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EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS 32 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007 DO SETOR ELÉTRICO Orlando Aguiar/ Roberto Rosa Expansão Expansão Expansão

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EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS32 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

DO SETOR ELÉTRICO

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33EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNASRevista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

s anos 1980 foram determinantes na definição de novosconceitos e valores que continuam influenciando a históriacontemporânea e a visão do mundo. Muitos acontecimen-tos daquele período, derrocada do comunismo,

hegemonia norte-americana no cenário das nações, e mesmo avalorização suprema da imagem nas manifestações artísticasainda geram tendências, atitudes e posicionamentos. No Brasil, operíodo é marcado pelas celebrações com o retorno da democraciae de dezenas de exilados, após 20 anos de regime militar, mastambém pela frustração e verdadeira comoção nacional com a mortedo presidente eleito Tancredo Neves. Milhares de brasileiros acompa-nharam a primeira visita do Papa João Paulo II ao país.

Para FURNAS, foi uma década de importantes empreendimentosde geração e transmissão, como as hidrelétricas de Itumbiara (GO),Serra da Mesa (GO), e Itaipu (PR), e de reafirmação do seu pioneirismo,com a implantação da Usina Nuclear de Angra 1 e das linhas detransmissão em + 600 kV e 750 kV do sistema misto de Itaipu. Nestaépoca, o setor elétrico implementou as primeiras medidas de preser-vação do Meio Ambiente, viabilizando compensações para os impac-tos ambientais de seus empreendimentos, e aprofundando o temaconservação de energia.

Cachoeira no Parque Nacional daBocaina (SP); obras de construçãona Usina de Itumbiara (MG/GO)

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EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS34 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

LINHA DO TEMPO

Política em alta eeconomia em baixa

A década de 80 foi marcada pelo

retorno gradual à democracia, quan-

do o país passou por importantes mudan-

ças na política, na economia, avançando

muito no campo cívico. Em 1983, no re-

cém-emancipado município de Abreu e

Lima (PE), acontecia a primeira manifesta-

ção pública da campanha Diretas Já, movi-

mento civil que reuniu diversos setores da

sociedade brasileira na reivindicação por

eleições diretas para presidente e o fim do

regime militar, que já durava 20 anos. O

principal comício das Diretas Já aconteceu

no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, no

dia 16 de abril de 1984, reunindo mais de

1,5 milhão de pessoas.

Pouco menos de um ano depois, após

muitos protestos organizados contra o

governo e a crise financeira que assolava

o país, em 15 de janeiro de 1985, os

brasileiros puderam comemorar o retor-

no da democracia, com a eleição de um

presidente c iv i l pelo voto indireto,

Tancredo Neves, que se tornaria o sím-

bolo da vitória da sociedade civil, da

interpretação da vontade popular e uma

nova perspectiva para a República.

Mas, se na área da política havia o que

comemorar, a economia prenunciava tem-

pos difíceis, fazendo com que os anos 80

ficassem conhecidos como a década perdi-

da, quando o Produto Interno Bruto (PIB)

apresentou significativas reduções. Só para

recordar, o crescimento médio na década

de 70 foi de 7%, e o da década de 80 de

2%. Além disso, o país sofreu um aumento

do deficit público – devido ao crescimento

da dívida externa, ocasionada pela eleva-

ção das taxas internacionais de juros, e da

dívida interna, com a permanência de uma

política expansionista.

Esse recesso no crescimento provocou

uma menor expansão das receitas do setor

elétrico, agravada pela contenção de tari-

fas como instrumento de combate à infla-

ção, por subsídios tarifários às indústrias,

retirada dos recursos do Imposto Único

sobre Energia Elétrica e pela utilização das

empresas do setor para captação de recur-

sos externos. Por um tempo, esses fatores

representaram uma barreira ao desenvol-

vimento que o setor elétrico vinha experi-

mentando na década de 70, com a execu-

ção de obras importantes, como o Centro

de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel),

criado por meio de um dispositivo legal do

Ministério de Minas e Energia (MME), que

determinava que as empresas do setor

elétrico deveriam disponibilizar 0,5% de

suas rendas para pesquisa. Inaugurado no

dia 22 de maio de 1978, o Cepel é, hoje, o

maior centro de pesquisas em energia elé-

1978• O AI-5 é revogado

após dez anos

• Descoberta técnicacirúrgica para corrigira miopia

• João Paulo II setorna o primeiropapa polonês

Movimentodas Diretas Já

“Mais de um milhão

de pessoas em silêncio,

mãos entrelaçadas, braços

para cima. Ao sinal do

maestro Benito Juarez, da

Orquestra Sinfônica de

Campinas, a multidão

cantou o Hino Nacional.

Do céu caía papel picado,

papel amarelo, a cor das

diretas, brilhando à luz

dos holofotes.

No Vale do Anhangabaú,

muita gente chorou.”

Jornal Folha de São Paulo,

17 de abril de 1984

• Carros a álcool integrama frota de FURNAS

• Explode greve de metalúrgicosno ABC paulista

• Telefonistas de FURNAS passama atender também em inglês

• A novela Dancin’ Days fazsucesso na TV

1979• Organização

Mundial daSaúdecomemora aerradicaçãoda varíola

• A URSS invadeo Afeganistão

• Delegações daChinae da Nigéria visitama Central NuclearAlmirante ÁlvaroAlberto (Angra 1)

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35EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNASRevista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

trica do hemisfério Sul. Responde pelo

desenvolvimento de estudos, ensaios e

principais softwares utilizados no setor

elétrico, cuja aplicação já resultou na eco-

nomia de milhões de dólares ao país. Com

tecnologias voltadas para as atividades de

geração, transmissão e distribuição de

energia, o centro atende às empresas do

Grupo Eletrobrás, MME, Agência Nacional

de Energia Elétrica (Aneel), Operador Nacio-

nal do Sistema Elétrico (ONS), às conces-

sionárias do setor e indústrias de equipa-

mentos elétricos.

• As três primeirasunidadesgeradoras deItumbiara entramem operação

• O beatle JohnLennon éassassinado

• O poeta Viníciusde Moraes morrede edema pulmonar

Nesse mesmo ano, a ciência também

festejava importantes avanços. Em 25 de

julho de 1978 nascia na Inglaterra a meni-

na Louise Brown, o primeiro bebê concebi-

do em laboratório por técnicas de fertiliza-

ção in vitro – fecundação do óvulo pelo

espermatozóide em tubo de ensaio – que

ficou conhecida como bebê de proveta.

Desde então, estima-se que já nasceram

mais de um milhão de crianças graças a

tratamentos com a medicina reprodutiva.

Apenas seis anos depois, em 7 de outubro

de 1984, nascia o primeiro bebê de prove-

ta brasileiro, Ana Paula Caldeira, em São

José dos Pinhais (PR).

Linhas de transmissão daUsina de Serra da Mesa (GO)

Em 2006,

Louise Brown,

o primeiro bebê

de proveta do

mundo, anunciou

sua primeira gravidez,

concebida por

métodos naturais.

1980• Frank Sinatra

visita o Brasil• Margaret

Thatcher éeleita primeira-ministrada Inglaterra

• Morre o atorJohn Wayne,vítima de câncer

• Os EUA boicotamos Jogos Olímpicosde Moscou

• O walkman e ovideogame Atari sãolançados no mercado

• O filme Pixote leva2,5 milhões depessoas aos cinemas

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EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS36 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

LINHA DO TEMPO

Pioneirismo nageração nuclear

Ainda em 1978, cumprindo a missão

que lhe foi dada para construir a primeira

central térmica nuclear do Brasil, e firman-

do seu papel pioneiro no setor, FURNAS

recebia os primeiros carregamentos de

combustível nuclear. Para o físico nuclear

da Empresa, Miranildo Cabral da Silva,

Angra 1 foi um passo importante para o

país. “Era grande a expectativa de implan-

tação da primeira usina nuclear brasileira.

O Brasil detém a sexta maior reserva de

urânio do mundo. Era um mundo novo de

possibilidades que se abria”, frisou.

1981• O príncipe Charles

se casa com Lady Diana

• Morre o cineastaGlauber Rocha

• Nelson Piquetconquista omundial de Fórmula 1

• Explode bombano Riocentro

• Cinco primeiroscasos de Aids sãodiagnosticados

• Entra no ar a MTV

1982• FURNAS implanta novo

sistema interno de telefonia

• Argentinos e britânicoslutam pelo arquipélagodas Malvinas

• Depois de 17 anos,governadores são eleitospelo voto direto no Brasil

Na mesma época, foi criado o Labora-

tório de Monitoramento Ambiental da

Central Nuclear. Após quatro anos de

obras, em março de 1982, a Usina Angra 1

– integrante do conjunto da Central Nu-

clear Almirante Álvaro Alberto, entrou

em operação experimental, utilizando

urânio enriquecido a 3% como combus-

tível e água leve (natural) pressurizada

como refrigerador e moderador. Com

isso, era gerada por FURNAS, e pela pri-

meira vez no Brasil, energia elétrica de

origem nuclear. Três anos depois, em ja-

neiro de 1985, Angra 1 entrava em opera-

ção comercial, com 657 MW de potência.

Panorâmica dasubestação deAngra; no detalhe,equipamentos dasubestação

• Lançamentodo primeiroPC (personalcomputer)

LINHA DO TEMPO

Geraldo Kosinski

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37EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNASRevista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

Em 1979, o Brasil respirava os pri-

meiros ventos da abertura democrática,

conquistada com a Lei da Anistia, assi-

nada pelo presidente João Baptista

Figueiredo, que trouxe de volta ao país

adversários da ditadura militar exilados,

entre eles Luiz Carlos Prestes, Leonel

Br izo la , Miguel Arraes e Fernando

Gabeira. Os anistiados foram recebidos

por uma multidão que se aglomerava

nos aeroportos e chegaram provocando

polêmica, ao defender algumas posi-

ções nada ortodoxas para a época.

No mesmo ano, a Eletrobrás e as

maiores concessionárias de energia elé-

trica do país firmaram um convênio para

a implantação do Sistema Nacional de

Supervisão e Coordenação da Operação

Interligada (Sinsc), com o objetivo de

viabilizar a operação em tempo real dos

sistemas interligados. A criação do Sinsc

exigiu o desenvolvimento de complexas

bases de dados e programas, moderni-

zação dos centros de operação existen-

tes e a construção do Centro Nacional de

Operação do Sistema (CNOS). Assim,

devido às dificuldades da época, o CNOS

só começou a funcionar dez anos de-

pois, em setembro de 89, assumindo

gradualmente as funções de coordena-

ção da supervisão e operação dos siste-

mas interligados.

• O filme E.T. lotaos cinemas

• Morre a cantoraElis Regina

• Brasil é eliminadopela Itália na Copada Espanha

1983• A primeira expedição brasileira chega

à Antártica

Em 1980, o papa visitou pela primeira

vez o Brasil, a maior nação católica do

mundo. O então pontífice João Paulo II

chegou à Base Aérea de Brasília, no dia 30

de junho e, cumprindo o ritual que manti-

nha em todos os países, beijou o solo

brasileiro. No período em que esteve no

país, visitou 13 cidades em 12 dias, fez 31

discursos, todos em português, e reuniu

milhões de pessoas no santuário de Nossa

Senhora da Aparecida (SP). Quase um ano

depois, em 13 de maio de 1981, o papa

ficava gravemente ferido ao ser atingido

dentro de seu Fiat Campagnola – o papa-

móvel, por um tiro disparado pelo fanático

turco Mehmet Ali Agca, na praça São Pedro,

na Itália. João Paulo passou por cinco ho-

ras de cirurgia para a retirada do projétil e

a partir daí sua saúde nunca foi mais foi a

mesma. No Natal de 93, em uma das mai-

ores atitudes cristãs já vistas pela humani-

dade, João Paulo visitou Ali Agca na prisão

e o perdoou.

Mesmo com os exemplos de amor e paz

pregados pelo papa João Paulo

II, as guerras não deixaram de

acontecer. Em setembro de 1980, as

tropas do Iraque invadiram o Irã, inician-

do um conflito que durou oito anos e

deixou um milhão de mortos. A guerra

envolveu o uso de armas químicas pelo

Iraque, país apoiado pelos EUA.

O papa JoãoPaulo II, noCorcovado,durante suavisita ao Brasil

• A Diretoria deGestão Corporativaé criada emFURNAS

• FURNAS realizaprimeiramanutenção emlinha de 750 kVenergizada

• Morre o craqueMané Garrincha

• O CD é lançadocomo substitutoao LP

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EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS38 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

LINHA DO TEMPO1984• Usina Hidrelétrica de

Itumbiara é inauguradaoficialmente

• O atleta Joaquim Cruzé ouro nos 800 mrasos em Los Angeles

• Fundação daAssociação dosAposentados deFURNAS (Após-FURNAS)

• Michael Jacksonse torna o rei doPop com o álbumThriller

• Angra 1 atinge100% depotência

EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS38 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

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• Tecnologiade FURNAS éutilizada naUsinaHidrelétricade Capanda,em Angola

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39EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNASRevista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

Crescimento e preocupaçãocom o Meio Ambiente

Alheia a crise econômica que assolava

o Brasil – quando o país enfrentava gran-

des desafios para retomar o crescimento,

FURNAS continuava a tocar seus projetos e

inaugurar seus empreendimentos. Em abril

de 1981, entrava oficialmente em opera-

ção a Usina Hidrelétrica de Itumbiara, loca-

lizada no rio Paranaíba, divisa dos estados

de Minas Gerais e Goiás. A usina – a maior

do Sistema FURNAS, com seis unidades

geradoras, potência instalada de 2.082

MW e um reservatório de 778 km2, com

capacidade de armazenamento de 17 bi-

lhões de m3 de água, é o principal aprovei-

tamento hidrelétrico do rio Paranaíba.

“Itumbiara significou muito para a Empre-

sa, aumentando em 39% a sua capacidade

instalada de geração” frisou o gerente da

usina, Joanaldo Teixeira de Oliveira –

29 anos de FURNAS.

1985• João Camilo Penna

assume a Presidênciade FURNAS

• A novelaRoque Santeiroconquista o país

• O festivalde músicaRock in Rioatrai 1,5 milhãode pessoas

Apesar de condições atmosféricas adver-

sas e do pioneirismo de suas turbinas, con-

sideradas as maiores do mundo no início dos

anos 80, Itumbiara foi projetada e construída

rigorosamente dentro dos prazos estabele-

cidos nos cronogramas originais. A partici-

pação de empresas brasileiras no empreen-

dimento foi de 97%, atingindo índices iné-

ditos de nacionalização neste tipo de obra.

No que diz respeito ao fornecimento dos

principais equipamentos, este índice che-

gou a 90%. “Devido à tecnologia de con-

creto, houve uma economia de cerca de

15% em relação ao consumo na constru-

ção da Usina de Marimbondo e de 41%

nas usinas de Funil, Luiz Carlos Barreto de

Carvalho e Porto Colômbia. Comparando

os consumos anteriores, Itumbiara econo-

mizou 3 milhões de sacos de cimento”

informou João Batista Santana Nogueira,

responsável pela instrumentação da bar-

ragem e com 27 anos de Empresa.

• O BoletimInformativode FURNAS (BIF)dá lugar aRevistaLinha Direta

• MorreTancredoNeves eJosé Sarneyassume aPresidênciado Brasil

39EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNASRevista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

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Vista panorâmica daconstrução da UHEde Itumbiara (MG/GO);na página oposta,construçãoda barragem

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EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS40 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

LINHA DO TEMPO

Em 1997, pioneiramente em FURNAS,

a Usina de Itumbiara passou a controlar,

remotamente, de sua sala de controle, a

Usina de Corumbá, possibilitando que a

mesma fosse “desassistida”. Hoje, um sis-

tema de última geração em eletrônica digi-

tal e fibras óticas “OPGW” interliga as

duas usinas.

Em 1981, o país começava a dar os

primeiros passos no campo da consciência

ambiental, com a promulgação da lei que

estabelecia as diretrizes da Política Nacio-

nal de Meio Ambiente e instituía o Conse-

lho Nacional de Meio Ambiente (Conama),

representando um marco legal e um ponto

de partida no tratamento da questão

ambiental no país. Seguindo essa verten-

te, em julho de 1983, FURNAS implantou

a primeira estrutura formal para lidar com

a questão ambiental associada a seus

empreendimentos. Alguns anos mais tar-

de, em janeiro de 1986, foi determinado

pelo Conama que as atividades modi-

ficadoras do meio ambiente dependeriam

da elaboração de um Estudo de Impacto

Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto

Ambiental (RIMA), a serem submetidos ao

exame das entidades ambientais de âmbi-

to federal e estadual. Entre elas, estavam

obras de transmissão de energia elétrica

acima de 10 MW. No ano seguinte, o

Conama regulamentou o processo de

licenciamento ambiental dos empreendi-

mentos do setor elétrico, instituindo a

obrigatoriedade de três licenças ambien-

tais, a Licença Prévia (LP), para dar início à

execução do projeto básico; a Licença de

Instalação (LI), como pré-requisito para o

início das obras; e a Licença de Operação

(LO), destinada ao enchimento dos reser-

vatórios, no caso de projetos hidrelétricos,

e operação comercial, no caso de empre-

endimentos termelétricos e sistemas de

transmissão e distribuição.

Reafirmando seu pioneirismo e a preo-

cupação com o meio ambiente e os habi-

tantes das áreas onde mantém empreendi-

mentos, FURNAS assinou, em 1986, seu

primeiro convênio com a Fundação Nacio-

nal do Índio (Funai), em apoio aos índios

Avá-Canoeiro que vivem próximo a Usina

Hidrelétrica de Serra da Mesa. “O convênio

garantiu a preservação, proteção e

relocalização dos Avá-Canoeiro”, lembra

a antropóloga de FURNAS, Eliana Granado,

acrescentando que, por afetar uma área

indígena, o empreendimento teve que ser

aprovado pelo Congresso Nacional.

LINHA DO TEMPO

EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS40 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

1986• Explode a

Usina Nuclearde Chernobyl,na Ucrânia

• O mundoassiste pela TVa explosão doônibus espacialChallenger

• FURNASassume aUsinaHidrelétricade Corumbá

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41EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNASRevista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

Grupo Avá-Canoeiro daregião de Serra da Mesa;Na foto acima, postoindígena Avá-Canoeiro-Funai, construído a partirde parceria com FURNAS

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41EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNASRevista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

• Lançado oPlano Cruzado

• Microcomputadorescomeçam a serinstalados emFURNAS

• Reagan eGorbatchevreduzem arsenal demísseis nucleares

• Morre o poetaCarlos Drummondde Andrade

• FURNAS concluias obras daprimeira linhaem correntealternada em750 kV

• Usina Hidrelétricade Estreito mudade nome para LuizCarlos Barreto deCarvalho

1987• FURNAS completa

30 anos

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EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS42 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

A usina, localizada na bacia do alto

Tocantins, próxima a cidade de Minaçu

(GO), era prioritária no programa de ex-

pansão da capacidade geradora da Empre-

sa, e integrante do Plano de Recuperação

Setorial (PRS), de 1985. Suas obras foram

iniciadas em 1987 e incluíram a constru-

ção de uma casa de força subterrânea, a

utilização de três unidades geradoras, que

totalizam 1.275 MW, e a formação de um

reservatório com capacidade para 54,4 bi-

lhões de m3 de água, o maior do Brasil em

volume. Ao todo, foi inundada uma área

de 1.784 km2, após um trabalho de resga-

te, catalogação e soltura dos animais em

áreas adjacentes, a exemplo do que ocorre

em todos os empreendimentos de FURNAS.

A construção da barragem possibilitou a

regularização do rio, proporcionando ga-

nhos diretos às usinas localizadas a jusante,

em particular a Usina Hidrelétrica de

Tucuruí, no Pará.

Se para o meio ambiente o início da

década representou uma caminhada a pas-

sos largos rumo a conscientização sobre as

questões ambientais, a ciência vislumbra-

va tempos difíceis. Começava a batalha

contra um inimigo silencioso e que ainda

hoje não foi vencido. Foi em 1981 que

surgiu a Aids, com a descoberta dos cinco

primeiros casos. No dia 5 de junho, cientis-

tas do Controle de Doenças dos EUA divul-

garam um documento onde relatavam ca-

sos de uma rara pneumonia em cinco ho-

mossexuais de Los Angeles. Após dois anos

de estudo, em 1983, foi descoberto que o

HIV era o vírus causador da doença. Nesse

ano, morreu no Brasil a primeira vítima, o

costureiro Marcos Viníc ius Resende

Golçalves, o Markito, com o diagnóstico

da doença no atestado de óbito. Após

mais de duas décadas de sua descoberta,

a Aids já provocou 25 milhões de mortes e

ainda infecta mais de 40 milhões de pesso-

as em todo o mundo.

Em 1983, com a economia deses-

tabil izada, o Brasil entrou em

negociações com o Fundo Mone-

tário Internacional (FMI) e credo-

res privados. Em pauta, uma dívi-

da de US$ 88 bilhões e a falta de

dólares para pagá-la. O pacote

fechado com o fundo previa uma

série de políticas ortodoxas que

resultou em recessão, inflação, fome,

desemprego, falências e concordatas, le-

vando o PIB a cair 2,9%.

Vista geral dasubestação 500 kV deSerra da Mesa (GO); nasfotos abaixo, resgate deanimais na região

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43EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNASRevista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

A retomada dodesenvolvimento

A volta do crescimento se deu no ano

de 1984, com o país fugindo da recessão

graças à recuperação da economia ame-

ricana, que proporcionou um aumento

de 40% nas exportações de aço no pri-

meiro semestre do ano. Com esse novo

estímulo, a atividade industrial come-

çou a se recuperar, atingindo um cresci-

mento de 7% ao longo do ano, com

destaque para a indústria de extração

mineral, que cresceu 27% devido aos

investimentos da Petrobrás no setor.

O PIB cresceu 5,7% em termos reais.

Nessa época, o Banco Nacional de De-

senvolvimento Econômico se tornava Ban-

co Nacional de Desenvolvimento Econômi-

co e Social (BNDES), apenas uma letra a

mais na sigla, mas que representava um

mundo novo de expectativas e desafios.

O lago da

Usina Hidrelétrica

de Itaipu inundou

uma área de

1.350 km2,

sendo 770 no Brasil,

representando

29 bilhões de m3

de água.

No lado brasileiro,

o empreendimento

atingiu

12 municípios,

exigindo o

remanejamento

de 40 mil pessoas.

Vista panorâmica da barragem de Itaipu

Caberia a ele incentivar o desenvolvimento

econômico em paralelo com o social. Para

tanto, o banco ficaria responsável pelas

operações do Fundo de Investimento So-

cial (Finsocial), criado em 1982 pelo presi-

dente João Figueiredo para apoiar progra-

mas de alimentação, habitação popular,

saúde, educação e amparo ao pequeno

agricultor. Com essa iniciativa, o governo

tentava minimizar as gigantescas carên-

cias sociais do país.

Nesta onda de otimismo, foi inaugura-

da, em 1984, a Usina Hidrelétrica de Itaipu,

empreendimento binacional, construído

por meio de uma parceria entre o Brasil e

o Paraguai, exatos nove anos após o início

das obras e dois anos após o enchimento

do reservatório. Situada no rio Paraná, na

fronteira entre as cidades de Foz do Iguaçu,

no Brasil, e Ciudad del Este, no Paraguai,

é a maior hidrelétrica do país.

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EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS44 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

Coube a FURNAS a construção do sistema misto de transmissão

de Itaipu, planejado para operar com dois circuitos de corrente

contínua, em 600 kV, e três circuitos em corrente alternada, em 750

kV. Os dois circuitos em corrente contínua, que ligavam diretamente

as subestações de Foz do Iguaçu e Ivaiporã (SP), foram implantados

para o transporte da energia gerada em 50 Hz, freqüência utilizada

no Paraguai. O primeiro entrou em operação em 1984, simultanea-

mente à inauguração da usina, e o segundo em 1988. A construção

do tronco de transmissão em corrente alternada teve o objetivo de

garantir o escoamento da energia gerada em 60 Hz. Suas duas

primeiras linhas foram concluídas em toda a sua extensão em 1986,

conectando as subestações de FURNAS em Foz do Iguaçu, inaugurada

em 1984, Ivaiporã (PR), Itaberá (SP) e Tijuco Preto (SP) – inauguradas

em 1982. O último circuito de 750 kV foi entregue à operação em

1989. As linhas e subestações implantadas pela Empresa para trans-

portar a energia de Itaipu ao Sistema Interligado Nacional compõem

um dos mais complexos sistemas de transmissão em todo o mundo.

A instalação completa das 18 máquinas da usina só foi concluída em

1991, totalizando 12.600 MW.

EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS44 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

Arquivo Itaipu Binacional

DÉCADA DE

Vertedouros de Itaipu à noite

Esporten Vôlei - Los Angeles, 1984n Boxe - Mike Tyson/ Adilson ‘Maguila’

Rodriguesn Fórmula 1 - Nélson Piquet e Ayrton

Sennan Futebol - Seleçãoda Copa de 82, naEspanha (consideradauma das melhores queo país já teve) e Seleçãode 86, no México

Programas de TVn Armação Ilimitada (1985-1988)n Perdidos na Noite (1984-1986)n Balão Mágico (1983-1986)n Xou da Xuxa (1986-1992)

Filmesn Indiana Jonesn E.T. o Extra-Terrestre (1982)n Os caça-fantasmas (1984)n Eu sei que vou te amar (1986)n Menino do Rio (1981)n Garota Dourada (1984)n Bete Balanço (1984)

Música

n Rock in Rio (1985)n Hollywood Rock (1988)n Época de ouro dos festivais

musicais - Zé Ramalho,Guilherme Arantes, RaimundoSodré, Amelinha, etc.

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Plano de Recuperação doSetor de Energia ElétricaA festa em comemoração pelo sucesso

da campanha Diretas Já foi repentinamen-

te substituída pela preocupação. Eleito

indiretamente presidente da República –

o primeiro civil depois de 20 anos de dita-

dura militar, Tancredo Neves foi internado

às pressas no dia 15 de março de 1985,

véspera de sua posse. Os brasileiros acom-

panharam atônitos o drama de suas diver-

sas cirurgias, Tancredo morreu em 21 de

abril. Apesar de frágil, a democracia do

Brasil conseguiu superar o trauma e con-

cluiu a transição, com o vice José Sarney

assumindo a Presidência com a equipe

ministerial escolhida por Tancredo.

Em 1985, na tentativa de reverter o

quadro de desequilíbrio do setor elétrico,

que a despeito do avanço tecnológico vi-

nha enfrentando crescentes dificuldades

de ordem financeira e institucional no iní-

cio da década, o presidente José Sarney

aprovou o Plano de Recuperação do Setor

de Energia Elétrica (PRS), que permitiu a

capitalização das empresas, assegurando

recursos para obras de geração prioritárias.

O plano ajudou durante um tempo, mas

acabou fracassando em virtude das de-

mandas da política antiinflacionária. Já

naquela época, o PRS apontou os riscos de

deficit no suprimento de energia, princi-

palmente nas regiões Sudeste, Centro-Oes-

te e Sul, em conseqüência do enquadramento

dos programas de obras no restrito quadro

de recursos para investimento e da queda

dos níveis dos reservatórios.

Nesse mesmo ano, pela primeira vez, o

tema conservação de energia ganhou rele-

vância, com a instituição do Programa Na-

cional de Conservação de Energia Elétrica

(Procel), em dezembro de 85, e as metas

físicas de referência de médio e longo

prazos foram anunciadas um ano depois.

Influenciado pelo sucesso da recente

campanha das Diretas Já, o Movimento

dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

realizou, em 1985, seu primeiro Encontro

Nacional, em Curitiba (PR), cujo tema era

“Ocupação é a única solução”. Neste mes-

mo ano, o governo de José Sarney aprovou

o Plano Nacional de Reforma Agrária

(PNRA), que tinha por objetivo dar aplica-

ção rápida ao Estatuto da Terra e viabilizar

a reforma agrária até o fim do mandato do

presidente, assentando 1,4 milhão de fa-

mílias. Em cinco anos de governo foram

assentadas menos de 90 mil, ou seja, 6%

da meta estabelecida no PNRA. Morre Tancredo Neves

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EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS46 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

Construção da barragemde Serra da Mesa

Arquivo FURNAS

Nos meses de novembro e dezembro de

1985, o BNDES promoveu o que seria a

primeira grande oferta pública de ações já

realizada no Brasil, com a venda pulveriza-

da, a prazo, de papéis da Petrobrás. Com a

operação, foram arrecadados cerca de

US$ 400 milhões. Aproximadamente 320

mil brasileiros que nunca tinham compra-

do ações participaram do investimento.

Foi um marco na história do esforço do

banco para desenvolver e fortalecer o mer-

cado de capitais no país.

EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNAS46 Revista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

Em 1986, pressionados por uma infla-

ção que atingiu 84% em fevereiro, o pre-

sidente José Sarney e o ministro da Fazen-

da, Dilson Funaro, lançavam, em 1º de

março, um plano de estabilização econô-

mica, conhecido como Plano Cruzado. A

reforma monetária congelou preços e sa-

lários por um ano e instaurou o gatilho

salarial, um reajuste usado toda vez que a

inflação atingisse 20%. O país mergulhou

na euforia e o partido do presidente, PMDB,

consagrou-se nas eleições para os gover-

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47EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS DE FURNASRevista FURNAS - Ano XXXIII - nº 337 - Fevereiro 2007

No ano seguinte, o país enfrentava um

problema semelhante, ainda que de pro-

porções muito menores. No dia 13 de ou-

tubro de 1987, dois catadores de sucata

invadem um prédio abandonado do Insti-

tuto Goiano de Radioterapia, em Goiânia

(GO), e retiram um bloco de chumbo de

equipamento de radioterapia para vendê-

lo a um ferro-velho. O equipamento con-

tinha cápsulas de césio-137, elemento

utilizado em irradiação de tumores. Aber-

tas por eles, as cápsulas liberaram e espa-

lharam um pó brilhante de origem radioa-

tiva. Ao todo, mais de 100 pessoas foram

contaminadas, 21 delas em estado grave,

o que resultou em quatro mortes. Foi o

maior acidente radioativo no país.

No final da década, a capacidade insta-

lada do parque gerador de FURNAS soma-

va 8.123 MW. Desse total, 6.800 MW eram

de origem hidráulica e os 1.323 MW res-

tantes de origem térmica, incluindo os 657

MW da Usina Nuclear de Angra 1. O com-

plexo sistema interligado da Empresa já

abrangia cerca de 14.700 km de linhas de

transmissão e 40 subestações, por onde

circulava mais de um terço da energia dis-

ponível no país, incluindo sua geração

própria e o repasse da energia de Itaipu e

de outras concessionárias.

MEMÓRIA DAELETRICIDADE

No final de 86, no mês

de outubro, com o apoio

de empresas e entidades

do setor de energia, a

Eletrobrás constituiu

o Centro da Memória

da Eletricidade.

Entidade cultural sem

fins lucrativos, o centro

surgiu com o objetivo de

promover a salvaguarda

do patrimônio histórico

do setor e a realização

de pesquisas sobre

a implantação e o

desenvolvimento

da indústria de

eletricidade no país.

nos estaduais. No entanto, após as com-

pras frenéticas pela população, os produ-

tos sumiram, o ágio tomou conta do país

e a inflação voltou. Em 1987, a economia

cresceu apenas 3,5%, bem abaixo das ta-

xas de 7,8% e 7,4% registradas em 1985

e 1986, respectivamente.

Na manhã de 26 de abril de 1986, o

mundo se chocava com o maior acidente

nuclear na história do mundo. Uma ex-

plosão atingiu o quarto reator da Usina

de Chernobyl, na Ucrânia, matando mais

de 2,5 mil pessoas e deixando a dúvida

sobre quantos outros se tornariam víti-

mas de problemas relacionados à radia-

ção liberada. Hoje, duas décadas de-

pois, a região de Chernobyl ainda apre-

senta altos índices de radioatividade.

Segundo o físico nuclear de FURNAS,

Miranildo Cabral, as chances de que

aconteça um acidente semelhante em

Angra 1 são mínimas. “A Empresa sem-

pre teve um grande cuidado com a segu-

rança em seus empreendimentos. Em

Angra não foi diferente. Todas as medi-

das para que acidentes como este não

viessem a acontecer no país foram toma-

das” atestou.

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