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Lançai as Redes! · 2011-08-30 · 4 Dedico este livro em memória do Sumo Pontífice João Paulo II, que nos ensinou a avançar para as águas mais profundas. Também em memória

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Lançai as Redes!

“Duc in altum”

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Comunidade Bom Pastor Associação Cristo, Rei do Universo. Av Antonio Barcheta, 317. Jardim Copacabana CEP; Jundiaí – SP Fone / Fax: (11) 4586-2231 Site: www.comunidadebompastor.com.br E-mail: [email protected] Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão por escrito do autor.

Jundiaí, 15 de abril de 2007- Brasil Festa da Divina Misericórdia

Gilberto Ângelo Begiato

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Lançai as redes!

“Duc in altum”

Acolher é evangelizar Acolher é formar Acolher é amar

Comunidade Bom Pastor

DEDICAÇÃO

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Dedico este livro em memória do Sumo Pontífice João Paulo II, que nos ensinou a

avançar para as águas mais profundas. Também em memória de Dom Amaury

Castanho, um grande evangelizador, que gostava citar a palavra: “...prega a palavra,

insiste oportuna e importunamente, repreende, ameaça, exorta com toda paciência e empenho

de instruir.” II Tm 4,2 Lembro-me de suas palavras quando

conheceu a Comunidade Bom Pastor,

enquanto bispo da Diocese de Jundiaí, e nos deu sua benção: “Esta criança já nasceu

adulta”. Dedico por fim em memória do

catequista Antenor Ferrari, que me evangelizou e ensinou com seu testemunho de

vida o amor à Palavra de Deus e à Igreja.

Em especial

Em memória aos meus pais: Miltom José Begiato – meu catequista de crisma e minha

mãe Regina Anésio Begiato – minha orientadora espiritual.

À minha esposa Regina Célia de Andrade

Begiato – evangelizadora de nossos filhos.

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SUMÁRIO

Prefácio...........................................06

Avança homem de Deus!.................09

É preciso pescar diferente!..............17

Quem é Este, a quem até o vento e o mar obedece?............................28

TU és verdadeiramente o Filho de

Deus................................................34

É o meu Senhor!..............................42

Vem Espírito Santo!.........................50

Viver em Comunidade!....................61

Bibliografia.....................................73

Biografia.........................................74

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Prefácio

Lançar as redes, “Duc in altum” é uma questão de atitude, é uma decisão. Requer

empenho daqueles que fizerem esta opção. Eu tenho certeza que você, caro leitor,

ao iniciar a leitura deste livro o fará com o desejo de iniciar uma nova postura, de iniciar

um novo caminho, de querer realizar, em sua

vida, o caminho do Senhor. Diante desta ordem de Jesus: “Lançai as redes” São Pedro,

exímio pescador, o faz dando total crédito às Palavras do Mestre, depois de uma noite em

que ele e seus companheiros haviam tentado pescar, mas, como não de costume, não havia

pescado nenhum peixe, justamente no horário que era mais favorável para a pescaria.

A Igreja, continuadora da práxis de Jesus, se tornou uma grande “empresa de

pesca”. Venha após mim e vos farei pescadores de homens. Pescar homens e

mulheres e conduzi-los às águas profundas é a missão da Igreja. O Papa Paulo VI, quando

escreve a sua encíclica sobre a evangelização

na vida da Igreja ele afirma: “A missão primeira da Igreja é evangelizar, é levar a Boa

Nova de Cristo a todos os povos”, e ele

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continua: “esta missão não é facultativa, mas

sim uma ordem de Cristo à sua Igreja”, relembrando São Paulo; percebemos a mesma

atitude: “Ai de mim se eu não evangelizar”. Coube-me a missão de apresentar este

livro do irmão, e filho espiritual, Gilberto, que eu tenho a honra e o prazer de acompanhar

como diretor espiritual da Comunidade Bom Pastor. Li, reli, avaliei e cheguei à conclusão

que Gilberto, a exemplo de tantos anunciadores do Evangelho reabre mais uma

faceta de mostrar que a ousadia de lançar as

redes parte justamente da nossa confiança na Palavra de Jesus. Posso lhes dar esta boa

notícia, neste seu segundo livro, ele esta colocando nas mãos da Igreja mais uma pérola

que auxiliará a muitos nesta atitude de ser ousado diante da evangelização, que é um

grande desafio, mas que, ao mesmo tempo, nos torna colaboradores da missão de Jesus.

Tenho a certeza de ele abre um caminho, inicia um método que não é novo, mais é

novamente relembrado e colocado como missão de todo batizado.

Você vai perceber que de uma maneira bem simples e acessível, ele ira nos propor que

quanto mais avançarmos em Deus, mais o

próprio Deus avança em direção do homem e da mulher. Iremos nos questionar de que é

preciso pescar diferente, é preciso pescar com

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a Igreja e em total obediência aos seus

legítimos Pastores. Bom trabalho Gilberto, mais uma vez

você abre caminho, e o faz se espelhando no grande sucessor de Pedro o saudoso Papa João

Paulo II, o nosso inesquecível “João de Deus”, que no seu longo e fecundo pontificado sempre

impulsionou a Igreja a ir às Águas Profundas e pescar, e trazer os filhos e filhas de Deus

dispersos pelo mundo inteiro. Pe. Flávio Augusto Bittencourt de Aguiar CR

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Avança homem de Deus!

Conduziu-me então à entrada do templo.

Eis que águas jorravam de sob o limiar do edifício, em direção do oriente (porque a

fachada do templo olhava para o oriente). Essa água escorria por baixo do lado direito do

templo, ao sul do altar. Fez-me sair pela porta do norte e

contornar o templo do lado de fora até o pórtico exterior oriental; eu vi a água brotar do lado

sul.

O homem foi para o oriente com uma corda na mão: mediu mil côvados; a seguir fez-

me passar na água, que me chegou até os tornozelos.

Mediu ainda mil côvados e me atravessar a água, que me subiu até os joelhos.

Mediu de novo mil côvados e fez-me atravessar a água, que me subiu até os quadris.

Mediu, enfim, mil côvados e era uma torrente que eu não podia atravessar, de tal

modo as águas tinham crescido! E era preciso nadar, era um curso de água que não se podia

passar (a vau). “Viste, filho do homem?” – falou-me, e me

levou ao outro lado da torrente. Ora,

retornando, avistei nas duas margens da torrente uma grande quantidade de árvores.

“Essas águas, disse-me ele, dirigem-se para

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parte oriental, elas descem à planície do Jordão;

elas se lançarão no mar, de sorte que suas águas se tornarão mais saudáveis. Em toda

parte aonde chegar a corrente, todo animal que se move na água poderá viver, e haverá lá

grande quantidade de peixes. Tudo o que essa água atingir se tornará são e saudável e em

toda parte aonde chegar a torrente haverá vida. Na praia desse mar estão pescadores; eles

estenderão suas redes desde Engadi até Engalim, e haverá aí peixes de toda espécie em

abundância, como no grande mar. Mas seus

mangues e charcos não serão saneados, abandonados que estão ao sal. Ao longo da

torrente, em cada uma das suas margens, crescerão árvores frutíferas de toda espécie e

sua folhagem não murchará, e não cessarão jamais de dar frutos: todos meses frutos novos,

porque essas águas vêm do santuário. Seus frutos serão comestíveis e suas folhas servirão

de remédio” (Ez 47, 1 a 12).

Meu irmão e irmã o Senhor nos quer

desafiar a avançar em águas profundas, a não nos acomodar com uma evangelização tímida e

descomprometida com o evangelho.

Que leitura magnífica esta citada acima. Você reparou nos detalhes desta Palavra? Nos

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desafios que Deus lançou sobre o homem que a

leitura se refere e conseqüentemente a você? Primeiro a palavra fala das águas que

jorraram do lado direito do templo, que nos lembra as águas que jorraram de Jesus na

Cruz: “...mas um dos soldados abriu-lhe o lado

com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água” Jo 19,34.

Também o catecismo da Igreja Católica relata que:

A Igreja nasceu primeiramente do dom

total de Cristo, antecipado na instituição da Eucaristia e realizado na Cruz “O começo e o

crescimento são significados pelo sangue e pela água que saíram do lado aberto de Jesus

crucificado” ( CIC 766 ). Portanto a Igreja nos impele a avançar

para águas profundas: No início do novo milênio quando se

encerra o Grande Jubileu, em que celebramos os dois mil anos do nascimento de Jesus, e um

novo percurso de estrada se abre para a Igreja, ressoam no nosso coração as palavras com que

um dia Jesus, depois de ter falado às multidões a partir da barca de Simão, convidou o Apóstolo

a “fazer-se ao lago” para a pesca “Duc in

altum” (Lc 5,4). Pedro e os primeiros companheiros confiaram na palavra de Cristo e

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lançaram as redes “Assim fizeram e apanharam

uma grande quantidade de peixes” (Lc5,6). (Carta Apostólica - Novo Millennio Ineunte

– Sumo Pontífice João Paulo II – parágrafo 1 ). Qual é a medida da sua ousadia em

Deus? Qual é a medida da sua confiança no Espírito? Qual é a medida do seu amor por Deus

e ao próximo? É impossível medir o sucesso de graça

que, ao longo do ano, tocou as consciências. Mas certamente um “rio de água viva”, o

mesmo que jorra incessantemente “do trono de

Deus e do Cordeiro” (Ap 22,1), inundou a Igreja. É a água do Espírito que sacia e renova (

Jo 4,14 ). É o amor misericordioso do Pai que uma vez mais nos foi manifestado e oferecido

em Cristo. (Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte –

Sumo Pontífice João Paulo II – parágrafo 1 ).

A Palavra de Ezequiel fala do convite que

Deus faz ao homem para que, com uma medida na mão, medisse o quanto ele havia se

aprofundado nas águas. No primeiro momento diz que o homem

passou pela água que lhe chegou até o

tornozelo. Se queremos nos encontrar verdadeiramente com Jesus precisamos muito

mais do que ficar no raso da fé. Precisamos nos

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aprofundar em Deus. Não dá para ser

telespectador da Igreja, mais do que envolver apenas, precisamos nos comprometer com

nossa caminhada de fé, portanto, devemos caminhar inseridos e não só passar pela Igreja.

Devemos viver como igreja. Por isso não bastou a Deus que o homem

molhasse apenas o tornozelo, mas que avançasse mais, que sua medida fosse maior e

mais audaciosa então as águas bateram em seus joelhos; o homem teve que se envolver

ainda mais, para tanto, ele caminhou,

perseverou e experimentou algo mais profundo na fé, não ficou apenas no batismo da iniciação

cristã, mas cresceu na caminhada e no conhecimento.

Porém, era preciso mais! Para Deus não há meio termo, ou tudo ou nada! Por isso

novamente Deus faz o homem dar mais passos, aumentando sua medida de doação e entrega.

Não basta apenas fazer parte de uma comunidade é preciso servir, oferecer-se, doar-

se a quem precisa; então as águas chegaram à altura do seu quadril.

Neste instante o homem se sente inseguro, é como entrar no mar e deixar as

águas baterem até o quadril, é um alerta, o

desequilibro vem e junto com ele o medo de se afogar-se nas tarefas da missão, a vontade de

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avançar é grande, porém, a situação ainda está

controlada. São muitos os momentos da vida em que

surgem motivos para se afastar como: as críticas, os apegos do mundo, a profissão, a

cobrança dos familiares, as criticas dos amigos, a tentação do pecado, os elogios, o sofrimento,

a dúvida, a correria do dia-a-dia, o conforto financeiro, os sonhos pessoais, a desconfiança

em Deus, etc. É neste momento da caminhada que se

chega à fronteira do abandono total em Deus. É

neste instante que muitos bons líderes morrem afogados na praia, pois não ousaram dar àquele

passo derradeiro nos braços de Deus, é o limite entre ir além da caminhada ou ficar conformado

com que já fez. O desânimo vem no instante em que você decretou uma caminhada medíocre

diante de Deus, é a fronteira entre a terra da santidade e a terra do comodismo.

È hora de abandonar-se nas mãos do Pai Amoroso e deixar-se levar por seu amor infinito,

com a confiança de uma criança que no colo do Pai está segura.

“Senhor, meu coração não se enche de orgulho, meu olhar não se levanta arrogante.

Não procuro grandezas, nem coisas superiores a

mim. Ao contrário, mantenho em calma e sossego a minha alma. Tal como uma criança no

seio materno, assim está minha alma em mim

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mesmo. Israel põe tua esperança no Senhor,

agora e para sempre”. Sl 130 Sim só Deus pode me sustentar, embora

acredite ainda em mim. Penso que posso resolver tudo por minhas forças, sou dono de

mim, e quero traçar meus passos. Quantas dificuldades para acreditar!

Agora as águas estão batendo nos quadris, existe uma tendência em perder o

equilíbrio e o domínio próprio, é que o homem da Palavra acima vê sobre si uma torrente de

água que o faz mergulhar profundamente e se

entrega à sua fé. Só há uma alternativa: que Deus tome novamente a iniciativa. As águas

vieram por cima dele, não dava mais para atravessar, perdeu sua segurança, restou deixar

que as águas do Espírito conduzissem às profundidades do amor de Deus.

As águas haviam levado aquele homem na outra margem. Fez com que avançasse,

progredisse, buscasse mais do que os dons carismáticos (a cura, o milagre, os sinais

visíveis), aquele homem foi levado a viver a santidade, a experimentar o poder da palavra

vivida e acreditada, a gerar vida por onde fosse. Agora, devemos olhar para frente, temos

de “fazer-nos ao largo” confiados na palavra de

Cristo: DUC in Altum!(Carta Apostólica Novo - Millennio Ineunte – Sumo Pontífice João Paulo II

parágrafo. 15).

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“Levanta a cabeça homem” - disse Deus;

e veja onde as águas batem gera vida: grande quantidade de árvores, grande quantidade de

frutos, grande quantidade de peixes, grande quantidades de pescadores; tudo em profusão e

de todas as espécies, onde nada murchará e nunca cessarão os frutos e frutos novos, por

quê? Porque essas águas jorraram do Templo

Santo que é Jesus. São águas da Igreja que nos envia a evangelizar. É a Palavra de Deus que

transforma, que converte o mar salgado em

águas doces, as vidas salgadas e sofridas em novo alento e em doces vidas.

Água da evangelização que faz dos frutos comestíveis e das folhas remédios para as

doenças, água que cura e liberta. Mergulhar nas águas da evangelização

pelo dom da santidade em busca de ardentemente viver o amor e mais nada, pois

Deus é Amor. Nestas próximas linhas quero lhe fazer um

convite: que avance comigo para um mergulho em Deus, “Lance as redes”!

Sigamos em frente, com esperança! Diante da Igreja abre-se um novo milênio como um vasto

oceano onde aventurar-se com a ajuda de Cristo. (Carta Apostólica Novo - Millennio Ineunte –

Sumo Pontífice João Paulo II parágrafo. 58).

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É PRECISO PESCAR DIFERENTE!

Estando Jesus um dia à margem do lago

de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a palavra de Deus. Vendo duas

barcas estacionadas à beira do lago – pois os pescadores haviam descidos delas para

consertar as redes -, subiu a uma das barcas que era a de Simão e pediu-lhe que a afastasse

um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo.

Quando acabou de falar, disse a Simão:

“Faze-te ao largo, e lançai as redes para pescar”.

Simão respondeu-lhe: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos;

mas por causa de tua palavra, lançarei a rede.” Feito isto, apanharam peixes em tanta

quantidade, que as redes se lhes rompia. Acenaram aos companheiros, que estavam na

outra margem, para que viessem ajudar. Eles vieram e encheram as barcas, de modo que

quase iam ao fundo. Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de

Jesus e exclamou: “Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.” É que tanto

ele como seus companheiros estavam

assombrados por causa da pesca que haviam feito. O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos

de Zebedeu, que eram seus companheiros.

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Então Jesus disse a Simão: “Não temas;

doravante serás pescador de homens.” E atracando as barcas a terra, deixaram tudo e o

seguiram. Lc 5, 1 a 11.

Um fator importante sobre Jesus é que

seus ensinamentos cativavam um grande número de pessoas que o seguiam para ouvi-

lo. Seus ensinamentos não eram dirigidos somente a alguns grupos, mas ele desfrutava-

os com a multidão que tinha sede de Deus.

Imagino a reação de Pedro naquele momento, quando voltando da pesca olha

aquele homem com um número enorme de pessoas ouvindo-o, acredito que para Pedro

aquele homem era diferente. Jesus não cobrava dinheiro por suas

curas, não cobrava taxas por suas palestras, desejava somente um coração atento para ouvir

sobre aquele a quem tanto amara: O Pai. O mais interessante é a indiferença dos

pescadores que viram Jesus falando a uma grande multidão, enquanto eles passivamente

consertavam as redes que estavam rompidas. A atitude dos pescadores se parece muito

com nossas comunidades que costuram o tempo

todo as redes; realizando grandes quantidades de reuniões e discussões quando, no entanto, o

mundo tem sede de Deus.

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Tenho um irmão que brinca dizendo que:

“quando o telefone toca em casa ou é uma reunião nova na igreja ou uma conta a pagar”.

Precisamos pescar mais. Precisamos ir ao encontro do povo de Deus que precisa

urgentemente ser resgatado da morte para a vida.

Certa vez ouvi um sacerdote, após uma festa da paróquia, dizer indignado que

precisávamos rezar mais para o povo da paróquia, pois o mesmo não comparecia em

grande quantidade na igreja.

Rezar é muito importante, porém se não estiver acompanhado de uma ação de

evangelização é a mesma coisa que assinar um testamento de omissão.

Nesta paróquia não havia evangelização de casa em casa, portanto não dá mais para

esperar que o povo venha até a igreja é preciso ir ao seu encontro.

“Reza e trabalha” dizia S. Bento ou “Rezai como se tudo dependesse de Deus e trabalhai

como se tudo dependesse de vós” dizia S. Inácio de Loyola.

Jesus viu duas barcas ancoradas e entrou

em uma delas, pediu que a afastasse da margem.

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A iniciativa é sempre divina. Quando Jesus

entra em nossa vida Ele nos afasta das margens do pecado, da ignorância, do desespero, do

desconhecimento de Sua palavra. Leva-nos ao aprofundamento e amadurecimento através do

conhecimento adquirido pela experiência do seu amor por nós.

Depois de ouvido os ensinamentos do Mestre, e ter-se aprofundado nos

conhecimentos de Deus, chega à hora de pescar, mas para isso é preciso aprofundar-se

mais ainda, pois agora com certeza a pesca

seria boa. Há pessoas que depois de ouvirem o

chamado de Deus não se aprofundam, são batizados enquanto crianças e aparecem na

Igreja para casar-se. Outros participam de grupos de orações, equipes de casais, grupos de

jovens, etc, mas não levam a sério sua caminhada, vão quando dá, vivem uma vida de

cristão baseado e modulado segundo suas vontades e não de Deus, ou seja, aprofundam-

se apenas “um pouco da terra” – “até os tornozelos apenas”. Jesus ao nos chamar quer

que nos afastemos da terra e nos aprofundemos em seus ensinamentos, quer comprometimento.

Ir ao largo e abrir mão de idéias próprias

e saber o que o Mestre quer, mesmo que para isso eu precise mudar e formular uma nova

maneira de ser. Existem muitas pessoas que

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aderem ao evangelho, porém continuam

defendendo idéias anteriores à sua conversão. Jesus dá uma ordem a Pedro e este

atende. Pedro nos dá uma ótima lição de líder: Pedro era um bom pescador, alguns chegam a

afirmar que seria o líder dos pescadores, portanto sabia pescar muito bem. Diz a Jesus

que tinha passado à noite toda pescando, ou seja, foram no melhor horário de pesca, mas a

resposta de Pedro demonstra porque Jesus o escolheu como líder da sua Igreja Mt 16,13-19.

“... mas por causa da tua palavra, lançarei a

rede”. Pedro demonstrou não ser um líder intransigente, dono de si próprio, capacitado e

independente. Pedro respeitou a “Palavra” a qual ele futuramente confiara plenamente e

divulgara sem medo. Ser líder é sempre estar atento à palavra

do Mestre, é ter certeza de que se tem muito ainda a aprender. Por mais que tenha

caminhado, saber ouvir é um dom de quem tem humildade; e como é triste um líder sem

humildade, que não escuta o que o Mestre quer e que se acha suficientemente bom para não

rezar mais. O fruto de um líder que ora, que escuta o

Mestre e é obediente aos seus lideres é uma

rede cheia de peixes, uma comunidade ungida e cheia de Deus, uma comunidade que dá fruto e

é edificada na rocha.

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Mas para carregar a rede é preciso

cooperação, ninguém faz nada sozinho, é preciso união, pois ninguém é melhor que

ninguém, embora a missão tenha em cada pessoa, um caráter diferente.

Diz o versículo que a rede encheu tanto que quase foram ao fundo. Que maravilha! Que

coisa estupenda acontecera aos olhos de Pedro, Tiago e João. Que momento maravilhoso de

desfrutamento da obra de Deus. Que vontade de sair contando a todos e fazer de tudo para

falar de Jesus e vivenciá-lo intensamente. Estes

sentimentos, acredito, deveriam estar passando no coração daqueles apóstolos. Bem parecido

com nossos sentimentos quando sentimos o amor de Deus em nossas vidas no início de

nossa caminhada; com entusiasmo chegamos acumular compromissos, palestras, serviços na

Igreja, na comunidade, no grupo, deixamos até nossa família de lado. Então a barca vai para o

fundo. Não entendemos nada daquilo que o

Mestre pediu, achamos ser os únicos que podem fazer as coisas, não partilhamos e queremos

mostrar que somos o líder da paróquia. O ativismo é uma praga. Quem sabe um

meio do inimigo tentar derrubar o “melhor

líder”, mas é tão bom poder dizer:

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“Nossa eu não tenho tempo pra nada; são

muitas as minhas tarefas; a minha agenda está bastante ocupada”.

Deus quer um coração que saiba ouvir e principalmente não seja o centro das atenções.

Mas é muito importante que tudo o que com a ajuda de Deus nos propusermos, esteja

profundamente radicado na contemplação e na oração. O nosso tempo é vivido em contínuo

movimento que muitas vezes chega à agitação, caindo-se facilmente no risco de “fazer por

fazer”. Há que resistir a esta tentação,

procurando o “ser” acima do “fazer”. A tal propósito, recordemos a censura de Jesus a

Marta: “Andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só coisa é necessária”

Lc 10,41-42 (Carta Apostólica - Novo Millennio Ineunte – Sumo Pontífice João Paulo II –

parágrafo 15).

O fato das redes se encherem de peixes

deixou Pedro assombrado, estupefato, fez com que reconhecesse sua pequenez diante do

Messias. Sempre é bom reconhecer nossa pequenez. Acreditar após uma palestra bem

dada ou um trabalho bem desenvolvido na

Igreja ou uma pregação elogiada ou uma homilia reconhecida que foi o Espírito de Deus

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que fez tudo isso, que nos inspirou e que apesar

do sucesso somos servos inúteis. Mais importante ainda é reconhecer

nossos pecados e pedir perdão ao Deus da Misericórdia.

Para isto devemos reconhecer o “Mestre” (5,5) como o “Senhor” (5,8) de nossas vidas.

Há uma diferença muito grande em dizer “Jesus é o Senhor” ou dizer “Jesus é o meu

Senhor”; nesta segunda frase estamos nos comprometendo com Deus e não apenas nos

envolvendo. Quem compromete dá a vida.

“É preciso pescar diferente”. Jesus pede a Pedro que não tenha medo e que doravante

será pescador de homens. Aqui chegamos ao escopo deste primeiro

capítulo, ao âmago da mensagem a que a palavra quis atingir.

Jesus ao pedir a Pedro para ser pescador, quis nos dizer que não precisamos fazer alguma

coisa diferente do que fazemos, mas, que façamos de modo diferente o que já fazemos.

Este é o motivo da decisão radical dos apóstolos ao deixar tudo e seguir a Jesus. Hoje

acredito que seria ter uma vida nova

direcionada para ao reino de Deus. Cumprindo nossas missões e, começando sem dúvida, em

nossa família.

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Quando Cristo passa em nossas vidas a

gente nunca mais esquece estas experiências de amor recebidas pelo chamado de Deus. Porém,

estas experiências sempre vêm acompanhadas de uma Missão: “Não temas, doravante serás

pescador de homens”. Aceitar Jesus em nossas vidas é perder o

sossego, o comodismo, a passividade diante do grande desafio de evangelizar um mundo onde

tudo é prioridade menos a Palavra de Deus. Perdemos o sossego, mas ganhamos o mais

importante: a paz e a felicidade que só Deus

pode nos oferecer. Deus cuida até das pequenas coisas da

nossa vida. Só quem experimenta ser de Deus pode testemunhar sua ação e sua providência.

Eu e minha esposa tínhamos uma missão na Igreja e tudo seria normal se não fosse por

alguns meses antes eu ter me envolvido bastante em meu trabalho e por isto não estava

dando conta de dar atenção à minhas filhas. Sou um pai presente em casa, gosto

muito de brincar e dialogar com minha duas filhas, a Mariana e Juliana.

Mas esta missão seria justamente no dia 12 de outubro – dia de Nossa Senhora

Aparecida – justamente a missão que

recebemos foi falar sobre Nossa Senhora Aparecida em uma manhã de louvor com Maria.

O fato é que este dia é também o dia das

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Crianças e minhas filhas estavam aguardando

para que as levasse ao parque para brincarem. Como fazer? A quem obedecer neste

momento? Ao coração de pai ou a missão de Jesus Cristo.

Optei pela missão de Jesus Cristo. E fomos pregar naquela manhã. Pedi a Maria

consolasse o coração das meninas. Chegando ao local da pregação, na igreja

da paróquia, para surpresa minha e de minha esposa ao lado da igreja havia um parque

montado para o dia das crianças, com

brinquedos à vontade, algodão doce, pipoca, lanches e doces, tudo de graça! E até um

trenzinho de passeio. Eu e minha esposa pregamos o encontro

de manhã e minhas filhas ficaram brincando no parque até se cansarem. Voltamos felizes. Este

dia Nossa Senhora Aparecida e o Bom Pastor haviam nos providenciado o necessário. Porém,

na volta para casa, minha caçula lembrou-se que não havia comido algodão doce, que tanto

gosta, e começou a chorar, um pouco pela vontade de comer algodão doce e outra por

estar fadigada de tanto brincar, minha esposa a confortou dizendo:

- Juliana, lá na vila há um senhor que

vende algodão doce! Quando formos à escola eu compro pra você.

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Mas minha filha não se conformou. Sabia

que no bairro onde moramos a rua é quase sem saída e o senhor do algodão doce não passava

com freqüência em frente de casa. Chegamos em casa e quando acabamos

de entrar pela porta, ouvimos o som da buzina do vendedor de algodão doce, que teve o

capricho de parar em frente ao portão de casa. Pois é, até os pequenos detalhes da vida

Deus toma conta para seus filhos que ama.

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“QUEM É ESTE, A QUEM ATÉ O VENTO

E O MAR OBEDECE?”.

À tarde daquele dia, disse-lhes: “Passemos para o outro lado.” Deixando o povo,

levaram-no consigo na barca, assim como ele estava. Outras embarcações o escoltavam.

Nisto surgiu uma grande tormenta e lançava as ondas dentro da barca, de modo que

ela já se enchia de água. Jesus achava-se na popa, dormindo sobre

o travesseiro, Eles acordaram-no e disseram-

lhe: “Mestre, não te importa que pereçamos?”. E ele, despertando, repreendeu o vento e

disse ao mar: “Silêncio! Cala-te!” E cessou o vento e seguiu-se grande bonança. Ele disse-

lhes: “Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?” Eles ficaram penetrados de grande temor e

cochichavam entre si: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedece?”.

A missão de pescar é fascinante,

contagiosa e apaixonante, principalmente para aquele que acredita que o Mestre está ao seu

lado, acompanhando-o e abençoando-o. Mas para assumir uma missão é preciso

confiar em Jesus, acreditar que ele tem poder e

que é o Senhor de nossas vidas. É esperar que o mar agite que a tempestade aumente, mas

que o Mestre está lá tranqüilo para nos

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confortar e consolar e dar-nos novas forças para

vencermos as tribulações. Às vezes ele nos pede para mudarmos de

margem: de coordenadores de grupo para coordenadores de ministérios, a mudarmos com

os jovens, com as crianças, com o grupo de oração, com os pregadores, com os

necessitados, nesta paróquia, etc. O mais importante é sentir o que o mestre

está nos ordenando e saber qual é sua vontade em relação à missão que vamos assumir. Jesus

sabe muito bem que tipo de ministério ou

trabalho melhor se adapta a nós. Portanto, apesar de muitas vezes não sabermos ainda

qual é o nosso carisma o convite de alguém é sempre um meio de Jesus nos encaixar.

Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos.

Independente da missão ou da responsabilidade que você ira assumir não

esqueça jamais que o Mestre está tranqüilo ao lado da barca para mandar o vento, a

tempestade e o mar se acalmarem. Jesus nos conhece muito bem, assim

como conhecia os seus apóstolos quando os convidou para serem pescadores de homens,

sabe que somos medrosos e muitas vezes

pequenos na fé. Acredito que Jesus não aceita em nós a

omissão. Ter defeitos, medos, desânimos na

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caminhada é aceitável, mas, não fazer nada na

sua comunidade estando sempre às margens, como o caso daquele que tinha um só talento e

o escondeu para depois apresentar uma desculpa esfarrapada, isto não, isto para o

Mestre é inaceitável. (Mt 25,14-30) Aderir ao chamado de Deus é saber dar

respostas concretas e firmes, é sair do casulo do medo e da passividade e encarar a sua

missão, se for necessário, até a morte (mar). Não podemos ter medo de mudar de

margem, mesmo que durante o caminho

encontremos tempestades, pois, nossa confiança está no Deus que tem poder sobre a

tempestade. A história de Jó nos ensina justamente

sobre não perder a confiança em Deus. Jó, apesar de um homem justo, sofre na

vida as demoras de Deus e por sua insistência e confiança acaba ouvindo a voz de Deus em sua

vida e é restituído tudo com que havia perdido na vida.

“Então, do seio da tempestade, o Senhor deu a Jó esta resposta...” Jó 38,1.

Somos tão fracos que vivemos com medo de tudo, preocupados com as ovelhas que

somem de nosso rebanho, preocupados com o

final dos tempos a tal ponto de ás vezes nossas pregações girarem em torno de um só assunto,

preocupados com os números de adeptos de

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nossos grupos, ou comunidades, preocupados

com a educação de nossos filhos, preocupados com o desemprego. É como se dissésemos a

Jesus: “Mestre, não importa que perecemos?”. Nossa preocupação deve gerar uma

atitude, uma reação, uma resposta e não apenas filosofias, indignações, explanações

teóricas, mas sim, uma reação urgente e atuante de evangelização. A resposta já temos e

os resultados serão os melhores possíveis, pois levaremos Jesus às pessoas. Alguém duvida que

este Amado que chegou a dar a vida numa cruz

por todos nós deixará alguém abandonado em sua missão?

Interrogamo-nos animados de confiante otimismo, embora sem subestimar os

problemas. Certamente não nos move a esperança ingênua de que possa haver uma

fórmula mágica para os grandes desafios do nosso tempo; não será uma fórmula a salvar-

nos, mas uma Pessoa, e a certeza que Ela nos infunde: Eu Estarei convosco!

(Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte – Sumo Pontífice João Paulo II – parágrafo 29).

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Ele tranqüilo vem nesta leitura nos dizer:

“Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?”. Só tem coragem quem tem no coração a

palavra de Deus. Se não está no coração como evangelizar com coragem?

Devemos sim, estar preocupados em anunciar o reino de Deus e denunciar toda

injustiça social, as máscaras do pecado, mas com a tranqüilidade do mestre, que agiu muito

mais do que falou, que acreditava no projeto do Pai e o levou até o fim se entregando numa

cruz. Sem ter medo de dizer Àquele que vem:

“Maranatha”. Juliana, minha filha caçula, gosta de

aventuras, tem cinco anos e vive subindo nas coisas, parece que está com a adrenalina o

tempo todo a mil. Ela sobe e grita a mim que a segure no colo e logo após pula em meus

braços e ri feliz. Um dia ela subiu no sofá e um irmão meu

estava em casa, ela gritou com um sorriso maroto para que a pegasse no colo, meu irmão

brincando entrou na frente dela e abriu os braços, você acha que ela pulou?

Não, a Juliana não pulou nos braços do meu irmão. Quando me aproximei e abri os

braços ela deu um grande pulo e soltou a

gargalhada de costume. Pois é, ela confiava no pai e não em

outros braços. Assim devemos ser todos nós,

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devemos confiar nos braços do Pai e não confiar

nas coisas que passam e ter o dinheiro como deus em nossas vidas. Estamos pulando em

braços estranhos e ilusórios e por isso os tombos estão sendo tão violentos, e assim nos

machucamos e acabamos desiludindo-nos com a vida.

Pular nos braços do Pai do Céu é darem boas e gostosas gargalhas, pois o lugar é

seguro e o Pai não nos deixará levar tombos violentos em nossa vida.

Ninguém ama você mais do que o Pai do

Céu!

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TU ÉS VERDADEIRAMENTE O FILHO DE DEUS.

Logo depois, Jesus obrigou seus discípulos

a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem, enquanto ele despedia a

multidão. Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando à noite, estava lá

sozinho. Entretanto, já à boa distância da margem,

a barca era agitada pelas ondas, pois o vento

era contrário. Pela quarta vigília da noite, Jesus veio a eles caminhando sobre o mar. Quando os

discípulos o perceberam caminhando sobre as águas, ficaram com medo: “É um fantasma!”

disseram eles, soltando gritos de terror. Mas Jesus logo lhes disse: “Tranqüilizai-vos, sou eu.

Não tenhais medo!” Pedro tomou a palavra e falou: “Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as

águas até junto de ti!”. Ele disse-lhe: “Vem” Pedro saiu da barca e caminhava sobre as

águas ao encontro de Jesus. Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a

afundar, gritou: “Senhor, salva-me!”. No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão,

segurou-o e lhe disse: “Homem de pouca fé, por

que duvidaste?” Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou. Então aqueles que

estavam na barca prostraram-se diante dele e

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disseram: “Tu és verdadeiramente o Filho de

Deus.”. E, tendo atravessado, chegaram a

Genesaré. As pessoas do lugar reconheceram e mandaram anunciar por todos os arredores.

Apresentaram-lhe, então, todos os doentes, rogando-lhe que ao menos deixasse tocar na

orla de sua veste. E, todos aqueles que nele tocaram, foram curados. Mt 14,22 a 36

Parece que ainda vemos um Deus

distante, que parece estar bem longe de nós. São muitos os caminhos que escolhemos

para alcançar Deus. Muitos acendem uma vela pra Deus e outra para o diabo, o que importa é

o caminho mais curto ou mais fácil. Não é a toa que ultimamente se vende curas e soluções em

nome de Jesus: é o Deus Mágico. Como toda leitura evangélica esse relato é

de profunda mensagem com diversos significados, tentaremos meditá-lo e deixar que

Deus venha nos falar por intermédio desta leitura.

Nos versículos 22 e 23 é possível perceber a intimidade que Jesus tinha com o Pai, pois

passava horas entretido em oração e intimidade

com Deus; enquanto nossos trabalhos na Igreja passam a ser um aglomerado de ações e

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atitudes humanas quase nada inspiradas pelo

sopro do Espírito. Orar realmente não é fácil, pois muitas

vezes parece uma perda de tempo, quando poderíamos “lucrar” mais se estivéssemos

agindo. Engana-se quem pensa assim, pois a oração é uma flecha que atirada tem sempre

um alvo certo. Quando ao contrário, agir sem oração é fazer uma porção de coisas que muitas

vezes não dão frutos e que não passa de vontade própria e não de Deus.

Mas a oração, como bem sabemos, não se

pode dar por suposta; é necessário aprender a rezar, voltando sempre de novo a conhecer esta

arte dos próprios lábios do Divino Mestre, como os primeiros discípulos: “Senhor, ensina-nos a

orar” (Lc 11,1). Na oração, desenrola-se aquele diálogo com Jesus que faz de nós seus amigos

íntimos: “Permanecei em mim e Eu permanecerei em vós” (Jo 15,4). Esta

reciprocidade constitui precisamente a substância, a alma da vida cristã, e é condição

de toda a vida pastoral autêntica. (Carta Apostólica Novo - Millennio Ineunte – Sumo

Pontífice João Paulo II parágrafo. 32).

Oração exige de nós:

1- Perseverança 2- Constância

3- Paciência

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Mas como começar? Para isso temos livros

sobre oração e bom seria (ultimamente estão tão raros) se tivéssemos um diretor espiritual.

Temos bons teólogos, líderes bem ativos, conhecedores da palavra, mas que ore e que

nos ajude a orar são bem poucos. O mundo precisa de homens e mulheres

de oração. O importante é que confiemos em Jesus

como Nosso Guia espiritual, seguindo seu exemplo e imitando seus passos de pessoa

orante.

O importante é começar, quem sabe marcar um horário todo dia, sendo uma

responsabilidade que você tem para com Deus. Da mesma forma que você tem o seu horário de

trabalho, de missão na Igreja, de compromissos. Pois é, um compromisso que

você está marcando com Deus, com certeza neste horário Ele estará ansiosamente

esperando por você. Em nossa agenda diária há horário para

tudo menos para a oração, e quando a fazemos ou é porque é obrigatória e fazemos sem

meditar ou é porque nos sobrou um tempo. Lembra-se: tempo é uma questão de

preferência. Quem não tem tempo para Deus,

vive perdendo tempo. Oração é diálogo, é falar e ouvir e quando

se trata da pessoa de Deus é acima de tudo

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obedecer, pois o Pai nos envia e nos ordena

palavras boas para nossa felicidade. O grande problema é que ouvimos o que

queremos e fazemos o que nos convém. Por isso a oração é uma atitude abusada e corajosa,

pois estaremos nos colocando diante de Deus para dizer a Ele que o obedeceremos, que o

ouviremos e que Sua Verdade prevalecerá sobre a nossa.

O que acontece geralmente é que algumas pessoas que se auto-intitulam pessoas de

oração, não dão ouvidos a Deus. Ouvem o que

querem e agem como conhecedores da moral e da fé. A oração verdadeira leva os homens à

humildade a se colocarem como servos e não como donos da verdade.

As pessoas espirituais não convencem com palavras e nem ficam dizendo quantas

horas rezam, mas o seu testemunho e sua maneira de agir levam as pessoas a querer

encontrar-se com o Senhor. Orar é um desafio que quando vencido

leva o orante às profundezas do amor. Quem verdadeiramente ora torna-se um discípulo do

amor.

Vamos falar um pouco das dificuldades do dia-a-dia. Nem sempre os ventos sopram ao

nosso favor (14,24); às vezes ouvimos falar que

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Deus nos chama através das dificuldades.

Quando algo triste acontece com a vida da pessoa ela se depara com a seguinte pergunta:

“Que havemos de fazer?” (At 2,37). Muitos a partir deste momento passam a ter um

relacionamento diferente com Deus, entra na Igreja e descobre através da caminhada força

para vencer os obstáculos. Porém também é verdade que muitas vezes através de novos

obstáculos, tentações, a pessoa volta a se afastar de Deus, a afundar-se ainda mais nas

dificuldades.

O bom pescador, Pedro, teve a humildade de reconhecer novamente que precisava de

Jesus. Pedro é uma figura interessante, por este motivo é que o vemos ser sempre alvo de

pregadores que utilizam seu exemplo para tirar mensagem. Pedro era o tipo de pessoa que

primeiro agia, depois refletia. No instante que se sentiu em perigo, Pedro foi direto à fonte de

salvação: “Senhor, salva-me” 14,30. Que bom se toda vez que nos sentíssemos

afogados ou sufocados pelo pecado, pelo desânimo, pelo cansaço fizéssemos como Pedro,

fossemos a Jesus como um amigo e humildemente pedisse sua ajuda. Quem mais

poderá nos salvar a não ser o Senhor?

Que bom poder ouvir Deus neste instante difícil da vida, como ouviu Moisés (Ex 3,14)

quando o povo sofria como escravo no Egito e

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como ouviu Pedro e os apóstolos quando

estavam assustados pensando ver um fantasma à frente; e fantasma é o que não falta em

nossas vidas, não é verdade? Mas as palavras de Jesus soaram melhor do que a brisa do mar

“Tranqüilizai-vos, sou eu não tenhais medo!” 14,27.

Não importa com qual freqüência os pregadores nos falem de Deus, nos falem do

seu amor. Mas para sentir o amor de Deus é preciso relacionar-se diretamente com Ele como

um Pai que nos ama, que não é carrasco. Um

Deus bem mais próximo do que imaginamos, nem que para isso leve todo o tempo, pois toda

amizade leva um tempo para crescer e amadurecer. Para esta amizade amadurecer é

preciso deixar através da oração que Deus se revele aos poucos e que eu também me revele

a Ele, mesmo sabendo que Ele me conhece muito bem.

“Tudo isso para que procurem a Deus e se esforcem por encontrá-Lo como que às

apalpadelas, pois na verdade Ele não está longe de cada um de nós. Porque é nEle que temos a

vida, o movimento e o ser...”. At 17, 28 “Todos vós, que estais sedentos, vinde à

nascente das águas...Buscai ao Senhor, já que

Ele se deixa encontrar; invocai-o, já que está perto.” Is 55, 1a. 6)

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É ter paciência, insistir, aprofundar-se no

amor de Jesus, antes de tudo amar e deixar-se ser amado por Jesus. E não duvidar (14,31) de

que Deus está ao nosso lado naquela hora que você marcou para falar com Ele.

Principalmente saber com a convicção da fé, como teve Pedro ao sair da barca que por

mais que a tempestade aumente e o vento sopre mais forte, a mão de Jesus estará

estendida e pronta para nos segurar “No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão...” 14,31a.

Esta experiência que Pedro e os Apóstolos

tiveram de Jesus, fez com que eles descobrissem, a partir da dúvida do capitulo

anterior “Quem é Este, a quem até o vento e o mar obedece?” Mc 4,41 que este homem “... és

verdadeiramente o Filho de Deus” (14,33), portanto digno de toda adoração.

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“É O MEU SENHOR!”

Depois disso, tornou Jesus a manifestar-

se aos seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifesto-se deste modo: Estavam

juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Cana de Galiléia), os filhos

de Zebedeu e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: “Vou pescar.”

Responderam-lhe eles: “Também nós vamos contigo.” Partiram e entraram na barca.

Naquela noite, porém, nada apanharam.

Chegada à manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos não o reconheceram.

Perguntou-lhes Jesus: “Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer?” – “Não”,

responderam-lhe. Disse-lhes ele: “Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis.” Lançaram-

na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes. Então aquele

discípulo, que Jesus amava, disse a Pedro: “É o Senhor” Quando Simão Pedro ouviu dizer que

era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lanço-se às águas. Os outros

discípulos vieram na barca, arrastando a rede dos peixes (pois não estavam longe da terra,

senão cerca de duzentos côvados). Ao saltarem

em terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas, e pão. Disse-lhes Jesus:

“Trazei aqui alguns dos peixes que agora

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apanhastes.” Subiu Simão Pedro e puxou a rede

para a terra, cheia de cento e cinqüenta e três peixes grandes. Apesar de serem tantos, a rede

não se rompeu. Disse-lhes Jesus: “Vinde, comei.” Nenhum dos discípulos ousou

perguntar-lhe: “Quem és tu”, pois bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o

pão e lhos deu, e do mesmo modo o peixe. Era esta a terceira vez que Jesus se manifestava

aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado (Jo 21,1 a 14).

Meu irmão e irmã, aderir ao reino de Deus

depende só de você! Não espere que alguém dê a resposta em seu lugar, não espere que

aconteça algo mágico em sua vida para que creia no chamado de Deus. O chamado de Deus

vai acontecendo em nossas vidas e se realizando a partir do momento que você

resolver caminhar na presença do Mestre. Nós vimos no início deste livro que Deus

chamara Pedro para “pescar diferente”, mas diante desta palavra verificamos que Pedro após

a morte de Cristo volta a fazer o que sempre fez: pescar.

Fico imaginando toda a experiência que

Pedro teve ao lado de Jesus, quantas palavras havia ouvido e quantos conselhos do Mestre.

Quantas vezes Jesus disse a Pedro sobre sua

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missão. Quando Jesus volta ressuscitado

encontra os Apóstolos no mesmo ponto que estavam quando os conheceu.

O Senhor é um Deus paciente para com todos nós. Fale a verdade meu irmão, quantas

vezes você experimentou na vida bênçãos sobre bênçãos e de repente desanima e volta a

parecer com o homem de ontem, ou melhor, como homem velho?

Naquela noite (31,3) Pedro e os discípulos tentaram pescar, como você pode perceber com

a mesma incompetência anterior (Lc 5,5). Não

poderiam pescar nada, pois não estavam agindo segundo a vontade de Deus, estavam na

escuridão do medo, do desânimo, do fracasso. Estavam justamente fazendo tudo ao contrário

do que o Mestre lhes pediu que fizessem. Pedro não assumiu seu chamado de ser pescador de

homens (Lc 5,10) por isto sua missão não poderia ser frutuosa.

Porém nós temos um Deus que não está morto (Aleluia!) e por isso traz a nós a luz da

sua ressurreição (21,4). Acreditar no Cristo vivo é acima de tudo deixar-se ser iluminado pela

manhã da ressurreição. A vida cristã passa essencialmente pela Páscoa que nos liberta de

todo pecado e nos conduz para a terra

prometida: o Céu.

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Aderir à ressurreição de Cristo é a partir

de agora assumir nossa missão de anunciar que Jesus é o Senhor e está no meio de nós.

É impossível reconhecer o Cristo (21,4) se não tivermos a coragem de sofrer pela causa do

evangelho.

A pergunta que Jesus faz a seus

discípulos é quase que um questionamento a todos nós “amigos, não tendes acaso alguma

coisa para comer?” (21,5). A resposta dos

discípulos é drástica: “Não”. A resposta não poderia ser outra, quando

não existe o amor que leve a fé só produzimos esterilidade. Assumir o chamado de Deus é

acima de tudo aderir ao amor ao próximo. É fazermos tudo por amor, nunca por obrigação e,

portanto, sairmos de nossa passividade para uma missão que deve estar na vontade do

Senhor (21,6) que nos conduz ao lado certo. Não é fruto da imaginação, de um entusiasmo

infantil, mas concretizado na rocha, portanto a casa nunca cairá. Somos tentados muitas vezes

por iluminismo a querer tomar atitudes nossas e não do Senhor. Então ficamos a exemplo dos

falsos profetas, profetizando uma porção de

coisas erradas e agindo segundo nossos próprios princípios. Não amadurecemos, é como

se andássemos sem sair do lugar, e

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atrapalhamos a caminhada dos outros querendo

ser o dono da verdade. Lançar a rede ao lado direito é fazer a

vontade de Deus, é deixar ser conduzido pelo Espírito, é optar pela multidão de pessoas que

tem sede de Deus. Por isso o reconhecimento de João a

respeito de Jesus (21, 7), era discípulo que amava e era amado por Jesus. É importante que

a exemplo de João não duvidemos que Jesus nos ama e que devemos anunciar aos outros o

seu amor como fez João a Pedro. Só reconhece

Jesus aquele que o ama. A atitude de Pedro em se vestir e se atirar

na água com roupa e tudo é interessante: o normal seria Pedro se atirar na água sem roupa,

mas faz justamente o contrário. Na bíblia se vestir representa geralmente estar a serviço,

como o caso de Jesus no lava pés (Jo 13). Pedro toma consciência de sua nudez, próprio da

pessoa que ofendeu a Deus. O fato de Pedro estar nu demonstra que cometeu um pecado

semelhante ao de Adão: a desobediência, pois não estava pescando homens como Jesus lhe

pedira, não estava vestido para o serviço. Pular na água significa enfrentar os

desafios da missão. Quando o Senhor nos

chama ele não nos promete riquezas terrenas ou alegrias, muito menos promessas de

satisfações humanas, mas nos oferece a

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felicidade plena, e ao mesmo tempo nos adverte

a respeito da cruz: “Tome a cada dia sua cruz se quiser ser meu discípulo...” ( Lc 9,23);tomar

a cruz não é uma atitude de passividade e sim de reação. Tomar, pegar é reagir é enfrentar os

problemas com a convicção e a força do Cristo Ressuscitado, nós servimos o Deus Vivo e não o

deus morto. Alegram-se os discípulos, ao verem o

Senhor (Jo 20,20). O rosto, que os Apóstolos contemplaram depois da ressurreição, era o

mesmo daquele Jesus com que tinham

convivido cerca de três anos e que agora os convencia da verdade incrível da sua nova vida,

mostrando-lhes “as mãos e o lado”. (Carta Apostólica Novo - Millennio Ineunte – Sumo

Pontífice João Paulo II parágrafo. 19). O Senhor ressuscitado mostrou o lado, o

mesmo lado que jorrou água e sangue e trouxe a nós o desafio de nos lançarmos para águas

profundas.

O reencontro com o Senhor foi suficiente

para que Pedro sozinho subisse a barca e arrastasse a rede por terra (21,11), com a força

que encontrou no Cristo Vivo, já que antes era

feito por todos com grande dificuldade (21,8). Foi ter descoberto que o seu Senhor é o Deus

ressuscitado e não morto. A força da

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ressurreição é que impele a nossa caminhada,

esta que nos levará para a vida eterna. Quando há amor entre as pessoas a rede

não poderá jamais se romper (21,11b), principalmente agora sob a luz da ressurreição

de Cristo, o que antes não havia acontecido (Lc 5,6).

Mas o mais interessante é o fato que quando chegam à praia encontram os peixes na

brasa junto com o pão, fato este que não nos deixa dúvidas que uma missão que é conduzida

pelo Senhor torná-se frutífera e sem esforço.

Como diz o ditado: “enquanto você vem com a farinha, o bolo já está pronto”. Quando a gente

assume uma missão e o faz por vanglória, mostrando nossa pessoa e deixando o Senhor

em segundo plano, quando não rezamos ou fugimos do chamado de Deus a pesca será tão

infrutuosa quanto vazia, a exemplo da rede dos discípulos (5,4).

“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem. Se o Senhor não

guardar a cidade, debalde vigiam as sentinelas. Inútil levantar-vos antes da aurora, e atrasar

até alta noite vosso descanso, para comer o pão de um duro trabalho, pois Deus o dá aos seus

amados até durante o sono.” Sl 126, 1-2

O biblista São Jerônimo recorda que os zoólogos gregos haviam classificado 153

espécies de peixes que representam todos os

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povos. Há muitas pessoas a serem

evangelizadas em nome de Jesus, é preciso viver o amor do Cristo ressuscitado e pregarmos

com coragem o seu nome. Não há mais tempo para nada, estamos nos últimos tempos: o

tempo do Espírito Santo, o tempo da Igreja e o que nos resta é esperarmos a volta do Senhor,

mas não de braços cruzados, como diz aquela mensagem conhecida “Jesus Cristo morreu de

braços abertos para não ficarmos de braços cruzados”. Portanto evangelizemos para que

mais pessoas conheçam o amor infinito de Deus

por nós. A missão é sua, não tente passar para outros.

E quando obedecemos a Deus e sua missão em nossa vida tendo a certeza que ele é

o Senhor (21, 12), não precisaremos mais perguntar quem és tu? (1,19; 8,25; 10,24;

18,33). Diz a Palavra que já era a terceira vez que

Cristo se manifestava aos seus discípulos (21,14) e mesmo assim não conseguiam

compreender o que Deus queria em suas vidas. O que faltava a estes discípulos para

entenderem, confiarem e aderirem a Jesus Ressuscitado como Senhor de suas Vidas?

Podemos terminar este capítulo

perguntando: “O que falta para que eu me decida por Jesus?”.

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VEM ESPÍRITO SANTO!

Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente,

veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde

estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e

repousaram em cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar

em outras línguas, conforme o Espírito Santo

lhes concedia que falassem. At 2, 1 a 4.

Que dia maravilhoso é este a ponto de ser

escolhido por Deus para manifestar publicamente ao mundo a Igreja de Jesus?

Que dia é este que marcou tão profundamente nossas vidas, que norteou a

vida dos apóstolos, que teve como presença ilustre a pessoa de Maria, “Estrela da Nova

Evangelização”. Que transmitiu tanta coragem àqueles discípulos que até então estavam

acovardados naquela sala e perdidos na vontade de Deus.

Vamos entender primeiramente o que

significa historicamente o Pentecostes, esta festa maravilhosa e de intensidade e significado

tão importantes na vida de todos nós cristãos.

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A palavra Pentecostes vem do termo

grego que significa cinqüenta, no calendário judaico designa a festa celebrada cinqüenta dias

após a Páscoa. A princípio, era uma festa agrícola da

colheita do trigo (Ex 23,16), ela foi, a partir do Exílio em Babilônia, no séc. V A.C.

“historicizada”: de celebração de um evento agrícola que se repetia a cada ano, foi

transformada em celebração de um evento único e central, a Aliança do Sinai.

Portanto na época de Jesus essa festa

comemorava o dom da lei no Sinai: celebrando a aliança ela permitia renová-la.

O relato apresentado acima: o ruído, as línguas de fogo, todas estas imagens nos

sugerem com vigor que se trata de um novo Sinai, de uma nova aliança para este novo povo

de Deus reunido “unânime”, “todo junto” (como estava o povo de Israel ao pé da montanha).

O Espírito manifesta também a sua presença por um efeito sensível: o “falar em

línguas”, apesar dos apóstolos falarem em aramaico, cada qual compreende em seu dialeto

(2,6). Este fato nos lembra à narrativa da Torre de Babel (Gn 11) onde “cada um não entendia

mais a língua do vizinho”. Ao invés da dispersão

e confusão das línguas, vemos em Pentecostes a unidade na linguagem do amor em Cristo. O

dom das línguas acima de tudo é o amor, esta

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linguagem universal que todos compreendem.

Quem não sabe o que é um carinho, um beijo, um aperto de mão, um abraço, etc.?

O Pentecostes inaugura publicamente o Tempo da Igreja que, na sua peregrinação ao

encontro do Senhor, constantemente dEle recebe o Espírito que a congrega na fé e na

caridade, a santifica e a envia em missão. O dom do Espírito caracteriza os “últimos

tempos”, período que começa com a Ascensão e terá a consumação no último dia, quando o

Senhor voltar.

No dia de Pentecostes é revelado plenamente a Santíssima Trindade, portanto, a

Páscoa de Cristo se realiza na efusão do Espírito Santo que é manifesto, dado e comunicado,

como Pessoa Divina. Na “voz” de Pedro (primeiro papa) em seu

discurso se faz ouvir a voz da Igreja que é sem dúvida alguma a voz de Deus (a mesma voz

que saia da montanha do Sinai) que vem manifestar a presença do Espírito Santo.

Portanto se a páscoa é nascimento, é vida nova; o Pentecostes é crescimento, é

testemunho, é o pleno desabrochar até a idade madura em Cristo.

Agora entendemos o que realmente faltava à comunidade reunida dos apóstolos. A

vinda do Espírito Santo sobre os irmãos

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reunidos no cenáculo, era exatamente o que

estava faltando para que os discípulos descobrissem toda a verdade de Deus, e a sua

vontade em relação à missão que precisavam assumir.

Sim, não poderiam entender o que Cristo queria deles, por isso que após uma experiência

pessoal de Jesus, como nos relata a leitura do capítulo anterior, que os discípulos voltaram a

ser simples pescadores de peixes e não de homens. O Espírito Santo veio sobre os

discípulos e a todos que estavam reunidos

naquele local para dar coragem e ao mesmo tempo deixar claro qual era a missão deles:

”Serás pescador de homens” (Lc 5,10), disse Jesus aos discípulos.

Pedro não teve dúvidas, nem mesmo medo de proclamar claramente para quem

quisesse ouvir que Jesus Cristo está ressuscitado e que todos deveriam se converter

(2,14). Que maravilha o Espírito Santo fez na vida

daqueles discípulos. Pedro que outrora havia por medo negado Jesus agora após uma

pregação (querigma) fez com que Jesus convertesse mais de 3.000 pessoas. Pergunto

quanto tempo durou aquela pregação? No

máximo de 5 a 15 minutos. Que diferença de hoje quando pregamos muitas vezes até mais

de hora, e os efeitos às vezes são tão pequenos.

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Os discípulos podiam entender porque

Jesus insistiu tanto na vinda do Espírito Santo sobre eles. O Espírito Santo é quem revela as

coisas de Deus, é o Espírito que impulsiona que inspira que move a Igreja de Deus, “é alma da

Igreja” S. Agostinho. Ao longo destes anos, muitas vezes repito

ao apelo à nova evangelização; e faço-o agora uma vez mais para inculcar sobretudo que é

preciso reacender em nós o zelo das origens, deixando-nos invadir pelo ardor da pregação

apostólica que se seguiu ao Pentecostes.

Devemos reviver em nós o sentimento ardente de Paulo que o levava a exclamar: “Ai de mim

se não evangelizar” (1 Cr 9,16). (Carta Apostólica Novo - Millennio Ineunte – Sumo

Pontífice João Paulo II parágrafo. 40). Sem dúvida alguma estamos

URGENTEMENTE precisando deixar que o Espírito Santo seja derramado em nosso meio

como um novo Pentecostes, não só nos iluminando como também iluminando nossas

missões e pregações. O Espírito Santo sopra sobre todos nós,

em todo momento numa doação de amor de Deus. Estamos vivendo o tempo do Espírito

Santo, um tempo de bênçãos onde somos

chamados a viver este derramamento com maturidade e fé. Os patriarcas do Antigo

Testamento, os profetas, os reis, enfim, o povo

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do Antigo Testamento desejariam ardentemente

viver este momento maravilhoso que Deus proporcionou a você, viver a plena revelação de

Deus através de Jesus e da sua ação através do Espírito Santo. O privilégio que Deus dá, apesar

de toda nossa pobreza interior, é sem dúvida alguma uma atitude de amor e gratuidade deste

Deus Único e Verdadeiro por você. Não perca esta oportunidade maravilhosa de anunciar

Jesus ressuscitado e presente no meio de nós através de seu Espírito.

O Senhor está para voltar, pode ser que

as perseguições aconteçam antes do que imaginamos, mas existe ainda muita gente a ser

evangelizada e que estão procurando uma solução para suas vidas. Agora me ouça, pois o

que tenho para falar é muito importante: “A solução para a vida é Jesus. E se você já o

conhece e teve experiência dele em sua vida, lembre-se que Deus depende de você para que

seja divulgado o seu nome a todas essas pessoas que precisam de Deus”.

Que o derramamento do Espírito Santo sobre os apóstolos venha sobre todos nós,

arrancando de nossos meios todo comodismo e omissão, iluminando nossas atitudes e

impulsionando-nos a falar de Jesus, deixando de

lado todo pessimismo. Qualquer um que pegar os Atos dos

Apóstolos de seu início até o fim, passando

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principalmente pelo Pentecostes, notará como o

autor Lucas, com entusiasmo, narra os efeitos do cristianismo com louvável otimismo. Uma

narração de uma evangelização maravilhosa mostrando que Deus abençoara tudo o que os

primeiros cristãos realizavam. Até mesmo a sombra de Pedro era abençoada por Deus.

A paixão pela evangelização deve contagiar nossos corações, pois o tempo é

agora e a necessidade é urgente. Devemos apaixonadamente viver a Palavra e levá-la aos

corações de todos aqueles que procuram uma

resposta de libertação para suas vidas. Todos são chamados a serem co-responsáveis por esta

evangelização tornando a Igreja mais versátil, eficaz e comunitária.

Esta paixão não deixará de suscitar na Igreja uma nova missionariedade, que não

poderá ser delegada a um grupo de “especialistas”, mas deverá corresponsabilizar

todos os membros do povo de Deus. Quem verdadeiramente encontrou Cristo, não pode

guardá-Lo para si; tem de O anunciar. É preciso um novo ímpeto apostólico, vivido como

compromisso diário das comunidades e grupos cristãos. Que isso se faça, porém, no devido

respeito pelo caminho próprio de cada pessoa e

com atenção pelas diferentes culturas em que deve ser semeada a mensagem cristã, para que

os valores específicos de cada povo não sejam

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renegados, mas purificados e levados à sua

plenitude. (Carta Apostólica Novo - Millennio Ineunte – Sumo Pontífice João Paulo II

parágrafo. 40). S. Paulino de Nola exorta “Dependemos

dos lábios de todos os fiéis, porque, em cada fiel, sopra o Espírito de Deus”.

Precisamos ir de casa em casa, evangelizar corpo a corpo, sair da sacristia, do

comodismo de nossas vidas e levar a palavra de Deus onde o povo está.

Nossos Seminários de Vida devem ser

semanais, ousados, ir de casa em casa e convidar o povo de Deus para uma semana de

oração, de cura e libertação. Devemos voltar a fazer retiros para jovens

e não só evangelizar em Congressos onde os que se aproximam são os que já carregam o

crucifixo no pescoço. Precisamos evangelizar com urgência os jovens, os que carregam as

drogas nas mãos, os dependentes químicos, os que estão com a família dilacerada por falta de

Deus, as crianças, os idosos, os que estão sem esperança, os que precisam conhecer e ter a

experiência do Deus Vivo. Quando um filho que estava perdido

encontra novamente com o Pai, ele

impulsionado pela gratidão, acaba produzindo muitos frutos, não mede as conseqüências, pois

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“estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi

achado”. (Lc 15,32) “Por isso te digo: seus numerosos pecados

lhe foram perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor. Mas ao que pouco se

perdoa, pouco ama”. (Lc 7,47) Precisamos trocar nossa vara de pescar

pela rede de uma evangelização audaciosa, ousada, baseada no amor, através da

ressurreição de Jesus e do impulso do Espírito Santo que não deixará com certeza a rede

romper.

Chega de pescar em aquário ou tanque. É mais cômodo, porém, não prioritário. Nestes

lugares os peixes são cuidados e alimentados. Escandalizam ter que acolher os filhos

desvirtuados, perdidos, os que estão nas encruzilhadas da vida, os excluídos da

sociedade, mas são os filhos prediletos de Deus. Que a barca saia para alto mar, onde a

tempestade pode trazer um sentimento de insegurança de solidão ou de medo; onde

teremos que expor nossos medos, mas com certeza o Senhor com o seu amor jamais nos

deixará afundar. Pratiquemos a evangelização aos pobres,

aos marginalizados, a todos os que estão

afastados de Deus. Estamos perdendo muitos peixes neste segmento por covardia e egoísmo.

Quando falo perdendo não me refiro as outras

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religiões e sim a tantos filhos e filhas amados de

Deus que estão morrendo, literalmente falando, por falta de justiça, de alimento da Palavra e do

pão. Partindo da comunhão dentro da Igreja, a

caridade abre-se, por sua natureza, ao serviço universal, frutificando no compromisso dum

amor ativo e concreto por cada ser humano. Este âmbito qualifica de modo igualmente

decisivo a vida cristã, o estilo eclesial e a programação pastoral. É de se esperar que o

século e o milênio que estão a começar hão de

ver a dedicação a que pode levar a caridade para com os mais pobres. Se verdadeiramente

partimos da contemplação de Cristo, devemos saber vê-Lo sobretudo no rosto daqueles com

que Ele mesmo Se quis identificar: “Porque tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-

Me de beber; era peregrino e recolhestes-Me; estava nu e destes-Me de vestir; adoeci e

visitaste-Me; estive na prisão e fostes ter Comigo” ( Mt 25,35-36). Esta página não é um

mero convite à caridade, mas uma página de cristologia que projeta um feixe de luz sobre o

mistério de Cristo. Nesta página, não menos do que o faz com a vertente da ortodoxia, a Igreja

mede a sua fidelidade de Esposa de Cristo.

(Carta Apostólica Novo - Millennio Ineunte – Sumo Pontífice João Paulo II parágrafo. 49).

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É verdade que costumamos dar ênfase

para o Pentecostes como ação poderosa de Deus através dos dons carismáticos, porém o

mais importante é lembrar que o Espírito Santo é o fruto do amor de Deus com seu Filho e toda

a humanidade. Amor que se expande, como as línguas de fogo que caem sobre as cabeças dos

que querem promover a justiça e o amor de Deus entre nós. Falar em línguas do amor, que

não causa divisões, mas que une todos os povos como filhos amados de Deus.

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VIVER EM COMUNIDADE!

Perseveravam eles na doutrina dos

apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do pão e nas orações. De todos eles se

apoderou o temor, pois pelos apóstolos foram feitos também muitos prodígios e milagres em

Jerusalém, o temor estava em todos os corações. Todos os fiéis viviam unidos e tinham

tudo em comum. Vendiam suas propriedades e os seus bens, e dividiam-nos por todos,

segundo a necessidade de cada um. Unidos de

coração, freqüentavam todos os dias o templo. Partiam o pão nas casas e tomavam a comida

com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e cativando a simpatia de todo o povo.

E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros, que estavam a caminho da salvação. At 2,42 a

47

Que jeito espetacular de ser igreja

apresentaram os primeiros cristãos, estamos diante de todo ideal que deve permear nossas

vidas cristãs. Na comunidade (koinonia), lugar perfeito

para viver Deus, é que conseguiremos

testemunhar (martyria) nosso amor a esta sociedade tão injusta e tão egoísta. Na

comunidade poderemos servir (diakonia) aos

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nossos irmãos, envangelizando-os (kerygma)

para que possam ter um encontro verdadeiro com Jesus Cristo.

As redes dos primeiros cristãos estavam cheias de pessoas que se ajuntavam a eles

cativadas pelo amor que possuíam. Toda a vida cristã da primeira comunidade

era baseada no amor entre eles. Não um amor filosófico ou ilusório, mas o amor concreto

fundado no testemunho e exemplo de Jesus, que em nenhum momento hesitou em dar a

própria vida por cada um de nós. Amor este que

não cobra pelo que fez, porque o fez, por pura gratuidade e bondade.

O amor de Jesus deve nortear nossa caminhada em comunidade. Estou na

comunidade porque quero amar e não necessariamente ser amado, como dizia São

Francisco de Assis: “Amar que ser amado, perdoar que ser perdoado... pois é dando que

se recebe”. Os que vêm para uma comunidade devem

trazer o amor a ela, pelas pessoas que estão nela e por aqueles que precisam se aproximar

dela, assim teremos as redes cheias de peixes, pois o amor é a isca, o alimento que todos

precisam.

Jesus não nos pede para gostar das pessoas, mas sim para amar. Você acha que

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Jesus gosta de tudo o que você faz? Não! Mas

Ele ama você do jeito que é. Há pessoas na comunidade que não gosto,

como há em qualquer lugar da vida, mas devemos aprender a amar inclusive quem não

gostamos. Assim é a comunidade cristã, onde todos se amam.

Quem vem à comunidade deve vir para amar, assim com certeza não se decepcionará.

Precisamos amar os que sofrem, os que estão distantes de Deus, os que temos dificuldades de

relacionamento e preferencialmente os

marginalizados, pois o Amor está acima de tudo.

Como dizia Santa Teresinha do Menino Jesus: “Nossa primeira missão é o amor”.

Assim Jesus nos ama sem esperar nada em troca, como também dizia São Francisco de

Assis: “O Amor não é amado”, ou como diz a linda canção “Difícil Te Olhar”: “Amor que não

se cansa de amar” (CD Nossas Canções da Banda Coração do Rei).

Assim como Jesus somos chamados a ser Testemunhas do Amor.

A tal respeito, as palavras do Senhor são tão precisas que não é possível reduzir o seu

alcance. A Igreja terá necessidade de muitas

coisas para a sua caminhada histórica, também no novo século; mas, se faltar a caridade

(ágape), tudo será inútil. O apóstolo Paulo

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recordano-lo no hino da caridade: Ainda que

falássemos as línguas dos homens e dos anjos e tivéssemos uma fé capaz “de transportar

montanhas”, mas faltasse a caridade, de “nada” nos serviria (Cr 13,2). A caridade é

verdadeiramente o “coração” da Igreja, como bem intuiu S. Teresa de Lisieux que eu quis

proclamar Doutora da Igreja precisamente como perita da scientia amoris: “Compreendi que a

Igreja tem um coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia atuar os

membros da Igreja [...]; compreendi que o

amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo” (Carta Apostólica Novo - Millennio

Ineunte – Sumo Pontífice João Paulo II parágrafo. 42).

Para tanto a primeira comunidade cristã baseava sua caminhada em alguns pontos

fundamentais para solidificar este amor concreto:

. Doutrina dos apóstolos – Sem formação uma comunidade não se solidifica e

não sabe para onde caminha e como caminha (Ministério da Palavra).

É preciso amados irmãos e irmãs,

consolidar e aprofundar esta linha, inclusive com a difusão do livro da Bíblia nas famílias. De

modo particular é necessário que a escuta da

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Palavra se torne um encontro vital, segundo a

antiga e sempre válida tradição da lectio divina: esta permite ler o texto bíblico como palavra

viva que interpela, orienta, plasma a existência. (Carta Apostólica Novo - Millennio Ineunte

– Sumo Pontífice João Paulo II parágrafo. 39). A formação é fundamental para quem

quer avançar, conhecer a verdade e vivê-la mais profundamente só é possível com uma

base sólida da Doutrina da Igreja que se inspira no tripé: Sagrada Escritura, Tradição e

Magistério.

. Reuniões em comum – A comunidade deve reunir e agregar as pessoas para que

através do relacionamento todos possam crescer e alcançar a maturidade espiritual e

humana. Fazer da Igreja a casa e a escola da

comunhão: eis o desafio que nos espera no milênio que começa, se quisermos ser fiéis ao

desígnio de Deus e corresponder às expectativas mais profundas do mundo.

Que significa isto em concreto? Também aqui o nosso pensamento poderia fixar-se na

ação, mas seria errado deixar-se levar por tal

impulso. Antes de programar iniciativas concretas, é preciso promover uma

espiritualidade da comunhão, elevando-a ao

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nível de princípio educativo em todos os lugares

onde se plasma o homem e o cristão, onde se educam os ministros do altar, os consagrados,

os agentes pastorais, onde se constroem as famílias e as comunidades. Espiritualidade da

comunhão significa em primeiro lugar ter o olhar do coração voltado para o mistério da

Trindade, que habita em nós e cuja luz há de ser percebida também no rosto dos irmãos que

estão ao nosso redor. Espiritualidade da comunhão significa

também a capacidade de sentir o irmão de fé na

unidade profunda do Corpo Místico, isto é, como “um que faz parte de mim”, para saber partilhar

as suas alegrias e os seus sofrimentos, para intuir os seus anseios e dar remédio às suas

necessidades, para oferecer-lhe uma verdadeira e profunda amizade. Espiritualidade da

comunhão é ainda a capacidade de ver antes de mais nada o que há de positivo no outro, para

acolhê-lo e valorizá-lo como dom de Deus: um “dom para mim”, como o é para o irmão que

diretamente o recebeu. Por fim, espiritualidade de comunhão é saber “criar espaço” para o

irmão, levando “os fardos uns dos outros” (Gl 6,2) e rejeitando as tentações egoístas que

sempre nos insidiam e geram competição,

arrivismo, suspeitas, ciúmes. Não haja ilusões! Sem esta caminhada espiritual, de pouco

servirão os instrumentos exteriores da

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comunhão. Revelar-se-iam mais como

estruturas sem alma, máscaras de comunhão, do que como vias para a sua expressão e

crescimento. (Carta Apostólica Novo - Millennio Ineunte – Sumo Pontífice João Paulo II

parágrafo. 43).

. Na fração do pão – A Partilha entre os

membros da comunidade onde entre eles não haja necessitados é o testemunho mais concreto

que uma comunidade cristã pode apresentar a

esta sociedade egoísta e consumista. (Ministério da Caridade)

A Caridade das obras garante uma força inequivocável à caridade das palavras. (Carta

Apostólica Novo - Millennio Ineunte – Sumo Pontífice João Paulo II parágrafo. 50).

A Eucaristia é o coração da comunidade (Ministério da liturgia).

O Espírito Santo deseja levar-nos à sala do cenáculo constantemente para experimentar

a presença viva de Jesus na Eucaristia, que nos leva a Comunhão (Comum união).

Segundo o dicionário enciclopédico da bíblia: a sala do cenáculo é muito

provavelmente o mesmo local onde foi

celebrada a última ceia; os termos gregos são mais ou menos sinônimos. Neste lugar existe a

Basílica “Sancta Sion”, à qual os bizantinos

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deram o nome de “Mãe de todas as igrejas” –

Sião. Ao congregar semanalmente os cristãos

como família de Deus à volta da mesa da Palavra e do Pão de vida, a Eucaristia dominical

é também o antídoto mais natural contra o isolamento; é o lugar privilegiado, onde a

comunhão é constantemente anunciada e fomentada. Precisamente através da

participação eucarística, o dia do Senhor tornar-se também o dia da Igreja, a qual poderá assim

desempenhar de modo eficaz a sua missão de

sacramento da unidade. (Carta Apostólica Novo - Millennio Ineunte – Sumo Pontífice João Paulo

II parágrafo. 36).

. Nas orações – Uma comunidade que

não reza, que não senta aos pés do Mestre para ouvi-lo, acaba se transformando em grande

deserto e dificilmente produzirá frutos novos. “Porque meu povo cometeu uma dupla

perversidade: abandonou-me, a mim, fonte de água viva, para cavar cisternas, cisternas

fendidas que não retêm a água”. (Jr 2, 13) Os santos de nossa Igreja davam grande

importância à vida de oração:

“Para mim, a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um

grito de reconhecimento e amor no meio da

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provação ou no meio da alegria” S. Teresinha

do Menino Jesus. “A humildade é a disposição para receber

gratuitamente o dom da oração; o homem é um mendigo de Deus” S. Agostinho.

“Nada se compara em valor à oração; ela torna possível o que é impossível, fácil o que é

difícil. É impossível que caia em pecado o homem que reza” Santo Agostinho.

“Ora sem cessar aquele que une a oração às obras e as obras à oração. Somente dessa

forma podemos considerar como realizável o

princípio de orar sem cessar” Orígenes. Só a experiência do silêncio e da oração

oferece o ambiente adequado para maturar e desenvolver-se um conhecimento mais

verdadeiro, aderente e coerente daquele mistério cuja expressão culminante aparece na

solene proclamação do evangelista João “E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós; e nós

vimos a glória d’Ele, glória que Lhe vem do Pai como a Filho único, cheio de graça e de

verdade” (Jo 1,14). (Carta Apostólica Novo - Millennio Ineunte

– Sumo Pontífice João Paulo II – parágrafo 20). Nossa casa familiar deve ser um lugar de

oração, os pais precisam ensinar seus filhos a

orar. Lembro-me quando criança que minha

mãe fazia o sinal da cruz nos seus onze filhos e

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rezava conosco ao lado do tanque de lavar

roupas toda manhã. Dos lábios de minha mãe eu ouvi pela primeira vez e aprendi a oração do

Pai Nosso e da Ave Maria. À noite meus pais, antes de dormir, levavam seus filhos diante do

quadro do Sagrado Coração de Jesus e de Maria e rezávamos o terço, todo dia, e logo após meu

pai abria as escrituras e nos ensinava a bíblia. Antes das refeições a família rezava junto

e agradecia o Pão Nosso de Cada Dia. Certa vez conheci uma irmã religiosa na

cidade de Itu, de muita idade, de um

testemunho lindo de fé e dedicação à Igreja, era catequista. Em uma reunião de catequese, uma

mãe furiosa levantou-se e começou a bradar: - Meu filho não consegue nem fazer o

sinal da cruz direito, que raios de catequese é esta?

A irmã levantou-se de seu lugar como de costume tranqüila e perguntou àquela mãe:

- Quantos anos o seu filho tem? - Nove – respondeu a mãe.

A irmã retrucou: - Nove anos que ele vive com você e

ainda não o ensinou a fazer o sinal da cruz? A senhora deve ser a primeira catequista de seu

filho.

Todos aplaudiram a irmã, a mensagem tinha sido dada e serviu para todos nós.

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Você faz o sinal da cruz em seu filho?

Você o ensinou a falar com Deus? Quando se senta à mesa da refeição (se é que sentam

juntos) você ora agradecendo o alimento de cada dia, ou se comporta como família pagã?

A família cristã é o primeiro lugar da educação para a oração. Fundada para o

sacramento do matrimônio, ela é “A Igreja doméstica”, onde os filhos de Deus aprendem a

orar “na Igreja” e a perseverar na oração. Para as crianças, particularmente, a oração familiar

cotidiana é a primeira testemunha da memória

viva da Igreja reavivada pacientemente pelo Espírito Santo. (CIC 2685)

Vamos avançar! Lançai as redes! O Projeto de Evangelização da Igreja nos

apresenta justamente meios para avançar para águas mais profundas, a partir de um VER que

permita através de uma pesquisa sistematizada avaliar os pontos fracos e fortes, acertos e

lacunas, da ação evangelizadora. Para então JULGAR formulando critérios ou estratégias,

prioridades e etapas do AGIR. A Comunidade não pode, não deve

acovardar-se, achar que chegou ao máximo e

desistir de ousar em Deus. Lançai as redes! Mas com ousadia,

avançando para águas mais profundas: “as

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Águas do Espírito nos impulsionará mais

adentro do mar da Evangelização com vida de santidade”.

Em primeiro lugar, não hesito em dizer que o horizonte para que deva tender todo o

caminho pastoral é a santidade. Mas, o dom gera, por sua vez, um dever,

que há de moldar a existência cristã inteira: “Esta é a vontade de Deus: a vossa

santificação” (1 Ts 4,3). É um compromisso que diz respeito não apenas a alguns, mas “os

cristãos de qualquer estado ou ordem são

chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade”. (Carta Apostólica Novo

Millennio Ineunte – Sumo Pontífice João Paulo II – parágrafo 30 ).

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BIBLIOGRAFIA

. Documento Base: Carta Apostólica “Novo

Millennio Ineunte” do Sumo Pontífice João Paulo II ao Episcopado, ao Clero e aos Fiéis no Termo

do Grande Jubileu do ano 2000.

. Documento da CNBB “Rumo ao Novo Milênio”.

. Catecismo da Igreja Católica (CIC).

. Celebrar a Vida Cristã – Frei Alberto Beckhäuser, OFM – Ed. Vozes.

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BIOGRAFIA Gilberto é um dos fundadores da Comunidade

Bom Pastor. Autor do livro: Deus enviou um profeta! Você o

acolheu? Filho de pais católicos é um dos onze filhos que

Miltom e Regina tiveram. Esposo de Regina e pai de Mariana (nove anos)

e Juliana (cinco anos). Formado em Ciências Contábeis. Participou de diversos segmentos na Igreja:

Vicentino, Legionário de Maria, Congregado Mariano, Comunidade de Jovens, Pastorais e Catequista.

Em 1982 conheceu a Renovação Carismática Católica e através da experiência do Pentecostes teve a certeza do amor de Deus.

Aos 35 anos de vida juntamente com os irmãos: Branca, Mauro, Carlos, Isabel, Celso, Rita e Regina fundaram a Comunidade Bom Pastor – Associação Cristo, Rei do Universo.

A Comunidade tem como carisma o Acolhimento baseado na tríplice dimensão: acolher é amar, é evangelizar, é formar.

A Comunidade Bom Pastor através de seu carisma prega a Palavra de Deus onde é convidada e realiza um trabalho social de promoção humana e cidadania através do Projeto Madre Teresa de Calcutá.

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