daquela gerao fantstica, a pendurarem as chuteiras sem a glria de levantar ao lado do inesquecvel mestre Tel Santa-na o trofu que corresponderia, hoje, quarta estrela das seis que j teramos no manto ver-de e amarelo.

    Quatro anos antes, ficar-mos fascinados com a bola da Copa do Mundo e resolvemos que iramos comprar uma, e original. O modelo, chamado Tango, por motivos bvios, j que a Argentina recebeu a competio, exigiu de ns sua-da vaquinha. Vendemos ferro velho, latas e outras tranquei-ras, quebramos nossos por-quinhos, puxamos carretos em feiras-livres, afanamos trocados de carteiras alheias, pedimos de porta em porta. Quando, en-fim, reunimos a quantia neces-sria e alcanamos nosso obje-to de desejo ainda esperamos o tempo melhorar, trazer de volta o sol para secar o campo depois de vrios dias chuvosos. Com as condies ideais, l fo-mos, ansiosos, estrear a pelota, ainda cheirando a tinta, ah, que lindeza!

    O dia em que Gil frustrou a molecada da vilaMarcelino Lima

    >>

  • Kalango#21 15

    Alline Nakamura

    IMAGEMJa

    nela

    A empolgao era generali-zada. Todos queriam ter a hon-ra de ser o primeiro a chut-la, e o Gil no segurou a onda dele. Ainda na rua tirou a redonda com uma tapa dos braos de no me lembro de mais quem a carregava como se uma san-ta conduzisse e, com o mximo da fora que possua, soltou um petardo com o peito do p es-querdo, colocando nossa diva quase em rbita.

    Ficamos espantados ven-do o quanto ela subiu antes de descrever uma parbola no cu

    e, velozmente, comear a cair, cair, cair at que... ui: encontras-se a ponta da lana de uma das barras de ferro de um porto residencial! Ainda me recordo da patota toda levando mos s cabeas, de algumas bocas tampadas de susto, expresses de horror temendo pelo pior e de alguns palavres quando percebemos, exatamente, onde a viagem da bola ao espao ter-minaria. E tambm continua a soar ntido aquele som sibilante que ar vazando de uma cme-ra furada provoca, misturado

    ao estardalhar de alguns colas--brincos, pontaps e cascudos que o Gil ganhou. Em 1978, ain-da adolescente, ele j era um negro parrudo e firme como um tronco, entretanto apanhou entre xingamentos e risos, todo encolhido, pianinho, dcil, d-cil. Depois, arcou sozinho com o custo do remendo que o Aga-pito, sapateiro unha de fome da vila, providenciou no gomo e na cmera de ar que a lana perfu-rara, reparo que nos custou ain-da mais uns dez dias chutando nossas bolas velhas.

  • 16 Kalango#21

    Qual o seu MEDO?A Kalango foi s ruas descobrir qual o medo das pessoas. As respostas foram as mais variadas possveis. O resultado voc v a seguir.

  • Kalango#21 17

    Tenho um medo que surgiu na poca da ditadura e permanece at hoje. Esse medo nasceu em uma noite que o Dops foi at o colgio em que eu dava aula - em Quitana - procura de uma amiga minha, tambm professora, que havia desenhado um Che Guevara- ela estudava na Escola de Belas Artes- e eles queriam que o diretor me entregasse, porque, segundo eles, eu era contato da subversiva. Escapei porque sou muito desligada, e tinha me esquecido de assinar o ponto. De volta pra casa ficamos at s 1h da manh: meu pai, minha me e eu queimando jornais, apostilas, panfletos, tudo que pudesse ser visto como subversivo, e jogando na privada. Recentemente passei um ms sonhando com soldados armados de metralhadoras me perseguindo... Tratei isso na psicoterapia. J estava com medo at de dormir, porque tinha pesadelos todas as noites... Ou seja, a ditadura acabou, mas ainda sinto medo. Do qu? De vrias coisas, principalmente, da perda de liberdade. Penso que hoje todo mundo sente medo. Da violncia que cresce a cada dia, de no conseguir chegar em casa de volta do trabalho, da escola; medo de que seus familiares, seus amigos sejam vtimas de balas perdidas, de uma polcia despreparada, da violncia do trnsito, e das vrias doenas que hoje nos atingem. Enfim, o monstro que antes era a ditadura, hoje o perigo que vem de onde, muitas vezes, no se espera. Que nos pega de surpresa...

    Risomar Fasanaro escritora/professora de Lngua e Literaturas Brasileira e Portuguesa.

    Qual o seu MEDO?

  • 18 Kalango#21

    Medo... sempre tive medo da morte. E nos dias atuais esse perigo est cada vez mais perto, com a crescente violn-cia, desigualdade, intolerncia. No final, tento me proteger de todas as formas, porque a morte o desconhecido. Mas, ultimamente, tenho refletido: medo da morte? Nesse mundo em que a malda-de e a falta de amor predominam, mun-do de segregao.... Ser a morte o mo-tivo de medo? Devo ter medo da vida. Daniela Lucas, acadmica de Psicologia.

  • Kalango#21 19

  • 20 Kalango#21

    Meu medo, como dizia no meu tem-po... Difcil falar do medo, principal-mente nos dias atuais, mas o medo existe desde que nascemos. Freud ten-tou explicar, mas no me convenceu. O meu medo hoje ficarmos sem gua no planeta para beber. O medo coletivo a violncia gratuita, tipo bala perdida. Isso tambm me d medo, mas ficar sem gua mais foda! Daniel Jesus de Lima um Operrio da Cultura, livreiro, agitador cultural em Paraty-RJ.

  • Kalango#21 21

  • 22 Kalango#21

    Os medos atuais da sociedade so co-muns aos anos da experincia vivida em cada ser. Quanto mais vivemos, pa-rece que menos medo temos, ou me-nos medo sentimos de ter medo! Um paradoxo embora alguns tabus cria-dos no nosso processo de educao e quando crianas tendem a se perpetu-ar. Difcil venc-los. Helio Latorre Consultor para Mdias Sociais.

  • Kalango#21 23

  • 24 Kalango#21

    Medo esse sentimento que nos tira o folego, nos faz ouvir o corao batendo na garganta. A morte me causa medo. No o estado de estar morto, mas o ato de morrer, fazer a passagem. O click. O pisco, como diria Monteiro Lobato. Ca-mila Tyrrell - Consultora em RH e atriz.

  • Kalango#21 25

  • 26 Kalango#21

    MSICA

    Katya Teixeira fatura Prmio Brasil Criativo

    Por Marcelino Lima

    Projeto percorre o pas e homenageia Drcio Marques

    Talento, simpatia, generosidade, garra, f so atributos que rimam com a cantora paulista Katya Teixeira, agora reconhecidos tambm pelos organizadores do Prmio Brasil Criativo, na categoria Artes de Espetculo/Msica. No destaque, Drcio Marques.

    MERCEDES CUMARU

  • Kalango#21 27

    O Dand Circuito de Msica Drcio Marques, idealizado pela cantora e compositora Katya Teixeira o ganhador da categoria Artes de Espetculo/Msica do Prmio Brasil Criativo, promovido pelo Ministrio da Cultura, pelo Projeto Hub e pela 3M. Os prmios para os 22 projetos vencedores foi entregue no Auditrio Ibirapuera, bairro da zona Sul de So Paulo, perante um pblico de mais de 800 pessoas na noite de quarta-feira, 3 de dezembro.Ao idealizar em 2013 o Dand Circuito de Msica Drcio Marques, Katya Teixeira pensava em fomentar a circulao de msica de inquestionvel qualidade por todo o pas, reunindo artistas de vrias regies para gerar intercmbios e novas plateias. Quem j se apresentou possui trabalhos reconhecidos, mas poderia ter uma melhor projeo no panorama nacional e proporcionar s pessoas o acesso msica de qualidade produzida fora da grande mdia.

    Com apoio da jornalista Mercedes Cumaru, que tornou-se uma fiel escudeira de Katya e assumiu

    a tarefa de divulgar o Dand para a imprensa e as mdias sociais, a iniciativa, literalmente, ganhou estrada e passou a ser apresentada em vrias localidades nacionais. A cada nova rodada, com um artista saindo de cada cidade e passando por todos os pontos do circuito, a caravana tornou-se contnua. Cada edio conta sempre com um artista do local recebendo e abrindo o espetculo para o convidado, que em vrios momentos atravessam diversos estados para chegar aos shows. Cada apresentao dura cerca de aproximadamente noventa minutos. Ao final, h um bate-papo entre artistas e plateia. O Dand j circulou por vrias cidades paulistas, de Minas Gerais, de Pernambuco, do Paran, de Gois, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e, neste inicio de dezembro, j passou a contar com a adeso do Sindicato dos Jornalistas de So Paulo. Katya Teixeira j fala em introduzi-lo no Norte do pas, em estados como o Par, e lev-lo at alm fronteiras pela Amrica do Sul, entrando pelo Chile. Uma antologia do primeiro ano est em projeto.

    O objetivo de Katya Teixeira , ainda, levar a todo o Brasil, o nome de Drcio Marques e seu inestimvel legado no apenas para a msica, mas para toda a cultura popular brasileira.

    Drcio Marques, mineiro de Uberaba, morreu em julho de 2012, em Salvador, deixando como maior legado uma grande escola que transcende a composio musical e potica e prope, ainda, uma postura mais ntegra e solidria de viver, voltada tanto para a preservao da natureza, quanto para o aprimoramento espiritual de cada indivduo, sem deixar de lado o engajamento poltico e social.

    Katya um dos seguidores mais brilhantes e discpulo do iderio do mineiro que viveram bem prximos dele, a exemplo de Joo Arruda, Da Trancoso, Levi Ramiro, Joo B, Carol Ladeira, Wilson Dias e tantos outros artistas que com suas obras vm contribuindo para ajudar a pegar flor e dar frutos os sonhos do mestre.

    Perpetuando o nome de Drcio Marques

    Abaixo, declaraes que repercutem a alegria dos msicos e artistas envolvidos e que apiam o Dand Circuito de Msica Drcio Marques

    Obaaaaaa! A vitria da f e do trabalho. Parabns pra vc Katya, parabns pra ns todos! (Paulo Matric/PE)*****Minha irm, um abrao em cada artista que faz parte desse projeto lindo, especialmente aqueles que passaram por aqui.Um PARABNS enorme para ti, semeadora e cultivadora de toda essa riqueza. Um grande beijo. E que em 2015 continuemos dandando muito mais!!! (Fabiani Felix Cardoso, Pedro Osrio/RS)*****PARABNS a todos, mas a esse anjo que espalha essa garra e entusiasmo pela cultura do povo! Katya Teixeira, estou te esperando dia 19 de dezembro para comemorar! (Mara Muniz, Soledade/RS) *****Esse o reconhecimento da grandiosidade cultural que DandAx para todos os Danddeiros!!! (Demi Lopes, Itamaraju/BA) ******Mana Katya Teixeira e o trofu desse projeto lindo de formao de pblico que une artistas maravilhosos do Brasil todo. Parabns!!!! Todos ns ganhamos!!! E tb parabns querida Mercedes Cumaru que parceira dessa belezura!!!! (Anabel Andrs, Vozes Bugras/SP) *******Dei gritos de alegria! O Dand ganhou merecidamente! Parabns Katya, parabns dandeiros!!!!!!!!!!!!!!!!!! (Ndia Campos, Belo Horizonte/MG) *****Ontem o Dand Circuito de Msica Drcio Marques foi premiado no Prmio Brasil Criativo como melhor projeto musical de 2014. Fico feliz de ter feito parte desta histria e de toda essa luta que de um grande elenco de artistas. Obrigado Katya Teixeira por me permitir essa alegria e honra de lembrar o nome e memria do grande Drcio Marques! Muito feliz aqui!!! (Erick Castanho, Uberlndia/MG)

    Para conhecer o trabalho de Katia Teixeira, clique aqui: http://www.katyateixeira.com.br/

  • 28 Kalango#21

    VIDA SOCIAL

    Todo mundo tem medo de ser rejeitado. normal - mas s vezes passa do limite.

    Medo de perder as pessoas que ama

    O que fazer - Apelar razo.

    Como - o maior medo social dos brasileiros. Esse receio est enraizado no crebro humano (pois a espcie extremamente social, depende da famlia e do grupo). No temos como elimin-lo, mas podemos aprender a conviver com ele. Sempre que voc sentir esse temor, lembre-se: ele intil, pois no ajuda em nada a proteger quem voc ama. E pode atrapalhar a relao entre vocs.

    Medo da solido

    O que fazer - Ficar um dia offline. Ou terapia sistmica.

    Como - Experimente ficar um dia inteiro quietinho, sem falar com nenhum amigo via Facebook, WhatsApp e coisas do

    tipo. Voc ver que a solido no to assustadora quanto parece. Para casos mais intensos, pode valer a pena procurar um psiclogo especializado em terapia sistmica (linha de anlise que estuda a pessoa a partir das relaes que ela tem com outras).

    Medo de levar p na bunda

    O que fazer - Mudar o foco.

    Como - Ter medo de ser largado pela pessoa amada uma profecia autorrealizvel: quanto mais medo voc sente, mais paranoico fica, sem aproveitar os momentos bons a dois. Vira uma pessoa chata - e acaba afastando o outro. Faa de conta que o medo no existe, por mais absurdo que isso possa parecer. D resultado.

    Medo de perder o emprego ou ficar sem dinheiro

    O que fazer - Terapia cognitivo-comportamental.

    Como vencer seus medos

    Eduardo Szklarz*

  • Kalango#21 29

    Como - Mentalize o contrrio do que d medo. Sempre que lhe ocorrerem coisas do tipo vou ser demitido ou meu chefe me odeia, pense em frases contrrias - como sou bem preparado e meu trabalho tem valor. Pode parecer simplrio, mas tem efeito comprovado - e poderoso - sobre o crebro.

    VIOLNCIA

    Sim, voc pode sofrer violncias terrveis. mas no faz sentido antecip-las.

    Medo de crime

    O que fazer - Ignorar estmulos negativos.

    Como - J reparou como a TV e os jornais esto cheios de notcias sobre violncia? que esse tipo de coisa ativa a parte primitiva do crebro - e tem um poder fortssimo de chamar sua ateno. Mas tambm faz voc sentir que o mundo mais violento do que realmente . Evite consumir esse tipo de informao.

    Voc quer fugir das suas fobias. Mas, para se libertar, tem de abra-las.

    Crises de pnico

    O que fazer - Respirar... e buscar ajuda.

    Como - Ataque de pnico uma manifestao extrema de medo, que requer ajuda de um especialista. H algumas terapias que fazem efeito - como a hipnose, que auxilia o indivduo a sair do pnico aproveitando os prprios recursos mentais.

    Medo de altura, insetos, lugares fechados/lotados

    O que fazer - Dessensibilizao.

    Como - O segredo se expor gradualmente situao ou ao objeto ameaador. Se voc tem medo de barata, por exemplo, baixe algumas fotos do inseto na internet, salve no seu computador e se obrigue a olhar uma por dia. Voc ver como o medo diminui (quando estiver mais confiante, aumente a exposio - veja um vdeo de baratas no YouTube). A mesma tcnica vale para situaes como medo de altura e de lugares fechados. Procure se expor um pouco a eles. Mas, nesses casos, leve um amigo junto.

    Medo de dirigir

    O que fazer - Dessensibilizao.

    Como - O segredo enfrentar, mas aos poucos. Experimente comear dirigindo aos domingos, quando h menos trnsito, levando um amigo junto. Se voc sofreu um acidente e ficou com trauma, vale a pena procurar um analista ou instrutor (h autoescolas especializadas em gente com medo de guiar).

    DOENA

    Todos vamos morrer. Alguns, com sofrimento. Mas isso no relevante.

    Medo de adoecer

    O que fazer - No dar ouvidos internet.

    Como - Se voc entrar no Google e comear a pesquisar sintomas, com certeza vai terminar achando que aquela coceira no seu brao esquerdo sinal de um cncer incurvel. Desconfie das coisas escritas na internet (mesmo em fontes confiveis, pois o que elas dizem no necessariamente se aplica a voc). Nada melhor do que marcar uma consulta mdica para esclarecer tudo e acabar com as preocupaes.

    Medo de sofrer

    O que fazer - Aceitar. Ou anlise.

    Como - Todo mundo tem esse medo. normal. Se ele for muito intenso, e ocupar grande parte do seu tempo, pode valer a pena fazer psicanlise - que tentar encontrar as razes do temor. Outra opo o psicodrama, tcnica que trabalha as vivncias da pessoa por meio de dramatizaes, como se fosse uma pea de teatro.

    * http://super.abril.com.br/cotidiano/medo-como-vencer-seus-799425.shtml

    SUPER 331, abril 2014.

  • 30 Kalango#21

    O MEDO, SEGUNDO

    AS PESQUISAS

    SUPER 331, abril 2014

  • Kalango#21 31

    O MEDO, SEGUNDO

    AS PESQUISAS

    SUPER 331, abril 2014

  • 32 Kalango#21

    PALAVRA

    Religio o nosso lao com o divinoPor Carol Fernanda Pinheiro

    Religio do latim RELIGARE - significa a religao, o lao entre o ser humano e o divino. Religio dogma com rituais e praticas dirias com o intuito de nutrir a ligao do ser pensante seu suposto criador.

    Derivando da palavra religio teremos um conceito que o complementa religiosidade, mas que independe da condio para existir e vice- versa. Religiosidade seria a percepo dessa ligao com o divino, o reconhecimento do pertencer algo maior. A religiosidade mais um sentimento, uma postura e no est diretamente associada doutrinas, filosofias, rituais, podendo estar presente em um ateu.

    Cientistas e pesquisadores ainda investigam a relao da glndula pineal, e o reconhecimento de uma conexo com o universo, porm em registros de diversos povos antigos notamos referncias a existncia desse ponto mgico no centro do crebro. Pessoas que cultivam a religiosidade desenvolvem aptido de aplicar suas convices morais e sua postura espiritualizada no dia a dia. E Espiritualidade quer dizer considerar

    a no materialidade e TODAS AS RELIGIES concordam cada uma com sua crena respeito desse reino no material.

    A capacidade de considerar a existncia de algo alm da matria j expande significativamente a percepo de mundo e de vida que um ser pensante possa ter. As religies possuem crenas explicativas que saciam as duvidas de seus adeptos e por isso poderiam dar essas pessoas maior intensidade de f. Porm mais comum que essas verdades

    de cada religio estimulem sentimentos de superioridade o que foge completamente do conceito de religiosidade e o resultado ns vemos com tristeza... descriminao, preconceitos, intolerncia e FANATISMO! Todo fanatismo nasce da rigidez das doutrinas religiosas.

    A intolerncia religiosa estimulada pela inflexibilidade racional cultivada por uma religio em relao s demais. Saibamos o que a

    cincia j aponta... somos capazes de perceber a existncia de algo maior do qual fazemos parte. E se escolhermos um dogma que sacie nossas duvidas afim de expandir nossa f que isso seja a verdade para ns, que a flexibilidade exista para dar lugar ao respeito genuno pela escolha do outro.

    Que pratiquemos a religiosidade em cada ato e que tenhamos orgulho de ter f e no da maneira como a cultuamos.

    * Carol Fernanda Pinheiro escreve aqui: http://conscienciaemexpansao.tumblr.com/

  • Kalango#21 33

    Homem: ainda um ser

    s e l v a g e mNascer, crescer, morrer. Trs palavras pri-mordiais para um ciclo. Seria uma pena se algum intervisse nele. Seres vivos. As-sunto aprendido em biologia desde a primeira s-rie. Sabemos que existem plantas, animais e seres humanos. Aprendemos que a fotossntese a ali-mentao das plantas. Os animais tm sua cadeia alimentar, e adivinhem s? Quem o ltimo con-sumidor mais poderoso e invencvel da cadeia? Ele. O ser humano.

    Muito se ouve por a que as pessoas se sensibili-zam ao saber que mataram um animal s para tirar suas presas ou pele, pois no justo, e que devem tirar sua carne tambm, para fazerem um bom apro-veitamento. Justo? impossvel enxergar justia sabendo que um animal foi assassinado por um ser humano. Cientes de que estes possuem um espri-to assim como quem os forjou a morte. Havendo tantos outros alimentos em alta escala de nutrio, como cereais, gros e legumes. Infelizmente, o ho-mem prefere continuar sendo ignorante. Ignorar no-vas informaes. Quebrar com essa cultura. Propor uma mudana para a humanidade. Por qu? Porque muito mais fcil fazer o que sempre foi feito.

    O homem biologicamente no foi criado para comer carne. Obviamente percebe-se que no pos-sumos garras, nem presas, nem a agilidade de um leo. Nossa dentadura no feita para desgarrar. Nosso sistema digestivo mais lento. Nosso olfato mais refinado, fazendo com que no suportemos maus odores, como o de um animal recm-morto ou em decomposio, fato atraente para um animal carnvoro.

    Um fato curioso que o homem no mata ani-mais carnvoros e sim, herbvoros. Claramente, por-que toda a fonte de energia que o homem precisa, vem do reino vegetal. E convenhamos que o sabor da carne de um animal carnvoro, no deva ser mui-to saboroso, j que comem outros animais.

    Outro aspecto mais interessante a personali-dade. J foi comprovado que pessoas que comem carne, so muito mais agressivas, mal humoradas, estressadas e mal dispostas, do que vegetarianas. S de pensar na carne que as pessoas comem, co-bertas de adrenalina que o animal sofre minutos antes da morte, no preciso nem dizer que toda essa toxina impregnada na carne, um dos fatores da qual foram citados anteriormente.

    Contudo, correto afirmar que devemos cons-cientizar as pessoas, amigos, parentes, e nossos futu-ros filhos, assim quando eles forem ter sua primeira aula de biologia, que eles sejam os primeiros de uma gerao a se questionar, se o homem realmente o mais forte e invencvel de toda a cadeia alimentar, ou se o homem somente foi algum que continuou os passos de outros homens, por medo a mudana.

    Por Luca Gomez

    Paul Mc Cartney ativista do Veganismo e doou seu cach para a Peta

  • 34 Kalango#21

    EVENTO

    O medo o pai da coragem

    Um homem de estatura mdia, j na casa dos 60 anos espera para ser anunciado. o palestrante. Cabelos grisalhos, fisionomia grave. Olhos desconfiados, espertos, enrgicos experimentados pela vida. A fala articulada justifica as incontveis horas de leitura e reflexo. Hoje, um acadmico respeitado. O rosto envelhecido ilumina-se numa urea jovial ao lembrar de histrias sobre si: codinomes, guerrilhas, companheiros, tempos idos. a vez dele. Antonio Roberto Espinosa anunciado e, imediatamente, ouvem-se calorosos aplausos.

    Por Paulo Hds

    FOTOS: MILCA OLIVEIRA

  • Kalango#21 35

    Em outubro de 2014, o curso de Jornalismo da FAAT Faculdades, instituio de ensino superior localizada a 60 km de So Paulo, na cidade de Atibaia, promoveu a pa-lestra Comisso da Verdade: Os 50 anos do Golpe de 64. O palestrante foi Antonio Roberto Espinosa, jornalista brasileiro, ex-comandante das organizaes armadas VPR (Van-guarda Popular Revolucionria) e VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionria Pal-mares). Espinosa doutor em Cincia Poltica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas da USP.

    O palestrante apresentou-se aos alunos do curso de jornalismo relatando sua histria como ex- guerrilheiro e ex-comandante de movimentos estudantis. Lembra que iniciou a militncia ainda muito jovem, por volta dos 16 anos, pois a seu ver, pegar em armas e lutar pela liberdade, naquela poca, foi uma necessidade e no uma escolha.

    Sobre as operaes que comandou, conta que eram cuidadosamente planejadas nos mnimos detalhes. Pensvamos em tudo quando tomvamos instituies privadas ou quar-tis. Para as agncias bancrias tnhamos at pessoas encarregadas de socorrer os refns, caso passassem mal ou se assustassem. No entanto, era evidente que a nossa luta no era contra o povo, mas contra a instituio e o governo, acrescenta.

    Espinosa discorreu sobre os quatro anos em que esteve preso em poder dos militares. Lembra que foi capturado junto da namorada Maria Auxiliadora e do amigo Chael Charles Schreier. Foram constrangidos e torturados de diversas formas. Revela que os castigos fsi-cos eram constantes, fato que levou Chael a bito depois de poucos dias de crcere.

    Perguntado sobre como sobreviveu priso e as torturas, o ex-guerrilheiro responde de imediato: Fui um grande mentiroso. Tive que mentir para sobreviver. Inventei uma boa histria e a mantive a fim de no delatar meus companheiros que ainda estavam nas ruas. No entanto, diversas vezes sob presso pensei em revelar a verdade acerca das coisas que eu sabia, mas naqueles momentos ponderava vou aguentar mais um minuto, s mais um choque, a ento eu falo. Contudo, eu tomava outro choque e depois outro, e logo refletia j que aguentei esse, posso aguentar outros. E assim eu ia me mantendo e, consequentemente, deixando meus companheiros em liberdade, relembra.

    O acadmico afirma que os anos que passou preso foram-lhe decisivos nos estudos e em sua formao intelectual. Lia diversos autores, como Marx, Weber, Rousseau e Locke. Desse ltimo, o jornalista ressalta pensamentos como O Contrato Social, teoria

    que o possibilitou compreender valores como liberdade, coeso social e opresso. Logo, refletiria como tais conceitos se aplicavam na sociedade comandada pelo Regime Militar.

    E foi com a frase O medo o pai da coragem que Espinosa concluiu os relatos sobre os momentos de tenso em que permaneceu sob as mos dos torturadores. Tomvamos certas decises movidos pelo medo, alis, pelo medo de ter medo. Esse sentimento natural do ser humano e no h como no senti-lo, ainda mais naquelas situaes extremas as quais vivi, reflete.

    Aps 40 minutos de palestra, o docente dispe-se a responder perguntas dos presentes. Os alunos pertencentes ao primeiro ano de jornalismo formularam questes referentes poltica nacional, enquanto que o segundo e terceiro anos partiram para temticas mais abrangentes. Cordial, Espinosa respondeu todas as questes, demonstrando inteligncia e bom humor.

  • 36 Kalango#21

    UM ALERTA: Pessoas demasiada-mente sensveis no devem assis-tir ao curta a seguir. O filme em questo a produo australiana de horror/fantstico Harvey. Com um estilo que lembra o clssico Frankenstein, de Mary Shelley, Harvey (personagem-tema) um

    Terror extremo em curta australianoPor Yerko Herrera

    Baixe o filme completo - Diversas opes e formatos distintos:Harvey - 64Kb Real Media (41 MB)http://www.archive.org/download/Harvey2001/Harvey2001_64kb.rm

    Harvey - 512Kb MP4 (42 MB)http://www.archive.org/download/Harvey2001/Harvey2001_512kb.mp4

    Harvey - HiRes MP4 (57 MB)http://www.archive.org/download/Harvey2001/Harvey2001_edit.mp4

    Harvey - 256Kb Real Media (98 MB)http://www.archive.org/download/Harvey2001/Harvey2001_256kb.rm

    Harvey - MPEG1 (100 MB)http://www.archive.org/download/Harvey2001/Harvey2001.mpg

    Harvey - MPEG2 (173 MB)http://www.archive.org/download/Harvey2001/Harvey2001.mpeg

    Harvey - Ogg Video (34 MB)http://www.archive.org/download/Harvey2001/Harvey2001.ogv

    homem solitrio e obcecado que v em sua vizinha a esperana de preencher o que falta em sua vida. Algumas questes que o filme j levantou por a, tamanha polmica, so: seria ele uma escura e mr-bida metfora da nossa solido? Ou, um mostrurio de efeitos visu-

    ais perturbadores? O horripilante curta-metragem, muito alm de causar asco, pode trazer diversas reflexes. Tenha certeza que este filme o deixar dividido! Afinal, somos todos solitrios, iludidos na busca de algum (ou algo) que nos complete.

    SinopseUm conto sombrio de obsesso e solido sobre um homem que procura perfeio fsica e emocional. s depois de realizar este objetivo pela coalescncia forada com sua vizinha que ele comea a entender a natureza dolorosa, insolvel da sua obsesso.

    Gnero FicoDiretor Peter McDonaldElenco Lisa Angove, Nicholas HopeAno 2001Durao 930Cor P&BPas AustrliaMarcadores: Experimental, Fico, Filme pra Baixar, Horror, Curta-metragem, Austrlia

    Veja mais em http://outrocine.blogspot.com.br/

    CINEMA

  • Kalango#21 37

    Entre as chacoalhadas dos nibus da capital paulista, Joo Lino tentava recu-perar um pouco das horas de sono. Os olhos semicer-rados erravam entre o sonho e a viso do trn-sito esttico. Ao menos eu tenho um lugar sen-tado - pensou. Um re-flexo veio e ofuscou-lhe os olhos. No se pode ter um momento de sos-sego! - bradou. Tambm pudera, Joo Lino acor-dava todos os dias as cinco para apanhar o nibus. A tarde, tocava pegar outro nibus para chegar ao segundo canteiro. Quem teria feito tamanha maldade?.

    A luz volta-lhe a bater nos olhos. - Eu vi. Foste tu besta do inferno! - e dirigiu o olhar colri-co a menina que se maquiava com a ajuda de um espelho de bolso. Logo que ela guardou-o, Joo Lino foi aoitado uma terceira vez pela luz. Creio em Deus Pai! T alucinan-do e nem bebi! - disse. Colocando a prova a sua sanidade, estapeava--se a face. Dentro de sua cabea a desordem. Fora, um pequeno cr-

    Felipe Tomei Toniato

    Joo Lino e o real

    culo se formou. Quem queria ficar perto de bbado ou drogado? Bem feito fez a moa de ir embora - re-fletiu o cobrador. Dona Lcia puxou a bolsa mais perto do peito. Jlio, praticante de Jiu-jitsu, preparava o golpe a ser dado.

    Uma onda de apreenso in-vadiu o apinhamento de pessoas. Todos se entreolhavam e olhavam Joo Lino. Sem exceo aguarda-

    vam o golpe que viria. E Joo Lino a tudo ignorava. Como ignorava a muitas coisas em sua vida: a

    filosofia, a religio e a poltica. Ignorava que lhe roubavam

    metade do salrio. Igno-rava que lhe tomavam por simplrio. Ignora-va a Deus e ao Diabo e estes o ignoravam. Ignorava que era pea

    mida da mquina que engole homens que So

    Paulo. Ignorava que iria nas-cer, crescer e morrer sob o Sol. Ignorava o mal que ha-via de lhe suceder. Ignorava que a sua cor, sua aparncia fsica e social lhe haviam re-

    legado tal mal. Um movimento brusco fez com

    que todos prendessem a respira-o. O cobrador pensou na famlia, dona Lcia comeou a rezar e J-lio Csar borrou as calas. Mesmo assim todos se preparam para re-agir. Matar o mulato era a palavra de ordem. Raio de sorte! - gritou. Abaixando-se, pegou uma moeda de Real. Bem na hora de descer e dando ainda pra jogar uma partida de bilhar .

  • 38 Kalango#21

    Lugares so feitos de pessoas. Pessoas e lugares so o alvo, o sonho de todo jornalista que, em sua essncia um conta-dor de histrias. Histrias de gente e de lugares. Munidos desses princpios os jornalis-tas Edgard de Oliveira Barros e Jean Takada decidiram criar o projeto Gente de Atibaia Pessoas ilustres e nobres des-conhecidos, livro digital com pgina no Facebook que une fotografia e entrevistas para contar histrias de morado-res tpicos, gente tradicional e jovens que j se projetam no dia-a-dia da cidade.Tudo comeou quando Jean avistou Andrezinho pela pri-meira vez. Ele conta que ficou admirado e curioso: perma-neceu a ideia de repetir a ex-perincia Atibaia & Sua Gen-te, e conhecer o Andrezinho. Quem seria aquele homenzi-nho negro com chapu de can-gaceiro e botinhas de borracha que era visto em todos os can-tos da cidade? Na minha ima-ginao ele estava saltando de um livro de Monteiro Loba-to!, relembra. Takada tinha 15 anos e havia se mudado para Atibaia h poucos meses.

    Uma homenagem aos que fazem o cotidiano de AtibaiaOs jornalistas Edgard de Oliveira Barros e Jean Takada lanam livro digital com histrias de gente simples

    O tempo passou e 20 anos de-pois, em 2013, ele aproveitou as frias no trabalho de editor de arte na Editora Abril, em So Paulo para, literalmente passar a histria a limpo. Du-rante vrios dias ele passou a acompanhar seu personagem pelas ruas da cidade. Foto-grafou, ouviu causos sobre Andrezinho, pesquisou docu-mentos, entrevistou amigos e parentes do personagem. Costurou tudo e escreveu a re-

    portagem As histrias e a ver-dadeira histria de um gigante chamado Andrezinho, mistu-rando fantasia e vida real.O texto foi editado por Edgard de Oliveira Barros e publicado em um jornal local. Barros pioneiro em entrevistar e con-tar histrias de personagens do dia-a-dia de Atibaia e autor dos livros Atibaia & Sua Gente, volume I e II, tambm dispon-veis na internet, fora diversos livros de crnica, dois livros tcnicos sobre Jornalismo, afi-nal deu aulas de Jornalismo na FMU, em So Paulo. Fora isso, um livro narrando uma viagem ao paraso denominado Bar-ra de So Miguel, um recanto maravilhoso das Alagoas.Somos apaixonados por his-trias de gente simples. Ouvir e poder compartilhar com os leitores muito gratificante. Alm disso, prestamos uma homenagem mais do que me-recida para nossos persona-gens, concluem.

    Para acessar:www.facebook.com/gentedeatibaiawww.issuu.com/genteatibaiawww.instagram.com/gente_de_atibaia

    Dona Terezinha, benzedeira

    Nestor Lampros, artista plstico

  • Kalango#21 39

    Apesar da revolta com ares de filme pas-telo dos antidemocrticos que no aceitam o resultado, a verdade que o pleito eleitoral de 2014 est encerrado e o grande derrotado foi o jornalismo brasileiro que mais uma vez prestou um desservio populao. A ten-tativa bizarra de uma revista (cujo nome, todos sabem, mas me dou o direito de no cit-la j que ter-mos chulos devem ser evitados em respeito aos leitores) de in-terferir novamente nos rumos da eleio, foi apenas mais um exemplo do nvel deplorvel que a nossa imprensa atingiu. Para completar o quadro dantesco, os que ainda honram a profisso, per-manecem num silncio cmodo.

    Em sua histria, o jornalismo brasi-leiro teve timos e pssimos momen-tos, qualquer um que seja da rea ou bem informado saber cit-los. Entretanto, prestes a comemorar 30 anos do fim da Ditadura Militar, deveramos estar vivendo um mo-mento muito mais rico e maduro dos principais veculos de comuni-cao, porm o que presenciamos, especialmente na ltima dcada, foi o assassinato de todos os prin-cpios ticos da profisso em detri-mento de interesses obscuros que tentam incansavelmente tirar do poder o atual governo para colocar o principal partido da oposio, no caso, o PSDB.

    Checar a fundo uma notcia antes de di-vulg-la, ter em seus quadros colunistas com opinies diferentes, dar a mesma relevncia a uma denncia independente do partido ou poltico envolvido, ouvir e dar todo o espao para que o lado acusado possa se defender,

    O jornalismo brasileiro um cadver em estado de putrefao

    Por Marcelo Rio

    deveriam ser preceitos bsicos de qualquer ve-culo de comunicao srio, mas, no Brasil, vi-vemos exatamente o inverso e isso parece no chocar mais ningum que trabalha no meio.

    O desequilbrio das notcias favorveis e desfavorveis envolvendo PT e PSDB em jor-nais, revistas, tevs, rdios e portais da in-ternet demonstra claramente que a grande mdia no est fazendo jornalismo, mas sim, campanha poltica. Algum que chegasse de Marte perto das eleies poderia ingenuamen-te pensar: Mas se h mais fatos ruins de um lado do que de outro, pacincia, que se mos-tre tudo. verdade, mas isso no nem de

    longe o caso; as notcias ruins envolvendo o partido da presidente so amplificadas ao extremo e muitas at divulgadas sem uma msera prova. J as do partido advers-rio, raramente so apresentadas e quan-do so, abre-se um espao enorme para que a defesa explique que tudo no passa de inverdades. Diante desse cenrio, no surpresa que o jornalismo brasileiro te-nha sido motivo de tantas crticas de cole-

    gas de diversas partes do mundo.Vermes insaciveis Apesar de honrosas excees, a triste

    constatao que o nosso jornalismo tor-nou-se um cadver em avanado estado

    de putrefao, onde vermes trabalham freneticamente visando apenas pas-

    sar as verdades que eles in-ventam, distorcem ou omitem

    conforme o partido. No h mais medo do ridculo, do descrdito ou de serem questionados pelos ma-lefcios que a defesa in-transigente de um lado

    e o ataque cego ao outro trazem ao Pas e profis-

    so. Eles no esto nem a. Na verdade, esto com seus egos

  • 40 Kalango#21

    machucados desde 2005, quando no se con-tentaram em denunciar um esquema de cor-rupo. Tentaram a todo custo tirar Lula do poder. Na poca, um colunista (novamente omitirei o nome por uma questo de respeito ao leitor) chegou a escrever debochadamente em sua coluna que o governo do PT tinha aca-bado ali e que faria questo de dar a notcia ao presidente. Pois , nove anos e trs derrotas presidenciais depois, o mesmo colunista sur-tou e descarregou seu dio em um programa de tev, xingando nordestinos de bovinos, pouco educados, retrgrados, entre outras coisas. Esse um dos exemplos de grandes pensadores que a imprensa possui.

    Mas h quem consiga ser ainda pior. Um dos jornalistas mais queridos pelos reacion-rios de planto e que escreve para a mesma revista que deu vexame s vsperas da eleio, possui um blog onde posta alucinadamente notcias e comentrios contra o partido da presidente, mas toda e qualquer notcia contra o PSDB, , obviamente omitida por esse pro-fissional, o mximo que cinicamente publica que se apure tudo, no interessa quem seja, mas logo na sequncia vem um longo texto defendendo os tucanos com veemncia e ata-cando os que ousam apontar casos de corrup-o como o do metr em So Paulo.

    Nos canais de tev, a coisa no muito di-ferente, apenas o modus operandi mais stil, porm o contedo de notcias favorveis aos tucanos e desfavorveis aos petistas o mes-mo.

    possvel ressuscitar o jornalismo srio no Brasil?

    Aps a constatao bvia de que o jornalis-mo brasileiro perdeu seu rumo, especialistas debatem sobre formas de resgatar a credibili-dade e acabar ou pelo menos diminuir consi-deravelmente com as grandes aberraes que tomaram conta de muitas redaes. A ideia de criar mecanismos de controle, regula-mentao, ou seja l o nome que for, deve ser refutada pelos que defendem uma imprensa verdadeiramente livre. Ser esplndido se a Justia passar a punir severamente o veculo ou jornalista que caluniar, ofender e inventar sandices para qualquer fim, mas jamais pode-

    mos aceitar a criao de um rgo que policie a imprensa. Concluso: o caminho no pode ser esse.

    Achar que blogs que servem para atacar a grande imprensa estejam fazendo jornalismo de fato, acreditar em Papai Noel. No mxi-mo, o que fazem rebater as mentiras e apre-sentar denncias contra o partido queridinho da mdia. Mas isso est longe de resolver o problema, na verdade, esse mais um proble-ma, pois no existe um lado 100% certo e ou-tro 100% errado.

    Seria utpico acreditar que a prpria po-pulao perceber a manipulao e se voltar contra as mentiras passadas pela imprensa, exigindo um jornalismo de verdade. Resta uma nica e fantstica alternativa: que os jornalis-tas srios se levantem e, num ato de grandeza moral, digam no ao que a grande mdia est fazendo. Em vrios veculos, h profissionais srios, mas que esto se calando diante da barbrie cometida por seus patres e colegas. O medo de perder o emprego no pode ser desculpa nem para os prprios botes para aceitar passivamente o que est ocorrendo. Vale lembrar que no passado, profissionais da rea sofreram ameaas muito mais graves e no tiveram medo, portanto, momento de um ato de libertao, seja do jornalista que escreve sobre poltica, esportes, celebridades etc. Todos tm a obrigao de deixar o como-dismo de lado e partir para o enfrentamento, expondo para os brasileiros toda a grande ar-mao da mdia.

    Somente com a multiplicao de atitu-des como a de Xico S que deu uma banana e abandonou jornal que no queria publicar um texto apoiando Dilma, mas aceitava publi-car os de outros colunistas que elogiavam A-cio Neves, que poderemos sonhar com um jornalismo tocado por jornalistas de verdade, que critiquem, denunciem, elogiem no por interesses obscuros, mas pelos verdadeiros objetivos da profisso que so o de informar e fomentar a reflexo.

    Cabe aos jornalistas srios o papel de res-suscitarem o nosso jornalismo.Calar-se ser to grave quanto ser um dos vermes que o de-vora.

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    VOC LEU O TEXTO SOBRE O CHICO BUARQUE NA EDIO #20 DA KALANGO? IMAGINA SE ELE SOUBER...

  • 42 Kalango#21

    PERUum pas de tirar o flego

    A primeira impresso que se tem do Peru no nada boa.

    Mas isso s o comeo.

    Por Luis Pires

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    PERUum pas de tirar o flego

  • 44 Kalango#21

    O Aeroporto Jorge Chavz, porta de entrada para os voos internacionais no pas se situa em Callao, a 16 km do Centro de Lima. As casas so rebocadas apenas na parte frontal, com predominncia da cor ocre, o que causa a impresso de que esto todas inacabadas. Aos poucos, porm, a paisagem vai mudando e em cerca de 50 minutos chegamos a uma cidade que mescla construes do sculo XVI com modernos edifcios envidraados.

    Na Plaza de Armas (ou Plaza Mayor), por exemplo, se localiza a Catedral de Lima, construda em 1555 e reconstruda cinco vezes por conta de incndios e terremotos, e o Palcio do Governo, sede do poder executivo peruano, um prdio construdo em 1937. A alguns quilmetros dali se localiza o moderno bairro de Miraflores, que concentra grandes lojas, com destaque para o centro comercial Larcomar, um shopping a cu aberto belssimo, construdo numa encosta a beira-mar. Alm de um dos cartes postais da cidade: o Parque do Amor, um mirante beira do Oceano Pacfico, cuja principal atrao a esttua de um casal atracado em um beijo.

    A metrpole de cerca de nove milhes de habitantes (que tem trnsito mais catico do que o de So Paulo) vem se destacando nos ltimos anos pela sua culinria. No ranking divulgado em setembro pela revista britnica Restaurant, Lima cravou dois restaurantes (Central e Astrid y Gaston) dentre os vinte melhores do mundo, e sete entre os quinze melhores da Amrica Latina, no ranking da mesma revista.

    Para encontrar uma vaga na mesa de um desses restaurantes necessrio fazer reservas com dois meses de antecedncia, mas existem centenas de opes onde possvel se comer bem e por preos bem mais em conta do que em So Paulo. Uma refeio para duas pessoas base de pescados e frutos do mar, com bebidas e sobremesas sai em mdia 60 soles (cerca de R$ 50). Baratssimo para os padres paulistanos.

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    Cusco, o umbigo do mundo

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    Embora nos ltimos tempos Lima tenha atrado turistas por con-ta de sua culinria, a principal atrao peruana continua sendo Cusco (em quchua Qosqo que significa um-bigo do mundo). No se sabe o ano preciso de sua fundao, mas certo que foi o mais importante centro ad-ministrativo do Imprio Inca, que du-rou de 1100 at 1535, quando o ento imperador Atahualpa foi derrotado pelo espanhol Francisco Pizarro. Os re-manescentes do imprio mantiveram durante sculos uma luta contra os espanhis, mas foram definitivamen-te derrotados quando seu lder Tpac Amaru II foi capturado e executado em praa pblica em 1780.

    Atualmente com 300 mil habitantes Cusco preserva construes do perodo colonial espanhol, misturadas a vest-gios incas. Um dos locais mais curiosos nesse sentido Qorikancha (Templo do Sol), hoje ocupado pelo Convento de

    Santo Domingos. Numa mesma cons-truo possvel encontrar quatro pe-rodos arquitetnicos, muito bem pre-servados e definidos: pr-colombiano, inca, colonial e moderno.

    H tambm importantes stios arque-olgicos como Saqsayhuamn (com um mirante no qual se tem uma vista impressionante da cidade), Tambo-machay, Qenqo e Pukapukara. Loca-lizados a mais de 3.400 metros de al-titude, esses locais requerem certos cuidados para serem visitados. Por conta do ar rarefeito so comuns sinto-mas de dores de cabea, dificuldades para respirar e cansao fsico. As per-nas parecem pesar 200 kg e pequenas distncias requerem esforo extraordi-nrio para serem percorridas. Mascar folhas de coca, algo que faz parte da cultura da regio, ajuda a amenizar os efeitos mas no se deve faz-lo nos pe-rodos da tarde e da noite, com riscos de prejuzo para o sono.

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    Machu Picchu, a cidade perdida dos Incas

    Distante a 112 km de Cusco, Machu Picchu (em quchua Ma-chu Pikchu, velha montanha), a chamada cidade perdida dos Incas uma construo pr-colombiana localizada a 2.400 metros de altitude, no vale do rio Urubamba. At hoje no se sabe se era moradia dos sacerdotes em culto ao deus Sol ou um lugar secreto para refgio dos imperadores, ou mesmo para seu descanso. O fato que a imponente construo impressiona por sua grandiosidade e pela organizao de suas ruas, escadarias e ter-raos utilizados para agricultura. Uma obra de engenharia que deixa qualquer um boquiaberto.

    Redescoberta oficialmente em junho de 1911 pelo antroplogo es-tadunidense Hiram Bingham, o local foi declarado patrimnio da humanidade pela UNESCO. Por conta de sua preservao, os turis-tas s podem chegar ao Pueblo de Machu Picchu/guas Calientes) de trem, saindo de Cusco, numa viagem de aproximadamente qua-tro horas, que por si s j vale o passeio.

    O trem tem janelas e tetos panormicos, que permitem aos turistas observarem as escarpadas montanhas e o rio Urubamba, onipre-sentes por todo o percurso. Do povoado se chega ao santurio a p (cerca de trs horas de caminhada) ou por um eficiente sistema de micro-nibus, em percurso de aproximadamente 25 minutos. A beleza natural da subida prepara o turista para a grandiosidade de Machu Picchu. A energia do lugar de tirar o flego. E no s por causa da altitude.

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    Machu Picchu, a cidade perdida dos Incas

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  • 60 Kalango#21VOLTE SEMPRE

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