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LABORATÓRIO DE REDAÇÃO – 2013 27 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias OSG.: 69971/13 PROPOSTA I (ENEM) Leia atenciosamente o texto abaixo. A seguir, explore-o detalhadamente com o intuito de coletar as melhores ideias por ele apresentadas. A partir daí, elabore uma dissertação-argumentativa com base no tema: SECA E POLÍTICA, UM IMPASSE QUE NÃO TEM FIM. Use linguagem padrão em todo o processo do seu texto. ... quero pedir que Vossa Santidade interceda junto a São Pedro pra mandar uma chuvinha lá pro Nordeste. O Povo, 20/03/13 PROPOSTA II (ENEM) O texto abaixo é um elemento inspirador para você escrever o seu. Leia criteriosamente e, em seguida, desenvolva texto dissertativo-argumentativo acerca da frase extraída do texto: TOLERÂNCIA ZERO PARA O RACISMO FUTEBOLÍSTICO É ALGO QUE NÃO PASSA DE UMA PROMESSA VAZIA. Use argumentos bem consistentes. UM JOGO SUJO Londres Nenhum esporte desperta tanto ardor global quanto o futebol, mas essa paixão tem ultimamente revelado um lado sujo. Quando estive no mês passado em Israel, torcedores do Beitar, um clube de Jerusalém, estavam irritados com a possível contratação de dois jogadores muçulmanos da Tchetchênia e estenderam uma faixa com os dizeres “Beitar puro para sempre”. Na mesma época, as furiosas repercussões do tumulto que matou mais de 70 pessoas em 2012 num estádio de Port Said, no Egito, continuaram tirando vidas. Penas de morte para os acusados de serem os responsáveis levaram a novos homicídios, enquanto torcedores de dois clubes importantes, o Al Ahly, do Cairo, e o El Masry, de Port Said, trocavam acusações. Semanas antes, o meio-campista germano-ganense Kevin-Prince Boateng, do Milan, abandonou o gramado em reação a um xingamento racista durante um amistoso contra outro time italiano. Ele foi seguido por seus colegas de time. O gesto de Boateng foi comparado ao de Rosa Parks ao não se levantar do seu assento num ônibus [racialmente segregado] do Estado do Alabama, nos EUA. Em outubro, na Sérvia, dois jogadores negros da seleção sub-21 da Inglaterra foram alvo de imitações de macacos, e o time acabou sendo repreendido por perder as estribeiras no final da partida. A equipe sérvia sofreu apenas uma multa branda. Tolerância zero para o racismo, como clamam as autoridades futebolísticas, é algo que não passa de uma promessa vazia. O racismo não é novidade no futebol, é claro, mas o mundo alterou o jogo. A atual onda de violência e crueldade ocorre 15 anos depois de a França ganhar a Copa do Mundo com um time de tamanha mistura afro-árabe-caribenha que Jean Marie Le Pen, então líder do partido anti-imigração Frente Nacional, queixou-se de que aquela equipe não era autenticamente francesa. Foi o triunfo do “black, blanc, beur” (“negro, branco e árabe”). Doze anos depois, na Copa do Mundo na África do Sul, surgiu um bom time alemão com figuras como Mesut Özil (muçulmano de ascendência turca), Sami Khedira (meio tunisiano) e Jerome Boateng (irmão de Kevin-Prince, com pai ganense e mãe alemã). “Minha técnica e minha intuição pela bola são o lado turco do meu jogo”, comentou Özil. “A disciplina, a atitude e o ‘dar sempre tudo de si’ são a parte alemã.” A Alemanha havia deixado para trás a visão “Volkisch” da nacionalidade – baseada na linhagem do povo alemão –, o que parecia refletir uma abertura mais ampla das mentalidades.

LABORATÓRIO DE REDAÇÃO – 2013 27 · Zinedine Zidane, o astro da seleção francesa campeã mundial, um jogador que parecia fazer arte sem esforço, é filho de imigrantes argelinos

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Page 1: LABORATÓRIO DE REDAÇÃO – 2013 27 · Zinedine Zidane, o astro da seleção francesa campeã mundial, um jogador que parecia fazer arte sem esforço, é filho de imigrantes argelinos

LABORATÓRIO DE REDAÇÃO – 2013 27

Linguagens, Códigos e suas TecnologiasOSG.: 69971/13

PROPOSTA I (ENEM)

Leia atenciosamente o texto abaixo. A seguir, explore-o detalhadamente com o intuito de coletar as melhores ideias por ele apresentadas. A partir daí, elabore uma dissertação-argumentativa com base no tema: SECA E POLÍTICA, UM IMPASSE QUE NÃO TEM FIM.

Use linguagem padrão em todo o processo do seu texto.

... quero pedir que Vossa Santidade interceda junto aSão Pedro pra mandar uma chuvinha lá pro Nordeste.

O Povo, 20/03/13

PROPOSTA II (ENEM)

O texto abaixo é um elemento inspirador para você escrever o seu. Leia criteriosamente e, em seguida, desenvolva texto dissertativo-argumentativo acerca da frase extraída do texto: TOLERÂNCIA ZERO PARA O RACISMO FUTEBOLÍSTICO É ALGO QUE NÃO PASSA DE UMA PROMESSA VAZIA. Use argumentos bem consistentes.

UM JOGO SUJO

Londres

Nenhum esporte desperta tanto ardor global quanto o futebol, mas essa paixão tem ultimamente revelado um lado sujo.Quando estive no mês passado em Israel, torcedores do Beitar, um clube de Jerusalém, estavam irritados com a possível

contratação de dois jogadores muçulmanos da Tchetchênia e estenderam uma faixa com os dizeres “Beitar puro para sempre”.Na mesma época, as furiosas repercussões do tumulto que matou mais de 70 pessoas em 2012 num estádio de Port Said,

no Egito, continuaram tirando vidas. Penas de morte para os acusados de serem os responsáveis levaram a novos homicídios, enquanto torcedores de dois clubes importantes, o Al Ahly, do Cairo, e o El Masry, de Port Said, trocavam acusações.

Semanas antes, o meio-campista germano-ganense Kevin-Prince Boateng, do Milan, abandonou o gramado em reação a um xingamento racista durante um amistoso contra outro time italiano. Ele foi seguido por seus colegas de time. O gesto de Boateng foi comparado ao de Rosa Parks ao não se levantar do seu assento num ônibus [racialmente segregado] do Estado do Alabama, nos EUA.

Em outubro, na Sérvia, dois jogadores negros da seleção sub-21 da Inglaterra foram alvo de imitações de macacos, e o time acabou sendo repreendido por perder as estribeiras no final da partida. A equipe sérvia sofreu apenas uma multa branda.

Tolerância zero para o racismo, como clamam as autoridades futebolísticas, é algo que não passa de uma promessa vazia.O racismo não é novidade no futebol, é claro, mas o mundo alterou o jogo.A atual onda de violência e crueldade ocorre 15 anos depois de a França ganhar a Copa do Mundo com um time de

tamanha mistura afro-árabe-caribenha que Jean Marie Le Pen, então líder do partido anti-imigração Frente Nacional, queixou-se de que aquela equipe não era autenticamente francesa. Foi o triunfo do “black, blanc, beur” (“negro, branco e árabe”).

Doze anos depois, na Copa do Mundo na África do Sul, surgiu um bom time alemão com figuras como Mesut Özil (muçulmano de ascendência turca), Sami Khedira (meio tunisiano) e Jerome Boateng (irmão de Kevin-Prince, com pai ganense e mãe alemã).

“Minha técnica e minha intuição pela bola são o lado turco do meu jogo”, comentou Özil.

“A disciplina, a atitude e o ‘dar sempre tudo de si’ são a parte alemã.”

A Alemanha havia deixado para trás a visão “Volkisch” da nacionalidade – baseada na linhagem do povo alemão –, o que

parecia refletir uma abertura mais ampla das mentalidades.

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Laboratório de Redação – 2013

OSG.: 69971/13

2 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Os limites dessa abertura agora estão claros.O tribalismo é arraigado no futebol. O clube é a identidade. É uma válvula de escape numa época de frustrações abundantes.

Ele incorpora o pessoal à multidão: ninguém pode saber com certeza de qual garganta emana aquele grito de ódio. É também uma grana preta.

Os dirigentes não querem ver sua franquia de bilhões de dólares ser maculada pelo racismo, mas também não querem que ela seja politizada por um movimento maciço de abandonos de campo como o de Boateng. Então eles esquivam-se e parecem fracos.

Joseph Blatter, o presidente da Fifa, assumiu um discurso tortuoso após o incidente com Boateng, dizendo que há tolerância zero para o racismo, mas que o protesto do jogador não seria “a solução”.

Havia lhe escapado o significado político de um ídolo que se declara farto de tudo isso.O futebol, há muito tempo, é o ambiente onde o talento de crianças pobres, independentemente da sua origem, pode

levá-las aos píncaros da fama e da fortuna.Zinedine Zidane, o astro da seleção francesa campeã mundial,

um jogador que parecia fazer arte sem esforço, é filho de imigrantes argelinos em Marselha.

Zidane tornou-se uma figura inspiradora na França.No entanto, o esporte que abre portas não pode ser o esporte

do fanatismo racista.Boateng deixou um exemplo que deveria ser seguido.Se as partidas pararem quando gritos racistas começam, os

torcedores vão entender o recado.O mesmo vale para os constrangidos dirigentes, que

poderiam então finalmente ser mais rigorosos contra o racismo.O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, foi um

dos que ficaram indignados com a atitude da torcida do Beitar.“Não podemos aceitar tal comportamento racista”, disse ele.“O povo judeu, que sofreu banimentos e expulsões, precisa

representar uma luz para as nações.”Isso soou bem. Mas o jogo não voltará à sua beleza – assim como a paz não vai se instalar no Oriente Médio – apenas

por meio de lindas exortações.

PROPOSTA III (OUTROS VESTIBULARES)

Os textos abaixo são recursos que lhe darão apoio para a elaboração do seu. Leia-os atenciosamente para se sentir motivado(a) no desenvolvimento de sua produção. Depois, escreva uma entrevista, na condição de um jornalista de um renomado jornal brasileiro, com o inesquecível poeta Vinicius de Moraes. Os questionamentos devem conter perguntas (em nome do jornal) e respostas (do poeta) relativas ao trabalho musical que ele desenvolveu junto a outros grandes nomes e à vida pessoal dele.

Lembre-se: escreva, no mínimo 20 linhas e, no máximo 30. Seu texto deve ser bem criativo.

Texto I

Vinicius de Moraes, poeta essencialmente lírico, também conhecido como “poetinha”, nasceu em 19 de outubro de 1913, no Rio de Janeiro, e faleceu em 9 de julho de 1980, também no Rio de Janeiro. Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. No campo musical, teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra. Na década de 1940, suas obras literárias foram marcadas por versos em linguagem mais simples, carregados de temas sociais.

Do encontro entre Vinicius e Tom nasceria uma das mais fecundas épocas da música brasileira. Os dois compuseram a trilha sonora que incluía “Lamento no morro”, “Se todos fossem iguais a você”. Além dessas canções, a dupla Vinicius e Tom compôs clássicos como “A felicidade”, “Chega de saudade”, “Eu sei que vou te amar” e “Garota de Ipanema”. Em sua parceria com o violonista Toquinho, destacam-se grandes sucessos: “Como dizia o poeta”, “Tarde em Itapoã” e “Testamento”.

O ano de 1958 foi marcado por um importante movimento da música brasileira, a Bossa Nova. O álbum “Canção do amor demais”, gravado por Elizeth Cardoso marcou esse movimento. O LP contava com algumas músicas de Vinicius e Tom, como “Luciana”, “Estrada branca”, “Outra vez” e “Chega de saudade”.

Mesmo após a morte, a obra de Vinicius manteve-se prestigiada na música brasileira. Foram lançados os álbuns Toquinho, Vinicius e Maria Creusa – O Grande Encontro e A História dos Shows Inesquecíveis – Poeta, Moça e Violão: Vinicius, Clara e Toquinho, além de livros sobre o poeta.

BERNAT ARMANGUE/ASSOCIATED PRESSTroféus queimados após incêndio criminoso na sede do Beitar, time de

futebol de Jerusalém que atraiu protestos ao anunciar a contratação de dois jogadores muçulmanos da Tchetchênia

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Laboratório de Redação – 2013

OSG.: 69971/13

3Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

Texto II

UM ENCONTRO COM VINICIUS

Meu primeiro encontro, em Poesia, depois das inelutáveis infuências da juventude foi

o de Murilo Mendes (...)

(...) Larguei do sr. João Lira Filho e dei com Guilherme de Almeida (...)

(...) O encontro de Manuel Bandeira, que coisa excelente foi! (...)

(...) São almas caríssimas, perfeitas de sentimento.

(...) Sabem esperar o amadurecimento da palavra a fim de que ela não traga engano (...)

(...) Meu olhar se concentrava sobre a magia da palavra (...)

Fragmentos do texto “Encontros”, publicado em:O Correio da Manhã, 1940.

69971/13 – Duílio 12/04/13 – Rev.: EC