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Larissa Maria Bellotto Zago ANÁLISE DO EXCESSO DE PESO NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGA NA BR 101 NO SUL DO ESTADO DE SANTA CATARINA UTILIZANDO SISTEMAS DE PESAGEM EM MOVIMENTO (WIM) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial para a obtenção do título em Engenharia área Civil, habilitação Produção Civil. Orientador: Prof. Enzo Morosini Frazzon, Dr. Florianópolis 2018

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Larissa Maria Bellotto Zago

ANÁLISE DO EXCESSO DE PESO NO TRANSPORTE

RODOVIÁRIO DE CARGA NA BR 101 NO SUL DO ESTADO DE

SANTA CATARINA UTILIZANDO SISTEMAS DE PESAGEM

EM MOVIMENTO (WIM)

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Departamento de

Engenharia de Produção e Sistemas da

Universidade Federal de Santa

Catarina, como requisito parcial para a

obtenção do título em Engenharia área

Civil, habilitação Produção Civil.

Orientador: Prof. Enzo Morosini

Frazzon, Dr.

Florianópolis

2018

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor

através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária

da UFSC.

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Larissa Maria Bellotto Zago

ANÁLISE DO EXCESSO DE PESO NO TRANSPORTE

RODOVIÁRIO DE CARGA NA BR 101 NO SUL DO ESTADO DE

SANTA CATARINA UTILIZANDO SISTEMAS DE PESAGEM

EM MOVIMENTO (WIM)

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado e aprovado,

em sua forma final, pelo Curso de Graduação em Engenharia de Produção

Civil da Universidade Federal de Santa Catarina.

Local, 30 de Novembro de 2018.

________________________

Prof.ª Marina Bouzon, Dr.ª

Coordenadora do Cursos de

Graduação Engenharia de Produção

Banca Examinadora:

________________________

Prof. Enzo Morosini Frazzon, Dr.

Orientador

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Prof. Antônio Sérgio Coelho, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Jorge Destri Júnior, Dr.

Universidade Federal de Santa Catarina

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Dedicado aos meus pais, Clemir Zago e

Leslei Angela Maria Bellotto.

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AGRADECIMENTOS

A vida e ao universo, por me disponibilizar todas as ferramentas

necessárias para enfrentar os desafios que me proponho. Mesmo me

deparando com sentimentos de solidão no processo de elaboração do

TCC, foi possível encontrar meios para concluí-lo.

Aos meus pais, pelo total apoio e amor, nunca mediram esforços

para que eu chegasse até esta etapa da minha vida. Agradeço por todos

ensinamentos que me foram passados, constituindo a base de todo meu

ser.

Ao Laboratório de Transporte e Logística (LabTrans) da

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e toda sua equipe.

Agradeço pela oportunidade de realizar esse trabalho com os recursos

cedidos.

Ao Jorge, por toda ajuda e tempo dedicados.

A minha amiga Mariane, pela orientação e suporte nesse trabalho.

Aos amigos Evandro e Thayse, pelos requintes de suas profissões nessa

confecção.

A todos meus amigos que fiz em Florianópolis e que levarei pro

resto da vida. Agradeço pelos bons momentos que tivemos e que ficarão

marcados em minha memória para sempre.

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“A humildade é a base e o fundamento de todas as virtudes e sem ela não há nenhuma

que o seja.”

(Miguel de Cervantes)

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RESUMO

O modal rodoviário é o mais utilizado no Brasil. Pesquisas recentes

indicam que 61,8% da rede pavimentada brasileira apresenta deficiências

para deslocar os 61,1% do total de cargas produzidas no país. Essas

inadequações no pavimento podem elevar o custo operacional do

transporte rodoviário de cargas em até 91,5%. O excesso de carga por

eixos nos veículos é um agente determinante na aceleração da

deterioração do pavimento. Sendo a prática do sobrepeso em veículos

rodoviários de carga uma conduta comum no Brasil, mostra-se

fundamental o monitoramento por pesagem desses veículos. No presente

trabalho, desenvolveu-se um estudo de caso que analisou a ocorrência do

sobrepeso no transporte rodoviário de carga na BR-101 no sul do estado

de Santa Catarina utilizando sistemas de pesagem em movimento

(Weigh-In-Motion – WIM). A análise demonstrou que 11,32% dos

veículos apresentaram excesso de peso nos eixos acima da tolerância

vigente prevista na legislação.

Palavras-chave: Transporte rodoviário de carga. Excesso de carga.

Fiscalização por pesagem.

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ABSTRACT

In the topic of freight transportation, truckload is the most used in Brazil.

Recent research shows that 61.8% of the Brazilian paved roads network

has presented impairments in transportation of 61.1% of all loads

produced in the country. Hence, these pavement inadequacies can raise

operational costs up to 91.5%. Excessive load by vehicle axis is a

determinant agent in the acceleration of pavement deterioration. Thus, the

practice of overload in cargo road vehicles is common in Brazil.

Therefore, the weight monitoring of these vehicles is shown to be

necessary. In the present work, a case study was developed, analyzing the

occurrence of overweight in road transportation in Brazil's highway BR-

101, located in southern Santa Catarina state, applying the Weight-In-

Motion (WIM) method. The analysis showed that 11.32% of the vehicles

were overweight, above the tolerance according to the current legislation.

Keywords: Freight truck transportation. Load excess. Weighting control.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Malha rodoviária brasileira. .................................................. 35 Figura 2 - Configurações dos eixos de veículos rodoviários de carga. . 56 Figura 3 - Veículo fabricado com capacidade acima da permitida. ...... 61 Figura 4 - Sensor do tipo capacitive mats com equipamento de análise de

dados. .................................................................................................... 70 Figura 5 - Sensores piezoelétricos em operação. ................................... 71 Figura 6 - Sensor strain gauge instalado. .............................................. 72 Figura 7 - Sensores SiWIM instalados sob ponte. ................................. 72 Figura 8 - Sensores piezelétricos de quartzo, cerâmica e polímero

instalados na pista de testes do DNIT em Araranguá-SC. ..................... 74 Figura 9 - Montagem do sistema bending plate. ................................... 75 Figura 10 - Sistema bending plate em funcionamento. ......................... 75 Figura 11 - Balança com tecnologia hidraulic load-cell. ...................... 76 Figura 12 - Posto de pesagem na Holanda: WIM e sistema de vídeo (VID).

............................................................................................................... 79 Figura 13 - Pórtico para controle de pagamento de pedágio. ................ 82 Figura 14 - Instalação dos sistemas de HS-WIM para pré-seleção de

veículos. ................................................................................................ 83 Figura 15 - Etapas da metodologia. ....................................................... 84 Figura 16 - Faixa monitorada pelo sistema WIM em Araranguá. ......... 88 Figura 17 - Leiaute de instalação dos sensores e equipamentos. ........... 89 Figura 18 - Dados de entrada, ações e saídas obtidos através do

processamento dos dados. ..................................................................... 92 Figura 19 - Sistemas WIM instalados na BR-101 em Araranguá. ........ 96

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evolução da extensão das rodovias federais pavimentadas

brasileiras – 1002 a 2017 (valores em mil km). .................................... 36 Gráfico 2 - Densidade da malha rodoviária pavimentada por pais (valores

em km/1.000 km²). ................................................................................ 37 Gráfico 3 - Percentual da extensão de rodovias federais por região. ..... 38 Gráfico 4 - Densidade da malha rodoviária federal pavimentada por

região do Brasil (valores em km/1.000 km²). ........................................ 39 Gráfico 5 - Classificação de Estado Geral das rodovias. ....................... 40 Gráfico 6 - Resumo das características das rodovias. ........................... 41 Gráfico 7 - Evolução da avaliação positiva (Ótimo ou Bom) das rodovias

públicas federais do Brasil – 2004 a 2017 (%). ..................................... 42 Gráfico 8 - Aumento do custo operacional conforme o estado do

pavimento das rodovias. ........................................................................ 66 Gráfico 9 - Divisão dos registros de veículos com sobrepeso por tipo de

enquadramento. ..................................................................................... 99 Gráfico 10 - Divisão dos registros de veículos com sobrepeso severo por

tipo de enquadramento. ....................................................................... 101 Gráfico 11 - Frequência de veículos com sobrepeso por mês do ano. 104 Gráfico 12 - Frequência de veículos com sobrepeso severo por mês do

ano. ...................................................................................................... 106 Gráfico 13 - Frequência de veículos com sobrepeso por dia de semana.

............................................................................................................. 108 Gráfico 14 - Frequência de veículos com sobrepeso severo por dia de

semana. ................................................................................................ 109 Gráfico 15 - Frequência de veículos com sobrepeso por intervalo de hora

do dia. .................................................................................................. 111 Gráfico 16 - Frequência de veículos com sobrepeso severo por intervalo

de hora do dia. ..................................................................................... 113

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Algumas configurações de veículos de carga do Quadro de

Fabricantes de Veículo. ......................................................................... 56 Quadro 2 - Categorias de condição da superfície do pavimento. .......... 62 Quadro 3 - Silhueta dos veículos 4C e 4CD. ......................................... 93 Quadro 4 - Silhueta dos veículos 3C e 3CD. ......................................... 94 Quadro 5 - Exemplos de dados de saída do pós-processamento de

classificação veicular............................................................................. 94 Quadro 6 - Comprimentos e PBT’s relativos aos veículos da classe 3I3.

............................................................................................................... 95

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Matriz dos modais de transporte de cargas do Brasil. .......... 34 Tabela 2 - Classificação de Estado Geral. ............................................. 39 Tabela 3 - Transportadores. ................................................................... 44 Tabela 4 - Idade média dos veículos. .................................................... 45 Tabela 5 - Custo total e médio de acidentes por gravidade. .................. 67 Tabela 6 - Quantidade de postos de pesagem no Brasil. ....................... 78 Tabela 7 - Ocorrência de veículos com sobrepeso por tipo de

enquadramento. ................................................................................... 100 Tabela 8 - Ocorrência de veículos com sobrepeso severo por tipo de

enquadramento. ................................................................................... 101 Tabela 9 - Índices de veículos por classe. ........................................... 102 Tabela 10 - Ocorrência de veículos com sobrepeso por classe de veículos.

............................................................................................................. 102 Tabela 11 - Ocorrência de veículos com sobrepeso severo por classe de

veículos. .............................................................................................. 103 Tabela 12 - Ocorrência de veículos com sobrepeso por mês do ano. .. 105 Tabela 13 - Ocorrência de veículos com sobrepeso severo por mês do ano.

............................................................................................................. 107 Tabela 14 - Ocorrência de veículos com sobrepeso por dia de semana.

............................................................................................................. 108 Tabela 15 - Ocorrência de veículos com sobrepeso severo por dia de

semana. ................................................................................................ 110 Tabela 16 - Ocorrência de veículos com sobrepeso por hora do dia. .. 111 Tabela 17 - Ocorrência de veículos com sobrepeso severo por hora do dia.

............................................................................................................. 113

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AET Autorização Especial de Trânsito

ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres

CMT Capacidade Máxima de Tração

CNT Confederação Nacional do Transporte

CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito

CTB Código de Trânsito Brasileiro

DENATRAN Departamento Nacional de Trânsito

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes

EI Estação Integrada

HS-WIM Sistema de pesagem em movimento a alta

velocidade

ICM Índice de Condição da Manutenção

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial

LabTrans Laboratório de Transportes e Logística

LS-WIM Sistema de pesagem em movimento a baixa

velocidade

MS-WIM Sistemas de pesagem em movimento com múltiplos

sensores

PBT Peso Bruto Total

PPV Postos de Pesagem de Veículos

PBTC Peso Bruto Total Combinado

QFV Quadro de Fabricantes de Veículos

RAD Rapid Application Development

SQL Structures Query Language

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UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

WIM Weigh-In-Motion (Pesagem em movimento)

WIM-VID Estação Virtual de Pesagem

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................... 27 1.1 OBJETIVOS ......................................................................... 28

1.1.1 Objetivo geral ...................................................................... 28

1.1.2 Objetivos específicos ........................................................... 28

1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................. 28

1.3 MÉTODO DE PESQUISA ................................................... 30

1.4 DEMILITAÇÕES ................................................................. 31

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................... 32

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................... 33 2.1 O CENÁRIO RODOVIÁRIO BRASILEIRO ...................... 33

2.2 A INFRAESTRUTURA RODOVIÁRIA DO BRASIL ....... 34

2.3 O TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS ............... 42

2.4 LESGISLAÇÃO E LIMITES DE CARGA .......................... 45

2.5 EXCESSO DE CARGA E OS DANOS NO PAVIMENTO 60

2.6 CUSTOS OPERACIONAIS E ACIDENTES ....................... 65

2.7 A PESAGEM DOS VEÍCULOS DE CARGA ..................... 67

2.8 A FISCALIZAÇÃO POR PESAGEM .................................. 77

2.8.1 Holanda ................................................................................ 78

2.8.2 Suíça ..................................................................................... 80

2.8.3 Alemanha ............................................................................. 81

2.8.4 França .................................................................................. 82

3 PROCEDIMENTO METODOLOGICO .......................... 84 4 APLICAÇÃO DO ESTUDO DE CASO............................ 87 4.1 DEFINIÇÃO CONCEITUAL TEÓRICA ............................ 87

4.2 PLANEJAMENTO DO ESTUDO DE CASO ...................... 87

4.2.1 Unidade de análise .............................................................. 87

4.2.2 Ferramentas utilizadas na análise dos dados .................... 89

4.3 INSTRUMENTOS E MÉTODOS DOS DADOS................. 90

4.3.1 Análise de qualidade dos dados ......................................... 90

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4.3.2 Classificação veicular ......................................................... 90

4.3.3 Saneamento dos dados ........................................................ 95

4.4 COLETA DE DADOS .......................................................... 96

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................... 98 5.1 ANÁLISE POR TIPO DE ENQUADRAMENTO ............... 99

5.2 ANÁLISE POR CLASSE DE VEÍCULOS ........................ 102

5.3 ANÁLISE POR MÊS DO ANO ......................................... 103

5.4 ANÁLISE POR DIA DE SEMANA .................................. 107

5.5 ANÁLISE POR HORA DO DIA ....................................... 110

6 CONCLUSÕES ................................................................. 115 REFERÊNCIAS ................................................................ 117

APÊNDICE A – Ocorrência de sobrecarga por classe de

veículo do total de veículos passantes pela Estação

Integrada devidamente classificados ............................... 121

ANEXO A – Código de programação utilizado no

processamento dos dados coletados pelo sistema de

pesagem em movimento. ................................................... 123

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil encontra-se hoje em posição de destaque entre as maiores

economias mundiais, sendo também considerada uma potência

emergente. No entanto, um dos grandes desafios a ser vencido é a sua

ineficiência logística. Com a globalização, acirra-se a concorrência a

nível mundial, sendo necessário haver desenvolvimento e modernização

tanto no processos logísticos quanto na infraestrutura logística do país.

Conforme o Boletim Estatístico de 2018 da Confederação

Nacional do Transporte (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO

TRANSPORTE, 2018), pelas estradas do país são transportadas 61,1%

das cargas brasileiras e mais de 92 milhões de passageiros. O estímulo a

este modal de transporte se deu especialmente após a década de 50 com o

governo de Juscelino Kubitschek, devido implantação de subsidiária de

grandes indústrias automobilísticas, estabelecendo assim, que a estratégia

governamental concentrasse seus investimentos em rodovias.

A malha rodoviária brasileira contabiliza atualmente 1.735.621km

de vias, dos quais apenas 12,3% são pavimentadas (PESQUISA..., 2017).

Conforme apontado pela Pesquisa CNT de Rodovias em 2017, da

extensão total avaliada pelo órgão, 61,8% apresentaram no estado geral

da via algum tipo de deficiência. Estima-se, de acordo com a Agência

Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que circulem nas rodovias

brasileiras 1.828.744 veículos transportadores de carga (ANTT, 2018a).

A ação do tráfego, não só pelo peso transportado, mas também pela

frequência com que solicita o pavimento, é uma das causas que provoca

o desgaste e a deterioração do mesmo. Contudo, o excesso de carga por

eixos é um agente determinante na aceleração desse processo (ALBANO,

2005). Segundo estudos da CNT (2017), as inadequações no pavimento

podem elevar o custo operacional do transporte rodoviário de cargas em

até 91,5%.

A prática de sobrepeso em veículos rodoviários é um problema

comum e preocupante que desafia os órgãos com jurisdição sobre

rodovias e intensifica a necessidade de desenvolver mecanismos cada vez

mais eficazes e abrangentes para o controle dessa prática, garantindo

assim boas condições de trafegabilidade nas estradas, segurança dos

usuários e concorrência leal de transportadores.

Os sistemas de pesagem em movimento (Weigh-In-Motion –

WIM) têm sido objeto de estudo nas últimas décadas na área rodoviária

sendo difundidos e implementados em diversos países. Esses sistemas são

capazes de estimar o peso total de um veículo e que parte desse peso é

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suportada e, consequentemente, transmitida ao pavimento, por cada eixo

ou grupo de eixos do veículo, em velocidade de fluxo de tráfego.

Diante dos desafios mencionados, surge a necessidade de conhecer

e entender o sobrepeso praticado pela frota de veículos de carga que

circulam no Brasil. O presente trabalho propõe-se realizar um estudo de

caso utilizando dados coletados através de sistemas de pesagem em

movimento (WIM) instalados no quilometro 417, da faixa de rolamento

de sentido Norte-Sul da rodovia BR-101 no sul do Estado de Santa

Catarina, a fim de identificar e caracterizar a ocorrência de sobrepeso nos

veículos de carga.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é analisar a ocorrência do sobrepeso

no transporte rodoviário de carga na BR-101 no sul do Estado de Santa

Catarina.

1.1.2 Objetivos específicos

Visando alcançar o objetivo geral deste trabalho, os seguintes

objetivos específicos se apresentam:

Descrever os problemas causados pela pratica do

sobrepeso nas estradas brasileiras;

Descrever como é feita a fiscalização de sobrecarga de

veículos e identificar as tecnologias utilizadas;

Caracterizar, a partir dos dados de controle e pesagem da

Estação Integrada de Araranguá, o sobrepeso praticado

pelos veículos de carga na BR-101 no sul do estado de

Santa Catarina.

1.2 JUSTIFICATIVA

O transporte rodoviário no Brasil é o principal modal para

movimentação de cargas e pessoas, contribuindo significativamente para

o desenvolvimento socioeconômico nacional. Com uma participação de

mais de 61% na matriz de transporte de cargas e de 95% na de

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29

passageiros, a infraestrutura rodoviária é também a principal responsável

pela integração de todo o sistema de transporte no país (PESQUISA...,

2017).

Reconhecendo a importância do modal rodoviário para a sociedade

brasileira, é fundamental conhecer as condições de sua infraestrutura,

identificando suas principais características, deficiências e necessidades

de melhoria, para então, essas informações auxiliarem nas tomadas de

decisões dos setores público e privado, contribuindo para a construção de

um setor de transporte mais produtivo e eficaz.

A qualidade e durabilidade do pavimento depende de diversos

fatores, contudo um dos que mais se destaca na deterioração do mesmo é

o sobrepeso de veículos de carga. Afim de garantir a vida útil da via, boas

condições de trafegabilidade e segurança aos que trafegam, os órgãos

competentes necessitam de sistemas eficientes de fiscalização e

monitoramento das rodovias.

A questão do excesso de peso e os decorrentes danos provocados

aos pavimentos vêm sendo bastante discutidos. Fernandes Jr. (1994)

desenvolveu um estudo bastante conclusivo sobre os impactos do

sobrepeso por eixo dos veículos de carga no pavimento.

Albano e Masieiro (2003) avaliaram a redução na vida útil prevista

para os pavimentos com tráfego com e sem pesagens dos veículos em um

trecho de rodovia no Rio Grande do Sul. A comparação entre o trecho

com pesagem de veículos e o trecho sem pesagem, resultou em uma

redução de 22,7% na vida útil do pavimento.

Fontenele et al. (2011) investigaram, além do efeito do excesso de

carga dos veículos nas estradas, a quantidade de autuações geradas devido

aos excessos. Destacaram a crítica situação dos danos causados ao

pavimento devido ao excesso de peso dos veículos como também o

aumento do risco de acidentes pelo desgaste dos próprios veículos,

comprometendo a segurança de todos usuários do sistema rodoviário.

Díaz et. al. (2012) analisaram a alta capacidade de carga de

veículos com várias configurações de eixos, concluindo que maiores

cargas do que as permitidas por norma eram inadequadas para os

pavimentos existentes.

Pais et al. (2013) avaliaram os danos do excesso de carga em

veículos para cada composição de eixos e em cinco composições

diferentes de pavimento, concluindo que o excesso de peso aumenta o

custo nos pavimentos em mais de 100%.

Sabendo que o excesso de peso praticado pelos veículos de carga

é a principal causa de deterioração dos pavimentos, investigar a

prevalência das principais classes de veículos mostra-se uma ferramenta

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30

importante no auxílio dos processos de prevenção que venham a

complementar os instrumentos de fiscalização existentes no contexto do

controle de sobrepeso em rodovias do Brasil.

A pesagem dinâmica através de balanças com veículos em

movimento, consagrada pela designação WIM (Weigh-In-Motion) é um

enorme potencial, uma vez que permitem a pesagem dos veículos

diretamente do fluxo de tráfego e velocidade operacional da via sem

necessidade de manobras de frenagem e aceleração, além do custo de

implantação, se comparado com a pesagem estática, ser baixo. Desse

modo, garantir o sistema dinâmico de pesagem no plano de fiscalização

do sobrepeso no Brasil se torna atrativo.

Sendo assim, estudos de investigação da ocorrência de sobrepeso

nos veículos de carga e a identificação das classes praticantes dessa

cultura se mostram relevantes para o combate desta ação, visto que o

transporte rodoviário é fundamental para o desenvolvimento econômico

do país. A compreensão da necessidade de um sistema de monitoramento

e fiscalização eficiente assegura melhores condições das rodovias para os

usuários.

1.3 MÉTODO DE PESQUISA

Este trabalho classifica-se primordialmente de acordo com a

natureza, abordagem do problema, os objetivos estabelecidos e a

metodologia de pesquisa.

A natureza do trabalho pode ser caracterizada como pesquisa

aplicada, uma vez que propõe-se gerar conhecimento na aplicação prática

a fim de obter a solução de um problema especifico. No caso, o problema

a ser solucionado é a identificação da ocorrência de sobrepeso nos

veículos de carga que circularam no quilometro 417 da BR-101.

Quanto à abordagem do problema, pode ser considerada

quantitativa, visto que busca-se resultados concretos e quantificáveis,

sendo realizada análises de contagens dos veículos de carga praticantes

de sobrepeso na BR-101.

Quanto aos objetivos, classifica-se como pesquisa descritiva por

ter como objetivo a descrição das características de determinada

população ou fenômeno, isto é, a descrição das características dos

veículos praticantes de sobrepeso no ponto de coleta de dados.

Em relação ao método, o trabalho é definido como um estudo de

caso de caráter empírico, no qual investigou o fenômeno do sobrepeso no

km 116 da BR-101, sendo um contexto real contemporâneo. A

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31

investigação se deu através da análise aprofundada do objeto de estudo,

no qual utilizou-se ferramentas computacionais com dados de entrada

gerando resultados da realidade.

1.4 DEMILITAÇÕES

O trabalho aborda uma problemática específica a ser analisada: o

sobrepeso praticado por veículos de carga que trafegaram na faixa de

rolamento sentido Norte-Sul da BR-101, no sul do Estado de Santa

Catarina no período de 01 de junho de 2016 a 31 de maio de 2017.

Para realização desta pesquisa, o Departamento Nacional de

Transportes (DNIT) em parceria com o Laboratório de Transportes

(LabTrans) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

disponibilizou os dados de pesagem da Estação Integrada (EI) de

Araranguá obtidos em um dos sistemas de pesagem em movimento

implantados na rodovia. A classificação dos veículos de carga realizada

na pesquisa se restringem aos padrões disponibilizados no Quadro de

Fabricantes de Veículos (QFV), estabelecido pelo DNIT.

A limitação neste trabalho se deu pela desconsideração do tipo de

rodado dos eixos e o comprimentos dos veículos pelo algoritmo de

classificação veicular do sistema WIM, no qual são características

singulares entre as classes dos veículos de carga. Desse modo, caso

houvesse correções no algoritmo de classificação do sistema, o mesmo

poderia classificar de forma automática e mais confiável sem necessidade

de um pós-tratamento dos dados.

Os dados são referentes a pesagem de veículos comerciais, porém,

para o trabalho em questão foram somente utilizados as informações dos

veículos de carga, sendo descartadas as informações referentes a ônibus.

As análises dos dados não consideraram a necessidade de

Autorização Especial de Trânsito (AET) para os veículos que passaram

pela EI no período estudado. A AET é um documento expedido pelos

Departamento de Estradas de Rodagens do estado responsável, para

veículo ou combinação de veículos utilizados no transporte de cargas

especial ou indivisível, que não se enquadre nos limites de peso e

dimensões estabelecidos pelo Conselho Nacional de Trânsito

(CONTRAN).

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1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

A primeira parte do trabalho é composta dessa Introdução com a

apresentação de sua proposta, objetivos do estudo, justificativa, método

da pesquisa e delimitações.

O Capítulo 2 do trabalho, intitulado Fundamentação Teórica, está

organizado por abordagem individualizada, no qual contém a

contextualização dos seguintes temas: O cenário rodoviário brasileiro; A

infraestrutura rodoviária do Brasil; O transporte rodoviário de cargas;

Legislação e limites de carga; Excesso de carga e os danos no pavimento;

Fiscalização por pesagem; Custos operacionais e acidentes; A pesagem

dos veículos de carga. Essas seções apresentam o embasamento

conceitual e teórico com aprofundamentos em assuntos do interesse

metodológico.

No Capítulo 3 a abordagem metodológica é descrita

compreendendo o enquadramento e procedimento metodológico utilizado

no estudo de caso, a fim de alcançar os objetivos da pesquisa. São

apresentadas as principais etapas para definição conceitual teórica,

planejamento do estudo de caso, instrumentos e métodos utilizados nos

dados e coleta dos dados.

O Capítulo 4 apresenta os resultados obtidos nas análises do estudo

de caso. Para cada análise foi detalhado os resultados e suas

particularidades.

Por fim, são apresentados, no Capítulo 5, as conclusões do

trabalho.

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33

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O CENÁRIO RODOVIÁRIO BRASILEIRO

O Brasil contabiliza 8.515.767,049 km² de área, sendo o quinto

maior país do globo em extensão, concomitantemente o contexto

rodoviário enfrenta dificuldades de infraestrutura viária para sua

integração e desenvolvimento social e econômico. (IBGE, 2016).

Desde antes da década de 30 já haviam investimentos em obras

viárias apoiadas pelo governo. Em 1926, Washington Luís se tornou

presidente da república com o lema “governar é abrir estradas”. Através

da criação do Fundo Especial para Construção e Conservação de Estradas

de Rodagem Federais, imposto sobre a importação de caminhões,

automóveis, peças de reposição e gasolina, construiu 69 km da rodovia

Rio – Petrópolis, sendo a primeira rodovia asfaltada do país e considerada

um marco da engenharia nacional. Logo em seguida iniciou-se a

construção da rodovia Rio-São Paulo, com 121 km de extensão. Em 1937,

no governo de Vargas, foi criado o Departamento Nacional de Estradas

de Rodagem (DNER) e construída a Rodovia Régis Bittencourt,

considerada a primeira grande estrada do Brasil, no qual liga São Paulo a

Porto Alegre passando por Curitiba (JUNIOR, 2006). Na década de 40, o

Brasil dispunha de 423 km de rodovias federais pavimentadas e estaduais.

Uma década depois, já eram contabilizados 968 km e nos anos 80

estimava-se 47 mil km apenas em rodovias pavimentadas federais

(ALBANO, 2005).

O governo de Juscelino Kubitschek, 1956 - 1961, foi marcado por

grandes investimentos na indústria automobilística nacional, subsídio de

grandes montadoras multinacionais e a decisão de construir a nova capital

no interior do país. Essa estratégia de governo passou a concentrar seus

investimentos em infraestrutura rodoviária. Assim, o mercado

automobilístico tornou-se uma das bases da economia brasileira

(ALBANO, 2005). Na composição percentual entre os modais de

transporte da década de 50, o rodoviário de carga representava 38% do

total de transportes, o de cabotagem 32,4% e o ferroviário 29,2%

(MINISTÉRIO DO TRANSPORTES, 1970).

A partir de meados da década de 80, houve uma redução dos

investimentos públicos na malha rodoviária do país (ALBANO, 1998). O

crescimento acelerado da infraestrutura rodoviária deu espaço pra

estagnação.

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Conforme o Boletim Estatístico de maio de 2018 da Confederação

Nacional do Transporte (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO

TRANSPORTE, 2018), pelas estradas do país são transportadas 61,1%

das cargas brasileiras conforme mostra a Tabela 1. Esse quantidade

corresponde a cerca de 486 milhões de TKU (tonelada-quilômetro-útil).

Tabela 1 - Matriz dos modais de transporte de cargas do Brasil.

Matriz do Transporte de Cargas

Modal Milhões (TKU) Participação (%)

Rodoviário 485.625 61,1

Ferroviário 164.809 20,7

Aquaviário 1008.00 13,6

Dutoviário 33.300 4,2

Aéreo 3.169 0,4

Total 794.903 100,0

Fonte: (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE, 2018).

Dessa forma, se observa a importância do sistema rodoviário e sua

ampla influência na política e no desenvolvimento econômico com efeitos

diretos nos interesses do país.

2.2 A INFRAESTRUTURA RODOVIÁRIA DO BRASIL

O Brasil dispõe atualmente, de acordo com dados oficiais da

Confederação Nacional do Transporte (CNT), de 1.735.621 km de

rodovias dos quais 212.886 km são pavimentados que representam 12,3%

da extensão total da malha (PESQUISA..., 2017).

A Figura 1 apresenta a composição da malha rodoviária brasileira

referente ao ano de 2017 com base na gestão e tipo de rodovia. Observa-

se que da extensão total de rodovias pavimentadas 64,825% são de

rodovias federais (PESQUISA..., 2017).

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Figura 1 - Malha rodoviária brasileira.

Fonte: PESQUISA... (2017).

A CNT realiza anualmente, desde 1995, pesquisas sobre os modais

rodoviário, ferroviário, aquaviário e aeroviário englobando tanto o

transporte de passageiros quanto o de cargas. No âmbito do modal

rodoviário, os trabalhos reúnem informações e dados sobre todas as

rodovias federais e principais rodovias estaduais da malha viária

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pavimentada do país considerando o estado geral da via, as condições do

pavimento, sinalização, geometria, situação de rodagens e entre outros

aspectos. Além de auxiliar os transportadores, os dados coletados

possibilitam o monitoramento das políticas públicas e os resultados dos

investimentos públicos e privados.

Conforme a 21ª edição da pesquisa de 2017 da CNT, nos últimos

dez anos a ampliação acumulada da extensão das rodovias federais

pavimentadas cresceu 11,3%, o que significa um crescimento aproximado

de 1,0% ao ano conforme Gráfico 1.

Gráfico 1 - Evolução da extensão das rodovias federais pavimentadas brasileiras

– 1002 a 2017 (valores em mil km).

Fonte: PESQUISA... (2017).

De 2015 para 2016, é possível notar uma redução em torno de 2,7%

de extensão das rodovias federais pavimentadas. Essa redução decorre da

transferência de cerca de 2.500 km de rodovias federais para os Estados

e para o Distrito Federal por ordem da MP nº 082/2002 (PESQUISA...,

2017).

Um dos aspectos que influenciam nas condições das rodovias

pavimentadas no país é à demanda por essa infraestrutura. Ao se comparar o crescimento da frota de veículos que circulam pelo país com o da malha

rodoviária pavimentada brasileira, constata-se que a expansão desta não

acompanhou o ritmo de crescimento da frota. Nos últimos 10 anos, a frota

de veículos no Brasil cresceu 102,4%, enquanto as rodovias federais

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pavimentadas cresceram somente 11,3% (PESQUISA... apud

DENATRAN, 2017).

A densidade de infraestrutura rodoviária, isto é, quilometragem de

rodovia pavimentada por 1000 km² de área, é atualmente de 24,8 km por

1.000 km² de área. Este considera-se um baixo valor se comparado a

outras nações de dimensão territorial similar ao Brasil ou mesmo com

alguns países da América Latina com índice de desenvolvimento

semelhantes ao Brasil. O Gráfico 2 apresenta a densidade da malha

rodoviária de alguns países, entre eles os Estados Unidos com 438,1 km

por 1.000 km² de área, a China com 359,9 km por 1.000 km² de área e a

Uruguai com 43,9 km por 1.000 km² de área (PESQUISA..., 2017).

Gráfico 2 - Densidade da malha rodoviária pavimentada por pais (valores em

km/1.000 km²).

Fonte: PESQUISA... (2017).

Conforme a pesquisa da CNT de 2017, identifica-se a desigualdade

entre as regiões do país quanto à distribuição das rodovias federais

pavimentadas, como pode ser constatado no Gráfico 3.

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Gráfico 3 - Percentual da extensão de rodovias federais por região.

Fonte: PESQUISA... (2017).

Do total da malha rodoviária federal pavimentada, o Nordeste do

país é a região com maior extensão desse tipo de infraestrutura, com

19.864,8 km, o que representa 30,6% do total nacional, seguida das

regiões Sudeste e Sul, onde estão concentrados 12.565,1 km e 12.039,2

km, respectivamente, representando 19,4% e 18,6% das rodovias federais

pavimentadas (PESQUISA..., 2017).

No entanto, quando se analisa a densidade da malha por região,

observa-se que, apesar de a maior extensão estar na região Nordeste, a

maior concentração está localizada na região Sul, conforme apresentado

no Gráfico 4, cujo resultado confirma a desigualdade na distribuição

dessa infraestrutura entre as regiões do país (PESQUISA..., 2017).

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

(DNIT), em 2017, através do Índice de Condição da Manutenção (ICM),

indicador de condição de qualidade das rodovias federais, avaliou 52 mil

quilômetros de rodovias federais pavimentadas. O indicador considerou

buracos, remendos, trincamentos, sinalização (elementos verticais e

horizontais), drenagem (dispositivos superficiais) e roçagem das rodovias

(altura da vegetação). Como resultado, constatou-se que 67,5% estavam

em boas condições, 20,6% estavam em estado regular, 6,9% em estado

ruim e 5% foram consideradas em péssimo estado. Ainda segundo essa

pesquisa para o Estado de Santa Catarina, as rodovias federais

apresentaram-se em 64% dos casos em boas condições, 25% regulares,

8% ruim e 3% considerados péssimo.

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Gráfico 4 - Densidade da malha rodoviária federal pavimentada por região do

Brasil (valores em km/1.000 km²).

Fonte: PESQUISA... (2017).

Conforme apontado pela Pesquisa CNT de Rodovias em 2017 da

extensão total avaliada, 61,8% apresentaram no estado geral da via algum

tipo de deficiência - resultante da existência de desgastes, trincas em

malha, remendos, afundamentos, ondulações e buracos na superfície do

pavimento -, sendo classificados em 33,6% em estado regular, 20,1%

ruim e 8,1% péssimo (Tabela 2 e Gráfico 5) (PESQUISA..., 2017).

Tabela 2 - Classificação de Estado Geral.

Estado Geral Extensão Total

km %

Ótimo 9.442 8,9

Bom 310.040 29,3

Regular 35.590 33,6

Ruim 21.217 20,1

Péssimo 8.525 8,1

Total 105.814 100,0

Fonte: PESQUISA... (2017).

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Gráfico 5 - Classificação de Estado Geral das rodovias.

Fonte: PESQUISA... (2017).

Focando-se no Gráfico 6, segundo pesquisa da CNT (2017), na

qual aponta os resultados das características das vias, a pior classificação

foi em relação a geometria da via, no qual 77,9% apresentou algum tipo

de deficiência. Para os atributos de sinalização e pavimento,

respectivamente, 59,2% e 50%, das rodovias apresentaram algum tipo de

deficiência (PESQUISA..., 2017).

Considerando-se apenas as rodovias federais pavimentadas, os

resultados da pesquisa indicam problemas persistentes na infraestrutura,

com destaque para aqueles relacionados à geometria da via e ao

pavimento (Gráfico 7). Entre 2004 e 2017, o percentual de rodovias sob

gestão pública federal avaliadas como ótimo ou bom teve incremento de

20,1 pontos percentuais. Entre 2016 e 2017, contudo, houve queda de 3,9

pontos percentuais, evidenciando a dificuldade enfrentada pelo país no

objetivo de adequar a infraestrutura de forma célere e de mantê-la em boas

condições. É relevante considerar que a característica sinalização, que

vinha apresentando melhorias consecutivas, teve o pior resultado em

2017: queda de 7,9 pontos percentuais na avaliação positiva em relação a

2016 (PESQUISA..., 2017).

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Gráfico 6 - Resumo das características das rodovias.

Fonte: PESQUISA... (2017).

Ainda analisando os resultados históricos das pesquisas

rodoviárias da CNT, a variação das condições viárias numa mesma

estrada chama bastante atenção. Coabitam trechos comparáveis a

qualidade das rodovias de países desenvolvidos com trechos totalmente

intrafegáveis, nos quais além de prejuízos econômicos também acarretam

perigo a segurança da população (ALBANO, 2005).

Os estudos da CNT (2017) também oferecem o resultado por

unidade da federação ou por região, sendo possível notar a característica

marcante do desequilíbrio regional favorável às regiões Sul se comparado

às outras regiões do país, mas principalmente em detrimento da região

Nordeste. A região Sudeste é avaliada como tendo a melhor malha

rodoviária do país, com 55,4% da extensão pesquisada classificada com

estado geral ótimo ou bom. Já a região com as piores condições é a Norte,

com apenas 23,4% das rodovias pesquisadas em condições ótimo ou bom

(TRANSPORTE..., 2017).

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Gráfico 7 - Evolução da avaliação positiva (Ótimo ou Bom) das rodovias públicas

federais do Brasil – 2004 a 2017 (%).

Fonte: PESQUISA... (2017).

2.3 O TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

O transporte de cargas no Brasil é altamente dependente do

transporte rodoviário. Só é possível a entrega de produtos e o

funcionamento de serviços para os consumidores, produção nas indústrias

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e comércio externo graças ao transporte rodoviário. No contexto atual

mundial, qualquer país paralisa caso haja interrupção dos serviços

prestados pelo setor (ALBANO, 2005).

O modal rodoviário se destaca por ser autossuficiente, isto é, o

único modal que pode concluir uma operação de transporte desde o seu

início, sem prévia utilização de qualquer outro modal como

complemento, além de possuir características específicas, visto que pode

alcançar qualquer área do território nacional (OLIVEIRA et al, 2015).

Em relação ao transporte de cargas, o deslocamento por rodovias é

o mais apropriado para produtos de maior valor agregado ou perecíveis,

em pequenas e médias distâncias, e que possuem pequena ou média

tonelagem. Especialmente para esses casos, o modal oferece maior

frequência e confiabilidade nos prazos de entrega que os demais, além da

possibilidade de manipulação de lotes de mercadorias de tamanhos

variáveis (TRANSPORTE..., 2017).

Dados da Pesquisa Anual de Serviços (PAS) de 2014 indicam que

o transporte rodoviário de cargas foi responsável por 36,2% do PIB do

setor de transporte em 2014, definindo-o como o principal segmento do

setor naquele ano. Em 2015, havia 101.147 estabelecimentos no segmento

de cargas, que empregaram, em média, 9,0 trabalhadores por

estabelecimento (TRANSPORTES..., 2017).

Segundo os estudos da CNT (2017), esses estabelecimentos foram

responsáveis, em 2015, pelo emprego de 354,6 mil motoristas de cargas

e por 42,7 mil motoristas de veículos de pequeno e médio portes. Já os

trabalhadores de carga e descarga totalizavam 117,6 mil postos de

trabalho. Ainda que, em 2015, as microempresas concentravam 64,6% de

seus postos nas três principais ocupações, enquanto nos estabelecimentos

de grande porte esse percentual era de 51,7% (TRANSPORTES..., 2017).

De acordo com dados da Agência Nacional de Transportes

Terrestres (ANTT), circulam nas rodovias brasileiras 1.828.744 veículos

transportadores de carga, como pode ser observado na Tabela 3. Desse

total 1.117.582 são veículos pertencentes a empresas, 687.577 são

veículos autônomos e 23.585 são veículos de cooperativas (ANTT,

2018a).

Ainda explorando a Tabela 3, os principais tipos de veículos que

trafegam nas vias brasileiras são do tipo semi-reboque com 597.599

veículos, caminhão simples (8 t a 29t) com 493.020 veículos e caminhão

trator com 460.865 veículos circulantes.

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Tabela 3 - Transportadores.

Tipo de Veículo Autônomo Empresa Cooperativa Total

Caminhão leve

(3,5 a 7,99t)

73.338 50.419 1.097 124.854

Caminhão simples

(8 a 29t)

261.916 227.247 3.857 493.020

Caminhão trator 145.425 307.447 7.993 460.865

Caminhão trator

especial

594 1.531 37 2.162

Caminhonete//Furg

ão (1,5 a 3,49t)

53.601 30.718 381 84.700

Reb/Mimado IRM

NB

2 6 0 8

Reboque 8.977 31.284 326 40.587

Semi-reboque 129.295 458.669 9.635 597.599

Semi-reboque com

5ª roda/bitrem

430 1.136 65 1.631

Semi-reboque

especial

154 1.199 7 1.360

Utilitário leve (0,5

a 1,49t)

13.501 7.301 184 20.986

Veículo

operacional de

apoio

344 625 3 972

Total 687.577 1.117.582 23.585 1.828.744

Fonte: ANNT (2018a).

Segundo a mesma fonte (ANTT, 2018b), a frota brasileira de carga

possui uma idade média de 12,4 anos (Tabela 4). Constata-se que a média

de idade dos veículos pertencentes aos motoristas autônomos é

significativamente maior do que dos veículos pertencentes às empresas.

Enquanto as empresas possuem veículos com média de idade de 9,3 anos

os autônomos detém veículos com média de 16,3 anos.

Atentando ainda para a Tabela 4, os tipos de veículos com maior

média de idade que transitam nas rodovias do país, excluindo os veículos

operacionais de apoio, são do tipo caminhão simples (8 a 29t) com média

de 16,6 anos de idade, caminhão reboque com média de 14,8 anos de idade

e o caminhão trator com média de 14,1 anos de idade.

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Tabela 4 - Idade média dos veículos.

Tipo de Veículo Autônomo Empresa Cooperativa Total

Caminhão leve (3,5 a

7,99t)

19,7 9,8 9,8 13,1

Caminhão simples (8 a

29t)

23,4 10,8 15,7 16,6

Caminhão trator 18,5 8,5 15,3 14,1

Caminhão trator

especial

15,8 7,2 8,5 10,5

Caminhonete//Furgão

(1,5 a 3,49t)

9,9 7,3 7,7 8,3

Reb/Mimado IRM NB 9,5 4,0 0,0 4,5

Reboque 20,1 9,5 14,8 14,8

Semi-reboque 15,5 9,5 12,7 12,6

Semi-reboque com 5ª

roda/bitrem

11,4 10,2 8,6 10,1

Semi-reboque especial 13,8 9,2 13,4 12,1

Utilitário leve (0,5 a

1,49t)

13,3 8,2 8,8 10,1

Veículo operacional

de apoio

24,5 17,3 25,0 22,3

Total 16,3 9,3 11,7 12,4

Fonte: ANNT (2018b).

2.4 LESGISLAÇÃO E LIMITES DE CARGA

Em 23 de setembro de 1997, sancionou-se a Lei que institui o

Código de Trânsito Brasileiro (CTB) que passou a vigorar em 22 de

janeiro de 1998 (Brasil. Lei nº 9.503, 1997). O CTB define Decretos,

Resoluções, Portarias e Normativas Complementares relacionados às

Leis que regem o trânsito do país, no qual fornece diretrizes para a

engenharia de tráfego e determina normas de conduta, infrações e

penalidades do modal rodoviário.

Os artigos do CTB de maior interesse na área do transporte

rodoviário de cargas e do presente trabalho estão listados abaixo.

Art. 20. Compete à Polícia Rodoviária Federal, no

âmbito das rodovias e estradas federais:

...

III – aplicar e arrecadar as multas impostas por

infrações de trânsito, as medidas administrativas

decorrentes e os valores provenientes de estada e

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46

remoção de veículos, objetos, animais e escolta de

veículos de carga superdimensionadas ou

perigosas;

Art. 99. Somente poderá transitar pelas vias

terrestres o veículo cujo peso e dimensões

atenderem aos limites estabelecidos pelo

CONTRAN.

§ 1º O excesso de peso será aferido por

equipamento de pesagem ou pela verificação de

documento fiscal, na forma estabelecida pelo

CONTRAN.

§ 2º Será tolerado um percentual sobre os limites

de peso bruto total e peso bruto transmitido por

eixo de veículos à superfície das vias, quando

aferido por equipamento, na forma estabelecida

pelo CONTRAN.

§ 3º Os equipamentos fixos ou móveis utilizados na

pesagem de veículos serão aferidos de acordo com

metodologia e na periodicidade estabelecidas pelo

CONTRAN, ouvido o órgão ou entidade de

metrologia legal.

Art. 100. Nenhum veículo ou combinação de

veículos poderá transitar com lotação de

passageiros, com peso bruto total, ou peso bruto

total combinado com peso por eixo, superior ao

fixado pelo fabricante, nem ultrapassar a

capacidade máxima de tração da unidade tratora.

Art. 101. Ao veículo ou combinação de veículos

utilizados no transporte de cargas indivisível, que

não se enquadre nos limites de peso e dimensões

estabelecidos pelo CONTRAN, poderá ser

concedida, pela autoridade com circunscrição

sobre a via, autorização especial de trânsito, com

prazo certo, válida para cada viagem, atendidas as

medidas de segurança consideradas necessárias.

Art. 117. Os veículos de transporte de carga e os

coletivos de passageiros deverão conter, em local

facilmente visível, a inscrição indicativa de sua

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47

tara, do peso bruto total, do peso bruto total

combinado ou capacidade máxima de tração e de

sua lotação, vedado o uso em desacordo com sua

classificação.

Art. 209. Transpor, sem autorização, bloqueio

viário com ou sem sinalização ou dispositivos

auxiliares, deixar de adentrar às áreas destinadas à

pesagem de veículos ou evadir-se para não efetuar

o pagamento do pedágio:

Infração – grave Penalidade – multa

Art. 231. Transitar com o veículo:

V - Com excesso de peso, admitido percentual de

tolerância quando aferido por equipamento, na

forma a ser estabelecida pelo CONTRAN:

Infração - média;

Penalidade - multa acrescida a cada duzentos

quilogramas ou fração de excesso de peso apurado,

constante na seguinte tabela:

a) até 600 kg (seiscentos quilogramas) - R$ 5,32

(cinco reais e trinta e dois centavos);

b) de 601 (seiscentos e um) a 800 kg (oitocentos

quilogramas) - R$ 10,64 (dez reais e sessenta e

quatro centavos);

c) de 801 (oitocentos e um) a 1.000 kg (mil

quilogramas) - R$ 21,28 (vinte e um reais e vinte e

oito centavos);

d) de 1.001 (mil e um) a 3.000 kg (três mil

quilogramas) - R$ 31,92 (trinta e um reais e

noventa e dois centavos);

e) de 3.001 (três mil e um) a 5.000 kg (cinco mil

quilogramas) - R$ 42,56 (quarenta e dois reais e

cinquenta e seis centavos);

f) acima de 5.001 kg (cinco mil e um quilogramas)

- R$ 53,20 (cinquenta e três reais e vinte centavos);

Medida administrativa - retenção do veículo e

transbordo da carga excedente;

Art. 257. As penalidades serão impostas ao

condutor, ao proprietário do veículo, ao

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48

embarcador e ao transportador, salvo os casos de

descumprimento de obrigações e deveres impostos

a pessoas físicas ou jurídicas expressamente

mencionados neste Código.

Art. 275. O transbordo da carga com peso

excedente é condição para que o veículo possa

prosseguir viagem e será efetuado às expensas do

proprietário do veículo, sem prejuízo da multa

aplicável.

Parágrafo único. Não sendo possível desde logo

atender ao disposto neste artigo, o veículo será

recolhido ao depósito, sendo liberado após sanada

a irregularidade e pagas as despesas de remoção e

estadia.

Art. 278. Ao condutor que se evadir da

fiscalização, não submetendo o veículo à pesagem

obrigatória nos pontos de pesagem, fixos ou

móveis, será aplicada a penalidade prevista no art.

209, além da obrigação de retornar ao ponto de

evasão para fim de pesagem obrigatória.

Parágrafo único. No caso de fuga do condutor à

ação policial, a apreensão do veículo dar-se-á tão

logo seja localizado, aplicando-se além das

penalidades em que incorre, as estabelecidas no art.

210.

Art. 327. A partir da publicação deste Código,

somente poderão ser fabricados e licenciados

veículos que obedeçam aos limites de peso e

dimensões fixados na forma desta Lei, ressalvados

os que vierem a ser regulamentados pelo

CONTRAN.

Albano (2005) considera excesso de carga de um veículo, quando

este estiver transitando em uma rodovia e transmitir ao pavimento, através

de seus pneumáticos uma massa maior do que aquela prevista para o

modelo do veículo fixado pelo fabricante.

O Art. 257 do CTB, elucidado a seguir, apresenta as

responsabilidades pelo pagamento das multas devido ao excesso de carga.

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49

Art. 257. As penalidades serão impostas ao

condutor, ao proprietário do veículo, ao

embarcador e ao transportador, salvo os casos de

descumprimento de obrigações e deveres impostos

a pessoas físicas ou jurídicas expressamente

mencionados neste Código.

§ 1º Aos proprietários e condutores de veículos

serão impostas concomitantemente as penalidades

de que trata este Código toda vez que houver

responsabilidade solidária em infração dos

preceitos que lhes couber observar, respondendo

cada um de per si pela falta em comum que lhes for

atribuída.

§ 2º Ao proprietário caberá sempre a

responsabilidade pela infração referente à prévia

regularização e preenchimento das formalidades e

condições exigidas para o trânsito do veículo na via

terrestre, conservação e inalterabilidade de suas

características, componentes, agregados,

habilitação legal e compatível de seus condutores,

quando esta for exigida, e outras disposições que

deva observar.

§ 3º Ao condutor caberá a responsabilidade pelas

infrações decorrentes de atos praticados na direção

do veículo.

§ 4º O embarcador é responsável pela infração

relativa ao transporte de carga com excesso de peso

nos eixos ou no peso bruto total, quando

simultaneamente for o único remetente da carga e

o peso declarado na nota fiscal, fatura ou manifesto

for inferior àquele aferido.

§ 5º O transportador é o responsável pela infração

relativa ao transporte de carga com excesso de peso

nos eixos ou quando a carga proveniente de mais

de um embarcador ultrapassar o peso bruto total.

§ 6º O transportador e o embarcador são

solidariamente responsáveis pela infração relativa

ao excesso de peso bruto total, se o peso declarado

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50

na nota fiscal, fatura ou manifesto for superior ao

limite legal.

§ 7º Não sendo imediata a identificação do infrator,

o principal condutor ou o proprietário do veículo

terá quinze dias de prazo, após a notificação da

autuação, para apresentá-lo, na forma em que

dispuser o Conselho Nacional de Trânsito

(Contran), ao fim do qual, não o fazendo, será

considerado responsável pela infração o principal

condutor ou, em sua ausência, o proprietário do

veículo.

§ 8º Após o prazo previsto no parágrafo anterior,

não havendo identificação do infrator e sendo o

veículo de propriedade de pessoa jurídica, será

lavrada nova multa ao proprietário do veículo,

mantida a originada pela infração, cujo valor é o da

multa multiplicada pelo número de infrações iguais

cometidas no período de doze meses.

§ 9º O fato de o infrator ser pessoa jurídica não o

exime do disposto no § 3º do art. 258 e no art. 259.

§ 10. O proprietário poderá indicar ao órgão

executivo de trânsito o principal condutor do

veículo, o qual, após aceitar a indicação, terá seu

nome inscrito em campo próprio do cadastro do

veículo no RENAVAM.

§ 11. O principal condutor será excluído do

RENAVAM:

I - quando houver transferência de propriedade do

veículo;

II - mediante requerimento próprio ou do

proprietário do veículo;

III - a partir da indicação de outro principal

condutor.

As Resoluções de maior interesse para o transporte rodoviário de

cargas estão apresentadas a seguir.

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51

Resolução Nº 210, de 13 de novembro de 2006. Estabelece os

limites de peso e dimensões para veículos que transitem por vias

terrestres e dá outras providências (DENATRAN);

Resolução Nº 62, de 21 de maio de 1998. Regulamenta o uso de

pneus extralargos em eixos tandem de semi-reboques e reboques

dotados de suspensão pneumática (DENATRAN);

Resolução Nº 211 de 13 de novembro de 2006. Requisitos

necessários à circulação de Combinações de Veículos de Carga

(CVC), a que se referem os Arts. 97, 99 e 314 do Código de

Trânsito Brasileiro (DENATRAN);

Resolução Nº 258, de 30 de novembro de 2007. Regulamenta os

artigos 231, X e 323 do Código Trânsito Brasileiro, fixa

metodologia de aferição de peso de veículos, estabelece

percentuais de tolerância e dá outras providências

(DENATRAN);

Resolução Nº 108 de 21 de dezembro de 1999. Dispõe sobre a

responsabilidade pelo pagamento de multas (DENATRAN).

Abaixo estão apontados os conceitos e limites de carga de interesse

para este trabalho determinados pela legislação.

Peso Bruto Total (PBT) é o peso máximo que o veículo pode

transmitir ao pavimento, considerando a tara mais a lotação

(carga máxima útil);

Peso Bruto Total Combinado (PBTC) e/ou Capacidade Máxima

de Tração (CMT) é o peso máximo que pode ser transmitido ao

pavimento pela combinação de um caminhão trator mais seu

semi-reboque ou de caminhão trator mais seu reboque;

São considerados eixos tandem, dois ou mais eixos que

constituam um conjunto integral de suspensão, podendo ou não

qualquer deles ser motriz;

O limite máximo do PBT ou PBTC é de 450 kN (45 tf);

O limite máximo de peso bruto por eixo simples isolado,

equipado com rodado duplo é de 100 kN (10 tf);

O limite máximo de peso bruto por eixo simples isolado,

equipado com rodado simples é de 60 kN (6 tf);

O limite máximo de peso bruto por eixo tandem duplo, quando a

distância entre dois planos verticais que contenham os centros

das rodas for superior a 1,20 m ou inferior (ou igual) a 2,40 m é

de 170 kN (17 tf);

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52

O limite máximo do peso bruto por eixo tandem triplo (aplicável

somente para semi- reboques), quando a distância entre os três

planos verticais que contenham os centros das rodas for superior

a 1,20 m e inferior (ou igual) a 2,40 m é de 255 kN (25,5 tf);

Os limites máximos de carga por eixo tandem equipado com

pneu extralargo são de 160kN e 240kN, respectivamente para

eixos em tandem duplo e triplo;

Nenhum veículo ou combinação de veículo poderá transitar com

PBT ou PBTC superior ao fixado pelo fabricante, nem

ultrapassar a capacidade máxima de tração da unidade tratora.

A Resolução do CONTRAN nº 526, de 29 de abril de 2015, fixa as

tolerâncias, atualmente, admitidas para os processos de fiscalização de

peso dos veículos por balança rodoviária. Segundo o artigo 5º da

Resolução 526/2015, são admitidas as tolerâncias de 5% sobre os limites

de Peso Bruto Total (PBT) e Peso Bruto Total Combinado (PBTC); e de

10% sobre os limites por eixo e por grupos de eixos de veículos.

O CTB apresenta em seu Anexo I conceitos e definições que se

mostram relevantes para o presente trabalho, sendo elucidadas a seguir.

Capacidade Máxima de Tração (CTM) – máximo peso que a

unidade de tração é capaz de tracionar, indicado pelo fabricante, baseado

em condições sobre suas limitações de geração e multiplicação de

momento de força e resistência dos elementos que compõem a

transmissão;

Fiscalização – ato de controlar o cumprimento das normas

estabelecidas na legislação de trânsito, por meio do poder de polícia

administrativa de trânsito, no âmbito de circunscrição dos órgãos e

entidades executivos de trânsito e de acordo com as competências

definidas neste Código;

Infração – inobservância a qualquer preceito da legislação de

trânsito, às normas emanadas do Código de Trânsito, do Conselho

Nacional de Trânsito e a regulamentação estabelecida pelo órgão ou

entidade executiva do trânsito;

Tara – peso próprio do veículo, acrescido dos pesos da carroçaria

e equipamento, do combustível, das ferramentas e acessórios, da roda

sobressalente, do extintor de incêndio e do fluido de arrefecimento,

expresso em quilogramas;

Trânsito – movimentação e imobilização de veículos, pessoas e

animais nas vias terrestres;

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53

Veículo de Carga - veículo destinado ao transporte de carga,

podendo transportar dois passageiros, exclusive o condutor.

O Manual de Estudos de Tráfego (BRASIL, 2006), também com

objetivo de uniformizar a terminologia existente, fornece alguns

conceitos gerais apresentados a seguir.

Velocidade Diretriz ou Velocidade de Projeto – velocidade

selecionada para fins de projeto, da qual se derivam os valores mínimos

de determinadas características físicas diretamente vinculadas à operação

e ao movimento dos veículos. Normalmente é a maior velocidade com

que um trecho viário pode ser percorrido com segurança, quando o

veículo estiver submetido apenas às limitações impostas pelas

características geométricas;

Tandem – dois ou mais eixos de um veículo que constituam um

conjunto integrado de suspensão, podendo quaisquer deles ser ou não

motriz.

O Quadro de Fabricantes de Veículos (QFV) tem como principal

objetivo, informar aos usuários do sistema de transporte de carga os

limites de peso para PBT (Peso Bruto Total), PBTC (Peso Bruto Total

Combinado) e CMT (Capacidade Máxima de Tração), de acordo com o

que foram estabelecidos pelos fabricantes para cada veículo e

homologados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial (INMETRO) (BRASIL, 2012).

Os veículos são classificados de acordo com a distribuição de seus

eixos. O Quadro 1 mostra algumas configurações de veículos ou

combinação de veículos, bem como sua classe, limites legais máximos de

carga por conjunto de eixos isolados e PBT máximo, agrupamento de

eixos e comprimentos permitidos pela legislação brasileira. A rodagem é

definida pela quantidade de pneumáticos por eixo. Assim sendo, rodagem

simples indica que cada eixo possui apenas um pneumático em cada

extremidade e rodagem dupla, cada eixo possui dois pneumáticos em cada

extremidade (BRASIL, 2012).

São cinco tipos básicos de veículos de projeto, listados abaixo de

acordo com DNIT (2005), a serem adotados conforme as características

predominantes do tráfego.

Veículo de passageiros (VP) – Representa os veículos leves, física

e operacionalmente assimiláveis ao automóvel, incluindo minivans, vans,

utilitários, pick-ups e similares;

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54

Veículo comercial rígido (CO) – Representa os veículos

comerciais rígidos, não articulados. Abrangem os caminhões e ônibus

convencionais, normalmente de dois eixos e quatro a seis rodas;

Ônibus de longo percurso (O) – Representa os veículos comerciais

rígidos de maiores dimensões. Entre estes incluem-se os ônibus urbanos

longos, ônibus de longo percurso e de turismo, bem como caminhões

longos, frequentemente com três eixos (trucão), de maiores dimensões

que o veículo CO básico. Seu comprimento aproxima-se do limite

máximo legal admissível para veículos rígidos;

Semirreboques (SR) – Representa os veículos comerciais

articulados, compostos de uma unidade tratora simples (cavalo mecânico)

e um semi-reboque. Seu comprimento aproxima-se do limite máximo

legal para veículos dessa categoria;

Reboques (RE) – Representa os veículos comerciais com reboque.

É composto de um caminhão trator trucado, um semi-reboque e um

reboque, e que mais se aproxima do veículo conhecido como bitrem. Seu

comprimento é o máximo permitido pela legislação.

O sistema de classificação do DNIT atribui a cada classe de veículo

de carga um código alfanumérico, no qual o primeiro algarismo

representa o número de eixos do veículo simples ou da unidade tratora,

enquanto que o segundo algarismo, caso exista, indica a quantidade de

eixos da(s) unidade(s) rebocada(s). De acordo com DNIT (2006) as letras

representadas significam:

C – veículo simples (caminhão ou ônibus) ou veículo trator +

reboque;

S – veículo trator (cavalo mecânico) + semi-reboque;

I – veículo trator + semi-reboque com distância entre-eixos > 2,40

m (eixos isolados);

J – veículo trator + semi reboque com um eixo isolado e um eixo

em tandem;

D – combinação dotada de 2 (duas) articulações;

T – combinação dotada de 3 (três) articulações;

Q – combinação dotada de 4 (quatro) articulações;

X – veículos especiais (combinações de veículos para carga

especializada, com mais de nove eixos, para o transporte de cargas

excepcionais em peso ou dimensões, trafegando com AET;

B – ônibus.

Para melhor entendimento da utilização do código desenvolvido

pelo DNIT são apresentados alguns exemplos de classificação veicular:

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3C – caminhão simples com 3 eixos;

3C3 – caminhão simples com 3 eixos + 1 reboque com 3 eixos;

2S3 – caminhão trator (cavalo mecânico) com 2 eixos + semi-

reboque com 3 eixos;

2I2 – caminhão trator com 2 eixos + semi-reboque com 2 eixos

isolados;

3D3 – caminhão simples com 3 eixos + reboque especial com 3

eixos;

3Q4 – caminhão simples com 3 eixos + 2 reboques com 4 eixos –

treminhão;

3T6 – caminhão trator com 3 eixos + 2 ou 3 semi-reboques com 6

eixos - rodotrem ou tritrem;

3X6 - caminhão trator com 3 eixos + reboque com 6 eixos - carga

excepcional.

Para os veículos simples as classes existentes segundo o DNIT são:

2CB – exclusiva para ônibus dotado de 2 (dois) eixos, sendo o

traseiro de rodagem dupla;

3CB – exclusiva para ônibus dotados de conjunto de eixos traseiro

duplo, um com 4 (quatro) e outro com 2 (dois) pneumáticos;

4CB – exclusiva para ônibus dotados de 2 (dois) eixos direcionais;

4CD – exclusiva para caminhões dotados de 2 (dois) eixos

direcionais.

Na Figura 2 são apresentados os quatro tipos de eixos normalmente

utilizados pelos veículos de carga que trafegam nas vias brasileiras: eixo

simples com rodas simples, eixo simples com rodas duplas, tandem duplo

e tandem triplo.

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56

Figura 2 - Configurações dos eixos de veículos rodoviários de carga.

Para os tipos de rodagem são utilizados as rodas simples com pneus

convencionais (diagonais e/ou radiais) nos eixos dianteiros e as rodas

duplas com pneus convencionais nos demais eixos. Tem-se também, as

rodas simples com pneus extralargo, que podem ser utilizados nos eixos

direcionais ou em substituição as rodas duplas.

Quadro 1 - Algumas configurações de veículos de carga do Quadro de

Fabricantes de Veículo.

Silhueta

Grupo/

Eixos

PBT ou

PBTC Caracterização Classe

2/2 12

Caminhão

E1 = ES; 6 ton.

E2 = ES; 6 ton. 2CC

2/2 16

Caminhão

E1 = ES; 6 ton.

E2 = ED; 10 ton. 2C

2/3 23

Caminhão trucado

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

3C

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57

2/3 19,5

Caminhão trucado

com eixo traseiro

misto

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD c/ 6

pneumáticos; 13,5 ton.

3CD

2/4 31,5

Caminhão simples

E1 = ES; 6 ton.

E2E3E4 = TT; 25,5

ton.

4C

2/4 29

Caminhão duplo

direcional trucado

E1E2 = CED; 12 ton.

E3E4 = TD; 17 ton.

4CD

3/3 26

Caminhão trator +

semi-reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2 = ED; 10 ton.

E3 = ED; 10 ton.

2S1

3/4 33

Caminhão trator +

semi-reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2 = ED; 10 ton.

E3E4 = TD; 17 ton.

2S2

4/4 36

Caminhão trator +

semi-reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2 = ED; 10 ton.

E3 = ED; 10 ton.

E3 = ED; 10 ton.

2I2

3/5 41,5

Caminhão trator +

semi-reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2 = ED; 10 ton.

E3E4E5 = TT; 25,5

ton.

2S3

5/5

45

(CT<16

m)

Caminhão trator +

semi-reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2 = ED; 10 ton.

E3 = ED; 10 ton.

E4 = ED; 10 ton.

E5 = ED; 10 ton.

2I3

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58

5/5

46

(16<CT

<18,6m

)

Caminhão trator +

semi-reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2 = ED; 10 ton.

E3 = ED; 10 ton.

E4 = ED; 10 ton.

E5 = ED; 10 ton

2I3

4/5 43

Caminhão trator

trucado + semi-

reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

E4 = ED; 10 ton.

E5 = ED; 10 ton.

3I2

3/6

45

(CT<16

m)

Caminhão trator

trucado + semi-

reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

E4E5E6 = TT; 25,5

ton.

3S3

3/6

48,5

(16<CT

<18,6m

)

Caminhão trator

trucado + semi-

reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

E4E5E6 = TT; 25,5

ton.

3S3

4/6

45

(CT<16

m)

Caminhão trator

trucado + semi-

reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

E4 = ED; 10 ton.

E5E6 = TD; 17 ton.

3I1

4/6

50

(16<CT

<18,6m

)

Caminhão trator

trucado + semi-

reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

E4 = ED; 10 ton.

E5E6 = TD; 17 ton.

3I1

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59

5/6

45

(CT<16

m)

Caminhão trator

trucado + semi-

reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

E4 = ED; 10 ton.

E5 = ED; 10 ton.

E6 = ED; 10 ton.

3I3

5/6

53

(16<CT

<18,6m

)

Caminhão trator

trucado + semi-

reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

E4 = ED; 10 ton.

E5 = ED; 10 ton.

E6 = ED; 10 ton.

3I3

3/5 36,5

Caminhão trator

trucado + semi-

reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD c/ 6

pneumáticos; 13,5 ton.

E4E5 = TD; 17 ton.

32D

4/5 45

Caminhão trucado +

reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

E4 = ED; 10 ton.

E5 = ED; 10 ton.

3C2

4/4 36

Caminhão trator +

dois semi-reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2 = ED; 10 ton.

E3 = ED; 10 ton.

E4 = ED; 10 ton.

2DL

4/5 43

Caminhão trator +

dois semi-reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

E4 = ED; 10 ton.

E5 = ED; 10 ton.

3DL

4/7

45

(CT<17

,5m)

Caminhão trator

trucado + dois semi-

reboque (bi trem

articulado)

3T4

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60

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

E4E5 = TD; 17 ton.

E6E7 = TD; 17 ton.

4/7

57

(17,5<C

T<19,8

m)

Caminhão trator

trucado + dois semi-

reboque (bi trem

articulado)

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

E4E5 = TD; 17 ton.

E6E7 = TD; 17 ton.

3T4

4/9

74

(25<CT

<30m)

Caminhão trator

trucado + dois semi-

reboque

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

E4E5E6 = TT; 25,5

ton.

E7E8E9 = TT; 25,5

ton.

3M6

5/9

74

(25<CT

<30m)

Caminhão trator

trucado + três semi-

reboque (tri trem)

E1 = ES; 6 ton.

E2E3 = TD; 17 ton.

E4E5 = TD; 17 ton.

E6E7 = TD; 17 ton.

E8E9 = TD; 17 ton.

3R6

CED = Conjunto de eixos direcionais;

ES = Eixo simples;

ED = Eixo duplo;

TD = Conjunto de eixos em tandem duplo;

TT = Conjunto de eixos em tandem triplo;

CT = Comprimento total.

Fonte: DNIT (2012).

2.5 EXCESSO DE CARGA E OS DANOS NO PAVIMENTO

Nas rodovias transitam veículos de passeio e comerciais. O maior

efeito causado no pavimento advém dos veículos comerciais, que são os

caminhões e ônibus, devido ao maior efeito das cargas deslocadas. As

cargas são transmitidas aos pavimentos por rodas pneumáticas simples ou

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duplas arranjadas em eixos simples e tandem, duplos ou triplos. O

desgaste e a deterioração do pavimento ocorre, não só pelo peso

transportado no mesmo, mas também pela frequência com que é

solicitado (ALBANO, 2005).

As cargas repetidas aplicadas pelos veículos rodoviários são a

principal causa da deterioração dos pavimentos, que devem ser

periodicamente mantidos, recapados ou mesmo reconstruídos. A análise

da interação veículo-pavimento é dificultada porque os caminhões não

acarretam danos iguais a cada passagem, em virtude da heterogeneidade

de tipo de veículo, carga por eixo, frequência e número de solicitações,

número, tipo e localização dos eixos, tipo de suspensão, tipo de rodagem,

tipo e pressão de enchimento dos pneus, velocidade (tempo de aplicação

da carga), ponto de aplicação de carga (variação lateral da trajetória dos

veículos) etc. Além disso, a deterioração dos pavimentos também é

influenciada pelas propriedades dos materiais constituintes das camadas,

pelas condições operacionais dos tráfego e por fatores ambientais

(FERNANDES JR. 1994).

No Brasil os limites legais de cargas não são observados por parte

dos transportadores, por alguns dos fabricantes de veículos nem pelas

autoridades responsáveis em aprovar projetos de novos veículos. Esta

informação foi constatada por Albano junto a um sítio de fabricante de

caminhões, no quais os limites do conjunto de eixos traseiros e do PBT

estavam acima dos valores máximos estabelecidos na legislação vigente,

como mostra a Figura 3 (ALBANO, 2005).

Figura 3 - Veículo fabricado com capacidade acima da permitida.

Capacidade técnica por eixo dianteiro: 6000; Capacidade técnica por eixo traseiro

20200; Capacidade técnica por eixo total admissível 26200; Peso Bruto Total

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(PBT) – homologado 23000; Peso Bruto Total Combinado (PBTC) –

homologado 45000; Capacidade Máxima de Tração (CMT) 45000.

Fonte: Albano (2005).

A CNT agrupou as características dos defeitos da superfície do

pavimento, utilizadas para avaliação das condições do mesmo nas

pesquisas realizadas em 2017, conforme o Quadro 2.

Quadro 2 - Categorias de condição da superfície do pavimento.

Superfície do pavimento Definição

Perfeito Nesse caso, o pavimento apresenta ótima condição

(sem ocorrência de defeitos) e existe perfeita

regularidade na camada de revestimento.

Desgastado O pavimento apresenta sinais de desgaste, com

efeito de desagregação progressiva do agregado da

massa asfáltica e aspereza superficial no

revestimento e/ou observa-se a presença de

corrugação e/ou exsudação. Nessa classificação do

pavimento, percebe-se a perda do mastique nos

agregados (falta de interação do agregado com o

ligante asfáltico, ou a mesma coisa que falta de

adesividade), porém não há buracos.

Também pode haver, isoladamente, fissuras e

trincas transversais ou longitudinais.

A exsudação caracteriza-se pelo excesso de ligante

na mistura asfáltica, tornando a superfície do

revestimento mais lisa, com manchas escurecidas,

propiciando a perda de aderência entre o pneu e o

pavimento.

As corrugações são deformações transversais ao

eixo da pista, com depressões intercaladas de

elevações, com comprimento de onda de alguns

centímetros ou dezenas de centímetros.

Trinca em

malha/remendos

Observa-se a presença de trincas em malha e/ou

remendos mal executados. As trincas em malha

são interligadas e subdivididas em trincas do tipo

“bloco” e do tipo “couro de jacaré”. As trincas em

bloco são decorrentes alternância diária de

temperatura. Normalmente não é um defeito

associado à carga, embora esta possa aumentar sua

severidade. Já as trincas do tipo “couro de jacaré”

consistem em trincamentos por fadiga e ocorrem

em áreas sujeitas à carga repetida de tráfego,

subdimensionamento da estrutura ou de uma das

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camadas do pavimento e quando o pavimento está

sinalizando o final de sua vida útil.

O remendo está relacionado a um defeito por

apontar um local de fragilidade na superfície do

pavimento. Caracteriza-se pelo preenchimento de

buracos ou de qualquer outra cavidade ou

depressão com massa asfáltica. Nesse caso, estão

incluídos apenas os remendos mal executados

(sem a devida remoção da camada anterior do

revestimento e correto preenchimento e

nivelamento), que geram trepidação no veículo.

Afundamento,

ondulação ou buraco

O pavimento pode apresentar defeitos como

afundamento, ondulação e buraco em conjunto ou

isoladamente. Os afundamentos são deformações

permanentes no revestimento asfáltico ou em suas

camadas subjacentes. Podem ser afundamentos

locais ou trilhas de roda. Os afundamentos são

depressões ocasionadas pelo tráfego intenso de

veículos, além da combinação do excesso de carga

de veículos pesados e a elevada temperatura em

regiões mais quentes.

Pode ocorrer também o escorregamento da massa

asfáltica ao longo da borda desse pavimento.

As ondulações são deformações transversais ao

eixo da pista, diferenciadas da corrugação pelo

comprimento de onda, que é da ordem de metros.

Os buracos são cavidades no revestimento

asfáltico, podendo ou não atingir camadas

subjacentes. Na pesquisa, os buracos são

classificados nesta categoria quando encontrados

em pequena quantidade, mas de maneira contínua

e predominante.

Destruído O pavimento apresenta elevada quantidade de

buracos ou ruína total da superfície de rolamento.

Nesse caso, a condição da superfície do pavimento

obriga os veículos a trafegarem em baixa ou

baixíssima velocidade. Estão também incluídos

nessa categoria, os pavimentos fresados, ou seja,

aqueles que em fase de restauração, têm todo o seu

revestimento removido, ou estão somente com a

camada de imprimação, mas estão abertos ao

tráfego de veículos.

Fonte: PESQUISAS... (2017).

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O desgaste e as panelas ocasionam incômodos aos usuários, porém

estão localizados superficialmente podendo ser facilmente diagnosticados

e recuperados com custos relativamente baixos. Do elenco de danos

provocados pela ação do tráfego os mais importantes são os defeitos

internos, mais difíceis de detectar e mais abrangentes em termos de efeito,

pois afetam a estrutura do pavimento. Ambos, o trincamento da superfície

de concreto asfáltico, provocado pela fadiga do material e o afundamento

da trilha de roda que, além da irregularidade superficial, possibilitam a

infiltração e o acúmulo de água da chuva, exigem ações mais radicais e

de maior custo para correção. Estes defeitos, ocasionados por veículos

pesados, ocorrem muitas vezes prematuramente devido a excessos de

peso praticados por transportadores (ALBANO, 2005).

Os excessos de peso dos veículos de carga podem ser divididas em

duas formas: excesso no peso bruto total (PBT) e excesso de peso por

eixo. Um veículo que trafega com peso superior ao peso bruto total de

projeto atenta contra a segurança sob vários aspectos: compromete a

segurança do próprio veículo, já que vários de seus componentes, como

eixos, molas, freios e outros, podem não suportar os esforços produzidos

pelos excessos; amplia consideravelmente o risco de acidentes, devido à

fadiga dos equipamentos e componentes, que levam ao desgaste

prematuro e imprevisível; passa a trafegar em velocidades menores,

prejudicando o tráfego de veículos mais rápidos, criando situações de

risco; afeta a capacidade da via, pela redução de velocidade que provoca,

sobretudo nos trechos ondulados e montanhosos com longos aclives e

rampas acentuadas; compromete as estruturas das obras-de-arte,

dimensionadas em função dos carregamentos permitidos em lei,

provocando custos de manutenção e de recuperação bem maiores. Por sua

vez, o excesso no peso por eixo é indesejável sob os seguintes aspectos:

à semelhança do que ocorre com o excesso no PBT, também certos

componentes como suspensão, transmissão, rodas, o próprio eixo e,

principalmente, os pneus, não são projetados para suportar os esforços

adicionais gerados pelo excesso, estando sujeitos a quebra ou ruptura,

colocando em risco a segurança do próprio veículo e dos demais veículos

na corrente de tráfego; o efeito do excesso de peso por eixo sobre a vida

útil do pavimento é bastante significativo. A análise das curvas de

equivalência do método de dimensionamento do DNIT, mostra que o

efeito segue uma função exponencial (um acréscimo de 20% no peso

duplica o efeito da carga no pavimento); o excesso de peso por eixo afeta

também os custos de conservação e manutenção (DNIT, 2006).

Segundo Fernandes Jr. (1994), não há relação direta entre o Peso

Bruto Total Combinado (PBTC) e o desempenho dos pavimentos.

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Veículos pesados podem ser pouco danosos aos pavimentos, desde que a

carga total seja distribuída por um número suficiente de eixos. Já a carga

por eixo, independentemente dos fatores ambientais, do comportamento

estrutural dos pavimentos e da ação combinada de outros fatores de

tráfego, é a que mais afeta a deterioração dos pavimentos. Pode, muitas

vezes, não ser o único fator significativo, mas tem que ser considerada,

sempre, quando se tratar dos efeitos das solicitações do tráfego sobre o

desempenho dos pavimentos.

Albano (2005) em sua tese de dissertação comprova

cientificamente que o excesso de carga por eixo é um agente determinante

na destruição do pavimento. Excessos de 20% sobre o valor da carga

máxima por eixo, permitida pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB),

indicam reduções na vida útil prevista para um pavimento delgado em até

80%.

Se por um lado o excesso de carga por eixo aumenta a

produtividade e os lucros da indústria de transporte, por outro lado,

produz um efeito indesejável, qual seja o de deteriorar aceleradamente a

camada de revestimento e a estrutura dos pavimentos da rede viária

(ALBANO, 2005).

2.6 CUSTOS OPERACIONAIS E ACIDENTES

Conforme mostrado pela Pesquisa da Confederação Nacional do

Transporte (CNT) de Rodovias em 2017, as vias brasileiras apresentam

inadequações, que além de elevarem o custo operacional do transporte

rodoviário, reduzem a segurança dos usuários estimulando a ocorrência

de acidentes.

Para condições no qual o pavimento foi classificado como regular,

ruim ou péssimo há o comprometimento na durabilidade dos

componentes veiculares, elevação do consumo de combustível e, ainda, o

aumento do tempo dos deslocamentos. Portanto, as condições das

rodovias tem impacto direto sobre os custos operacionais do transporte e,

consequentemente, sobre a eficiência do serviço (CNT, 2017).

As inadequações no pavimento podem elevar o custo operacional

do transporte rodoviário de cargas em até 91,5%, conforme mostra

Gráfico 8. Ainda observando este, os defeitos apontados - superfície do

pavimento desgastado, trincado em malha/remendos, com afundamento,

ondulação ou buraco e destruído - em 48,3% da extensão da malha viária

pesquisada têm potencial de elevar significativamente o gasto com

transporte e, assim, aumentar o Custo Brasil com reflexos sobre a

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competitividade da produção nacional (CNT apud. NTC&LOGÍSTICA,

2017). O termo Custo Brasil é comumente usado para simbolizar uma

série de obstáculos econômicos, burocráticos e estruturais que elevam os

custos dos investimentos no país e comprometem a competitividade da

produção nacional. No escopo deste trabalho poderia, por exemplo,

referir-se a infraestrutura rodoviária inadequada que é um tipo de

obstáculo estrutural para o escoamento de produtos (TRANSPORTES...,

2017).

Gráfico 8 - Aumento do custo operacional conforme o estado do pavimento das

rodovias.

Fonte: TRANSPORTES... (2017).

Segundo estudos da CNT (2017), entre os custos envolvidos nos

acidentes podem ser destacados os hospitalares, os danos materiais, a

perda de cargas, os relativos à remoção dos veículos das vias e depósito

nos pátios, além da perda de produção. Em 2016, foram registrados, pela

Polícia Rodoviária Federal, 96.363 acidentes e 5.355 (5,6%) casos que

resultaram em pelo menos uma morte (CONFEDERAÇÃO NACIONAL

DO TRANSPORTE, 2016a). O resultado, evidenciado na Tabela 5, foi

um prejuízo estimado de R$ 10,88 bilhões, sendo os acidentes com

vítimas fatais responsáveis por 37,5% desse total, isto é, R$ 4,07 bilhões.

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Tabela 5 - Custo total e médio de acidentes por gravidade.

Gravidade do

acidente

Quantidade de

acidentes

Custo médio (R$

mil/ocorrência)

Custo total (R$

bilhões)

Com fatalidade 5.355 760.79 4,07

Com vítimas 54.873 106,08 5,82

Sem vítimas 36.135 27,13 0,98

Total 96.363 112,86 10,88

Fonte: TRANSPORTES... (2017).

A alta do volume de tráfego nas rodovias, atrelado com a falta de

condições que elas apresentam, gera o agravamento de outro fator

preocupante para a sociedade e para o poder público, que é o aumento no

número de acidentes. A falta de condições adequadas de segurança e

qualidade das rodovias brasileiras geram elevados custos de operação dos

serviços de transportes, visto que o estado inadequado de conservação das

estradas provoca frequente ocorrência de danos em pneus, rodas,

suspensões e a maior necessidade de manutenção dos veículos e no

aumento do consumo de combustível, entre outros. A eficiência

operacional nas rodovias significa economia nos custos de transporte.

2.7 A PESAGEM DOS VEÍCULOS DE CARGA

A operação de pesagem veicular pode ser feita de duas formas:

estática e dinâmica. Todos os equipamentos de pesagem estática ou

dinâmica são acoplados em um computador com um software que permite

a interligação e armazenagem das informações geradas e transmitidas

pelas unidades de pesagem. Estes programas permitem a entrada de

dados, como o nome e localização do posto, data e hora, placa do veículo,

marca e modelo e classificação do veículo, número de pesagens, origem

e destino do veículo, peso por eixo, soma dos pesos, PBT, valor do

transbordo e valor da autuação (FONTENELE, 2011).

Segundo Albano (2005) a operação desses dois tipos principais de

pesagem funcionam do seguinte modo:

1) Pesagem estática

Nos postos de pesagem estática, primeiramente o veículo passa por

uma balança seletiva, a uma velocidade entre 10 a 100 km/h, caso haja

excesso, o veículo é desviado para uma balança de precisão onde fica

totalmente paralisado. Toda operação é controlada por um sistema para

controle de peso de caminhões.

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2) Pesagem dinâmica

Pesagem dinâmica é a pesagem através de balanças com veículos

em movimento, consagrada pela designação Weigh-In-Motion (WIM).

Estes equipamentos podem ser usados isoladamente, ou em conjunto com

um posto de pesagem estática onde pode funcionar como elemento

classificador dos veículos com excesso, desviando-os para a pesagem

estática, se for o caso.

O DNIT (BRASIL, [2007]) define um sistema de pesagem em

movimento (WIM) como sendo um sistema portado de sensores

montados sobre, dentro ou sob (caso de pontes) o pavimento, para medir

a força de impacto aplicada pelo pneu ao pavimento, e, a partir desta

medida, estimar o peso suportado pelo pneu.

O ponto de pesagem dinâmico deve estar em condições e o

equipamento devidamente aferido pelo Instituto Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial e os Institutos de Pesos e Medidas

(INMETRO/IPENS), para que então as multas ali lavradas tornem-se

efetivas.

Os sensores utilizados para a medição da carga podem ser placas

ou chapas delgadas colocadas diretamente sobre a superfície dos

pavimentos ou em estruturas especiais construídas no interior das

camadas do pavimento ou ainda instalados nas estruturas das pontes ou

viadutos. Para a escolha adequada de uma tecnologia específica para a

pesagem dinâmica devem ser considerados os seguintes fatores: custo dos

sensores e sua instalação; localização onde uma determinada tecnologia

pode ser instalada com êxito; sensibilidade do sensor a vários fatores tais

como temperatura, dinâmica do veículo, volume de tráfego e velocidade;

expectativa de durabilidade do sensor e robustez da instalação.

Verifica-se uma maior utilização de pesagem dinâmica nas

operações de fiscalização por pesagem devido a uma série de vantagens:

Permite o controle de peso e dimensões de todos os veículos de

transporte de carga que transitam pelo lugar sem produzir filas

ou demoras desnecessárias aos veículos não sobrecarregados;

Permite a medição do PBT e da carga por eixo com o veículo em

movimento. Conhecendo-se o comprimento total e a separação

entre eixos, determina-se a classificação e o controle dos limites;

Ganho de tempo do usuário que não está com excesso de peso.

Os veículos podem retornar à rodovia com apenas uma mudança

de marcha, sem paradas e outros inconvenientes, e

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Cumpre funções de estatística diária e mensal de todos os

veículos que passam pelo posto, referindo-se a pesos e também a

velocidades e classificação dos veículos.

O maior problema para uma coleta precisa de dados de pesagem

em movimento é a correta escolha ou preparação do piso de modo a

minimizar os efeitos das forças dinâmicas desenvolvidas pelos veículos

em pesagem devido às ondulações no perfil do piso de rodagem. Outro

importante cuidado requerido para minimizar os efeitos dinâmicos do

movimento é providenciar a aferição no próprio local das pesagens, pois

em laboratório é impossível detectar tais efeitos.

Ainda segundo Albano (2005) existem dois tipos básicos de

pesagem WIM: pesagem móvel e pesagem permanente ou fixa.

1) Tecnologias de pesagem WIM móvel

São usualmente utilizados três tipos de tecnologia em pesagem

móvel: capacitance mat (tapete capacitivo), piezoelectric sensors

(sensores piezelétricos) e bridge WIM systems (sistema WIM em pontes).

Uma balança do tipo capacitive mat consiste basicamente em duas

chapas metálicas sobrepostas separadas por um material dielétrico. Uma

camada externa envolve os sensores e protege as placas permitindo que

os sensores possam ser posicionados sobre a superfície do pavimento.

Uma diferença de potencial é aplicada sobre as duas placas metálicas e,

quando o veículo passa sobre o sistema de placas, ele provoca uma

redução na distância entre as mesmas ocasionando um aumento na

capacitância do sistema. Medições feitas na frequência de ressonância do

circuito instalado permitem a associação com os valores das cargas por

eixo que são aplicadas ao sistema de sensores.

Um típico sistema de pesagem móvel constituído por capacitive

mats pode cobrir apenas uma metade da faixa de rolamento e mede o peso

de um semi-eixo. Este sistema possui boa credibilidade quando ocorre a

seguinte combinação: revestimento asfáltico com mais de 5,7cm e placa

metálica de aço. Outros circuitos que complementam este sistema de

pesagem móvel têm a finalidade de detectar a presença do veículo e medir

sua velocidade. A tecnologia capacitive mats de pesagem móvel é um

sistema WIM projetado tipicamente para baixas velocidades que atuam

em locais durante um certo tempo. Os equipamentos são portáteis e

facilmente removíveis.

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Figura 4 - Sensor do tipo capacitive mats com equipamento de análise de dados.

Fonte: BRASIL, [2007].

Outra alternativa tecnológica para pesagem em movimento é

conhecida como piezoelectric sensors, constituída por um sistema de

chapas estreitas sobre toda a largura da faixa de rolamento. O princípio

básico de funcionamento é simples: quando uma força mecânica é

aplicada ao mecanismo piezoelétrico, ele produz uma voltagem causada

por cargas elétricas de polaridade opostas que surgem nas faces paralelas

do material cristalino piezoelétrico. A medida da voltagem é proporcional

ao peso de uma roda ou conjunto de rodas que provocam a diferença de

potencial. O efeito piezoelétrico é dinâmico, isto é, as cargas são geradas

somente quando as forças atuantes variam. Por este motivo os sensores

piezoelétricos só podem ser utilizados quando os veículos passam em

velocidades superiores a 16km/h. Esta condição contra indica o uso destes

sensores para baixas velocidades e movimentos de para-e-anda do

tráfego.

Usualmente dois sensores são posicionados um adiante do outro e,

através da diferença de tempo de passagem de um eixo entre os sensores,

mede-se a velocidade e os espaçamentos entre eixos necessários para

proceder a classificação dos veículos. Uma balança equipada com

sensores piezoelétricos possui fácil regulagem e aferição. Os sensores

piezoelétricos custam menos do que os do tipo capacitive mat, porém nas

operações de pesagens móveis são bastante limitados por uma série de

razões, principalmente porque são sensíveis à variação de temperatura e

sofrem interferência de altas frequências de rádio.

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Normalmente os sensores piezoelétricos proporcionam boas

leituras para classificação de veículos para estudos estatísticos, medida de

velocidade, sistemas de máquina fotográfica com infravermelhos e

medidas de peso de veículos em alta velocidade.

Figura 5 - Sensores piezoelétricos em operação.

Fonte: ALBANO, 2005.

O sistema conhecido como Bridge WIM consiste na

instrumentação da plataforma de pontes e viadutos por sensores para

leitura das cargas. A tecnologia utilizada consiste na medida das respostas

(principalmente a deflexão) provocadas pela ação do tráfego em sensores

do tipo strain gauges instalados na longarina da estrutura. Uma série de

países europeus está utilizando este sistema. Na Austrália há um sistema

semelhante com os sensores instalados nas galerias de escoamento de

águas superficiais da obra de arte. Este sistema tem a vantagem de possuir

uma plataforma de pesagem bastante larga que é a própria ponte, porém

sofre as limitações provocadas pelos efeitos das cargas dinâmicas e

interferências quando passam mais de um veículo sobre a estrutura.

É importante mencionar o desenvolvimento da tecnologia de

sistema Bridge WIM denominada SiWIM, um protótipo da próxima

geração de sistemas Bridge WIM que opera da seguinte forma: quando

um veículo passa por sobre uma ponte, uma série de transdutores de

pressão montados abaixo da ponte e, portanto, invisível ao motorista, mensura o peso do veículo como derivada da tensões de saída dos

transdutores. Ao contrário do que se pode imaginar, estas tensões não são

transformadas para unidades de pressão. Os sinais de cada um dos

sensores, tipicamente 16 sensores para cada duas pistas de rolagem, são

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amplificados, convertidos digitalmente e armazenados (BRASIL,

[2007]).

Figura 6 - Sensor strain gauge instalado.

Fonte: FAVAI, 2006.

Figura 7 - Sensores SiWIM instalados sob ponte.

Fonte: FAVAI, 2006.

2) Tecnologias de pesagem WIM permanente

Esse tipo de tecnologia implica na instalação permanente dos

equipamentos de pesagem, executando-se a fiscalização dos excessos de

carga através de dispositivos WIM fixos. Os sensores ficam previamente

montados e aferidos e as operações de pesagem podem ser programadas

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de forma rotineira ou aleatória pelos operadores sem a necessidade de

maiores transtornos. Permanentemente instalados sobre locais nivelados

e drenados de acordo com as normas, os sensores podem apresentar maior

durabilidade e precisão. Estes mecanismos permanentes devem ser

constantemente protegidos de fatores externos tais como: descargas

elétricas, variação de temperatura, umidade, poeira, insetos e outras

causas que podem interferir no bom funcionamento dos equipamentos.

As tecnologias existentes além das já descritas, capacitive mats e

Bridge WIM systems, que também podem ser utilizadas de forma

permanente são as seguintes: piezoceramic sensors (sensores

piezelétricos de cerâmica); piezopolymer sensors (sensores piezelétricos

de polímeros); piezoquartz sensors (sensores piezelétricos de quartzo);

blending plates, hydraulic load cells e fiber-optic (fibra ótica).

As tecnologias de sistemas do tipo piezoceramic e piezopolymer

sensors apresentam- se de várias formas, mas possuem o mesmo princípio

básico de funcionamento do piezoelectric sensors descrito anteriormente.

Possuem as mesmas vantagens e desvantagens. O piezoceramic sensor

consiste na utilização de um pó de cerâmica comprimido, formando um

sólido núcleo coberto por um condutor de cobre. Este cabo tem

praticamente a seção do tamanho de um cabo coaxial convencional. Para

ser usado de forma permanente em pesagens WIM estes sensores são

colocados dentro de um conduto de alumínio preenchido com resina epóxi

ou outro material similar. É usual colocar dois piezoceramic sensors para

permitir, além da pesagem, a medida da velocidade e a classificação do

veículo.

O piezopolymer é semelhante ao piezoceramic sensors. A principal

diferença é que este último utiliza um polímero piezoelétrico nas bordas

cobrindo a chapa metálica plana. Este sensor é normalmente conhecido

como BL sensor e fica posicionado diretamente sobre a superfície do

pavimento para operações de pesagem dinâmica portáteis ou não

permanentes. No caso da instalação permanente, similarmente ao

piezoceramic sensor ele é inserido em um conduto de alumínio

preenchido com resina epóxi.

Estas duas tecnologias possuem coleta de dados de pesagem

considerada de média qualidade. São mais utilizados como equipamentos

para classificação dos veículos da frota de carga. Estes mecanismos estão

sujeitos a três limitações significantes: suscetibilidade a variação da

temperatura, dependência das condições estruturais do pavimento e forma

muito estreita para captação da força transmitida pelos pneus.

A piezoquartz sensors difere das duas últimas basicamente pelo

material piezoelétrico (quartzo) utilizado na fabricação do sensor que é

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acomodado em um corte feito no pavimento, geralmente menor do que

5,0 cm de largura. Ainda que este sensor seja mais caro do que os outros

sensores piezoelétricos o sensor de quartzo distingue-se pela vantagem de

ser mais insensível às variações de temperatura e possuir maior precisão

do que os outros piezos sensores. Na verdade, a interferência da

temperatura na pesagem, deve-se às alterações na temperatura interna da

camada do revestimento do pavimento onde está inserido o sensor. Esta

tecnologia oferece melhores resultados em pavimentos rígidos,

constituídos por placas de concreto de cimento portland. Cada sensor tem

o comprimento de um metro, por este motivo são colocados quatro

sensores para cobrir toda largura da faixa de rodagem. A instalação

consiste em duas piezo linhas para melhor avaliar a pesagem dos veículos,

pois cada linha faz uma medida independente da carga por eixo,

adotando-se a média como valor efetivo da pesagem.

Figura 8 - Sensores piezelétricos de quartzo, cerâmica e polímero instalados na

pista de testes do DNIT em Araranguá-SC.

Fonte: IDENTIFICAÇÃO...(2009).

A tecnologia bending plate utiliza placas metálicas providas de

sensores do tipo strain gages na parte de baixo de uma cava especial no

pavimento feita para instalar o equipamento. Os eixos passam sobre as

placas e o sistema mede a tensão sobre a superfície da placa e calcula o

peso necessário para produzir aquele nível de tensão. Geralmente cada

placa possui dimensões de 70,0 x 40,0cm e são posicionadas

transversalmente ao fluxo de veículos, perfeitamente niveladas com o

piso.

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Em alguns casos as placas são instaladas alinhadas em uma mesma

trilha de roda ou para balancear a medida, as placas são instaladas, na

maioria das vezes, em diferentes pontos, uma em cada trilha de roda. Um

típico local que utiliza a tecnologia bending plate também inclui dois

circuitos indutivos para detectar a aproximação do veículo, o espaço entre

veículos consecutivos e a medida da velocidade. Dispositivos blending

plates são montados em armações de aço colocados no interior do

pavimento. Uma estrutura de aço separa a placa e o sensor da estrutura do

pavimento, aumentando assim a precisão da pesagem em comparação aos

grupos capacitance mat e piezoelectric sensors.

Figura 9 - Montagem do sistema bending plate.

Fonte: FHWA, 2007.

Figura 10 - Sistema bending plate em funcionamento.

Fonte: FHWA, 2007.

A versão mais comum constituída por um sistema equipado com

hydraulic load-cell opera transferindo a carga da roda aplicada sobre a

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plataforma de pesagem sobre um ou mais cilindros hidráulicos contendo

óleo especial. As alterações na pressão hidráulica são correlacionadas

com a carga por eixo. A forma mais comum de balança utiliza duas

plataformas de pesagem colocadas uma ao lado da outra, cobrindo toda

largura da faixa. As plataformas operam independentes e fornecem o peso

estimado pela soma dos conjuntos de pneus, constituindo a carga por eixo.

O sistema possui outros sensores e circuitos indutivos que fornecem a

aproximação do veículo, a classificação e a velocidade. O sistema

hidraulic load-cell é geralmente considerado como de maior precisão

para medições WIM de carga por eixo em alta velocidade. Ele é

considerado pouco sensível a variações de temperatura e funciona bem

para pesagem de veículos também em baixas velocidades. Entretanto no

que se refere ao preço de aquisição e instalação este sistema é o mais caro

de todos. A instalação é totalmente feita dentro de uma estrutura de aço

colocada no interior da espessura do pavimento.

Figura 11 - Balança com tecnologia hidraulic load-cell.

Fonte: ALBANO, 2005.

Os sistemas WIM baseados em fibra ótica apresentam ótima

resistência à interferência eletromagnética causada pela estrutura de ferro de concreto portland. Sua aplicação é especialmente considerada

promissora em situações que requeiram um número maior de sensores,

entretanto como ainda não é uma tecnologia consolidada, serão

necessárias extensivas aplicações em campo visando demonstrar sua

durabilidade, confiabilidade e seu desempenho operacional. Porém, um

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fato promissor apontado em experimentos com protótipos é a capacidade

de alcançar elevadíssimos graus de acurácia (BRASIL, [2007]).

Outras tecnologias de pesagem em movimento estão em

desenvolvimento em centros de pesquisa sendo que algumas já estão

produzidas testadas e utilizadas. A maioria das modernas tecnologias

é desenvolvida para suprir as limitações das existentes no que se refere

particularmente a custos, desempenho e flexibilidade (ALBANO,

2005).

Uma série de países referencias na aplicação de pesagem em

movimento estão utilizando tecnologia com múltiplos sensores,

referida como MS WIM (Multi-Sensors WIM), que se caracteriza pelo

uso de diversos sensores e técnicas adequadas de processamento e de

correlação para aferir ou executar o processo de pesagem em

movimento. Sistemas de Múltiplos Sensores WIM independem da

tecnologia utilizada pelos sensores, podendo inclusive utilizar

sensores de tecnologias diferentes dentro de uma mesma configuração

(BRASIL, [2007]).

O emprego de múltiplos sensores WIM visa obter melhoria da

acurácia; diminuir a dependência ao tipo de pavimento e as restrições

quanto a sua qualidade; diminuir a dependência ao tipo de veículo a

ser mensurado, incluídos os tipos de eixos e os tipos de suspensão;

diminuir a dependência do fator humano relacionados aos efeitos da

frenagem, aceleração, velocidades, entre outros (BRASIL, [2007]).

2.8 A FISCALIZAÇÃO POR PESAGEM

De acordo com o Plano Diretor Nacional Estratégico de Pesagem

(CENTRAN, 2006) com a implantação da indústria automobilística na

década de 50 o governo precisou investir na ampliação acelerada da

malha viária do país. Para que essa ampliação ocorresse foi necessário o

aperfeiçoamento das tecnologias existentes para elaboração de projetos e

construção de rodovias. Desse modo, surgiu o Método de

Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis baseado na previsão da

repetição dinâmica de uma carga padrão para os eixos dos veículos. Em

função desse método foi necessária a criação de uma legislação

específica, buscando disciplinar os pesos máximos por eixo dos veículos,

assim como fiscalizá-los e controlá-los. Através de avalições dos

principais corredores do transporte de carga, foram identificados a

necessidade de se implantar os postos estrategicamente localizados

dotados com balanças para controle dos pesos de veículos rodoviários.

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Não existem dados atualizados referentes aos postos de

fiscalização no Brasil. As referências que apresentam o conteúdo datam

de 2010. Na Tabela 6 estão listados, os Postos de Pesagem de Veículos

(PPVs) existentes nas rodovias federais brasileiras. Os postos de pesagem

são subdivididos em quatro grupos: postos fixos em operação, postos

fixos não operando, postos móveis em operação e postos móveis não

operando.

Tabela 6 - Quantidade de postos de pesagem no Brasil.

Postos de pesagem Quantidade

Postos fixos em operação 28

Postos fixos não operando 17

Postos móveis em operação 19

Postos móveis não operando 14

Fonte: Brasil (2010).

O crescimento da demanda comercial fez com que a indústria

passasse a usar cargas cada vez maiores e mais pesadas. Essa tendência,

segundo DNIT et al (2007), desafia a efetiva e eficiente fiscalização da

conformidade em peso dos veículos comerciais rodoviários, dada a

dificuldade de forçar cada veículo comercial de carga em operação a sair

do fluxo normal para ser fiscalizado a cada estação fixa de pesagem,

mesmo quando a pesagem é feita a baixa velocidade, em vez de

estaticamente. Em resposta a estas dificuldades, o foco da fiscalização,

nos países desenvolvidos, tem utilizado sistemas WIM de alta velocidade,

com capacidade de colher imagens e transmitir dados. A seguir abordam-

se alguns sistemas utilizados na Europa, segundo o DNIT et al (2007):

2.8.1 Holanda

Os holandeses desenvolveram um inovador sistema de pesagem

em movimento, dotado de vídeo-câmera (WIM/VID). Cada unidade

WIM/VID é equipada com sensores do tipo piezelétrico de quartzo,

instalados nas duas pistas mais à direita da via, duas câmeras de cada lado

da via, para captar imagens do veículo, e câmeras adicionais, acima de

cada pista, dotadas de software capaz de identificar as placas dos veículos.

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Figura 12 - Posto de pesagem na Holanda: WIM e sistema de vídeo (VID).

Fonte: FHWA, 2007.

Laços indutivos e câmeras, instalados na terceira pista e no

acostamento, detectam veículos que tentam burlar a pesagem. Os oficiais

de polícia usam computadores portáteis comuns em suas unidades

móveis, onde recebem as informações, dados e vídeo, transmitidas a partir

do local de pré-seleção, localizado a montante.

Apenas quinze segundos são necessários, após a passagem em um

ponto WIM, para que o sistema de processamento de dados estabeleça a

condição de sobrecarga de um veículo infrator. Um oficial da fiscalização

móvel recebe esta informação, e entra em contato com seus colegas

encarregados de interceptar o veículo sobrecarregado, e escoltá-lo à área

de inspeção e pesagem estática. Caso confirmada a sobrecarga de um

veículo, a penalidade adequada é aplicada à transportadora ou motorista.

Além de usar tecnologia WIM para dar suporte à pré-seleção, os

holandeses usam dados históricos de pesagem WIM para programar hora

e local da fiscalização. Utilizando dados da semana mais recente, e das

seis últimas semanas, são determinados a hora, o dia da semana e os locais

de maior atividade de veículos sobrecarregados.

A aplicação do sistema WIM/VID na atividade preventiva,

identificando empresas reincidentes, permite o aproveitamento de 100%

dos dados de sobrecarga colhidos pelo sistema, 24 horas por dia, 7 dias

por semana.

A atividade preventiva baseada nos dados colhidos pelo sistema

WIM/VID segue o seguinte procedimento: revisa-se os dados de

sobrecarga mês a mês, para identificar os veículos infratores e suas

empresas. As instalações de pesagem dinâmica fornecem as informações

relacionadas ao peso, além de imagens da placa do caminhão e de

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indicadores da identidade da empresa transportadora; As empresas de

transporte com maior número de irregularidades no mês são adicionadas

a uma lista especial, e recebem o código “vermelho”. Uma notificação

das violações ocorridas nos últimos três meses é então emitida, com um

sumário das irregularidades observadas; É marcado uma visita in loco,

assim que a empresa recebe a notificação por escrito, para repassar o

histórico de infrações, descrever o sistema WIM/VID, avaliar como as

sobrecargas podem ter acontecido, e firmar um acordo, para que, de forma

cooperativa, se evite uma nova ocorrência de sobrecarrega por essa

empresa; Posteriormente à visita, a empresa transportadora entra em um

período de dois meses de observação, durante os quais seus veículos são

especialmente monitorados, com a intenção de se detectar uma mudança

positiva relacionada ao carregamento; A companhia será retirada da lista

especial, caso for constatada uma mudança positiva no seu

comportamento, sendo reclassificada do código “vermelho” para o código

“amarelo”. Com esta classificação, a empresa ainda estará sob

acompanhamento, porém com menor intensidade. Ela receberá o código

“verde” caso o seu comportamento permaneça positivo, acompanhando

as demais empresas; As companhias que não mostraram mudança

positiva em seus hábitos de carregamento terão todos seus veículos

parados, carregados ou vazios, para serem totalmente inspecionados às

margens da via; No caso de empresas particularmente problemáticas, uma

balança pode ser posicionada pela fiscalização em sua saída, garantindo

que nenhum veículo com excesso de carga saia de suas instalações. Em

casos extremos, a companhia pode ter suas atividades encerradas.

2.8.2 Suíça

Os suíços desenvolveram um esquema especial de fiscalização

para túneis remotos da região Alpina, que aposta no desempenho

alcançado pelos sensores piezelétricos de quartzo, usados em arranjos

múltiplos (MS-WIM). O uso de múltiplos sensores tem por objetivo

alcançar acurácia suficiente para permitir a fiscalização completamente

automática de peso, à velocidade do fluxo. O sistema completo

empregado nos Alpes consiste de múltiplos sensores de peso

(piezelétricos de quartzo), medidores de altura de veículos (usando raios

infravermelhos), câmaras de vídeo, sistemas de transmissão de dados, e

painéis de sinalização variável.

Os dados de peso e altura, e as imagens em vídeo, são transmitidos

a uma central de controle de tráfego, possibilitando a identificação dos

veículos potencialmente sobrecarregados ou sobre dimensionados. Estes

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dados são simultaneamente transmitidos à equipe mais próxima de

fiscalização móvel, equipada com sistemas certificados de pesagem e

medida de dimensões.

Um processo similar é seguido em locais fixos, de fiscalização

rotineira. Ao longo das principais estradas suíças foram instalados

sistemas de pesagem em movimento, usando dois sensores tipo

piezelétricos de quartzo e um laço indutivo. Estes permitem pré-

selecionar veículos suspeitos, que são escoltados pela polícia até o posto

fixo de pesagem mais próximo onde peso e dimensões são aferidos.

Confirmada a infração, a multa é aplicada, e o veículo retido até que o

responsável realize o transbordo da carga e/ou regularize suas dimensões.

2.8.3 Alemanha

O projeto das instalações WIM na Alemanha preveem o uso de

sensores de peso do tipo piezelétrico de quartzo só na pista da direita ou

nas duas pistas mais à direita, nas rodovias com três pistas, e sensores de

tráfego, isto é, laços indutivos em todas as pistas. Essa estratégia reduz

significativamente os custos, e, ainda assim, é capaz de capturar dados de

cerca de 80% do tráfego pesado. Esses dados são usados não somente para

dar suporte à pré-seleção de veículos para a fiscalização, e executar a

fiscalização com balança certificada fixa, em área específica, mas

também para controle estatístico.

O sistema alemão de autoestradas utiliza também pórticos de

verificação de pagamento de pedágio, situados estrategicamente por todo

o país. Estes pórticos estão equipados com sistemas de detecção a raios

infravermelhos e câmeras de alta resolução, capazes de levantar o perfil

de caminhões e capturar o número das placas. Estes pórticos não são

dotados de sensores de peso (WIM), mas são capazes de pré-selecionar

veículos passíveis de sobre dimensão.

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Figura 13 - Pórtico para controle de pagamento de pedágio.

Fonte: ROBOT, 2007.

2.8.4 França

A tecnologia WIM é amplamente usada para dar suporte ao

controle de dimensões e peso dos veículos de carga na França.

Os sistemas WIM de alta velocidade (HS-WIM) são usados na pré-

seleção em tempo real dos veículos a serem submetidos à fiscalização; no

planejamento do dia, hora e local das atividades de fiscalização; e na

prevenção, identificando transportadores ou motoristas reincidentes para

receber cartas de advertência e visitas da fiscalização.

Estes sistemas são capazes de levantar o perfil de veículos, coletar

e memorizar dados de tráfego, medir pesos por eixo, peso total,

velocidade e comprimento, captar imagens de infratores presumidos e

identificar números de placa. Um desenho esquemático dos sistemas

podem ser visto na Figura 14. Os sistemas WIM de alta velocidade

francesas são compostos por dois sensores piezelétrico de cerâmica de

peso associados a sensores de posição transversal da roda, e de

temperatura do pavimento, um laço indutivo e câmeras de vídeo, para o

reconhecimento de placas.

Captada por estes sistemas de pré-seleção, a imagem e os dados de

um veículo suspeito são transmitidos em tempo real, por rádio ou linha

telefônica, aos fiscais localizados numa área a jusante. De posse destas

informações, os fiscais acionam os policiais encarregados de escoltar os veículos suspeitos de não conformidade à área de fiscalização, aonde são

multados os veículos com sobrecarga confirmada em sistema de pesagem

certificado.

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Figura 14 - Instalação dos sistemas de HS-WIM para pré-seleção de veículos.

Fonte: THIONN, 2007.

Além de usar os dados colhidos pelos sistemas HS-WIM para dar

suporte à pré-seleção, os franceses os usam também para identificar

empresas sistematicamente infratoras, a serem alvo de ações preventivas,

na forma de cartas de advertência e visitas programadas.

Para a fiscalização certificada na França são usados sistemas de

pesagem em movimento de baixa velocidade (LS-WIM) a 10 km/h,

permitindo processar até 10 vezes mais veículos do que com as balanças

estáticas antigamente usadas no país.

A reversão do cenário do setor rodoviário apresentado neste

capítulo exigirá dos órgãos responsáveis um planejamento estruturado

que possibilite a adequação das vias nacionais em ritmo mais intenso do

que a atualmente verificado. É necessário proporcionar melhores

condições de trafegabilidade, segurança, capacidade viária e fluidez para

que as rodovias brasileiras atinjam patamares de eficiência satisfatórios e

compatíveis com o desenvolvimento que se espera do país.

O aumento da produtividade e lucros da indústria do transporte em

cima do excesso de carga nos veículos produz, como foi mostrado, um

efeito indesejável de deterioração acelerada da camada de revestimento e

da estrutura dos pavimentos da rede viária. Essa ação coloca em risco o

conforto e a segurança dos usuários desse setor. Desse modo, para

garantir o estado da rede viária em condições adequadas é necessário a

implementação de uma fiscalização por pesagem eficiente.

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3 PROCEDIMENTO METODOLOGICO

O desenvolvimento do estudo de caso está divido em três partes:

procedimento metodológico, aplicação do estudo de caso e resultados e

análises.

É necessário para que se justifique esse trabalho como pesquisa,

definir os métodos e técnicas de coleta dos dados e um planejamento para

condução da pesquisa. Cauchick et al. (2012) propõem uma sequência de

conteúdos para a condução de um estudo de caso. O fluxograma da Figura

15 apresenta o procedimento metodológico seguido por este trabalho com

base nas instruções do autor citado.

Figura 15 - Etapas da metodologia.

O procedimento metodológico utilizado para a realização da

análise de ocorrência de sobrepeso no transporte rodoviário de carga na

BR-101, no sul do Estado de Santa Catarina tem início com a delimitação

da área de estudo. Portanto, primeiramente deve-se definir um referencial

teórico conceitual para o trabalho, mapeando a literatura, delineando as

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proposições e delimitando as fronteiras e grau de evolução. O referencial

teórico proporciona o suporte teórico para a pesquisa, isto é, os

fundamentos do assunto e também explicita o estado-da-arte sobre o tema

que envolve a pesagem de veículos de carga em busca da caracterização

da ocorrência de sobrepeso em veículos de carga.

A segunda etapa da metodologia trata-se do planejamento do

estudo de caso. Deve-se escolher o(s) casos(s) em número e tipo e definir

a amostra de estudo. O tipo de caso refere-se a natureza histórica dos

dados, se serão dados históricos coletados, sendo assim um caso do tipo

retrospectivo, ou então se o caso investigará o presente, utilizando dados

atuais e se qualificando como um caso longitudinal. Deve-se determinar

a quantidade de casos, único ou múltiplos casos, resultando em vantagens

e dificuldades em casa um deles. A utilização de um caso único tem a

vantagem de permitir maior aprofundamento e maior riqueza na coleta de

dados dos veículos. Porém, existe uma limitação no grau de generalização

na adoção de estudar somente com uma coleta de dados, uma vez que

existe o risco de um julgamento inadequado em função de um evento

único. Posteriormente, escolher a amostra de dados a estudar, isto é, quais

tipos de veículos terão suas características levantadas e estudadas. Ao

final dessa etapa, deve-se ter definido o(s) posto(s) de pesagem, os

sistemas tecnológicos de pesagem dos veículos que fornecerão as

mensurações e as ferramentas que serão utilizadas para o tratamento e

análises dos dados coletados.

Na sequência, como terceira etapa, deve-se verificar a qualidade

dos dados e fazer os ajustes necessários. É importante destacar que os

resultados estão intimidante ligados a essa etapa. Deve-se atentar quanto

a calibração da balança do sistema de pesagem para certificar-se da

qualidade dos dados coletados, garantindo resultados de pesagem

precisos. Além disso, é essencial entender a origem dos registros

coletados pelo sistema de pesagem, isto é, como o sistema coleta as

informações relativas aos veículos, assim é possível tratar os dados

coletados em busca de diversos resultados que se deseja obter.

A quarta etapa refere-se a coleta de dados em si, no qual acontece

o reconhecimento dos registros dos dados. Com base nos objetivos do

estudo de caso é definido o período necessário da coleta de dados. Os

dados devem ser coletados utilizando os sistemas de pesagem definidos

no planejamento do estudo de caso.

Finalmente, na quinta etapa serão analisados os dados, no qual

deve-se produzir uma narrativa, reduzir os dados e identificar

causalidades.

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Por fim, será realizada a conclusão, onde busca-se relatar os

objetivos atingidos com o estudo de caso, além de uma perspectiva geral

relacionada a importância da fiscalização de sobrepeso para a

conservação das rodovias do país.

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4 APLICAÇÃO DO ESTUDO DE CASO

Na aplicação do estudo de caso será descrito a definição conceitual

teórica, o planejamento do estudo de caso, os instrumentos e métodos pelo

qual os dados passaram e como foi feita a coleta de dados. Aqui serão

descritas todas as premissa adotas bem como as particularidades de cada

etapa executado. Em seguida, serão detalhados todos do resultados

encontrados e as análises feitas com a aplicação do método.

4.1 DEFINIÇÃO CONCEITUAL TEÓRICA

A definição do referencial teórico para o trabalho foi feita no

Capitulo 2. Cauchick et al. (2012) defendem a importância de se fazer um

mapeamento da literatura para identificar trabalhos de cunho teóricos e

de caráter empírico que além de localizar o contexto da literatura

disponível sobre o tema também auxilia nas tomadas de decisão da

pesquisa.

4.2 PLANEJAMENTO DO ESTUDO DE CASO

A primeira decisão prende-se com a escolha entre os tipos de casos.

O estudo em questão é do tipo longitudinal no qual investiga o presente.

Em relação a quantidade de casos, o estudo define-se em um único caso

de análise por ser um caso único revelador. Em relação a escolha de

amostra de estudo, foi escolhido os veículos de carga classificados

conforme o Quadro de Fabricantes de Veículos (QFV) que circularam

entre 01 de junho de 2016 a 31 de maio de 2017 na rodovia BR-101 sul

na altura do quilometro 417, em Araranguá.

4.2.1 Unidade de análise

A unidade de análise abordada foi a Estação Integrada (EI)

pertencente ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

(DNIT), localizada na BR-101 entre as coordenadas geográficas

28°96'97.18"S 49°52'61.97"W e 28°97'03.92"S 49°52'68.78"W, no

quilômetro 417, da faixa de rolamento de sentido Norte-Sul, no trecho

que transpassa o município de Araranguá, região sul do Estado de Santa

Catarina. A Figura 16 mostra as delimitações da unidade de análise.

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A EI é composta por uma pista de rolamento de 600 metros de

comprimento e 3,6 metros de largura, abrigo para proteção dos

equipamentos, estacionamento para trailer e proteção para o tráfego por

barreiras de concreto móveis.

Figura 16 - Faixa monitorada pelo sistema WIM em Araranguá.

Fonte: Google Maps (2018).

A faixa monitorada foi construída e equipada com estrutura

tecnológica para pesquisas de equipamentos de pesagem em movimento

(WIM) com a utilização de múltiplos sensores. A Figura 17 mostra a

simplificação esquemática dos conjuntos de sensores instalados.

Obedecendo ao sentido do tráfego, o primeiro grupo é composto pelos

sensores do tipo strain gage, o segundo grupo são os 48 sensores de

pesagem em movimento. Este se divide em 16 sensores piezelétricos

quartzo, 16 sensores piezelétrico cerâmico e 16 sensores BL polímero.

Para o estudo de caso desta pesquisa foram utilizados os dados obtidos do

sistema de pesagem em movimento composto pelos sensores

piezelétricos de quartzo.

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Figura 17 - Leiaute de instalação dos sensores e equipamentos.

Fonte: Brasil (2009).

4.2.2Ferramentas utilizadas na análise dos dados

Para os processamentos das etapas e das atividades de

reclassificação dos veículos pesados foi utilizado o ambiente de

desenvolvimento Delphi, sendo uma ferramenta RAD (Rapid Application

Development) que gera a linguagem Object Pascal.

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Para a execução das consultas de contagens de veículos utilizou-se

o sistema de banco de dados livre FireBird, no qual a linguagem de

pesquisa padrão do banco de dados empregada foi SQL (Structures Query Language).

Já para organização e apresentação dos resultados através de

planilhas e gráficos utilizou-se as ferramentas Excel e Word da Empresa

Microsoft®.

4.3 INSTRUMENTOS E MÉTODOS DOS DADOS

Definido o caso, deve-se determinar os instrumentos e métodos

para verificação da qualidade dos dados fazendo as correções e os ajustes

necessários.

4.3.1 Análise de qualidade dos dados

Com o objetivo de garantir a confiabilidade das medições dos

sistemas de pesagem em movimento (WIM) instalados na pista

monitorada, os registros passaram por um processo de controle de

qualidade de dados, baseado em técnicas de controle e de verificação

desenvolvidas pelo LabTrans/UFSC em cooperação com o Departamento

Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). A calibração do

sistema de pesagem em movimento se manteve estável durante todo o

período monitorado e seu desempenho se manteve dentro dos níveis

mínimos estipulados pela especificação COST 323 para este tipo de

aplicação.

4.3.2 Classificação veicular

Para que seja possível a identificação de ocorrência de excesso de

carga num determinado veículo, é necessário que o veículo esteja

devidamente classificado, uma vez que os limites de peso são

normatizados de acordo com a classe de cada veículo.

Atualmente, a Portaria nº 63, do DENATRAN, de 31 de março de

2009 determina a divisão das classes de veículos. O DNIT, com base

nessa portaria, desenvolveu uma terminologia própria para as classes de

veículos existentes, documentado no Quadro de Fabricante de Veículos

(QFV), atualizado pela última vez em 2012.

De acordo com as homologações previstas na Portaria nº63/2009,

a classificação dos veículos e das combinações de veículos de transporte

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de cargas, objetivando a determinação de seus limites de peso, é baseada

a partir dos seguinte parâmetros:

Combinação de eixos e de grupos de eixos.

Distâncias entre eixos e grupos de eixos.

Tipo de rodado dos eixos.

Comprimento total.

Distinção entre ônibus e veículos de carga com configuração de

eixos idêntica.

O sistema WIM realiza a classificação dos veículos de forma

automática seguindo os regulamentos vigentes, uma vez que possui

capacidade de detecção e de processamento dos cinco parâmetros citados

acima. Os equipamentos que constituem o sistema são compostos por

sensores de carga por eixo, sensores diagonais de detecção do tipo de

rodado dos eixos e por laços magnéticos, que fazem a detecção e a

segmentação dos veículos, a estimativa do seu comprimento e com base

no perfil magnético do veículo distingue entre veículos de carga e de

passeio.

Durante o período de estudo, os parâmetros relativos ao tipo de

rodado de cada eixo e ao comprimento dos veículos passantes não haviam

sido incorporadas ao algoritmo de classificação do sistema WIM, ainda

que a rotina tecnológica implantada fosse capaz de produzir e de

disponibilizar essas informações em seus dados de saída. Com isso,

realizou-se um pós-processamento dos dados de classificação obtidos

através do sistema WIM, que, até então, efetuava a classificação de forma

agrupada, desconsiderando as diferenças entre o tipo de rodado dos eixos

e o comprimento dos veículos. A fim de confirmar a veracidade das

classificações dos veículos realizadas pelo sistema WIM, realizou-se o

processamento dos parâmetros dos veículos passantes coletados, nos

quais a ocorrência de rodados-duplos e comprimento dos veículos foram

inclusos na determinação das novas classificações dos veículos de acordo

com o QFV.

A reclassificação dos veículos foi feita em duas grandes etapas. A

Figura 18 mostra um esquema ilustrativo do processamento pelo qual os

dados coletados passaram, evidenciando os dados de entrada, as ações e

as saídas obtidas.

Em uma das grandes etapas foi feito o reagrupamento das

combinações de eixos e grupos de eixos. Para a realização da outra grande

etapa existente, foi desenvolvido uma metodologia de identificação dos

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perfis de cada classe de veículos a partir da ocorrência de rodados simples

e duplos.

Figura 18 - Dados de entrada, ações e saídas obtidos através do processamento

dos dados.

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O sistema WIM identifica e nomeia os eixos dos veículos em eixos

isolados, eixos tandem e eixos tridem. Os eixos tandem e eixos tridem são

tratados como grupo de eixos pelo sistema. Já o QFV considera eixo

isolado como grupo de eixos, desse modo, o QFV nomeia os eixos dos

veículos em grupo de eixo isolado, grupo com conjunto de eixos em

tandem duplo e grupo com conjunto de eixos em tandem triplo. Sendo as

combinações de eixos e grupos de eixos nomeadas de modos diferentes,

não há uniformidade nas informações sendo necessário fazer a

compatibilização dos dados para que seja possível reclassificar os

veículos. Então, para etapa de reagrupamento foi realizado a renomeação

dos eixos e combinações do eixos conforme o QFV apresenta.

A partir do reagrupamento dos eixos e grupos eixos é possível

verificar o modo como estão distribuídos ao longo do caminhão. Essa

verificação é importante pois mais de uma classe de veículo pode ter a

mesma quantidade de eixos e grupos de eixos, porém estão distribuídos

de modo diferente ao longo do veículo. Como exemplo, o Quadro 3

mostra duas classes de veículos, as classes 4C e 4CD, que possuem as

mesmas quantidades de grupo de eixos, dois grupos e número de eixos,

quatro eixos, mas possuem diferentes distribuições ao longo do caminhão.

Enquanto a classe 4C dispõem de um eixo isolado seguindo de um

conjunto de eixos em tandem triplo, a classe 4CD apresenta um conjunto

de eixos direcionais seguido de um conjunto de eixos em tandem duplo.

Quadro 3 - Silhueta dos veículos 4C e 4CD.

Classe 4C Classe 4CD

N° de grupos de eixos 2 N° de grupos de eixos 2

N° de eixos 4 N° de eixos 4

Para a etapa de montagem dos perfis dos veículos foi desenvolvida

uma metodologia de identificação do perfil de cada classe de veículo a partir das ocorrências de rodados simples e duplos nos eixos. Na

composição do perfil de um veículo, a ocorrência de um eixo simples foi

representado por “0” e a ocorrência de um eixo com rodado duplo foi

representado por “1”. Na Quadro 4 abaixo, são mostradas as silhuetas dos

veículos com classificação 3C e 3CD a efeito de exemplo.

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Quadro 4 - Silhueta dos veículos 3C e 3CD.

Classe 3C Classe 3CD

Perfil “011” Perfil “010”

Com base na metodologia de identificação desenvolvida, o veículo

3C tem sua identificação representada em “011”, uma vez que o primeiro

eixo se caracteriza por um eixo simples, representado por “0”, e o segundo

e o terceiro eixo se caracterizam por dois eixos duplos, representados por

“1”. Já o veículo de classificação 3CD tem sua identificação representada

em “010”, visto que também possui três eixos, porém o primeiro e último

eixos são eixos simples e o segundo eixo é comporto por rodado duplo. O

Quadro 5 ilustra o processo de identificação desenvolvido na metodologia

da pesquisa com base no tipo de rodado dos eixos, para verificação das

classes de veículos dentro dos grupos de classes estimados

automaticamente pelo sistema WIM.

Quadro 5 - Exemplos de dados de saída do pós-processamento de classificação

veicular.

Classificação

pré-

processamento

Eixo

1

Eixo

2

Eixo

3

Eixo

4

Eixo

5

Eixo

6 Perfil

Classificação

pós-

processamento

2C ou 2CC Não Sim 01 2C

3C ou 3CD ou

3DC Não Sim Sim 011 3C

4CD ou 4DD ou

4DC Não Não Sim Sim 0011 4CD

3T4 ou 3TD Não Sim Sim Sim Sim Sim 011111 3T4

Depois de realizadas as etapas de processamento de reagrupamento

das combinações de eixos e grupos de eixos e a montagem dos perfis dos

veículos a partir da ocorrência de rodados simples e duplos nos eixos, foi

feito verificações em relação ao tamanhos do veículos.

Essa verificação foi necessária pois uma mesma classe de veículo

pode possuir dois limites de PBT distintos em função do comprimento

total. O Quadro 6 mostra como exemplo a classe 3I3, que para

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comprimentos de até 16 metros, possui limite de PBT de 45 toneladas e

para comprimentos superiores, maiores de 16 e até 18,6 metros, possui

limite de PBT de 53 toneladas.

Quadro 6 - Comprimentos e PBT’s relativos aos veículos da classe 3I3.

Classe 3I3 Classe 3I3

Comprimento <16 m Comprimento >16 m e <18,6 m

PBT 45 PBT 53

Desse modo, foi possível, a partir dos parâmetros de combinações

de eixos e grupo de eixos, do tipo de rodado dos eixos e comprimento

total do veículos, obtidos pelo sistema WIM na faixa monitorada,

reclassificar os veículos de acordo com o QFV.

4.3.3 Saneamento dos dados

Para que houvesse alto nível de confiabilidade na reclassificação

feita com os parâmetros obtidos pelo sistema de WIM de acordo com o

QFV, foi necessário remover alguns registros. Do total de 848.299

registros coletados na faixa monitorada pelo sistema foram descartados

73.850 registros, que equivale a 8,706% do total dos dados coletados.

Excluiu-se primeiramente os registros classificados como ônibus,

já que não se enquadram no objetivo da pesquisa. Os ônibus

representaram 3,07% da amostra equivalendo a 26.036 veículos passantes

pela faixa monitorada

Descartou-se os veículos que apresentaram peso nulo no primeiro

e/ou no segundo eixo, demonstrando que houve um erro de leitura do

sistema, sabendo que não é possível um veículo de carga ter peso zero no

primeiro ou no segundo eixo. Esses registros representaram um total de

0,13% do total da amostra, contabilizando 1.110 veículos passantes.

Desconsiderou-se também todos os registros que tiveram qualquer

divergência nas verificações dos parâmetros apresentados de acordo com

o QFV, e dessa forma não conseguiram uma classificação precisa. Esses

casos representaram 5,64% do total da amostra colhida, representando

47.814 registros.

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96

No Anexo A encontra-se o código de programação utilizado no

processamento dos dados coletos.

4.4 COLETA DE DADOS

Os dados foram extraídos do domínio do DNIT, oriundos da

estação de coleta de dados de tráfego no sul do estado (EI). A tecnologia

é baseada em sistemas de pesagem em movimento (Weigh-In-Motion -

WIM) de alta velocidade integrado a um dispositivo de Leitura

Automática de Placas (LAP), implementada em uma única faixa na BR-

101.

Figura 19 - Sistemas WIM instalados na BR-101 em Araranguá.

Fonte: Google Maps (2017).

A partir do sistema WIM é realizada a pesagens de todos os

veículos passantes em velocidade diretriz, inclusive veículos de passeio.

Contudo, o escopo desta pesquisa foram os veículos pesados, desta forma

analisou-se apenas os veículos documentados no Quadro de Fabricantes

de Veículos (QFV). Além das informações de peso por eixo, peso por

grupo de eixos e Peso Bruto Total (PBT), o sistema WIM faz a

classificação dos veículos pesados, viabilizando a identificação dos

limites de peso para cada veículo e assim a ocorrência de sobrepeso. Já o dispositivo de Leitura Automática de Placas (LAP) faz a

identificação dos transportadores através de consultas às bases de

registros. Todavia, não sendo objetivo desta pesquisa fazer a identificação

dos transportadores, esses registros não serão abordados.

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A coleta de dados na faixa monitorada ocorreu em um período de

12 meses, de 01 de junho de 2016 a 31 de maio de 2017, no qual foram

registrados 848.299 veículos pesados. Determinou-se o tempo de coleta

em um ano a fim de fundamentar esta pesquisa dentro das sazonalidades

produtivas anuais (agrícolas, comerciais, industriais, civis) que podem

acarretar na diversificação de veículos passantes.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A caracterização do sobrepeso, no presente trabalho, consiste na

implementação dos métodos de análise dos dados de tráfego coletados no

período de 01 de junho de 2016 a 31 de maio de 2017 em um ponto da

rodovia BR101 sul, descritos no capitulo 3, no qual foram levantados

contagens referentes a frequência e a severidade de veículos com carga

acima do permitido pela legislação.

Finalizada as verificações das classes, torna-se possível determinar

se há ou não ocorrência de sobrepeso a partir das pesagens dos veículos

que passaram na rodovia. A caracterização do sobrepeso foi avaliada em

dois aspectos: ocorrência de sobrepeso e ocorrência de sobrepeso severo.

Foi registrado como ocorrência de sobrepeso veículos com peso acima do

limite previsto na legislação e da tolerância vigente. E para sobrepeso

severo considerou-se pesagens superiores a 10% do limite e da tolerância

vigente.

A investigação das classes de veículos com prevalência de

sobrepeso constitui um dos objetivos específicos deste trabalho.

Tendo em vista investigar de que maneiras o sobrepeso ocorre de

forma mais frequente e severa na via estudada, foram analisados e

calculados índices referentes aos seguintes aspectos da prática de excesso

de carga:

Ocorrência de veículos com sobrepeso por tipo de

enquadramento de excesso de peso.

Ocorrência de veículos com sobrepeso por classe de

veículo.

Ocorrência de veículos com sobrepeso por mês do ano.

Ocorrência de veículos com sobrepeso por dia da semana.

Ocorrência de veículos com sobrepeso por hora do dia.

Nos subcapítulos a seguir é tratado em maior nível de detalhe o

processo de avaliação dos dados e a obtenção dos índices de ocorrência

referentes aos itens listados. É importante salientar que todos os

percentuais de excesso de peso calculados e suas respectivas análises

levam em consideração as tolerâncias vigentes previstas na Resolução do

nº 526 aplicáveis para cada tipo de excesso, isto é, PBT e peso por eixo.

Dessa forma, os registros de excesso de peso somente são considerados

quando o sobrepeso excede as tolerâncias regulamentadas.

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5.1 ANÁLISE POR TIPO DE ENQUADRAMENTO

Em concordância com a Portaria nº 03 do DENATRAN, de 06 de

janeiro de 2016, a infração por excesso de peso pode estar associada a um

de três enquadramentos distintos. Os enquadramentos previstos são:

683-1 / 1: Transitar com o veículo com excesso de peso

PBT/PBTC.

683-1 / 2: Transitar com o veículo com excesso de peso - por

Eixo.

683-1 / 3: Transitar com o veículo com excesso de peso -

PBT/PBTC e por Eixo.

Os enquadramentos retratam as diferentes formas de se praticar o

sobrepeso em um veículo. Os enquadramentos 683-1/1 e 683-1/2 se

referem a veículos que trafegam com excesso de Peso Bruto Total (PBT)

ou excesso de peso no(s) eixo(s), exclusivamente. O enquadramento 683-

1/3 abrange os veículos com excesso no PBT e no(s) eixo(s),

simultaneamente.

Na faixa de tráfego monitorada no período de 12 meses, foram

validados os registros de 774.449 veículos pesados. Dos 774.449 registros

obtidos, 116.351 (15,02%) apresentaram algum tipo de excesso de peso.

O Gráfico 9 apresenta os percentuais de veículos registrados com excesso

de peso, divididos entre os três tipos de enquadramento.

Gráfico 9 - Divisão dos registros de veículos com sobrepeso por tipo de

enquadramento.

Dentre os 116.351 veículos registrados com excesso de peso,

28.721 veículos (24,68%) registraram excesso no PBT, exclusivamente.

No mesmo contexto, 49.821 veículos (42,82%) apresentaram excesso em

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100

um ou mais eixos ou grupos de eixos, exclusivamente. Por fim, 37.809

veículos (32,50%) apresentaram excesso no PBT e excesso nos

eixos/grupos de eixos, simultaneamente. Essas informações estão

expostas, quantitativamente, na Tabela 7.

Tabela 7 - Ocorrência de veículos com sobrepeso por tipo de enquadramento.

Enquadramento Descrição Quantidade

de veículos Percentual

683-1/1

Transitar com o veículo

com excesso de peso

PBT/PBTC

28.721 24,75%

683-1/2

Transitar com veículo

com excesso de peso –

Por Eixo

49.821 42,82%

683-1/3

Transitar com o veículo

com excesso de peso –

PBT/PBTC e Por Eixo

37.809 32,50%

Total 116.351 100,00%

Dentre os três enquadramentos existentes, a maior parcela dos

veículos registrados com sobrepeso apresentou, exclusivamente, excesso

no(s) eixo(s)/grupo(s) de eixo(s). Esse tipo de excesso está,

frequentemente, associado a uma arrumação inadequada dos

carregamentos, podendo ser solucionada através do remanejamento da

carga ao longo do veículo.

Para melhor reconhecimento das classes de veículos que praticam

o sobrepeso e são altamente nocivas para o pavimento, convencionou-se

severo o sobrepeso praticado em quantidades superiores a 10% dos

limites regulamentados somados às tolerâncias vigentes. Durante os

meses de coleta de dados para o presente trabalho, do total de 116.351

registrados com sobrepeso, 16.743 veículos (14,39%) apresentaram

sobrepeso severo, isto é, superior a 10% do limite estabelecido com as

tolerâncias aplicáveis. Nesse contexto, o Gráfico 10 aponta a distribuição

do percentual de veículos com sobrepeso severo por tipo de

enquadramento.

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101

Gráfico 10 - Divisão dos registros de veículos com sobrepeso severo por tipo de

enquadramento.

Conforme mostra o Gráfico 10, quando considerados apenas os

veículos com sobrepeso severo, observa-se uma proporção maior de

ocorrência de sobrepeso no(s) eixo(s)/grupo(s) de eixo(s),

exclusivamente. Essas informações estão organizadas na Tabela 8.

Tabela 8 - Ocorrência de veículos com sobrepeso severo por tipo de

enquadramento.

Enquadramento Descrição Quantidade de

veículos Percentual

683-1/1

Transitar com o

veículo com

excesso de peso

PBT/PBTC

2.855 17,05%

683-1/2

Transitar com

veículo com

excesso de peso

– Por Eixo

5.774 34,49%

683-1/3

Transitar com o

veículo com

excesso de peso

– PBT/PBTC e

Por Eixo

8.114 48,46%

Total 16.753 100,00%

As análises por tipo de enquadramento demonstraram uma

predominância de casos de sobrepeso nos eixos em relação ao número de

infrações relacionadas ao PBT/PBTC. Quando considerados os casos de

sobrepeso severo, essa predominância se torna ainda mais acentuada.

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102

5.2 ANÁLISE POR CLASSE DE VEÍCULOS

A ocorrência de excesso de peso pelas diferentes classes de

veículos contribui para a caracterização do sobrepeso praticado no local

monitorado. A Tabela 9 mostra as contagens em relação ao volume da

frota das cinco primeiras classes mais representativas que passaram pelo

ponto de coleta de dados.

Tabela 9 - Índices de veículos por classe.

Classe Quantidade de

veículos Percentual

3C 154.165 19,91%

3S3 139.460 18,01%

2C 97.525 12,59%

2S2 93.274 12,04%

2S3 76.480 9,88%

Outras 213.545 27,57%

Total 774.449 100%

As classes de veículos registradas com maior frequência de

excesso de peso no período monitorado estão apresentadas na Tabela 10,

bem como as respectivas quantidades de veículos infratores e os

percentuais de sobrepeso em relação aos volumes da frota de cada classe.

No Apêndice A encontra-se a planilha completa com todos os veículos

passantes pela EI devidamente classificados que praticaram o sobrepeso.

Tabela 10 - Ocorrência de veículos com sobrepeso por classe de veículos.

Classe

Quantidade de

veículos

(1)

Quantidade de

veículos com

excesso de carga

(2)

Percentual

(2/1)

3S3 139.460 33.091 23,73%

3C 154.165 28.643 18,58%

3I3 42.094 13.037 30,97%

4CD 29.249 9.187 31,41%

2S3 76.480 9.078 11,87%

Outras 213.545 23.315 20,04%

Total 774.449 116.351 15,02%

Conforme dados da Tabela 10, os veículos classificados como 3S3

apresentaram a maior quantidade de registros de sobrepeso entre as

diferentes classes de veículos que compõem a frota local. No entanto,

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103

destaca-se que, em termos de quantidade absoluta de veículos, trata-se da

segunda classe de veículo mais representativa, com 139.460 registros. Em

termos percentuais, os veículos classificados como 4CD revelaram o

maior índice, em que, 31,41% dos veículos dessa classe, foram

registrados com sobrepeso.

Com o objetivo de aprofundar o entendimento sobre os resultados

obtidos, verificou-se a proporção de veículos com sobrepeso severo sobre

o total de veículos com excesso em cada classe. A Tabela 11 exibe os

índices absolutos e os percentuais das cinco classes com mais ocorrências

de sobrepeso severo no período monitorado.

Tabela 11 - Ocorrência de veículos com sobrepeso severo por classe de

veículos.

Classe

Quantidade

de veículos

(1)

Quantidade

de veículos

com excesso

de peso (2)

Quantidade

de veículos

com

sobrepeso

severo (3)

Percentual

(3/2)

Percentual

(3/1)

3C 154.165 28.643 7.925 27,67% 5,14%

3I3 42.094 13.037 4.326 33,18% 10,28%

4CD 29.249 9.187 2.668 29,04% 9,12%

3S3 139.460 33.091 2.170 6,56% 1,56%

2S3 76.480 9.078 1.554 17,12% 2,03%

Outras 774.449 116.351 16.743 14,49% 2,16%

Os veículos da classe 3C apresentaram a maior quantidade de

registros de sobrepeso severo. Esse resultado é justificado pois a classe

3C representa o segundo tipo de veículo com mais registros de sobrepeso,

sendo 28.643 registros. Verifica-se, portanto, que, em termos percentuais,

em relação ao número total de registros de sobrepeso por classe, a classe

3I3 apresenta o maior índice de ocorrências (33,18%). Por fim, se for

considerada uma relação com o número total de veículos registrados para

cada classe, a classe 3I3 também revela o maior índice, no qual 10,28%

dos veículos registrados revelam sobrepeso severo.

5.3 ANÁLISE POR MÊS DO ANO

As ocorrências de excesso de peso podem se concentrar com mais

frequência ou de forma mais severa em determinados meses do ano

devido a sazonalidade de demanda de produtos e serviços. A análise

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desses dados mostram a influência da época do ano nos índices de

sobrepeso do local monitorado. O Gráfico 11 mostra a frequência de

veículos pesados e de veículos com sobrepeso em função dos meses,

durante os 12 meses de coleta.

Gráfico 11 - Frequência de veículos com sobrepeso por mês do ano.

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Observando o Gráfico 11, na faixa monitorada, o volume de

veículos passantes foi mais intenso nos meses de março e maio. Ao

verificar o volume de veículos pesados que praticaram sobrepeso o mês

mais significativo e acompanhando o maior volume de veículos

registrados foi o mês de maio, seguido dos meses de junho e outubro.

Com o propósito de facilitar a avaliação da proporção de veículos com

sobrepeso em relação ao volume de veículos registrados, a Tabela 12

revela os valores ilustrados no Gráfico 11 e os percentuais de sobrepeso

para cada mês de coleta.

Estudando a Tabela 12 é possível notar que os menores volumes

de veículos que circularam na faixa monitorada foram registrados nos

meses da alta temporada de verão, meses de janeiro e fevereiro. Ao

verificar o volume de veículos com excesso de peso, os meses de janeiro

e fevereiro também aparecem com o menores índices de volumes

registrados.

Tabela 12 - Ocorrência de veículos com sobrepeso por mês do ano.

Mês do ano Quantidade de

veículos (1)

Quantidade de

veículos com

excesso de peso

(2)

Percentual (2/1)

Janeiro 58.049 8.435 14,53%

Fevereiro 58.274 7.812 13,41%

Março 69.369 9.585 13,82%

Abril 61.682 9.233 14,97%

Maio 67.853 10.784 15,89%

Junho 64.267 10.338 16,09%

Julho 64.191 10.133 15,79%

Agosto 66.431 10.112 15,22%

Setembro 65.699 10.196 15,52%

Outubro 66.841 10.352 15,49%

Novembro 66.063 9.856 14,92%

Dezembro 65.730 9.515 14,48%

Total 774.449 116.351 15,02%

Nesse contexto, os índices mostrados na Tabela 12 indicam que o

maiores percentuais de veículos com sobrepeso em relação ao total de

veículos que trafegaram na rodovia pertencem ao meses de maio, junho e

julho, com percentuais de 15,89%, 16,09% e de 15,79%, respectivamente.

O Gráfico 12 de barras apresenta as frequências de veículos com

excesso de peso em comparação com as frequências de veículos com

sobrepeso severo, por intervalos de hora do dia no período monitorado.

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106

Gráfico 12 - Frequência de veículos com sobrepeso severo por mês do ano.

Com base nas informações mostradas no Gráfico 12, verifica-se

que o sobrepeso severo foi praticado com mais frequência nos meses de

maio e junho, sendo que o mês de maio também apresentou o maior

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107

volume de ocorrências de excesso de peso. Nesse cenário, a Tabela 13

apresenta, além dessas informações, uma análise percentual dos veículos

com sobrepeso severo em relação à quantidade total de veículos com

sobrepeso e à quantidade total de veículos pesados, dívida por meses do

ano.

Tabela 13 - Ocorrência de veículos com sobrepeso severo por mês do ano.

Mês do ano

Quantidade

de veículos

(1)

Quantidade

de veículos

com excesso

de peso (2)

Quantidade

de veículos

com

sobrepeso

severo (3)

Percentual

(3/2)

Percentual

(3/1)

Janeiro 58.049 8.435 1.853 21,97% 3,19%

Fevereiro 58.274 7.812 1.711 21,90% 2,94%

Março 69.369 9.585 2.293 23,92% 3,31%

Abril 61.682 9.233 2.115 22,91% 3,43%

Maio 67.853 10.784 2.492 23,11% 3,67%

Junho 64.267 10.338 2.362 22,85% 3,68%

Julho 64.191 10.133 2.056 20,29% 3,20%

Agosto 66.431 10.112 1.946 19,24% 2,93%

Setembro 65.699 10.196 2.018 19,79% 3,07%

Outubro 66.841 10.352 2.045 19,75% 3,06%

Novembro 66.063 9.856 2.006 20,35% 3,04%

Dezembro 65.730 9.515 1.916 20,14% 2,91%

Total 774.449 116.351 24.813 21,33% 3,20%

Os resultados apontam que os maiores percentuais de veículos com

sobrepeso severo em relação à quantidade de veículos com excesso de

peso ocorrem nos meses de março e maio, com percentuais de 23,92% e

de 23,11%, respectivamente. Já o menor percentual obtido pertence ao

mês de agosto, com 19,24%. Quando o percentual é calculado sobre

número total de veículos registrados a cada mês, os índices maiores são

observados nos meses de maio e junho.

5.4 ANÁLISE POR DIA DE SEMANA

A distribuição da quantidade de veículos registrada e dos registros

de veículos com excesso de peso em função dos dias da semana, durante

todo o período monitorado estão apresentados no Gráfico 13.

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108

Gráfico 13 - Frequência de veículos com sobrepeso por dia de semana.

Estudando o Gráfico 13, na faixa de rodovia monitorada, o volume

de veículos pesados foi mais intenso nas quartas-feiras e nas quintas-

feiras. Acompanhando esse maior volume de veículos, verificou-se,

também, que sobrepeso foi praticado com maior frequência nesses dias.

No mesmo contexto, observa-se um menor volume de veículos e uma

menor frequência de sobrepeso aos sábados e aos domingos. A Tabela 14,

por sua vez, revela essas informações de forma quantitativa,

acrescentando, também, os percentuais de veículos com sobrepeso em

relação à quantidade total de veículos registrada para cada dia da semana.

Tabela 14 - Ocorrência de veículos com sobrepeso por dia de semana.

Dia da semana Quantidade de

veículos (1)

Quantidade de

veículos com

excesso de peso

(2)

Percentual (2/1)

Domingo 82.544 13.397 16,23%

Segunda-feira 100.403 15.428 15,37%

Terça-feira 115.894 16.849 14,54%

Quarta-feira 137.904 20.951 15,19%

Quinta-feira 139.749 20.318 14,54%

Sexta-feira 118.135 16.993 14,38%

Sábado 79.820 12.415 15,55%

Total 774.449 116.351 15,02%

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109

Com base nas informações da Tabela 14, verifica-se que, quando

consideramos o percentual de veículos com excesso de peso em relação

ao total de veículos registrados, a proporção do sobrepeso se mostra mais

significativa justamente aos sábados e aos domingos, com percentuais de

15,55% e de 16,23%, respectivamente.

Para os casos de sobrepeso severo analisou-se através da

comparação entre os índices de sobrepeso de cada dia com os índices de

sobrepeso severo. O Gráfico 14 de barras demonstra as quantidades de

registros de veículos com excesso de peso, bem como as quantidades de

veículos com excesso acima de 10%, registrados por dia da semana.

Gráfico 14 - Frequência de veículos com sobrepeso severo por dia de semana.

Conforme exposto no Gráfico 14, verifica-se que o sobrepeso

severo foi praticado com mais frequência nas quartas-feiras e nas quintas-

feiras, dias nos quais o volume total de ocorrências de excesso de peso

também foi maior. Nesse contexto, a Tabela 15 apresenta, além desses

números, uma análise percentual dos veículos com sobrepeso severo em

relação à quantidade total de veículos com sobrepeso e à quantidade total

de veículos pesados, segmentada por dia da semana.

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110

Tabela 15 - Ocorrência de veículos com sobrepeso severo por dia de semana.

Dia da

semana

Quantidade

de veículos

(1)

Quantidade

de veículos

com excesso

de peso (2)

Quantidade

de veículos

com

sobrepeso

severo (3)

Percentual

(3/2)

Percentual

(3/1)

Domingo 82.544 13.397 2.455 18,32% 2,97%

Segunda-

feira 100.403 15.428 3.782 24,51% 3,77%

Terça-

feira 115.894 16.849 3.790 22,49% 3,27%

Quarta-

feira 137.904 20.951 4.484 21,40% 3,25%

Quinta-

feira 139.749 20.318 4.346 21,39% 3,11%

Sexta-

feira 118.135 16.993 3.726 21,93% 3,15%

Sábado 79.820 12.415 2.230 17,96% 2,79%

Total 774.449 116.351 24.813 21,33% 3,20%

Os índices mostrados na Tabela 15 apontam que o maior

percentual de veículos com sobrepeso severo em relação à quantidade de

veículos com excesso de peso ocorre nas segundas-feiras, em que 24,51%

dos veículos com excesso foram registrados com sobrepeso considerado

severo. Quando a proporção é realizada em relação ao número total de

veículos registrado em cada dia, o percentual também é maior na segunda-

feira, quando 3,77% do total de veículos pesados registrados nesse dia da

semana tiveram algum excesso de peso severo detectado.

5.5 ANÁLISE POR HORA DO DIA

As ocorrências de excesso de peso podem se concentrar com mais

frequência ou de forma mais severa em determinados horários do dia. O

levantamento dessas informações pode auxiliar na caracterização dos

fatores de influência nos índices de sobrepeso dos locais monitorados. O

Gráfico 15 exibe as frequências de veículos pesados e de veículos com

sobrepeso em função dos intervalos de hora do dia, durante os 12 meses

de coleta.

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111

Gráfico 15 - Frequência de veículos com sobrepeso por intervalo de hora do dia.

Através do Gráfico 15 apresentado, verifica-se que a quantidade de

ocorrências de excesso de peso por intervalo de hora do dia tende a ser

relativamente proporcional ao volume de veículos pesados registrados.

Isso significa que, quanto maior é o volume de veículos pesados

registrados, maior tende a ser a quantidade de veículos com sobrepeso em

determinado intervalo de hora. Com o intuito de viabilizar a avaliação da

proporção de veículos com sobrepeso em relação ao volume de veículos

registrados, a Tabela 16 revela os valores ilustrados no Gráfico 15 e os

percentuais de sobrepeso para cada intervalo de hora do dia.

Tabela 16 - Ocorrência de veículos com sobrepeso por hora do dia.

Intervalo da

hora do dia

Quantidade

veículos (1)

Quantidade de

veículos com

excesso de peso

(2)

Percentual (2/1)

0h 16.250 2.665 16,40%

1h 14.109 2.710 19,21%

2h 13.449 2.909 21,63%

3h 15.907 3.294 20,71%

4h 18.904 3.463 18,32%

5h 25.995 4.405 16,95%

6h 35.822 6.077 16,96%

7h 39.141 6.167 15,76%

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112

8h 43.245 6.464 14,95%

9h 45.141 6.547 14,50%

10h 44.001 6.094 13,85%

11h 38.560 5.186 13,45%

12h 32.576 4.031 12,37%

13h 34.676 4.042 11,66%

14h 38.904 4.636 11,92%

15h 41.553 4.997 12,03%

16h 44.044 5.676 12,89%

17h 44.458 6.231 14,02%

18h 42.363 6.424 15,16%

19h 39.410 6.479 16,44%

20h 33.628 5.643 16,78%

21h 27.318 4.666 17,08%

22h 24.617 4.062 16,50%

23h 20.378 3.483 17,09%

Total 774.449 116.351 15,02%

Com base nos dados da Tabela 16, verifica-se que a detecção de

veículos com sobrepeso foi mais frequente entre 8h e 9h e entre 18h e

19h, isto é, começo da manhã e começo de noite. No entanto, quando se

verificam os índices percentuais de veículos com sobrepeso em relação

ao total de veículos que trafegaram na rodovia nos intervalos de hora em

questão, os índices mais significativos de veículos com excesso de peso

ocorrem de madrugada, entre 1h e 4h. Além dos dados registrados,

consideram-se relevantes as informações a respeito das frequências

absolutas e proporcionais de sobrepeso severo por hora do dia, conforme

mostrado a seguir.

O Gráfico 16 apresenta as frequências de veículos com excesso de

peso em comparação com as frequências de veículos com sobrepeso

severo, por intervalos de hora do dia no período monitorado.

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113

Gráfico 16 - Frequência de veículos com sobrepeso severo por intervalo de hora

do dia.

A partir da intepretação do Gráfico 16, verifica-se que o pico de

ocorrência de veículos com sobrepeso severo ocorre as 06h. Para uma

compreensão mais aprofundada dos resultados obtidos, a Tabela 17 exibe

os percentuais de sobrepeso severo em relação tanto à quantidade total de

veículos pesados quanto à quantidade de veículos com sobrepeso, para

cada intervalo de hora do dia, no período monitorado.

Tabela 17 - Ocorrência de veículos com sobrepeso severo por hora do dia.

Intervalo

da hora

do dia

Quantidade

veículos (1)

Quantidade de

veículos com

excesso de

peso (2)

Quantidade de

veículos com

excesso de peso

severo (3)

Percentual

(3/2)

Percentual

(3/2)

0h 16.250 2.665 619 23,23% 3,81%

1h 14.109 2.710 787 29,04% 5,58%

2h 13.449 2.909 872 29,98% 6,48%

3h 15.907 3.294 945 28,69% 5,94%

4h 18.904 3.463 952 27,49% 5,04%

5h 25.995 4.405 1.208 27,42% 4,65%

6h 35.822 6.077 1.440 23,70% 4,02%

7h 39.141 6.167 1.161 18,83% 2,97%

8h 43.245 6.464 1.084 16,77% 2,51%

9h 45.141 6.547 1.128 17,23% 2,50%

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114

10h 44.001 6.094 1.139 18,69% 2,59%

11h 38.560 5.186 1.002 19,32% 2,60%

12h 32.576 4.031 818 20,29% 2,51%

13h 34.676 4.042 774 19,15% 2,23%

14h 38.904 4.636 888 19,15% 2,28%

15h 41.553 4.997 911 18,23% 2,19%

16h 44.044 5.676 1.051 18,52% 2,39%

17h 44.458 6.231 1.184 19,00% 2,66%

18h 42.363 6.424 1.337 20,81% 3,16%

19h 39.410 6.479 1.367 21,10% 3,47%

20h 33.628 5.643 1.291 22,88% 3,84%

21h 27.318 4.666 1.088 23,32% 3,98%

22h 24.617 4.062 953 23,46% 3,87%

23h 20.378 3.438 814 23,68% 3,99%

Total 774.449 116.351 24.813 21,33% 3,20%

Os resultados indicam que os maiores percentuais de veículos com

sobrepeso severo em relação à quantidade de veículos com excesso de

peso ocorrem entre 0h e 5h. Quando o percentual é calculado sobre

número total de veículos registrados em cada intervalo de hora, os índices

também são maiores entre 0h e 5h.

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115

6 CONCLUSÕES

O transporte rodoviário atualmente é o principal sistema logístico

do Brasil, isto devido às históricas estratégias governamentais de

concentrar os investimentos em rodovias, sendo oportunos os estudos

relacionados ao setor.

As referências consultadas indicaram de forma conclusiva que os

excessos de carga e a falta de conservação das rodovias são as principais

causas de deterioração prematura dos pavimentos e, ainda, quantificam

que o custo operacional do transporte rodoviário de cargas pode aumentar

em até 91,5% devido a inadequações no pavimento. Sendo, assim,

perceptível a necessidade de sistemas de fiscalização eficientes para

garantir o desempenho e a durabilidade das vias rodoviárias brasileiras

para os usuários.

A utilização de sistemas de pesagem em movimento (WIM)

mostrou-se eficiente e versátil devido, principalmente, ao monitoramento

contínuo com possibilidade de monitoramento de 100% do fluxo de

veículos pesados, que ocasionam custos de operação globalmente

reduzidos e ganhos de tempo aos usuários desse tipo de serviço.

A realização deste trabalho teve como objetivo principal analisar a

ocorrência do sobrepeso no transporte rodoviário de carga na BR-101 no

sul do estado de Santa Catarina utilizando sistemas de pesagem em

movimento (WIM). Além disso, este estudo teve como proposito fornecer

elementos estatísticos para processos de prevenção que venham a

complementar os instrumentos de fiscalização existentes no contexto do

controle de sobrepeso em rodovias do Brasil.

Os dados extraídos do domínio do DNIT, utilizados neste trabalho,

oriundos da estação de coleta de dados de tráfego (EI) apresentaram

limitações, pois o algoritmo aplicado ao sistema WIM desconsiderou as

características físicas do tipo de rodado dos eixos e o comprimento dos

veículos para classificação veicular. Desse modo, foi necessário o

tratamento dos dados. Contudo, aponta-se que havendo as devidas

correções no algoritmo este problema pode ser corrigido ocasionando a

dispensa de correção posterior dos dados.

Os resultados das análises mostraram que na faixa de tráfego

monitorada no período de 12 meses 15,02% dos veículos apresentaram

algum tipo de excesso de peso já considerando a tolerância vigente

prevista na legislação de 10%. A maior parcela dos veículos registrados

com sobrepeso apresentou, exclusivamente, excesso nos eixos,

representando 42,82% dos veículos com excesso de carga. Os veículos de

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116

classes 3S3, 3C, 3I3, 4CD e 2S3 foram os veículos de carga registrados

com maior frequência de excesso de peso no período monitorado.

.

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117

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121

APÊNDICE A – Ocorrência de sobrecarga por classe de veículo do

total de veículos passantes pela Estação Integrada devidamente

classificados

Classe

Quantidade de

veículos

(1)

Quantidade de

veículos com

excesso de carga

(2)

Percentual

(2/1)

3C 154.165 28.643 18,58%

3S3 139.460 33.091 23,73%

2C 97.525 1.372 1,41%

2S2 93.274 1.737 1,86%

2S3 76.480 9.078 11,87%

3I3 42.094 13.037 30,97%

4CD 29.249 9.187 31,41%

3T4 28.222 5.804 20,57%

32D 19.517 1.617 8,29%

3M6 18.516 3.907 21,10%

2I2 14.784 542 3,67%

2S1 11.392 53 0,47%

3R6 6.377 2.210 34,66%

2DL 6.082 6 0,10%

3I2 5.824 533 9,15%

2CC 4.425 292 6,60%

3DL 4.356 7 0,16%

2I3 3.918 656 16,74%

3I1 2.556 1.149 44,95%

3C2 2.167 156 7,20%

2I1 1.739 503 28,92%

2D4 1.627 107 6,58%

3N3 1.423 2 0,14%

3CD 1.242 253 20,37%

4DT 1.135 796 70,13%

3S1 855 21 2,46%

2N4 754 105 13,93%

3LD 701 150 21,40%

3DC 676 170 25,15%

2LD 606 57 9,41%

3T6 437 164 37,53%

3D3 405 276 68,15%

2C2 371 23 6,20%

3JD 325 1 0,31%

3P5 264 128 48,48%

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122

2N3 249 11 4,42%

3QD 160 27 16,88%

4DC 124 65 52,42%

4R2 116 21 18,10%

3ID 112 100 89,29%

3TD 106 98 92,45%

3DQ 104 2 1,92%

4DD 94 57 60,64%

3C3 78 32 41,03%

3D4 59 51 86,44%

2JD 46 0 0,00%

4R3 43 13 30,23%

3D5 32 3 9,38%

4I2 31 0 0,00%

2J4 22 7 31,82%

3D2 20 5 25,00%

3SD 18 0 0,00%

3DS 17 3 17,65%

2C3 15 3 20,00%

3DD 13 5 38,46%

4DS 11 3 27,27%

42C 8 1 12,50%

3DJ 8 0 0,00%

3D1 5 0 0,00%

4D3 5 5 100,00%

4C 4 3 75,00%

3DI 2 2 100,00%

41C 1 0 0,00%

42D 1 0 0,00%

3DT 1 1 100,00%

2L4 1 0 0,00%

Total 774.449 116.351 15,02%

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123

ANEXO A – Código de programação utilizado no processamento

dos dados coletados pelo sistema de pesagem em movimento.

procedure TF_Sterela.btnExecutarClick(Sender: TObject);

var

Grupo, Anterior,i : integer;

begin

Conexao.Close;

Conexao.Open;

cdsPesagens.Close;

cdsPesagens.DataSet.CommandText := 'select count(*) from

STERELA_062016_052017';

cdsPesagens.Open;

pbPesagens.Max := cdsPesagens.Fields[0].Value;

L_Agrupar.Caption := cdsPesagens.Fields[0].AsString;

cdsPesagens.Close;

application.ProcessMessages;

pbPesagens.Position := 0;

for i := 1 to 6 do

begin

pLoop.caption := inttostr(i);

cdsPesagens.DataSet.CommandText := 'select first 150000 skip

' + inttostr( (i - 1 ) * 150000) + ' * from STERELA_062016_052017 order

by horodate';

cdsPesagens.Open;

while not cdsPesagens.Eof do

begin

if (not cdsPesagens.FieldByName('weight_ax_1_kg').IsNull )

and (not cdsPesagens.FieldByName('weight_ax_2_kg').IsNull) then

begin

cdsPesagens.edit;

Grupo := 1;

Anterior :=

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_1').asInteger;

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_1').value := Grupo;

if cdsPesagens.FieldByName('group__ax_2').IsNull or

(cdsPesagens.FieldByName('group__ax_2').value <> Anterior) then

inc(Grupo);

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124

Anterior :=

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_2').asInteger;

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_2').value := Grupo;

if (not cdsPesagens.FieldByName('weight_ax_3_kg').IsNull

) then

begin

if cdsPesagens.FieldByName('group__ax_3').IsNull or

(cdsPesagens.FieldByName('group__ax_3').value <> Anterior) then

inc(Grupo);

Anterior :=

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_3').asInteger;

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_3').value := Grupo;

if (not

cdsPesagens.FieldByName('weight_ax_4_kg').IsNull ) then

begin

if cdsPesagens.FieldByName('group__ax_4').IsNull or

(cdsPesagens.FieldByName('group__ax_4').value <> Anterior) then

inc(Grupo);

Anterior :=

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_4').asInteger;

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_4').value :=

Grupo;

if (not

cdsPesagens.FieldByName('weight_ax_5_kg').IsNull ) then

begin

if cdsPesagens.FieldByName('group__ax_5').IsNull or

(cdsPesagens.FieldByName('group__ax_5').value <> Anterior) then

inc(Grupo);

Anterior :=

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_5').asInteger;

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_5').value :=

Grupo;

if (not

cdsPesagens.FieldByName('weight_ax_6_kg').IsNull ) then

begin

if cdsPesagens.FieldByName('group__ax_6').IsNull or

(cdsPesagens.FieldByName('group__ax_6').value <> Anterior) then

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125

inc(Grupo);

Anterior :=

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_6').asInteger;

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_6').value :=

Grupo;

if (not

cdsPesagens.FieldByName('weight_ax_7_kg').IsNull ) then

begin

if cdsPesagens.FieldByName('group__ax_7').IsNull

or (cdsPesagens.FieldByName('group__ax_7').value <> Anterior) then

inc(Grupo);

Anterior :=

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_7').asInteger;

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_7').value :=

Grupo;

if (not

cdsPesagens.FieldByName('weight_ax_8_kg').IsNull ) then

begin

if cdsPesagens.FieldByName('group__ax_8').IsNull

or (cdsPesagens.FieldByName('group__ax_8').value <> Anterior) then

inc(Grupo);

Anterior :=

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_8').asInteger;

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_8').value :=

Grupo;

if (not

cdsPesagens.FieldByName('weight_ax_9_kg').IsNull ) then

begin

if

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_9').IsNull or

(cdsPesagens.FieldByName('group__ax_9').value <> Anterior) then

inc(Grupo);

cdsPesagens.FieldByName('group__ax_9').value :=

Grupo;

end;

end;

end;

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126

end;

end;

end;

end;

cdsPesagens.FieldByName('NUM_GRUPOS').value :=

Grupo;

cdsPesagens.Post;

end;

pbPesagens.Position := pbPesagens.Position + 1;

if ( cdsPesagens.RecNo mod 1000 ) = 0 then

begin

pCount.Caption := IntToStr( pbPesagens.Position );

if ( cdsPesagens.RecNo mod 10000 ) = 0 then

cdsPesagens.ApplyUpdates(0);

application.ProcessMessages;

end;

cdsPesagens.Next;

end;

cdsPesagens.ApplyUpdates(0);

cdsPesagens.Close;

L_Agrupar.Caption := '---';

pLoop.Caption := '';

end;

MessageDlg('Fim do processamento', mtInformation, [mbOK],

0);

end;

procedure TF_Sterela.btnCategorizarClick(Sender: TObject);

var

Perfil : string;

I, NG, N, T : integer;

Peso_Grupo : extended;

Cat : TStringList;

procedure ExtraiClasses( categoria : string );

begin

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127

Cat.Clear;

Cat.CommaText := stringreplace( categoria, ' ou ', ',',

[rfReplaceAll, rfIgnoreCase] );

end;

function TrataQFV: boolean;

var

I, N_Eixos, Max_Limite, Limite, J : integer;

begin

cdsQFValt.Filtered := false;

cdsQFValt.Filter := '(CATEGORYSTERELA_LABEL = ''' +

cdsPesagens.FieldByName('CATEGORYSTERELA_LABEL').AsStrin

g + ''') ';

cdsQFValt.Filtered := true;

result := not cdsQFValt.IsEmpty;

if result then

begin

cdsPesagens.FieldByName( 'LIMITE_PBT' ).Value :=

cdsQFValt.FieldByName('LIM_PBT' ).value;

NG := cdsPesagens.FieldByName('NUM_GRUPOS').Value;

N := 1;

for I := 1 to NG do

begin

N_Eixos := 0;

Max_Limite := 0;

while ( N < 10 ) and

(cdsPesagens.FieldByName('group__ax_' + IntToStr(N)).asInteger = I )

do

begin

inc( N_Eixos );

if not

cdsPesagens.FieldByName('DELTA_EX_WEIGHT_ax_' + IntToStr(I) +

'_KG' ).IsNull then

begin

Limite := cdsPesagens.FieldByName('WEIGHT_ax_' +

IntToStr(I) + '_KG' ).asInteger -

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128

cdsPesagens.FieldByName('DELTA_EX_WEIGHT_ax_' + IntToStr(I) +

'_KG' ).asInteger;

if Limite > Max_Limite then

Max_Limite := Limite;

end

else

cdsPesagens.FieldByName( 'LIMITE_AX_' +

IntToStr(N) ).asInteger := 0;

inc(n);

end;

if Max_Limite > 0 then

for J:= N-1 downto N - N_Eixos do

cdsPesagens.FieldByName( 'LIMITE_AX_' + IntToStr(J)

).asInteger := Max_Limite * N_Eixos;

end;

end;

if

cdsPesagens.FieldByName('TWIN_WHEEL_ax_1').AsString = 'TRUE'

then

cdsPesagens.FieldByName('Obs').AsString :=

cdsPesagens.FieldByName('Obs').AsString + '1º eixo com duplo rodado';

end;

begin

pCount.Caption := '';

Conexao.Close;

Conexao.Open;

cdsPesagens.Close;

cdsPesagens.DataSet.CommandText := 'select count(*) from

STERELA_062016_052017 ';

cdsPesagens.Open;

pbPesagens.Max := cdsPesagens.Fields[0].Value;

cdsQFV.Close;

cdsQFV.Open;

cdsQFValt.Close;

cdsQFValt.Open;

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129

pbPesagens.Position := 0;

Cat := TStringList.Create;

for T := 1 to 6 do

begin

pLoop.caption := inttostr( T );

application.ProcessMessages;

cdsPesagens.Close;

cdsPesagens.DataSet.CommandText := 'select first 150000 skip

' + inttostr( (T - 1 ) * 150000) + ' * from STERELA_062016_052017

order by horodate';

cdsPesagens.Open;

while not cdsPesagens.Eof do

begin

cdsPesagens.Edit;

cdsPesagens.FieldByName('LIMITE_PBT').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('QFV').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Perfil').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Obs').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('idcat').Clear;

if cdsPesagens.FieldByName('weight_ax_1_kg').IsNull or

cdsPesagens.FieldByName('weight_ax_2_kg').IsNull then

begin

cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger := 0;

cdsPesagens.FieldByName('QFV').AsString :=

cdsPesagens.FieldByName('CATEGORYSTERELA_LABEL').AsStrin

g;

cdsPesagens.FieldByName('Obs').AsString := 'Eixo 1 ou 2

sem peso';

end

else

begin

N := 1;

perfil := '';

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130

while ( N < 10 ) and (not

cdsPesagens.FieldByName('TWIN_WHEEL_ax_' + IntToStr(N)).IsNull

) do

begin

if (cdsPesagens.FieldByName('TWIN_WHEEL_ax_' +

IntToStr(N)).asString = 'FALSE') or (N = 1) then //o 1ºeixo é sempre

simples

perfil := perfil + '0'

else

perfil := perfil + '1';

inc(n);

end;

cdsPesagens.FieldByName('PERFIL').AsString := Perfil;

cdsQFV.Filtered := false;

cdsQFV.Filter := ' ( (Perfil = ''' + perfil + ''') ' +

' and ( ' + FloatToStr(

cdsPesagens.FieldByName('length_').Value / 100.00 ) + ' >=

comprimento_min ) and ( ' + FloatToStr(

cdsPesagens.FieldByName('length_').Value / 100.00 ) + ' <=

comprimento_max )' +

' and ( NUM_GRUPO = ' +

cdsPesagens.FieldByName('NUM_GRUPOS').AsString + ' ) )';

cdsQFV.Filtered := true;

if not cdsQfv.IsEmpty then

begin

cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger := 1;

end

else

begin

cdsQFV.Filtered := false;

cdsQFV.Filter := '( Classe = ' + QuotedStr(

cdsPesagens.FieldByName('CATEGORYSTERELA_LABEL').AsStrin

g ) + ')';

cdsQFV.Filtered := true;

if not cdsQfv.IsEmpty then

cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger := 2;

end;

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131

if not cdsPesagens.FieldByName('idCat').isNull then

begin

ExtraiClasses(

cdsPesagens.FieldByName('CATEGORYSTERELA_LABEL').AsStrin

g );

cdsQFV.First;

while (not cdsQFV.Eof) and ( Cat.IndexOf(

cdsQFV.FieldByName('classe').AsString ) = -1 ) do

cdsQFV.Next;

if cdsQFV.EOF then

begin

cdsPesagens.FieldByName('QFV').AsString :=

'Desconhecido ' + cdsPesagens.FieldByName('NB_ax').AsString + '

eixos';

cdsPesagens.FieldByName('Obs').AsString := 'Classe

sterela não encontrada para o perfil: ' +

cdsPesagens.FieldByName('CATEGORYSTERELA_LABEL').AsStrin

g;

if TrataQFV then

if cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger = 1 then

cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger := 10

else

cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger := 20

else

if cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger = 1 then

cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger := 100

else

cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger := 200

end

else

begin

cdsPesagens.FieldByName( 'LIMITE_PBT' ).asFloat :=

round( cdsQFV.FieldByName('PBT' ).asFloat * 1000 );

NG :=

cdsPesagens.FieldByName('NUM_GRUPOS').Value;

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132

N := 1;

for I := 1 to NG do

begin

if not cdsQFV.FieldByName('GROUP__axle_'+

IntToStr(I) ).IsNull then

begin

peso_grupo := 0.0;

while ( N < 10 ) and

(cdsPesagens.FieldByName('group__ax_' + IntToStr(N)).asInteger = I )

do

begin

peso_grupo := peso_grupo +

cdsPesagens.FieldByName('WEIGHT_ax_' + IntToStr(N) + '_kg'

).asFloat;

cdsPesagens.FieldByName( 'LIMITE_AX_' +

IntToStr(N) ).Value := round(cdsQFV.FieldByName('GROUP__axle_'+

IntToStr(I) ).Value * 1000);

inc(n);

end;

end

else

begin

cdsPesagens.FieldByName('Obs').AsString := 'Nº de

grupos difere do QFV';

if cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger = 1 then

cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger := 1000

else

cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger := 2000;

break;

end;

end;

cdsPesagens.FieldByName('QFV').AsString :=

cdsQFV.FieldByName('classe').AsString;

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133

if

cdsPesagens.FieldByName('TWIN_WHEEL_ax_1').AsString = 'TRUE'

then

cdsPesagens.FieldByName('Obs').AsString :=

cdsPesagens.FieldByName('Obs').AsString + ' - ' + '1º eixo com duplo

rodado'

else

cdsPesagens.FieldByName('Obs').AsString := '';

end;

end

else

begin

cdsPesagens.FieldByName('QFV').AsString :=

'Desconhecido ' + cdsPesagens.FieldByName('NB_ax').AsString + '

eixos';

cdsPesagens.FieldByName('Obs').AsString := 'Perfil

sterela não encontrado no QFV';

if TrataQFV then

cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger := 3

else

cdsPesagens.FieldByName('idCat').asInteger := 4

end;

end;

cdsPesagens.Post;

cdsPesagens.Next;

pbPesagens.Position := pbPesagens.Position + 1;

pCount.Caption := IntToStr( pbPesagens.Position );

if ( cdsPesagens.RecNo mod 10000 ) = 0 then

begin

cdsPesagens.ApplyUpdates(0);

application.ProcessMessages;

end;

end;

if cdsPesagens.ChangeCount > 0 then

cdsPesagens.ApplyUpdates(0);

end;

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134

cdsPesagens.Close;

cdsQFV.Close;

cdsQFValt.Close;

pLoop.Caption := '';

MessageDlg('Fim do processamento', mtInformation, [mbOK],

0);

end;

procedure TF_Sterela.btnOverloadClick(Sender: TObject);

var

I, NG, N, N_Eixos_Overload, peso_grupo, Ex_Max, T : integer;

overload, MaxOverload, MaxOverloadPerc : extended;

begin

pCount.Caption := '';

Conexao.Close;

Conexao.Open;

cdsPesagens.Close;

cdsPesagens.DataSet.CommandText := 'select count(*) from

STERELA_062016_052017';

cdsPesagens.Open;

pbPesagens.Max := cdsPesagens.Fields[0].Value;

cdsPesagens.Close;

pbPesagens.Position := 0;

for T := 1 to 6 do

begin

pLoop.caption := inttostr( T );

application.ProcessMessages;

cdsPesagens.Close;

cdsPesagens.DataSet.CommandText := 'select first 150000 skip

' + inttostr( (T - 1 ) * 150000) + ' * from STERELA_062016_052017

order by horodate';

cdsPesagens.Open;

while not cdsPesagens.Eof do

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135

begin

cdsPesagens.Edit;

cdsPesagens.FieldByName('N_Eixos_Overload').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('EX_EIXO').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('EX_EIXO_PER').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('EX_EIXO_PER_CLASSE').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Peso_Grupo_1').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Peso_Grupo_2').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Peso_Grupo_3').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Peso_Grupo_4').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Peso_Grupo_5').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Peso_Grupo_6').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Peso_Grupo_7').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Peso_Grupo_8').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Peso_Grupo_9').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Limite_Grupo_1').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Limite_Grupo_2').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Limite_Grupo_3').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Limite_Grupo_4').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Limite_Grupo_5').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Limite_Grupo_6').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Limite_Grupo_7').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Limite_Grupo_8').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('Limite_Grupo_9').Clear;

cdsPesagens.FieldByName('EX_EIXO_ID').Clear;

NG :=

cdsPesagens.FieldByName('NUM_GRUPOS').AsInteger;

N_Eixos_Overload := 0;

N := 1;

MaxOverload := 0.00;

for I := 1 to NG do

begin

peso_grupo := 0;

while ( N < 10 ) and

(cdsPesagens.FieldByName('group__ax_' + IntToStr(N)).asInteger = I )

do

begin

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136

peso_grupo := peso_grupo +

cdsPesagens.FieldByName('WEIGHT_ax_' + IntToStr(N) + '_kg'

).asInteger;

inc(n);

end;

cdsPesagens.FieldByName('Peso_Grupo_' + IntToStr(I)

).AsInteger := Peso_Grupo;

cdsPesagens.FieldByName('Limite_Grupo_' + IntToStr(I)

).AsInteger := cdsPesagens.FieldByName('LIMITE_ax_' + IntToStr(N-

1) ).asInteger;

if ( cdsPesagens.FieldByName('LIMITE_ax_' + IntToStr(N-

1) ).asInteger > 0 ) then

begin

Overload := ( Peso_grupo - (

cdsPesagens.FieldByName('LIMITE_ax_' + IntToStr(N-1) ).asInteger *

1.1 ) );

if ( Overload > MaxOverload ) then

begin

MaxOverload := Overload;

Ex_Max := I;

inc( N_Eixos_Overload );

MaxOverloadPerc := ( MaxOverload / (

cdsPesagens.FieldByName('LIMITE_ax_' + IntToStr(N-1) ).asInteger *

1.1 ) ) * 100.00;

end;

end;

end;

if N_Eixos_Overload > 0 then

begin

cdsPesagens.FieldByName('N_Eixos_Overload').AsInteger

:= N_Eixos_Overload;

cdsPesagens.FieldByName('EX_EIXO').asFloat :=

MaxOverload;

cdsPesagens.FieldByName('EX_EIXO_PER').AsFloat

:= MaxOverloadPerc;

cdsPesagens.FieldByName('EX_EIXO_PER_CLASSE').AsInteger :=

trunc( MaxOverloadPerc / 10.0 );

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137

cdsPesagens.FieldByName('EX_EIXO_ID').AsInteger

:= Ex_Max;

if

cdsPesagens.FieldByName('EX_EIXO_PER_CLASSE').AsInteger > 9

then

cdsPesagens.FieldByName('EX_EIXO_PER_CLASSE').AsInteger :=

99;

end;

pbPesagens.Position := pbPesagens.Position + 1;

pCount.Caption := IntToStr( pbPesagens.Position );

cdsPesagens.Post;

if ( cdsPesagens.RecNo mod 10000 ) = 0 then

begin

cdsPesagens.ApplyUpdates(0);

application.ProcessMessages;

end;

cdsPesagens.Next;

end;

if cdsPesagens.ChangeCount > 0 then

cdsPesagens.ApplyUpdates(0);

end;

cdsPesagens.ApplyUpdates(0);

cdsPesagens.Close;

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