Laicado Dominicano Maio Junho 2014

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  • Maio/Junho 2014 Ano XLIV - n 368

    Directora: Isabel de Castro e Lemos ISSN: 1645-443X - Depsito Legal: 86929/95 Praa D. Afonso V, n 86, 4150-024 Porto - PORTUGAL

    Fax: 226165769 - E-mail: [email protected] LAIC

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    Directora: Cristina Busto ISSN: 1645-443X - Depsito Legal: 86929/95 Praa D. Afonso V, n 86, 4150-024 Porto - PORTUGAL

    9 ASSEMBLEIA EUROPEIA DAS FRATERNIDADES LEIGAS DOMINICANAS BOLONHA, 22 A 25 DE MAIO DE 2014

    Foi a primeira vez que fiz uma viagem ao estrangeiro sozinha, sem algum ao meu lado a quem eu perguntasse: e agora, como fazemos?

    O destino era uma cidade desconhecida, o encontro era com desconhecidos (parte o nos-so frei Rui, recentemente arregimentado para Promotor Mundial), o que me esperava, apesar da documentao recebida nas ltimas sema-nas, erao desconhecido.

    Sobre reunies internacionais de Leigos Do-minicanos j eu ouvira falar, de sobra! Polnia, Itlia, Argentina, Alemanha, Eslovquia, Espa-nhaAgora era a minha vez - ir, experimentar, participar, partilhar e depois, trazer e espalhar a notcia do que l se passou.

    Ento aqui vai, o relato de uma experincia NICA.

    O contacto humano vinte pases repre-

    sentados, tantas sensibilidades , tantas culturas, tantas formas de expressar a f, tantos modos de viver o Ideal Dominicano, tantas lnguasto diferentes! Este contacto com o diferente, nem sempre fcil, emocionante: de cada vez que me aproximo de algum, descubro coisas novas, aprendo nem que seja um pouco de Ge-ografia.

    O Conselho Europeu cinco pessoas de quem j tinha ouvido falar, e que foi uma ale-gria especial conhecer, ouvir os relatos do seu trabalho nos ltimos trs anos, presenciar o cuidado com que prepararam a Assembleia,

    como acolheram os participantes. O empenho que tm em que este projecto de unio euro-peia dos leigos dominicanos prossiga e se ex-panda cada vez mais. A continuidade: dois dos Conselheiros foram re-eleitos, trs novos foram juntar-se a eles. Leny, da Holanda, Aksel, da Noruega, Eva, da Eslovquia, Arnaud, da Fran-a e Eva, da Rssia, assim ficou constitudo o Conselho que trabalhar nos prximos 4 anos.

    A Liturgia como nunca tinha imaginado, ouvir oraes em lnguas totalmente desconhe-cidas, como na Eucaristia do dia 24 (festa da transladao de S. Domingos), onde a orao dos fiis foi entoada em Polaco, Blgaro, Eslo-vaco, Checo, Hngaro, Russo, Ucraniano e Lituano. O que pediram, nunca saberei, ape-nas respondo Ouvi-nos, Senhor!

    O Convento dos frades , a Baslica, a cape-la do Tmulo de S.Domingos as Vsperas rezadas diariamente com os irmos, as Eucaris-tias celebradas junto ao tmulo de S. Domin-gos, o tero recitado na capela do Rosrio, os momentos de intervalo passados no claustro, o jantar-convvio na noite de sbado (onde de repente um frade me dirige a palavra com sota-que brasileiro frei Dorival!), foram momen-tos que nos foram proporcionados graas vizinhana do Collegio San Tommaso (onde estvamos instalados) com o Convento e a Ba-slica de S. Domingos.

    (continua na pg.7)

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    Este artigo adapta parte da comuni-cao que li na Casa de S. Jos das Irms Dominicanas de Santa Cata-rina de Sena, em Lisboa, a 18 de Janeiro, e na Casa de Santa Joana Princesa das Irms Dominicanas de Santa Catarina de Sena, em Avei-ro, a 22 de Fevereiro. Outra imagem que Catarina desen-volve na Orao 2 a da alma como um peixe, que tambm surge em O Dilogo, onde se l que a alma est em Deus como Deus na alma, tal como o peixe est no mar e o mar est no peixe(1). Esta ora-o relaciona-se com a divinizao ou deificao (theosis), hoje teolo-gicamente mais associada ao cristia-nismo oriental do que ao ociden-tal. Este estado culmina um percur-so que passa pela purificao (katharsis) e pela iluminao (theoria) atravs de uma prtica (praxis) enraizada em Jesus. O ob-jectivo da vida espiritual a partici-pao na vida divina, como se hu-

    manidade e divindade fossem um s, confundidos como guas no alto mar, um mar caracterizado como pacfico. Encontramos a mes-ma formulao aplicada no a Deus, mas a Maria, na Orao 18, dita em Roma, a 25 de Maro de 1379, na Festa da Anunciao:

    Maria! Maria! Templo da Trindade! Maria, carregadora do fogo! Maria, ministra da misericrdia! Maria, sementeira do fruto! Maria, redentora da raa humana porque o mundo foi redimido quando na Palavra a tua prpria carne sofreu. Cristo redimiu-nos pela sua Paixo e tu, pela mgoa de corpo e espri-to. Maria, mar pacfico! Maria, dadora de paz! Maria, solo frtil!(2)

    Esta coincidncia na expresso tem a ver com outra coincidncia: o modo como a redeno que Maria ofereceu atravs da sua dor e do seu sofrimento to humanos, de me, a coloca em Deus. Voltamos portanto ao tema da unio entre o humano e o divino das outras ora-es, presente tambm em Mestre Eckhart, que como ela faz parte da tradio mstica dominicana: Quando eu flu de Deus todas as coisas disseram: Deus (3). Catari-na e Eckhart procuram criar um espao em ns onde Deus se mani-feste, atravs de um esvaziamento que preenchido, uma forma de nos ver integrados em tudo, cria-dos pelo passado e criadores do futuro, capazes de fazer a experin-

    cia de Deus. Outro mstico cristo que percorreu caminhos semelhan-tes foi Angelus Salesius. O seu poe-ma O Deus no reconhecido sin-tetiza estes sentimentos e pensa-mentos de modo cristalino: O que Deus no o sabemos: Ele no nem luz nem esprito Nem verdade, nem unidade, nem o que chamamos divindade, Nem sabedoria, nem razo, nem amor, vontade ou bondade, Nem coisa, nem inexistncia to-pouco, nem essncia ou afecto, Ele o que nem eu, nem tu, nem criatura alguma Jamais experimentam seno tor-nando-se o que Ele (4). Para concluir, frutuoso lermos o que foi escrito sobre ela por quem a acompanhava que tanto foi a pequena comunidade que se for-mou volta dela como a grande comunidade da Ordem dos Prega-dores. Segundo Dominici, num dos sonhos mais vvidos que ela teve e que a levou s lgrimas de alegria, ouviu de Deus que Domin-gos desejava com toda a sua fora guiar, pelo exemplo e pela palavra, muitas almas ao meu amor. __________

    (1) Catherine of Siena, The Dialogue, trad. Suzanne Noffke OP (Mahwah, NJ: Paulist Press, 1980), p. 27 (trad. minha).

    (2) Catarina de Sena, The Prayers of Cathe-rine of Siena, pp. 185-86 (trad. minha).

    (3) Mestre Eckhart OP, Tratados e Sermes, trad. Jorge Telles de Menezes (Prior Velho: Paulinas, 2009), pp. 220-21.

    (4) Angelus Silesius, A Rosa Sem Porqu, trad. Jos Augusto Mouro OP (Lisboa: Vega, 1991), p. 67.

    (Continua na pgina 3)

    IMAGENS DAS ORAES DE CATARINA DE SENA 2. MAR

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    Deus nosso Pai, ns te agra-decemos pelo Teu amor e bon-dade, por nos abenoares com a fundao da nossa Ordem. Ns te louvamos pelas in-meras vidas que foram tocadas durante estes 800 anos da exis-tncia da Ordem. Ns estamos gratos pelo

    servio e exemplo de todos os que nos antecederam, que sacrificaram tudo o que lhes era possvel para es-palhar a Boa Nova da Salvao e pregar o Evangelho.

    Por ocasio deste 800 aniversrio, ns Te pedimos que nos enchas de amoroso zelo, para que mantenha-mos em ns a chama do esprito de servio e amor dos nossos pais.

    Cura aqueles que de entre ns esto feridos, d conforto aos aflitos, coragem aos idosos, misericrdia aos que sofrem, sabedoria ao Mestre da Ordem, aos Provinciais, aos membros dos Conselhos das Fraterni-

    dades e a todas as comunidades dominicanas. Ajuda-nos, como teus filhos e filhas a ser uma voz

    proftica. Que ns, novos e mais velhos, ansiemos e vejamos a tua glria.

    Que o teu amor continue a manter juntos os nos-sos coraes.

    Ajuda-nos a continuamente sermos testemunhas do Senhor Ressuscitado em tudo o que fazemos, pen-samos ou dizemos.

    Ns te pedimos por meio de nosso Senhor Jesus Cristo que vive e reina na unidade do Espirito Santo, em Deus, pelos sculos dos seculos. Amn.

    Maria, me dos pregadores, rogai por ns. So Domingos, rogai por ns Santa Catarina de Sena, rogai por ns Todos os santos e santas da Ordem, rogai por ns.

    (composta pelo Conselho Internacional das Fraternidades Leigas Dominicanas ICLDF)

    (Continuao da pgina 2)

    E j que ele no podia funcionar a todo o tempo e em todo o lugar, como era o seu desejo para o bem-estar das almas, Eu inspirei-o a fundar a Ordem dos Pregadores(5). O que Domingos fez foi dar de beber e isso que quem lhe seguiu e segue os passos faz. O Di-logo fala em muitas ocasies de sede, da sede de Deus como uma sede da plenitude. Catarina diz que a sede s saciada em Deus, num mergulho na vida divina, mas para que isso acontea necessrio o trabalho con-junto daquilo que na sua teologia podemos descrever como a trindade da alma, isto , os trs poderes da al-ma: memria, entendimento, e vontade. Quando estes trs poderes esto reunidos, Deus est no meio deles pela graa(6). Ora estes trs aspectos esto presentes nas imaginativas oraes de Catarina, de grande densidade teolgica. Ela era claramente uma mulher de grandes capacidades intelectuais, pelo modo como foi absorven-do o que foi ouvindo de teologia e filosofia, principal-mente da boca de frades dominicanos. Foi capaz de me-morizar, entender, e de reflectir profundamente sobre a vontade. Essas capacidades no valiam por si prprias

    para ela, mas como crist ela colocou-as ao servio da humanidade, que a Igreja serve como comunidade. A teologia precisamente uma tentativa de encontrar lin-guagens e imaginrios para falarmos de Deus. Deus nunca ningum viu. Na perspectiva crist, a vida, morte, e ressurreio de Jesus Cristo que d a conhecer Deus (Jo 1,18). As oraes foram para Catarina uma forma de respirar atentamente e de revelar Deus em ns, nos outros, nas relaes que estabelecemos no mundo. O cristianismo no tem uma concepo pura-mente transcendente de Deus, mas dialctica, entre a imanncia e a transcendncia. Nas suas oraes, as pala-vras e as imagens que elas constroem evocam uma outra realidade por descobrir e por vir, que no pode ser des-ligada do mundo devastado pela peste negra onde as oraes foram ditas e da mulher compassiva que as dis-se. __________ (5) Apud. Thomas McDermott OP, Catgherine of Siena: Spiritual Deve-

    lopment in Her Life and Teaching (Mahwah, NJ: Paulist Press, 2008), p. 25 (trad. minha).

    (6) Ibid., p. 109.

    Srgio Dias Branco

    ORAO PARA O ANO JUBILAR DEDICADO AOS LEIGOS, 2014

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    CARTA AOS NETOS QUE FIZERAM A PROFISSO DE F

    Meu querido neto: Espero que nunca esqueas este dia e sobretudo o

    compromisso amoroso que te liga ainda mais a Jesus Cristo. Comprometeste-te a segui-lo como exemplo da tua vida.

    Quando tiveres dvidas sobre a atitude que deves tomar podes pensar o que que Jesus faria se estivesse ali, naquela situao, no teu lugar

    Comprometeste-te a considerar os outros mais im-portantes do que tu prprio, pais, irmos, avs e ami-gos, enfim, todos os seres humanos.

    Quando o vires face a face Ele que te ama mais do que qualquer outra pessoa far-te-, e a todos ns, uma nica pergunta o que fizeste do teu irmo? e este irmo todo o ser humano que encontres no teu ca-minho.

    Nos tempos actuais, que tm outras coisas muito boas, h muita dificuldade em assumir compromissos. Tudo ou quase tudo para quando e enquanto der Luta-se pouco para que as relaes de amor, de amiza-de se mantenham. Mesmo quando so boas e tm sig-nificado para os dois lados.

    H poucas amizades de infncia (tu tens pelo me-nos um grande amigo que vem desde o jardim infan-til). Estas amizades no passam com o tempo e so amarras para os dias difceis, acredita!

    Tambm prometeste ser bom como Ele que no

    s no fazer o mal mas tambm tentares que os outros no o faam. Isto s vezes no fixe nem cool mas muito necessrio no deixar que o amigo se meta nos copos ou fume uns charros etc. e que depois comece a ficar dependente

    Respeitar e amar os outros mesmo quando so dife-rentes de ns e s vezes at nos so antipticos. Jesus no nos pede que gostemos de todos da mesma ma-neira porque para Ele amar no gostar mas antes de mais querer o bem do outro e fazer o bem ao outro mesmo que no nos apetea muitoLembra-te da pa-rbola do Samaritano, era muito mais cmodo para ele seguir caminho e no socorrer o outro e ficava-lhe muito mais barato no pagar a hospedagem.

    Mas este o segredo de sermos realmente felizes, estarmos bem com a nossa conscincia, experimentar-mos a paz interior. ter Deus no corao e assim po-dermos construir o seu Reino de paz e amor nossa volta, j neste mundo.

    Quando formos para o Jesus, como tu me disseste j h alguns anos, que a av sendo velhinha iria muito mais cedo, verdade e gostei que o tivesses dito en-to tudo ser em pleno, tudo ser em bom.

    At l devemos procurar ser felizes e fazer com que os outros partilhem dessa felicidade.

    Nos momentos tristes e difceis quem tem Jesus no corao sentir que nunca est verdadeiramente s e Ele te aconchegar como a tua me e o teu pai te fazi-am quando eras mais pequeno.

    E Maria, que mais me nossa do que todas as mes e avs do mundo, olhar por ti e por todos os nossos filhos e netos.

    Muitos parabns e espero que tenhas gostado um bocadinho desta carta que te dedico e tua irm e a todos os netos do planeta.

    Um grande abrao da tua av Maria do Carmo

    FRATERNIDADE DE SANTANA PAREDE No passado dia 28 de Maio de 2014, partiu para o Pai o nosso irmo Sebastio Lus A. M. Silva, tendo nascido no dia 12 de Julho de 1933. Fez a sua admisso na Ordem no ano de 1997, fazendo a sua Promessa Temporria em 1998 e a Promessa Definitiva em 2001. Foi um irmo sempre muito atento s necessidades da Fraternidade e de todos os seus membros, colaborando em tudo o que lhe era pedido e que ele achava necessrio. Foi membro do Conselho da Fraternidade, tendo a seu cargo a tesouraria. Sebastio, foste sempre um exemplo para todos ns, mostrando-nos a fora da tua F. Em-

    bora j tenhas partido, estars sempre connosco. Maria de Jesus Neves

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    PALAVRA DO PROMOTOR

    Nesta minha reflexo, leigos domini-canos, est presente aquela promessa do Pai, da qual falou Jesus aos seus, na hora de despedida estando com eles (Act.1,4-5.8) numa refeio: se-reis batizados no Esprito Santo dentro de poucos dias e recebereis a fora que far de vs minhas testemunhas at aos confins da terra! Acontece no dia de Pentecostes, e Pedro obrigado a

    explicar, naquela manh que no esto brios, mas sim, consequncia do que diz o profeta Joel 3,1: derramarei o meu Espirito,vossos filhos e filhas falaro (sero profetas), os jovens tero vises e os velhos tero sonho! (Act.2,15-18) Tal acontece a quem batizado- mergulhado- no Espri-to Santo; nos dias de Pedro, nos dias de Domingos de Gusmo, nos nossos dias! No dia de Pscoa, tarde, com as portas fechadas onde esto os discpulos, com medo Jesus entra e d a Paz e com ela o Esprito San-to para o perdo dos pecados, condio indispensvel verdadeira Paz! S a fora do Esprito pode realizar tal graa. a esta luz que proclamamos So Domingos o Pregador da Graa! Sem ela no somos capazes de saborear a miseri-crdia misericrdia acolhida e concedida, recebida e dada! Como bom perdoar e sentir o perdo de Deus e dos irmos! obra do Esprito Santo! No meio de tudo isto o que um dominicano, leigo ou no? algum que como Domingos saboreou a bonda-

    de e a misericrdia de Deus. uma experincia to for-te e to feliz que ningum pode calar; vai, mundo fora, diz-lo com a vida e com a palavra a toda gente e por toda parte que Deus est apaixonado pela humanidade ao ponto de lhe dar o seu Filho! Jesus faz sua esta paixo de Deus Pai! Acontece assim, porque a humanidade sua obra, a mais bela e mais querida! Isto levou Santa Catarina de Sena a dizer: conheci que estais enamorado da beleza da vossa criatura!... Quem faz uma tal experincia de proxi-midade e intimidade com Jesus tem de ir anunci-lo: falar do amor de Deus e da sua paixo por todos ns! Para tanto basta estar atentos ao Esprito Santo e com entusiasmo seguir o que Ele inspira. Nem sempre certi-nho. No dizer do frei Bento: desarrumou a vida de Jesus e desarrumar a vida da Igreja, at aos fins dos tempos. (ver Pblico 1 de Junho 2014) Importa que cada um de ns se deixe ir no balano, a exemplo de So Domingos e de todos os santos dominicanos e no s!... Movidos de modo especial a manifestar uma verdadeira misericrdia para com todas as ansiedades, a defender a liberdade e a promover a justia e a paz. (Regra das fraternidades n 5 e 6) O Papa Francisco na Exort. Apost. Evang. Gaudium,4 no aguenta calar: quanta ternura paterna se vislumbra por detrs das palavas do profeta: O Senhor teu Deus est no meio de ti como poderoso Salvador! Ele exulta de alegria por tua causa dana e grita de alegria! Os velhos tero sonhos!...

    Frei Marcos Vilar, op.

    Famlia Dominicana on-line Tal como j tinha sido sugerido nas concluses das

    XIII Jornadas Nacionais da Famlia Dominicana, em novembro passado, o Conselho Nacional da Famlia Dominicana deseja que o blogue da Famlia Dominica-na (http:familiadominicana.wordpress.com) dinamiza-do pelo Gabriel Silva, possa centralizar o que se vai realizando pelos vrios membros da Famlia.

    Para isso s teremos que enviar a notcia (texto com foto ou no) para o email (2gabrielsilva@ gmail.com) para que depois seja publicada.

    Irm Rosarinho

    Nova equipa da Pastoral Juvenil

    da Famlia Dominicana Aos vinte e quatro dias do ms de Fevereiro reuniu

    pelas vinte e uma horas a Equipa de Pastoral Juvenil da

    Famlia Dominicana em Portugal na casa das Irms Do-minicanas de Santa Catarina de Sena no Bairro das Fur-nas em S Domingos de Benfica, com o objectivo de ele-ger os novos coordenadores.

    Assim, estavam presentes como representantes das suas provncias Frei Miguel Patinha OP, Irm Isabel Sanches Missionria Dominicana do Rosrio, Irm Ins Agostinho e Alzira Ferreira Dominicanas de Santa Cata-rina de Sena, e as duas jovens convidadas pela anterior equipa Manuela Fonseca jovem ligada ao projecto de voluntariado das irms Missionarias Dominicanas do Rosrio e Ana Margarida Lucas Voluntaria Teresa de Saldanha (VTS).

    Depois de algumas consideraes a equipa escolheu como Coordenadora a Ir Alzira Ferreira, como Secret-ria a Manuela Fonseca e como Tesoureira a Ir Isabel Sanches.

    Irm Alzira Ferreira

    NOTCIAS DA FAMLIA DOMINICANA

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    JERUSALM AO LONGO DOS SCULOS - Captulo 5

    No artigo de hoje o penlti-mo deste nosso curso abreviado acerca da histria da Cidade Santa -, iremos debruar-nos sobre a guer-ra entre rabes e judeus, donde vir a brotar o moderno Estado de Isra-el. Analisaremos ainda a Guerra dos Seis Dias, um conflito breve, e um entre muitos, certo, mas que teve enormes repercusses na hist-ria contempornea de Jerusalm.

    No nosso ltimo artigo, histo-ricamente a Palestina encontrava-se sob o chamado Mandato Britni-co, uma espcie de protectorado britnico, mas sem constituir, de todo, uma colnia do Imprio. Su-cede que, durante o perodo deste Mandato (1917-1948), se deu um enorme surto migratrio dos ju-deus da Dispora em direco sua terra bblica. Isto foi proporciona-do sobretudo por duas grandes ra-zes: por um lado, pela aco do movimento sionista internacional (um movimento secular judaico que pretendia estabelecer um terri-trio que constitusse um lar nacio-nal para os judeus de todo o mun-do); e, por outro, como forma de escapar brutal perseguio movi-

    da aos judeus da Europa Central e da Unio Sovitica pela Alemanha Nazi.

    Naturalmente, os rabes resi-dentes na Palestina encararam com grande apreenso a chegada de nu-merosos colonos judeus, alm de que rapidamente se aperceberam das intenes do movimento sionis-ta. O clima de desconfiana mtua e ressentimento entre as duas co-munidades foi crescendo e o confli-to aberto entre as duas comunida-des tornou-se inevitvel. Eventual-mente, uma e outra comunidade primeiro os rabes e depois os ju-deus tambm se iro virar contra as foras de ocupao britnicas estacionadas na Palestina.

    Na segunda metade dos anos 30 assistir-se- chamada Revolta rabe, dirigida contra a comunida-de judaica e contra as autoridades britnicas. Durante os anos 30 e 40 assiste-se criao de foras milita-rizadas de um lado e de outro (destacamos a Haganah, do lado judaico, e o Exrcito de Libertao rabe). Este perodo ser tambm marcado por uma srie de atenta-dos terroristas e actos de sabotagem praticados pelas duas comunidades, s quais os britnicos tambm no escaparo. A este propsito, h que recordar o espectacular atentado contra as foras britnicas perpetra-do pelo Irgun (movimento terroris-ta judaico), em 1946, aquando do ataque bombista contra o emblem-tico Hotel King David, que fez cen-tenas de mortos.

    Em 1948, finalmente, eclode a chamada Guerra da Independn-cia, donde ir emergir o Estado de Israel. Esta guerra ficar conhecida entre os rabes como a Nakhbah (Catstrofe).

    No dia 14 Maio 1948, as auto-ridades britnicas abandonavam a cidade: o general Cunningham, o ltimo alto-comissrio britnico para a Palestina, deixou a sede do Governo em Jerusalm, procedeu revista da guarda de honra e subiu para o seu Daimler blindado, se-guindo depois para as imediaes do Hotel King David, onde esta-vam perfilhadas as suas tropas para a ltima revista. O cortejo do gene-ral Cunningham saiu de Jerusalm, percorrendo ruas desertas e forte-mente protegidas por postos de controlo britnicos colocados nos cruzamentos. Apenas se viam al-guns grupos de crianas rabes que deambulavam pelas ruas. Uma cri-ana rabe fez a continncia ao ge-neral A continncia foi retribu-da.

    Os britnicos abandonavam Jerusalm. Terminava o Mandato Britnico e a presena militar brit-nica, que havia durado desde 1917. Imediatamente, as foras judaicas ocuparam os edifcios governamen-tais no centro da cidade, incluindo os edifcios dos correios, quartel-general da polcia e os estdios r-dio-transmissores.

    Vinha tambm ao de cima a Nakhbah (Catstrofe) rabe: entre expulses foradas e refugiados, estima-se que entre 600.000 e 750.000 palestinianos rabes aban-donaram e/ou perderam as suas casas e terras para sempre. Os que permaneceram na Palestina consti-tuiro os israelitas rabes, que ain-da hoje constituem uma percenta-gem importante da populao israe-lita, ainda que a sua cidadania ple-na tenha alguns condicionamentos.

    (Continua na pgina 7)

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    9 ASSEMBLEIA EUROPEIA DAS FRATERNIDADES LEIGAS DOMINICANAS

    (continuao da pg.1)

    Os temas no primeiro dia tivemos a visita de Robert Mickens (jornalista americano residente em Roma e especialista em assuntos do Vaticano ) que baseou a sua apresentao na exortao apostlica A Alegria do Evangelho e preparou o terreno para o trabalho de grupos da tarde, volta da questo Como que ns, dominicanos, podemos fazer a di-ferena junto dos marginalizados da sociedade?. No segundo dia, foi a vez de Francesco Andriulli, ex-dirigente do Movimento Juvenil Dominicano (actualmente leigo dominicano), com a ajuda via Skype do Presidente, Jos Alberto de Blas, apresenta-rem o Movimento. A questo trabalhada pelos gru-pos foi Quais os desafios e as oportunidades de par-tilhar o Ideal Dominicano entre Leigos e Jovens?.

    A Imagem Peregrina de S. Domingos depois de uma viagem por toda a Europa que comeou em Ou-tubro e terminou na Assembleia, (em Portugal esteve entre ns no dia 26 de Outubro, em Ftima) reuni-mo-nos em orao volta do cone de S.Domingos, lembrando todos os leigos que tambm o fizeram ao

    longo desta peregrinao e inspirados pela reflexo de Klaus Bornewasser, representante da Europa no Con-selho Mundial dos Leigos Dominicanos.

    O Mestre Geral, frei Bruno Cador foi no lti-mo dia que tivemos a alegria de receber a visita do Mestre, que celebrou a Eucaristia, almoou e conver-sou connosco, num momento verdadeiramente espe-cial, no s pela ateno que nos dispensou nos mo-mentos informais mas tambm nas palavras que nos dirigiu, quer na homilia quer no grande grupo, onde s questes levantadas por vrios leigos respondeu com uma profundidade e serenidade que a todos en-cantou de um modo nico.

    Cristina Busto, o.p.

    (Continuao da pgina 6)

    No mesmo dia 14 Maio 1948, em que os britnicos evacuaram de Jerusalm, David Ben-Gurion, na sua qualidade de presidente da Agncia Judaica, proclamava formal-mente, a partir do Museu Nacional de Tel Aviv, sombra de um grande retrato de Theodor Herzl (fundador do movimento sionista), a Declarao de Independncia do Estado de Israel, declarao que foi transmitida para todo o pas por via radiofnica.

    Desde a Declarao de Indepen-dncia at aos dias de hoje, Israel encontrar-se-, em muitas ocasies, em estado de guerra com os seus vizinhos rabes. Uma das guerras de maiores consequncias para Israel e para a cidade de Jerusalm foi, con-tudo, a Guerra dos Seis Dias (entre 5-10 Junho 1967). O nome de Guerra dos Seis Dias foi cunhado por Yitzhak Rabin, um dos grandes heris militares israelitas desta cam-

    panha relmpago, a par do mtico Moshe Dayan. Neste conflito, Israel ir destruir a fora combinada de vrios Estados rabes. Humilhadas as foras rabes, Nasser (presidente do Egipto) dar a este conflito outro nome: al-Naksa (o Reverso).

    Apesar do nome, para Jerusa-lm, a Guerra dos Seis Dias resu-miu-se a trs dias: de Segunda-Feira de manh (5 Junho) a Quarta-Feira tarde (7 Junho 1967). Nas batalhas pelo controlo da cidade e seus arre-dores, cerca de 180 soldados israeli-tas perderam as suas vidas, alm das baixas civis.

    Os estragos causados na cidade por trs dias de guerra, apesar de tudo, no foram to profundos co-mo se poderia imaginar, o que revelador da conteno e at de um certo pudor que houve de parte a parte em combater em plena Cidade Santa, particularmente na Cidade Antiga e no Monte do Templo, lo-cal sagrado tanto para judeus como para rabes.

    A grande mudana para Jerusa-lm foi o facto da parte rabe de Jerusalm (a parte Oriental), at en-to sob domnio da Jordnia, ter sido anexada por Israel. Em 22 Ju-nho 1967, o Knesset (Parlamento israelita) aprovou uma lei que inte-grava a Jerusalm Oriental dentro do mesmo quadro administrativo-municipal da Jerusalm Ocidental. As duas partes da cidade, por sua vez, foram oficialmente reunidas no dia 28 Junho, quando os habitantes de uma e outra parte puderam visi-tar a outra parte, algo que sucedia pela primeira vez em quase 20 anos.

    Numa demonstrao de bom senso e viso poltica a longo prazo, Israel ir permitir que os santurios muulmanos do Haram al-Sharif (Monte do Templo) fundamental-mente a Cpula da Rocha (Mesquita Dourada) e a mesquita de al-Aqsa continuassem sob a ad-ministrao religiosa muulmana, o que sucede at aos nossos dias.

    (fr. Gonalo P. Diniz, op)

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    F i c h a T c n i c a Jornal bimensal Publicao Peridica n 119112 ISSN: 1645-443X Propriedade: Fraternidade Leigas de So Domingos Contribuinte: 502 294 833 Depsito legal: 86929/95 Direco e Redaco Cristina Busto (933286355) Maria do Carmo Silva Ramos (966403075) Colaborao: Maria da Paz Ramos

    Administrao: Maria do Cu Silva (919506161) Rua Comendador Oliveira e Carmo, 26 2 Dt 2800 476 Cova da Piedade Endereo: Praa D. Afonso V, n 86, 4150-024 PORTO E-mail: [email protected] Tiragem: 420 exemplares

    O s a r t i g o s p u b l i c a d o s e x p r e s s a m a p e n a s a o p i n i o d o s s e u s a u t o r e s .

    Laicado Dominicano Maio/Junho 2014

    No mbito da celebrao do Jubileu da Ordem Do-minicana que celebra 800 anos (1216-2016), e neste ano que se comemora os 500 anos do nascimento do Beato Frei Bartolomeu dos Mrtires, realizou-se no dia 24 de Maio o passeio da Famlia Dominicana ao Mosteiro de Santa Maria da Vitria, Batalha. Era tambm o dia em que a Ordem celebra a Trasladao de S. Domingos de Gusmo.

    O local escolhido tem uma forte ligao com a Or-dem Dominicana e pessoa do Beato Frei Bartolomeu pois que ali viveu, estudou e por largos anos foi profes-sor.

    A manh deste dia foi preenchida com a conferncia sobre o Beato Frei Bartolomeu, proferida pelo Gabriel Silva, formador nacional das Fraternidades Leigas de So Domingos.

    O almoo partilhado decorreu em ambiente de con-fraternizao, havendo diversidade de especialidades culinrias e gastronmicas conforme os participantes no repasto. Aps o almoo decorreu a visita ao monumen-to, orientada pela Dra. Leonor Teles da Equipa de Santa Maria.

    Pelas 16 horas celebrou-se a Eucaristia na Igreja ma-triz da Batalha, presidida pelo prior Provincial Frei Pe-dro, op. Os cnticos foram preparados pela Ir. Alzira Ferreira, op. e o grupo VTS.

    De entre os mais de 150 participantes de todo o pas, estiveram representadas;

    Comunidades das Irms Dominicanas de Santa Cata-rina de Sena de Avanca, Aveiro, Benfica-Casa Geral, Cardais, Estremoz, Furnas, S. Domingos de Benfica, Parede, Pinheiro da Bemposta, Ramalho e Restelo.

    Comunidade das Irms Dominicanas Missionrias do Rosrio da casa da Venda Nova, Amadora.

    Comunidades de Frades dominicanos de Ftima, Porto, e Lisboa, Convento de S. Domingos e Porto.

    Fraternidades Leigas de S. Domingos de Avanca, El-vas, Estremoz, Ftima, Parede, Pinheiro da Bemposta e Porto.

    E os leigos dominicanos da Equipa de Santa Maria de Lisboa e Voluntrios de Teresa de Saldanha.

    Lurdes Santos, op

    PASSEIO DA FAMLIA DOMINICANA