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l S B N 978-85-65888-88-2
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Rei tor Z:iki :\kcl Sobrinho
Vice-Reito r Rogério A ntlr:u.lc Mui i na ri
Pró-Reitora de Extensão e C ultura Dcisc C risrin J d e Lima Picanço
Diretora da Editora UFPR Suzcrc de PaulJ Bornarru
Vice-Direto r da Editora UFPR Allan V:úcnu tb Silv..:i ra
Conselho Editorial Andrc de ~1acet!o Duarrc
Anna Bcarriz da S ilveira P:tub Crisrina Gonçalves de Mendonça
Ed ison Luiz Almeida TiLZOI Elsi Jo Rocio Cardoso AIJ110
Even on Passos Ida C hapav:ú Pimc.: nrcl Lau ro Brito d e Al m c.: ida
Mareia Sancos d e Menczc.:s M . A ·1· d an a uxi 1ª o ra M . dos Sam os Schmid 1
Maria C ri stina Bo rba Braga Naorake Fukushim:t
Serg io Luiz M c.: isrcr Bcrlczc Scrgio Said Srau r Jun ior
Ottmar Erre
SaberSobreViver A (o) missão da filologia
-
© Kulrurverbg K:idmos. 2004 ; Übcrl c bcnswisscn. Dic :\ufgabc der l'h ilologic
SaberSobre Viver Coordenação Editorial Danielc So:m:s Carneiro
Editoracáo Eletrônica So''"'Crro Design Edirorial "" -
Conccpção da Capa Tobias Krafr
Traducáo e Revisão Ros;n i Umbach
Paulo Asror Soerhe
Demais Tradutores Fernanda Boarin Bot'chat
Nacasha Pereira Silva Norma Carolinc Müller Demamann
Sibele Pauli no Sirlenc Nair Neubauer
l~ssia Klcinc Teruco Arimoro Spcngler
T iago Leichsenring
II us trações Úlrirna capa: Anónimo, México. século XIX.
lncerior e.lo livro: Encyclopédie, J\!l111111scriro rnervo. Historia de Jacobo, de Max Aub.
Série Pesquisa, n. 266
ÜN!VERS! DADE FEDEIV\L DO PARAN,\
S ISTEMA D E B I BLIOTECAS
BrnuoTECA CENTRAL - CoORDENAç,\o DE PRoCEssos Tü:N1cos E8')s E11c. Ü ttm::ir
S.1U<.·rsobre"Viv<..·r : .1 (oJmissJ.u d...1 filoJol!i .1 I 01tm.1r Euc. Curilib.1 : Ed. L FPR. 20! 'i. •
L~O p. : d. : 2.t ) < m. ~ )~rk pc:squis,1 : n. 2.6ó). Biblio~r Jtl.1: p. ) J -)_ \ l ú ISB!\ rR-8'i-1,'i8KK-.~8-2
1. Filolo~iJ . 2. Filolo~1.1 · h lo;otJ.1. \, Filoloi:1J ru111.rnic.1. 1. Li<n.11ur• rornânica. 1. Tirulo. 11. \erit•
Biblio(ccüio: Anh11r Lt;m), lunior - CRB 911548
ISBN 978-85-65888-88-2 Ref 789
Direitos desta edição reservados à
Editora UFPR _Rua João Negrão. 280 _ 20 andar_ Cenrro rei.: (41 ) 3360-7489 - Fax: (41) 3360-7486
80010-200 - Cuririba - Paraná - Brasil Caixa Posral: 17.309
[email protected] www.edirora.ufpr.br
201 5
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S b S b \'i\'L'I' Orrmar Erre . a er 0 rc:
Onmar Ette é cacedrácico de Lerr:Js Ronü11ic.1s na Universidade de Po rsdarn. Alemanh:i. auror. naguele país, de obr:is de referência sobre José Marrí e Roland Banhes. Coordena arualmence ·1
edição crírica dos Diários de Vit1gem Ameriw11os de Alexander von Humboldr, J quem dedicou diversos escudos e a ediç.io crí1ic.1 de Kosmos (2004), gue hoje serve de n:f~·rc nci . 1 :1 ediç:ío brasileira, em prepa raç:10. É .1111nr. en crc.: diversas publicações réoric1s pro!?,r.1111.i1 ic.is. de Literatura en rnovirniento. Esp11cio y cli111imict1 ),• una escritura transgresom de Jrontems entre E11ropt1 Y América (Madrid, 2008) . ln regra desde 201 O .1
Academia Europaea, e desde 2013 a Academia de Ciências de Berlim-Brandenburgo. Em 2014, passou a inregrar a selera galeria de Membros Honorários da Modem Language Associacion of America (M LA) , ao lado de personaliçiades como Umberro Eco, Gérard Generce, Julia Krisrevá e Tzveran Todorov.
Para minha m ãe
hz memoriam
Eis o qu-: é com um :i magia i: :1 111i:ns.1ui:111 si:cr-:c.1 d.1s llHHHa11h:1s. T.dv..:1.
. "" :l. I' . i i ll\)1111) di: p.1r-:ci:r is llHl ll l:rnhas irrat 1..:111 con 1.uH;. · r
~;>1Kd1iv-:I que luja \1111 i:s1.1do lln.d d-: quii:1udi: i: di: p.11
cnm .1 vida ...
A11rc' ' 11111ar. ) _, " IS ·/ . 1 . O· 'lp,. _ tf,._,.,,.1111-.io ..,,,.,.,,,,•1r.i d,· 11111 1111r11
Pnr u111 conh-:cim-:nrn qu-: . rJ 1 ,·i&i naoa-s-: caro J..:111.ii~.
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Sumário
Ponto de partida Lirerarnra como saber sobre :1 vidJ, Estudos Li1er:i rios t:omo C iência da Vid.1? .-\!0111 d.1 lclrç.1 1·i1al : Do ' abn ,obre a 1·ida..: da vid:1 propria dll li1er.iriu: l\it>ci01h:i.1s ,. C :ic·11ci.1, da 1· id.1: l h ,j,1c.: m.1' f1111d.1111em.1l mc.:nrc.: co111pl..:xm ,Jo l' Í l't"lll<.: e.: dll li1tT.iri,1
Um. Horizonte O esp.1ço glob.1lizanre Jo saber.
Perspecrivas de um.1 ciência para o século ~'{ )
\;ma cul rnr.1. d11.L\ culiuras. m:s culrnr:is; Tr;11J>discipl in.1rid.1d..: e cont:epç.iu ,lt· mundo: Co 11sci011t:i.1 do 11rn11do e.: .1 ubra de um:1 vida; l/11mho!tlf11111 11•rlfn1,f(. pop11l.1ri1 .• 1ç.io e.: tl..:mocrarilaçfo do ,,1btT: Cma ciência para o ,.:culo :\..'\I
Dois. Atlas A (o) missúo da lllologia.
Sobre os cLissicos da Rom;inísrica na .irea de Esrudos Lirer:irios
O pr:u.a do 1exm: Por uma hisrória cspccializad.1 das for111as de: c:s.:ri1.1: Erich .-\ut'rh.Kh ou .-\ m1mc, is do ~ui<'iro cit-nr1 tico: Hugo fried rich nu .1 Cl>lu11a "errehr.11 d.1 n mrade de: (011 hc:cimen10: \Xlern c:r Krauss ou a ~onfronr:1ç :io com os prohl..:ma' fu11d.1mc:n1.lis: Erich Kühler nu .1 im: id~ 11c ia do aca.~o: Pelos Esrndos Lirc:d rios sem morad .1 lixa..: pela reali1 .1ç:io de: 1udo que: c·src:ja :w .1lcance do romanisr.1
Três. Intersecção O roman isra t:omo romancisra. Uma <lourrin,1 d.i vida como saber-sobreviver
O código po~t:il d.1 lic..:rawr:t: Escrira sem fim : L'ma li1c:rarnra do lim ite:: Da 1·0,aç:io do )C:r hum.1no: Cripwtllulogia como doutrina do ,ohrc:YiYer: Uma lita aru r.1 do limite•
Quatro. Combustível Corpo. Saber. Pr.1zer. O projero de Esrudos Lirerários de c 1rne e osso ·\ li 11µ 11 .1µ<· m ( 01110 pele: l.iigic:is múltiplas do pr:vc:r do /110 rc:x10: l'rater.:• dn corpu. 1>r.11<-rn ' '" <"fl"H·ivo , .. 1vc: 11ruras do conht·cimcnro: Corpo. Sahc:r. Pr:11cr: A wl ice do u •rp1>-.1111111,1d1 •: I· w < 1111 llt'< i m~nm desse.: pr:11..:r'
Cinco. Tomada de posição C iência como jo!!,o i11,-.1 llli l. Observações sob~e o jogo das l ~ ie11Li.1s (! 1!1111.111 . 1.~) C: i0nci.1 como prc:conec·iio: Ci,;nt:ia ( llllh• ioµ<• ,k 1111 ,·q11t·1.1,.1 .. : 1 l<'IKi.1 <.:01110 jogo de podc:r: l "i(;ncia n rnw gai.1 L iC:nci.1: C 'iC:nci.1 ú>lllll uêll< 1.1•1 111< .1" < • 111111, 1,' n• 1.1 1'' "i1 i1 i,1.1:
( :iC:nl i.1 L0111o jo~o i 1;1:1111 i1
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101
129
Seis. Emigração Viver sobre viver.
Sumãrio
Saber-sobre-viver a parrir da d 1· -Duplicar vid~··· H" . . up ICaçao . . . . . . . . . . . 1--
~. iscona mundial 1 · • • d · · · · · · · · · · · · · · · e saber sob · · e liscona e vida sem c · · Es - re-v1ver: Vida à meia-luz e líno ornmao: crica auro/bio~r:ílica
S :;,ua macerna como cerra p:ícria ,
ete. Campo Manuscriros de foras-da-lei.
Enrre homo sacer e homo ludens Familiaridade do d d · · · · · · · · · · · · · · · · . J 9-:" csca o e exceção· F d ............... . comunicativo· EI · ormas e rnorce sob 1 -O
. · emcncos e origens da fi · - 0 JlOl cr cocai: lcoria do corvo Jogo (nos cc ) d nccao cocaJ· O po l · l d mpos o campo; Do lombo. do · t cr t csnu o e a vida sohcr:uu:
couro Oito. Imigração
~ s~i rirus vecror da Europa.
Parrias e línguas marernas O mico da fronce· . . · · · · · · · · · · · · · · · · · · . . 25:i uJ
ira e o m1co Europa· A [' · · · · · · · · · · · · · · · · c curas; Lírica e I . . mgua da mãe r d homo m pos- ccmpos de migracão· S . . ' ccupcra a: A C.1ravançarai das
sncer · • ptncus vcccor ou a escrita na sombra do
Nove. Companhia de -o·ri viagem O'. erença, Poder, Tolerâ ncia.
iro reses e a renrariva de um d' 'J S b 1ª ººº enrre ·' · a er e ciências da convivência· "Ti . º . c1enc1a e polírica . . . . . . . . . . 259 normas que ag d • olcranc1a baseia-se , d' . Tolerânc1· - ra am ao poder; Tolerância é procel . em. tspan<ladi.: de poder c cria
a nao permite a açao con1 vê11ci 1· cend e aJ ' o oucro comar a a] ' a com os t ias conrados: e a rorc ecer dei" · • .. • P avra nem co . . . . d . . 1m1raçocs Jª dadas , . mar consc1cnc1a: folcr:incia
e moracona com a d' 'd encre o propno e o ali . Ti 1 a exclusão· T, 1 . • ivers1 ade; A rolcrância ess ·ai· • 1e10: o erância é um acordo de.' . .º crancia baseada cm rcconhe . enc1· iza a diforcnça e conrribui com
IXa para rras O discu d (" ) Cllllenco da diforen j JJ di fe rença . ~so a 1n colcr:incia: Tolerã . b . ça. lo a 1cio 110 próprio. 'cm uma log1ca relacional neta ascia-sc cm uma lógica bi n:íria. ::1
Noras
Bibliogr.afl~ ·s~Íe~Í~~a·d·a· .. · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · . . . . . . . . . . . . . . . . . 283 ...... .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315
Ponto de partida Literatura como saber sobre a vida,
Estudos Literários como Ciência da V ida?*
Além da fo rça v irai
Aproximando-se do fim de sua vid a. Epic:umo recebe de Dionísio a o rdem de
inrerprec:1r um .1famado quadro e m rorno do qu:il havi:i nrniro rempo o pm·o Je
Siracusa se reunia. Apesar de rodas as renrariv:is de explic1ç.10. o enigma Jesse
quadro, ,10 qual mais carde deu-se o cículo de O ge11io de Rodes. perm.1necia sem
solução. Nessa obra de um arrisca desconhecido. vê-se rode:ido por um grupo Je
r:ipazores e moças nus um jovem gênio. quase uma criança. que de olhar di,·ino
segura para o alro uma rocha flamejance. De modo imperioso ele mira de cima os
jovens que escáo a seus pés. reunidos de maneira ao mesmo rempo saudosa e afli u.
A necessid:ide de inrerpreraçáo rorna-se mesmo iniludível quando um navio que
parcira de Rodes e encrara em um porro de Siracusa rr:1z :10 rirano uma pincura
que mosrra o mesmo gênio enigmárico no me io do seu grupo. só que agora com
a cabeça pendendo para baixo, a rocha :ipagada e rodeado de moças e rapazores que se abr:.1çam em esrado de liberração: cabe a Epic:1rmo. o tl lósofo. resolver o
e nig m :i. E dá cerco. Mesmo que o a migo da verd:ide viva longe da corre. que subrrai
mesmo aos mais espiricuosos seu espírico e sua liberd:.1de. ele rem consciência
de suas obrigações .111re o poder. Ass im, como os füósofos cosrumam fazer, após
inrensiva obs~rvação de ambos os quadros ele reúne seus alunos em rorno de si e
lhes revela p segredo: O genio de Rodes s imboliza a força virai que, diforenremenre
do que ocorre na n:Hureza inorgànica. une no organismo. de modo imperioso.
rodos os elemencos e subsrâncias que ademais se manceri:un afasrados. JO mesmo
rempo que manrém discances um dos ourros rodos os q ue, sem a força virai. se
veri.1111 1..·o mpl·lidos .1 .1i;lomera r-se, fundir-se e dissolver-se. Ep icarmo esrá seguro
do que Ji1.:
'Cheguem mais pnto. meu~ .ilunos. e rc·cn 11 hl'ç.1111 no gcnio de Rodes. na .::xprcssão de sua força juvenil. na borboleta sobre o 'l'll "mhro. llll olhar de ,ohcr:1110 l)llC parre de seus olhos o símbolo dajbrça vital. e como d a .1 11 1111.1 l.1d.1 ):.:n mc d.1 cri.11,.io orgân ica. Os elemcncos da cerra, a seus pés .. 1nseiam como que 'q:uir 'c'll' pmpr11" dnc·10' ,. 111isrurar-se uns com os outros. Prescritivo. o gênio os ameaça com .1 wc.ha dl''':1d.1 " tl.1111q.11Hc l' m ohrig.1 .1 seguir as leis dele, J despeico dos direicos que ances deonha111.
TrJuu~:io Je Natasha Pereira Silva. revisão Je Paulo Asmr Socthc
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