56
LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA BOLETIM CITRÍCOLA UNESP/FUNEP/EECB Dezembro nº 11/1999 EECB Luiz Carlos Donadio

LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

LARANJAPÊRALARANJAPÊRA

LARANJA PÊRA

BOLETIM CITRÍCOLA

UNESP/FUNEP/EECB

Dezembro nº 11/1999

EECB

Luiz Carlos Donadio

Page 2: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

LARANJA PÊRA

Luiz Carlos Donadio

Jaboticabal - SPFunep

1999

Capa:Frutos de Verna, Pêra de Vidigueira e Ovale,

possíveis parentais da Pêra

Page 3: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Ficha catalográfica preparada pela Seção de Aquisição eTratamento de Informação do Serviço de Biblioteca e Documentaçãoda FCAV.

1999Proibida a reprodução total ou parcial.

Os infratores serão punidos na forma da lei.

FUNDAÇÃO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM AGRONOMIA,

MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA - Funep

Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/nº

14884-900 - Jaboticabal - SP

Tel.: (16) 3209-1300 / Fax: (16) 3209-1306

Home Page: http://www.funep.com.br

Copyright ©: Fundação de Estudos e Pesquisas em Agronomia,

Medicina Veterinária e Zootecnia - Funep

Diagramação: Renato Trizolio

Ilustração e impressão da capa: Gráfica Multipress

Impressão e acabamento: Funep

Donadio, Luiz CarlosD674l Laranja Pêra / Luiz Carlos Donadio. -- Jaboticabal :

Funep, 1999.51 p. il. ; 21 cm. - (Boletim citrícola, 11).

1. Laranja - citros. 2. Variedade. I. Título.

CDU - 634.31

Page 4: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

ÍNDICE

1. Introdução ......................................................................... 1

2. As Laranjas Piriformes ....................................................... 22.1. Informações Gerais .................................................... 2

3. Origem da Pêra ............................................................... 103.1. A Laranja Ovale ....................................................... 103.2. A Laranja Verna ....................................................... 163.3. A Laranja Lamb Summer ......................................... 233.4. A Laranja Pêra de Vidigueira .................................. 24

4. Laranja Pêra .................................................................... 32

5. Considerações Finais ....................................................... 40

6. Literatura Citada .............................................................. 43

Page 5: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA
Page 6: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

LARANJA PÊRA

Luiz Carlos Donadio

1. Introdução

A laranja Pêra é a mais importante variedade cítricabrasileira, sendo utilizada pela indústria e para os mercadosinternos e externos de fruta fresca. Para indústria, seurendimento industrial é muito bom, e as qualidades de seusuco tornaram-na preferida, além de sua época de produção,entre as precoces e as tardias. O mercado consumidorbrasileiro de fruta fresca, tanto para consumo direto, comopara extração e consumo local do suco, dá preferência à‘Pêra’ também pelas suas qualidades.

Entre seus principais pontos negativos está suasuscetibilidade à tristeza e o hábito de florescimento fora daépoca usual, com 2 a 3 floradas por ano. O problema emrelação à tristeza foi resolvido satisfatoriamente pelo uso declones premunizados. As produções extemporâneas, se porum lado são um problema, por outro, podem ser vantajosas,pois permitem a oferta da variedade por um período maior,o que é interessante, principalmente para o mercado defruta fresca.

A origem da ‘Pêra’ é pouco conhecida. Apesar deconsiderada como brasileira, há indícios de que possa tersido originada de variedades de outros países. Alguns dosaspectos citados são discutidos neste boletim, baseadoprincipalmente nas pesquisas realizadas na EstaçãoExperimental de Citricultura de Bebedouro (EECB).

1

Page 7: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

2. As Laranjas Piriformes

2.1. Informações Gerais

RISSO & POITEAU (1818-22) descrevem uma espéciede laranja doce, com o nome Citrus aurantium pyriforme,chamada de laranja piriforme. Apresentava muitas sementes,e sua qualidade era classificada como muito boa. Eracultivada em Nice, França, e existia uma variedade de folhaspequenas. Maturação em março, com boa conservação daplanta. Como se pode notar, as características gerais sãoparecidas às atuais variedades piriformes, com exceção donúmero de sementes.

BONAVIA (1888-90) apoia-se em De Candolle eGallesio para confirmar que as laranjas introduzidas pelosárabes na Palestina, Egito, Sul da Europa e na Costa daÁfrica eram as laranjas azedas. Também concorda com atese de Gallesio que não foram os portugueses os primeirosa introduzir as laranjas doces da Índia, em 1498, ou da China,em 1518. Cita ainda que a laranja do tipo Malta ou Portugalfoi por várias vezes introduzida na Índia entre 1850 e 1873.Nesta época as laranjas eram propagadas por sementes. Otipo citado por Gallesio, com o nome de laranja doce (esegundo o autor seria a de Portugal), era um frutoarredondado, sub-ácido a doce, entre outras característicasque menciona, não citando tipo piriforme.

NOTER (1926) reconhece várias espécies de laranjasdoces baseado em Risso, inclusive uma Citrus aurantiumpyriforme, a qual era encontrada em Nice, França, onde eracultivada e atingia até 6 m de altura, apresentando algumatolerância ao frio. Os frutos, piriformes e doces, amadureciamem janeiro-fevereiro até março. Não dá, entretanto, outrasinformações sobre a sua origem. Outras formas de frutos delaranjas doces aí também eram encontradas, além da globosa,a oblonga, a elíptica e outras.

2

Page 8: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Quanto à origem dos citrinos, POWELL (1930) baseia-se em De Candolle, como outros autores, para confirmar aorigem chinesa da maioria das espécies cítricas. Afirma quepossivelmente os romanos e gregos não conheciam oscitrinos há 2 mil anos. Quanto à laranja doce, aceita a tesede Gallesio (1811) segundo a qual algumas informações de1471 a 1472 se referiam à laranja doce na Liguria, portantoantes da introdução dos portugueses a partir de 1498.

Vários documentos citados por TOLKOWSKY (1938)mencionam que, quanto às variedades de laranjas doces, naPalestina, no século XVIII eram encontrados três tipos: a)Shamúti; b) baladi (nativa); c) “fransawi” (francesa). O tipo“Shamúti” (ou Shamouti), grande, oval com casca grossa,de qualidade inigualável, com bom sabor e fragrância é,segundo o autor, a variedade atual chamada Jaffa. Aceita-seque foi introduzida na Palestina no início do século XVIII,por um monge armênio, possivelmente da Ásia. Entretanto,de acordo com um renomado botânico israelita, o tipoShamouti foi originado de uma mutação do tipo Baladi, emJaffa, em meados do século XVIII. O cientista Oppenheimnão só apoia a tese acima, como também cita o fato de queera comum a reversão do tipo Shamouti em Baladi. Tambémcita que o tipo francês era de qualidade inferior,possivelmente uma laranja de baixa acidez, conformededução de vários autores.

FAUGERAS (1931) se referiu ao cultivo de citrinos naFlórida e na Califórnia, desde sua introdução nos EstadosUnidos, mas só mencionou como importantes a W. Navel eValência na Califórnia.

COIT (1937) comenta a história e o desenvolvimentoda citricultura na Califórnia, iniciada em 1768, com os jesuítas,até a introdução e o desenvolvimento comercial daWashington Navel, a qual em 1879 já era apresentada naprimeira feira de citros em Riverside e originada da introduçãode 1870 da Bahia do Brasil. O autor comenta sobre outrasvariedades cítricas, entre as quais uma que chama

3

Page 9: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Mediterranean Sweet, introduzida em 1870, da Inglaterra.Pelas características dadas, pode ser um tipo de China, quena Califórnia amadurece em abril-maio.

REBOUR (1950) classifica comercialmente as laranjasdoces em vários tipos: de umbigo, sangüíneas, de baixaacidez, comuns e tardias sem sementes. Nesta, coloca aValência Late e a Verna. No grupo das brancas comuns semsementes, cita a Jaffa, como sendo de forma oblonga,raramente arredondada, enquanto a Verna é citada comode forma oval. Como Portugaise é citada uma laranjasangüínea. Cita que esse tipo era importante na Tunísia,pelas variedades Maltaise demi-sanguine e Lesen Asfour.

LLURENS (1935) afirma que a introdução da laranjana Espanha foi atribuída aos árabes, mas que a tese daintrodução pelos romanos foi demonstrada, devido aoestabelecimento das rotas da Índia pelo mar Vermelho.Aos portugueses credita a aclimatação na Europa devariedades selecionadas, chamadas de Portugal e China,distinguindo, portanto, uma da outra. Entre as variedadesmais importantes para impulsionar a cultura comercial, citaa Vernia. Destaca a importância dos árabes na difusão doscitrinos na Espanha. A citricultura comercial na Espanhafoi iniciada somente em 1791, sendo a primeira exportaçãofeita em 1788 para a França. Após passar por períodosdifíceis, pela incidência da gomose, e utilizar muitasvariedades, de preferência as sangüíneas, em meados desseséculo foi iniciada a difusão da Washington navel. Depoisfoi a vez das tardias, como a Vernia e a Valência Late.Entre as muitas variedades espanholas e que tiveram algumaimportância no País, destaca uma que chama de Chino, deChina ou Royal, que pelas características que dá não seriaa China de Portugal, ou poderia ser algum tipo desta, umavez que não produz sementes, e a casa é lisa. Dá umadescrição minuciosa de laranja Verna, que também chamaVernia ou Bedmar. Cita ainda uma laranja oval, de tipo

4

Page 10: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

sangüíneo e outra piriforme, de maturação tardia, mas nãodá detalhes da sua origem.

No Marrocos (CHAPOT, 1955) são reconhecidos quatrogrupos de laranjas doces com poucas sementes: de umbigo,brancas, sangüíneas e brancas tardias. Neste grupo estão aValência e a Verna. Um quinto grupo seria o das laranjascomuns com muitas sementes, no qual não são citadasvariedades.

BOWMAN (1956) cita uma lista de introdução feita doBrasil, para a Austrália, em 1788, da qual constam váriostipos relacionados à possível laranja da China, citada comos nomes “Chinese”, “Small-leaf China”, “Chinese downy” e“Chinese seedling”. Não menciona a Pêra.

HUME (1929) reconhece para laranjas doces que a formado fruto predominante é a globosa ou oblata, entre outrascaracterísticas que dá para distinguir esta espécie, que foichamada de “Portugal” ou “Malta”, mas que já à época erachamada de laranja doce. Dá interessantes informações quantoaos nomes específicos pelos quais foi denominada a laranjadoce desde Aurantium vulgare medulla dulci, de Ferrari, em1646, passando por Aurantium fructu dulci, de Volkamer,em 1713. Em 1753, Lineus a chamou de Citrus aurantiumvar. sinensis, e mais tarde, em 1775, Osbeck deu o seu nomeatual, Citrus sinensis. Cita que desde as primeiras introduçõesde citros nos Estados Unidos, muitas outras foram feitas e sóde laranjas doces haviam introduzido mais de 100, mas adescrição da maioria não foi feita, o que levou à sua perda,ou troca de nomes. Agrupa as laranjas doces em espanholas,do Mediterrâneo, sangüíneas e de umbigo. As espanholasforam possivelmente as primeiras introduzidas. Das doMediterrâneo, cita Jaffa e Majorca e dentre outras a Prata e aValência, de forma arredondada ou oblata e algumas oblongas,mas nenhuma piriforme.

GUIJARRO (1957) comenta a obra de Ferrari,Hesperides, e dá algumas informações sobre a citricultura

5

Page 11: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

espanhola no século XVIII. Menciona em poucas ocasiõesas variedades plantadas à época. Refere-se a uma laranja daChina então cultivada. No século XIX, Valência já é a maiorregião citrícola, com um total de 8.362 ha.

GONZALEZ-SICILIA (1960) inclui a Berna (ou Verna)e a Peret no grupo das tardias. Para a primeira, cita que suaforma pode ser esférica, oval ou piriforme. Para a Peret,ovalada ou piriforme. Dá uma descrição do fruto, mas nãomenciona a origem da Berna. Quanto à Peret, sua origemfoi em um pomar de Vergel, Alicante, possivelmente demutação de uma variedade comum, em 1911. Segundo oautor, a Peret apresenta algumas vantagens em relação àBerna, tais como ser mais precoce na entrada em produçãoe mais doce. É também mais sucosa e colorida, mas é maissensível ao frio. O autor comenta também algumascaracterísticas da variedade Ovale, a qual informa não sercultivada na Espanha.

Quanto à introdução dos cítricos no Brasil, hádocumentos citados por WEBBER (1967) indicando as datasde 1540 e 1549 como já existindo citrinos em Cananéia e naBahia, respectivamente, de introduções feitas pelosportugueses. Nessas citações não são nomeados os tipos(ou variedades) de citrinos.

HODGSON (1967) classifica as laranjas doces em 4tipos: comum, baixa acidez, sangüíneas e as de umbigo. Oautor dá uma ficha descritiva para caracterizar variedadescítricas. Comenta que as características podem variar deacordo com o clima, o porta-enxerto e o solo, tendo portantolimitações para a descrição pomológica. As variedades Pêra,Berna (ou Verna), Ovale (ou Calabrese) e Shamouti sãoclassificadas como no grupo das comuns. A Pêra deVidigueira não é referida. A Pêra é referida como brasileira,com sua forma típica ovóide ou elipsóide e de boa qualidade.Afirma ainda que a variedade americana Lamb Summers éparecida com a Pêra, conforme Moreira e Filho (1963). A L.Summers surgiu na Flórida, em Volusia, antes de 1897. Cita

6

Page 12: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

ainda a Perão, que lembra a Shamouti. O autor foi informadopor Salibe que a Pêra parece com a Verna espanhola. Afirmaque possivelmente a Pêra tenha sido introduzida no Brasil,onde se tornou a principal variedade cítrica.

FEBRER (1969) afirma que a introdução dos citrinosna Europa foi realizada em diversas épocas. Cita a laranjada China como cultivada no norte da Extremadura, e outrachamada Real, sem semente, que era cultivada na Catalunhae Valência e seria uma variedade da China.

PRALORAN (1971) mostra, em um mapa de dispersãodas espécies cítricas desde suas regiões de origem, que, quantoàs laranjas doces, foram os genoveses e os portugueses que aintroduziram no Mediterrâneo, onde cita sua presença na Itáliaantes de 1523, na Córsega em 1600, na Espanha em 1525. Daíe de Portugal foram levadas ao Caribe em 1493, ao Méxicoem 1518, à Flórida em 1565, ao Brasil em 1540, ao Peru em1609, à África do Sul (Cabo) em 1654.

GARCIA (1984) publicou um interessante texto sobrea história da citricultura valenciana, no período de 1781 até1939. Informa que foi em 1781, em Rivera Alta, que foi feitaa primeira plantação regular de laranjas. Depois seestenderam a outras regiões. Em 1873, Valência tinha 985ha de citrinos e Castellon, outros 784 ha. Já em 1938 a áreatotal chegou a mais de 37 mil ha. Em 1859 foram importadassementes de variedades de laranjas da Cochinchina. Até ofinal do século XIX, devido a vários percalços, a citriculturavalenciana pouco se desenvolveu, sendo no século seguinteque ganhou maior importância, pois a partir de 1862 é quefoi usada a laranja azeda para controle da gomose, entãoconhecida como “enfermedad del naranjo”. O autor cita queforam de mutações da laranja doce do grupo “blanca” queprocederam a maioria das variedades que se tornaram abase das plantações de laranjas de Valência, quando, em1938, estas perfaziam 43,27% da produção citrícolaespanhola. Foi no final do século XIX que foram introduzidasem Ribera Alta variedades “sangüíneas”, antes cultivadas em

7

Page 13: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Provenza e Malta. Eram de meia estação e prolongavam operíodo de colheita. Já nesta época havia uma laranja“comum sin hueso”, isto é, sem sementes, e outros tiposmelhorados chamados Cadenera e Vicieda, mas cujascolheitas iam até novembro apenas. Só em 1909 foi que seintroduziu a Bahia, pela então Granja Agrícola de Burjasot.Com o nome comum de “Navel”, substituiu muitas plantaçõesde “blancas”. Cita ao final de seus comentários a“clementizacion”, que a partir de 1960 veio competir com a“navel”. Não cita, como se viu, a Verna ou a Valência,laranjas tardias que, como se sabe, nessa época já tinhamimportância.

SPINA (1985) discute a origem e difusão dos citroscultivados, citando que as laranjas doces apareceram cercade 100 anos a.C. na China e um pouco mais tarde na Índia.Na Europa foi introduzida de 1400 a 1500, mascomercialmente ganhou importância no século XVII. Dosgrupos de laranjas doces, cita que as brancas comuns são asmais antigas e mais importantes. As tardias Valência Late,Ovale, Vernia e Pêra são de grande importância, das quaisdá as principais características. Para Ovale, cita tamanhomédio de 160 a 200 g, com hábito reflorescente, lentidãopara entrar em produção e época de colheita na Itália demarço a abril.

Em 1987 foi publicado um texto sobre a laranja noBrasil (de 1500 a 1987), no qual só se refere à laranja Pêrano final do século XIX (1989), como originária do Rio deJaneiro, sendo há muito lá cultivada. As citações baseadasem outras obras, até os séculos anteriores, não se referem àlaranja Pêra. O autor cita um trabalho de Debret (1939), oqual se refere a alguns tipos de frutas cítricas, mas não àlaranja Pêra (HASSE, 1987).

ROUSE (1988) comenta acerca dos principais cultivaresde citros no mundo, não citando a Verna na Espanha e aLamb Summer, na Flórida. Cita a Pêra no Brasil. A Itália esuas variedades não são mencionadas.

8

Page 14: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

A mais completa e mais recente contribuição aoconhecimento da história dos citros foi publicada em 1990(CALABRESE) na Itália, na qual o autor baseia-se nos principaistrabalhos, desde os mais antigos, de Ferrari (1646) atéTolkowsky (1938) e outros. Quanto às laranjas doces, écomentado o fato de que há pouca citação sobre elas naliteratura chinesa, provavelmente porque lá eram referidasjunto às tangerinas, sendo conhecidas há tempos remotos.Os documentos escritos e as obras de arte avaliados peloautor para diversas regiões e povos do mundo, tais como aÍndia, Japão, Indochina, Malásia, Mesopotânia, Média, Pérsia,Palestina, Grécia, Roma antiga e árabes, mostram que a laranjadoce ou não foi deles conhecida ou tinha pouca importânciana época. O autor apoia a hipótese de Gallesio de que foramos genoveses a introduzir as primeiras laranjas doces noMediterrâneo, baseado em citações do início do século XV.

DAVIES & ALBRIGO (1994) citam que a possívelintrodução das laranjas doces pelos genoveses, em 1425,não tinha sido a primeira, mas sim possível reintrodução.Introduções também foram feitas durante os séculos XV eXVI, inclusive pelos portugueses, ao redor de 1500.Reconhecem quatro grupos de laranjas doces: as comuns,(arredondadas), as de umbigo, as pigmentadas e as de baixaacidez. Estes grupos podem ser de maturação precoce, meiaestação ou tardia. Também podem conter de 0-8 sementes(comercialmente, “sem sementes”), de 9-15 sementes, oumais de 15 sementes por fruto. Entre as comuns, ou “round”,incluem a Hamlin, a Valência e a Pêra, entre outras. Citamque a Valência pode ser de origem chinesa, devido à suaintrodução em Portugal. Quanto à Shamouti, citam suaorigem em 1844, da variedade Beladi em Jaffa, Israel.

O Banco Ativo de Germoplasma de Citros do CCSMcontém 72 acessos de ‘Pêra’ e variedades assemelhadas, entreos quais são colocados vários tipos de Ovale e Lamb’s Summer,sendo a Verna e Berna não incluídas no grupo das Pêras.

9

Page 15: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

3. Origem da Pêra

Apesar de sua importância e de ser considerada umavariedade brasileira (DONADIO et al., 1995), sua origem não ébem conhecida. HODGSON (1967) a associa a outras variedadesde outros países. Outros autores especularam sobre possívelorigem da Pêra (FIGUEIREDO, 1991; DOMINGUES, 1998).

As variedades a seguir comentadas são mencionadascomo possivelmente a Pêra delas ter sido originada.

3.1. A Laranja Ovale

Atualmente, a variedade Ovale é pouco cultivada naItália. Na região de Augusta-Siracusa é possível encontrarvelhos pomares da variedade ainda em produção. Algunsdesses pomares têm mais de 50 anos e foram sobreenxertadosem limoeiros, quando estes foram atacados pela doença malseco. A variação chamada fruto “alapatto” pode ser aindaconstatada, bem como os de outros tipos citados na literatura.É possível que o que se conhece como Ovale (Calabrese)na Itália não seja um só tipo, pois a da Estação de Acirealeé diferente da de alguns pomares comerciais visitados. Osfrutos são típicos, piriformes, muito semelhantes à Pêra doBrasil. Como já comentado e com base em trabalhosanteriores (SCUDERI, 1970-71; DETTORI et al., 1985; RUSSO,1984-85), a Ovale tem sido substituída por outras variedades.

Em 1915, entre os citros da Sicília (INZENGA, 1915),eram reconhecidos entre as laranjas doces um tipo elípticoe outro piriforme, aos quais se dava nomes específicos,baseado em RISSO. Esses tipos eram associados às laranjasmarroquinas, mas tinham sementes, ao contrário dos citadosno Marrocos (RISSO & POITEAU, 1918-22). Cita ainda umaOvale sangüínea. Conforme o autor, uma coleção de citrosfoi iniciada em 1868 no Horto Botânico de Palermo. Tambémna Stazione Sperimentale di Agrumicoltura havia espécies evariedades de citros.

10

Page 16: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Em 1928 já era reconhecido um tipo de laranja docepiriforme na Itália (GALLI, 1928). GUZZINI (1933) comentasobre algumas destas variedades. Já em 1929/30 a Sicíliaproduzia 50% das laranjas da Itália. Entre as citadas há alaranja Ovale, associada aos tipos “ellypticum” ou“oblongum” de Risso, ou marroquina, já referida (INZENGA,1915). Outro tipo “pyriforme” é associado à laranja turca.Há referência também a um tipo “ellipticum sangüínea”.Observa ainda o autor que os caracteres que eram utilizadospara caracterizar os diferentes tipos de laranjas não eramconstantes, mas sim com ocorrência de mutação. Em 1931 e1932 o tipo “ovali”, já conhecido como Ovale Calabrese,obtinha bons preços no mercado, principalmente por seremmais tardios que as demais variedades, indo sua colheita atémaio-junho. Nessa época, as laranjas sangüíneas (Tarocco eMoro) também recebiam melhores preços que as comuns(“bionde”). Entre estas são citadas a Vaniglia e a Belladona.Estas já eram melhores clones do que as comuns (Foto 1).

A origem da Ovale de mutação de uma laranja comumjá era conhecida, embora tenha sido aventada a possibilidadede ser um híbrido (CASELLA, 1935). Entretanto, em 1937 épublicado texto (RUGGIERI, 1937) demonstrando que setrata de uma mutação de gema. Interessante que o tipo“allapato” (achatado) que possivelmente deu origem à Ovaleaparece, às vezes, em plantas de Ovale, dependendo suafreqüência das condições climáticas (Foto 2). Outros tiposde mutantes também podem aparecer na Ovale, tais comoo “Naso di pecora” (com umbigo) e as quimeras setoriais.

Em 1935 a citricultura italiana era composta de 53% delimões, 39,45% de laranjas e o resto de outras espécies. Entreas laranjas, o autor destaca a Belladona como variedadeimportante, tal como a Ovale. Ambas produzem frutos forada época de maturação normal (“bastardi”). Para a Ovale écitado ainda que se trata de uma variedade exigente emboas condições de solo e clima para frutificar bem, o que éencontrado em Lentini e outras regiões. A Ovale tem forteresistência do fruto na planta e é boa para conservação. Por

11

Page 17: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

suas características é dada como uma das variedades maisimportantes (CASELLA, 1935). Como defeitos da variedade,cita a sua pouca produtividade em certas condições e aocorrência do reverdecimento.

Fotos 1 e 2 - Frutos típicos de Ovale e com “allapatura” (à esquerda).

1

2

12

Page 18: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Outro autor a citar as boas características da Ovale éZANOTTI (1952). Este autor comenta algumas afinidades daOvale com a Belladona e sua possível origem da laranjacomum de espinho, citando o fenômeno já comentado da“allapatura”. Entretanto, sua ocorrência é menor, pois destacacomo uma das boas características da Ovale a suauniformidade, tanto da planta como do fruto. Este trabalhoé um dos mais informativos sobre a Ovale, pois dá dadoscomparativos dela com os de fruto “allapato” e os frutosconservados em várias condições de armazenamento, calibrese pesos de mercado e diversas características botânicas daplanta e do fruto. Fato interessante é a ocorrência de frutoscom 101 a 320 g (calibres 180 a 60) e a ocorrência de floradastemporãs.

Um estudo de maturação de variedades cítricas na Sicília(PENISI et al., 1956) comparou a Belladona, a comum e aOvale. Esta atinge maturação em meados de março. Até maioainda tem boa qualidade, sendo que em junho já tem menossuco. Entretanto, quanto a sólidos solúveis, apresenta níveismais baixos que a comum e a Belladona. Em meados demarço apresenta SST de 8,33 oBrix, acidez de 0,9o e “ratio”de 9. Antes, a acidez era mais alta. Os “ratios” deram até12,5 no final de maio, quando ainda tinha 51% de suco. Emoutro trabalho para suco de citros para indústria, o autoravaliou a Belladona e a Valência, as quais se mostraramadequadas para a finalidade (PENISI et al. 1956).

Algumas características da planta e do fruto sãocomentadas para a Ovale Calabrese por CRESCIMANO(1957). Este autor reforça o fato da Ovale ser exigente emcondições de solo e clima, mas também reconhece suasboas qualidades, embora até também alguns defeitos, taiscomo a pouca produção e o lento crescimento. Análises dequalidade entre início de maio e meados de junho indicaramacidez indo de 1,14% a 1,01%, SST de 8,99 a 9,54 oBrix e“ratio” de 9,27 a 10,83.

13

Page 19: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Em 1959 é comentado sobre novas variedadesoriginadas de mutação de gema na Itália, e reconhecidoque a Ovale foi originada por este processo natural. Entreas novas mutações, quatro são de origem da Tarocco, duasda Sangüínea e duas da Biondo. Destas, as duas são tardias,apirenas e piriformes, como a Ovale (SPINA, 1959).

CHAPOT (1955) caracteriza a variedade Maltaise (nomeda Ilha de Malta), que foi usada em países mediterrâneossendo distinguidos vários tipos: a sanguínea, a branca, a ovale a Meski, esta de baixa acidez. A Maltaise Ovale é um tipoque mais se assemelha às laranjas piriformes, pela forma doseu fruto e também por ter pouca ou nenhuma semente. Foiintroduzida nos Estados Unidos em 1870 e era cultivada emdiversos países mediterrâneos antes dessa época, provenienteda Algéria. Uma característica distintiva dela é que tem folhaslanceadas semelhantes às da Clementina. Quanto à Maltaisebranca, o autor a acha parecida à Jaffa ou Shamouti. Citaainda que a variedade Maltaise, da Itália, é um tipo de laranjade baixa acidez, provavelmente semelhante à Vaniglia.

No Citrus Industry (HODGSON, 1967) faz-se citaçãoda variedade, com base nos trabalhos italianos já comentados.

TERRANOVA & SCUDERI (1968-69) estudaram adoença impietratura em variedades cítricas, entre as quais aOvale foi uma das que mostrou sintomas típicos da doençaem frutos da florada temporã.

SCUDERI (1970-71) observou a ocorrência em váriosanos da granulação no fruto de Ovale, na região produtorade Lentini, onde em alguns casos chegou a atingir 30% dosfrutos.

PENISI (1974-75) estudaram o conteúdo de flavonoidesem variedades cítricas italianas e concluíram que a Ovale,junto com a Belladona e o limão Manachello tinham menorquantidade de flavonóides, na parte sólida do fruto, do queoutras variedades. Enquanto a Ovale deu de 4,3 a 4,9% nosólidos solúveis do albedo, outras variedades deram de 5,8a 9,2, sendo a maior % para Tarocco.

14

Page 20: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Em 1978 são citadas algumas características da Ovale,para as quais se comenta a ocorrência de florada temporã ebaixa produção, além da planta e suas folhas típicas. Jánessa época a Valência era indicada como sua substituta,com vantagens (Casa Mesogiorno).

SPINA & CARUSO (1974-75) associam a Ovale ao tipo“ellipticum” de Risso. Comentam que alguns freqüentesinsucessos no cultivo da Ovale teriam levado à sua sobre-enxertia com outros cultivares. Comparam a Ovale à Valênciae concluem que a primeira é mais exigente em condiçõesclimáticas e é menos tardia. Além disso, a tendência da Ovalede produzir floradas temporãs não é desejável.

Um estudo de 24 cultivares de laranjas quanto à suamaturação na Sardenha foi feito em 1985 (DETTORI et al.,1985). Entre as variedades tardias, os autores estudaram doistipos de Ovale, a Corda e a Calatafini. Pelas característicasda primeira, parece tratar-se de uma Perão, com frutosgrandes e pouco produtiva. Comparada a Calatafini com aVerna, os dados são muitos próximos, com peso ao redorde 165 g, 45% de suco, “ratio” entre 9 e 11. A Ovale deumaior SST. Todas perderam em produção para a Valência.

Diversos clones de “Bionde” são comparados em umestudo feito na região da Metapontino, de 1979-84, comvariedades de maturação média a tardia. Entre elas, um clonede Ovale obtido em 1955. As Valências foram as mais tardiase produtivas, comparáveis a algumas “Bionde” locais. A Ovalefoi menos produtiva nos primeiros três anos e também semostrou alternante, mas foi mais tardia que algumas outras“Bionde”. A Ovale deu menos sementes que a Valência.

RUSSO (1984-85) discute as principais espécies evariedades cítricas de importância na citricultura italiana ecomenta alguns aspectos sobre a Ovale ou Calabrese. Citacomo principais características o pouco e lentodesenvolvimento da planta, além do desenvolvimento maiordo tronco em relação à laranjeira azeda, quando esta era

15

Page 21: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

usada como porta-enxerto. Frutos de 150 a 200 g, de formatípica, com muito suco, de boa cor, mas com problema dereverdecimento, se deixados na planta após maio. Entradaem produção muito tardia, em geral após o 7º ano, comprodução baixa, só melhor em certas condiçõespedoclimáticas adequadas, com solos férteis e úmidos.Produção de floradas temporãs, que são mais sensíveis àsgeadas.

Dados das décadas de 70 e 80 (TERRANOVA &PUGLISI, 1990) sobre a produção de mudas cítricas na Itáliaindicavam um pequeno interesse pela Ovale, quandocomparada às demais plantadas, a W. Navel, a Valência e aNavelina.

CALABRESE (1990) apresentou no CongressoInternacional de Citricultura na Itália um trabalho sobre ahistória dos citros e sua distribuição no Mediterrâneo. É umtexto no qual o autor faz interessantes comentários sobre adifusão dos citros pelo mundo, baseado em documentos daépoca. O autor apoia a tese de Gallesio quanto a terem sidoos genoveses os primeiros a introduzir as laranjas doces noMediterrâneo. Entretanto em todas as citações não sãomencionadas variedades ou tipos de laranjas doces e suasorigens.

DOMINGUES et al. avaliaram a qualidade de três tiposde Ovale em Limeira, SP, encontrando diferenças entre elasquanto à época de maturação e à qualidade do fruto. O“ratio” acima de 12 foi atingido somente em outubro.

3.2. A Laranja Verna

Atualmente a importância da Verna é pequena naEspanha. Há alguns pomares comerciais antigos na regiãode Pego, com plantas sobreenxertadas com mais de 50 anos.Aí é mais comum ver pomares de vários tipos de Verna,como a Peret e a Alberola. Há um tipo parecido ao Perão.

16

Page 22: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Também varia a época de produção, com alguns tipos maistardios. Em todos os tipos há floradas temporãs. Os frutosde Peret principalmente são muito parecidos aos da Pêra doBrasil (Fotos 3 e 4). Como seu interesse comercial atual épequeno, os pomares mais novos estão compostos de outrasvariedades. No banco de germoplasma do InstitutoValenciano de Investigaciones Agrarias há vários clones deVerna, mas não têm sido atualmente distribuídos aosprodutores por falta de interesse nos mesmos. Eles foramsuplantados pela Valência e por outras variedades maisrecentes (ZARAGOZA, 1992).

Dados publicados em 1909 informam que, já em 1866,Valência exportava cerca de 1.386 mil caixas de laranjas. Domesmo trabalho, em 1895 a Espanha exportava 234 mil t, oque se manteve, com leve crescimento até 1900, a partir dequando cresceu para acima de 300 mil t, atingindo mais de400 mil t em 1907. Neste artigo não é informado, entretanto,de quais variedades eram compostas tais exportações (EMO,1909).

Dados econômicos informam que já em 1930 a Espanhaatingia a exportação de 1 milhão de t de laranja, isso apóspassar a primeira guerra mundial. Não se refere a variedadescultivadas na época. Dados de exportação mundial de cítricosmostram com forte queda no período da segunda guerramundial. Para a Espanha, com a guerra civil em 1936 houveuma queda na produção e no comércio de citrinos. Outroforte efeito foi devido à geada de 1946. Deste ano até 1949,a Espanha era ainda o segundo exportador de citros,seguindo os Estados Unidos. O Brasil ocupava a sétimaposição. Quanto à área de cultivo com citros na Espanha,dados da década de 30 mostravam cerca de 69 mil ha. Noinício da década de 40 tinha subido para 81 mil ha, mantendoesse valor até o final da década.

Quanto às variedades cultivadas já no final da década,do total de 73 mil ha, 58% era de variedades precoces e 12%

17

Page 23: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

de meia estação e tardias. As primeiras eram compostas por18% de mandarinas, 30% de “navel”, 11% de Cadenera, 40%de “comuns”. As de “segunda temporada” (tardias) eram68% de sangüínea, 25% de “comum” e 6,62% de Verna.

Em 1953, AMORÓS, em um artigo sobre as qualidadesalimentícias da laranja, cita entre as principais variedadesespanholas a Vernia ou Berna, avaliada como de boaqualidade. Cita também algumas variedades sangüíneas,dentre as quais vários tipos de “oval”.

Antigo trabalho sobre o cultivo da laranja na Espanha(Anônimo, s/d) admite que a laranja começou a aclimatar-sena Andaluzia em princípios do séc. VIII, durante a invasãoárabe. Daí tenha passado a Murcia e Valência. Entretanto,confirma que somente em 1825 a 1830 foram iniciados emVillareal alguns pomares comerciais. Durante a guerra civilespanhola, de 1934 a 40, diminuiu o plantio, sendo continuadosó após 1945, principalmente em Villareal, Almazara eBurriana, que eram então os principais locais produtores. Daía cultura se estendeu à Catalunha, a Valência e a outros locais.

GONZALEZ-SICILIA (1960) dá uma boa caracterizaçãodas variedades Verna e Peret. Destaque-se que para ambasafirma que a forma pode ser piriforme, embora ocorramoutros tipos, principalmente para a Verna. O seu tamanho épequeno, com média de 130 g, e apresenta ou não auréola.Reconhece que há várias linhas da variedade Verna. Onúmero médio de sementes por fruto é de 3,36. Amadurecena região do Levante de abril a junho, mas o fruto pode sermantido na planta por mais tempo, quando pode ocorrer oreverdecimento. Uma característica diferencial entre a Vernae a Peret é que a primeira demora muito para iniciar aprodução, apesar de ser mais tolerante ao frio. Também sãoalternantes. Apresentam uma forte aderência do pedúnculo.Outra característica interessante é que têm tendência areflorescer, isto é, produzir floradas temporãs, como a Pêrado Brasil e a Ovale da Itália. Cita um tipo de Berna de folhasmais estreitas, chamada Alberola.

18

Page 24: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Fotos 3 e 4 - Plantas e frutos típicos de Verna.

3

4

19

Page 25: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

A Peret também é chamada Verna Peret, e ao contráriodo que se pensa não é originada da Verna e sim de umalaranja comum, conforme informa GONZALEZ-SICILIA(1960). Isso ocorreu em 1911. Como o fruto se parecia pelaforma com a Verna recebeu a citada denominação. Seu frutopesa em média 130 g. As árvores são grandes, de rápidodesenvolvimento, muito produtivas e precoces na entradaem produção, mas alternantes. Os frutos têm auréolas emsua maioria, ou seja, o que se chama coroa no Brasil. Temmenos sementes (média 1,11) do que a Verna. É colhida demarço a julho na Espanha.

Quanto às variedades ou tipos de laranjas docesexistentes na época, é informado que são vários, recebendonomes conforme sua suposta origem, tais como de Bedmar,Gênova, Niza, de Malta, da China, ou conforme seu tipo,tais como: doce, piriforme, de fruto cornudo. Interessanteressaltar que para laranja da China, além de serem dadasalgumas características da planta e dos seus frutos,considerados de sabor açucarado, é informado que umasua variedade, com o nome de “naranjo real”, é plantada naCataluña e em Valência, e não tem sementes. Quanto à laranjade fruto piriforme, as características dadas assemelham-seàquelas descritas para a Verna. Os autores aconselham aampliação de seu cultivo, pelas suas qualidades. Um outrotipo muito variável, mas de forma oval, é a chamada laranjade “fruto cornudo”, que apresenta sulcos. Cita ainda a Jaffa,sua origem palestina e um seu tipo semelhante à Shamouti,de frutos grandes, ovais e precoce, podendo ser colhida emprincípios de outubro.

Um artigo sobre economia citrícola espanhola(LINIGER-GOUMAZ, s/d), publicado em Genebra, comentadados das décadas de 30 e 50. Nessa época, a Espanhaocupava o 3º lugar em produção, atrás dos Estados Unidose do Brasil. Em 1934-38, a Espanha tinha atingido mais de 1milhão de t para a produção de laranjas e tangerinas, mas

20

Page 26: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

em alguns períodos sua produção teve fortes quedas, comoem 1948-52 e 1956-57. Já em 1959-60 a sua produção tinhasubido para 1,5 milhão de t. Nesse trabalho não são dadasinformações sobre as variedades então cultivadas.

A origem da Navelate por mutação da WashingtonNavel é comentada, bem como sua importância posteriorna citricultura espanhola. Nesse artigo é informado que aEspanha teve um incremento grande em suas exportaçõesno começo do século e já em 1930 atingia mais de 1 milhãode t, após sucessivas crises do setor, que ainda viriam a terlugar também após esse período, embora no período de1927-36, em termos médios, a Espanha tenha sido o 2ºexportador, seguindo os Estados Unidos (ANÔNIMO, s/d).

A variedade Berna é dada como sinônimo de Bernia,Verna, Vernia ou Bedmar. Sua forma é dada como oval ouelipsóide e na base é comum sulcos radiais. Sem ou compoucas sementes. Além de tardia, é ressaltada sua característicade se manter bem na planta, mas ser mais precoce que aCalabrese da Itália e a Valência. Floresce fora de época e temfolhas largas. Tem vários clones, um dos melhores chamadoAlberola. Peret é dada como sua similar, mas de acordo comGONZALEZ-SICILIA (1960) colore antes, é mais colorida e émais doce, com árvores mais vigorosas e mais regulares quantoà produção que a Berna. Sua origem é posterior à da Verna,em 1911, em Alicante (HODGSON, 1967).

Avaliações das qualidades das principais laranjasespanholas ou produzidas no país são dadas por LLOPIS(1968). Esse autor ressalta a qualidade da Verna, comparávelpor alguns à “navel”. Entre as tardias, além da Verna cita aAlberola como de maior valor. Entretanto são para a Peretseus maiores elogios quanto à qualidade, pela sua doçura.

No inventário agronômico de citrinos, publicado em1981, são dadas informações quanto à área plantada de Vernaem 78, com um total de 5.805 ha, dos quais 5.347 ha comoplantação única e 458 ha intercalada com outras variedades.Em 1971 havia 8.533 ha da variedade, portanto em 1978 ela

21

Page 27: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

tinha caído em importância, representada pela perda de 2.727ha, e boa parte dos pomares (86,1%) eram de mais de 15anos, ou seja, pomares já velhos, indicando a perda deimportância da variedade na citricultura espanhola.

A redução de cultivo de Berna (SÍSTER et al., 1984) éinformada em um estudo de tendências de produção decitros na Comunidade Valenciana. Em 1978 eram produzidas80.000 t e em 1985 apenas 15.000 t da variedade. Era tambémprevista queda para 9 mil t em 1.990. Enquanto isso, aValência aumentava sua produção.

AMORÓS (1953) cita que em Roma já havia laranjeirasplantadas em 1.200, no convento de Santa Sabina e outrasno Monastério de Tondi, em 1278, plantadas por S. Tomasde Aquino. Quanto às variedades espanholas, segue ascitadas por Gonzalez-Sicília.

ZAGAROZA (1992) fez interessante estudo históricoda citricultura espanhola, desde sua introdução no país, atéos dias atuais. As laranjas doces, possivelmente, já eramcultivadas na Espanha desde meados do século XV,introduzidas pelos genoveses. Apesar disso, reconhece queforam os portugueses que contribuíram para a sua expansão,devido às introduções da China. No século XVI as laranjasdoces foram retratadas por vários artistas espanhóis. Nesseséculo e nos seguintes foi que se iniciou e expandiu ocomércio de citros do país, mas só no século XVIII é que acitricultura comercial se estabeleceu em Valência e Castellón.Até o meio do século XIX, a laranja doce mais comum era achamada “Blanca Comuna”, propagada por sementes.

De 1850 a 1900 também vários tipos de “BlancaComuna” eram cultivados, com diferentes nomes,dependendo de seu local de origem. Já havia tipos quelembravam as atuais variedades, tais como Valência Late eVerna. Em 1878 a Espanha tinha 8.362 ha e produzia 120mil t e já exportava mais de 70% da sua produção. O maiorproblema desse período foi a gomose, dando origem aocultivo de plantas enxertadas em laranjeira azeda.

22

Page 28: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Após 1900, a Espanha introduziu outras variedades,como a Bahia, a Clementina, pomelos e Satsuma, que eramcada vez mais plantadas junto às variedades locais comoVerna, Cadenera e outras. Em 1931 havia 75 mil ha, comprodução de 1.250 mil t, com 68% sendo exportado. Em1956 foi afetada por forte geada, após a qual apareceu e sedifundiu a doença tristeza, que causou sérios prejuízos até1980. Dados de 1984 a 1990 para Verna indicam que suaprodução caiu de 51.800 t para 40 mil, representando em1990 apenas 0,8% da produção de citros da Espanha.

ZARAGOZA et al. (1995) comentam sobre a coleçãode variedades do banco de germoplasma de cítricos do IVIA,iniciado em 1975, sendo reconhecido em 1982 pelo IBPGRcomo banco de referência para a região mediterrânea.Conforme o texto, existem 366 espécies e variedades nobanco, das quais 229 no campo, portanto 137 protegidasem telado. As laranjas são representadas por 95 variedades,sendo 43 de “blancas”, 40 de umbigo, 10 pigmentadas e 2de baixa acidez. O referido banco está associado aos“Viveiros Autorizados de Agrios”, que no total já distribuíramaos produtores mais de 44 milhões de plantas de materialsadio. A Verna faz parte desse banco.

3.3. A Laranja Lamb Summer

A Lamb’s Summer, conforme HODGSON (1967), é dematuração tardia na Flórida. O fruto é pequeno ou médio,ovóide e elíptico, contendo poucas sementes. Mantém-sebem na planta, com pouca perda de qualidade. A variedadesurgiu em viveiro, na Flórida, como ‘seedling’ de outravariedade com características diferentes. Ela nunca teve muitaimportância, não sendo plantada comercialmente. O autorcomenta que autores brasileiros avaliaram que ela se parececom a ‘Pêra’. DOMINGUES (1998) comparou a L. Summercom outras variedades consideradas assemelhadas à Pêra eobteve os seguintes dados médios: peso - 113,52 g, altura

23

Page 29: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

do fruto - 6,41 cm, diâmetro do fruto - 5,85 cm, 49,53% desuco, 2,60 SST/cx, 12,89 ºBrix de SST, acidez - 1,61 e “ratio”- 9, peso médio de 0,16 g/semente, 3,4 embriões/semente,66,7% de poliembrionia e 16,7% de germinação, 30,2% depólen viável. Quanto à planta, o citado autor obteve: 3,27 mde altura, 3,97 m de largura da copa, produção ao redor de1,5 cx. As folhas de L. Summer deram em média 7,82 cm decomprimento, 4,02 cm de largura, pecíolo de 1,64 cm decomprimento e 0,31 cm de largura. Comparando os seuscaracteres aos da Pêra, não encontrou muita semelhança.

3.4. A Laranja Pêra de Vidigueira

As plantas avaliadas em Portugal foram da região deVidigueira e também da coleção da Estação de Citriculturade Setúbal, a qual introduziu há mais de 40 anos a variedadede Vidigueira. Praticamente portanto são o mesmo tipo. Umsegundo tipo piriforme foi encontrado na Vidigueira, ao qualos citricultores chamam de ‘Brasileira’. Para nós, é um tipo“Perão”, mas de maturação mais precoce. Outros tipos,chamados Pêra ou Oval em outras regiões, na verdade sãoJaffa ou Shamouti.

Os dados médios de comprimento das folhas para Pêrade Vidigueira indicam dados superiores no geral aos de outrasvariedades similares, avaliadas no Brasil. Entretanto há umacerta similaridade e proporção entre eles. ConformeHODGSON (1967), esses dados podem variar conforme oclima, o solo, a idade de planta, o porta-enxerto e outrosfatores. A presença da doença tristeza no Brasil pode serum fator importante nas diferenças observadas.

Para Pêra de Vidigueira, diversas amostras de folhasadultas de plantas de Setubal e Vidigueira foram medidas,tendo os seguintes dados médios: comprimento - 10,44 cm,diâmetro - 3,95 cm e comprimento do pecíolo - 1,03 cm. Aponta das folhas é afilada e o pecíolo usualmente não é alado.Essas medidas estão próximas às diversas medidas feitas no

24

Page 30: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Brasil para a Pêra e outras variedades similares, bem comopara medidas de Ovale da Itália e Verna da Espanha. Folhasde Pêra de Vidigueira de dois pomares de Vidigueira indicaramalguns dados médios diferentes (Quadro1).

Quadro 1. Dados médios de avaliações de tamanho de folhasde algumas variedades cítricas de laranjas piriformes.1996-97.

a e b = de Vidigueira, c = de Setúbal; var 1-5 = análises no Brasil;6 a 9 - em Portugal.

Quanto às medidas do pecíolo, no Brasil para todas asvariedades eles são mais compridos do que em Portugal,para Pêra de Vidigueira. Para Verna da Espanha, os pecíolossão maiores. Ovale da Itália tem características mais próximasàs da Pêra de Vidigueira.

As características das flores foram avaliadas conformeavaliações anteriores de outros tipos de Pêra no Brasil. ParaPêra de Vidigueira, os dados são de amostras de flores, colhidasem março/97 de plantas da coleção de Setúbal. São em médiamaiores para largura do cálice, comprimento da corola, da

Limbo Pecíolo Índice

VariedadeComp.

(cm)

Larg.

(cm)

Comp.

(cm)

Larg

(cm)

p/ limbo

C/L

1 Berna (Br) 8,80 4,62 1,82 0,53 1,92

2 Pêra Prem. 8,81 4,43 1,50 0,35 1,99

3 Pêra Ibiguá 8,51 4,00 1,29 0,32 2,13

4 L. Summer 8,40 4,83 1,87 0,47 1,73

5 Pêra Cl. velho 7,81 4,53 1,48 0,30 1,80

6 Verna 9,86 5,18 1,98 0,72 1,90

7 Verna Peret 8,26 4,30 1,96 0,30 1,92

8 Ovale 9,92 4,62 1,00 - 2,14

9 Pêra Vidigueira a - 9,82 4,06 1,05 - 2,41

b - 11,98 4,24 1,00 - 2,82

c - 9,53 3,56 1,05 - 2,67

25

Page 31: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

pétala e do ovário. Os demais dados médios são próximosaos de outras variedades piriformes (Quadro 2) (Fotos 5 e 6).

Quanto à fertilidade do pólen, os cultivares de Pêraavaliados no Brasil deram de 40 a 46%. Entre outras, aValência teve a menor %, com 32,42%, e a Natal, 38,72%.Berna deu a maior %, com 46,28%. Pêra de Vidigueira nãofoi avaliada. Sabe-se entretanto que todas as variedades sãopraticamente apirenas, possivelmente por ocorrer óvulosdefectivos para que não se formem sementes. Raramenteforam encontradas sementes nos frutos de Pêra de Vidigueira,apesar de suas plantas estarem em pomares mistos oucoleções, com diversas outras variedades, muitas das quaiscom elevado número de sementes em seus frutos.

Quanto ao aspecto e às características das plantas, frutose flores, a Pêra de Vidigueira é muito parecida com a Pêrabrasileira, o que faz supor uma origem comum (Fotos 7 e8). Apesar da falta de documentação quanto à importaçãode variedades portuguesas para o Brasil e vice-versa, pode-se aceitar que, além da introdução inicial no início do séculoXVI, logo após o descobrimento, outras introduções deplantas (FERRÃO, 1992) foram feitas de Portugal ao Brasil evice-versa, principalmente na época colonial (até início doséculo XIX). Fato curioso é a constatação de um tipo dalaranja chamada Brasileira, em antigos pomares da regiãode Vidigueira. Trata-se na verdade de uma laranja tipo Perão.Esse fato indica que houve importação de variedadesbrasileiras para Portugal e deste para o Brasil. A ocorrênciade muitas variedades consideradas portuguesas no Brasil,tais como Seleta, Coroa-do-rei, Carvalhais, Prata e outras,indica que houve várias introduções de Portugal para o Brasil.

26

Page 32: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Fotos 5 e 6 - Folhas de Peret, Verna e Pêra e flores típicas de Pêrade Vidigueira.

5

6

27

Page 33: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

1/ N

OTA

: A

nál

ise

feita

em

Portuga

l. O

utras

no B

rasi

l.

Qu

adro

2. D

ados

méd

ios

de

med

idas

(m

m)

de

par

tes

das

flo

res

de

algu

mas

var

iedad

es p

iriform

es.

28

Page 34: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

7

8

Fotos 7 e 8 - Frutos típicos e plantas de Pêra de Vidigueira comfloradas temporãs.

29

Page 35: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Os dados de análises de frutos de Pêra de Vidigueiramostram que o peso médio do fruto varia de 150 a 200 g,com o dado próximo a 170 g sendo o que mais ocorreu nasamostras analisadas, tanto de Setúbal, como da Vidigueira.Nesta região, os produtores citam que um dos defeitos daVidigueira é a ocorrência de frutos de tamanho pequeno,talvez comparados à Bahia e à Valência. Os dados médiosobtidos para a L. Summer e Ovale no Brasil são inferiores.Notar que as plantas de Portugal estão isentas da tristeza,doença que como se sabe afeta a variedade (Quadro 3).

Quadro 3. Análises de frutos de laranjas piriformes.

* P.V. a, b - Pêra Vidigueira de Vidigueira e c - P.V. de Setúbal** Análises feitas de amostras no Brasil, de Limeira e Bebedouro

(Pera Prem.).

Quanto à % de suco, apenas no início das análises(novembro) foi baixa. Nas demais, as % foram de 50 a 55%.Quanto aos sólidos solúveis totais, já atingiram acima de 12ºBrix em início de dezembro, na amostra de Setúbal, masera ainda baixo (9,2 oBrix) em uma amostra de Vidigueira,em meados de janeiro. Entretanto, outra amostra do mesmolocal, mas de outra propriedade, chegou a 12,6 oBrix, namesma época. Isso pode estar ligado ao efeito do clima, ouindicar que se pode tratar de tipos diferentes de Pêra deVidigueira. A acidez permaneceu alta, acima de 1,5%, atéfinal de janeiro, indicando que se trata de uma variedade de

Data da Amostra Peso Suco SST Acidez “Ratio” Altura Diâmetro

Local (g) (%) oBrix (%) (cm)

15/1/97 P.V.-a 169,60 55,66 12,60 1,48 8,51 - -

15/1/97 P.V-b 146,40 54,91 9,20 1,17 7,86 - -

24/3/97 P.V.-c 188,66 50,53 11,2 1,12 10,0 7,2 6,9

Lamb Summer** 110,00 59,10 11,4 1,42 8,03 6,14 5,67

Ovale** 143,00 56,64 11,0 1,27 9,40 7,20 6,00

Pera Prem.** 162,00 51,87 13,34 0,73 18,27 6,93 6,50

30

Page 36: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

meia-estação a tardia. Apenas em março o índice de acidezcaiu para ao redor de 1%, permitindo o consumo dos frutosda Pêra de Vidigueira. Esse comportamento está de acordocom dados de análises de Pêra no Brasil, Verna na Espanhae Ovale na Itália (FIGUEIREDO, 1991; ZARAGOZA, 1992;CRESCIMANO, 1957).

Para Pêra de Vidigueira, o “ratio” acima de 10 foiatingido somente nas análises de março. A média de tamanhodo fruto para algumas análises feitas dão a altura de 7,27cm, o diâmetro de 6,96 cm, indicando o índice de 1,04, coma forma piriforme típica. Tamanhos menores ocorreram, commínimo de 6,88 cm de altura e 6,79 cm de diâmetro, bemcomo alguns maiores, com 7,79 cm de altura e 7,42 cm dediâmetro, mas sempre com a mesma forma.

A época de maturação é nitidamente de meia-estação,entre as precoces locais que existiam nos mesmos pomarese a Valência. Análises feitas com amostras dessas variedades,principalmente com frutos da coleção de Setúbal, indicamclaramente essa característica. Notar que entre as variedadeslocais existia também plantas de Jaffa (também chamadaoval) que alguns produtores confundem às vezes com aPêra, mas que tem frutos e plantas com características bemdefinidas e diferentes. Em Santiago do Cacem os produtoreslocais chamam a Jaffa de Pêra, talvez por aí ocorrer umaJaffa (ou semelhante) de forma oblonga que lembra em partea Pêra de Vidigueira.

A Pêra de Vidigueira é uma planta mais desenvolvidae vigorosa que a Pêra do Brasil, mas suas folhas são muitoparecidas, bem como os frutos e as flores. Plantas de 40anos de idade enxertadas em laranjeira azeda mediam maisde 5 m de altura, e o diâmetro do tronco era bemdesenvolvido, na ausência de tristeza. A época de produçãoestá entre meados de fevereiro e o final de março (quecorresponde aos meses de julho-agosto no Brasil), ou seja,tipicamente uma variedade de meia estação a início de tardia.

31

Page 37: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

O florescimento pleno ocorre em março em Portugal (agostono Brasil). Quanto às floradas fora de época (temporãs), emPortugal elas também ocorrem na Pêra de Vidigueira,principalmente na região de Vidigueira, mas menosfreqüentemente que no Brasil e na Itália.

As características gerais da Pêra de Vidigueira foramavaliadas, segundo parâmetros dados por HODGSON (1967):quanto ao fruto, as suas características externas são asseguintes: fortemente pontuado, forma ovóide a elipsóideou piriforme, de tamanho médio, com base moderadamentedepressa, com alguns frutos com pescoço pequeno, o cálicepouco depresso, pequeno, não persistente; pedúnculomédio, sem umbigo, com auréola quase sempre ausente,ou fraca, com pequeno círculo leve e irregular; mancha estilarpequena, pouca acentuada; pouca ou nenhuma ocorrênciade frutos temporãos; as principais características internas:casca de espessura média, firme e aderente, com muitasglândulas de óleo, abundantes, camada de glândula com 1/3 de espessura da casca ou albedo, de cor amarelada,mesocarpo médio, branco a creme claro, com 0,5 cm deespessura; ápice arredondado; usualmente com 10segmentos, com boa aderência e finos; polpa de coruniforme, laranja, de textura fina, com vesículas médias;sucosa e de boa qualidade (ver dados); aroma atrativo,“flavor” rico, praticamente sem sementes; maturação meiaestação a tardia, com boa conservação e boas a excelentesqualidades gerais, para fruto de mercado ou processamento.

4. Laranja Pêra

Várias descrições da variedade foram feitas porANDRADE (1933), MOREIRA & RODRIGUES FILHO (1965)e FONSECA (1931), que a consideram uma variedade

32

Page 38: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

brasileira. A origem das variedades cítricas é controversa,como mostram PASSOS et al. (1977) e DORSETT et al., 1917sobre estudo da origem da Bahia no Brasil, apoiados emvários trabalhos.

A Pêra é a mais importante variedade cítrica no Brasil,onde é utilizada na indústria e para mercado de fruta fresca(FIGUEIREDO, 1991).

Vários clones de Pêra foram selecionados no Brasil,sendo utilizados comercialmente principalmente umpremunizado com raça fraca de tristeza produzido noInstituto Agronômico de Campinas (MULLER, 1980) e outrosobtidos por premunização natural.

Apesar de ter passado por períodos de menor interessedevido à sua suscetibilidade à tristeza, a Pêra sempre ocupoulugar de destaque em nossa citricultura, antes mesmo doperíodo de industrialização. No entanto, sua importânciacresceu certamente depois que foram obtidos clonespremunizados e graças à grande demanda da indústria.

Em 1938 o Dr. Silvio Moreira iniciou o seumelhoramento, continuado posteriormente por outrospesquisadores. Nesses trabalhos foi sempre dada atençãoao melhoramento em relação à tolerância à tristeza. Apesarda obtenção em 1967 de alguns clones mais tolerantes aovírus e dos estudos comparativos realizados em 1971 entrevários clones velhos e novos, só a partir da obtenção dosclones premunizados e dos clones infectados naturalmentecom estirpes fracas da tristeza foi que a Pêra voltou a tergrande uso comercial, a partir da década de 70.

Mesmo reconhecida como a variedade brasileira porexcelência, a origem da Pêra permanece obscura. Sãoaventadas diversas hipóteses, mas sem comprovação clara.Entretanto, sua semelhança com outras variedades é tãoevidente que se acredita que possa ter origem numa delas.

As características gerais da variedade Pêra foram citadasem vários trabalhos, como aquele de MOREIRA &

33

Page 39: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

RODRIGUES FILHO (1965): “Frutos pequenos, cor laranja,ovalados; casca quase abundante e suco ligeiramente ácido(São Paulo) ou doce (Rio); (3-4) sementes por fruto; árvoresde porte médio, galhos mais ou menos eretos, folhasacuminadas; bem produtiva, maturação tardia; os frutosconservam-se no pé, alguns meses depois de maduros”.

O desenvolvimento de plantas dos principais clonesde Pêra foi comparado no Estado de São Paulo, aos 16 anosde idade. São todos clones premunizados, embora comdiferentes estirpes de tristeza e apenas um artificialmente, ochamado premunizado. Pelos dados notaram-se semelhançasentre os três principais clones, e o menos vigoroso foi oIpiguá-2, que apresenta maior produtividade por volume dacopa (TEOFILO FILHO et al., 1986).

Quanto às características foliares da laranjeira Pêra,dados obtidos em Bebedouro são os seguintes: comprimento- 9,93 cm; largura - 5,43 cm; área foliar - 39,25 cm². O pecíolofoliar é largo, com 0,56 cm de largura, diferindo de outrasvariedades de laranjas doces. A forma do limbo foliar daPêra encaixou-se no tipo oblongo, subclasse oblongo-larga,com as margens paralelas ou próximas disso e a relaçãocomprimento/largura em torno de 1,98. O pecíolo da folhada Pêra apresentou-se com largura média de 0,49 cm, ecomprimento de 1,83 cm, sendo mais largo e maior do quena Barão e Natal (ROMANO, 1980).

As flores da Pêra têm cálice persistente, com sépalasde coloração verde-clara. A corola apresenta pétalas decoloração branca e textura fina. Maiores que as sépalas, aspétalas têm ápice agudo e base truncada (ROMANO, 1980).

Em vários trabalhos foram determinadas ascaracterísticas médias dos frutos de Pêra, em diversos locais.As diferenças obtidas entre os dados para a mesmavariedade podem ser devidas às condições ecológicas decada local, aos clones, à idade das plantas e inclusive aosmétodos de análises. No geral, entretanto, mostram atendência de produção de frutos de maior tamanho e commenor acidez no Estado da Bahia. Os dados de altura e

34

Page 40: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

diâmetro do fruto mostram a tendência de produção defrutos oblongos, com maior altura que diâmetro,característica da variedade, com freqüente ocorrência depescoço na região basal, outro caráter marcante. Comexceção de Brasília, em todos os locais destacou-se a altaporcentagem de suco. Os números de sementes em Brasíliae na Bahia estão acima do número médio indicado Pêra.(COELHO et al., 1984).

Diversos trabalhos estudaram o efeito dos porta-enxertos no vigor da laranjeira Pêra. Como se trata deestudos em diferentes clones, locais e condições ecológicas,é dif íci l a comparação. Na Bahia, a Pêra tevedesenvolvimento muito lento quando enxertada em clonesde trifoliata, desaconselhado para aquele Estado. No mesmoEstado foi constatado que, aos 7 anos de idade, os porta-enxertos Cravo e Cleópatra deram maior crescimento àlaranjeira Pêra.

No Estado de São Paulo foi publicado um amplo estudode porta-enxertos para laranjeira Pêra, cujos dados mostraramque, aos 10 anos de idade, alguns, como os limoeirosRugosos, deram maior vigor à laranjeira Pêra; ficaram emposição intermediária, outros, como o limoeiro Cravo; ostrifoliatas e o citrumelo 4475 foram aqueles que deram omenor vigor. Os trifoliatas mostraram incompatibilidade,como o Volkamericano, Troyer e Rugoso. Outro trabalhode porta-enxerto para laranjeira Pêra mostrou que astangerinas Cleópatra e Sunki deram maior desenvolvimentoà Pêra premunizada, enquanto em uma faixa intermediáriaficaram o limoeiro Cravo, o Volkamericano e o citrangeMorton. O Troyer e o trifoliata Limeira foram os menosvigorosos (POMPEU JÚNIOR, 1990).

Quanto à produção e produtividade da laranja Pêraem diferentes porta-enxertos, para clones novos, obtiveram-se as melhores produções com a tangerina Cleópatra, seguidapelo limoeiro Cravo, em terceiro lugar o Rugoso da Flóridae citrange Carrizo. Citrange Troyer e citrumelo Sacaton deramas piores produções. A laranjeira ‘Pêra’ apresenta

35

Page 41: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

incompatibilidade com o citrumelo ‘Swingle’ ou 4475 ecom o trifoliata (POMPEU JÚNIOR, 1991).

Em experimento conduzido em Casa Branca, plantadono ano de 1974, as maiores produções de ‘Pêra’ foramproporcionadas pelos porta-enxertos tangerina ‘Sunki’,citrange ‘Morton’ e tangerina ‘Cleópatra’ em ordemdecrescente (TEÓFILO SOBRINHO et al., 1986). EmCordeirópolis, as maiores produções de ‘Pêra Bianchi’ foramproporcionadas pelos porta-enxertos: ‘Rugoso da Flórida’,tangeleiro ‘Orlando’, ‘Sunki’ e ‘Rugoso da África’, que nãodiferiram quanto à qualidade dos frutos.

Em Cruz das Almas, num experimento plantado em1968, as produções de ‘Pêra’, em ordem decrescente, foramconseguidas com os porta-enxertos: ‘Cleópatra’, limão ‘Cravo’,limão ‘Rugoso da Flórida’, citranges ‘Carrizo’, ‘Troyer’ ecitrumelo ‘Sacaton’ (PASSOS et al., 1975).

A qualidade da laranja Pêra é reputada como uma dasmelhores. Pôde-se observar que, independentemente do porta-enxerto, a porcentagem de suco obedece à seguinte ordemdecrescente, conforme o local: Bahia, Sergipe, Rio de Janeiroe São Paulo, mas em todos os locais as percentagens de sucosão boas. Quanto aos sólidos solúveis, os locais que tiverammaior índice foram, por ordem, Rio de Janeiro, São Paulo,Sergipe e Bahia. Para acidez, a ordem decrescente foi SãoPaulo, Rio de Janeiro, Sergipe e Bahia. Para o “ratio”, queindica a qualidade final do fruto, a ordem decrescente foiBahia, Sergipe, São Paulo e Rio de Janeiro, que seria a ordemde colheita para a safra normal. (COELHO et al., 1984).

Os trabalhos mais importantes com a Pêra relacionadoscom a tristeza foram feitos no Instituto Agronômico deCampinas, resultando nos clones premunizados (MULLER,1980).

Estudos sobre o declínio têm sido feitos com a Pêraenxertada em limoeiro Cravo, pela importância dessacombinação e pela suscetibilidade à doença. (CARLOS etal., 1997).

36

Page 42: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Dados médios da indústria de citros, para a região Nortedo Estado de São Paulo, indicam que a Pêra atinge qualidadeindustrial para suco entre os meses de julho a dezembro,mas com faixa ideal de colheita de julho a setembro(NONINO, 1995), pois o “ratio” após outubro está acima de19. O tamanho médio do fruto está entre a Hamlin (o menor)e a Natal e Valência (os maiores).

Estudos de adensamento de plantio de Pêra em tangerinaCleópatra, da EECB (ROBERTO, 1994; DONADIO et. al., 1999)mostram que nas dez primeiras safras a produtividade foimaior nos espaçamentos menores, de 7 x 2 e 7 x 3 m, e paraos espaçamentos duplos, o melhor foi 7 x 4 x 2 m.

Avaliação de clones de Pêra premunizadas (D-9, D-6 eM-1) produzidos no CNPMF, na EECB, deram médias de 20t/ha nas safras de 92-96 (Relatório da EECB, 1996).

Clones velhos de Pêra testados na EECB (MATTA JR.,1997) e coletados na região de Bebedouro indicaram quehá diferenças entre eles quanto a produtividade, qualidadedo fruto, vigor e outras características, indicando seremmateriais possíveis de melhoramento por limpeza epremunização (DONADIO et al., 1999).

DOMINGUES (1998) avaliou e caracterizou clones dePêra e variedades assemelhadas, obtendo que todasapresentavam frutos de boa qualidade, tendo a Lamb Summerfrutos menores. As melhores foram os clones ‘Pêra EEL’,‘Pêra GS-2000’ e ‘Ovale Siracusa’. A taxa de germinação desuas sementes foi inferior a 50%, com exceção da ‘PêraVimusa’. A germinação do pólen variou entre os clones,mas a maioria apresentou boa taxa de germinação, à exceçãoda ‘Ovale Siracusa’. Alguns clones de Pêra puderam seragrupados pelas suas características morfológicas, sendoalguns clones brasileiros muito semelhantes à ‘Ovale Siracusa’e ‘Coroa Tardia’.

DONADIO et al. (1999) avaliaram industrialmente cercade meia centena de clones, entre os quais clones velhos eclones novos de Pêra, no período de 96 a 98. Os dadosmédios de clones novos acham-se nos Quadros 4 e 5.

37

Page 43: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Qu

adro

4. Car

acte

rístic

as d

o frut

o de

clo

nes

de ‘P

êra’

, em

Beb

edouro

, SP

. EE

CB, 19

99.

38

Page 44: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Qu

adro

5. Car

acte

ríst

icas

indust

riai

s da

Pêr

a em

trê

s sa

fras

. B

ebed

ouro

, 19

99.

39

Page 45: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Trabalhos com Pêra irrigada são poucos no Estado deSão Paulo. Um dos mais recentes, feito na EECB, mostrou que,utilizando porta-enxerto de Cleópatra (SILVA, 1999b), a irrigaçãopode ser benéfica à produção e à qualidade do fruto, conformedados nos Quadros 6 e 7. Por outros dados do mesmo autor(SILVA, 1999a) a produção não melhorou com irigação.

Quadro 6. Média da produção de frutos de laranja ‘Pêra’ (kg/pl)em 4 anos agrícolas, sob irrigação.

Em cada ano, médias seguidas de mesma letra maiúscula na vertical epara cada tratamento (minúscula na horizontal), não diferem pelo testede Tukey (P>0,05)

Quadro 7. Análise tecnológica dos frutos e produção de ‘Pêra’irrigada, ano agrícola 1998/99.

Médias seguidas de mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukeya 5% de probabilidade. I.T.: índice tecnológico - SST/caixa de 40,8 kg.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As características morfológicas de folhas, flores e frutosdas variedades piriformes avaliadas - Pêra, Pêra de Vidigueira,

40

Page 46: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Lamb Summer, Verna e Ovale - são muito parecidas. Aocontrário do Brasil, onde um número grande de tipos dePêra tem ocorrido, em Portugal, Espanha e Itália há poucostipos. Somente na Espanha há a Verna Peret e que temcaracterísticas próximas à Verna, com um fruto um poucomenor. Na Itália a Ovale é também chamada de Calabrese.Apesar dos vários tipos de frutos que podem ocorrer emuma mesma planta, a típica Ovale pode ser consideradacomo um só tipo. O mesmo ocorre com a Pêra de Vidigueiraem Portugal. Só se encontra ainda essa variedade empequenos pomares na região de Vidigueira, Alentejo.

Todas as variedades estudadas tem em comum asseguintes características: a) época de maturação de meia-estação a tardia; b) baixo número ou ausência de sementes;c) forma típica oblonga, piriforme (Foto 9); d) surgiramaproximadamente na mesma época em todos os países, istoé, no final do século XIX. Aqui pode ser incluída a LambSummer também, apesar de não se ter data exata; e) todastêm floradas temporãs (Foto 10).

Os dados comentados tornam possível formular váriashipóteses: a) as variedades terem surgido por mutação nosdiferentes países, aceitos hoje como de sua origem; b) terhavido introdução de um país para outro, após a ocorrênciae fixação da variedade no país de origem, devido às suasboas qualidades; c) há fortes indícios em alguns casos, eevidências em outros, de que as laranjas piriformes surgirampor mutações da laranja comum do tipo “blanca”. A própriaShamouti, um tipo piriforme, mas diferente da Pêra, tambémsurgiu desta maneira (TOLKOWSKY, 1938). As informaçõesda literatura e as avaliações feitas até o momento nãopermitem definir a origem da laranja Pêra. Os dados deestudo do DNA, ainda em avaliação, poderão dar definiçãoà questão.

41

Page 47: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

Fotos 9 e 10 - Frutos típicos de Ovale e frutos de floradas temporãsem Verna.

9

10

42

Page 48: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

6. LITERATURA CITADA

AMORÓS, J.S. 1953. Comed Naranjas. Instituto Editorial Reus.2 ed. Madrid.

ANDRADE, E.N. 1933. Manual de Citricultura - Cultura eEstatística. São Paulo, Edição da Chácara e Quintais. 138p.

ANÔNIMO. s/d. Cultivo del naranjo - importancia de estecultivo - especies y variedades. 18p.

ANÔNIMO. 1978. Scelta delle varietá in Agrumicoltura.Progetto Speciale n. 11 - Sviluppo.

BONAVIA, E. 1888-90. The cultivated oranges and lemons ofIndia and Ceylon. W.H.Allen & Co, London. 384p.

BOWMAN, F.T. 1956. Citrus - Growing in Australia..Australian Agricultural and Livestock Series. p.1-13.

CALABRESE, F. 1990. La favolosa storia degli agrumi. Estrattoda Agricoltura. n. 208. p.82-128. Universita degli Studi diPalermo - Istituto di Coltivazione Arbore.

CARLOS, E.F., STUCHI, E.S., DONADIO, L.C. Porta-enxertospara a citricultura paulista. Funep. Boletim citrícola, n.1,1997. 47p.

CASELLA, D. 1935. L’Agrumicoltura Siciliana. p. 1 - 12.Comissione per il miglioramento dell’ Agrumicoltura.Acireale Ann (n.s.). 2:1 - 147.

CHAPOT, H. 1995. Les variétés et leurs denominations. Inst.Franc. Rech. Outre Mer. França. p.203-211.

43

Page 49: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

COELHO, Y.S., POMPEU, Jr.J., BASTOS, J.B., DORNELLES,C.M., SOUZA, E.S. & CALDAS, R.C. Maturation and qualityof ‘Pera’ sweet orange in Brazil. In: Int. Citrus Congress,6. São Paulo, 1984. Proc. v.2. p.517-520.

COIT, J. E. 1937. Citrus Fruit - an account of the citrus fruitindustry. The Macmillan Company. 520p.

CRESCIMANO, F.G. 1957. L’Arancio Ovale Calabrese. SiciliaAgricola e Forestale. Anno V - n.5-6, p.164-169.

DAVIES, F.S.; ALBRIGO, D. 1994. History, Distribution andUses of Citrus Fruit. In: Citrus Cab. Int. p.1-11.

DETTORI, S.; PALA, M.; SPANO, D. 1985. Dinamica degli indicidi maturazione per 24 cultivar di arancio nella Sardegnameridionale. Revista di Frutticoltura nº 11. p.33-41.

DI GIORGI, F. et al. Contribuição ao estudo do comportamentode algumas variedades de citros e suas implicaçõesagroindustriais. Laranja, v.11, n.2, p.567-612, 1990.

DOMINGUES, E.T. Caracterização morfológica, agronômica,isoenzimática e por rapd de variedades de laranja doce -Citrus sinensis (L.) Osbeck. Piracicaba, 1998. 251p.Dissertação (Doutorado em Concentração: Genética eMelhoramento de plantas) apresentada na Escola Superiorde Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de SãoPaulo.

DOMINGUES, E.T. et al. 1996. Qualidade e maturação daslaranjas Ovale, Ovale de Siracusa e Ovale San Lio.Laranja, Cordeirópolis. 17 (1):143 -158.

DOMINGUES, E.T. et al., 1995. Acessos mantidos no BancoAtivo de Germoplasma de Citros do Centro de CitriculturaSylvio Moreira/IAC. IAC, Campinas. 62p.

44

Page 50: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

DONADIO, L.C.; CABRITA, J.R.M.; SEMPIONATO, O.R.Efeito de espaçamentos duplos na produção e qualidadede frutos da laranjeira ‘Pêra’ enxertada sobre tangerineira‘Cleópatra’. Laranja, Cordeirópolis, 20(1) 107-117. 1999.

DONADIO, L.C.; FIGUEIREDO, J.D. & PIO, R.M. Variedadescítricas brasileiras. Funep. Jaboticabal. 1995. 228p.

DONADIO, L.C.; STUCHI, E.S.; POZZAN, M.; SEMPIONATO,O.R. Novas variedades e clones de laranja doce paraindústria. Jaboticabal: Funep, 1999. 42p. (Boletim Citrícola8).

DORSETT, P.H.; SHAMEL, A.D.; POPENOE, W. 1917. TheNavel orange of Bahia: with notes on some little-knownbrazilian fruits. Bulletin nº 445. United States Departmentof Agriculture. 19p.

EMO, M.L. 1909. Nuestra Exportación de Naranja. Inprensade J. Vila Serra. Valencia. 17p.

FAUGERAS, J. 1931. Oranges Citrons Pamplemousses - leurulture et leur commerce en Floride et en Californie. Paris.p.7-12.

FEBRER, J.M. 1969. Selecta Enciclopédia Prática - Limonerosy otros Agrios. Barcelona. Ed. Sintes. 284 p.

FERRÃO, J.E.M. 1978-79. Acerca da introdução da laranjeiradoce em Portugal. Anais do Instituto Superior deAgronomia - v.38, p.197-204.

FERRÃO, J.E.M. 1986. Transplantação de plantas deContinentes para Continentes no Século XVI. História eDesenvolvimento da Ciência em Portugal - vol. II.Academia das Ciências de Lisboa. P.1129-1139.

45

Page 51: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

FERRÃO, J.E.M. 1992. A aventura das plantas e osdescobrimentos portugueses. 241p.

FIGUEIREDO, J.O. Variedades copas de valor comercial. In:Ody Rodrigues (ed) Citricultura Brasileira. 2.ed. Campinas.Fundação Cargill, 1991. v.1. p.228-57.

FONSECA, A.P. 1931. A laranjeira - Cultura e ExpansãoCommercial. Ed. J.R. de Oliveira & C. Rio de Janeiro.74p.

GALLI, P. 1928. Agrumicoltura. Unione Tipografico - EditriceTorinese. Torino. 23p.

GARCIA, V.A. 1984. História de la Naranja (1781 - 1939).Comite de Gestion de la Exportacion de frutas Citricas. I-Origens y Expansión. 34p.

GONZALEZ - SICILIA, E. 1960. El Cultivo de los Agrios. INIA,Madrid. 806 p.

GUIJARRO, L.G. 1957. Hespérides o la riqueza CitricolaEspañola. Madrid. 72p.

GUZZINI, D. 1933. Gli aranci della Sicilia. L’Italia Agricola.n.3. Ramo Editoriale degli Agricoltori. Roma.

HASSE, G. 1987. A laranja no Brasil - 1500 - 1987. Duprat &Iobe. São Paulo. 296p.

HODGSON, R.W. 1967. Horticultural Varieties of Citrus. In:Reuther, W. et al. (ed), The Citrus Industry. Berkeley.Univ. of Calif. Prop., v.1, p.431-592.

HUME, H.H. 1929. El Cultivo de las Plantas Citricas. CulturalS.A. Habana. P.53-79.

46

Page 52: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

INZENGA, G. 1915. Agrumi Siciliani. Annali della StazioneSperimentale di Agrumicoltura e Frutticoltura in Acireale.Vol. III. p. 2 - 42.

LINIGER - GOUMAZ, M. s/d. L’Orange D’Espagne sur lesmarchés européens. Les Editions du Temps. Geneve. 19p.

LLOPIS, J.G. 1968. Agrios de Levante. Valencia. 2 ed. p.33-41.

LLORENS, R.F. de M. 1935. El naranjo - su cultivo yexplotación. ESPASA - CALPE S.A. MADRID. 3 ed. 264p.

MAIA, M.L. Citricultura Paulista: evolução, estrutura eacordos de preços. Piracicaba, 1992. 185p. Dissertação(Mestrado em Área de Concentração: Economia Agrária)apresentada na Escola Superior de Agricultura “Luiz deQueiroz”, Universidade de São Paulo.

MATTA JR.; J.P. Competição de dez clones velhos de laranja‘Pêra’ (Citrus sinensis L. Osbeck) enxertados em limoeiro‘Cravo’ (Citrus limonia). Jaboticabal, 1997. 55p. Trabalho(Graduação em Agrnômia) apresentada na Faculdade deCiências Agrárias e Veterinárias, Universidade EstadualPaulista.

MOREIRA, S.; RODRIGUES FILHO, A. J. 1965. Cultura dosCitros. São Paulo. Criação e Lavoura nº 9. Ed.Melhoramentos, 5 ed. 111p.

MULLER, G.W. Use of mild strains of citrus tristeza virus(CTV) to stablishe commercial production of Pera sweetorange in São Paulo, Brasil. 1980. p.62-64.

NONINO, E.A. Qualidade de laranjas para fabricação desucos. 18p., 1995 (Apostila).

47

Page 53: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

NOTER, R. 1926. Les Oranges - leur culture dans toutes lesparties du monde et dans le nord.. Societé d’éditionsgeographiques maritimes et coloniales. Paris. p.59-103.

PASSOS, O.S.; COELHO, Y.S.; CUNHA SOBRINHO, A.P. 1977.The History of the Navel Orange and its behavior in theState of Bahia, Brazil. Proc. Int. Soc. Citr. EMBRAPA, Cruzdas Almas, Bahia. 2: 645-647.

PASSOS, O.S.; CUNHA SOBRINHO, A.P.; COELHO, Y.S.Porta-enxertos para laranja Pêra (Citrus sinensis L.Osbeck) In: Cong. Bras. de Fruticultura, 1975. Anais.Campinas, SBF. 1976. v.1. p.91-98.

PENISI, L.; SCUDERI, A.; MURATORE, A. 1956. Studio sulgrado di maturitá delle arance siciliane. Rivista diAgrumicoltura . Vol. I - Fasc. 9 -10. p.401 - 410. StazioneSperimentale di Agrumicoltura e Frutticoltura de Acireale.

PENISI, L. 1974-75. I caratteri qualitativi delle arange italianein relazione all’indice di qualitá globale. Annalidell’Istituto Sperimentale per l’Agrumicoltura. Vol. VII-VIII. p.137-155. Acireale.

POMPEU JUNIOR, J. Situação do uso de porta-enxertos noBrasil. In: Sem. Int. sobre Porta-enxertos de Citros. 1º.1990. Anais. Jaboticabal. Funep. 1990. p.1-10.

POMPEU JUNIOR, J. Porta-enxertos. In: Citricultura brasileira.F. Cargill. Campinas. 1991. v.1. p.265-280.

POWELL, H.C. 1930. The culture of the orange and alliedfruits. South Africa Agricultural Series n.8. p.21-29. SouthAfrica Central News Agency, LTD.

PRALORAN, J.C. 1971. Les Agrumes. 525 p.

48

Page 54: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

REBOUR, H. 1950. Les Agrumes. Union des Syndicats deProducteurs D’Agrumes D’Algérie. Alger. 502p.

RELATÓRIO DE ATIVIDADES. Estação Experimental deCitricultura de Bebedouro. Bebedouro. 1996. 50p.

RELATÓRIO DE ATIVIDADES. Estação Experimental deCitricultura de Bebedouro. Bebedouro. 1998. 56p.

RISSO, A.; POITEAU, A. 1818-22. Historie Naturelle desOranges. Éditeur Audot. Paris. 280p.

ROBERTO, S.R. Efeito do adensamento de plantio emlaranjeira ‘Pêra’ (Citrus sinensis L. Osbeck). Jaboticabal,1994. 92p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal)apresentada na Faculdade de Ciências Agrárias eVeterinárias, Universidade Estadual Paulista.

ROLFS, P.H.; ROLFS, C. 1931. A muda de citrus - Pedra angularda indústria citrícola. Sec. Agric. MG. Belo Horizonte, 15p.

ROMANO, R. Características das cultivares nacionais de Citrussinensis L. Osbeck, ‘Pêra’ Natal e Valência. Trabalho deGraduação. FCAV/Unesp. Jaboticabal, 1980. 81p.

ROUSE, R.E. 1988. Major citrus of the World as Reported fromSelected Contries. Hortcience,. American Society forHorticultural Science, vol.23, n.4. 5p.

RUGGIERI, G. 1937. Primo contributo alla conoscenza dellevariazioni gemmarie nell’arancio “ovale”. p. 1 - 20. Tip.F. Centenari. Roma.

RUSSO, F.; STARRANTINO, A.; PUGLISI, A. 1986-87.Comportamento di selezioni di arancio a polpa biondanel metapontino. Annali dell’Istituto Sperimentale perl’Agrumicoltura. Vol. XIX - XX. p. 209 - 225. Acireale.

49

Page 55: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

RUSSO, F. 1984-85. Le especie e le varietà di agrumi coltivatein Italia ed orientamenti per la scelta varietale. I portinnesti- aspetti bio-agronomici della riconversione varietale.Annali dell’Istituto Sperimentale per l’Agrumicoltura.Vol.XVII - XVIII. p. 83 - 118. Acireale.

SCUDERI, A. 1970-71. La granulazione dei frutti dell’arancio“ovale” in Sicilia. Annali dell’Istittuto Sperimentale perl’Agrumicoltura. Vol. III-IV. p.287-293. Acireale.

SILVA, J.A.A. Qualidade dos frutos é avaliada. Coopercitrus- Informativo Agropecuário nº 156. 1999b. p.18-19.

SILVA, J.A.A. Comportamento da laranjeira ‘Pera’ sobre doisporta-enxertos e níveis de irrigação. Tese de doutorado.FCAV/Unesp. Jaboticabal. 1999a. 113p.

SÍSTER, P.S.; DE LUCIO, I.F.; MONTAÑA, J.L.V.; LAMBáN,I.R. 1984. La Producción de naranjas y mandarinas enla Comunidad Valenciana. Instituto de Agroquimica yTecnologia de Alimentos.

SPINA, P. (org.). 1985. Trattato di Agrumicoltura. Edagricole.Vol 1. 542 p.

SPINA, P.; CARUSO, A. 1974-75. Indagine sul comportamentodelle cultivar “ovale” e “valencia late” in diversi ambientedi colivazione. Annali dell’Istituto Sperimentale perl’Agrumicoltura. Acireale. Vol. VII - VIII. p. 257 - 268.

SPINA, P. 1959. Nuove cultuvar di arancio da mutazionigemmarie. Tecnica Agricola. Anno XI - n.1. p.493-508.

TEÓFILO SOBRINHO, J. et al. Competição de clones delaranja ‘Pêra’ (Citrus sinensis (L.) Osbeck) In:CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 6, 1981.p.491-500.

50

Page 56: LARANJA PÊRA LARANJA PÊRA

TEÓFILO Sº, J.; POMPEU Jr., J.; FIGUEIREDO, J.O.; JACON,J.R. Resultados de 11 anos de Pesquisa de Experimentode Porta-enxertos para laranja Pêra, Clone Premunizado.Laranja, v.7, n.1, p.209-224, 1986.

TERRANOVA, G.; PUGLISI, A. 1990. L’evoluzione del quadrovarietale dell’Agrumicoltura italiana. Acireale. Annalidell’Ístituto Sperimentale per l’Agrumicoltura. Vol. XXIII.p.189-204.

TERRANOVA, G.; SCUDERI, A. 1968-69. Ulteriori ricerchesull’impietratura degli agrumi. Annali dell’IstitutoSperimentale per l’Agrumicoltura. Vol. I - II. p. 81 - 90.Acireale.

TOLKOWSKY, S. 1938. Hesperides: A History of the Cultureand Use of Citrus Fruits. John Bale, Sons & Curnow LTD.London. 371p.

WEBBER, H.J. History and development of the citrus industry.In: Reuther, W. et al. (ed.). Univ. of Calif. 1967. p.1-39.

ZANOTTI, L. 1952. Arancio Ovale. L’Italia Agricola. n.5. p.325-331. Roma. Ramo Editoriale degli Agricoltori.

ZARAGOZA, S.; TRENOR, I.; ALONSO, E.; MEDINA, A.; PINA,J.A.; NAVARRO, L. 1995. Evaluacion de la coleccion devariedades del Banco de Germoplasma de Citricos del Ivia:planteamiento y primeros resultados generales. Valencia.Levante Agricola 2º Tr. p.145-149.

ZARAGOZA, S.A. 1992. Past and Present Situation of SpanishCitrus Industry. Valencia. Instituto Valenciano deInvestigaciones Agrarias, 62p.

51