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S. PAULO (BRASIL) Sábado, 14 de} setembro de 1912 ^ = ANO XI 156 Redacção e administração Largo da n. 5 (Sobrado) CAIXA POSTAL, ig5 Endecéço teleg^ajico: LANTERNA Dirigir toda a correspondência ao DIRECTOR : KD«AB1> LiEUKNBOTH Jn APARECE AOS SÁBADOS ANTICLERICAL E DE COMBATE ASSINATURAS: ANO ÍOSOOO SEMESTRE 6S00O PAGAMENTO ADIANTADO Nas assinaturas para o exterio. a diferença dn porte do Correio. j^ludando de freguezia Entre os emigrados se- guem numerosos padres, a maioria dos quais fazia ser- viço nas freguezias das fron- teira* de Tras-os-Montes e do Minho com a Espanha. (Do Correio). Dentro de alguns dias che- aqui o que nao se esta gente que se me- gará ao porto da capital da Republic ;-" mais uma leva de sessenta realistas portuguezes que vêm engrossar a massa de emigrados que a Espanha, se viu forçada afinal a não mais permitir que continuem no seu território a importunar a Re- publica lusitana. Verificado o fracasso da ulti- ma tentativa de restauração, demonstrada a ineficácia do apoio moral e mesmo material do governo espanhol aos mo- narquistas impenitentes, trata agora a nação ibérica de des- embaraçar-se do pessoal que a pode comprometer junto de uma outra poderosa republica tambem fronteiriça com a qual ela tem tudo a lucrar em viver em paz e não hostilizar a sua co-irmã que ela pode sustentar muito eficazmente em todos os sentidos. Daí a facilidade e a prestesa com que está a nos mimosear, mandando-nos por quasi todos os vapores que deixam os seus portos os amigos hoje incomo- dos. E o Brasil vai.recebendo- os fidalga e generosamente, por- que, diz, aqui ha lugar para todos, excepto para os opera- rios, para os proletários que não rezam nem , pela cartilha republicana nem pela monar- quica, cuja unica diferença con- siste, como sabem, no rotulo, tão somente.... Mas parece que a gente do novo cardeal é que não está muito contente, começa a torcer o nariz com a historia, pois a concurrencia se vai fazendo sentir, porque em bre- ve, como tudo faz prever, ha- verá por estas terras mais pas- tores do que ovelhas. E' que os tempos não an- dam muito bons para os de casa, que são muitos, peio- rando a situação se os da ou- tra banda vierem, como vêm, tomar parte na tosquia do re- banho. Em reunião na Catedral, no dia 5 do corrente, o vigário geral da arquidiocese, monse- nhor Amorim, disse ser im- possivel, apesar da boa vonta* de de S. Eminência, coloca- los todos nesta arqui-diocese, porém que não seria difícil ar- ranja-los nas diferentes dioce- ses de que se compõe este imenso paiz. O diabo é que ha muito tempo estas dioceses tambem se acham abarrotadas com os que vieram de França e alhu- res e que não verão, por certo, com bons olhos estes novos concurrentes á partilha do bolo. Não, que estômago vasio não conhece lei, e os camaradas lusos têm o maquinismo mas- tigante de primeira ordem e em perfeito estado de funcio- namento e conservação. Entre eles traz o «Tucuman» no seu bojo o serafico padre Domingos, vigário de Cabecei- ras de Bastos^ o qual é aponta- do como tendo sido cúmplice no assassinato do administra- dor desse Concelho. S. revê- rendissima nega, jura por Nosso Senhor Jesus Cristo e por to- dos os santos do céu que é uma calunia, sendo ele vítima, como o seu colega Faustino Consoni, de inimigos desal- mados. Esteja tranqüilo, reverendis- simo, pode desembarcar sem susto nem receio algum de ser molestado, porque mesmo que tivesseis cometido o acto que vos imputam, uma vez pisado este solo sagrado, ninguém se atreveria incomodar-vos, muito pelo contrario, serieis festejado como um herói, como um san- to porque contribuistes para o extermínio de mais um hereje. Demais, estamos informado;- pela «Havas» que : «cada um desses emigrados é portadoi de um salvo-conduto», estandi nesse numero vossa reveren- dissima. vê... Olhe, quer e teu na cabeça rão querer arre- bentar de fome e de trabalho. Para esta canalha, mesmo para os que aqui nasceram e têm mulher e filhos menores, é que não ha contemplação nem piedade possíveis. A ordem que ha é : barra fora, ou então pau no lombo e chumbo na pele ! Estou a apostar que ainda haveis de dar um viva á Repu- blica de casa. Adrecal. Rio, 8 9 9--- O clericalismo Foi o partido clerical que achou para a verdade estes dois esteios maravilhosos: a ignorância e o erro. E' ele que proíbe á sciencia e ao genio que vão alem do missal, e que desejaria enclausurar o pensa- mento no dogma. Todos os passos dados pela inteligência da Europa, deu-os ela contra a vontade dele. A sua historia está escrita na historia do pro- gresso humano; mas está es- crita no verso. Foi ele, o clericalismo caro- lico, que mandou vergastar Prinelli por ter dito que as es- trelas não cairiam. Foi ele que sete vezes submeteu Campanel- la á tortura'por haver afirmado que o numero dos mundos era infinito e ter entrevisto o segredo da creação. Foi ele que perseguiu Harvey por ter pro- vado que o sangue circulava. Em nome de Jesus, encerrou Galileu ; em nome de S.Paulo, encarcerou Cristóvão Colombo. Descobrir a lei do céu era im- piedade ; achar um mundo era neresia. Foi ele que anatema- tizou Pascal em nome da reli- gião, Montaigne em nome da moral, Moliòre em nome da moral e da religião. Foi ele que, em todas as épocas, quiz amoldaçar o espírito humano. Não ha um poeta, um escri- tor, um filosofo, um pensador que perante ele tenha achado favor. Tudo o que foi escrito, encontrado, sonhado, deduzido, iluminado, imaginado, inven- tado pelos gênios, o tesouro da civilização, a herança se- cular das gerações, o patrimo- nio comum das inteligências, tudo ele rejeitou. Se tivesse o cérebro da humanidade á vista á sua disposição, aberto como as paginas dum livro, nele fa- ria rasuras. Victor Hugo. '""'..¦'.'; ¦:'¦,'•' .',:¦:;...¦ -.:.. fi''^;¦¦..•*'.,*; " j:.: >;i>:::i;™J;:.--' :>:*: :'..¦:' :-.'-*:*.^ . .^:v:^'*;" V.:>^-'-^T:-:. ** -'"-'¦:¦•:¦ ''¦¦•-•''.- ' æ.:'¦ ..),'¦¦¦.'¦¦-.'¦:¦ ',' '¦.''¦;''.'- '."¦'.'•.' '-' .' '":: '.'¦-¦.¦"¦''. ¦ \::\77-i7 77: Tr: T77 yy.yri , ¦. .'.:.'¦,¦'' ;.'¦:¦'''?¦' .,'¦**:' '¦'"-¦ ' .'[ '."r '¦'¦¦'"¦'f'*"'-'' vel com instituições afrontosas para a sciencia, para a razão, para a moral, para o progres- so, para os interesses, para a liberdade e para a dignidade da especie humana. Foi sincero o chamado S. João Crisóstomo, autoridade entre os católicos, quando ao povo disse, na sua 5.:' homiita: «Confessai-vos constantemen- te a Deus ; confessai os vossos pecados, porque os escondereis em vão daquele que conhece todas as coisas». E' que João Crisóstomo, sem embargo da inutilidade que re- comendava, para com Aquele que conhece todas as coisas, de modo nenhum aconselhou que a confissão se fizesse a padres, mas directamente a Deus. Fernào Botto Machado. —Trabalhai,- trabalhai, que assim tereis a minha benção ! FEI BL! uvb Um congresso de livres-pensatíeres de agosto, reu- 1:- a 1 - De niu-se em Lille um congresso nacional francez do livre-pen- samento', tomando parte nele i3o delegados. O telegrama A CONFISSÃO 0 dever "Os católicos alemães, reunidos em Aix-la-Chapelle, ocuparam-se do fenômeno demográfico do despo- voamento por falta de nascimentos. Que é necessário, disseram, que a Igreja estude a valer esse caso, sintematico duma parcial oblitera- çao do sentimento do dever. a Igreja católica tem esta faculdade de conciliar as coisas que se excluem, como sejam, por exem- pio, a castidade e a reprodução. E' verdade que, demonstrando ela que tanto valem 3 como 1, a gente de nada se pôde admirar, porque tudo o mais choca menos o vulgar e comezinho bom senso." E a historia da virgem-mãe?... A estas considerações dum jornal europeu resta acroscentar que os padres, apesar do celibato, são bons repovoadores: em geral, não recai sobre eles o encargo dos filhos... Tem oditores responsáveis... A confissão, que existiu na índia, na Grécia, entre os per- sas, os judeus e os egípcios, muito antes da era de Cristo, é. como diz o livre-pensador N. Simon, doutor em direito e escritor de mérito, velha como o mundo, velha como a curió- sidade e o espirito de domina- ção dos padres, velha como a loucura religiosa. A sua adaptação pelo catoli- cismo foi apenas um plagiato, como os da adaptação de ou- tros sacramentos e actos da Igreja católica atribuídos á von- tade de Deus, e que não pas- sam de grosseiros embustes des padres, para exercerem a sua dominação e a sua exploração sobre a humanidade sentimen- tal, crédula ou imbecil. Como Lamaraisse escreveu na Vie de Boudha, quando este 700 anos ames de Cristo reformou a religião brahama- nica, nessa reforma conservou a confissão, dispondo que ela tivesse lugar, em publico, ao menos uma ve\ cada ano. Veiu a religião católica, que é apenas a apropriação e a adaptação, grosseira e falha de originalidade, de doutrinas, símbolos, actos e sacramentos das religiões anteriores, e, pia- giando como sempre essas re- Ügiões, dispoz em nome de um Deus que nunca foi visto, e que, colérico, feroz e exter- minador, nos fulmina com raios, •oriscos, centelhas, terremotos, pestes, lomes, guerras e dilu- vios dispoz que todos os pe- cados lu confessarás pelo menos uma ve\ cada ano. Mas confessarás para qué? Pois se Deus sabe tudo, é imenso e eslá em toda a parte, para que confessar-lhe pecados que ele conhece, que ele sabe, que ele observa, que ele vê, e que não evita, talvez pelo prazer de castigar o homem, aliás por ele feito, no dizer dos sagrados textos, á sua imagem e semelhança ? Para que, sendo como é cer- to que se não fosse a instrução, a educação e o medo das ca- deias, podia um tal Deus lim- par as mãos á parede pela sua linda obra 1 Se, porém, Deus existe e eu creio que ele existe real- mente, e esse Deus é a Hu- manidade elevada ao Ideal de símbolo, não é um símbolo imaginário, hipotético, sem exis- tencia autentica, mas um sim- bolo real, positivo, existente em biliões e bilioes de criaturas, das quais cada uma é um uni- verso de pensamentos e acções, bons e gloriosos quando fazem essa criatura boa, grandes e até sublimes quando, como Pasteur, Berthelot, Edison, Vol- taire ou Diderot, de facto atin- gem as proporções de deuses resgatadores dos seus seme- um Deus ideia abstra- lhantes: cta, sim, Deus que mas sublime ; um ve. que ouve que sente, que solre e que ama , se, porém, Deus existe, tal como no-lo pintam os católicos, de grande manto roçagante e enormes barbas de algodão ; se ele existe, tudo vê, tudo sabe, e a condição sine qua non para que eu seja absolvido dos meus pecados está em me ar- repender desses pecados, para que é necessário meter, entre mim e Deus, esse intermedia- rio mercante, indiscreto e mais pecador do que eu : o padre? Pois não é esse um assunto que deve ser regularizado entre mim e o tal Deus, que, porque Eva comeu da maçã, me condenou ao trabalho for- çado de aipassar o pão com o suor de meu roslo e por toda a vida, quando nem os pro- prios srs. Vicente Dias Ferrei- ra ou Amaral Cirne me con- denaria siquer em custas e selos, visto eu não ter cometi- seu primeiro acto foi um de simpatia aos li- vres-pensadores alemães. Dis- cutiram-se varias questões, co- mo: defesa da liberdade de consciência da criança; casa- mento civil ; educação das mo- ças; organização de combate do livre-pensamento; auxilio á obra da «Juventude leiga» ; o direito á vida e á liberdade de pensar ; etc. Emitiram-se votos em favor da supressão da pri- são ror multas impostas em virtude de delitos de imprensa e em favor da libertação dos militantes sindicalistas encar- cerados por delito- de imprensa e dc opinião. Tellier, de Lille, pediu que os edifícios cultuais, pertencem tes ao Estado, sejam postos á disposição tanto das sociedades scientiíicas e filosóficas, como das associações religiosas. O senador Beauvisage è deputado Beauquier apresentarão um pro- jecto de lei nesse sentido. O pseudo-Deus omnipotenle, que deu ás dc Vila Diogo perante as artimanhas da cara metade dc Moisés, continuou depois os seus longos e fas- tidiosos preparativos para libertar o ttpovo eleito», hoje odiado pelos adoradores do suposto filho desse mes- mo Deus ! A caprichosa divindade hebraica que. como as dos oulros po- vos, em i'c'7 de evitar o mal com a sua omnipotencia, em ivj de ir direila ao fim. ama ãs vias tortuosas, tem apego ás formalidade.-;, compra^-se nas penas 0 angustias dos seus filhos c a cada passo se esquece deles, a caprichosa divindade leve o cuidado dc avisar o eloqüente A ráo para que fosse encontrar-se no deserto com seu ir máo Moisés. Chegado Aráo ao inonlc de Deus. Moisés pô-lo ao corrente da «missão divina» e instrui-o na arte de fazer milagres. Depois, os dois finórios, constituindo uma sociedade para a exploração dns papalvos, sob a razão social dc Moisés & irmão, congrega- ram o povo, falando c obrando pro- digios o sócio mais charlatão, isto é, mais palraaor. O Ze 'Povo, coitado (ainda lioje é assim em grande parle!, caiu regiiladamenle no laço e deu graças ao Senhor: ignorante e esma- gado, acreditava facilmente quem lhe acenasse com a esperança de liberta- ção. Ainda náo linha consciência dc que a emancipação do oprimido deve ser obra do próprio oprimido, nem sabia bem o poder da associação e da acção directa, sem novos chefes. Os dois finórios, em que o povo hebreu delegara o seu poder, foram ter com Faraó e deram a esle o rc- cado dc 'Deus. Não tenho a honra dc conhecer o vosso deus e náo deixo sair o povo hebreu. IJ ordenou a Aráo e Moisés que sc ocupassem da sua vida c náo dis- -TS?-~ar*TS?^*TS>-TST-'*~SKS>^SKS:-^S?^S> A morte dum amigo DE FERRER Os jornais europeus trazem-nos a noticia de ter falecido, em Lon- dres, Mariano Batllori, uma das vítimas da "semana trágica" da insurreição barcelonesa, em julho de 1909. Batllori, gerente da casa editora que Ferrer fundara para substituir a Escola Moderna, cuja reabertura era recusada pelas autoridades, íoi preso e desterrado para Alcaniz, depois para Teruel, em companhia do irmão de Ferrer, de sua cunhada e dos outros empregados seus. Posto ! .... 1:1j_j. ,i. ,..,. ~.— „„.-.„ do aquele crime, que, quando [ern liberdade cerca de um mez após o crime de Montjuioh, voltou a Barcelona para ver sua sogra adoe- cer e morrer, por causa dos acon- tecimentos. De 1909 a 1911 procurou em vão um emprego: os patrões boico- tavam-no, receavam perder por cau- sa dele a clientela clerical. Foi então que o sindicalista re- volucionario inglez Guy Bowman, comovido por essa lamentável situa- çüo lhe ofereceu um lugar junto de si. Tendo igualmente montado uma casa editora e publicando o jornal The Synãicalist, achou que esse trabalho deveria agradar a Batllori, que efectivamente aceitou, indo fixar-se em Londres com sua mulher e sua filhinha. A sua saude fora porém, demasiadamente aba- lada, demasiado vivos os tormentos suportados, porque, amigo da infan- cia de Francisco Ferrer, tendo-o sempre seguido através da vida, tinha sofrido quando ele foi impli- cado no atentado de Morral contra o rei. O ultimo golpe foi superior ás suas forças, apesar dos cuidados e prevenções de que toi objecto. E' pois, mais uma vítima da in- fame reacção monarquico-clerical de Espanha. eu nasci, eslava, segundo o co- digo, prescrito havia quasi S.yoo anos ?! Os protestantes tiveram ra- zão, arrazando os confessiona- rios, como a tiveram nas lutas revolucionárias da Reforma : O homem com a Biblia na mão, afirmaram eles, não precisa de intermediários para estar em contacto directo com Deus. E os . povos do norte, obrigados a ler e a interpretar a Biblia, inconscientemente demoliram essa Bastilha do espirito que é o analfabetismo, e daí, com as chamadas heresias dos Luthe- ro, Calvino, Copernico, New- ton, Lamarck, Lavoisier, Dar- win, Cuvier, Gallileu, Giorda- no e Jean Huss, e com o equi- librio estabelecido por aristo- cratas e saxons, dai a gran- deza intelectual, material e mo- ral da Inglaterra e dos outros povos do norte, que, embora não tenham adiantadores e adiantados, pouco devem a im- perios e monarquias, como a que foi nossa, convencidos de que povo instruído é povo li- vre, e povo livre é incompati- traíssem o povo das suas tarefas, mandando ao mesmo lempo que aos hebreus não se tornasse a dar palha para t fabrico do tijolo, devendo eles próprios recolher a palha necessária, sem deixar dc fornecer a mesma quantidade dc produto que alé calão tinham fornecido. ü povo oprimido queixou-se a Moi- sés e a Aráo, atribuindo-lhes a culpa do que sucedia : eles c que. tendo re- clamado perante o rei, «tinham feito que os hebreus cheirassem mal dianle dc Faraó e dos servos desle." Üs dois irmãos, atrapalhados, queixaram- e por sua vej a Deus: Deus é que os linha metido naquele embrulho. . . e não cumpria a sua promessa de libertação. Excelente desculpa... ante o povo. O Coníeiteiro. MOTE E GLOSA Se deus o mundo governa E tambem a humanidade, Qual será pois o motivo De tanta desigualdade ! Minha mente, cm. conjectura, Outrora foi vacilante, Neste tema palpitante Tão propenso á impostura, Porque muita criatura Inda crê na vida eterna, Foge á critica moderna Receando baquear, Sou forçado a duvidar Se deus o mundo governa. Ninguém sabe quem é deus Nem o ente que o criou. Nunca alguém o lobrigou Nem na terra nem nos céus ! Loucos defensores seus Com sua credulidade, Dizem ser a divindade Quem vida aos vegetais, Move os irracionais E tambem a humanidade. Esta crença degradante, Este talso preconceito, Quem a tudo tem direito Faz cobarde, humilhante. Horrendo inferno de Dante P'ra quem se mostrar altivo, Tudo fraco e esquivo Ante a farta natureza. Desta humana baixeza Qual será pois o motivo. Ao homem desde a infância Nada lhe ensinam de serio Mergulhando seu critério Nas trevas da ignorância ; Dia virá que com anciã, Ao clarão da liberdade, Rubro o povo queimar ha-de Claustros onde medram vicios Vicios que sáo inícios De tanta desigualdade 1 Hilário Marques,

Largo da Sé n. 5 (Sobrado) Jnmemoria.bn.br/pdf/366153/per366153_1912_00156.pdf · João Crisóstomo, autoridade entre os católicos, quando ao povo disse, na sua 5.:' homiita: «Confessai-vos

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S. PAULO (BRASIL) Sábado, 14 de} setembro de 1912^ =

ANO XI 156

Redacção e administração

Largo da Sé n. 5 (Sobrado)

CAIXA POSTAL, ig5

Endecéço teleg^ajico: LANTERNA

Dirigir toda a correspondência aoDIRECTOR :

KD«AB1> LiEUKNBOTH

JnAPARECE AOS SÁBADOS

ANTICLERICAL E DE COMBATE

ASSINATURAS:

ANO ÍOSOOOSEMESTRE 6S00O

PAGAMENTO ADIANTADO

Nas assinaturas para o exterio.há a diferença dn porte do Correio.

j^ludando de freguezia

Entre os emigrados se-guem numerosos padres, amaioria dos quais fazia ser-viço nas freguezias das fron-teira* de Tras-os-Montes edo Minho com a Espanha.

(Do Correio).

Dentro de alguns dias che-

aqui o que nao seesta gente que se me-

gará ao porto da capital daRepublic ;-" mais uma leva desessenta realistas portuguezesque vêm engrossar a massa deemigrados que a Espanha, seviu forçada afinal a não maispermitir que continuem no seuterritório a importunar a Re-publica lusitana.

Verificado o fracasso da ulti-ma tentativa de restauração,demonstrada a ineficácia doapoio moral e mesmo materialdo governo espanhol aos mo-narquistas impenitentes, trataagora a nação ibérica de des-embaraçar-se do pessoal que apode comprometer junto deuma outra poderosa republicatambem fronteiriça com a qualela tem tudo a lucrar em viverem paz e não hostilizar a suaco-irmã que ela pode sustentarmuito eficazmente em todos ossentidos.

Daí a facilidade e a prestesacom que está a nos mimosear,mandando-nos por quasi todosos vapores que deixam os seusportos os amigos hoje incomo-dos. E o Brasil vai.recebendo-os fidalga e generosamente, por-que, diz, aqui ha lugar paratodos, excepto para os opera-rios, para os proletários quenão rezam nem , pela cartilharepublicana nem pela monar-quica, cuja unica diferença con-siste, como sabem, no rotulo,tão somente....

Mas parece que a gente donovo cardeal é que não estálá muito contente, começa atorcer o nariz com a historia,pois a concurrencia já se vaifazendo sentir, porque em bre-ve, como tudo faz prever, ha-verá por estas terras mais pas-tores do que ovelhas.

E' que os tempos não an-dam lá muito bons para os decasa, que já são muitos, peio-rando a situação se os da ou-tra banda vierem, como vêm,tomar parte na tosquia do re-banho.

Em reunião na Catedral, nodia 5 do corrente, o vigáriogeral da arquidiocese, monse-nhor Amorim, disse ser im-possivel, apesar da boa vonta*de de S. Eminência, coloca-los todos nesta arqui-diocese,porém que não seria difícil ar-ranja-los nas diferentes dioce-ses de que se compõe esteimenso paiz.

O diabo é que ha muitotempo estas dioceses tambemse acham abarrotadas com osque vieram de França e alhu-res e que não verão, por certo,com bons olhos estes novosconcurrentes á partilha do bolo.

Não, que estômago vasio nãoconhece lei, e os camaradaslusos têm o maquinismo mas-tigante de primeira ordem eem perfeito estado de funcio-namento e conservação.

Entre eles traz o «Tucuman»no seu bojo o serafico padreDomingos, vigário de Cabecei-ras de Bastos^ o qual é aponta-do como tendo sido cúmpliceno assassinato do administra-dor desse Concelho. S. revê-rendissima nega, jura por NossoSenhor Jesus Cristo e por to-dos os santos do céu que éuma calunia, sendo ele vítima,como o seu colega FaustinoConsoni, de inimigos desal-mados.

Esteja tranqüilo, reverendis-simo, pode desembarcar semsusto nem receio algum de sermolestado, porque mesmo quetivesseis cometido o acto quevos imputam, uma vez pisadoeste solo sagrado, ninguém seatreveria incomodar-vos, muitopelo contrario, serieis festejadocomo um herói, como um san-

to porque contribuistes para oextermínio de mais um hereje.Demais, estamos informado;-pela «Havas» que : «cada umdesses emigrados é portadoide um salvo-conduto», estandinesse numero vossa reveren-dissima. Já vê...

Olhe,quer eteu na cabeça rão querer arre-bentar de fome e de trabalho.

Para esta canalha, mesmopara os que aqui nasceram etêm mulher e filhos menores,é que não ha contemplaçãonem piedade possíveis.

A ordem que ha é : — barrafora, ou então — pau no lomboe chumbo na pele !

Estou a apostar que aindahaveis de dar um viva á Repu-blica cá de casa.

Adrecal.Rio, 8 9 — 9---

O clericalismoFoi o partido clerical que

achou para a verdade estesdois esteios maravilhosos: aignorância e o erro. E' ele queproíbe á sciencia e ao genioque vão alem do missal, e quedesejaria enclausurar o pensa-mento no dogma. Todos ospassos dados pela inteligênciada Europa, deu-os ela contra avontade dele. A sua historiaestá escrita na historia do pro-gresso humano; mas está es-crita no verso.

Foi ele, o clericalismo caro-lico, que mandou vergastarPrinelli por ter dito que as es-trelas não cairiam. Foi ele quesete vezes submeteu Campanel-la á tortura'por haver afirmadoque o numero dos mundosera infinito e ter entrevisto osegredo da creação. Foi ele queperseguiu Harvey por ter pro-vado que o sangue circulava.Em nome de Jesus, encerrouGalileu ; em nome de S.Paulo,encarcerou Cristóvão Colombo.Descobrir a lei do céu era im-piedade ; achar um mundo eraneresia. Foi ele que anatema-tizou Pascal em nome da reli-gião, Montaigne em nome damoral, Moliòre em nome damoral e da religião. Foi eleque, em todas as épocas, quizamoldaçar o espírito humano.

Não ha um poeta, um escri-tor, um filosofo, um pensadorque perante ele tenha achadofavor. Tudo o que foi escrito,encontrado, sonhado, deduzido,iluminado, imaginado, inven-tado pelos gênios, o tesouroda civilização, a herança se-cular das gerações, o patrimo-nio comum das inteligências,tudo ele rejeitou. Se tivesse océrebro da humanidade á vistaá sua disposição, aberto comoas paginas dum livro, nele fa-ria rasuras.

Victor Hugo.

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vel com instituições afrontosaspara a sciencia, para a razão,para a moral, para o progres-so, para os interesses, para aliberdade e para a dignidade daespecie humana.

Foi sincero o chamado S.João Crisóstomo, autoridadeentre os católicos, quando aopovo disse, na sua 5.:' homiita:

«Confessai-vos constantemen-te a Deus ; confessai os vossospecados, porque os escondereisem vão daquele que conhecetodas as coisas».

E' que João Crisóstomo, semembargo da inutilidade que re-comendava, para com Aqueleque conhece todas as coisas, demodo nenhum aconselhou quea confissão se fizesse a padres,mas directamente a Deus.

Fernào Botto Machado.

—Trabalhai,- trabalhai, que só assim tereis a minha

benção !

FEI BL! uvb

Um congresso delivres-pensatíeres

de agosto, reu-1:- a 1 -Deniu-se em Lille um congressonacional francez do livre-pen-samento', tomando parte nelei3o delegados.

Otelegrama

A CONFISSÃO

0 dever"Os católicos alemães, reunidos

em Aix-la-Chapelle, ocuparam-sedo fenômeno demográfico do despo-voamento por falta de nascimentos.

Que é necessário, disseram, quea Igreja estude a valer esse caso,sintematico duma parcial oblitera-çao do sentimento do dever.

Só a Igreja católica tem estafaculdade de conciliar as coisas quese excluem, como sejam, por exem-pio, a castidade e a reprodução.

E' verdade que, demonstrandoela que tanto valem 3 como 1, agente de nada se pôde admirar,porque tudo o mais choca menoso vulgar e comezinho bom senso."

E a historia da virgem-mãe?...A estas considerações dum jornal

europeu resta acroscentar que ospadres, apesar do celibato, são bonsrepovoadores: em geral, não recaisobre eles o encargo dos filhos...Tem oditores responsáveis...

A confissão, que existiu naíndia, na Grécia, entre os per-sas, os judeus e os egípcios,muito antes da era de Cristo,é. como diz o livre-pensadorN. Simon, doutor em direito eescritor de mérito, velha comoo mundo, velha como a curió-sidade e o espirito de domina-ção dos padres, velha como aloucura religiosa.

A sua adaptação pelo catoli-cismo foi apenas um plagiato,como os da adaptação de ou-tros sacramentos e actos daIgreja católica atribuídos á von-tade de Deus, e que não pas-sam de grosseiros embustes despadres, para exercerem a suadominação e a sua exploraçãosobre a humanidade sentimen-tal, crédula ou imbecil.

Como Lamaraisse escreveuna Vie de Boudha, quando este— 700 anos ames de Cristo —reformou a religião brahama-nica, nessa reforma conservoua confissão, dispondo que elativesse lugar, em publico, aomenos uma ve\ cada ano.

Veiu a religião católica, queé apenas a apropriação e aadaptação, grosseira e falha deoriginalidade, de doutrinas,símbolos, actos e sacramentosdas religiões anteriores, e, pia-giando como sempre essas re-Ügiões, dispoz — em nome deum Deus que nunca foi visto,e que, colérico, feroz e exter-minador, nos fulmina com raios,•oriscos, centelhas, terremotos,pestes, lomes, guerras e dilu-vios — dispoz que todos os pe-cados lu confessarás pelo menosuma ve\ cada ano.

Mas confessarás para qué?Pois se Deus sabe tudo, é

imenso e eslá em toda a parte,para que confessar-lhe pecadosque ele conhece, que ele sabe,que ele observa, que ele vê, eque não evita, só talvez peloprazer de castigar o homem,aliás por ele feito, no dizer dossagrados textos, á sua imageme semelhança ?

Para que, sendo como é cer-to que se não fosse a instrução,a educação e o medo das ca-deias, podia um tal Deus lim-par as mãos á parede pela sualinda obra 1

Se, porém, Deus existe — eeu creio que ele existe real-mente, e esse Deus é a Hu-manidade elevada ao Ideal desímbolo, não é um símboloimaginário, hipotético, sem exis-tencia autentica, mas um sim-

bolo real, positivo, existente embiliões e bilioes de criaturas,das quais cada uma é um uni-verso de pensamentos e acções,bons e gloriosos quando fazemessa criatura boa, grandes eaté sublimes quando, comoPasteur, Berthelot, Edison, Vol-taire ou Diderot, de facto atin-gem as proporções de deusesresgatadores dos seus seme-

um Deus ideia abstra-lhantes:cta, sim,Deus que

mas sublime ; umve. que ouve que

sente, que solre e que ama ,— se, porém, Deus existe, talcomo no-lo pintam os católicos,de grande manto roçagante eenormes barbas de algodão ;se ele existe, tudo vê, tudosabe, e a condição sine qua nonpara que eu seja absolvido dosmeus pecados está em me ar-repender desses pecados, paraque é necessário meter, entremim e Deus, esse intermedia-rio mercante, indiscreto e maispecador do que eu : — o padre?

Pois não é esse um assuntoque deve ser regularizado entremim e o tal Deus, que, sóporque Eva comeu da maçã,me condenou ao trabalho for-çado de aipassar o pão com osuor de meu roslo e por todaa vida, quando nem os pro-prios srs. Vicente Dias Ferrei-ra ou Amaral Cirne me con-denaria siquer em custas eselos, visto eu não ter cometi-

seu primeiro acto foi umde simpatia aos li-

vres-pensadores alemães. Dis-cutiram-se varias questões, co-mo: defesa da liberdade deconsciência da criança; casa-mento civil ; educação das mo-ças; organização de combatedo livre-pensamento; auxilio áobra da «Juventude leiga» ; odireito á vida e á liberdade depensar ; etc. Emitiram-se votosem favor da supressão da pri-são ror multas impostas emvirtude de delitos de imprensae em favor da libertação dosmilitantes sindicalistas encar-cerados por delito- de imprensae dc opinião.

Tellier, de Lille, pediu queos edifícios cultuais, pertencemtes ao Estado, sejam postos ádisposição tanto das sociedadesscientiíicas e filosóficas, comodas associações religiosas. Osenador Beauvisage è deputadoBeauquier apresentarão um pro-jecto de lei nesse sentido.

O pseudo-Deus omnipotenle, quedeu ás dc Vila Diogo perante asartimanhas da cara metade dc Moisés,continuou depois os seus longos e fas-tidiosos preparativos para libertar ottpovo eleito», — hoje odiado pelosadoradores do suposto filho desse mes-mo Deus ! A caprichosa divindadehebraica que. como as dos oulros po-vos, em i'c'7 de evitar o mal com asua omnipotencia, em ivj de ir direilaao fim. ama ãs vias tortuosas, temapego ás formalidade.-;, compra^-senas penas 0 angustias dos seus filhosc a cada passo se esquece deles, acaprichosa divindade leve o cuidadodc avisar o eloqüente A ráo para quefosse encontrar-se no deserto com seuir máo Moisés.

Chegado Aráo ao inonlc de Deus.Moisés pô-lo ao corrente da «missãodivina» e instrui-o na arte de fazermilagres. Depois, os dois finórios,constituindo uma sociedade para aexploração dns papalvos, sob a razãosocial dc Moisés & irmão, congrega-ram o povo, falando c obrando pro-digios o sócio mais charlatão, isto é,mais palraaor. O Ze 'Povo, coitado(ainda lioje é assim em grande parle!,caiu regiiladamenle no laço e deugraças ao Senhor: ignorante e esma-gado, acreditava facilmente quem lheacenasse com a esperança de liberta-ção. Ainda náo linha consciência dcque a emancipação do oprimido deveser obra do próprio oprimido, nemsabia bem o poder da associação eda acção directa, sem novos chefes.

Os dois finórios, em que o povohebreu delegara o seu poder, foramter com Faraó e deram a esle o rc-cado dc 'Deus.

— Não tenho a honra dc conhecero vosso deus e náo deixo sair o povohebreu.

IJ ordenou a Aráo e Moisés quesc ocupassem da sua vida c náo dis-

-TS?-~ar*TS?^*TS>-TST-'*~SKS>^SKS:-^S?^S>

A morte dum amigoDE FERRER

Os jornais europeus trazem-nosa noticia de ter falecido, em Lon-dres, Mariano Batllori, uma dasvítimas da "semana trágica" dainsurreição barcelonesa, em julhode 1909.

Batllori, gerente da casa editoraque Ferrer fundara para substituira Escola Moderna, cuja reaberturaera recusada pelas autoridades, íoipreso e desterrado para Alcaniz,depois para Teruel, em companhiado irmão de Ferrer, de sua cunhadae dos outros empregados seus. Posto

! .... 1:1 j_j. ,i. ,..,. ~.— „„.-.„do aquele crime, que, quando [ern liberdade cerca de um mez apóso crime de Montjuioh, voltou aBarcelona para ver sua sogra adoe-cer e morrer, por causa dos acon-tecimentos.

De 1909 a 1911 procurou emvão um emprego: os patrões boico-tavam-no, receavam perder por cau-sa dele a clientela clerical.

Foi então que o sindicalista re-volucionario inglez Guy Bowman,comovido por essa lamentável situa-çüo lhe ofereceu um lugar juntode si. Tendo igualmente montadouma casa editora e publicando ojornal The Synãicalist, achou queesse trabalho deveria agradar aBatllori, que efectivamente aceitou,indo fixar-se em Londres com suamulher e sua filhinha. A sua saudefora porém, demasiadamente aba-lada, demasiado vivos os tormentossuportados, porque, amigo da infan-cia de Francisco Ferrer, tendo-osempre seguido através da vida, játinha sofrido quando ele foi impli-cado no atentado de Morral contrao rei. O ultimo golpe foi superiorás suas forças, apesar dos cuidadose prevenções de que toi objecto.

E' pois, mais uma vítima da in-fame reacção monarquico-clerical deEspanha.

eu nasci, eslava, segundo o co-digo, prescrito havia já quasiS.yoo anos ?!

Os protestantes tiveram ra-zão, arrazando os confessiona-rios, como a tiveram nas lutasrevolucionárias da Reforma : Ohomem com a Biblia na mão,afirmaram eles, não precisa deintermediários para estar emcontacto directo com Deus. Eos . povos do norte, obrigadosa ler e a interpretar a Biblia,inconscientemente demoliramessa Bastilha do espirito que éo analfabetismo, e daí, com aschamadas heresias dos Luthe-ro, Calvino, Copernico, New-ton, Lamarck, Lavoisier, Dar-win, Cuvier, Gallileu, Giorda-no e Jean Huss, e com o equi-librio estabelecido por aristo-cratas e saxons, — dai a gran-deza intelectual, material e mo-ral da Inglaterra e dos outrospovos do norte, que, emboranão tenham adiantadores eadiantados, pouco devem a im-perios e monarquias, como aque foi nossa, convencidos deque povo instruído é povo li-vre, e povo livre é incompati-

traíssem o povo das suas tarefas,mandando ao mesmo lempo que aoshebreus não se tornasse a dar palhapara t fabrico do tijolo, devendo elespróprios recolher a palha necessária,sem deixar dc fornecer a mesmaquantidade dc produto que alé calãotinham fornecido.

ü povo oprimido queixou-se a Moi-sés e a Aráo, atribuindo-lhes a culpado que sucedia : eles c que. tendo re-clamado perante o rei, «tinham feitoque os hebreus cheirassem mal dianledc Faraó e dos servos desle." Üsdois irmãos, atrapalhados, queixaram-

e por sua vej a Deus: Deus é queos linha metido naquele embrulho. . .e não cumpria a sua promessa delibertação. Excelente desculpa... anteo povo.

O Coníeiteiro.

MOTE E GLOSA

Se deus o mundo governaE tambem a humanidade,Qual será pois o motivoDe tanta desigualdade !

Minha mente, cm. conjectura,Outrora foi vacilante,Neste tema palpitanteTão propenso á impostura,Porque muita criaturaInda crê na vida eterna,Foge á critica modernaReceando baquear,Sou forçado a duvidarSe deus o mundo governa.

Ninguém sabe quem é deusNem o ente que o criou.Nunca alguém o lobrigouNem na terra nem nos céus !Loucos defensores seusCom sua credulidade,Dizem ser a divindadeQuem dá vida aos vegetais,Move os irracionaisE tambem a humanidade.

Esta crença degradante,Este talso preconceito,Quem a tudo tem direitoFaz cobarde, humilhante.Horrendo inferno de DanteP'ra quem se mostrar altivo,Tudo vè fraco e esquivoAnte a farta natureza.Desta humana baixezaQual será pois o motivo.

Ao homem desde a infânciaNada lhe ensinam de serioMergulhando seu critérioNas trevas da ignorância ;Dia virá que com anciã,Ao clarão da liberdade,Rubro o povo queimar ha-deClaustros onde medram viciosVicios que sáo iníciosDe tanta desigualdade 1

Hilário Marques,

Page 2: Largo da Sé n. 5 (Sobrado) Jnmemoria.bn.br/pdf/366153/per366153_1912_00156.pdf · João Crisóstomo, autoridade entre os católicos, quando ao povo disse, na sua 5.:' homiita: «Confessai-vos

A LANTERNA

RPÜRTR!Ê\ ^<éh&$(S. S. G.

Os condenados políticos na Peniten-ciaria — Opinião do presidente daRepública — «Pela Verdade' sai acampo o paladino Antônio José deAlmeida — Suavi^em-se as penasaos presos politicos! — O que res-ponde o órgão do parlido democrd-tico—'De que lado está a ra^ão?— A questão nos seus termos — .-1A crueldade na repressão ó inversa-mente proporcional a superioridadedum rrgíme —¦ Criminosos políticose criminosos comuns—A melhor«repressão» 1

Lisboa, 25 de agosto

Trava-se entre republicanos,neste momento, um interessan-te debate sobre as penas apli-cadas aos insurrectos rialistas,condenados a prisão maior ce-lular, isto é, submetidos aoterrível regime penitenciário,com o seu tétrico silencio, oseu embrutecedor insulamento,a veste infamante do forçado,o número substituindo o nome,o capuz de penitente cobrindoa face.

Há três meses, foi o própriopresidente da República que,muitos anos antes, contra eladefendera num congresso júri-dico internacional, severamenteestigmatizou o bárbaro e ana-crônico sistema, manifestandoao ministro da justiça o seupropósito de indultar algunspenitenciários velhos e doentese com mais forte razão o úni-co condenado político lá exis-tente. Máquina monstruosa defazer imbecis, tuberculosos edoidos—tal foi a definição queda Penitenciária deu então opresidente Arriaga.

E agora é Antonio José deAlmeida que sai a campo ccpelaverdade», protestando contra aaplicação do regime peniten-c'ário a criminosos políticos,entre os quais há um fidalgo ehá padres, mas Jiá também umgrande número, de campôniostlusos, na maioria analfabetos.

Para honra e prestigio daRepública, clama o fogoso pa-ladino, è indispensável mantere realizar no governo o que naoposição mais ardentemente seapostolizou. Os republicanosfustigaram sempre o regimepenitenciário ; e quando a mo-narquia o aplicou a um revol-toso de 3i de janeiro, ao caboSalomé, foi por todo o paísum indignado e horrorizadocoro de protestos. Se o sistemaé já infame contra os crimescomuns,— contra os delitos po-liticos é uma monstruosidadesem nome. No momento dabatalha, são de justiça e de su-prema necessidade os gritos deguerra e de incitamento, masquando o inimigo está vencidoe desmoralizado, disperso e semesperança, entregue à discreçãoem nossas mãos fortes e triunfantes, então a generosidadenão é somente a justiça, mas amelhor consolidação da vitória.A crueldade aureola os per-seguidos e debilita os perse-guidores. Castigue-se o rebel-de; mas não o sepultem vivo,não o separem do mundo, dei-xem que contemple, para suaemenda e confusão, a obra e asuperioridade da República,embora não seja senão atravésdas grades do cárcere.

Sentimentalismo inicie sadoe perigoso ! responde o Mundo.Para caçar a adesão dus ele-mentos moderados e retrógra-dos, compromete-se o prestígioda República ! Querem darmais provas de fraqueza ? Que-rem que continuem os adver-sarios a zombar de nós? querenovem os seus ataques ? E'tempo de usar uma implacávelseveridade: já houve demasiadapaciência. (Js rebeldes planea-vam o morticínio e a mais fe-roz das vinganças; os seus in-tuitos e o seu seu recurso doestrangeiro dão-lhes a catego-ria de criminosos comuns. APenitenciária, sim, deve serabolida ou reformada, mas paratodos. Graves ou não, as penascominadas na lei são as que sedevem aplicar. Porque não sefez esta tardia campanha quan-do no parlamento se discutiu alei? Demais, essa lei é ainda

humana, porque noutro paisos insurrectos teriam sido fu-zilados.

Será preciso dizer que dourazão ao dr. Antonio Josó deAlmeida ? Pouco importam osintuitos, aliás difíceis de ave-riguar ; pouco importa o mo-mento do protesto: a questãoem debate é independente des-sas circunstâncias exteriore*. Acampanha não seria levantada,pelo menos com o mesmo ar-dor e retumbancia, se os con-denados fossem revolucionáriossociais, se, por exempjo, deanarquistas se tratasse? E' pro-vavel. Mas isso é questão àpar-te ; e a maneira mais segurade fazer justiça e de a recla-mar para nós é fazê-la e recla-ma-la para os adversários. Es-ses adversários, se vencessem,.eriam impiedosos para nós ?Mas o caso é que, não triun-fando, são reduzidos à impo-tencia. A derrota ê a melhorrepressão, a unica punição efi-caz, porque é da parte do ven-cedor o legítimo exercício doconsagrado direito de defesa.E depois, se os que se dizemdefensores de um direito novofazem como os seus inimigose buscam nas violências e in-justiças destes justificação paraas suas próprias, que diferençahá entre uns e outros ?

Se um regime se substitui aoutro, não deve ser para o pia-giar, mas precisamente pararealizar novos princípios, e paramostrar pelos factos a sua su-perioridade prática e moral.Uma revolução é tanto maisprofunda, e tanto mais livre evantajosa uma organização po-litica ou social, quanto menosessa revolução precisa de puniros vencidos e quanto mais evi-dentes e palpáveis são as van-tagens dessa organização. Aum regime cônscio da sua su-perioridade e da sua força bas-tara dizer e mostrar que estásempre disposto e preparadopara se defender com energiae eficácia.

A pena de morte é mons-truosa e absurda; mas a Pe-nitenciária é muitas vezes oseu equivalente. E se já é des-umano destina-la aos crimino-sos comuns, é mais cruel e in-famante ainda fazer dela o se-pulcro dos vivos que os tribu-nais militares condenaram, nãocomo bandidos vulgares, nemsequer como «traidores à pá-tria» (aliás crime político), mascomo insurrectos, como réusde «rebelião à mão armada> —a mesmo culpa menos severa-mente castigada, vinte e umanos antes, nos revoltosos re-pubücanos do Porto. Por maiserrôneas e retrógradas que se-jam as suas idéias, os delin-quentes políticos, salvo os de-generados que se insinuam emtodos os movimentos, regressi-vos ou progressivos, são seresque as paixões de seita e oerro autoritário podem arrastaràs atrocidades inúteis, mas quejulgam agir para bem da cole-ctividade e seriam incapazes deum crime de direito comum,indicando ausência ou oblitera-cão do sentimento moral.

Agora que os rialistas con-fessam a sua derrota e o seudesânimo, agora que o seudesgraçado chefe publicamentemanifesta o mais profundo des-alento, a generosidade nadacusta à República, é antes omais hábil meio de coroar avitória alcançada.

PENSAMENTO LIVRE

Impossibilitado, por motivo de doen-ça, deixamos de responder ao sr. Al-cides Faria, com a devida presteza,como prometêramos ; mas fazemo-lohoje, certo de cumprir um dever decavalheirismo e de sustentar maisuma vez a verdade de que nos flze-mos éco.

O sr. Alcides Faria, denotando suafiliação ao protestantismo ou ao es-piritismo, diz em seu artigo :

«Se Ganganeli, antes de escrever oseu artigo, tivesse estudado e lido,náo o que manda fazer e faz a igre-ja romana, mas o que fez e mandoufazer Cristo, é bem possivel que nãoblasfemasse de Deus e limitasse oseu ataque á igreja papal.»

Engana-se. Nós não atacamos oreligião, atacamos as religiões.

Embora seja o romanismo a quemais de perto visamos, por con-substanciar todas as misérias moraise abranger a maior porção de poderpolitico, não deixamos de combatertodas as outras, como origens deobscurantismo e opressão, semprealiadas aos tiranos para subjugaremos povos e obriga-los a soirer resi-gnadamente as imposições absurdasde suas vontades feitas lei e a cur-varem-se humildes á escravidão deque o despotismo tira" as riquezascom que goza de todas as alegrias esustenta os exércitos, que lhes ga-rantem a impunidade na execuçãode todas as violências.

Mais adiante, diz o mesmo sr.:

«O orgulho descabido do homemlevou-o sempre d ruina, uma forçainvisível e invencível o tem der-ribado,

O primeiro exemplo temos no pe-cado original. O homem quiz serigual a Deus.

A historia esta cheia de muitosoutros, entre os quais a morte doimperador Juliano que, apanhando oseu próprio sangue e atirando-o parao ar, dizia: «Vencestes, Galileu».

O ultimo exemplo temo-lo na hor-rivel catástrofe do «Titanic».

O orgulho humano levantar-se-á,mas sempre será abatido».

Argumentos desta ordem, denun-ciam falta absoluta de critério scien-tilico e, se não fora pelo respeitoque nos merece a dignidade huma-na, deixaríamos de responder a taisinfantilidades. .

Que entende o sr. Alcides banapor orgulho descabido ?

A sublime qualidade moral dosseres conscientes, de perserutarem osarcanos da Natureza para desven-da-los?

Mas, se é justamente nestes arrou-bos de gênio que está a grandeza, asuperioridade do homem sobre osoutros animais !

j2fK t/*J^

mmSanto homem

Em Cabeceiras de Bastos (Por-tugal), íoi julgado e absolvido umpadre acusado de conspirador. Aacusação, como se verificou, era in-fundada. Obra de jacobinos, dir-se-á. Nao. Obra de outio padre, quearranjou testemunhas falsas e asindustriou para encravarem o co-lega.

Excelente mariola, este virtuosoministro do Senhor.

De que serviria possuir uma con-sciencia embrionária, faculdades ra-cionais, condições de progresso emtodo o complexo organismo, se náopudesse po-las em acção, aperfeiçoan-do-se harmonicamente até estabele-cer o equilíbrio tão necessário, un-prescindivel mesmo á existência nor-mal dos seres e á vida em socie-dade ?...

O sr. Faria, náo pode, nao temcapacidade, nem intelectual nem mo-ral para discutir o transcendente as-sunto de que nos ocupamos.

Quem apresenta como exemplosde

"resistência á vontade invencível

do homem, para achar o porque dascoisas, o «pecado original», o «des-animo do imperador Juliano», a «ca-tastrofe do Titanic», pôde, quandomuito, ser um medíocre pastor dealdeia; mas nunca um defensor dareligião.

Na tremenda luta travada entre oHomem e a Natureza, quasi sempreaquele é vitimado pelas leis inexora-veis a que esta o submete; mas, do-minado, sufocado, esmagado mesmo,ele reage por vezes e consegue ar-rancar-lhe segredos de inestimávelvalor para a continuação dessa lutapor um outro seu irmão.

Foi sempre assim que se procedeudesde que o homem conseguiu «pora prumo no globo a sua espinhadorsal». . .

A duvida latente no espirito dohomem sobre a existência de umSer, anterior a toda a criação e pre-existindo em toda a eternidade, foique levou a humanidade ao estadode progresso em que está.

A' semelhança que a civilisaçãoavança, fica para traz esse Deus an-tropomorfo, perdendo-se pouco apouco nas brumas do passado, pormais esforços que façam os teólogospor educa-lo e convence-lo de modoa não fazer figura redicula em meioda nossa civilisação.

Já não lhe valem influencias poli-ticas nem o amparo de falsos scien-tistas. Deus morre abandonado pelobom senso e cercado de um exercitode beocios e de especuladores, quefingem chora-lo, mas que apenas la-mentam os lucros perdidos na transa-ção infeliz.

Pede-nos o sr. Alcides Faria paraexplicarmos o motivo que levouShakspeare a encomendar a alma aDeus seu Creador e crendo em Jesuscomo seu salvador, no momento deexpirar; porque o ilustre professorA. Russel Wallace, colaborador deDarwin disse:

«O materialismo mata as mentesinteligentes e não tarda o dia em queos homens hâode compreender queo materialismo não passa duma gran-de loacura?

Porque homens que viveram emtodos os tempos, como Estevam,Paulo, Attalo, etc, martirizados pe-los pagãos, mais tarde João Huss,Diogo Delos, Mmé la Glée, etc,queimados pelo Santo Oficio, domeio das chamas entoavam cânticosá Deus?

Por que Alexandre Herculano, Bo-cage, que morreu como cristão {leiao seu ultimo soneto) reconhecerama existência de Deus? _

Por que atualmente Guilherme 11,William Bryan, grande estadista nor-te-americano que ha pouco nos vi-sitou, o eminente Ruy Barbosa emuitos outros, acreditam em Deus ?

Por que no momento atual a so-ciedade «Kepler Bund», recentementefundada na Alemanha para combatero materialismo, conta com mais de7.000 sócios, entre eles grande nu-mero dos homens mais sábios daque-le paiz?»

Não é íacil adivinhar o que osnossos semelhantes têm no espiritopara leva-los a proceder de uma oude outra forma: mas, psicológica-mente, cada individuo age de acordocom a educação que recebeu, o meioem que se agita e as maiores oumenores necessidades predominantesna ocasião.

Russel Wallace, manifestando-sedaquela forma, denunciou a existen-cia atávica de um sentimento que selocalisara tão fortemente que o es-tudo da sciencia, feito sem premedi-tação, não poderá matar.

Ademais disso, podem aquelas pa-lavras ter uma significação muitodiversa da que lhe dão os interpre-tes religiosos.

O procedimento dos mártires cris-túos e das vítimas da ferocidade ca-tolica, morrendo e bemdizendo onome de Deus, e um fenômeno pordemais conhecido — a auto-sugestão.

Todo o individuo perseguido poruma idéia, mesmo não sendo umconvicto, acaba por tornar-se fanati-co da causa porque o fizeram sotrer,alem de que, nem sempre esses in-dividuos ioram tirados das classesilustradas ou mesmo possuindo edu-cação capaz de leva-los ao caminhoda observação.

O grande Alexandre Herculano eo desventurado Bocage, mau grado agrandeza de seus espíritos e especialcultura moral, estavam longe de serhomens de sciencia e ambos deno-taram falta de coragem para a lutacontra os preconceitos. Herculanoprovou-o não querendo acabar coma Historia de Portugal e Bocagedesmentindo-se quando a Igreja ochamou a contas.

Guilherme II, William Bryan, RuyBarbosa e centenares de homenseminentes que sáo religiosos, nadaatestam em prol da causa religiosa.A posição politica, os interesses, oconvívio social, os preconceitos odio-sos, impõem a esses homens a obri-gação ele manifestarem ^sentimentosque nenhumas raizes têm na alma.São exteriores ou rellexos de malpesadas observações.

O comodismo impede muita gentede procurar a verdade.

Infelizmente ainda são _ poucosaqueles que sacrificam posição, inte-resses e bem estar á propaganda deseus ideais de verdade. Sem _ mirasnos resultados econômicos, só mes-mo nós, os defensores da razão, es-palhados em numero resumido pelasuperíicie da terra.

Não c que os não haja, porquehoje é diíicil achar uma dezena dehomens conscientes que não apoiemas verdades que pregamos ; mas por-que lhes falta a coragem, a abne-gação.

Para terminarmos, uma lição aosr. Alcides Faria : As frases «Amai-vos uns aos outros como a vós mes-mos», «Fazei aos outros aquilo quequeres para ti» (1) nunca foram doEvangelho,

São um plagio dos «Vedas» e exis-tiam muitos mil anos antes dessamixórdia a que chamam Novo Tes-tamento; posto que Confucius, Budha,e as próprias doutrinas do paganis-mo primitivo, já registavam essa belamoral, acrescentada de muitas outrasmáxima de uma eloqüência sublime.

O cristianismo e suas derivadas,apenas macaquearam, e isso indigna-mente, com um amontoado de solis-mas e ilogismos, as doutrinas orien-tais, hindus.

Se quer aprender a verdade, leiaMalvert, Marreta, Meslier, G. Bera.etc, etc.

Foram esses os guias do meu es-pirito e hoje, perfeitamente emanei-pado, vejo, observo e julgo pelos fa-ctos submetidos á minha razão.

Jaguarão, 2b — 5 — 912.Ganganelli 31.

Acautelem-seas brasileiras!

Sob a epígrafe «Trez mas-marros que emigram», publi-cou o Mundo, de Lisboa, a se-

guinte correspondência:

«S. Braz de Aportel, 19 —Retiraram-se para o Brasil trezseraficos padres, Luiz ManuelVieira, o Ventas, prior de S.Clemente; Francisco Jose Ba-tista, o Santinho, prior deMartimlongo, e João Crisosto-mo de Freitas Barros, o Me-nino Jesus, prior de Porches.Onde irão estas alminhas en-gan?r a humanidade? A quemdeixarão estes marmelos a suaprole ? Naturalmente, como ge-ralrnente fazem, por aí ficama.s crianças ao abandono ! Acau-telem-se as brasileiras, princi-palmente com o.s dois primei-ros. Estes de aqui, contra asleis da separação da igreja edo Estado, por aí andam deporta em porta a explorar osalqueires de trigo do pobrepovo. Até o sacristáo Salvador,que fez o requerimento parareceber a pensão do Estado,para melhor explorar o povo,á fim de apanhar a quarta detrigo, diz que apoia os padresnão pensionistas por serem es-tes os sérios, ao passo que pen-sionistas sâo falsos, hipócritas,porque reconhecem os filhos.Querem mais : O mal de tudoisto é infelizmente a falta deinstrução. Se o povo se ins-truisse perceberia a falta decaracter destes parasitas e to-dos a uma voz, correriam comeles.»

Tomemos nota dos nomes...

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(1) Ambas estão erradas, o queprova que Alcides Faria nem a Bi-blia conhece.

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0 dedo misterioso do padrePara os nossos leitores, o proles-

sor Saturnino Barbosa nüo é umdesconhecido. A Lanterna já se temocupado dos seus corajosos livrose bem bons escritos aqui publiomos da sua lavra.

E' um moço inteligente e estu-dioso que nos tem merecido grandesimpatia pela independência das suasidéias e pela altivez com que assustenta e propaga nos seus livros,na imprensa e pela tribuna.

Mas o amigo Saturnino Barbosaé professor publico e como tal de-pendente dessa choldra de jesuítasque .pYaí vive a dominar, Não opodia, portanto, deixar de prejudicara sua atitude de livre-pensadorconvicto.

Quem aqui desejar conseguir asregalias a que tenha direito nasesíeras do funcionalismo publico — ésó conseguir uma carta de reco-mendaçâo do conego Valois ou dopadre Faustino, dependtirar na cor-rente do relógio uma medalha deNossa Senhora da Aparecida e apre-sentar o distintivo de uma confrariaqualquer.

Se o professor Saturnino íosse,em Santos, beijar as mãos ao padreLadeira e entrasse para uma irman-dade qualquer —já estaria agora nogoso dos direitos que lhe estão sendoroubados.

** *Sugiriu-nos essas considerações

a seguinte carta que nos dirigiu odistincto proíessor:

"Caro amigo Edgard Leuenroth.

Muito saudar.

e dispôi das escolas estadoais deSantos, o senador Cezario Bastos.De talento e preparo creio que tam-bem disponho; aí estão as minhasobras a comproval-o. Crimes e dis-turbios, nunca os pratiquei, que meconite; preso-me de ser um exce-lente chefe de íamilia. Os dias daminha vida preencho-os, trabalhan-do de manhã á noite, no ensinopublico e particular.

Com relação á moral, adopto a deAugusto Comte : "Viver ás claras".

Ignoro pois o motivo que temdeterminado esse indiferentismo dogoverno com relação ás minhas as-piraçSes no magistério.

Verdade é que uma colega dis-tinta escreveu duas cartas, que ío-ram publicadas no semanário inde-pendente A Capital, que vê a luzaí, atribuindo a minha íalta deexito, na carreira do professorado,ás idéias independentes que expendona3 minhas obras. Será bem isso?...Parece-me que nao. A constituiçãogarante a liberdade de pensamentoe o governo nada tem que ver comas idéias filosóficas dos seus fun-cionarios.

A que atribuir pois, meu Edgard,sinão ao dedo misterioso do padre !

Fossuo uma carta preciosa deum católico ilustre, onde se pedeseja exercida a maior perseguiçãopossivel ao nefasto autor da obramais execrável que se tem escritono Btazil — A morte de Deus!

Atribuo pois ao padre o meu in-sucesso.

Todo teuSaturnino Barboza.

Santos, 25 — 8 — 912."

O sonho de vingançaOs padres portuguezes, após-

tolos do Cristo que sempreperdoou, sonham apenas com avingança e com a chacina.

Recortamos do Mundo, deLisboa:

O celebre padre Benjamim Cer-queira mandou ao nosso correligio-nario Teodoro Inácio Franco o se-

guinte bilhete postal:«Não podia deixar de lhe mani-

festar a minha «simpatia» pelos «gran-des» benefícios «recebidos». Contopaga- los, não tardando muito, e comos juros. Nem só na estrada se rou-ba. A cobardia è a peor das vila-nias. Tendo o poder nas mãos, jul-gou esmagar-me ; enganou-se. Come-ta mais patifarias, porque o numerodas bestas é grande. Não lhe peçoque faça como Madalena, que se ar-rependeu, porque o seu arrependi-mento nada lhe aproveitará, maschore como ela as asneiras passa-das; você e os seus. — Madeira,25 _1 - _ o 1 -i — B. Cerqueira.-»

O estilo do bilhete dispensa todaa espécie de consideração. Por si só,diz bem o que valem certos padres,provando que só por aberração an-dam com as mios no ar.

Ha em torno da minha vida ummistério que nao posso compreender,por mais tratos que dê á bola.Eil-o: Em 1904 íormei-me pelaEscola Normal de S. Paulo, tendovindo cá para Santos iniciar a car-reira do magistério num-i escolaisolada.

Pelo regulamento da instrução,deve o proíessor permanecer apenasdois anos em tal esc-jla, que cons-titue os primeiros passos do mestreua escala a percorrer. Entretanto,8 anos sâo passados e eu continuoainda, como o recruta insubordina-do, no mesmo ponto de partida,como se tivesse iniciado agora avida do magistério publico.

Dos meus colegas de turma nüoexiste um só nas minhas condições:uns, são directores de grupo-escolar,outros, sao lentes de escola normale outros, ainda, adjuntos de grupo.

De todos eles o mais despresado,o que nada conseguiu ató hoje, éo subscritor destas linhas.

Qual será pois o motivo do meuinsucesso ?

Amisades políticas nâo me fal-iam, pois possuo até a do que põi

0 MOVIiWrOJ)/! D0C4SVenceram os exploradores

— Depois das violências oembuste — A Docas agra-dece a policia o auxilio quelhe prestou — A reeom-pensa dos que trabalham.

Terminou a greve dos traba-lhadores da Companhia Docas,Depois de dezoito dias de umaluta desigual, venceram os po-tentados.

Na sexta-feira passada o co-lossal ergastulo do trabalhoabriu os seus portões para re-colher os vencidos de hoje, masos vencedores de amanhã, quepara lá entraram, constrangidospela violência organizada, coma alma a transbordar da in-dignação provocada pelas gran-des injustiças.

Foram desta vez vencidos,mas a sua derrota é das quehonram, das que elevam osvencidos á altura dos heróis.

Quantas iniquidades, que deinftmias não foram cometidaspara os vencer, para os es-magar ? 1

Fecharam-se as suas associa-ções, impediram-nos de se reu-nir, prenderam e expulsaramdo paiz diversos dos seus maisdedicados amigos ; para os obri-gar a voltar ao trabalho foramarranca-los até do seu própriolar, para domina-los pelo ter-ror atiraram para as prisõesdezenas de companheiros seus !

Depois da violência veio oembuste. Certos de que os traba-lhadores não se podiam reunirpara determinar a sua norma deconduta, fizeram publicar quea directoria da Docas havia con-cedido um aumento de 1$ eque, portanto, podiam voltarao trabalho!

E os vampiros da Docasvenceram !

Orgulhem-se, entretanto, ostrabalhadores, porque a vitoriados seus exploradores preparou-se • no cadinho onde se fer-mentam todas as violências dasautoridades venais e inquisido-ras, todas as baixesas da im-prensa vendida, de mistura coma pusilanimidade geral.

Amanhã a vitoria será sua.*

4

A diretoria da Docas oficiouao Secretaiio da Segurança Pu-blica agradecendo-lhe o valiosoauxilio que lhe prestou paraobrigar os trabalhadores a vol-tar ao trabalho ! Diz mesmo otal oficio que á policia deve asua vitoria 1

E não estivéssemos em umarepublica democrática, cujo go-verno é do povo e para opovo...

** •Pelos tramites legais prose-

guem os trabalhos para se con-seguir fazer voltar ao Brasil os

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A LANTERNA 3

quatro companheiros iniqua-mente expulsos pela policia,que para isso conseguir forjouo mais sujo dos processos.

Pelas associações operáriasde todo o paiz tem-se protes-tado contra essa violência ver-gonhosa para o Brasil.

A Sociedade dos VendedoresAmbulantes do Rio publicouum veemente manifesto de pro-testo contra as violências co-metidas pela policia com osoperários de Santos.

Os companheiros Pedro Ba-tista Matera, do Rio, e FaustoCaetano de Almeida, de S.Paulo, enviaram-nos o seu pro-testo por carta.

^

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A

•* *

Para fechar.Na quarta-feira passada

operaiio estivador Antônio Rodrigues, de 3o anos de idade,ficou esmagado debaixo de umaligada de ferro quando traba-lhava na Docas.

Mais uma familia na miséria.E o grande polvo continuará

a aumentar os seus milhões.Até quando ?

O QUU VAI PELO MUNIU)

Resenha internacional do mo-vimento anticlerical livre-pen-sador e social £ _<fe ____ ____: £

FrançaA MORTE DE UM COMUNA-

LISTA —Vão desaparecendo os he-róis da Comuna. Desse movimentoque os anos cada vez mais afastamae nós, dentre em pouco apenas res-tara o depoimento da historia. Ossoldados dessa generosa batalha des-aparecem e já raros existem dos quetiveram destaque nesse movimento,vivendo as suas horas febris. Agoradesapareceu o velho Georges Arnold,com j5 anos de idade. Chefe do 64.°batalhão da guarda nacional no mo-mento da capitulação de Paris. Ar-nold assinou, no dia 18 de março,as proclamações do Comitê Central.Membro da Comuna nas eleições

O complementares de iG de abril, fezparte do comissão de guerra. Con-

a/ZZ"** 1 tÜ—Xr IS-J a&z^.

"À LANTERJTJO INTERIOREm Botucatu

O padre Dehó, o celebradopadre, professor e dr. EttoreDehó, formado por não seiquantas academias, que em S.Paulo fugiu corajosamente auma controvérsia com um livre-pensador, caiu-nos tambem cápor esta santa terra de d. Lu-cio e do não menos santo Se-minario preparador de futurosdefensores da Igreja...

D. Dehó veiu, viu e... chei-rou por S. Paulo uma boa ca-vaçao e não perdeu tempo emvir pelo interior defender acausa do seu Senhor a 1$ a ca-deira e a 5oo réis a geral.

O sacro orador descobriuum bom veio a explorar noentusiasmo guerreiro... a dis-tancia de uma parte da colo-nia italiana e tratou de virpara estas bandas defender osdireitos da civilisação... vati-canesca.

Aqui o grande cavador debatina realizou uma conferen-cia no Teatro Santa Cruz,onde falou de civilização, dasanta religião, dos padres, etc.

Uma verdadeira salada degrelos ou um minestrone aliagenovese...

Ninguém entendeu patavinada civilização do dr. Dehó, istoé, entendeVam bem os que láforam que a sua civilizaçãoestava em estreita ligação coma bilheteria do teatro, como acivilização a implantar nosareiais da Líbia liga-se do Ban-co de Roma.ao Vaticano...

O mais interessante é que áconferência compareceram di-versos indivíduos conhecidoscomo maçons e livres-pensa-dores...

E' o caso de se perguntar seeles lá foram para satisfazeruma curiosidade ou se parareverenciar o padre.

Chi lo sa ?Desta cidade seguiu d. Dehó

para continuar a serafica cava-ção por outras bandas.

Bons ventos o levem... parao céu, que é o lugar da genteda sua casta.

O Correspondente.

denado á deportação só entrou emfrança depois da anistia e fixou re-sidencia em Sceaux onde exercia aprofissão de arquiteeto. Os jornaissocialistas deploram a morte do ve-lho lutador.

Tambem desapareceu Victor Ri-chard, que até ao momento da suamorte se conservou fiel ás suas idéiasrevolucionárias, acompanhando comardor os esforços dos nossos luta-dores.

BélgicaO PODER DO POLVO — Quando

o governo clerical subia ao poder(em 1884), havia na Bélgica 6 milpadres e 'òi mil religiosos ; hoje ha7.5oo padres e 86 mil frades: em2.8 anos, um aumento de 55.5oo pa-rasitas 1 O orçamento dos cultos erade G milhões de francos : é hoje de33.ti5o.ooo! Além disso, ha ainda11.775.000 francos de liberalidadesfeitas ás igrejas, de congrua olicialdos padres e de rendimentos de ter-ras e edificios! Não falemos dos su-plementos de congrua, dos donativospor batismos, casamentos, dispensas,indulgências, peregrinações e outrastolices, nem dos recursos enormesdos 4.15o conventos belgas, muitosdos quais exploram industrias e avil-tam salários.

Tal é o polvo que suga a Bélgica.

ficam sem emprego, e talvez com umapensão, como os padres portuguezes !

E nós ? E os herejes, para ondehão de ir, depois de mortos? Parao ceu, com o padre Faustino?...Não pode ser 1 E' absurdo I Protes-tamos !

Se para lá nos mandarem, desdejá juramos que faremos reaparecer,em pleno ceu, para continuar o bomcombate, a nossa Lanterna, convi-dando para director o próprio Diabo-chefe aposentado.

RússiaO JORNAL DO TSAR—Otsar

da Rússia tem um jornal particular,muito curioso, e do qual não ana-rece senão um exemplar, intitulado :Resumo das informações do departa-menlo da policia que merece atenção.Este jornal é manuscrito e redigidopelos membros do Comitê da censu-ra estrangeira, que tiram as suasnotas das informações da policia etrabalham sob a direcção do ministrodo interior, que decide em ultimainstância das informações a inserir.Deste jornal escrevem-se de 10 a i5numeros por ano, comportando natotalidade de 5oo a tioo paginas.

Cada numero é anotado em pri-meiro lugar pelo tsar, depois peloministro da interior que indica ondee quando ele o leu, e por iim pelogeneral-adjunto Hessé, o homem quealcança mais o tsar. Tem-se conse-guido haver ás máos alguns exem-plares desse jornal, e por eles, pode-se saber que o que interessa o tsar :e a luta contra a revolução 1

Nicolau II preocupa-se imenso como que fazem os emigrados em Lon-dres e em Paris, com o que publi-cam as imprensas clandestinas, comos revolucionários que atraiçoam oseu partido, emfim, com as cartasprivadas que podem ser seqüestradaspela lei.

Com o seu jornal são muitas vezesremetidas ao tsar proclamações revo-lucionarias, bilhetes de loterias orga-nizadas pelos revolucionários e co-pias de cartas apreendidas. Entre ascartas que tèm sido reproduzidas nojornal do tsar encontram-se algumasde Tolstoi. '

DO BELEMZINHO

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A NOSSA IMPRENSA

^^BA Deusa Razfto

vl'

Lê-se num dos últimos numerosda Independence Belge que toi des-coberta num pequeno cemitério deVinenil (Oise), próximo de Chan-tilly, a campa de Rosa Dayen, queem 1793 personificou em França aDeusa Razão e que a titulo dedever ser homenageada com impo-aencia, atenta a sua aceitável "di-vindade", ocupou entao o altar deNossa Senhora de Paris. Rosa Dayentoi enterrada em 1867, tendo antescompletado a idade de 91 anos.Depois do seu desaparecimento, níotornou a dar-se circunstancia pro-picia á divinização de outra mulher,como personificação magestosa daRazão. Lesãieuic s'en vontl...

AlemanhaPERSEGUIÇÃO A UM.SÓCIA-

LISTA— A imprensa liberal e secia-lista da Alemanha ocupa-se actual-mente do caso de um interno dohospital de Breslau, despedido brus-camente por ter manifestado opiniõessocialistas em presença dos seus co-legas. O interno, que é o dr. Hagel-berg, queixou-se ao tribunal, pedindouma indenização. A acusação feitaperante o juiz limitava-se a declararque Hagelberg revelara tendênciasrevolucionárias em írente dos seuscolegas e que conhecia pessoalmenteo ilustre pensador socialista Berns-tein. O tribunal julgou essas razõesinsuficientes para o despedimento,tratando-se de um funcionário quenão era obrigado por juramento aser fiel ao principio monárquico.

A «ARVORE DE LUTERO»—Uma tempestade, que recentementedevastou o vale central do Reno,quebrou, á altura da copa, a arvorechamada «Lutherbaum», em Worms,e que constituía .uma verdadeira re-cordação do tempo da Reforma. Diza lenda que foi plantada em i5ai,quando o reformador compareceuperante o Dieta de Worms. Umamulher teria defendido contra outraa doutrina nova ; depois, enterrandoum pau no chão, teria dito: «l ãocerto como haver este pau de rever-decer e dar ramos, ha-de durar éter-namente a doutrina de I..utero».

O ano passado, um fanático tentouderrioar a lendária arvore por meioda dinamite; a tempestade foi, po-rêm mais feliz... Irá desaparecer oluteranismo ?...

JapãoAS NOVAS IDÉIAS — O governo

japonez está inquieto com o desper-tar do operariado e a extensão dosconditos entre o Capital e o Traba-lho. Por isso pretende fazer votaruma lei para impedir a «manifesta-ção de idéias perigosas», Apela tam-bem para os patrões, afim de estesreservarem aos seus salariados, emcertas condições de serviço, uma por-centagem dos seus lucros. Sempre ovelho processo : repressão e relormasanódinas, para retardar o inevitável.

Estados-UnidosACABOU-SE O INFERNO —Nar-

ra Foster em La tfataille Sj-ndtca-liste :

«Um caso interessante apresenta-nos ao mesmo tempo os ridículosda religião e do sufrágio. Os 4 mildelegados que assistiram ao congres-so da Associação Internacional daBiblia, (International Bible StiidentAssociation) votaram uma resoluçãodizendo que não ha verdadeiro infer-no como lugar de torturas para ospecadores. Não ha inferno, pois queassim o decidiu a maioria. Se.nãotivesse havido maioria, o inferno,abismo de fogo, contiuaria a existir.

., .A resolução foi adoptada porqueos chefes religiosos tinham pressa deadaptar os seus antigos dogmas aodesenvolvimento intelectual do ope-rario norte-americano. Este deixoude crer num inferno e de freqüentara igreja, e então as igrejas põem-se3 reformar os seus dogmas para denovo o conquistar. Mas é uma em-preza desesperada, pois o operárionorte-americano perdeu rapidamentea sua religião ; torna se ateu e vãosserão todos os esforços da igreja. Areligião na America está em baixa.»

decisão deste

A Guerra Social — Ha ja cincosemanas que ela voltou á liça, cheiade vigor para a luta, prenhe deidéias e de principios grandiosos.

E' um jornal muito bem feito, sem-pre cheio de belos artigos e abundan-te em informações do que se passano campo da luta social.

A' valente pleiade de inteligentesmoços que a sustentam, enviamos onosso apertado abraço de felicitações.

A Reacçào — Este excelente co-lega, que ha trez anos aparecia men-salmente em fôrma de revista e comoórgão da valorosa Liga Mato-Gros-sense de Livres-Pensadores, vem desofrer uma radical transformação.

A Reacção, com o seu numero de14 de julho, passou a publicar-se to-das as semanas, em forma de jornal,para melhormente corresponder ásnecessidades da propaganda e paraenfrentar com vantagem os tartufoscoroados da Critj, que em Cuiabávive a- vomitar desaforos contra oslivres-pensadores.

Um bravo 1 aos incançaveis com-batentes de Cuiabá.

E' o seguinte o seu endereço :Travessa Voluntários da Pátria, 8,Cuiabá, Mato-Grosso.

O Liberal — E' este o titulo deum novo combatente da propagandaanticlerical e livre-pensadora quevem de encetar a sua publicação emGuaratinguetá, neste Estado.

E' digno dos nossos mais entusias-ticos aplausos a iniciativa do sr. Je-suino Ramos, o redactor do novel evalente colega. E' um acto de verda-deira dedicação publicar um jornalanticlerical ás barbas da jesuitada daAparecida, a Lourdes brasileira, emuma zona que é o ninho da pragade batina.

Ao Liberal os nossos augurios delonga e prospera carreira para fusti-gar devidamente os morcegos co-roados,.

Ficamos bastante pesarosos coma retirada do sr. Crescendo Carola,aquele que escrevia a secção doBelemzinho neste jornal, e que,pela sua inteligência e pelo seu tra-quejo, tão bem sabia qualificar abeatada desta paroquia.

E' pena !Sendo eu seu substituto, vou dar

inicio ao ataque pertinente aos per-versores que ainda avassalam estaparte da terra paulistana.

Talvez nao ache qualificativosque se adaptem a essa clioldra, aesses sectários <ie Cristo; sendotodos eles empedrados, acho que anossa lingua é insuficiente pata meentenderem.

Nao faz mal, vamos ao que serve.Imaginem os leitores, :e isto nao

é para se dilatar as guelas e fazerdesusar suavemente uma porção deimpropérios ao deslinguado padree seus caros adeptos neste bairro.

Eis o caso:Os "coisinhas", nome este dado

modostamente (julgando os outrospor si) pelos hipócritas do Belém-zinho aos rapazes que nao estãohabituados a fingir e confundir osom de peito com o som diabólicoduma campainha na hora da san-tissima exposição do sacrosantissi-mo sacramento, apezar mesmo desses"cafagestes" (termo vulgar da bea-tada) ie portarem muito bem epertencerem a familias conhecidas dobairro, foram ameaçados por umasdiaba3 devotas de santos qus sãopor sua vez adoradores do bom Je-sus de massa de serem repelidosdo dito covil, que a meu ver de-veria ser conflagrado, para assimter quasi o mesmo fim que o santodo seu nome.

Realmente são muito injustas,pois roubam-nos um belo diverti-mento dominical, privando-nos deouvir tão entoados latidos dadospelo padre em pratica e que naofica abaixo dum Barbosa para osquo o ouvem, daqueles que só sabemsoletrar e catecismo.

Uso termos "cafagestes", pois seusasse uma linguagem empolgantenao seria entendido.

Por acaso o homem não é o pro-duto do meio em que se relaciona ?

Sulpicio.

Juvenal Amaral, Carlos Maria Mar-tins, Antônio Vieira da Silva, Cus-todio Vieira da Silva, Cezar Si-mões Cabanas, Alcides CardozoNogueira, Narciso Flores Pons, i\la-noel Gomes, Albino da Silva Maia,Jeronymo Francisco Loureiro, JoséNascimento, Francisco José Abreu,João de Deus Sanches, Oscar Vian-na Rios, João Canellas, Pedro F.Cassai, Clarimundo Ponsans, JoséM. Casado, Augusto da Silva, Mi-guel Fagundes, Dorocides de Are-nas, Manoel Pinto, Adolpho dosSantos Aveiro, Prancisco R. Maio,João José da Costa, Henrique Alvesde Mattos, Antônio P. da Silveira,José Francisco Xavier, Joaquim deAlmeida Fernandes, João G. Pinto,João Cosme Ferreira, David RamosTeixeira, Narciso Burguez, .lere-mias Alberto Fróes, Augusto Pintode Carvalho, Francisco SilveiraAlves, José Nunes de Oliveira,Claudino Antunes dos Santos Fi-lho, Francisco de Paula Cardozo,Arzolino Horner, Thomaz Vasques,José B. Cunha, João da Silva Fa-veret, Domingos Sacco de José, A.F. Rodrigues, Alberto Rafetto, Ju-venal G. Idiart, Francisco dosSantos, A. C. Ribeiro Junior, Ana-cleto Perazzo, F. Geraldo, JoséCisnera, A. G. Vieira, DomingosRibas Fabres, José .1. Silveira,Leopoldo S. Assumpção, ArmandoVieira, Ataulpho Freitas Ramos,Virgílio Pereira dos Santos, Joãode Souza Lima, Flavio .1. Moreira,Joaquim dos Santos, José Antônioda Conceição, José Alves da Con-ceição, Miguel Pereira Baptista,José Joaquim M. Saraiva, ÁlvaroSaraiva, Paulino Rodrigues Junior,Manoel da Silva Maia, Allredo Jo-sé de Mattos, Sebastião de Mattos,Domingos Sacco, Felippe Sacco,Manoel Ribeiro, Belmiro Concei-ção, Francisco D. Ferreira, AlbertoJoaquim Freire, Pedro Padilha,João Hyppolito Padilha, lrincuGuimarães, José Joaquim da CostaRibeiro, Francisco Oliveira Neves,A. da Costa Ribeiro, Angenor An-tonio de Oliveira, Arthur J. deSarreza, Arthur G. de Co veia,Octacilio Canarim, João Borges dePinho, Pedro Gervini, DiomsioGonçalves, Julio Stone, DomingosLangoni, Alfredo Gaspar de Oli-veira, Manoel Rosa, Otto Rechem-berg, Miguel Archanjo Bènevente,Trajano I. de Medeiros, NestorColvara, Alfredo da Silva Lopes,João Maria Guimarães, Jose Nus-sbaum, Annibal Dias, José AugustoDias, Bernardino Nascimento, Is-mael A. Marcai, João GonçalvesFerreira, Pedro Augusto Capde-boscq, Manoel M. Pereira, Fran-cisco Cezar Coutinho, DemecioSilva, Joaquim Tavares da Silva,Manoel Maria Oliveira, SilvmoGaljardi, Manoel Lopes de Jesus,Adolpho Homrich Filho, AdolphoCornetet Recart, F. J. Gonzalez.

(Continua).

kanterna fllacjicaReclame

Um vigário da roça, dirigindo^se no domingo aos seus fregueses,pronunciava sempro esta predica,breve mas substancial:

"Meus irmãos: o quo gastamoscom os nossos prazeres fica perdidopara sempre e ainda por cima nosperde."O que economizamos na terra,deixamo-lo a ou trem por nossa mor-te, tendo comprometido a alma como vício da avareza.

"Só o quo damos á Igreja paraas obr_'.s pias será por nós de novoencontrado 110 ceu, por essas obrasaberto á nossa alma."

sSp çi? fê?Pobreza crãsiã

Um estadista italiano, curioso eobservador, fazendo um cálculo so-bre o valor das propriedades, erendas e outros benesses dos bisposde Italia, chegou á conclusão deque a fortuna que estes possuemse eleva a 70 milhões de remiaanual, o que representa um capitalde dois milhares de milhões.

Áo lado de tanua miséria, tle tantotrabalhador' esfomeado, de tantafamilia prostituída por necessidade,é como que uni deslumbrante in-sulto o ouro que entra ás pasadasnos cofres dos humildes pastoresde Cristo!

CI9 &$ %&

EM PELOTAS

CONTRA O DOMÍNIO DO CLERO

PROTESTO

Bíblia vermelha

Secçao amena

Assim, segundo aparlamento bíblico, revogando^ todaa legislação em contrario, já nao te-mos inferno. Pobres diabos, que

Duas crianças rezam, como lhesordena sua mãe, antes de se deitarem,ajoelhadas ao lado da cama. Comoas duas recitam a sua prece em vozalta, ao mesmo tempo, uma delasdiz á outra:

— Deixa-me, eu, rezar primeiro ereza, tu, depois. O Pai do Ceu -não

pode dar atenção a ambos ao mesmotempo,

Margaridinha, filha de um nossocorreligionário, janta um dia comuma amiga, em casa de um vizinho.Ali, antes da reteiçáo, toda a familiadiz uma oração, de pé. Margaridinha,que nunca viu aquilo, pergunta es-pantada:— Que estão fazendo ?

Nós agradecemos ao Senhor pornos dar o nosso pão de cada dia,responde a dona da casa. Em tuacasa não fazem assim ?

Não, senhora : nós compramos opão na padaria.

Foi só com extrema dificuldade queNoé se pôde conter, quando os doispernilongos da arca, tendo-lhe pou-sado na mão, iie fartaram do seusangue patriarcal até á indigestão.

— Com que deleite, gritou ele ran-gendo os dentes, vos esmagaria euas infernais carcassas, se não fosseo prazer que sinto pensando no de-sespôro que os vosso descendenteshãode causar á minha posteridade !

(Trutlt Seeker).

Usando deum direito constituciona!,a população tivie desta terra, dianteda proteção dispensada abertamente aoclero, elemento pernicioso de todos ostempos, protesta veementemente contraesse estado lamentável de coisas queameaça perturbar a moralidade donosso povo pela aceitação submissade bolorentos principios errôneos daignorância que o clero espalha emprofusão no intuito criminoso de seapoderar das consciências e con-vertel-as, passivas e tunoratas, às suasidéias, subjugando-a ao seu poderionegregado.

Esla parle da população de Pelotas,acompanhando o progresso do séculolivre de preconceitos retrógrados, cum-pre um dever e pratica um bem salva-guardando a honra dos seus lares,cultuando a verdade contra as iuves-tidas do elemento clerical que todosos paires procuram eliminar emener-gica medfdas de moralização decostumes.

(Continuação dos ns. 153 c i54)

Agostinho J. Silva, Nelson Malmann,Alpheu Teixeira da Motta, EmilioChelli, João F. Pinto, Luiz Cândido,Edmundo Piegas Dias, José Ama-ral Braga, Belchior Piegas Dias,Dario Nunes Baptista, Manoel JoséDomingues Junior, Affonso Sicca,Arlindo Ribeiro, Alpheu do AmaralBraga, Antônio Ferreira Junior,José F. de Oliveira, Antônio Trin-dade, Affonso Trindade, AlcidesDuarte, Guilherme da Rocha Bran-dão, Jacintho da Rocha Brandão,Samuel Pereira Barboza, BrazilinoG. da Silva, Euclydes Julio daCosta, Arthur Rodrigues, MarioEtechegoyen, Orestes Ignacio Go-mes, Jose Gaspar da Silva, DiogoNova e Cruz, Eduardo Patzer,Eduardo Iturri, Silverio Marcosdos Reis, Isaac Soares de Freitas,Carlos Corona, João Lemos Martins,Jeronymo José Duque, AugustoFigueiredo Gons, Domingos daSilva, José Coelho da Fonseca, Ma-noel Valente, Antônio Pereira Fer-nandes, Henrique Alves Maia,Theo-philo Santos, Alfredo Cardozo,Manoel Maria Marques, ManoelAmaral, Francisco Lima, AdolphoSchimidt, Erico Roballo, ManoelMonteiro da Silveira, Juvenal Duar-te, José Rodrigues da Silva, Fran-cisco de Paula Alves, JeremiasSoares, Carlos Rodrigues, ManoelAntônio Oliveira, Domingos F.Cassai, Henrique da Costa Martins,

A sciencia da antiga Grécia tinhajá desembaraçado o mundo de dt-vindades que operavam caprichosa-menle por meio dos fenômenos natu-rais; ha mais dc -20110 anos, Unhamos sábios gregos descoberto o métodoe empregavam instrumentos para aju-dar as investigações scienlijicas. Quefoi então que7hes deteve os progres-sos vitoriosos ? Porque e que o es-pirito scientifico foi coagido, duranteperto de dois mil anos, a ficar empottsio como um terreno esgotado, an-tes de poder juntar de novo os ele-mentos necessários d sua fertilidadee d sua força ?

E' que apareceu o cristianismo.Tyndall.

(Palavras proferidas em Tielfasl,na reunião anual da Sociedade Bri-tannica, cm tSj4).

Ecos do caso CalvoDo longínquo Estado de Mato Gros-

so recebemos este protesto contra aselvajaria cometida pela polioia como operário F. Calvo :

«Sr. redactor:Jamais facto algum me levou ao

nec plus ultra da indignação como oque narra o vosso querido jornal n.140 de 25 de maio p. p., a respeito dooperário Francisco Calvo, praticadopela polioia dessa oidade.

E' de se lamentar um caso dessaordem numa oidade oomo S. Paulo,em que sua polioia arvora-se em ver-dugo desse nobre povo, quando a suafama aqui nos chega tão lisongeirapor ser a mais bem organizada e or-deira do Brasil.

Esta vila que fica neste longínquorecanto de Mato Grosso, como podeisverificar do mapa geografioo, ondequasi metade da sua população écomposta d'e rudes camaradas, tro-peiros, o seu quartel sem policia,nunoa faoto igual deu aqui como oque acaba de dar-se nessa cidade.Noto qne a Lanterna acha-se só ao ladodos oprimidos, do operariado, classeesta tão espezinhada pelos ricos detodas as partes, pois que não con-tentes com a humilde posição dessapobre gente, mas honrada, por issoque trabalha para ganhar o pão ho-nestamente, sobregarregam-na de todasas sortes de iniquidades.

Oansa-me horror o facto relatadopelo artigo da referida Lanterna e porisso, embora deste recanto do longin-qno Estado de Mato Grosso, mas comtoda a energia do meu ser, venhoprotestar contra tamanha selvajariasem qualificativos dessa policia quese diz mantenedora da ordem publicae gerantidora dos direitos alheios.

E* tardio o meu protesto, mas ósincero.

Eosario Oeste, 17 de julho de 1912,

Calixto. »

Porco de sotaina

No tribunal de Fontenay-le-Comte(França) loi condenado a um me/,de prisão o padre Baudry, párocode Marsais-Sainte-Radegonde, sur-preeudido em 7 de abril p. p. peloguarda campestre da comuna a en-sinar o catecismo e a moral cristaa uma menina de doze anos, empleno campo, debaixo dum guarda-chuva propicio. Na audiência, apequenita confessou a espécie decatecismo que o porco tonsurado llieensinara. Quanto ao referido porco,declarou que se alinha á "sua cons-ciência de padre'-. "Aqui só se tra-ta da consciência «e pessoas debem", replicou o juiz.

Ç? <S> ^© luf&meí&ití

Diz um jornal de Lisboa :Devem lembrar-se de que o pa-

dre Cabral, provincial dos jesuitasno nosso paiz, afirmou num folhetoespalhado urbi et orbe, que nemele nem os seus dignos consociosintervieram nas lutas politicas. Ospapeis encontrados em Campolidee no Quelhas demonstraram o con-trario. Mas agora encontraram-se noconvento do Barro documentos ain-da mais completos e que provama intervenção dos jesuitas em todasas questões politicas de maior im-portancia, no tempo da monaiquia.

Era de esperar que o padre fossedesmentido, desde que tinha jurado.

Santa genteDa Luta, de Lisboa:Entre os documentos apreendi-

dos a alguns conspiradores no nortedo paiz, ha cartas aconselhando a"degola dos republicanos" e figurauma de certo padre, na qual se dizque "matar pela santa causa nãoé pecado."

Não ha duvida — a vitoria daboa gente monárquica traria a re-petição das scenas canibalescas doreinado de D. Miguel. A estas ho-ras, o padre Domingos seria o ca-pitão-mór de Cabeceiras e o pobreCabral condestavol do reino.

NÚCLEOS DÂ VANGUARDA

EM SOROCABAGrupo Libertário Braço e Ce-

rebro — E' este o titulo de um gru-po que vem de ser fundado em So-rocaba com o fim de difundir o ideallibertário e prestar apoio a todos osmovimentos da classe trabalhadora,em cujo seio fará a propaganda daacção directa por meio de conferen-cias, manifestações, jornais, panfíe-tos, etc.

EM S. PAULOC. de E. S. Conquista do Porvir

— Este circulo realizará amanhã,domingo, mais uma sessão de propa-ganda em sua sede, na rua S. Do-mingos, 2.S, ás 2 e 1/2 da tarde.

GREVE DE VENTRESDiversos meios práticos para evitar

a procriação.Um folheto, 200 rs.Maço de Í30 para revender, 3$õ00.Pedidos á Livraria Lealdade, rua

B Bento, 51, ou a esta redação.

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A LANTERNA

VIDA OPERARIAEM S. PAULO

A íesta dos gráficos — lima in-teressante festa a que realizou nodomingo passado a União Grafica.

O salão encheu-se inteiramente,apresentando o Alhambra um garridoaspecto pelo grande numero de se-nhoras presentes.

Agradou bastante a representaçãoda magnífica peça em dois actos dosaudoso Pedro Cori — Sen-a Pátria,causando grande impressão o recita-tivo da belíssima poesia do seu entre-aelo.

A comedia Pinto, Leitão & Cnmp.fez rir a valer.

0 dr. Justo Seabra não podendorealizar a conferência anunciada, pornão lhe ter sido possivel preparar otema que se tinha proposto defender,fez um discurso de saudação e deestimulo ;i classe a quo em tempospertenceu.

A soirée terminou com um anima-do baile, que se prolongou até pelamanhã.

A União Grafica, esforçando-se porentrelaçar fortemente a solidariedadeentre os gráficos dos diversos centrosdo Brasil, enviou convites a Santos,Campinas c Rio, a ele corresponden-do a Federação Grafica do Rio e :iUnião dos Trabalhadores Gráficosque se está organizando em Cam-pinas.

Reunidos esses representantes comos daqui, licou determinada parabreve uma excursão de propaganda¦i Campinas.

EM SOROCABA

A União Operaria desla cidadeprosegue activamente no seu trabalhode arregimentação dos trabalhadores,que lá constituem a maioria da po-pulação.

Com o fim atrair a atenção doselementos ainda disperso, será pelamesma promovida uma sessão depropaganda no pavilhão do cinema,que constará de conferências, disiri-buição de panlletos e exibição dealgumas fitas apropriadas ao seu fim.

NO KIO

O movimento associativo do Rioganha de dia para dia mais vigor.

A Federação Operaria, que estevepor espaço de alguns mezes e pordiversas razões inativa, foi reorga-nizada e, ao que parece, dentro embreve reunir:! a maior parte dos gre-mios operários daquela capital.

Já se acham a ela filiadas as se-guintes associações : Fenix Caixeiral,Federação das Artes Gráficas, Centrodos Operários Marmoristas, Uniãodos Alfaiates, Sindicato dos Sapa-teiros, Sindicato dos Estucadorcs ePedreiros, S. S. U. dos Mareineirose Artes Correlativas, Sindicato deOfícios Vários e Sindicato dos Ope-rarios em Pedreiras.

Espera-se que dentro cm poucodiversas outras classes tratarão dese federar.

A federação das Artes Gráficas temasuaséde na rua Barão de S. Gonçalo,(I, a Fenix Caixeiral, na rua Uru-guayana, i3j e os demais sindicatosno prédio 335 da rua General Gamara.

A velha e combativa Sociedade deResistência dos Trabalhadores emTrapiche e Café vem de sustentaruma grande agitação contra diversasemprezas gananciosas que pretendem

Folhetim da LANTERNA (12>

MIGUEL ZEVACO

CAVALINHO Dli LA BARREgrande romance histórico

(Especialmente traduzidopara A LANTERNA)

deixar dc manter o compromisso fir-mado ha tempos.

Ha uns quinze dias foi realizadaem sua sede, á rua Municipal, o,uma proveitosa sessão de propaganda,á qual compareceram representantesde varias outras associações.

Temos em mãos um vibrante ma-nifesto pela mesma espalhada á cias-se que representa, fazendo acertadasconsiderações sobre o movimento querealizou.

Do secretario do Centro dos Ope-rarios Marmoristas recebemos bapouco tempo uma carta comunican-do-nos o estabelecimento para a suaclasse da jornada de S horas.

Conforme ha tempos noticiámos,essa classe foi obrigada a declarar-seem greve para reclamar dos patrõesa execução do compromisso, assumi-do ha mais de 5 anos, de concederemas 8 horas.

Alguns dos patrões cederam logo,mas outros, os que forneciam o ma-terial, coligaram-se e firmaram umcompromisso para não atenderem ájusta reclamação dos operários.

Depois de 3o dias, porém, termi-nou o movimento com a vitoria dostrabalhadores, sendo estabelecida ajornada de 8 horas, para os dias úteise tle 7 para os domingos.

EM BELÉM DO PARÁ

Centro Sindicalista das ClassesTrabalhadoras do Pará. — Com oesforço ca dedicação deum pequenonúcleo de trabalhadores, tem ultima-mente tomado algum desenvolvimentoa propaganda sindicalista em Belémdo Pani.

Assinada pelos companheiros An-tonio da Costa Carvalho, Manuel S.Suarez, Manuel Barrajo, José B. Lou-reiro, Luiz S. Gonzalez, AntoninoDominguez, José C. Perez, Julio B.Alves, Abel S. Nogueira, EduardoGuerra, Francisco 1-erreira, Antonioda S. Canelo, Antonio Vicente, JoséFernandes, Seeondino C. Perez, Adol-fo F. Acosta, Maria Guerra, recebe-mos daquela capital do Norte umacopia da acta da reunião em .queficou fundado o centro o titulo queencima estas linhas.

O fim da nova agremiação seráfazer uma activa propaganda do idealde emancipação humana no seio dostrabalhadores, que se esforçará pororganizar em sindicatos de resisten-cia á exploração e tirania dos.-argen-tarios, orientando-os segundo a táticada acção directa.

O Centro Sindicalista desejandoentrar em relações com as socieda-des do seu caracter de todo o Brasil,comunica-lhes o seu endereço, queé o seguinle: Travessa de S. Mateus,88-Ã — Belém, Pará.

«ÍBfcsíS^^JTlMÍ»*^^

SI me fanjere

DIVERSÕES

Teatro Colombo—Está trabalhan-do actualmente neste teatro o ex-traordinario ciclista Royal Sidney,que tem alcançado grande sucessocom os seus interessantes trabalhos.

Os films tambem não deixaram deagradar o publico que ali acorre nu-meroso.

Na soirée de hoje serão exibidosmagníficos films, tomando parte namesma o ciclista Royal. e

Amanhã haverá interessante ;iíit-li née, ás _> horas da tarde.

Jockey-Club — Realizar-se-á ama-nhã, no prado da Moóca, mais algu-mas corridas, tomando parte nasmesmas escolhidos pareôs.

Primeira parteAMOR!

XI1JUNCÇÃO DE SALVERIO

E DK .! OÃOBarre, lançado sobre a pista docoche que levava Flor dr. Maio,avançava a tremer pura o corpoestendido no caminho, diante doqual Grilí ladrava furiosamente. Asua imaginação bxcilada levava-oa temer que aquel'; corpo tosse oda joven. Um raio du luai que ilu-minou em cheio o caminho mostrou-lbe que se enganava : o corpo erade um homem.

João avançou então com maiorrapidez, afastou o cão e ajoelhou-se. Por maior que íosse a sua dor,por muitas que fossem as suaspreocupações, não queria abandonaraquele desgraçado sem lhe prestarajuda, se é qúe ainda podia servir-lhe algum socorro. Examinou o ie-rido, ou o cadáver, com tanta atençãoquanto lhe era possivel no tristeestado em que se achava. O homemera-lhe completamente desconhecido.

Pòz-lhe a mão sobre o coraçãoe verificou que pulsava. Que fazer?Deter-se mais tempo era superiorás suas forças. Quem sabia se, na-quele mesmo instante, Margarida,ameaçada, o chamava era seuauxilio ?

Resolveu pôr o ferido ao abrigodo.s cochos que porventura passas-

a obra prima da gloriosa victima dos jesuitas Josi; Rizai., vilmentefuzilado em Manila, como revol toso contra o domínio espanhol, emvirtude das miserrimas intrigas contra êle urdidas pela corvalhadanegra: agostinianos, capuchinhos, etc, etc, que, vendo em José Rizaio mais temível adversário recorreram aos meios vis que lhes sãofamiliares para o aniquilar.

NOLI ME TANGER ou NO PAIZ DOS FRADESé um romance admiravelmente escrito, narrando toda a sorte de crimescometidos nas Filipinas, pelos frades que, dali expulsos pelos heróicostagalos, estão cavando agora a nossa desgraça, a desgraça de3te país.

Esse empolgante romance, especialmente traduzido por NenoVasco e que tanto sucesso alcançou entre os leitores da Lanterna,pi por nós editado em elegante volume de 136 páginas.

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Livraria Lealdade, Rua de S. Bento, 51.No Rio de Janeiro : — Redacção da Guerra Social, rua da

Alfândega, 182 (sob.). — Agencia de Braz Lauria, rua do Ouvidor, 181.Em Campinas : — Agencia de Antônio Albino.Jun Ribeirão Prelo : — Livraria Selles, rua Amador Bueno.

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Bilhetes e recados

S. Manuel — KSlicio d'Amour :Foi-nos devolvido o pacote que nospediu. Saudações.

Mato-Seco — E. A. : Fizemos atransferencia de ipê e Julio Tavarespara aí. Enviamos o n. pedido. Sau-dações.

Florianópolis — C.: Recebemos oavulso e os ¦_> ns. do Clarão, quevem valente como sempre. Boa pro-paganda háde lazer o Ultimo jura-mento. Saudações aos batalhadoresdessa cidade.

Victoria — A. (j. : Recebemos os5S da assinatura do sr. V. Irá o re-cibo. Agradecidos pelo interesse quetem mostrado para a divulgação daLanterna aí. Saudações.

Capão da Cruz — .1. Perez: Seguiuo livro. O campo aí é mais duro,mas é preciso desbrava-lo e tu tensbraços rijos para isso... Saudaçõesdo.s rapazes.

Amargosa — 1). 13. : Foi-lhe reme-tido o livro pedido. Saudações.

Barretos — R. P. : Registamos onovo assinante tle Rincão. Agradeci-dixs. Saudações.

Santa Rita do Passa Quatro — .1.L. de O.: Remetemos o folheto pe-dido. Saudações.

Rio — A. Muller: Recebemos alista, que será publicada. Poderáadquiri-los por intermédio do agentedaqui, (Antonio Orelhana, caixa u)5)a quem indicará os cadernos quefaltam. Saudações.

? — L. Másculo : Respondeu-meque náo convém, por faltar somentecompletar algumas cidades. Saúde !

Buenos Aires — M. : Recebidas astuas duas. Transmiti os recados emodifiquei o endereço. Não te deci-des ? Escreverei.

Passa Quatro — A. M. : Remete-mos o folheto. Saudações.

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rua Visconde do Sapucahy, engraxate.Rna dn Assembléa, 29, esquina da

rua do Carmo, engraxate.Rna do Ouvidor, 181, agencia do

sr. Braz Lauria.Bua do Senado, (>.'!, com o sr. Ma-

nuel Quesuda.Avenida Passos, 122, engraxate.llua do Lavradio, 47, cora o sr. An-

gelo PrinsiKua da Sando, 107, com o sr. Nico

lau Caruso.Estação Central, corn o sr. Paschoal

Mauro.Largo da Lapa, 112, com o sr. Ja-

nuario Bruno.Kua 1." de Março, agencia do sr.

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rua do Kosario, engraxate.Rua Marechal Floriano Peixoto, r>8,

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Lavradio, pom o sr. Caruso Compus.Rua Souza Pratico, 64, Villa Izabel,

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cilios.El Diablo, por Roberto Robert.Cristo en ei Vatioano, por Victor Hugo-El Romance Anticlerical, por vario

autores (primeiro tomo)El Pueblo a la Aristocracia, pnr Pey

Ordéix.Historias de la corte celestial, por

Narciso Campillo.Monita Secreta de los Jesuitas.A Una Madre, por Kiimon ChieH.La Demoeraoia y la Inglesia, po'

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2." série em publicação :Dios, por Suiíer y Capd>'vilaLos Milugros por R fberfco Robert.Lo que comen los curas, por Frey

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malho, 166.

sem e proseguir nas suas pesquisas.Levantou o li ornem pelos liombrose levou-o o mais suavemente pos-sivel para a valeta da estrada, es-tendendo-o na erva e colocando-ode modo que tosse facilmente vistopelos primeiros aldeãos, que nüotardariam a passar para ir ao mer-cado de Abbeville. Tomadas estasprecauções de humanidade, dispunha-se o Cavaleiro a afastar-se, quandoo ferido abriu os olhos. Joao indi-nou-se e o ferido olhou-o fixamente,agitando debilmente os lábios parafalar.

Posso fazer alguma coisa porvós, senhor i perguntou o Cavaleirocom voz doce.

Salverio, pois era ele, como osleitores .sabem, fez um eslorço saindo-da boca alguns sons a custo inte-ligiveis:

¦— 0 co...che...0 coche ! exclamou João, es-

tremecendo.0 ferido, anbelante, conseguiu for-

mular ainda duas ou três palavras.A flo...ris...ta...

Desta vez, o Cavaleiro deixouescapar ura grito de espanto. Tornouprecipitadamente a ajoelhar-se dian-te do desconhecido, diante daquelemoribundo, que parecia tomado dasmesmas preocupações que ele. Ha-via ali um mistério que não tratoude aprofundar.

Senhor, exclamou ele, por favor,fazei o impossível para falar. . .Dizei: quereis falar de Margarida?

Os olhos do Salverio indicaramo seu assombro. Não respondeu.

Um outro nome, ajuntou fe-brilmente o Cavaleiro. Flor de Maio,conhecei la ?

Sim, sim, disse o ferido,animando-se-lhe o olhar. E acres-centou logo : O co...che...

Seguistes o coche 1 exclamouJoão exaltado por uma esperançaimensa.

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Sim... ali... tomou... por ali...0 olhar de Salverio indicou que

a berlinda, ao chegar á bifurcação,tumara pola esquerda.

Correi..., ajuntou o ferido. Correi... Levam-na !... Roubam-na !...

E Salverio tornou a desmaiar,por causa do esforço que asabavade fazer.

João levantara-se. Tal era o es-tado da sua alma, transtornadapela perda de Margarida, que nãopensou em admirar-se. Pareceu-lhenatural que aquele desconhecido setivesse interessado por Mor de Maio.Igualmente lhe teria parecido na-tural que todos lhe indicassem ocaminho a tomar. A sua mágoa eraa mágoa de todos : assim são asgrandes dores, que só encontramalívio na' idéia de que são compar-tilhadas. Quando choramos um serquerido, parece-nos impossível queo resto do mundo não chore co-nosco.

João lançou-se, pois, precedidopor Grifl. A noite desapareceu len-tameute, e o sol acabou por nascere subir por um ceu sem nuvens.Que horas podiam ser? João andava,andava sempre, não sentindo can-saco, nem tome, nem sede. Duranteuma hora seguiu o rasto que ooltato de Grilí novamente encon-trará. Mas numa nova bifurcação,Grifí parou, inquieto : tomou pelaesquerda, depois voltou atrás parase lançar pela direita, tornando denovo ao ponto de partida e soltandoum uivo lastimoso, como que aconfessar a sua importância. Entãoo Cavaleiro caminhou em frente,ao acaso. Interrogou pessoas queencontrava, deteve-se em todas ascasas que orlavam o caminho

Úin coche?... Nio; não tinhamvisto...

Chegou um instante em que odesanimo se apoderou do desgraçado.Sentou-se á beira da valeta, deixou

pender a cabeça entre as mãos echorou. Veiu galvaniza-lo depoisuma idéia súbita. Aquele desconhe-cido... aquele ferido... que seguirao coche, podia talvez dizer lhe quemroubara Flor de Maio.

Voltou pelo mesnío caminho apres-sadameute e depoia de longa cami-nhada, achou-se no ponto precisoem que deixara o lerido caído naerva.

João precipitou-se para a valetae deu um grito : o lerido desapa-recera.

Xll -AO REI DA BOMEMIA

As necessidades deste drama "decem actos diversos" obrigam-nos,bem a nosso pesar, a deixar Florde Maio no sinistro calabouço conventual chamado In-pace por es-pantoso sarcasmo — pois mais justoseria o nome de In-ãolore, — e oCavaleiro de La Barre desesperado,pensando em acabar com a vida.Não tardaremos a encontrar de novoos nossos dois heroe3.

Voltando, pois, de madrugada aesse caminho de Amiens em quetantos acontecimentos acabam dese dar, abeirar-nos-emos de duaspersonagens que caminhavam a pépara Abbeville.

Uma' delas era um homem pe-queno, seco, nervoso, moreno. Deviater nascido no paiz de Artagnm ede Cyrano de Bergerac. Se não eragascão, merecia sê-lo. Usava botasde funil, uma capa levantada porum espadão, um chapéu emplumado.Este traje, íóra da moda liaviamuito tempo, dava-lhe um certoaspecto arrogante e marcial. Des-graçadamente, achava-se num estadolamentável. Diivje-ia uma antigui-dade desencantada por um amantedo anacronismo. As botas nâotinham solas, a capa estava esbu-racada, sem còr definida, as plumas

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canna oom salvaguarda para evitardesastre. Privilegiado e premiado comdiversas medalhas de bronze, prata eouro. Progressivamente estão se espalhando por este vasto paiz ; já foramadquiridos por mais de 1.000 fazendeiros que attostam a utilidade destaimportante machina. Inventor e fabrioanto

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Pedro Kropótkine, Le Salariat $100- La Morale» Anarchiste . $200

M. Pierrot, Travail et Surme-nage S200

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do chapsu pendiam lastiraosamente.0 oompanheiro deste singular in-

dividuo era bastante alto, grosso,largo de hombros, a cabeça qua-drada, barba e cabelos loiros. Ves-tia como um aldeão da época e porunica arma trazia ura cacete —ramo de carvalho cortado no caminhoo grosseiramente talhado á íaca.

No momento em que se nos de-param estes dois viandantes, levan-tava-se o sol, luminoso e resplan-decente.

O menos encorpado, o homemdo chapéu dc plumas estirou-se,nssoou-se, bocejou dez vezes, e es-tendendo o braço como se brandisseuma espada, caiu a fundo contraum inimigo imaginário.

Isto dá tom, disse ele.E acrescentou:

Por vida minha! valente noitepassamos nesse moinho! Estou tran-sido... Mas aqui está o sol, e vivaa alegria! Que dizes tu, Cabeça deFerro ?

0 que digo é-que tenho fomelFome ! Não tens vergonha ?

Pois se comeste hontem de manhã!Sempre te queixas, misero de ti!

Desta -«jez sim, queixo-me.Nao me agraò-a ter fome, sabes ? Eeu queria saber onde, como e quandoalmoçaremos...

Olha bem para mim, Cabeçade Perro !

Olho para ti, Estocada IDesde quando é que jejuas ?Desde o dia em que, saindo

de Paris, topámos aquele sujeitoque nos interrogou e nos deu depoisum belo Iuiz de oiro.

A esta recordação, o gascão, querespondia ao nome de Estocada,pareceu enternecer-se de súbito,dizendo :

E' verdade; aquele era umhomem honrado. Nunca me esque-cerei do seu nome, apesar de seresse nome apenas o de batismo.

Não importa: se alguma vez essesr. Salverio tiver necessidade darainha espada...

E dos meus punhos...Terei o gosto de andar porele á cutilada. Mas basta... Dizias,pois Cabeça de Perro, que desdeentão jejuas.Desta vez, assim disse...

Com efeito, naquele dia devo-raste como um Gargantua.

E tu !Eu tambem, por vida minha!...

Mas desde então apertamos cadavez mais o cinturão. Por tua culpa!

Por minha culpa, viva Deus!— exclamou Cabeça de Perro es-tupefacto.

Sim, foste tu quem mo arras-tou para o Norte, quando eu queriair para o Sul. Mas... basta de re-criminações. .. Eata manhã haa-dealmoçar.

Deveras ?Juro-to pelo gasnete dos meu3

antepassados... Justamente, aquiestá o que eu procurava... Vaisver.

Os dois companheiros seguiamnaquele instante um arroio. Esto-cada tirou do bolso uma dúzia defrasquinhos e pòz-se gravementea enchê-los com a agua límpida doriacho.

Que e8tás.íazendo? perguntouassombrado Cabeça de Perro.

Estou recolhendo o nosso almo-ço, e talvez a nossa riqueza... Tunão pensas em coisa alguma; maseu, em todos os sítios em que en-trámos, perguntei se não podiamdar-me um frasco que já não pres-tasse. Juntei estes.

Estás louco !Veremos! respondeu Estocada.

Tapou cuidadosamente os frascos,embrulhou-os num papel e guardou-os no bolso. Depois tornaram a pòr-se a caminho.

(Continua).