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(P' ·L ,~. ~,"-: ' .. '., .. ; ,".' .. ~- .~. ~"'- , .. •. - . ;. "o ~ •• DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS EXCELENTÍSSIMO SR. DESEMBARGADOR VICE-PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS RECURSO ESPECIAL - ACÓRDÃO 1.0441.07.009475-6/003 APELAÇÃO - 14Q CÂMARA CÍVEL COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG RECORRENTE: MARTA LUCIA ALVES RECORRIDA: MITRA DIOCESANA GUAXUPÉ s... MARTA LUCIA ALVES, qualificada nos autos da AÇAO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE, movida por MITRA DIOCESANA GUAXUPÉ, por sua Defensora Pública, vem, tempestivamente, perante V. ExCl, conforme prerrogativas que são conferidas a Membro da Defensoria, nos termos do art. 128, inciso I, da Lei Complementar Federal 80/94 e art. 74, inciso T, da Lei Complementar Estadual 65/03, interpor o presente RECURSO ESPECIAL, com fulcro no artigo 105, 111, "a" e "c" da CF/88 na forma das razões anexas, que ficam fazendo parte integrante e inseparável desta petição. Termos em que, requer, com fundamento no princípio da isonomia constitucional (Art. 5°, caput, IQ parte; STF, RTJ 119/465) e no dever de prestação jurisdicional (Art. 5°, XXXV da CF/88; STF RTJ 99/794, item III), que uma vez exaurido o prazo das Contrarrazões, seja exercido o juízo de admissibilidade e que seja deferido o processamento e seja enviado o Recurso Especial para o Superior Tribunal de Justiça. Belo Horizonte, 27 de Agosto de 2009. __ c---:> ~'"- .---)<::::' _- ~ ..... >.<·r::::::>.,-"'" ••.. ,/ ~'/CJ~_/ EVELYN MARlhER1:IRA SANTA BÁRBARA DEFENSORA PÚBLICA MADEP 131 1 Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais - tel.: (31 )3349-9505 Rua Paracatu, nO304, 6° andar, sI. 610 - Barro Preto - CEP: 30.180-090 - Belo Horizonte - MG

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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

EXCELENTÍSSIMO SR. DESEMBARGADOR VICE-PRESIDENTE DOEGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS

RECURSO ESPECIAL - ACÓRDÃO 1.0441.07.009475-6/003APELAÇÃO - 14Q CÂMARA CÍVEL COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG

RECORRENTE: MARTA LUCIA ALVESRECORRIDA: MITRA DIOCESANA GUAXUPÉ

s...

MARTA LUCIA ALVES, já qualificada nos autos da AÇAO DEREINTEGRAÇÃO DE POSSE, movida por MITRA DIOCESANA GUAXUPÉ, porsua Defensora Pública, vem, tempestivamente, perante V. ExCl, conformeprerrogativas que são conferidas a Membro da Defensoria, nos termos do art.128, inciso I, da Lei Complementar Federal 80/94 e art. 74, inciso T, da Lei

Complementar Estadual 65/03, interpor o presente RECURSO ESPECIAL, comfulcro no artigo 105, 111, "a" e "c" da CF/88 na forma das razões anexas, queficam fazendo parte integrante e inseparável desta petição.

Termos em que, requer, com fundamento no princípio da isonomiaconstitucional (Art. 5°, caput, IQ parte; STF, RTJ 119/465) e no dever deprestação jurisdicional (Art. 5°, XXXV da CF/88; STF RTJ 99/794, item III),

que uma vez exaurido o prazo das Contrarrazões, seja exercido o juízo deadmissibilidade e que seja deferido o processamento e seja enviado o RecursoEspecial para o Superior Tribunal de Justiça.

Belo Horizonte, 27 de Agosto de 2009.

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DEFENSORA PÚBLICAMADEP 131

1Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais - tel.: (31 )3349-9505

Rua Paracatu, nO304, 6° andar, sI. 610 - Barro Preto - CEP: 30.180-090 - Belo Horizonte - MG

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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

EXCELSO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RECURSO ESPECIAL REF. APELAÇÃO N.o 1.0441.07.09475-6/00314Q CÂMARA CÍVEL - COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG

RECORRENTE: MARTA LUCIA ALVESRECORRIDA: MITRA DIOCESANA GUAXUPÉ

COLENDA TURMA I

RAZÕES DO RECURSO

Insurge a recorrente contra a decisão do MM. Colegiado da DécimaQuarta Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais, queentendeu por negar provimento ao Recurso de Apelação interposto pela apelante,ora recorrida.

Tal decisão afronta os ditames dos artigos 333, I e 927 do CPC; eart. 1.208 do CC/02.

I - DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO

A recorrente está sendo assistida por Defensora Pública, que foiintimada pessoalmente em 21 de Agosto de 2009, e para quem todos os prazossão contados em dobro, nos termos do artigo 128, inciso I, da Lei ComplementarFederal 80/94, e artigo 74, I da Lei Complementar Estadual 65/03. Tempestivo,portanto, é o presente recurso.

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Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais - tel.: (31)3349-9505Rua Paracatu, nO304, 6c andar, sI. 610 - Barro Preto - CEP: 30.180-090 - Belo Horizonte - MG

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11 - DO PREPARO

o presente recurso prescinde do preparo previsto no caput do

artigo 511 do Código de Processo Civil, por estar o recorrente sendo assistido

pela Defensoria Pública, conforme artigo 134 da CF/88.

111 - DA EXPOSIÇÃO F ÁCTICA

Ilustres julgadores, trata-se os autos de Ação de Reintegração de

Posse ajuizada por Mitra Diocesana Guaxupé, ora recorrida, em face de MartaLúcia Alves, ora recorrente.

Em síntese, a autora-recorrida alega, na inicial, que tem a posse

mansa e pacífica do imóvel onde situa a Igreja Nossa Senhora Aparecida,

popularmente conhecida como Capela dos Buenos. Afirma que a mesma foifundada em 01/05/1891 por Ananias Bueno de Azeredo, quem entregou a posseda edificação para a requerente, ora recorrida, sendo ela a única responsável

pela manutenção da referida Capela.

Acrescenta que desde 1983 a Igreja é administrada pela autora­recorrida, através de João Carlos Ribeiro, sendo este responsável pelamanutenção, programação e organização das missas que serão realizadas no local.

Narra, ainda, que em fevereiro de 2007, teve sua posse esbulhada

pela recorrente, que impediu que se continuassem os cultos e missas que sãorealizados na Capela, instalando-se no local, retirando, inclusive, objetos diversosdeixados por fiéis. Aponta, também, que a recorrente queimou dezenas de fotos,cartas, muletas, um andador, declarações de graças alcançadas e quadros santos.

Afirma que após o esbulho, o Padre da paróquia tentou resolveramigavelmente a situação com a recorrente, sem êxito. Alega que em31/05/2007 a embargante solicitou à CEMIG o desligamento da luz, retirando dolocal as instalações, fiações e padrão, impedindo, novamente, a realização decultos.

3Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais - tel.: (31)3349-9505

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Requereu, ao final, a concessão do pedido possessório, de forma

liminar, e procedência do mesmo, com o acréscimo, ainda, de um pedidoindenizatório, genérico, por perdas e danos.

Às fls. 59/60, foi deferida a liminar.

Efetivada a liminar, a recorrente foi devidamente citada e

apresentou Contestação, às fls. 64/78, afirmando que a posse da Capela é detodos os condôminos, legítimos herdeiros de Lázaro Miranda, e está inserida naárea maior do imóvel, denominado Guarita.

A lega, ainda, que de acordo com o mapa juntado nos autos e o

compromisso particular de divisão amigável, firmado em 20/05/2003, quem temo direito de explorar as terras onde está situada a referida Igreja é a mãe da

requerida, ora recorrente, e que esta foi procurada por representantes darecorrida que tinham interesse em comprar a parte das terras onde se situa a

Capela.

Acrescenta que em 08/06/2007 a recorrente comprou de seus tios,

M.ilton Mirando e Célia Miranda, as terras ao lado da gleba pertencente à suamãe, ficando pactuado no contrato que a recorrente é quem devia zelar pelapreservar a Capela.

Aduz a recorrente que tem o objetivo de restaurar e preservar aIgrejinha, posto que no estado em que se encontra é impraticável qualquer ato oucelebração, já que a mesma está infestada de barbeiros e morcegos. Confirmaque pediu a João Carlos Ribeiro cópia das chaves da Capela, pactuando com omesmo que ela responsabilizava pela manutenção e conservação da Igreja, e pelaorganização de quermesses para levantar fundos para restauração doestabelecimento.

Afirma, ainda, que em momento algum retirou objetos do local deforma leviana ou para causar dano, não compreendendo os motivos que levaramJoão Carlos Ribeiro à realização de um BO.

Explicou que a retirada da energia elétrica foi solicitada por váriosmotivos, dentre eles, que os herdeiros e legítimos proprietários não foram

4Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais - tel.: (31)3349-9505

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consultados desta instalação elétrica, que não foi realizado projeto de

eletrificação, e que a Capela não é utilizada à noite. Concluiu que quem está sendolesionado são os legítimos proprietários, mencionando, inclusive, diversos

dispositivos legais que embasam o seu direito.

Foi apresentada pela recorrida a Impugnação à Contestação, às fls.122/132, reiterando as razões da inicial.

foi realizada Audiência de Instrução, em que

compareceram, e foi colhido o depoimento pessoal da recorrente

apenas testemunhas da recorrida, tudo conforme fls. 185/200.

As partes litigantes apresentaram alegações finais.

as partese ouvidas

Em julgamento primevo, restou decidido, às fls. 258/265, pela

procedência parcial do pedido inicial, para manter a recorrida na posse do imóvel,sob pena de multa diária de R$500 ,00 (quinhentos reais), ao fundamento que osdocumentos e os depoimentos testemunhais comprovaram que a recorrida élegítima possuidora da Capela, objeto da lede. O mesmo julgado indeferiu o pleitoindenizatório.

Inconformada com a r.sentença, a recorrente apresentou Recursode Apelação às fls. 266/277, fundamentando que não há elementos de inteira

convicção nos autos de que a recorrida tinha a posse da Capela, além de nãoconstar no inventário dos seus bens o referido imóvel.

Aduz que a recorrida não provou a doação, não se desincumbindo doônus probatório que lhe competia.

Relata que não esbulhou ou turbou a recorrida, e, que, na verdade, élegítima herdeira e proprietária das terras que está sendo usurpada, não tendo,também, intenção de depredar a Capela.

Afirma que embora as testemunhas sejam pessoas idôneas, seusdepoimentos são eivados de parcialidade. Informa que apenas ficou a par dasituação que ocorria em um bem de sua mãe e que no futuro esperava retomar oque é seu.

5Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais -tel.: (31)3349-9505

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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

A lega, ainda, que a posse sempre esteve com os proprietários dasterras, que sempre permitiram o acesso à capela aos fiéis e o uso pela recorrida,sendo tais atos de mera permissão e tolerância.

Ao final, afirma que sempre teve a intenção de reter a posse

originada pela tradição e que a posse da recorrida é fictícia.

A apelada, ora recorrida, apresentou Contrarrazões às fls. 279/287e pugnou pelo desprovimento do recurso e pela manutenção da r.sentença.

A 14Q Câmara Cível d Tribunal de Justiça de Minas Gerais julgou o

referido Apelo e decidiu por conhecer e negar provimento ao recurso,fundamentando que conforme as provas colhidas nos autos, a recorridademonstrou a existência dos requisitos ensejadores da reintegração.

Acrescentaram que não há motivos para duvidar do depoimento

testemunhal, visto que as mesmas sequer foram contraditadas em audiência.Aduzem, finalmente, que em se tratando de ação possessória não se admitediscussão sobre o domínio, sendo irrelevante se a recorrente é ou não

proprietária do imóvel, não merecendo respaldo, também, a alegação de que arecorrida permanecia no imóvel decorrente de atos de mera permissão etolerância.

Contudo, permissa venia; não agiu a Colenda Turma Julgadora com ocostumeiro acerto, violando dispositivos federais, o que ensejou a interposição dopresente recurso.

IV - DO CABIMENTO JURÍDICO DO RECURSO ESPECIAL ARTIGO 105,III, "A", CF

o presente Recurso Especial tem o seu cabimento fundamentadopelo artigo 105, inciso 111, alínea "ali da Constituição Federal, tendo sidocontrariados dispositivos de Lei Federal, a seguir elencados, com a demonstraçãodos fundamentos que ratificam a aludida contrariedade:

Ressalta-se a aplicação no caso em debate dos seguintes dispositivoslegais que foram contrariados:

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OFENSA DO V. ACÓRDÃO AOS DISPOSITIVOS CONTIDOS

NOS 333. I. E 927 DO CPC; E ART. 1.208 DO CC/02.

"Art.333 do CPC - O ônus da prova incumbe:I - ao autor. quanto ao fato constitutivo do seu direito. /I

(Grifo nosso)

''Art. 927 do CPC- Incumbe ao autor provar:I - a sua posse;II - a turbação ou () esbulho praticados pelo réu;III - a data da turbaçõo ou ebulho:IV - a continuação da posse, embora turbada. na acão demanutenção: a perda da posse. na ação de reiteQracão."(Grifo nosso)

''Art. 1.208 do CC - Não induzem posse os atos de merapermissão ou tolerância assim como não autorizam a suaaquisição os atos violentos, ou <clandestinos, senão depoisde cessar a violência ou a clandestinidade. " (Grifo nosso).

v - DAS RAZÕES DE REFORMA DO ACÓRDÃO

o v. Acórdão, ora recorrido, do Colendo Tribunal de Justiça doEstado de Minas Gerais, há de ser reformado, pois ofendeu aos artigos 333, I e927 do CPC;e art. 1.208 do CC/02.

o cabimento deste Recurso Especial funda-se, ainda, nos seguintestemas, e que serão objetos das razões e como os pressupostos deadmissibilidade:

1 - A matéria que fundamenta este recurso é federal e aofensa é direta e frontal;

2 - Foi cumprido o requisito do prequestionamento de todasas questões ou matérias federais;

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3 - Sendo a matéria de transcendental relevância, e

relevante interesse nacional, o recurso deve subir para

melhor exame e interpretação do dispositivo federal que eleinvoca, decisão essa que é a competência exclusiva do

Superior Tribunal de Justiça.

VI - DO MÉRITO RECURSAL

Há, portanto, afronta direta aos dispositivos apontados, o que impõe

o provimento do presente recurso, tendo em vista que, questões de extremarelevância jurídica foram violadas pelo Egrégio Tribunal de Justiça de MinasGerais, por proferir decisão que de forma direta e frontal vai contra dispositivosde Leis Federais.

VI.l - DA NÃO COMPROVAÇÃO DA POssE.

As ações possessórias, para serem propostas, tornam necessário que

o autor, in casu, recorrida, comprove, além dos fatos alegados na exordial, quatro

preceitos básicos, que estão elencados no artigo 927 do Código de Processo Civil,senão vejamos:

"Art. 927 do CPC- Incumbe ao autor provar:I - a sua posse:II - a turbação ou o esbulho praticados pelo réu;III - a data da turbação ou ebu/ho;IV - a continuacão da posse, embora turbada, na acão demanutenção: a perda da posse. na ação de reitegracão."(Grifo nosso).

Contudo, permissa venia, divergindo do voto do il. DesembargadorRelator Rogério Medeiros, não restou comprovada, na fase instrutória da lide,nem pela prova documental, nem pela prova testemunhal, a posse da recorrida­autora.

o v. acordão guerreado, às tis. 299, menciona que a posse darecorrida está demonstrada nos documentos acostados à inicial, às tis. 15/57.

8Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais - tel.: (31)3349-9505

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Nota-se, entretanto, que tais documentos limitou-se em demonstrar gastos,

desprendidos pela requerida, objetivando tão somente a manutenção econservação da Capela dos Buenos.

A referida documentação não esclarece, todavia, se a recorrida,

quando promoveu a manutenção e conservação do imóvel, estava fazendo-a comodetentora ou possuidora? Esta questão, com a devida venta, se quer foi analisada

pelos il. Desembargadores que fundamentaram que a posse da recorrida já estava

provada.

No tocante às provas testemunhais, as mesmas merecem atenção,tendo em vista que não foram valoradas devidamente.

Primeiramente, é imperioso considerar que todas as testemunhas

ouvidas em juízo eram fieis devotos, cotidianamente influenciados pela IgrejaCatólica.

Deste modo, deve-se levar em consideração que a religião,sobretudo a Católica, ao longo de centenas de décadas, sempre exerceu grandeinfluência sobre sociedades cem milhares de pessoas. A Capela dos Buenos ésituada na cidade de Muzambinho, uma cidadezinha pequena no interior de MinasGerais, onde residem as testemunhas inquiridas.

É no mínimo razoável considerar que os depoimentos dessastestemunhas sejam parciais e influenciados pelos representantes da recorrida,considerando a influencia que a Igreja Católica ainda exerce nas cidadesbrasileiras, sendo esta influencia ainda mais intensa nas cidades do interior de

Minas Gerais, famosas por suas opiniões e posicionamentos conservadores.

Ademais, não caberia ao patrono da recorrente, contraditar taistestemunhas, vez que tal influência é inerente, de forma ampla, à grande maioriadas pessoas que ali residem.

Contudo, mesmo de forma parcial, os depoimentos testemunhaisapenas demonstraram o tempo em que a recorrida realizava celebrações e acolheos fieis na Capela dos Buenos, não demonstrando se, durante todo este período,

9Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais - tel.: (31)3349-9505

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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

estavam como possuidores, ou como detentores mediante mera tolerância e

permissão da recorrente e de sua família.

Assim, a recorrente não comprovou a sua posse, afrontando, não

apenas o artigo 927 do CPC, assim como o art. 333, r, que incumbe ao autor oônus da prova de todos os fatos alegados, senão vejamos:

"Art.333 do CPC - O ônus da prova incumbe:I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito. 1/

(Grifo nosso).

Ora, não se pode desprezar que, na inteligência das alegações da

inicial, a única maneira que configuraria a posse da recorrida, seria se a mesma

comprovasse a alegação de que a Capela, objeto da lide, foi doada pelosfamiliares da recorrente. Mais uma vez a recorrida não cumpriu com o seu ônus

probatório.

Alexandre fretas Câmara, em sua obra Lições de Direito Processual

Civil, Vol. r, 14Q edição, p. 378, ensina sobre o assunto que:

''Pode-se,pois, dizer o seguinte: incumbe ao autor o ônus deprovar o fato constitutivo do seu direito.Entende-se por fato constitutivo aquele que deu origem àrelação jurídica deduzida em juízo (res in indicium deducta).Exemplificando: numa demanda em que se pretende acondenação do réu ao pagamento de dívida decorrente decontrato mutuo, este contrato é o fato constitutivo dodireito do autor, e a este incumbe o ônus de prová-Io/~

In casu, o fato constitutivo do direito pleiteado pela recorrenteserá justamente a posse, que não restou comprovada pela mesma. Dessa forma,diante da violação do v.acordão, ora guerreado, ao disposto nos artigos 333, r e927 do Código de Processo Civil, imperioso que Vossas Excelências dêem

provimento ao presente Recurso, para que seja restabelecido o direito federalafrontado.

10Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais - tel.: (31)3349-9505

Rua Paracatu, nO304, 6" andar, sI. 610 - Barro Preto - CEP: 30.180-090 - Belo Horizonte - MG

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VI.2 - DO ATO DE MERA PERMISSAO E/OU TOLERANCIA, QUE NAO

ENSEJ A PROTEÇÃO POSSESSÓRIA.

o il. Desembargador Relator do v. acordão guerreado, RogérioMedeiros, data maxima venia, em seu voto, desconsiderou as manifestações da

recorrente no sentido que a recorrida apenas permaneceu no imóvel, objeto da

lide, por ato de mera tolerância e/ou permissão da recorrente e de seus

familiares, estes legítimos herdeiros da imóvel, e violando os dispositivosfederais que versam sobre o tema, senão vejamos (fls. 302):

''Porfim, registro que não merece respaldo a alegação de quea apelante sempre permitiu o acesso à capela aos fieis e ouso da apelada por atos de mera permissão e tolerância, poisconforme esposado ficou devIdamente comprovada a posseda apelada/~

Como já explanado no item anterior, caberia à recorrida comprovar asua posse na Igreginha, e essa não o fez.

Os depoimentos pessoais e documentos juntados aos autos apenasdemonstraram o tempo que a recorrente, por meio de seus representantes,

permaneceram fazendo uso do imóvel. Contudo isso não é o mesmo que serpossuidor do mesmo.

Importante se faz estabelecer a diferença entre DETENTOR EPOSSUIDOR.

Possuidor é quem tem o exercício pleno de fato dos poderesconstitutivos do domínio ou somente alguns deles. Para o Código Civil de 2002,possuidor é:

Art. 1.196 do CC: Considera-se possuidor todo aqueleque tem de fato o exercício, pleno ou não, de alguns dospoderes inerentes à propriedade. (Grifo nosso)

11Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais - tel.: (31)3349-9505

Rua Paracatu, nO304, 6° andar, sI. 610 - Barro Preto - CEP: 30.180-090 - Belo Horizonte _MG

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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Detentor, ou também denominado fâmulo da posse, é àquele que

exerce a posse em nome do legítimo possuidor.

Ensina Maria Helena Diniz, no seu Código Civil Anotado, 12Q edição,ed. Saraiva, fls. 941:

"O detentor da coisa tem apenas posse natural, que sebaseia na simples detenção ou mera custódia (Pothier), nãotendo o direito de invocar a proteção possessória, uma vezque o elemento econômico da Posse está afastado':

o Código Civil Brasileiro traz duas modalidades de detenção; adetenção desinteressada, especificada pelo artigo 1.198 do CC/02, em que o

detentor exerce a posse em nome de outra pessoa (legítimo possuidor), em razãode uma dependência econômica ou de um vínculo de subordinação, em obediênciaàs ordens ou determinações do legítimo possuidor, tendo como exemplo oscaseiros, as cozinheiras, os motoristas, os administradores de empresas, dentreoutros.

Já a detenção interessada, é aquela em que o detentor exerce a

posse em nome de outra pessoa (legítimo possuidor), em decorrência de umconsentimento expresso - permissão-, ou um consentimento tácito - tolerância ­por parte do legítimo possuidor e, na maioria dos casos, em próprio benefício,fazendo jus ao nome "detenção interessada". Sobre o tema prevê o Código Civilde 2002:

"Arf. 1.208 do CC - Não induzem posse os afos de merapermissão ou tolerância assim como não autorizam a suaaquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois decessar a violênciaou a clandestinidade.:.."(Grifo nosso).

Sobre o assunto, Maria Helena Diniz no seu Código Civil Anotado,12Q edição, ed. Saraiva, fls. 948, discorre que:

"Os atos de permissão ou tolerância não induzem posse porserem decorrentes de um consentimento expresso ou de

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concessão do dono, sendo revogáveis pelo concedente. Antea precariedade da concessão não há que se falar em posse'~

Silvio Salvo Venosa, em sua doutrina Direito Civil, Vol. V - Direitos

Reais, fls. 102, ensina:

" Quem permite ou tolera a apreensão da coisa não renunciaa sua posse. Supomos a hipótese do proprietário que permitaque terceiro transite por seu terreno,' ou o possUIdor de umlivro que autoriza alguém a lê-Io. Tais atos, por si sós, nãodevem induzir a posse, porque até mesmo a posse precáriadeve ocorrer da vontade do agente'~

Resta evidente que a presente Iide trata-se de atos de mera

permissão e tolerância, na qual a recorrente e seus familiares, legítimosproprietários da Capela dos Buenos, permitiram que a recorrida, por ser umaentidade religiosa, utilizasse a Igrejinha em prol de toda a comunidade que alireside.

Nota-se que a recorrente apenas PERMITIU o uso da Capela pelarecorrida e pelos fieis, a não doou o imóvel como insiste em afirmar, sem,contudo, trazer aos autos prova capaz de comprovar tal doação que, segundoafirma, ocorreu há aproximadamente 116 anos.

Ademais, a recorrente, bem como seus familiares, nunca

reivindicaram o imóveL vez que nunca restou dúvida que a posse e propriedadepertenciam tão somente à família, e que a recorrida, mediante permissão etolerância daqueles, apenas utilizava a Capela para realizar missas, cultos,casamentos, batizados, dentre outras celebrações. Além disso, nunca se

interessaram, até o presente momento, em restaurar e conservar o imóvel paraproporcionar as visitas dos fieis, não visando empecilho em continuar permitindoque a recorrida fizesse uso do imóvel.

Desta feita, as provas colecionadas na presente demanda, sendo elastestemunhais ou documentais, bastaram apenas para demonstrar que durantemuitos anos a recorrida utilizou da Capela dos Buenos para realizar diversas

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celebrações e acolher fieis, não esclarecendo se a mesma era proprietária,

possuidora ou detentora do imóvel.

In casu, não se pode admitir que o opinio domif1l~ou seja, a mera

crença de ser legítimo dono da coisa ou do direito, se confunda com o animusdomif1l~que é elemento fundamental para a aquisição da posse, em que o agenteage como dono, e não apenas crê.

Insta notar que o ato físico de apreensão do bem - cor pus - podeexistis tanto na detenção quanto na posse, sendo a identificação do animusdom/ni inerente ao agente que o diferencia como possuidor ou detentor.

Dessa forma, não resta dúvidas que a recorrida apenas permaneceu,

durante todos esses anos, na Capela dos Buenos, realizando diversas cerimônias eacolhendo fieis de toda à parte, por ato de mera permissão e tolerância darecorrente e de seus familiares, não sendo admitido qualquer proteção

possessória, vez que a recorrente não passa de uma detentora, e não possuidora,como alega.

Diante do exposto, torna-se necessário o provimento do presenteRecurso Extremo, para que sejam reconhecidos os atos de mera permissão etolerância, afastando, assim, a proteção possessória, sendo assim, o v. acórdãoviolou frontalmente os artigos ora mencionados, pelo que o presente recursodeve ser conhecido e provido.

VII - DO DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.

Ilustres Ministros, o presente recurso tem fundamento, também, noart. 105, III, alínea li c", da CF/88, como será demonstrado.

Cumpre transcrever o posicionamento dos Tribunais pátrios acercados temas suscitados, de sorte a demonstrar que, de maneira pouco usual, agiu aCol. 14Q Câmara Cível do Eg. Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Constata-se em decisões do Tribunal de Justiça do Rio Grande do

Sul e do Tribunal de Justiça de Goiás, que cabe razão à recorrente. Senãovejamos:

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EMENTA: APELAÇA~OCÍVEL. AÇAO DE REINTEGRAÇA""ODE POSSE. DETENÇAO. MERA TOLERÂNCIA. EXCEÇA""ODE USUCAPIAO IMPROCEDENTE Não se traduz como

posse qualificada a detenção tolerada de próprio municipalutilizado para a apreensão e guarda de animais soltos emestradas. Exceção de usucapião que se demonstraimprocedente em face da qualidade da área bem ainda daposse, eis ausente animus domim: Apelação improvlda.(Ape/ação Cíve/ N° 70024932915, Décima Nona CâmaraCível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Guinther Spode,Julgado em 09/12/2008) (Grifo nosso).

EMENTA: AÇA~O DE MANUTENÇA~O DE POSSEDETENÇÃO. 1.0s atos de mera permissão ou tolerâncianão induzem posse ad interdicta, nos termos do art. 497do Código Civil vigente à época dos fatos. 2. Sendo aautora mera detentora e não possuidora da área cujaproteção possessória pleiteia, outro não poderia ser ojuízo, senão o de improcedência da ação. APELAÇAÓDESPROVIDA. (Ape/ação Cível N° 70005274774, DécimaNona Câmara Cíve~ Tribunal de Justiça do RS, Relator:Miguel Ângelo da Silva, Julgado em 21/09/2004) (GrifoNosso)

EMENTA: APELAÇA'o CÍVEL. AÇA~ODE REINTEGRAÇÃODE POSSE PERMISSA~ODE USO DE FRAÇA~ODE TERRAUTILIZADA PARA CAMPODE FUTEBOL.AUSÊNCIA DOSREQUISITOS DO ART. 927 DO CPC. Ainda que, asociedade autora ocupe o imóvel por mais de 30(trinta)anos, os atos de mera permissão e tolerância, nãoinduzem a posse, restando configurado o disposto noartigo 1.208 do Código Civil brasileiro. Com efeito, os atospraticados pela demandada não caracterizam o esbulhopossessório. Ausência dos requisitos do artigo 927 do CPC,autorizadores da reintegração de posse. APELODESPROVIDO. {Apelação Cível N° 70015589575, VigésimaCâmara Cíve~ TrIbunal de Justiça do RS, Relator: Glênio

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José Wasserstein Hekman Julgado em 12/07/2006) (GrifoNosso).

"APELACAO CIVEL. REINTEGRACAO DE POSSE.

AUSENCIA DE COMPROVAÇAO DA POSSE. ARTIGO927 DO CPC. I - A SIMPLES ALEGACAO DA POSSE,

SEM COMPROVOÇAO, NAO FUNDAMENTA A ACAO DEREINTEGRACAO DE POssE. NAO INCUMBINDO OAUTOR DO OMUS ESTATUIDO NO ARTIGO 927 DO

CODIGO DE PROCESSO CIVIL, PAIRANDO DUVIDASQUANTO A TITULARIDADE DA POSSE EM QUESTAO, EMESMO QUANTO A DATA DO SUPOSTO ESBULHO, NAOMERECE REFORMA A SENTENCA QUE JULGOUIMPROCEDENTE O PEDIDO INICIAL. II - APELO

CONHECIDO E IMPRO VIDO " (Apelação Cível nO 122526­9/188, Terceira Câmara Cível , TJGO, Relator: NELMA

BRANCO FERREIRA PERILO, Julgado em 12/08/2008)(Grifo nosso).

A partir dos julgados supracitados fica evidente a necessidade dademonstração da posse, para que se reconheça a proteção possessória, assim

como que os atos de mera permissão ou tolerância jamais caracterizam a posse,devendo sim ser considerados em ações possessórias.

In casu, a recorrida, além de não demonstrar a sua posse, fundada

em uma suposta doação dos familiares da recorrente, o que não foi demonstradoem momento algum nos autos, permaneceu no imóvel, objeto da lide, por merapermissão e tolerância da recorrente e de seus familiares, os quais são legítimospossuidores e proprietários da Capela.

Dessa forma, o posicionamento de respeitáveis Tribunais Pátriosdivergem do posicionamento assumido pela Colenda 14Q Câmara Cível do Tribunalde Justiça de Minas Gerais. Senão vejamos:

"Por fim, registro que não merece respaldo a alegação de quea apelante sempre permitiu o acesso à capela aos fieis e ouso da apelada por atos de mera permissão e tolerância,

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pois conforme esposado ficou devidamente comprovada aposse da apelada".

Deste modo, caracterizado está o dissídio pretoriano, pelo que o

presente recurso merece ser admitido e ao final provido, resguardando-se auniformidade do direito federal.

VIII - DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, o recorrente requer à Turma Julgadora doSuperior Tribunal de Justiça seja o presente Recurso Especial conhecido eprovido, reformando o v. acórdão ora recorrido, por afronta direta e frontal aosartigos 333, 1, e 927 do CPC; e art. 1.208 do CC/02, e, ainda, pelo dissensojurisprudencial configurado.

Belo Horizonte, 27 de Agosto de 2009.

EVELYN MARIA PEREIRA SANTA BÁRBARADEFENSORA PÚBLICA

MADEP 131

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