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181 REFORMA DO ESTADO E O TERCEIRO SETOR Art. 1º CAPÍTULO 4 LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS Jorge Munhos Souza ` LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993 Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Admi- nistração Pública e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ` CAPÍTULO I – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS ` SEÇÃO I – DOS PRINCÍPIOS Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras, ser- viços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei, além dos órgãos da administração direta, os fundos espe- ciais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entida- des controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. 1. COMENTÁRIOS 1.1. CONCEITO A necessidade de que a Administração realize licitação como mecanismo seletivo prévio às suas contratações é imposição constitucional, prevista no art. 37, XXI e no art. 175. Trata-se de procedimento administrativo disciplinado por lei e por ato administrativo prévio (edital), que determina critérios obje- tivos de seleção da proposta de contratação mais vantajosa, com observância do princípio da isonomia, conduzido por entes da Administração e pessoas por ela controladas. A Constituição, ao prever a necessidade de licitação como regra, pressupõe que sua adoção con- duzirá à seleção da proposta mais vantajosa, em respeito à isonomia dos licitantes. Contudo, deve-se sempre ter em mente que a licitação é um meio para a obtenção de um contrato administrativo vantajoso, motivo pelo qual não se justifica como atividade administrativa autônoma, possuindo função instrumental. 1 1.2. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS É competência privativa da União legislar sobre normas gerais de licitações e contratos (CF, art. 22, XXVII), o que não impede que os demais entes federados legislem sobre normas específicas acerca do tema. No exercício de sua competência privativa para legislar sobre normas gerais, a União editou a Lei 8.666/93. O art. 1º proclama que o diploma traz normas gerais sobre licitações e contratos 1 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 14 ed. São Paulo: Dialética, 2010, p. 60.

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    REFORMA DO ESTADO E O TERCEIRO SETOR Art. 1

    CAPTULO 4

    LICITAES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

    Jorge Munhos Souza

    ` LEI N 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993

    Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituio Federal, institui normas para licitaes e contratos da Admi-nistrao Pblica e d outras providncias.

    O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

    ` CAPTULO I DAS DISPOSIES GERAIS

    ` SEO I DOS PRINCPIOS

    Art. 1 Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitaes e contratos administrativos pertinentes a obras, ser-vios, inclusive de publicidade, compras, alienaes e locaes no mbito dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

    Pargrafo nico. Subordinam-se ao regime desta Lei, alm dos rgos da administrao direta, os fundos espe-ciais, as autarquias, as fundaes pblicas, as empresas pblicas, as sociedades de economia mista e demais entida-des controladas direta ou indiretamente pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios.

    1. COMENTRIOS

    1.1. CONCEITOA necessidade de que a Administrao realize licitao como mecanismo seletivo prvio s suas

    contrataes imposio constitucional, prevista no art. 37, XXI e no art. 175. Trata-se de procedimento administrativo disciplinado por lei e por ato administrativo prvio (edital), que determina critrios obje-tivos de seleo da proposta de contratao mais vantajosa, com observncia do princpio da isonomia, conduzido por entes da Administrao e pessoas por ela controladas.

    A Constituio, ao prever a necessidade de licitao como regra, pressupe que sua adoo con-duzir seleo da proposta mais vantajosa, em respeito isonomia dos licitantes. Contudo, deve-se sempre ter em mente que a licitao um meio para a obteno de um contrato administrativo vantajoso, motivo pelo qual no se justifica como atividade administrativa autnoma, possuindo funo instrumental.1

    1.2. COMPETNCIA PARA LEGISLAR SOBRE LICITAES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS competncia privativa da Unio legislar sobre normas gerais de licitaes e contratos (CF,

    art. 22, XXVII), o que no impede que os demais entes federados legislem sobre normas especficas acerca do tema.

    No exerccio de sua competncia privativa para legislar sobre normas gerais, a Unio editou a Lei 8.666/93. O art. 1 proclama que o diploma traz normas gerais sobre licitaes e contratos

    1 JUSTEN FILHO, Maral. Comentrios Lei de Licitaes e Contratos Administrativos. 14 ed. So Paulo: Dialtica, 2010, p. 60.

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    Art. 1 JORgE MunhOS SOuzA .

    administrativos pertinentes a obras, servios, inclusive de publicidade, compras, alienaes e locaes, aplicveis no mbito dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

    1.2.1. NORMAIS GERAIS X NORMAS ESPECFICASA expresso normas gerais um conceito jurdico indeterminado, motivo pelo qual nem sempre

    fcil definir o que ser uma norma geral e uma norma especfica. Tal indeterminao ocasiona dificul-dades para se delimitar a esfera de competncia da Unio e dos demais entes federados.

    Dois julgados do STF ilustram hipteses em que se considerou haver invaso de competncia de um ente federado sobre a esfera alheia, no mbito das licitaes.(A) Foi considerada inconstitucional a lei do Distrito Federal que vedava a contratao, pela Admi-

    nistrao, de pessoas jurdicas que discriminassem pessoas com nomes includos nos cadastros de proteo ao crdito. Considerou-se que a regra sobre incapacitao para contratar violava as normas gerais veiculadas na LLC. (Informativo 462 STF, ADI 3.670 Rel. Seplveda Pertence);

    (B) Foi considerada inconstitucional norma constante de LLC que prescreve regras sobre dispensa de licitao para a doao de bens imveis (art. 17, I, b da LLC). Considerou-se que a norma regula-mentou especificidades que afrontam a autonomia federativa e a competncia dos entes subna-cionais para legislar sobre normas especficas. (ADI 927-MC, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 3-11-1993, Plenrio, DJ de 11-11-1994.)

    1.2.2. LEI 8.666/93 LEI NACIONAL (NORMA GERAL) E LEI FEDERAL (NORMA ESPECFI-CA)

    Apesar de o art. 1 da LLC proclamar que as normas previstas no diploma seriam gerais, consta-ta-se que h uma srie de disposies especficas, que no poderiam ser estendidas aos demais entes federados, sob pena de violar a regra de competncia do art. 22, XXVII da CF.2 O exemplo mais claro aquele relacionado com as regras sobre dispensa de licitao para a doao de bens imveis (art. 17, I, b da LLC).

    Da se concluir que a LLC composta de normas gerais e normas especficas, sendo que somente as primeiras so aplicveis a todos os entes federados. Por ter essa caracterstica hbrida que se costuma afirmar que a LLC ao mesmo tempo lei nacional no que tange s normas gerais aplicveis a todos os entes federados e lei federal no que se refere s normas especficas, aplicveis apenas Unio.

    O STF entendeu que as normas especficas constantes da LLC no seriam inconstitucionais, mas teriam sua aplicao limitada Unio, podendo os Estados, o DF, os Municpios e os Territrios edita-rem livremente normas sobre o tema. (ADI 927-MC, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 3-11-1993, Plenrio, DJ de 11-11-1994)

    COMPETNCIA APLICABILIDADE

    NORMAS GERAIS

    Privativa da Unio Unio, Estados, DF, Municpios e Territrios

    NORMAS ESPECFICAS

    Concorrente entre Unio, Estados, Municpio, DF e Territrios

    Apenas se aplica para o ente que expedir a norma

    2 CF, Art. 22, XXVII: Compete privativamente Unio legislar sobre... Normas gerais de licitao e contratao, em todas as modalidades, para as administraes pblicas diretas, autrquicas e fundacionais da Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas pblicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, 1, III;

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    1.2.3. OUTRAS NORMAS GERAIS SOBRE LICITAES E CONTRATOSCom a edio da LLC a Unio no exauriu sua competncia para legislar acerca de normas gerais

    sobre licitaes e contratos. H diversos outros diplomas que tratam da matria, motivo pelo qual se aplicam aos demais entes federados, a saber: Lei 8.987/95 (regime de concesso e permisso para a prestao de servios pblicos); Lei 10.079/04 (regras para licitao e contratao de parceria pbli-co-privadas)3; Lei 10.520/02 (prego)4; Lei 12.232/10 (normas gerais sobre licitao e contratao de servios de publicidade prestados por agncia de propaganda).5

    1.2.4. NORMAS FEDERAIS ESPECFICAS SOBRE LICITAES E CONTRATOSEm outras oportunidades foram editados diplomas normativos que possuem regras especficas

    sobre licitaes e contratos, aplicveis apenas no mbito federal. Vale mencionar: Lei 9.472/97 (que instituiu normas especficas para a licitao e contratao realizadas no mbito da ANATEL, por meio das figuras da consulta e do prego); Lei 9.986/00 (que estendeu a possibilidade de utilizao da con-sulta e do prego para todas as agncias reguladoras)6; Lei 9.478/97 (prev a possibilidade de que a PETROBRS adote procedimento licitatrio simplificado);7 Lei 12.815/13 (que regula as licitaes para a concesso ou o arrendamento da explorao indireta dos portos organizados, que sero realizadas pela ANTAQ art. 6).

    Em prova para juiz federal do TRF3 foi exigido o conhecimento sobre a possibilidade de que a Unio editasse normas especficas sobre licitaes e contratos, aplicveis apenas em mbito federal. A alternativa correta a ser assinalada assim dispunha: A consulta restrita rbita federal, e de uso limitado s Agncias reguladoras, no constitui norma geral de licitao expedida com esteio no art. 22, XXVII da CF. (TRF 3. Concurso XII)

    1.3. PESSOAS SUBORDINADAS LICITAOO quadro abaixo esquematiza as pessoas que, de acordo com a redao do art. 1, pargrafo nico

    da LLC, esto subordinadas ao dever de licitar.

    Administao direta

    Fundos especiais Autarquias

    Fundaes pblicas

    Empresas pblicas

    Sociedades de economia

    mista

    Entidades diretamente controladas

    Entidades indiretamente controladas

    3 Art. 1 Esta Lei institui normas gerais para licitao e contratao de parceria pblico-privada no mbito dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

    4 Institui, no mbito da Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituio Federal, modalidade de licitao denominada prego, para aquisio de bens e servios comuns, e d outras providncias.

    5 Art. 1 Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitaes e contrataes pela administrao pblica de servios de publicidade prestados necessariamente por intermdio de agncias de propaganda, no mbito da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

    6 Art. 37. A aquisio de bens e a contratao de servios pelas Agncias Reguladoras poder se dar nas modalidades de consulta e prego, observado o disposto nos arts. 55 a 58 da Lei n 9.472, de 1997, e nos termos de regulamento prprio. Pargrafo nico. O disposto no caput no se aplica s contrataes referentes a obras e servios de engenharia, cujos procedimentos devero observar as normas gerais de licitao e contratao para a Administrao Pblica.

    7 Os dois diplomas normativos questionados tiveram sua constitucionalidade questionada no ponto relativo s regras especficas sobre licitaes e contratos. Apesar de ainda no haver deciso definitiva de mrito, o STF, no vislumbrando aparente inconstitucionalidade, no suspendeu a aplicabilidade dos dispositivos questionados em sede cautelar. Vide ADI 1668 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurlio e AC 1193 MC-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes.

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    1.3.1. AUTARQUIAS ESPECIAISNo h controvrsia sobre a necessidade de subordinao das agncias reguladoras (autarquias

    especiais) ao procedimento de licitao, tanto para realizar contratos necessrios ao desenvolvimen-to de suas atividades administrativas (v.g. aquisio de produtos de escritrio), como para aqueles contratos relacionados s suas atividades-fim (v.g. outorga da explorao do servio de telecomu-nicao pela ANATEL). Neste ltimo caso deve-se lembrar que se trata de exigncia constitucional (art. 175 CF).

    A controvrsia que surge se relaciona com a opo da Lei 9.472/97 de prever normas especficas sobre licitaes a serem realizadas pela ANATEL (derrogadoras da Lei 8.666/93), cuja regulamentao deveria ser realizada por ato administrativo do Conselho Diretor.

    O STF considerou, liminarmente, inconstitucional a regra que estabelecia competncia do Con-selho Diretor da ANATEL para aprovar normas prprias de licitao e contratao (art. 22, II)8. Con-tudo, julgou constitucional a norma que previa a possibilidade de que a agncia se utilizasse das modalidades licitatrias do prego e da consulta para a contratao de obras e servios, excludas as de engenharia. O principal argumento para considerar constitucionais essas duas modalidades licitatrias foi a existncia de regras legalmente estabelecidas indicando seus contornos mnimos.9 (STF, ADI 1.668-DF)

    Por isso correta a afirmao de que as agncias reguladoras no se subordinam integralmente s regras da Lei n 8.666/93, como nas hipteses da realizao de licitaes pelas modalidades prego e consulta.

    Contudo, em muitos casos, as agncias reguladoras devero obedecer aos preceitos da Lei 8.666/93, como ocorre na contratao de obras e servios de engenharia. Por isso falsa a assertiva que dizia: Em razo de previso legal especfica, permitida s agncias reguladoras a contratao de servios peoa modalidade de consulta, inclusive para contrataes referentes a servios de engenharia, contrariando o que prev a Lei 8.666/93, que institui normas para licitaes e contratos da administrao pblica. (CESPE. 2006. ANATEL. Analista administrativo)

    1.3.2. AUTARQUIAS PROFISSIONAISFirmado pelo STF o entendimento de que os Conselhos profissionais como o CREA, o CRO e o CFM

    possuem natureza autrquica (ADI 1.717, Min. Rel. Sidney Sanches, DJ 28.03.2003), no resta dvidas sobre sua submisso ao dever de licitar.

    A nica ressalva a este entendimento relaciona-se OAB. Tendo o STF considerado que se trata de entidade prestadora de servio pblico independente, conclui-se que a mesma no se submete obrigao de licitar. (ADI 3026/DF, rel. Min. Eros Grau, 8.6.2006).

    8 Art. 22. Compete ao Conselho Diretor . .. II aprovar normas prprias de licitao e contratao;9 Art. 54. A contratao de obras e servios de engenharia civil est sujeita ao procedimento das licitaes previsto em

    lei geral para a Administrao Pblica. Pargrafo nico. Para os casos no previstos no caput, a Agncia poder utilizar procedimentos prprios de contratao, nas modalidades de consulta e prego. O art. 37 da Lei 9.986/00 estendeu a aplicao da regra para todas as agncias reguladoras: Art. 37. A aquisio de bens e a contratao de servios pelas Agncias Reguladoras poder se dar nas modalidades de consulta e prego, observado o disposto nos arts. 55 a 58 da Lei n 9.472, de 1997, e nos termos de regulamento prprio. Pargrafo nico. O disposto no caput no se aplica s contrataes referentes a obras e servios de engenharia, cujos procedimentos devero observar as normas gerais de licitao e contratao para a Administrao Pblica.

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    1.3.3. EMPRESAS ESTATAIS EXPLORADORAS DE ATIVIDADE ECONMICA EM SENTIDO ESTRITO

    O art. 1, pargrafo nico da LLC e o art. 37, XXI da CF no fazem qualquer ressalva sobre a im-posio do dever de licitar s empresas pblicas e sociedades de economia mista, quer sejam elas prestadoras de servios pblicos ou exploradoras de atividade econmica.

    Visando compatibilizar essa imposio legal s peculiaridades das empresas estatais exploradoras de atividade econmica, a doutrina e a jurisprudncia firmaram o entendimento de que no haveria o dever de licitar nas hipteses em que, para realizarem suas atividades-fim, o procedimento licitatrio pudesse inviabilizar o cumprimento do escopo para a qual foram criadas. Para todas as demais situa-es relacionadas s suas atividades-meio, as empresas estatais exploradoras de atividade econmica deveriam se submeter licitao. Exemplificando: A Petrobrs no se submeteria ao dever de licitar para contratar uma empresa para transportar petrleo, assim como no seria necessrio que o Banco do Brasil realizasse licitao para contratar seguro para determinada operao financeira.10 Contudo, ambas deveriam realizar licitaes para a aquisio de suprimentos e material de escritrio.

    Esquematicamente:

    EMPRESAS ESTATAIS EXPLORADORAS DE ATIVIDADE ECONMICA

    EMPRESAS ESTATAIS PRESTADORAS DE SERVIO PBLICO

    Atividades-fim licitao inexigvel

    Atividades-meio obrigao de licitar

    Sempre obrigada a licitar

    A EC 19/98 visou explicitar o entendimento acima, alterando o art. 173, 1, inc. III da CF. Passou a existir a previso da possibilidade da edio de lei que estabelecesse o estatuto jurdico das empresas estatais exploradoras de atividade econmica, dispondo sobre licitao e contratao de obras, servi-os, compras e alienaes, observados os princpios da administrao pblica.

    Esse raciocnio no se aplica s empresas estatais prestadoras de servios pblicos, que estariam totalmente submetidas ao dever de licitar. Por isso falso o enunciado na prova da OAB: Nos termos da CF, as empresas estatais (sociedades de economia mista e empresas pblicas), quando prestadoras de servio pblico, podem elaborar ato normativo sobre licitao observados os princpios da administrao.

    Utilizando-se dessa autorizao foram editadas normas prevendo um procedimento simplificado de licitao para a Petrobrs (art. 67 da Lei 9.478/97 c/c Dec. 2.745/98), cuja constitucionalidade est sendo respaldada pelo STF, ainda que no haja deciso definitiva sobre o tema.11 Por isso foi consi-derada verdadeira a seguinte questo: Segundo liminar em mandado de segurana deferida PETRO-

    10 ... nestas hipteses em que o procedimento licitatrio inviabilizaria o desempenho das atividades especficas para as quais foi instituda a entidade entender-se- inexigvel a licitao. Isto ocorre quando suas aquisies ou alienaes digam respeito ao desempenho de atos tipicamente comerciais, correspondentes ao prprio objeto a que a pessoa est preposta e desde que taus atos demandem a agilidade, a rapidez, o procedimento expedito da vida negocial corrente, sem o qu haveria comprometimento da boa realizao de sua finalidade. Fora destes casos, entretanto, o dever de licitar se impe e evidente nas hipteses em que a entidade apenas est adquirindo, montando, reformando ou alienando suas instalaes ou equipamentos, sem que, em tais operaes, haja interferncia de qualquer peculiaridade relacionada com as exigncias da atividade negocial que lhe pertinente. (MELLO, Celso Antnio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 19 ed. So Paulo: Editora Malheiros, 2005, p. 505). No mesmo sentido Maral e Jos dos Santos Carvalho Filho.

    11 Informativo 426, 522 e 634 do STF. Vale acompanhar o desfecho do RE 441.280. H entendimento de que o Decreto presidencial que regulamenta o procedimento licitatrio simplificado da Petrobrs seria inconstitucional por duas razes: i) o art. art. 173, 1, inc. III da CF exige lei formal sobre o tema, motivo pelo qual no seria possvel a delegao realizada pelo art. 67 da Lei 9.478/97; ii) o art. 173, 1, inc. III da CF exige a edio de uma lei que regulamente o tema uniformemente para todas as empresas estatais exploradoras de atividade econmica, no podendo existir tratamento casustico para a Petrobrs.

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    BRS, o STF abriu a possibilidade de que empresas pblicas e sociedades de economia mista que atuem em atividades econmicas e tenham regulamentos prprios licitatrios no precisam seguir a 8.666/93. (CESPE. 2009. ANATEL)

    Destaca-se que o TCU possui entendimento de que enquanto no editada a lei prevista no art. 173, 1, inc. III da CF, ou enquanto no houver deliberao de mrito do STF sobre a constitucionalidade do Dec. 2.745/98, aplicam-se Petrobrs as disposies da Lei 8.666/93, ressalvada a hiptese em que a aplicao desse estatuto constituir bice intransponvel atividade negocial da empresa, devidamente justificado nos autos do processo licitatrio. (Acrdo 1.854/09, Min. Raimundo Carreiro)

    1.3.4. ORGANIZAES SOCIAIS E OSCIPSApesar de serem beneficirias de bens, pessoal e recursos pblicos, ambas no esto submeti-

    das ao dever de licitar, porquanto so pessoas jurdicas de direito privado e por ele regidas, no se inserindo entre as entidades controladas direta ou indiretamente pela Administrao.

    As leis de regncia das organizaes sociais (Lei 9.637/98) e das OSCIPs (Lei 9.790/99) reforam a desnecessidade de submisso a Lei 8.666/93, mencionando que regulamentos prprios dos entes de colaborao disciplinaro os procedimentos para a contratao de obras e servios, bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Pblico.12

    No mbito federal, o art. 11 do Dec. 6.170/07, que derrogou o Dec. 5.504/05, confirma a desne-cessidade de licitao para que os entes de colaborao adquiram produtos ou contratem servios com recursos federais transferidos, exigindo-se apenas a observncia dos princpios da impessoalidade, moralidade e economicidade, sendo necessria, no mnimo, a realizao de cotao prvia de preos no mercado antes da celebrao do contrato.

    H tambm a possibilidade de dispensa de licitao quando a Administrao pretender celebrar contrato de prestao de servio com organizaes sociais (no se estende s OSCIPs), nica e exclusi-vamente para atividades contempladas no contrato de gesto (LLC, art. 24, XXIV).

    1.3.5. SERVIOS SOCIAIS AUTNOMOSEntende-se que no esto submetidas LLC, sendo vlidos os regulamentos licitatrios sim-

    plificados adotados pelos integrantes do sistema S, que devem balizar-se pelos princpios constitu-cionais relativos Administrao Pblica.13

    O STF j se posicionou sobre o tema nos seguintes moldesA CF, no art. 37, XXI, determina a obrigatoriedade de obedincia aos procedimentos licitatrios

    para a administrao pblica direta e indireta de qualquer um dos poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios. A mesma regra no existe para as entidades privadas que atuam em

    12 Lei 9.637/98, art. 17. A organizao social far publicar, no prazo mximo de noventa dias contado da assinatura do contrato de gesto, regulamento prprio contendo os procedimentos que adotar para a contratao de obras e servios, bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Pblico.

    Lei 9.790/99, art. 14. A organizao parceira far publicar, no prazo mximo de trinta dias, contado da assinatura do Termo de Parceria, regulamento prprio contendo os procedimentos que adotar para a contratao de obras e servios, bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Pblico, observados os princpios estabelecidos no inciso I do art. 4 desta Lei.

    13 Nesse sentido o pacfico entendimento do TCU pacfica a jurisprudncia desta Corte no sentido de que as entidades do Sistema S devem realizar aquisies de bens e servios e contratar pessoal no forma de seus regulamentos prprios, que devem balizar-se pelos princpios constitucionais relativos administrao pblica. (Acrdo 24/2009, Plenrio, rel. Min. Aroldo Cedraz)

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    LICITAES E COnTRATOS ADMInISTRATIVOS Art. 1,

    colaborao com a administrao pblica, como o caso do PARANAEDUCAO. (ADI 1.864, Rel. p/ o ac. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 8-8-2007, Plenrio, DJE de 2-5-2008.)

    1.3.6. FUNDAES DE APOIOEm regra no se submetem licitao, uma vez que so constitudas sob a forma de fundaes

    de direito privado. Contudo, na execuo de convnios, contratos, acordos e/ou ajustes que envolvam a aplicao de recursos pblicos devero observar a legislao federal que institui normas para licita-es e contratos referentes contratao de obras, compras e servios (art. 3, inc. I da Lei 8.958/94).

    2. SMULAS E JURISPRUDNCIA

    ` Convnios de prestao de servios de assistncia sade: Geap e licitao. O Plenrio, por maioria, denegou mandados de segurana coletivos, impetrados contra acrdo do TCU, em que se discutia a validade de convnios de prestao de servios de assistncia sade entre a Geap Fundao de Seguridade Social e vrios rgos e entidades da Administrao Pblica. Na espcie, a Corte de Contas reputara regulares apenas os convnios firmados com os entes patrocinadores da entidade (os Ministrios da Sade e da Previdncia Social, a Empresa de Tecnologia e Informao da Previdncia Social Dataprev e o Instituto Nacional do Seguro Social INSS). Entendera obrigatria a licitao para a celebrao de quaisquer outras avenas com os demais entes da Administrao Pblica que no os rgos legti-mos detentores da condio de patrocinadores, observado, assim, o disposto no art. 1, I e II, do Decreto 4.978/2004, alterado pelo Decreto 5.010/2004, e no art. 37, XXI, da CF. Considerou-se no atendidas as exigncias legais a permitir convnios com aqueloutros rgos e entidades. Registrou-se a legitimidade do ato do TCU. Alm disso, assentou-se a ausncia de ilegalidade, de ameaa ou violao a direitos no acrdo impugnado. O Min. Ricardo Lewandowski salientou que a Geap no se enquadraria nos requisitos que excepcionariam a obrigatoriedade da realizao de procedimento licitatrio para a consecuo de convnios de adeso com a Administrao Pblica. O Min. Marco Aurlio enfatizou que a Corte de Contas teria atuado a partir do arcabouo normativo, principalmente o constitucional. O Min. Teori Zavascki complementou que o reconhecimento do direito imporia condio a envolver e modificar a esfera jurdica da Geap, o que no seria possvel no caso. Vencidos os Ministros Ayres Britto, relator, Eros Grau e Dias Toffoli, que deferiam parcialmente as ordens. MS 25855/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acrdo Min. Crmen Lcia, j. 20.3.2013. Pleno. (Info 699).

    ` Efeito Suspensivo em RE: Petrobrs e Licitao Simplificada. A Turma, resolvendo questo de ordem, deferiu medida cautelar para emprestar efeito suspensivo a recurso extraordinrio interposto pela Petrleo Brasileiro S/A Petrobrs contra acrdo do STJ que, tambm em medida cautelar, restabelecera a eficcia de tutela antecipada que suspendera as suas licitaes, as quais utilizavam procedimento licitatrio simplificado, previsto na Lei 9.478/97 e regulamentado pelo Decreto 2.745/98. Consideraram-se presentes os requisitos necessrios pleiteada concesso. Quanto plausibilidade jurdica do pedido, asseverou-se que a submisso da Petrobrs a regime diferenciado de licitao estaria, primei-ra vista, justificado, tendo em conta que, com o advento da EC 9/95, que flexibilizara a execuo do monoplio da atividade do petrleo, a ora requerente passara a competir livremente com empresas privadas, no sujeitas Lei 8.666/93. Entendeu-se que a suspenso das licitaes realizadas com base no Regulamento do Procedimento Licitatrio Simplificado (Decreto 2.745/98 e Lei 9.478/97) poderia tornar invivel a atividade da Petrobrs e comprometer o processo de explorao e distribuio do petrleo em todo pas, com reflexos imediatos para a indstria, comrcio e, enfim, para toda a populao. AC 1193 QO-MC/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 9.5.2006. 2 T. (Info. 426).

    ` Operao. TV a cabo. Licitao. No REsp, a discusso consiste no enquadramento da atividade exercida pela recorrida que, para a agncia reguladora recorrente, clandestina. Para o Min. Relator, a recorrente tem razo quando afirma que, de acordo com o art. 5, V, da Lei n. 8.977/1995, considera-se a recorrida como operadora de TV a cabo, mas a execuo de TV a cabo depende de concesso do Poder Pblico (arts. 11, 12 e 13 da citada lei). Assim, concluiu-se ser necessrio procedimento licitatrio para garantia da concesso do Poder Pblico. REsp 1.014.252-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 13/4/2010. 2 t. (Info. 430)

    ` Art. 1, pargrafo nico, da Lei 8.666/93 e Petrobrs. O Plenrio iniciou julgamento de recurso extraordinrio em que se discute a aplicao, ou no, Petrobrs, do disposto no art. 1, pargrafo nico, da Lei 8.666/93 (Art. 1 Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitaes e contratos administrativos pertinentes a obras, servios, inclusive de publicidade, compras, alienaes e locaes no mbito dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios. Pargrafo nico. Subordinam-se ao regime desta Lei, alm dos rgos da administrao direta, os fundos especiais, as autarquias, as funda-es pblicas, as empresas pblicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indireta-mente pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios.). Na espcie, o tribunal local reformara sentena concessiva de indenizao em favor das empresas recorrentes e assentara, por seu rgo Especial, a no-incidncia do aludido dispositivo legal Petrobrs, ao fundamento de que, por se tratar de sociedade de economia mista, seu regime jurdico seria de nature-za privada. As recorrentes sustentam violao ao art. 37, XXI, da CF, ao argumento de que seria nulo o ato da Petrobrs que

  • 188

    Art. 1, JORgE MunhOS SOuzA .

    cancelara contrato com elas firmado e submetera a outra empresa os servios de afretamento de navios, sem observncia regra constitucional que exige licitao. O Min. Dias Toffoli, relator, desproveu o recurso, para afastar a aplicabilidade do art. 1, pargrafo nico, da Lei 8.666/93, recorrida. Inicialmente, destacou que, poca dos fatos em discusso, vigorava o art. 173, 1, da CF, em sua redao original. Considerou que se preconizava, ento, que a sociedade de economia mista, a empresa pblica e outras entidades que viessem a explorar atividade econmica deveriam sujeitar-se a regime jurdico prprio de empresas privadas, inclusive quanto a obrigaes trabalhistas e tributrias. Afirmou que a EC 19/98, ao alterar o referido dispositivo, determinara que o estatuto jurdico da sociedade de economia mista e da empresa pblica, de produ-o ou comercializao de bens ou de prestao de servios, deveria ser estabelecido por lei. Aduziu, entretanto, que, em ambos os momentos em que redigidas essas normas constitucionais, desejara-se proteger a atividade dessas sociedades, impondo-lhes, sempre, o regime de empresas privadas. Asseverou que esse aspecto revelaria a preocupao de assegurar que o desempenho das sociedades de economia mista pudesse se equivaler ao das demais empresas no mercado, de maneira a afastar qualquer mecanismo de proteo ou de privilgios. Assinalou que, em observncia disciplina consti-tucional trazida pela EC 9/95, que relativizara o monoplio do petrleo, outrora exclusivo da Unio, a empresa recorrida passara a se submeter a regime diferenciado de licitao nos termos da Lei 9.748/97 e do Decreto 2.745/98 , uma vez que sua atividade econmica vinculara-se a um regime de livre competio. Consignou no se poder exigir que a recorrida se subordinasse aos rgidos limites da licitao destinada aos servios pblicos prevista na Lei 8.666/93 , sob pena de se criar grave obstculo ao normal desempenho de suas atividades comerciais. Destacou que a interpretao no sentido de que empresas como essa se sujeitam a regime jurdico de direito privado seria at mesmo anterior s referidas emendas constitucionais e que as exigncias mercadolgicas em contratos de afretamento, como no caso, seriam incompatveis com a Lei 8.666/93, tendo em vista se tratar de modelos contratuais padronizados internacionalmente. Reputou, ademais, que a globalizao da economia exigiria que se descentralizasse a produo de bens e servios, considerados os preos e as condies de fornecimento, razo pela qual o Estado moderno deveria se adequar a essas exigncias competitivas, sob o risco de derrocada econmica. Concluiu que empresas de economia mista que disputam livremente o mercado, sob o regime de empresas privadas, conforme a Constituio, deveriam estar submetidas a regramento prprio e diferenciado, de acordo com o que o constituinte derivado pretendera aperfeioar desde a edio da EC 9/95. Em divergncia, o Min. Marco Aurlio proveu o recurso, para assentar a constitucionalidade do dispositivo questionado. Afirmou que as socieda-des de economia mista estariam obrigadas a contratar mediante licitao, considerada a eficcia do ordenamento jurdico constitucional e o cuidado quanto coisa pblica. Aduziu que o art. 37, XXI, da CF teria por escopo evitar que interesses maiores fossem norteados por certa poltica vigente, com o fim de se beneficiar algum cidado em detrimento de outros. Ressaltou a necessidade de tratamento igualitrio de tantos quantos se disponham a contratar com a Administrao Pbli-ca, em que pese a existncia de normas especiais de regncia. Consignou que a leitura da alterao legislativa promovida pela EC 19/98 levaria a duas concluses: a de que o instituto da licitao teria sido inicialmente previsto de forma a abranger as sociedades de economia mista; e a de que a lei prpria ao estatuto da sociedade de economia mista e subsidirias, bem como da empresa pblica ambas exploradoras de atividade econmica de produo ou comercializao de bens ou de prestao de servios deveria tratar de licitao, observados os princpios da Administrao Pblica. Afirmou que o art. 173, 1, da CF originalmente dispunha que empresas pblicas e sociedades de economia mista seriam pessoas jurdicas de direito privado, submetidas, portanto, a regime jurdico pertinente s empresas privadas propriamente ditas. Frisou, entretanto, que o aludido dispositivo no exclua obrigao prpria da Administrao Pblica geral, mas apenas afastava tratamento preferencial, a implicar desequilbrio de mercado. Enfatizou que, sob o ngulo da licitao, com a EC 19/98 viera balha dispositivo a especific-la, e no a afast-la. Desse modo, concluiu no haver conflito entre o art. 173, 1, da CF e o art. 1, pargrafo nico, da Lei 8.666/93. Aps, pediu vista dos autos o Min. Luiz Fux. RE 441280/RS, rel. Min. Dias Toffoli, j. 3.8.2011. Pleno. (Info 634).

    3. QUESTES DE CONCURSOS

    1. (FCC/TCE-AM/Auditor/2007) De acordo com as normas constitucionais e legais aplicveis, nas contrataes feitas por sociedades de economia mista exploradoras de atividade econmica, o prvio procedimento licitatrio

    (A) inexigvel, dada a sujeio dessas entidades a um regime jurdico prprio das empresas privadas.(B) dispensvel sempre que visar aquisio de bens ou tomada de servios comuns, como modo de garantia de com-

    petio no mercado em condies de igualdade com particulares.(C) poder ser regido por estatuto jurdico especfico, situao em que as normas da Lei n 8.666/93 sero aplicadas suple-

    tivamente.(D) no passvel de dispensa ou inexigibilidade.(E) dispensvel para compras, obras ou servios no valor de at 30% dos limites previstos na Lei n 8.666/93 para a moda-

    lidade convite, tomados por essas entidades, quando qualificadas, na forma da lei, como agncias executivas.

    2. (PUC/TJ-PR/Juiz Substituto/2010 adaptada) So caracterizveis como normas gerais de licitao aquelas que exau-rem o assunto nelas versado, dispensando regramento sucessivo e que permitem consequncias dspares sobre as diver-sas reas a que se aplicam.

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    LICITAES E COnTRATOS ADMInISTRATIVOS Art. 2

    3. (CESPE/STM/Analista /2011) As empresas pblicas, devido ao seu carter eminentemente privado, no esto obrigadas realizao de procedimentos licitatrios.

    4. (PUC-PR/TJ-RO/Juiz Substituto /2011 adaptada) Esto subordinados ao regime da Lei 8.666/93, alm dos rgos da administrao direta, os fundos especiais, as autarquias, as fundaes pblicas, as empresas pblicas, as sociedades de economia mista, sociedades annimas e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios.

    5. (IESES/TJ-CE/Titular de Servios de e Registros/2011 adaptada) De acordo com o previsto na Lei n 8.666/1993 (Lei das Licitaes), os chamados fundos especiais institudos pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios tambm se subordinam s normas gerais sobre licitaes e contratos administrativos.

    6. (FUMARC/TJ-MG/Tcnico Judicirio/2012 adaptada) Considera-se como Administrao Pblica a administrao direta e indireta da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, abrangendo, inclusive, as entidades com personalidade jurdica de direito privado sob controle do poder pblico e das fundaes por ele institudas ou mantidas.

    7. (TRF3/Juiz Federal/2013 adaptada) A licitao constitui processo administrativo em larga medida vinculado, obriga-trio como regra para celebrao, pela Administrao Pblica, direta e indireta, de contratos de seu interesse, compor-tando variados ritos procedimentais, nos termos da lei.

    GAB1 2 3 4 5 6 7C E E E C C C

    Art. 2 As obras, servios, inclusive de publicidade, compras, alienaes, concesses, permisses e locaes da Administrao Pblica, quando contratadas com terceiros, sero necessariamente precedidas de licitao, ressalva-das as hipteses previstas nesta Lei.

    Pargrafo nico. Para os fins desta Lei, considera-se contrato todo e qualquer ajuste entre rgos ou entidades da Administrao Pblica e particulares, em que haja um acordo de vontades para a formao de vnculo e a estipu-lao de obrigaes recprocas, seja qual for a denominao utilizada.

    1. COMENTRIOS

    1.1 LICITAO PARA SERVIOS DE PUBLICIDADE

    O art. 2 especifica quais os possveis objetos dos contratos administrativos e, por conseguinte, da licitao. Alguns deles foram regulados de forma minudente pela LLC: obras e servios (art. 7 ao 13), compras (art. 14 ao 16) e alienaes (art. 17 ao 19). Outros objetos foram tratados em legislao especfica, como as concesses e as permisses de servios pblicos (Lei 8.987/95 e Lei 10.079/04).

    Merecem destaque as inovaes inseridas pela Lei 12.232/10, que disps sobre as normas gerais para licitao e contratao pela administrao pblica de servios de publicidade prestados por intermdio de agncias de propaganda.

    a) Por servios de publicidade entende-se o conjunto de atividades realizadas integradamente que tenham por objetivo o estudo, o planejamento, a conceituao, a concepo, a criao, a execuo interna, a intermediao e a superviso da execuo externa e a distribuio de publicidade aos veculos e demais meios de divulgao, com o objetivo de promover a venda de bens ou servios de qualquer natureza, difundir ideias ou informar o pblico em geral (art. 1).

    A lei veda expressamente que sejam includos como objeto dos contratos de servios de publici-dade atividades como as de assessoria de imprensa, comunicao e relaes pblicas ou as que tenham por finalidade a realizao de eventos festivos de qualquer natureza (art. 1, 2).

    b) Ser possvel a adoo de quaisquer das 5 modalidades de licitao previstas na Lei 8.666/93: concorrncia, tomada de preos, convite, concurso e leilo (art. 5);

    c) Somente se admitir a adoo dos seguintes tipos de licitao melhor tcnica ou tcnica e pre-o (art. 5);

  • 190

    Art. 2 JORgE MunhOS SOuzA .

    d) O instrumento convocatrio exigir alguns elementos adicionais queles previsto na LLC (art. 40), valendo-se destacar que: i) a Administrao, por meio de um briefing, dever apresentar informa-es suficientes para que os interessados elaborem propostas; ii) a proposta tcnica ser com-posta de um plano de comunicao publicitria, que dever ser apresentado em 2 (duas) vias (uma sem a identificao de sua autoria e outra com a identificao); iii) ser vedada a aposio, a qualquer parte da via no identificada do plano de comunicao publicitria, de marca, sinal ou palavra que possibilite a identificao do seu proponente.

    e) A lei dispensa expressamente que o instrumento convocatrio seja acompanhado de projeto bsico e/ou executivo e oramento estimado em planilhas de quantitativos e preos unitrios (art. 6 da Lei 12.232/10 c/c art. 40, 2, inc. I e II da 8.666/93). O ponto foi exigido pelo CESPE, na se-guinte assertiva falsa: Um contrato para a prestao de servio de publicidade para uma entidade da administrao pblica dever ser precedido da apresentao de projeto bsico e projeto executivo, para que se proceda licitao referente contratao. (CESPE. 2012. ANCINE. Tcnico Administrativo)

    f) Poder haver duas comisses de licitao. Alm da comisso permanente ou especial, poder haver uma subcomisso tcnica responsvel pela anlise e julgamento das propostas tcnicas apresentadas pelas agncias de publicidade (art. 10, 1). A subcomisso ser composta de pelo menos 3 (trs) membros que sejam formados em comunicao, publicidade ou marketing ou que atuem em uma dessas reas, sendo que pelo menos 1/3 (um tero) deles no podero manter nenhum vnculo funcional ou contratual, direto ou indireto, com o rgo ou a entidade respons-vel pela licitao. Quando a licitao for realizada sob a modalidade de convite ser possvel que a subcomisso seja substituda pela comisso permanente de licitao ou, inexistindo esta, por servidor formalmente designado pela autoridade competente, que dever possuir conhecimentos na rea de comunicao, publicidade ou marketing.

    g) Haver a inverso das fases de habilitao e julgamento. Em primeiro lugar sero analisadas e julgadas as propostas tcnicas (plano de comunicao publicitria julgada pela subcomisso tcnica) e as propostas de preo. Apenas aps a publicao do resultado final do julgamento os licitantes sero convocados para apresentar documentos de habilitao. (art. 10)

    h) A Lei 8.666/93 veda expressamente a contratao direta por inexigibilidade de servios de publicidade e divulgao, ainda que se trate de servios tcnicos de natureza singular, com profis-sionais ou empresas de notria especializao (art. 25, II).

    2. QUESTES DE CONCURSOS

    1. (TJ-PR/Cartrios/2007 adaptada) Licitao um procedimento posterior qualquer contratao da Administrao Pblica.

    2. (TJ-SC/Cartrios/2008) obrigao do Poder Pblico, atravs de seus administradores, contratar obras, servios, com-pras, alienaes, concesses, permisses e locaes com pessoa fsica ou jurdica:

    (A) Observada a idoneidade do fornecedor, mediante consulta aos seus antecedentes processuais.(B) Mediante simples procedimento de consulta a rgos de defesa do consumidor, visando o interesse pblico e o melhor preo.(C) Mediante convite enviado s pessoas que j tiverem efetuado outras obras para a Administrao, visando o interesse

    pblico e o melhor preo.(D) Necessariamente mediante procedimento judicial, com a citao de todos os interessados no certame.(E) Necessariamente mediante prvia licitao, excetuadas as hipteses previstas em lei.

    3. (CESPE/MPE-RO/Promotor de Justia/2008 adaptada) O prefeito de determinado municpio pretende contratar uma empresa de publicidade para divulgar as aes de seu governo. Nessa situao, mesmo diante da notria especiali-dade, o contrato no poder ser firmado com inexigibilidade de licitao.

    4. (CESPE/PGE-PB/Procurador do Estado/2008) Um prefeito, tendo realizado contratao direta de um publicitrio para a realizao dos servios de publicidade institucional da prefeitura, justificou o seu ato sob o argumento de que, por se tratar de servio tcnico de notria especializao, no seria exigvel a licitao. Na situao apresentada, a atitude do prefeito, luz da Lei de Licitaes, deve ser considerada:

  • 191

    LICITAES E COnTRATOS ADMInISTRATIVOS Art. 3

    (A) correta, visto que, de fato, por constituir servio tcnico de notria especializao, a mencionada contratao dispensaria procedimento licitatrio.

    (B) errada, pois no se trata de hiptese de inexigibilidade de licitao, mas de dispensa de licitao.(C) errada, pois servios de publicidade no podem ser classificados como de notria especializao, sendo necessrio o

    procedimento de licitao para a contratao desse tipo de servio.(D) correta, pois, geralmente, as contrataes de servios de publicidade so de baixo valor, o que assegura a contratao

    direta, sem licitao.(E) errada, pois prefeituras so impedidas de contratar servios de publicidade.

    5. (CESPE/ANAC/Tcnico Administrativo/2012) A administrao, diante da necessidade premente de determinado servio tcnico de natureza singular, contratou a empresa de Ricardo L., de notria especializao em auditoria financeira e tribut-ria, sem a realizao de licitao. A partir desse exemplo hipottico, e com base na Lei n 8.666/1993, julgue os itens a seguir.

    Caso a empresa de Ricardo L. preste servios tcnicos de publicidade e divulgao, ainda assim, no seria necessria a realizao de licitao.

    6. (VUNESP/TJ-RJ/Juiz/2012) O governo do Estado do Rio de Janeiro promoveu a contra tao de trs tipos de servios, sem licitao, sendo eles os seguintes: 1. cantor famoso para apresentao no show do aniversrio da cidade; 2. servio de publicidade e divulgao; e 3. escritrio de advocacia notoriamente especializado em causa de elevado interesse do Municpio. Considerando a Lei de Licitaes, correto afirmar sobre as referidas contrataes que:

    (A) a primeira e a segunda so legais porque a Lei prev a contratao por dispensa de licitao, mas a terceira ilegal, uma vez que a Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro poderia fazer esse tipo de servio.

    (B) a segunda e a terceira so legais em razo da lei admitir a inexigibilidade de licitao para essas hipteses, desde que comprovado tratar- se de servios tcnicos profissionais especializados, e a primeira tambm legal por se enquadrar em hiptese de inexigibilidade de licitao.

    (C) a primeira legal por se tratar de hiptese de inexigibilidade de licitao, a segunda, porm, no poderia ser feita sem licitao para esse tipo de servio, e a terceira permite a contratao direta em razo de se constituir servio tcnico profissional especializado.

    (D) a primeira atende aos ditames da Lei que permite a contratao por dispensa de licitao, a segunda e a terceira tambm so legais por se tratarem de servios tcnicos profissionais especializados, hipteses de inexigibilidade de licitao.

    7. (MPE-PR/Promotor de Justia/2013 adaptada) Sobre licitaes e contrataes pblicas o objeto dos contratos de servios de publicidade prestados por intermdio de agncias de propaganda (fundamentalmente disciplinados pela lei 12.232/2010) poder incluir, a ttulo de atividades complementares, os servios especializados pertinentes a produo e execuo tcnica de peas e projetos publicitrios, assessoria de imprensa, comunicao e relaes pblicas.

    GAB1 2 3 4 5 6 7E E C C E C E

    Art. 3 A licitao destina-se a garantir a observncia do princpio constitucional da isonomia, a seleo da pro-posta mais vantajosa para a administrao e a promoo do desenvolvimento nacional sustentvel e ser processada e julgada em estrita conformidade com os princpios bsicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculao ao instrumento convocatrio, do julgamento objetivo e dos que lhes so correlatos.

    1 vedado aos agentes pblicos:I admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocao, clusulas ou condies que comprometam, restrin-

    jam ou frustrem o seu carter competitivo, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e estabeleam prefern-cias ou distines em razo da naturalidade, da sede ou domiclio dos licitantes ou de qualquer outra circunstncia impertinente ou irrelevante para o especfico objeto do contrato, ressalvado o disposto nos 5 a 12 deste artigo e no art. 3 da Lei n 8.248, de 23 de outubro de 1991.

    II estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciria ou qualquer ou-tra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo quando envolvidos financiamentos de agncias internacionais, ressalvado o disposto no pargrafo seguinte e no art. 3 da Lei n 8.248, de 23 de outubro de 1991.

    2 Em igualdade de condies, como critrio de desempate, ser assegurada preferncia, sucessivamente, aos bens e servios:

    I (Revogado pela Lei n 12.349, de 2010)II produzidos no Pas;III produzidos ou prestados por empresas brasileiras.

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    Art. 3 JORgE MunhOS SOuzA .

    IV produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no Pas. 3 A licitao no ser sigilosa, sendo pblicos e acessveis ao pblico os atos de seu procedimento, salvo

    quanto ao contedo das propostas, at a respectiva abertura. 4 (Vetado). 5 Nos processos de licitao previstos no caput, poder ser estabelecido margem de preferncia para produ-

    tos manufaturados e para servios nacionais que atendam a normas tcnicas brasileiras. 6 A margem de preferncia de que trata o 5 ser estabelecida com base em estudos revistos periodicamen-

    te, em prazo no superior a 5 (cinco) anos, que levem em considerao: I gerao de emprego e renda;II efeito na arrecadao de tributos federais, estaduais e municipais;III desenvolvimento e inovao tecnolgica realizados no Pas; IV custo adicional dos produtos e servios; e V em suas revises, anlise retrospectiva de resultados. 7 Para os produtos manufaturados e servios nacionais resultantes de desenvolvimento e inovao tecnolgi-

    ca realizados no Pas, poder ser estabelecido margem de preferncia adicional quela prevista no 5. 8 As margens de preferncia por produto, servio, grupo de produtos ou grupo de servios, a que se referem

    os 5 e 7, sero definidas pelo Poder Executivo federal, no podendo a soma delas ultrapassar o montante de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o preo dos produtos manufaturados e servios estrangeiros.

    9 As disposies contidas nos 5 e 7 deste artigo no se aplicam aos bens e aos servios cuja capacidade de produo ou prestao no Pas seja inferior:

    I quantidade a ser adquirida ou contratada; ou II ao quantitativo fixado com fundamento no 7 do art. 23 desta Lei, quando for o caso. 10. A margem de preferncia a que se refere o 5 poder ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e

    servios originrios dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul Mercosul. 11. Os editais de licitao para a contratao de bens, servios e obras podero, mediante prvia justificativa

    da autoridade competente, exigir que o contratado promova, em favor de rgo ou entidade integrante da adminis-trao pblica ou daqueles por ela indicados a partir de processo isonmico, medidas de compensao comercial, industrial, tecnolgica ou acesso a condies vantajosas de financiamento, cumulativamente ou no, na forma esta-belecida pelo Poder Executivo federal.

    12. Nas contrataes destinadas implantao, manuteno e ao aperfeioamento dos sistemas de tecnologia de informao e comunicao, considerados estratgicos em ato do Poder Executivo federal, a licitao poder ser restrita a bens e servios com tecnologia desenvolvida no Pas e produzidos de acordo com o processo produtivo bsico de que trata a Lei n 10.176, de 11 de janeiro de 2001.

    13. Ser divulgada na internet, a cada exerccio financeiro, a relao de empresas favorecidas em decorrncia do disposto nos 5, 7, 10, 11 e 12 deste artigo, com indicao do volume de recursos destinados a cada uma delas.

    1. COMENTRIOS1.1. FINALIDADES DA LICITAO

    So 3 as finalidades da licitaoA) selecionar a proposta mais vantajosa:B) garantir a isonomia:C) promover o desenvolvimento nacional sustentvel.

    A seleo da proposta mais vantajosa consiste na escolha do contratante que apresente me-lhores condies para atender aos interesses coletivos que motivaram a deflagrao do certame, le-vando-se em conta todas as caractersticas previsveis (preo, capacitao tcnica, qualidade etc.). A maior vantagem se caracteriza quando a Administrao assume o dever de realizar a prestao menos onerosa e o particular obriga-se a realizar a melhor e mais completa prestao.14 Por isso nem sempre a proposta mais barata ser a mais vantajosa.

    14 MARAL, 2010, p. 66.

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    LICITAES E COnTRATOS ADMInISTRATIVOS Art. 3

    Foi considerado incorreto o enunciado elaborado pela ESAF: A licitao, regulada pela Lei 8.666/93, destina-se a garantir a observncia dos princpios constitucionais da isonomia e a selecionar a proposta de preos mais barata, para a Administrao contratar compras, obras e servios, devendo ser processada e julgada com observncia da impessoalidade, igualdade e publicidade. (ESAF. CGU. AFC)

    A garantia da isonomia pretende conferir tratamento igualitrio a todos que aflurem ao cer-tame, assim como permitir que todos aqueles que almejam contratar com a Administrao possam faz-lo, em igualdade de oportunidades. So extremamente importantes algumas regras que impem tratamento diferenciado entre os licitantes, quais sejam:A) CRITRIOS DE DESEMPATE: Caso as propostas sejam igualmente vantajosas, h critrios de de-

    sempate que favorecem bens e produtos produzidos no Brasil. Em igualdade de condies, deve-se observar a seguinte ordem: 1) bens e produtos produzidos no Pas; 2) bens e produtos produzidos ou prestados por empresas brasileiras; 3) bens e produtos produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no Pas. (art. 3, 2 da LLC)

    B) REGRAS ESPECIAIS PARA MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE:15 A LC 123/06 permite, no mbito das contrataes pblicas, a concesso de tratamento diferenciado e simpli-ficado para as microempresas e empresas de pequeno porte, objetivando a promoo do de-senvolvimento econmico e social no mbito municipal e regional, a ampliao da eficincia das polticas pblicas e o incentivo inovao tecnolgica, desde que previsto e regulamentado na legislao do respectivo ente. Um primeiro grupo de benefcios se relaciona com aqueles de implementao facultativa pela administrao, que a seu critrio poder realizar processo lici-tatrios: i) destinado exclusivamente participao de microempresas e empresas de pequeno porte nas contrataes cujo valor seja de at R$ 80.000,00 (oitenta mil reais); ii) em que seja exi-gida dos licitantes a subcontratao de microempresa ou de empresa de pequeno porte, desde que o percentual mximo do objeto a ser subcontratado no exceda a 30% (trinta por cento) do total licitado; iii) em que se estabelea cota de at 25% (vinte e cinco por cento) do objeto para a contratao de microempresas e empresas de pequeno porte, em certames para a aquisio de bens e servios de natureza divisvel.H tambm os benefcios de autoaplicveis a todas as licitaes que envolverem ME e EPP, quais

    sejam: empate ficto e comprovao postergada da regularidade fiscal (art. 42/43 da LC 123/06 sobre o tema, conferir comentrios ao art. 29 da LLC).

    Por meio do empate ficto permite-se que naquelas situaes em que as propostas apresentadas pelas ME e EPP sejam iguais ou at 10% superiores (no prego ser at 5%) s propostas mais bem classificadas, ser possvel que a ME ou EPP mais bem classificada apresente proposta de preo inferior quela considerada vencedora do certame, situao em que ser adjudicado em seu favor o objeto licitado. (art. 44 e 45 da LC 123/06)C) Nas aquisies de bens e servios de informtica e automao admite-se que seja dada prefe-

    rncia, na seguinte ordem: 1) aos bens e servios com tecnologia desenvolvida no Pas; 2) aos bens e servios produzidos de acordo com processo produtivo bsico16, na forma a ser definida pelo Poder Executivo. (art. 3 da Lei 8.248/91)

    15 Considera-se microempresa aquela que aufira, em cada ano-calendrio, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); empresa de pequeno porte aquela que aufira, em cada ano-calendrio, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (trs milhes e seiscentos mil reais). (art. 3 da LC 123/06)

    16 Segundo definio legal, processo produtivo bsico consiste no conjunto mnimo de operaes fabris que caracteriza a efetiva industrializao de um determinado produto, em consonncia com as leis brasileiras.

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    Art. 3 JORgE MunhOS SOuzA .

    D) Nas contrataes destinadas implantao, manuteno e ao aperfeioamento dos sistemas de tecnologia de informao e comunicao, considerados estratgicos em ato do Poder Exe-cutivo federal17, a licitao poder ser restrita a bens e servios com tecnologia desenvolvida no Pas. (art. 3, 12 da LLC)A promoo do desenvolvimento nacional sustentvel foi inserida como uma das finalidades

    da licitao pela Lei 12.349/10. Pretendeu-se criar regras especficas por meio das quais se admite o fa-vorecimento do mercado local como estratgia de permitir que os recursos pblicos contribuam para o fortalecimento do setor, com a consequente gerao de empregos e o aumento do consumo interno. Segundo exposto pelo legislador, pretendeu-se utilizar o poder de compra governamental como instru-mento de promoo do mercado interno, considerando-se o potencial de demanda de bens e servios domsticos do setor pblico, o correlato efeitos multiplicador sobre o nvel de atividade, a gerao de emprego e renda e, por conseguinte, o desenvolvimento do pas.

    Para tanto foi inserida a figura da margem de preferncia (art. 3, 5 ao 12), consistente na pos-sibilidade de que, por meio de decreto regulamentar, a Administrao fixe critrios que favoream a contratao de alguns produtos e servios nacionais em detrimento daqueles oriundos do estrangeiro. As principais regras sobre a margem de preferncia so as seguintes:A) OBJETO DA LICITAO: Poder ser se estabelecida margem de preferncia para a contratao

    de produtos manufaturados nacionais18 ou servios nacionais19 que atendam as normas tcnicas brasileiras (art. 3, 5 LLC)

    B) DEFINIO DA MARGEM DE PREFERNCIA: No h definio precisa de quais vantagens po-dero ser estabelecidas a ttulo de margem de preferncia. Tal definio foi delegada ao Poder Executivo federal. (art. 3, 8 LLC)

    C) MARGEM DE PREFERNCIA ADICIONAL: Para os produtos manufaturados e servios nacionais resultantes de desenvolvimento e inovao tecnolgica realizados no Pas, poder ser estabeleci-da uma margem de preferncia adicional. (art. 3, 7 LLC)

    D) LIMITES: vedado que a soma das vantagens decorrentes das margens de preferncia ultrapasse o montante de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o preo dos produtos manufaturados e servios estrangeiros.

    E) EXTENSO AO MERCOSUL: possvel a extenso da margem de preferncia bsica aos bens e servios originrios dos Estados Partes do Mercosul. Frisa-se: pela redao legal a margem de preferncia adicional no ser extensvel.

    F) PULBICIDADE: Ser divulgada na internet, a cada exerccio financeiro, a relao das empresas favorecidas, com a indicao do volume de recursos destinados a cada uma (art. 3, 13 LLC).O tema j foi abordado em provas objetivas, destacando-se a assertiva falsa formulada pela VU-

    NESP: Nos processos de licitao, independentemente da modalidade de licitao ou do bem e servio a

    17 Art. 6, XIX sistemas de tecnologia de informao e comunicao estratgicos bens e servios de tecnologia da informao e comunicao cuja descontinuidade provoque dano significativo administrao pblica e que envolvam pelo menos um dos seguintes requisitos relacionados s informaes crticas: disponibilidade, confiabilidade, segurana e confidencialidade. (Includo pela Lei n 12.349, de 2010)

    18 Art. 6, XVII produtos manufaturados nacionais produtos manufaturados, produzidos no territrio nacional de acordo com o processo produtivo bsico ou com as regras de origem estabelecidas pelo Poder Executivo federal; (Includo pela Lei n 12.349, de 2010)

    19 Art. 6, XVIII servios nacionais servios prestados no Pas, nas condies estabelecidas pelo Poder Executivo federal; (Includo pela Lei n 12.349, de 2010)

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    LICITAES E COnTRATOS ADMInISTRATIVOS Art. 3

    ser contratado, no poder ser estabelecida margem de preferncia para produtos manufaturados e para servios nacionais. (VUNESP. 2012. SPTrans. Advogado).

    No contexto de promoo do desenvolvimento nacional sustentvel, vem-se mencionando que um dos objetivos da licitao seria a promoo de sustentabilidade socioambiental (licitaes sus-tentveis).20 Nesse sentido a Lei do RDC foi expressa em apontar a necessidade de que as contrataes deveriam respeitar uma sria de exigncias de proteo do patrimnio natural, cultural e artificial (art. 4, 1, I a V da LRDC).

    1.2. PRINCPIOS EXPLCITOS E CORRELATOSO art. 3 elenca explicitamente uma srie de princpios que devem guiar o processamento e o

    julgamento das licitaes. Parte deles possuem aplicao geral no Direito Administrativo e desdo-bramentos especficos no campo das licitaes. Outros so especficos ao tema das licitaes e dos contratos.

    PRINCPIOS GERAIS PRINCPIOS ESPECFICOS

    Legalidade Vantajosidade

    Impessoalidade

    Moralidade Vinculao ao instrumento convocatrio

    Igualdade

    Publicidade Julgamento objetivo

    Probidade

    H tambm uma srie de princpios correlatos (princpios implcitos) que, apesar de no discrimi-nados no art. 3 da LLC, so apontados pela doutrina, destacando-se: competitividade, indistino (art. 3, 1, I da LLC), padronizao, a inalterabilidade do edital, sigilo das propostas (art. 43, 1 da LLC), formalismo procedimental, vedao oferta de vantagens (art. 44, 2 da LLC), obriga-toriedade (art. 37, XXI da CF), adjudicao compulsria (art. 50 LLC), razoabilidade e proporciona-lidade, ampla defesa.21

    Desta forma, falsa a afirmao de que o princpio da ampla defesa no cabvel no procedimento licitatrio em razo do relevante interesse pblico sobre o particular. (FCC. TRT. Analista Judicirio)

    1.3. PRINCPIO DA LEGALIDADE: CONFERIR ART. 4 DA LLC

    1.4. PUBLICIDADEA regra da ampla publicidade da licitao visa, de um lado, conferir aos interessados plena cincia

    da realizao dos atos (facultando-os a possibilidade de se insurgirem contra decises da Administra-o) e, de outra banda, permitir a atuao dos rgos de controle.

    20 Nesse sentido o Decreto Presidencial 7.746/12, que estabelece critrios, prticas e diretrizes para a promoo do desenvolvimento nacional sustentvel nas contrataes realizadas pela administrao pblica federal. O art. 4 estabelece que so diretrizes de sustentabilidade, entre outras: I menor impacto sobre recursos naturais como flora, fauna, ar, solo e gua; II preferncia para materiais, tecnologias e matrias-primas de origem local; III maior eficincia na utilizao de recursos naturais como gua e energia; IV maior gerao de empregos, preferencialmente com mo de obra local; V maior vida til e menor custo de manuteno do bem e da obra; VI uso de inovaes que reduzam a presso sobre recursos naturais; e VII origem ambientalmente regular dos recursos naturais utilizados nos bens, servios e obras.

    21 Para aprofundamento sobre cada um desses princpios, conferir os comentrios aos respectivos artigos.

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    A licitao no ser sigilosa, sendo pblicos e acessveis ao pblico os atos de seu procedimento (art. 3, 3 LLC). Da mesma forma dispe a lei que qualquer cidado, independentemente de com-provar interesse no certamente, poder acompanhar o desenvolvimento da licitao, desde que no interfira de modo a perturbar ou impedir a realizao dos trabalhos (art. 4 LLC).

    A publicidade se impe desde a deciso sobre a existncia da licitao at a assinatura do contrato administrativo. Da se exigir, em regra, a publicao dos avisos contendo os resumos dos editais (art. 21 LLC); a realizao, no mnimo anualmente, de chamamento pblico para atualizao dos registros cadastrais atravs da imprensa oficial e de jornal dirio (art. 34, 1 LLC); a intimao dos interes-sados, pela imprensa oficial, das decises sobre habilitao/inabilitao, julgamento das propostas, anulao ou revogao, inscrio/alterao ou cancelamento relativos ao registro cadastral, resciso do contrato (art. 109, 1 LLC).

    Algumas vezes a ausncia de publicidade acarretar a nulidade do procedimento. Em outras hi-pteses a publicidade ser condio de eficcia dos atos praticados. Destaco os dois casos mais relevantes nos quais a publicidade se apresenta como condio de eficcia:

    A) A publicao da ratificao pela autoridade superior condio de eficcia das contrataes dire-tas por dispensa e inexigibilidade (art. 26 LLC);

    B) Tambm ser condio indispensvel para a eficcia dos contratos administrativos a publicao resumida de seu instrumento e dos aditamentos (art. 61, pargrafo nico LLC).

    H importantes excees publicidade, nas quais se impe o sigilo, a saber:A) SIGILO QUANTO AO CONTEDO DAS PROPOSTAS

    A publicidade no se impe quanto ao contedo das propostas tcnicas e de preos apresentadas pelos licitantes, que devero ser sigilosas, a fim de que se garanta a isonomia entre os participantes. Em regra, o contedo das propostas sigiloso at a abertura dos envelopes, o que dever ser feito sempre em ato pblico, do qual se lavrar ata assinada pelos presentes (art. 3, 3 c/c 43, inc. III e 1 LLC). Constitui crime devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatrio, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devass-lo (art. 94 LLC).

    B) As regras sobre o RDC (Lei 12.462/11) impem ressalvas ampla publicidade: i) nas hipteses de informaes cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado (art. 15); ii) nas licitaes cujo valor no ultrapasse R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) para obras ou R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) para bens e servios, a publicidade do ato convocatrio poder ser realizada apenas pela internet, dispensada a publicao nos dirios oficiais e em jornais de grande circulao (art. 15, 2); iii) quando houver participao de consrcio pblico, a publicao do extrato do edital poder ser realizada apenas no dirio oficial do ente de maior nvel (art. 15, 1, I).

    C) No RDC admite-se que o oramento previamente estimado para a contratao somente seja tornado pblico imediatamente aps o encerramento da licitao, como forma de evitar conluios entre os participantes. O sigilo somente abranger os cidados e os participantes do certame, no tendo efeito em relao aos rgos de controle interno e externo. (art. 6, 3).

    1.5. VINCULAO AO INSTRUMENTO CONVOCATRIOIndica que tanto a administrao quanto os interessados em participar do certame no podem

    descumprir as normas e condies do edital, ao qual se acham estritamente vinculados. Da a afirma-o de que o edital a lei da licitao.

    Assim como tm repudiado excessos de formalismos legais, os tribunais vm afirmando que o princpio da vinculao ao instrumento convocatrio no absoluto, sendo possvel a interveno

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    LICITAES E COnTRATOS ADMInISTRATIVOS Art. 3

    judicial para excluir clusulas desnecessrias que prejudiquem a seleo da proposta mais vantajosa. Segundo o STJ: O edital no sistema jurdico-constitucional vigente, constituindo lei entre as partes, norma fundamental da concorrncia, cujo objetivo determinar o "objeto da licitao", discriminar os direitos e obrigaes dos intervenientes e o poder publico e disciplinar o procedimento adequado ao es-tudo e julgamento das propostas. Consoante ensinam os juristas, o principio da vinculao ao edital no e "absoluto", de tal forma que impea o Judicirio de interpretar-lhe, buscando-lhe o sentido e a com-preenso e escoimando-o de clusulas desnecessrias ou que extrapolem os ditames da lei de regncia e cujo excessivo rigor possa afastar, da concorrncia, possveis proponentes, ou que o transmude de um instrumento de defesa do interesse publico em conjunto de regras prejudiciais ao que, com ele, objetiva a administrao. (MS 5418/DF, Rel. Ministro DEMCRITO REINALDO, PRIMEIRA SEO, julgado em 25/03/1998, DJ 01/06/1998, p. 24)

    1.6. JULGAMENTO OBJETIVO: CONFERIR COMENTRIOS AOS ARTIGOS 45 E 46 DA LLC

    1.7. PRINCPIO DA COMPETITIVIDADEMuitos consideram que da essncia da licitao a promoo da maior competitividade possvel,

    uma vez que quanto maior fosse nmero de interessados em contratar com administrao, maior seria a possibilidade de se obter uma proposta mais vantajosa.

    Como apontado pelo STF, o princpio da competitividade guarda estreita correlao com o da isonomia: Procedimento que visa satisfao do interesse pblico, pautando-se pelo princpio da isono-mia, a funo da licitao a de viabilizar, atravs da mais ampla disputa, envolvendo o maior nmero possvel de agentes econmicos capacitados, a satisfao do interesse pblico. A competio visada pela licitao, a instrumentar a seleo da proposta mais vantajosa para a Administrao, impe-se seja de-senrolada de modo que reste assegurada a igualdade (isonomia) de todos quantos pretendam acesso s contrataes da Administrao. 4. A lei pode, sem violao do princpio da igualdade, distinguir situaes, a fim de conferir a uma tratamento diverso do que atribui a outra. Para que possa faz-lo, contudo, sem que tal violao se manifeste, necessrio que a discriminao guarde compatibilidade com o contedo do princpio. 5. A Constituio do Brasil exclui quaisquer exigncias de qualificao tcnica e econmica que no sejam indispensveis garantia do cumprimento das obrigaes. A discriminao, no julgamento da concorrncia, que exceda essa limitao inadmissvel. (STF, ADI 3070, Rel. Min. Eros Grau)

    H normas que buscam promover a competitividade na elaborao das regras do certame. Des-tacam-se:A) VEDAO DE CLUSULAS QUE FRUSTREM O CARTER COMPETITIVO (art. 3, I, primeira

    parte): vedado admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocao, clusulas ou condies que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu carter competitivo. O que se veda a adoo de exigncia desnecessria ou inadequada, cuja previso seja orientada no a selecionar a proposta mais vantajosa, mas a beneficiar alguns particulares.22

    O STJ considerou que fere o princpio da competitividade a exigncia de que a sociedade empre-sria participante da licitao para fornecimento de merenda escolar obtenha visto do conselho regional de nutrio (CRN) do local do certame na certido comprobatria de seu registro expedida pelo conselho do local onde situada sua sede (confirmao de registro). Essa exigncia restringe a competitividade do certame e acaba por estabelecer preferncias ou distines em funo da localizao da sede ou domic-lio dos licitantes, o que vedado pelo referido artigo. (Informativo 437 STJ, REsp 1.155.781-ES, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 1/6/2010.)

    22 JUSTEN FILHO, 2010, p. 83.

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    B) VEDAO DE PREFERNCIAS IMPERTINENTES AO OBJETO DO CONTRATO (art. 3, I, segun-da parte): vedado estabelecer preferncias ou distines em razo da naturalidade, da sede ou domiclio dos licitantes ou de qualquer outra circunstncia impertinente ou irrelevante para o especfico objeto do contrato. Por tal razo o STF considerou inconstitucional a lei estadual que estabelecia como condio de acesso licitao que a empresa licitante tivesse a fbrica ou sede no Estado-membro (STF, ADI 3.583/PR, Rel. Min. Cezar Peluzo); tambm julgou inconstitucional preceito que estabelecia como critrio para a definio da proposta mais vantajosa os valores relativos aos impostos pagos Fazenda Pblica local. (STF, ADI 3070, Rel. Min. Eros Grau)

    C) VEDAO DE PREFERNCIAS POR MARCAS para a contratao de obras e servios (art. 7, 5), para a realizao de compras (art. 15, 7) e para contratao direta por inexigibilidade de licitao (art. 25, I), salvo nos casos em que for tecnicamente justificvel.23

    A inviabilidade de competio hiptese contratao direta por inexigibilidade de licitao. (art. 25).Constitui crime frustrar ou fraudar o carter competitivo do procedimento licitatrio, com o intuito

    de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicao do objeto da licitao (art. 90).Apesar da redao legal estender expressamente para as cooperativas o impedimento de exis-

    tncia de clusula que violem o carter competitivo das licitaes (art. 3, 1, I), o STJ considerou que no frustra o carter competitivo da licitao a proibio da participao das cooperativas em licitaes para prestao de servios administrao pblica. (REsp 1031610/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2009, DJe 31/08/2009)

    O mesmo tribunal entendeu que no h regra que determine o nmero mnimo de participantes ou o valor mnimo da proposta na licitao mediante prego. Porm, na espcie, o fato de apenas duas sociedades terem participado do prego ao apresentarem ofertas quase iguais ao valor mximo estimado como possvel pela Administrao pode indicar a falta de competitividade, a justificar a revogao do certame em respeito ao interesse pblico. (Informativo 349 do STJ, RMS 23.402-PR, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 18/3/2008.)

    1.8. LICITAO E O PRINCPIO DA EFICINCIAA LLC no traz o princpio da eficincia dentre aqueles explicitados no art. 3, assim como a dou-

    trina geralmente no aborda a necessidade de sua aplicao no mbito das licitaes.24

    Desde a edio da LLC, em 1993, houve inovaes que podem ser associadas tentativa de impri-mir maior eficincia aos processos licitatrios. Nesse sentido podemos mencionar:A) A criao da modalidade de licitao prego

    Incialmente aplicvel apenas Unio, o prego foi estendido aos demais entes federados por meio da edio da Lei 10.520/02, trazendo como principal inovao a inverso das fases de julga-mento e habilitao das propostas, estratgia repetida em diversos outros diplomas como tcnica hbil a promove a eficincia e a economicidade do processo. Na esfera federal o art. 4 do Dec. 5.450/05 tornou obrigatria a utilizao do prego para a aquisio de bens e servios comuns.

    23 A indicao de marca na licitao deve ser precedida da apresentao de justificativas tcnicas que demonstrem, de forma clara e inafastvel, que a alternativa adotada a mais vantajosa e a nica que atende s necessidades da Administrao (TCU, Acrdo 636/06, Plenrio, Min. Rel. Valmir Campelo). No mesmo sentido a smula 270 do TCU: Em licitaes referentes a compras, inclusive de softwares, possvel a indicao de marca, desde que seja estritamente necessria para atender exigncias de padronizao e que haja prvia justificao.

    24 Para uma abordagem do princpio da eficincia no mbito das licitaes cf. SOUTO, Marcos Juruena Vilela. Licitao e controle de eficincia: repensando o princpio do procedimento formal luz do placar eletrnico. In: ARAGO, Alexandre Santos de; NETO, Floriano de Azevedo Marques (Coord.) Direito Administrativo e seus novos paradigmas. Belo Horizonte: Ed. Frum, 2009, p. 553 ss.

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    B) A previso de realizao do prego por meio da utilizao de recursos de tecnologia de infor-mao, o que deu origem o chamado prego eletrnico (art. 2, 1 da Lei 10.520/02 c/c Dec. 5.450/05), que permite a interao distncia entre os licitantes e o pregoeiro.

    C) A Lei 12.462/11, que instituiu o RDC, reacendeu a discusso sore a aplicao do princpio da eficincia no mbito das licitaes/contrataes pblicas, prevendo explicitamente dentre seus objetivos a ampliao da eficincia nas contrataes pblicas (art. 1, 1, inc. I). Estabeleceu tambm que as licitaes e contrataes realizadas em conformidade com o RDC devero obser-var os princpios da eficincia e da economicidade (art. 3). Por fim, destaca-se que o diploma prev a possibilidade de celebrao de contratos de eficincia, que remuneraro o particular com base na economia gerada para o contratante com despesas correntes (art. 23).

    2. SMULAS E JURISPRUDNCIA

    ` Aquisio de Veculos e Critrio Discriminatrio. O Tribunal julgou parcialmente procedente pedido formulado em ao direta ajuizada pelo Procurador-Geral da Repblica para declarar a inconstitucionalidade da expresso "produzidos no Estado do Paran" constante do art. 1 e seu pargrafo nico da Lei paranaense 12.204/98 ["Art. 1 Qualquer aquisi-o ou substituio de unidades automotivas para uso oficial poder ser realizada por veculos movidos a combustveis renovveis, ou por veculos movidos a combustveis derivados de petrleo, produzidos no Estado do Paran. Pargrafo nico O prazo para substituio integral da frota oficial de veculos leves por veculos movidos a combustveis renov-veis e derivados de petrleo produzidos no Estado do Paran de 05 (cinco) anos."]. Considerou-se que a expresso impugnada estabelece critrio arbitrrio e discriminatrio de acesso licitao pblica em ofensa ao disposto no art. 19, II, da CF, que veda Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios criar distines entre brasi-leiros ou preferncias entre si. STF, ADI 3583/PR, rel. Min. Cezar Peluso, j. 21.2.2008. Pleno (Info. 495)

    ` ADI e Exigncia em Licitao. O Tribunal deferiu medida cautelar em ADI para suspender a eficcia do 3 do art. 5 da Portaria 2.814/98, do Ministrio da Sade. As exigncias constantes do dispositivo analisado, em princpio, limitariam a concorrncia no certame, configurando verdadeiro aditamento da Lei de Licitaes (Lei 8.666/93), em dissonncia com o previsto no art. 37, XXI, da CF. STF, ADI 4105 MC, rel. Min. Marco Aurlio, j. 17.3.2010. (Info. 579)

    ` Licitao. Servios Gerais. Cooperativas. A exigncia editalcia proibindo a participao de cooperativas no certame se afigura razovel, pois preserva o interesse pblico tanto sob o aspecto primrio quanto secundrio. Destacou-se ser notrio que tanto a legislao previdenciria quanto a trabalhista so implacveis com os tomadores de servios, atribuindo-lhes o carter de responsveis solidrios pelo pagamento de salrios e de tributos no recolhidos pela em-presa prestadora dos servios Tambm h acordos celebrados perante a Justia do Trabalho pelos quais tanto a CEF, recorrente, quanto a Unio comprometeram-se a no contratar cooperativas para a prestao de servios que impliquem existncia de subordinao, como o caso dos servios gerais objeto da licitao, sob pena de multa diria. H tambm orientao firmada pelo TCU, com carter vinculante para a Administrao Pblica, vedando a participao de coopera-tivas em licitaes que tenham por objeto a prestao de servios em que se fazem presentes os elementos da relao de emprego. Concluiu-se, ento, que no h qualquer ilegalidade na vedao a que as cooperativas participem de licitao cujo objeto a prestao de servios gerais, visto que evidente a razoabilidade da medida como forma de garantir Administrao selecionar a melhor proposta sob todos os aspectos, notadamente o da preveno futura responsabilizao pelo pagamento de dbitos trabalhistas e fiscais. STJ, REsp 1.141.763-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 23/2/2010. (Info. 424)

    ` Licitao. Registro. CRN. RESP. Precluso. Diante do disposto no art. 3, 1, I, da Lei n. 8.666/1993, torna-se demasia exigir que a sociedade empresria participante da licitao para fornecimento de merenda escolar obtenha visto do con-selho regional de nutrio (CRN) do local do certame na certido comprobatria de seu registro expedida pelo conselho do local onde situada sua sede (confirmao de registro). Essa exigncia restringe a competitividade do certame e acaba por estabelecer preferncias ou distines em funo da localizao da sede ou domiclio dos licitantes, o que vedado pelo referido artigo. Anote-se que exigncia desse quilate somente pode dar-se quando da contratao, e no da qualificao tcnica do licitante, como no caso. STJ, REsp 1.155.781-ES, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 1/6/2010. 2 T. (Info. 437)

    3. QUESTES DE CONCURSOS

    1. (MPF/Procurador da Repblica/2006 adaptada) Em havendo empate entre as vrias propostas, dever ser aplicado incontinenti o critrio de desempate por sorteio, efetuado em ato, para o qual sero convidados todos os participantes, franqueado o acesso a qualquer cidado.

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    2. (TJ-PR/Cartrios/2007 adaptada) O princpio do julgamento objetivo permite ao administrador julgar as propostas de licitantes de acordo com critrios pessoais e subjetivos, devendo explicitar objetivamente sua deciso.

    3. (CESPE/MP-AM/Promotor de Justia/2007 adaptada) Para dar aplicabilidade ao princpio da igualdade entre os licitantes, a lei probe que os atos de convocao da licitao prevejam clusulas e condies que comprometam, restrin-jam ou frustrem o carter competitivo, estabelecendo preferncias ou distines em razo da naturalidade, da sede ou domiclio dos licitantes ou qualquer outra circunstncia impertinente ou irrelevante para o especfico objeto do contrato.

    4. (CESPE/MP-AM/Promotor de Justia/2007 adaptada) Nas licitaes, ser assegurada, como critrio de desempate, preferncia ou contratao para as microempresas e empresas de pequeno porte.

    5. (CESPE/DPGU-Defensor Pblico da Unio/2007) Determinado estado da Federao deflagrou procedimento adminis-trativo licitatrio destinado exclusivamente participao de microempresas e empresas de pequeno porte, cujo objeto estimado em R$ 60.000,00. Nessa situao, o referido estado agiu em desacordo com a lei e com princpios licitatrios, em especial contra o princpio da isonomia.

    6. (CESPE/MP-AM/Promotor de Justia/2007 adaptada) A isonomia veda qualquer diferenciao entre os particulares para contratao com a administrao pblica.

    7. (CESPE/TRF-5 Regio/Juiz Federal Substituto/2007) O edital, que a lei interna da concorrncia e da tomada de pre-os, traduz-se em uma verdadeira norma porque subordina administradores e administrados s regras que estabelece. Para a administrao, desse modo, o edital ato vinculado e no pode ser desrespeitado por seus agentes.

    8. (CESPE/PGE-PI/Procurador do Estado/2008 adaptada) O princpio do sigilo na apresentao das propostas foi im-plicitamente revogado com o advento da CF de 1988 e legislao posterior, que determina que o procedimento licitatrio ser regido pelo princpio da publicidade.

    9. (CESPE/PGE-PI/Procurador do Estado/2008 adaptada) Conforme o princpio do julgamento objetivo, o julgamento das propostas deve ser feito de acordo com os critrios fixados no instrumento convocatrio.

    10. (VUNESP/CREA-SP/Advogado /2008 adaptada) A licitao no ser sigilosa, sendo pblico e acessveis os atos de seu procedimento, inclusive quanto s propostas.

    11. (VUNESP/PGM-So Jos do Rio Preto/Procurador do Municpio/2008) Sobre a licitao, incorreto afirmar:(A) A licitao um procedimento administrativo.(B) A licitao baseia-se na ideia de competio isonmica entre os que preencham os atributos e aptides necessrios ao

    bom cumprimento das obrigaes que se propem a assumir.(C) A licitao tem por finalidade selecionar a proposta mais conveniente em funo de parmetros a serem estabelecidos

    no contrato, ainda que no previamente previstos no edital.(D) A licitao tem como uma de suas finalidades resguardar os direitos de possveis contratados.(E) A licitao tem como uma das suas finalidades a obteno do contrato mais vantajoso para a administrao pblica.

    12. (VUNESP/Ceagesp/Advogado/2010 adaptada) A licitao destina-se a garantir a observncia do princpio da sele-tividade e a escolher a proposta mais vantajosa para o contratado e ser processada e julgada em estrita conformidade com os princpios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade e da publicidade.

    13. (VUNESP/Ceagesp/Advogado/2010 adaptada) vedado aos agentes pblicos admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocao, clusulas ou condies que estimulem a competio e impeam distines em razo da naturali-dade, da sede ou domiclio dos licitantes ou de qualquer outra circunstncia pertinente ou relevante para o objeto do contrato.

    14. (VUNESP/Ceagesp/Advogado /2010 adaptada) A licitao no ser sigilosa, sendo pblicos e acessveis ao pblico os atos de seu procedimento, salvo quanto ao contedo das propostas, at a respectiva abertura.

    15. (VUNESP/Ceagesp/Advogado/2010 adaptada) Como critrio de desempate na licitao, no poder ser dada nenhu-ma preferncia a bens ou servios produzidos ou prestados por empresas brasileiras ou produzidos no Pas.

    16. (VUNESP/Cesp/Advogado/2010 adaptada) Na licitao, o procedimento ser sigiloso, inclusive quanto ao contedo das propostas.

    17. (FCC/TRT-20 Regio/Analista/2011) Em determinado edital de licitao, foi previsto o critrio de menor preo para a escolha do vencedor do certame. No entanto, o licitante que apresentou a proposta de menor preo foi preterido no julgamento, tendo sido adjudicado ao licitante que apresentou o quinto maior preo. A justificativa da Administrao

  • 201

    LICITAES E COnTRATOS ADMInISTRATIVOS Art. 4

    Pblica foi no sentido de que escolheu a proposta mais vantajosa, que nem sempre coincide com a de menor preo. A conduta da Administrao Pblica:

    (A) est correta, tendo em vista a necessidade de respeito ao princpio da adjudicao compulsria.(B) est correta, pois ela deve buscar sempre a seleo da proposta mais vantajosa.(C) no est correta, por implicar em violao ao princpio da finalidade.(D) no est correta, por implicar em violao ao princpio do julgamento objetivo.(E) est correta, pois ela deve buscar sempre o respeito ao princpio da impessoalidade.

    18. (FCC/TRT-20 Regio/Tcnico/2011 adaptada) vedado aos agentes pblicos estabelecer tratamento diferenciado de natureza comercial, legal, trabalhista, previdenciria ou qualquer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, desde que no envolvidos financiamentos de agncias internacionais.

    19. (FCC/TRT-20 Regio/Tcnico/2011 adaptada) Em regra, vedado aos agentes pblicos incluir, nos atos de convoca-o, clusulas ou condies que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu carter competitivo, inclusive nos casos de sociedades cooperativas, e estabeleam preferncias ou distines em razo da naturalidade, da sede ou domiclio dos licitantes ou de qualquer outra circunstncia impertinente ou irrelevante para o especfico objeto do contrato.

    20. (FCC/TRT-20 Regio/Tcnico/2011 adaptada) Os editais de licitao para a contratao de bens, servios e obras podero, mediante prvia justificativa da autoridade competente, exigir que o contratado promova, em favor de rgo ou entidade integrante da administrao pblica ou daqueles por ela indicados a partir de processo isonmico, medidas de compensao comercial, industrial, tecnolgica ou acesso a condies vantajosas de financiamento, cumulativamente ou no, na forma estabelecida pelo Poder Executivo federal.

    21. (FCC/MPE-CE/Promotor de Justia/2011) admissvel, em editais de licitao, a fixao de clusula que estabelea:(A) iseno tributria aos produtos e servios produzidos no territrio do ente licitante.(B) margem de preferncia para produtos manufaturados e para servios nacionais que atendam a normas tcnicas brasileiras.(C) como critrio de desempate a preferncia por bens e servios produzidos por empresa de capital nacional.(D) exigncia, nos contratos de compra para entrega futura e na execuo de obras e servios, de que os licitantes ostentem

    capital mnimo de 20% do valor estimado da contratao.(E) preferncia em favor da produo de bens em mbito local, de maneira a favorecer a criao de empregos na regio do

    rgo contratante e diminuir o custo ambiental da produo dos bens contratados.

    22. (MPE-SP/Promotor de Justia/2012 adaptada) vedado aos editais de licitao para a contratao de bens, servios e obras, exigir que o contratado promova, em favor de rgo ou entidade integrante da administrao pblica ou daqueles por ela indicados a partir de processo isonmico, medidas de compensao comercial, industrial, tecnolgica ou acesso a condies vantajosas de financiamento, cumulativamente ou no, na forma estabelecida pelo Poder Executivo federal.

    23. (CESPE/MPE-PI/Analista Ministerial/2012) A licitao destina-se a garantir a observncia do princpio constitucional da isonomia e da seleo da proposta mais vantajosa para a administrao, sendo, portanto, vedado o estabelecimento de margens de preferncia para determinados produtos manufaturados.

    24. (MPE-PR/Promotor de Justia/2013 adaptada) Sobre licitaes e contrataes pblicas: nas licitaes pblicas, a comprovao de regularidade fiscal das microempresas e empresas de pequeno porte somente ser exigida para efeito de assinatura do contrato.

    GAB

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12E E C C E E C E C E C E

    13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24E C E E D E C C B E E C

    Art. 4 Todos quantos participem de licitao promovida pelos rgos ou entidades a que se refere o art. 1 tm direito pblico subjetivo fiel observncia do pertinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidado acompanhar o seu desenvolvimento, desde que no interfira de modo a perturbar ou impedir a realizao dos trabalhos.

    Pargrafo nico. O procedimento licitatrio previsto nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administrao Pblica.

    1. COMENTRIOSAs regras inscritas no artigo so associadas aplicao princpio da legalidade no mbito do pro-

    cesso licitatrio, cujo principal desdobramento seria o direito pblico subjetivo dos participantes fiel

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    Art. 6 JORgE MunhOS SOuzA .

    observncia dos pertinentes procedimentos estabelecidos na lei (princpio do formalismo procedimen-tal/procedimento formal). Foi considerada verdadeira a seguinte assertiva: A lei de licitaes, ao estabele-cer que todos os participantes do procedimento licitatrios tm direito pblico subjetivo fel observncia de tal procedimento, concretiza o princpio da legalidade (CESPE. 2002. CMARA DOS DEPUTADOS)

    O STJ tem repudiado o formalismo exacerbado. Nesse sentido j considerou irrelevante a falta de assinatura de tcnico habilitado ou representante da empresa em relao a determinados docu-mentos, quando havia rubrica dos mesmos nas planilhas que acompanhavam a documentao (Infor-mativo 188 STJ, RMS 15.530-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 14/10/2003). Em outra passagem afirmou-se que o formalismo no procedimento licitatrio no significa que se possa desclassificar pro-postas eivadas de simples omisses ou defeitos irrelevantes. (MS 5418/DF, Rel. Ministro DEMCRITO REINALDO, PRIMEIRA SEO, julgado em 25/03/1998, DJ 01/06/1998, p. 24). Na mesma linha entendeu que a falta de apenas uma, dentre 578 certides de regularidade fiscal perante a Previdncia, no fato bastante para macular a recorrida como particular inidneo ao cumprimento do contrato, principalmente quando se comprova que a certido faltante j existia na poca da fase de habilitao, no tendo sido criada extemporaneamente, ps-certame, conforme provado nas instncias ordinrias. (REsp 997.259/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/08/2010, DJe 25/10/2010) Tambm o STF aduziu que se a irregularidade praticada pela licitante vencedora a ela no trouxe vantagem, nem implicou em desvantagem para os demais participantes, no resultando assim em ofensa igualdade; se o vcio apontado no interfere no julgamento objetivo da proposta, e se no se vislumbra ofensa aos demais princpios exigveis na atuao da Administrao Pblica, correta a adjudicao do objeto da licitao licitante que ofereceu a proposta mais vantajosa, em prestgio ao interesse pblico, escopo da atividade administrativa. (RMS n. 23.714/DF, 1 T. Rel. Min. Seplveda Pertence, DJ de 13.10.2000)

    2. QUESTES DE CONCURSOS1. (FCC/TRT-20 Regio/Tcnico/2011 adaptada) O procedimento licitatrio caracteriza ato administrativo formal, seja

    ele praticado em qualquer esfera da Administrao Pblica, e qualquer cidado pode acompanhar seu desenvolvimento, desde que no interfira de modo a perturbar ou impedir a realizao dos trabalhos.

    2. (PUC-PR/TJ-RO/Juiz/2011 adaptada) O procedimento licitatrio previsto na Lei 8.666/93 caracteriza ato administra-tivo formal, seja ele praticado em qualquer esfera