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7/21/2019 Laurence Bardin - Análise de Conteúdo http://slidepdf.com/reader/full/laurence-bardin-analise-de-conteudo 1/230 ANÁLISE DE CONTEÚDO

Laurence Bardin - Análise de Conteúdo

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ANÁLISEDE CONTEÚDO

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L^irence Bardln, p .-ofessora-sss istente de ps icologia na Univers idade d* Paris \

apliuou a s técn icas da A nál ise de Conteúdo na inv est igação ps icosso cloluglca e rn.

estudo das comunicações de massas . Este l ivro procura ser um rr .aqual e lare , concrei

e operacional dosr.e método de investigação, quotante pr/t íe ser uti l izado por pstcóíogo

e soció logo s , q ralqu er qu e se ja a su a e sp ecial idad e ou f inal idad *, como p tr p-ilcan?l istas, historiarlores. ool ít icos. jornal istas, etc.

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fPCULOPDEDEC U « SOCIAIS I  BIBLIOTECA

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U N L C S H c2:*j!da^s de CisncinHunaaasflu. dB Sem s 26-Clüßbi-Dßl ÜStüBPágina ütíü : 'JUU.ksl5.uiM.pt* : rsRiivacaoifcsh.upi r,t

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PERSONS

P S I C O L O G I A  

T m   . ' l o s   p t : r > u ( ' . A D 0 i

I. A UNIDADE DA PSICOLOGIAd e D a r . i e l

A EVOLUÇÃO PSICOLOCICA DA CRIANÇAàc   Htr.fi Willon

>. A TERAPIA SEXUALde Patrícia e Richild GilL'r 

i . A SACDE MENTAL DA CRIANÇAde Cetestín Freinei

5. PSICÓLOGOS E S R ö CONCEITOSd ; Vernon N'ordby <• (.a!.-in Hal!

6. SEXUALIDADE E VULXiUdir. dc Armando Vcrdigfione

7. A F-5COLA NA SOCIEDADE l - 

ds S’.izanne MolloS A PSICANÁLISEde  f. .C .  Senpc,  JA .. Dt-.uci. Jc.'.ü Say, Gilbert L&cault c C«fccr;rcRacícè\

9. A INTERPRETAÇÃO CAS AFASIASdc Slçiaund Freud

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 ANÁLISEDE CONTEÚDO

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LAURENCE BARDIN

ANALISE

DE CONTEÚDO

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PREFÁCIO

0 que é a análise de conteúdo actualmente? Um con

 junto de instrumentos metodológicos cada vez mais subtis em constante aperfeiçoamento, que se aplicam a  «discursos» (conteúdos e continentes) extremamente diversificados O factor comum destas técnicas múltiplas e multi

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trangimento por ela imposto de alongar o tempo de latên- 

cia entre as intuições ou hipóteses de partida e as i?iter-  pretações defin itivas. Ao desempenharem o papel de «técnicas de rupturas- face à intuição aleatória e fácil, os 

 processos de análise de conteúdo obrigam à observação de um intervalo de tempo entre o estímulo-meyisagem e a reacção interpretativa.

Se este intei'valo de tempo é rico e fértil então, há que recorrer à análise de conteúdo...

Este livro pretende ser um m anual, um guia, um prontuário. Tem por objectivo explicar o mais simplesmente   possível o que é actualmente a análise de conteúdo e a 

utilidade que pode ter nas ciências humanas. Para desem penhar melhor esta tarefa foram tomadas algumas opções: — Descrever a evolução da análise de conteúdo, deli

mitar o seu campo e diferenciá-la de outras práticas (primeira parte: história c teoria).

 — Pôr o leitor imediatamente em contacto com exem

 plos sim ples e concretos de análise, decompondo pacientemente o mecanismo dos processos (segunda parte:  práticas).

— Descrever a textura ou seja cada operação de

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P R I M E I R A P A R T E

H I S T Ô K I A E    7  HO R I A

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r

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I

EXPOSIÇÃO HJSTÓRICA

Content analysis shouid begin

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1 . OS ANT E CE DE NT E S E A P RÊ - HI S T ORI A

Antes de analisar as comunicações segundo as técnicasmodernas do século vinte tornadas operacionais pelasciências hum anas, os textos já eram abordados de diversasformas. A hermenêutica, a arte de interpretar os textossagrados ou m isteriosos é uma prática muito antiga. O que

é passível de interpretação? Mensagens obscuras que exigem uma interpretação, mensagens com um duplo sentidocuja significação profunda (a que importa aqui) só podesurgir depois de uma observação cuidada ou de uma intuição carismática.

Por detrás do discurso aparente geralmente simbólico

e polissémico esconde-se um sentido que convém desvendar. A interpretação cos sonhos, antiga ou moderna, aexegese religiosa (em especial a da Bíblia) a explicaçãocrítica de certos textos literários, até mesmo, de práticastão diferentes como a astrologia ou a psicanálise relevamde um processo hermenêutico. Também a retórica  e alógica  são de agrupar nas práticas de observação de umdiscurso, práticas estas, anteriores à análise de conteúdo.A primeira estudava as modalidades de expressão mais propícias à declamação persuasiva, a segunda tentavadeterminar pela análise dos enunciados de um discurso

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hinos, cm número de noventa, podiam ter efeitos nefas

tos nos Luteranos, foi efectuada uma análise dos diferentes temas religiosos, dos seus valores e das suas modalidades de aparição (favorável ou desfavorável), bemcomo da sua complexidade estilística. Mais recentemente(1886-1892) o francês B. Bourbon, para ilustrar um tra

 balho sobre «a expressão das emoções e das tendências

na linguagem», trabalhou sobre uma parte da Bíblia, oÊxodo, de maneira relativamente rigorosa, com uma pre paração elementar do texto , e classificação tem ática das palavras chave. Uns anos depois (190S-191S), foi feitoum estudo sociológico profundo, a respeito da integraçãodos emigrantes polacos na Europa c na América, por

Thomas (professor em Chicago) e Znaniecki ( antropólogo polaco). Uma técnica elementar da análise de conteúdo — mais do que uma sistematização de uma leitura norm al — fo i utilizada num m aterial composto por elementosvários (cartas, diários íntimos, mas também relatóriosoficiais e artigos de jornal).

2. OS COMEÇOS: A IMPRENSA E A MEDIDA

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Trata-se de descrever o comportamento enquanto resposta

a um estimulo, com uni máximo de rigor e eientificidade.Tal como a sociologia após Durkeim, a psicologia distancia-se face ao seu objecto de estudo. O nascimento daanálise de conteúdo provém da mesma exigência que semanifesta igualmente na linguística. Mas a linguística ca análise de conteúdo ignoram-se mutuamente, e continuam a desenvolver-se ainda por muito tempo tomandocaminhos distintos, apesar da proximidade do seu objecto,

 já que uma e outra trabalham -na c pela linguagem. Depoisde Saussure, T roubetzko y— a fonologia (1926-192S) — eBloomfield — a análise distribucional (1933)— rompeucom uma concepção tradicional da língua: a linguísticatorna-se funcional e estrutural.

3. 19-0-1950: A SISTEMATIZAÇÃO DAS REGRASE O INTERESSE PELA SIMBÓLICA POLÍTICA

 Nos Estados Unidos, os departamentos de ciências políticas ocuparam um lugar de destaque no desenvolvimento da análise de conteúdo. Os problemas levantados pela Segunda Guerra Mundial acentuaram o fenómeno.

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tes: «A União Soviética vence» e «As doutrinas

comunistas são verdadeiras» (temas estes divididos em cerca de quinze subtemas). — Análise léxica a p a rtir de uma lista dc palavras

consideradas como palavras chave da política e pro paganda nazi (aplicada às mesm as publicações).

H. D. Lasswell continua os seus traba lhos sobre a análise dos «símbolos» (*) e o das mitologias políticas naUniversidade de Chicago e na Experimental Division for  the Study of Wartime Communications  na  Library of  Congress.  Aumenta o número de investigadores especializados cm análise de conteúdo: H. D. Lasswell, N. Leites,

R. Fadner, J. M. Goldsen, A. Gray, I. L. Janis, A. Kaplan,D. Kaplan, A. Mintz, I. de Sola Pool, S. Yakobson partici param em The Language of Politics: Studies in Quanti- tative Semântica  (1949).

Com efeito, o domínio de aplicação da análise de conteúdo diferencia-se cada vez mais. Pcrtcnccm a este

 período dois exemplos: um, próxim o da crítica literária,outro, um caso célebre centrado na personalidade de umamulher neurótica.^ A análise do romance autobiográfico  Black Boy,  de

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 pressionista». Estas cartas, em número de 167, são m ate

riais de eleição para os psico-sociólogos, já que, analisadasem 1942 por Baldwin (T), vêm também a interessar aAllport (que as publica em 1916 como um caso de particular interesse para o estudo da personalidade) e a J. M.Paige, que as utiliza de novo em 1966 (!) para renovar oestudo do seu antecessor, usando as novas possibilidadesque o ordenador oferece. A análise de Baldwin apresenta-se como uma «análise da estrutura da personalidade»(persanal structure analysis),   tendo por objectivo funcionar como um «componente da perspicácia mais oumenos brilhante do clínico». Ou, como diz ainda Baldwin,«uma técnica que oferece uma avaliação e uma análise queterão a virtude da objectividade e revelarão também os

aspectos do material que poderiam ter escapado ao exameminucioso do clínico». Entre a tónica colocada na necessidade de objectividade e as medidas de verificação queneste período são gerais, a técnica empregue por Baldwin para increm entar a compreensão de um caso neuróticoconstitui uma das p rimeiras ten tativas de «análise de con

tingência» (ou análise de co-ocorrências, isto é, das associações — duas ou mais palavras ou tem as — ou exclusões presentes no m aterial de análise). A contingency a-nalysis será desenvolvida por Osgood uma quinzena de anos mais

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«A análise de conteúdo 6 uma técnica de investigação que tem

 por finalidade a deicriçáo objectiva, sis temática e quanti ta tiva doconteúdo manifesto da comunicação.»

 N a verdade, esta concepção e as condições muito normativas e limitativas de funcionamento da análise deconteúdo, foram completadas, postas em questão e amplia

das pelos trabalhos posteriores dos analistas americanos. No entanto , em França, afigura-se que até uma data extremamente recente (1973-1974), se continuou a obedecer deuma maneira rígida ao modelo berelsoniano. Para nos convencermos de que assim é, basta que observemos as referências bibliográficas ou as instruções fornecidas pelos

raros manuais franceses que se dignavam abordar o pro blema da análise de conteúdo. E sta ignorância soberba queconsistia em negar vinte ou trin ta anos de progressos americanos, ou em negligenciai’ a contribuição francesa ouestrangeira das ciências conexas à análise de conteúdo (alinguistica, a semântica, a semiologia, a documentação, a

informática), começa, felizmente, a ser substituída poruma insatisfação tanto prática como teórica, susceptívelde impelir os mestres ou os práticos para a busca deinformações complementares

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número de investigadores desiludidos (Berelson, Janis,

Lasswell, Leites, Lerner, Pool) parecem abandonar a partida. O próprio Berelson chega à conclusão desencantada:

«A análise de conteúdo como método, não possui qualidadesmágicas* e «raram ente se ret ira mais do que nela se investe e algumas vezes até menos; — no fim de contas, nada hâ que substitua «sideias brilhantcs.s-

Isto equivale, de certa forma, a negar o que já foraadquirido.

Mas no inicio dos anos 50, a Social Scietice Research CounciVs Committee on Lingimtics and Psychology, convocou diversos congressos sobre os problemas da «Psieo-linguística». O último, conhecido pelo nome de  Allerton  

 Hou-se Conference, por causa do local da reunião (Illinois),teve lugar em 1955 c uma parte das contribuições foi publicada em 1959 sob a orientação de I. de Sola Pool O0), quese torna o nome marcante deste decénio nos sucessivosreadings  (u) americanos.

Os participantes descobrem então duas coisas: os inves

tigadores e praticantes provenientes de horizontes muitodiversos, interessam-se de hoje em diante pela análise deconteúdo; se os problemas precedentes não se encontramresolvidos, novas perspectivas metodológicas, no entanto,

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ter Indicadores válidos sem que se considerem as circunstâncias,sondo a mensagem o que o analista observa. Grosxo modo,  "instrumental” significa que o fundamental núo 6   aquilo que a mensagemdiz à  primeira vista, mas o que ela veicula dados o seu contexto oas suas circunstâncias.»

 No plano metodológico, a querela entre a abordagemquantitativa e a abordagem qualitativa absorve certas

cabeças. Na análise quantitativa, o que serve de informação é a  frequência   com que surgem certas característicasdo conteúdo. Na análise qualitativa é a  preseíiça  ou aausência de uma dada característica de conteúdo ou de umconjunto dc características num determinado fragmentode mensagem que c tomado em consideração O2). A um

nível mais estritamente técnico, Osgood propõe ou aperfeiçoa diversos procedimentos: A análise das asserçõesavaliadoras de uma mensagem (Evaluative assertion ana- lysis),  a análise das co-oeorrências (Contingency analy- $is),  e, depois de W. Taylor, o método Cloze ( Cloze Pro- cedure) ( Xi). Ê conhecido, aliás, o importan te trabalho

sobre «a medida das significações» ( J4) efectuado nestaépoca. A tónica é colocada sobre as orientações de valor,afectivas ou cognitivas dos significantes ou dos enunciadosde uma comunicação; tendo por pressuposto que estas

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do princípio do século), antes se tomando consciência deque a sua função ou o  seu objectivo é a inferência.  Queesta inferência se realize tendo por base indicadores defrequência., ou. cada vez mais assiduamente, com a ajudade indicadores combinados (cf. análise das co-ocorrências),toma-se consciência de que, a partir dos resultados daanálise, se pode regressar às causas, ou até descer aosefeitos das características das comunicações.

Se fizermos o ponto da situação nos finais dos anoscinquenta, apercebemo-nos de que, quantitativamente, aanálise de conteúdo progrediu segundo uma razão geométrica. A partir do critério numérico de estudos por ano,constata-se que a evolução se processa da seguinte mane ira: 2,5 estudos por ano em média en tre 1900 e 1920,13,3

entre 1920 e 1930. 22,S entre 1930 e 1940, 43,3 entre 1940e 1950, mais de cem estudos por ano entre 1950 e 1960 (10).

5. I960 E OS ANOS SEGUINTES

De 1960 até hoje, três fenómenos primordiais afectama investigação e a prática da análise de conteúdo O pri

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cedimento. A primeira obra importante a dar conta das

novas análises pelo ordenador e a tentar responder àsdificuldades que elas suscitam, apareceu em 1966 sob otítulo de General Inqiárer{ 1,;) . Uma vez que permite apura ra contagem por frequência, o ordendor leva-nos a pô r questões sobre a ponderação ou a distribuição das unidades deregisto, assim como a ultrapassar a dicotomia: análise

quantitativa, análise qualitativa. Exige-se um a preparaçãodos textos a tratar, e, por conseguinte, uma definição mais precisa das unidades de codificação, e to rnar operacionais procedimentos de análise automática das unidades de contexto. quando o sentido de uma unidade de registo é ambíguo. Deste modo, o analista é obrigado a apelar para os

 progressos da linguística, a fim de form ular regras ju stificadas. Uma parte importante destes esforços é consagrada a actualizar «dicionários», isto é, grelhas de índicescapazes de referenciar e avaliar as unidades do texto emcategorias ou sub-categorias. Isto, de forma pertinentetanto relativamente aos materiais como aos objectivos vi

sados. é também generalizável aos materiais e objectivossimilares. Finalmente, os estatísticos darão daqui emdiante o seu contributo, uma vez que o tratamento porordenador facilita a utilização de testes estatísticos ou

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Enquanto surge o resultado do conjunto dos programasinformáticos, construídos por Stone e seus colaboradores,

intitulado General Inquirer,  reúne-se um congresso emFiladélfia (1967) (The Amiemberg School of Communications).  Este congresso reúne 400 investigadores, sendo assuas comunicações publicadas em 1969, sob a direcção deG. Gerbner, O. R. Holsti, K. Krippendorff, W. J. Paisley eP. J. Stone (17). Uma parte importante das discussões foi

consagrada às diferentes contribuições do ordenador. Otecnicismo destas discussões torna-se cada vez maisexacto: problemas de <rcconhecimento», contextos de significação, regras de «desambiguação», «cobertura da informação» e também, num plano estritamente material, contribuições técnicas a fim de adaptar a máquina às ope

rações rigorosas requeridas pelas análises.Contudo, a adaptação da análise de conteúdo ao ordenador (ou vice-versa) não cobre a totalidade dos traba lhosda  Amiemberg School Conference.  No plano metodológicoe teórico, alguns temas de reflexão abordados em 1955 na

 AUerton Hov.se Conference,  continuam a suscitar estudos:

a questão dainferência,

  devido às características do conteúdo das causas ou dos efeitos da mensagem; a formalização de sistemas de categorias standards. A necessidadede normas  ou de critérios dc comparação exteriores ao

ú l ó i d i

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vés dos seus novos objectos (a imagem, a tipografia e a

música, por exemplo) ou dos seus fundamentos teóricos(o estruturalismo, a psicanálise por exemplo) perturbaro movimento relativamente linear da análise de conteúdo.A dificuldade com a linguística é de outra ordem: a análisede conteúdo ó confrontada (e eventualmente comparada)com uma disciplina solidamente constituída e metodolo

gicamente confirmada, mas em que a finalidade é diferente.Face a este antagonismo, a análise de conteúdo actualrecua, ou melhor, protege-se, continuando basicamente nasua perspectiva, uma vez que se julga ameaçada de dissolução ou de recuperação. Contudo, em França, por exem

 plo, os analistas actuais viram-se para o exterio r, para

 Le cru ct le cuit,  de Levi-Srauss (,5)f para a análise estrutural do discurso de A. Greimas, para as reflexões sobrea nossa mitologia de R. Barthes c para a análise semântica de J. K risteva... e outros, como M. Pécheux. explorama sua formação linguística para tentar a automatizaçãoda análise do discurso. Com o risco de se perderem...

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n

DEFINIÇÃO E RELAÇÃOCOM AS OUTRAS CIÊNCIAS

Sou investigador sociólogo e o meu traba lho v isa de terminar a influência cultural das comunicações de massa nanossa sociedade Sou psicoterapeuta e gostaria de com

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dos casos e para muitos outros, as ciências humanas oferecem um instrumento: a análise de conteúdo de comuni-ções. Esta técrdca, ou melhor, estas técnicas ('*-> implicamum trabalho exaustivo com as suas divisões, cálculos eaperfeiçoamentos incessantes do métier.

Porquê entâo este trabalho de Penelope, diria o filósofoque não se incomoda com tais instrumentos, ou o profanoque os desconhece? Porquê estes «pacientes rodeios»,

estas enumerações de uma precisão minuciosa assentes noestado actual do progresso das técnicas de análise dasmensagens, essencialmente no inventário metódico e cálculo de frequências e statísticas ?

I. O RIGOR E A DESCOBERTA

Apelar para estes instrumentos de investigação laboriosa de documentos, e situar-se ao lado daqueles que, de

Durkhcim a P. Bourdieu passando por Bachelard, queremdizer não «à ilusão da transparência» dos factos sociais,recusando ou tentando afasta r os perigos da compreensãoespontânea. Ê igualmente «tornar-se desconfiado» relati

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dológicos, esquecendo a razão do seu uso. Com efeito, da

necessidade pertinente do utensílio, à justificação de prestígio do instrumento-gadc/eí, medeia apenas um passo...Daí esta «falsa segurança dos números» que P. Bourdieuestigmatiza., a propósito das estatísticas.

 No entanto, desde que se começou a lidar com comunicações, que se pretende compreender para além dos seus sig

nificados imediatos, parecendo útil o recurso à análise deconteúdo.De uma m aneira geral, pode dizer-se que a .subtileza

dos métodos, de. análise .de conteúdo, corresponde aosobjectivos seguintes:

 — a ultrapassagem da incerteza:  o que eu julgo verna mensagem estará lá efectivamente contido, podendo es ta «visão» muito pessoal, ser p ar tilha da poroutros?

Por outras palavras, será arminha leitura válidae generalizável?

 — e o enriquecimento  da leitura: Se um o lhar imediato,espontâneo, é já fecundo, não poderá uma leituraatenta, aumentar a produtividade e a pertinência?P l d b d úd d

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qual for a natureza do seu suporte (do tam-tam à ima

gem, tendo evidentemente como terreno de eleição o códigolinguístico) possuiduas funções, que na prática podemou não dissociar-se:

 — uma  função heurística:  a análise de conteúdo enriquece a ten tativa exploratória, aum enta a propensão

à descoberta, Ê a análise de conteúdo «para ver oque dá». — uma função de «administração da prova». Hipóteses

sob a forma de questões ou de afirmações provisória s servindo de directrizes, apelarão p ara o métodode análise sistemática p ara serem verificadas no sen

tido de uma confirmação ou de uma infirmação.É a análise de conteúdo «para servir de prova».

 Na prática, as du^s funções da análise de conteúdo podem coexistir de m aneira complementar. Tal produz-se,sobretudo, quando o analista se dedica a um domínio dainvestigação, ou a um tipo de mensagens pouco exploradas,onde faltam ao mesmo tempo a problemática de base e astécnicas a utilizar. Neste caso, as duas funções interac-

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do tipo de «fala» a que se dedica e do tipo de inte rpretaçãoque se pretende como objectivo. Não existe o pronto-a--vestir em análise de conteúdo, mas somente algumasregras de base, por vezes dificilmente transponíveis. A.téc-n ic a . de análise de conteúdo adequada ao domínio e aoobjectivo pretend ido s,. tem que ser reinventada a cadamomento, excepto para usos simples e generalizados, comoé o caso do escrutínio próximo da descodificação e de res

 postas a perguntas abertas de questionários cujo conteúdo é avaliado rapidamente por temas.Contudo, três quartos de século de investigação, de

estudos empíricos ou de interrogações metodológicas, fornecem actualmente um leque de modelos, a partir dos quaisnos podemos inspirar e um quadro de funcionamento que

é conveniente colocar antes de ilustrar a prática da análise com exemplos.O que é ou não a análise de conteúdo ? Onde começa e

acaba a análise de conteúdo? É necessário definir   o seucampo (determinar uma «linha de fronteira», como diriaRoland Barthes). Para que serve a análise de conteúdo?

É preciso dizer  por que razão  e com que finalidade, recorremos a este instrumento. Como funciona ela? é necessáriofamiliarizarmo-nos com o seu manejo e fornecer um modelode utilização. Sobre que materiais funciona a análise de

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 — Estabelecer uma tipologia das aspirações maritais , nos anúncios matrimoniais co chasseur f rançais;

 — Medir a implicação co político nos seus discursos; — Seguir a evolução da mora l da nossa época, através dos anúncios de uma revista;

 — radio grafar a rede das comunicações form ais e in form ais deuma empresa, a partir das ordens de serviço ou das chamadas telefónicas;

 — A valiar a im portância co «interdito» n a sinalização urbana;

 — Encontrar o inconsciente colectivo, por detrás da aparenteincoerência dos grafitos inscritos nos locais públicos; — Pôr em relevo o esqueleto ou a estrutura da narrativa das

histórias humorísticas; — F azer o recenseam ento do reportôrio semântico ou sin taxe de

 base, de um secto r publicitário; — Compreender os estereótipos do papel da mulher, no enredo

fotonovelístico;

 — Provar que os objectos da nossa vida quotidiana funcionamcomo uma linguagem; que o vestuário é mensagem, que onoíso apartamento «fala», etc.

(Estes são alguns exemplos citados a titula ilustrativo, de entrea infinidade de análises de conteúdo possíveis.)

Desde mensagens linguísticas em forma de ícones, até«comunicações» em três dimensões, quanto mais o códigose torna complexo, ou instável, ou mal explorado, maiort á d f d li t tid d i

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P. Henry e S. Moscovici (=0) , dizem :

«tudo o que 6   dito ou escrito é susceptível de ser submetido auma análise de conteúdo.»

Estes autores estendem potencialmente (embora comreticências), este domínio já muito diversificado, acrescentando em nota:

«Exluimos do campo de aplicação da análise de conteúdo, tudoo que não é propriamente lingnístico, tal como filmes, representações

 pictóricas, comportamentos (considerados "simbólicos"), etc., em  bora em certos aspectos,  o tratamento destes materiais levante problemas semelhante? aos da análise de conteúdo.»

Ora, quaisquer que sejam as dificuldades de aplicaçãoou de transposição das técnicas da análise de conteúdo para as comunicações não linguís ticas e os exageros a que por vezes conduz a recente moda da semiologia, parecedifícil recusarem-se ao vasto campo das comunicações nãolinguísticas (ao qual se aplica por comodidade, os termos

do campo semiológico ou semiótico) os benefícios da análise de conteúdo.De que modo se poderá passai' em revista de maneira

exaustiva os domínios da aplicação potencial das técnicas

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3. A DESCRIÇÃO ANALÍTICA

 A descrição analítica funciona segundo procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das  

\ mensagens.>\ Trata r-se -ia portanto , de um tra tam en to da informação

contida nas mensagens, fi conveniente, no entanto, precisarde imediato que em muitos casos a análise, como já foi refe

rido, não se limita ao conteúdo, embora tome em consideração o «continente».A análise de conteúdo pode ser uma análise dos «signi

ficados» (exemplo: a análise temática), embora possa sertambém uma análise dos «significantes» (análise léxica,análise dos procedimentos). Por outro lado, o tratamento descritivo   constitui um primeiro tempo do procedimento,mas não é exclusivo da análise de conteúdo. Outras disciplinas que se debruçam sobre a linguagem ou sobre ainformação, também são descritivas : a linguística, a semântica, a documentação. No que diz respeito às caracte rísticassistemática e objectiva, sem serem específicas da análisede conteúdo, foram e continuam a ser suficientemente im

 portantes para que se insista nelas.Este aspecto de manipulação objectiva aparecia numadefinição do  Handbook of Social Psychology  (I:) de Lin-dzey (primeira edição) uma vez que a análise de conteúdo p

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 partida para as explicações que todos os principiantes

reclamam, tendo-a ele definido do seguinte modo: «umatécnica de investigação que através de uma descriçãoobjectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações, tem por finalidade a interpretaçãodesta-s  mesmas comunicações». Os analistas principiantes,debitam de boa vontade as famosas regras , à s quais devem

obedecer as categorias  de fragmentação da comunicação para que a análise seja. válida, embora estas regras sejam,de facto, raramente aplicáveis. As regras devem ser:

 — homogéneas: poder-se-ia dizer que «não se misturam alhos com bugalhos»;

 — exaustivas: esgotar a totalidade do «texto»; — exclusivas: um mesmo elemento do conteúdo, não pode ser classificado aleato riamente em duas categorias diferentes;

 — objectivas: codificadores diferentes, devem chegara resultados iguais;

 — adequadas ou pertinentes: isto é, adaptadas ao conteúdo e ao objectivo.

Ainda em virtude da fragmentação objectiva e do

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sificação e do recenseamento, segundo a frequência de

 presença (ou de ausência) de items de sentido. Isso podeconstituir um primeiro passo, obedecendo ao princípio deobjectividade e racionalizando atravcs de números e percentagem, uma interpretação que, sem ela, teria de sersujeita a aval. É o método das categorias, espécie de gavetas ou rubricas significativas que permitem a classificaçãodos elementos de significação constitutivas, da mensagem,fi portanto um método taxionómico bem concebido parasatisfazer os coleccionadorcs preocupados em introduziruma ordem, segundo certos critérios, na desordem aparente.

Este procedimento é simples, se bem que algo fastidiosoquando feito manualmente.

Imagine-se um certo número de caixas, tipo caixas desapatos, dentro das quais são distribuídos objectos, como

 por exemplo aqueles, aparentemente heteróclitos, que seriam obtidos se se pedisse aos passageiros de uma com

 posição de metro, que esvaziassem as malas de mão.A técnica consiste em classificar os diferentes elementos

nas diversas gavetas segundo critérios susceptíveis defazer surgir um sentido capaz de introduzir numa certaordem na confusão inicial. Ê evidente que tudo depende,  \  

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É possível ir ainda mais longe no procedimento: esta belecer a estru tu ra tipo ou modal, do conteúdo dc umamala de senhora; ou ainda referenciar as regras de associação (certo objecto encontra-se sempre junto a umoutro), ou de equivalência (encontra-se tal objecto ou oseu substituto), ou ainda de exclusão (certo objecto ésubstituído com uma frequência significativa por umoutro ). Aproximam o-ros então de um tipo de análise muito

mais recente: a análise de contingência ou análise estrutural.

E ste exemplo não está, assim, tão distante da realidadecomo pode parecer, uma vez que ainda há pouco tempo,os sociólogos planearam realizar uma análise de conteúdodos caixotes dc lixo, Esta análise pode, efectivamente, ensi

nar-nos muito sobre o comportamento dos habitantes deum determinado bairro, sobre o seu nível socioeconómico,as modalidades de desperdício numa sociedade de abundância, ou sobre a evolução dos hábitos de consumo num período de crise, por exemplo.

4. A INFERÊNCIA

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0 analista é como um arqueólogo. Trabalha com vestígios: os «documentos» que pode descobrir ou suscitar (*-)•Mas os vestígios são a manifestação dc estados, de dados ede fenómenos. H á qualquer coisa para descobrir por e g ra ças a eles. Tal como a etnog raf ia necessita da etnologia, parainterpretar as suas descrições minuciosas, o analista tira

 partido do tratam ento das mensagens que manipula, para

inferir   (deduzir de maneira lógica) (23) conhecimentossobre o emissor da mensagem ou sobre o seu meio, porexemplo. Tal como um detective, o analista trabalha comíndices  cuidadosamente postos em evidência por procedimentos mais ou menos complexos. Se a descrição  (a enumeração das características do texto, resumida após tra

tamento) é a primeira e tapa necessária e se a interpretação (a significação concedida a estas características) é aúltima fase, a inferência é o procedimento intermediário,que vem permitir a passagem, explícita e controlada, deuma à outra.

O aspecto inferencial da análise de conteúdo que,

acrescido das outras características, fundamente a suaunidade e a sua especificidade, foi realçado quando da A llerton House Conference (M).

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Podemos, por conseguinte, in ferir a parti r da procedên

cia (o emissor e a situação na qual este se encontra) e a p artir do destinatário da comunicação, embora este casoseja mais raro e incertc. Tal como Pool se inteira das actas

 principais dos congressos, procura-se, por exemplo, adivinhar as intenções militares que estão por trás dos discursos de propaganda estrangeira (A. George); tenta-se descobrir estados de tensão em diferentes momentos, atravésdas palavras de um grande homem histórico (J. G arra ty );tenta-se medir o grau de ansiedade, a pa rtir das perturbações da linguagem de um doente (G. M ah l); ou ainda, dese

 ja -se pôr em evidência as avaliações (opiniões, ju lgamentos, tomadas de posição conscientes ou não) e as associa

ções subjacentes dc um indivíduo, a partir dos seus enunciados (C. Osgood).Estes factos, deduzidos logicamente a partir de certos

índices seleccionados e fornecidos pela fase descritiva daanálise de conteúdo, poiem ser de natureza muito diversa.Alguns autores franceses, chamam-lhes condições de produção:

«Qualquer análise de ccnteúdo ■visa, não o estudo da lín çua ou dalinguagem, mas sim a determinação mal«? ou monos parcial do çue

h di õ d d ã d t t ü

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 — os  factores que determinaram estas características,deduzidos logicamente.

Ou, por outras palavras (2S) o que se procura estabelecer quando se realiza um a análise conscientemente ou não,é uma correspondência entre as estruturas semânticas oulinguísticas e as estruturas psicológicas ou sociológicas(por exemplo: condutas, ideologias e atitudes) dos enun

ciados. De maneira bastante metafórica, falar-se-á de um plano sincrónico ou plano «horizontal», para designar otexto e a sua análise descritiva e de um plano diacrónicoou plano «vertical», que reenvia para as variáveis inferidas.

 N a realidade, este processo dedutivo ou inferencial a

 pa rtir de índices ou indicadores, não é raro na prática científica. O médico faz deduções sobre a saúde do seu cliente,graças aos sintomas, do mesmo modo que o grafólogo que pretende proceder com seriedade, infere dados sobre"a personalidade do seu cliente, a partir de índices que se manifestam com frequência suficiente, ou em associação signi

fica tiva com outros índices, na graf ia do escritor. O mesmose passa com a análise de conteúdo, mas a superficialidade do procedimento ana lítico es tá estreitam ente relacionada com a diligência normal habitual de leitura e de

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(Se)------------------------   (So) ÍS e)^ ^ (S0)

 Leitura normalt

Var iáveis in fer idasde conteúdo

Suponliamos um exemplo: pretendo medir o grau deansiedade de um sujeito — por ele não expresso conscientemente na mensagem que emitiu — exigindo isto, a posteriori, uma transcrição escrita da palavra verbal e mani pulações várias. Posso-me decidir pela adopção de umindicador de natureza semântica. Por exemplo (ao níveldos significados), anotar a frequência dos termos ou dostemas relativos à ansiedade, no vocabulário do sujeito. Ouentão posso servir-me, se isso me parecer válido, de umindicador linguístico (ordem de sucessão dos elementossignificantes, extensão das «frases»), ou paralinguístico(entoação e pausas).

Definitivamente, o terreno, o funcionamento e o objectivo da análise de conteúdo, podem resumir-se da seguintem aneira : actualmente, e de um modo geral, designa-se sobo termo de análise de conteúdo:

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rando assim a uma interpretação final fundamentada.Qualquer análise objectiva procura fundamentar impressões ê juízos intuitivos, através de operações conducentesa resultados de confiança. P ara completar a definição, falta-nos delimitar o seu campo de acção em comparação comas ciências conexas. Há duas práticas científicas intimamente ligadas à análise de conteúdo, quer pela identidadedo objecto, quer pela proximidade metodológica: a linguís

tica e as técnicas documentais.

5. A ANALISE DE CONTEÚDO E A LINGUISTICA

Aparentemente, a linguistica e a análise de conteúdotem o mesmo objecto : a linguagem. Na verdade, não ó nadaassim: a distinção fundamental proposta por F. de Saus-sure entre língua   e  palavra  e que fundou a linguística,m arca a diferença. O objecto da linguística é a língua, quer

dizer, o aspecto colectivo e virtual da linguagem, enquantoque o da análise de conteúdo é a palavra, isto é> o aspectoindividual e actual (em acto) da linguagem. A linguísticat b lh lí t ó i d j t

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teúdo), eventualmente a sua forma e a distribuição destesconteúdos e formas (índices formais e análise de co-ocor-rência).

Ê o trabalhar a palavra e as significações que diferencia a aná lise de conteúdo da linguística, embora a distinçãofundamental resida neutro lado. A linguística estuda alíngua para descrever o seu funcionamento. A análise deconteúdo procura conhecer aquilo que está por trás das

 palavras sobre as quais se debruça. A linguís tica é umestudo da  língua, a análise de conteúdo é uma busca deoutras realidades através  das mensagens.

Por outro lado, para encerrar esta ten tativa de diferenciação entre linguística e análise de conteúdo, procuremossituar, grosseiramente, o lugar da semântica, da sociolin-guística, da lexicologia, da estatística linguística e daanálise do discurso. A semântica é o estudo do sentido dasunidades linguísticas, funcionando, portanto, com o materia l principal da análise de conteúdo: os significados. Descreve, no entanto, os universais do sentido linguístico (aonível da língua e não dc. pa lav ra). A sociolinguística  movimenta-se da língua para as palavras, de modo a estabelecer de uma maneira sistemática correlações (eovariân-cia) entre estruturas linguísticas e sociais. Está, por con

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 puramente linguistico do qual ela deriva por extensão — form ular as regras de encadeamento das frases, querdizer, ao fim e ao cabo descrever as unidades (as macro--unidades que são os enunciados) e a sua distribuição — édifícil situá-la na contiguidade (e mesmo no lugar) daanálise do conteúdo.

6. A ANALISE DE CONTEÚDO E A ANALISE DOCUMENTAL

O peso do desenvolvimento das técnicas documentaistem-se mantido relativam ente d iscreto no campo científico.

A documentação permanece um a actividade m uito circunscrita e a análise documental, pouco conhecida do profano,é um assunto para especialistas.  No  entanto, alguns procedimentos de tratamento da informação documental apresentam tais analogias com uma parte das técnicas da análise de conteúdo, que parece conveniente aproximá-los para

melhor os diferenciar. A finalidade é sempre a mesma, asaber, esclarecer a especificidade e o campo de acção daanálise de contúdo.

Se a esta suprimirmos a sua função de inferência e

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tivo), com o máximo de pertinência (aspecto qualitativo).

A análise documental é, portanto, uma fase preliminar daconstituição de um serviço de documentação ou de um banco de dados.

A análise documental perm ite p assar de um documento prim ário (em bruto), para um documento secundário (re

 presentação do prim eiro). São, por exemplo, os resumosou abstracts  (condensações do documento segundo certasregras); ou a indexação, que permite, por classificação em

 palavras-chave, descritores ou índices, classificar   os elementos de informação dos documentos, de maneira muitorestrita. Esta foi uma prática corrente desde os finais do

século XIX (classificação por «assuntos» das bibliotecas,classificação decimal universal). Esta indexação é regulada segundo uma escolha (de termos ou de ideias) adaptad a ao sistem a e ao objectivo da documentação em causa.Através de uma entrada que serve de pista, as classes per

mitem ventilar a informação, constituindo as «categoriasde um a classificação, na qual estão agrupados os documentos que apresentam alguns critérios comuns, ou que poss em analogias no se conteúdo» (22)

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s e g u n d a    p a r t e

PRÂTICAS 

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Depois desta primeira parte que situa a análise de conteúdo actual no plano cronológico e epistemológico, decidimos remeter o leitor para alguns exemplos representativos daquilo que pode pôr-se em prática no campo da psicologia (principalmente em psicologia social) e da sociologia (1). Estes exemplos tratados de uma forma simples

e sem pretensões, visam inic iar o novato na tarefa  seguinte:o jogo entre as lúvóteses, entre a ou as técnicas e a inter pretação.  Isto porque a formação cm análise dc conteúdo

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ANÁLISE DOS RESULTADOSNUM TESTE DE ASSOCIAÇÃO DE PALAVRAS:

ESTEREÓTIPOS E CONOTAÇÕES

I

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está ligado ao preconceito por ele racionalizado, justifi

cado ou engendrado.O teste por associação de palavras, o mais antigo dostestes projectivos, permite, em psicologia clínica, ajudara localizar as zonas de bloqueamento e de recalmamentode um indivíduo. Es te teste é aqu ; utilizado para faze r su rgir espontaneamente associações relativas às palavras

exploradas ao nível dos estereótipos que engendram. A aplicação do tes te é simples. Pede-sc aos sujeitos que associem,livre e rapidamente, a p ar tir da audição das  palavras indutoras  (estímulos), outras palavras (respostas) ou  palavras induzidas.

Exemplos de palavras indutoras, entre outras igual

mente utilizadas:Fotógrafo GenovçvaContabilista CarlosManeouim MariaPsicólogo ..., etc., da lista de Alexandre..., etc-, da lis ta doa

 profissões. nomes próprios.

ChinêsBretáoInglês., etc,,T.oreno..., da lista dos países e

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idênticas, sinónimas, ou . próximas a nível semântico. Ve jam-se, por exemplo, após este último procedimento, as

listas seguintes, relativas às etnias Chinesa e Americana (-).

Frequênciade

AMERICANO ocorrência CHINÊS

Frequênciade

ocorrência

Cabelos louros (8) Pequeno (10)Grande, grandioso,

grandeza, imenso (10) Povo (6)Edifício (11) - Livro vermelho (4)Califórnia (4) Oriente (D

AtlétiCO (2) .. . Qihos rasgados .(8)G. Ford (3) Multidão, SOO 2ní-Violência (3) IhOes, muitos (16)Pastilha elástica (12) Muro, muralha, mu -

 Nova Iorque (9) ralha da China . (7)Relaxação, displicên Trança (4)

cia, descontracção (4) Sabedoria, sereniCow-boy, cavalo, es dade, meditação,

 pora, crodeou (9) reflexão (9)Capitalismo (5) Arroz (lõ)Ingenuidade (2) Amarelo (5)Dólares dinheiro Comunismo (7)

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AMERICANO

Edifício, arranha-céus (15)Pastilha elástica ( 12)

 Automóvel ( 11)Grar .dü25. grandioso, imsnzo ( 10)

Nova Iorque (9 )

Cov/óoy. cavalo, espors (S)

Coca-cote (S)

Dólares, dinhc-lro (8 JCabelos louros (8 )

Charuto (6)Capitalismo ( 5)

Califórnia (4 )DesconlracçCo (4 )

 Jean 's (4)G. Ford (3)

 Violência (3)

 Atlético (2 )

Ingenuidade (2 )

FrccjuGncias oor crdem decrescenta

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Mais longe na análise» convém classificai’ as unidadesde significação criando categorias, introduzindo uma ordem

suplementar reveladora de uma estrutura interna.Pode-se, por exemplo:

• Comparar os diferentes -países testados com o mesmo  sistema de categorias:

 — traços e atributos físicos do cidadão do país; — traços psicológicos de carácter; — traços socioeconómicos do país; — atributos simbólicos; — lugares geográficos; — pessoas de referência.

Será então possível reunir os dados para cada pais,segundo cada uma das categorias num quadro de duplaentrada.

Um sistem a de categorias é válido se puder ser aplicadocom precisão ao conjunto da informação e se for produ

tivo no plano das inferências.A leitura do quadro que se segue, permite a comparação dos estereótipos dos diferentes países, quadrícula por

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cos diferentes, indicaria, provavelmente uma insistêncianuma ou noutra tendência.

•  Analisar o materia l segundo as atitudes de avaliação subjacentes:   temas favoráveis ou positivos e temas desfavoráveis ou negativos. Pode proceder-se afectando cadauma das unidades de significação com um sinal «mais» ou«menos»; eventualmente, pode-se prever o sinai «zero»,

nos casos de temas neutros, bem como o sinal «mais oumenos», para o caso de temas ambivalentes.

• Se se prevê no teste que a palavra indu tora acarre tavárias palavras induzidas em cadeia, pode orientar-se aanálise para as estruturas de encadeamento da associação. Assim, poder-se-á estabelecer uma tipologia referencian

do-se de maneira constante nos encadeamentos: palavraindutora  x~>  palavra induzida  x z,  palavra induzida

 palavra induzida  x-j,  palavra induzida a?....

•  Analisar os resultados em f unção de variáveis externas  relativas aos locutores: sexo, idade, nível sociocultu

ral, traços de personalidade, contacto com estrangeiros,etc.

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nANÁLISE DE RESPOSTAS A QUESTÕES

ABERTAS: A SIMBÓLICA DO AUTOMÓVEL

1. AS PERGUNTAS

Tomemos um outro exemplo, mais clássico e muitoconhecido de análise de conteúdo de tipo classificatório:

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 — P ara mim, um carro 6 como uma mulher; uma mulher familiar e possuída <H).

 — E comparado a um abrigo, uma casa que pro tego e isola do

mundo exterior IH.'. — Um carro 6 um melo do transporte como outro qualquer é  útil (M).

 — Ê como um am igo fiel, alguém com quam nos sentimos cúm plices <M).

Pergunta 2: tSc o seu automóvel /'alasse, o que IJie diria   ele?»

 — Bru talizas-m e (H ). — Se fossemo3 dar uma volta o» doi3, ao campo? (H ). — O meu dois cavalas dlr-m e-ia: «olá pá; sobe, onde va

mos?» (H). — Pobro carro! Dir-me-ia que o fechei numa prisão e que só  o

tiro dc lá ao domingo, E eu teria vergonha (H). — O meu carro dir-me-ia: «estafas-me: tratas-m e mal, não cui

das de mim, não me alimentas suficientemente, exploras-mee um dia destes meto baixa por doença.s (M). — Sou bonito, mais bonito do que tu (M) — Não me dês íanto Miimo (M ). — Ele dir-m e-ia: «Dá-me de beber, lava-me, faz-m e brilhar* |M ). — Tenho vontade de dar uma volta grande contigo (M).

2. PROPOSTAS DE ANÁLISE

A partir de uma primeira «leitura flutuante», podem

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Exemplo de grelha de análise, utilizável para estudar  a relação simbólica c afectiva indivíduo/automóvel

Tiro DE RELAÇÃO

OBJECTODE COMPARAÇÃO

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ex.: tigres, pu-

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 — ou inversamente: partimos dos elementos particulares e reagrupamo-los progressivamente por aproximação de elementos contíguos, para no final deste procedim ento atribuirmos um título à categoria .

 — Mas também 6  possível efectuarmos a classificaçãosegundo um outro ponto de vista, uma outra dimeiisão  deanálise. Por exemplo, segundo o tipo de relação psicológica mantida em relação ao objecto automóvel: dominação,dependência, cumplicidade, cuidados quase m aterna is, rivalidade, agressividade, relação puramente funcional, etc.

Se as duas dimensões se podem cruzar, como é o caso,é possível, então, realizar-se a síntese dos resultados soba forma de um quadre de dupla entrada. Esta grelha deanálise reúne os resultados c é susceptível de fazer surgirum sentido suplementar. No nosso exemplo, esta grelha

 permite tornai' visíveis certos tipos ou modelos de com portamentos emocionais mais ou menos inconscientes relativamente ao objecto automóvel na população estudada,

 pela leitura da repartição dos items cm cada quadrícula.Este procedimento por classificação dos elementos designificação contidos nas respostas, obtidos e classificadossegundo o objecto de comparação invocado c o tipo de

fi i dif d d id d i

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ficativamente diferentes, de acordo com a idade ou o meiosociocultural dos indivíduos interrogados.

 — Ou ainda, pode-se hipostasiar e procurar verif icaressa hipótese, por meio de um procedimento adequado, quea atitude masculina e feminina   para com os automóveis,reveladas pelo conteúdo das respostas, são diferentes. Porexemplo, demonstrar que, se por um lado a relação homem/automóvel é unívoca, marcada pela assimilação doautomóvel à mulher (mulher enquanto companheira inde

 pendente ou mulher-objecto, am ante ou esposa, etc.) einvestida pelas atitudes habituais do homem para com amulher, a relação desta última com o seu carro afigura-semuito menos clara.

Efectivamente, e sta relação simbólica da mulher com ocarro, surgiu, nas respostas femininas, ambígua, instável ou dicotomizada, visto que a mulher da nossa sociedade, oprimida pelo símbolo estereotipado e dominante docarro como imagem feminina, somente pode escolher umadas duas soluções: ou adopta o estereótipo dominante masdesconfortável, ou inadequado p ara ela, já que se tr a ta de

um estereótipo para uso masculino, ou então, em prejuízodeste estereótipo, cria novas conotações e novas relaçõessimbólicas.

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m

ANÁLISE DE ENTREVISTAS DE INQUÉRITO:A RELAÇÃO COM OS OBJECTOS

0   recurso à análise de conteúdo com o objectivo detirar partido de um material dito «qualitativos, (por oposição ao inquérito quantitativo extensivo), é frequente

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tude psicológica para com_eles; e, mais precisamente, uma produção/consumo, marcada pela separação entre quem

concebe, quem fabrica e quem utiliza, acarretaria umaimpressão de estranheza,  origem de conflito, o  qual podeser resolvido ou compensado ao nível individual, de diversas maneiras.

2. O MATERIAL DE ANALISE

As entrevistas, em número de trin ta , do tipo entrevistanão-directiva ( c) , constituíam um a am ostra variada, senâomesmo represen tativa, da população francesa. E sta s entrevistas foram introduzidas pela seguinte in strução :

«Gostaria que escolhesse, do entre o.? objeet.es de que se servetodos os dias nesta casa (este apartamento), aqueles que prefere eaqueles de que menos gosta... Pode falar-mo desses  objectos?»

3. A ANALISE

A análise é essencialmente temática Foram utilizadas

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Exemplo de uma ficha de análisede um objecto numa entrevista

Do que eu gosto  muito ( + )é de uma mesa, porque é bonita (é . )e autêntica... Kra umamesa de cantina que eu   comprei (eu)em segunda mão num ferro velho (sm)

e que eu próprio arranjei... (P-)não é nem multo grande nem muito pequena, tem um banco ao meio, ( f . )

quando tenho um móvel deste género.desmonto-o completamente...teta mesa limpei-aenvernizei-a.., não sei

fabricar um móvel, mas tenhoa impressão de o recriar   c ( c . )tomo posse dele. (d . )

Legenda: —: objecto escolhido;  é . : estética positiva;  eu:implicação;  sm: .segunda mão;  c . : criatividade positiva;  d*:domínio positivo; p .:  personalidade positiva;  f .  funcional po*i-tivo.

C f i i d bj é i f ã f d

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objecto deve, em nosso entender, reflectir o sentimento de participação que ela pode te r tido nesse momento». A medida do grau de implicação ou de participação, contribui para a definição do grau de estranheza na pessoa, na relação com o objecto.

Os índices utilizados, não são da ordem dos significados, mas sim formais. Trata-se de uma relação:

• do uso da p rimeira pessoa do singu lar referindo-se àdescrição do objecto e à sua história, pelo locutor(exemplo: «encontrei-o numa lojinha», é consideradomais significative no grau de implicação do que  xlsso veio do super-mercado»);

• da citação pessoa! do doador ( exem plo: cisto vem da minha mãe»,  é significativo de uma implicação maisforte do que <\sto foi-me oferecido»).

 — DIMENSÃO m :  A descrição do objecto:  A descrição é reveladora do medeio cultural ao qual a pessoa obe

dece. São retidos três critérios simples, para a inclusão,num relatório, do maior número de maneiras possíveis dedescrição dos objectos: a estética, a funcionalidade e o 

três tipos relacionais principais podendo estes tomai' um

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três tipos relacionais principais, podendo estes tomai umaspecto positivo ou negativo, conforme:

 — o domínio: — o não-domínio; — a criatividade: — a não-criatividade; — a personalização; — a nSo-personalização.

O domínio  é uma relação de dominação c submissãoquando da manipulação do objecto. Citemos um exemplo:

«Tinha-me eiquecido de um objecto que adoro, o meu cortadorde relva eléctrico, com os seus com metros d? fio; ele não é fácilde dominar, sobretudo num terreno inclinado..., o meu cortador derelva é a minha grande paixão e realiza um magnífico trabalho, mas

não 6  um trabalho simples: é preciso que seja eu quo o dirija e, ainda por cima, é difícil conduzi-lo; é pesado; 6 necessário ter cuidado; 6   perigoso ... Até agora nunca cortei o fio, m as se o cortamos, pareceque faz uma grande faísca; é um facto que existe um isolamento

 previsto, mas em caso de inépcia, pode to rnar-se perigoso.»

A criatividade  é, sobretudo, de ordem intelectual (inci

tação à evocação de recordações). O inverso, 6 objecto queengendra a passividade, a esterilidade. A  personalização traduz a m aneira como o indivíduo se reconhece no objecto,

cruzamento da origen e da implicação ou soja porcentagem

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 — cruzamento da origen  e da implicação,  ou soja, porcentagemde implicação em função das origens;

 — tomar em consideração a intervenção de intermediários conhecidos  (por exemplo, o comerciante cqve é quase um amigo», ou «que ú conhecido de há m uitos), p ara ponderarmos a va riável impftcaç&o;

 — cruzamento da origem  e da resposta à p ergunta aceitação/recusa.

Isto permito estabelecer um a tipologia correspondente à variável

construída, a partir do grau de estranheza em função da origem dos objectos. ~~~— ------------------

Do mesmo modo:

 — cruzamento do grau de estranheza  (ou da origem) com onúmero médio de elementos descritivos de sentimentos ex

 pressos; — repartição dos sentimentos  expressos, em função das categorias de origem.

Seguidamente, para abordarmos a noção de conflito:

 — construção de um coeficiente de ambivalência  A (em funçãodas escolhas e/ou recusas) e variação deste, segundo a origem dos objectos e o seu grau de estranheza.

«Por exemplo, esta estampa japonesa, que é muito velha

utilizei, cortei-me aqui... na mão (risos)... Sabe. há sempre; coisas

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, q ( ) p ;assim.»

Exemplo do sentimento l'ace a objectos herdados:«Tenho horror aos objectos que devemos respeitar. Por exemplo,

tenho um faqueiro: ê muito belo, sumptuoso: vale quatrocentos ouseiscentos mil francos, já não me recordo; uma soma fabulosa; masnão gosto de me servir nem das colheres, nem dos garfos, nem dasfacas..., isso aborrece-me francamente... porque é toda uma religiãoe eu tenho horror à adoração dos objectos: pelo contrário, gosto muito

dos objectos que têm um passado; por exemplo, agrada-me bebernuma chávena, pensando que a minha avô se servia dela também;gosto de determinada caçarola porque, quando a minha avó a utilizava, contava-me h istórias, m as o seu faqueiro é todo um culto religioso; ê a religião do valor monetário que os objectos em pratarepresentam.»

Exemplo de manifestação da vida do casal, através do objecto-

-oforta:«O barómetro registador é também um objecto que eu domesti

quei um pouco; consigo dar-lhe corda, acertá-lo, compreendê-lo...,admiti-lo... eu, que durante tanto tempo não o pude ver; achavaque existiam muitos outros objectos de maior utilidade do que um barómetro registador, mas agora tenho prazftr em olhar para a pequena agulha que sobe e desce, anunciando as tempestades.. .A princípio fiquei muito decepcionada por me terem oferecido como presente, uni barómetro registador, quando teria preferido um a fr ivolidade. Ü ó preciso acrescentar que foi o único presente de aniverá i id d i i t d t i

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1. O JOGO DAS HIPÓTESES

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Como proceder?Uma 'primeira leitura,  quer seja «flutuante» — leitura

intuitiva, muito aberta a todas as ideias, reflexões, hipóteses, numa espécie de rain-storming» individual — querseja parcialmente organizada, sistematizada, com o auxílio de procedimentos de descoberta, permite s itu ar um certonúmero de observações formuláveis, a título de hipóteses

 provisórias:A) O horóscopo funciona para o leitor como um sistem a   projectivo. — A situação é ambígua  (discurso vago e condicional) c motivante   ou implicante é (centrada unicamente no sujeito leitor).

Por consequência, a identificação   é facilitada para o

leitor. Tanto mais que à polissemia vo lun tária do discurso,se junta o elogio do narcisismo.  Tudo no texto gira emredor do sujeito tornado bruscam ente herói. O horóscopo éum espelho. Um espelho deformador, visto que não reflecteo sujeito, mas sim um modelo ideal (e normativo). O leitornão sabe que ele é deform ador: olha-o e «reconhece-se». Umdiscurso semelhante favorece a introspecção e conduz aoexame de consciência, ou, pelo menos, a fazer o ponto dasituação.

Facilita a auto análise ("•) neutralizando a angústia da

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(mas cuidadosamente doseada e calculada), o êxito (im

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( ) ( posto), etc.

Porque, definitivamente, a própria essência deste discurso é   o que poderíamos chamar:G)  A consagração de uma ideologia da temperança —

tudo se organiza em redor da moderação e do autocontrolo.Ê a «prudência ao volante», pérola do texto, que resumena perfeição, metaforicamente, a atitude geral.

O indivíduo é senhor do seu destino, se é   senhor de simesmo.

E a finalidade essencial é comparável à da ética capitalista, tal como foi definida por Max Weber (,:), e queconsiste no seguinte:

H)  A busca do luero através do investimento de uma energia controlada — é a moral do esforço, principalmente

esforço de si mesmo, com a finalidade de alcançar a satisfação, a qual contará talvez menos do que o próprio esforço.E is lançado — ou melhor, proposto — um corpo de h i

 póteses, graças à leitura atenta, crítica, já «distante» emrelação aos mecanismos e valores subjacentes.

2. ANÁLISE TEMATICA DE UM TEXTO

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ATITUDES REJEITADAS =

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FREQUÊXCIAS - RESULTANTES*

C'AltEG0 1’ 1A£OURÚBRICAS OOMrONENTEfs EXEMPLOS

 Número  de   items

 presentes %

 Nv.merrotie  items

 presentes  9é

n r p u L s m -DADK 

 NervosismoInstabilidade

AgitaçãoImpaciênciaEstranhezaSensibilidade

-:Risco5= deimpaciência»

■»Demasiadoimpulsivo?»«Controle-se*«cArrisca-se a

 perder a calma*

10 6.5 28 18

FRANQUEZA

ESPIRITOCR1TIOO

Franqueza

Espíritocrítico

«Não facademasiadagconfidências»

«Aprenda a nãodizer com demasiada franquezao que pensa*

«Modere o rcucipírlto críticccm públicos*

3 1.5 13 8,5

PESENCOItA-JAMTCNTO

EDescncoraja-

mento-Não se deixe

desencorajar

Reagrupando as diferentes atitudes em grandes cate

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Reagrupando as diferentes atitudes em grandes categorias e adicionando atitudes valorizadas  e atitudes des

valorizadas   correspondentes, pode-se estabelecer um quadro geral (cf. quadro) representativo dos valores e qualidades individuais, presentes no horóscopo da Elle.

Inicialmente, apercebemo-nos de que metade das frasesdo texto (52%)   atraem ou rejeitam as «qualidades» ou os«defeitos» individuais. Trata-se, por conseguinte, de um

aspecto importante do texto, o qual se encontra bem centrado no indivíduo (cf. a hipótese do narcisismo lison jeado) e que orienta certas atitudes e condutas precisas,valorizando-as ou frustrando-as.

.As atitudes positivas são: a 7 yrudência reflexiva,  quetempera a energia e o optimismo, eles próprios indispen

sáveis: a divlomacia   e a. reserva:  e. por fim, a exploração das vróvrias capacidades, pe la aplicacão e boa vontade.

As atitudes negativas são: a iniyutsividade, o desencorajo/mento c a 'preguiça, a  franqueza, 0  espírito crítico  e

Estes resultados, vê-se bem, confirmam em pa rte as h i póteses avançadas, ou melhor, aferem-nas. Por outro lado,a análise realizada segundo esta dimensão, fornece outrasinformações que dizem respeito a ou tras hipóteses iniciais

infirmação de uma hipótese, não importa, desde que seobtenham resultados) ou quando um «achado» permite

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obtenham resultados), ou quando um «achado» permiteque se siga por outra pista ou em direcção a outras inter

 pretações.É certo que o género de resultados obtidos pelas técni

cas de análise de conteúdo, não pode ser tomado como provainelutável. Mas constitui, apesar de tudo, uma ilustraçãoque permite corroborar, pelo menos parcialmente, os pressupostos em causa.

Esta análise temática, conduzida segundo a dimensãodas atitudes ou qualidades pessoais valorizadas e desvalorizadas, verifica, portanto, algumas das hipóteses adiantada s intuitivamente. Q uantitativamente, a frequência elevada de temas centrados nas qualidades pessoais do leitorno discurso, confirma o carácter «centrado no sujeito»,

narcísico do horóscopo: tudo gira em redor do sujeito, queassim se encontra directamente implicado. Qualitativamente, a análise pormenorizada destes temas (e a verificação de um conjunto de dez horóscopos da mesma revista,

 prova que aqueles variam pouco), indica quais são os valores de referência e os modelos de comportamento presentes

neste discurso. Em filigrana, por detrás das pseudo predições, perfila-se uma moral individualista. Moral d'o esforço, moral da moderação, que poderíamos resumir nafó l li d ã l d 12

 N esta abordagem, já não se tra ta de detecta r e descond i l ifi l d i ifi

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tar e depois classificar os elementos de significação, mas

de te r em conta como material de análise os próprios signi-ficantes. Trabalha-se então directamente no código: unidades semânticas e sintaxe (vocabulário, característicasgramaticais...).

3. ANALISE LÉXICA E SINTÁCTICA DE UMA AMOSTRA (:<)

P ara fazerm os um estudo do código dc um texto, são necessárias:

• Convenções. — Quanto ao vocabulário, pode-?e enumerar numtexto:

 — o número total do palavras presentes ou «ocorrências* ; — o número to tal do palavras diferentes ou «vocábulos*-,  estes

vocábulos representam o vocabulário (ou reportório léxico,campo lexical) que o autor do texto utiliza;

 — a relação ocorrências/vocábulos, ou O/V, dá conta da riqueza(ou da pobreza) do vocabulário utilizado pelo autor da mensagem, visto que incica o número médio de repetições porvocábulo no texto.

Mas também so tomaria possível comparar os resultados det áli d t t ífi t t h id f it

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outras análises de textos específicos, caso estas tenham sido feitas.E assim que, no nosso caso, seria talvez pertinente fazerem-se com

 parações com:

 — discursos astrológicos provenientes do outras origens, querescritas (por exemplo: predições astrológicas provenientes deoutras publicações), quer orais (astrólogos estabelecidos cm«consultórios, emissões radiofónicas):

 — outras rubricas da revis ta EUç:  existirá uma analogia com o

reportório linguistico utilizado nos restantes artigos; o sistema de valor que estes estudos da linguagem traduzem, seráo mesmo na totalidade da revista?

 — a linguagem publicitária; se suposermos a ex istência de tra ços comuns (por exemplo, comunicação fática para centralizar a mensagem no leitor), talvez se torne interessante arealização de uni estudo comparativo dos dois tipos de discurso;

 — discursos diversos já analisados pelos métodos de linguisticaestatística. Por exemplo: características do vocabulário e dasintaxo do general De Gaulle nos seus discursos políticos,características do vocabulário e da sintaxe de dois jornalistas da actualidade, nos seus escritos ou emissões (1 °), características do campo lexical utilizado por quadros de empresas,na descrição das suaa funções... (i?).

A nossa análise inside sobre dez horóscopos da ETle. Este «corpus» parecc suficientemente significativo de um

de um sujeito médio. é. aproximadamente, de 15 palavras

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j p p por frase num texto escrito. Os leitores de um horóscopo

não devem ser obrigadas a esforços (pelo menos ao nívelda leitura!) (1J).O que impressiona mais nas frases deste horóscopo, é

a sua regularidade quase matemática. Estas frases apresentam-se como um modo de emprego (da vida). São com paráveis, no arranjo estereotipado e na sua frequente orga

nização em duas orações complementares, aos ditados c provérbios da sabedoria popular (afirmação de um sentido, seguido de atenuação ou contradição através de umsegundo sentido que. ou modula o primeiro, ou se lhe opõefrancamente). Diz-se branco e logo a seguir diz-se pretoou cinzento, graças à transição operada por um «mas» ou

 por um «e» (a frequência destes termos é particularmenteelevada). A escolha cabe ao leitor... £ a arte de manejarsubtilmente os contrários, que deste modo, e sem que dissonos apercebamos, deixa a porta aberta às diferentes coresdo devir. A mensagem assim construída, voluntariamenteambígua ou ambivalente, favorece a projecção individual.

O «estilo telegráfico», por seu lado, confere ao discurso oaspecto de mensagens breves provenientes do além; e arapidez decisiva e afirmativa de frases com aspecto de

O vocabulário do horóscopo

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FrequênciaV

Percentagem  em relação 

Fre- ao número

Palavrasquênciaabsoluta

totalde vocábulos O O/V

Substantivos 382 •12,50 3 32S 8,71Adjectivos 255 2S.75 1543 6,05

13,93VerbosPalavras instru

182 20,25 2 546

mentos 78 8,50 4 6S6 60,07

Totais 897(léxico)

100 12103 13,49

Legenda:

V = vocábulos

O = ocorrênciasO/V = relação ocorrências/vocábulos (riqueza /pobreza de repor-tório).

Os adjectivos mais frequentes são Bom, Novo e Favorecido adjectivos estes que correspondem a uma projecção

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cido, adjectivos estes que correspondem a uma projecção

optimista  no futuro. O termo Problema (s),   seguido deSituação/ões e Questão/ões, reenvia dc maneira vaga paraas dificuldades que todos deveriam encontra r na vida. Masos Projectos, termo igualmente vago, poderão completar-segraças às in iciativas e às Decisões tom adas pelo indivíduo,assim como às Provas (que, no texto, surgem sempre liga

das ao verbo fazer no imperativo) que este pode prestar.P ara além dos verbos Ser, Fazer e Poder, existem outrostambém maioritários: Pi.egularizar (quantas conotaçõessignificativas existem neste tenno!), Tomar, mais frequente do que Dar, Ter relativamente raro, Sentir (a sensibilidade existe, ap esar de tud o!), Deixar, Organizar, E vi

tar, que traduzem a acção sistem ática (a mulher aju izad a), prudente e orquestrada pela vontade (Querer).E por fim o Trabalho e o Sucesso, figuram num bom

lugar.É curioso comparar tudo isto com os termos previlegia-

dos pelos quadros de empresa, na descrição das suas funções ('•''): na lista de nomes estabelecida por ordem decrescente de frequência, aparecem a Decisão (1.°), a Organizaã (2 °) O d (7 °) ( it f t t bé

 A s palavras mais frequentes do vocabulário do horóscopo da Elle

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do vocabulário do horóscopo da  Elle

PALAVRAS PLENAS

1 SE31 220 V2 FA7.EP. 217 V3 P O D K l i 130 V4 BO-NÍ 213 A5 A2-HGO($) L*2 S

6  NOVO S9 A7 r*iiOiiL.KiLV(S> S6 s$ FA M ÍL IA S4 s9 K20LAÇAO/ftE-S S3 s

10 REG U LA R IZA R 70 V11 t o m a r   65 V12 FAVORECIDO 63 A13 P O S S I B I L I D A D E S 60 S

l i SITUAÇAO/OèÍS 50 slõ T E R  K V10 Q DESTA O/O KS 34 s

17 P l l O J F C r O S 32 s18 DAP. 51 V19 R EL AÇ AO /õE S to s20 S E N TIS -19 V21 PESSOA ■iS s

22 TRABALHO •17 s23 IN IC IA TIV A S •tt s24 PROV A (S) •?e s20 A 42

1 (TI/F; FO>li  (TLF>? (TLF) 3 IFG) 11 (G£)

29 {FC)11 (G-G)

3S (TLF)

2 (TLiF; FG)

PALAVRAS

I N S T R U M E N T O1 VÓ3. V0330{s).

OS VOES03 0432 O. A. 03 3323 (nejraçào) 2794 E 2135 A. Aos 20SC Com 1247 Em 1228 Mus 1129 U m . Umu 300

10 QUc 97

A frequência dos pronomes pessoais Vós, Vossos, Vossoé enorme (aproximadamente 8 %   de ocorrências). Esta

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é e o e (ap o ada e te 8 % de oco ê c as). staincidência constitui o sinal de que o horóscopo possui umafunção «fática», isto é, que procurar estabelecer e personalizar o contacto com o leitor, dando a ilusão do estabelecimento de um diálogo. Ê a confirmação de um a das nossashipóteses: este discurso é concebido para elogiar o egocentrismo do sujeito. Aliás, encontra-se frequentemente omesmo procedimento no discurso publicitário, que, paraseduzir, tem a necessidade de fazer esquecer o seu esta tutode comunicação de massa anónima e impessoal.

O aparecimento da negação «ne... pas» com uma elevada frequência, revela o número de interdito s e de precauções recomendadas pelo astrólogo: «não seja», «não faça»,«evite», «deixe», etc.

As conjunções E e Mas figuram de maneira característica na ordem das frequências, modulando, tal como já assinalámos, as informações demasiado precisas, afinando oscomportamentos aconselhados e temperando o negativoatravés do positivo.

D) Será que o tempo  (ou modo) dos verbos   é reve

lador?

Será então que a função preditiva é servida pela utilização do condicional (menos eficazmente, é certo, visto

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zação do condicional  (menos eficazmente, é certo, visto

que o condicional apresenta os factos como possíveis,embora não inelutáveis) ? Nem sequer é isso que acontece, já que o condicional não ultrapassa a percentagem de 4 %.

Por conseguinte, confirma-se a hipótese avançada: o papel da predição do horóscopo, que poderíamos ju lgaressencial, é muito pouco assumido, mesmo na «prudência»

de um condicional.Inversamente, 39% dos verbos estão no imperativo. Este facto corrobora o carácter essencialmente injuntivodeste discurso. O astrólogo produz autoridade e dá conselhos que, na realidade são ordens. Os verbos conjugadossobretudo no conjuntivo, são: deixe, conceda, evite, expe

rimente, siga, (não) perca, dê (provas), domine, supere.Estes comportamentos de evitamento, ensaio, precaução eautocontrolo, constituem outras tantas ordens a cumprir.

Uma análise de tipo estrutural (relações de oposição,de associação, de equivalência, etc.) seria pertinente, masexigiria o recurso a um tratamento electrónico dos dados.

Contudo, mesmo a «olho nu», apercebemo-nos de quealguns items  semânticos aparecem concretamente, e queoutros variam no seio de uma frase sempre constante e

 A dialéctica hipóteses/indicadores ( inferência)

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I lU 'ü r K i :B r . - « ------------------------------------------------t ê CS G u a s   d ?: a X à L I s e

iIND1CAPOP.ES..

 —Cfju» C»ntWCuci. «iiKj.ii.*

Asji-u» no w.iBMijrtv: ivõiííãiu.uí.

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V. — e» vilcrí». —naous»«»? talcciiaíia• tt—T ii c r .n iu ._______

rAr.íit:» t:5-ru Ttü.| lvUiã. c«.:—cai:-j. «guilu*« a»afBwUn*>

AnAIMe «írrAtói: «oiiutllrí

raiwlüilüv « tScx.alarlioulç?

the window» ( *®). Deixa-se o leitor ac redita r que a locomotiva c automática e programada. Mas. dessimuladamente,

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 pede-se-lhe uma «participação». Ao le itor agrada-lhe esta posição: perm anecer sentado, muito ajuizado e bem instalado nos assentos das carruagens, escutando a voz suavee firme que lhe vai debitando, através de um modeladoracústico, os gestos que ele deve ou não executar para desfrutar a viagem e chegar ao seu destino, estando sempredisposto a chamar o revisor, ao menor balanço ou à pri

meira corrente de ar que surja...

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T E R C E I R A P A R T E

 M É T O D O

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I

ORGANIZAÇÃO DA ANÁLISE

As diferentes fases da análise de conteúdo, tal como oinquérito sociológico ou a experimentação, organizam-seem torno de três pólos cronológicos:

Estes três factores, não se sucedem, obrigatoriamente, segundo uma ordem cronológica, embora se mantenham

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estreitamente ligados uns aos outros: a escolha de documentos depende dos objectivos, ou, inversamente, oobjectivo só é possível em função dos documentos disponíveis; os indicadores serão construídos em função dashipóteses, ou, pelo contrário, as hipóteses serão criadas na

 presença de certos índices. A pré-análise tem por objectivo

a organização, embora ela própria seja composta por actividades não estruturadas, «abertas», por oposição à exploração sistemática dos documentos.

a)  A leitura  « flu tuante».— A prim eira actividade consiste em estabelecer contacto com os documentos a analisar

e em conhecer o texto deixando-se invadir por impressõese orientações. Esta fase é chamada de leitura «flutuante», por analogia com a atitude do psicanalista . Pouco a pouco,a leitura vai-se tornando mais precisa, em função de hipóteses emergentes, da projecção de teorias adaptadas sobreo material e da possível aplicação de técnicas utilizadas

sobre materiais análogos.b) A escolha dos documentos — O universo de do

constituição implica, muitas vezes, escolhas, selecções eregras. Eis as principais regras:

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•  Regra da exaustividade:  uma vez definido o campodo corpus (entrevistas de um inquérito, respostas a umquestionário, editoriais de um quotidiano de Paris entretal c tal data, emissões de televisão sobre determinadoassunto, etc.), é preciso terem-se em conta todos os elementos desse corpus. Por outras palavras, não se pode dei

xar de fora qualquer um dos elementos por esta ou poraquela razão (dificuldade de acesso, impressão de não--interesse), que não possa ser justificável no plano dorigor. Esta regra é completada pela de não-selectividade .

Por exemplo, reune-se um material de análise da publicidade a automóveis publicada na imprensa durante um

ano. Qualquer anúncio publicitário que corresponda a estescritérios, deve ser recenseado.

•  Regra da repreaentatividade. A análise pode cfectuar--se numa ainostra  desde que o material a isso se preste.A amostragem diz-se rigorosa se a amostra for uma parte

representativa do universo inicial. Neste caso, os resultados obtidos para a amostra serão generalizados ao todo.Para se proceder à amostragem, é necessário ser pos

mo-nos c reduzir o próprio universo (e portanto o alcanceda análise), se este for demasiado importante.

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° Regra da homogeneidade:  os documentos retidosdevem ser homogéneos, quer dizer, devem obedecer a critérios precisos de escollia e não apresentar demasiada singularidade fora destes critérios de escolha.

Por exemplo, as entrevistas de inquérito efectuadas

sobre um dado tema, devem: referir-se todas a esse tema,ter sido obtidas por intermédio de técnicas idênticas eserem realizadas por indivíduos semelhantes. Esta regraé. sobretudo, utilizada quando se desejam obter resultadosglobais ou comparar entre si os resultados individuais.

Precisemos, no entanto, que se a constituição de um

corpus c uma fase habitual na análise de conteúdo, paracertas análises monográficas (uma entrevista aprofundada, a e stru tu ra de um sonho ou a tem ática de um liv ro) ,tal fase não tem sentido (caso de um documento único,singular).

•  Regra de pertinência:  os documentos retidos devemser adequados, enquanto fonte de infõrinação, de modo acorresponderem ao objectivo que suscita a análise.

A propósito deste problema do primado do quadro de análisesobre as técnicas e vice-versa,  P. Henry e S. Moscovici (i) parecemprivilegia r os procedimentos exploratórios (em quo «o quadro de

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 privilegia r os  procedimentos exploratórios  (em quo «o quadro de

análise não está determinados e em que «se parte de uma colocaçãoem evidência das propriedades dos textos») em relação ao que estesautores chamam os procedimentos fechados.

«Pôr em funcionamento um procedimento fechado, é começar--so a partir de um quadro empírico ou teórico de análise de certosestados psicológicos, psico-sociológlcos ou outros, que so tentam

 part icularizar, ou então a propósito dos quais se formula ram hipóteses ou se levantaram questões. Reúnem-se textos... Depois obser

vam-se esses textos através de um determinado quadro teórico...,quadro esse pró-estabelecido e que não pode ser modificado.»Os procedimentos fechados,  caracterizados essencialmente por

técnica3 taxinómicas (por classificação de elementos dos textosem função de critérios internos ou externos), são métodos de observação que funcionam segundo o mecanismo da indução e servem

 para a experimentação de hipóteses.Enquanto quo os  procedimentos de exploraçãoaos quais pedem

corresponder técnicas ditas sistemáticas   (e nomeadamente automáticas), permitem, a partir dos próprios textos, apreender as ligações entre as diferentes variáveis, funcionam segundo o processodedutivo e facilitam a construção de novas hipóteses.

Segundo os autores, cujo ponto de vista particular, os conduzao desejo de insistir, quer nas condições de produção — ou campode determinações — dos textos no sentido lato (situação de comu

nicação, meio sócio-cultural, psicologia individual, etc.), quer nasrelações entre os próprios documentos e as suas condições de produção, os métodos exploratórios sistemáticos têm a vantagem de

d i d I t d ã ú i di t i

função das hipóteses, caso elas estejam determ inadas —e sua organização sistemática em indicadores.

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g ç

Por exemplo, o . índice pode se r a menção explícita deum tema numa mensagem. Se se parte do princípio, deque este tema possui tanto mais importância para o locutor, quanto mais frequentemente c repetido (caso daanálise sistemática quantitativa), o indicador correspondente será a frequência deste tem a de m aneira relativa _

ou obsoluta, relativamente a outros.Por exemplo: supõe-se que a emoção c a ansiedade semanifestam por perturbações da palavra dura nte uma en- Vtrev ista terapêutica. Os índiccs retidos (2) («Ha», frases J r"interrompidas, repetição, gaguez, sons incoerentes...) e asua frequência de aparição, vão servir de indicador doestado emocional subjacente.

Uma vez escolhidos os índices, procede-se à construção de indicadores precisos e seguros. Desde a pré-análisedevem ser determinadas operações: de recorta do texto  em unidades comparáveis de categorizarão   para análisetemática e de modalidade de codificação  para o registodos dados.

Geralmente, certificamo-nos da eficácia e da pertinên

A preparação formal, ou «edição», dos textos, pode irdesde o alinhamento dos enunciados intactos, proposição por proposição, até à transform ação linguística dos sin

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p p p ç , ç g

tagmas, para stanãariização  e classificação por equivalência. No caso do tratamento informático, os textos devem ser preparados e codificados segundo as possibilidades de «leitura* do ordenador e segundo as instruçõesdo programa.

2. A EXPLORAÇÃO DO MATERIAL

Se as diferentes operações da pré-análisc foram convenientemente concluídas, a fase de análise propriamentedita não é mais do que a administração sistemática das

decisões tomadas. Quer se trate de procedimentos aplicados manualmente ou de operações efectuadas pelo ordenador, o decorrer do programa completa-se mecanicamente. Esta fasev longa e fastidiosa, consiste essencialmente de operações de codificação, desconto ou enumeração, em função de regras previamente formuladas(cf. capítulo seguinte).

3 TRATAMENTO DOS RESULTADOS OBTIDOS

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 Desenvolvimento äc uma análise

■~N FUi-AXAL ÍTSS

EXPLrOKAÇAO DO M AT EEIA I,

í Ad lmiiístracão doa técnicost

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n

A CODIFICAÇÃO

Torna-se necessário saber a razão  porque é que se ana

lisa, e explicitá-lo de modo a que se possa saber corno analisar. Daqui, a necessidade de se precisarem hipótesese de se enquadrar a técnica dentro de um quadro teórico,

mitem uma descrição exacta das características pertinentes doconteúdo.»

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A organização da ccdiXicação, compreende três escolhas (no caso^de uma análise quantitativa e categorial):

 — 0 recortc: escolha das unidades; — A enumeração: escolha das regras de contagem; — A classificação e a agregação: escolha das categorias.

1. UNIDADES DE REGISTO E DE CONTEXTO

Quais os elementos do texto a ter em conta? Como re

cortar o texto em elementos completos? A escolha dasunidades de registo e de contexto, deve responder de maneira pertinente (pertinência em relação às característicasdo material e face aos objectivos da análise).

a)  A uíiidade de registo .  — É a unidade de significação a codificai* e corresponde ao segmento de conteúdo a

considerar como unidade de. base, visando a categoriza-ção e a contagem frequencial. A unidade de registo podeser dé natureza e de dimensões muito variáveis. Reina

•  A palavra:  é certo que a «palavra» não tem definição precisa em linguística, mas para aqueles que fazemuso do idioma, corresponde a qualquer coisa. Contudo,

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, p q q ,

uma precisão linguística pode ser suscitada se for pertinente.

Todas as palavras do texto podem ser levadas em consideração, ou podem-se rete r unicamente as palavras-chaveou as palavras-tema (symbols  em inglês); pode igual

mente fazer-se a distinção entre palavras plenas e palavrasvazias; pode-se ainda efectua r a análise de uma categoriade palavras: substantivos, adjectivos, verbos, advérbios...a fim de se estabelecerem quocientes.

• : Í2_tema:  a noção de tema, largamente utilizada em

análise temática, é característica da análise de conteúdo.Berelson definia o tema como:

«Uma afirmação acerca de um assunto. Quer dizer, uma frase, ouuma frase composta, habitualmente um resumo ou uma frn.se condensada, por influência da qual pode ser afectado um vasto con

 junto de formulaçóe singulares. 5

 Na verdade, o tem a é a unidade de significação quese liberta naturalmente de um texto analisado segundo

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contos, relatos míticos, artigos da imprensa) serão recortados em unidades de acção.

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• O documento:  o documento ou unidade do género(um filme, um artigo, uma emissão, um livro, um relato), por vezes serve de unidade de registo, desde que possa sercaracterizado globalmente e no caso de análise rápida.Também é possível tomar como unidade de registo a res posta (a uma questão aberta) ou a entrevis ta , com a con

dição de que a ideia dominante ou principal, se ja suficiente para o objectivo procurado. Na realidade, a unidade dc registo existe no ponto de

intersecção de unidades perceptíveis (palavra, frase, documento material, personagem físico) e de unidades semânticas (temas, acontecimentos, indivíduos), embora

 pareça difícil, mesmo existindo recobrimento, procurarfazer-se um recorte de natureza puramente formal, namaioria das práticas, pelo menos na análise temática, ea-tegorial e frequencial (aquela que nos serve de base nestecapítulo).

 b)  A unidade de contexto . — A unidade de contextoserve de unidade de compreensão para codificar a unidadede registo e corresponde ao segmento da mensagem, cujas

grafo: ou em alguns minutos de gravação, mas a probabilidade aumenta num texto de várias páginas, ou numaemissão dc uma hora. Geralmente, quanto maior é a uni

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dade de contexto, mais as atitudes ou valores se afirmamnuma análise avaliativa, ou mais numerosas são asco-ocorrências numa análise de contingência.

A determinação das dimensões da unidade de contexto,é presidida por dois critérios: o custo e a pertinência.E evidente que uma unidade de contexto alargado, exigeuma releitura do meio, mais vasta. Por outro lado, existeuma dimensão óptima, ao nível do sentido: se a unidadede contexto for demasiado pequena ou demasiado grande,

 já não se encontra adaptada; também aqui são determinantes, quer o tipo de material, quer o quadro teórico.

De qualquer modo, é possível testar as unidades de registo e de contexto em pequenas amostras, a fim de quenos asseguremos que operamos com os instrumentos maisadequados.

2. REGRAS DE EXUMERAÇAO

É necessário fazer a distinção entre a unidade de re

 portante. Por exemplo, a ausência pode m anifestar blo-queamentos ou recalcamentos nas entrevistas clínicas,

 podendo igualm ente traduzir um a vontade escondida, no

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casa de uma declaração pública.

 — £> •  A frequência:  a frequência é a medida mais geralmente usada. Corresponde ao postulado (válido em certoscasos e noutros não) seguinte: a importância de uma unidade de registo aumenta com a frequência de aparição.

 No nosso exemplo, a frequência de cada elemento é:

a  = 3;6 = 1 ;c =  0;d « l ;

e = 1;/ = 0.

Uma medida frequencial em que todas as aparições possuem o mesmo peso, postu la que todos os elementostêm uma importância igual. A escolha da medida frequen

cial simples, não deve ser automática. É preciso lembrarmo-nos de que ela assenta no pressuposto implícito seguinte : a aparição de um item de sentido ou de expressão

Isto dá os seguintes resultados:

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a = 3 X 1 = 3;b =  I X 2 ^ = 2 ;c —0 X 1 —0:(Í = 1 X 2 = 2 ;c = 1 X 1 = 1:/ = o X 1 = 0.

Obtém-se, por conseguinte, resultados diferentes daqueles que foram obtidos na medida de frequência não

 ponderada.A ponderação pode corresponder a uma decisão tomada

a priori, mas pode também traduzir as modalidades de

expressão ou a intensidade  de um elemento.°  A in tensidade:  tomem-se no nosso exemplo três ní

veis (correspondentes a variações semânticas ou formaisno seio de uma só classe), na aparição de um elemento:

au  a2j as — b lf b2í   &3| etc.e a afectação de uma nota diferente segundo a modali

nesa dos anos 60, c necessário podermos diferenciar a intensidade das posições correspondentes:

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1. «Poderíamos achar necessário reprovar a política deKhroutchev.»2. DoA'críamos denunciar amargamente a política de Khrout-

chev.»3. «Começaremos brevemente a denunciar a política de

Khroutchev.»4. «Xo passado, estivemos alge m as vezes em desacordo com

a política dc Khroutchev.* (")Para facilitar a avaliação do grau de intensidade a

codificar, podemo-nos apoiar, como sugeria Osgood, emcritérios precisos: intensidade (semântica) do verbo,tempo do verbo (condicional, futuro , im pera tivo ...), advér

 bios de modo, adjectivos e atributos qualificativos...•  A direcção:  A ponderação da frequência traduz um

carácter quantitativo (intensidade) ou qualitativo: a direcção.  A direcção pode ser favorável, desfavorável ouneutra (eventualmente ambivalente), num caso de umestudo de favoritismo/desfavoritismo. Os pólos direccionais podem, no entanto, ser de natureza diversa: bonito/feio (critério estético), pequeno/grande (tama

Escala  bipolar de sete pontos (ou graus), para umexemplo em que a   é de direcção positiva e de intensidade 2 (a. („). Indicada pelo sinal*.

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Perfil.  O perfil traduz o conjunto defrequências para cada elemento. Porexemplo, aqui, A (conjunto das unidades registadas para um dado cor- pus) e E são multo positivos, D «neutro, F e B são ligeiramente negativos c C é bastante negativo.

 — Decide-se o nfunero de unidades de registo ante rio res c/ou posteriores, segundo uma unidade determinada., que servode eixo: por exemplo, uma palavra que. antcccde ou sucedea cada um dos substantivos, ou doln temas anteriores a um

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tema escolhido.etc.

A medida dc co-ocorrência ( análise de contingência) dáconta da distribuição   dos elementos e da sua associação. A distribuição dos elementos, pode constituir um pontosignificativo de conhecimento. Por exemplo, dois «Textos»

apresentam o mesmo número de elementos a,  mas no primeiro, estes elementos encontram-se dispersos por todo otexto, enquanto que no segundo, estão concentrados numadeterminada passagem.

O uso da associação como indicador, assenta geralmente 110  postulado de que, elementos associados numamanifestação da linguagem, estão (ou estarão) igualmenteassociados no espírito do locutor (ou do destinatário).Existem modalidades qualitativas que, eventualmente, diferenciam a natureza d a co-ocorrência:

Associação (0  elemento a   aparece com o elemento b).Equivalência (0  elemento a   ou o elemento d, aparecem

num contexto idêntico. Talvez sc possa deduzir um carácter de equivalência ou de substituição).

Oposição (o elemento a  nunca aparece com o ele

 — Tcntou-se utilizar sistemas de enumeração aplicáveisa um material continuo (medida de espaço e de tempo)ou graduado (medidas de cor). A precisão da medida, salvo

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casos pa rticulares, é mais aparente do que real, a contagemde uma unidade de registo por minuto ou por centímetroquadrado c, talvez, ainda mais artificial do que o recortede um texto por frases, ou por parágrafos. Acontece, noentanto, que existem medidas deste tipo que são adaptadasou as únicas possíveis. Se se demonstrou em experiências

anteriores, que a análise dos slogans publicitários permitechegar aos mesmos resultados que a análise do texto, correspondente, com a condição de estes slogans serem ponderados em função das suas dimensões, torna-se mais rápidoutilizar a primeira medida. Caso se confirme, por comparação com os resultados obtidos através de outros testesde~personalidade, que o recorte em quadrículas da superfície de um teste aplicado numa aldeia, constitui um método exacto, é conveniente empregá-lo. Se a análise de umaemissão de tipo narrativo, por sequências temperalmentemensuradas, fornece bens resultados em função do objectivo, há que praticá-la.

 —7  J 

de uma palavra não esperada, ou própria da oposição, uma frasemais temperada ou mais restritiva do que as habituais proposiçõessobre o assunto, podem funcionar como índice do peso, se não foremdiluídas num desconto frequencial. A„abordagem quantitativa e a

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dãdos descritivos através-de um método cstatísücorGrãças"S~nmdesconto sistemático, esta análise é mais objectiva, mais fiel e maisexacta, visto que a obsnrvarão é mais hf-m rorifrolarin Spnrio rígida,esta análise â, no entanto, útil, nas fases de verificação das lilpó-

: teses* A segunda corxespnnde a um pror^dimAntr» _m?dg_iTiniitiYrt7^)|mas tamb^m mais maleável e mais adat>távelTa índices nftn d t p -  f  

vistos, *ÇiI '&''6VtJlüÇ{Kr~tíà^Kípótês€s. E ste tipo de análise, deve se r lentão uSlizado nas lasc s dfeTahçátnento das hipól,esêsaTjã que permitesugerir'põss ívéis rêlâ§8e‘s'entre'. u m ’íhd ice^d£j^cnsag em e umaLouvárias variáveis do locutor (ou da situação de comunicação). ___J

À análise qualitativa apresen ta certas carac terísticas partícula- ’res. J^â fí^a^sobfeü ido ’, na elaboração das deduções especificas sobreum acontecimento ou \ima'-V-árfâvcT^:inEcrgncIa 'precisa, e não eminferências gerais. Pode funcionar sobre corpus reduzidos e estabe

lecer 'categoriasm ais descrimfnãntcsrristo-níLo-estÃr llgadã, enquantoanáHse quantitativa, a categorias que dêem lugar a frequências■suficientemente elevadas, para que os cálculo:,- se tornem possíveis.Levanta problemas ao nível da pertinência dos índíces retidos, vistoque selecciona estes índices sem tratar exaustivamente todo o conteúdo. existindo o perigo de elementos importantes serem deixadosde lado, ou de elementos não significativos se rem tidos em conta.A compreensão exacta do sentido é, neste caso, capital. Além domais, o risco de erro aumenta, porque se lida com elementos isolados, ou com frequências fracas. Donde a importância do contexto.Contexto da mensagem mas também contexto exterior a este: quais

e^não sobre a frequência da sua aparição, em cada comunicaçãoindividual.-'

A discussão abordagem quantitativa versus abordagem qualitativa, marcou um volte-face na concepção da análise de conteúdo.

N i i t d d é l XX ifi id d

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 Na prim eira metade do século XX, o que marcava a especificidadedeste tipo do análise, era o rigor   e, portanto, a quantificação.  Seguidamente, com preendeu-se cUè a cara cterística d a análise de conteúdo é a ( v a r i á v e i s inferidas a partir de variáveis deinferência ao nível da mensagem), quer as modalidades de inferência se baseiem ou não, cm indicadores quantitativos.

evidente que a natureza do material influi na escolha do tipode medida. Pode, por exemplo, fazer-se a distinção entre mensagens

normalizadas e mensagens singulares. As primeiras corresponderãoa um corpus constituído por mensagens provenientes de diferenteslocutores. Por exemplo: reposta a questões abertas, organizadas para a codificação, com tudo o que isso implica de stanãartização, nivelamento e conformação; neste caso, o tipo de investigação pre

 para e orienta um tip o de análise baseada na quantificação numasituação normalizada. As segunda*?, são mensagens provenientesde um único ou de vários emissores, mas irredutíveis à normalização

(singularidade da expressão, da situação, nas condições de produção e da finalidade no objectivo da comunicação). Este é, por exem plo, o caso de uma entrevista não-d irectiva que se apresenta comoum todo, como um sistem a estruturado segundo leis que lhe são pró  pria.? e porta nto analisável em si, ou incomparável.

Por vezes torna-se necessário distanciarmo-nos da crença sociológica na significação da regularidade. O acontecimento, o acidentoe a raridade, possuem, por vezes, um sentido muito forte que não

deve ser abafado.

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nr 

A CATEGORIZAÇÃO

«Content analysis stands orfalis by its categories * (' >)

máticas: por exemplo, todos os temas que significam aansiedade, ficam agrupados na categoria «ansiedade», enquanto que os que significam a descontracção, ficam ag ru

d b tít l t l d t ã ) i táti

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 pados sob o título conceptual «descontracção»), .sintático(os verbos, os adjectivos), léxico (classificação das pala-

.vras segimdo o seu sentido, com emparelhamento dos sinónimos c dos sentidos próximos) c expressivo (por exemplo,categorias que classificam as diversas perturbações dalinguagem).

A actividade taxinómica, c uma operação muito vulgarizada de repartição dos objectos em categorias. Se antesde colocarmos um disco no gira-discos nos interrogarmossobre a vontade que temos de ouvir Bach, Ravel ou Boulez,não utilizamos o mesmo critério que preside às escolhas

 possíveis, caso nos interroguemos acerca do desejo de ouvirmos violino, órgão ou piano. O critério de caicgorização não é o mesmo (compositor oiTlhstrumento). Não acentuamos o mesmo aspecto da realidade. Por outro lado, ocritério que empregames é mais ou menos adaptado à realidade que se nos oferece. É possível que os nossos doisdesejos convirjam e venham precisa r a escolha po r nós feita(um determinado instrumento e um determinado composito r) . De igual modo, em análise de conteúdo, a mensagem

vés de exercícios simples. O processo classificatório possuiuma importância considerável em toda e qualquer actividade científica.

A ti d t áli d t úd

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A p arti r, do momento em que a análise de conteúdodecide codificar o seu mãtêrial7<ievê prodúzTr~um sistemade categorias. À categorização tem como primeiro objectivo (da mesma maneira que a análise documental), fornecer, por condensação, lim a representação simplificada dosdados brutos. Na análise quan titativa , as inferências finais

são, nó entanto;“efectuadas a partir do material reconstruído. Supõe-sè portanto, que a decomposição — reconstrução, desempenha uma determinada função na indicação de correspondências entre as mensagens e a realidadesubjacente. A análise de conteúdo assenta implicitamentena erença_dc que.a categorização (passagem de dados bru

tos a dados organizados) não introduz desvios (por excesso ou por recusa) no material, mas que dá a conheceríndices invisíveis, ao nível dos dados brutos. Isto talvezseja abusar da confiança que se pode ter no bom funcionamento deste delicado instrumento. É preferível estar-seconsciente do que se passa quando da efectuação de umaoperação de tal modo habitual que parece anódina.

Um bom analista será, talvez, em primeiro lugar,alguém cuja capacidade de ca tegorizar — e de categorizar

•  A exclusão mútua:  Esta condição estipula que cadaelemento nào pode existir em mais de uma divisão. Ascategorias deveriam ser construídas de tal maneira, queum elemento não pudesse ter dois ou vários aspectos sus

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um elemento não pudesse ter dois ou vários aspectos susceptíveis de fazerem com que fosse classificado em duasou mais categorias. Em certos casos, pode pôr-se em causaesta regra, com a condição de se adaptar o código de maneira a que não existam ambiguidades no momento doscálculos (multicodificação).

•  A homogeneidade: O princípio de exclusão mútu a de pende da homogeneidade dãs categorias. Um único princí pio de classificação deve governar a sua organização. Nummesmo conjunto categorial, só se pode funcionar com umregisto e com uma dimensão da análise. Diferentes níveisde análise devem ser separados em outras tantas análisessucessivas. No exemplo— citado nesta obra — de análiseda simbólica do automóvel, a categorizaçào «objectos dereferência» só se cruza após a categorizaçào «tipo de relação».

•  A pertinência:  Uma categoria ó considerada pertinente quando está adaptada ao material de análise es

férteis: férteis em índices de inferências, em hipótesesnovas e em dados exactos.

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2. EXEMPLOS DE CONJUNTOS CATEGORIAIS

Se na maioria dos casos se torna necessário criar umagrelha de categorias para cada nova análise, os estudos

anteriores são susceptíveis de inspirar o analista. É poreste motivo que vamos citar alguns exemplos dc conjuntos categoriais, já utilizados.

a) A análise dos valore9

Exemplo 1:

White especializou-se logo apôs a Segunda Guerra Mundial,na análise de valores. Analisa, em primeiro lugar, a autobiografiado Ríchard Wright,  Black Boi/   (1947); seguidamente analisa o estilo

do propaganda de Kitler e Roosevelt (1948) e, mais tarde, os discursos dc Kenncdy e de Khroutehcv (1967). Propomos uma dassuas grelhas de análise (")).

Exemplo 2 :

V. Isambert-Jamati O-) mostrou a evolução dos valores pregados pela instituição escolar entre 1880 e 19G5, a partir da análisede uma amostra do discursos de distribuição de prémios; proferidos

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de uma amostra do discursos de distribuição de prémios; proferidos por vários oradores directa ou indirectamente implicados no ensinosecundário, produzidos regularmente durante este período e de fácilacesso, estes discursos de distribuição de prémios serviram de material de base para todo um estudo sobre a «moral de referência»da Escola, acerca dos fins — e dos meios par a se atingirem essesfins — visados pela institu irão escolar e ainda sobre os objectos

de conhecimento intelectual o. promover, etc.Um conjunto de cinco categorias t>de sub-categorias, serviu de base ã análise.

 — A s mudanças que o  e?tsí»o das disciplinas escolares devem produzir nos alunos:o Participação nos valores supremos.

o Aperfeiçoamento individual procurado pelo próprio aluno.• Exercício de mecanismos operatórios.

 — Os objectos a, conhecer:• Os homens do passado e as suas obras.• Os homens contemporâneos.• A natureza humana e universal.

® A natureza. — Os objecto# da educação moral:

• Moral individual de solidariedade.o  Exortação ao trabalho.• Exaltação do progresso,o Exaltação da juventude,

o Exaltação da famíliaE lt ã d át i

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o Exaltação da família.• Exaltação da pátria.o Exaltação da paz e da compreensão internacional.

A conclusão final deste estudo, demonstra que as mudançasda sociedade francesa se repercutem nos objectivos que o« sistemasde ensino propõem e que as crises da sociedade e as do ensino apa

recem sincronizadas. Os objectivos da instituição escolar evoluem.Deste modo, é  possível dividir os período» segundo 03   valoresdominantes:

1 ) 18G0-1870 : Valores supremos e integ ração n a élite.2) 1876-1885 : Integração na élite e transformação ao mundo.3) 1896-1905 : Transformação do mundo e entusiasmo laico.4) 1906-1930 : Gratuitidade da cultura .5) 1931-1940 : Aprender a aprender.6} 1916-1960 : 0 ensino secundário defende-se: re tom o ao esteti-

cismo.7) 1961-1965 : Crises dos objectivos ( ü ).

Sob o ponto de vista técnico, as análises foram essencialmentetemáticas, mas sempre afinadas por tais precauções, que a ponde

ração dos temas, a divisão em temas principais e secundários, aabordagem avaliativa (texto favorável, texto neutro) e a utilizaçãode relações de género ^coeficiente de dominância»

Este estudo analisa as finalidades e possibilidades de êxitooferecidas às crianças nos programas televisivos, relacionando estascom os meios preconizados (**).

Exemplo 2 :

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com os meios preconizados ( ).

A / Categorias da-s finalidades.

1. Propriedade (êxito material).2. Auto-preservação (desejo de statu quo,  inclusive).3. Afeição.

4. Sentimento.5. Poder e prestígio,G. Objectivos psicológicos (inclusive violência e educação).7. Outros.

B f Categoriax dos métodos:

1. Legais.

2. Não legais (sem feridas nem estragos).3. Económica*.4. Violência.5. Organização, negociação e compromisso.G. Evasão , fuga (tenta tiva de evitar os factos inerentes à re a

lização do objectivo, esquecimento da finalidade, etc.).7. Acaso.8. Outras.

c)  A análise da interacção

B / Terapeuta.

1.  Reacções dc aproximação:  resposta^ concebidas para provocarem outras expressões de sentimentos, atitudes e compor

tamentos hostis:

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tamentos hostis:a  / Aprovação. d  / Resposta-reflc-xo.h /  Kxploração. c  / Designação.<?/ Incitação.

2.  Reacções de ei Ata mento:  Respostas concebidas para inibir,desencorajar ou suscitar uma diversão em relação às expres

sões dc hostilidade.3.  Não classificado.

d) A análi-sc de um estado psicológico.

Exemplo O"):

O grau dc anziedade  do locutor, foi avaliada com base numadupla grelha (tipo de ansiedade/atingindo... ou vivido por), sendotodoa os elementos ponderados em funçfio da intensidade que osuieito revelou:

Tipo de ansiedade

Aísüjmdo ou vivido  por 

 I’ri’iprioOutrosanimados

Objectosinanimados

 Dcnepaçtto Rcc\t-?a

de informação» e reagrupados em 69 categorias. As unidades dcInformação foram caracterizadas por um indice dc freouúncia, umíndice de politização absoluta e relativa, um indice dc orientaçãoabsoluta e relativa e um indice de compromisso. As 69 categoriasforam reagrupadas em seis grandes temas:

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g p g

1." tema: A volta a França (o programa, o ambiente, o acolhimento provincial, etc.).

2.3 tema: Khroutchev-Dc Gaulle (Khroutchev feliz, Khroutchev ohomem, Khroutchev comunista, etc.).

3.° tema: Problemas políticos (o desarmamento e a paz, os partidos

e os sindicatos franceses, etc.).•i.» tema: Khroutchev (Nins, os jornalistas, poüticos e economistas, etc.).

5." tema: Afinidades «naturais» dos dois países (a amizade franco--russa, a URSS volta-se para a França, etc.).

6." tema: Os ócios (a gastonomia., os  presentes, os  castelos, etc.).

3. OS INDEX PARA ORDENADOPJES

Para os analistas, o ideal seria não ser preciso rein

ventar uma grelha de categorias para cada material ecada objectivo de análise. Contudo, isso não é possível a

quer protocolo: TAT, Rorschach, Teste da Aldeia e a grafologia, baseiam-se em categorizações estabelecidas comuma relativa fatalidade (1?).

A utilização do ordenador em análise de conteúdo conduziu os investigadores à tentativa de construir grelhas

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A utilização do ordenador em análise de conteúdo conduziu os investigadores à tentativa de construir grelhasde análise, susceptíveis de funcionar com vários tipos demateriais. Na realidade, a construção de um index  (oudicionário), uma vez que necessita de um grande investimento, to rna desejável que ta l index seja suficientementegeral e flexível, de modo a que possa servir várias vezes.

É assim que o primeiro sistema de programas de orde-nadores para a análise de conteúdo, o General Inquirer (20), elaborou ao mesmo tempo:

 — index correspondentes a um projecto específico (hipótese precisas) e dados particulares;

 — index gerais (número elevado de categorias), uti lizáveis em diversos estudos exploratórios e em dados textuais variados.

O indexj  ou dicionário. 6 um sistema de análise cate-gorial adaptado ao tratamento automático. A sua con

cepção está mais próxima de um Thesauru-s  (dicionárioanalógico reunindo sob títulos conceptuais palavras com

Por exemplo, ao conceito de «aulo-imagem», corres ponde o conceito chave on categoria «si», o qual agrupadados verbais localizados no texto: «eu», «me», «o meu»,

«a minha», «eu próprio»»O index compreende geralmente dois sistemas de en

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«a a», «eu p óp o»»O index compreende, geralmente, dois sistemas de entrada :

 — um index categoria !: entrada pelos conceitos chave,com lista das palavras classificadas p ara cada um deles;

 — um index alfabético: lista alfabética das palavras eretorno aos conceitos chave.\

O index apresenta uma certa flexibilidade, visto queestá prevista uma «lista, de espera» (left over list ), emque as pa lavras do texto que não se encontram nesse index,

 podem ser registadas e, eventualmente, acrescentadas emseguida.O General Inquirer   compreendia em 1966 dezassete

index.A vantagem deste conjunto de programas reside no

facto de se poderem utilizar diferentes index para o mesmomaterial. Citemos alguns destes index.

— 0 Harvard Thirà Psychosooiological Dictionary:

OBJECTOS

(Area social). Pessoas:  Eu, Nós, Outrem.Papéis:  Papel masculino, papel feminino, papel

neutro, papel profissional.Colectividades: Pequeno grupo grupo alargado

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Colectividades:   Pequeno grupo, grupo alargado.

(Area cultural). Objecto* culturais:  Alimentação. Indumentárias, Instrumentos.

 Localização social:  Lugar social. Modelos culturais:  Valor Ideal, Valor Des-

viante, Mensagem, Norma-Acção, Pensamento, Objecto Não Específipo./*-—"

(Area na tural). P arte do Corpo, Objecto Na tural, Mundo N atural.

PROCESSOS(Processos psico

lógicos).

(Processos com- portam enta is ).

Emoções:  Excitação, Impulso, Afecto, Cólera,Prazer, Desespero.

Petisamento:  Sentido, Pensamento, Condição,Igualdade, Negação, Causa.

Avaliação: Bem, Mau, Dever.

Acções sõcio-emocionais:  Aproximação, Guia,Controlo, Ataque, Evitamento, Seguir, Comunicar

s) Tema de Nobreza./) Tema de Autoridade.g)   Tema. de Perigo, Tema de Morte.

Este índex psico-sociológico foi aplicado a materiaisbj i i d P i ili

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p g pe com objectivos variados. Paige utilizou-o para retomar a análise das cartas de Jemiy, numa abordagem clínica da es tru tu ra da personalidade (S2). Dunphy, utilizou-a para observar a mudança social, nos pequenos grupos deauto-análise. Smith, vStone e Glenn analisaram comparativam ente vinte discursos de nomeação presidencial ( “ ).O problema das características das cartas de suicídiosautênticos e simulados, foi retomado por Ogilvie, Stonee Schneidman (:2), etc.

 — O Stanford Political Dictionary  (O. R. H o ls ti) :Este index foi elaborado para a análise dos documentos■ políticos.  Apoia-se no diferenciador de Osgood c pode registar perto de 4000 palavras, segundo três ou quatro dimensões positivas ou negativas, ou seja, seis ou oito conceitos chave.

Eis a lista dos conceitos chave e alguns exemplos de palavras:

Número

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 — Foram construídos outros index, no quadro doGeneral Inquirer.  Citaremos:

 — O Santa Fé Third Anthropological Dictionary (C lb ) d l l t di i á i f i bid

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(Colby): de alcance geral, este dicionário foi concebido para a comparação transcultural dos contos populares edos protocolos de testes projectivos.

 — O Simulmatics Dictionary  (Stone e Dunphy): estedicionário diz respeito à análise de produtos e de imagensde marca.

 — O Who Am I Dictionary  (McLaughlin): este dicionário pode ser utilizado na análise das respostas à pergunta aberta «quem sou eu».

 — O  D avis Alcohol Dictionary  (Davis): foi construído para testa r hipóteses rela tivas às relações tem áticas deuma amostra mundial de contos populares c do consumode álcool, segundo a cultura.

A construção de index para o ordenador tem obrigadoa fazer-se, como diz Holsti, a ligação entre a formulaçãoteórica e os mecanismos da análise. A elaboração das categorias, vê aumentar o seu rigor: preceitos rigorosos de«rotulação» das palavras (títulos conceptuais), definiçãounívoca das categorias e definição precisa das fronteiras

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 IV ■A INFERÊNCIA

Sobre o que é que pode incidir este tipo de interpre

tação controlada, que é, na análise de conteúdo, a inferência? Vamos abordar o assunto teoricamente (possíi ól d ã ) id d i

tativa da comunicação. Com efeito, pode avançar-se a hi pótese de que a mensagem exprime e representa o emissor.

Por exemplo, a análise de um monólogo de um pa

ciente num tratamento psicanalítico, remete para a personalidade deste, pa ra a sua histó ria pessoal, pa ra os seus

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p p psintomas neuróticos e para a sua evolução (cf. análisediacrónica de conteúdo), visando uma melhor adaptaçãodeste ao mundo, etc. A análise dos textos poéticos de Bau-delaire, informa o leitor que procura penetrar no seu uni

verso pessoal, acerca dos seus desejos e das suas angústias, da sua vida e dos seus torm entos... A análise do discurso político, fornece dados sobre o orador, etc.

 b) O receptor:  o receptor pode ser um indivíduo, umgrupo (restrito ou alargado) de indivíduos, ou uma massade indivíduos.

 Nesta óptica, insiste-se no facto da mensagem se dirigir a este indivíduo (ou conjunto de indivíduos), com afinalidade de agir (função instrumental da comunicação)ou de adaptar-se a ele (ou a eles). Por consequência, oestudo da mensagem poderá fornecer informações relativas ao receptor ou ao público.

Deste modo, um romance de Balzac informa-nos acercadeste autor, assim como acerca dos leitores de Balzac.O di d di t ib i ã d é i l

• 0 código:  servimo-nos do código como de um indicador   capaz de revelar realidades subjacentes.

Perguntar-nos-emos, por exemplo, a um nível pura

mente formal e descritivo: qual é o arsenal das palavrasutilizadas por Balzac ? Como va ria o comprimento das f ra di líti ? Q i ã fi d

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ses, nos discursos políticos? Quais serão as figuras deretórica utilizadas pelo discurso publicitário? Quais asleis do código do vestuário ? Serão os objectos quotidianossignificantes, ligados termo, a teim o a significados,^ ouserá que a significação apenas surge na combinatóriadestes objectos-sinal ?

As questões precedentes, uma vez resolvidas, devemser, no *entanto, seguidas de outras interrogações: o queé que o vocabulário de Balzac, nos revela sobre o autorou sobre os leitores ? Em que medida é que o comprimentodas frases de um discurso político, nos informa sobre asegurança do orador? Qual será a presumível acção sedutora da retórica publicitária, sobre os consumidores visados ? Quem diz o quê e a quem — e com que grau de consciência da mensagem, enquanto mensagem emitida e rece

 b id a— pelo vestuário? Quais serão os objectos-sinal, ouconjuntos de objectos-sinal, que exprimem uma determi

nada classe social, sendo decifrados por uma outra classe?

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dos dados, ou, como faz notar Namemvirth (:r'), a inferência não passa de um termo elegante, efeito de moda, paradesignar a indução, a partir dos factos. Este autor acres

centa :

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«£ relativamente simples inferirem-se do conteúdo as predis posições causais do locutor — atitudes, valores, móbiles, ctc. — masé difícil preverem-sô as comunicações engendradas por estes factores causais, a partir do seu Conhecimento.»

Por ou tras palavras, a anális&jde- conteúdo constituium bom instrumento de indução para se investigarem ascausas (variáveis inferidas) a partir dos efeitos (variáveis de inferência ou indicadores; referências no texto),embora o inverso, predizer os efeitos a partir de factoresconhecidos, aind a esteja ao alcance das nossas capacidades.

Os indicadores e jnferências são, ou podem se r — comovimos ~ de natúreza muito diversa. Por exemplo ( 2C), nosgrupos de encontro, a identificação dos membros do grupo(variável inferida procurada) pode manifestar-se peloquociente entre palavras da categoria «Nós» (nós, eles,nosso, nós próprios) e palavras da categoria «Ego» (eu,

me, meu, eu próprio, o meu). Pode demonstrar-se que oquociente léxico (variável de inferência ou indicador)

• inferências gerais: por exemplo, quando se pretendesaber se existe uma lei relacional tal, que o aumentodo nível pulsional do locutor seja acompanhado pela

simplificação c normalização das suas escolhas semânticas e estruturais.

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Para estabelecer algumas destas leis, seria necessáriolevar a cabo um recenseamento ao longo das análises deconteúdo já realizadas:

• os índices utilizados;° as inferências efectuadas;o as situações de comunicação.

Por ou tras palavras, trata -se de realiza r uma análise de

conteúdo sobre a análise de conteúdo!Contentar-nos-emos aqui em citar alguns tipos de inferências possíveis (2S). P ara Osgood ( :s), as variáveis infe ridas podem ser, por exemplo: a inteligência, a facilidade decomunicação, a origem racial, a ansiedade, a agressividade,a estrutura associativa, as atitudes e valores, os mobiles,

os hábitos linguísticos do emissor (ou, eventualmente, dorecep tor), Esta s inferências podem ser obtidas a p a rtir deá i d i í di id d lé i

 perigo, a adesão a um sis tema de crenças, a lógica de raciocínio de um político (*‘), o diagnóstico psiquiátrico, a tax adc hostilidade, de ansiedade, de «defesa» de uma pessoa

numa dada situação, as tomadas de decisão política, etc. — Observar aspectos ou mudanças culturais .Por exemplo: a influência socioeconómica sobre os

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Por exemplo: a influência socioeconómica sobre os problemas científicos abordados numa dada época, o desejode êxito individual em diferentes contextos cu lturais, a tendência da sociedade americana de passa r de uma ética protestante individual, para uma ética social, a imagem dasocialização na comunicação de massas, etc.

•  A s provas de legalidade e de autenticidade: P or exem plo: as intenções criminosas ou de subversão política decertos redac tores ou editores, a infracção literária, a auten-cidade de uma obra.

• Os resultados da comunição:  Por exemplo: os factores da exposição selectiva das mensagens, devido às atitudes pré-existentes, ao papel dos grupos de pertença, àcredibilidade do locutor, à incidência persuasiva de umamensagem, à medida de lisibilidade, à evolução do fluxode comunicação, à assimilação simbólica dos receptores,à difusão dc uma teoria científica (exemplo: Freud e a

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• A investigação implica várias análises sucessivas; o or*denador permite preparar os dados e armazená-los parausos sucessivos;

• A análise necessita no fim da investigação de operaçõesestatísticas e numéricas complexas.

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Pelo contrário, o uso do ordenador é inútil nos seguintes caso s:

• A análise é exploratória e a técnica não é ainda definitiva;• A análise é única e debruça-se sobre documentos espe

cializados;• A unidade de codificação é grande (exemplo: discurso

ou artigo) espacial ou temporal.

O ordenador não pode fazer tudo, necessitando de operações prévias (transcrição do texto para cartões prefura-dos por exemplo) geralmente uma preparação do materialverbal e uma grande previsão das regras de codificação.A análise pode ser automatizada em diversos g ra u s : Algu

mas são automatizadas na quase totalidade e outras somente nalgumas operações, fazendo-se o resto manual

destacado visto que o analista se encontra desembaraçado de tarefas laboriosas, longas e estéreis.

Isto com a condição de não tomar o ordenador por ummágico (obter-se-á à sa ída o que sc coloca à entrada, tantoo mau como o bom o inútil como o útil) com a condição

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o mau como o bom, o inútil como o útil), com a condiçãode não concentrar o esforço sobre a técnica esquecendo a pertinência e a productividade ao nível dos resultados. Istosucede muitas vezes numa fase de descoberta de um ins

trumento, tan to m ais que os investigadores não são insensíveis à aparelhagem . Produzem-se então como diz Holsti (3í)«estudos de grande precisão e de pouca importância».

£ possível usar o ordenador em dois mom entos:

• para tratar o texto: análise de materiais linguísticos;• para tratar os resultados: análise dos dados numéricos.

O tratamento do texto (análise de conteúdo propriamente dita) orientou-se em duas direcções diferentes quecorrespondem a duas concepções teóricas da^ análise deconteúdo. Um congresso (S3) recente sobre a análise de conteúdo (e o seu tratamento informático) confirma a distinção entre:

unidades discretas. Escolhe-se em geral a palavra comounidade de significação sobre a qual se realizam as contagens. São procedimentos lexiconométricos ou lexicológi-

cos «cegos», descritivos, e, em seguida, eventualmenteinterpretativos, tendo por base os resultados (análise defrequências de co ocurrências multivariada e factorial)

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frequências, de co-ocurrências, multivariada e factorial).O ordenador localizado, rotulado, manipula estatisticamente as unidades de significação.

O programa WOP.DS   nos Éstado3 Unidos foi um dos

 prim eiros a experim entar um proccsso de análise sem grelha prévia:

«Ura método de análise de conteúdo que permitirá ao utilizadordescobrir alguma coisa a respeito dos seus dados sem ter que produzir categorizações a, pnori  nas quais os possa classificai'.»

Foi originalmente aplicado aos processos de mudança(mudança na organização cognitiva, por exemplo) psi-coterapêutica, tendo por unidade de base a palavra. Asentrevistas transcritas são divididas cm sequências tem porais ou em segmentos de igual comprimento ou aindacomportando o mesmo número de frases. Em seguida c

controlada a frequência de cada palavra em cada segmento. São calculadas as intercorrelações corresponden

vam menos preocupados com a elaboração de index deanálise por ordenador). Citemos um exemplo:

O  IID   ou  Interpersonal Identification Diction-ary  e o

TTD   ou seja Therapist Tacties Dictionary  (G. Psathas)foi lançado para analisar a inter-acçâo na conversação ena relação terapeuta-cliente Estes dois index são com

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na relação terapeuta-cliente. Estes dois index são com pletados pelo PSYCHODIC ou PsycJiological Content Dictionary. O  IID utiliza uma dúzia de conceitos chave destinados a identificar e classificar as pessoas citadas, em

função da sua relação com o locutor (estatuto inferior,es tatu to igual, objecto de amor, símbolo de au to ridade, etc.)- O TTD comporta três listas de classificação:uma dizendo respeito às palavras funcionais (determinantes, advérbios, pronomes por exemplo), outra referente às diversas palavras «tácticas» (elogio directo, ten

tativa, referência espacial, estado emocional, princípio,acordo moderado, resumo, capacidade potencial, etc.), ea terceira identificando a frase no seu conjunto (questão directa, declaração, sugestão insistente, ..., etc.).O PSYCHODIC comporta uma centena de categorias muitodiversas referentes tanto à idade, como às condições somáticas, os tratamentos, as prccepções sensoriais, osactos sexuais, as acções sociais, as acções conseguidas,

iti õ t dif

autoridade...). As trezentas mil palavras do «texto» foram categorizadas segundo o  Hanxird IIJ D ictimary.  Em seguida foram aplicadas as técnicas estatísticas. Um a análise de variância foi efectuada

 para cada um a das ca tegorias (83) segundo as m atrizes 6 (fa

ses) X 2 (grupos) . Os resultados indicam que o efeito de fase é omais significativo. A análise  factorial (análise cm componentes principais) foi utilizada para testar o grau de associação entre as

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p p ) p g çoitenta e três categorias em cada exposição de uma fase particular.Os três primeiros factores destacados poderão ser polarizados daseguinte maneira:

Fa ctor I : tfegatividad e expressa / Negatividade negada.(agressão, ansiedade) (defesa, falta de certeza).

Factor II : Estrutura normativa / A nemia.Factor HE: Força / Fraqueza.

 — De igual modo Faige (w), retomando um caso analisado m anualmente nos primeiros tempos da história da análise de conteúdo,o caso das «Cartas de Jenny», utilizou um programa informático para explorar a estrutura, de uma personalidade. A análise facto rial foi usada para extrair as dimensões subjacentes da personalidade de Jenny, contidas na variância das cartas. A noção teóricade traço  de personalidade corresponde, no nivel empírico, aos agru

 pamentos do comportamento verbal de Jcnny. Foram tomados emconsideração os primeiros oito factores. Cada factor foi definidoexaminando as redes de conceitos chave (categorias) muito mar

cados e pela leitura das cinco cartas com os resultados factoriaismais elevados: I, organização da agressão; II, possessão; 2U, necessidade dc filiação; IV necessidade de autonomia; V necessidade

O investigador partiu, com efeito, da hipótese de que certas palavras tem a são características, se não mesmo as mais frequentemente utilizadas nos anúncios publicitários para uma certa categoria de produtos.

A análiso de correspondência, elaborada pelo laboratório deJ. C. Benzecri, permite medir e visualizar as correspondências quemantêm as palavras tema com os produtos para as quais são utili

d P it i d j t d t tit íd l

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zadas. Permite ainda projectar a nuvem de pontos, constituída pelas palavras tem a bem como a das categorias de produtos, directamenteno mesmo gráfico. A projecção far-se-á de tal forma que os eixos

 passem no centro de gravid ade das nuvens e pelo plano segundo oqual, a nuvem estâ. mais dispersa fornecendo a3Sim a maior quan

tidade de informação sobre a estrutura da.-» nuvens. Neste caso em que temos como dados a frequência das palavrastema e por consequência pesos muito desiguais, a possibilidade deutilizar as frequências relativas é um enorme trunfo da análisefactorial das correspondências. O objectivo não é o de descriminaras palavras mais frequentemente utilizadas, mas o de situar o souuso relativamente às categorias de produtos. A especificidade dosvalores empregues por tal ou tal tipo de produtos pode portantoler-se directamente no quadro dos cados.

 Numa segunda etapa e a fim de verificar a universalidade decertas palavras tema, os dados foram submetidos a um programado classificarão  a partir das distâncias. Foram assim obtidos coma ajuda de duas análises diferentes: uma classificação das categorias de produtos cm função das palavras tema e uma classificaçãodas palavras tema em função dos produtos.

à Õ

• Aplicação de procedimentos categorizados para testar ashipóteses.

• Domínio de um sistema concebido para captar os mass-módia.

A amostra foi seleccionada de modo a permitir comparaçõesnuma dimensão Este-Oeste (socialistas/capitalistas), numa dimensão geográfica (AustrálaA^enezuela/Europa) e numa dimensão

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g g ( p )a'rtíeulada a partir de uma escala de industrialização (*t).

 Numa outra ordem de ideias, em França, um pro jecto maisoperatório tem por objectivo facilitar a relação do analista de conteúdo (quer ele seja pslcSlogo, biólogo, ou naturalista) com o sistema informático. O sistema apresenta-se como um sistema informático conversacional da análise dos dados textuais  ao mesmo temposistema de gestão e sistema analisador. Nos tempos mais próximos

 propomo-nos esquematizar «a redacção de um programa de gestãoe de análise de conteúdo de entrevistas por meio de um écran catódico (modelo 2250 IBM) em conecçáo com um ordenador (tipo 370)».

Em lugar de ter de passar por uma fase fastidiosa de recorte prévio (cola e tesoura) o utilzador deveria poder dia logar directamente  com o sistema Informático graças ao écran catódico, ondeos textos a categorizar   se desenrolam com uma certa flexibilidade(possibilidade de voltar atrás) de modificação dos parâmetros, deintrodução de novos dados). O indicador luminoso permitirá ao utilizador «marcar os dados;- (juntá-los, suprimi-los, armazená-los

algures). O próprio écran catódico facilitará a visualização de saídas gráficas (curvas, nuvens de pontos, arborescências) e numú-i (di ib i õ é i ál l í i )

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Q U A R T A P A R T E

TÉCNICAS 

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I

A ANÁLISE CATEGORIAL

 No conjunto das técnicas da análise dc conteúdo, aanálise por categorias é de citar em primeiro lugar: cro

nologicamente é a mais antiga; na prática é a mais utilizada. Funciona por operações de desmembramento do texto

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n

A ANÁLISE DE AVALIAÇÃO

I. UMA MEDIDA DAS ATITUDES

A evaluative assertio?i analysis  (E. A.  A .),  literalmente, análise de asserção avaliativa, foi elaborada porO dí1) S t N ll 1956 T

menos, e manifestamo-las por juízos de valor. Uma atitude é um núclco, uma matriz muitas vezes inconsciente,que produz (e que se traduz por) um conjunto de tomadas

de posição, de qualificações, de descrições e de designações de avaliação mais ou menos coloridas. Encontrar as bases destas atitudes por trás da dispersão das manifes

õ b i l é bj i d áli d ã

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tações verbais, tal é o objectivo da análise de asserçãoavaliativa.

Tradicionalmente, em psicologia social, as atitudes

são caracterizadas pela sua intensidade e direcção. Estasduas dimensões são utilizadas pela técnica do E. A. A. pa radefinir e medir as atitudes subjacentes.

A direcção  é o sentido da opinião segundo um par bi-polar. Pode-se ser a favor ou contra, favorável ou desfavorável. A opinião pode ser positiva ou negativa, ami

gável ou hostil, aprovadora ou desaprovadora, optimistaou pessimista, pode-se julgar uma coisa como boa oumá, etc. Entre os dois pólos nitidamente orientados, existeeventualmente um estado intermediário a neutralidade,(de quando esta está difusa), a ambivalência.

A intensidade demarca a força ou o grau de convicção

expressa: uma adesão pode ser fria ou apaixonada, umaoposição pode ser ligeira ou veemente.

a) Os componentes dos enunciados avaliativos. — As proposições avalia tiv as são compostas por três elementos;ou pelo menos é necessário restituí-las a estes três cons

tituintes através da operação de normalização,•i_Os objectos de atitude   (cm inglês atitude objects 

ou AÕ ) São os objectos sobre os quais recai a avaliação:

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ou  AÕ ). São os objectos sobre os quais recai a avaliação: pessoas, grupos, Ideias, coisas, acontecimentos, etc. EstessgrSÕ anotados em maiúsculas. São geralmente os substantivos (exemplo, a França, os Socialistas, a Liberdade, oMeu Marido, um Tal...) ou os pronomes pessoais.

° 'QéJtérmo& avaliativos com significação comum   (eminglês, evaluatwe common-meaniiig terms  ou «CM»).  Serão anotados em itálico e com minúsculas. São^termosque qualificam os objectos da atitude. Ê m linguística

chamar-se*iam «predicados», quer dizer, comentários dotema («o que se diz acerca dele»). São quer adjectivos(exemplo: honesto, limpo, interessante), quer substantivos(exemplo: bondade, segurança, inimigo, paz), quer osadvérbios formados a partir dos adjectivos (exemplo: lealmente, docemente), quer ainda os verbos (exemplos: men

tir, ameaçar, respeitar). Osgood considera que a significação dada a estes termos é comum c estável isto é que

Vejamos para o termo «paz» :

1) «O HERÓI oferece a  paz.*

2)  «O CELERADO cíerece a  pa~.r>

O primeiro caso parece mais congruente (esperado,normal) que o segundo sendo paz avaliada na direcção

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normal) que o segundo, sendo  paz  avaliada na direcção«bom».

• conectores verbais. Ligam no enunciado os objectos de a titude e os termos de "qualificação.

Resumindo, os objectos de atitude dos quais se procura avaliação serão rodeados por termos avaliativos designificação comum ( supondo que reenviam a valores e stáveis ou separados) e os conectores verbais são tambémavaliáveis.

 b) PRIM EIR A ETAPA:  Identificação e extracção do? objectos de atitude ( AO ). No decorrer da leitura, começa-se por referenciar e recensear os objectos de atitude. A identificação é relativamente fácil uma vez que se trata denomes próprios ou commis (ou de pronomes de substi

tuição) .Os enunciados que contêm os AO são postos entre

Exemplos:

a) A UNIÂO SOVTÊTlCA/ê/agres$iva.O PISDRO/estk/apaixonado.

b)  A UNIÃO SOVIÉTICA/ameaça/os ESTADOS UNIDOS.O PEDRO/não ama/a MARIA.

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Esta normalização assenta na equivalência funcionaidos termos na linguagem. O procedimento consiste em

transformar o texto pertinente segundo uma sequênciade enunciados deste tipo.Por exemplo a frase seguinte (fictícia):

«Embora o jornal X conteste eternamente as decisões repressivas do Governo, os  esquerdistas recusam ler um jornal corrom pido pelo dinheiro e em bora esta atitu de possa ser demasiado sis

temática, no entanto é bastante honesta.»Os objectos de atitude são os seguintes:

O jornal X = XO governo — YOs esquerd ista = Z.

Depois da transformação isto dá:

 — Notação dos conectores  (c): Os conectores podemser associativos (logo na direcção positiva), quando overbo liga o sujeito ao seu complemento, ou dissociativos

(portanto na direcção negativa), quando o verbo separao sujeito do seu complemento.Uma intensidade forte (4- ou — 3) é indicada pelo

uso do verbo^ser^o u"« têr» por certos verbos no presente

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uso do verbo ser o u « têr», por certos verbos no presente, pela presença'"de certos advérbios do tipo «absolutamente», «definitivamente», que reforçam a acção do verbo.Um a intensidade média ( r ou — 2) é m arcada por ver bos que indicam a iminência, o parcial, o provável, o crescimento (exemplo, ele vai tentar...) e por outros temposverbais que não sejam o presente. Uma intensidade fraça(-|- ou — 1) é Caracterizada por uma relação hipotética,apenas esboçada, ou pela presença de advérbios do tipo«ligeiramente», «ocasionalmente»...

 — Notação dos qvMificadores (cm):   Osgood parececonsiderar que existe pouca dificuldade em codificar comofavoráveis ou desfavoráveis os term os avaliativos de significação comum, isto sobre uma escala de sete pontos emque os três níveis positivos ou negativos correspondem aa «muito», «bastante», «pouco». Se 6 entretanto fácil de

l ifi it h t + 3 i t t

AO(Ob)MÎO f i#   atiíif-iev 

■ 'ronr'.rf.or vcroaljVa- (Termo <ík   for s ignif icação dc c comum)

lo r   o ÆoÇJ71 £

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1. (Os) dirigyn- sãotes soviéticos

2. (Os) dlrigen- são

tes soviéticos3. (Os) dirigen- são

tes soviéticos■ í.  (Os) riirig-en- pro ss egu ira m

tes soviéticos no passado5. (Os) dlrigen- podariam es tar

tes soviéticos talvez nestem o m en to cieacordo com

6. (Os) dirigea- poderiam tal-tes soviéticos vez es ta r dese

 josos

+ 3 impiedosos — 3 — 9

4- 3 ateus — 3 — 9

•f- 3 déspotas — 3 — 9

-r 2 fins — 3 — 6maléficos

-f 1 algum as das 4 - 2 + 2

medidas lndl-vez esta r dese-s a n u v l a r a stensões mundiais

+ 1 de renu nciar + 3 -f Sa p r o j e c t o sagressivos

Total = 2S

 N ível de favoritismo/des favoritismo  de cada objecto de atitude do tetâo analisado

Favorável

«-------AO

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Esta escala terminal perm ite visualizar o con junto dos objectos de a titude do texto analisadoe o seu grau de íavorl-tismo/desfavoritismo noespirito do produtor dotexto.

+2" 

Neutro 0

- 1- .

-2

+ -------AO

........AO

+ _____ Governantessov ié t icos

------ AOAO

detrás da expressão manifestada). Esta técnica é por issoinoperante nas mensagens de propaganda, dc acção voluntariamente insidiosa, ou em falas do género da entrevista psicoterapêutica em que, o importante ó a mensagem latente.

Outras críticas sc juntaram à auto-crítica dos autoresdo EAA. Sendo a componente afectiva das atitudes a

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pcomponente privilegiada, o campo de inferência desta técnica é muito restrito. Por outro lado, a preparação dostextos (normalização) carece de rigor e aproxima-se maisde uma tradução interpretativa «na melhor das hipóteses»,do que dum procedimento com regras linguísticas precisas. Apercebemo-nos deste facto quando tentamos aplicaro EAA a amostras de textos.

4. VARIANTES E APLICAÇÕES DA TÉCNICA

 No entanto, na mesma época ou posteriorm ente , técnicas mais simples ou mais elaboradas, mas derivando do

mesmo princípio de análise das atitudes, foram aplicadasem materiais da mesma natureza Estes materiais são ge

 — Tensão internacional  (conflitos militares políticos oueconómicos entre nações).

 — Perturbações civis  (conflitos políticos, económicos ou

sociais entre grupos). — Crimes e vícios. —  Acidentes e desastres.

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Positivo:   são codificados positivamente os itens quereflitam a coesão social e a cooperação:

 — Cooperação internacional  (comimicações normais entre nações).

 — Activ idades do governo   (informações não contestariassobre as actividades do governo).

 — Activ idades sociais  (informações sobre os grupos quecooperam cm actividades não governamentais).

 — Vida quotidiana  (informação sobre os cidadãos).

Apercebemo-nos que o objectivo que emerge desta grelha categorial é: medir a tendência (e a título hipotéticoa influência) que um jornal diário, tem para a cooperação.

• J. Tabak (c), para cita r outro exemplo, num a análisede uma revista durante o período da campanha eleitoral

O objectivo deste autor é idêntico ao de Osgood: inferir as atitudes dos locutores a partir das suas mensagens.É porém feita uma distinção ao nível dos objectos sociais(nações, instituições, grupos, pessoas, conceitos, programas, ideologias, etc.) ou antes ao nível da sua percepção pelo locutor. Tendo como referência Parsons faz-se umadistinção entre:

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ç

 — «Conjunto de qualidades», isto é, aquilo que o objectoé, os seus atributos ou qualificativos.

 — «Conjunto de perform ance», o que o objecto faz, ouseja, as suas acções.

A técnica de Holsti permite medir estas duas dimensões em separado.

Como muitos dos programas de análise de conteúdo

que recorrem a um oixíenador, o procedimento de Holstiapoia-sc num «dicionário» ou index acabado, mas ao qualé possível juntar uma lista de palavras específicas do material examinado.

O «dicionário» (s) utilizado é proveniente do diferen-ciador semântico de Osgood, sendo capaz de tratar três

mil quinhentas e vinte e uma palavras definidas segundotrês dimensões (as trê s dimensões determinadas por

 —  A 'preparação dos dados:  P ara aprofundar as atitudesdo locutor do texto, não basta identificar os objectos c afrequência da sua ocorrência, é necessário determinar as

relações (tais como são expressas pelo emissor) que existem entre eles no interior de uma mesma frase. Isto impõeuma codificação prévia das unidades de de sentidos quesirvam dc testemunho da relação lógica sujeito-acção-alvo.

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ç g j çÉ feita uma distinção num «tema» (unidade de signi

ficação bastante similar à frase) entre:

 Número de cGâigo

• O au tor do documento l

o Aquele quo se apercebe 2

quando se trata de um outroque não o autor 

o O sujeito e as suas modali- 3dades

• A acção e as suas inadali- i  dades

o O objecto (quando o alvo é 5um objecto indirecto) e as

a ) Aquele que apreende a acção ou o estado

 b) O sujeito ou aqueleque é percebido

c) A acção

Graças à codificação prévia, os resultados diferenciam estes objectos sociais, consoante sejam sujeitos ouobjectivos. Por outro lado o programa produz uma sériede quadros medindo a relação, tal como é apercebida peloemissor da mensagem, entre os objectos de atitude ao níveldas suas acçõcs recíprocas. Assim, pode saber-se comoo locutor avalia a s accões de A (B ... N) em relaçãoA B N

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A, B, ..., N.Enfim, do ordcnador «sai» também uma «lista de es

 pera» (lejt-over list)   das palavras presentes no texto mas

ausentes do indcx utilizado pelo programa. Easta passaruma vista dc olhos sobre a lista de palavras não tratadas para que nos seja permitido seleccionai' as que interessareter, juntando-as então ao dicionário do programa paraoutra passagem do material pela máquina.

 No plano prático, Holsti parece satisfeito com o ma

nejo da tccnica. A título de exemplo, indica que «numa passagem» em que se utilizou o «dicionário» do diferencialsemântico, para avaliar dez objectos de atitude em dezasseis documentos que totalizam noventa e duas mil palavras, necessitou de dezassete minutos, ou seja, cinco mile trezentas palavras por minuto. À saída obtiveram-se

treze pares de quadros (quadros de frequência, quadrosde frequência X intensidade) pa ra cada documento, ou

• Medição da incongruência  avaliativa de uma mensagem. Qual a coerência de um texto nos seus juízos?Um a pessoa ou um jornal são sempre homogéneos nas suasafirmações? O que revela um índice de incongruênciaelevado (determinado pelo número de afirmações desvian-tes em relação ao conjunto) ? Uma tibieza ou uma ambivalência na a titud e? A presença de juízos voluntariam ente

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não conforme com as convicções reais?• Medição da carga avaliativa  de uma mensagem.

A carga avaliativa de uma conversa pode indicar a percentagem de emotividade ou afectividade das pessoas em

 presença. Pode dar conta do carácter tendencioso ou ideológico de um artigo de jornal, determinar a relação informação/persuasão de um anúncio publicitário, etc.

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m

A ANÁLISE DA ENUNCIAÇÃO

«S necessário eatarmos dis postos a fazerm os um desvio para seguir oa  desvios dotexto.?

M C d'U

1. UMA CONCEPÇÃO DO DISURSOCOMO PALAVRA EM ACTO

Chama-se geralmentediscurso

  na prática das análisesa toda a comunicação estudada não só ao nível dos seus elementos constituintes elementares (a pa lavra por exemplo)mas também e sobretudo a um nível igual e superior, àf ( i i d ê i )

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frase (proposições, enunciados, sequências).A análise da enunciação assenta numa concepção do

discurso como palavra em acto. A análise de conteúdoclássica considera o material de estudo como um dado, isto é, como um enunciado imobilizado, manipulável, frag-mentável. Ora, uma produção de palavra é um  processo. A análise da enunciação considera que na altura da produção da palavra, é fei:o um trabalho, é elaborado um sen

tido e são operadas transformações. O discurso não étransposição transparente de opiniões, de atitudes e derepresentações que existam de modo cabal antes da passagem à forma linguageira. O discurso não é um produtoacabado mas um momento num processo de elaboração,com tudo o que isso comporta de contradições, de incoe

rências, de imperfeições. Isto é particularmente evidentenas entrevistas em que a produção é ao mesmo tempo es

 parte inconscientes» (10) e por outro a estruturação e astransformações provocadas pela passagem pelo «fluxo»da linguagem e pelo «outro».

 b) O rodeio pela enunciação. — Podem distinguir-setrês níveis de aproximação desviada numa análise daenunciação.

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•  A análise sintática e parálinguística:  o estudo debruça--se sobre as estruturas formais gramaticais.

•  A análise lógica:  apoia-se num conhecimento do arranjodo discurso.

•  A análise dos elementos formais atípicos:  estão nestecaso, por exemplo, as omissões, os ilogismos, os silêncios, etc.

M.-C. d’Unrug na técnica de análise de entrevistas nãodirectivas que propõe, apoia-se essencialmente:

 — Na análise da lógica do discurso: a dinâmica da en trevista;

 — Nas  figuras de retórica.

As fig ras de retórica e erceram desde longa data

referenciação e a interpretação dos conteúdos  (variáveisde inferência tipo motivação, atitudes, representação eorganização destas entre si). Trata-se de uma análise dc

conteúdo, mas o acesso a este passa pelo continente e pelassuas modalidades.

c) Uma convergência dc influências teóricas e meto -d ló i A áli d i ã é lt d d

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dológicas. — A análise da enunciação é o resultado deinfluências de variadas origens. Lacan e a psicanálise par

ticipam na concepção de um discurso em que a manifestação fonnal esconde e estrutura a emergência de conflitoslatentes, ü interesse pelos jogos de palavras, pelos lapsos,

 pelos silêncios como indicadores privilegiados, é herdeirodirecto das intuições de Freud.

O estudo da disposição do discurso considerado como

um todo coerente, e até mesmo como um sistema em equilíbrio (sucessão de desequilíbrios dominados e ultrapassados) em que a própria organização tem um sentido, provém de uma linha específica de trabalhos: a lógica  comociência do raciocínio (correcto); a linguística, vinda dosformalistas Russos e da escola de Genève, atenta às fun

ções de expressão, à enunciação e à sua determinação pelogrupo social, o distribucionaiismo e a análise do discurso

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viamente efectuada. A análise da enunciação propriamente dita efectua-se a diversos níveis (nível das sequências, das proposições, dos elementos atípicos) e a inter

 pretação, ou seja, a compreensão do  processo  em acto,

resulta da confrontação dos diferentes indicadores. N a análise da enunciação, a validade é resultante de uma coerência interna entre os diversos traços significativos.

Portanto são de distinguir:

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 — A análise temática:  É transversal, isto é, recorta o

conjunto das entrevistas através de uma grelha de catego rias p rojec tada sobre os conteúdos. Não se têm em contaa dinâmica e a organização, mas a frequência dos temasextraídos do conjunto dos discursos, considerados comodados segmentáveis e comparáveis.

 — A análise da enunciação: Cada entrevista é estudada

em si mesma como uma totalidade organizada e singular.Trata-se do estudo dos casos. A dinâmica própria de cada produção é analisada e os diferentes indicadores adaptam--se à irreduetibilidade de cada locutor.

Ao contrário da análise temática que através de umsistema de categorias aplica uma teoria (corpo de hipó

teses em função de um quadro de referência) ao material,a análise da enunciação está virgem de qualquer hipó

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(...) tenho um a estatura média; / não sou um atleta / f i z  m muito desporto  (2) sou relativamen te musculado / não■B tenho ombro? multo largos / mas enfim,  passo por um  

c gajo que gosta de desportos  (2) (de qualquer forma tenho| passado por), /  pra tiquei desporto  (2) e na verdade, na (g medida em que 66 faça muito desporto  (2) a. gente sente-se 

bastante ã vontade na nossa pele (3);« quer dizer, recordo-me

quando se é adolescente por exemplo aí aos dezasseis anos

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quando se é adolescente, por exemplo aí aos dezasseis anos,-§ ou aos catorze/qu inze anos, sim, cato rze/quinze anos bem, Z   era um bocado complexado por mc acha r um pouco magro,

g. ou por te r os ombros estreitos, ou po r coisa parecidas;%  todos> estes complexos desapareceram assim que sai da ado- Z   lescência; / quando era adolescente ficava complexado em■§ fato de banho porque me achava magro / e depois, agorn,S-  acabou-se de vez, / sinto-me bem na. minha pele  (3) / Corta-% mente porque fiz muito desporto (2) / isto é, aprendi a servi vir-m e do mev. corpo  (4) / aprendi a fazer certos gestos (...)

Legenda:

o Limite das proposições = /.• Temas ou palavras sublinhados e número entre parêntesis

(podem sublinhar-se com cores diferentes) - tem as recorrentes.  Neste caso sio :

4) Sou relativamente muscuiado.5) Não tenho os ombros muito largos, mas (enfim).6) Passo por um gajo que sosta de desporto.7)   (De qualquer forma tenho passado por).S) Pratiquei bastante e (na verdade).9) na medida em que  se faça muito desporto a gente sente-se bas

tante à vontade na nossa pele.

De facto, o raciocínio implícito 6 o seguinte:

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(5), mas (enfim), (6) (8) e (na verdade) (9).

Ao nível das três sequências a dinâmica é a seguinte:Os estilos são sucessivamente:

n . — Es tilo linear,m . — Estilo confuso, excitante e repetitivo,

IV. — Estilo linear.Os raciocínios sucessivos são:

n . — Afirmação,m . — Problematização,

IV — Reafirmação

a adolescência (um outro que não eu, visto que nego asua existência actual, logo a existência de complexos).0 reequilíbrio ó facilitado pelo uso de um lugar comum: «complexado em fato de banho» e pela forma impessoal

«se» (quando se é adolescente) que permite generalizaro problema.

 b) O estilo. — A expressão e o pensamento progrideml d l d C já i l d d i

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lado a lado. Como já vimos no exemplo dado na imagemdo corpo, o estilo confuso, redundante, é significativo do

domínio do discurso; pelo contrário, um estilo controlado,uma sucessão de proposições lógicas indicam geralmenteum retomar deste domínio.

O ideal na análise estilística, enquanto desvio parauma análise de conteúdo, seria poder generalizar a significação de certos indicadores. Isto é todavia tào utópico

como estabelecer uma chave dos sonhos com uma corres pondência unívoca e universal entre significantes e significados.

 Não obstante , M.-C. d ’Unrug, à luz de exemplos precisos sugere certos índices no quadro de uma análise daenunciação de entrevistas não directivas:

• a sobriedade pode testemunhar um «compromisso real

Aqui a razão pode desempenhar um papel de defesa.A interpolação pode ser do tipo sustentação  (suspensãoseguida da surpresa pela demora) ou correcção  (retracção de uma afirmação devido a uma afirmação maisforte ou mais adequada, ou po r rectificações sucess ivas).

c) Os elementos atípicos e as figuras de retórica.

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 —  A s r e c o r r ê n c ia Estas são repetições de um mesmo

tema ou da mesma palavra em contextos diferentes. Noinício da entrevista, as recorrências são uma reacção directa à pergunta estímulo que se explica por um «preenchimento» compulsivo do tempo de fala por bloqueio e pela familiarizaçõo progressiva com um novo tema. £ ocaso da entrevista citada sobre a imagem do corpo, em

que o tema corpo é retomado oito vezes nas doze primeiras proposições. No decorrer da entrevista , as recorrências propria

mente ditas (espaçadas 110  discurso) podem ser um indicador:

® De importância Do mesmo modo que se postula um

corpo, o autor assinala a presença recorrente da ideia de prazer   indicando a força do tema sub-jacente, rejeitada pela consciência da sexualidade.

 Na mesm a ordem de ideias, pode fazer-se apelo, para

interpretar as recorrências, à noção freudiana de resistência com benefício secundário. A pessoa está mobilizada por um conflito, m as este dá-lhe vantagens secundárias.Está então entretido, mas dá lugar a «obsessões» verbais,

d b i õ d i i t

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aparecendo essas bruscas irrupções do inconsciente quesão os lapsos.

 — Os lapsos: Nos lapsos passa-sc qualquer coisa involuntária e uma ideia, uma palavra, substitui a ideia ou a palavra prevista pela consciência. Isto m anifesta a insistência não dominável de uma ideia recusada (seja pelaconsciência, seja pela situação do momento).

Se ao escrever este livro, eu escrevo «6 preciso preparar o jantar» em vez de «é preciso preparar o texto» adequado ao meu propósito, eu manifesto involuntariamentea minha preocupação de momento.

Se estando a fazer um curso sobre a análise de mensagens publicitárias, escrevo como exemplo no quadro «com

toda a firmeza» em lugar do slogan «com toda a femini-dade» ( ’••) como me comunica o anuncio que tenho na mão

gismo corresponde a uma tentativa de raciocínio, a umdesejo de demonstração que encalha na argumentação.Falhas lógicas ou ilogismos sào indicadores de uma necessidade de justificação de um comportamento pessoal oude um juízo em contradição com a situação real. Ou entãorevelam má fé.

Correspondem a uma defesa do Super-ego, mas cadatentativa de simulação pela racionalização conduz ao fa

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tentativa de simulação pela racionalização conduz ao falhanço, sem que o locutor disso se aperceba claramente.

A coerência aparente (num discurso desconexo, porexemplo) pode ser dada pela utilização retórica (no   sentido da argumentação como função persuasiva) de procedimentos lógicos: a utilização de conjunções (portanto,e, mas, ora, ...) pode dar artificialmente uma ilusão deum rigor de raciocínio ou desviar a atenção do verdadeiro

raciocínio. — Os alibis: A resolução (aparente ou mágica) de con

flitos, de contradições, a conjunção de factos incompatíveis, a justificação, o reassegurar das próprias convicções... recorrem à autoridade dos lugares comuns, dos

jogos de palavras da lógica do «pronto a vestir» ou sejalibi li di

\

 —  A s figuras de retórica  (13) : Jogam com o raciocínioou com o sentido das palavras. Existem quando a implicação afectiva com o referente é forte (como, por exem

 plo, na produção poética) mas precisando de um mínimo

de distância e de à-vontade.M.-C. d’Unrug distingue as figuras de conjunção  e deredução.

• A conjunção Logo que existe disjunção na reali

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•  A conjunção.  Logo que existe disjunção na realidade (por exemplo, incompatibilidade de dois factos, duas

ideias, dois juízos), portanto dissonância, a pessoa procura restabelecer a consonância e a harmonia. Pode tentar fazê-lo por um processo mágico ao nível do própriodiscurso, para tentar dominar a contradição. Por exemplo,

 pela manipulação:

 — do  paradoxo  (reunião de duas ideias aparentementeinconciliáveis; exemplo: «restabelecer a sua honracom a força da infâmia». [Boileau]);

 — da hipérbole.  (Aumento ou diminuição excessiva dascoisas; exemplo: «estou morto de sede»). O afastamento entre a expressão e a realidade traduz a inten

sidade do desejo

 — a metáfora,   e mais precisamente a cataerese,  formavulgarizada da metáfora. A metáfora é uma figurade tipo associativo. Designa qualquer coisa por outra.Geralmente o significante de substituição é mais sim

 bólico. A ruptura   faz-se pela passagem de um planodenotativo a um plano conotativo. Conotações e metáforas têm um grau de figuração elevado, um grande

 poder de sugestão porque dragam as significações so bre determinadas, aderentes ao significante que as su

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b edete adas, ade e tes ao s g ca te que as su porta por razões histó ricas (indiv iduais e sociais).Com forte carga emocional, indicam que «o coração

tem razões que a razão desconhece» (Jí).

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IV

A ANÁLISE DA EXPRESSÃO

Existem um certo número de técnicas que podem serclassificadas sob a denominação de análise de expressão.

Com efeito os indicadores utilizados náo são de ordemsemântica (conteúdo plano dos significados) mas de or

Os sectores normalmente mais prox>ícios à aplicaçãode técnicas de análise de expressão são os seguintes: a investigação da autenticidade de um documento (literatura,história), a psicologia clínica (psicoterapia, psiquiatria),

os discursos políticos ou os que são susceptíveis de veicular uma ideologia (retórica).Parece ser possível classificar os diversos indicadores

formais da seguinte maneira: os indicadores léxicos e aestilística; as análises do discurso ou da narrativa (enca

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; (deamento lógico, arranjo de sequências, estrutura nar

rativa, estruturas formais de base).

1. OS INDICADORES

A estilística quantitativa, que se baseia na frequênciarelativa das palavras, inspirou certas medidas à análise

de conteúdo. A estilística qualitativa tornou-se menos intuitiva e mais sistemática (definição exacta dos parâmetros utilizados) o que deu lugar à construção de certosíndices. A necessidade de uma abordagem diferencial ecomparativa orientou as investigações para o estabelecimento de taxas médias, características modais, normas de

referência a fim de ser possível a comparação das prod õ li d t d õ

As taxas dc rcfcrência (normas) podem calcular-sesobre amostras de igual tamanho (cem, duzentos, quinhentos, ou mil palavras) a partir de tipos dc discursosdeterminados.

O que é que significa a pobreza/riqueza léxica? A partir de mil novecentos c quarenta e quatro, por exemplo,os investigadores americanos tentaram verificar a hipótese de que a variedade do léxico aumentava com o êxitod i i ili i d i

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de uma psicoterapia. Utilizou-se ainda este quociente noestudo do grau da desorganização e da alienação socialdos esquizofrênicos (Gottschalk). Osgood e Walker utilizaram-no entre os seus indicadores de estereotipia e deredundância na comparação dc cartas escritas por «candidatos ao suicídio» e por escritores «normais».

 — Quociente de género gramatical: A relação relativados substantivos, verbos, adjectivos, advérbios, num dadotexto, é aplicada sob variadas formas.

• A djec tivos/verbos P °r exemplo, o número de

adjectivos por cada cem verbos foi utilizado para dife

renciar a fala esquizofrênica da fala «normal»S b i 4 b / dj i ! d é bi

var a consequência da intervenção de ajuda a pessoasnuma situação difícil. Além de que em certos casos, podeestabelecer uma correlação sign ificativa com outros testes,tais como, a medida da transpiração.

 — O PNAQ (positive-íiegative-ambivalcniquotient).  Um pouco mais tarde, Raimy (mil novecentos e quarentae oito) (1S) no quadro da entrevista de ajuda , propôs umquociente bastante parecido que media as auto avaliações

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quociente bastante parecido que media as auto-avaliações positivas, negativas ou ambivalentes por p arte do paciente.

 N a mesma ordem de ideias preparam-se indicadores dereacções de clefesa  nas te rapias não directivas ( 1!>) e escalas de medida de hostilidade  (-°) e de ansiedade (21)  naexpressão verbal, mas vendo por bases índices do tipo semântico, mais do que do tipo formal.

 — Os indicadores fraseológicos  funcionam basicamente ao nível de frase e da sua composição. Calcula-seassim:

• o iamanho   da frase: O tamanho médio é obtido pelocálculo do número dc palavras por frase;

• a estrutura da frase: Quantas proposições há em média

Podem ver-se exemplos precisos em análises como asde Roche (::1) sobre o estilo do General De Gaulle (análiseda distribuição do vocabulário, análise da frase e da suacomposição, análise das características estilísticas, aná

lise das figuras de retórica), ou nas de Richaudeau sobre«eficiência» da linguagem.A dificuldade e o «risco» neste género de análise (pelo

menos do ponto de vista da análise de conteúdo) é o passar de uma fase descritiva a uma fase interpretativa, ou

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sar de uma fase descritiva a uma fase interpretativa, ouseja, fazer funcionar as medidas utilizadas, como indi

cadores reveladores de variáveis dc ordem psicológica ousociológica.

2 . A L G U N S E X E M P L O S D E A P L I C A Ç Ã O

Vejamos alguns exemplos de análises efectuados na base de índices linguisticos (ou para-linguísticos), léxicos,sintácticos ou estilísticos.

a) A ideologia racista revelada por diversos índicesformais (G Guillaumin) (2I) : 0 racismo esta ria presente

• reticências, denegação, afirmações de boa fé, exactidõesinúteis, qualificativos, generalizações?.

A análise toma cm consideração a  presença  mas tam bém a ausência  (omissões «cegueira lógica») dos indicadores conforme os casos. Foi aplicada a uma amostra daimprensa francesa de mil novecentos e quarenta e cincoa mil novecentos e sessenta.

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 b) Estados emocionais c perturbações da linguagem. (G. F. Mahl) (25): Mah'. é um adepto da concepção instrumental da comunicação. A comunicação ó encarada comoum instrumento de influência. O importante c o que é veiculado pela mensagem, estando definido o seu contextoe circunstâncias. Por outras palavras, não existiria aí uma

transparência, uma correspondência directa entre as variáveis do texto e as variáveis psico-sociológicas da origem (emissor). Neste campo, esta teoria opõem-se aosdefensores do modelo reprcsentaeional (Osgood em espe-cial) que fundamentam os seus indicadores sobre o postulado teórico da existência de uma «relação isomórfica

entre os estados dc comportamento e as propriedadestit ti d t úd lé i (f ê i >i t i

Mahl utilizou os seguintes indicadores:

•  Ah   (A)• Correcção  (rectificação no decorrer de um a frase) (C)

• Frase interrompida  (Int)•  Repetição  em série de um a ou mais palav ras (R)• Gaguez  (G )•  Instrução de sons incoerentes  (IS)•  Bifurcamento da língua  (ncoiogismos, inversão

de palav ras ou de sílabas) (BL)

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de palav ras ou de sílabas) (BL)• Omissão  (de palav ras ou partes de palavras, síla

 bas finais por exemplo) (O)

Com a ajuda desta grelha de análise, a entrevista écodificada do segu inte modo ( :r>) :

P : «k A

  m in h a im p r e s s ã o n a m i n h a r e l a -ç & o c o m D ( f i l h o ) f o i s e m p r e a ra z ã o

B T .— C ...................................... p e la q u a l e le n ã o p - . . . t i n h a . . . m e

p a r e c i a n ã o t e r s e n t id o o m e s m o a m o r

p o r e le d o q u e s e n t ia p o r Y ( f i l h a ) ,

d u r a n t e o s d e z a s s e is p r im e i r o s m e s es

d a s u a v id a , e u e s t a v a a u s e n te . N ã oc r e s c i c o m e le . S e e l e te v e c i ú m e s

d e D is s o e s te v e re l a c i o n a d o c o m o sa v ó s A g o r a é m u i to p o s s í v e l S e b em

m e n te q u e 1 e le s u - s u p e r e a s u a . . ..A h . .. f a l t a d e f a m i l i a r id a d e c o m ig o ,

« is s o le v o u m u i t o t e m p o . A h : d e p o is

h o u v e  ............h o u v e - u m a c e r t a d o se d er e s s e n t im e n t o . N ã o e r a d i r i g id o c o n

t r a o s p a is o u v o : . . . : e r a . . . " d e : . . . r e :r e a l m e n t e d i r ig id o c o n t r a u m a c i r

c u n s t â n c ia q u e m e t in h a a fa s t a d o . E r a

u m r e s s e n t im e n t o q u e c o n 1 . . . n u m a -

c e rta . A h - . . . q u e - n u m a c e r ta m e d i d a

se r » f le c t ia t a m b é m n o s e n t im e n t o

A ....................................R ................................

IS — 0( ?) — IS — G ..

O —CA — C

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q u e e u t in h a c o n t r a a s p e s s o a s q u et in h a m f i c a d o p a r a t r á s e q u e t i n h a m

g a n h o d i n h e ir o . »

T : « O 3  s e u s s o g r o s g a n h a m d i n h e i r o ? »

P : « S im , o m e u * s o g r o g a n h o u m u l t o d i n h e i ro c o m a g u e r r a . »

Pode estabelecer-se a medida do nível dc perturbações pelo quociente seguinte:

Quociente de perturbações da fala

 Número de perturbações dc palavras

 Número de «palavras» numa a m o s tra i27).

Desta forma c possível observar a frequência de pert b õ d l l t dif t i

en trev istas do mesmo indivíduo. Baseada num corte de cadaen trevista em frases (dois minutos), a m edida pela análisedas perturbações e da ansiedade (pela competência deterapeutas), permitiu estabelecer correlações entre certos

indicadores e a ansiedade. Contudo parecia que o «ãh» nãoera significativo d a ansiedade e que o sexo era um a va riável que afectasse consideravelmente os resultados.

c)  A intenção de se suicidar é uma motivação que modifica os hábitos de expressão (Osgood c Walker) (*»):

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difica os hábitos de expressão   (Osgood c Walker) (*»):Para Osgood a expressão linguística é um comportamentocomo qualquer outro, susceptível de aprendizagem e dehábitos (hábitos de codificação). Pergunta-se qual é oefeito da motivação  sobre o comportamento linguístico.As «cartas de suicídio» (cartas dc despedida escritas pelas pessoas na altu ra de se suicidarem), comunicações individuais submetidas a um móbil muito forte, deveriam sercaracterizadas por diferenças dc expressão se comparadascom cartas vulgares  (enviadas pelos sujeitos aos familiares e aos amigos), ou com as cartas de suicídio simulado  (cartas fictícias produzidas artificialmente por outras

 pessoas).Os autores organizam a análise comparada dos três

tipos de cartas tendo por base quatro hipóteses A inten

3- N ú m e r o d e  palavras repetidas,  so b r e o n ú m e r o t o t a l de p a l a

v r a ? ( r e d u n d â n c i a ) .s u b s t a n t i v o s 4- v e r b o s

' i . Q u o c i e n t e  ------------------------------------------------- .a d j e c t i v o s 4 - a d v é r b io s

5 . T e s t e d e C lo z u re . ( te s te d e l is i b i l i d a d o s o b r e o m a t e r ia l m u t i

la d o , m e d in d o a r e d u r d à n c la e a e s t e r e o t ip i a ) .6. N ú m e r o d e p a la v r a s «extremistas»  s o b re o n ú m e r o t o t a l de

p a la v r a s . f p a la v r a s « e x t re m is ta s » « s e m p re » , * ja m a f s » , « pe s-s o a s - , « t o d o s » , e t c . ) .

d i

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o í n d i c e s d f ? desorganização:

7 . N ú m e r o d e e r ro s p o r co m p a la v r a « ( e r r o s g r a m a t ic a i s , d e s o le -

t ra ç ã o , d e p o n t u a ç ã o , e s q u e c i m e n t o s , e t c . ) .

8. N ú m e r o t o t a l d e p a la v r a s d a m e n s a g e m , s o b r a o n ú m e r o d es e g m e n t o s in d e p e n d e n t e s (tamanho das proposições).

o ín d ic e s d e v.orientaçSo»  i d e í=i e d e o u t r e m 1 :

9 . Q u o c ie n t e d e a n g ú s t ia / a l í v i o ( D R Q : q u o c i e n t e ) .

1 0 . N ú m e r o d e p a la v r a s a v a l ia t iv a s c o m danificarão comum <,'•') s o b re o n ú m e r o t o t a l d a m e n s a g e m .

1 1 .  Número de proposições avaliativas positivas,   s o b r e o n ú m e r o

t o t a l d e p r o p o s i ç õ e s p o s i t i v a s e n e g a t i v a s ( - » ) .1 2 . R e f e r ê n c ia s a o p a s sa d o ,  presente   e f u t u r o .

1 3 .  N ú m e r o de construções  « a p e l a t iv a s » p o r c a d a ce m p a la v r a s

( m e d id a d o « a p e lo » : n e c e s s id a d e q u e o lo c u t o r s e n t i; do t e r u mi t l t ) ( )

Uma comparação com as cartas de sucídio simuladasc o uso de outras técnicas (medidas do léxico, análise dasco-ocorrências), confirma as hipóteses (A), (C) e (D),mas infirmou a hipótese (B).

d) A expressão política c suas manifestações em Maio de mil novecentos c sessenta c oito  ( ai) : A expressão política de uma quinzena de grupos ou grupúsculos manifes-tou-sc sob a form a de panfletos, em Maio de mil novecentos

i Nã á ã i b lh

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c sessenta e oito. Não está em questão resumir o trabalho

ao qual fazemos referência, bastante volumoso c de princípios e medidas detalhadas, com resultados c provas estatísticas, dizendo respeito à análise do vocabulário e conteúdo dos documentos. A análise do vocabulário quer-seuma lexicometria. Isto ó, nenhum princípio directora priori, nenhuma hipótese foi p rojectada sobre o material.

c A te r -n o s - e m o s a o d is c u r s o , n ã o p a r a o e x p l o r a r c m t a l o u t a ls e n t id o , I n c lu i n d o o l in g u is t i c o , m a s p a r a o d e s c r e v e r o m a i s fo r m a l

m e n t e q u e p u d e r m o s , a n te s d e o in t e r p r e t a r . »

« P a r a a l e x i c o m e t r ia , a o b je c t iv i d a d e c o m e ç a q u a n d o a s p r o

 je c ç õ e s te n d e m a s e r s u b s t i t u í d a s p e la ? fo r m a l iz a ç õ e s . N ã o s e f i x a m

a  p r i o r i n e m te s te m u n h o s n e m g r e lh a , n e m e s q u e m a s , n e m h ie r a r q u ia s . T u d o , é t r a t a d o ( e x a u s t lv id a d e d a s l e t r a s ) , d a m e s m a m a

n e i ra ( u n i fo r m id a d e d o d e s p o ja n i e n t o ) c s e g u n d o u m c r i té r io ú n i c o

•  Lexicalidade e funcvynalidadc:

u t i l i z a ç ã o d e u m coeficiente de lexicalidode  ( o u d o s e u in v e r s o :

c o e f ic ie n t e d e f u n c io n a ü d a d e ) n a b a s e d a r e la ç ã o e n t r e f o r m a s

p le n a s d e s i g n i f i c a ç ã o s f o r m a s v a z i a s o u g r a m a t ic a is . O c o e f i

c ie n t e d e le x i c a l i d a d e e x p r im e a p e r c e n t a g e m d e I t e n s l é x i c o s d ou m t e x t o .

• Extensão e estrutura do vocabulário: 

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e x t e n s ã o : n ú m e r o d c u n i d a d e s d if e r e n t e s ;

e s t ru t u r a : d i s t r ib u iç ã o d a s f r e q u ê n c i a s d a s u n id a d e s d i fe r e n t e s ;c o e f i c i e n t e d e repetição  g e r a l : re l a ç ã o d o n ú m e r o d e o c o r ré n e j a sc o m o n ú m e r o d e f o r m a s ;

u m c o e f ic i e n te d e repetição/funcional;c o e f i c i e n t e d e repetição léxica.

• Originalidade e banalidade do vocabulário:

Índice dc originalidade: percentagem de leitura de um emissordag form as que não se encontram nele;núcleo léxico: formas comuns a todos os locutores (duas origens:o francê3 básico e a política fundamentai dos panfletos de Maiode mil novecentos e sessenta e oito):

 perfi l do em prego das form as nos diferentes grupos políticos.

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V

A ANÁLISE DAS RELAÇÕES

« P o u c o im p o r ta m o s o b je c

t o s r e la c i o n a d o s . D e v o a p r e n

d e r p r im e i r o q u e t u d o , a l e r

a s l i g a ç õ e s »

1 . ANALISE DAS CO-OCORRÊNCIAS

A análise das co-ocorrências procura extrair do textoas relações entre os elementos da mensagem, ou maisexactamente, dedica-se a assinalar as presenças simultâneas (co-ocorrência ou relação de associação) de dois oumais elementos na mesma unidade dc contexto, isto é, numfragmento de mensagem previamente definido.

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« Ã a n á l is e d e c o n t in g ê n c ia n ã o s e c o lo c a o p ro b lu m a d a f r ü -

o u ê n c i a d e a p a r iç ã o d c u m a d a d a fo r m a s ig n i f i c a n t e e m c a d a um .-id a 3 d i v e r s a s p a r t e 3 d e u n : t e x to , m a s q u a l é a s u a fr e q u ê n c i a d ea p a r iç ã o c o m a s o u t r a s u n id a d e s s i g n i f i c a n te s » e s c re v e O s g o o d .

2 de no tar que uma referenciação das dissociaçõcs ouexclusões de elementes assinalados pela não presença

«anormal» de certos elementos na mesma unidade de contexto pode também ser significativo.Enquanto que a frequência de aparição das unidades

de significação ou de e-lementos formais assenta no princípio de que quanto maior for a frequência dos elementos,tanto maior será a sua importância, a co-ocorrência (ou a

não eo oeorrêneia) de dois o mais elementos re elariai ã di i ã í i d l S

seguinte: «A lembrança de um. inibe a lembrança decoUro.»

a) O procedimento de Osgood.  Osgood propõe a se

guinte abordagem:

 — Escolha das unidades de regis to (palavras chave porexemplo) e, a categorização (temas) se tal tiver cabimento.

lh d id d d d

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 — Escolha das unidades de contexto e o recorte do texto

em fragmentos. — Codificação: presença ou ausência de cada unidade deregisto (elemento) em cada unidade do contexto(fragmento).

 — Cálculo das co-ocorrências (m atriz de contingência).Comparação com o acaso.

 — Representação e interpretação dos resultados.

• Escolha das unidades de registo:  as unidades deregisto devem ser determinadas com cuidado em funçãodesta técnica, porque podem su rgir enviesamentos. Osgoodreferiu casos de elementos substitutivos com sentido muito

apro imado: se m lher jo em e rapariga têm m sen

♦  M atriz de dados brutos: Denominamos A, B, C, .... Nos elementos ou unidades a reg is ta r e 1, 2, 3, «, osfragmentos ou contextos dc um registo. Obtém-se umquadro de dupla entrada do tipo seg uin te:

UNIDADES DE REGISTO

A B C  N

, L t

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UNIDADESDE

CONTEXTO

1

 _L. etc.

2  —  +  — 

3*

 — 

-+  — 

n   ^ ete.'

Percentagem | .40 .20 .CO

A i l i l t ( f) ê

•  Matriz de contingência:  Representou-se em seguidana mesma matriz as co-ocorrências obtidas e as co-ocor-rências esperadas, isto é, as contingências reais e as contingências que se apresentariam se fosse o acaso o único

factor a jogar.

•  Representação e interpretação dos resultados.  Osresultados podem ser representados da forma seguinte:

T b l d ti ê i i if i ti é f it

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 — Tabelas de contingência significativas: é fe ita uma

lista para cada uma das outras categorias em relaçãoàs quais há associação ou dissociação. — Quadros de redes  e de núcleos (clu-ster anatysis):   num

espaço bidimensional, c possível visualizar as relaçõesdas diferentes categorias sob a forma de círculos secantes (pôr em evidência os núcleos). Ou então um

esquema de redes pode traduzir a projecção de umarepresentação tridimensional (fósforos e bolas de es puma) a duas dimensões.

Como interpretar os resultados? Ou melhor, será queo diagrama em rede, os núcleos de associações que apa

d i d áli ál l d ê i ãd i i di i i

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» Os índice.? seguintes são calculados:

 — indica dc co-freqttència,  (co-frcquência observada e esperada):dá-nos a frequência do aparição de um termo vizinho dir outro.

 — Índice de proxim idade:  mede a distância de vizinhança o

indica a auo proximidade (afastamento) um termo se encontra emrelação a outro, (por exemplo uma palavra pólo). Fica-se assima saber se existem zero (contiguidade). 1, 2, 3, 4, etc. (segundoas possibilidades do ordenador) palavras entre ar; duas palavrasobservadas. A medida 6   feita à direita e à esquerda da palavra pólo.

 — inãíce de desvio:  Trata-se do desvio entre a eoírequênciaobservada e a cofrcquôncia teórica. A vizinhança é considerada

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como normal, desde que o desvio entre as duas esteja perto de zero.

Se a cofrequência observada é nitidamente superior ã cofrequênciateórica (existe outra causa para além do acaso), pode dizer-se queo polo «atrai> a palavra pela qual se obtém este resultado. Se aco-frequéncia observada se revela nitidamente inferior ao que se

 poderia esperar, pode dizer-se que o poio crepeic» esta p a l a v r a c pode fala r-se de recusa de vizinhança, de proibições, ou de tabusléxicos. Contudo os autores lexicólogcs reeu-»am-se a fazer qualquertipo de interpretação extra-linguística.

Partindo destes indices, a análise dos resultados apüca e ex plora a teoria, dos gráficos p ara evidenciar as relações de vizinhançaü   os percursos privilegiados em tal ou tal texto, ou determinadogrupo político. Os componentes do texto aparecem-nas assim imbricados a diversos níveis (linguístico, semântico) das camponentesdo texto (si): Uma vez que como diz Lacan, «qualquer discurso severifica e se alinha nas v árias pautas de um a par titu ra :> c- basta

tá l i lif iN t t dó d d té i d é

7

2. ANALISE «ESTRUTURAL»

«O essencial ê invisível aoolhar.»

A. de Soínt-Exupéry, Le Pctit Prince.

A terceira contribuição de que os métodos de análisede conteúdo beneficiam c resultante dos processos convergentes da linguística e da invasão da atitude estrutural

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vergentes da linguística e da invasão da atitude estrutural, 

desde os anos sessenta.Por um lado toma-se consciência que o corte de item por item e a classificação em frequência são insuficientes:

c... o mais importante e o mais significativo, porque um textoé...  uma realidade estruturada  (■•*») no interior do qual o lugar   doselementos é mais importante do que o seu número...> ( 3 9 ).

Assim a multiplicação de trabalhos de linguística e stru tural instaura procedimentos novos, através de uma invasão de toda a análise de mensagens.

Por outro lado, a voga e a crença na existência, por baixo da aparente diversidade dos fenómenos, de estrut i i lt i t tó i d

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articulação, as leis relacionais, tomam então, aos olhosdo analista, a dianteira sobre as unidades mínimas dacomunicação, aparentemente desorganizadas e variáveis,e que escondem estas leis e regras profundas.

De facto, este termo de «análise estrutural» englobaum certo número de técnicas que tentam passar do nívelatómico da análise, a um nível molecular, e centram osseus procedimentos, mesmo num plano muito elementar,mais nos laços  que unem as componentes do discurso, doque nos próprios componentes

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que nos próprios componentes.

 Na análise estrutural, as análises de frequência «decoleccionador atomista> não são abandonadas, porquenuma primeira etapa, são muitas vezes úteis. Antes dedescobrir as leis que regem o mundo das borboletas (nahipótese de tais leis existirem), é necessário esgravatar pacientemente os lepidepte ros!

Contudo os procedimentos estruturais impregnam certas análises, e com maior ou menor pertinência, elegância,eficiência, existem modelos, matrizes, est ru tu ra s — sim

 ples ou complexas — que emergem das leituras sistem atizadas dos discursos.

O desmembramento estrutural (desmembramento se

id d t ã ) i l t é l

casas individuais e as representações e as significaçõesassociadas ao alojamento. Donde a possibilidade de estudar os discursos dos entrevistados, segundo uma duplaarticulação dos elementos ao nível:

 — de um sistem a prático (sensível, objectai); — de um sis tem a simbólico e/ou ideológico.Muito mais importante do que isso, é estabelecer a cor

respondência entre os dois sistemas.O processo de tratamento da informação teve lugar

em dois tempos:P i i t f t ã d di

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 — Primeiro tempo:  uma  fragmentação do discurso portemas que se referem à estrutura material do habitat  (exemplo: a cozinha, a frente da casa), seguindo-se o recenseamento pela análise do contexto de tudo quanto foidito (ao nível simbólico e/ou ideológico) sobre cada tema,tudo o que foi associado pelo entrevistado a cada elementomaterial mencionado na entrevista (exemplo: a intimi

dade. a desordem). — Segimdo tempo:  uma redução  (a reconstrução teó

rica do sistema subjacente pelo par de oposiçôes, pelo analista), acompanhada por um par de relações do tipo:

 A /c

B/ f

Contudo este sistem a dc relações en tre um plano objectai e um plano simbólioideológico, que aqui se torn a pa rticularmente pertinente e fecundo, não é generalizável atoda a relação indivíduo meio; o próprio H. Raymond re

conhece que este caso é particularm ente favorável à exploração de pares binários. E, apesar de H. Lefebvre escrevera propósito deste estudo sobre o mundo dos «habitantesdos pavilhões»:

«O sistema, dos objectos permite abordar c analisar o sistema

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, j p

de significações verbais, sendo o inverso verdadeiro?-,estamos bem longe dc um dicionário geral de correspondência entre o sistema dc significações simbólicas, e oinverso material. Mesmo que o campo dc estudos sobre omundo material se multiplique, não há a certeza dc que

um tal dicionário de relação entre representações individuais e sociais por um lado, e o meio físico do homem, pelooutro, possa existir. Isto porque, as associações homens//objectos vividos pelo iomem fazem parte destas linguagens extremamente incertas c flutuantes que o empreendimento semiológico tenta descobrir.

O o objecto S o suporte  da sig

nificaçãoV o elemento variá

vel

( h    pefia de roupa)(a parte da peça derou pa ou «vestema» >(cs oposições possíveis)

ex.: vestido, casaco,ex.: colarinho, man

gas.ex.: aberto/fechado,

comprida/curto.

Tudo isto reenvia para o mundo (carácter do vestuário: desportivo ou solene e circunstância de uso: para ocampo ou para a cidade) e sempre mais ou menos implicitamente na  Moda  (a questão ó estar ou não «na moda»).

c) Palavra persuasiva e estrutura narrativa: a publi

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c) Palavra persuasiva e estrutura narrativa: a publi

cidade (**).— Como decompor um anúncio publicitário,explicitar a sua retórica, quer dizer, os seus meios específicos de persuasão e expressão ? Como descobrir a est ru tura ideológica interna que organiza um anúncio? Podeaplicar-se ao discurso presuasor (publicitário mas tam

 bém político) uma análise em term os de estru tura n ar

rativa, e de lógica de narração, tal como se aplicou estamesma análise aos contos, aos mitos ou às histórias divertidas. Pode-se também tentar extrair a organizaçãoconotativa subjacente que govema este discurso.

• Uma grelha de valores implícitos: as conotações. —

A ã é i d ã i d

Configuração dos valores sugeridos  por cerfos significantes linguísticos e icónicos 

numa. publicidade imobiliária (Parly II)

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220 lw»..r ----1—— Ifvtits ci>ni- KSi*AÇO

rra.n  .tn ane ola r ) , -------------- f i 

(ãRua)

(jvaraues)\

j Ü‘£KIAS

• muf.iaáoi

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Exemplo 2: A angústia dos citadinos.

O tex to é dramatizado a par tir de um símbolo, a árvore.Uma progressão dialéctica (aparição-desaparição dos pro blemas) por disjunção e em seguida por conjunção, conduz à solução final.

«Quando você abre a janela para procurar a silhueta de umaárvore, nSo lhe acontece sentir um segundo de angústia quandodescobre que do outro lado há apenas mais janelas? Quando vocêestá cansado não lhe acontece fechar' os olhos e sonhar com um

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está cansado não lhe acontece fechar' os olhos e sonhar com umtapete mágico que o leva para muito, muito longe de Pa ris po r montes e vales e que você irá acordar na manhã seguinte num ambienteverdejante?» Sc tudo isto lhe acontece esteja tranquilo porque nãoé muito grave; você sofre de um mal Idêntico ao de milhões decidadãos. Pode dizer-se que você tem saudades do campo, -smal dela campagnes, como se diz, «ter saudades do pais natals- («avoir maldu pays»). A saudade («le mal»), quer dizer o desgosto instintivo,

 profundo do qualquer coisa de essencial e de naiu raú o Lsxo <5talvezo ar puro, a paz dos campos, a necessidade de ver pelo menos umavez no dia um bocado de relva, um arbusto, algumas árvores. E oremédio para o aeu mal está muito perto, numa colina de La Celle--Saint-Cloud, a quinze minutos de L'Etoile, a vinte e cinco minutosdo seu trabalho, num parque de dezassete hectares: a residênciaElyseé 2. Eis a solução e a resposta ã angústia do cltadlno.s*

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VI

A ANÁLISE DO DISCURSO

 Neste capítulo iremos falar de um tipo da análise dodiscurso pertencente ao campo da análise de conteúdo talcomo anteriormente a definimos. O empreendimento de

h l d d

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dução económica: eles são o patrão, o quadro ou o operário numa dada empresa. Este facto tem necessariamenteconsequências no discurso produzido. Estes «lugares»estão representados  nos processos discursivos em que

estão postos em jogo (os lugares) estando lá rigorosamente «presentes»  mas «transformados»  Tanto a situação do locutor como a do destinatário afectam o discurso emitido de A para B.

«O que funciona no processo discursivo, é uma série de formações imaginárias que designam o lugar que A e B se atribuem

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■ mutuamente  e a si próprios.»A, o locutor, antecipa no seu discurso, as representa

ções de B.Tudo isto constitui o verdadeiro objecto de uma socio

logia do discurso.  Trata-se de descobrir as conexões que possam existir entre o exterior e o discurso, entre asrelações de força   e as relações de sentido,  entre condições de produção  e  processos de produção.

A primeira questão levantada é po rtanto a. da corres pondência entre as condições de produção e o processode produção.

A segunda é a da transformação das condições de pro

domínios semânticos correspondem ao sistema de ligaçõessemânticas. Um dos fins da análise será portanto o dedescobrir estes domínios c as suas relações através de umaanálise ao mesmo tempo semântica, sintáctico e lógica.

Esta primeira regra corresponde ao nível da emissão(codificação), enquanto que a segunda diz respeito à recepção (descodificação):

«sQualquer processo do produção composto com um determinado estado de condições de produção de um discurso, induz uma

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transformação deste estado.»Existem duas possibilidades: A, o locutor é modifi

cado pelo próprio discurso; B, o destinatário é modificado pelo discurso de A em relação a ele, e assim sucessivamente numa interacção. De facto, no estado actual, o pro

cedimento analítico não está suficientemente apto paratomar em conta a própria interacção, e limita-se ao discurso em monólogo.

Podemos portanto resumir o objectivo do procedimentoda AAJD da seguinte maneira:

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(com o operador 1 = «visto que» c o operador 2 = «umavez que», é assim representado de maneira lógica:

a  operador 1------------------ > operador 2

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Para estabelecer as dependências funcionais entre asfrases, proccde-se por extracção dos elementos e das pro posições que desempenham o papel de operadores, ba-seando-nos para isso em vários critérios.

 — As dependências funcionais também existem no interior da proposição. As proposições podem ser divididasem enunciados  ou em unidades mínimas. A técnica foiinspirada na análise distribucional e transformacionalde Harris.

 Não entraremos no pormenor das condições (as regrasde manipulação são muito formalizadas) de decomposiçãoe de transformação. Digamos que passamos deste tipo de proposição:

 — Representação das proposições em gráficos, seguidada classificação das relações binárias obtidas. Trata-sede representar de maneira formal o sistema de dependências entre os enunciados do discurso. A estrutura de um

discurso por um «bloco» de relações binárias, sendo estasclassificadas e codificadas. —  A análise automática:  a partir do momento em que

o conjunto dos enunciados elementares e das relações bin árias são codificados podemos passá-los para cartões perfurados. Existe um programa principal e um sub-pro-

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grama. O primeiro examina todas as sequências comparando as suas relações binárias, c se duas delas têm omesmo conector,  entra em acção o sub-programa, que tem

 por finalidade, — constituir os «domínios semânticos» reagrupando cer

tos pares de relações binárias, e

 — analisar as dependências entre estes domínios.

Dir-se-á que dois enunciados têm a mesma interpretação semântica se:

 — forem paradigmaticamente próximos um do outro

estes três enunciados obedecem à «condição de proximidade paradigmática», porque «uma língua de fogo», «umraio», «um relâmpagc», são substituíveis no contexto«...atravessou a noite». O autor fala de «deslise de sentido» e apelida de efeito metafórico   este fenómeno semântico produzido por uma substituição no contexto.

Se por exemplo tivermos dois enunciados:

<o coronel seduziu a xnarquesa»,oficial agradou à marquesa»;

s possibilidade de substituído paradigmática entre os camponentesdestes dois enunciados será. aumentada se ex istir um terceiro enun

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ciado:co coronel agradou ã marquesa.»

Depois disto, o programa principal elabora os domíniossemânticos e analisa as suas relações.

Por exemplo, num corpus de oito discursos respeitantes à narração da vida de Joana d ’Arc. preparado e registado de modo a conduzir a um conjunto de cento e vintee seis enunciados e de cento e quarenta relações binárias,atingem-se depois dc tratados, vinte e nove domínios querespondem às mesmas condições de formação.

Exemplo de um domínio:

 — Num recente artigo (*-), Pêcheux refere-se a uma«teoria da subjectividade (de natureza psicanalítica)» ecom especial relevo a Lacan para precisar o carácter recalcado da matriz do sentido. Os processos discursivos

realizam-se no sujeito, mas não podem ler nele a sua origem, mesmo se este tiver «a ilusão de estar na origem do sentido». A prática subjectiva ligada à linguagem émarcada por dois níveis de recalcamento: o que o autornomeia o «esquecido número um» e o «esquecido númerodois».

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O esquecido número um«designa paradoxalmente o que nunca foi sabido  o que portantotoca de mais perto  o «sujeito que fala», na estranha familiaridadeque ele mantém com as causas çue o determinam... em completaignorância de causa».

O esquecido número dois c uma ocultação parcial. Caracteriza uma zona acessível para o sujeito se este faz umretomo sobre o seu discurso (por exemplo a pedido dointerlocutor):

«Na medida cm que o sujeito s? retoma para. se auto-explicar

factos sociais (4?) ; concepção da sociologia como a ciência«da dialéctica da interioridade e da exterioridade,  isto c.da interiorização da ex:erioridade e da exteriorização dainterioridade» (5I>) ; a noção (centra l em Bourdieu bem

como em Pêcheux é a de processo dc produção) de habitus enquanto «sistema de disposições  duradouras, estruturadas, predispostas a funcionar como estruturas estrutu-rantes, isto 6, enquanto principio de geração c estruturação de práticas e dc representações...», «princípio construído de forma durável, gerador de improvisações regu

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lamentadas».

De uma forma geral pode concluir-se, a propósito desteempreendimento (5l), dizendo que por debaixo de uma linguagem abscôndita, que por vezes mascara banalidades,sob um formalismo que por vezes escapa ao leitor, para

alem das construções teóricas, que ao nível da prática daanálise, são improdutivas a curto prazo, existe uma tentativa totalitária (no sentido em que se procura integrarno mesmo procedimen;o conhecimentos adquiridos ouavanços até aí dispersos ou de natureza disciplinar estranha: teoria e prática linguística, teoria discurso como

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BIBLIOGRAFIA SUMÁRIA (')

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 N os E xtados Unid os da- América.

Bereîson (B.), Con ten t analys is in communication research.  Nova

Vigneaux (G.), «L/e discours argumenté écrit la femme a le cœur   plus tendre que Vhot/mep, Communications,  n.° 20,  Le sociologique et le linguistique,  1972.

Robin (R.),  Histoire et linguistique,  Paris, A. Colin, .1973.Sujet (s) et ob jc tfsj de Vanalyse de contenu  (I),  Interpréta tion et  

analyse de contenu (I I >, números especiais de Connexions, 11 e 12,Epi, 1974.

H. — TÉCNICAS E APLICAÇÕES(ALGUNS EXEMPLOS)

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Sobre a análise da avaliação

Osgood (C. E.), «The representational model and relevant researchmethods», pm Pool (I. da S.). Trends in content analysis. Urbana,Univ. of 111. Press, 195?.

Holsti (O. R.), «A computer content analysis pro gra m for analysingattitudes: the measurement of qualities and performances-, emGcrbner (G.), The analysis of communication content, developments in .scientific theories and computer techniques,  NovaIorque, Wiley, 1969.

Sobre a análise da enunciação

Démon tet (M.). Geffroy (A .), Gouape (X). Lofon (P.), Mouillaud(M.), Tournier (M.), De-s tracts en mai 68. Mesure de vocabulaire 6i de contenu,  Paris, Colin-PNSP, 1975.

Sobre a análise estnitural

Barthes (R.), Système de la mode,  Paris, Seuil, 1907. (Edições 70,no prelo).

Lévi-Strauss (C.),  L e cru et le cuit,  Paris, Pion, 1964.Raymond (H.), «Analyse de contenu et entretien non directif: appli

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«L’analyse structurale du récit», Communications,  n.° S (especial).

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Seuil, 1966.Sobre a análise automática do discurso

Pêcheux (M.),  Analyse automatique du discours,  Paris, Dunod, 1969.Haroche (C.), Pêcheux (M.), «Manuel pour l'utilisation de la mé

thode de l'analyse automatique du discours (AAD)», T.A. Informations,  1972, 13(1).

Pêcheux (M.), «Analyse du discours, langue et idéologie»,  Langages, número especial, Didier Larousse, Março 1975, 37.

 Im prensa e comunicações de massas

Bardin (L.),  Les mécanismes Idéologiques de la publicité,  Paris,J.-P. Delarge, Ed. Universitaires, 1975.

 História e ciências políticas

Encontrar-so-ão exemplos e referências em:

Robin (R.). Siétofre et Unguistique,  Colin, 1973.Como as análises linguísticas (análises lexicológlcas, do dis

curso, do conteúdo, etc.) sSo úteis ã história?e ainda cm  Revue dcs scicnçea poliiiques.

De modo geral, encontrar-se-ão numerosos exemplos de aplicação (referentes à análise das comunicações) em:

Commmications,  Seuil (a partir de 1961).

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Convmunication et langages  (a partir de 1969;.

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ÍNDICE

PREFACIO .................................................................................. 9

Primeira. P ar te — H ISTORIA E T K O R IA ..........................................11

L EXPOSIÇÃO HISTÓRICA ..........................................................13

n. ANALISE DE RESPCSTAS A QUESTÕES ABERTAS:A SIMBÓLICA DO AUTOMOVEL ..........................................59

1. As perguntas.......................................................................... .......592. Propostas de análise..................................................................60

HL ANALISE DE ENTREVISTAS DE INQUÉRITO: A RE-LAÇAO COM OS OBJECTOS .................................................. 65

1. Esquema teórico e sua problemática ..................................652. O material de análise .......................................................... .......Gü3. A análise .................................................................................664. O tratamento dos resultados .......................................... .......69

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IV. ANALISE DE COMUNICAÇOES DE MASSA: O HO-ROSCOPO DE UMA REVISTA .................................................73

1. O jogo das hipóteses................................................ ..   ... 752. A análise tem át ica de um t e x to ..........................................773. Análise léxica e sintáctica de uma a m o s tr a .................. .......82

Terceira Parto — MÉTODO  .......................................................... 93

I. ORGANIZAÇAO DA A N A L IS E........................................... 95

1. A pré-análise .................................................................. 95

Qu arta Parte — T É C N I C A S  ..........................................................   151

L A ANÁLISE CATEGORIAL .. . ........................... ... 153

n. A ANALISE DE AVALIAÇÃO ..........................................   155

1. Uma medida das atitudes ..................................................   1552. Ag diferentes fases da técnica ... ........................   1563. Comentários sobre o método ... ... ... ...................   162i .   Varian tes e aplicações da técnica .. ...................   163

m . A ANALISE DA ENUNCIAÇAO ...................   ...........  1C9

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1. Uma concepção do discurso como pala vra em acto 1702. Condições e organiwcjão de uma análise da enunciação 173

IV. A ANALISE DA EXPRESSÃO ......................................   135

1. Oa indicadores ................................. ........................... 1&>

2. Alguns exemplos de aplicação ..................................   189V. A ANALISE DAS RELAÇÕES ..........................................   197

1. A análise das co-ocorrências .........   .. ...........   1982. Análise «estruturais- ..........................   ...................   20-1

Sste livro íol composto e impresso  na Soc. Tnd. Gréfica  

Tçllcs da Silva, Dda.pAra 

KdJcÔe» 70e acabou de se imprimir  

no mCs de Novembro de 1S79

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