Lajes Mistas... Luciano Carvalhais Gomes 2001

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Escola de Engenharia

    Departamento de Engenharia de Estruturas

    ESTUDO DO SISTEMA DE LAJES MISTAS COM FRMA DE AO INCORPORADA EMPREGANDO CONCRETO

    ESTRUTURAL LEVE

    Dissertao apresentada como requisito parcial

    para a obteno do grau de Mestre

    em Engenharia de Estruturas

    por

    Luciano Carvalhais Gomes

    Novembro de 2001

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

    ESCOLA DE ENGENHARIA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

    "ESTUDO DO SISTEMA DE LAJES MISTAS COM FRMA DE AO INCORPORADA EMPREGANDO CONCRETO ESTRUTURAL

    LEVE"

    Luciano Carvalhais Gomes

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, como parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de "Mestre em Engenharia de Estruturas".

    Comisso Examinadora: ____________________________________ Prof. Jos Mrcio Fonseca Calixto DEES/UFMG - (Orientador) ____________________________________ Prof. Armando Csar Campos Lavall DEES/UFMG ____________________________________ Prof. Arlene Maria Sarmanho Freitas UFOP

    Belo Horizonte, 12 de novembro de 2001

  • EPGRAFE

    Aprender descobrir aquilo que j se sabe.

    Fazer demonstrar que voc sabe.

    Ensinar mostrar aos outros que eles sabem tanto quanto voc.

    ANNIMO

  • DEDICATRIA

    Dedico este trabalho s pessoas mais importantes da minha vida:

    Aos meus pais, Luiz e Lucinda, e s minhas irms Patrcia e

    Joice por ajudarem-me a transpor os obstculos da vida, sempre

    confiantes que dias melhores viro.

    Claudia, pela companhia, amizade e carinho.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao meu orientador, Prof. Jos Mrcio Fonseca Calixto, pela sua disciplina, organizao,

    cooperao e disponibilidade de auxiliar-me com os seus preciosos conhecimentos na

    realizao desta pesquisa.

    METFORM S.A. e Central Beton Ltda. por viabilizarem o estudo atravs do

    fornecimento dos materiais e da infra-estrutura necessria.

    Aos engenheiros Roberval Pimenta, Rodrigo Monteiro, Cristina Belchior da

    METFORM e Guilherme Gallo da Central Beton; aos funcionrios dos laboratrios de

    estrutura da UFMG e da UFOP, pela ajuda fundamental durante as etapas de

    instrumentao, concretagem e ensaio da pesquisa.

    Ao meu amigo Marcus Vinicius Vidigal, pela ajuda durante a fase dos ensaios dos

    corpos de prova de concreto.

    FAPEMIG, FIEMG e METFORM S. A. pela bolsa de estudos recebida, dando

    uma tranqilidade financeira para o perfeito andamento da pesquisa.

    Deus por ter me dado a vida.

  • RESUMO

    O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento e a resistncia de um sistema de

    lajes mistas com frma de ao incorporada empregando concreto estrutural leve. Laje

    mista com frma de ao incorporada consiste de uma laje tendo em sua face inferior

    uma chapa de ao, via de regra, com mossas, que utilizada como frma permanente

    capaz de suportar o peso do concreto antes de sua cura, alm das cargas de construo.

    Aps a cura do concreto, os dois materiais combinam-se estruturalmente e a frma de

    ao aproveitada como armadura positiva da laje. O concreto estrutural leve foi

    produzido usando-se tcnicas convencionais, apenas substituindo-se o agregado grado

    por argila expandida. Para o perfil metlico foi empregado o Steel Deck MF-75 da

    METFORM S.A. Prottipos de diferentes dimenses foram fabricados e ensaiados em

    laboratrio aps a cura do concreto na condio de simplesmente apoiados e submetidos

    a um modo de carregamento simtrico. O estudo dos comportamentos carga x flecha

    no meio do vo, carga x deslizamento relativo de extremidadee carga x deformao

    no steel deck revelou um comportamento similar em relao s lajes mistas fabricadas

    com concreto de densidade usual. A anlise comparativa com o sistema empregando

    concreto convencional em termos do modo e carga de ruptura, incluindo, inclusive, o

    clculo da capacidade resistente atravs do mtodo semi emprico m e k, mostrou

    boa correlao entre os resultados obtidos nos dois casos.

  • ABSTRACT

    The results of an experimental investigation on the behavior and strength of one-way

    single span composite slabs with ribbed decking and lightweight concrete are presented.

    The lightweight structural concrete was produced employing conventional techniques

    and substituting the coarse aggregate by expanded clay. Prototypes with different

    dimensions were built with steel deck MF 75 manufactured by METFORM S. A . The

    specimens were tested, after the concrete curing, in a simply supported condition with

    two line loads equidistant of each support. The test results indicate a similar behavior in

    comparison to composite slabs with normal weight concrete. Similar results were also

    obtained with respect to failure mode and ultimate load capacity, including the

    estimation of design loads through the semi-empirical m and k method.

  • I

    SUMRIO

    LISTA DE TABELAS ...............................................................................................V

    LISTA DE FIGURAS ................................................................................................VII

    SIMBOLOGIA ..........................................................................................................XII

    CAPTULO 1 - INTRODUO..............................................................................1

    1.1 - Consideraes iniciais................................................................................1

    1.2 - Justificativa da pesquisa.............................................................................4

    1.3 - Objetivos ....................................................................................................5

    1.4 - Descrio resumida dos captulos ..............................................................6

    CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA .......................................................7

    2.1 - Introduo ..................................................................................................7

    2.2 - Reviso de literatura sobre lajes mistas estudos realizados no exterior........................................................................................................10

    2.3 - Reviso bibliogrfica sobre lajes mistas estudos realizados no Brasil....14

    2.4 - Reviso bibliogrfica sobre o concreto estrutural leve ..............................19

    CAPTULO 3 - CARACTERIZAO E FABRICAO DOS PROTTIPOS ...27

    3.1 - Introduo ..................................................................................................27

    3.2 - Caractersticas gerais..................................................................................27

    3.3 - Materiais utilizados ....................................................................................28

    3.3.1 - Frma de ao ...........................................................................................28

    3.3.2 - Concreto estrutural leve...........................................................................32

    3.4 - Processo de execuo dos prottipos .........................................................42

  • II

    CAPTULO 4 - ENSAIOS DOS PROTTIPOS E INSTRUMENTAO ..........44

    4.1 - Introduo ..................................................................................................44

    4.2 - Aparato de carga.........................................................................................44

    4.3 - Instrumentao ...........................................................................................46

    4.3.1 - Carga aplicada .........................................................................................46

    4.3.2 - Deslizamento relativo de extremidade ....................................................48

    4.3.3 - Flecha no meio do vo.............................................................................49

    4.3.4 - Deformaes no steel deck ..................................................................49

    4.3.5 - Deformaes no concreto........................................................................51

    4.4 - Procedimento dos ensaios ..........................................................................52

    CAPTULO 5 - APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS ..............53

    5.1 - Introduo ..................................................................................................53

    5.2 - Apresentao dos resultados ......................................................................53

    5.2.1 - Srie C .....................................................................................................53

    5.2.2 - Srie E .....................................................................................................55

    5.2.3 - Srie G.....................................................................................................56

    5.3 - Anlise dos resultados................................................................................58

    5.3.1 - Srie C .....................................................................................................58

    5.3.2 - Srie E .....................................................................................................64

    5.3.3 - Srie G.....................................................................................................69

    5.4 - Resumo dos resultados de todos os prottipos...........................................74

    CAPTULO 6 - ANLISE COMPARATIVA COM AS LAJES MISTAS FABRICADAS COM CONCRETO CONVENCIONAL ............75

    6.1 - Introduo ..................................................................................................75

    6.2 - Srie A x prottipo 1..................................................................................75

    6.3 - Srie B x prottipo 2 ..................................................................................79

    6.4 - Srie C x prottipo 7 ..................................................................................83

    6.5 - Srie D x prottipo 8..................................................................................86

    6.6 - Srie G x prottipo 5..................................................................................89

    6.7 - Clculo da resistncia nominal ao cisalhamento longitudinal mtodo m e k..........................................................................................92

  • III

    6.7.1 - Prottipos fabricados com concreto leve empregando steel deck de espessura igual a 0,80 mm.......................................................................92

    6.7.2 - Prottipos fabricados com concreto leve empregando steel deck de espessura igual a 1,25 mm.......................................................................96

    6.7.3 - Prottipos fabricados com concreto leve e com concreto convencional empregando steel deck de espessura igual a 0,80 mm .........................99

    6.7.4 - Prottipos fabricados com concreto leve e com concreto convencional empregando steel deck de espessura igual a 1,25 mm .........................101

    6.8 - Resistncia de clculo ao cisalhamento longitudinal .................................104

    CAPTULO 7 - CONCLUSES E RECOMENDAES .....................................107

    7.1 - Introduo ..................................................................................................107

    7.2 - Concluses .................................................................................................108

    7.2.1 - Dosagem do concreto estrutural leve ......................................................108

    7.2.2 - Propriedades mecnicas do concreto estrutural leve ...............................109

    7.2.3 - Comportamento e resistncia das lajes mistas confeccionadas com concreto estrutural leve...........................................................................110

    7.3 - Recomendaes para estudos futuros.........................................................111

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................................112

    APNDICE A TABELA DE RESULTADOS ......................................................116

    A.1 - Introduo..................................................................................................116

    A.2 - Tabelas ......................................................................................................117

    APNDICE B APRESENTAO GRFICA DOS RESULTADOS...................131

    B.1 - Introduo..................................................................................................131

    B.2 - Relao carga x flecha no meio do vo.....................................................131

    B.3 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade ............................139

    B.4 - Relao carga x deformao no steel deck................................................143

    B.5 - Relao carga x deformao no concreto..................................................150

  • IV

    APNDICE C CLCULO DA FLECHA TERICA ...........................................154

    C.1 - Introduo..................................................................................................154

    C.2 - Momento de inrcia da seo no fissurada..............................................154

    C.3 - Momento de inrcia da seo fissurada.....................................................156

    C.4 - Flecha terica ............................................................................................157

    APNDICE D FOTOGRAFIAS ............................................................................158

  • V

    LISTA DE TABELAS

    2.1 - Exigncias para concreto estrutural leve ASTM C 330................................20

    3.1 - Caractersticas dos prottipos ..........................................................................28

    3.2 - Dimenses e propriedades geomtricas por metro de largura do Steel Deck MF - 75 ..........................................................................................29

    3.3 - Propriedades mecnicas da chapa utilizada na fabricao do Steel Deck MF - 75 ..........................................................................................30

    3.4 - Massa especfica do concreto...........................................................................34

    3.5 - Propriedades mecnicas do concreto ...............................................................38

    3.6 - Anlise comparativa entre os resultados obtidos para o concreto estrutural leve e o concreto de densidade usual ..............................................................41

    5.1 - Deformao correspondente ao incio do escoamento do ao da frma utilizada ............................................................................................................62

    5.2 - Resumo dos resultados obtidos nos ensaios dos prottipos ............................74

    6.1 - Dados geomtricos e resultados dos ensaios dos prottipos das sries A, B e G..................................................................................................93

    6.2 - Resultados da anlise de regresso linear dos prottipos das sries A, B e G..................................................................................................94

    6.3 - Dados geomtricos e resultados dos ensaios dos prottipos das sries C e D ......................................................................................................96

    6.4 - Resultados da anlise de regresso linear dos prottipos das sries C e D ......................................................................................................97

    6.5 - Dados geomtricos e resultados dos ensaios dos prottipos desta pesquisa (sries A, B e G), de MELO e de SILVA.........................................................99

    6.6 - Valores de usV calculados atravs do m e k encontrado por MELO ..........100

    6.7 - Dados geomtricos e resultados dos ensaios dos prottipos desta pesquisa (sries C e D), de MELO e de SILVA.............................................................102

    6.8 - Valores de usV calculados atravs do m e k encontrado por MELO ..........103

    6.9 - Valores nominais para os parmetros m e k.................................................104

    7.1 - Composio dos traos utilizados e propriedades do concreto no estado fresco...............................................................................................109

    A.1 - Resultados obtidos para o prottipo 1 Srie A...........................................117

  • VI

    A.2 - Resultados obtidos para o prottipo 2 Srie A.........................................118

    A.3 - Resultados obtidos para o prottipo 3 Srie B.........................................119

    A.4 - Resultados obtidos para o prottipo 4 Srie B.........................................120

    A.5 - Resultados obtidos para o prottipo 5 Srie C.........................................121

    A.6 - Resultados obtidos para o prottipo 6 Srie C.........................................122

    A.7 - Resultados obtidos para o prottipo 7 Srie D.........................................123

    A.8 - Resultados obtidos para o prottipo 8 Srie D.........................................124

    A.9 - Resultados obtidos para o prottipo 9 Srie E .........................................125

    A.10 - Resultados obtidos para o prottipo 10 Srie E .........................................126

    A.11 - Resultados obtidos para o prottipo 11 Srie F .........................................127

    A.12 - Resultados obtidos para o prottipo 12 Srie F .........................................128

    A.13 - Resultados obtidos para o prottipo 13 Srie G.........................................129

    A.14 - Resultados obtidos para o prottipo 14 Srie G.........................................130

  • VII

    LISTA DE FIGURAS

    1.1 - Formas tpicas de ligao em lajes mistas .......................................................3

    2.1 - Esquema de carregamento adotado em vrias pesquisas .................................8

    2.2 - Ensaios de continuidade da laje mista (a) Situao I (b) Situao II ...............18

    3.1 - Caractersticas do perfil de ao utilizado .........................................................29

    3.2 - Dimenses dos corpos de prova usados nos ensaios de caracterizao do ao do perfil metlico.......................................................................................30

    3.3 - Relao tenso x deformao axial - espessura 0,80 mm................................31

    3.4 - Relao tenso x deformao axial - espessura 1,25 mm................................31 3.5 - Detalhe da colocao dos transdutores axiais e transversal .............................37

    3.6 - Detalhe do transdutor axial ..............................................................................37

    3.7 - Detalhe do transdutor transversal.....................................................................37

    3.8 - Relao tenso x deformao do Trao I Idade de 270 dias .........................39

    3.9 - Relao tenso x deformao do Trao III Idade de 43 dias.........................40

    3.10 - Relao tenso x deformao Concreto leve versus concreto normal ..........41

    4.1 - Esquema de aplicao de carga utilizado nos ensaios .....................................45

    4.2 - Detalhe da chapa de ao e da tira de borracha sob uma das linhas de carga....45

    4.3 - Detalhe da chapa de ao e da tira de borracha sob a outra linha de carga .......46

    4.4 - Detalhe da clula de carga utilizada nos ensaios ............................................47

    4.5 - Detalhe do anel dinamomtrico utilizado nos ensaios.....................................47

    4.6 - Detalhe da medida do deslizamento relativo de extremidade..........................48

    4.7 - Detalhe da medida da flecha no meio do vo ..................................................49

    4.8 - Localizao das sees transversais onde foram medidas as deformaes no steel-deck .................................................................................................50

    4.9 - Detalhe da localizao dos extensmetros no steel-deck .............................50

    4.10 - Detalhe da localizao dos extensmetros no concreto...................................51

    5.1 - Fissuras observadas nos prottipos da srie A D ..........................................54

    5.2 - Fissuras observadas nos prottipos das sries E e F ........................................56

    5.3 - Fissuras observadas nos prottipos da srie G.................................................57

    5.4 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie C Prottipo 5......................58

  • VIII

    5.5 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie C Prottipo 6......................59

    5.6 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade Srie C Prottipo 5 ........................................................................................60

    5.7 - Relao carga x deformao no steel deck Srie C Prottipo 5.................61

    5.8 - Relao carga x deformao no concreto Srie C Prottipo 5...................63

    5.9 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie E Prottipo 9 ......................64

    5.10 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie E Prottipo 10 ....................64

    5.11 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade Srie E Prottipo 9 ........................................................................................66

    5.12 - Relao carga x deformao no steel deck Srie E Prottipo 9.................68

    5.13 - Relao carga x deformao no concreto Srie E Prottipo 9...................69

    5.14 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie G Prottipo 13....................70

    5.15 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie G Prottipo 14....................70

    5.16 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade Srie G Prottipo 14......................................................................................71

    5.17 - Relao carga x deformao no steel deck Srie G Prottipo 14 ..............72

    5.18 - Relao carga x deformao no concreto Srie G Prottipo 14 ................73

    6.1 - Relao carga x flecha no meio do vo - Srie A x Prottipo 1 ......................76

    6.2 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade Srie A x Prottipo 1........................................................................................77

    6.3 - Relao carga x deformao na onda inferior do steel deck Srie A x Prottipo 1........................................................................................78

    6.4 - Relao carga x deformao na onda superior do steel deck Srie A x Prottipo 1........................................................................................79

    6.5 - Relao carga x flecha no meio do vo - Srie B x Prottipo 2 ......................80

    6.6 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade Srie B x Prottipo 2 ........................................................................................81

    6.7 - Relao carga x deformao na onda inferior do steel deck Srie B x Prottipo 2 ........................................................................................82

    6.8 - Relao carga x deformao na onda superior do steel deck Srie B x Prottipo 2 ........................................................................................82

    6.9 - Relao carga x flecha no meio do vo - Srie C x Prottipo 7 ......................83

    6.10 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade Srie C x Prottipo 7........................................................................................84

    6.11 - Relao carga x deformao na onda inferior do steel deck Srie C x Prottipo 7........................................................................................85

  • IX

    6.12 - Relao carga x deformao na onda superior do steel deck Srie C x Prottipo 7........................................................................................85

    6.13 - Relao carga x flecha no meio do vo - Srie D x Prottipo 8 ......................86

    6.14 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade Srie D x Prottipo 8........................................................................................87

    6.15 - Relao carga x deformao na onda inferior do steel deck Srie D x Prottipo 8........................................................................................88

    6.16 - Relao carga x deformao na onda superior do steel deck Srie D x Prottipo 8........................................................................................88

    6.17 - Relao carga x flecha no meio do vo - Srie G x Prottipo 5 ......................89

    6.18 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade Srie G x Prottipo 5........................................................................................90

    6.19 - Relao carga x deformao na onda inferior do steel deck Srie G x Prottipo 5........................................................................................91

    6.20 - Relao carga x deformao na onda superior do steel deck Srie G x Prottipo 5........................................................................................91

    6.21 - Resistncia ltima nominal ao cisalhamento longitudinal dos prottipos das sries A, B e G ...........................................................................................95

    6.22 - Comparao das curvas de resistncia ltima nominal ao cisalhamento longitudinal dos prottipos das sries A, B e G e dos prottipos 1 a 6 (MELO)............................................................................................................96

    6.23 - Resistncia ltima nominal ao cisalhamento longitudinal dos prottipos das sries C e D ................................................................................................97

    6.24 - Comparao das curvas de resistncia ltima nominal ao cisalhamento longitudinal dos prottipos das sries C e D e dos prottipos 7 a 12 (MELO)............................................................................................................98

    6.25 - Comparao da resistncia ltima nominal ao cisalhamento longitudinal de todos os prottipos com a reta calculada atravs do m e k encontrado por MELO..............................................................................................................101

    6.26 - Comparao da resistncia ltima nominal ao cisalhamento longitudinal de todos os prottipos com a reta calculada atravs do m e k encontrado por MELO..............................................................................................................103

    B.1 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie A Prottipo 1.....................131

    B.2 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie A Prottipo 2.....................132

    B.3 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie B Prottipo 3 .....................132

    B.4 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie B Prottipo 4 .....................133

    B.5 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie C Prottipo 5 .....................133

    B.6 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie C Prottipo 6 .....................134

  • X

    B.7 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie D Prottipo 7.....................134

    B.8 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie D Prottipo 8.....................135

    B.9 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie E Prottipo 9 .....................135

    B.10 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie E Prottipo 10 ...................136

    B.11 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie F Prottipo 11....................136

    B.12 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie F Prottipo 12....................137

    B.13 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie G Prottipo 13...................137

    B.14 - Relao carga x flecha no meio do vo Srie G Prottipo 14...................138

    B.15 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade - Srie A ...................139

    B.16 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade - Srie B ...................139

    B.17 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade - Srie C ...................140

    B.18 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade - Srie D ...................140

    B.19 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade - Srie E....................141

    B.20 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade - Srie F....................141

    B.21 - Relao carga x deslizamento relativo de extremidade - Srie G ...................142

    B.22 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie A Apoio fixo.................143

    B.23 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie A Apoio mvel .............143

    B.24 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie B Apoio fixo .................144

    B.25 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie B Apoio mvel..............144

    B.26 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie C Apoio fixo .................145

    B.27 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie C Apoio mvel..............145

    B.28 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie D Apoio fixo.................146

    B.29 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie D Apoio mvel .............146

    B.30 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie E Apoio fixo .................147

    B.31 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie E Apoio mvel..............147

    B.32 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie F Apoio fixo..................148

    B.33 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie F Apoio mvel ..............148

    B.34 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie G Apoio fixo.................149

    B.35 - Relao carga x deformao no steel deck - Srie G Apoio mvel .............149

    B.36 - Relao carga x deformao no concreto - Srie A ........................................150

    B.37 - Relao carga x deformao no concreto - Srie B.........................................150

    B.38 - Relao carga x deformao no concreto - Srie C.........................................151

  • XI

    B.39 - Relao carga x deformao no concreto - Srie D ........................................151

    B.40 - Relao carga x deformao no concreto - Srie E.........................................152

    B.41 - Relao carga x deformao no concreto - Srie F .........................................152

    B.42 - Relao carga x deformao no concreto - Srie G ........................................153

    C.1 - Seo geomtrica da frma de ao ..................................................................154

    C.2 - Flecha terica no meio do vo dos prottipos.................................................157

    D.1 - Detalhe da concretagem dos prottipos ..........................................................158

    D.2 - Detalhe da aplicao de carga nos prottipos .................................................159

    D.3 - Detalhe 1 do relgio medidor do deslizamento de extremidade.....................159

    D.4 - Detalhe 2 do relgio medidor do deslizamento de extremidade.....................160

    D.5 - Detalhe do relgio medidor da flecha no meio do vo ...................................160

    D.6 - Detalhe 1 dos extensmetros da frma de ao................................................161

    D.7 - Detalhe 1 dos extensmetros da frma de ao................................................161

    D.8 - Detalhe do sistema de aquisio de dados dos ensaios das lajes ....................162

    D.9 - Detalhe do deslizamento relativo de extremidade ocorrido............................162

    D.10 - Detalhe da mquina de ensaios dos corpos de prova de concreto...................163

    D.11 - Detalhe de um ensaio de um CP de concreto sendo realizado........................163

    D.12 - Detalhe do sistema de aquisio de dados dos ensaios dos CPs....................164

    D.13 - Detalhe 1 dos extensmetros utilizados nos CPs de concreto .......................164

    D.14 - Detalhe 2 dos extensmetros utilizados nos CPs de concreto .......................165

    D.15 - Detalhe 3 dos extensmetros utilizados nos CPs de concreto .......................165

  • XII

    SIMBOLOGIA

    Letras minsculas

    b - largura unitria da laje;

    bd - largura nominal do Steel Deck MF-75;

    d - altura efetiva da laje;

    dd - altura do Steel Deck MF-75;

    cf - resistncia compresso do concreto determinada em cilindros;

    fck - resistncia caracterstica compresso do concreto;

    ctf - resistncia trao do concreto por compresso diametral;

    h - altura total da laje;

    m, k - constantes a serem determinadas a partir dos dados experimentais obtidos;

    t - distncia do centro de gravidade da frma de ao extremidade superior do

    concreto;

    te - espessura de projeto do Steel Deck MF-75;

    ycc - distncia da linha neutra da seo fissurada extremidade superior do concreto;

    yuc - distncia da linha neutra da seo no fissurada extremidade superior do

    concreto;

  • XIII

    Letras maisculas

    Ap - rea de ao do Steel Deck MF-75;

    B - largura efetiva da laje;

    sC - espao entre as nervuras do Steel Deck MF-75;

    Ec - mdulo de elasticidade esttico secante do concreto;

    sE - mdulo de elasticidade do ao da frma;

    L - vo da laje;

    L - vo de cisalhamento;

    Icc - momento de inrcia da seo de concreto fissurada;

    Isf - momento de inrcia da seo transversal do Steel Deck MF-75;

    Iuc - momento de inrcia da seo de concreto no fissurada;

    DESP - carga de deslizamento de extremidade de servio;

    lajePP - peso prprio da laje mista;

    uP - carga mxima de colapso;

    utP - carga mxima total aplicada na laje mista;

    usV - resistncia nominal ao cisalhamento longitudinal;

    usdV - resistncia de clculo ao cisalhamento longitudinal

    Vut - cisalhamento transversal experimental ltimo total;

    Wd - peso prprio do Steel Deck MF-75;

    Wp - carga de projeto uniformemente distribuda;

    Wr - largura de uma onda baixa (nervura) do Steel Deck MF-75 medida na linha do

    centro de gravidade da frma de ao;

    Ycg - distncia do centro de gravidade extremidade inferior do Steel Deck MF-75;

  • XIV

    Letras gregas

    - peso especfico do concreto;

    f - coeficiente de majorao de cargas;

    e - deformao correspondente ao incio do escoamento do ao da frma;

    c - massa especfica do concreto;

    e - tenso de escoamento do ao da frma;

    v - coeficiente de minorao da resistncia ao cisalhamento;

  • CAPTULO 1

    INTRODUO

    1.1 - CONSIDERAES INICIAIS

    Por volta da dcada de 30, os engenheiros e projetistas norte-americanos

    perceberam que muitas vantagens poderiam ser obtidas integrando as propriedades

    estruturais de uma chapa de ao conformada a frio (comercialmente denominada Steel

    Deck) com o concreto. Essa realizao foi estimulada no apenas pela procura

    instintiva do homem por avanos tecnolgicos, como tambm por fatores econmicos.

    O que parecia ser mais atraente era a capacidade da chapa de ao de servir como frma

    para suportar o peso do concreto fresco mais a sobrecarga devida ao peso dos operrios

    e equipamentos utilizados durante a construo, substituindo, dessa maneira, o processo

    da frma de madeira que utilizava (e utiliza ainda) muitas escoras. Logo, verificou-se

    que a forma da chapa facilitava tambm a passagem de dutos de diversas instalaes e a

    fixao de forros.

    At ento, a chapa de ao e o concreto trabalhavam separadamente sem que

    houvesse uma ao composta entre os dois. Os perfis de chapas metlicas funcionavam

    como frma permanente capaz de suportar o concreto antes da cura, a armadura e as

    cargas de construo; a laje de concreto, depois de curada, era projetada para suportar

    sozinha todas as cargas de servio. No se desejava, ento, combinar a frma de ao

    com o concreto curado; nesse caso, diz-se que o piso no composto. Na prtica esse

    tipo de piso, freqentemente, oferece algum grau de ao composta, sendo, entretanto,

    de difcil avaliao. Essa ao composta produzida no prejudica a eficincia estrutural

    do piso, porque, a remoo da frma de ao, se isto puder ser feito sem causar nenhum

    dano ao concreto, no reduz a resistncia da laje. A frma de ao deixada por

    convenincia ou por razes estticas.

  • CAPTULO 1 - INTRODUO 2

    Comeam a surgir, na dcada de 40, os chamados sistemas de lajes mistas com

    frma de ao incorporada, onde a laje de concreto e a chapa de ao trabalham em

    conjunto para resistir aos esforos aplicados. A frma de ao deve, ento, ser capaz de

    transmitir cisalhamento horizontal na interface com o concreto, passando a funcionar

    como armadura positiva tal como nas lajes convencionais. Em caso de vos contnuos,

    uma armadura adicional pode ser colocada na laje para resistir aos momentos negativos.

    SCHUSTER (26) ressalta que armaduras na forma de telas soldadas tambm podem ser

    providenciadas para resistir s tenses de retrao e temperatura ou para fornecer

    continuidade sobre os apoios intermedirios. Se no existir uma vinculao mecnica

    entre a chapa de ao e o concreto, a ao composta no considerada efetiva. O

    comportamento misto entre os dois materiais conseguido por um ou mais dos

    seguintes meios mostrados na Figura 1.1.

    As vantagens desse sistema de piso misto so muitas, a comear pelo fato do

    Steel Deck servir como frma para o concreto fresco e permanecer em definitivo no

    local, o que elimina os custos com a desforma. Pode, igualmente, ser utilizado como

    plataforma de trabalho suportando as cargas provenientes da construo (materiais,

    ferramentas, operrios, etc.), fazendo com que os apoios temporrios (escoras) sejam

    abolidos ou reduzidos. Alm disso, o Steel Deck, por ser leve, fcil de ser manejado

    e posicionado, reduzindo o tempo de instalao e, devido sua forma nervurada,

    fornece um sistema de laje mista de peso menor que os outros sistemas de pisos, o que

    resulta em uma economia substancial no custo da fundao. H uma certa facilidade,

    tambm, na instalao de dutos de diversos tipos e na fixao de forros. Outra vantagem

    que, depois do endurecimento do concreto, o Steel Deck aproveitado como

    armadura positiva da laje e, to logo seja colocado no lugar, pode atuar como um

    diafragma efetivo de cisalhamento no plano horizontal.

  • CAPTULO 1 - INTRODUO 3

    a) Ligaes mecnicas fornecidas por salincias e reentrncias (mossas) na alma e/ou

    na mesa do perfil da chapa (embossments e indentations);

    b) Ligaes por atrito em perfis de chapas modelados numa forma reentrante;

    c) Ancoragens de extremidade fornecidas por conectores tipo stud bolt, ou, por

    outro tipo de ligao local entre o concreto e a chapa metlica, somente em

    combinao com (a) ou (b);

    d) Ancoragem de extremidade obtida pela deformao das nervuras na extremidade da

    chapa, somente em combinao com (b).

    Figura 1.1 - Formas tpicas de ligao em lajes mistas

    (a)

    (b)

    (c)

    (d)

  • CAPTULO 1 - INTRODUO 4

    1.2 - JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

    O comportamento e a resistncia das lajes mistas vm sendo estudados na

    Universidade Federal de Minas Gerais UFMG, em parceria com a METFORM S.A.,

    fabricante da frma de ao, desde 1996. Dividiu-se o estudo em quatro etapas, gerando

    diversas dissertaes de mestrado e inmeros trabalhos apresentados em congressos. Na

    primeira etapa, o estudo foi feito para aplicao em construes metlicas, considerando

    ou no conectores de extremidade (stud bolt) (MELO (23)); na segunda etapa,

    pesquisou-se sua utilizao em estruturas convencionais de concreto armado (SILVA

    (28)); na terceira, o efeito da continuidade no comportamento e resistncia foi analisado

    (CAMPOS (15)). A quarta etapa corresponde a esta pesquisa, cujo objetivo ser

    detalhado mais adiante.

    Em todas as etapas j realizadas, o concreto utilizado nas lajes mistas tinha

    massa especfica usual ( = 2400 kg/m3) e resistncia caracterstica compresso de 20 MPa. Para que o sistema de lajes mistas melhore ainda mais suas potencialidades no

    competitivo mercado da construo civil, o emprego do concreto estrutural leve ( = 1800 kg/m3) apresenta-se como uma tima opo, devido s suas vrias vantagens,

    tanto para a fase construtiva da laje quanto para a fase de utilizao. Na fase construtiva,

    a reduo da massa especfica do concreto fresco de 2400 kg/m3 para 1800 kg/m3

    implica em uma menor carga a ser resistida pela frma de ao. Como o Steel Deck,

    nessa fase, resiste sozinho ao carregamento aplicado, vos maiores podero ser vencidos

    por ele sem a necessidade de escoramentos, permitindo aumentar ainda mais a

    flexibilidade no projeto de lajes com esse sistema construtivo. Na fase de utilizao, a

    reduo da massa especfica do concreto possibilita uma maior capacidade portante para

    as cargas de revestimento e sobrecargas de servio. Ou seja, aps o endurecimento do

    concreto, sobrecargas maiores podero ser empregadas, haja vista que a carga

    permanente correspondente ao peso prprio da laje mista ser menor. Ao mesmo tempo,

    o carregamento das vigas e colunas, bem como da fundao do edifcio, ser menor,

    permitindo uma economia maior de material, reduzindo, conseqentemente, o custo

    final da edificao.

  • CAPTULO 1 - INTRODUO 5

    1.3 - OBJETIVOS

    Esta pesquisa teve por finalidade avaliar o comportamento e a resistncia, aps

    o endurecimento do concreto, de um sistema de lajes mistas com frma de ao

    incorporada empregando-se concreto estrutural leve de massa especfica menor ou igual

    a 1800 kg/m3. Dentro dessa meta trs objetivos foram estudados: o estudo da dosagem e

    das propriedades mecnicas do concreto estrutural leve e o estudo do comportamento e

    da resistncia das lajes mistas confeccionadas com este tipo de concreto.

    Para efeito de dosagem, basicamente, analisou-se a substituio do agregado

    grado britado por argila expandida. A dosagem final foi baseada nos resultados de

    ensaios de densidade do concreto, consistncia no estado fresco e resistncia

    caracterstica compresso.

    O estudo das propriedades mecnicas incluiu a avaliao da resistncia

    compresso e do mdulo de elasticidade esttico secante, bem como da relao entre os

    dois para verificar se as expresses hoje utilizadas para o concreto de densidade usual

    aplicam-se ao concreto estrutural leve.

    Para pesquisar o comportamento e a resistncia das lajes mistas

    confeccionadas com concreto estrutural leve, prottipos com diferentes combinaes de

    comprimento, altura total da laje e espessura da frma de ao foram construdos e

    testados em laboratrio, seguindo os critrios do EUROCODE 4: DRAFT EN 1994-1-

    1:2001 (19) e do CANADIAN SHEET STEEL BUILDING INSTITUTE CSSBI (16).

    As dimenses dos prottipos foram similares aos testados anteriormente por MELO

    (23), o que permitiu tambm fazer uma anlise comparativa com as lajes mistas

    fabricadas com concreto de densidade usual. O mesmo tipo de frma de ao foi

    empregado para todos os prottipos, a saber, o Steel Deck MF 75 fabricado pela

    METFORM S.A., nas espessuras nominais de 0,80 mm e 1,25 mm.

  • CAPTULO 1 - INTRODUO 6

    1.4 - DESCRIO RESUMIDA DOS CAPTULOS

    O captulo 2 apresenta uma breve reviso bibliogrfica dos trabalhos mais

    relevantes relacionados ao sistema de laje mista e ao concreto estrutural leve de modo a

    fornecer uma melhor compreenso do comportamento estrutural da laje mista com

    frma de ao incorporada e das propriedades e comportamento mecnico do concreto

    estrutural leve. A caracterizao dos prottipos analisados, os materiais utilizados com

    os respectivos ensaios de caracterizao e a descrio do processo de execuo e de

    preparao para ensaio dos prottipos podem ser encontrados no captulo 3. O

    procedimento adotado nos ensaios e o detalhamento do processo de instrumentao dos

    prottipos so fornecidos no captulo 4. O captulo 5 apresenta os resultados obtidos nos

    ensaios, alm de uma anlise do comportamento dos prottipos. O captulo 6 mostra os

    principais aspectos que diferenciam ou que aproximam o comportamento do sistema de

    lajes mistas fabricadas com concreto estrutural leve com as fabricadas com concreto

    convencional, incluindo consideraes sobre o mtodo m e k para o clculo da

    capacidade portante. Finalmente, as concluses do trabalho e recomendaes para

    estudos futuros so encontradas no captulo 7.

  • CAPTULO 2

    REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 - INTRODUO

    O estudo do comportamento estrutural do sistema de laje mista feito atravs

    da realizao de testes em laboratrio (SCHUSTER (27)). Descobertos os estados

    limites mais relevantes, os pesquisadores desenvolvem modelos matemticos para

    represent-los, utilizando as propriedades padres dos materiais envolvidos, chegando a

    frmulas que prevem, com relativa preciso, o comportamento estrutural at o seu

    colapso. Essas frmulas recebem fatores de majorao de carga e coeficientes de

    minorao de resistncia adequados e devem ter o seu campo de aplicao claramente

    definido, considerando a credibilidade e a necessria simplicidade para as aplicaes

    prticas, sendo incorporadas pelas diversas normas e especificaes tcnicas tais como:

    CSSBI (16), EUROCODE 4: DRAFT EM 1994-1-1:2000 (19), AMERICAN SOCIETY

    OF CIVIL ENGINEERS ASCE (6), BRITISH STANDARD 5950: PART 4 BS

    5950: PART 4 (13) e o ANEXO C da NBR 14323 (8), por exemplo. Embora os

    modelos bsicos de anlise sejam geralmente os mesmos, os critrios adotados por essas

    normas, podem apresentar algumas diferenas, principalmente nos fatores parciais de

    segurana adotados em cada pas.

    A Figura 2.1 mostra o esquema de aplicao de carga utilizado por

    pesquisadores de vrios pases em experimentos envolvendo lajes mistas. Os prottipos

    so ensaiados em vos simplesmente apoiados. Os tipos de colapsos so classificados

    em: colapso por flexo; colapso por cisalhamento transversal ou vertical e colapso por

    cisalhamento longitudinal (shear bond) (MELO (23)). Este ltimo modo de ruptura

    o predominante e caracterizado pela formao de uma fissura no concreto, em

    diagonal, sob ou prximo s linhas de carga, proveniente dos esforos de cisalhamento e

    de momento nessa regio, seguido por uma falha da ligao entre as mossas da frma de

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 8

    ao e o concreto, fazendo com que o conjunto, deck-concreto, na regio do vo de

    cisalhamento, perca sua ao composta, ocorrendo, entre os mesmos, um deslizamento

    horizontal relativo elevado.

    Figura 2.1 - Esquema de carregamento adotado em vrias pesquisas

    Nos EUA, os projetos de lajes mistas so baseados nas especificaes do

    STEEL DECK INSTITUTE - SDI e do ASCE (6); no Canad, as especificaes do

    CANADIAN SHEET STEEL BUILDING INSTITUTE CSSBI (16) fornecem os

    critrios necessrios para o dimensionamento, baseados, principalmente, nos trabalhos

    de SCHUSTER (27). A primeira norma europia, a BRITISH STANDARD 5950:

    PART 4 BS 5950: PART 4 (13), surgiu em 1982; atualmente, o EUROCODE 4:

    DRAFT EN 1994-1-1:2001 (19) trata do dimensionamento tanto da frma de ao

    isolada quanto do conjunto deck-concreto. No Brasil, o ANEXO C da NBR 14323 (8)

    trata do dimensionamento desse sistema estrutural.

    Bloco d

    e apoio

    Bloco d

    e apoio

    P

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 9

    Todas as normas citadas afirmam que o comportamento estrutural da laje

    mista no se altera com o uso do concreto estrutural leve, enfatizando, apenas, que

    devem ser realizados ensaios especficos com esse tipo de concreto, seguindo as

    mesmas recomendaes e metodologias aplicveis aos ensaios com concreto

    convencional. A nica ressalva apresentada por essas normas na definio do que

    venha ser concreto estrutural leve. Elas recomendam que, nesse caso, sejam feitas

    consultas s principais especificaes internacionais sobre o assunto, a fim de se

    confeccionar o concreto estrutural leve dentro de padres aceitveis.

    Dessa maneira, em uma primeira etapa de estudo, procurou-se adquirir o

    conhecimento bsico do comportamento estrutural da laje mista como um todo, com a

    finalidade de auxiliar nos ensaios realizados nesta pesquisa. Fez-se, portanto, uma

    reviso da literatura internacional a respeito do assunto, inclusive, consultas a institutos

    ligados diretamente aos materiais utilizados, como SDI (Steel Deck Institute), SCI

    (Steel Construction Institute), AISC (American Steel Construction Institute), BSI

    (British Steel Institute) e ACI (American Concrete Institute). Foram feitos contatos com

    instituies de pesquisa com tradio no estudo de estruturas mistas, bem como com

    fabricantes nacionais e internacionais do perfil de ao e com alguns pesquisadores de

    renome na rea. Por fim foi realizado um estudo de anais de conferncias internacionais

    sobre o tema.

    No foi possvel encontrar, nessas consultas, nenhuma pesquisa realizada nos

    mesmos moldes desta, j que as pesquisas encontradas, que utilizavam lajes mistas

    empregando concreto estrutural leve, tinham concretos confeccionados com agregado

    leve diferente do usado nesta pesquisa, ou, quando o agregado era o mesmo, no havia

    dados anteriores, da mesma laje feita com concreto convencional, para serem

    comparados.

    Foi feito tambm, em uma segunda etapa de estudo, uma reviso da literatura e

    consultas, semelhantes s indicadas anteriormente, a respeito da reologia do concreto

    estrutural leve, com o intuito de garantir que os concretos leves confeccionados nesta

    pesquisa estavam de acordo com as padronizaes internacionais vigentes.

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 10

    Este captulo tem como meta apresentar uma breve reviso dos trabalhos mais

    relevantes relacionados ao sistema de laje mista e ao concreto estrutural leve. Esta

    reviso tem como objetivo apresentar a seqncia do desenvolvimento dos estudos

    realizados, de modo a fornecer uma melhor compreenso do comportamento estrutural

    da laje mista com frma de ao incorporada e das propriedades e comportamento

    mecnico do concreto estrutural leve. Para tanto, a reviso foi dividida em trs partes:

    reviso da literatura em fontes internacionais, estudos realizados no Brasil sobre as lajes

    mistas e reviso bibliogrfica sobre o concreto estrutural leve.

    2.2 - REVISO DE LITERATURA SOBRE LAJES MISTAS ESTUDOS

    REALIZADOS NO EXTERIOR

    A primeira publicao, significativa, sobre as lajes mistas foi feita por

    FRIBERG (21), em 1954. O seu trabalho no s forneceu uma viso geral do

    comportamento do perfil testado (Cofar), como, tambm, apresentou uma excelente

    comparao de custos, entre as lajes mistas e as convencionais.

    BRYL (14), em 1967, fez uma investigao sobre os diferentes tipos de chapas

    de ao atuando de forma composta com o concreto. Baseado nesses testes, ele concluiu

    que ocorria uma ruptura brusca nas lajes mistas que utilizavam chapas de ao sem

    mossas, e, nas que tinham mossas, havia grandes deformaes at o colapso,

    acompanhadas por um aumento considervel da capacidade de carga.

    At 1967, vrios fabricantes de chapas de ao, utilizadas no sistema de laje

    mista, atuavam no mercado dos Estados Unidos e Canad. Cada fabricante, empregando

    princpios de engenharia tradicionais, desenvolvia o seu produto atravs de uma extensa

    pesquisa independente, de forma que os rgos competentes de posse dos resultados

    dessas pesquisas, aprovavam, ou no, a sua utilizao no sistema de laje mista. Em

    muitos casos, eram pedidos testes adicionais do fabricante. Isso, obviamente, encarecia

    o sistema, dificultando o seu uso. Reconhecendo esse fato e a necessidade de uma

    norma para projeto e utilizao, o AMERICAN IRON AND STEEL INSTITUTE

    AISI, iniciou um projeto de pesquisa, em 1967, na IOWA STATE UNIVERSITY, sob a

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 11

    direo de EKBERG e participao de SCHUSTER (26), onde foi dada uma nfase

    particular para encontrar um critrio de resistncia ltima. A partir de ento, vrias

    pesquisas foram realizadas, incluindo dissertaes de mestrado e teses de doutorado.

    Um fato significativo dos resultados dessas pesquisas foi o modo de ruptura das lajes

    mistas testadas. Na grande maioria das vezes, os prottipos romperam por cisalhamento

    longitudinal ( shear bond ).

    Em abril de 1984, com objetivos de elaborar tabelas de sobrecarga, vos

    mximos admissveis e identificar parmetros que influenciassem a resistncia

    caracterstica de um sistema de lajes mistas utilizando o perfil de ao P-2430-12HB,

    cuja geometria e propriedades mecnicas so similares ao perfil utilizado nesta

    pesquisa, SCHUSTER (27) realizou uma srie de ensaios em lajes bi-apoiadas,

    empregando concreto de densidade usual, submetidas a carregamento simtrico. A

    determinao da resistncia dessas lajes mistas foi baseada em seu estado limite ltimo,

    sendo aproveitado os dados experimentais para o embasamento da teoria. Foram

    ensaiados doze prottipos, com altura total e vos livres diferentes. O modo de ruptura

    observado, em todos os ensaios, foi o cisalhamento longitudinal. Baseado nos resultados

    experimentais obtidos, Schuster estabeleceu uma expresso semi-emprica para o

    clculo da capacidade ao cisalhamento longitudinal, conhecida hoje como mtodo m e

    k. Essa expresso originou as utilizadas no EUROCODE 4: DRAFT EN 1994-1-

    1:2001 (19), CSSBI (16) e ASCE (6) e exprime uma relao linear dada por:

    += k

    L1mdbV'us

    , ( 2.1 )

    onde:

    usV a resistncia nominal ao cisalhamento longitudinal, em kN/m;

    b a largura da laje, em m;

    d a altura efetiva da laje, em mm;

    L o vo de cisalhamento, em mm; e

    m e k so parmetros determinados a partir dos resultados experimentais.

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 12

    O mtodo consiste em reescrever a equao acima na forma:

    kXmY += , ( 2.2 )

    onde

    'L1X = ( 2.3 )

    e

    dbV

    Y ut

    = . ( 2.4 )

    Na Equao 2.4, utV o cisalhamento transversal ltimo total obtido nos

    ensaios, por metro de largura de laje. Com os valores de X e Y em mos faz-se uma

    anlise de regresso linear empregando o mtodo dos mnimos quadrados, obtendo,

    desse modo, os parmetros m e k. Desta forma a expresso para determinao da

    resistncia de clculo ao cisalhamento longitudinal, em kN/m, fica dada por:

    += k

    'L1mdbV vusd , ( 2.5 )

    onde v o coeficiente de minorao da resistncia ao cisalhamento longitudinal.

    O valor do vo de cisalhamento L para projeto, segundo o EUROCODE 4:

    DRAFT EN 1994-1-1:2001 (19), deve ser tomado igual a:

    L/4 para carregamento uniformemente distribudo em todo o vo;

    A distncia entre a carga concentrada e o apoio mais prximo para duas cargas

    iguais e simetricamente dispostas;

    Para outros arranjos de carregamento, incluindo a combinao de carregamentos

    distribudos e cargas concentradas assimtricas, uma avaliao deve ser feita

    baseada em resultados de testes ou pode ser igual ao momento fletor mximo

    dividido pela maior reao no apoio.

    O mtodo m e k, apesar de ser um critrio de clculo adequado para o

    sistema de lajes mistas, no baseado em nenhum modelo analtico. Assim quando as

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 13

    dimenses dos elementos, os materiais, ou os modos de carregamentos diferem daqueles

    usados nos ensaios, devem ser feitas algumas hipteses conservadoras, como, por

    exemplo, o clculo do vo de cisalhamento, L, para carregamento uniformemente

    distribudo. Alm disso, o mtodo no permite a considerao explicita das

    contribuies das ancoragens de extremidade ou de armaduras longitudinais de reforo

    na resistncia final das lajes. Para levar em conta estes aspectos, O EUROCODE 4:

    DRAFT EN 1994-1-1:2001 (19) prope o mtodo da interao parcial como alternativa

    ao mtodo m e k. Esse mtodo analtico e portanto permite que se considerem as

    contribuies explcitas das ancoragens de extremidade e o uso de armaduras

    longitudinais de reforo, como alternativas para aumentar a resistncia ao cisalhamento

    longitudinal do sistema de laje mista. Segundo o EUROCODE 4: DRAFT EN 1994-1-

    1:2001 (19), ele s deve ser utilizado em lajes que tenham um comportamento dctil,

    isto , em lajes cuja carga ltima excede em 10% ou mais a carga que causa o

    deslizamento de extremidade de servio (0,5 mm).

    VAN HOVE (30), em julho de 1991, com objetivos idnticos ao de Schuster,

    mas utilizando o perfil de ao CF70/0,9 e empregando concreto estrutural leve com

    agregado de escria de alto forno, realizou duas sries de ensaios com quatro prottipos

    para cada srie, usando lajes biapoiadas submetidas a carregamento simtrico. Em todos

    os ensaios, foi observado o mesmo modo de ruptura: cisalhamento longitudinal. Com os

    resultados experimentais obtidos, o autor determinou os valores de m e k

    caractersticos ao perfil de ao e concreto utilizado, e a partir desses valores, fez as

    tabelas de sobrecarga e de vos mximos admissveis.

    Em 1995, WRIGHT E EVANS (31) discutiram as trs fases do

    comportamento estrutural das lajes mistas, ou seja, a ao durante a etapa construtiva, a

    ao laje mista e a ao viga mista. Para a pesquisa foi usado o perfil de ao CF46 e

    concreto estrutural leve com agregado de escria de alto forno. Os autores verificaram

    que durante a etapa construtiva, caso a laje seja submetida a altos nveis de

    carregamento concentrado, h possibilidade de flambagem local da mesa superior do

    perfil de ao e/ou o escoamento de sua parte inferior, levando a estrutura ao colapso. O

    comportamento de laje mista descrito por WRIGHT E EVANS, como a ao

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 14

    estrutural desenvolvida pelo travamento mecnico entre a chapa de ao e o concreto,

    proporcionado principalmente pelas mossas. Esse travamento assegura laje resistncia

    longitudinal, sendo a perda dessa resistncia, a causa de todas as rupturas observadas

    pelos autores. Notou-se, tambm, que a resistncia transversal, responsvel pela

    capacidade portante do sistema em seu prprio plano, garantida pelo uso de conectores

    soldados s vigas perifricas, o que caracteriza a chamada ao de viga mista.

    Ainda em 1995, foi publicada pela EUROPEAN CONVENTION FOR

    CONSTRUCTIONAL STEELWORK ECCS (20) a primeira edio do Design

    Manual for Composite Slabs, um manual prtico de dimensionamento para estruturas

    mistas aoconcreto. O manual se baseia nos captulos 7, 10 e anexo E do EUROCODE

    4 (18) e na parte 1.3 do EUROCODE 3 (17), fornecendo consideraes especiais sobre

    o efeito diafragma, proteo contra incndio, isolamento acstico, aberturas nas lajes e

    proteo contra corroso do perfil de ao, alm de detalhes construtivos da aplicao do

    sistema de lajes mistas a estruturas de concreto armado, concreto protendido e madeira.

    A maior parte da publicao dedicada aos mtodos de clculo das lajes mistas,

    enfocando dados relativos aos materiais, carregamentos e verificao dos estados

    limites.

    2.3 - REVISO BIBLIOGRFICA SOBRE LAJES MISTAS ESTUDOS

    REALIZADOS NO BRASIL

    A utilizao de sistemas mistos no Brasil tem aumentado consideravelmente,

    tanto em edifcios como em pontes. A NBR 8800/86 (10) foi a primeira norma brasileira

    a tratar de sistemas mistos, abordando as vigas mistas, sem, no entanto, fazer referncia

    a pilares mistos, lajes mistas e ligaes mistas viga/pilar. Atualmente, o Anexo C da

    NBR 14323 (8) trata do dimensionamento das lajes mistas.

    Como j foi dito, o comportamento e a resistncia das lajes mistas vm sendo

    estudados na Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, em parceria com a

    METFORM S.A., fabricante da frma de ao, desde 1996. O estudo foi dividido em

    quatro etapas: na primeira, foi verificada a aplicao do sistema em construes

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 15

    metlicas, considerando ou no conectores de extremidade (stud bolt); na segunda,

    pesquisou-se sua utilizao em estruturas convencionais de concreto armado; na

    terceira, o efeito da continuidade foi analisado; na quarta etapa, que esta pesquisa, foi

    avaliado o comportamento e a resistncia das lajes mistas empregando-se o concreto

    estrutural leve. As dissertaes de mestrado geradas a partir das trs primeiras etapas,

    so resumidas a seguir.

    Na primeira etapa, em 1999, prottipos com diferentes combinaes de

    espessura total de laje, vo de cisalhamento e espessura da frma de ao, foram

    construdos e testados em laboratrio por MELO (23), seguindo os critrios do CSSBI

    (16) e do EUROCODE 4 (18). As dimenses dos prottipos foram variadas de modo a

    cobrir satisfatoriamente a faixa de parmetros que afetam a resistncia dessas lajes.

    Empregou-se o mesmo tipo de frma metlica para todos os prottipos, o Steel Deck

    MF 75, fabricado pela METFORM S.A., nas espessuras nominais de 0,80 mm e 1,25

    mm. O concreto utilizado era de densidade usual com resistncia caracterstica

    compresso ( ckf ) de 20 MPa. Os ensaios de caracterizao das propriedades mecnicas

    do concreto foram feitos em idades superiores a 28 dias juntamente com os ensaios das

    lajes: a resistncia do concreto obtida esteve sempre acima do valor especificado.

    Telas soldadas foram colocadas a uma distncia de aproximadamente 20 mm

    do topo da laje mista, para evitar fissuras devido retrao do concreto. (SCHUSTER

    (27)). Os prottipos foram moldados totalmente apoiados, como recomenda o

    EUROCODE 4 (18), por ser considerada a situao mais desfavorvel.

    A Figura 2.1, vista anteriormente, mostra o esquema de aplicao de carga

    utilizado nos ensaios. Os prottipos foram ensaiados em vos simplesmente apoiados.

    Um sistema de vigas metlicas transmitia a carga ao prottipo, de modo que duas cargas

    concentradas lineares, dispostas simetricamente, fossem aplicadas. Eram aplicados

    incrementos de carga de forma gradual e crescente at a carga ltima do prottipo ser

    atingida.

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 16

    Os resultados dos ensaios revelaram que aps a fissurao do concreto, o

    sistema apresenta um comportamento com interao parcial entre o concreto e a frma

    de ao, devido ao rompimento da aderncia qumica entre os mesmos e incapacidade

    da aderncia mecnica proporcionada pelas mossas, uma vez acionadas, em transmitir o

    cisalhamento total entre o perfil de ao e a laje de concreto, gerando um deslizamento

    relativo entre esses elementos. Com o aumento gradual da carga, a interao parcial se

    deteriora continuamente, fazendo com que o concreto da regio do vo de cisalhamento

    perca sua ao composta com a frma de ao. Essa falha indicada por um elevado

    deslizamento horizontal relativo entre a frma de ao e o concreto, na extremidade do

    prottipo, e resulta no colapso por cisalhamento longitudinal (shear bond). Esse modo

    de ruptura foi encontrado em todos os prottipos ensaiados.

    Como todos os prottipos romperam por cisalhamento longitudinal,

    determinou-se uma expresso para o clculo da capacidade resistente ltima das lajes

    mistas de acordo com o mtodo semi-emprico m e k, apresentado por SCHUSTER

    (27) e utilizado tanto pelo EUROCODE 4 (18) quanto pelo CSSBI (16). Foram feitas

    verificaes tambm utilizando o mtodo da interao parcial proposto pelo

    EUROCODE 4 (18). Com os valores dos parmetros m e k, foi gerada uma tabela

    unificada de carga e vos mximos admissveis para dimensionamento dessas lajes em

    construes metlicas. Os efeitos da presena de conectores de extremidade, stud bolt,

    tambm foi analisado. Com esses conectores houve um aumento siginificativo da

    capacidade portante das lajes, porm, o modo de colapso foi o mesmo observado nos

    prottipos sem conectores.

    O sucesso da utilizao das lajes mistas nas construes metlicas criou um

    ambiente propcio aplicao do sistema em estruturas usuais de concreto armado.

    Ento, SILVA (28), no mesmo ano de 1999, analisou tanto o aspecto construtivo quanto

    o comportamento e a resistncia dessas lajes para essa nova finalidade, sendo esta a

    segunda etapa da pesquisa.

    Em estruturas convencionais de concreto armado, as lajes e vigas de um

    pavimento, em regra, so concretadas em uma nica etapa, posterior execuo dos

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 17

    pilares. Para que esse mesmo procedimento fosse feito no caso das lajes mistas com

    frma de ao incorporada, o Steel Deck deveria ser interrompido nas faces laterais das

    vigas, ou seja, ele no poderia penetrar nas vigas de concreto. Baseado nesse fato, o

    processo executivo escolhido foi o de acrescentar s frmas das faces laterais das vigas

    duas abas horizontais para apoio e fixao do Steel Deck atravs de rebites. Esse

    mtodo se revelou de fcil execuo e seguro, no ocorrendo nenhum deslizamento do

    Steel Deck durante a concretagem.

    Uma vez que o perfil no penetrava nas vigas de extremidade, barras de ao,

    previamente colocadas dentro da laje, foram empregadas para a transferncia dos

    esforos da frma de ao para as vigas. Para o clculo da rea necessria dessas barras,

    bem como de seus comprimentos dentro da laje e das vigas, utilizaram-se as prescries

    da norma brasileira NBR 6118 (11). Para a verificao do comportamento e da

    resistncia das lajes, foram realizados ensaios de dez prottipos, variando a altura total,

    o vo livre e o vo de cisalhamento da laje, alm da espessura da frma de ao. Os

    valores empregados e os procedimentos dos ensaios foram os mesmos utilizados por

    MELO (23). O concreto utilizado foi de densidade usual, tendo sido especificado uma

    resistncia caracterstica compresso ( ckf ) maior ou igual a 20 MPa. Posteriormente,

    foram determinadas as resistncias compresso e o mdulo de elasticidade esttico

    secante (Ec) do concreto, em datas coincidentes com a realizao dos ensaios dos

    prottipos. Os resultados ficaram sempre acima do especificado. Para as barras de

    transferncia dos esforos empregaram-se trs diferentes bitolas, 3,4; 5,0 e 6,3 mm. As

    bitolas de 3,4 e 5,0 mm eram de ao tipo CA-60, enquanto as de 6,3 mm do tipo CA 50.

    Devido semelhana das lajes testadas nesta etapa com a anterior, foi possvel

    fazer uma anlise comparativa entre os resultados obtidos. Essa anlise revelou que os

    sistemas de lajes mistas aplicados em estruturas convencionais de concreto armado, do

    ponto de vista da capacidade de carga e dos parmetros relativos ao estado limite de

    utilizao, tm comportamento equivalente aos aplicados em estruturas metlicas sem

    conectores de extremidade (stud bolt), atingindo, da mesma maneira, o colapso por

    cisalhamento longitudinal (shear bond). Ao se fazer verificao do clculo da

    resistncia ao cisalhamento longitudinal atravs do mtodo "m e k", chegou-se a

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 18

    resultados praticamente iguais para os dois sistemas, o que comprova a viabilidade

    estrutural da aplicao das lajes mistas a estruturas prediais em concreto armado, sendo

    possvel a utilizao das mesmas tabelas de dimensionamento empregadas para as

    construes metlicas. importante frisar que em nenhum ensaio verificou-se a ameaa

    de runa na ligao da laje com as vigas de concreto, o que fortalece a hiptese de que

    as barras tiveram a atividade necessria para cumprir o seu papel na transferncia dos

    esforos de cisalhamento longitudinal da laje mista para as vigas de extremidade.

    Na terceira etapa, em 2001, CAMPOS (15) avaliou o comportamento e a

    resistncia da laje mista contnua. Foi realizada, tambm, uma anlise comparativa dos

    resultados obtidos com aqueles encontrados nas etapas anteriores.

    A etapa experimental consistiu em ensaios de prottipos construdos em escala

    natural e submetidos a diferentes condies de carregamentos. Os ensaios foram feitos

    conforme mostra a Figura 2.2.

    Figura 2.2 Ensaios de continuidade da laje mista (a) Situao I (b) Situao II

    900 mm 900 mm 900 mm 900 mm

    600 mm 600 mm 600 mm 600 mm 600 mm 600 mm

    3600 mm

    3600 mm

    P P

    P P P P

    (a)

    (b)

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 19

    Foram testados trs prottipos para cada situao. Para a situao I, utilizou-se

    vo de cisalhamento igual a 900 mm e lajes com altura total igual 180 mm; para a

    situao II, vo de cisalhamento igual 600 mm e lajes com altura total igual 140 mm.

    Nos dois casos, foram utilizadas frmas de ao com espessura nominal de 0,80 mm. A

    escolha das caractersticas geomtricas dos prottipos e do esquema de carga se baseou

    nos ensaios previamente realizados nas etapas anteriores. Foi utilizado concreto de

    densidade usual, tendo sido especificado uma resistncia caracterstica compresso

    ( ckf ) maior ou igual a 20 MPa. Ao se fazer os ensaios de caracterizao das

    propriedades mecnicas do concreto, juntamente com os ensaios das lajes, a resistncia

    do concreto obtida esteve sempre acima do valor especificado.

    A armadura negativa, posicionada sobre o apoio intermedirio, foi

    dimensionada em funo do momento na seo central da laje. Para clculo do valor do

    momento, foi empregado o valor ltimo do esforo cortante de extremidade obtido nos

    ensaios das lajes simplesmente apoiadas de mesmas caractersticas geomtricas e

    mesmo vo de cisalhamento.

    A anlise dos resultados revelou um aumento significativo na capacidade

    portante da laje, em relao aos prottipos similares simplesmente apoiados. Durante os

    testes, um nico modo de ruptura foi observado: combinao de cisalhamento

    longitudinal (shear bond) com escoamento da armadura negativa na regio do apoio

    intermedirio.

    2.4 - REVISO BIBLIOGRFICA SOBRE O CONCRETO ESTRUTURAL

    LEVE

    Concreto estrutural leve, segundo o ACI 211 (1), um concreto estrutural em

    todos os sentidos, exceto que, por razes de economia do custo total, o concreto feito

    com agregados leves, sendo, portanto, seu peso especfico aproximadamente igual a

    dois teros do peso especfico do concreto feito com agregados naturais tpicos. Desde

    que o objetivo primordial o baixo peso e no a resistncia, as especificaes limitam o

    peso especfico mximo permissvel do concreto. Uma vez que o agregado altamente

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 20

    poroso tambm tende a reduzir bastante a resistncia do concreto, as especificaes

    exigem uma resistncia compresso mnima aos 28 dias, para assegurar a qualidade

    estrutural do concreto.

    O Guia de Concreto Estrutural com Agregado Leve do ACI 213R-87 (2)

    define concreto estrutural com agregado leve como concretos leves tendo resistncia

    compresso aos 28 dias acima de 17 MPa e massa especfica, seca ao ar, no excedendo

    1850 kg/m3. O concreto pode conter somente agregado leve, ou, por diversas razes,

    uma combinao de agregados leves e normais. Do ponto de vista da trabalhabilidade e

    outras propriedades, uma prtica habitual usar areia comum como agregado mido e

    limitar o tamanho nominal mximo do agregado grado leve a 19 mm. De acordo com o

    mtodo ASTM C 330 (5), os agregados leves midos e grados no devem ter massa

    especfica no estado solto seco maior do que 1120 kg/m3 e 880 kg/m3, respectivamente.

    A especificao contm ainda as exigncias requeridas para os agregados com respeito

    granulometria, s substncias deletrias e s propriedades do agregado para execuo do

    concreto, tais como resistncia, retrao por secagem e durabilidade do concreto

    contendo o agregado.

    As exigncias das normas ASTM C 330 (5), para resistncias compresso e

    trao e para massa especfica unitria do concreto estrutural leve, so mostrados na

    Tabela 2.1.

    Tabela 2.1 - Exigncias para concreto estrutural leve ASTM C 330

    17601680

    176016801600

    1840 2,32,12,1

    282117

    2,22,12,0

    Combinao de areia natural com agregado leve

    282117

    Massa especfica seca ao ar mx. aos 28 dias

    (kg/m3)

    Resistncia trao por compresso diametral mnima aos 28 dias

    (MPa)

    Resistncia compresso mnima aos 28 dias

    (MPa)Todos os agregados leves

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 21

    Em relao aos agregados leves, a caracterstica essencial a elevada

    porosidade, que resulta numa baixa massa especfica aparente. Alguns agregados leves

    so encontrados ao natural; outros so produzidos a partir de materiais naturais ou de

    subprodutos industriais. Os principais agregados naturais so a diatomita, a pedra

    pomes, a escria, as cinzas vulcnicas e os tufos; com exceo da diatomita, todos tm

    origem vulcnica. Os agregados leves, para concreto estrutural, fabricados a partir de

    materiais naturais so: a argila, a vermiculita e a ardsia expandidas.

    A argila expandida, que foi o agregado leve utilizado nesta pesquisa,

    produzida, segundo ROSSO (25), por um tratamento trmico adequado que provoca um

    estado semiplstico, conhecido, tambm, como ponto de vitrificao incipiente. Elas

    se expandem aumentando seu volume de 5 a 6 vezes, em conseqncia da formao de

    gases no interior da massa do material, formando, assim, uma estrutura altamente

    porosa ao resfriar-se. Para ocorrer o fenmeno necessrio que as argilas contenham

    alguns componentes produtores de gases no momento em que o estado semiplstico

    alcanado. Reaes de carbonatos e sulfetos, decomposio de compostos que contm

    gua ou compostos orgnicos, decomposio ou reduo de xidos frricos, so os

    processos qumicos responsveis pelo desenvolvimento de gases, quando as argilas

    alcanam a temperatura de vitrificao incipiente. Embora o fenmeno no seja ainda

    perfeitamente definido, sabe-se que sem os componentes acima indicados ele no

    ocorre; portanto, se a argila for desprovida desses elementos eles devero ser

    adicionados. A expanso, contudo, realizada somente se o material adquirir

    viscosidade suficiente para resistir tenso dos gases. As temperaturas necessrias para

    a expanso variam de 1100 a 1400C, com o pH maior que 5 e composio qumica

    tpica semelhante da pedra pomes com contedo de slica da ordem de 59%. As argilas

    expandidas podem ser produzidas como clnker numa grelha mvel de sinterizao, ou,

    como agregado de forma arredondada em processo de pelotizao, calcinao e

    expanso em forno rotativo. O segundo processo produz material de qualidades

    superiores.

    De acordo com MEHTA E MONTEIRO (22), exame de corpos de prova

    rompidos de concreto com agregado leve, aps o ensaio de trao, por compresso

    diametral, revelam claramente que, ao contrrio do concreto convencional, o agregado e

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 22

    no a zona de transio geralmente o componente mais fraco do sistema. Ele ainda

    ressalta que, comparado ao concreto convencional, o concreto com agregado leve tem

    maior movimentao causada pela umidade, isto , maior grau de retrao por secagem

    e fluncia. Em geral, lanamento, compactao e acabamento de concreto com agregado

    leve requerem esforo relativamente menor; conseqentemente, mesmo abatimentos de

    50 a 70 mm podem ser suficientes para obter uma trabalhabilidade similar do concreto

    normal, com abatimentos de 100 a 125 mm.

    A elevada capacidade de absoro do agregado leve tambm importante na

    fase de mistura. Quando se coloca na betoneira uma certa quantidade de gua, a

    quantidade de gua disponvel para molhagem do cimento e para a hidratao depende

    da quantidade que absorvida pelo agregado leve. Isso varia bastante, desde zero,

    quando o agregado tenha sido previamente encharcado durante um tempo considervel,

    at uma quantidade muito grande, dependendo do tipo de agregado quando ele seco

    em estufa. Entre esses dois extremos, o agregado seco ao ar colocado na betoneira

    provavelmente deve absorver entre 70 kg e 100 kg de gua por metro cbico de

    concreto, segundo o ACI 304 (3).

    NEVILLE (24) ressalta que existe uma dificuldade insupervel na

    determinao da quantidade de gua livre em concretos com agregados leves. Em

    conseqncia, no pode ser estabelecida a relao gua/cimento com base na gua livre

    da mistura: a relao gua/cimento baseada na gua total no tem sentido, pois a gua

    absorvida pelo agregado no tem influncia na formao de poros capilares, que tm

    efeito sobre a resistncia. Por outro lado, para um dado agregado, existe uma ampla

    relao entre o teor de cimento do concreto e a resistncia compresso. Como o

    cimento tem massa especfica muito maior do que o agregado leve, para cada agregado,

    a resistncia aumenta com um aumento de massa especfica, mas, dependendo do tipo

    de agregado, um concreto de 20 MPa, pode necessitar entre 260 kg e 330 kg de cimento

    por metro cbico de concreto; resistncias compresso maiores exigem teores muitos

    altos de cimento; por exemplo, para 70 MPa necessrio um total de 630 kg de

    materiais cimentcios. Como no caso dos concretos com massa especfica usual, o fumo

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 23

    de slica melhora a resistncia dos concretos leves. Outros materiais cimentcios

    tambm podem ser incorporados aos concretos leves.

    Em geral, para uma mesma resistncia de concreto, o teor de cimento em

    concretos leves maior do que em concretos convencionais; a altas resistncias o

    aumento de cimento pode chegar a mais de 50%. Um elevado teor de cimento dos

    concretos leves significa que ele tem uma relao gua/cimento baixa, embora

    desconhecida, de modo que a resistncia da matriz alta. As partculas de agregado

    grado so relativamente fracas e sua resistncia pode ser um fator limitador da

    resistncia do concreto em funo do fendilhamento que ocorre nessas partculas na

    direo normal da carga aplicada. No entanto, no existe uma relao definida entre a

    resistncia do agregado e a resistncia do concreto.

    Uma importante caracterstica do agregado leve a boa aderncia entre o

    agregado e a pasta hidratada de cimento que o envolve, sendo conseqncia de vrios

    fatores. Em primeiro lugar, a textura spera da superfcie de muitos agregados leves

    resulta em um intertravamento mecnico entre os dois materiais. De fato, muitas vezes,

    ocorre uma certa penetrao da pasta de cimento para o interior dos poros abertos na

    superfcie das partculas de agregado grado. Em segundo lugar, os mdulos de

    elasticidade das partculas de agregado leve e da pasta de cimento no so muito

    diferentes. Em conseqncia, no so induzidas tenses diferenciais entre os dois

    materiais pelas cargas aplicadas ou por variaes trmicas ou higroscpicas. Em terceiro

    lugar, a gua absorvida pelo agregado no momento da mistura se torna, com o tempo,

    disponvel para a hidratao do cimento no hidratado remanescente. NEVILLE (24)

    ressalta que, como boa parte dessa hidratao adicional ocorre na regio da interface

    agregado-pasta, torna-se mais forte a aderncia entre o agregado e a matriz.

    O mdulo de elasticidade, de acordo com NEVILLE (24), pode ser expresso

    em funo da resistncia compresso. No entanto, devido melhor aderncia da pasta

    com as partculas, o concreto com agregado leve apresenta uma ao combinada

    particularmente boa, de modo que as propriedades elsticas do agregado tm maior

    influncia sobre o mdulo de elasticidade do concreto do que no caso de concretos com

    agregados normais. Como as propriedades elsticas do agregado no so influenciadas

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 24

    pelo teor de vazios e, portanto, nem pela massa especfica aparente, o mdulo de

    elasticidade do concreto com agregado leve pode ser expresso em funo da massa

    especfica do concreto, bem como da sua resistncia compresso.

    Para resistncias de at 41 MPa, o ACI 318-99 (4) apresenta uma expresso

    para o mdulo de elasticidade esttico secante do concreto, Ec, dada por:

    'c

    5,16c f1043E = , ( 2.6 )

    onde:

    cE = mdulo de elasticidade esttico secante, em GPa;

    = massa especfica do concreto, em kg/m3, e

    'cf = resistncia compresso determinada em cilindros, em MPa.

    Essa expresso vlida para valores de massa especfica entre 1440 kg/m3 e

    2480 kg/m3.

    Quanto aos concretos leves com resistncia entre 60 MPa e 100 MPa, a

    relao entre o mdulo de elasticidade e a resistncia compresso parece ser melhor

    representada pela expresso proposta por ZHANG E GJORV (32):

    5,13,0

    cc 2400f5,9E

    = . ( 2.7 )

    Os termos da expresso acima so os mesmos da relao proposta pelo ACI

    318-99.

    NEVILLE (24) indica que em concretos feitos com argila expandida ou cinza

    volante sinterizada encontraram-se valores do mdulo de elasticidade entre 18 GPa e 26

    GPa, isto , tipicamente 12 GPa menos do que concretos com agregados naturais tpicos

    com iguais resistncias, no intervalo entre 50 MPa e 90 MPa. O mdulo de elasticidade

    menor dos concretos leves permite maiores deformaes finais do que os concretos

    convencionais com igual resistncia.

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 25

    Analisando agora a permeabilidade do concreto estrutural leve, NEVILLE (24)

    afirma que, como geralmente descontnuo o sistema de poros dos agregados leves, a

    porosidade das prprias partculas do agregado no tem influncia sobre a

    permeabilidade do concreto, que baixa em relao ao concreto convencional. Essa

    baixa permeabilidade devida a vrios fatores: menor relao gua/cimento na pasta,

    melhora na qualidade da regio da interface em torno do agregado de modo que no se

    formam percursos mais fceis em volta do agregado e melhor compatibilidade do

    mdulo de elasticidade do agregado e da matriz resultando em uma menor

    microfissurao sob carga ou por efeito de variaes trmicas. Alm disso, o suprimento

    de gua pelo agregado possibilita o prosseguimento da hidratao do cimento com uma

    conseqente reduo da permeabilidade.

    Outra caracterstica importante do concreto estrutural leve, de acordo com

    NEVILLE (24), a sua baixa condutividade trmica e baixo coeficiente de dilatao

    trmica, que reduz o aumento da temperatura da armadura em caso de incndio. A

    combinao desses dois fatores benfica no caso de exposio ao fogo. Alm disso, o

    agregado estvel a temperaturas elevadas, tendo ele mesmo sido processado a uma

    temperatura acima de 1100C.

    Da anlise sobre as aplicaes do concreto estrutural leve em edificaes,

    nota-se que, embora ele custe mais do que o concreto convencional (cerca de 10 a 15%)

    por metro cbico, a estrutura pode custar menos, como resultado da reduo do peso

    prprio e do menor custo das fundaes. A construo, em concreto leve, do tabuleiro

    da ponte So Francisco - Oakland Bay, em 1936, resultou na economia de 3 milhes de

    dlares em ao. Desde ento, numerosos tabuleiros de pontes em concreto leve foram

    construdos em todo o mundo. A resistncia no o fator de maior importncia em lajes

    de pisos; portanto, uma grande quantidade de agregado leve usada para reduzir o peso

    prprio do concreto em pisos de edifcios altos. Um exemplo dessa aplicao o Lake

    Point Tower, em Chicago, Illinois, construdo em 1968, com 71 pavimentos. As lajes de

    piso, do segundo ao septuagsimo andar e a rea da garagem foram executadas em

    concreto moldado in loco, com uma massa especfica de 1730 kg/m3 e uma resistncia

    compresso aos 7 dias de 20 a 22 MPa. O Australian Square, em Sidney, Austrlia,

    terminado em 1967, uma torre circular (50 pavimentos), de 184 m de altura, e 42,5 m

  • CAPTULO 2 - REVISO BIBLIOGRFICA 26

    de dimetro. Uma economia de 13% no custo da construo foi conseguida, com o uso

    de 30 000 m3 de concreto leve nas vigas e lajes acima do stimo andar. O concreto tinha

    uma resistncia compresso mdia de 34 MPa e uma massa especfica mdia de 1792

    kg/m3, aos 28 dias. O One Shell Plaza, em Houston, Texas, construdo em 1969, uma

    estrutura toda em concreto leve, de 52 pavimentos. Caso tivesse sido usado concreto de

    densidade usual, somente uma estrutura com 35 andares poderia ter sido projetada com

    segurana, devido ao limite de capacidade portante do solo ( MEHTA E MONTEIRO

    (22) ).

  • CAPTULO 3

    CARACTERIZAO E FABRICAO DOS

    PROTTIPOS

    3.1 - INTRODUO

    Neste capitulo, ser apresentada a especificao dos prottipos analisados,

    compreendendo suas principais caractersticas. Detalham-se, tambm, os materiais

    utilizados com os respectivos ensaios de caracterizao. Por fim, uma descrio do

    processo de execuo e de preparao para ensaio dos prot