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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situações de Catástrofe Natural. Sofia Sousa Silva Orientado por: Mestre Bárbara Camarinha Monografia Porto, 2007

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Kit básico de alimentação para Vítimas e

Bombeiros em Situações de Catástrofe Natural.

Sofia Sousa Silva

Orientado por: Mestre Bárbara Camarinha

Monografia

Porto, 2007

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

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AGRADECIMENTOS

À Mestre Bárbara Camarinha, por todo o apoio e orientação em todas as fases e

decisões da elaboração deste trabalho, pela simpatia e paciência, pela

disponibilidade e por todos os ensinamentos;

Ao Dr. Pedro Graça pela ajuda e capacidade criativa e inovadora, por todo o

apoio na realização deste trabalho;

Ao Comandante da Corporação de Bombeiros Sapadores de Vila Nova de Gaia,

pela sua disponibilidade, colaboração e ajuda, imprescindível para a realização

deste trabalho;

A todos os Bombeiros Sapadores, pela colaboração e boa disposição;

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

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Índice

Agradecimentos ...................................................................................................i

Testemunhos........................................................................................................iv

Lista de Abreviaturas ..........................................................................................v

Resumo e palavras chave ................................................................................vi

Abstract and key words.................................................................................... viii

1. Introdução ...................................................................................................... 1

2. Riscos e Vulnerabilidades em Portugal............................................................7

3. Responsabilidades Nacionais pela Assistência Humanitária em situação de

emergência .........................................................................................................9

4. Apoio alimentar em situação de emergência – Panorama Internacional .... .14

4.1. Avaliação Nutricional....................................................................................15

4.2. Necessidades energéticas diárias em situação de emergência.................17

4.3. Alimentos da ração geral............................................................................22

4.4. Programas de alimentação selectiva ........................................................ 26

4.4.1. Programa de alimentação suplementar......... ........................26

4.4.2. Programa de alimentação terapêutica....................................27

4.5. Deficiência de micronutrientes .................................................................. 28

5. Grupos de Risco.............................................................................................30

6. Kit básico de alimentação para situações de emergência..............................33

6.1. Kit de alimentação para vítimas.........................................................33

6.2. Kit de alimentação para bombeiros....................................................41

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

7. Discussão.........................................................................................................45

8. Conclusões......................................................................................................50

9. Referências bibliográficas................................................................................51

Índice de Anexos..................................................................................................55

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iv Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

TESTEMUNHOS

“Em situação de incêndio, o Centro Cultural e Desportivo, fornecia sandes, fruta e

sumos aos agentes de protecção civil no local” ex-funcionária da Câmara

Municipal de Vila Nova de Gaia.

“Os bombeiros que andam no fogo, muitas vezes comem o que a população lhes

dá ou às vezes compram-se umas cervejas e umas bifanas que é o que eles

querem...” director do Centro Distrital de Operações de Emergência da Protecção

Civil – Porto.

“A alimentação adequada é a possível e o mínimo para não ter problemas...”

responsável pela resposta da Cruz vermelha e Crescente Vermelho em situações

de catástrofe, Dr. José Valato Ramos.

“Muitas são as vezes que deixamos o almoço a meio e não sabemos quando

voltamos a comer” Bombeiro Sapador da Corporação de Bombeiros Sapadores

de Vila Nova de Gaia.

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Lista de Abreviaturas

ONG – Organizações Não Governamentais

HC – Hidratos de Carbono

C.B.S. – Corporação de Bombeiros Sapadores

V.N.G. - Vila Nova de Gaia

INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica

PE – Plano de Emergência

PME – Plano Municipal de Emergência

IMC – Índice de Massa Corporal

VET - Valor Energético Total

Vit - Vitaminas

OMS - Organização Mundial de Saúde

UHT -

SNBPC – Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Resumo

As situações de catástrofe natural têm crescido dramaticamente nos

últimos anos e parece terem continuidade no futuro. A ajuda alimentar adequada

é determinante para a sobrevivência de vítimas de catástrofes naturais. É

determinante também para o desempenho exemplar da missão, que profissionais

como os Bombeiros, desempenham em resposta a estas situações.

A ajuda alimentar é determinada maioritariamente por disponibilidade de

alimentos, traduzindo-se muitas vezes em alimentos pouco adequados para a

situação em causa. Desta forma, uma orientação para a escolha adequada de

alimentos e uma coordenação eficaz entre as autoridades responsáveis pelo

apoio alimentar e os dadores é crucial para uma intervenção eficaz.

O objectivo deste trabalho foi elaborar um kit básico de alimentação para

vítimas e Bombeiros em situação de emergência, servindo como linha orientadora

às entidades municipais responsáveis a prestarem esse auxílio.

O kit básico de alimentação para as vítimas foi calculado com base nas

recomendações das ONG que prestam assistência humanitária (2200Kcal, 10-

12% de proteína e 17-20% de gordura). O kit dos Bombeiros foi calculado com

base nas recomendações militares (1100-1500Kcal; 50-70g de proteína e 100g de

hidratos de carbono). Além da satisfação das recomendações nutricionais, a

escolha dos alimentos teve ainda em consideração factores como adequação

cultural, disponibilidade e perecibilidade. Este trabalho conclui que os kits

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

elaborados, embora equilibrados nutricionalmente, poderão apenas servir como

orientação, devendo ser adaptadas a cada situação.

Palavras-Chave

Catástrofe Natural, Emergência, Apoio Alimentar, Protecção Civil, Vítimas,

Bombeiros, Kit Básico de Alimentação.

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Abstract

The situations of natural catastrophe have been growing dramatically in the

last years and it seems they tend to continue growing in the future.

An adequate food aid is determinant to the survival of these natural

catastrophes' victims. The food aid is also determinant to the exemplary

performance of the missions which the firemen take as an answer to these natural

catastrophe situations.

Food aid is mostly determined by the availability of food which usually turns

into inadequate food to the specific situation. Thus, an orientation to the correct

selection of food and an effective coordination between the authorities who are

responsable for the food aid and the donators is crucial to an effective intervention.

The aim of this paper was to develope a basic food kit to the victims and

firemen involved in emergencies in order to elucidate the

responsable municipal entities with a guide line on how to provide help in these

situations.

The victims' basic food kit was calculated based on the recommendations of

the ONG which provide humanitary aid (2200Kcal,10-12% of protein and 17-20%

of Fat). The firemen's basic food kit was calculated based on military

recommendations (1100-1500Kcal; 50-70g of protein and 100g of carbon

hydrates). Besides the satisfaction of nutricional recommendations, the selection

of food items was made having in mind different factors such as cultural

adequation, availability and price.

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This paper concludes that the food kits developed, though being nutritionaly

adequate, can only be used as a guide and must always be adapted to each

situation.

Key words

Natural disaster, Emergency, food aid, civil protection, victims, firemen, basic food

kit.

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1. INTRODUÇÃO

O tsunami no Oceano Índico, o furacão Katrina, o terramoto na Índia e

Paquistão, são provavelmente, as situações de emergência de origem natural

mais recentes nas nossas memórias.

Além dos milhares de mortos, consequências devastadoras atingiram a

vida de muitos outros milhares de pessoas. Habitações destruídas, rotura no

fornecimento de água potável, acesso inadequado a alimentos, exposição

ambiental a tóxicos, interrupção dos serviços de saúde e o stresse físico e

emocional conduzem a uma maior fragilidade das vítimas levando muitas vezes

ao desenvolvimento de graves situações de doenças, em especial dos grupos

mais vulneráveis da população afectada (1, 2).

As situações de catástrofe natural, bem como as de ordem humana, têm

crescido dramaticamente nos últimos anos (3-5). Na realidade, desde os anos 70

do século XX, as catástrofes acontecem três vezes mais do que em anos

precedentes e têm consequências muito mais graves (4). O número de pessoas

afectadas por desastres naturais aumentou de 50 milhões em 1980 para 250

milhões em 2000. Apenas pelas inundações foi afectada uma média de 140

milhões de pessoas em cada ano. Em 2002, mais de 600 milhões de pessoas

foram afectadas por alterações climáticas bruscas, sendo que mais de metade por

secas na África e Ásia (6).

Portugal também já viveu situações que acabaram por se traduzir em

emergências. O sismo que ocorreu em Lisboa em 1755 e mais recentemente, as

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2 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

secas, as temperaturas extremas e os fogos florestais do ano de 2003 afectaram

milhares de pessoas (7).

Face a esta realidade, o auxílio urgente é necessário. Vidas estão em risco

e salvá-las é a prioridade.

A Assistência Humanitária, organizada por Agências Governamentais,

Organizações Não Governamentais (ONG) e Entidades Nacionais prestam

assistência às vítimas de fenómenos naturais, em diversas vertentes (3, 8). O

apoio alimentar é das vertentes mais importantes (2, 3, 6, 9-13) e mais urgentes,

constituindo cerca de 90% da resposta humanitária (12).

O acesso a alimentos e a manutenção do estado nutricional adequado são

factores decisivos para a sobrevivência adequada das pessoas nas fases iniciais

de emergência, desta forma uma rápida e eficaz intervenção é crucial para salvar

vidas. Manter a vida e a dignidade das pessoas afectadas por catástrofes,

segundo o conjunto do direito internacional, é a base dos serviços que as

organizações humanitárias oferecem (6).

Todas as pessoas precisam de consumir quantidades adequadas de

alimentos e de qualidade suficiente para assegurar a sua saúde e o seu bem-

estar (11). Assim sendo, se os meios normais de abastecimento de alimentos de

uma comunidade se ressentiram devido a um desastre, uma intervenção de apoio

alimentar é necessário.

Quando as pessoas não podem ter acesso a alimentos suficientes, é muito

provável que adoptem estratégias de sobrevivência a curto prazo, tal como

desfazerem-se de bens do agregado familiar, o que pode levar ao seu

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Natural

empobrecimento, a problemas de saúde e a outras consequências negativas a

longo prazo (11). A ajuda alimentar pode, então, ser também um mecanismo

importante para ajudar a desenvolver a auto-suficiência da população e a

restabelecer a sua capacidade para fazer frente a futuras comoções (11).

Todavia, a alimentação e a nutrição, não pode ser considerada de forma

isolada. A saúde, a agricultura, a economia, as crenças religiosas e tradicionais,

são alguns dos factores mais importantes que têm influência na situação

nutricional. Desta forma, identificar causas subjacentes à desnutrição pode ser um

processo complexo, mas indispensável para se poder garantir o estabelecimento

de programas eficazes. Neste contexto, a actuação de profissionais de

alimentação e nutrição torna-se imprescindível para a compreensão da situação,

no sentido de desenhar programas destinados a satisfazer as necessidades das

populações afectadas por fenómenos naturais (11, 14).

A função do Nutricionista em situações de emergência é vasta e

abrangente, abrindo novos horizontes para esta profissão tão versátil, constituindo

mais uma das áreas a que os Nutricionistas podem dar resposta (11, 14).

A sua responsabilidade primordial é satisfazer as necessidades nutricionais

através do cálculo das necessidades energéticas e nutricionais da população

afectada. É também seu dever, em função de estudos de diagnóstico rápidos e o

mais exacto possível, definir estratégias de actuação, realizar a monitorização do

estado nutricional da população e, dar resposta à vasta gama de problemas que

surgem nestas situações, em conjunto com outros profissionais (8, 11, 14). Além

disso, o nutricionista deve estar implicado na supervisão da distribuição dos

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4 Sofia Sousa Silva

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alimentos, observando possíveis irregularidades e verificar a idoneidade,

qualidade e quantidade dos alimentos, assim como a recepção por parte das

vítimas (15).

Se por um lado as vítimas de catástrofes naturais necessitam de ser

salvos, outros têm a missão de salvar.

Inúmeros são os profissionais que dedicam a sua vida a salvar outras.

Exemplos destes são os Bombeiros, profissionais que servem o seu país com

distinção. Todos os dias arriscam a sua própria vida para protegerem pessoas e

bens nas suas comunidades. Além disso, é destes que depende a resposta numa

primeira instância em situação de catástrofe natural. Desta forma, é importante

que estejam disponíveis e de boa saúde para que de acordo com as suas

qualificações e experiências, contribuam de uma forma mais eficaz às situações

de emergência.

A profissão de Bombeiro consiste em períodos pontuais de baixa actividade

e períodos de actividade enérgica intensa. Uma boa condição física é crucial para

a transição com sucesso, entre estes dois níveis de actividade física, em apenas

poucos minutos. Além disso, muitas vezes, têm de carregar equipamento pesado

e trabalhar em condições físicas extremas (16, 17). O stress, o calor, a elevação

da temperatura corporal e desidratação é uma combinação implacável, à qual o

organismo responde com elevado número de alterações fisiológicas como:

elevação da adrenalina, maior fluxo sanguíneo, maior tensão muscular, maior

número de movimentos respiratórios, aumento da pressão sanguínea e mais

batimentos cardíacos por minuto (17).

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

As condições de trabalho extremamente stressantes e exigentes, a

ausência da prática da actividade física e uma alimentação pouco cuidada, levam

a uma deterioração gradativa da aptidão física destes profissionais (16, 18).

Vários estudos indicam que alguns dos Bombeiros não apresentam a sua

condição física devidamente adaptada às suas funções, comprometendo desta

forma, um desempenho exemplar da sua profissão (16, 17). Se por um lado

podem ser heróis, podem também, por outro lado ser vítimas se a sua condição

física não permitir ser a primeira personagem.

A alimentação destes profissionais, é determinante para o desempenho

exemplar da sua missão. Os macro e micronutrientes apresentam um potencial

papel primordial para optimizar a sua capacidade física (19).

Vários estudos demonstram que uma alimentação pouco adequada ou

insuficiente, em especial a privação ou inadequação de hidratos de carbono (HC),

durante períodos de tempo prolongados, em condições que se traduzem em

elevadas exigências físicas, resultam no aparecimento de fadiga prematura e

consequente diminuição da sua capacidade física para a realização do trabalho.

Além disso, demonstram menos disponibilidade de cooperação e maior irritação

no cumprimento das suas missões (19, 20).

Uma alimentação antes e durante exercício físico, rica em HC, aumenta a

capacidade endurance e performance durante exercícios prolongados (21).

Durante exercícios exigentes, o corpo humano produz uma quantidade de

calor 10 a 20 vezes superior ao produzido numa situação normal. Cerca de 20% é

usado para o desempenho, sendo o restante dissipado (transpiração),

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6 Sofia Sousa Silva

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Natural

acompanhado por um aumento do suprimento sanguíneo para a pele. Assim

sendo, é vital manter o volume sanguíneo, ou seja, é vital manter a hidratação

(22). O suor libertado durante a transpiração é essencialmente composto por

água e uma pequena quantidade de sódio. Assim, a hidratação é determinante

para manter a performance durante o exercício (20), inferindo sobre a capacidade

de resposta às situações de stresse (22).

Estudos demonstram que os militares ingerem quantidade insuficiente de

fluidos para manter a hidratação e alimentos insuficientes para manter o equilíbrio

energético, em especial durante as operações (19). Uma boa hidratação e a

ingestão suficiente de HC afecta a performance destes profissionais, além de

diminuir a susceptibilidade a doenças e promover uma recuperação mais

adequada depois das operações (19, 23).

Em Portugal, existem quatro categorias de bombeiros: voluntários,

sapadores, militares e privados. A Corporação de Bombeiros Sapadores (C.B.S.)

constitui um corpo especial de funcionários especializados de protecção civil,

pertencentes ao quadro de pessoal das Câmaras Municipais. A C.B.S. é uma

peça fundamental no âmbito da segurança de pessoas e bens, através do seu

elevado grau de operacionalidade responsável e profissional em acções de

socorro e de prevenção.

Existem 6 corporações de Bombeiros profissionais em Portugal: Lisboa,

Porto, Vila Nova de Gaia (V.N.G.), Braga, Coimbra e Setúbal (24). A C.B.S. de

V.N.G. foi criada em 19 de Dezembro de 2003 e compreende a Divisão Municipal

de Planeamento e Prevenção e os Bombeiros Sapadores, sendo constituída por

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Natural

101 Bombeiros Profissionais, com os quais foi desenvolvido um estudo, no âmbito

da realização desta tese, cujo o objectivo foi avaliar o estado nutricional destes

profissionais.

Dada a importância da alimentação no estado de saúde quer das vítimas

quer dos Bombeiros, em situação de emergência, é importante que esta seja

planeada e preparada, adequando assim a resposta da ajuda humanitária. Por

esse motivo, a elaboração de um kit básico de alimentos a fornecer a Vítimas e a

Bombeiros em situação de emergência, surge com o intuito de servir como linha

orientadora às entidades responsáveis municipais a prestarem esse auxílio.

2. RISCOS E VULNERABILIDADES EM PORTUGAL

Segundo Carlos Garrido... “Existem duas perspectivas extremas relativas

ao estudo das alterações climáticas previstas: irresponsabilidade/catastrofismo ”

(25). Se por um lado não se pode encarar o futuro como o advento de situações

catastróficas, por outro lado, não é prudente ignorar os riscos acrescidos que as

sociedades, a longo prazo, irão defrontar.

As alterações climáticas, provavelmente ocasionarão um maior número de

fenómenos naturais extremos e de maior magnitude, prevendo-se situações de

seca e chuvas prolongadas e intensas e ciclones tropicais também mais

numerosos e intensos. Alguns estudos indicam que a Europa é particularmente

vulnerável às cheias, sendo mesmo de considerar a longo prazo, a possibilidade

de um aumento de frequência das mesmas (25).

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8 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

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Em Portugal e em particular no Concelho de V.N.G. os principais riscos

naturais e com maior probabilidade de ocorrerem são os riscos de natureza

hidrológica (cheias e secas), riscos ligados a temperaturas extremas (ondas de

calor e vagas de frio), incêndios florestais, fenómenos de origem convectiva

(trovoadas, granizo, saraiva e tornados), ciclones e sismos. No entanto, as cheias

são o fenómeno que se manifesta com mais frequência em Portugal (7, 25, 26).

Esta sumária caracterização dos riscos naturais a nível nacional e

municipal por si só, adivinha múltiplos problemas motivadores de grande

preocupação, podendo constituir causas para o aparecimento de situações de

emergência.

“Se, por um lado, é difícil prever-se a data, hora e localização exactas da

próxima catástrofe, por outro, é possível estarmos preparados para evitar ou

minimizar o seu impacto” (4).

A prevenção e a preparação para situações de fenómenos naturais

extremos é o melhor meio de conseguir minimizar os efeitos negativos que estes

podem causar.

Os riscos naturais, podem reduzir o acesso directo da população a

alimentos ao afectar a sua produção ou reservas, ou podem reduzi-lo

indirectamente ao impedir, por exemplo, o acesso físico aos locais de venda.

Além dos circuitos normais de produção e distribuição poderem ser afectados, a

população poderá também ter dificuldade em conservar os alimentos pelo frio

e/ou de os confeccionar pelos processos habituais (27). Nestas situações cabe às

entidades responsáveis prestarem o auxílio necessário às populações afectadas.

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

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3. RESPONSABILIDADES NACIONAIS PELA ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA

EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA

Em Portugal, a coordenação técnica e operacional dos meios a empenhar

e a adequação das medidas de carácter excepcional a adoptar em situação de

acidente grave, catástrofe ou calamidade, e no caso de perigo de ocorrência

destes fenómenos são desencadeadas Operações de Protecção Civil em

harmonia com os Programas e Planos de Emergência (PE) previamente

elaborados (24, 28).

“A Protecção Civil é a actividade desenvolvida pelo Estado, Regiões

Autónomas e Autarquias locais, pelos cidadãos e por todas as entidades públicas

e privadas com a finalidade de prevenir riscos colectivos inerentes a situações de

acidente grave ou catástrofe, de atenuar os seus efeitos e proteger e socorrer as

pessoas e bens em perigo quando aquelas situações ocorram” (28).

A protecção civil é responsabilidade e dever de todos: entidades públicas,

empresas e cidadãos. É uma tarefa eminentemente cívica. No entanto, as

exigências de eficácia e eficiência exigem do Estado um papel determinante

enquanto entidade coordenadora e mobilizadora em caso de emergência de

origem natural.

A estrutura de protecção civil organiza-se ao nível municipal, distrital,

regional e nacional, tendo como responsáveis, respectivamente, o Presidente da

Câmara, o Governador Civil, o Presidente do Governo Regional e o Primeiro-

Ministro (7, 24, 28, 29).

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10 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

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Os Agentes da Protecção Civil de acordo com as atribuições próprias são:

os Corpos de Bombeiros; as Forças de Segurança; as Forças Armadas; as

Autoridades Marítima e Aeronáutica; o INEM e demais serviços de saúde e os

Sapadores Florestais (7, 24, 28).

Desempenham ainda funções de protecção civil, de acordo com o seu

estatuto próprio: Cruz Vermelha Portuguesa, Associações Humanitárias de

Bombeiros Voluntários; Serviços de Segurança; Instituto Nacional de Medicina

Legal; Instituições de Segurança Social; Instituições com fins de Socorro e de

Solidariedade; Organismos responsáveis pelas florestas, conservação da

natureza, indústria e energia, transportes, comunicações, recursos hídricos e

ambiente; Serviços de Segurança e Socorro privativos das empresas públicas e

privadas, de portos e aeroportos (24, 28).

O serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil tem ainda protocolos de

cooperação com várias organizações que desenvolvem actividade de protecção

civil, no âmbito do voluntariado como: Corpo Nacional de Escutas, Federação

Portuguesa de Campismo e Montanhismo e cerca de vinte Associações de

Radioamadores (7).

Todos os agentes e instituições referidas são articuladas operacionalmente

sob um comando único nos termos do Sistema Integrado de Operações de

Protecção e Socorro (SIOPS), sem prejuízo da respectiva dependência

hierárquica e funcional (28).

Algumas das actividades de protecção civil incluem a prevenção e

monitorização de riscos colectivos, naturais ou tecnológicos; a análise

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permanente de vulnerabilidades; a informação e formação das populações; o

planeamento de emergência e a inventariação de meios e recursos (7).

Os PE de protecção civil classificam-se de acordo com dois critérios:

objectivo, relacionado com o risco ao qual se dirigem e âmbito relacionado com o

espaço físico a que o plano se aplica. Consoante o seu objectivo podem ser

gerais - aplicáveis a todos os riscos, num determinado espaço geográfico, ou

especiais - se apenas um risco é considerado. Consoante o âmbito o plano pode

ser Nacional, Regional, Distrital ou Municipal (29).

O objectivo do PE é fornecer um conjunto de directrizes e informações

visando a adopção de procedimentos técnicos e administrativos, lógicos e

estruturados de forma a propiciar resposta rápida e eficiente em situações de

emergência, além de ser um conjunto de normas e regras de procedimento com

vista a evitar ou minimizar os efeitos de um acidente grave ou catástrofe (24, 26).

No caso concreto de V.N.G. no Plano Municipal de Emergência (PME)

constam várias vertentes de apoio em situação de emergência. O apoio alimentar

é promovido pelo Grupo de Abastecimento e Armazéns. Este grupo tem como

tarefas: promover a inventariação de meios e recursos, designadamente no

âmbito dos sectores da alimentação, agasalhos, material sanitário e outros;

promover o estabelecimento de protocolos com entidades fornecedoras de bens e

géneros, para situações de emergência; garantir a instalação e montagem de

cozinhas e refeitórios; preparar e coordenar um sistema de recolha e por fim

distribuição de dádivas (26, 30).

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12 Sofia Sousa Silva

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Natural

Este grupo é constituído por diversas entidades: Delegado da Direcção

Municipal de Bombeiros e Protecção Civil; Delegado da Direcção Municipal de

Administração Geral/Divisão de Máquinas e Viaturas; Delegado da Santa Casa da

Misericórdia; Delegado do Núcleo da Cruz Vermelha, Delegados das Juntas de

Freguesias; Delegado da Associação Comercial e Industrial de Vila Nova de Gaia;

Delegado das Águas de Gaia, EM e Delegado da Gaianima, EM (26).

Já a distribuição do apoio alimentar é da responsabilidade do Grupo de

Abrigo e Bem-Estar cuja tarefa é coordenar as actividades de fornecimento de

alimentação e outros (26).

A Administração e Logística, sob o encargo dos Serviços Municipais de

Protecção Civil, são também responsáveis pela alimentação do pessoal

voluntário, das populações evacuadas e dos delegados do Centro Municipal de

Operações de Socorro (26).

A nível Distrital, o Grupo de Abrigo e Bem-Estar, constituído pelo Delegado

do Centro Regional de Segurança Social do Norte e Delegado da Direcção

Regional de Educação do Norte tem como missão, no âmbito da alimentação:

determinar com maior exactidão possível o dispêndio diário dos meios e recursos

em alimentação a utilizar; estabelecer ementas tipo diárias, de acordo com as

várias fases da situação de emergência e disponibilidade de meios (30).

Apesar de em todos os PE elaborados e responsabilidades no que diz

respeito ao sector da alimentação já estarem delegadas, nenhum programa

alimentar nem meios de distribuição estão descritos nesses PE municipais,

distritais, regionais e nacionais, para vítimas e para profissionais e/ou outros, que

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Sofia Sousa Silva 13

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

actuam em socorro das primeiras. A decisão do tipo de alimentos a fornecer em

situações de emergência, segundo responsáveis, depende das associações

contactadas que prestem o referido apoio, não sendo efectuada pelos

responsáveis previstos no respectivo plano.

Contactadas todas as entidades envolvidas (todas as que constam no PME

e o Regimento de artilharia nº5 de Gaia, Manutenção Militar da Delegação Norte e

Delegação de Lisboa) no apoio alimentar em situação de emergência, não foram

encontrados responsáveis e nenhuma orientação alimentar e nutricional está

elaborada apesar de delegada como missão nos PE para os respectivos grupos

de intervenção. Além disso, todas as entidades contactadas remetem para o

Serviço Nacional de Protecção Civil. Desta forma, o apoio alimentar depende da

disponibilidade de recursos, não havendo qualquer planeamento do tipo de

alimentação a fornecer no contexto de situações de emergência.

Os PE não garantem que não ocorra um acidente ou uma catástrofe, no

entanto podem evitar que um acidente de pequeno porte se transforme numa

grande tragédia uma vez que constituem um instrumento prático, que propícia

respostas rápidas e eficazes em situações de emergência. Desta forma, todas as

vertentes de auxílio às vítimas em situação de emergência devem ser

convenientemente desenvolvidas e aprofundadas, tornando a resposta à situação

de emergência mais eficaz e adequada.

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14 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

4. APOIO ALIMENTAR EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA – PANORAMA

INTERNACIONAL

Sem alimentos suficientes, outras intervenções de assistência humanitária

poderão ser menos eficazes e os casos de desnutrição poderão aumentar. As

intervenções ao nível da saúde por si só não bastarão para prevenir doenças,

agravadas pela falta de ingestão adequada de nutrientes, e mesmo se as

instalações higiénicas forem apropriadas, a população continuará susceptível a

contrair doenças devido à debilitação do sistema imunitário e à diminuição de

reservas do organismo (11).

As situações de emergência são caracterizadas por uma elevada taxa de

malnutrição aguda e deficiências nutricionais, tendo aumentado a sua prevalência

ao longo das últimas décadas (5, 12) O risco nutricional em situações de

emergência é evidente e a frequência de malnutrição crónica evidencia-se muito

relevante (12), conduzindo a um aumento de doenças e índices de mortalidade (5,

31).

Desta forma, a alimentação e a nutrição são componentes chave na

resposta a situações de emergência (5). Estratégias planeadas são necessárias

para proteger e promover o estado nutricional da população afectada (12).

As intervenções da assistência humanitária têm um papel importante em

salvar vidas através da sua intervenção no estado nutricional e na saúde da

população afectada (5, 6).

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Sofia Sousa Silva 15

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

No âmbito da assistência humanitária, diversos programas de distribuição

de alimentos a populações que vivem situações de emergência são

desenvolvidos.

O apoio alimentar consiste na distribuição de uma ração geral de

alimentos, parcial ou completa, a todos os grupos afectados sem distinção, com o

objectivo fornecer em tempo certo, a quantidade de alimentos adequada e

prevenir a deterioração ou assegurar a manutenção e promover a recuperação do

estado nutricional (5, 6, 11-13, 15, 31, 32). Apesar das diferenças marcadas de

necessidades nutricionais entre crianças, adolescentes e adultos, fornecer rações

para diferentes idades em situações de emergência não é exequível. A ração a

distribuir deve ser exactamente igual (quantidade e tipo de alimentos) para todas

as pessoas afectadas, uma vez que as famílias irão dividir as rações entre si (5,

15, 33).

Programas de alimentação especiais são destinados a sub-grupos da

população com necessidades nutricionais acrescidas, desta forma, além da ração

geral devem receber um complemento através dos programas de alimentação

selectiva (5, 11, 15, 31, 33).

Todos os programas de alimentação implementados devem ser avaliados em

relação à sua eficácia, através da monitorização de indicadores (15, 33).

4.1. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

Logo que possível deve estabelecer-se uma avaliação inicial do estado de

saúde e nutricional da população afectada (15, 33).

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16 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Medidas antropométricas como o peso (o peso pela altura (ou pela

estatura, em crianças que meçam menos de 85cm) das crianças com idade entre

6 meses e 5 anos de idade), o perímetro do braço e sinais clínicos são utilizados

para determinar a malnutrição (5, 11, 12, 15, 32, 33).

A medida da circunferência do braço é um método adequado, no caso de

crianças e mulheres grávidas, para efectuar uma avaliação rápida do estado

nutricional, contudo nas crianças é necessário relacioná-la com valores da altura

ou idade, para avaliar o progresso individual. Esta pode também ser usada como

critério de admissão para programas de alimentação selectiva (5, 11, 12, 15).

Os valores de mortalidade e morbilidade são também importantes como

indicadores de malnutrição (33).

O Índice de Massa Corporal (IMC) é a medida antropométrica usada para

avaliar o estado nutricional de adultos e adolescentes, apesar da grande variação

individual e da grande dificuldade em realizar a medição a idosos e adultos

severamente malnutridos e, nos adolescentes devido à variação da idade da

puberdade (5, 11, 12, 32). Esta informação também não fornece dados sobre

possíveis deficiências nutricionais, mas fornece de forma rápida e simples

informação sobre o estado geral de nutrição do indivíduo, permitindo avaliar

progressos individuais em situações de emergência (5, 12, 15).

Nos adolescentes, o IMC deve ser relacionado com a idade ou com a

altura, devendo ser ainda considerados os indicadores de maturação,

especialmente a menarca e a mudança de voz, permitindo melhorar a

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Sofia Sousa Silva 17

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

interpretação dos dados de referência do IMC, devendo ainda estes valores ser

utilizados com prudência e acompanhados com uma avaliação clínica (11).

Além destes, o perímetro da circunferência do braço, é também uma

medição que deve ser efectuada, dada à grande variação do IMC em adultos.

O edema e os sinais clínicos como a incapacidade de manter de pé e

desidratação são usados em conjunto com as medições antropométricas e

factores sociais aumentando a sua sensibilidade e especificidade como

indicadores de malnutrição e critérios de admissão para programas de

alimentação selectiva, bem como para avaliar o progresso nutricional individual (5,

11, 12).

Esta informação é necessária para identificar necessidades, grupos de

risco ou áreas geográficas afectadas, no sentido de planear intervenções

nutricionais, planear recursos e também monitorizar a eficácia do programa de

ajuda alimentar, permitindo avaliar o seu impacto e adequação e ajustar de

acordo com as alterações das condições (5, 12, 15, 31, 33).

4.2. NECESSIDADES ENERGÉTICAS DIÁRIAS EM SITUAÇÂO DE

EMERGÊNCIA

Determinar necessidades alimentares em situação de emergência é

extremamente complexo e difícil (5, 34). É também muito difícil recolher dados

nestas circunstâncias que permitam fazer uma estimativa precisa das

necessidades, especificamente o número e o local das pessoas afectadas e em

especial, se o acesso à população é restrito (34).

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18 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

As estimativas das necessidades energéticas e nutricionais adequadas da

população afectada, quais os componentes das rações, as quantidades

necessárias, o apoio logístico e a necessidade de levar a cabo algum programa

de alimentação especial requer avaliação de alguns dados que deve ser

efectuada com base na informação específica do contexto em causa (11, 34). A

análise dos problemas nutricionais e uma compreensão das causas e potenciais

riscos de malnutrição são necessários (11, 31) numa primeira fase de avaliação.

Contudo, os primeiros dados são essenciais para desenhar o apoio alimentar:

� O número de pessoas afectadas (5, 11, 15, 32, 35);

� O estado nutricional (5, 6, 11, 15);

� Os hábitos alimentares da população afectada (5, 15, 33).

Além disso, é necessário dispôr, o mais rápido possível, de informação sobre:

a magnitude e extensão geográfica; o perfil demográfico da população (5, 6, 11,

31-33) por sexo e por idade (5, 15, 35), em particular a percentagem de crianças

com idade inferior a 5 anos e a percentagem de mulheres (11); a média do peso e

altura dos adultos (5, 11, 35); nível de actividade física (5, 6, 11, 31, 32, 35); as

condições climatéricas (5, 6, 11, 31, 32) e grau de adequação dos abrigos e roupa

(11); identificação de grupos de risco (6, 33); critérios psicológicos (31); gostos e

preferências (5, 6, 15, 31-33); a disponibilidade de alimentos (14, 15, 32-34); a

duração do apoio alimentar (34) e outras fontes de alimentos (5, 31, 33);

disponibilidade de utensílios e capacidade para preparar, cozinhar e armazenar

os alimentos (32, 33) são determinantes para desenhar o tipo de intervenção.

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Sofia Sousa Silva 19

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Utensílios adequados para os alimentos serem cozinhados em situações que

se justifiquem, devem ser fornecidos (5, 31, 35), assim como água e combustível,

uma vez que a falta destes traduz-se numa inadequação da ração, podendo

traduzir-se em efeitos negativos no estado nutricional (5, 11, 15).

Conhecer as necessidades da população afectada é essencial para desenhar

uma resposta adequada ao contexto em causa, contudo, uma estimativa das

necessidades tem de ser efectuada rapidamente (34). Assim sendo, em situações

de emergência são usados valores iniciais de referência, fazendo-se ajustes

numa fase posterior, se as condições iniciais se alterarem (5, 6, 12, 15, 31, 33,

35).

Segundo os valores iniciais de referência das Agências Internacionais, que

prestam assistência humanitária, a energia mínima necessária para uma

população em situação de emergência, totalmente dependente da ajuda

alimentar, é de 2180 kcal, 2200 Kcal aproximadamente, variando geralmente de

1900Kcal a 2300 Kcal (5, 31).

Estas recomendações, incluem as necessidades de todos os grupos etários e

de ambos os sexos, não se referindo, portanto, a nenhum grupo etário ou sexual

em particular e não devem ser utilizadas para fazer a avaliação das necessidades

específicas de um indivíduo. Além disso, estas indicações baseiam-se numa série

de pressupostos, que a menos que sejam válidas para a população em questão,

podem conduzir a erros. Desta forma, estas recomendações iniciais surgem como

orientações, devendo ser ajustadas às alterações do meio e da população:

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20 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Temperatura ambiente

Se a temperatura é inferior a 20ºC, as necessidades energéticas devem ser

ajustadas para mais 100Kcal por cada –5ºC abaixo de 20ºC (5, 14, 31, 32).

Estado nutricional, psicológico e de saúde

Se a população está mal nutrida ou possui estados psicológicos ou de saúde

comprometidos ou outro tipo de stresse fisiológico deve receber cerca de 100-

200Kcal a mais (5, 6, 14, 31-33, 35).

Nível de actividade física

Se o nível de actividade física aumentar, um aumento das necessidades

deverá também ser efectuado, na medida em que o cálculo das necessidades é

efectuado para manter o estado nutricional e de saúde de uma população com

baixo nível de actividade física (5, 6, 14, 31-33, 35).

Perfil demográfico da população

Se as características demográficas da população não corresponderem a uma

distribuição normal de um país industrializado, as necessidades deverão alterar-

se nesse sentido, adequando assim as necessidades à população afectada (5,

14, 31, 32).

Além disso, se os índices de mortalidade aumentarem, o valor energético total

(VET) também deverá ser aumentado (6, 35).

A ração deve fornecer cerca de 10-12% do VET de proteína e 17-20% de

gordura (5, 11, 14, 31-33).

Tradicionalmente, o seu objectivo nutricional, numa fase inicial, é promover

uma quantidade adequada de energia, mais do que proteína, sem atingir todas as

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Sofia Sousa Silva 21

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

necessidades nutricionais, principalmente ao nível dos micronutrientes, apesar da

marcada prevalência de deficiências nutricionais em situações de emergência (8,

12, 15, 33, 36).

Além do valor nutricional (5, 13, 31, 35) a ração deve satisfazer critérios de

qualidade, segurança (5, 13), variedade (5, 6, 31, 35), digestibilidade, em especial

para crianças e idosos (5, 11, 14, 35), deve ser fácil de preparar (35), armazenar

(5, 15) e manipular (5, 6), transportar e distribuir (5, 12, 15).

A aceitabilidade cultural é também determinante (5, 11, 12, 14, 15, 31-33, 35),

uma vez que as necessidades energéticas e nutricionais nunca serão atingidas se

as rações não forem culturalmente aceites. Além disso, deve ainda contemplar a

escolha de alimentos que necessitam de pouco combustível e água para a sua

confecção (5, 11, 14, 15, 32, 35).

A ração deve considerar perdas no transporte, manuseamento,

armazenamento, distribuição e cocção aumentando o fornecimento da ração

cerca de 5-10% (5, 14, 35). Deve ainda ter-se em linha de conta que a ração deve

ser disponibilizada o mais rapidamente possível, em especial para as populações

totalmente dependentes da ajuda alimentar (5, 14, 31, 35), fazendo-se uma

distribuição equitativa e eficaz pela população (5, 15).

Apesar de todos os ajustes para fornecer uma ração nutricionalmente

adequada à população afectada com um determinado perfil demográfico, não

significa que seja adequada a cada indivíduo uma vez que existe sempre variação

individual (35).

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22 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

4.3. ALIMENTOS DA RAÇÃO GERAL

Os alimentos que devem constituir a ração geral devem ser seleccionados de

forma a assegurarem as necessidades energéticas, proteicas, lipídicas e de

micronutrientes à população afectada (5, 11, 14, 31, 32).

Considerando os valores nutricionais requeridos e factores de perecibilidade,

facilidade de armazenamento, transporte, distribuição, manipulação, hábitos

alimentares, disponibilidade regular em grande quantidade e dos utensílios

necessários para sua confecção (5, 15, 32, 35), os alimentos que geralmente

constituem uma ração geral são:

� Cereais constituem a principal fonte de hidratos de carbono (5, 12,

31, 35, 37) e são fonte de vitamina (vit) do complexo, ferro e fibras alimentares (5,

15, 33, 37). Estes são os que proporcionam um maior fornecimento de energia e

proteína da ração (15, 33);

� Óleo vegetal, além de fonte concentrada de energia, aumenta a

palatibilidade da refeição (5, 12, 15, 31, 35, 38), e constitui uma fonte importante

de vit A, D, E e K (5, 15, 33, 38);

� Leguminosas como o feijão, lentilhas e ervilhas, além de fonte de

proteína vegetais fornecem também muitos micronutrientes como vit do complexo

B (B1 e B2), minerais (cálcio e ferro) e fibras alimentares (5, 15, 31, 33, 35, 37).

São importantes como fonte de proteína complementar aos cereais (5, 15), são

fáceis de transportar e distribuir e são menos susceptíveis a contaminação que

outras fonte proteicas como as de origem animal (5);

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Sofia Sousa Silva 23

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Outros alimentos são necessários para aumentar a palatibilidade e

aumentar o fornecimento de vitaminas e minerais:

� Sal iodado Este não fornece valor energético, mas pode constituir

uma importante fonte de iodo, nas populações que têm hábito de baixo consumo

de pescado e compensa as perdas deste mineral em ambientes com

temperaturas elevadas. Cerca de 5g por pessoa por dia é o preconizado (5, 15,

39, 40). Pode ainda ser usado nas soluções de re-hidratação oral (5);

� Açúcar é uma fonte concentrada de energia, sendo muito útil para

os programas de alimentação suplementar, contudo apresenta algumas limitações

quanto ao seu armazenamento, na medida em que, é muito sensível à humidade.

(5, 15, 35);

� Chá ou café e especiarias apesar de não fornecerem nutrientes

são fáceis de obter, necessários em pequenas quantidades e aumentam a

aceitabilidade e palatibilidade da ração, sendo considerados como alimentos

conforto (5, 14, 15, 37);

A adição destes alimentos pode ser decisiva para a aceitação deste regime

alimentar, pelo seu valor cultural, promovendo o seu consumo e favorecendo

assim, o estado nutricional da população afectada (5, 8, 31, 35).

Outros alimentos são obtidos a partir de donativos, contudo, devido ao seu

valor nutricional e à sua disponibilidade inconstante, estes alimentos geralmente

são usados para os programas de alimentação selectiva ou devem ser rejeitados

sempre que não sejam adequados para situações de emergência (15).

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24 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

� Os enlatados e o peixe seco, ocasionalmente disponíveis são

também boas fontes proteicas e boas fontes minerais, em especial de iodo (5, 15,

38), mas também cálcio, ferro e vit do complexo B (33, 38);

� Carne, leite, ovos e suas conservas e derivados são fontes

proteicas por excelência, fontes de vit B, A e D e são ricos também em cálcio e

fósforo. Estes alimentos servem para melhorar a palatibilidade e qualidade da

ração, favorecendo também a absorção de ferro (5, 15, 37). Estes na sua grande

maioria, quando disponíveis são usados para os programas de alimentação

selectiva (5, 15). O leite geralmente não é distribuído na ração geral, a menos que

faça parte dos costumes e hábitos da população, constituindo desta forma uma

fonte importante de proteínas (15). Contudo, leite em pó não deve ser distribuído,

podendo constituir graves problemas de segurança, na medida em que as

condições de preparação daquele produto em situações de emergência estão

comprometidas (5, 14, 15, 31, 35);

� Bolachas são muitas vezes fornecidas em fases iniciais de

emergência, em especial quando não existem facilidades de cozinhar ou quando

não existem outros recursos. Este tipo de alimentos devem estar sempre

presentes como possível fonte de alimentos nos planos de emergência (35);

� Frutas e produtos hortícolas frescos são fracos fornecedores de

energia e proteína, contudo são excelentes fornecedores de vit A, B, e C, e

minerais como o ferro e cálcio, além de fornecerem fibra, importante para o

trânsito intestinal e para aumentar a saciedade (5, 15, 33, 37). Estes alimentos

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Sofia Sousa Silva 25

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

devem ser fornecidos em situações de emergência, quando estão disponíveis,

devendo ser adquiridos em mercados locais (5, 15);

� Frutos gordos e amiláceos como nozes e avelãs, além de serem

ricos em lípidos, proteínas de baixo valor biológico, vit do complexo B e minerais

(ferro, cálcio e magnésio) (37). São de fácil distribuição, devendo ser usados se

disponíveis e culturalmente aceites (5).

Nas intervenções das ONG é frequentes a distribuição de misturas de

alimentos como: cereais e leguminosas, pré fortificados em vit e minerais (12, 31,

35), uma vez que a ração geral, não contribui geralmente com as quantidades

necessárias para o aporte de micronutrientes.

� Água – O fornecimento de água exige uma atenção imediata desde

o início da situação de emergência. A água, deve ser prioridade, sendo distribuída

o mais rapidamente possível e em quantidade suficiente, assegurando a sua

potabilidade (15, 31, 36).

Cerca de 1-1.5L de água potável por dia, por pessoa adulta ou crianças e

adolescente deverá ser assegurados, nas primeiras fases de emergência e cerca

de 400-1000ml a crianças de 1 mês a 3 anos (5). Esta quantidade de água deve

ser ajustada quando a temperatura ambiente e o nível de actividade físico forem

mais elevados (36).

Para populações inteiramente dependentes do apoio alimentar, rações

completas devem ser adequadamente distribuídas. Contudo, numa fase de pós-

emergência ou quando as populações têm acesso a outras fontes de alimentos,

devem ser fornecidas rações parciais, assegurando o mínimo das necessidades

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26 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

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energéticas (14). As rações parciais, dependem das condições locais, contudo,

habitualmente, têm um menor número de itens alimentares, comparativamente à

ração completa e também menor quantidade de cereais. Geralmente esta ração

parcial consiste em cereais e óleo alimentar. Em alguns casos, quando o

aprovisionamento de proteína está comprometida, o fornecimento de leguminosas

deve assegurar esta limitação (14).

4.4. PROGRAMAS DE ALIMENTAÇÃO SELECTIVA

Os programas de alimentação selectiva são constituídos por programas de

alimentação suplementar e terapêutica, sendo ambos aplicados a grupos

especificamente vulneráveis com necessidades especiais, com o objectivo de

reduzir a malnutrição e mortalidade dos grupos de risco (5, 15, 31-33, 35). Estes

programas devem ser desenhados com base na compreensão da complexidade e

dinâmica da situação nutricional em causa (11).

A decisão para serem implementados programas de alimentação selectiva

baseia-se na prevalência de dnutrição (10-14% ou superior, ou 5-9% ou superior

com factores de risco). Os factores de risco: elevada mortalidade (1 em cada

10.000 por dia), elevada prevalência de diarreia por infecção ou doenças

respiratórias, sarampo e a ração geral de alimentos fornecer nutrientes abaixo das

necessidades (12, 32, 33).

4.4.1. O programa de alimentação suplementar têm como objectivo reduzir

a prevalência de desnutrição moderada e promover a recuperação de grupos

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Sofia Sousa Silva 27

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

vulneráveis específicos (5, 6, 11, 12, 31-33, 35), com necessidades especiais, em

especial dos micronutrientes (5, 15) através do aprovisionamento adicional de

alimentos de elevada qualidade nutricional, como acréscimo à ração geral (5, 8,

15, 33).

O suplemento varia de a 500 a 1200 kcal/dia, devendo ser administrado um

suplemento de 500-700kcal/pessoa/dia com 15-25 gramas de proteína, se o

suplemento for administrado no centro de alimentação e pelo menos duas vezes

por dia, e cerca de 1000 a 1200 Kcal por pessoa por dia com 35 a 45 g de

proteína, se o suplemento é consumido em casa (5, 12, 33).

Os alimentos que mais frequentemente fazem parte deste programa são

misturas de alimentos fortificados (5, 12), leites densamente calóricos e prontos a

comer (5, 31), devendo em especial ser fornecido frutas e produtos hortícolas

frescos para o fornecimento de vit e minerais (15) e outros como pescado, açúcar

e misturas de cereais, produtos hortícolas e azeite (15).

4.4.2. O programa de alimentação terapêutica tem um papel importante na

redução da mortalidade repondo o estado nutricional de crianças severamente

desnutridas, fornecendo alimentos com elevada densidade energética combinada

com intervenções médicas (5, 6, 11, 12, 15, 32, 33). A alimentação neste

programa deve basear-se em refeições pequenas e frequentes e com quantidade

adequada ao peso corporal com correcção do balanço de electrólitos, (solução de

re-hiratação oral rica em potássio e pobre em sódio) e complicações infecciosas

(5, 12, 15). Neste programa de alimentação devem ser fornecidas cerca de 150-

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

200Kcal por cada refeição e 2 - 4g de proteína por cada Kg de peso por dia (5, 15,

33).

Os alimentos mais frequentemente utilizados neste programas de alimentação

consistem numa mistura de água fervida, leites terapêuticos fortificados com vit e

minerais, (F75 e F100) azeite e açúcar (15) ou misturas de alimentos pré-

preparados (vários cereais) com azeite, como por exemplo K Mix II da UNICEF

(15).

4.5. DEFICIÊNCIA DE MICRONUTRIENTES

O aprovisionamento de vitaminas e minerais através da ração, que geralmente

consiste num número muito restrito de alimentos secos, é muito difícil (12, 32, 33,

35) sendo desta forma, frequentes as deficiências nutricionais em situações de

emergência.

Todavia, é importante distinguir deficiências nutricionais que são comuns em

muitas populações em situações de emergência e aquelas que são

especificamente deficiências de micronutrientes como consequência da situação

de emergência: vit C, vit do complexo B (tiamina, riboflavina e niacina) pois os

grandes fornecedores destes micronutrientes não são geralmente fornecidos em

situação de emergência (5, 31).

As deficiências de micronutrientes podem levar ao aumento do risco de

mortalidade, morbilidade, aumento da susceptibilidade à infecção, crescimento

comprometido, diminuição da capacidade de trabalho, diminuição das

capacidades cognitivas e atraso mental (11, 31).

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Sofia Sousa Silva 29

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Diferentes estratégias são usadas pela assistência humanitária, para tentar

colmatar a deficiência de micronutrientes da população afectada. Estas devem em

primeiro lugar passar por aumentar o consumo de alimentos ricos nos

micronutrientes em falta e em quantidade suficiente (5, 11, 14, 33). Outras

potenciais estratégias são usadas para prevenir as deficiências de micronutrientes

através da inclusão de alimentos como leguminosas, frutos gordos e amiláceos,

óleo de palma, frutos e produtos hortícolas frescos (5, 6, 11, 14, 31, 33, 35) na

ração de alimentos (12). Os frutos e produtos hortícolas frescos são

particularmente difíceis de incluir nas rações, na medida em que são difíceis de

serem conseguidos para um grande número de pessoas regularmente (12, 35),

por dificuldades logísticas no transporte e distribuição e elevado custo (35). No

entanto, produtos hortícolas menos perecíveis, como as cebolas podem ser

incluídos (35).

A incorporação de sumos enriquecidos em vit, em especial C, em

determinados contextos pode ser exequível e muito útil (35). Importante será

também promover uma maior variedade de alimentos na ração, em especial para

as populações que dependem integralmente da ajuda alimentar (6, 14).

Outras alternativas devem ser desenvolvidas de acordo com o contexto em

causa e a disponibilidade de alimentos necessários (5). Apesar da fortificação de

alimentos (5, 6, 13, 31, 33, 35) e suplementação (5, 33) de vit A (31, 35, 41) e C

(31, 35) serem praticadas rotineiramente em situações de emergência, depende

do contexto específico e de dificuldades operacionais (31, 41), bem como do

custo, diminuição do tempo de vida útil e condições de armazenamento,

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30 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

nomeadamente a humidade, a luz e a elevada temperatura que conduzem a

perdas de micronutrientes durante o armazenamento e transporte (41).

Na maioria dos casos, a estratégia combinada de alimentos fortificados e

suplementados é mais eficaz e a mais praticada em situações de emergência (5).

A informação sobre os principais alimentos que devem ingerir para aumentar a

quantidade de micronutrientes e, em determinadas situações a implementação de

programas de agricultura parece também ter resultados positivos (35, 41). As

medidas a adoptar para solucionar este problema depende do tipo de deficiências

e das circunstâncias locais (35).

5. GRUPOS DE RISCO

Em situações de emergência o sexo, a idade, o estado nutricional e o

estado de saúde têm um papel importante para a determinação de grupos em

risco nutricional (1, 12, 35) sendo as mulheres, em especial grávidas e lactantes,

crianças e idosos, particularmente vulneráveis (5, 11, 15, 32, 33).

� CRIANÇAS

A amamentação exclusiva até aos 6 meses de idade reduz a morbilidade e

mortalidade, consequência de doenças infecciosas (12, 31), mas também fornece

todos os nutrientes necessários (31) essenciais para o seu crescimento e

desenvolvimento durante os primeiros meses de vida (5, 11). Em situações de

emergência, as práticas de higiene estão comprometidas e o risco de diarreia e

infecções é muito elevado. O uso seguro de substitutos de amamentação (35), a

água limpa (31, 35), combustível disponível (31), facilidades para preparar em

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Sofia Sousa Silva 31

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

condições de higiene (5, 31, 35) e um fornecimento regular são difíceis de garantir

e os riscos associados são elevados (5, 12, 31) como a diarreia, a malnutrição e o

aumento os índices de mortalidade (31). Desta forma, a amamentação é

essencial, devendo ser promovida (11, 15, 41) e encorajada até pelo menos aos 6

meses de idade (5, 31, 33), em especial em situações de catástrofes naturais (1,

5, 12, 15, 31). O leite materno é o melhor alimento e o mais seguro. A

amamentação consiste numa fonte de alimento segura e higiénica, fornece

anticorpos contra alguns agentes infecciosos e está sempre disponível. Desta

forma, deve ser estimulada e prolongar-se o mais possível no tempo (11, 15, 33).

As crianças até aos 6 meses de idade que não têm acesso ao leite materno

devem ser alimentadas com substitutos, contudo, em condições rigorosamente

controladas e por pessoas treinadas para tal. O uso de biberões nestas situações

é desencorajado e promovido o uso de chávenas ou copos e colheres, na medida

em que são mais fáceis de higienizar (5, 11, 15, 31).

A partir dos 4-6 meses de idade as crianças devem começar a receber

alimentos complementares ao leite materno. Estes devem ser especialmente ricos

em energia e fornecer os macronutrientes em quantidades adequadas e devem

ainda ser facilmente digeridos (5, 15). Este suplemento deverá fornecer de 30-

40% do VET de gordura e 12% de proteína para crianças. Em especial para as

crianças, os alimentos devem ser concentrados em energia e fornecer maior

quantidade de nutrientes em menor volume (11, 15).

Além disso devem ainda, ter acesso a todos os micronutrientes

imprescindíveis ao seu crescimento e desenvolvimento, em especial ferro, vit A e

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32 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

C (5, 31). Durante uma situação de emergência, a disponibilidade de alimentos e

a sua preparação na forma semi-sólida, pode ser difícil, além das condições

higiénicas não serem as mais seguras para a sua preparação (5, 15). Assim, a

alimentação para as crianças deve ser baseada em cereais, leguminosas, óleo e

açúcar e, quando possível adicionar produtos hortícolas e frutos (5).

� MULHERES GRÁVIDAS E ALEITANTES

As necessidades nutricionais destas mulheres são maiores que a média da

população (5, 31). É muito importante manter a ingestão nutricional evitando não

só efeitos directos no seu estado de saúde, no peso à nascença e no crescimento

e desenvolvimento das crianças, mas também para a protecção da qualidade

nutricional do leite materno (31).

As mulheres grávidas requerem uma adição de 250 Kcal e as lactantes de

500 Kcal/dia, tendo ambas necessidades acrescidas de micronutrientes,

particularmente de vit A, iodo, ferro e folato (5, 31).

Estas necessidades acrescidas são geralmente asseguradas pelo

programa de alimentação suplementar, sendo uma intervenção muito importante

para a protecção da qualidade nutricional do leite materno (31).

� POPULAÇÃO ENVELHECIDA

O efeito das situações de emergência neste grupo da população é

claramente reconhecido (12). As doenças, o frio, o stress e o trauma psicológico,

a diminuição da mobilidade (31), a maior dificuldade de acesso aos alimentos e

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Sofia Sousa Silva 33

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

de os preparar (31) e as alterações sociais, tornam este grupo particularmente

vulnerável afectando o seu estado nutricional e aumentando o risco de

desnutrição (11, 12).

Aumentar o acesso às rações e aos programas de alimentação

suplementar, assegurar que as rações são facilmente digeríveis e fáceis de

preparar e que contemplam as necessidades nutricionais acrescidas deste grupo,

especificamente dos micronutrientes (11), são medidas necessárias para este

grupo de risco. Além disso, é importante assegurar que a ingestão de líquidos é

suficiente para prevenir a desidratação e facilitar a digestão (31).

6. KIT BÁSICO DE ALIMENTAÇÃO PARA SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA

6.1. KIT DE ALIMENTAÇÃO PARA VÍTIMAS

O kit básico de alimentação tem como objectivo servir não só como linha

orientadora às entidades responsáveis, para escolha de alimentos adequados

para situações de emergência mas como ponto de partida para a determinação

das necessidades energéticas da população afectada.

Foi elaborado com base nas recomendações calóricas que a Organização

Mundial de Saúde (OMS) preconiza para situações de emergência em países

industrializados com perfil demográfico com distribuição normal, com temperatura

de 20ºC e com baixo nível de actividade física, devendo ser logo que possível

ajustado às condições do meio e da população afectada (5, 31).

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34 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

As necessidades calóricas preconizadas pela OMS são de aproximadamente

2200 Kcal com cerca de 10-12% de proteína e cerca de 17-20% de gordura (5,

31).

Para a escolha dos alimentos que satisfaçam as necessidades de vítimas de

fenómenos naturais, nas fases iniciais de emergência foram considerados os

seguintes factores: o valor nutricional dos alimentos (energia, proteína, gordura e

micronutrientes) (5, 13, 31, 35, 42), variedade (5, 6, 31, 35), rapidez de rotação de

stocks em situação normal (27), baixo custo (5, 27), baixa perecibilidade (5, 27,

31, 42), facilidade de preparação/confecção, reduzido consumo de água (5, 15,

27, 35, 42) e combustível para a sua confecção (5, 15, 35), logisticamente fácil de

distribuir, armazenar (5, 15, 42) e transportar (5, 12, 15, 27, 31, 42) e

considerando ainda hábitos culturais (5, 15, 31, 35, 43), gostos e preferências da

população Portuguesa (5, 6, 15, 31, 43).

Pressupostos do kit de alimentos:

� O fenómeno natural que dá origem à emergência ocorre em área

limitada (cidade de V.N.G.);

� Impossibilidade de cozinhar nos três primeiros dias;

� Impossibilidade de aceder a produtos frescos ou congelados;

� O fenómeno natural que dá origem à situação de emergência

consiste num dos que têm maior probabilidade de ocorrência em V.N.G., secas,

fogos florestais ou inundações (24-26);

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Sofia Sousa Silva 35

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Os kits básicos de alimentação apresentados são sugestões para 3 dias em

situação de emergência.

Alguns dos alimentos apresentados são comuns aos 3 dias, pretendendo-se

que sejam consumidos nas refeições do pequeno-almoço, merendas da manhã e

da tarde e ceia, sendo eles: o leite (este alimento, não recomendado pelas ONG

devido à sua dificuldade de preparação em condições higiénicas seguras, é

incluído neste kit de alimentação, uma vez que o UHT tem um período de

conservação relativamente alargado – 6 meses, além de ser rapidamente

conseguido pelas autoridades e ter um elevado valor nutricional e cultural) (5, 31,

37, 43), o pão, as bolachas ou os cereais, compotas, doces ou marmelada, o

açúcar, café solúvel e chá de ervas.

Os restantes alimentos, pretende-se que sejam consumidos nas refeições do

almoço e jantar.

Nestas refeições e considerando todos os factores enunciados, os alimentos

mais adequados são:

� Os enlatados devido à baixa perecibilidade e elevado período de conservação

e elevado valor proteico;

� Os cereais devido à sua riqueza nutricional em energia, hidratos de carbono e

micronutrientes, em especial vit do complexo B e também baixa perecibilidade

e elevado período de conservação;

� O pão, devido ao seu elevado valor cultural, em situações em que pode ser

fornecido e não há capacidade de cozinhar devendo ser o preferido ao arroz e

massa (5, 27, 42, 43);

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36 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

� O chá e o café, porque são considerados alimentos conforto e fazem parte dos

hábitos alimentares mais comuns dos Portugueses, devendo por isso ser

incluídos no kit de alimentação (43);

� Os frutos gordos e amiláceos porque são ricos em energia e vit do complexo B

e apresentam baixa perecibilidade (37, 39);

A composição nutricional dos kits foi calculada recorrendo à Tabela de

Composição dos Alimentos Portuguesa ou à pesquisa de rótulos em superfícies

comerciais que permitiram estimar a quantidade e composição nutricional de

determinados alimentos da ração. O cálculo foi realizado de acordo com as

seguintes fórmulas:

� (N x P)/100= quantidade do nutriente (g ou Kcal);

(N – quantidade do nutriente em 100g de alimento (g ou Kcal) e P – peso

do alimento a fornecer (g);

� % do nutriente do kit = (Kcal do nutrientex100) / Kcal totais do kit.

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Sofia Sousa Silva 37

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Alimentos Quantidade Energia (Kcal) Proteína (g) Gordura (g) HC (g)

Leite UHT Gordo 500ml 310,0 15,0 17,5 23,5

Pão Mistura 400g 1052,0 23,6 3,2 225,6

Compota 35g 83,3 0,14 0 21,7

Açúcar 20g 78,2 0,0 0 19,9

Café solúvel 4g 9.2 0.6 0.0 1.6

Chá Ervas 3g 0.0 0,0 0,0 0.0

Total - 1532.7 39.4 20.7 292.3

Salada

Mediterrânea* 157g 129,0 10,2 9,0 1,8

Atum** 100g 214,0 24,3 13,0 0,0

Frutos Gordos e

Amiláceos 20g 137,8 3,3 13,5 0,7

Feijão com

chouriço** 425g 113,0 5,7 4,8 11,7

Total - 2126.5 82.9 61.0 306.5

Água 1,5L 0 0 0 0

Recomendação -- 2200,0 66,0 48,9 374,0

*Salada enlatada compota por: atum, cenoura, pimento, ervilhas, cebola, água, azeite, óleo, vinagre e sal. ** Alimentos enlatados. Atum em conserva de óleo vegetal.

Tabela 1 - Composição nutricional em macronutrientes do kit básico de

alimentação para o 1ºdia de emergência.

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38 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Alimentos Quantidade Energia (Kcal) Proteína (g) Gordura (g) HC (g)

Leite UHT Gordo 500ml 310,0 15,0 17,5 23,5

Pão Mistura 200g 526,0 11,8 1,6 112,8

Bolachas 150g 654,0 12,6 18,3 108,0

Doce 35g 79,8 0,1 0,0 21,2

Açúcar 20g 78,2 0,0 0,0 19,9

Café solúvel 4g 9.2 0.6 0,0 1.6

Chá Ervas 3g 0,0 0,0 0,0 0.0

Total - 1657,0 40.1 37.4 286.9

Salada Califórnia* 157g 129,0 10,2 9,0 1,8

Polvo** 72g 149,2 23,7 3,6 5,5

Fruto Gordo e

Amiláceo 20g 137,8 3,3 13,5 0,7

Grão-de-bico com

chouriço** 425g 113,0 5,7 4,8 11,7

Azeitonas** 30g 51,6 0,4 5,6 0,0

Total - 2237.8 83.5 73,9 306.7

Água 1.5L 0,0 0,0 0,0 0,0

Recomendação - 2200,0 66,0 48,9 374,0

* Salada enlatada composta por: atum, milho, cenoura, azeitonas, azeite, óleo, vinagre e vinho.

** Alimentos enlatados. Polvo em conserva de óleo vegetal.

Tabela 2 - Composição nutricional em macronutrientes do kit básico de

alimentação para o 2º dia de emergência.

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Sofia Sousa Silva 39

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Alimentos Quantidade Energia (Kcal) Proteína (g) Gordura (g) HC (g)

Leite UHT Gordo 500ml 310,0 15,0 17,5 23,5

Pão Mistura 200g 526,0 11,8 1,6 112,8

Cereais 150g 540,0 21,0 3,8 103,5

Marmelada 40g 108,4 0,0 0,0 27,9

Açúcar 20g 78,2 0,0 0,0 19,9

Café solúvel 4g 9.2 0.6 0.0 1.6

Chá Ervas 3g 0.0 0,0 0,0 0.0

Total - 1571.8 48.5 22,9 289.2

Salada Milanesa* 157g 122,6 9,0 7,8 4,1

Sardinha** 95g 176,7 24,9 8,6 0,0

Fruto Gordo e

Amiláceo 20g 137,8 3,3 13,5 0,7

Lentilhas com**

Chouriço 425g 100,0 5,5 4,5 9,5

Total - 2108.9 91.3 57.2 303.5

Água 1.5L 0,0 0,0 0,0 0,0

Recomendação -- 2200,0 66,0 48,9 374,0

*Salada composta por: atum, milho, cenoura, cogumelos, pimento, azeite, óleo e vinagre.

**Alimentos enlatados. Sardinha em conserva de óleo vegetal.

Tabela 3 – Composição nutricional em macronutrientes do kit básico de

alimentação para 3º dia de emergência.

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40 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Alternativas:

No caso da situação de emergência se prolongar por mais de 3 dias sem a

possibilidade de preparar/cozinhar alimentos, as refeições prontas a comer como

feijoada, dobrada com grão-de-bico, lulas e salsichas, não consideradas nos kits

de alimentação podem ser incluídas para aumentar a sua variedade, uma vez que

respondem aos critérios utilizados para a escolha dos alimentos para situações de

emergência. Para a substituição das saladas fornecidas nos kits, os enlatados de

cogumelos, milho, ervilha e tomate podem constituir alternativas nutricionalmente

aceitáveis e possíveis de serem fornecidas.

Determinados alimentos foram escolhidos, de acordo com os gostos e

consumos dos Portugueses, como o chá, café e compota ou equivalentes, não

pelo seu valor nutricional, mas para tornarem o kit mais aceite culturalmente (8).

Os cereais e bolachas pretendem constituir uma alternativa à impossibilidade de

fornecer pão, podendo ser substituído total ou parcialmente em todos os kits, de

acordo com a situação em causa. Outros alimentos como “barritas de cereais”,

podem também constituir alternativa.

Nas situações em que é possível preparar/cozinhar alimentos, substituir

120g de pão por 100g de arroz ou massa, nas refeições do almoço e jantar

aumentaria a adequabilidade nutricional do kit e seria culturalmente mais aceite,

de acordo com o estudo do Consumo Alimentar no Porto de 2006 (43). Nestas

circunstâncias, as sopas pré-confeccionadas, podem também constituir boas

fontes de nutrientes.

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Sofia Sousa Silva 41

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Kit de alimentos Quantidade em (g)

Alimentos

Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3

Energia (Kcal) 2127,0 2238,0 2109,0

Proteínas(%VET) 15.6% 14.9% 17.3%

Gordura (%VET) 25.8% 29.7% 24.4%

Hidratos de

Carbono (%VET)

57.7% 54.8% 57.7%

Tiamina (mg)* 1.02 1.61 0.76

Niacina (mg)* 16.78 7.58 17.38

Vitamina B2(mg)* 1.09 1.59 1.16

Vitamina C (mg)* 0.20 0.20 0.20

*ANEXO 2, 3 e 4.

Tabela 4 – Caracterização da percentagem (%) cada nutriente nos kits de

alimentação dos 3 dias considerados, respectivamente tipo 1, 2 e 3 e quantidade

de alguns micronutrientes em miligramas (mg).

6.2. KIT DE ALIMENTAÇÃO PARA BOMBEIROS

O kit básico de alimentos para os Bombeiros tem como objectivo servir

como linha orientadora, às entidades responsáveis, para escolha de alimentos

adequados para Bombeiros que actuam em situações de emergência, e estão

privados, por longos períodos de tempo, de alimentos fornecedores de energia

que lhes permitam enfrentar situações de maiores exigências físicas e

emocionais.

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42 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

A escolha dos alimentos para satisfazer as necessidades energéticas e

nutricionais destes profissionais foi baseada, nos gostos, nas preferências e

hábitos culturais (43), na variedade de alimentos, na facilidade de adquirir e

preparar em situação de emergência, bem como na facilidade de transporte,

distribuição e comodidade para consumir rapidamente, uma vez que apesar do

estado de saúde de cada profissional ser primordial, determinadas emergências

não permitem despender muito tempo. Além disso, foi considerado o tipo de

emergência – consequente dos fenómenos mais prováveis de ocorrerem em

Portugal e, mais especificamente no Concelho de V.N.G: fogos florestais, secas e

inundações (7, 25, 26).

Segundo as recomendações militares, as rações restritas, usadas em

situações de operações, devem fornecer pelo menos 1100 a 1500 Kcal (cerca de

50 a 70 g de proteína, um mínimo de 100g de HC por cada ração, devendo estes

variar cerca de 300 a 400g de HC ao longo do dia) (19). Contudo, alguns estudos

demonstram que uma grande quantidade de HC ingeridos não tem benefício na

performance. A ingestão de cerca de 16g por hora é suficiente para o

desempenho óptimo da sua capacidade física (21).

Manter a hidratação através da ingestão regular de água, ao longo de todo

o dia e, em especial durante exercícios e operações, são as recomendações da

força aérea - cerca de ¼ de um cantil (aproximadamente ¼ de litro) de água por

hora (20, 22, 23).

O nível de sódio deve ser mantido através da ingestão de uma alimentação

adequada e equilibrada.

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Sofia Sousa Silva 43

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Enquanto a água é usualmente a bebida mais adequada para promover a

hidratação durante a actividade física militar, segundo as recomendações da US

Army, bebidas desportivas contendo HC e sódio, pode ser adequado para

aumentar a ingestão energética e manter a performance dos militares durante

operações, quando a disponibilidade de alimentos ou a ingestão destes é

inadequada (19, 22, 23).

Os alimentos que mais adequadamente podem satisfazer as necessidades

nutricionais destes profissionais, promovendo hidratação e suprimento adequado

de HC e minerais como o sódio podem ser através de alimentos na forma sólida

como frutas (banana) e pão ou bolachas ou barras de cereais ou na forma líquida

como bebidas desportivas (21).

Este kit de alimentação fornece uma lista de alimentos mais adequados a

estes profissionais em situações de cerca de 8 horas em emergência, fornecendo

dois tipos de kit a serem fornecidos, mediante uma situação de pequeno-almoço,

merenda ou ceia, na 1ª opção e de almoço ou jantar na 2ª opção. Contudo, deve

ser ajustado a cada situação.

A composição nutricional dos kits foi calculada recorrendo à Tabela de

Composição dos Alimentos Portuguesa ou à pesquisa de rótulos em superfícies

comerciais que permitiram estimar a quantidade e composição nutricional de

determinados alimentos da ração. O cálculo foi realizado de acordo com a

seguinte fórmula:

� (N x P)/100= quantidade do nutriente (g ou Kcal);

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44 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

(N – quantidade do nutriente em 100g de alimento (g ou Kcal) e P – peso

do alimento a fornecer (g);

Alimento Quantidade Proteína (g) Gordura (g) HC(g) VE (Kcal)

Pequeno-almoço/Merendas/Ceia

Leite 250ml 8.25 4 12.25 117.5

Queijo 60g 15.6 14.04 0.12 189.6

Banana 120g 1.92 0.48 26.16 114

Pão 100g 5.9 0.8 56.4 263

Frutos

Gordos e

Amiláceos

25g 4.175 16.875 0.9 172.25

Total - 35.845 36.195 95.83 856.35

Almoço/Jantar

Carne

Assada 120g 33.84 13.32 0 255.6

Pão 100g 5.9 0.8 56.4 263

Banana 120g 1.92 0.48 26.16 114

Frutos

Gordos e

Amiláceos

25g 4.175 16.875 0.9 172.25

Água 3L 0 0 0 0

Total - 75.78 67.67 179.29 1661.2

Tabela 5 – Caracterização em macronutrientes do kit de alimentação para

Bombeiros.

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Alternativas a estes alimentos podem ser efectuadas, sobretudo

adequando o tipo de alimentos ao tipo de emergência. As bebidas desportivas e

as barras de cereais são boas alternativas, quando alimentos adequados não

estão disponíveis, pois além de baixa perecibilidade, podem ser adquiridos e

armazenados, facilitando o suprimento das necessidades destes profissionais de

forma mais eficaz (Anexo1).

7. DISCUSSÃO

A missão em situação de emergência das autoridades responsáveis é

salvar vidas e aliviar o sofrimento das vítimas, sendo o fornecimento de alimentos

e o cuidado nutricional de extrema importância para esta problemática (44).

Contudo, em situação de emergência, as decisões mais importantes sobre

nutrição são efectuadas por pessoas com pouca ou nenhuma experiência quanto

a questões nutricionais. Esta particularidade conduz muitas vezes a decisões e

escolhas alimentares pouco acertadas e pouco adequadas nutricionalmente,

sendo ainda, muitas vezes politicamente determinada, acabando por ter um

considerável impacto nos problemas nutricionais em situações de emergência (8,

44). Além disso, o apoio alimentar exige uma coordenação de actividades e

responsabilidades nem sempre conseguidas (8).

Na realidade, a ração distribuída é, muitas vezes, substancialmente

diferente da ração desejada. Dificuldades logísticas e de disponibilidade de certos

alimentos determinam a composição da ração deixando para segundo plano as

necessidades nutricionais da população afectada (35).

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Diferenças de interesse e orientações das diferentes ONG contribuem

ainda para particulares dificuldades na coordenação na assistência humanitária

(44).

O papel dos profissionais de nutrição revela-se desta forma, crucial na

prevenção e solução de problemas nutricionais em situações de emergência (6,

15, 44).

Em média, todos os kits de alimentação elaborados para as situações de

emergência fornecem cerca de 2158 kcal, assegurando as 2200 kcal

recomendadas pela OMS para situações de emergência. Os kits apresentam

cerca de 15% do VET de proteína, sendo acima dos 12% preconizados pela

OMS. Relativamente à gordura, todos os kits apresentam mais de 20% do VET

deste nutriente, podendo ser considerado adequado, na medida em que não

ultrapassa os 30% recomendados pela mesma agência, para uma população

adulta saudável e em situação de normalidade (45). Quanto aos HC, nutriente

essencial para o fornecimento da maior parte da energia do kit, são asseguradas,

garantindo todos os kits mais de 50% do VET sob a forma deste nutriente.

Estes valores de proteína e gordura acima das recomendações da OMS

para situações de emergência deve-se à inclusão de alimentos ricos em proteína

como o leite, o pão, as saladas, o atum, o polvo, a sardinha e o feijão, grão-de-

bico e lentilhas com chouriço. Os alimentos que mais contribuem para o

fornecimento de gordura são o leite, os frutos gordos, as saladas, o atum e a

sardinha. Estes alimentos, geralmente não são incluídos nas rações utilizadas

pelas ONG, contudo, adequando as recomendações à realidade Portuguesa,

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

estes alimentos são bons fornecedores de energia e de nutrientes, são de baixo

custo, baixa perecibilidade, apresentam facilidade de armazenar, transportar e

distribuir e são culturalmente aceites.

Os micronutrientes são menos relevantes nestas circunstâncias, em

especial nas fases iniciais de emergência. Tendo em conta a curta duração desta

emergência, não seria relevante serem considerados, no planeamento do kit.

Contudo, por curiosidade, foi avaliada a composição em micronutrientes dos kits

propostos e verificou-se que estes kit apresentam deficiência nos micronutrientes

previstos de ocorrer em situação de emergência (ANEXOS 2,3,4).

Estas deficiências, ocorrem essencialmente devido à dificuldade de

aprovisionamento de alimentos ricos na deficiência em causa, quer por

dificuldades logísticas quer por disponibilidades, custos ou perecibilidades.

A grande deficiência nutricional considerada foi a vitamina C. Os frutos e

produtos hortícolas frescos, grandes fornecedores desta vitamina, devido à sua

elevada perecibilidade, dificuldades logísticas de armazenamento e transporte,

custo e disponibilidade em grandes quantidades, não podem ser fornecidos

nestas circunstâncias, justificando assim a sua deficiência em todos os kits.

Contudo, considerando esta situação de emergência de curta duração, esta

deficiência nutricional poderá não ser motivo de preocupação, não sendo

necessário proceder a medidas nutricionais suplementares.

As outras deficiências nutricionais, a ribloflavina no kit 1 e 3, a niacina no kit

2 e a tiamina no kit 3, não são de todo tão marcadas como a falta da vitamina C.

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48 Sofia Sousa Silva

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Estas diferenças na composição de micronutrientes pode dever-se à

omissão da composição nutricional em micronutrientes das saladas e dos

enlatados de chouriço com feijão, grão-de-bico e lentilhas e por fim do polvo.

Relativamente ao kit para os bombeiros, está de acordo com o preconizado

pelas recomendações militares no que respeita aos HC, proteína e VET.

Este kit de alimentação, tendo sido calculado com base nas

recomendações militares, apesar de poder não ser o mais adequado à população

em causa, é de qualquer forma mais adequado que a praticada actualmente.

Contudo, as recomendações militares baseiam-se no pressuposto de que os

militares praticam uma alimentação saudável.

Em situações de emergência, a principal prioridade das autoridades

competentes deverá ser fornecer alimentos, em especial fornecedores de energia

e HC aos profissionais que actuam no terreno, de forma a optimizar as suas

capacidades físicas, melhorando o desempenho da sua missão. Contudo, é

urgente cuidar da alimentação e nutrição desta população, antes de situações de

emergência, à luz das conclusões da avaliação efectuada, no sentido de

promover, melhorias no estado de saúde e capacidade física, que se reflectirá no

desempenho das suas missões.

A falta de comunicação e coordenação com os dadores de alimentos a

nível nacional e internacional, reflecte-se na inadequação de alimentos que são

recebidos para as situações de emergência (44).

Os donativos, são na maioria das situações de emergência, os maiores

determinantes para o fornecimento de alimentos, mais do que as necessidades

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

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nutricionais da população afectada. Todavia, a ajuda alimentar deverá basear-se

nas necessidades da população afectada e não em políticas internacionais,

elaboradas no contexto dos dadores (8).

Em Portugal, seria interessante estabelecer uma comunicação entre o

Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), o Banco Alimentar e o

fundo de emergência da Cruz Vermelha Portuguesa, na medida em que estas

duas últimas instituições têm interesses comuns no sentido de adquirir alimentos

adequados para stocks, para fazer face a situações de emergência (4), ao passo

que o SNBPC tem interesse em fornecer uma alimentação adequada. Para isso

devem dar orientações quanto ao tipo de alimentação a fornecer em situações de

emergência, através das especificações da alimentação adequada que deverão

constar no PME. Desta forma, regulamentar os donativos adequados e publicitá-

los, fazendo-os chegar aos dadores, poderá consistir numa estratégia eficaz para

os tornar mais adequados às situações de emergência.

Visto não existir regulamentada, pelas autoridades competentes, o que é

uma alimentação adequada para as situações de emergência, este trabalho não

pretende ser de forma alguma o ideal, mas apenas um ponto de partida para o

esclarecimento da dita alimentação adequada para as situações de emergência.

Desta forma, muito ainda há a fazer e muito há ainda a descobrir.

A realização deste trabalho além de todo o conhecimento que me

transmitiu abre uma porta para num futuro próximo explorar esta vertente tão

interessante e pouco considerada por todos.

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8. CONCLUSÕES

� Apesar dos planos Municipais, Distritais, Regionais e Nacionais

existirem, estes necessitam de ser desenvolvidos em todas as suas vertentes da

assistência humanitária, no sentido de aumentar a qualidade de resposta a

situações de emergência, no que diz respeito a questões alimentares e

nutricionais;

� Os kits de alimentação elaborados para as vítimas e Bombeiros em

situação de emergência são adequados nutricionalmente, contudo devem ser

usados como linhas orientadoras para a escolha de alimentos adequados,

devendo ser adaptados a cada situação de emergência;

� Este trabalho pretende não terminar por aqui. A inclusão dos kits

básicos de alimentação elaborados pretende fazer parte do próximo PME do

município de V.N.G.

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

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ANEXOS

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Índice de Anexos

Alternativa do kit básico de alimentação para os Bombeiros

Sapadores..........................................................................................................a1

Kit básico de alimentação para 2º dia de emergência – composição em

micronutrientes..................................................................................................a2

Kit básico de alimentação para 3º dia de emergência – composição em

micronutrientes..................................................................................................a3

Kit básico de alimentação para 3º dia de emergência – composição em

micronutrientes..................................................................................................a4

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Anexo 1

Alimento Quantidade Proteína

(g)

Gordura

(g)

HC (g) VE

(Kcal)

Sódio

(mg)

Bebida

desportiva*

500 ml 0,00 0,00 137,00 555,00 258.30

Barra de

Cereais*

23.8g 1.30 1.50 18.30 88.60 0.07

Total - 1.30 1.50 155.30 643.60 258.37

*valores obtidos a partir da média de três marcas de bebidas desportivas e barras de cereais.

Tabela 7 – Caracterização da composição nutricional em macronutrientes e

sódio de um kit básico de alimentação alternativo para Bombeiros em situações

de emergência.

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a2

Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

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Anexo 2

Alimentos Tiamina (mg) Niacina (mg) Ribloflavina (mg) Vit C (mg)

Leite UHT

Gordo 0,200 1,000 0,700 0,000

Pão Mistura 0,720 4,800 0,320 0,000

Compota 0,005 0,000 0,011 0,000

Açúcar 0,000 0,000 0,000 0,000

Café solúvel 0,002 1,000 0,008 0,000

Chá Ervas 0,000 0,000 0,000 0,000

Total 0,930 6.800 1,040 0,000

Salada

Mediterrânea - - - -

Atum 0,022 9,800 0,022 0,000

Frutos Gordos

e amiláceos 0,066 0,180 0,028 0,200

Feijão com

chouriço - - - -

Total 1,020 16.780 1,090 0,200

Água 0,000 0,000 0,000 0,000

Recomendação 0,900 12,00 1,400 28,000

Tabela 10 - Composição nutricional em micronutrientes do kit básico de

alimentação para 1º dia de emergência.

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Anexo 3

Alimentos Tiamina (mg) Niacina (mg) Ribloflavina (mg) Vit C (mg)

Leite UHT Gordo 0,200 1,000 0,700 0,000

Pão Mistura 0.360 2.400 0.160 0,000

Bolachas 0.975 2.850 0.675 0,000

Doce 0,000 0,000 0,000 0,000

Açúcar 0,000 0,000 0,000 0,000

Café solúvel 0,002 1,000 0,008 0,000

Chá Ervas 0,000 0,000 0,000 0,000

Total 1.540 7.250 1.540 0,000

Salada Califórnia - - -

Polvo - - -

Fruto Gordo 0.066 0.180 0.028 0.200

Grão-de-bico

com chouriço - - - -

Azeitonas 0.006 0.150 0.021 0,000

Total 1.610 7.580 1.590 0.200

Água 0,000 0,000 0,000 0,000

Recomendação 0.900 12,000 1.400 28,000

Tabela 8 – Composição nutricional em micronutrientes do kit básico de

alimentação para 2º dia de emergência.

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Kit básico de alimentação para Vítimas e Bombeiros em Situação de Catástrofe

Natural

Anexo 4

Alimentos Tiamina (mg) Niacina (mg) Ribloflavina (mg) Vit C(mg)

Leite UHT

Gordo 0,200 1,000 0,700 0,000

Pão mistura 0,360 2,400 0,160 0,000

Cereais 0,120 6,150 0,225 0,000

Marmelada 0,000 0,000 0,000 0,000

Açúcar 0,000 0,000 0,000 0,000

Café solúvel 0,002 1,000 0.008 0,000

Chá de Ervas 0,000 0,000 0,000 0,000

Total 0.680 10.550 1.090 0,000

Salada

Milanesa - - - -

Sardinha 0,009 6,650 0,038 0,000

Frutos Gordos 0,066 0,180 0,028 0,200

Lentilhas com

chouriço - - - -

Total 0.760 17.380 1.160 0,200

Água 0,000 0,000 0,000 0,000

Recomendação 0,900 12,000 1,400 28,000

Tabela 9 – Composição em micronutrientes do kit básico de alimentação para 3º

dia de emergência.