70
Kennedy e o Segredo do amuleto Livro Um Berto Júnior

Kennedy And the Secret of the Amulet

  • Upload
    hlimma

  • View
    237

  • Download
    2

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Kennedy And the Secret of the Amulet

Kennedye o

Segredo do amuleto

Livro Um

Berto Júnior

Page 2: Kennedy And the Secret of the Amulet

L

Page 3: Kennedy And the Secret of the Amulet

“Você é aquele a qual nasceu para ser”

Kennedye o

Segredo do amuleto

Livro Um

Berto Júnior

Page 4: Kennedy And the Secret of the Amulet
Page 5: Kennedy And the Secret of the Amulet

Índice

UmO herdeiro

DoisColégio Kings

TrêsVoleibol

QuatroA diretora e o professor

CincoA misteriosa menina do orfanato

SeisVampiros e olhos brilhantes

SeteA família Gana

OitoA Ordem de Kennedy

NoveO amuleto de ouro

DezA maldição das Blat

OnzeA floresta da perdição

DozeO espírito da floresta

TrezeA Cabana, espírito Lontra.

QuatorzeUrsos sábios e crianças morcegos

QuinzeA tarefa

DezesseisA profecia

Page 6: Kennedy And the Secret of the Amulet

DezesseteLobo vs lobo

DezoitoOs lendários

DezenoveO servo fiel

VinteO filho de Caos

Page 7: Kennedy And the Secret of the Amulet

Para meus leitores!!

Num completo mundo de imaginações...

Page 8: Kennedy And the Secret of the Amulet

l

Page 9: Kennedy And the Secret of the Amulet

Florescência Inicialmente achavam que o mundo era feito de consequências, que

por trás sempre havia uma razão que era mergulhada em motivos. Foi-se o tempo em que acreditavam que tudo era causa da sorte, mas esqueceu-se que o mundo é munido de mistérios. Às vezes uma estrela muito brilhante vinda dos céus choca-se contra a terra e brota em uma linda flor, são essas as flores que florescem a cada dia e traz algo de bom outra vez ao mundo.

Page 10: Kennedy And the Secret of the Amulet
Page 11: Kennedy And the Secret of the Amulet

Prólogo

O Grande senhor abriu as portas do templo pra os seus cinco filhos. Todos com a tendência de formarem a sua própria família. Os cinco partiram sem olhar para trás, procurando ao máximo mostrar ao senhor seu pai de que alguma vez um deles possa ser o orgulho da família.

Os cinco irmãos seguiram seus caminhos, seus destinos...E apenas um morreu...O ciclo dos elementos não poderia continuar quebrado, alguém tinha que

subir ao trono, só essa pessoa reestabeleceria o ciclo da família e assumiria o lugar do irmão morto.

- Iremos morrer. Todos nós pai? – perguntou o mais novo dos cinco.- Só se não existir uma criança herdeira. Caso contrário, não só nós como

o mundo que criamos também desaparecera. – foram as últimas palavras do pai ao filho.

E de fato essa criança existia, e era apenas um pequeno bebê.

Page 12: Kennedy And the Secret of the Amulet

– Capítulo Um –O herdeiro

s Dodds eram conhecidos por manterem sempre uma boa aparência. Não havia um dia sem que eles estivessem cuidando da boa forma física e mental. O Sr. Dodds sempre reclamava para a esposa ao pé da

porta de sua casa de que ganhara uma gordura extra no café da manhã. A Sra. Dodds ria do caso, mas passava boa parte de seu dia na de casa ou quando não fazia isso torrava o dinheiro do marido no shopping com as amigas.

OMas naquele dia, os Dodds tinham que acordar cedo. O despertador

programado os pegou de surpresa e o Sr. Dodds acordou reclamando e chutando tudo que via pela frente, tomou um banho gelado e vestiu o seu melhor terno. Era o dia de sua maior reunião. Um dos maiores empresários de Outras Terras viera à cidade a procura de uma boa empresa a qual fosse lhe interessar, era uma oportunidade de negócios que o Sr. Dodds não rejeitaria e não entregaria para ninguém.

Denis Dodds era dono de uma empresa chamada “My Pocket”, que fazia calças e jaquetas jeans para todo o país. Era um homem alto e forte, cabelos negros encaracolados, seus olhos um verde tão intenso que quando os raios de sol tocavam-lhe projetavam uma coloração encantadora. O Sr. Dodds era um homem na dele e tudo o tirava do serio, tinha uma personalidade reservada e era um homem até que intimidador. Sua esposa, Tânia Dodds era uma mulher magra, cabelos longos e negros, sua pele branca como a neve. A Sra. Dodds praticamente usava como vestes joias caras e raras, se gabava no bairro da cidade que estava muito bem de vida. Era uma mulher muito amada e aclamada por todos no bairro onde morava, isso segundo ela mesma.

O casal tinha um filhinho de quatro anos de idade chamado Afonso, o Afonsinho – como era mimado – um menininho magrela e tímido, que arrancava sorrisos de todos da vizinhança. Tinha olhos como os do pai e cabelos lisos, negros e rebeldes. Para os Dodds esse era um filho único no mundo, não havia menino igual na fase da Terra.

Moravam em Nova Lisa, uma cidade pequena, porém industrial e igualmente rica. E lá, na rua João Barros, número 52 era onde morava a pequena família tranquila e simples como todos as outras a sua volta.

Porém, como toda família completamente normal, os Dodds escondiam um segredo, se revelado poderia destruir suas vidas e talvez o mundo que conheciam. O segredo era que Denis Dodds tinha uma irmã mais nova. Uma mulher comum chamada Lucia e aparentemente inocente. Acontece que essa mulher tomou a decisão que mudaria por completo a vida da pequena família.

Lucia Dodds conhecera um homem a pouco mais de um ano, logo eles se casaram e tiveram um filho. Nossa! Que segredo que destrói o mundo né? Sim. Lucia Dodds casou com o homem a qual nunca deveria ter se casado. Seu

Page 13: Kennedy And the Secret of the Amulet

nome era desconhecido, seu paradeiro era desconhecido, suas ações e emoções eram desconhecidas, um cara que chamavam de Kennedy.

O Sr. Dodds não tinha muita ligação com a irmã desde que ela conheceu o tal homem, nem mesmo chegou a ir ao seu casamento, esperava encontrar seres estranhos como Kennedy lá e isso não seria bom para Tânia e Afonsinho. O Sr. Dodds sabia que eles tinham um filho, embora nunca o tivesse visto, seu nome era Johnny. Era esse o menino que não deveria ter vindo a luz, nunca deveria ter nascido, agora as consequências chegaram ao estremo.

Desde quando sua irmã conhecera Kennedy a vida dos Dodds perdeu o rumo. Coisas estranham aconteciam a volta deles. Ventos fortes os perseguiam, nevoas intensas cairá somente na rua João Barros, as pessoas os encarrava fixamente nos olhos e animais o farejavam a cada esquina.

Mas, aquele dia tinha que ser diferente. O dia mais importante para a pequena família Dodds. Nada poderia dar errado. Se alguma coisa iria sair do comum, seria por culpa de Kennedy. O Casal desceu aquela manhã tranquila para tomarem café juntos e o Sr. Dodds ferveu ao ver mais uma vez o gato.

- Xô, saia daqui. – ele abanou com as mãos, mas o gato apenas o olhou através do parapeito da janela e pulou para cima do telhado. – Sete infernos. – guinchou o Sr. Dodds.

Quando abriu a pequena porta para a cozinha o cheiro de café e pão fresco subiu pelas suas narinas. O Sr. Dodds caminhou até a mesa ajeitando a gravata ao pescoço e se sentando a cadeira mais próxima.

- Malditos animais. – guinchou ele nervoso. – Eu os odeio, todos eles.- O gato outra vez? – perguntou a Sra. Dodds colocando café na xícara a

frente do marido. Naquela manhã estava usando um simples vestido com um avental. O traje que Tânia Dodds jamais mostraria para suas amigas íntimas.

O Sr. Dodds pareceu exaltar-se.- Eles rondam a nossa casa dia e noite. – ele bateu o punho na mesa e

apontou o dedo para a janela. – Acho que eles estão se revezando, estão querendo alguma coisa com nós Tânia.

A Sra. Dodds soltou uma gargalhada.- Do que está rindo? – perguntou o Sr. Dodds sério.- São apenas gatos queridos. – ela pôs a mão no ombro do marido. – e

tente não gritar muito, não queremos que Afonsinho acorde agora. Nunca esta de bom humor pela manhã.

Na verdade Tânia Dodds tinha toda a razão. Afonsinho era como o pai, uma miniatura de Denis Dodds, o garoto completara quatro anos e estava crescendo muito rápido, ficando ainda mais rebelde.

O Sr. Dodds tomou um longo gole de café sem se preocupar se estava quente ou não. Deu uma dentada violenta no pão e engoliu quase sem mastigar. Não sabia o que era, mas algo estava o incomodando muito naquela manhã, sentia que alguma coisa estava próxima a aconteceu “maldito Kennedy”, pensou ele enquanto mandava pra dentro o seu café. Era um dia especial, nada poderia dar errado. Tudo que fizer hoje poderá torna-lo

Page 14: Kennedy And the Secret of the Amulet

milionário e isso acima de tudo, era o que ele mais queria para o bem estar da sua família. “Maldito, maldito, maldito Kennedy. Não o deixarei estragar meu dia”.

Depois de um tempo a Sra. Dodds se juntou ao marido na mesa.- Hoje é um grande dia meu querido. – falou ela colocando seu café,

depois pegando uma torrada.- Sim querida, o grande dia. – respondeu ele.- Boa sorte. – disse ela olhando o olhar do marido fixo pela janela. – Nada

vai acontecer hoje Denis. Não pense muito nisso. Tem um trabalho a tratar.Denis Dodds franziu a testa.- Do que está falando, eu estou ótimo. – respondeu ele. Não queria

mostrar a mulher de que estava desconfiante e inseguro, tinha que entrar naquela sala de cabeça erguida e dizendo a si mesmo que nada iria acontecer.

- Não. Não está. – ela deixou a xícara de lado. – Você esta olhando para a janela de dois em dois segundos e esta tremendo tanto que a casa falta ruir.

Estou tremendo. O Sr. Dodds mal percebera isso.- Não estou tremendo Tânia, e não estou olhando para o gato lá fora. –

respondeu ele.- Viu querido, quem falou em gato? – Tânia bebeu um gole de café.Gato, aquele gato. Estava o vigiando a mais ou menos uma semana. O

motivo era desconhecido, mas o Sr. Dodds sabia que aquele gato branco era “daquele povo” o povo de Kennedy e Lucia. Não era nada confortante saber que você esta dormindo sendo vigiado por um animal daqueles. Seus olhos eram tão assustadores quanto um filme de terror, seus pelos eram tão brilhantes quanto o sol do meio-dia. O Sr. Dodds tinha pavor de gato, mas nunca contou a ninguém ou nunca teve confiança de si mesmo para contar.

Quando terminou seu café da manhã, caminhou até o sofá e pegou sua maleta. Sua mulher o acompanhou até a porta da frente. Quando abriram a porta notaram que os vizinhos estavam de mudança. Os Beultoes eram os vizinhos a qual o mundo poderia odiar, estavam lá em gerações e sempre contavam das histórias mais antigas, velhas e chatas da cidade para os Dodds. Uma mudança assim só poderia significar uma coisa: Kennedy.

- Oh estão de mudanças. – suspirou a Sra. Dodds.Os carregadores estavam indo e voltando da casa ao caminhão, o Sr.

Dodds percebeu. Quando olhou para os carregadores notou que nenhum deles tinha ações em seus rostos frios. Eram como estatuas, sem expressão, sem sentimentos. Um coração de pedra. Até ver o gato. Branco e frio o encarrando no meio do jardim vizinho. O Sr. Dodds desviou o olhar e pegou nas mãos de sua esposa.

- É uma grande mudança. – disse ele.- Sim, não esperava...- Fique em casa hoje. Cuidando de Afonsinho. – o Sr. Dodds procurou o

olhar de sua esposa.

Page 15: Kennedy And the Secret of the Amulet

- Sim querido. Bom trabalho hoje. Vai dar certo. – ela cruzou os dedos e deu um sorriso.

O Sr. Dodds deu um beijo na Sra. Dodds e foi para o carro no estacionamento, enquanto a Sra. Dodds fechava a porta. O gato estava lá, mas agora era um gato diferente, este era preto e tinha grandes e brilhantes olhos amarelos. Estava no capô do carro e o encarrava longamente.

- Saia daqui. – o Sr. Dodds tentou acerta-lo com a maleta, mas o gato foi mais esperto e fugiu para a rua. O Sr. Dodds apenas conseguiu um grande arranhão em sua lataria. – Pelos infernos. Eu ainda janto essas feras.

O Sr. Dodds entrou no carro e saiu da garagem, posicionou o carro para sair quando avistou o gato preto no meio da rua o encarrando, o rabo pra cima balançava de um canto a outro.

- Hoje é seu dia, infeliz. – resmungou ele trincando os dentes.Pisou com tudo no acelerador e o carro avançou. Estava mais que

decidido eliminar aquele gato de uma vez por todas, estava ficando realmente maluco com aquelas feras, pensou que Kennedy estivesse algo haver com tudo isso. Mas a sua missão falhou quando o carro chegou ao gato. O felino de quatro patas subiu no capô do carro e pulou-o caindo em pé do outro lado. O Sr. Dodds não parou, quando olhou através do espelho retrovisor e viu que o gato branco se juntou ao gato preto na rua, balançando as suas caldas inofensivas.

O Sr. Dodds não queria expressar com sua mulher sobre tudo aquilo que estava acontecendo naquela manhã. Agora sozinho e em direção ao trabalho poderia refletir. Aqueles gatos, aqueles carregadores. Tudo parecia estar ligando “Aquele povo”. Kennedy teria algo haver com isso? Seria tão provável como água. Desde que Lucia casara com aquele... (O Sr. Dodds nem sabia ao certo de ele era um homem, humano). A vida deles não era mais a mesma desde aquele dia... O que Kennedy queria que estivesse atrapalhando seu dia. Um dia tão importante quanto esse? Decidiu tirar esses pensamentos perturbadores da cabeça quando entrou na garagem da empresa tempo depois.

- Bom dia senhor. – disse um dos guardas.- Bom dia Maves. – respondeu o Sr. Dodds tentando ser gentil.

Caminhando em direção do elevador.- Senhor os elevadores estão quebrados. – Maves arregalou os olhos ao

ver a fúria silenciosa do Sr. Dodds e logo acrescentou. – A manutenção já esta a caminho, irão resolver o problema ainda hoje.

- Acho bom. – O Sr. Dodds caminhou bufando para as escadas, amaldiçoando Kennedy mentalmente.

Quando chegou ao decimo terceiro andar estava mergulhado em suor frio o pegajoso. Mandou a secretaria levar uma toalha para ele no escritório e se trancou lá dentro. Pouco tempo depois ela volta com a toalha. O Sr. Dodds pergunta sobre a chegada do tal empresário e ela responde que ele chegara às três da tarde. Tudo através da porta sem olhar um para o outro.

Page 16: Kennedy And the Secret of the Amulet

Até o meio-dia ele gritou com onze pessoas diferentes, clientes, empregados, a secretaria e até mesmo a esposa por engano ao atender ao telefone. Pediu a secretaria um suco de maracujá bem gelado e doce para se manter calmo até a hora da reunião chegar. No almoço foi sozinho a lanchonete de frente a empresa, pediu uma refeição completa e devorou em menos de dez minutos, quando estava se retirando para voltar ao escritório alguém o chama:

- Senhor, senhor. – gritava alguém.Ele se virou pronto para dizer que não tinha tempo, mas era um

menininho um pouco mais velho que Afonsinho.- Sua carteira senhor. O senhor a esqueceu na cadeira. – disse ele, mas

quando o Sr. Dodds ia responder o rosto do garoto borrou e distorceu. O Sr. Dodds retirou a carteira das mãos do garotinho a força e saiu apresado dali, atravessando a rua rapidamente. Kennedy, seu maldito.

Tudo estava bem até aquele momento. O Sr. Dodds estava começando a se enfezar com tudo a sua volta. Não queria encarrar ninguém, muito menos falar com alguém. O Sr. Dodds mandou a secretaria desmarcar tudo até as três horas e ficou o resto do tempo trancado no escritório.

Quando enfim os homens começaram a chegar. Iria usar a sua de reuniões que era grande e espaçosa. Chegaram um, dois, três, quatro, até treze homens se reunirem na sala de reuniões esperando a chegada do estrangeiro conhecido apenas por sua grande imagem em Outras Terras, um país que o Sr. Dodds jugava ser o mais rico dos dois.

Quando Enobietário Snottecho chegou, todos sorriram e apertaram a sua mão, era um homem velho e enrugado. A sessão tinha começado. Um por um, os homens foram falando da altura que eles tinham no país, sobre como a empresa era importante para a venda em todo o país. Diziam que Outras Terra e Vênia poderiam fazer um acordo de roupas jeans pelo mundo. O Sr. Dodds só escutou quando chamaram o nome dele.

- Sim. – o Sr. Dodds respondeu, enquanto todos encarrava ele. Enobietário o estudou com seus olhos enrugados através dos óculos. – É mesmo, me desculpe senhores. – ele riu enquanto caminhava a frente da grande mesa, de frente a todos os presentes.

- Bem como disse meus adoráveis amigos...O Telefone celular tocou.- Desculpem senhores. – respondeu ele desligando o celular, mas passado

um tempo ele tocou outra vez.O Sr. Dodds tirou a bateria e guardou cada um num bolço diferente, mas

não foi o suficiente. O aparelho tocou mais uma vez. Teve que pedir permição para atender. Quando levou o celular sem bateria nos ouvidos, o Sr. Dodds quase teve um enfarte. Do outro lado da linha era o homem que estragou seu dia desde quando o despertador tocou aquela manhã, era Kennedy e sua voz foi a mais sincera quando lhe disse aquilo.

Page 17: Kennedy And the Secret of the Amulet

O Sr. Dodds deixou o celular cair no chão chocado, começou a suar rapidamente que até assustou os homens presentes. Hoje não, pensou, eu seria o mais novo milionário de Vênia, o mais milionário de Nova Lisa. Mas o que Kennedy disse não poderia ser verdade, não queria aceitar, não valia a pena ser milionário se aqueles a qual ama não poderia proteger. Foi ai que pensou que nesse momento sua mulher e seu filhinho estavam correndo um grande perigo.

Ele saiu correndo da sala de reuniões sem dar uma explicação básica, passou pela secretaria e não disse nada, o elevador consertado não deu a ele tempo de pensar, ele desceu as escadas correndo. Mal demorou e ele já estava com seu carro saindo da empresa em direção a sua casa.

Ele quase causou três acidentes no caminho. Não queria aceitar que aquilo realmente aconteceu. Tinha que estar com sua família agora mais do que nunca. Kennedy estava agora agindo em seu leito de morte. Estaria zombando da cara dele, afinal, não o deixou quieto o dia inteiro. Ele não pode fazer isso comigo, pensou. Mas quando viu a neblina caindo apenas sob a Rua João Barros seu coração saltou. Ele chegou ao numero 52 as presas e estacionou o carro de mau jeito no jardim. Saiu do carro às pressas e entrou em casa, nem percebeu que a rua estava toda enfeitada para o dia das bruxas.

Tânia Dodds estava assistindo TV com Afonsinho quando ele entrou bufando e completamente suado.

- Oque aconteceu querido? – perguntou ela exasperada. – Diga Denis! O que houve?

- Mamãe. – Afonsinho mimou. – porque o papai está assim? – e agarrou a perna da mãe com força.

- Tânia. – o Sr. Dodds respirou fundo. – Tranque tudo, não deixe nada aberto. Nada pode entrar aqui, você me entendeu? – ele desabou no sofá afrouxando o nó da gravata.

- Não estou compreendendo Denis. – a Sra. Dodds se sentou ao lado do marido. – explique o que aconteceu?

O Sr. Dodds abraçou a esposa e chorou, suas lágrimas eram salgadas e doce ao tocarem em sua língua.

- Aconteceu Tânia. Aconteceu o que mais temíamos...- Sua irmã... Lucia. – ela tocou os lábios com a palma da mão.- Sempre soube que iria acontecer, sempre soube. – ele se levantou. –

Vamos trancar tudo querida, não podemos os deixar entrar.- Do que você esta falando? – a Sra. Dodds segurou Afonsinho pelo braço.

Ambos não estavam entendendo nada.O Sr. Dodds tirou a gravata e o paletó e jogou em cima do sofá.- Aprese-se Tânia, chegou o dia. Kennedy está vindo.A noite caiu mais rápido que o normal naquele dia.

Os Dodds nem esperavam que a mais de duzentos quilômetros dali, duas senhoras estavam sentadas em uma mesinha de um pequeno bar, ao som de

Page 18: Kennedy And the Secret of the Amulet

música lenta e bebidas desconhecidas. As duas pareciam não se olhar, uma olhava para cada direção diferente, pareciam se odiar. Qualquer um notaria isso.

A mulher mais jovem era bela, usava um vestido branco com acabamentos dourados nas barras. Tudo nela era branco e cor-de-rosa. Seus cabelos cor-de-rosa berrante amarrados numa trança tão longa que quase chegava ao chão, seus olhos cor-de-rosa, suas unhas cor-de-rosa e até seu sorriso falso era cor-de-rosa. Em seu braço havia um relógio de prata que ela olhava a cada dez segundos.

A segunda mulher era bem mais velha. Era uma velha corcunda, vestindo uma túnica preta que cobria seu corpo por inteiro, um tipo de lenço tampava sua boca, apenas as mãos e os olhos eram visíveis nela. Porém os olhos eram diferentes, o da direita era comum, um castanho nada de especial, já o outro era branco-leitoso, como se não tivesse íris e pupila, nada! Sua bebida intocável encima da mesinha.

As duas mulheres olhavam para o horizonte como se esperavam alguém chegar, mas este alguém estava demorando e as duas estavam de saco cheio com a ideia de ficar muito tempo sozinhas no mesmo lugar.

- Está demorando. – reclamou a mulher de cabelos cor-de-rosa. - - Não posso ficar num lugar como este por muito mais tempo. Olhe minha pele, esse frio está me matando.

Era noite, e uma neblina tensa se projetava na rua em frente ao pequeno bar. A velha corcunda encarrou pela primeira vez a mulher de cabelos cor-de-rosa.

- Ele vira. – disse. – Não se zangue com ele Alicia. Sabe que Chito é muito lerdo.

Alicia se ajeitou na cadeira e arrumou o decote do vestido.- Se ele demorar mais que o planejado, irei embora.- Você não pode ir Alicia. Jurou protege-lo, a mãe dele está morta, o que

você quer fazer agora? Abandona-lo?Alicia deu um sorrisinho sarcástico pelo canto da boca.- Linda, eu não me importo com o garoto, nem mesmo com Kennedy.

Estou aqui por uma razão única e isso não inclui o garoto.Linda, a velha bufou e voltou a olhar para fora da janela, no horizonte. O

tempo passava e as duas permaneceram quietas por um longo tempo até Alicia voltar a falar novamente. Linda pareceu não gostar.

- Você vai se mudar para aquela casa, ao lado deles não vai?Linda franziu a testa enrugada.- Sim. – respondeu. – o garoto precisa de proteção até ter idade, é claro.Alicia soltou a maior das gargalhadas até aquele momento. Colocou a

mão rosada na boca para tentar abafar o riso.- Como se ele precisasse de proteção Linda, especialmente de você.Linda se levantou e bateu o punho sob a mesa.

Page 19: Kennedy And the Secret of the Amulet

- Qual é a sua. – uma veia na testa da velha bombeou. – Porque então você entrou para a Ordem? Porque abandonou a própria família?

Alicia cruzou os braços e virou a cara.- Não quero falar sobre isso. – sussurrou parecendo incomodada.Linda se sentou ajeitando a corcunda nas costas. As duas voltaram a ficar

silenciosa, uma olhando para cada lado da mesa. O pequeno bar estava quase vazio, havia poucas pessoas além delas no aposento bebendo e conversando. O tempo passava cada vez mais rápido e a lua se erguia no céu. Linda observou as estrelas e estremeceu como resultado. A cada minuto que se passava Alicia olhava para seu relógio prateado e batia o pé contra o chão. Em seu rosto um aspecto vermelho estava se formando, era obvio que ela estava frustrada com tudo aquilo e queria mais que tudo terminar logo com isso.

A neblina fora do bar estava tensa, o termo passava e urgia. A noite caia e as mulheres a pequena mesa não durariam mais dez minutos. Por fim um vulto negro se aproximou do pequeno bar. Linda se levantou e ajeitou o vestido.

- Ele chegou.O homem abriu a porta do bar, algo em suas mãos brilhava, mas não

segurava nada. O homem era baixo e meio gordo, tinha uma enorme cabelereira e barba negra, tinha sobrancelhas grandes e grossas que escondiam seus olhinhos pequenos. O homem acenou com a cabeça quando se aproximou das senhoras. Em seu braço direito avia uma mão mecânica que girava em sentido horário sem parar.

- Senhoras. – cumprimentou ele fazendo uma reverencia.- Alfredo. – Linda disse. – Está atrasado, meus deuses Alfredo está

começando a ficar como Chito.Alfredo ergueu a mão mecânica e puxou uma cadeira para se sentar.

Quando os três estavam outra vez na mesa ele sorriu.- Me desculpe se eu por ironia do destino me atrasei um pouco.- Um pouco? – surtou Alicia nem percebendo que estava gritando. –

Estamos esperando desde o anoiteceu velho, poderia saber o que você estava fazendo esse tempo todo?

Alfredo pediu um copo de cerveja para o homem do bar, que inclinou-se para a frente e ali fez um copo surgiu em cima da mesa, estendeu uma jarava e despejou o liquido dentro do copo. Alfredo pegou e tomou um gole.

- Obrigado meu bom amigo, sua fabulosa habilidade ainda me surpreende.

O barman fez uma reverencia.- Sim meu amigo. – e se retirou.Alicia o encarou longamente.- O que houve? – perguntou Alfredo. – esqueci-me de limpar os meus

dentes hoje. Aposto que...- Você não me respondeu velho. – queixou-se Alicia ainda mais furiosa.

Page 20: Kennedy And the Secret of the Amulet

- É mesmo? Achei que tivesse. Desculpe-me. – ele riu sozinho. – Eu estava na Floresta da Perdição é claro, depois da guerra tive que ter certeza absoluta que o dragão ainda está dormindo.

- E está? – perguntou Linda de testa franzida.- Sim – respondeu Alfredo sua mão mecânica girando sem parar em

sentido horário. – Caos não conseguiu acordar a Fera, não era pra tanto. Kennedy deve tê-lo impedido, se o dragão dourado acorda-se, temo que fosse o nosso fim. Ele ainda está dormindo, no fundo do vulcão Tufão.

- Isso é uma boa noticia. – Linda ergueu a taça ainda cheia acima da cabeça, virou para o lado e despejou toda a cerveja no chão. – detesto cerveja, detesto líquidos e detesto ainda mais qualquer comida dos Normais.

- Devia ter pensado nisso antes de me trazer para um lugar onde só servem comida dos Normais. – resmungou Alicia cruzando os braços e voltando a bater o pé no chão.

Linda a encarrou nos olhos, Alicia mantinha o olhar longe, para fora da janela, na neblina tensa. Alfredo tomou três copos de cerveja em menos de cinco minutos, ele limpou a boca na manga do casaco e bateu com o copo sobre a mesa.

- Um grande dia, uma grande vitória. Salve Kennedy.Os poucos que estavam no bar ergueram as taças e copos e soltaram o

coro “Salve Kennedy”. Linda pareceu riu, o lenço em sua boca distorceu para o lado. Alicia revirou os olhos e continuou concentrada fora da janela.

- Onde está Chito com o garoto? – resmungou ela batendo o pé e olhando para o relógio. – Tenho compromissos sabia, não posso ficar aqui esperando por um bando de velhos.

Alfredo tirou o sorriso do rosto, pareceu se lembrar de alguma coisa.- Senhoras, eu temo dizer. – ele olhou para os lados. – Como é um

assunto inteiramente confidencial... temos que conversar apenas nos três.Alfredo fez um sinal para o barman e ele veio quase que correndo. Os

três se levantaram e seguiram o homem até um quartinho nos fundos. Alicia reclamou levantando o vestido branco a altura dos tornozelos, pois o chão estava muito sujo e encardido naquela parte do bar, seus cabelos cor-de-rosa agitavam-se a cada passo que dava, dando a impressão de se arrastarem ao chão. Linda seguira atrás de todos certificando de que ninguém estava seguindo-os ou implantando alguma magia para escutar a conversa, a guerra tinha acabado, mas nem todos os inimigos haviam sido derrotados.

Ao passar pelo aro da porta, Alfredo os trancou lá dentro, pedindo que o barman só reabrisse quando Chito chegasse e depois se virou para as senhoras.

- O assunto é altamente importante, apenas nós podemos saber disso. Essa noite e todas as noites que virão.

- Diga logo Alfredo. – Linda exaltou-se.- Chito não trará o menino.

Page 21: Kennedy And the Secret of the Amulet

- Como assim velho? – pela primeira vez na vida, Alicia parecia estar prestando atenção em algo. – O que isso significa?

Alfredo se certificou de que ninguém estava por perto.- O menino de Lucia e Kennedy não vira com Chito, mas sim com o pai

dele. O próprio Kennedy.O mundo desabou naquele pequeno quartinho. Linda soltou uma palavra

obscena, Alicia não sabia o que expressar em seu rosto, até mesmo Alfredo que dera a noticia pareceu ficar sem ar. Isso era o fim, Kennedy não poderia levar o garoto, ele tinha que ser entregue aos Dodds, até mesmo os Dodds sabiam que Kennedy não seria capaz de criar o próprio filho. Deveria ser criado por parentes e parentes humanos, não... não, Kennedy!

- O que deu em Chito agora! – berrou Linda andando de um lado para o outro. – Ele perdeu a noção do que fez, isso não está certo. NÃO ESTÁ!! E se Kennedy levar o garoto? Já parou para pensar nisso? Já?

Alfredo deve que segura-la a um canto para acalma-la.- Calma Linda, Chito está vindo e explicara tudo. Ele é o mais sábio

dentro nós e sabemos disso.- Só espero que você tenha razão Alfredo. – Linda se largou dos braços

de Alfredo e se virou para se sentar numa poltrona perto do fogo. – E a garota, e a mãe do menino? Chito disse alguma coisa?

Alfredo engoliu em seco.- Caos tentou acordar o dragão dourado. – Alfredo abaixou a cabeça. –

Chito me informou que Lucia morrera tentando detê-lo, não sabemos quando, nem como. É isso.

Alicia olhou para eles e tomou certa distância, não estava nem interessada sobre a morte de Lucia Kennedy, tão pouco com um dragão adormecido em um vulcão, não era da cidade deles então pouco interessava, a guerra que matou Lucia Kennedy não era da sua conta.

O tempo corria e eles ficaram ali, esperando. Alfredo verificou a rua, para caso algum Normal estivesse os espionando, Alicia olhava para o relógio o tempo inteiro, seu pé batendo contra o chão, várias vezes. Linda caminhou até a janela e espionou o céu, as estrelas brilhavam acima deles como vagalumes passeando pelo céu negro.

- São quase onze e meia. – disse Linda ajeitando a capa por cima do corpo.

- Como sabe? Olhando as estrelas. – Alicia riu. – Tinha me esquecido Linda, a sua espécie e capaz de fazer isso...

Tudo foi muito rápido.Linda pareceu um flash negro, num instante seguinte Alicia estava

imprensada na parede ao lado da porta. O punho da velha corcunda apertava sua garganta, na outra mão, Linda tirou uma lâmina brilhante e lentamente foi chegando cada vez mais perto do rosto de Alicia, que riu.

Page 22: Kennedy And the Secret of the Amulet

- Vai me matar agora velha? – perguntou ela, seus olhos cor-de-rosa brilhando de pura emoção. – Pelo que sei você é capaz, vai me devorar depois ou me enterrar como uma pessoa comum.

Linda apertou sua garganta.- Nunca mais comente isso em público, está me ouvindo? – disse ela

furiosa.Alfredo deu um passo à frente o pôs a mão no ombro de Linda.- Pare Linda. Não vale a pena. Não com ela.Linda a largou e foi para um canto da sala ainda em alerta, nada a

deixava assim, exceto, talvez, Alicia.- Não sei como fui me tornar amiga de você Alicia. – disse ela ao olhar

pela janela. – Minha paciência acabou em relação a você, há muito tempo Alicia, há muito tempo.

Alicia ajeitou o vestido branco, com um grande sorriso no rosto.- Eu gosto muito de você minha amiga.Linda ainda agitada suficiente, começou a caminhar de um lado para o

outro e depois em círculos, xingando em uma língua desconhecida entre os presentes naquele aposento. Ela chutou uma poltrona que só parou quando atingiu a parede oposta. Suas mãos tremiam atrás de seu corpo, sua corcunda parecia ter vida própria, sacudida de um lado para o outro, como uma gelatina.

- Ainda não acredito que Chito permitiu que o pai trazer-se o garoto. – comentou ela, sua testa franzida. Furiosa.

- Acho que Chito está querendo se livra do garoto. – riu Alicia silenciosamente.

Os dois a ignoraram. Alfredo deu um passo à frente.- Temos que confiar de Chito, minha amiga. Chito sempre sabe o que faz,

sempre tem um plano em mente. Você o conhece tão bem quanto eu.- Só espero que você tenha toda a razão Alfredo. – disse Linda agora se

largando na poltrona mais próxima.O tempo passava, O tempo urgia. Nada de Chito chegar. Alicia estava

estupidamente ridicularizada com isso, esperava a todo o momento que Chito viesse, estregasse o garoto aos Dodds e voltasse para casa. Mas não, Kennedy viria em pessoa trazer o garoto aos tios. Isso seria algo bom? Todos sabiam que Kennedy não poderia criar o filho, todos sabiam que sendo um “deles”, não teria essa alternativa. E se Kennedy surtasse e levasse o garoto embora. Seria o fim, o desastre, o mundo iria precisar de Johnny Kennedy quando a hora chegasse.

Um tempo depois da discussão, um vulto passou pela janela. Linda se levantou.

- Ele chegou. – todos desviaram a cabeça para a janela.Um homem havia entrado no bar, ouviram as saudações do quartinho.

Chito era um homem muito conhecido e admirado por todos, era rico na área

Page 23: Kennedy And the Secret of the Amulet

de humildade e capacidade, nunca houve homem igual a ele. O imperador de Magma.

Quando o barman abriu a porta, Chito entrou. Era um homem velho, curvado. Tinha uma grande e longa barba e cabelo vermelho-fogo, seus olhos por traz de óculos prateados era verdes-vivos, uma elegância, seu rosto era enrugado e tinha um grande nariz de gancho. Usava trajes a rigor e se apoiava de uma bengala esculpida em madeira, no alto dela uma raposa vermelha esculpida. No alto, no ombro de Chito, um gato branco se apoiava.

- Boa noite. – cumprimentou ele.- BOA NOITE!! – surtou Alicia a um canto. – você viu que horas são meu

caro? Esse frio está de matar.- É verdade, está atrasado. – disse Linda, muito nervosa por concordar

com Alicia. – E que história sacana é esse de deixar que Kennedy levasse o garoto?

Chito entrou e trancou a porta, esperava ninguém tem ouvido os gritos.- Senhora Linda Bell, como é bom ver você novamente. – ele sorriu e se

virou para os outros dois. – Alfredo Bolton, que honra estar em sua presença, mais uma vez meu bom, leal e velho amigo. E Alicia Mello. Vivo me perguntando o que a sempre a traz aqui... deveria estar comemorando...

- Não tenho tempo para babaquices meu velho. – Alicia cruzou os braços e fechou a cara.

O gato desceu do ombro do dono e caminhou em direção de Alicia que recuou lentamente e disse:

- Essa mulher tem medo de mim.- Não tenho medo de você gato...- Sor. Jorge, se assim agradar à senhora. Obrigado! – fez o gato com a

pata no peito. – é mais estúpida que aquele Dodds.Chito caminhou para Alfredo e lhe deu um forte abraço.- Meu amigo. – Alfredo soltou uma gargalhada. – como vai, seu pilantra?

Os gêmeos, como estão?Chito o soltou.- São tudo pra mim, tudo meu amigo. Desde que minha filha... aqueles

gêmeos tem os olhos dela sabia?- Todos têm. – Alicia riu e se virou para o gato. – Saia Jorginho, não gosto

que me cheirem!O gato olhou friamente para ela, subiu no batente da janela para ficar a

altura da mulher, a encarrou com seus olhos verdes e brilhantes...- Sor. Jorge senhora e...- Jorginho, chegue... prepare-se. – chamou Chito.O gato não pareceu se ofender quando o dono o chamou de Jorginho, foi

ao contrário, o gato deu um largo sorriso e acenou com a cabeça. O gato pulou no ombro do dono para receber carrinho e produzir um ronronado de se enfezar.

Page 24: Kennedy And the Secret of the Amulet

- Sei que devem estar se perguntando o porquê eu deixei que Kennedy levasse o garoto pessoalmente a casa dos Dodds. – começou Chito ficando de frente para os três outros, Jorginho ronronava em seu ouvido e esfregava a cabeça na grande cabeleira vermelha do grande senhor. – Essa é a questão mais simples. Eu confio em Kennedy a minha vida. Confie em mim, confio em Kennedy.

- Aquele cabeça oca. – resmungou Linda. – eu o alertei de todas as formas possíveis que o menino tem que ficar na Terra, só assim nós temos esperanças.

- Certamente ele ouviu Bell. – Chito deu um sorrisinho. – e apesar das consequências que eu tomei, Kennedy sabe que seu filho não poderá ir com ele. Os Dodds são as pessoas certas para ele. Jorge esteve lá essa manhã.

Alicia bufou e empinou o nariz.- A questão é a seguinte. – disse ela ajeitando o vestido mais uma vez, e

olhando para aquele relógio o tempo todo. – Está ficando tarde, como chegaremos a Rua João Barros que fica a quilômetros daqui?

- A resposta esta atrás de você. – respondeu Chito sorrindo.Alicia virou-se e se deparou com um quadro, pintado a mão por um

artista desconhecido aos seus olhos. Avaliou aquele quadro como se ele fosse algo surreal. Depois de uma boa inspeção se voltou para Chito.

- Um quadro? – perguntou descontraída.- É apenas um quadro. – disse Chito sério. – O que importa é o que está

atrás dele. Nos tempos antigos, enquanto os Haymeths ainda vagavam pela Terra. Eles projetaram um meio único para eles, de se transportar facilmente de um canto a outro.

Chito segurou o quadro e o removeu. Atrás na parede, palavras em uma língua diferente estavam escritas com tinta pedra. Chito posicionou o quadro a um canto no chão e voltou-se para Alfredo.

- A trouxe? – perguntou ele.Alfredo tirou de dentro das vestes uma simples caneta dourada, ele se

aproximou de Chito e estendeu a caneta com um reverencia.- Aqui está meu amigo, como havia dito, estava muito bem guardada.- Muito obrigado velho amigo. – Chito pegou a caneta com outra

reverencia. Lá atrás Alicia Mello revirou os olhos.Chito se virou uma à parede e apontou a caneta para as estranhas

escrituras, naquele momento as palavras brilharam numa luz azul e a caneta dourada de Chito começou a brilhar na ponta. Ele olhou fixo para as palavras de disse as seguintes:

“me nmeo ed Harry Ganapçoe equ aarb ssee oprlat

praa uqe psosaoms psasar.”

Page 25: Kennedy And the Secret of the Amulet

E com um movimento da caneta fez um círculo perfeito ao redor das palavras que tomou uma forma azulada e formou um arco, suficientemente grande para passar uma pessoa. O arco azul imediatamente soou um som de água caindo.

- Espero que nenhum Normal tenha visto. – preveniu Chito, o gato em sem ombro imóvel.

- Não tem. – respondeu Alfredo. – eu observei desde a nossa entrada no bar. – Se bem que hoje a rua vai estar movimentada, dia das bruxas.

- Há essa hora, as crianças Normais estão mais que na cama. – disse Linda Bell parecendo demonstrar um sorriso. – Isso facilita muito nossa missão.

- E nos céus? – perguntou Chito.- Ninguém parece estar observando... – disse Linda.Chito olhou para o portal.- Bem, então não vamos mais perder tempo. Está ficando muito tarde.Alicia sairá do canto e se aproximou do portal. Olhou-o atentamente e

franziu a testa. Logo começou a procurar em suas vestes e tirou um pequeno frasco fino, que parecia um perfume Normal.

- Mas o que é isso?! – exclamou Linda.- Se vamos passar por esse portal Haymeth, quero me assegurar de que

eu chegarei do outro lado viva. – ele liberou um liquido do frasco, espirrando três vezes no portal, imediatamente o portal ficou cor-de-rosa por alguns segundos e depois voltou à cor natural, azul, com sons de água caindo.

Linda parecia querer esgana-la, respirou fundo e apontou.- Já que não quer morrer. – disse ela fervendo. – vá à frente, faça esse

favor para nós.Alicia não questionou, empinou o nariz e virou a cara, ergueu o vestido

até os tornozelos e adentrou no portal. Ao passar o som de água caindo se transformou em vidro se quebrando ao cair no chão. Quando o último vestígio cor-de-rosa de Alicia Mello desapareceu no portal o som voltou à água.

- Um dia. Um dia ainda a mato. – disse Linda.Chito riu.- Sua vez meu amigo. – ele indicou Alfredo.Alfredo Bolton se posicionou a frente do portal, ele avançou e por alguma

razão o som de vidro se quebrando fora menor. Quando Alfredo atravessou Chito voltou-se para Linda Bell.

- Linda.Ela ficou de frente ao portal. Naquele momento aproveitou que estava a

só com Chito e virou o rosto enrugado e coberto para se encontrar com o dele.- Não aprovo o que você fez Gana. – ela disse. – Sabe que Eles não são

como a gente... você sabe. Espero que saiba o que está fazendo.- Bell. – Chito colocou as mãos enrugadas no ombro da velha. – Kennedy

me deu total confiança em suas palavras. Ele levará o garoto. Confie. Quando atravessarmos o portal, ele estará lá.

Page 26: Kennedy And the Secret of the Amulet

- Espero que sim. Espero...Linda atravessou o portal.Todos estavam muito ansiosos para terminarem aquela missão. Tinham

que ir por ordem de Kennedy. Sabia que o garoto não poderia ser criado pelo pai, por que esse não era comum, era diferente. Kennedy fora proibido de cuidar do filho e até mesmo de ficar na terra. Todos sabiam do real perigo que o garoto teria se fosse criado pelo pai, tinha que ser criado por humanos. Isso mesmo “humano”. Kennedy não era muito humano, alguns até não acreditam que de fato Kennedy não é humano, como o Sr. Dodds, por exemplo. Mas a pergunta seria se o filho dele, Johnny, se tornaria como o pai, metade-humano, metade - a raça do pai dele - ninguém poderia imaginar o que iria acontecer com o menino se ele herdasse os olhos do pai. Olhos que escondem um segredo a qual todos ansiavam em descobrir. Chito Gana, Alfredo Bolton, Alicia Mello, Linda Bell e até mesmo Jorge sabia do imenso perigo que esse garoto estaria a esperar daqui para frente, por que mesmo não querendo. Johnny era filho de um “Deles”, os seres mais extraordinários que esse mundo já teve.

Quando seus parceiros se foram, o quarto entrou num silencio incomum, Chito olhou por cima do ombro.

- Está pronto Jorginho. – disse ele para o gato.- Mais pronto que nunca senhor. – respondeu Jorge colocando uma das

patas na testa como um soldado.Chito mergulhou no portal. Ele logo sentiu um puxão na barrira como se

o portal o sugasse para longe, sua forma física de deformou completamente ao corpo inteiro tocar a luz azul. Chito já era muito bom nisso vivia resolvendo problemas através de portais Haymeths. Não era nada estranho aquilo que estava acontecendo, nem diferente.

Porém quando saiu do portal estava intuito, Jorge tremia e seus pelos estavam todos em pé, os dentes do gato estavam serrando, fora um grande susto. Mas o que a viagem no portal não poderia fazer era o que estava acontecendo naquele momento, Chito se via saindo em uma rua escura e nebulosa, sabia que estava na Rua João Barros, enfeitada para o dia das bruxas, abobora iluminadas, criaturas medonhas enfeitavam as casas, porém também sabia que alguém deveria estar ali, um homem que lhe avia prometido que traria o filho em segurança no local, um homem em quem ele confiou. Jorge pulou de seu ombro e foi até a rua, olhou de um lado para o outro - como se fosse possível ver através da névoa intensa que cercava o local.

- Acho que ele não está. - disse se lambendo para abaixar os pelos erguidos.

Linda Bell o pegou desprevenido, mal teve tempo de perceber o que estava realmente acontecendo.

- Já imaginava. – ela gritou. – Não se deve confiar Neles. Kennedy levou o garoto, meus Deuses Chito, isso vai mudar completamente o rumo das coisas...

- Eu não entendo. – Chito olhava de um lado para o outro. – ele me deu sua palavra, ele... ele...

Page 27: Kennedy And the Secret of the Amulet

- Chega! – exaltou Alicia. – já estou farta disso, Kennedy não vem, devemos aceitar o fardo. O menino? Ele já era... Tem outro, o deixe no poder.

Ela se encaminhou para o portal e antes que ela conseguisse passar Chito fechou-o.

- Oque é isso? – berrou Alicia. – Abra-o!- Não! – Chito tentou manter a calma. – Ninguém vai partir. Somos

membros da Ordem, juramos proteger o garoto. E assim faremos.Alfredo posicionou-se a frente de Chito.- Velho amigo. Acho que Kennedy...- Não! – Chito afastou o braço de Alfredo e caminhou em direção à rua.

Juntou as duas mãos a frente do corpo e apontou para um dos lados. – Bell.- Não tem ninguém num raio de duzentos metros ao nosso redor que esta

nos observando. – respondeu ela com seu olho branco mexendo de um canto a outro.

Chito Gana abriu os braços para os lados – como estivesse nadando – fazendo com que a névoa se dissipasse, formando um caminho direto a casa dos Dodds.

- Vamos até a casa dos Dodds. Vamos espera-lo. – disse.Não era verdade, não poderia ser. Kennedy avia os enganado, tinha

levado o filho embora para muito longe, quem sabe até além do planeta terra. Chito se sentia a pessoa mais estúpida do mundo.

Ninguém disse nada, assim todos começaram a caminhar pela Rua João Barros em direção ao número 52 - casa dos Dodds - e já estavam muito ansiosos para o que poderia acontecer. Será mesmo que Kennedy levara o garoto? Quem era Kennedy realmente? O Sr. Dodds acreditava que ele não era humano... Bom. Não se sabia ao certo, esse pequeno grupo aparenta conhecer bem esse Kennedy, o que não é tão diferente dele. O menino que deveria ficar com os tios tinha algo de especial? Tinha alguma coisa a ver com algo em relação de importância? Deveria ter, pois Johnny - como deverá se chamar - era filho de Kennedy... um deles.

Quando chegarão ao número 52, a sombra de um homem caminhava de um lado para o outro, muito nervoso, uma mulher estava sentada num sofá com uma criança no colo. Chito se virou para o pequeno grupo que o seguia.

- Não entendo. – disse.- Ela não vem meu amigo. – Alfredo o consolou. – devíamos voltar e

tentar algum contato. Ajudar as pessoas que ainda sofrem por causa da guerra.

- Alfredo tem razão. – Linda olhou fundo nos olhos dele. – A cidade precisa da gente, de você em especial. Temos que tentar algum contato, Kennedy não pode fazer isso. Foi proibido...

- Vocês querem calar a boca e prestar atenção. – Alicia indicou com a cabeça o fim da rua.

Ela tinha razão. No final da Rua João Barros, um tornado gigantesco começou a se formar e vinha na direção deles. O tornado estava começando a

Page 28: Kennedy And the Secret of the Amulet

ter uma forma humana até desaparecer completamente e dar vida a um homem gigantesco, com mais de cinco metros de altura. Ele carregava um embrulho pequenino em seus braços. Começou a andar em direção ao número 52 enquanto diminuía de tamanho. Quando chegou ao pequeno grupo, tinha o tamanho aproximado de um homem normal.

- Senhores. Senhoras. – ele fez uma reverencia.- Senhorita. – Alicia botou a mão na cintura. – Por sua gentileza.Linda a olhou furiosamente, notou que a mulher estava com as

bochechas avermelhadas. Resolveu não dizer nada.Kennedy tinha uma aparência encantadora. Estava usando um mando

branco, que se arrastava ao chão, uma toca cobria sua cabeça. Ele além de ser muito branco, tinha a pele brilhante como um verdadeiro diamante, e seus olhos... Os olhos. Azuis claros brilhando como dois faróis de um carro que iluminava intensamente o local de uma luz azul. Ninguém ousava olhar diretamente para os olhos dele, além é claro, se você quisesse ficar cego para o resto da vida.

Kennedy se aproximou de Chito.- Tome. – ele estendeu o pequeno embrulho. – Está aqui o garoto... meu

filho.Chito o segurou, puxou os lençóis brancos do rosto do pequeno garotinho

e olhou a face do menino. Era lindo, um pequeno bebê adormecido, muito parecido com o pai e ainda mais com Lucia, os cabelinhos castanhos caídos sobre a pequena testa. Linda chegou ao encosto de Chito.

- Que lindo. – ela pareceu sorrir, fazia tempo que não o via. – ele faz um ano hoje, não é mesmo? Nossa! Tão pequenino.

- Kennedy. - Chito olhou para ele tentando não olhar diretamente para os olhos. - O que realmente aconteceu... O que aconteceu a Lucia? Se for pessoal para você não diga, mas essa criança precisará conhecer a verdade.

- Obvio que ele devera saber a verdade. - Kennedy concluiu. - Mais não quero falar sobre Lucia.

Ninguém falou mais nada. Kennedy olhou para a casa onde seu filho passaria os próximos anos, sabia que Denis Dodds iria cuidar de seu filho como se fosse dele, por mais que o Sr. Dodds o odiava, ele tinha que deixar o filho com eles, não avia outra opção.

- Acho que vocês ficaram meios assustados quando eu disse que traria meu filho. - disse Kennedy.

- Naturalmente. - comentou Linda.- Bom. - Kennedy abaixou a cabeça e contemplou o chão, sempre fazia

isso. - Hoje é noite de lua cheia, o que significa que meus olhos só brilham nessas noites.

- O que quer dizer? - perguntou Alfredo meio desconfiado.- Simples. - Kennedy levantou a cabeça, todos desviaram os olhares. -

Antes de eu partir eu tinha que ter certeza absoluta de que Johnny nasceria normal. Porém decidi trazer ele, eu mesmo, para nada menos que vê-lo. Foi quando vi. Seus pequenos olhinhos brilhando como os do pai.

Todos pareceram se espantar.- Quer... D... Dizer que... ele. - Linda se engasgou.

Page 29: Kennedy And the Secret of the Amulet

- Sim. - Kennedy abriu um sorriso pelo canto da boca. - O meu filho é como eu, de minha raça, e metade humano... como a mãe. Ele terá os poderes de meus olhos. Esse garoto ira sofrer muito possivelmente. Porém será incrível.

- Mais... Quer dizer que ele possui esses olhos? - perguntou Chito encafifado. - Ele terá o poder que ninguém nunca viu. Que só você possui Esse... esse garoto vai ser muito conhecido.

- Possivelmente. - Kennedy retirou o capuz que lhe cobria a cabeça, seus longos cabelos castanhos claros caíram relutantes cobre os ombros num brilho descomunal aos olhos dos outros. Kennedy beijou a testa de seu filho. - Boa sorte, Johnny, meu pequeno herdeiro. Acho melhor eu ir indo!

- Não vai ficar para entrega-lo aos Dodds? - perguntou Chito.- Fiz o que tinha de fazer por uma noite. Os Dodds não gostam de mim.

Um dia ainda vou vê-lo, mais por hoje é só. - Kennedy repôs o capuz. – me prometam que não vão deixa-lo se perder com Dimonos, não permitam que eles o casem como um animal... só peço isso. Ele é meu filho, o primeiro e único filho que realmente amei na vida.

- Faremos o possível. – Chito fez uma reverencia.O homem se virou para sair, quando estava a vários metros de distância

do grupo ele começou a voltar ao seu tamanho original, de quase cinco metros e ali, simplesmente se transformou em poeira e foi levado ao vento.

Linda olhou para o garotinho que dormia profundamente no colo de Chito, que estava abalado com o que ouviu sobre Johnny ou talvez impressionado de estar segurando o filho de Kennedy... um deles...

- Ainda não acredito que esse menino tem os olhos. - comentou Linda.- Como não. - Alicia empinou o nariz. - O pai dele disse. Der. E viram

como ele olhou para mim, Ha! Só eu mesmo.Linda olhou para Alfredo como quem dizia: “Vou Mata-la”, Alfredo

apenas riu.- Temos que entrega-lo aos Dodds. - falou Chito. - está ficando muito

tarde.- Você acha mesmo que ele possa ser o herdeiro? - perguntou Alfredo

ainda tentando ver o rosto do bebê. - Seria mesmo que esse menino virá a ser um grande homem?

- Assim como o pai. - Chito riu. - somente o tempo possa nos disser, mas por enquanto ele vivera aqui, descobrira as novas leis deste novo mundo, esse menino será sim o grande. O herdeiro dos Rucrânios.

- E a profecia? - Linda demostrava preocupada.- O tempo é o único que nos dirá Linda Bell. A guerra finalmente acabou

isso já não é o bastante? - concluiu Chito. - Vamos, está mesmo muito tarde...Chito Gana se virou para a porta dos Dodds e bateu três vezes. A sombra

do homem, cujo andava de um lado para o outro na sala de estar parou subitamente, ele dirigiu um olhar para a esposa e a abraçou, deu um beijo na testa de seu filho e veio atender a porta, destrancando inúmeras chaves.

Naquele momento o bebê Johnny Kennedy estava dormindo profundamente, sem ao menos saber do que estava acontecendo fora daqueles lençóis. Sem desconfiar que uma rebelião estivesse se formando em segredo em alguma parte do país, que o mundo em que pertencia estava sendo retirado dele. O pequeno Kennedy nem desconfiava também que era mais do

Page 30: Kennedy And the Secret of the Amulet

que especial, e que um dia saberia a verdade, que um dia descobriria que tudo dependera dele, o pequeno herdeiro cresceria grande. Mas por enquanto ele dormia profundamente, com os sonhos mais leves que um pequenino poderia ter.

Denis Dodds envolveu o garoto em seus braços, lançando olhares desconfiados para o pequeno grupo do lado de fora de sua casa. Fechou a porta sem esquecer-se de tranca-la bem.

Page 31: Kennedy And the Secret of the Amulet

– Capítulo Dois –Colégio Kings

uase onze anos aviam se passado, desde aquela noite em que Johnny Kennedy fora deixado junto aos Dodds, porém então, Johnny já não era mais um pequeno bebê, o menino iria completar seus exatos

doze anos a poucos dias e já era um garoto comum – ou pensava ser – como todos os outros da rua onde morava.

QSua aparência era idêntica ao de seu pai. Um rosto magro, cabelos

castanhos claros caídos sobre a testa, e seus olhos... Os olhos, azuis como o céu. Johnny tinha um pequeno defeito, sua capacidade de querer saber das coisas era grande, para ser mais exato, ele era bastante curioso. Os anos na casa dos Dodds não fora lá o perfeito, mais tinha algo naquela família que o deixava alegre. Os Dodds eram muito bem humorados e se divertiam muito quando o assunto fosse família e a única coisa em que derrubava o ambiente alegre naquele lugar era o nome Kennedy...

Johnny nunca descobriu quem era seus pais, e como eles morreram. Sim, os Dodds optaram em não falar do tal Sr. Kennedy. Esse era um mistério enorme para o garoto, que os Dodds nunca revelaram. Quando a palavra “Pais” vinha da boca de Johnny, Denis Dodds – seu tio – ficava furioso e o mandava para o quarto em silêncio.

Afonso, o Afonsinho, também não era mais um pequeno menino que fazia suas artes, agora era um menino mais velho, três anos amais que Johnny, porém era um grande companheiro de Johnny na escola. Eles estudavam num colégio local, chamado “Benzer”, um pequeno colégio em Nova Lisa.

E era nesse colégio que Johnny passou a pior fase da sua vida medíocre. Por alguma razão as pessoas o olhavam com desprezo, mesmo antes de conhecê-lo, ele não sabia ao certo, mas qualquer um que olhava para ele logo virava a cara. Johnny pensava sobre isso e nunca chegou à conclusão, porem decidiu deixar assim mesmo, por que mesmo sem ninguém saber ele era uma aberração - como ele próprio o chamava.

Johnny em certas noites deixava literalmente de ser ele mesmo. Todas as noites de lua cheia o garoto ganhava forças sobrenaturais além dos olhos brilharem intensamente em uma luz azul florida. Johnny não fazia ideia do que estava acontecendo, apenas os Dodds sabia disso, mas nunca chegaram a conversar sobre o assunto. Por causa disso, decidiu simplesmente deixar as pessoas de lado, não queria machucar ninguém, pois quando seus olhos brilhavam ele perdia a consciência e quando acordava logo de manhã, fizera um grande estrago. Importava com os outros, não queria machucar ninguém, o último que se dizia amigo dele acabara num hospital e atualmente anda de cadeira de rodas. Johnny se sentiu péssimo quanto a isso, tentou procurar esse tal garoto, mais nunca o encontrou novamente, ouvira boatos de que a família dele mudara de país.

Fora desse ocorrido que Johnny agora se isola, não queria machucar mais ninguém, o que talvez fora esse boato o motivo a qual todos o odiavam... quem sabe?

Eram exatamente cinco da tarde de uma sexta-feira quando finalmente a história começa. Johnny e Afonsinho voltavam do colégio exausto e muito

Page 32: Kennedy And the Secret of the Amulet

sonolento. Johnny estava sujo e todo rasgado, passara o dia inteiro fugindo dos colegas, nada muito divertido, mas era apanhar ou machuca-los. Se machucasse seria expulso e seus tios tomariam severas atitudes, se fosse pego tudo ficaria bem. Johnny decidiu inutilmente ser pego, pois não queria matar ninguém, nem seu pior inimigo.

Afonsinho em geral todo reluzente e admirado por todos, naquele momento carregava ao peito um broche em forma de estrela gravado o nome: “estudante do mês” e exibia um grande sorriso no rosto. Para onde quer que ele olha-se tinha alguém que acenava para ele.

- O que foi Joh? - perguntou ele parecendo finalmente notar o primo. - Algo o incomoda?

- Não, estou bem. - disse Johnny passando a mão pelo rosto suado. - estou meio cansado... só isso.

- Só isso. - riu Afonsinho. - olhe para você, está todo acabado, não me diga que David atacou você outra vez.

Johnny pensou, se ele não poderia bater no garoto sem o mata-lo, talvez Afonsinho desse um jeito nele, ou talvez fosse piorar as coisas, pois iria ser conhecido pela escola como: “O fracassado”. É... era melhor deixar quieto.

- Não. - respondeu com os punhos cerrados. - eu apenas caí.- Outra vez. - se surpreendeu Afonsinho. - Caracas! Você já caiu umas

cinquenta vezes esta semana.- Hã... é. - respondeu o garoto.Os garotos chegaram a Rua João Barros, estavam quase em casa. Johnny

olhou para trás e poderia jurar ver um gato se escondendo dele. Era um gato muito estranho, sempre estava o perseguindo seja lá onde for. Johnny notava o gato que sempre tentava se esconder sem sucesso. Johnny voltou à atenção para frente, tinha de esquecer aquele gato idiota.

- Hum... Afonsinho. - Chamou Johnny.- Sim. - respondeu o garoto mandando beijo a uma loira ali perto.

Afonsinho era o galã de Benzer, mas para Johnny era o mais idiota. - O que foi Joh?

- Cara, me chama de Johnny, apenas Johnny está bem?- Nossa que mau humor, eu te fiz algo? - Afonsinho franziu a testa.- Desculpe. - Johnny ajeitou a mochila nas costas. - Mas, é que... por que

as pessoas me odeiam, será que foi o que aconteceu com meu amigo Scot?Afonsinho pareceu congelar, o menino de cadeiras de rodas se chamava

Scot e Afonsinho o conhecia tão bem quanto conhecia a si próprio. O menino pareceu perder a fala.

- Não sei Joh... quer dizer Johnny. - respondeu. - Não ligue para isso, eu também tenho inimigos... e olhe lá em... - e deu uma grande gargalhada.

- Sei. - Johnny contemplou o chão, fazia muito isso. - será que é o fato, de eu ser diferente, ter olhos que...

- Silêncio. - pediu Afonso. - sabe que não pode dizer isso no meio da rua e se alguém ouvir?

Johnny decidiu não falar mais nada.O sol estava se pondo à medida que os meninos avançavam, o peso nas

costas de Johnny estava intensamente, o garoto suava, só não sabia se era calor. O número 52 estava ficando mais perto. Johnny sabia que Afonsinho não tinha a mínima ideia de como ele estava se sentindo, desde pequeno, ninguém notava que ele estava daquele jeito, triste e isolado. Para as pessoas ele era

Page 33: Kennedy And the Secret of the Amulet

apenas mais um no mundo e não tinha nada de errado com ele, o que era completamente ao contrário.

Mais uma vez o garoto olhou para trás, o gato novamente pulou para uma lata de lixo próxima - como se Johnny não fosse notar - aquele gato estava o perseguindo já fazia três anos desde que se lembrava, mas nunca chegou tão próximo dele, por que o gato era mascote de sua vizinha, a Sra. Bell. Uma mulher muito estranha vestia sempre um manto negro e cobria completamente o rosto, além de uma enorme corcunda nas costas. A mulher sairá de casa em muitas poucas vezes, quase nunca viam ela, mas isso não era razão para aproximar de seu gato que assim como ela, era muito sinistro.

Afonsinho acenou novamente para um grupo de garotas que caminhavam em direção oposta deles, elas sorriram para ele e olharam constrangidas para Johnny, até então ouvira elas comentarem: “Por que o menino mais gato de Benzer anda com um garoto desses?” como também: “Olhe só para aquele menino, por que ele está andando com ele”. Johnny tinha uma sensação descomunal de que aquelas meninas estavam falando de Afonsinho e estavam certas, Por que ele, Johnny, andava com um garoto desses?

- Não quero nem saber o que papai vai dizer ao ver você assim. - comentou Afonsinho de nariz empinado. - Ele falou para min ficar de olho em você, mas você vivi brincando de pega-pega com seus amigos.

Johnny serrou os punhos.- Eles não são meus amigos. - disse entre os dentes. - e não quero nada

com eles... apenas que fiquem bem longe de min... só isso.- Hum, não queria insultar nem nada...- Afonsinho. - Johnny chamou interrompendo-o.- Sim.- Cale sua boca. - pediu quase educadamente.Afonsinho não disse mais nada, talvez não esteja querendo ser

assassinado por Johnny, aqueles poderes sobrenaturais do garoto tinham que ficar nele e apenas ele.

Quando finalmente chegaram ao nº 52, os garotos entraram em casa. O hall de entrada dava acesso à sala de estar, ampla e muito bonita. Era branca e tinha uma decoração de tirar o folego. Três sofás de couro encostados à parede, a poltrona no tio Denis inquieta num canto, uma enorme TV de 50 polegadas pregada à parede, além de um belíssimo lustre cravado no teto. Quadros e plantas alimentavam o local de alegria e harmonia.

Tia Tânia viera correndo abraçar os meninos.- Que bom que chegaram. - ela abraçou Afonsinho, Johnny tentou deslizar

pelo canto para ir direto ao quarto. - O que é isso. - ela apontou para a estrela de Afonsinho. - Não acredito... Estudante do mês outra vez... Johnny?!

- Sim tia Tânia. - respondeu o garoto tendo que pôr um fim em sua luta pela vitória.

- Que situação é essa, queira me explicar. - tia Tânia estava usando um avental, pois estava preparando o jantar para aquela noite, tio Denis estaria chegando mais cedo da empresa e é claro estaria com muita fome.

Johnny olhou para sua tia, não sabia o que dizer. Se falasse mentira como simplesmente caiu na escola, ela iria até lá confirmar essa história e conhecendo muito bem tia Tânia, Johnny supôs que dizer a verdade era muito melhor.

- Uma emboscada. - respondeu.

Page 34: Kennedy And the Secret of the Amulet

Tia Tânia arregalou os olhos para ele, fitou-o demoradamente, engoliu em seco.

- Alguém se machucou... Hã, quero dizer... você está bem?Johnny olhou fundo nos olhos da tia e acenou afirmativamente.- Com licença. - pediu e assim que pode subiu as escadas para o segundo

andar pulando de dois e dois degraus.- Tome banho e se vista para o jantar. - gritou a tia.- Não vou jantar hoje. - gritou Johnny de volta.Johnny trancou a porta do quarto, estava esperando a hora mais

agradável do dia, tomar um belo banho e cair na cama. Ali era o lugar a qual mais Johnny gostava de ficar, tinha tudo que um garoto comum gostaria de ter. O quarto era grande, avia uma cama de solteiro encostada a um canto da parede esquerda, a direita uma escrivaninha com vários cadernos e livros iluminados por um abajur, a um canto um grande guarda-roupa que ligava a uma porta para um banheiro luxuoso. O mais incrível de tudo aquilo era o vídeo game de última geração e um belíssimo Notebook, descansando em cima da cama.

Johnny jogou a mochila em cima da cama, descalçou os sapatos sujos e jogou para um lado, o garoto caminhou até o guarda-roupa e tirou vestes limpas e quentes onde a todo custo queria vesti-las. Johnny foi para seu belíssimo banho. Naquele momento já no chuveiro, apesar do súbito barulho que o chuveiro fazia, ele ouviu um barulho em seu quarto. Desligou o chuveiro para ouviu melhor... e nada. Ligou-o outra vez. Eu devo estar ficando maluco, disse para si mesmo, mas o mesmo barulho retomava ao seu quarto. Johnny decidiu parar por ali, se secou e se vestiu, porém quando abriu a porta foi tomado por uma luz azul.

Johnny não conseguia ver o que era aquilo que estava em sua cama projetando uma luz muito brilhante, com o tempo Johnny foi se acostumando com a luz e se aproximou, era nada menos que um papel florido, era triangular azul e não tinha indícios de que fosse ligado na tomada, para ser tão brilhante daquele jeito. Johnny apertou os olhos para ver o que tinha escrito nele:

Colégio KingsDiretoria: A. Mello

Johnny olhou para todos os lados para tentar achar o suposto brincalhão, mas não avia ninguém em seu quarto a não ser por ele próprio. Johnny decidiu abriu o envelope cujo estava lacrado por um símbolo muito diferente. Um triângulo com três coroas dentro, Johnny abriu:

J. KennedyJoão Barros, Nº 52. Nova Lisa.

O Senhor Johnny Kennedy tem uma vaga no Colégio Kings...Terá de se apresentar às três da tarde do dia seguinte com um acompanhante,

à escola está lhe oferecendo essa oportunidade e será única. Você terá que saber de tudo, aguardamos sua resposta pela manhã.

Vossa senhoria, A. Mello

Page 35: Kennedy And the Secret of the Amulet

Johnny ficou de boca aberta. O que era esse tal Colégio Kings e por que mandara essa carta para ele? O coração do garoto acelerou ao lembrar que alguém tinha posto aquilo ali, pois ouvira um sinistro barulho. Quem seria A. Mello e por que ele tinha uma vaga? Será que fora seus tios? Ele jogou a carta em cima da cama e correu para o corredor chamando por eles, quando esses chegaram até seu quarto, Johnny apontou para a cama. Tio Denis se aproximou lentamente da carta e a segurou-a na mão.

- Não acredito. - disse ele de boca aberta para a esposa. - Eles o reclamaram, estão querendo Johnny de volta.

- Hã! - disse Johnny de boca aberta. - Quem me quer de volta?- Deixe me ver isso querido. - pediu Tânia. - é mesmo... querido.Tio Denis olhava para a carta como se ela fosse ataca-lo ou algo mais

parecido, o que Johnny achava que aquela carta não fosse capaz. Do nada ele mudou de feição, e abriu um largo sorriso.

- Tânia, essa é a carta de Kings. - e riu bem alto. - Lembra que mandamos verificar se tem uma vaga lá?

Tia Tânia parecia não fazer sentido algum ao que tio Denis falava, mas logo olhou para Johnny e abriu um sorriso. Estão fingindo, claro que estão fingindo, Pensou Johnny.

- Claro querido, claro que me lembro.- Isso ali não tem nada de normal. - disse Johnny. - alguém entrou aqui e

colocou-a sobre minha cama.- Deve ter sido Afonsinho. - comentou tio Denis. - Aquele garoto...- Não foi Afonsinho. - resmungou Johnny. - não mesmo. E o que é essa

carta? E por que estão me esperando? O que querem de mim?Os Dodds se entreolharam um para o outro.- Em breve você saberá. - disse-lhe o tio. - apronte as malas Johnny,

vamos partir amanhã.

Na manhã seguinte antes do café, Johnny limpou seu guarda-roupa, iriam para um colégio interno chamado Kings. Isso era loucura. Não demorou em arrumar suas coisas. O garoto não dormira direito essa noite, pois era um assunto que não saia de sua cabeça, isso mais uma vez estava o perturbando.

Tivera um sonho muito sinistro essa noite, tinha sonhado que estava se transformando em algo horrível, peludo, assustador e até dolorido. Sabia que era apenas um simples sonho que na verdade era um terrível pesadelo. Johnny não sabia o motivo mais acordara aquela manhã todo dolorido.

Era assustador ter esses sonhos, não era a primeira vez que acontecera isso ao garoto, geralmente acontecem em noites de lua cheia quando subitamente perde a consciência e acaba fazendo besteiras, nada o fazia ficar melhor depois disso. E esse era o maior dos problemas agora, toda noite de lua cheia ele perdia a consciência e atacava as pessoas, mas essas noites e quase todas às vezes ele ficava na casa dos Dodds e não à solta nas ruas. O problema era que ele estava indo para Kings, um colégio interno e deveria ficar naquele lugar em todas as noites de lua cheia, mas uma coisa era boa, o ano estava acabando e só avia uma lua cheia para se preocupar, pois já era grande coisa.

Ele descera com as malas para o andar de baixo e não pode deixar de ouvir uma voz conhecida. Tio Denis e tia Tânia conversavam baixo.

- Ele terá mesmo que ir Denis? - falava a tia.

Page 36: Kennedy And the Secret of the Amulet

- Claro. - respondeu o tio. - O Sr. Gana nos deu total confiança, e assim é melhor para o garoto, ira conhecer o povo dele.

O coração de Johnny saltou. O povo dele? O que significava isso. Johnny se aproximou para ver no buraco da fechadura da porta que dava passagem para a cozinha onde discutiam: Johnny viu tio Denis atrás de um grande jornal e tia Tânia lhe servindo café a mesa.

- Não sei não querido. - falou sua tia. - Não sei se aquele lugar é adequado a ele.

- Adequado? Tânia. O garoto faz parte daquele lugar.- E se ele não se adaptar?- É o povo dele Tânia.Alguém avia cutucado Johnny pelas costas. O garoto se virou e levou um

grande susto, a aparência de Afonsinho era assustadora. O garoto estava com o cabelo todo bagunçado e seus olhos estavam cansados, pois quase não se abriam.

- O que está fazendo ai no chão. - disse ele num longo bocejo.- Eu é... nada eu só... eu. - Johnny não conseguia explicar.Afonsinho olhou de lado para seu primo e depois entrou na cozinha.

Johnny franziu a testa e entrou logo em seguida. O banquete de café da manhã foi perfeito, tudo do que mais Johnny gostava. Tia Tânia olhou para ele e lhe ofereceu uma xícara de café - coisa que nunca fazia - Johnny negou o café, uma das coisas que detestava. Logo em seguida Tio Denis lhe ofereceu uma torrada meio queimada, Johnny mais uma vez negou. Olhou para os tios e se levantou.

- O que está acontecendo aqui? - disse ele em alto tom de voz.- Johnny! - exclamou a tia seca. - Não está acontecendo nada aqui, quer

fazer o favor de se sentar?- O que é aquela carta? - perguntou ele apontando para cima, como se a

carta de fato estive-se naquela direção.- A sua matricula, só isso. Agora se cale. - disse tio Denis calmo.- Que carta? - perguntou Afonsinho com a boca cheia de torrada.- Não é da sua conta! - disse os três juntos deixando Afonsinho de olhos

esbugalhados.Johnny se sentou, mas não estava satisfeito com a resposta, sabia que

seus tios tinham alguma ideia do que aquela carta queria dizer e também quem era as pessoas de que enviara a carta. Johnny pensou em fazer uma coisa que nenhum garoto comum que sabia dos fatais perigos faria.

- É sobre meu pai, não é... Kennedy?Foi o luto, o fim. Denis Dodds congelou, tia Tânia caiu da cadeira. O

nome tabu fora falado naquele ambiente, os Dodds não suportavam esse nome, não queria falar sobre o assunto. Tânia se levantou, mas ainda com os olhos nos de Johnny. Tio Denis abaixou o jornal lentamente da sua visão e encarrou Johnny com olhos penetrantes.

- O que disse? - perguntou.- Eu perguntei se meu...- Fecha essa boca menino! - gritou ele. - Não! Não tem nada a ver com

ele... faça alguma coisa de bom e comece a arrumar essa cozinha... com licença.

Page 37: Kennedy And the Secret of the Amulet

Tio Denis saiu furioso escada a cima, tia Tânia correu para alcançar o marido. Afonsinho estava com uma cara como se não entendesse nada. Ainda passando margarina na torrada, olhou para Johnny.

- Ruim para você, vai ter que arrumar a cozinha. - e deu uma gargalhada.- Nada disso. - disse Johnny, o sorriso estampando-se em sua boca. -

Lembre-se que fui eu quem vendeu a estrela de estudante do mês para você? Então o que aconteceria se o “Estudante do mês”, Johnny Kennedy abrir a boca?

- Safado! - gritou Afonsinho. - Está bem eu te ajudo, mas fica quieto, ok?

Aquela história estava muito mal contada, Kings não era de fato uma simples escola em que qualquer pessoa possa entrar, por que nenhuma escola que Johnny saiba manda cartas brilhantes diretamente para os alunos, isso era incomum ao que se estava acontecendo, estaria partindo para esse novo colégio interno há poucas horas, tio Denis lhe enviaram e-mails confirmando a entrada de Johnny e para surpresa dele próprio, Afonsinho também ia nessa jornada. O garoto chutou as paredes do quarto, quebrou seu novo celular, espetou o gato preto que perseguia Johnny com uma faca, mas mesmo assim iria para Kings.

Depois que Johnny colocou Afonsinho para lavar a loca, varrer a casa e ainda por cima arrumar sua cama, ameaçando-o de contar sobre a estrela de “Estudante do Mês”, Outra vez só para ter certeza. Johnny finalmente fizera alguma coisa, reuniu todos os lixos acumulados na casa e jogou tudo num sacola, decidido em separar a reciclagem com muita calma. Feito isso o garoto saiu para deixar o lixo na calçada, onde naquele dia seria dia de coleta. Johnny teve dificuldades de levar tudo sozinho para fora, levara cinco viagens para completar o trajeto de colocar o lixo para fora. Quando estava na última viagem, não demostrava que estava nada cansado, vivia correndo dos “Amigos” na escola, mais uma corridinha não iria mata-lo, Porem quando sua última viagem chegou enfim, ele não esperava que a velha senhora Bell estive-se parada a cerca que sapara as duas casas, Johnny olhou para ela e no momento seguinte decidiu desviar o olhar e não incomoda-la, mas não esperava que essa senhora o chamasse a atenção.

- Olá meu querido. - disse ela, sua voz fina e franca. - Como vem andando?

- Hã... é... olá Sra. Bell. - respondeu Johnny jogando a última sacola em cima dos demais, admirado de como uma família tão pequena acumulava tanto lixo, assim virando-se para a velha. - estou bem sim...

- Para um jovem como você, deveria estar bem mesmo. - disse ela sem Johnny ter certeza se ela abria um sorriso.

Aquela velha morava lá desde que Johnny era pequeno, o garoto nunca vira o rosto dela, nem saberia dizer quem era ela. Uma coisa tinha certeza, Bell era muito estranha.

- Por acaso, você viu minha gata Lala por ai? - perguntou ela. - faz um tempo que não a vejo.

Johnny se aproximou mais da cerca.- Sabe de uma coisa. - disse. - esse seu gato vive me perseguindo... ele

não é normal.A Sra. Bell deu uma gargalhada alta e olhou para o céu.

Page 38: Kennedy And the Secret of the Amulet

- Ela é mesmo muito curiosa. - disse ela, Johnny franziu a testa. - Nossa faz tanto tempo que eu não vejo essas constelações.

- Constelações. - repetiu Johnny olhando para o céu claro, sem nuvens e também sem estrelas. - não tem estrelas no céu a esta hora do dia.

- Correto. - a velha olhou novamente para Johnny. - mas só por que está um dia lindo, não é motivo para eu não vê-las. Elas sempre estão lá, sempre no mesmo lugar.

Johnny olhou para os olhos da velha, um era de cor verde, já o outro era uma espécie de branco-leitoso, o garoto supôs que aqueles olhos tinham algo a ver com isso, mais essa era uma razão estranha de poder ver estrelas a noite, por que segundo ele, humanos comuns não poderiam ver.

- Eu tenho que ir. - disse Johnny olhando de lado para Bell. - Vou ter que arrumar as malas...

- Está indo para o colégio Kings, meu bem? - interrompe-o ela.- Como sabe?- Hã... que bom. - ela pareceu abrir um sorriso, colocou as mãos

enrugadas sobre a cerca. - Ira gostar de lá... um lugar agradável, se assim poço dizer.

Johnny olhava admirado para ela, como seria possível ela saber?- Ainda não compreendo, como...- Claro. - Bell deu um passo para trás e ergueu a cabeça para o céu

novamente. - ou achou que você era o único diferente nesse mundo tolo.O coração de Johnny disparou automaticamente a essas palavras.

Diferente? Mas como assim, o que ela queria dizer? Seria que Bell sabia do segredo de Johnny e dos Dodds? Será que ela sabia sobre os poderes que supostamente Johnny obtinha dentro de si? Bell olhou para Johnny mais intensamente, seu olho leitoso deu um breve trêmulo.

- Quando foi à última vez em que seus olhos brilharam em noites de lua cheia?

Johnny caiu com um baque surdo no chão, pareceu quebrar todos os ossos de seu corpo. Como Bell sabia disso? Não tinha como saber, apenas os Dodds sabia de seus olhos, nem mesmo os alunos de Benzer sabia a real situação de Johnny, não tinha como ela saber.

- Como sabe de meus olhos? - perguntou ele quase bufando.- Bom, sendo eu quem sou, tenho meus próprios segredos. - disse a velha.Johnny se levantou cautelosamente do chão, passando a mão sobre as

costas, cujo estava muito dolorido agora.- Os Dodds sabem disso? - perguntou.- Se devem ou não saber... eu não sei.- Mais isso é um segredo.Bell olhou novamente para o céu, contemplou o azul sinistramente igual

aos olhos de Johnny. A velha franziu a testa e olhou para Johnny mais atentamente.

- Marte prevê guerra. - disse ela.- Oque? - Johnny não fazia ideia do que a velhota estava falando.- Claro... ele é o deus da guerra. Kings o chama... seu destino está cada

vez mais perto Johnny.- Isso tem a ver com meu pai? - Johnny falou do nada, não queria ter feito

aquilo de fato.

Page 39: Kennedy And the Secret of the Amulet

Bell olhou para ele seriamente, Johnny notou uma pequena veia pressionar a testa da velha, tão enrugada quando suas mãos. Porém tinha algo naquela velha senhora que Johnny se familiarizava, ela de fato era muito estranha assim como ele. Bell era diferente dos outros. Idêntico a Johnny, não na aparência, é claro, mais sim em caráter e estranheza.

Johnny sabia que Bell não falaria nada a respeito de seu pai. E não era de hoje que o garoto vem notando que o nome de seu pai tem transtornado todos, os Dodds nem se quer pode ouvir esse nome, Bell por mais que não caiu literalmente por causa do nome, apenas ficou calada.

- Você sabe algo sobre o Colégio Kings? - perguntou Johnny mudando dramaticamente o rumo da coisa.

Bell pareceu rir.- Kings é uma instituição para crianças especiais. Assim como você.- Explique melhor. - pediu Johnny.- Lá é onde tudo acontece Johnny, seu lugar é lá. Não posso contar as

coisas assim. Lá aprendera que a vida não se resume a simples coisa, ela é fonte que gera o futuro do novo ser.

- Poderia explicar de uma língua a qual eu poça entender! - exclamou Johnny de boca aberta.

- Tenho que ir Johnny. - falou ela depois de um breve silêncio. - Fique junto de amigos... a partir daqui sua vida não será a mesma. Olhe para a casa dos Dodds e fique bem.

Johnny olhou para a casa, se era para olhar ou não, ele não fazia ideia, mas olhou só para ter certeza. Foi quando virou a cabeça levou um grande susto, Bell avia sumido, literalmente desapareceu do nada, a única coisa que Johnny via era a pequena cerca branca que separava as casa que há segundos atrás estava a Sra. Bell com suas mãos enrugadas.

Johnny voltou em tempo para terminar de arrumar sua mala, não parou de pensar um segundo em Bell. Não entendera muito bem o porquê ela sairá finalmente daquela casa para falar com ele, como ela sabia que ele estava embarcando para Kings? Até mesmo sobre seus olhos? Bell era muito sinistra, Johnny ficou pensando em sua face, o que poderia esconder atrás daquele lenço? O que poderia estar por trás? Simplesmente foi assim, Bell tomou sua mente.

Era perto de uma e meia da tarde depois do almoço, os Dodds estavam reunidos na sala de estar. Tia Tânia usava um vestido verde, seus cabelos negros caídos sobre o ombro, à mulher carregava uma quantidade grande de joias que Johnny pensou se fosse mesmo necessário. Tio Denis usava uma calça florida, extremamente ridícula, pois em geral tio Denis sempre passa várias horas debaixo de um terno. Afonsinho ainda emburrado - pois não queria deixar Benzer - usava uma camisa branca com um colete xadrez por cima, seu cabelo negro como o dos pais estava todos repicados deixando apenas uma longa franja na frente, espetados em ângulos diferentes. Johnny não estava melhor. Seu cabelo castanho claro sempre desalinhado, impossível de arrumar, usava uma simples camisa branca e calça jeans, com o logotipo “My Pocket” gravado no bolso de trás e um sapato muito gasto.

Tio Denis estava largado em sua poltrona, tia Tânia e Afonsinho estavam nos sofás assistindo um noticiário na TV. Quando Johnny chegou a sala, ele olhou para o tio que não despregava os olhos da TV, ele pegou o controle remoto para desligar a TV, mas a notícia seguinte pegaram todos de surpresa:

Page 40: Kennedy And the Secret of the Amulet

“Ataque em Kings: Professora assassinada”

“Mais um episódio agora no colégio Kings. O autor Celelo Angelo acusado de três homicídios fora capturado essa manhã por policiais de São Christopher. O homem acusado assassinou uma professora que dava aulas de álgebra na instituição de uma das maiores escolas de São Christopher, A Senhora Helena Leão fora vista uma última vez rondando um edifício abandonado onde antes existia um orfanato. Não sabemos o real motivo para esse crime. Celeno Angelo vem sendo investigado há anos e após sua captura ele disse a um de nossos jornalistas: “Ainda não terminei minha missão”. O corpo de Helena Leão não fora encontrado. Celeno Angelo casado com Lassa Angelo tem dois filhos, sendo que um deles estuda atualmente no Colégio Kings.... E o colégio informa que continua sempre o mesmo, que os estudantes não precisam entrar em pânico. Celeno Angelo aguarda julgamento”.

Todos se entreolharam assustados. Mais um motivo para Johnny estranhar essa façanha. Uma mulher foi morta e supostamente dava aula em Kings. Tio Denis tirou o controle das mãos de Johnny e desligou a TV e se afastou como se nada tivesse acontecido.

- Estão prontos? - perguntou ele.- Denis! - exclamou tia Tânia olhando feio para o marido. - Viu? Era disso

que estava falando. Não podemos levar os garotos.- Que Bom. - disse Afonsinho abrindo um sorriso. - não iremos mais...

nossa! Que surpresa.Tio Denis o olhou feio.- Claro que vão! Eu estudei em Kings durante minha infância, é uma

instituição muito boa.- Mas...- Nada de mais Tânia. O assassinato nem foi no colégio está bem. Temos

que ser previsíveis, sabemos do real ato. Vamos!Sem dizer mais nada os quatro em poucos minutos estavam dentro do

carro de trabalho de tio Denis. Afonsinho ficara outra vez muito emburrado, decididamente não estava querendo ir. Mas algo ainda incomodava muito Johnny, essa história já saiu do controle. Tio Denis falara que estudou em Kings. Seria mesmo que o colégio era bom? Normal? Johnny estava com frio na barriga só de pensar.

Denis Dodds dera a partida no carro, e em seguida saíram. Seus tios ficaram calados por um bom trajeto. Johnny imaginava sua vida em Kings... Seu aniversário estava chegando e com ele a lua cheia. Conseguiria se enquadrar nessa nova escola? Johnny achava que talvez conseguisse, pois nunca tinha estado na cidade de São Christopher e ainda mais no Colégio Kings, receava que nada desse certo. Estava muito preocupado com o que poderia acontecer...

Page 41: Kennedy And the Secret of the Amulet

- Está bem Johnny? - perguntou Afonsinho no banco de trás do carro com Johnny.

- Eu? Claro por que não estaria? - respondeu ele.- Relaxa, Cloe também está no sexto ano. Quem sabe ela não caia em sua

sala.Johnny sentiu sua pele queimar, ficara muito vermelho, esse nome o

derrotava.- O que tem ela estudar em Kings? - perguntou torcendo a cara.- Sempre quando ela vem passar as férias na casa do pai. - Afonsinho riu.

- você vive gabando na janela do quarto.- Não é verdade. - respondeu Johnny parecendo o semáforo vermelho.Cloe MacLaine era vizinha dos Dodds. O quarto de Johnny era para o

lado da casa de Cloe e justamente a janela de seu quarto ficava de frente a janela dela. Johnny nas férias passara maior parte do tempo no quarto esperando ver Cloe. Era a única garota que não tinha medo ou desprezava Johnny, sempre estavam unidos desde pequenos o que é claro, não teve como se conter, Johnny produziu um grande amor por Cloe, à garota de seus sonhos. Cloe tinha a mesma idade que ele, falara para ele que estudava em Kings o que fez Johnny pensar se era o mesmo colégio Kings e se seria um lugar bom se assim fosse. Ela tinha cabelos castanhos ondulados e olhos à mesma cor, Cloe tinha um charme que só Johnny conseguia enxergar.

Uma forte emoção surgiu no rosto do garoto, tinha esperanças já que Cloe era a garota de seus sonhos. Johnny colocou a cara sobre a janela do carro, espiando os carros da avenida ao lado virem na outra mão, Johnny jurou ter visto Cloe em todos os carros, e isso acontecia naturalmente quando ele pensava nela.

Era quase três da tarde e eles aviam deixado Novo Lisa para trás e entraram em São Christopher, não demorou muito para tio Denis encontrar sua antiga escola. Ele parou em frente a um grande casarão vermelho e olhou para os garotos.

- Chegamos... haa que saudade. Que saudade! - e eles desceram do carro.Tio Denis tirou as malas do carro e saiu puxando, ele estava ansioso para

rever a escola a qual estudou. Afonsinho olhou em volta para um grupo de meninas que estavam usando uniformes idênticos, camisa branca e saia rosa. Um grupo de meninos usava camisa branca e short vermelho. Ele fez uma cara horrível.

- Em Benzer não tinha essa coisa idiota. - resmungou. - Temos mesmo que usar isso?

- Sim querido. - respondeu tia Tânia passando a mão pelos cabelos de Afonsinho. - Mais de uma olhada em volta, não é um máximo.

- Sabe. - concluiu Afonsinho. - Isso vai ser divertido. - e jogou um sorriso para uma menina que vinha em direção oposta deles, ela travou no local e abriu um sorriso rosado.

Quando chegaram às grandes portas de ouro, Johnny logo notou que aquele local era muito rico. Tio Denis abriu as portas lentamente mostrando um lindo salão tão grande. Um espaço para lazer a espera, várias colunas de mármore sustentavam um teto alto, vasos de plantas e flores enfeitavam o local, mais a frente um grande balcão estava três mulheres vestindo uniformes idêntico azul claro. Eles se aproximaram admirando tudo.

- Posso ajudar? - falou a mais nova delas.

Page 42: Kennedy And the Secret of the Amulet

- Olá, sou Denis Roberto Dodds. - respondeu ele. - Tenho duas vagas aqui neste colégio, uma em especial. – disse as três últimas palavras num sussurro.

Johnny rezou para que não fosse ele, mas tio Denis tirou a carta brilhante do bolso e entregou.

- Sim. - ela olhou para Johnny. - Queira me seguir pequeno jovem, vou lhe mostrar o seu quarto.

Johnny pegou sua mala e foi para o outro lado do balcão.- Até mais querido. - disse sua tia dando lhe um beijo na testa.- Tome cuidado. - aconselhou seu tio bagunçando ainda mais seu cabelo.- A gente se vê Joh. - gritou Afonsinho que depois que beijou os pais

seguiu uma mulher mais velha por outra porta.Os Dodds estavam com brilho nos olhos ao verem Afonsinho ali, numa

das melhores escolas da cidade, até mesmo Johnny, pois queriam o melhor para ele. Eles acenaram para ele enquanto a moça da recepção fechava a porta.

O corredor era muito estranho e espaçoso, muitas estatuas de mármore estavam expostos aos cantos, quadros antigos parecia olharem para ele, Johnny continuou seguido a mulher por vários corredores, parecendo um grande labirinto, quando enfim chegaram ao quarto de número 140, foi que a mulher parou e se virou para Johnny.

- Você fica aqui. - disse ela entregando a Johnny um maço de roupas, cujo era os uniformes de Kings. - O uso é obrigatório e também isso. - ela lhe entregou um crachá, que informava “Johnny Kennedy - 6º Ano”. - Isso também e obrigatório, se não estiver usando ambos, terá severas consequências. Encontrara seus novos colegas de quarto aqui. Até mais.

Assim ela saiu desfilando de volta.Ok. Até ali tudo bem, mas Johnny ainda tinha de conhecer seus colegas

de quarto, levou a mão à porta e bateu três vezes e nada. Tornou a bater e nada novamente. Johnny supôs que ninguém estivesse lá, então tomou a decisão de entrar em seu próprio quarto e não tinha razão para ficar esperando alguém.

A cena que ele se deparou foi horrível, no quarto havia quatro camas, duas delas estavam completamente desarrumadas a um canto do quarto, os guarda-roupas eram cravados nas paredes. No outro lado do quarto avia duas camas arrumadas onde avia um pequeno grupo de três estudantes.

Um menino muito gordo estava em pé parado, tinha cabelos ruivos cacheados, o uniforme da escola parecia ter o dobro do tamanho para caber o garoto dentro dele, estava de punhos fechados. Outro garoto era moreno, seu físico era de assustar, o menino era grande e musculoso e parecia estar desrespeitando as regras da escola, pois usava uma camisa regata como a de Afonsinho. O terceiro garoto estava prensado na parede pelo menino musculoso, o menino gordo serrava os punhos para ele.

– Avisamos você, não avisamos. – dizia o garoto gordo.– Me desculpe, me desculpe. – implorava o garoto prensado na parede a

uma grande altura pelo garoto moreno. – eu juro que não sabia, por favor.– Nós avisamos agora tem que pagar. – gritou o menino gordo erguendo

o punho para acertar o garoto.A cena era horrível, Johnny tinha que fazer algo para evitar que o garoto

bate-se no outro, então tomou folego:– Com licença. – disse ele o mais alto que pode.

Page 43: Kennedy And the Secret of the Amulet

A cena parecia lenta, o garoto gordo olhou para Johnny com desgosto e abaixou os punhos lentamente, o moreno soltou o menino que caiu no chão com força e não se levantou. Os dois garotos veio na direção de Johnny e ele sabia o que viria em seguida, em poucos segundos ele também estaria no chão. Mais não poderia deixar que aquilo continuasse com o menino, estava pronto para levar à sura, pois os dois meninos a sua frente eram duas vezes maior que ele, Johnny fechou os olhos, mas...

– Quem é você. – disse o gordo.Johnny olhou no crachá dos meninos, o do gordo lia-se “Tiago Clay” e o

do moreno lia-se “Alberto Holman”, depois de ler os nomes Johnny voltou a encara-los tentando não desviar o olhar.

– S... sou Johnny. – disse ele.– Você é o nosso novo colega de quarto? – perguntou Alberto o moreno.– Sim. – Johnny tremeu da cabeça aos pés ao dizer isso.Os garotos se entreolharam e caíram na gargalhada, Johnny olhou para

os lados em busca de entender a piada e concluiu que a piada era ele mesmo, estava parado ali na frente dos possíveis valentões de que ouvira fala, quando voltava da escola com Afonsinho, e pelo que Afonsinho disse, ele não tinha muita certeza de que iria se enquadrar. Os garotos por um momento riram e quando recuperaram o folego Tiago o gordo disse:

– Escuta aqui moleque. – tomou folego respirando fundo. – Se não quiser encrenca, fique longe de nosso caminho está certo ou vai acabar como aquele ali. – ele apontou para o menino no chão entre as camas arrumadas. – Vamos Alberto, Hugo está me esperando.

Alberto saiu em direção a uma das camas desarrumadas e tirou do meio dentre outras a camisa da escola, pois por cima da camisa regata e saiu do dormitório com Tiago, Johnny o ouviu reclamar.

– Que frescura esses uniformes, me pareço um otário.– Alberto você não parece otário, você é um otário.Quando as vozes foram sumindo pelo corredor misturando com as outras

vozes de lá fora, Johnny fora se aproximando do menino caído no chão. O garoto gemia ditado, Johnny o segurou pelo braço e o pôs sentado na cama.

– Você está bem? – perguntou.– Sim, estou. Obrigado. – disse o garoto numa voz fraca. – onde estão

meus óculos?Johnny se curvou para baixo e apanhou os óculos do garoto, eram

amarelos bem claros. O menino repôs os óculos no rosto, ele era muito branco, Johnny supôs que a palidez dele era natural. Tinha cabelos dourados, muito claro, seus olhos eram azuis como o de Johnny, e por um momento Johnny pensou se os olhos do garoto brilhassem no escuro também. Johnny correu os olhos para o uniforme do garoto onde não avia crachá.

– Como se chama? – perguntou Johnny.– Me chamo... é... é... Fred. – respondeu ele ajeitando a lente dos óculos.Johnny encarrou Fred por um longo momento, dava para ver em sua

aparência que não fora o primeiro ataque que acontecera com ele, o garoto tinha vários hematomas.

– O que aconteceu? – arriscou Johnny em perguntar.Fred erguer a cabeça.

– Eu mexi nas coisas deles, sabe. – Fred deu um suspiro. – Estava procurando meu crachá, eles pegaram ontem e eu acabei de catar.

Page 44: Kennedy And the Secret of the Amulet

– Você não pode deixar isso assim. – Johnny se sentou na cama defronte. – Reclame na diretoria.

– Isso não vai adiantar. – Fred esfregou os olhos por trás dos óculos. – aquela diretora não é normal, ela não me ouve e sempre está mal humorada. – ele abaixou a voz. – E é uma piada, sabe, ela usa um cabelo cor-de-rosa, uma doida de pedra essa Alicia.

– Cor-de-rosa? Parece uma piada mesmo. – riu Johnny ofegando.Johnny observou Fred satisfeito, ninguém nunca parara para conversar

com ele, Fred tinha algo similar a Johnny ele só não sabia o que, mais o que seria? Johnny correu os olhos pelo quarto, ao lado da cama de Fred avia vários livros de todos os tipos, desde infantil a cientifico, avia também várias caixas de óculos encima da cama arrumada, Fred parecia bem organizado.

– Você gosta de ler hem. – falou Johnny voltando ao olhar de Fred que o encarava. – É muitos livros para uma pessoa só.Fred riu.

– Meu pai. – Comentou ele esticando-se por cima da cama para pegar alguns dos trinta livros do outro lado da cama. – Meu pai meio que me obriga sabe, ele diz que tenho de melhorar muito neste ano ou não ganho meu Skate novo.

– Pelo menos você tem alguém em que se preocupa com você. – Johnny desanimou na mesma hora olhando a capa de um dos livros de Fred “Revoada de Vampiros” em que o pegou. – Você não disse que eram livros de estudos? – e lhe mostrou o livro.Fred arregalou os olhos e puxou com força o livro das mãos de Johnny que não entendeu nada.

– É só... é. – Fred escondeu o livro e procurava a resposta. – Um simples livro que estou lendo.

– Tudo bem. – disse Johnny desconfiado da resposta de Fred. – Que tal darmos uma volta pelo colégio, você poderia me mostrar às novidades.

– Está bem. - Fred guardou o livro.– Além do mais, quero saber o conteúdo desse livro.Fred riu.Johnny não sabia o porquê estava ali, mas ali estaria fazendo um novo

amigo, alguém que no futuro gosta-se dele. Alguém para trocar ideias e desabafar. Só ali olhando para Fred foi que Johnny percebeu que o garoto era estranho, mais Fred parecia uma pessoa boa.

Page 45: Kennedy And the Secret of the Amulet

– Capítulo Três –Voleibol

Os dias em que Johnny passara com Fred fora mais que suficiente para que eles se tornassem os melhores amigos, os dois tinham tudo haver um com o outro. Eles andaram por Kings inteira conversando sobre vários assuntos, porém o único assunto que Fred não falava era o livro: “Revoada de Vampiros” que a todo custo Johnny tentava arrancar de sua boca.

Andaram pelos vastos jardins da propriedade, era tão grande que dava quase quatro estádios de futebol. Os estudantes pela primeira vez não olharam para Johnny com olhares sombrios e penetrantes, pareciam que eles eram como Johnny, nem diferente nem normal. Fred o levou até as salas onde estudariam o resto do ano. Johnny avia esquecido que estava chegando o seu aniversário e seria a primeira vez que ele festejava fora de casa dos Dodds, Johnny estava feliz ali com Fred.

– E aqui é onde jogamos tênis. – disse Fred apontando para longe, um campo verde. – Você devia ver Ashley jogando ela é a melhor da equipe.

– Acho que devíamos ver em que sala eu vou ficar. – disse Johnny. – Vamos lá?

– Vamos. Claro.Eles entraram novamente para dentro do casarão e logo chegaram até

onde tinha uma lista de nomes de toda a escola num quadro de avisos, Johnny logo localizou seu nome escrito à caneta no final da lista, numa letra muito garranchosa, se era para opinar.

– Cara! – gritou Fred. – você está em minha turma.E pulou em Johnny se pendurando nele que quase o levou ao chão.– Fred. – chamava Johnny. – Fred afaste-se, Fred!Todos que passavam para lá olhavam para os únicos que chamavam a

atenção, uns riam enquanto outros se afastavam rapidamente achando que era algum tipo de doença contaminosa.

– Desculpe. – disse Fred arrumando seu uniforme amaçado. – é muita emoção. Não é todo dia que eu tenho isso.

Naquele exato momento uma voz surgiu no ar, de uma mulher, megafones pretos estavam pregados aos cantos das paredes anunciavam o início das aulas naquela segunda-feira. Porém...

– Todos os alunos, por favor, reúnam-se imediatamente ao salão principal de Kings. Obrigada. – disse a voz no megafone.

– O que será? – perguntou Johnny.– Em circunstâncias normais... não deve ser nada de bom. – respondeu

Fred.Os garotos foram para o salão principal e não tardou a demorar, pois

Fred conhecia esse colégio mesmo de ponta cabeça, o acumulo dos estudantes estava demasiado grande para caberem todos de uma vez no salão, Johnny e Fred tiveram dificuldades para entrar.

Quando enfim conseguiram, Johnny pode ver mais detalhadamente o local. Kings pode até ser um colégio rígido e popular, mas não se comparavam a nenhum outro colégio. Ele por outro lado era feito inteiramente de mármore branco, seu salão era incrivelmente lindo, mesas expostas a favor dos

Page 46: Kennedy And the Secret of the Amulet

estudantes, bastante para acumular todos, o teto, quase impossível de ser ver tão grande e detalhado e por todos os lados aviam portas, muitas portas impossíveis de se contar, e mais ao final do salão avia um grande palco onde se posicionava uma mulher.

Todos os estudantes estavam em pé, acuados no grande salão e olhando fixamente para a mulher no palco, eles assim como Johnny queriam entender a real situação do chamado.

– Bom dia. – disse a mulher, Johnny notou que fora ela que o levou ao seu quarto no dia em que chegou: “Sra. Júlia”. – Mais um dia se passou e a Sra. Leão ainda nos faz falta, o desaparecimento dela foi fatal para todos nós, mais por ordem da diretora tenho que dar esse aviso. As aulas de álgebra essa semana estão suspensas.

Ouve um tremendo barulho de comemoração entre os estudantes.– Sim, sim. – continuava Júlia. – até termos encontrado um novo

professor.Todos os alunos se calaram imediatamente, uns reclamaram, pois não

queriam de fato um novo professor, ter as aulas de álgebra suspensas até o final do ano já era bom demais para ser verdade.

– Para aqueles que têm aula de álgebra agora, peço que me aguardem na sala da porta sete, que eu estarei lá em poucos segundos. Boa aula a todos, dispensados.

Ouve uma confusão a seguir, os estudantes começaram a se retirarem, todos caminhavam por diferentes portas, Johnny não fazia ideia de onde deveria ir, por mais que tentou seguir Fred não conseguiu, o menino desapareceu por entre os estudantes que saiam naturalmente para os lados em direção às postas, que talvez levassem as salas. Em menos de cinco minutos Johnny estava parado sozinho no salão.

– Ótimo. – resmunou ele. – Por que Fred foi fazer isso comigo.Johnny olhou para as várias portas do salão, não sabia aonde ir, nem por

onde começar, ele estava completamente perdido. Parou, contemplou as portas e tomou a decisão de seguir em frente e entrar em uma, porém quando caminhava em direção a uma porta perto...

– Onde você pensa que vai? – disse Fred, dando um grande susto em Johnny. – A nossa sala fica para esse lado.

– Seu. – gritou Johnny. – como pode fazer isso!?– É tão óbvio. – Fred franziu a testa. – olhe todas as portas.Johnny observou e logo que viu desejou não estar mais ali. Todas as

portas estavam gravadas a prata as letras “Corredor Um”, “Corredor Dois” e assim sucessivamente até o “Corredor Treze”. Johnny se sentiu um estúpido quando notou que estava indo em direção do corredor três.

– Isso não estava gravado antes. – resmungou ele.– Como não. – riu Fred alto demais para o gosto de Johnny. – Estão todas

gravadas.– Eu sei... eu sei... – resmungou Johnny caminhando para uma das portas.Fred não o seguiu.– Onde você vai? – perguntou ele. – o corredor sete fica para esse lado.– Tô sabendo. – disse Johnny mudando seu percurso.– Tem certeza de que não precisa de óculos. – falou Fred rindo da cara de

seu amigo.- Não enche Fred, vamos.

Page 47: Kennedy And the Secret of the Amulet

Eles abriram a porta do corredor sete, e Johnny notou que não se tratava de um corredor pequeno, era muito grande, parecia não ter fim, várias portas a cada lado, os professores já davam aula. Portas e mais portas cheia de estudantes tendo suas aulas. Fred parou perto de uma porta e assim que pode abriu-a.

Johnny estava preparado, iria conhecer seus novos amigos, seriam legais com ele? Seria recebido bem? Pois em Benzer nem em sonho isso era possível, porém Johnny tinha um segredo que estava disposto a não contar para ninguém nem mesmo a Fred, não queria estragar essa amizade que poderia durar. Johnny nunca quis viver no isolamento, mas não tinha escolha, vivia para não machucar seus companheiros, o que não seria o caso ali em Kings. Teria que se enquadrar, devia ser esse o motivo a qual aquela carta aparecera do nada em sua cama.

O garoto achou que quando abriria a porta veria pessoas que nunca tinha visto, pessoas diferentes, mas estava completamente errado. Quando olhou para dentro daquela sala, logo sua decepção chegou, localizou dois garotos em pé, um deles era muito gordo e o outro era muito musculoso, mais que o normal. Tiago Clay e Alberto Holman estavam conversando com um garoto sinistro.

E fora esse o garoto que vez Johnny esquecer a razão de estar ali. Ele era muito estranho, ainda mais que Fred. O garoto tinha os cabelos rebeldes estilo punk, literalmente desalinhado, mas não foi isso que chamou a atenção de Johnny. O menino tinha ferros negros pelo rosto inteiro, sua pele era da cor de uma folha de caderno, seus olhos ocultos pela enorme franza que lhe cobria o rosto, não usava o uniforme de Kings, mais sim uma roupa preta de roqueiro. Os garotos ficaram se encarrando, embora Johnny não pudesse ver seus olhos, uma estranha sensação tomou o corpo e a alma de Johnny, aquele menino era surreal.

– Johnny venha. – disse Fred puxando-o pelo braço. – O que está fazendo?Johnny fechou os olhos e tiro-os dos garotos, caminhou até uma mesa

vazia ao lado de Fred.– Por que não me disse que Tiago e Alberto estavam também nesta sala?

– perguntou Johnny olhando mais uma vez para eles. – Sabe, gostaria de receber um alerta.

– Cara, falar neles não é meu forte. – disse Fred deitando sobre a mesa.Num instante que Johnny observou a lousa uma mão caiu sobre ele. Pode

jurar sentir aquela mão antes, sabia que era uma pessoa conhecia, pois de alguma maneira pode sentir seu cheiro, um perfume radiante. Ao seu lado Fred arregalou os olhos. Johnny se virou.

– Cloe. – disse surpreso.– Nossa que coincidência. – riu a garota, seus cabelos ondulados

castanhos pareciam dançar de sua cabeça aos ombros. – Você por aqui.– Eu... é. – como sempre Johnny perdia a fala quando estava com ela, não

toda vez. Johnny nunca gaguejou quando estava a só com Cloe, mais ali aviam outras pessoas olhando, como Fred, Maldito, pensou. – que surpresa, também não esperava você aqui.

– Nem eu. – ela sentou em sua mesa.Johnny corou, sentiu seu rosto ficar quente, Fred ao seu lado deu uma

risadinha irritante.– Como esta Afonsinho? – perguntou Cloe.

Page 48: Kennedy And the Secret of the Amulet

Tudo desabou em Johnny. Afonsinho? A fala sério, por que logo Afonsinho? Johnny queria esganar seu primo, encantara todas as garotas de Benzer, tinha que ser Cloe também. Afonsinho que nada, era ele, Johnny.

– Hã... ele está bem. – respondeu ele queimando tudo por dentro. – por que?

– Nada não. – respondeu ela agora ficando vermelha. – é que Afonsinho sabe... ele... é...

Mas uma menina gritou lá do fundo chamando-a.- A gente se encontra Joh. – disse.- Ah tudo bem, a gente se encontra.E saiu correndo para o fundo, junto de suas amigas. Johnny decidiu não

dizer nada para ela sobre Afonsinho está ali em Kings, mas ele sabia que mais cedo ou mais tarde ela iria descobrir... Afonsinho? Bom, Johnny decidiu ficar calado.

– Você conhece Cloe? – perguntou Fred. – com essa intimidade toda?– Claro que a conheço. – respondeu Johnny meio sem jeito. – ela é minha

vizinha, os Dodds tem muita amizade com o pai dela.– Dodds? – Fred se levantou. Sinceramente Fred era muito exagerado. –

Você conhece os Dodds, Denis Dodds o famoso empresário?– Ele é meu tio.– Caracas. – Fred deu um tapa em sua própria cabeça. – e eu me

preocupando com a lanchonete de meu pai. Por que não me disse.– Falar neles não é o meu forte. – disse Johnny lançando um risinho.Johnny não via nada de mais em seu sobrinho de alguém famoso, para

ele, isso era mais que normal. Nada de diferente acontecia por ele ser sobrinho de Denis Dodds, mas para Fred assim como para tantas outras pessoas, ser parente de alguém famoso poderia ser um luxo, ou algo bem mais que admirável.

Segundos depois a Sra. Júlia entrara na sala, escancarando a porta que bateu com força contra na parede, ela se posicionou na mesa do professor e encarrou a sala inteira onde todos se calaram.

– Bom. – começou ela e braços cruzados. – Como agora vocês teria aula de álgebra, peso que fiquei aqui até a próxima aula. Por ordem da direção, entendido.

– Sim, Sra. Júlia. – todos gritaram e em seguida ela saiu fechando a porta outra vez com muita força.

Johnny olhou para Fred.– É sempre assim? – perguntou ele.– Na maioria das vezes. – disse Fred rindo.Uma das habilidades que Johnny tinha era xadrez, pois passara muito

tempo em seu quarto jogando com seu computador e na maioria das vezes sempre ganhava, tinha uma habilidade incomum para desvendar coisa, nada vencia ela. Estava jogando com Fred e outro Nerd com cabelo roxo chamado Estênio, a qual Johnny venceu sem se preocupar, sabia que ninguém o venceria naquele jogo, por mais que tentava deixar as pessoas saírem com uma vantagem sempre pensava em mil possibilidades para dar um xeque-mate, e isso o deixaria satisfeito, o rei da cocada preta.

– Outra vez. – disse Fred quando fora derrotado por Johnny na sexta vez seguida.

Page 49: Kennedy And the Secret of the Amulet

– Sorte de principiante. – disse Estênio, seu cabelo roxo era a coisa mais estranha do mundo.

– Não julgaria assim. – disse Johnny.– Tenho uma pessoa que pode acabar com isso. – Fred se levantou e

arrumou os óculos na cara.– É mesmo e quem seria? – perguntou Johnny sabendo que mesmo que

Fred chamasse qualquer pessoa ali, esta não o venceria tão cedo.Fred foi mais para o fundo da sala e chamou uma menina. Johnny riu,

uma menina iria vencê-lo no xadrez, tá bom demais para ser verdade, Não tinha a mínima chanca contra ele, não mesmo. A garota estava usando o uniforme de Kings assim com todas as outras, mas tinha algo de diferente nela. Tinha cabelos lisos vermelhos-fogo, uma pele radiante. Quando a garota se aproximou Johnny pode ver seus olhos verdes-vivo radiando de interesse.

– Você é o fera? – perguntou ela.– Isso mesmo. – respondeu Johnny. – Aposto que não ganha de mim.– Vamos ver isso. – a garota se sentou. – a propósito, sou Ashley Gana.– Johnny Kennedy. – disse ele e a garota petrificou, olhou para Fred que

deu de ombros, Johnny não entendeu nada, mas teve a sensação que o nome Kennedy despertou eles, assim como acontecia com seus tios.

Ashley Gana era sim muito boa nisso. Johnny teve dificuldades em ganhar dela, o que foi mais estranho era que no momento em que ele pensava em uma jogada na mesma hora esquecia o que estava fazendo, Ashley o encarrava todo tempo, era como se ela estivesse sugando seus pensamentos para ela e jogando para longe de seu corpo. Ashley transmitia uma sensação de peso, como se a cada jogada dela Johnny afundava-se em seu próprio barco. Em menos de seis minutos, Ashley Gana sairá vitoriosa.

– Ha, ha. – riu ela, um sorriso radiante. – Nunca perco uma.– Sorte de principiante. – disse Johnny de boca aberta se perguntando o

que avia acontecido.Todos riram. Estênio pôs a mão no ombro de Johnny.– Não julgaria assim. – disse.– Engraçadinho. – riu Johnny de sua derrota.– Ashley! – chamou um menino loiro do fundo da sala. Era alto e

aparentemente bonito. Johnny imaginava que ele e Ashley talvez fossem um casal, mas quando Ashley respondeu ao garoto, simplesmente pareceu que ela não estava nem ai para ele. O garoto se aproximou, tinha cabelos loiros num corte estranho, seus olhos eram idênticos ao de Ashley, um tom verde-vivo, porém os traços do rosto do garoto também lembrava Ashley, seu crachá lia-se “Mathew Gana”.

– O que foi Mathew? – perguntou ela sem tirar os olhos do seu xeque-mate perfeito.

– O que faz aqui? – perguntou. – brincando de batalha naval?– Xadrez Mathew e não é da sua conta. – disse Ashley. – Johnny esse é

meu irmão Mathew, Mathew esse é Johnny... Johnny Kennedy.O garoto arregalou os olhos e olhou dos pés à cabeça de Johnny,

avaliando-o. Depois alargou a mão para cumprimentar ele. Johnny não estava entendendo essas reações ao som do nome Kennedy, não estava entendendo nada. Kennedy era o nome de seu pai que avia morrido quando ele tinha apenas um ano de idade, essas crianças não poderiam saber sobre ele, porque todos ali tinham a mesma idade dele agora, por volta dos doze anos, Johnny

Page 50: Kennedy And the Secret of the Amulet

ainda completaria doze, em poucos dias, mas mesmo assim, não tinham como saber de seu pai e se sabiam como isso era possível? Seria que seu pai fosse algum homem famoso?

– Prazer em conhecê-lo. – Mathew puxou Johnny para mais perto de sua boca quase tocando seus ouvidos – não fique muito com minha irmã ou você poderá ficar maluco feito ela. – sussurrou.

– Eu estou ouvindo idiota. – gritou Ashley enforcando o irmão que com heroína do destino conseguiu escapar das garras de sua irmã e voltar para o grupo lá atrás. – e que fique avisado. – gritou Ashley.

Johnny riu a peça, não estava necessariamente abalado por estar ali conversando com pessoas, pois a qualquer momento eles poderiam saber sobre sua verdadeira identidade que nem ele mesmo sabia ao certo. Ashley pegou uma carta que estava em seu bolso.

– O que é isso? – perguntou Fred.– Uma carta para a Sra. Leão. – respondeu ela e até Fred pareceu

desanimar.– Quem? – perguntou Johnny esquecendo completamente.– A nossa professora que foi assassinada por Celeno. – disse ela. – Ela

deu aula para a gente no dia em que morreu, fiz essa carta para ela, por que notei que ela estava triste naquele dia e também muito nervosa, não sei o motivo, mais resolvi escrever para ela, só que não tive tempo de entregar não é mesmo?

Johnny não disse nada, sabia que aquele era o assunto muito triste para estar comentando, ele não conhecia a Sra. Leão, mas sentia o imenso peso que isso estava provocando em todos em Kings.

– Hugo não está nada bem com isso. – comentou Fred. – ele disse para min que não sabe se vai aguentar ficar aqui nessa escola sabendo que Celeno fizera uma coisa dessas com uma pessoa tão próxima dele.

– Quem é Hugo? – perguntou Johnny.– Caramba Johnny, vivo me esquecendo de que você não conhece

ninguém. – falou Fred. – Ele é o Hugo.Johnny virou a cabeça para onde Fred indicara com a cabeça e lá estava

nada menos que o sinistro garoto de cabeça baixa acompanhado de Tiago e Alberto, assim que Johnny olhou para ele, o garoto levantou a cabeça e o encarrou, uma coisa estranha atravessou o corpo de Johnny, além de ser sinistro, aquele garoto dava arrepios.

– O que tem ele? – perguntou voltando a atenção aos dois.– Ele é Hugo Angelo... esse nome te lembra algo? – perguntou Ashley– Celeno Angelo, não vai me dizer que... – Johnny não conseguiu concluir,

estava chocado.– Sim. – afirmou Ashley. – ele é filho de Celeno Angelo, o assassino de

nossa professora de álgebra.Johnny sentiu uma tremenda dor no peito, de alguma maneira Hugo

Angelo era como ele, sofrera com o assunto de pais e não sabia ao certo se estava errado ou não, porque Hugo Angelo estava triste naquela mesa. Johnny por mais que queria o consolar não conseguia, pois aquela troca de olhares entre os dois não poderia significar coisa boas, mas Johnny tinha que falar com ele e quando o pensamento de que Celeno Angelo era pai dele, decidiu ficar em seu lugar, não queria mais incomodar o garoto. Ainda mais, ele

Page 51: Kennedy And the Secret of the Amulet

andava com Tiago e Alberto, quem sabe eles são do mesmo bando de encrenqueiros. Johnny sentia que Hugo não era assim.

A porta novamente se abriu para a surpresa de todos e uma mulher muito bonita entrara e dera bom dia para todos, parecia uma professora legal, estava com os olhos vermelhos, talvez estivesse chorando, ela se sentou e fizera a chamada, deu boas vindas a Johnny que foi vaiado por Tiago e Alberto lá dos fundos da sala. A professora olhou feio para os meninos e esses se calaram. Era uma mulher pequena e loira, usava um laço rosa para prender o cabelo. O rosto fino demais. Ela se posicionou em frente à turma, em seu peito lia-se: “Jane Paz – Natação”.

– Bom, hoje vamos continuar com o exercício aquático. – disse ela. – vamos lá.

Todos se levantaram. Tiago saiu empurrando todos. Johnny e Fred tiveram que dar espaço para eles e não serem empurrados. Novamente os garotos estavam de volta ao corredor, Ashley juntou ao seu irmão, Estênio sumira de vista com uma garota que usava aparelho, Johnny e Fred caminhou um ao lado do outro atrás de Alberto e Tiago. Fred demostrava em seu rosto desprezo ao ver os dois, seus olhos estavam apertados, pareciam vingativos e mal. Johnny sabia que os dois viviam explicando com Fred desde o início do ano, como Fred avia dito. Pois bem, Johnny não conseguia olhar para os meninos com certa disposição.

Quando chegaram à enorme piscina de Kings, a Sra. Paz pediu para que se trocassem e caíssem na água. Água não era necessariamente o que Johnny gostava, não chegava perto de uma piscina se pudesse, não poderia evitar. Os meninos foram para um casebre pequeno e as meninas para outro separado, os vestiários. A turma tinha mais meninos do que meninas o que é claro, o vestiaria ficara lotado. Johnny e Fred esperaram para poder pegar um dos boxes, nos armários pegaram as sungas fornecidas por Kings e esperaram. Em seguida Estênio saiu de um dos boxes vestindo uma sunga gasta, muito encardida, parecia não lavar a anos, o que é claro tirou saro dos amigos e assobio de deboches. Estênio ficou vermelho e saiu correndo.

Tiago e Alberto entraram no vestiário com Hugo a sua cola, o garoto mais uma vez olhou para Johnny enquanto passava cortando fila.

– Ei. – gritou Fred. – Vocês estão cortando a fila.Tiago olhou feio para Alberto e os dois caminharam na direção de Fred e

Johnny encarrando os dois.– Tiago! – gritou Hugo numa voz metálica. – Esquece.– O que você vai fazer Bennett. – riu Tiago. – Nos bater?Fred o encarrava com fúria. Johnny se pôs no meio dos dois afastando-os.– Parem. – disse ele. – Tiago! Deixe-o em paz.Foi inesperado, Tiago acertou Johnny em cheio com um gancho no queixo

que o levou ao chão.– Eu disse para ficar longe da gente moleque, se não quiser encrenca. Foi

sorte sua Bennett esse garoto idiota ter evitado um soco na sua cara. – e saiu comemorando com Alberto.

Fred ajudou Johnny a se levantar. Seu queixo estava realmente doendo muito, isso não deveria ficar assim.

– Você está doído. – disse Fred quase num sussurro. – aquele é Tiago Clay a pior pessoa que você possa enfrentar na vida.

– É o que você pensa Fred... O que você pensa.

Page 52: Kennedy And the Secret of the Amulet

O vestiário estava mais vazio, Tiago, Alberto e Hugo entraram nos boxes. Tiago saiu usando uma sunga enorme, o que não estava dando muito certo, pois um cofrinho estava à vista. Alberto não estava nada de diferente, se exibia mostrando os músculos para ele mesmo no espelho. Porém fora Hugo que chocou Johnny. Hugo vestia uma sunga preta e assim Johnny pode ver várias marcas negras no corpo do garoto, nas pernas, nos braços, nas costas e até atrás no pescoço, uma delas chamou a atenção de Johnny no pulso esquerdo, uma marca diferente das outras, um triângulo dentro de um círculo, mais parecia que fora cravada a fogo. O corpo do garoto era estranhamente estranho, ele era mais branco que um papel, suas veias era facilmente visíveis, além de estar em forma, para um garoto de doze anos. Hugo encarrou Johnny mais uma vez. Johnny teve a sensação de que ele não estava nem um pouco contente com a presença dele.

Quando o trio parada estranha sairá e pulara na piscina, Johnny e Fred entraram nos boxes e se trocaram, não demoraram muito para saírem e ir em direção a piscina, Fred parecia um palmito branco, hematomas pelo corpo todo, porém Johnny decidiu não comentar. Só tem gente estranha aqui, pensou.

Johnny pulou na piscina jogando água num grupo de meninas ali perto, que deram risadinha para ele, era estranho estar ali já que não gostava de piscina, mais tinha que impressionar a garotada, principalmente seu grande amor... Cloe. Fred descera pelas escadinhas, parecia morrer de medo da água, o garoto se arrepiou quando entrou.

– Fria... muito fria. – repetia ele várias vezes.Ele se aproximou de Johnny de cara feia, de fato Fred não estava

gostando nada de estar ali, naquela água. Johnny avistou Cloe com suas amigas nadarem para longe ouvindo a professora que falava o que fazer. Johnny não estava ouvindo bem, também não estava a fim de fazer essas coisas. Logo Ashley Gana veio em sua direção, seu cabelo estava mais vermelho, ela apontou para o rosto de Johnny.

– Mais o que foi isso? – perguntou ela, Mathew chegando ao seu lado.– Nossa! isso foi um belo soco. – disse Mathew.– Isso não é brincadeira. – disse Ashley perdendo a paciência. – é

realmente sério.– Me deixa adivinhar. – falou Mathew todo cheio de orgulho. – Foi Tiago e

Alberto não foram? Não foram?– Foi sim. – respondeu ele desanimando-se. – Ele ainda me paga.– Você precisa dar queixa a diretora. – opinou Ashley.Fred e Mathew racharam de rir. Mathew quase se afogou tentando se

conter, sabia que Ashley daria um cascudo na cabeça dele. Fred não estava respirando mais. A diretora parecia uma grande piada.

– Qual o problema? – perguntou Johnny passando a mão sobre o queixo dolorido.

– Ela não é muito normal. – falou Ashley. – ela é muito mal-humorada e sempre usa aquele cabelo cor–de–rosa estranho. Acontece que ela é uma pessoa boa. Mas tem gente aqui. – ela indicou os dois. – que debocham dela.

– Ela não é só estranha Ashley. – falou Fred. – sabe muito bem o que ela faz com as crianças quando entram em sua sala.

Johnny engoliu em seco.– O quê? – perguntou assustado.

Page 53: Kennedy And the Secret of the Amulet

Ashley se aproximou de Johnny tão perto que parecia que ia beija-lo a qualquer momento, porem ela apenas cochichou nos ouvidos dele “Nada”, e afundou na água. Johnny não queria fazer isso, porém foi contra sua vontade, ele mergulhou nas profundezes atrás de Ashley, não queria voltar à superfície, queria apenas ficar olhando aqueles lindos olhos verdes-vivos. Nada o faria se levantar.

– Já chega. – Mathew puxou a irmã para cima.Johnny já sem folego subiu para a superfície tossindo, fora uma

experiência estranha, o que será que tinha acontecido ali? O que Ashley fizera com ele? Não era possível. Mathew puxou Ashley para longe deles resmungando muito baixo para ela. Johnny recuperando o folego olhou para Fred que parecia estar mais impressionado do que ele.

Os dias foram passando em Kings e quando Johnny percebeu, finalmente seu aniversário havia chegado, fora rápido demais e o garoto quase nem percebeu. Não viu Afonsinho em parte alguma nesses dias. O garoto não aparecera nenhuma vez, estava com seus novos amigos. Na manhã de seu aniversário, Johnny localizou Afonsinho no refeitório agarrando ninguém mais que Ashley Gana, outra que também desde aquele dia na aula de natação não falou mais com ele, a garota estrava muito diferente do dia em que conheceu Johnny. Fred por outro lado disse que não fazia ideia do que aconteceu naquela piscina. Johnny e Fred estavam em seu dormitório prontos para a última aula daquele dia, ED. Física, a aula mais interessante para Fred, pois ele adorava jogar vôlei.

Johnny estava no banho quando, naquele momento aconteceu algo surpreendente, seus olhos deram uma piscadela de luz azul. O que era impossível, pois a lua cheia ainda estava longe. Supôs que era um aviso, um aviso a ele próprio que estava se aproximando demais das pessoas, principalmente Fred e veio na cabeça do menino que Fred também poderia ser alvo dele e que poderia acabar numa cadeira de rodas.

Quando Johnny saiu do banho abalado, viu outra vez Alberto prensando Fred contra a parede.

– Vamos. – dissera ela. – me passa o dinheiro do lanche e vai ficar tudo bem.

Fred sem falar nada lhe entregou o dinheiro.– Tiago. Acho que vamos sair com Lili hoje à noite. – disse e menino rindo

com Tiago ao sair pela porta.Johnny se aproximou de Fred.– Você está bem? – perguntou.– Relaxa. – respondeu ele ajeitando os óculos de prata. – Tem uma carta

para você. A recepção acabou de mandar Alberto entregar.Johnny pegou a carta em cima de sua cama, se sentou com Fred para ler:

Querido Johnny.Parabéns pelo seu aniversário, doze anos? Já é um homenzinho, eu e seu tio lhe vamos enviar um presente para você meu querido, aguarde. De um beijo em Afonsinho por min, está bem? Um abraço... meu Johniquito.

Com muito amor...

Page 54: Kennedy And the Secret of the Amulet

Titia Tânia.Johnny não sabia se ria ou chorava, uma coisa naquela carta ele não

seria capaz de realizar: “De um beijo em Afonsinho por min, está bem?”. Não! Não estava nada bem. Era uma coisa que ele não gostaria de fazer. Poderia até dar um aperto de mão ou um abraço, mas nem um beijo ele daria, pois Afonsinho estava o evitando desde que chegaram a Kings, e não era por isso.

Quando chegou a hora deles irem para a aula de Ed. Física, Fred lhe mostrou a foto de seus pais, Johnny não entendeu o motivo, mas era apenas para disfarças, pois Fred achou muito engraçado tia Tânia mencionar “Meu Johniquito” na carta, quando Johnny caiu à ficha fora tarde demais. Enquanto olhava Fred ria por trás dele.

As dez horas em ponto os dois estavam na grande quadra de esportes de Kings. O professor alto e forte estava reunindo as pessoas da sala com uma prancheta na mão e um apito na outra, usava um boné de lado.

– Hoje vamos jogar vôlei, quero que formem grupos. – disse o professor Antoni Holman que pelo nome Johnny percebeu ser pai de Alberto Holman.

Todos estavam sentados nas arquibancadas, Cloe estava conversando com Hugo, Johnny sentiu um aperto no coração, queria dar uma sura naquele moleque esquisito e não sabia o porquê. Ashley e Mathew estavam conversando com Estênio e o resto da sala estava toda reunida ali.

– Filhote, capitão do time azul. – disse o professor para Alberto. Muitos vaiaram por ele ser filho do treinador, uma pura desvantagem dos

outros e uma vantagem excelente de Alberto Holman.– Hugo Angelo. – gritou o professor. – Time vermelho.Logo, Alberto e Hugo estavam no meio da quadra, apertaram a mão um

do outro. Algumas meninas gritavam para Hugo. O famoso galã do 6º ano. Johnny sabia que não chegaria aos pés de Hugo quando o assunto fosse beleza. Hugo era cheio de pinos de ferro e marcas que para Johnny eram bizarros, mas segundo as garotas Hugo era um dez em forma humana.

– Alberto escolha seu time. – disse o treinador.Alberto olhou em volta, até parece que estava pensando.– Tiago Clay. – disse.– Uma honra majestade. – debochou Tiago levantando gargalhada da

turma.– Hugo, sua vez. – falou o professor anotando o nome de Tiago no grupo

azul. Depois olhou atentamente para Hugo por cima da prancheta.Hugo olhou para a arquibancada e seus olhos caíram sobre os de Johnny,

Hugo inclinou a cabeça para trás e pela primeira vez Johnny viu seus olhos cinzentos cravados nos dele mesmo, não demorou muito para anunciar.

– Johnny Kennedy.Johnny se levantou olhando para Fred meio que pedindo ajuda, mas Fred

deu de ombros. Pouco tempo depois os times estavam formados, no time vermelho: Hugo, Johnny, Fred, Ashley, Matheus e uma menina chamada Aila. No time azul: Alberto, Tiago, Cloe, Jean e Goyle. E o professor dera um tempo para eles se comunicarem, Hugo chamou todos para uma pequena rodinha. Ele colocou um dos braços sobre o ombro de Johnny e o outro sobre o ombro de Ashley que corou imediatamente.

Page 55: Kennedy And the Secret of the Amulet

– Bom. – começou Hugo com sua voz metálica. – Como capitão do time vermelho, é meu dever guia-los nessa jogada e vencer, certo?

Ashley olhou para ele, seus olhos estavam brilhando.– Claro, precisamos de um plano. – disse ela.– Escutem com atenção. – disse ele. – Conheço Tiago e Alberto muito

bem, sei como eles pensam e como agem. Sei todos os truques deles, podemos ganhar se prestarem atenção. Alberto é ágil e autêntico. Tiago não consegue sacar, porém é muito gordo.

Aila deu uma risadinha.– Então – continuou Hugo. – Alberto é bom de direita, rebatem a bola

mais para a esquerda, se a bola for longe dele, Tiago não vai conseguiu alcançar, o problema são os outros.

– Fácil. – falou Ashley. – darei um jeito, nunca perco um jogo.– É isso ai. – Mathew bateu na mão da irmã e ela piscou para Johnny.– Ok. Vamos lá temos um jogo aqui para terminar.O jogo foi dado início, Todos estavam ansiosos sobre o que fazer. Tiago

deu ponto à equipe de Johnny, pois não conseguia correr para pegar a boca, Hugo tinha razão, Johnny rebatia a bola pelo lado esquerdo de Alberto a qual não conseguia acertar a bola e eles marcavam ponto.

Johnny nunca se sentiu tão bem na vida, porém uma pequena dor de cabeça o fez cair no chão, ele sentiu seus olhos brilharem e os fechou para não revela-los.

– Você está bem? – perguntou Hugo o ajudando a se levantar.– Estou sim. – disse ele voltando ao normal. – vamos continuar.Não durou muito para que eles voltassem ao jogo, porém o inevitável

aconteceu, Alberto lançara a bola e Hugo rebateu mandando de volta, Tiago acertou em cheio a bola e Johnny não conseguiu acertar.

– A qual é Johniquito. – disse ele e Johnny percebeu que ele avia lido sua carta. – não vai amarelar agora vai?

– Você leu minha carta? – perguntou Johnny serrando os punhos.– E se li. – riu Tiago. – você tem algo a ver com isso?– Claro, é minha. – a raiva tomava conta de Johnny.Johnny então perdeu a noção, uma forte dor de cabeça tomou a mente

dele, quando viu estava segurando a bola, depois disso perdera a consciência do que estava acontecendo. Johnny lançou a bola para o céu, que sumiu nas alturas, depois seus olhos brilharam uma luz muito forte, todos em volta fecharam os olhos, a pele de Johnny brilhou intensamente, suas unhas cresceram assustadoramente, seus sapatos furaram também, Johnny ficou de quatro e saltou a mais de sete metros e bateu na bola que foi diretamente para Tiago. Ninguém estava entendendo o que estava acontecendo ali. A bola voava para o céu em direção de Tiago que desviou em tempo de ser acertado, porém Cloe mantinha os olhos fechado e fora atirada a mais de metros rolando no chão.

Finalmente Johnny caiu no chão rachando-o inexplicavelmente. Seus olhos voltaram ao normal e ele recuperou a consciência. Olhou em volta e todos estavam olhando para ele, muito assustados com o que estavam vendo. Cloe estava sendo socorrida longe da quadra por suas amigas. Oque aconteceu aqui? Perguntava-se Johnny. Não, não poder ser o que eu estou pensando.

– O que você é...? – disse um Tiago ofegante.

Page 56: Kennedy And the Secret of the Amulet

***