Laudo Pericial Judicial Sobre Incêndio Ocorrido Em Unidade Industrial

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Estudo de caso sobre laudo pericial de incêndio.

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Laudo Pericial Judicial sobre incndio ocorrido em unidade industrial03/02/2013

RICARDO SALOMAOEngenheiro Naval/RJ - RIO DE JANEIRO

A autora alega que teria ocorrido um incndio acidental em sua fbrica, o qual teria causados danos materiais. A r seguradora negou o pagamento do benefcio, alegando que o incndio foi proposital. O texto abaixo o laudo pericial.

Campo(s) de Atuao que o Presente Caso trataMecnica e metalrgica

Navegabilidade

Investigao

GRUPO CRONUSPercias Tcnicas em Engenharia, Economia, Contabilidade, Advocacia e MedicinaEngenharia Civil, Mecnica, Naval, Eltrica, Eletrnica, Telecomunicaes, SeguranaAvaliao de Imveis, Equipamentos, Embarcaes, Negcios e EmpresasPercias Contbeis, Econmicas e FinanceirasPercias, Assistncia Tcnica e Consultoria em Advocacia Elaborao de Instrumentos Contratuais e PareceresFormatao Jurdica e Econmico/Financeira de NegciosPercias e Assistncia Tcnica na rea de MedicinaCronus Instituto de Consultoria, Percias e Atendimento - CNPJ: 05924467/0001 41Cronus Consultoria Contbil e Percias CNPJ: 13.538.980/0001-22Saturno Consultoria Contbil e Percias CNPJ: 13.527.960/0001-56Av. N. S. de Copacabana, 500, Grupos 310/810/811; tel: 2548-0000; 8587-9362e-mail:[email protected];[email protected]

LAUDO PERICIALCOMARCA DO RIO DE JANEIROJUIZ DE DIREITO DA XX VARA CVELPROCESSO N WWWXXXxYYYElaborado por:Ricardo SalomoEngenheiroCrea 30.995-D/RJFevereiro/2001

LAUDO PERICIAL1.INTERESSADOJuiz de Direito da XX Vara Cvel.2.OBJETIVOAnalisar o volume disponvel para armazenamento de mercadorias no imvel sinistrado e investigar as possveis causas do incndio, buscando identificar eventuais evidncias de ocorrncias de aes humanas que poderiam ter contribudo para o incio e/ou propagao do sinistro.3.METODOLOGIA DO EXAME PERICIAL3.1Preliminarmente,seria conveniente ressaltar que no existem normas tcnicas contendo diretrizes para a realizao de percias desta natureza.3.2No que se refere ao sinistro, trata-se de um incndio com as seguintes caractersticas:a)ocorreu h cerca de 30 meses, onde o telhado e as paredes caram durante o sinistro, conforme o Laudo do Corpo de Bombeiros (fls. 497 e segs.);b)o local foi periciado por peritos oficiais e, pelo menos, duas empresas, alm de, pelo que se pode inferir, restarinteiramente desprovido de qualquer preservao at a data de hoje.Portanto, as concluses apresentadas neste laudo com relao aos itens controversos sobre o incndio foram deduzidas das informaes constantes dos autos e de outras fornecidas pelas partes, cotejando-as com os dados obtidos da literatura especializada, de casos semelhantes anteriores e da anlise crtica deste conjunto de informaes.3.3Quanto ao volume disponvel, buscou-se calcula-lo a partir das informaes colhidas nos autos e obtidas junto s partes. Estes dados foram processados de acordo com as tcnicas mais aceitas de planejamento de armazenagem de mercadorias semelhantes3.4Tendo em vista a situao acima descrita, foi considerada desnecessria a vistoria local. Perguntados sobre esta questo (Anexos 1 e 2), o Assistente Tcnico da R tambm entendeu ser desnecessria esta vistoria (Anexo 3) e o Assistente Tcnico da Autora no se manifestou.3.5Trata-se, portanto, de percia indireta,onde as concluses foram induzidas das informaes obtidas das fontes acima mencionadas.4.DA DESCRIO DO IMVEL4.1As descries mais detalhadas do imvel encontram-se no Laudo do Corpo de Bombeiros, s fls. 497, e no laudo dos peritos XXX e YYY (Anexo 4):-Construo em alvenaria, de um pavimento, medindo 11,80 x 18,00 m, piso de cimento bruto, coberta com telhas de tipo colonial, forro em madeira, 7 janelas para o exterior com grades de ferro, uma porta de ao de correr e outra de madeira, trs fileiras de calhas com lmpadas fluorescentes, cada fileira contendo 5 calhas, contendo aos fundos um banheiro. Segundo o Laudo do Anexo 4 (pg. 8), o p direito seria de 2,80 m.4.2De acordo com o croqui contido na fl. 15 do Laudo do CB (Anexo 5) e com a reconstituio contida no laudo da WWW (fls. 171), havia 5 estantes de madeira, alm de 3 espaos para armazenamento de mercadorias fora das estantes. Os corredores entre as estantes mediriam cerca de 55 cm e haveria trs pequenas reas livres (2 prximas s portas e uma prxima ao banheiro). Um escritrio externo e um banheiro seriam os demais compartimentos existentes no imvel.5.DA QUESTO REFERENTE AO INCNDIO5.1Noes bsicas sobre incndios5.1.1Para que se possa compreender a lgica de investigao de incndios, seria conveniente uma breve exposio sobre os conceitos bsicos que permeiam o assunto. A literatura considerada para esta exposio e para todo o laudo foi selecionada entre aquelas internacionalmente mais utilizadas pelos peritos, a saber:-Fire Protection Handbook, National Fire Protection Association (NFPA), 13 th Edition, 1969;-Fire Investigation, Paul L. Kirk (Professor de Criminalstica da Universidade de Berkeley, California); John Wiley & Sons, Inc., 1969.a)Incndio uma forma de combusto onde ocorre uma rpida oxidao com emisso de luz e calor. Normalmente, a oxidao de um material ocorre continuamente enquanto houver oxignio presente, mas, a temperaturas ambientes, este processo to lento que, muitas vezes, somente percebido pelo homem aps longo tempo (Ex: ferrugem, amarelamento de papel, etc.).Quando a temperatura aumenta a velocidade de oxidao tambm aumenta e isto faz com que uma grande quantidade de calor seja gerada.Ao atingir a temperatura de ignio de um determinado material advm a chama e ocorre a ignio. A combusto o processo de queima contnua que se segue ignio.b)A combusto uma reao qumica muito mais complexa do que aquela descrita normalmente atravs do tringulo do fogo (combustvel, fonte de ignio e oxignio). Quando a temperatura sobe acima da ambiente comea a ocorrer o fenmeno da pirlise, que pode ser definido como um processo de decomposio qumica da matria por meio de calor. Ela ocorre em estgios, como no exemplo a seguir, que, para fins didticos, utiliza a madeira como matria:-Primeiro: A decomposio da madeira libera, lentamente, alguns gases, incluindo o vapor dagua, que, apesar de serem combustveis, ainda no so passveis de ignio nesta fase. A superfcie da madeira atacada primeiramente, ocorrendo ento um processo de carbonizao, quando a reao move-se para o interior do material de forma exotrmica (liberando calor);-Segundo:A liberao de gases continua, mas agora alguns deles tornam-se passveis de ignio. A uma certa temperatura a reao muda para endotrmica (absorve calor) e prossegue em grande velocidade. Esta considerada a temperatura de ignio do material;-Terceiro: Nesta temperatura os gases liberados so, em um primeiro momento, muito ricos em dixido de carbono e vapor dagua para sustentar uma chama de forma contnua. No entanto, o calor da chama inicia uma srie de processos secundrios de pirlise fazendo com que ocorra a combusto flamejante dos gases. De fato, esta liberao de gases pode ser to rpida que chega a bloquear a superfcie da madeira impedindo a entrada de ar. Isto retarda a penetrao do calor no material e o atingimento da temperatura de ignio nas camadas mais profundas. Com o aumento da temperatura a carbonizao se acelera, torna-se irradiante e volta a permitir a entrada de ar, que d suporte combusto e faz com que o material queime, assim como tambm queimam os gases que vo sendo liberados.c)Quando a pirlise comea, deve serverificado se a ao criou um balano trmico positivo ou negativo. Se o calor que est sendo liberado est concentrado e suficiente para manter a reao de oxidao e assim, mais calor est sendo gerado do que perdido atravs de conduo, conveco e radiao, diz-se que h um balano trmico positivo.Se, no entanto, a maior parte do calor gerado perdido (como o da chama de um fsforo submetida a um vento forte) haver um balano trmico negativo e o fogo se apaga.Ao mesmo tempo, uma condio denominada retroalimentao pode estar ocorrendo: a utilizao de parte do calor gerado para preparar as pores adjacentes do material para queimar aquecendo-as at suas temperaturas de ignio. Se esta retroalimentao for bloqueada ou desestimulada, o fogo tambm se apaga.d)Portanto, o perfil de um incndio deve ser traado considerando no apenas os clssicos trs elementos (combustvel, ar e fonte de ignio), mas todo o conjunto de fatores que contribuem para o seu surgimento e propagao, especialmente aqueles envolvidos com o processo de pirlise.e)A experincia adquirida pelos pesquisadores de todo o mundo, catalogada pela NFPA, levou uma sistematizao dos padres normais de incndio, que foi assim resumida por Paul L. Kirk (op. citada, pg. 72):*Gases quentes, mesmo em chamas, so muito mais leves do que o ar ambiente e, portanto, tendem a subir. Para que eles sejam forados a queimar em outra direo preciso que haja fortes correntes de vento ou outros bloqueios de natureza fsica. Assim, na ausncia de uma situao como esta,o incndio tender sempre a se alastrar para o alto;*Materiais combustveis que estiverem no caminho das chamas que esto ascendendo atingiro a temperatura de ignio, aumentando o incndio, ocasionando uma chama de maior volume e intensidade, acelerando-a para cima;*Na maioria das vezes, um incndio somente se desenvolve quando o material combustvel estiver acimada chama inicial, de modo que o volume desta chama aumenta. De outra forma, o fogo se extinguir;*Variaes deste caminho ascendente podero ocorrer com a aplicao de correntes de ar laterais que provocaro deflexes na chama, ou na presena de fortes depresses que poderiam for-la para baixo. Ainda assim, mesmo nestas condies no usuais, preciso que haja material combustvel no caminho da chama;*Um espalhamento lateral do incndio poder ocorrer, at determinado ponto, em um ambiente aberto, porm poder ocorrer de forma rpida quando o incndio encontrar uma obstruo no seu caminho para cima. Assim, incndios em tetos cobertos por lajes de alvenaria tendem a apresentar este perfil em um prdio, porque a chama em movimento ascendente esbarra no teto, no consegue mais subir e os gases quentes aprisionados atacam rapidamente qualquer material combustvel de que o teto seja constitudo e aqueles que estiverem nas proximidades;*Um incndio procura sempre configuraes semelhantes de uma chamin, porque nelas que ele se refora. Escadarias fechadas, poos de elevadores, interiores de paredes duplas so exemplos onde a ignio dos materiais se d com maior facilidade;*Uma chama descendente, bem como um espalhamento lateral so processos que podem ser estimulados pela presena de revestimentos ou materiais de tratamento de superfcies de madeira, como o verniz e as tintas feitos base de nitrocelulose.5.1.2O conhecimento das caractersticas fsico-qumicasde alguns materiais possibilita uma melhor compreenso de um incndio onde eles estejam envolvidos:a)Papel: Proveniente da celulose, tem, em geral, caractersticas semelhantes da madeira, com exceo de alguns tipos de papeles lisos que possuem grande quantidade de argila, que no um bom combustvel. Normalmente, a temperatura de ignio da ordem de 250 C;b)Fibras naturais:b.1)L:Pode ser queimada, porm com grande dificuldade. Por isso, utilizada para apagar (por abafamento) o fogo na roupa de alguma pessoa. Quando exposta temperatura de ignio, tende a abrir um furo no tecido, mas dificilmente se espalha;b.2)Algodo:Provavelmente, o mais combustvel de todos os tecidos naturais. Tendo composio semelhante da madeira e do papel e possuindo uma grande razo rea/volume (uma grande rea exposta combusto), pode facilmente pegar fogo e sustent-lo, estimulando o seu desenvolvimento;b.3)Linho: Suas propriedades combustveis no diferem muito do algodo, visto que tambm possui fibras celulsicas, s que neste caso derivadas de hastes e no de sementes. Roupas com fibras finas tendem a queimar mais facilmente do aquelas feitas com fibras grossas;b.4)Rayon: feito de fibras celulsicas recicladas (regeneradas), muito semelhante ao algodo, com caractersticas prximas s deste;b.5)Acetato: uma fibra celulsica quimicamente modificada. Derrete com facilidade, porm queima com certa dificuldade.c)Fibras sintticas:c.1)Nylon, Dacron, Orlon, Saran, Estron, Dynel, Nylar e Acrilan so exemplos de fibras com esta natureza. Normalmente, elas se derretem com facilidade, mas, por si s, no do suporte a um incndio prolongado.d)Concreto:Em um incndio com durao inferior a 2 horas, dependendo da quantidade de calor envolvida e das temperaturas atingidas, o concreto, normalmente, seria pouco afetado. Aspectos importantes na investigao de incndios so as mudanas de cor que ocorrem no concreto a partir do momento em que a temperatura atinge aproximadamente 240 C,permanecendo por uma hora ou mais. Nestas condies, a cor cinza passa para um tom que pode se aproximar do marrom ou, na maioria do concretos, pode ser ligeiramente rosa. Entre 300 C e 600 C a cor do concreto vai variando de rosa a vermelho. A partir dos 600 C volta a ser cinza, com alguns pontos avermelhados e, por volta de 1000 C, tende ao amarelo, inicialmente alaranjado e, posteriormente, mais claro. Com a elevao da temperatura a resistncia mecnica vai caindo significativamente e fissuras vo aparecendo nos elementos estruturais. (Anexo 6: M. Fernandez Canovas, Patologia y Teraputica Del Hormign Armado, Ed. Dossat, Madrid, 1984, Cap. 8, pg. 218).Ressalte-se, no entanto, que vrios fatores podem afetar estas mudanas de cor, sendo que os principais so: granulometria, qualidade dos agregados, trao, reabsoro de gua utilizada para apagar o incndio, etc.e)Temperaturasaproximadasde auto-ignio:MATERIALTEMPERATURA ( C)

PAPEL250

TECIDOS DE ALGODO260

COBERTORES DE L200

RAYON280

NYLON470

SEDA560

MADEIRA230

f)Pontos de fusoaproximados (existem diferentes composies para tipo de material)dos materiais de construo mais utilizados:MATERIALTEMPERATURA ( C)

VIDRO800

LATO/BRONZE900

ZINCO400

ALUMNIO700

AO1400

5.1.3A investigao de incndiosbusca, primordialmente, determinar o local de incio e a causa ou causas (natureza do combustvel original e da fonte de ignio) para fins de responsabilizao e, principalmente, preveno de novos sinistros.O procedimento investigativo recomendado pelos peritos e validado pela NFPA (op. citada, pg. 1-29) e por Paul L. Kirk (op. citada, pg. 134)pode ser assim resumido:a)Durante o incndio: Busca de declaraes de pessoas que presenciaram o evento para tentar obter as seguintes informaes:-cor da chama:Madeira proporciona cores amarelas ou laranja. lcool queima com uma cor tendendo ao azul (quando este material utilizado como acelerador de um incndio, esta cor detectada na fase inicial). Outros hidrocarbonetos lquidos (gasolina, diesel, etc.) tendem a apresentar uma chama amarela, quando h ar suficiente. Quando h pouco ar, a chama torna-se laranja e muita fumaa produzida.Muito importante o papel do monxido de carbono, que gerado em um ambiente rico em combustvel e pobre em ar. Quando este gs encontra ar, ocorre uma reignio e ele passa a queimar com uma chama azul. Portanto, a incidncia deste tipo de chama pode ser um indicativo de um incio de incndio em local fechado, cheio de material combustvel.-produo de fumaa: A cor da fumaa determinada pelo tipo de material combustvel e disponibilidade de oxignio. Hidrocarbonetos tendem a produzir uma grande quantidade de fumaa negra. Se isto for observado nos estgios iniciais do incndio, pode ser uma indicao de uso deste material como acelerador do fogo, como tambm pode ser uma indicao de que o fogo teve incio em um local confinado.-ao dos bombeiros: Normalmente,a ao dos bombeiros, quando iniciada imediatamente aps a ecloso do incndio, muda o caminho natural das chamas e isto deve ser levado em considerao na investigao do incndio.b)imediatamente aps o incndio ter sido extinto: Se a percia for chamada nesta fase, ser possvel, mediante a utilizao de equipamentos (por exemplo, detector de hidrocarbonetos) obter provas de incndio criminoso. Tambm possvel a coleta de materiais para posterior exame em laboratrio.Neste momento, as conseqncias gerais do incndio podem ser mais aparentes, antes do recolhimento do entulho remanescente, que pode trazer evidncias importantes para o deslinde do caso, principalmente em incndios de pequena monta.c)durante a retirada do entulho: Durante esta fase o perito pode orientar a retirada do entulho, evitando que se perca algum tipo de informao importante.d)aps a limpeza do local e retirada de escombros: A investigao levada a efeito aps a retirada de parte do material sensivelmente prejudicada pela possvel perda de detalhes indispensveis para a reconstituio da situao que gerou o evento. Nestas condies, a nica fonte de informaes passa a ser o relato de testemunhas, o que, se decorrido um lapso de tempo considervel, deixa de ser uma fonte confivel.5.1.4Aspectos de especial interesse:Durante a realizao da vistoria, alguns aspectos importantes devem ser identificados: o caminho percorrido pelas chamas (o que queimou primeiro e a seqncia), materiais combustveis estranhos e fontes de ignio.5.1.5Aps identificar possveis causas (foco(s), fontes de ignio), deve-se tentar verificar se a seqncia e caminho das chamas so compatveis com estas fontes, bem como se as informaes disponveis sobre cor da chama, fumaa, danos materiais (tipo e seqncia de ocorrncia) corroboram cada uma das alternativas aventadas.Ao final deste processo, normalmente, haver apenas uma ou duas causas possveis que conseguem explicar cada fato, evidncia e informao obtida sobre o incndio.5.1.6A investigao de incndios suspeitos de serem criminosos quase que uma disciplina parte na rea de investigao, visto que envolve aspectos muito criteriosos e especficos. Internacionalmente, de acordo com a NFPA (op. citada, pg. 1-34), os seguintes pontos devem ser considerados e constar do relatrio dos peritos para que se possa inferir a existncia de interferncia de atos humanos premeditados em um incndio:a)Deve ser estabelecido que o incndio realmente ocorreu;b)Uma descrio do prdio onde ocorreu o incndio deve constar do laudo,bem como do caminho e seqncia das chamas, de modo que se possa formar uma idia consistente do evento;c)Deve ser indicado que houve propsito criminoso. Esta indicao deve ser comprovada por meio de fatos e dados. Mesmo eventuais confisses, por si s, no so consideradas suficientes, se no houver fatos que as corroborem, como presena de gasolina, querosene ou outros combustveis do gnero, pela deteco de mais de um foco de incndio, pela verificao de existncia de obstculos colocados intencionalmente para impedir o combate ao incndio, pela remoo de alguns objetos pouco antes do incndio, etc.Ante a existncia destas evidncias, os depoimentos de testemunhas se prestam a corrobora-las. Bombeiros, por exemplo, podem comprovar a existncia de muita fumaa preta (o que no usual em incndios em depsitos de tecidos) ou de que o incndio se propagou com uma velocidade no usual;d)Deve ser provado que o incndio no ocorreu devido a causas acidentais, exceto quando a origem criminosa definida to claramente que no h necessidade de quaisquer outras provas;e)A existncia de motivos pode reforar evidncias fticas obtidas;f)Normalmente, o incio de incndios criminosos se d em locais baixos do interior do prdio. Alm disso, a pessoa que inicia o fogo sempre o faz em local de onde possa se evadir rapidamente, a menos que a ignio se d por uso de rastilho de plvora (que sempre deixa vestgios), por meio eletrnico (mais difcil de detectar) ou pelo arremesso de tochas de um local externo (que tambm deixa vestgios). Portanto:*o foco de incndios criminosos fica, normalmente, prximo a portas;*h, normalmente, mais de um foco;*localiza-se em regies baixas do prdio (poucos incndios criminosos tiveram incio em telhados ou stos);*muitas vezes est localizado dentro de armrios ou compartimentos fechados.5.1.7A investigao de um fenmeno termo-eltricoPor ser, estatisticamente, a causa (em termos de fonte de ignio) mais freqente de incndios no criminosos, seria conveniente uma breve explicao sobre itens especficos que costumam estar presentes na investigao deste fenmeno:a)o mais importante item a ser procurado a existncia de cobre fundido, sob a forma de gotas ou prolas, em reas localizadas, principalmente, nas proximidades de interruptores, lmpadas, luminrias e na caixa de fusveis ou disjuntores;b)se os fios nestas regies apresentarem terminais fundidos, arredondados (gotas ou prolas), estas so evidncias da ocorrncia de curto-circuitos. Quando h muitos fios nestas condies, no provvel que o curto tenha ocorrido ali. Porm, se apenas um fio se apresentar desta maneira, este ser um ponto suspeito. Normalmente, neste caso, dever haver um disjuntor aberto ou um fusvel queimado, indicando que um curto ocorreu. Portanto, a investigao destes elementos crucial para a formao do quadro tcnico do incndio;c)deve ser ressaltado que fios/cabos encapados que correm dentro de condutes metlicos raramente causam incndios, a menos que os condutes no estejam intactos, j que a condutividade trmica destes materiais elevada, dissipando o calor eventualmente gerado por um fio em curto;d)No caso de condutes de ferro galvanizado, deve ser notado que o zinco tem um baixo ponto de fuso e ir fundir-se em torno do condute. O calor do fogo pode remover o isolamento do fio e, assim, o zinco vai entrar em contato com o cobre, formando lato, o que tambm poder ocasionar um curto entre fios que no estavam previamente em contato. Portanto, quando for detectada a presena de lato em um condute metlico isto ser uma evidncia da existncia de uma causa externa para o incndio, sendo o curto circuito uma conseqncia;e)A condio de uma luminria que deu o incio a um incndio deve ser significativamente diferente das demais que forem queimadas. O fogo externo destruir o enamel, descolorindo e oxidando o ao, empenando-a e deformando-a. Se o fogo exterior luminria, todas as luminrias daquela regio devero apresentar o mesmo perfil. Se uma luminria iniciou o fogo ela dever apresentar aspectos distintos das demais.5.2Anlise tcnica do caso concreto5.2.1Uma vez estabelecidos os parmetros internacionalmente considerados como normais em investigaes de incndios cabe analisar o caso concreto e verificar como o mesmo pode ser enquadrado no conjunto de padres apresentados.Como j se passaram cerca de 30 meses da ocorrncia do evento, a percia , inevitavelmente, indireta, baseada na documentao existente nos autos e naquela obtida atravs das partes.Os documentos tcnicos bsicos para a anlise desta questo so:a)Laudo do Corpo de Bombeiros (fls. 497 a 499, frente e verso), datado de 28.07.98, sendo que os anexos deste laudo no constam dos autos. Este Perito teve acesso ao documento original, com seus anexos cedido pela parte Autora -, e pode analisa-lo em sua integra;b)Laudos de exame do local do incndio (fls. 501 a 503), elaborados pelos Peritos do Departamento de Criminalstica da Polcia Civil XXX (como consta no carimbo) ou YYY (como consta no corpo do laudo). O primeiro laudo, datado de forma evidentemente equivocada como tendo sido elaborado em 08.03.98 (o incndio ocorreu na noite de 7 para 8 de julho/98), no consta dos autos e foi solicitado parte R, que o mencionou s fls. 75, it. 16, constituindo o Anexo 7 a este laudo. Ressalte-se que este laudo no foi assinado pela Perita XXX (pelo menos o que demonstra a cpia que foi encaminhada pela parte r). O segundo laudo consta dos autos, s fls. 501 a 503, e teria sido elaborado em 08.07.98, portanto, no dia do prprio evento;c)Laudo da empresa XXX (fls. 117), datado de 23.07.98;d)Laudo YYY (fls. 119), datado de 24.09.98, com vistorias feitas em 14 e 29/798 e 2,3,4/9/98;e)Laudo dos Peritos do Departamento de Criminalstica da Polcia Civil XXX e YYY, datado de 04.02.99, tendo a vistoria sido feita em 04.11.98, que no consta dos autos, tendo sido solicitado parte r, que o mencionou s fls. 75, it. 17, constituindo ao Anexo 4 a este laudo.5.2.2Laudo do Corpo de Bombeiros:5.2.2.1Trata-se de laudo minucioso e detalhado particularmente rico em detalhes apresentados nas fotos nele contidas -, elaborado de acordo com as tcnicas internacionalmente utilizadas para investigao de incndios.5.2.2.2Informaes que puderam ser obtidasa)Depoimentos das testemunhas:Com relao a estes depoimentos podem ser ressaltados os seguintes aspectos:a.1)No h contradies nos depoimentos das testemunhas;a.2)O incndio teve incio de noite, prolongou-se durante a madrugada, tendo sido detectado por volta de 01:00 hr e, s 5:30 hrs, havia somente brasas no local. Portanto, o fogo grassou, por, no mnimo, mais do que 4,5 hrs, o que pode ser considerado como um tempo significativo, em termos de potencial destrutivo. Ressalte-se que, no clculo elaborado pelos Peritos do CB, com base na carga de incndio (que funo da quantidade de material combustvel existente), o tempo total (terico) do incndio teria sido de 8,7 hrs (fl. 12 do laudo do CB);a.3)O telhado caiu logo aps o incndio ter sido detectado. Este aspecto muito importante, pois dele podem ser inferidas, a princpio, as seguintes informaes:-Como acima mencionado, o caminho do incndio , normalmente, para cima. Se o telhado caiu logo no incio do evento, este um indcio de que uma das possibilidades para a origem do incndio seria a regio do teto;-A queda do telhado proporcionou aerao abundante, contribuindo para incrementar a velocidade da propagao;-Sendo o teto de madeira envernizada, a queda do mesmo, poderia ter proporcionado o surgimento de focos secundrios na regio do piso e nas prateleiras;a.4)O combate ao fogo foi precrio, seja por falta de recursos, seja pela inadequao dos mesmos ou falta de habilitao profissional das pessoas envolvidas nesta tarefa. Em conseqncia, o fogo teria sido extinto mais pela ausncia de material combustvel adicional do que como resultado de um combate eficaz ao incndio;a.5)Havia o costume de deixar pelo menos uma luminria acesa no interior do depsito, o que caracteriza uma potencial fonte de ignio;a.6)A forma de surgimento e propagao descrita s fls. 498 aceitvel, no havendo nenhuma contradio tcnica. As fotos mostrando fios com traos de fuso em prolaso fortes evidncias da ocorrncia de curto circuito, no se podendo afirmar, no entanto, com certeza, se este teria sido causa ou conseqncia do incndio;Ressalte-se que no se est afirmando que a causa, necessariamente, tenha sido aquela apontada pelos peritos, mas sim que esta seria uma das causas possveis, que os indcios encontrados do suporte esta tese e, principalmente, no h fatos ou evidncias relatadas que a contradigam;a.7)As fotos contidas no laudo, mostrando diversos materiais fundidos (alumnio e vidro, principalmente), comprovam que, em algumas regies, a temperatura atingiu valores superiores a 700graus centgrados, o que valida, pelo menos parcialmente, a curva de temperaturas tambm apresentada no laudo;a.8)A concluso contida s fls. 499, verso est alinhada com os fatos descritos e a fundamentao desta concluso parece ser o aspecto mais importante:excluso de outras causas. Ou seja, nenhum fato, indcio ou evidncia teria sido encontrado que pudesse apontar para outra causa, dentre as diversas possveis (combusto espontnea, causa natural, ato humano, etc.) e, por outro lado, o perfil do incndio e as evidncias encontradas so compatveis com a causa apontada;a.9)Portanto, este laudo apresenta coerncia, no que se refere investigao das causas que teriam provocado o incndio. Se a causa apontada foi realmente aquela que provocou o incndio, no possvel de ser afirmado. Porm, ela poderia ter causado o incndio, como o mesmo foi descrito e, alm disso, nada foi detectado que pudesse indicar outra possvel causa.5.2.3Laudo de exame do local do incndio (fls. 501 a 503), elaborados por Peritos do Departamento de Criminalstica da Polcia Civil:a)Primeiro laudo:Alm dos aspectos j mencionados sobre a data equivocada e a no assinatura da Perita XXX, trata-se de um laudo que no apresenta fundamentos tcnicos logicamente encadeados, no permitindo, em conseqncia, uma anlise tcnica do sinistro e suas possveis causas.Logo na primeira folha consta que os peritos foram designados para procederem o exame em Local de Incndio Criminoso, ou seja, a concluso j apresentada.Foi feita uma meno a dois tcnicos da XXX que teriam acompanhado o exame local, outra meno a exames de laboratrio que teriam confirmado que determinado material coletado (panos em retalhos) teriam sido embebidos em gasolina. No foi apresentado nenhum laudo laboratorial.Conclui que o incndio teria sido criminoso, porm no apresenta embasamento tcnico e nem documental.Para tentar obter subsdios adicionais sobre este laudo, fizemos contato com o Sr. YYY (tel: 0XX YYYYY) (um dos tcnicos da XXX que, segundo o laudo, teriam efetuado uma investigao do acidente) que informou o seguinte:-Nunca esteve no local do sinistro e nunca emitiu qualquer opinio tcnica sobre a matria, no tendo nem mesmo habilitao tcnica para isto, j que Tcnico de Transportes na XXX;-Por volta do segundo semestre de 1998 (no sabe precisar quando), foi procurado pelo perito XXX, que era pessoa de suas relaes, portando um pedao de trapo, que lhe perguntou se achava que aquele pano continha gasolina. Respondeu-lhe que poderia ser, mas que, no tendo formao profissional nesta rea (o fato de trabalhar na XXX no significava que entendia de combustveis), no lhe cabia opinar tecnicamente sobre o assunto;-Nenhum exame laboratorial foi realizado, tendo o fato ficado restrito a este dilogo de poucos minutos;-No conhece o Sr. YYY, tambm citado pelo perito como tcnico da XXX.Fizemos uma pesquisa no cadastro de pessoal da ativa da XXX e dele no consta o nome do Sr. YYY.b)O segundo laudo, elaborado pelos mesmos peritos tambm carece de fundamentos tcnicos logicamente encadeados, o que o torna inadequado como fonte de informaes tcnicas.Conclui, de forma diametralmente oposta ao primeiro laudo, que o incndio teria sido provocado por curto-circuito.5.2.4)Laudo da empresa XXX (fls. 117):a)Este laudo corrobora aquele elaborado pelo CB, na medida em que afirma que: Estatisticamente, problemas advindos de desarranjos na rede de distribuio de energia eltrica so as principais causas de sinistros normalmente originados por curto-circuito sendo a nica possibilidade que vejo para a ocorrncia do evento, alertando que o mesmo no provocaria por si s a queima total dos dois prdios.Abstraindo-se do ltimo trecho desta afirmativa, que diz respeito mais questo referente quantidade/qualidade dos materiais existentes no galpo ( o que no est analisado nesta parte do presente laudo),verifica-se que a empresa XXX, contratada pela R, entende que um curto circuito poderia ter sido a causa mais provvel do sinistro;b)No entanto, apresenta uma inconsistncia ao afirmar que a carga de incndio (potencial carburante) seria mnima e, ao mesmo tempo, admitir que havia prateleiras de madeira com dois metros de altura, com materiais carburantes (plsticos, tecidos, papelo), alm de teto de madeira com verniz. Tecnicamente, a existncia de materiais deste tipo caracteriza, qualitativamente, uma considervel carga de incndio, embora esta expresso somente seja comumente utilizada para caracterizar o aspecto quantitativo dos materiais combustveis;c)No mais, tambm no procedeu a uma investigao sistemtica (conforme descrito no item 4.1 deste laudo) e, portanto, no apresenta elementos tcnicos que possam auxiliar no deslinde da questo;5.2.5Laudo YYY (fls. 119):a)Este laudo foi elaborado muito mais com o objetivo de analisar a questo referente quantidade/qualidade dos materiais existentes no galpo e os prejuzos com os quais a seguradora deveria arcar (regulao do sinistro), do que investigar as causas do incndio (Veja-se: fls. 119, Assunto: Determinar o Valor do Prejuzo de Novo do prdio e contedo, bem como as depreciaes correspondentes, em conseqncia do sinistro de incndio ocorrido em 07 de julho de 1998);b)s fls. 122, no item III-2, ao analisar o laudo do corpo de bombeiros, concorda com o fato de que a forma de surgimento e propagao apresentada no mencionado laudo uma hiptese plausvel;c)No item III-4, ao comentar a concluso do laudo, afirma que esta seria precipitada, mas no aduz nenhuma fundamentao para reforar tal assertiva e nem apresenta outra possvel causa.Ressalte-se que, conforme j mencionado, a concluso contida no laudo do CB foi fundamentada com base na excluso de outras causas;d)s fls. 123, penltimo pargrafo, classifica o incndio como de mdia a pequena intensidade com base nas avarias verificadas no muro de alvenaria divisa lateral direita e na parede fundos do prdio, distante do depsito, 1,50 m e 2,40 m, respectivamente.Normalmente, os critrios para se classificar incndios (existem diversos) no utilizam como base este tipo de informao. Como no foram descritas as avarias, restou tecnicamente incompreensvel a assertiva acima transcrita;e)Ainda s fls. 123, ltimo pargrafo, afirma a YYY que um fato que comprovaria a pequena intensidade do incndio teria sido a informao de que a temperatura do Zamak (material dos botes, rebites e zipers) de cerca de 500 C e, como estes itens no se fundiram, chegou-se concluso de que a temperatura mdia do local no ultrapassou esta marca.H um inconsistncia na generalizao desta afirmao, na medida em que se entenda local como todo o prdio. O conceito de temperatura mdia significa que h temperaturas maiores e menores do aquela apontada como mdia. O que poderia tecnicamente ser afirmado que, nos locais onde foram encontrados estes materiais provavelmente no piso as temperaturas locais ficaram abaixo de 500 C, caso seja esta a temperatura de fuso do zamac.Em um incndio onde os principais materiais carburantes encontram-se nas prateleiras e teto e onde a aerao abundante, tendo em vista a queda do telhado, h que se assumir que as maiores temperaturas estaro localizadas acima do piso. Cabe esclarecer que, no laudo do CB o nico que apresentou um estudo detalhado do incndio consta a anlise da curva de temperatura do incndio, onde se chega a concluso que a temperatura mxima teria sido da ordem de 1.100 C, o que corroborado pela fotos que constam do laudo do CB, mostrando diversos materiais com pontos de fuso conhecidos que foram fundidos pelas chamas.Finalmente, conforme esclarecido em 5.1, no apenas o valor da temperatura que determina o potencial destrutivo de um incndio, mas sim a qualidade e quantidade do material combustvel disponvel, as fontes de ignio, o grau de aerao, o tempo de durao do incndio, a ausncia de combate,etc, lembrando-se que as temperaturas de ignio dos tecidos da ordem de 250 C5.2.6Laudo dos peritos XXX e YYY (Anexo 4 deste laudo):Estes profissionais estiveram no local do incndio 4 meses aps o evento e, no laudo, foi feito um resumo das peas tcnicas anteriormente elaboradas (aquelas que foram abordadas nos itens anteriores).Concluem que, por no ter sido efetuada uma investigao sistematizada sobre o incndio, considerando os mesmos princpios apresentados no item 5.1 deste laudo, no seria possvel determinar a causa ou causas que poderiam ter contribudo para o incio do evento.Opinam tambm, no sentido de que no foram identificados, nos diversos laudos elaborados,vestgios de ao humana na provocao do incndio (resposta ao quesito 3 da autoridade).5.3Com base nas anlises acima efetuadas, pode-se concluir que:a)No foi possvel para todos os tcnicos que investigaram o local determinar, com preciso, a causa ou causas do incndio;b)Por excluso, com base nos fatos narrados e investigaes feitas particularmente na zona de origem - os peritos do CB concluram quea causa mais provvel teria sido um fenmeno termo-eltrico (curto circuito), originrio da fiao eltrica que alimentava uma das luminrias instaladas no teto;c)Considerando que:-A queda do telhado logo no incio do incndio uma evidncia de que o fogo poderia ter tido origem na parte superior do galpo, j que, sendo o caminho natural da chama sempre para cima, o combustvel imediatamente mais prximo nesta direo seria a cobertura de madeira envernizada e a estrutura de suporte do telhado;-A queda deste material em chamas poderia ter ocasionado a produo de diversos focos secundrios na parte inferior do prdio e nas prateleiras, iniciando a combusto dos tecidos ali armazenados, ressaltando que muitos destes tecidos eram de algodo, material de elevado potencial combustvel, conforme mencionado no item 5.1 deste laudo;-No foram reportadas nem cores de chama incomuns (o que poderia particularmente ser bem observado na escurido) e nem a incidncia de fumaa muito negra (o que, ao contrrio, seria difcil de ser notado no escuro).;-Praticamente, no houve um combate ao incndio, que teria se exaurido pela falta de combustvel adicional;-No foram detectadas evidncias objetivas de atuao humana na provocao do incndio,conclui-se que:*O fenmeno termo-eltrico ocorrido na fiao alimentadora de uma luminria instalada no teto poderia ter sido a causa do evento.Ressalte-se, mais uma vez, que isto no significa que pode ser afirmado que esta teria sido, sem dvida, a causa do incndio.O que pode ser afirmado que o perfil do incndio conforme relatadopelos diversos laudos elaborados compatvel com esta causa.Outras causas das quais no foram encontradas evidncias (Ex: falhas em reatores, mau contato em terminais eltricos, etc., desde que localizados na parte superior do imvel) poderiam ter ocasionado um incndio com um perfil semelhante, lembrando que o termo tcnico causa significa foco combustvel original mais fonte de ignio;*No foram observadas evidncias objetivas de participao humana na provocao do incndio.6.DA QUESTO REFERENTE AO VOLUME DISPONVEL PARA O ARMAZENAMENTO DE MERCADORIAS6.1Noes Bsicas sobre Logstica e Armazenamento de Materiais6.1.1Este assunto tem sido bastante estudado no Brasil, gerando uma significativa massa crtica e bancos de dados confiveis, que permitem aos tcnicos planejar e operar almoxarifados, armazns e depsitos de forma otimizada.6.1.2O rgo que sistematizou os conceitos referentes matria foi o Instituto de Movimentao de Armazenagem de Materiais IMAM, que editou publicaes tcnicas e consolidou a experincia dos profissionais desta rea.Alm disso, o desenvolvimento de experincias nas grandes empresas em particular a XXX vem contribuindo para a evoluo doutrinria, conceitual e gerao de prticas de projeto que facilitam a constituio de novos armazns e, principalmente, a anlise e otimizao daqueles j existentes.Como referncias para este trabalho, foram selecionadas duas obras:-Logstica: suprimentos, armazenagem e distribuio; Reinaldo Aparecido Moura So Paulo: Instituto de Movimentao e Armazenagem de Materiais, 1989;-Administrao de Materiais: um enfoque prtico; Joo Jos Viana; So Paulo: Atlas, 2000.6.1.3Reinaldo Moura (op. citada, pg. 245) assim define os objetivos a serem perseguidos na elaborao do layout de um armazm:a)assegurar a utilizao mxima do espao;b)propiciar a mais eficiente movimentao de material;c)propiciar a estocagem mais econmica, em relao s despesas de equipamento, espao, danos de material e mo de obra do armazm;d)propiciar flexibilidade mxima para satisfazer as necessidades de mudana de estocagem e movimentao;e)fazer do armazm um modelo de boa organizao.6.1.4E continua o conceituado autor, apresentando a metodologia geral para projetar um armazm:a)definir a localizao de todos os obstculos;b)localizar as reas de recebimento e expedio;c)localizar as reas primrias, secundrias, de separao de pedidos e de estocagem;d)definir o sistema de localizao do estoque;e)avaliar as alternativas de layout do armazm.6.1.5Com relao s recomendaes para a utilizao do espao para a estocagem, o IMAM assim se manifesta atravs de Reinaldo Moura (op. citada, pg. 246):a)Conservar o uso do espao ao maximizar a concentrao de mercadorias na estocagem, maximizar a utilizao do espao cbico e minimizar as perdas nos vos de estocagem;b)Projetar o layout em torno de obstculos e outras limitaes utilizao do espao;c)Os corredores devem ser retos, e os principais deles devem levar at as portas;d)Os corredores devem ter largura suficiente para permitir uma operao eficaz, sem desperdcio de espao;e)Todos os lados da estocagem devem ter acesso por um corredor;f)Deve-se evitar o bloqueamento do estoque;g)As pilhas de material devem ser uniformes, retas, estveis e de fcil acesso;h)Deve-se fazer a marcao dos corredores para conserva-los;i)Deve-se evitar espaos vazios dentro das reas de estocagem;j)Deve-se manter registros dos locais de estoque.6.1.6Finalmente, uma observao importante:Em depsitos onde o movimento baixo, a preocupao primria traar reas de estocagem que podem ser largas e profundas e a pilha to alta o quanto permitam o p direito ou a estabilidade da carga.Os corredores podem ser estreitos. Este layout supe que o tempo extra necessrio para movimentar o estoque para dentro e para fora das reas ser compensado pela utilizao total do espao. medida que o movimento de estoque aumenta, tal layout se torna, progressivamente, menos satisfatrio e deve-se fazer modificaes para manter razoveis as despesas de movimentao. Assim, os corredores iro se tornar mais largos e a altura da pilha poder diminuir, reduzindo o tempo gasto na colocao e na remoo do estoque.6.1.7A determinao do volume de um armazm, quando feita de forma tcnica, leva em considerao um conjunto de variveis relacionadas com os tpicos acima mencionados, que, basicamente, se traduzem pela diretriz de reduzir o custo total de armazenagem, que engloba os custos de investimento, de equipamentos de movimentao, despesas operacionais, distncias mdias percorridas pelos itens, pessoal e encargos, etc.O grfico em anexo (Anexo 8) exemplifica o interelacionamento entre algumas destas variveis.Neste sentido, quando analisado em detalhe, o volume total de um armazm dado pela frmula abaixo, sendo que a explicao de cada smbolo pode ser encontrada no Anexo 9 a este laudo:B = V + (SwKH)/2n + (ng)*V/K + (SwH)/2n + Kfh + ng2HRessalte-se que, sendo a frmula desenvolvida para armazenagem de blocos retangulares e localizao aleatria da pilha, h que se fazer ajustes quando se considera materiais com outras configuraes geomtricas e localizados de outra forma.6.1.8Conforme pode ser visto, trata-se de frmula complexa que somente faz sentido ser trabalhada quando se est analisando grandes almoxarifados, onde tambm grande, em termos de custos, a sensibilidade alteraes em cada varivel.Para casos mais simples, pode ser utilizada a tabela prtica que consta do Anexo 10, onde o layout do armazm gerado de modo a se enquadrar nos valores propostos, que so aqui reproduzidos:V/BV/SwV/gouK/n

Itens de rpida movimentao0,8505000,17

Itens de movimentao lenta0,150,21002,00,6

VVolume total das mercadorias estocadas;BVolume total do prdio;SNmero de itens em estoque;wLargura do palete;gLargura do corredor;Proporo do custo varivel da rea do prdio para o custo varivel de percurso;Proporo do custo varivel do volume do prdio para o custo varivel de percurso;KProfundidade total horizontal de todas as pilhas.6.1.9Em termos prticos, para o que interessa ao caso em estudo, temos que os materiais estocados (tecidos, bobinas, caixas,etc.) no podem ser considerados nem itens de rpida movimentao e nem de lenta. Mais razovel seria considera-los de mdia movimentao, o que, por interpolao, levaria a um valor V/B aproximadamente igual a 0,5.6.1.10 Isto significa que, teoricamente, para assegurar uma operao prxima da tima, em termos de custos totais, as mercadorias estocadas poderiam estar ocupando cerca de 50% do volume total do prdio (razo V/B = 0,5).6.2Anlise do caso concreto6.2.1Trata-se, agora, de cotejar os dados do imvel com a regra prtica contida no item anterior e da extrair o volume teoricamente timo que poderia estar sendo estocado naquele imvel.Naturalmente, isto no significa que, necessariamente, este volume estava, efetivamente, sendo estocado, mas apenasque se as mercadorias que a parte autora alega que l estavam por ocasio do incndio ocuparem um volume da ordem daquele obtido atravs da frmula apresentada, teoricamente possvel que esta alegao seja verdadeira.Volumes maiores poderiam tambm estar sendo armazenados, sem porm estar alcanando uma adequada eficincia operacional. Isto particularmente verdadeiro para itens armazenados que no necessitam seguir a filosofia FIFO (first in first out), ou seja, o primeiro item que entra deve ser, necessariamente, o primeiro a sair.Na realidade, em tese, um volume prximo ao volume total do prdio poderia estar sendo utilizado para armazenagem. No entanto, isto significaria um elevado custo operacional, ou seja, para que um determinado item pudesse ser retirado, outros materiais teriam que ser movimentados para fora do armazm e depois nele recolocados, o que, sob o ponto de vista prtico, deixa de fazer sentido.Apenas como referncia, granis lquidos ocupam 98% do volume total do tanque onde so armazenados e contentores (containers) podem ocupar cerca de 85% ou mais dos compartimentos de armazenagem, desde que os materiais neles contidos no sejam FIFO..6.2.2O volume total do prdio (de acordo com o laudo dos peritos XXX e YYY) seria de 11,80 x 18,00 x 2,80 = 594,72 m3. Este valor compatvel com os dados apresentados pela Hitec de pelo CB.Portanto, pelo critrio contido no item 6.1.9, o volume de mercadorias estocadas para uma tima ocupao do armazm seria em torno de 50% deste valor, ou seja, 297,36 m3.6.2.3De acordo com o levantamento efetuado pela YYY (fls. 336), o volume das mercadorias reclamadas monta a (41,22 + 131,39 + 149,96 = 322,57 m3) (fls. 333 a 335), equivalendo, portanto, a uma ocupao de aproximadamente 54,23%% do volume total do prdio.Por este critrio, o prdio sinistrado comportaria o volume das mercadorias reclamadas, mantendo uma adequada eficincia operacional na movimentao das mesmas.6.2.4Portanto, conclui-se que o volume das mercadorias reclamadas compatvel com o volume do prdio sinistrado.7.CONCLUSES7.1Com relao s causas do incndio:a)No foi possvel para todos os tcnicos que investigaram o local determinar, com preciso, as causas do incndio;b)Por excluso, com base nas estatsticas e nos fatos narrados, os peritos do CB concluram que a causa mais provvel teria sido um fenmeno termo-eltrico (curto circuito). .O que pode ser afirmado que o perfil do incndio conforme relatadopelos diversos laudos elaborados compatvel com esta causa.c)No foram constatadas evidncias que contradigam a causa apontada;d)No foram observadas evidncias objetivas que apontem para algumaoutra causa especfica.e)No foram observadas evidncias objetivas de participao humana na provocao do incndio.7.2Com relao do volume das mercadorias reclamadasa)O volume das mercadorias reclamadas compatvel com o volume do prdio sinistrado.8.RESPOSTAS AOS QUESITOSOBS:Todos o grifos e realces contidos nas peties das partes foram reproduzidos na apresentao dos quesitos.8.1Quesitos do AutorQueira o Sr. Perito do Juzo responder:QUESITO 1O que diz o art. 130 da Constituio do Estado XXX?RESPOSTAEste dispositivo legal encontra-se transcrito s fls. 04:Art.130. Polcia Militar, instituio regular e permanente, organizada com base na hierarquia e disciplina, compete, com exclusividade, a polcia ostensiva, a coordenao e a execuo de aes de defesa civil, preveno e combate a incndios, percias em locais de acidentes e sinistros, busca e salvamento, elaborao de normas relativas segurana das pessoas e de seus bens contra incndio e pnico e outras previstas em lei.QUESITO 2H nos autos algum laudo do Corpo de Bombeiros Militar do Estado XXX? Quando foi elaborado?RESPOSTAH o laudo de fls. 497 a 500, elaborado em 28.07.1998.QUESITO 3Segundo o referido laudo, houve efetivamente um incndio nas dependncias da XXX?RESPOSTASim.QUESITO 4Segundo o referido laudo, o incndio ocorreu realmente devido a um curto-circuito (fenmeno termoeltrico)?RESPOSTAEsta foi a causa apontada, por excluso, como sendo a mais provvel.QUESITO 5Segundo o referido laudo, quantos focos iniciais deram origem ao incndio? Sendo apenas 01 (um) foco, pode-se entender como afastada a hiptese de incndio criminoso?RESPOSTASegundo o laudo, o foco mais provvel teria sido um curto circuito na fiao eltrica das luminrias.Conforme apontado na anlise efetuada no item 5 deste laudo, no foram observadas evidncias objetivas que apontem para algumaoutra causa especfica e tambm no foram observadas evidncias objetivas de participao humana na provocao do incndio..QUESITO 6Segundo o referido laudo qual foi a temperatura em graus Celsius no sinistro? A temperatura de 1.151,5 C, possibilita o consumo do material l armazenado, que consiste em tecidos e outros insumos (vide notas fiscais nos autos)?RESPOSTAA curva de temperatura do incndio encontra-se s fls. 13 do laudo do CB (Anexo 11 do presente laudo) e indica que a temperatura mxima teria sido da ordem de 1.100 C (curva de incndio real).Conforme a tabela apresentada no item 5.1.2.e do presente laudo, as temperaturas de ignio dos tecidos da ordem de grandeza de 250 300 C, temperatura esta que, segundo a mencionada curva de incndio, teria sido atingida logo no incio do sinistro, possibilitando a queima dos insumos ali existentes.QUESITO 7Sabe dizer se em XXX h alguma unidade do Corpo de Bombeiros (tel: 0XX27345-1222)RESPOSTASegundo informaes da Ajudncia Geral do Corpo de Bombeiros do Estado XXX, no h uma unidade da corporao em XXX. A unidade mais prxima fica lotada em YYY.QUESITO 8O laudo da Polcia Civil do Estado XXX elaborado pelos peritos XXX e YYY de n 124/98, em sua concluso, igualmente afirma que houve curto-circuito na WWW?RESPOSTASim, porm sem fundamentao tcnica, conforme j mencionado na anlise efetuada no item 5.2.3 deste laudo. Alm disso, estes mesmos Peritos elaboraram um outro laudo sobre o mesmo sinistro, tambm sem fundamentao tcnica, onde concluem que teria havido incndio criminoso.QUESITO 9O laudo PARTICULAR levado a efeito pela XXX, atravs da empresa YYY afirma em algum momento que houve incndio criminoso?RESPOSTANo.QUESITO 10O laudo PARTICULARda XXX discorda da capacidade fsica de armazenagem para acondicionar todo o volume apontado pela WWW?RESPOSTASim. De acordo com o estudo de massa elaborado pela YYY, com a disposio e layout por ela desenhados, o depsito sinistrado no teria capacidade para armazenar a quantidade de mercadorias indicada pela WWW.No constam dos autos os fundamentos tcnicos e premissas que nortearam o mencionado estudo.QUESITO 11 fato que o armazm possui uma rea de 216 m2 (rea construda), segundo o laudo do Corpo de Bombeiros Militar do Estado XXX, correto? Assim sendo, seria correto pensar em um volume de 624, 4 m3 considerando 2.9 m de p direito?RESPOSTAConforme mencionado no item 6.2.2 deste laudo, o volume mais provvel do prdio sinistrado (j que no foram obtidas plantas originais) da ordem de 594,72 m3, levando-se em considerao os dados de 11,80 x 18,00 x 2,8 m.QUESITO 12Considerando este volume (626,4 m3) como capacidade fsica real do armazm da WWW, correto afirmar que o estoque reclamado pela Ferpe como sinistrado caberia em tal espao fsico (vide notas fiscais das mercadorias nos autos) ? O que disse o laudo do Corpo de Bombeiros Militar do Estado XXX sobre esse partinente (sic)?RESPOSTAConforme consta do item 6.2.4, este Perito concluiu que o volume das mercadorias reclamadas compatvel com o volume do prdio sinistrado. O laudo do CB tambm chega esta concluso.QUESITO 13 fato que o laudo PARTICULAR ( PAGO) pela XXX teve efeito apenas cerca de 05 (cinco) meses aps o sinistro? correto pensar que o local do incidente, aps este lapso temporal, havia sido alterado? Pode-se pensar na remoo do material queimado por terceiros, tendo em vista que materiais como LATO presentes em zperes, botes e colchetes podem facilmente ser comercializados em ferros-velhos?RESPOSTAO laudo da YYY foi elaborado em 24.09.98, sendo que teriam sido efetuadas vistorias de campo em 14, 29 de julho, 2,3 e 4 de setembro/98. As demais perguntas ficam prejudicadas, visto que extrapolam as atribuies de um Perito de engenharia.QUESITO 14O seguro da WWW estava com seu PRMIO em dia?RESPOSTAPrejudicado, visto queextrapola as atribuies de um Perito de engenharia.QUESITO 15Do dia do sinistro (08/07/98) at a data da concluso desta percia judicial quantos DIAS se passaram?RESPOSTAAproximadamente 900 (novecentos) dias.8.2Quesitos da RQUESITO 1Queira o Sr. Perito descrever o imvel objeto do litgio, inclusive com sua metragem e distribuio;RESPOSTASolicitamos reportar-se ao item 4 deste laudo.QUESITO 2Queira o Sr. Perito informar, consoante os elementos dos autos e eventualmente aqueles obtidos nas diligncias, qual era a destinao do imvel sinistrado poca do incndio?RESPOSTAEra utilizado como depsito de aviamentos, tecidos de terceiros, tecidos para consumo prprio, produtos semi-acabados e produtos acabados.QUESITO 3Queira o Sr. Perito descrever os demais estabelecimentos da WWW na cidade?RESPOSTAPrejudicado, pois extrapola as atribuies deste Perito.QUESITO 4Queira o Sr. Perito informar e descrever o local em que a WWW exerce sua atividade produtiva, bem como o local onde armazena ou deposita os materiais que compem seu produto final;RESPOSTAPrejudicado, pois extrapola as atribuies deste PeritoQUESITO 5Queira o Sr. Perito, como resultado das diligncias e dos documentos que compem os autos, sobretudo os documentos de fls. 119/223 e 225/239, informar se o imvel sinistrado comportava as quantidades de material cujos valores so reclamados pela Ferpe na ao;RESPOSTAConforme consta do item 6.2.4, o volume das mercadorias reclamadas compatvel com o volume do prdio sinistrado.QUESITO 6Queira o Sr. Perito informar se o imvel sinistrado estava completamente cheio por ocasio do incndio;RESPOSTANo h dados que permitam responder esta pergunta de forma objetiva. O que pode ser afirmado que, se o volume das mercadorias reclamadas pela parte Autora de cerca de 322 m3, teoricamente possvel e razovel que estas mercadorias poderiam ter sido acomodadas em um armazm com cerca de 594 m3 de volume total.QUESITO 7Queira o Sr. Perito informar, se possvel, a quantidade de material supostamente existente no imvel na data do sinistro e seu respectivo valor;RESPOSTADe acordo com o laudo da YYY que consolidou os dados disponveis a Autora est informando que no local havia (fls. 123): 22.686 cones de linha, 1.223 bobinas de tecido, 44.000 calas acabadas e 41.000 calas cortadas, com um valor total deR$ 1.486.984,29 (fls. 120)QUESITO 8Queira o Sr. Perito informar tudo o mais que reputar necessrios ao deslinde da presente ao.RESPOSTATodos os aspectos relevantes foram includos neste laudo.8.3Quesitos complementares da R XXX (fls. 576)QUESITO 1Queira o Sr. Perito, no que concerne aos disjuntores do painel de comando eltrico do depsito sinistrado e mencionados como possvel causa do incndio no laudo do CB esclarecer o que segue:Sub-quesito a)o motivo pelo qual ditos disjuntores foram enviados pelo CB ao exame do XXX, tendo sido recebidos pelo engenheiro eletricista e professor YYY, que emitiu o laudo que se encontra anexado s pgs. 10 do laudo n 054/98 do CB, datado de 28.07.98;RESPOSTAEm primeiro lugar, os disjuntores no foram apontados como causa do incndio no laudo do CB. Segundo este laudo, a causa teria sido um curto circuito na fiao que alimentava as luminrias do teto.A anlise do disjuntor permitiria verificar se o mesmo teria atuado (desarmado), o que poderia ser um indcio (no definitivo) de que teria havido um curto circuito na fiao por ele protegida. Caso isto tivesse sido constatado, ainda deveria ser verificado se o curto teria sido causa ou conseqncia do incndio.Sub-quesito b)a razo pela qual no foi possvel ao referido engenheiro afirmar se houve alguma atuao desses disjuntores que provocasse curto circuito nas instalaes eltricas do depsito sinistrado;RESPOSTAO disjuntor estaria completamente destrudo, o que teria impossibilitado a anlise.Sub-quesito c)o motivo alegado pelos peritos do CB (laudo, III 5 Exames Complementares, item 2) para justificar a impossibilidade de averiguao da atuao desses disjuntores;RESPOSTASolicitamos reportar-se resposta ao sub-quesito anteriorSub-quesito d)como se pronuncia a respeito o Relatrio do Inqurito Policial, datado de 24.02.99, em seu item III-1-A-Percia do Corpo de Bombeiros, pgs. 7 e 8;RESPOSTAPrejudicado. O mencionado Relatrio do Inqurito Policial foi juntado por linha, no foi acostado aos autos e, por no se tratar de pea tcnica, no foi includo neste laudo.Seria conveniente ressaltar que para uma percia de engenharia somente interessam laudos, documentos ou manifestaes de contedo tcnico (em termos de engenharia), o que no o caso de um relatrio de inqurito..QUESITO 2Ainda com relao ao laudo pericial do CB, queira o Perito informar como se posiciona o Relatrio do Inqurito Policial n 237, datado de 04.02.99, face aos seguintes pontos abordados no laudo acima referido (n 054/98 do CB):Sub-quesito a)se os peritos do CB indicaram algum elemento/dado tcnico que comprove, de forma irrefutvel, a ocorrncia de curto circuito como causa determinante do incndio havido;RESPOSTAPrejudicado. Considerando que no se trata de pea tcnica no que se refere engenharia -, no h evidncias de que ele possa trazer elementos tcnicos que contribuam para o deslinde das questes tcnicas sob anlise.Sub-quesito b)se a causa provvel determinante do incndio foi esclarecida do ponto de vista tcnico-pericial;RESPOSTAPrejudicado. Solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.aSub-quesito c)se os peritos do CB tiveram os necessrios cuidados na preservao do material examinado/coletado/transportado;RESPOSTAPrejudicado. Solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.aSub-quesito d)se os peritos do CB utilizaram-se dos procedimentos tcnicos necessrios e usuais para cubarem a mercadoria, ou seja, se levaram em conta, dentre outros fatores, reas livres de circulao para os trabalhadores manusearem as mercadorias e altura de estantes para cubarem a capacidade de armazenamento do depsito sinistrado;RESPOSTAPrejudicado. Solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.aSub-quesito e)se os peritos do CB se limitaram a aceitar a quantidade de material informada pela segurada (XXX) para informar que o depsito comportaria com folga a referida quantidade;RESPOSTAPrejudicado. Solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.aSub-quesito f)se para emitirem a informao acima partiram de premissas consideradas equivocadas tendo estas conduzido a concluses incorretas;RESPOSTAPrejudicado. Solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.aQUESITO 3Com relao ao parecer da YYY Engenharia de Avaliaes Ltda. (doravante apenas YYY), juntado aos autos com a Contestao , queira o Perito informar como se posiciona o Relatrio do Inqurito Policial n 273, de 4.02.1999, quanto aos seguintes aspectos:Sub-quesito a)se o referido Parecer (YYY), ao ver do Relatrio feito no Inqurito em questo, bem elaborado e minucioso;RESPOSTAPrejudicado. Solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.a.Ressalte-se, mais uma vez, que no prtica usual aceitvel em percias de engenharia, a incluso no laudo de opinies no tcnicas (no caso, do elaborador do Relatrio de Inqrito) sobre documentos tcnicos disponveis.Sub-quesito b)se, de acordo com a anlise dos peritos do Departamento de Criminalstica, entendem os mesmos tratar-se de um Relatrio de Regulao de Sinistro convincente e realizado dentro das melhores tcnicas de avaliao;RESPOSTAPrejudicado. Solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.aSub-quesito c)se, do exame detalhado do aludido Parecer, conclui-se que a r Sul Amrica demonstrou preocupao em obter informaes reais e incontestes da causa do sinistro e se o material reclamado pela Segurada (XXX) realmente estava no depsito na ocasio do sinistro;RESPOSTAPrejudicado. Solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.aSub-quesito d)se os documentos anexos ao Parecer tais como planilhas, demonstrativos, cpias de notas fiscais, grficos e outros, reforariam os fatos apurados e discutidos no referido Parecer;RESPOSTAPrejudicado. Solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.aSub-quesito e)se as questes relevantes que envolvem o Parecer da YYY merecem ser consideradas e aprofundadas (ver Relatrio do Inqurito Policial);RESPOSTAPrejudicado. Solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.aSub-quesito f)caso positiva a resposta anterior, sob que aspectos e por que rgos Pblicos deveria se dar esse aprofundamento:RESPOSTAPrejudicado. Solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.aQUESITO 4Queira o Perito, apreciando as fotos de outros incndios ocorridos no Rio de Janeiro, Fortaleza, Belm e Florianpolis em depsitos de aviamentos, tecidos, roupas e sapatos, anexadas ao Parecer da YYY, informar se elas demonstram que sempre restam vestgios do material estocado e queimado;RESPOSTANo possvel, em engenharia particularmente na investigao tcnica de sinistros - fazer qualquer tipo de generalizao. Normalmente, trabalha-se com dados estatsticos devidamente tabulados e classificados por situaes tipo.Assim, no se pode comparar incndios ocorridos no Rio de Janeiro onde h uma assistncia de corpo de bombeiros com um incndio em So Gabriel de Palha, onde, como consta dos autos, havia parcos recursos para o combate ao sinistro.Ainda a ttulo de exemplo, h que se verificar os tipos de materiais envolvidos em cada incndio, as condies atmosfricas em que cada um ocorreu, o tempo decorrido entre o incio e o alarme, o tempo efetivo de fogo sem controle, o tipo e localizao fsica do (s) foco (s) provvel (is), etc.4.1)Caso a resposta anterior seja positiva, queira esclarecer se razovel concluir que os referidos remanescentes dos materiais no so totalmente consumidos pelo fogo como se poderia crer no caso do incndio do depsito da XXX;RESPOSTAPrejudicado, tendo em vista a resposta ao quesito anterior ter sido negativa.QUESITO 5Com relao aos laudos 123 e 124/98, expedidos pelo Sr. XXX, queira o Perito informar o posicionamento do Relatrio do Inqurito Policial n 273, de 04.02.1999:Sub-quesito a)relativamente confiabilidade dos dois citados documentos e tambm quanto a idoneidade dos seus autores, os peritos XXX e YYY:RESPOSTAPrejudicado. Solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.aSub-quesito b)quanto a conduta do perito XXX e se o mesmo foi indiciado como incurso no artigo 342 do Cdigo Penal.RESPOSTAPrejudicado. Solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.a, alm de no se tratar de assunto da competncia deste Perito.QUESITO 6No estando descartada a hiptese de causa criminosa, informar o Perito se tem conhecimento de que a r XXX solicitou ao Sr. Promotor de Justia fossem prestados esclarecimentos pelos subscritores do Relatrio n 273, de 04.02.1999, ainda com o objetivo de identificar a real causa do incndio;RESPOSTANo.QUESITO 7Queira o Perito informar o contedo da Promoo Ministerial (de lavra do Ministrio Pblico do Estado do Esprito Santo) juntada pela r XXX s fls. ... dos autos;RESPOSTAA mencionada promoo ministerial encontra-se acostada s fls. 106.QUESITO 8Queira o Perito informar, a partir da documentao j produzida nos autos, e outras averiguaes durante a diligncia:Sub-quesito a)se consta no depoimento prestado pelo Sr. XXX, acostado aos autos, que o estabelecimento comercial de um dos scios da WWW Sr. YYY que sua fbrica de esquadrias pegou fogo, sinistro este que gerou processo no qual figurou como r a XXX, tendo ela indenizado parte (10%) dos prejuzos alegados:RESPOSTAPrejudicado, visto que extrapola as atribuies deste Perito no mbito desta ao.Sub-quesito b)se algum documento dos autos d conta de que , em passada ocasio, o Juzo da Comarca de XXX recebeu Mandado de Priso contra YYY (outro scio da WWW) por fraude contra Seguradora em incndio ocorrido em caminho.RESPOSTAPrejudicado, visto que extrapola as atribuies deste Perito no mbito desta ao.QUESITO 9Queira o Perito informar o quanto se segue no que pertine s respostas dos Peritos da RRR, constantes do Relatrio do Inqurito no. 273:Sub-quesito a)a partir da anlise tcnica dos dois laudos fornecidos pelo perito XXX, um concluindo como causa do evento curto circuito e outro incndio criminoso, qual deles deve prevalecer;RESPOSTAConforme j mencionado, o mencionado Relatrio do Inqurito no uma pea tcnica e as opinies nele contidas no podem ser consideradas sob o ponto de vista tcnico. No entanto, de acordo com as concluses deste Perito, ambos os laudos no contm fundamentao tcnica, apresentam concluses diametralmente opostas (tendo sido elaborado pelas mesmas pessoas, embora um dos laudos no tenha sido assinado pela perita XXX, conforme mencionado no item 5.2.3 deste laudo), o que significa que no h como responder objetivamente a esta pergunta.Sub-quesito b)considerando o laudo tcnico do perito engenheiro eletricista do XXX, anexo aos autos do Inqurito, possvel estabelecer a causa do incndio na WWW com fundamento no que nele est contido? Caso positivo, queira fundamentar a resposta;RESPOSTAO mencionado laudo afirma apenas que, devido ao grau de destruio do material analisado (disjuntores) no teria sido possvel constatar se os mesmos teriam ou no atuado. Caso fosse possvel verificar que um ou mais teriam atuado, este teria sido um indcio de ocorrncia de curto circuito nas instalaes do prdio sinistrado, o que, por si s, ainda no seria uma prova cabal da causa do incndio. Ela teria de ser composta com as demais evidncias colhidas para, ento, em caso de consistncia do quadro formado, tornar-se uma das alternativas de causa do sinistro.Sub-quesito c)considerando o laudo tcnico realizado pelo Corpo de Bombeiros, e bem assim os comentrios a ele feitos no Relatrio final do Inqurito (cf, quesito suplementar 01, d, acima), se seria possvel estabelecer a causa determinante do incndio com base no que nele se encontra contido;RESPOSTACom relao ao Relatrio Final do Inqurito, solicitamos reportar-se resposta ao quesito 2.a. No que se refere ao laudo do Corpo de Bombeiros, as concluses da anlise encontram-se no item 5.3 e so aqui transcritas:-No foi possvel para todos os tcnicos que investigaram o local determinar, com preciso, as causas do incndio;-Por excluso, com base nas estatsticas e nos fatos narrados, os peritos do CB concluram que a causa mais provvel teria sido um fenmeno termo-eltrico (curto circuito);-O fenmeno termo-eltrico ocorrido na fiao alimentadora de uma luminria instalada no teto poderia ter sido a causa do evento.Ressalte-se, mais uma vez, que isto no significa que pode ser afirmado que esta teria sido, sem dvida, a causa do incndio.O que pode ser afirmado que o perfil do incndio conforme relatadopelos diversos laudos elaborados compatvel com esta causa.Outras causas das quais no foram encontradas evidncias (Ex: falhas em reatores, mau contato em terminais eltricos, etc., desde que localizados na parte superior do imvel) poderiam ter ocasionado um incndio com um perfil semelhante, lembrando que o termo tcnico causa significa foco combustvel original mais fonte de ignio;-No foram constatadas evidncias que contradigam a causa apontada;-No foram observadas evidncias objetivas que apontem para algumaoutra causa especfica.Sub-quesito d)considerando o laudo tcnico realizado pela YYY por solicitao da R XXX, se seria possvel determinar a causa do incndio no depsito da WWW pelo que nele se encontra contido;RESPOSTASolicitamos reportar-se resposta ao item anterior.QUESITO 10Queira o Perito esclarecer os seguintes aspectos quanto ao Parecer datado de 23 de julho de 1998, da empresa XXX, junto aos autos com a Contestao:Sub-quesito a)se, por ocasio da inspeo no risco, foi constatado que a segurada (WWW) possua no escritrio da empresa diversos equipamentos de informtica, fax, mesas e cadeiras, aparelhos de ar condicionado e uma central telefnica com vrios ramais;RESPOSTASim.Sub-quesito b)a razo pela qual o depsito onde eram depositados os tecidos usados nas diversas confeces na cidade bem como na confeco pertencente segurada (WWW) foi considerado de moderados montantes, na ocasio da vistoria;RESPOSTAPrejudicado, visto que no possvel dar uma resposta tcnica objetiva de engenharia esta pergunta.Sub-quesito c)se o armazenamento em prateleiras de madeira foi considerado adequado;RESPOSTAPrejudicado, visto que no possvel dar uma resposta tcnica objetiva de engenharia esta pergunta.Sub-quesito d)a altura das prateleiras de madeira existentes no depsito;RESPOSTAPrejudicado, visto que no constam dos autos e demais documentos tcnicos disponveis dados confiveis que permitam responder a esta pergunta. As nicas indicaes encontram-se no layout contido no laudo do CB, que,foi elaborado sob a forma de um croqui (dotado, portanto, de impreciso) e no h outras fontes que possam corrobor-la..Sub-quesito e)se a carga de incndio foi considerada mnima, mesmo considerando a presena de forro de madeira;RESPOSTASim, e esta uma das inconsistncias observadas neste relatrio, conforme mencionado no item 5.2.4 deste laudo.Sub-quesito f)a razo para ter sido aconselhado R XXX uma investigao paralela de carter criminal sigiloso;RESPOSTAPrejudicado, visto que no h como responder tcnica e objetivamente esta pergunta.Sub-quesito g)a razo para os materiais mencionados no item a deste quesito no terem sido relacionados como perda;RESPOSTAPrejudicado, visto que no h como responder tcnica e objetivamente esta pergunta.QUESITO 11Com relao aos materiais supostamente existentes no depsito na ocasio do sinistro, queira o Perito informar o que segue:RESPOSTASub-quesito a)se, para estabelecer a massa correspondente s roupas, consideraram os peritos do CB o depsito completamente cheio de mercadorias;RESPOSTANo laudo que se encontra acostado aos autos (fls. 497) no consta este tipo de premissa. Os peritos do CB utilizaram a informao fornecida pela parte Autora (fl. 11 do laudo do CB)Sub-quesito b)quais os elementos em que se baseou CB para estabelecer o valor 117.256 kg para a massa de materiais combustveis (ver pg. 11 do laudo do CB);RESPOSTASolicitamos reportar-se resposta ao item anterior.Sub-quesito c)se o valor referido em item b precedente foi o adotado para o clculo do poder calorfico convertido em kg de madeira (PM) em kg, e a carga real de incndio em kg/m2;RESPOSTASim.Sub-quesito d)se o tempo de durao do incndio calculado em funo da carga real de incndio, do fluxo de oxignio e da interrupo do processo de combusto devido ao do combate;RESPOSTAPara responder esta pergunta, torna-se necessrio esclarecer que uma coisa o tempo real de incndio e outra o tempo terico.O primeiro determinado com base nos depoimentos das testemunhas e evidncias colhidas no local. O segundo, que serve como base de aferio da consistncia do primeiro, determinado com base na carga de incndio e parmetros tabelados e significa o tempo mximo que, teoricamente, sob condies ideais para a prosseguimento da combusto, o incndio poderia ter durado.Neste sentido, como a pergunta se refere, aparentemente, ao tempo terico (pois ela fala em clculo), os parmetros mencionados no so considerados.Sub-quesito e)caso seja afirmativa a resposta ao item d precedente, informar se os referidos fatores foram considerados no trabalho dos Peritos do CB;RESPOSTAPrejudicado, visto que a resposta foi negativa.Sub-quesito f)caso afirmativa a resposta ao item precedente, esclarecer como foram os referidos fatores introduzidos nas frmulas para a estimativa feita de 8,7 h do tempo de durao do incndio;RESPOSTAPrejudicado, visto que a resposta foi negativa.Sub-quesito g)como foram estabelecidos os dados da pg. 13 do laudo do CB relativos ao incndio, ou seja: incio 21:18 h; extino 06 h de 08.07.98; durao 08 h 42 min;RESPOSTAPrimeiramente, foi determinado o tempo terico, com base na carga de incndio. Depois, com base no momento em que foi considerado extinto o incndio (depoimentos de testemunhas, etc.), faz-se o clculo de trs para frente, determinando-se o incio terico mais cedo do sinistro.Sub-quesito h)quais as temperaturas de fuso dos materiais componentes dos aviamentos (botes, zipers e rebites) de acordo com informaes do fabricante (YKK do Brasil);RESPOSTASegundo consta do laudo da YYY da ordem de 500 C (fls. 123).Sub-quesito i)se os peritos do CB declararam ter detectado predominncia de colorao cinza claro no concreto submetido ao do fogo;RESPOSTANo. Apenas s fls. 31 do laudo do CB foi apresentada uma foto de uma coluna de concreto que apresentava esta colorao.Sub-quesito j)caso afirmativa a resposta ao item i precedente, informar a que temperatura corresponde essa colorao do concreto, e a colorao correspondente temperatura de 600 C, juntando os elementos tcnicos comprobatrios de sua informao;RESPOSTAAs alteraes de cor que ocorrem no concreto em funo da elevao de temperatura e exposio chama foram apresentadas no item 5.1.2.d deste laudo.Para esclarecer a fonte da qual foi originada a informao gerada pelos tcnicos do CB foi enviada a carta do Anexo 12 ao Exmo. Sr. Secretrio de Estado de Defesa Civil do Estado RRR. A resposta encontra-se no Anexo 13, onde se verifica que so mnimas as diferenas de referncias utilizadas pelo CB e aquelas descritas neste laudo. Basicamente, sabe-se que, a partir de 600 C, o concreto volta a ter a cor cinza. A meno ao cinza esbranquiado no parece ser relevante, na medida em que se verifica que a coluna esta fraturada, denunciando a queda de resistncia mecnica, compatvel com temperaturas desta ordem, alm da constatao de que outros materiais (lato, vidro) foram encontrados fundidos, o que ratifica o nvel de temperatura alcanado.Sub-quesito k)como foi obtido o valor 1100 C (temperatura mxima) aps 04h12min do incio do fogo e se este nvel atingido de temperatura foi localizado ou estendeu-se a todo interior do depsito;RESPOSTAEste valor terico, determinado a partir da curva de incndio padro. Ele foi corroborado pela existncia, entre os escombros, de materiais fundidos cujos pontos de fuso so ligeiramente inferiores a este valor (lato/cobre, aproximadamente 900 C) e tambm pelo fato de que materiais de ao (tesouras), cujo ponto de fuso da ordem de 1.400 C no se fundiram. Ou seja, h uma faixa terica entre 900 C e 1.400 C, onde, provavelmente, se situa a temperatura mxima ocorrida durante o incndio.Sub-quesito l)o que se pode inferir, no que tange ao tempo de durao do incndio, dos dados mencionados em g acima, a partir da leitura dos depoimentos anexados ao laudo do CB;RESPOSTAQue o tempo real do incndio compatvel com o tempo mximo terico calculado para o mesmo.Sub-quesito m)se consta do laudo dos Peritos do CB a relao volume/materiais fornecida pelo proprietrio que permitiu determinar que o volume ocupado por estes era 293,54 m3;RESPOSTAs fls. 07 do laudo do CB consta que o volume dos materiais seria de 293,54 m3.Sub-quesito n)como se demonstra a exatido do valor calculado por meio desta relao;RESPOSTANo se demonstra, pois trata-se de uma ordem de grandeza. Esta foi corroborada pelo laudo da YYY, que chegou a um valor de cerca de 322 m3, o que bastante prximo do valor considerado no laudo do CB.Sub-quesito o)se, para calcular o volume referido em m precedente foram levados em conta alturas de empilhamento coerentes com os vos entre prateleiras de uma estante e respectivas alturas destas com relao ao p direito do depsito;RESPOSTAConforme mencionado em 6.2, o volume das mercadorias que foram alegadas pela parte autora (considerando o valor produzido pela YYY) como presentes no prdio sinistrado representa cerca de 54 % do volume total do prdio, o que perfeitamente compatvel com um layout adequado destes materiais.Sub-quesito p)se, para calcular o volume referido em m e o precedentes foram levados em conta espaos adequados entre estantes para permitir aos trabalhadores circularem e manusearem as mercadorias;RESPOSTASolicitamos reportar-se resposta ao quesito anterior.Sub-quesito q)caso positiva a resposta anterior, informar qual a largura que foi considerada para os corredores;RESPOSTANo laudo do CB, s fls. 14, consta um croqui mostrando que a largura dos corredores era da ordem de 55 cm.Sub-quesito r)se, para calcular o volume referido nos itens precedentes m, o e q, foram levados em conta os vazios decorrentes do empilhamento de tecidos (bobinas com at 1,20 m de comprimento e 0,35 m de dimetro) e caixas;RESPOSTANo laudo do CB e tambm no presente laudo, no foi considerado necessrio detalhar a forma de armazenar cada item. Foi aferido apenas neste laudo se os volumes das mercadorias e do prdio seriam compatveis com a possibilidade de armazenamento destas mercadorias no layout considerado como existente e isto restou demonstrado.Sub-quesito s)Se o CB utilizou-se dos critrios de cubagem que podem ser considerados compatveis com o manuseio, empilhamento e estoque de mercadorias, isto , se o CB tambm considerou a necessidade de circulao de pessoas no interior do depsito sinistrado, bem como a necessidade de deslocamento dos materiais em estoque (ou empilhados), entrada e sada de mercadorias e outros elementos.RESPOSTANo.QUESITO 12Considerando o Parecer Tcnico elaborado a pedido da Seguradora pela YYY, queira informar o seguinte:Sub-quesito a)de acordo com o referido laudo, o valor arbitrado s mercadorias existentes no imvel sinistrado;RESPOSTAO valor mximo admitido pelo laudo da YYY foi de R$ 883.274,22 (fls. 124), enquanto que o valor requerido pelo Segurado foi de R$ 1.486.984,29 (fls. 120).Sub-quesito b)examinando a memria de clculo que conduziu ao valor acima informado, esclarecer se este valor pode ser considerado compatvel com a realidade da quantidade de mercadorias possveis de serem estocadas com base nos vestgios encontrados; seu respectivo custo e demais critrios utilizados pela YYY;RESPOSTAPrejudicado. Este Perito analisou a questo referente ao volume das mercadorias estocadas e no os valores envolvidos.Sub-quesito c)em funo (i) das pequenas avarias sofridas pelo muro de alvenaria, na divisa lateral direita e na parede do fundo do prdio do escritrio distantes do depsito cerca de 1,50 m e 2,40 m respectivamente; (ii) da aparncia das grades de janelas cuja pintura no foi afetada; (iii) do fato de que a temperatura no deve ter ultrapassado 500 C (informada como sendo a de fuso do zamakk, material utilizado pelo fabricante dos botes encontrados aps o sinistro) e; (iv) pela cor cinza clara do concreto, se poder-se-ia classificar o incndio ocorrido como de pequena mdia intensidade;RESPOSTAConforme mencionado no item 5.2.5.d deste laudo, normalmente, os critrios para se classificar incndios (existem diversos) no utilizam como base este tipo de informao, razo pela qual no possvel responder objetivamente esta pergunta.Sub-quesito d)se existem nos autos depoimentos de moradores da regio no sentido de que o incndio no chegou a ser notado pela grande maioria da vizinhana;RESPOSTANo. Existe uma meno a este fato no laudo da YYY (fls. 123), sem que tenham sido colhidos depoimentos de testemunhas devidamente identificadas.Sub-quesito e)sendo afirmativa a resposta ao item b precedente e por comparao com outros sinistros de mdia e grande intensidade relatados pela YYY em seu Parecer (inclusive com prova fotogrfica), se seria admissvel que os materiais colocados no depsito (observar que a segurada informou ao CB a existncia de 117.000 kg de materiais diversos e 1.233 bobinas) derretessem por completo a ponto de no deixarem vestgios;RESPOSTAPrejudicado, pois no h como responder tecnicamente esta pergunta.Sub-quesito f)se existem depoimentos como os dos Srs. XXX e YYY que endossam a afirmativa de que no havia vestgios remanescentes dos tecidos, linhas e roupas reclamadas;RESPOSTANo. H apenas uma afirmativa da Hitec neste sentido, sem mencionar nomes, endereos e outros dados que tornassem rastreveis estas informaes (fls. 123, penltimo pargrafo).Sub-quesito g)se, para calcular o valor das mercadorias realmente existentes no imvel sinistrado, foi necessrio, aps cuidadosa verificao das notas fiscais de entrada de mercadorias e minucioso levantamento dos escombros, realizar um estudo de massa sendo considerados:(i)posicionamento e disposio das estantes e prateleiras;(ii)estocagem em caixas e pilhas;(iii)arrumao das mercadorias;(iv)reconstituio do provvel lay out do imvel com seu estoque baseado nas disposies do estoque do depsito da fbrica do que resultaram os croquis memrias de clculo e fotos montadas em computador da possvel estocagem dentro de um depsito com as dimenses internas encontradas;RESPOSTAConforme afirmado anteriormente, este Perito est analisando apenas aspectos referentes rea de engenharia, o que no envolve valor e contabilizao de mercadorias.Neste sentido, o que est sendo verificado se o volume das mercadorias que, segundo a parte autora, estariam no prdio na ocasio do sinistro, seria compatvel com o volume do prdio, considerando as tcnicas usuais de planejamento e operao de armazns destinados a estoque de mercadorias.Segundo o que foi apurado (item 6 deste laudo), estes volumes so compatveis.Sub-quesito h)se o Perito considera o procedimento adotado pela YYYo mais adequado;RESPOSTAO laudo da YYY no apresenta as premissas que foram adotadas para deixar de acomodar cerca de 322 m3 de mercadorias em um prdio com aproximadamente 595 m3 de volume, o que representaria uma taxa de ocupao de 54%.Caso fosse adotado o volume mximo sugerido pela YYY o prdio teria uma taxa volumtrica de ocupao de apenas 27%, o que no compatvel com uma gesto eficiente de almoxarifados.Sub-quesito i)se o CB adotou procedimento idntico;RESPOSTANo.Sub-quesito j)se na anlise (preliminar) contbil foram detectadas irregularidades como notas fiscais de entradas referentes a compras efetuadas de vrios itens que nada tm a ver com o depsito sinistrado tais como tesouras, agulhas, peas de mquinas de costura e insumos de tinturaria no reclamados pela segurada (XXX), nem encontrados nos escombros do incndio, o que refora a convico de que mercadorias foram endereadas ao depsito, sem comprovao de sua entrada neste;RESPOSTAPrejudicado. Trata-se de assunto que extrapola as atribuies deste Perito.Sub-quesito k)se vlida a concluso de que o depsito sinistrado no comportava o volume de mercadorias reclamado pela segurada;RESPOSTANo. Ao contrrio, o volume reclamado pela parte autora compatvel com o volume do prdio sinistrado, considerando as tcnicas usuais de planejamento e operao de almoxarifados.Sub-quesito l)se em razo do que restou verificado pelo Perito aps cotejar os autos e durante as diligncias e no laudo da YYY, seria razovel concluir que a segurada, em seu pleito ressarcitrio, clara e ostensivamente exacerbou na quantificao do seu prejuzo;RESPOSTANo.9.ANEXOS

1, 2 Faxes enviado s partes autora e r;3 Resposta do Assistente Tcnico da R;4 -Laudo;5 -Croqui;6 -Cap. 87 -Laudo;8 -Grfico;9 -Frmula;10 -Tabela;11 -Curva de temperatura;12 Carta ao CBERJ;13 Resposta do CBERJ.

10.ENCERRAMENTOO presente Laudo Pericial consta de 47 (quarenta e sete) pginas digitadas, rubricadas, sendo a ltima assinada e 13 (treze) anexos.Rio de Janeiro, 15 de Fevereiro de 2001.----------------------------------------------RICARDO SALOMOEngenheiroCrea 30.995-D/R