Karl Marx e o Pensamento Socialista Para Eja

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  • 7/24/2019 Karl Marx e o Pensamento Socialista Para Eja

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    KARLMARXEOPENSAMENTOSOCIALISTA

    Karl Marx nasceu na cidade de Treves, na Alemanha. Em 1836, matriculou-se naUniversidade de Berlim, doutorando-se em Filosofia. Foi redator de uma gazeta liberal emColnia. Mudou-se em 1842 para Paris, onde conheceu Friedrich Engels, seucompanheiro de idias e publicaes por toda a vida. Expulso da Frana em 1845, foi para

    Bruxelas, onde participou da recm-fundada Liga dos Comunistas. Em 1848 escreveu comEngels O manifesto do Partido Comunista, obra fundadora do marxismo comomovimento poltico e social a favor do proletariado. Em 1848, Marx mudou-se paraLondres, onde se dedicou ao estudo crtico da economia poltica. Morreu em 1883, apsintensa vida poltica e intelectual. Suas principais obras foram: A ideologia alem, Misriada filosofia, Para crtica da economia poltica,A luta de classes em Franae O capital.

    A concepo materialista da histria

    At a esquematizao do pensamento marxista, a maioria dos socilogos acreditavaque as contradies e as solues presentes na sociedade se desenvolviam no plano dasidias. Drkheim, por exemplo, como vimos, afirmava que a esfera que mantinha a unio social

    (a conscincia coletiva) eram fatos sociais, ou seja, fatos anteriores e exteriores aos indivduos;ou seja, fatos que so mais idias do que situaes concretas.Karl Marx discordava profundamente disso. Para ele, a sociedade, sua organizao e

    suas contradies eram, antes de tudo, marcados por uma dimenso material. Por isso, suaconcepo de histria chamada de materialista. a explicao da histria por fatoresmateriais, ou seja, econmicos e tcnicos para estudar a sociedade no deve, segundo Marx,partir do que os homens dizem, imaginam ou pensam, e sim da forma como produzem os bensmateriais necessrios sua vida(ARANHA & MARTINS, 1993: 241).

    As relaes sociais: infra-estrutura e superestrutura

    Assim como Drkheim, Marx se preocupou em estudar os relacionamentos

    estabelecidos em uma sociedade; assim como ele, tambm, identificou a organizaoeconmica como origem dos diversos tipos de relacionamentos sociais. Entretanto, Marx nose limitou a seguir Drkheim e foi alm: definiu os relacionamentos. O primeiro nvel a infra-estrutura, base econmica, que abrange as relaes do homem com a natureza e entre si. Osegundo nvel a superestrutura: formas de dominao de classe atravs das facetaspoltica, jurdica e ideolgica da sociedade. Para o marxismo, a infra-estrutura que determinaa superestrutura.

    Os modos de produo

    Outro conceito importante em Marx o de modo de produo: trata-se da forma comoas foras produtivas se organizam em relaes de produo. Essas relaes se alteram

    com o tempo e se tornam tensas com o passar dos anos. Esta tenso se traduz na luta declasses: confronto entre duas classes antagnicas quando lutam por seus interesses declasse (ARANHA & MARTINS, 1993: 243).

    Em termos histricos, Marx identificou cincomodos de produo diferentes pelos quaisa humanidade j havia passado ou passava e ainda mais um pelo qual deveria passar atchegar ao ltimo e definitivo estado. Primeiro veio a sociedade primitiva, em que a posse daterra era coletiva e todos se beneficiavam do que era produzido. Com o tempo, subgruposdesse grupo maior se diferenciaram e passaram a cultivar as melhores terras, das quais setornaram donos. Surgiu assim o modo de produo patriarcal, cuja base a propriedadefamiliar, a autoridade patriarcal e o surgimento do direito hereditrio. Esse era, por exemplo, omodo de produo tpico das cidades-Estado gregas.

    O modo de produo patriarcal evoluiu e algumas dessas famlias crescerameconomicamente, passando a concentrar sob seu domnio extensas propriedades. O cultivo

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    familiar j no era mais suficiente. Entretanto, como parte dessa expanso acontecera porconta de guerra, o problema da mo-de-obra foi resolvida com a utilizao do trabalho dosvencidos, transformados em escravos. Trata-se do modo de produo escravista, tpico, porexemplo, dos tempos do Imprio Romano. Com o tempo, esse modo de produo deu lugar aoutro, o modo de produo feudal, caracterizado ainda pela grande concentrao de terrasnas mos de poucos proprietrios, mas que era gerido no por escravos e sim por servos ostrabalhadores no estavam mais ligados aos senhores, eram presos terra. Entre senhores eservos, surgiu um espao produtivo, preenchido lentamente pela burguesia.

    A burguesia uma classe social cuja atividade econmica est centrada na produode bens e na sua venda, com o objetivo do lucro que permita investir na produo que geremais bens e, portanto, mais lucros. Quando a burguesia tomou o poder dos senhores de terra,iniciou-se um perodo caracterizado por outro modo de produo, o modo de produocapitalista. Esse o modo em que a sociedade se encontrava na poca de Marx. Entretanto,para ele, no se tratava do fim da evoluo das sociedades.

    Eventualmente, o proletariado, grupo formado pelos trabalhadores urbanos quetrabalhava nas fbricas que pertenciam aos burgueses, se tornaria a prxima classe social atomar o poder. Por meio da revoluo armada instalariam uma temporria ditadura que tivesse

    por objetivo o bem coletivo. Passariam a estatizar as fbricas e as terras (ou seja, aboliriam apropriedade privada e passaram a deixar tudo sob o controle do governo) e a dividir os lucrosda produo. Esse modo de produo seria o modo de produo comunista, cuja evoluonatural seria em direo ao modo de produo socialista. Neste, as caractersticas docomunismo seriam mantidas, mas no pais pela imposio do proletariado e sim pelo bemcoletivo.

    Trabalho e alienao

    Para a filosofia, o trabalho o meio pelo qual o homem cria a cultura, transforma omundo que o cerca, pois ele liberta. Para a histria, trata-se de um conceito, cuja valorao ,

    por muito tempo, negativa. O cio valorizado at o surgimento da burguesia, na IdadeModerna. A partir da, acelera-se o processo de colocao do trabalho como ponto central nadiscusso social. Com as revolues tecnolgicas e o aparecimento das fbricas, vem osurgimento de uma classe de pessoas que dependem exclusivamente de seu trabalho parasobreviver, pois sua venda gera salrio, fonte de renda. o proletariado, cujas condies devida so horrorosas:

    Para Karl Marx, o momento em que o fruto do trabalho no pertence mais ao produtor,mas sim ao dono dos meios de produo, marca o acontecimento de um fenmeno chamadoalienao. A alienao a perda de algo para um alheio. Em relao ao trabalho, trata-se daalienao (perda) dos meios de produo. Saindo do campo e chegando na cidade, otrabalhador no mais dono das ferramentas necessrias para produzir mercadorias queinteressem aos compradores. Assim, ele obrigado a vender a nica coisa de que dispe, suafora de trabalho, sua mo-de-obra, cujo preo deve ser: o necessrio para a subsistncia ereproduo de sua capacidade de trabalho, ou seja, alimentos, roupa, moradia, possibilidadede criar os filhos, etc. O salrio deve portanto corresponder ao custo de sua manuteno e desua famlia (ibidem). Esse salrio, porm, numericamente inferior ao rendimento que suaproduo gera. Essa diferena da qual o capitalista se apropria o trabalho excedente noremunerado ou a mais-valia, de onde vem boa parte do lucro do capitalista.

    Alm disso, seu lucro aumentado pelo surgimento de duas prticas at entoinexistentes: a do consumo alienado e a do lazer alienado. nesse sentido que definetambm a diferena entre consumo alienado (para o bem de outros, ou seja, aquele quesurge de necessidades criadas) e consumo no alienado (ou seja, aquele que surge denecessidades reais e de escolhas); ou entre lazer alienado(para o bem dos outros, ou seja,

    passivo, desprovido de crtica, guiado por uma indstria e regido por modismos) e lazer no-alienado(ativo, embora vise o descanso e livre, baseado em escolha).