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AVIO VII RIO DE JANEIRO. QUARTA-FEIRA, 3*9 DE MAIO DE 191? 1*. 317 SEMANA^ ^_T __rl l_É_nS D J?^-SEASQUA^FEIy f _________________________________ !TE JORNAL PUBLICA OS RETRATOS DE TODOS OS SEUS ASSIGNAr -FIM X>E TJ1MC TRAIDOR -",J) Naza, rei de Kabun, estimava muito Primo e único parente Gizur, comman- PpQte de suas guardas, E5- 2) Gizur, traidore ambicioso,projecto-u matar o reipara lhe herdar o throno. Combinou com Omar, creado do rei, para que o ajudasse em seus projectos,obrigando-oa jurar nadarevelar. 3) Num almoço de caça Gizur envenenou um prato de favas, iguaria preferida do rei. Mas Omar, para evitar a morte do rei, mandou preparar toda a comida sem sal, para que o reilh'o dei tasseá mesa. inte pois' flnS'ndo uma distracção, Omar, le servir as favas, entornou o sal. buscar 5) Omar trouxe o prato das favas e a salei- ra, tirando a esta a tampa e. "' ¥ Vi_5-_-Jr5-— 6) .. .quando o rei ia deitar o sal nas favas envenenadas,sem reparar na falta da tampa, todo o sal cahiu no prato,que o rei, aborrecido, mandou retirar. Sutr° ! disse o rei vae w£_aleira. ****•Li ¦ ' "J£j-\. / ,I I. " . - ' Io d0 Ur tudo viu. mas,não desconfian- ^o envCreado' deu"lne um pouco de fu Ja boisae,!fnado para 1ue elle ° lançasse sse *ssirtl a do rei. Ornar prometteu fazer loVa Lmas tencinoou fazer abortar essa qtatwa de assassinato e... 5) . ..quanaó o rei tomava seu chá, depois do qual devia fumar, como que por distracção, passando por traz do rei, deixou cahir na ca- beca calva d'elle um puding gelado.—Imbe- cil—disse o rei .. por tua culpa estou constipado.—¦ E poz-se a espirrar. Chamado o medico acenselhou esfregar uma vela de cebo no nariz e não fumar durante o dia. (Continua na pagina seguinte) REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO, Rua do Ouvidor 164 —RIO DE JANEIRO (~»"UlolioeLÇão CÍ'0 MAT i"FTP)(luinero avulso «OO reis. atrazado 500 reis)

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AVIO VII RIO DE JANEIRO. QUARTA-FEIRA, 3*9 DE MAIO DE 191? 1*. 317

SEMANA^ ^à

^_T __rl

l_É_nS

J?^-SEASQUA^FEIyf

_________________________________!TE JORNAL PUBLICA OS RETRATOS DE TODOS OS SEUS ASSIGNAr

-FIM X>E TJ1MC TRAIDOR

-",J) Naza, rei de Kabun, estimava muitoFü Primo e único parente Gizur, comman-

PpQte de suas guardas,E5-

2) Gizur, traidore ambicioso,projecto-u mataro reipara lhe herdar o throno. Combinou comOmar, creado do rei, para que o ajudasse emseus projectos,obrigando-oa jurar nadarevelar.

3) Num almoço de caça Gizur envenenou umprato de favas, iguaria preferida do rei. Mas Omar,para evitar a morte do rei, mandou preparar toda acomida sem sal, para que o reilh'o dei tasseá mesa.

inte pois' flnS'ndo uma distracção, Omar,le servir as favas, entornou o sal. —

buscar

5) Omar trouxe o prato das favas e a salei-ra, tirando a esta a tampa e.

"' ¥ Vi_5-_-Jr5-—

6) .. .quando o rei ia deitar o sal nasfavas envenenadas,sem reparar na faltada tampa, todo o sal cahiu no prato,queo rei, aborrecido, mandou retirar.Sutr ° ! — disse o rei — vae

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Io d0 Ur tudo viu. mas,não desconfian-^o envCreado' deu"lne um pouco de fuJa boisae,!fnado para 1ue elle ° lançassesse*ssirtl a do rei. Ornar prometteu fazerloVa Lmas tencinoou fazer abortar essa

qtatwa de assassinato e...

5) . ..quanaó o rei tomava seu chá, depois doqual devia fumar, como que por distracção,passando por traz do rei, deixou cahir na ca-beca calva d'elle um puding gelado.—Imbe-cil—disse o rei ..

por tua culpa estou constipado.—¦E poz-se a espirrar. Chamado o medicoacenselhou esfregar uma vela de cebo nonariz e não fumar durante o dia.

(Continua na pagina seguinte)REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO, Rua do Ouvidor 164 —RIO DE JANEIRO

(~»"UlolioeLÇão CÍ'0 MAT i"FTP) (luinero avulso «OO reis. atrazado 500 reis)

O FIM DE UM TRAHIDORi conclusão;

O TICO-TIC(|

10) Quando Ornar apresentou rape enve-nesado ao re\ este, em vista do conselho domedico

111- - - lançou a bolsa do fumo pela janella.Gizur, vendo falhar mais esta tentativa, pensouem realizar uma terceira e

12)...com grande segredo, em seilaboratório, fabricou algumas bomba]de dynamite. . Depois.

13].. entregou as bombas ao creado edisse-lhe que as collocasse no fogão dacozinha para que ellas explodissem pas-sados dous minutos. Assim teria tempo defugir.

14) No dia seguinte o cegado assim fez.Quando o rei veiu assistir ao preparo deseu jantar, Ornar collocou as bombas de-baixo da cinza. O rei viu que elle fizeraisso a um gesto de Gizur.

15) Como Gizur sabia que as bombas r«bentavam para a frente, se collocou ao lad<*do fogão para não ser alcançado. O cread"ficou mais para traz.

10] Pif! Paf! Puf I Começaram a rebentaras bombas diante do rei l Glizur, muito ale-gre, correu pelos corredores gritandoMorreu o rei! Agora vou eu governar !. ..

17|.. .e ia agitando a bandeira da revolta, quetinha preparado. Mas o rei não fora ferido e vendoo que Gizur fazia, mandou-o prender e interro-gou Ornar, que, não temendo já Gizur. ..

18)...contou ao rei quebombas por castanhas nãoestouravam, sem fazer malprêmio ao creado, nomeou-de Gizur, que foi preso por

substituirá' ascortadas, que

O rei, com"o para o logaftoda a vida.

O SUSTO DO GATO JI i . i..;j||ijj| | ut ij—n [Ti—I

•. I \. I k i ii 111 r~~n—ii—i ,{..181, i ; i ; ij:

l| —Olá uma caixinha I Que será issoTalvez esteja aqui algum rato ..

2). Vamos a ver se consigo abril-a com :i]. .Ora a caixinha continha um boneco àela ponta da unha. Mas não ha duvida molas, que pulou, obrigando c gato a pul* I

ainda mais.

O TICO-TICO

EXPEDIENTECondições da assignatura:

interior: 1 anno, 11 $000, 6 mezes 6$0iexterior: 1 » 20$000, 6 • 12$00Ó

Numero avulso, 200 réis. Numero atrazado, 500 réis.'

A importância das assignaturas devenos ser remettidaíem carta registrada, ou em vale postal, para a rua d'Ouvidor, 1 «4.

^^^M^ A MIRAGEM

ff4 f

Meus netinhos:Sabem vocês o que é miragem f

E porque se produz esse phenomeno?Não? Pois bem, vou lhes explicar.

A reverberação do calor solar naareia e a dilatação intensa das cama-das inferiores da atmosphera causam

uma illusão de óptica da qual tantos viajantes têm falladoe de que se encontra a explicação em todos os tratados dethysica. é a causa da miragem.

- Essa explicação, tal como o celebre Monge a deu,repousa no phenomeno de refracção, que os raios lumi-nosos soffrem atravessando camadas gazosas de densida-des desiguaes; mas o phenomeno é, na realidade, maiscomplicado.

Na maioria dos casos ha não só reflexão, mas tam-bem refracção, reflexão do céu azul nas camadas de ar¦muito rarificado em contacto com o solo, e das imagensdos objectos terrestres pelas camadas superiores, muitomais densas do que as inferiores.

E' preciso notar também que a imaginação dos ob-fervadores, ordinariamente superexcitada pela fadiga eprivações e pela febre contrbue poderosamente para va-riar as illusões. que sentem. Uns julgam ter diante dosolhos ilhas verdejantes, cidades magnificas,jardins encan-tidos; outros vêem ao longe o mar, navios ancorados ecamellos caminhando nas margens; outros ainda vêem-os correndo, e perto d'esses rios arvores e casas, « issosem que haja no horizonte nem um só objecto real doqual a presença possa servir de alguma forma de pre-texto a suas visões. A' reflexão do céu,modificada pelasmanchas e desigualdades do terreno e pelos movimentosvibratórios do ar,é que pode só explicar essas fantasmago-rias estranhas. A imaginação faz vêr na imagem reflecti-da do céu, um lençol de água que parece ás vezes o mar,outras vezes um lago ou um rio.

E' preciso, pois, distinguir essas illusões completa-mente pessoaes, creadas pela imaginação, que sao devi-das a um effeito physico determinado. Essas ultimas sup-põem necessariamente a existência de objectos reaesaquém ou pouco além do horizonte. A illusão mais fre-quente nessas condições faz vêr o céu ou os rochedos re-flectidos no lençol de ar rarefeito que toca o solo e quepor isso só parece água. E* então que o viajante igno-rante ou inexperiente, que o cansaço acabrunha e quea sede devora, precipita seus passos para alcançar maisdepressa essa *gua límpida,

A's veze5 /.' uma imagem [virada de cabeça parabaixo) de o'-}*!, os reaesque apparece noar ou então essesmesmos objectos, muitas vezes refiectidos, parecem mui-tiplicados.O Sr. Tremeaux conta que naNubia elle poudeobservar a miragem sob essa ultima fôrma. Viu uma fileirade palmeiras, que estava a dous kilometros adiante, repe-tir-se em muitas fileiras iguaes e do mesmo numero dearvores, de fôrma a produzir o effeito de um bosque; en-

essas arvores appareciam também algumas miragens(Sò céu fingindo água.

Comprehende-se facilmente que o deserto, por saaimmensidade e sua uniformidade, auxilie singularmenteos erros de óptica. Até a serenidade do ar contribúe

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A miragem no Sahara

também,destruindo a perspectiva á qual se está habituadonos climas temperados e quasi sempre mais ou menosnevoentos. No deserto os objectos parecem muito maispróximos do que realmente estão, devido a estarem muitomais visíveis, e também porque nada ha entre elles eo observador. Suas dimensões tornam-se, além d'isso, ar-bitrarias, á falta de termos de comparação, que possamservir para os medir.

Assim as arvores e as montanhas, onde o viajante es-pera encontrar um abrigo e alguma frescura, parecem fu-gir sempre diante d'elle e até que a experiência lhe ensinea rectificar o testemunho dos seus sentidos, está condem-nado, como Tantalo, a continuas decepções.

Ahi está, meus caros netinhos, o que é miragem, suascausas eseus effeitos.

Em nossa próxima licção nos oecuparemos ainda comos desertos e eu lhes contarei alguns factos produzidospela fome,'a sede e o cansaço e, sobretudo.pelo calor dosol.

Vovô.

~^>®= =*S= =3 »fe—

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O menino

HENRIQUE WAGNER,

intelligente amigo

do

Chiquinho

fO TICO-TICO

HRBI 0 jogo ia Raposa e das GallinksEsse jogo é para duas pessoas, como o de damas. Um dos joga-

dores fica com a Raposa e o outro com as Gallinhas. Collocam-se treztentos brancos nos logares das Gallinhas e um tento preto no logar daRaposa. Depois, começa o jogo. Cada jogador só pode avançarcom nm tento uma casa de cada vez. Para que a Raposa ganhe epreciso que coma as trez Gallinhas, isto é, que as encontre em umacasa visinha d'aquella em que estiver. Se uma só das Gallinhas chegarao ponto final, que é o gallinheiro, a Raposa perdeu.

A Raposa pode caminhar em todos os sentidos, as gallinhas nãopodem recuar.

Esse jogo parece muito simples, mas é interessantíssimo.

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C/\RTA DE UM PAESem a vocal — A

«Meu filho :Meu espirito confunde-se em tristes reflexões no mo-

mento em que te escrevo 1 Soube por um de teus profes-sores que te fizeste, nestes últimos mezes, muito pregui-$oso e icnprudcne. Isto me desgostou muito; fiquei do-

ente, triste, e pedi que teu mestre te punisse com rigor.Protestei ir ver-te o menos possível,e, se isso te entristecer,estou certo de me escreveres dizendo que te corrigiste.Recebe sempre os bons conselhos de teus mestres, comose fossem dos que, como eu, te querem ver feliz, obedientec querido por todos.i

Ary dos Santos Ribeiro (12 annos)Ouaratinguetá, S. Panío.

O TICO-TICO

WÊIÈÈÈÈÈSÊi^ Finiiâ Eiiiii u

' v. > *^^^ÍM t!_^\_k__ B»/<' _âfi3T%^_ffP^H ^J~JÚ WVI__»_i____!_R4^\V '\\J-i_f_^^"^^ ^

Era uma vez umapequena princeza—istonão é um conto e simuma historia verdadeira—uma bonita princezi-nha tão meiga, tão gra-ciosa e bôa para todos,quer fossem pobres ouricos, que não havia

quem não gostasse d'ella. Chamava-se Isabel, nascera em1387 e era entre os muitos filhos do pobre louco Carlos VIa mais estimada por seu pai. Isabel era a sua alegria,seuraio de sol na triste vida que lhe dava a perversa rainha daBaviera. Por isso elle ficou muito triste quando o rei diInglaterra Ricardo II mandou pedir a mão da menina, quenão tinha ainda oito annos. Ricardo, que tinha vinte enove annos e era viuva de Anna de Luxembourg, queria apequena princeza de França como penhor da paz, que elleconsentia em assignar com a França.

Estavam então em plena guerra dos Cem annos, essalonga e terrível guerra, que não teve fim senão depois dasvictorias da heróica e gloriosa Joanna d'Are.

Ricardo enviou ao rei Carlos VI uma numerosa e ma-fenifica embaixada, afim de pedir a mão da princeza Isabel,que foi promptamente concedida, pela vontade poderosada rainha Isabel. Fizeram comparecer a pequenina noiva.A rainha estava inquieta com o que se ia passar, pois, conhecia a grande ternura da menina por seu infeliz pae.Mas, se a pequena princeza era uma creança no tama-riho, em compensação era dotada de juizo como umapessoa de edade. Sua governante, Isabel de Lorena, damade Coucy, era uma senhora possuidora de muito bom «oraÇa°ebom senso; havia educado a princeza na obedien-cia filial. Ella lhe havia ensinado que os filhos dos reis têmdeveres penosos a cumprir e que as pequeninas princezasnão faziam o que lhes agradava mas.sim o que era de maisútil ao reino. Assim, pois, logo que o embaixador do reiRicardo' dobrou o joelho deante de Isabel e lhe disse :— Senhora, se fôr de seu gosto será nossa rainha.

Em seguida, o casamento foi celebrado por procura-çío e pago o dote de 800.000 peças de ouro.de trinta soldoscada uma.

Primeiro combinaram que a pequena rainha não iriapara a Inglaterra senão quando attingisse os doze annos;mas o rei Ricardo mostrou pressa de coroar sua joven es-posa na abbadia de Westminster, em Londres. Depois desejou que ella fosse educada á moda ingleza, sob a direcçã».de uma de suas primas. Manifestou essa vontade poucotempo depois do casamento eannunciou que viria a Calais

—Se assim Deus permillir, sereis vós nossa rainhaA creança tomou uma attitude grave e respondeu -.

Se fôr do gosto de meu pae eu quero ser a rainhafla Inglaterra, pois dizem que assim serei uma grandesoberana..Depois estendeu a mão ao lord, que a beijou respeito-samente e a conduziu para junto de Carlos VI e Isabel.« Dir-se-ia uma grandedama, tanta era suadignidadee_graça»,conta o chronista Troíssart, de onde estes detalhes*ao tirados.

V^3\M^__K «_B'''L

/^^IÍ__^K^Isabel chegou a cavallo

procurar a gentil soberana, «a grande dama», como achamavam os chronistas d'esse tempo.

Carlos VI, que não estava n'uma das suas crises fre-quentes de loucura, resolveu conduzir, com grandepompa, até Calais, sua querida filha.

Foi um cortejo deslumbrante e as festas foram comoas das Mil e uma noites.

N'um campo perto do mar erguiam-se dous grandespavilhões para os soberanos e vinte e seis tendas para osfidalgos dos seus séquitos, Quatrocentos cavalleiros fran-cezes e outros tantos inglezes os acompanhavam combastantes homens d'armas.

Carlos e Ricardo abraçaram-se. Em seguida seus tios,cs duquesde Lancaster e de Glocester, que representavamRicardo, e os duques de Berry e de Borgonha que repre-sentavam Carlos, offereceram com seus cumprimentosconfeitos e bolos ao povo. Ao noivo deram dous frascos deouro com pérolas e quatro tapeçarias bordadas a ouro.A noiva recebeu um collar de diamantes e rubis.

* As jóias d'essa pequena princeza eram avaliadas emmais de mil e quinhentos contos.

Um dos seus vestidos de festa era de velludo encar-nado, com pássaros bordados a ouro e pousados sobrearvores com folhas de esmeraldas e flores de diamantes;outro, de setim azul, era semeado de rosas bordadascom lindas pérolas.

Isabel chegou a cavallo, vestida com uma roupabranca com flores de liz bordadas a ouro e um diadematão rico que era pesado de mais para a sua cabecinha.

Todas as suas damas estavam egualmente muito bemvestidas e compunham um lindo cortejo.

Isabel apeou-se do cavallo e dirigiu-se para seu pae,que a conduziu a Ricardo, que a esperava sentado em umthrono. Carlos disse com emoção que lhe fazia tremeravoz:

—Meu filho, aqui está minha filha; eu a entrego epeço que a ame como sua esposa.

O TICO-TICORicardo olhava para a pequena rainha, sem fallar.

Isabel saudou duas vezes seu esposo, que estava immovelcomo uma estatua.

Não foi senão na terceira reverencia'que elle sele-vantou e a abraçou.

Ella chorou muito, a «grande dama» deixando seuquerido pae, para, coma dama de Coucy, fazer o caminhode seu novo reino.

No primeiro tempo foi feliz; a prima do rei, encarre-gada de sua educação, era boa e intelligente, estimando suareal discípula, tão dócil e graciosa e sempre de tão bomgênio. O rei Ricardo era o mais amável companheiro quese pôde ter. Bom musico, elle vinha, na hora do recreio,cantar bonitas canções para a pequena rainha ouvir.

Elle vinha então fazer ouvir lindas canções

Os chronistas d'essa epocha dizem até que elle brin-cava de boneca com ella.

Essa vida encantadora de pequena soberana, muitoquerida, foi curta : não durou senão trez annos.

Ricardo teve que ir para a guerra na Irlanda. Em suaausência, seus tios e primos conspiraram contra elle. Cha-maram a seu partido os officiaes do rei e estes levaramcomsigo os soldados. Ricardo,abandonado por seu exer-cito, refugiou-se num castello, onde o filho mais velho doduque de Lancaster, seu próprio primo-irmão, veiu pren-del-o.

Aprisionaram-n'o primeiramente na Torre de Londres,depois em Pomfret, na Escossia, emquanto se esperavaque o duque de Lancaster o mandasse assassinar.

Pobre pequena rainha de onze annos! Que seria d'ella ?O duque de Lancaster guardava a prisioneira também

num castallo de onde não a queria deixar sahir senãoquando consentisse em casar com seu filho mais velho,jus-tamente o vencedor do pobre rei Ricardo.

Isabel recusou com indignação. Seu novo senhor, orude, mau e odioso Lancaster. afim de a fazer soffrer maisainda, pelo isolamento, mandou voltar para a Franca adama de Coucy.

Era a separação completa do caro paiz, qus Isabeladorava com todas as forças de sua alma. Em vão Car-los VI reclamou sua filha; Lancaster recusava entregar-lh'a.

Ella soffreu longo tempo antes de recobrar sua liber-dade; partiu emfim, sem levar de suas riquezas senão ummodesto copo de prata, presente de sua ama de leite, únicalembrança da felicidade passada.Tornou a ver seu pai quando este já estava definitiva-mente louco, depois do triste baile á fantazia, dado pelabella e bôa rainha Maria, viuva de Philippe de Valoise que morava num grande palácio em Saint-Marcel.Nessa noite Carlos VI escapou de ser queimado vivo, porse ter fantaziado de urso. Sem saber quem elle era, umfidalgo muito estúpido poz fogo nas pelles de sua roupa ee só a muito custo sua cunhada Valentina de Milan conse-guiu salval-o.

O povo estimava muito a rainha Maria, que enviuvaradous mezes apoz o seu casamento. Todos a chamavnm aBella Ajuizada.

Maria tomou intensa amizade pela pequena rainhaIsabel; ella foi sua verdadeira mãe e sua terna amiga. Aosdezoito annos Isabel consentiu em desposar seu primo Car-los de Orleans, que tinha apenas onze annos : porém ellamorreu no anno seguinte e a historia não guarda senão umtraço ligeiro d'esta pequena flor entreaberta ao pé dothrono e murcha antes que um raio de alegria a illumimsse.

NOTA—Todos os factos relatados nessa narração sâo rigoro*samente históricos.

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Nosso amiguinho ME-NELEU CUNHA

—ParáO intelligente FELICIANO

THOME'DE OLIVEIRAum de nossos amiguinhos

Quando tornou a ver seu pae encontrou-o completamentedoido

Mm k DAMES ^»^

TELEPHONEN.

1.313

Umguayana, 78postiçTqe arte

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Todos os trabalhos sendofeitos com cabellos natu-raes, a casa não tem imi-tação.

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O TICO-TICO

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Amélia, Armando e Balbina — trez galantes creanças residentes nesta Capital e que, além de seremassíduas leitoras d'0 Tico-Tico, são amiguinhas do «Chiquinho» e do «Jagunço»

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'Miguel de Campos Júnior,

de 7 annos, residente emSoccorro, S. Paulo

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O intelligente menino Gas-tão Wagner, nosso

constante leitor e amigodo «Chiquinho»

O interessante Paulo Badia da A graciosa Magdalena MendesCunha, de 10 mezes de>

edade, filho do pastor pro-testante Sr. Miguel Bar-

cellos da Cunha, residentenesta Capital

Guimarães,filha do Sr. A. Mendes

Guimarães,commerciante em Christina,

Minas

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A menina Dresta FigueireJoPimentel, com quatro

annos e meio de eda-le

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As meninas Alzira e Arminda, filha e neta doSr. César Augusto Ferreira, photographo

amador, residente em Dr. Frontin

À menina Maria Apparecida,filhinha do Sr. Antônio

Bento de Faria, moradorem Caçapava

O TICO-TICO

PERSONAGENS CELEBRES DA HISTORIA1STEK.O

Domicio Enobarbo (Nero.) era filho de Agrippina e deDomicio Enobarbo ; nasceu, segundo parece, no anno 37da éra christã.

Agrippina,suamãi,era sobrinha do imperador Cláudio;ambiciosa e terrivel, nada se parecia com seu virtuoso pae,

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Germânico, e muito com seu irmão Calligula, Foi casadatrez vezes; da primeira com Domicio Enobarbo, pae deNero c depois com um patrício chamado Passieno, homemtão avarento que deixava muitas vezes sua mulher comfalta de roupas e alimentos. Passieno morreu repentina-mente e, na opinião geral, envenenado por Agrippina,O filho de Enobarbo e de Agrip-pina usava então o nome deDomicio, que era o de sua fa-milia paterna; apezar de muitomo;o, mostrava já defeitos equalidades pouco communs emuma creança.e foi por sua causaque sua mãe pensou em casarcom o imperador Cláudio,quando a esposa d'este,a odiosaMessalina, foi assassinada.Apezar das leis romanas d'essetempo não permittirem a um tiocasar com sua sobrinha, o im-perador resolveu elevar Agrip-pina ao throno, desposando-a ;ao mesmo tempo, cedendo aosrogosd'essa ambiciosa princeza,c -m prejuiso de seu própriofilho Crittanico, elle adoptou ojoven Domicio, a quem fez to-mar o nome de Nero CláudioCésar Druso Germânico, casan-do-o, algum tempo depois, coms ia filha Octavia.

Desde esse momento,o filhoadoptivo do imperador tornou seO único objecto de toda a suaternura. Deu-lhe por precepto-res, a pedido de Agrippina, osdous homens mais sábios e es-limados d'esse tempo : um erao philosopho chamado Seneca ;o outro o prefeito das guardaspretorianas, chamado Burrus.Esses dous personagens eramdedicados a Agrippina, poisa ella deviam o terem sido tira-dos um.do exilio.e o outro, dasfileiras do exercito.Nero, genrodo imperado-, era tratado comopríncipe, ao passo que Birtta-

níco.o verdadeiro herdeiro do throno, amável e fntelligente,vivia abandonado em seus aposentos.

No emlanto, o liberto Narciso, que matara a primeiraesposa do imperador e ambicionava governar o espirito deseu senhor, viu que a nova imperatriz era bem mais terri-vel do que a infame Messalina. Muitas vezes tentou abriros olhos do imperador fallandolhe em Brittanico, e talveztivesse conseguido convencer Cláudio a dar fim ás ambi-ções de Agrippina ; porém ella apressou-se a exilal-o deRoma.Havia então em Roma uma celebre feiticeira e enve-nenadora chamada Locusta, que tora outr'ora condemnadaá morte por causa de seus crimes.mas que haviam conser-vado até então em uma prisão.

Agrippina foi secretamente procurar essa miserável, eprometteu-lhe o perdão, se ella quizesse prestar-lhe o au-xilio de sua arte nefasta. De facto, alguns dias depois,em seguida a um jantar no qual Cláudio, que era muitoglotão, avidamente comera cogumellos, o imperador cahiude repente em um profundo entorpecimento, do qual sósahiu para morrer.

Tal foi o fim deplorável d'esse imperador.que, com suafraqueza, preparou para o reino o mais monstruoso dos ho-mens, fazendo Nero seu herdeiro.

Cláudio cessara de viver havia muitas horas, quandoAgrippina fez espalhar em Roma a noticia da doença doimperador.

O Senado e o povo correram aos templos, para implorar os deuses que lhes conservasse a vida do sobera-no ; ao mesmo tempo a imperatriz retinha Britânico a seulado, com falsas caricias e mandava Burrus levar Nero aoacampamento dos pretorianos, onde os turbulentos solda-dos, mediante promessas de grandes recompensas, oaclamaram imperador.

Graças a esse subterfúgio, os Romanos souberam aomesmo tempo da morte de Cláudio e da proclamação deseu suecessor, sobre a qual ninguém fora consultado. AUgumas vozes elevaram-se no Senado, em favor de Brittani-co, mas foram promptamente abafadas, e Nero começoutranquillamente o seu reinado.

A principio o novo imperador mostrou felizes esperan-ças,acceitando os conselhos Séneca e Burrus, que eram oshomens mais honestos de Roma.

Mas, apezar d'elles, Agrippina.que exercia ainda o po-der supremo, mandou o liberto Palas matar a Junio Silano,proconsul da Ásia, e Narciso.

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Nero assistindo ao incêndio

O TICO-TICOGraças aos conselhos dos seus preceptores Nero con-

sentiu em afastar a sua mãi, de quem o caracter vinga-tiyo e ambicioso inspirava receio ao povo ; mas em pu-blico elle continuou a mostrar por ella todas as attençõesque um filho respeitoso deve á sua mãi.

Longe de regular sua conducta pela d'essa mulhercruel, que o conduzira ao throno por um crirn^, Nero, noprimeiro anno de seu reinado, mostrou-se generoso, cie-mente e piedoso.

Um dia, ao apresentarem-lhe a sentença de morte deum criminoso para assignar, elle exclamou :

«Neste momento desejaria não saber escrever.»Estas palavras bastaram para o tornar popular entre

os Romanos, que já o comparavam a Augusto, Nero tinhade facto tudo quanto era necessário para ser estimadopelo povo.

Tendo apenas dezesete annos, era datado de muitoespirito, capacidade, liberal até a prodigalidade, hábil napintura, esculptura e poesia; Seneca cuidara com esmerode sua educação; mas as suas mais belias qualidades eramapenas a mascara, que occultava sua alma cruel e capazde todos os crimes.

No emtanto Agrippina não se podia resignar a perdero governo do império, como esperara, e não cessava de sequeixar da ingratidão de Nero, e mais ainda de Seneca eBurro, que ella aceusava de sua desgraça. Agrippina, emsua cólera, teve uma vez a imprudência de fallar em Bri-tanico e recordar que o império devia lhe pertencer e nãoa Nero.

Inimigos da imperatriz, se apressaram a repetir suaspalavras ao imperador, que desde esse momento pensoulogo em matar o joven príncipe.

Mandou chamar a envenenadora Locusta e ordenoulhe que lhe preparasse um veneno subtil.

N'essa época, era uso que os filhos dos imperadorescomessem em uma pequena mesa, na mesma saia em queos imperadores comiam ; foi no meio de um jantar publicoque Nero offereceu ao joven príncipe um copo envenena-do.Brittanico moiyeu logo no meio de horríveis convulsões.

A esse espectaculo todos os assistentes ficaramaterrorisados; alguns até tiveram a imprudência de fugir.Agrippina,que desconfiou do crime,ficou pallida e írernuia.Nero, de quem o coração já endurecera, não mudou de côr.Ficou tranquillameute recostado, sem mostrar a mais leveemoção.

Recompensou magnificamente Locusta, dando-lhe bensconsideráveis.Ao mesmo tempo fingia lamentar o irmão, chorando-o

deante de todo o povo e lamentando que não lhe houvessemleito funeraes mais sumptuosos, apezar de ter sido por suaordem que o corpo da desgraçada creança fora Queimadaoceultamente durante a noite. Agrippina viu então o quetinha a receiar d'aquelle monstro, e bem depressa se viuabandonada por todos ; o seu palácio deserto era visitadoapenas pela triste Octavia, de quem ella fizera a desgraça,casando-a com Nero.

Pouco depois o imperador teve a idéia de commetteroutro crime ainda mais horrível: matar a mãi.

Dizem que essa idéia lha foi inspirada por uma execra-vel mulher chamada Poppéa, que detestava Agrippina,porque essa princeza se oppunha a que Nero se divorciassede Octavia para fazel-a imperatriz.

Em todo o caso Nero hesitava sobre o meio de malarsua mãi, pois não podia pensar em recorrer a Locusta, semperigo; demais dizia-se que, desde a morte de Britânico,Agrippina não cessava de tomar contra-venenos. Um mi-seravel liberto deu-lhe um plano, que elle adoptou.

Por sua ordem preparou-se uma galera magnífica eNero convidou sua mãi a ir visital-o n'unía casa que elletinha situada á beira-mar. Elle recebeu a com demonstra-Ções de alegria e propoz-lhe a fatal galera para voltar a seupalácio. Agrippina acceitou o offerecimento; mas,logo quso navio se achou a alguma distancia da margem, abriu-sede repente o fundo e a princeza submergiu-se com todosos que a acompanhavam; a maior parte d'esses desgraçadosse afogou; mas Agrippina, que era forte e corajosa.alcançoua terra nadando; no momento em que ia abordar, viu ossoldados matarem uma pobre mulher que, com esperançade se salvar, dissera ser a mãi do imperador.

Desesperada, Agrippina dirigiu-se para outro lado daPraia, onde uns pescadores a recolheram e levaram paraseu palácio. Todos comprehenderam que aquelle naufrágiofora obra de Nero,pois nunca o mar estivera tão bello comonaquella noite.

Nero ceiava com alguns amigos, quando lhe vieramJizer que sua mãi se salvara. O miserável julgou-se perdi-w i mas, recuperando depressa sua audada, voltou-se para

Aniceto, capitão de suas guardas e ordenou-lhe que fosseacabar o que havia começado.

Aniceto, seguido por alguns soldados, correu ao pa-lacio da imperatriz, entrou em seu quarto, onde ella estavasó, com suas creadas, cheia de terror, e feriu-a com umacacetada na cabeça; mas a desgraçada princeza apresentou-lhe o peito, exclamando:

E' este peito que deve ser ferido, pois teve a des-graça de amammcntr.r Nero.

Lego foi ferida por innumeros golpes de espada.Nero, que ordenara com sangue frio o maior crime,

ficou aterrorisado, sabendo que suas ordens haviam sidoexecutadas. Conservou-se a noite silencioso, sem se deitar,ju'gando a todo instante que ia ser castigado pelo crimeque commettera.

A filha de Cláudio, Octavia, não sobreviveu muitotempo a Agrippina; morreu poucos mezes depois, victimatambém de Nero, excitado por Poppéa; e essa odiosa mu-lher julgou ter conseguido a suprema felicidade, porquefoi elevada ao throno, como imperatriz.

A crueldade edepravações de Nero conduziram-o embreve ás maiores extravagâncias; esquecendo sua condiçãode imperador, elle gostava de apparecer em scena no thea-tro, cantando e dansando, pois, apezar de ter a voz roucac monótona, julgava-se excellente artista, ou então apre-sentava-se no circo num carro, guiando elle próprio os ca-vallos.

Nessa época, tendo apparecido um cometa, os Roma-nos julgaram que era o aviso de uma mudança de reinado;e Nero, que não gostou da prophecia, fez punir de modoterrtvel a todos que diziam isso. Outras vezes Nero, comseus infames companheiros, disfarçava-se e assaltava ostranseuntes durante a noite, commettendo toda a sorte decrimes.

Mais de uma vez aconteceu-lhe ser rudemente espan-cado nessas brincadeiras abomináveis. Conta-se que umavez, durante uma d'essas proezas, um senador, que foraassaltado, feriu-o levemente sem o conhecer, e só na ma-nhã seguinte soube com terror que o ladrão nocturno erao imperador.

Correu logo a atirar-se a seus pès, pedindo-lhe perdãopor essa falta involuntária.

Que I tu feriste Nero?—exclamou o tyranno—e aindavives ?I...

O desgraçado senador viu-se obrigado a se matar.Tal terror inspirava,-que ninguém já se aventurava a

sahir á noite.Por fim um sinistro acontecimento veiu augmentar a

desolação dos Romanos e avivar mais o ódio que sentiampelo imperador.

Era no anno 61 da nossa éra. Um horrível incêndioestalou ao mesmo tempo em vários quarteirões da cidade,e por ordem de Nero os soldados se collocaram nas ruas,impedindo que se extinguisse o fogo.

*Ao mesmo tempo elle, vestido com roupas de theatro,subiu á plataforma de seu palácio, de onde se via toda acidade em chammas, e cantava tocando lyra a descripçãodo incêndio de Tróia, aquelle famoso acontecimento deque falia a historia grega e que Homero celebrou em seuspoemas.

Esta barbaridade de Nero, mandando incendiar a ei-dade e cantando emquanto milhares de pessoas ficavam namiséria, excitou mais do que nunca a indignação dos Ro-manos.

Para desviar o ódio do povo, Nero mandou annunciarque os causadores do incêndio haviam sido os christâos, cordenou logo a morte de todos os d'essa religião. Assimcontra os christPos começou a mais atroz perseguição; unsforam untados de resina e queimados como tochas para il-luminar durante a noite os jardins de Nero, ou'.ros cruxi-ficados, outio? lapidados pela populaça, outros atirados a»circo, onde animaes ferozes os devoravam.

Nero oecupava-se ao mesmo tempo em fazer recons-truir Roma.

Apezar do terror que inspirava, grande numero de Ro-manos resolveu pôr termo a vida de semelhante monstroe formou-se uma conspiração que teria sido vencedora seuma senhora romana chamada Epicharis não tivesse adesgraça de fallar nisso a um official, que foi logo avisaro imperador. Nero mandou matar logo todos os cons-piradores culpados.

Tendo Epicharis recusado responder ás perguntas quelhe fizeram sobre a conspiração foi torturada horrível-mente; mas essa corajosa mulher, receiando que a dor lhearrancasse, a seu pezar, alguma confissão, "estrangulou-secom o seu cinto, num momento em que os carrascos des-cansavam.

O TICOTICO IOCaiba, que era sensato e virtuoso, hesitou;

mas por fim cedeu aos rogos de seus amigose, embora Vindex tivesse morrido numa bata-lha, decidiu-se a marchar contra Nero.

Quando a noticia d'essa rebelião foi co-nhecida em Roma (anno 68 da nossa era) opovo mostrou tal alegria que ninguém duvi-dou de que o miserável imperador estivessecompletamente perdido.

Nero ceiava com seus vis companheiros,quando lhe contaram o facto. O seu furor foital que virou a mesa que estava diante d'elle,quebrou dous vasos preciosos e fez mil lou-curas, acabando por perder os sentidos. Tor-nando a si, começou a bater com a cabeçanas paredes e a rasgar as vestes, o que provaque os homens mais cruéis são ao mesmotempo os mais covardes. Mas nada pôde des-crever seu desespero quando soube que asguardas pretorianas se tinham revoltado tam-bem, e que o Senado declarando-o inimigoda nação, proclamara Galba em seu logar.

Tremulo e aterrorisado, Nero abandonouseu palácio, graças á escuridão da noite, le-vando comsigo um veneno subtil, que pediraoutr'ora a Locusta. Não sabendo que fazercorria de porta em porta implorando seus anti- ^__gos amigos, mas nenhum lhe respondia. En-tão ordenou que viesse um gladiador para matalo, maslninguem lhe quiz prestar esse ultimo serviço.

Por fim um de seus libertos, Phaon, consentiu emeval-oaumasua casinha fora da cidade, onde Nero teveque entrar por um buraco feito na parede, para quenão o vissem entrar pela porta.

Mas logo depois chegaram os soldados, mandadospelo senado em sua perseguição. Nero, com desespero,resolveu matar-se depois de exclamar varias vezes:

— Que desgraçai um musico de tanto talento comoeu, morrer 1 Que artista vai perder o mundo !

Declarou que ia atravessar o pescoço com uma pu-nhalada; mas faltou-lhe a coragem e foi preciso que oliberto o matasse.

Nero morreu com 32 ánnos e seu reinado execráveldurara quinze.

Foi o ultimo imperador da família de Augusto, dequem era bisneto.

Nero mandou matar com os mais horríveis supplicios atodos quantos poude prender.Seu antigo preceptor Senecanão escapou. Esse homem, que pouco tempo antes julgaradesarmar o tyrano, offerecendo-lhe suas riquezas, viu-seobrigado a abrir as veias.

Paulina, sua mulher, que era bella e virtuosa,;:*© que-rendo sobreviver a seu marido, condemnou-se ao mesmosupplicio; mas Nero, sabendo d'isso, ordenou-lhe quevivesse, e fez fechar-lhe as feridas. Esta senhora salvou-se

TRABALHO DE CREANÇA

Desenho de José Duarte—Maceió

assim; mas, emquanto viveu, conservou sempre umapalli-dez tocante, que era a prova de sua desgraça e de sua de-dicação. Não terminariamosse quizessemos enumerar todosaqueltes que Nero mandou matar : diremos sómentente,que sua própria esposa Poppéa foi também victima de suacrueldade. Nero matou-a com um pontapé; depois fez-lhemagníficos funeraes e ordenou que lhe erigissem um tem-pio, como se ella fosse uma santa.

Havia então em Hespanha um general romano, cha-mado Galba, que servira fielmente aos últimos imperadorese que governava ainda uma parte daquelle bello paiz.Galba já era velho e sua única ambição era ser esquecidopor Nero, a quem todo o homem demérito desagradava.

Mas um governador gaulez, chamado Vindex, resolveudesthronar o imperador com seu exercito, e mandou pro-por a Galba collocal-o no throno em logar de Nero.

WhSAUDADES ...

Pouco a pouco vae morrendo o sol; seus raios frouxos,sem vida e sem calor, beijam trementes e furtivos algumaflor do jurdim.

Alguns minutos passaram-se e tudo se quedãu no maiotsilencio.

De uma em uma as extrellinhas vinham risonhas, bor-dar o firmamento azul. Uma menina, contempla este qua-===== -——L-. dro sublime da natureza. Seu pen-samento estava longe,tão longe, no

abysmo profundo da immensida-de. ..• Pensava na irmãzinha quevoara para nunca mais voltar.

Desenho de Alceu Gonçalves de Amorim

Uma hora passou-se sem que ellalevantasse siquerseu rosto abatido;parecia sonhar. A lua vinha subindodevagar. Eil-a já alta, envolvendoa terra com sua luz cor de prata.Um de seus raios curiosos veiu os-cular docemente as faces da don-zella. Então, lentamente, voltoupara ella seu rosto, agradecendo tal-vez acaricia mimosa. Contemplouo firmamento; seus olhos languesfixaram-se numa estrellinha isoladacujo brilho faiscante attrahiu seuseu olhar; estremeceu porque jul-gáraver na estrellinha a creançaque adorava.

Levantou os braços para o céupedindo á estrella que a ella viesseter. mas não poude concluir... aslagrimas suffocaram-lhe a voz e ca-hiu soluçando loucamente com asaudade a devorar-lhe o coração!...

S. Paulo,

Maria da Candelária S, Diniz

i

O TICO-TICO.

*»£ v» Oi

II

[B(D^R3 ^® cp®d=® iía®t»Tj<s

'I 0 vulcão, isto e, Kaximbown ouviu um grito e entrou logo em acti-'dade. No grito reconheceu a voz do filho de Sabbado, cuja voz de páu.2] Depois de uma carreira formidável. Kaximbownn ainda

conseguiu descobrir o resto da cauda do jacaré polar

3] Kaximbown não tinha medo nem tremeu quando se achou cara a cara com o terrível bicharoco Logo con-cebeu um plano para vingar Sahbado e Pipoca, que tinham sido engulidos pelo iacaré Calmamente descalçou umabota, encheu-a de pólvora e

^prp*^*1 carregou-a com bailas cré neve. Depois, fazendo pontaria, deu fogo ao canhão. A bala, entrando pela bocca do jacaré, foi sahir

0 outro lado, empurrando par* fora Pzpoca e Satbado, que já começavam a ser digeridos.

IW (Continua )

12 A ILHA DAS JÓIASROMANCE DE AVENTUR AS—III

O TICÓ-TlCtf

*vi'W$i-\mm

mfmi25] Mas a fada do mar teve piedade das

duas creanças. Conhecia Paulo, que, pelo ta-manho, lembrava-lhe o filho que perdera. Epor isso salvou as creanças em uma bonitabarquinha. ..

26).. .que corria docemente sobre o mar, ]áazul e calmo. A briza fazia enfunar a vela demusselina, emquanto um grande albatroz bran-co, por ordem da fada do mar, dava a direcção.

27] Viajaram assim muitos dias sot1 t.um mar de sonho, vendo passar dia" md'elles gigantescos e maravilhosos i*pchedos de coral, recortados como '£:fossem de renda. .n

I—Ti—; nvT7 71\ y//r\* À {i Vi

i^^W^Úl28) As duas creanças pensavam estar

sonhando e receiavam acordar d'esscbello sonho.

29) Viram depois grande quantidade deplantas marinhas, curiosas e esquisitas:sua apparição aununciava a vizinhança deterra, tanto mais quanto também a quanti-dade de pássaros era grande.

30] Com effeito. uma bella manhã, PauliflOlivia viram uma ilha maravilhosa, onde os Í]U:lacios pareciam de ouro e brilhantes, tanto W*lhavam ao sul.

^^ -rrrT\——" id&f

31) A rainha d'essa ilha era uma pequeninafada, uma creança graciosa e boa, a quemseus subditos chamavam Jóia. Logo que abarquinha appareceu, elles foram recebél-a.

32) Vendo chegar duas creanças de suaidade, a fada das Jotas acolheu-as com trans-portes de alegria e terna solicitude.

33) Ella os quiz conduzir immedia^mente a seu palácio, e como as creanWnão tinham afaculdade de voar com°F'Fada, Jo'<a os fez subir para um carcom azas que parecia um aeroplano.

34) Olivia foi alojada em um quartoegual ao da rainha. A menina estavadeveras deslumbrada de se ver entrerendas e ouro.

35,) Sua surpreza ainda foi maior quandoJota quiz que ella partilhasse de seu gabinetede vestir e deu-lhe creadas

&

36) Depois visitaram o immenso palac'0Mexplendor incomparavel. Todas as coluneieram de turquezasencrustadas com d ia m8'1'iae opalas./Gt-í divertia-se com a admiração yffii Continúa.\ na pagina segui"

CO TICO-TICO

)W. ')• -seus amigos. Estava muito satisfei-aiín, COm sua vinda, pois, até então, a vida;i< e Parecera triste, sempre acompanhada3 !.fs°J seus velhos ministros. A única diver-

o.ue tinha era a de colher flores sósi-

A ILHA DAS JÓIASROMANCE DE AVENTURAS—IV

Í3

38]. . ou contai suas maguas ao regato,emquanto se mirava nas suas águas lim-pidas.

39) Affora era outra cousa. Com seus dousamigos, que já estimava muito, passou [todo odia colhendo flores de que a ilha era coberta.

«u

u li QUar)do não as julgava ao seu gosto,sando de seu poder de fada, dando com afarinha de condão no solo .

41) . . immediatamente sahiam da terra,como por encanto, as mais soberbas flores,que se podem imaginar.

42) Quando passeavam e o sol dardejavasobre ellcs seus raios abrazadores. Jóia, comgrande surpreza de seus amiguinhos, agitavaa varinha. . .

iat 43)rna

es folh,ck "' -elogo"Pés fr.ii.— H

sahia de terra uma arvore raraue as abrigava sob sua* gran-

44) Para os dous orphãos aquella vida eraencantadora I Sempre felizes e livres, no meiode tiores e pássaros de toda a espécie.

45) Vários annos se passaram assim,alegremente, sem preoccupações. Jóia ePaulo, que tinham já completado 20 an-nos, eram cada vez mais amigos.afl -"-""•

°ilbatrr.?uJ"an,e todo esse temP° ° grandebranco não havia abandonado[jlj^atrozn^am Protegidos, velando por elles con-atendo---nl-e' esvoacando sobre a ilha er Por isso muito

47).. .venerado por todos. Estava assim tudomuito bem, quando uma noite, um sombrio men-sageiro, uma águia negra de olhar cruel, veiuter com Jóia e entregou-lhe uma carta fechada.

48) A pequenina Fada abriu a carta edepois de a ter lido atirou-se chorando nosbraços de Olinda, e tão emocionada quenão podia pronunciar uma palavra.

i Continua.]

ZE MACACO ^PWIOO-TI (

Jlj Os effeitos purgativos que telegraphicamente haviam sido enviados aos bandidas pelo

charlatão, fizeram um successo extraordinário, pois os meliantes e©ntorceram-se em dorese não puderam dar mais um passo

2| Em breve foram alcançados pela policia, que, devidamente avisada por Baratinha, puzera-se incontinente ás ordens do pequeno policia amador

P—1

-"'^ "#'""

•SsTÕPtrO-^3) E emquanto os gatunos eram conduzidos com todas as honras e de automóvel á confortável vivenda dos criminosos, BaratiA

devolvia a seus pães toda a importância do roubo e mais um embrulho com um par de ceroulas rasgadas e dous tamancos furaflíque pertenciam ao assaltantes.

VAT.-RI*tist O « »V( l isso \. O? I

VALEIMISl O « OM I ItSO

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15 O TICO-TICOA. .... Tjjg ,. ,.

OS NOSSOS CONCURSOSRESULTADO DO CONCURSO N. 649

^^•rrrrr^^TW ^^^y ç__- .—¦^j \i>

SOLJÇÃO ENVIADA PELO MENINO AMARILIO DE CAMPOS VlANNA, RESIDENTE EM S. JOSÉ DE CtMA N. 3—BAHIA

Numerosos decifradores de concursos e armadores dejogos de paciência se deixaram arrastar pela preguiça—maldita preguiça—e não concluíram a tarefa que lhes foiproposta. Ficou verificado, de facto, por occasião da apu-ração, que 50 por cento dos concurrentes, por suas solu-ções não estarem em condições, não entrariam no sorteio,facto esse muito raro, na nossa secção.

Segue o resultado do sorteio :1* prêmio—10$

Lourenço Zukoskicom 12 annos de edade, residente em Florianópolis, á ruaTrajano, n. 32.

2- prêmio—10$Pedro Bauer Júnior

morador em Itajahy, E. de Santa Catharina.Remetteram-nos soluções:Eurico Neves Maia, Enoque José de Oliveira, CiceroRamos Parente, Hygino Vaz de Siqueira, Nero S. Freitas,

Sylvio Fernandes da Silva, Eurydice Ig. Paim, AlcidesCarvalho Eder, Jorge J. Ristom, Celso de A. S., LourençoZukeski, Alba Castanheira Ferreira da Fonseca, Rogério daCunha Lima, Steüa Uchôa, Antônio Monteiro da Cruz,Gerson Peixoto, Gilvandro Pessoa, Isaltina Pereira Villar,José Nascimento de Araújo, José M. M. Naegele, JoaquimAntônio Naegele, Guiomar Nogueira da Gama, JuracyRosa, Augusta Henriqueta Curado Fleury, Alfredina Fer-nandes da Costa Mattos, Pedro Bauer Júnior, Constantino

Magno de Castilho Lisboa, Manuel Joaquim Pereira, Car-linda Tinquitella, Tete Xavier, Álvaro de Almeida, OlgaHungria, José Marques de Oliveira, Dario Monteiro, OlavoMoreira, Carmen da Silva Freire, Rosa Alves Penna, Ame-rico de Siqueira Couto, Aluizio de Castro Rolim, Hilda deOliveira Beltrão, Edeltrudes de Amorim Multer, HenriqueAlvares da Cunha, Aureliano Tavares Bastos Victoria,Waldomiro C. Dias, Maria Benedicta da Silva, João Gui-iherme de Andrade, Adhemar Corrêa da Silva, José daRocha Brito, Maria do Carmo Dias Leal, Donguinha DiasLeal, Homero Dias Leal. Filhote Dias Leal, Stellita Ribas.Noemi Cotrim Moreira de Carvalho, Domenico Calleguer,Lúcia Perez de Araújo, Jayme Gonçalves Melgaço, Anto-nio Gonçalves, Zilda Alves, Manuel do Nascimento PontesJúnior, Alberto dos Santos Ferrinha, João José da Silva,Aniano José do Amaral, Diva Ângelo Miranda Freitas,Octacila Luiza dos Santos, Jandyra Rocha Pinto, SylvioMonteiro Moutinho, Julieta da Silva Tejo, Luiz Pereira daSilveira Júnior, Haroldo Brigido, Nenein Teixeira, Wal-demar da Motta Bastos, Bernardino Passe, Marianha Car-valho, José Baptista Pereira, Maria de Lourdes Rosa, Ed.Luiz da Motta, José Ramos Teixeira de Andrade, Christi-no Cruz Filho, Danson da Cunha Lima, Herberth, Yvon J.W. e muitos outros, cujos nomes não são publicados devi-doá falta de espaço.

RESULTADO DO CONCURSO N. 6CÔ

!• —Touro — ouro2- — Máximo

RESPOSTAS

O TICO-TICO ÍG3- — Loto — boto4- — Lã — chá — lancha5- — Arara6- — Caro — Lima0 sorteio contemplou c®m o primeiro prêmio — 10$ o

meninoOíion Leonardes

de 12 annos. RuaS. Clemente, 130—Capital; e o 2' prêmio10$

Álvaro 'Coelhocom 12 annos de edade, morador na rua Campos da Paz,n. 132.

Concurreram ao sorteio :Cy M. Bittencourt, Olyntho Guimarães, Álvaro Coelho,

Eleonora Mendes Haussan, Renato Moreira, Dinorah Aze-vedo, Miguel do Valle Gutierrez, Othon Guttierez, AldaMadeira, Aida Ladeira, Alba Ferreira da Fonseca, Francisco

Xavier Soares Pereira, Castellar José Freire, F. Santos,Carlos Marques da Eira, Beatriz Brandão, Edmundo Fran-cisco Pereira, Hildeth de Azevedo, Hercina Proserpinade Assumpção, Edgard Abreu de Oliveira, Elza Nogueirada Gama, Corryntha Souza Neves, José Braulio de V., IreneN. da Gama, Jair Corrêa, Guiomar N. da Gama, ChristinhoCruz Filho, Áurea Amalia de Cantuaria, Mario Agbina,Iracema Rosa, Pedro 0'Reilly de Souza, Noemi CotrimMoreira de Carvalho, José Marques de Oliveira, Clarimundodo Nascimento, Alcides Vallimde Carvalho Aranha, EdmarMachado, Edmêa Machado, Pedro Bandeira dos Santos,Rosa Alves Penna, Leonor dos Prazeres Gomes, Olga Fio-res, Lucas Domingues Zida Leite Mulller, Odette Barbosa,Gildodina de Abreu Peres, Walter Ramos Maia, Maria doCarmo Dias Leal, Donguinha Dias Leal, Homero Dias Leal,Filhote Dias Leal, Isaura Gonçalves, Maria Adherbal deCarvalho, Octavio José Amaral, Maria Carvalho, ZizinhaValhm, Argemiro Torres, Antônio Mendes, Maria DoloresPinto Coelho, Leopoldo Jorge Planch, Gumercindo Jun-queira Durão, Flavio de Souza e vários outros.

PARACONCURSO N. 671

LEITORES D'ESTA CAPITAL E DE TODOS OS ESTADOS

* Ora já viram paisagem mais esquisita e mais Kaxim-bownesca do que esta? — Que raça de patos é esta? Quemsabe se recortando esses pedaços não poderão os leitorzi-

nhos compor alguma figura com cara de gente? Experi-mentem.

As soluções serão recebidas até o dia 24 de Julho e

dt. 11NO O TOMBO DO RIOOs Srs. chefes de família encontram o mais bello, mais varia-do e mais barato «stock» de roupas para meninos de 3 a 12 an-nos, desde o preço de 3$ a 40$, assim como gorros, bonets e cha-peus de palha para os mesmos. "^^^^^^^^W^^^^^^i^^

1 -- KLTXft. XJIÍLTG-IJJLY Ali A. -• 1PONTO DOS BONDS

17 O TICO-TICOhaverá dous prêmios de 10$ distribuídos por sorteio entreos decifradores.

(Este concurso foi-nos enviado por nosso leitor Edmun-,do B. Fontenelle, de 13 annos de edade residente em Vi-cosa—Ceará).

CONCURSO N. 671

PARA LEITORES D'ESTA CAPITAL E ESTADOS PRÓXIMOS

Perguntas :

1—Qual o animal que se transforma em uma cobertadesde que lhe juntarmos uma lettra no principio ?

(Enviada por Arlindo Mariz Garcia)" 2—Qual é o instrumento de sete lettras do qual se ti-

rarmos quatro fica apenas uma ?(Enviada por Sócrates M. Santos!

3—Qual é o santo mais rico d'agua ?(Enviada por Braulio Aguiar, de Mocóca)

4—Elle junta, ella separa. Cada qual tem trez sylla-bas. Que serão?

5-A primeira syllaba não é cega, a segunda é da mu-sica ; as duas juntas illuminam. Queé?

[Enviada por Edgard Abreu de Oliveira]Daremos dous prêmios de 10$, por sorteio feito entre

todos os leitores qus acertaram e fizerem, acompanhar suasolução do vale n. 671, collado á margem. Os concurren-tes devem assignarsuas soluções efazel-as acompanhar desuas residências e edades.

As soluções serão recebidas até o dia 14 de junho.ERRATA

No numero anterior, a data para o en-cerramento cio concurso n. OOO sahiuvrrada ; em vez tle 1<4 de Agosto devoser 1 -4 do «Talho.

AOS SRS. PHARIMACEUTICOSGRANADO & C. communicam que esperam receber

brevemente o FAMOSO VINHO JEREZ-QUINA, daacreditada casa ANTÔNIO SANCHEZ-ROMATE, recom-mendado pelas sumidades médicas de Europa e America.

Agente geral no Brazil: G. LANDEIRARua do Ouvidor 161—Rio de Janeiro

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O presente coupon dáENTRADA GRATUITA

de primeira classe, noCINEMA PARQUE FLUMINENSE,

a um leitor d'«0 Tico-Tico», até14 annos de edade

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GAIOLA DO TICO-TICORecebemos durante a ultima semana os seguintes tra-

balhos :Contos versos e descripções : As rãs ao sol, tradu-

cção de William Hopkins; Quem tudo quer tudo perde.de Conceição da Veiga Menezes; A orphã, de OswaldoMoreira; A primavera, de Edeltrudes Amorim Muller;Quadros, deCarmen M. Barreto; A fada Isabel, de J.Castor; Paisagem, de Amélia de A. Corroa; O mentiroso,de Erasmo de Castro; O cego, traducçãode Carmen Ra-mos; A' vassoura, de Aida Cavolara.

Desenhos de: —Edgard Abreu de Oliveira, Alba Fer-•"eira da Fonseca, Henrique de Almeida Gomes, Tácito S.Santos, José de Góes Duarte, Willian Hopkins, Baegitadede Almeida Gomes, José Raphael Santos, José GouvêaPinho,Armando Diniz,Diogenes R. Pinto, Cláudio Felgas,Anhnr Pinto Ferreira e Alba Ferreira da Fonseca-

SERÁ' ESTE HOMEM DOTADODE UM PODER EXTRAORDINÁRIO?

Muitas pessoas de alta categoria e competência dizem que elleiè na vida de cada qual como num livro aberto

Querem ser claramente informados a respeito das cou-sas que mais lhes podem interessar : Negócios, Casamento,Mudanças de Vida, OccupaçÕes ? Querem saber ao certoo que devem pensar dos amigos e inimigos e conhecer omeio de alcançar o melhor êxito na vida ?Leituras densaio, horóscopos parciaes gratuitos a todos os

leitores que escreverem desde já¦JSTÃO actualmente despertando a attenção de todas as** pessoas, que se interessam pelas sciencias oceultas, ostrabalhos do Sr. Clay Burton Vance que, sem alardeardons especiaes nem um poder sobrenatural, procura revelaro que a vida reserva a cada qual, com auxilio deste dadotão simples: a data do nascimento. A exa:tidío incontesta-vel das suas revelações e predições faz pensar que atéagora chiromantes, advinhos, astrologos e videntes detodos os feitios não haviam logrado applicar os verdadeirosprincípios da scienciade desvendar o porvir.As cartas que publicamos em seguida attestam a ele-vada competência do Sr. Vance:

\5fc-.áBstífSÍ a.

"Recebi o meu Horóscopo, escreve o Sr. LafayetteRedditt. Foi com verdadeiro assombro que li nelle pbasepor phase, a minha vida desde a infância até agora. Haannos que este gênero de estudos me interessa, masnunca me passara pela idéa que fosse possível dar opiniõese conselhos de valor tão incalculável. Sou, portanto, for-çado a confessar que V. éna verdade um homem extra-ordinário; muito folgo que possam fazer aproveitar, aquel-les que o consultam, das suas admiráveis faculdades".

O Sr. Fred. Walton escreve: "Não esperava receberuma tão esplendida descripção da minha vida. E'impôs-sivel calcular todo o valor scientifico das suas consultas,antes de haver experimentado directamente, como eu fiz.Consultara V. Ex. é ter a certeza de alcançar o êxito quese deseja e a felicidade a que se aspira".

Em virtude de negociações levadas a cabo. podemosofíerecer a todos os leitores à'0 Tico-Tico uma Leitura d'En-saio gratuita, ou Horóscopo parcial. E' necessário, porém,que as pessoas que quizerem aproveitar este ofterecimentofaçam o seu pedido sem demora.

Aqueües que desejarem, portanto, uma descripção dasua vida passada e futura, que quizerem receber uma enu-meração das suas características, talentos e aptidões, umaindicação das oceasiões que se lhes proporcionam, nãotêm mais que enviar o nome, a morada a indicação do sexo,a do dia, mez e anno do nascimento, e a copia feita pelaprópria mão dos versos seguintes :

Vosso poder é grande, é assombroso,Ao mundo a fama diz;

Do meu porvir rasgando o véo nebuloso,Dizei:—Serei feliz?

Dirigi a vossa carta a Monsieur Clay Burton Vance,Suite 1608 PalaisRoyal, Paris (França). Será convenienteincluir na carta 500 réis em sellos do vosso paiz, paradespezas de porte e de escriptorio. E'-precíso notar que ascartas para a França devem ser franqueadas com 20ü réis.Não se deve incluir na carta dinheiro amoedado.

O TICOTICO 18CREANÇAS

Pallidas, _ymplinlicas, Escrophulosas, Itachilicasou anêmicas

O IUGLAND1-HO de Giffoni éürh excellente re-constituinte geraldos organismos eu-fraquecidos dascre-ancas,poderoso lo-nico depuralivo,onti-escrophuloso.que nunca falha notratamento das mo-lestias consumpli-vas acima aponta-das. E' superior aonleo de fígado debacalhau e suasemulsões, porquecontêm em muitomaior proporção oiodo vegetalisado,intimamente com-binado ao lanninoda nogueira (ju-fjlãns regia) e o phosphoro physiologico, medicamento eminente-mente vitatisador, sob uma forma agradável einteiramente assi-milavel. E' um xarope saboroso que nâo perturba o estômago e osintestinos, como freqüentemente succede aooleoeás emulsões; d'ahia preferencia dada ao JUG1.ANDINO pelos mais distinctos clínicos,que o receitam diariamente aos seus próprios filhos. Para os adultospreparamos o Vinho iodo-tannico glycero-phosphatado.

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da de dos seus recursos, sâo, muitas vezes, forçadas a procurarprpnssionaes menos hábeis, que as llludem em todos o» sen-tidos, pois esses trabalhos exigem muita pratica e conheci-—entos especiaes.

Para evitar taes prejulios e facilitar a todos obter dentaduras,dentes a pivot, coroas ds ouro, bridge-work, etc, o que tiade mais perfeito nesse gênero, resolveu o abaixo assignado reduziro mais possível a sua antiga labella de preços, que ficam d'essemodo ao alcance dos menos favorecidos da fortuna. No seunovo consultório, & rua do Carmo n. 71, (canto da do Ouvidor)dá informações completas a todos que as desejarem. Acerta e fazfunecionar perfeitamente qualquer dentadura que não estejabem na bocea e concerta as que se quebrarem, por preçosInsignificantes.Os clientesque não puderem vir ao consultório serão

attendidos em domicilio, sem augmento de preçoDR. SÁ REGO (Especialista)

mudou-se RUA DO CARMO 71 SToSvISt

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mente para creanças pelo pharmaceutico Samuelde Macedo Soares.

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maçã e o seu sumo : A SIDRA, constitue o alimento maissadio, hygienico e nutritivo que se conhece, por ser com-posto o referido produeto de fibra vegetal, albumina, as-sucar, ácido lactico.cal e phosphatos.e agradável ao paladare refrescante. 0_ mesmo clinico affirma que a bebidaSIDRA DE MAÇA convém ás pessoas que levam uma vidasedentária, por que limpa o fígado, dá phosphoro ao ce-rebro e vitalidade ao systema nervoso.

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Vende-se na casa Fernandez y Alvarez, rua da Assembléa n. 61; Co»-feitaria Colombo, rua Gonçalves Dias, 32, 31 e 35; armazém da J. Rodrinues&C, Rosário, 90 e 92: Café Suisso, Avenida Central esquina da Assembléa;Cervejaria Bralima, Avenida Central, 152; Confeitaria Paschoal, Ouvidor, 158;Bar Anlarllca, avenida Central, 134; Pardellas & G. Assembléa, 6S; Arma-íemPan-Americano, rua Joaquim Silva, 55: Café Velhi Amorim, rua do R,»-•ario, 69, e confeiianas, armazéns, hotéis e restaurante.

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Attestando o poder curativo do "lodolino"— Médicos illustres e conhecidos

Tendo usado na minha clinica o «lodolino de Orh»,posso assegurar que esta feliz combinação pharmaceu-tica vem prestar grandes serviços como um bom subs-tituto do óleo de figado de bacalhau. — Dr. Azevedo doAmaral — Rio de Janeiro—Rua Guanabara n. 67e

Vende-se em todas as drogarias e pharmacias —Garrafa, 5$800. Agentes geraes : Silva Gomes & Gomp.— Rio de Janeiro.

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19 O TICO-TICO

O "SR. X" E SUA PAGINATELEPHONE CASEIRO

Esse brinquedo é muito co-nhecido ; em todo o caso vamosensinal-o porque ha creanças quenão o fazem bem e por isso nãoencontram nelle divertimento.

E' preciso escolher duas tam-pas de caixa de papelão cylindri-cas.que estejam perfeitas,sem fu-ros nem amassadas.

# Façam-lhe.no fundo, bem nomeio, um pequeno furo, tão pe-queno que seja apenas o suffi-ciente para a passagem de umbarbante que ligará uma a outratampa pelo mesmo processo.Passem um pouco de breu nobarbante e prendam o nó no bar-bante pelo lado de dentro da caixatambém com um pingo de breu.

Feito isso fallem um para ooutro, tendo o cuidado de manterbem esticado o barbante e verãocomo a voz se transmitte nitida-mente.

UM ENIGMA PEQUENO

Pergunte-se a qualquer pes-soa se pede collocar a mão em talsitio que a outra mão não a possatocar.

Como só ha um único pontoonde pol-a para que tal possa sue-ceder, [isto é, no cotovello] haverágrande hilaridade com as tenta-tivas feitas para buscar o sitio,pois muitas d'ellas serão bastanteridículas.

MODO DE MUDAR A COR DASVIOLETAS

A' primeira vista isso lhes pa-recerá impossível, não é?

Pois não ha nada mais simples;basta mergulhar os pés das vio-letas em água com sal commum,acerescentando pequena dose denitro. No fim de meia hora tem-se operado a mudança. Quando se quizer obter a mudançada còr em amarello, basta banhar . depois as violetas emkerosene ou azeite mineral ordinário, de uso doméstico esem outro ingrediente mais. Depois de uma lavagem com

¦«•¦«¦i""^^^'^^^"-•"¦"•**'p",—,*^,,^,l"",""™*"""i^""i"""»i»

água ligeiramente morna, as violetas tomam côr amarella,muito viva e permanente.

Notem que as flores não perdem com esta operação,sua frescura natural.

m^mmmmmzm—Não está;

sahiu agoramesmo; foi ácidade com-prar o ELI-XIRDE NO-GUEIRA,umassombro damedicinaactual, na pu-iificação dosangue.

— Agora estás mais gordinho; hein, ma-roto?

— Mas eslavistamente, vovó; tomei o maravi-lhoso BROMIL, que cura qualquer tosse, por maisrebelde, E como essa tosse era o meu único mal...

O TICÕ-TICO 20

I f j^K^T^S^^'^ porta-jornabs

Recommcndamos ás nossas amiguinhas este porta jornaes, por ser muito original de formato e de muito gostoOs materiaes necessários para confeccional-o são : umpedaço de fazenda, seda se possível fôr, para o fundo e asduas tiras que são destinadas a sustentar os jornaes, comofacilmente verão na gravura.No pedaço de fazenda vocês bordarão uma cercadurade flores pequenas, que devem ser feitas com retroz verme-lho. Nas tiras destinadas a sustentar os jornaes o bordadoé igual.

As hastes devem ser bordadas com ponto de haste, efeitas com retroz verde; quanto ás folhas podem, para ale-grar o bordado, ser trabalhadas em ponto de bordado in-glez. Se não souberem fazer esse ponto, substituam-nopelo de haste.

Se fizerem as folhas em bordado aberto, será necessa-ria uma sombra de seda vermelha ou verde por detraz dofanno.

Quando o bordado estiver terminado, passem-no bem aferro; depois comecem a armal-o como vamos indicar.

Tomem um pedaço de papelão bem duro, da mesmadimensão da fazenda, menos um centímetro de cada lado ;colloquem de um dos lados do papelão uma camada de ai-{rodão em rama, que segurarão por meio.de colla. Tomemcuidado em que a pasta de algodão seja da mesma altura emtodos os sentidos. Em seguida passem por cima do algodãouma fazenda qualquer. Esta deve ser maior um pouco doque o pedaço de papelão, de modo que se possa dobrarum pouco nas bordas e prendel-a com alinhavos pelo ladode traz.

Cortem dous pedaços de entretela do mesmo tamanhomenos um centímetro de cada lado, das tiras; sobre a entre-

tela collocarão uma outra fazenda qualquer, que servirá deforro, e depois a fazenda jà bordada presa com ponto,grandes pelo lado de dentro. Colloquem então um de cadalado do fundo do porta-jornaes, tendo o cuidado de égua-lar o desenho, de modo que pareça um só, como repre-senta a nossa figura.Prendam bem essas tiras pelo lado do avesso e pela&beiras dobradas em baixo e em cima do porta-jornaes.Para que não se vejam, todos esses pontos pelo ladode traz forrem-no com uma fazenda de fantazia.Podem também, querendo, enfeital-o com' um galãoposto em redor, ou mesmo uma fita.Noalto do porta-jornaes duas fitas reunidas no centroformarão um laço, que ao mesmo tempo servirá de ornato.e parapendural-o.Como vêem é de fácil execução, não requer grandespreparos e fica muito gracioso.

Olhai para o futuro de vossos filhos^***" _____ _____ ______.^_, _ in.

Dai-lhes Morrhuina (principio activo do óleo defigado de bacalhau) de

COELHO BARBOSA & B. -"•"rjSBBi-.,assim os tomareis fortes e livres demuitas moléstias na juventude

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Bibliotheca d'0 TICO-TICO MEMÓRIAS DE UMA BONECA EGYPC1A S

cabelleira, que suas caricias tinham des-arranjado.

O monarcha então concluiu:Tenho dito I...E passou, silencioso e grave, por entre

aquella gente de fronte inclinada deantede sua omnipotencia. Moysés levou com-sigo Samuel para lhe serem entreguesas moedas de ouro.

Ficámos as trez sósinhas, a princezinhaLohãvri, a pequena Salomé e eu.A princezinha estreitava-mc contra seu

peito e olhava para a pequena judia.comseus grandes olhos, ternos e melancoli-cos. A pequena judia approximou-semaisd'ella, um pouco pallida. Quandobem perto, hesitou um momento; masdepois, com uma espontaneidade encan-tadora, enlaçou com seus braços roliçoso busto da princezinha.Gosto tanto de ti!... tanto 1... queamanhã virei brincar comtigo ! — disseSalomé. —Acredita que não estou abor-recida, que não tenho inveja por possui-res a boneca!...

Então as duas meninas, de condiçõestão differentes, sempre abraçadas, puze-ram-se a chorar.

Apertada entre o peito das duas, euouviadistinetamente o bater d'aquellescoraçõesinhos, tão ternos e ingênuos.Grandes lagrymas, quentes e pesadas,cahiam sobre minha túnica de purpura...Era a segunda vez que eu via e sentialagrymas, mas d'essa vez eram lagry-mas de alegria I...

II

. ..Era uma delicia ir-se banhar no rioNilo. Partia-se numa liteira, conduzidapor escravos. Lohãvri e Salomé, chilreavameomo passarinhos.

Eu oecupava o meu logar, entre aprinceza e a judia. Ora levava o meuvestido azul, ora o verde, oamarello ou ocor de rosa.Minha túnica vermelha tinhaapanhado tanta chuva no dia da minhachegada ao palácio, que fora precisosubstituil-a immediatamentc.

Chegava-se á margem do grande rio.Alguns homens entravam nelle para osondar e fustigavam a água corrente[para afastar os alligatores) com compri-das varas.que faziam saltar as águas empequenas gottas-

As duas meninas batiam palmas decontentes, rindo muito e o espectaculodava tanto prazer que eu mesma quizerapoder bater palmas, para applaudir co-mo ellas. Em seguida despiamo-nos,sendo uma escrava especialmente dedi-cada ao meu serviço. Envolviam-nos emtecidos estofados.de cór branca; uma dasduas, que eu considerava ambas minhasmamãsinhas, tomava-me em seus braçose assim descíamos para o rio. Então, eradelicioso I As flores do íris e do Lotus,como acariciando-nos, tocavam leve-mente nossos braços nús. Uma íbis córde rosa.ave vulgar no Egypto, surpre-hendida, voava assustada. Uma libel-lula gigantesca, inoffensivo insecto, jul-gava ser a pequena Salomé uma fiòre pousava-lhe na cabeça; os peixes na-davam mesmo á flor da água; os seixospolidos rolavam debaixo dos pés e umcolibri, não muito longe, no alto de umjunco. que não vergava ao peso da mi-nuscula e formosa avesinha, olhava-nos,parecendo dizer-nos: — Andem, venhamagarrar-me !...

... E eram exclamações de alegria, ri-sinhos, verdadeiro e intenso júbilo... Aprincezinha sahia do banho com as palli-das e mimosas faces da cór da aurora ecada dia que passava se tornava mais ro-busta, ia ficando mais alegre. A' sahidado banho friecionavam-nos com óleosperfumados

Os escravos, a principio, affirmavamque o tratamento pelos banhos me eramuito útil.

Mas Lohãvri aborrecia-se quando ouviaisso, pois não era de tal opinião e quizqued'ahi em diante eu fosse sempre fric-cionada e perfumada com finas essen-cias.

Uma manhã a pequena Salomé, aoprestar-me seus cuidados de terna ma-mâsinha, notou uma fenda em minhaperna direita e também que meu rosto iaficando um pouco gretado !...

Foi uma desolação !... Lohãvri con-sultou o príncipe seu irmão, mais velhoum anno que ella e elle foi de parcerque os banhos faziam desappareceras ca-madas de verniz que me cobriam.

Ai de mim ! a partir de então não maisfui ao Nilo, acompanhando ao .banho, mi-nhas mamãesinhas !... Mandaram-mc aovelho Samuel para que reparasse os es-

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que eu não soube decifrar. Metteu-medebaixo do braço esquerdo e sentou nodireito sua neta Salomé, a quem a avótinha vestido a túnica dos dias de festa;mas que pobre túnica, já tão usada, qua-si no fio, apesar de asseiada e que já es-tava tão curta !

O velho judeu caminhou por muitotempo, vergado a seu duplo peso. Eusuffocava dentro do papyrus. Emfim como movimento do andar de Samuel o pa-pyrus abriu-se um pouco e eu poude ver

O velho ajoelhara-se, inclinara a cabeça

uma nesga do lindo ceu azul e respiraro ar embalsamado, que me refrescou orosto afogueado.

Dopois o velho'parou, poz a neta nochão e collocou em suas pequeninasmãos o embrulho informe, que eu era.Oh ! como se tornou radiante de alegriao rosto encantador da pequena judia I...

— «Para mim ?... ella é para mim?...»balbuciou com voz, que a comoção em-bargava.

—«Não, filha de meu coração... disseamargamente Samuel—A boneca não é

para ti, não pôde ser. Mas diz-me : de-sejas muiio tornar a ver teu pobre papáe tua linda mama ?...»

—«Sim... papá... mama...» — mur-murou a creança quasi a chorar.

—«Pois bem, se desejas vel-os, é pre-ciso que renuncies á posse d'essa boneca...é preciso que a offereças áquella menina,que vae passar por aqui. Vem, eis queella se approxima, por entre as palmei-ras... Vae,_Salomé, vae minha neta!...coragem, não tenhas receio... e que

Deus te inspi-re !...»

Percebi depoisque Salomé davaalguns passos...duas mãosinhasnervosas pegaramem mim, tiraramo papyrus, queme envolvia e...julguei-me em umlogar encanta-dol...

Emvoltademimum maravilhosojardim ostentava amagnificência desuas flores, desuas arvores gi-gantescas.de suascascatas, de suasaves raras. Nomeio das palmei-ras erguia-se umpalácio, cuja fa-chada e paredeseram cór de rosa,a cupola cor deouro, a dominarsuas linhas graci-osas. Estávamos

em uma avenida, que serpenteava poren-tre massiços da bella plantaacanthos e daformosa flor do Lotus. Samuel, com aface quasi tocando a terra, prostrado,conservava-se immovel e mudo.

As mãosinhas, que se tinham apodera-do de mim pertenciam a uma linda me-nina, pallida, vestida conruma compridatúnica de seda azul,toda semeada de scin-tilantes pedrarias e que ostentava na suafronte linda, a facha dourada dos Pharaós,que assim se chamavam então oc reis doEgypto.

Bibliotheca d'0 TICO-TICO

A menina era acompanhada por nume-rosa comitiva : mulheres ricamente ves-tinas, pagens, soldados com armas bri-lhantes... Salomé abrira muito os olhos,extasiada perante tantas maravilhas !.

aqui. Foi elle quem fez essa boneca paraeu te offerecer.A princezinha dirigiu-se ao velho Este

eslava curvado sobre os joelhos e, comas mãos estendidas, via chegar a prince-

Quanto á menina, que já sabem ser uma sinha a quem dirigia um olhar cheio dprincezinha, só tinha olhos para mim. supplica.

Que queres domim, pobre homem?— disse ella, pou-sando sua mãosinha,cheia de anneis so-bre a branda cabeçade Samuel.

Lê o papyrus,alteza, e íicarás sa-bendo o que desejo.

A linda meninaolhou para o perga-minho, que estava apequena distancia edisse :

—Moysés, lô essescaracteres hebreus.

Um moço, que seachava junto dos pa-gens, adeantou-se,levantou o papyrusdo chão e percor-reu-o com a vista an-tes de o traduzir. Nobello rosto do moçoappareceram si-gnaes de profundapiedade.—Saberás, Alteza,que este velho se

chama Samuel. Seufilho Jacob e Lêa,

mulherd'este. acham-seentre os escravosjudeus ao serviço do muito poderosoPharaó, teu pai. Ha duas semanas [duasluas, como diziam os antigos) quando,occupados com outros servos escravo?em reparar uma das pyramides do nossoEgypto, que são maravilha de todo omundo, a pyramide de Cheops, transpor-tavam pedra, o calor do sol ardente eabrazador indispoz Lêa, que cahiu naarêa e não poude levantar-se, mesmo aisso obrigada pelo chicote do homem quetoma conta do grupo dos escravos de queella fazia parte. Jacob foi em seu soe-corro.

Foram aceusados de terem deixadode trabalhar e agora esperam na prisão

)

Ü^l^ir 'Lèa cahiu sobre a areia.

Que linda boneca!... — disse ellafinalmente, apertando-me contra o peito,com aquelle maravilhoso gesto, instinc-tivamente maternalde todas as meninas.

Como te chamas?—perguntou ella,dirigindo-se á pequena judia.Salomé ?

A princezinha franziu as sobrancelhas., —Ah !—disse ella um pouco desgos-tosa — então és judia ouhebréa?...

Sim, sim — respondeu a menina.E como pudeste, tão pequena, vir

sósinha até aqui >...Salomé teve um sorriso argentino

e, estendendo o braço, indicou Samuelcom o dedo e disse :

0 cal de meu pai conduziu-me até

MEMÓRIAS DE UMA BONECA EGYPCIA

a justiça de teu pai, o grande Pharaóe a tua piedade...—Que fazahi esse velho cão judeu ?—perguntou friamente e com voz severa,um homem; que chegava.

Todos os que alli se encontravam,me-nos a princeza c apequena Salomc.sepuzeram de joelhos e Samuel tornou ásua posição humilde. A princezinhametteu-me debaixo de seu tremulobraço e correu para o recém chegado,dando um grito de alegria.

—Pai I — Disse ella — elle trouxe-meuma boneca !... uma linda boneca 1...olha!

Um homem de elevada estatura e es-guio, vestido de purpura e tendo nafronte uma estreita fita de ouro, dirUgiu-me um olhar de desdenhosa indiffe-rença. Depois, seus olhos terríveis, in-flexíveis e negros, dirigiram-se cheiosde ternura para sua filha. Estendeu,paralhe fazer uma caricia, sua comprida epallida mão.

—Desejava ver-te sempre assim, comote vejo hoje, de cores rosadas, minha fi-lha—disse elle.

—Estou com bellas cores, porque soufeliz— disse a princezinha — Vês comoeila é linda, com seu vestido vermelho,de seda, e seus olhos abertos que pare-cem olhar para mim ?

Quanto pôde o amor paterno!... Ogrande Pharaó, o monarcha severo, in-clinou sua cabeça altiva, coroada de ouroe sorriu para mim, pequena boneca depáo, pintada...

Confesso que tive um estremecimentode orgulho.O rei do Egypto approximou-se de Samuel, ainda ajoelhado, e tocou-lhe levemente numa das sandálias quetinha nos pés.—Levanta-te, velho.Tu proporcionastegrande prazer á princeza Lohãvri, minhafilha. Que desejas em recompensa ?

Então Moysés adeantou-se, para formu-lar a supplica ao soberano. E antes queo velho Samuel acabasse de tremer e depensar no que devia pedir, Moysés dissegravemente :

Senhor 1O rei Pharaó murmurou :

Não esqueço que elles são teus ir-mãos, Moysés, e também não esqueçoque minha irmã te salvou da morte, nasmargens do Nilo, onde,indo tomar banho

com suas damas, te encontrou, menino,dentro de um cesto de vimes, em que tuamãi te colllocara, já de propósito paraseres encontrado pela princeza que ellasabia devia ir alli e te tomaria sob suaprotecção...

Depois o rei, lendo rapidamente o quese achava escripto no papyrus, ordenou :

—Dêm immediatamente a liberdade aJacob, filho d'este velho, e a Léa. mulherd'aquelle. Entreguem-se dez moedas deouro.com minha effigie,ao velho Samuel.Tenho dito 1

wífw

èhW— Voltei d choupána, no meio das flores

de íris,..

Não... pai; espera! ainda não dis-seste tudo — exclamou a princezinha. —Quero que Salomé me acompanhe! Que-ro brincar com Salomé 1...

O rei então acerescentou:Todos os dias, depois das doze ho-

rasaté ao por do sol,Salomé virá brincarnos jardins do palácio com a princezaLohãvri. Será conduzida por uma escol-ta a casa de seus avós e receberá decada visita vinte peças de prata.

Fez umâ pausa,olhando para sua filha,no desejo de saber se ella ainda tinhaalguma cousa a pedir. Mas a princezinhanada disse, oecupada a compor minha

1O TICO-TICO O OAO E O CBOW> (HISTORIA DE CIRCO) 23

¦

Mim vai botar este franga assado perto do «cachorra» guloso, mas Mim amarra o prata do franga com uma barbante, passa a bar-v°rn

tal habilidade que «cachorra» não poderá comer frango. Querem bante em duas rodas de ferro, pendura tudo' no parede.

Põde amarra o dachorra no outra ponta da barbante E ahi está. Agora mim quer ver como é que cachorra guloso se arranja. Não

e comer o franga.

"mt -**Mà{&i*/£U

Elle bem que quer avançar Mas, quando avança.puxa a barbante e o franga sobe com prata e tudo Ih ! coitada de cachorra guloso,nãoPode come franga

¦ ;-'.

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"" ~ ^ * &u i_£h ien ! cachorra o-uloso rebenta barbante e avança no prato. Ai, minha franga tão gordinha, tão cheirosa! Agora nem osso escapa

24 AS AVENTURAS DO CHIQUINHOO NOVO PROFESSOR (-CONTINUAÇÃO)

O TICO-TIC

1) Feito isso Chiquinho foi a seu cofre, tirou-lhe algum di- 2)... comprou uma cabelleira para senhora e armado com singular I})'nheiro e, sahindo á rua, correu a uma casa de um cabelleireiro nato voltou a toda a pressa,que ficava alli perto .

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Blfi çx\s

dado,3] Encontrou ainda o Si Zacharias dormindo e, com muito cui- 4) a cabelleira feminina. Imaginem o espanto de mamãe cuaí1), collocou-lhe sobre a cabeça.. voltou e viu aauella estranha fio-,,™ ' Hvoltou e viu aquella estranha figura.

(Continua) %

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OIfloina'- UthoirraphiORS d'0 YIAL.HO

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