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Texto integrante dos Anais do XX Encontro Regional de História: História e Liberdade. ANPUH/SP – UNESP-Franca.
06 a 10 de setembro de 2010. Cd-Rom.
LEGITIMANDO A MODERNIDADE: A ARQUITETURA ECLÉTICA DE
FILINTO SANTORO
Alexandre Martins de Lima
Universidade da Amazônia – UNAMA
Faculdade de Estudos Avançados do Pará – FEAPA
Doutorando do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos – NAEA/UFPA
Ana Carolina Soares Ferreira de Lima
Universidade da Amazônia – UNAMA
1.0 Considerações Iniciais
As transformações sócio-econômicas, políticas e urbanas ocorridas na Europa,
mais precisamente na cidade de Paris, no século XIX, atingiram a população sem
definição de classe social, posição política e credo. Nesta massa atingida por essas
modificações, pode-se citar o autor Charles Baudelaire, que ao mesmo tempo em que
escrevia seus poemas, o prefeito do distrito do Sena, Eugéne Haussmann, fazia incisões
precisas na cidade, como se fosse um “cirurgião urbano”, modificando o aspecto
medieval de Paris. Abriu grandes e largas avenidas, os famosos bulevares, que
funcionariam como as principais artérias da cidade.
Nesses bulevares foram construídas largas calçadas, e sobre elas, os famosos
cafés que hoje ainda hoje emolduram as principais vias de Paris. As fachadas reluzentes
em função da nova tipologia arquitetônica, a pavimentação, as pessoas que ali
circulavam, tornavam esses bulevares mais atrativos, passando a ser um local de
convivência social desfrutado pela classe hegemônica, a burguesia, desejosa de novos
espaços condizentes com sua nova posição sócio-econômica.
Tais alterações ocorridas nas grandes capitais européias, que depois se
espraiaria pelo mundo, foram conseqüências da Revolução Industrial, dentre elas
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figuram o surgimento de uma nova produção – a maquinofatura, substituindo a
manufatura e produções que eram até então artesanais, o estabelecimento de indústrias
nas cidades, o fechamento dos campos através da “política dos cercamentos1”, o grande
êxodo rural da massa de desempregados que rumava às cidades em busca de empregos e
conseqüentemente o acúmulo dessa massa de trabalhadores no centro das cidades
devido à procura de oportunidades. Com a migração, o centro da cidade foi lentamente
abandonado por seus antigos habitantes e ocupados por outros novos, que engrossavam
uma massa de pessoas de parcos recursos ,tornando o centro decadente, onde a falta de
higiene e saneamento imperavam e a conseqüência disso foi o afastamento da elite,
antiga moradora dos centros das grandes cidades européias.
Surgem então planos urbanísticos, como o de Haussmann e Cerdá, com claras
intenções ordenadoras e higienistas. Através deles, as cidades começaram a renovar a
sua aparência, não só para tratar os problemas advindos de um novo paradigma, mas
também, para que a fisionomia das mesmas passassem a refletir as novas idéias liberais,
progressistas e civilizadas. As cidades passariam a ser então, modernas. Em meio a
todas essas mudanças, a arquitetura se destacava e desempenhava um papel de extrema
importância. Desde os primeiros momentos da “modernidade” ela se fez presente, e foi
um elemento que, em conjunto com outros, como a luz elétrica, os bondes, o
cinematógrafo e o telégrafo sem fio, permitiu reconfigurar o espaço das antigas cidades,
onde puderam ser desenvolvidas as novas relações econômicas e sociais transformando
o espaço das cidades, que paulatinamente se transmuta em “locus” da modernidade.
No momento em que as novas idéias de reformulação urbana, iniciadas pelo
plano urbanístico de Pari chegaram ao Brasil, a escravatura no país chegava ao fim, a
República estava se estabelecendo e a decadência do Império levava consigo as
estruturas físicas arcaicas das cidades. Já a elite econômica, estava em uma crescente
ascensão decorrente de alguns ciclos econômicos em algumas capitais das regiões
sudeste, norte e nordeste, como o do café, o da cana de açúcar e o da borracha.
No norte do Brasil essas transformações puderam ser observadas em Manaus e
em Belém, cidades que foram beneficiadas por uma forte economia baseada na
1 Política onde as terras passaram a ser delimitadas e não poderiam mais ser plantadas por constituírem
espaço para a criação de gado ovino, e fornecer matéria prima para a indústria têxtil que se estabelecia.
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exportação do látex, produzindo alteridades em sua fisionomia trazendo consigo novos
comportamentos e configurações sócio-espaciais. Uma vez que esta elite enriquecida
pelo comércio da borracha (seringalistas e aviadores) demandava novos padrões de
vida, novos hábitos e uma cidade que refletisse modelos urbanísticos em voga na
Europa. Com efeito, as modificações ocorridas em Belém fizeram com que a cidade se
“modernizasse”, e em meio a todas essas mudanças, a arquitetura também estava
presente e trouxe consigo o estilo eclético que pontuou esta fase progressista e
desenvolvimentista que estava surgindo.
Considerável número de profissionais europeus vieram para no Brasil do final
do século XIX e início do século XX. Nesse período no norte do país, destaca-se a
importância do engenheiro italiano Filinto Santoro, que trabalhou no Brasil por mais de
20 anos e que além de trabalhar em outros estados como Rio de Janeiro, Espírito Santo
e Manaus, imprimiu também na arquitetura belenense um novo padrão estético,
condizente com o zeitgeist2 e o discurso nitidamente progressista do Poder Público.
2.0 – Modernidade
Inicialmente, pode-se descrever a modernidade como um estilo, um costume de
vida que pode ser associada a um período histórico – passado e presente. O ser humano
de hoje, conhecido como o “homem moderno”, assim como, o ser humano do século
passado, o “homem antigo”, geralmente associa o moderno ligado exclusivamente ao
progresso material, ou seja, as novas tecnologias,os novos meios de comunicação, os
novos meios de transporte, as novas arquiteturas, os arranha – céus.
Berman (2007, p. 24) define que “ser moderno” é:
“[...] encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder,
alegria, crescimento, autotransformação e transformação das coisas
em redor - mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos,
tudo o que sabemos, tudo o que somos. (...) ela (a modernidade) nos
despeja a todos num turbilhão de permanente desintegração e
mudança, de luta e contradição, de ambigüidade e angústia. Ser
2 Termo alemão que pode ser traaduzido como espírito da época.
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moderno é fazer parte de um universo no qual como disse Marx,
"tudo o que é sólido desmancha no ar.”
Para Berman, a modernidade oscila entre duas margens: o desejo de mudança e
o pânico que essa mudança pode gerar. Portanto, pode-se definir a modernidade como
um paradoxo ou uma contradição: ser moderno é praticamente ser antimoderno. A
modernidade é entendida como um conjunto de experiências compartilhadas por várias
pessoas que vivem num ambiente que é ao mesmo tempo movido pela mudança e pela
aventura, pela desconfiança e pela insegurança. Um sentimento que vem sendo
experimentado pela sociedade há cerca de cinco séculos. O “turbilhão da vida moderna”
tem sido alimentado por uma série de processos sociais que Berman denomina de
modernização, como as descobertas científicas, a industrialização da produção, a
explosão demográfica, o crescimento urbano, Estados nacionais mais fortes e, enfim,
um mercado capitalista mundial (BERMAN, 2007, p. 25).
O final do século XIX e início do século XX foi um período em que ocorreram
nas grandes capitais européias as grandes modernizações através dos planos de
remodelação urbana. Essas intervenções foram sinônimos de modernidade, uma vez
que, a classe burguesa exigia novos padrões, novos costumes. E um dos maiores
exemplos de transformação urbana é a cidade de Paris.
O escritor Baudelaire foi testemunha das alterações sofridas na cidade de Paris.
Enquanto trabalhava na capital francesa, a tarefa de modernização pôde ser vivenciada.
Ele pôde ver-se não só como um expectador, mas também como participante e
protagonista dessa tarefa em curso. Seus escritos parisienses expressam o drama e o
trauma. Baudelaire nos mostra algo com tanta clareza, que nenhum outro escritor pode
ver: como a modernização da cidade simultaneamente inspira força e a modernização da
alma dos seus cidadãos 3
Walter Benjamin, na obra “Paris, a capital do século XIX”4, também deixa
transparecer o encanto de Paris e o fascínio que esta moderna cidade exerce em seus
expectadores. As ruas, os pedestres que passeavam por entre os bulevares
3 BERMAN, Marshall. Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo:
Companhia das letras, 2007, p.179. 4 BENJAMIN, Walter. Paris, a capital do século XIX. In BENJAMIN, Walter. Passagens. Org. Willi
Bolle. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
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haussmanianos, os bondes, a fotografia, a luz elétrica, a moda, tudo chamou a atenção
de Benjamin. Para ele, ser moderno era estar sob o “efêmero ritmo da moda”:
“Vimos o que nunca acontecera antes: o casamento de estilos que
podíamos pensar que jamais „se casariam‟: chapéus do Primeiro
Império ou da Restauração com jaquetas Luis XV; vestidos no estilo
Diretório com botas de salto alto- ou melhor ainda, redingotes de
cintura baixa enfiados sobre vestidos de cintura alta.[...]”
(BENJAMIN, 2007;p. 248)
De todos estes elementos observados por Benjamin, a arquitetura talvez tenha
sido a grande responsável por começar a imprimir o ar de modernidade em Paris que
tanto impressionou o sociólogo alemão. Diversos aspectos da nova circunstância
arquitetônica não passariam despercebidos por Walter Benjamin. Em sua famosa obra
inacabada Das Passagen-werk5, Benjamin comenta sobre a arquitetura do ferro,
elemento amplamente usado na arquitetura eclética, e que permite novas perspectivas no
campo construtivo através do processo de standartização e pré-fabricação de perfis
metálicos.
Para Benjamin, o ferro representava uma ruptura com os materiais e a
linguagem tradicionalista da arquitetura.
“Com a crescente comprovação e o conhecimento de suas qualidades
estáticas na arquitetura do futuro, o ferro está destinado a servir de
base ao sistema de tetos, e do ponto de vista estático, a destacar este
ultimo em relação aos sistemas helênico e medieval tanto quanto o
sistema de arcos deu destaque à Idade Média em relação ao
monolítico sistema de vigas de pedra do mundo antigo [...]”
(BENJAMIN, 2007;p. 189)
A “haussmanização” de Paris provavelmente tenha sido o ponto de partida para
as experimentações de uma nova arquitetura, calcada no uso racional e harmônico de
elementos de diversos estilos, de maneira que eles mantivessem diálogos estéticos entre
si: a arquitetura eclética. A modernidade arquitetônica passa então a ser plasmada
através do emprego de novas técnicas construtivas, novos materiais, novas construções,
5 Título em alemão da obra Passagens, organizada e traduzida para o português por Willi Bolle.
[BENJAMIN, Walter. Passagens. Org. Willi Bolle. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.]
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novas avenidas com suas perspectivas pontuadas por monumentos. Tais características
foram também observadas por Benjamin:
“No fim das vastas avenidas, Haussmann construiu monumentos,
tendo em vista a perspectiva: o Tribunal do comércio no fim do
Boulevard Sébastopol, igrejas bastardas de todos os estilos, Saint-
Augustin, onde o Baltard copia o bizantino, um novo Sanit-Ambroise,
Saint-françois-Xavier. No fim da Chaussé-d‟ Antin, a igreja La
Trinité imita a Renascença.[...] Ateve-se muito às perspectivas, teve o
cuidado de edificar monumentos no fim de suas vias retilíneas. A
idéia era excelente [...].”(BENJAMIN, 2007;p. 172)6
Assim, observa-se que a modernidade pode se manifestar de várias formas. No
entanto, buscou-se aqui mostrar que a modernidade não está dissociada da arquitetura.
Ao contrário, a mesma, como se pode perceber através do olhar benjaminiano sobre
Paris, é um dos vetores através dos quais a modernidade se legitima.
3.0 – Ecletismo
O ecletismo, um movimento estético, surgiu na Europa na segunda metade do
século XIX. Esse estilo nasceu logo após a expansão da Revolução Industrial por todo
continente europeu e pelo mundo. Essa revolução marcou de forma indelével a transição
do feudalismo para o capitalismo e alterou o modo de vida das populações dos países
que se industrializaram devido às transformações políticas, sociais, culturais e
econômicas oriundas desta revolução.
É nesse contexto que surgem propostas utópicas e outras formas exeqüíveis de
intervenções urbanísticas para tentar resolver o problema das cidades. Aos poucos, a
desorganização teria fim, dando espaço para grandes intervenções e regulamentações
urbanísticas controladas pelo estado e para a regulamentação urbanística, ou seja, para
leis que regulam o crescimento e as intervenções na cidade. Assim, foram executados
vários planos de intervenções urbanas nas capitais européias, como, Londres e Paris,
sendo que, a primeira a passar por essas modificações foi a capital inglesa. Porém, ainda
que Londres tenha passado pelo processo de intervenção urbana, anterior a Paris foi a
6 Grifos da autora
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capital francesa que serviu de modelo para as demais capitais européias e do mundo. O
Plano de Remodelação Urbana de Eugéne Haussmann reunia características mais fáceis
de ser reproduzido e fez com que a cidade mudasse sua aparência e passasse a ser uma
referência de modelo urbano.
O eclético foi o estilo que primeiro se apropriou dos novos materiais de
construção e investimento que vieram trazidos ao bojo da Revolução Industrial. Tais
materiais, como o ferro, o vidro, os ladrilhos hidráulicos, foram inicialmente utilizados
por engenheiros em grandes obras, como pontes, ferrovias. Posteriormente à experiência
da engenharia com o potencial construtivo destes materiais, a arquitetura tomou partido
dos mesmos, através da sua experimentação. É nesse contexto de experimentação e
verificação da potencialidade dessas novas técnicas construtivas na arquitetura que
surge o estilo eclético.
Assim nasce uma nova linguagem na arquitetura. O ecletismo se impôs na
Europa na passagem do século XIX para o Século XX. Ele correspondia a uma postura
pela qual os arquitetos poderiam recorrer a uma variedade de estilos, linguagens de
composição e decoração, baseadas na arquitetura original de diferentes países ou
períodos históricos, sem esquecer que os elementos utilizados são conhecidos e
consagrados por outros estilos.
Surgido junto com a “modernidade”, o eclético foi um estilo que foi ao
encontro das expectativas da elite econômica das sociedades européias, que
demandavam melhorias fundamentais no espaço urbano. Assim, este estilo foi tomado
como instrumento de demonstração de progresso, de urbanidade e de status, realizando
uma transição entre os antigos paradigmas arquitetônicos e uma nova circunstância na
qual os novos materiais, a padronização e a standartização seriam características
essenciais. O estilo eclético teve grande responsabilidade, no entanto, tal estilo ainda é
tratado e associado à arquitetura de mau gosto ou arquitetura de pastiche.
O termo “ecletismo” significa a atitude antiga de formar um todo a partir da
justaposição de elementos escolhidos entre diferentes sistemas. Sintetizando, define-se
como ecletismo a prática de selecionar o melhor dentre vários estilos numa tentativa de
criar um estilo de maior perfeição. A arquitetura eclética associa num mesmo edifício
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referências estilísticas de diferentes épocas e origens e o ecletismo foi um movimento
que buscou inspiração em manifestações vindas de diversas regiões e momentos
distintos do passado, assim como, permite uma viagem ao tempo.
4.0 – Ecletismo e modernidade nas obras de um engenheiro nômade.
No ano de 1889 aporta no Rio de Janeiro, um jovem italiano de 21 anos
chamado Filinto Santoro. Filho de Carlo Santoro7, Filinto nasceu a 09 de fevereiro de
1869. Natural de Fuscaldo, cidade da Província de Consenza, região da Calábria, o
jovem italiano iniciou seus estudos em Nápoles, recebendo o título de Engenheiro pela
Reale Scuola di Applicazione per gli Ingegneri. Santoro residiria no Rio de Janeiro
durante algum tempo, época na qual principiou suas atividades profissionais em terras
brasileiras. Conforme explana ANDRADE JÚNIOR (2007)8, Santoro inicia seus
trabalhos no Brasil como professor de italiano em um colégio secundário, onde
instituiu, pela primeira vez, uma cátedra de italiano. Santoro também chegou a dirigir
alguns jornais da colônia italiana carioca.
Uma das características da colônia italiana no Brasil era o forte sentimento de
unidade e pertencimento de seus integrantes, mesmo estando longe de sua terra natal.
Nas colônias, de maneira geral, os imigrantes italianos puderam se agrupar no seu
próprio grupo étnico, onde podiam falar seus dialetos de origem e manter sua cultura e
tradições. A ajuda mútua, beirando o paternalismo e corporativismo, também moviam
as colônias italianas, e assim sendo, Santoro possivelmente utilizado uma forte cadeia
de contatos com suporte às suas atividades profissionais no Brasil. Tal fato permearia
não só o desenvolvimento de seus projetos, mas principalmente a execução de suas
obras.
7
Carlo Santoro era irmão do grande pintor calabrês Rubens Santoro. Carlo também tornou-se um pintor
famoso, e muitas obras suas são conservadas na cidade de Mongrassano. Dentre suas obras – basicamente
afrescos - figuram estatuárias em madeira, como um busto dedicado a São Francisco de Paula. 8 ANDRADE JÚNIOR, Nivaldo Vieira de Andrade. "A Influência Italiana na Modernidade Baiana: o
caráter público, urbano e monumental da arquitetura de Filinto Santoro". In: 19&20 - A revista eletrônica
de DezenoveVinte. Volume II, n. 4, outubro de 2007. Disponível em :<
http://www.dezenovevinte.net/19e20>. Data de acesso 25/02/2008
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Durante sua estada no Rio de Janeiro, Santoro construiu paulatinamente uma
sólida reputação como Engenheiro Civil através do trabalho com os Irmãos Januzzi,
nascidos na mesma região que Santoro. Sua reputação crescente acabou fazendo com
que o então Presidente da República, Floriano Peixoto9, o encarregasse da elaboração de
uma nova Estação Central de Estradas de Ferro, projeto premiado na Exposição de
Milão de 1896, porém nunca levado a termo.
Da então Capital Federal, Santoro deslocou-se para o Espírito Santo, onde
chegaria aos 24 anos de idade, casado, e com um filho pequeno, com menos de um ano
de idade. A convite do então governador Moniz Freire, Santoro ocuparia o cargo de
Diretor de Obras Públicas do Estado. Contudo, o cargo só pôde ser ocupado por Santoro
mediante uma licença especial, uma vez que no Brasil do início do regime republicano,
os cargos de chefia de Repartições Públicas e órgãos correlatos não poderiam ser
ocupados por estrangeiros.
Durante sua permanência como Chefe de Obras do Estado, Santoro
proporcionou um novo tônus no panorama da construção civil. Construiu hospitais,
quartéis e mesmo teatros, como o Theatro Melpômene, datado de 1894, construído em
Vitória. Sua estrutura mista de madeira e ferro, bem como sua técnica construtiva era
quase que experimental, e foi erguido no espantoso período de seis meses por operários
italianos e franceses. O Melpômene pode ser visto nas figuras 1a e 1b.
No Melpômene, Santoro permitiu-se experimentar uma nova linguagem
arquitetônica que viria caracterizar profundamente sua obra: o ecletismo. Apenas as
fundações do Theatro Melpômene foram construídas de alvenaria e tijolos. O corpo do
teatro foi todo construído em pinho-de-riga importado da Suécia, o revestimento de sua
cobertura era feito em telhas cerâmicas francesas, importadas de Marselha. No interior
do Theatro, as colunas e grades das frisas e dos camarotes eram em ferro forjado.
9 Existe um equivoco no texto citado de Nivaldo de Andrade Junior ao comentar que o então Presidente
da República Marechal Hermes da Fonseca teria dado à Santoro o projeto de uma nova Estação Central.
Durante a estada de Santoro no Rio de Janeiro, ocupava a cadeira presidencial o Marechal Floriano Vieira
Peixoto, segundo presidente da República Federativa do Brasil no período de novembro de 1891 a
novembro de 1894. Hermes Rodrigues da Fonseca seria o oitavo presidente da República, durante o
período que vai de novembro de 1910 a novembro de 1914.
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Levando em conta as características de solidez e perenidade das técnicas
construtivas até então adotadas no Brasil, o Melpômene era uma construção quase que
experimental, e para tanto, requereu mão de obra especializada. Santoro mandou buscar
operários de São Paulo e Rio de Janeiro, e dentre eles, muitos italianos, como o
carpinteiro Giuseppe Giovanotti, o decorador Spiridione Astolfoni e seu ajudante André
Carloni, que continuaria pintando os cartazes para o Melpômene até 1925, quando
adquire o edifício, demolindo-o no mesmo ano e transferindo as colunas de ferro para o
Teatro Carlos Gomes, então em construção.
(a) (b)
Figuras 1(a) e 1(b) – A figura da esquerda mostra as fachadas frontal e lateral do Teatro Melpômene,
também apelidado de “Teatro de Madeira” em função de sua sigla (TM). Na direita, é possível
observar eu o Melpômene - no cando direito da figura – destacava-se no panorama horizontal de
Vitória. Fonte: arquivo pessoal da autora.
Durante sua estada nas terras capixabas, Filinto Santoro realizou diversas ações
em favor da colônia italiana no Espírito Santo, sendo por conta disto agraciado com o
título honorífico de Cavaleiro da Coroa Pelo Rei Humerto I, no ano de 1895. O
engenheiro italiano, no entanto, permaneceria no sudeste do Brasil até meados de
190010
, época na qual se transfere para a região Amazônica, inicialmente para a capital
Amazonense. Foi o início de uma permanência na região por um período de mais de
quinze 15 anos, treze dos quais passaria em Santa Maria de Belém do Grão-Pará.
Atendendo ao convite do então Governador do Estado do Amazonas, José
Cardoso Ramalho Júnior, Santoro transfere-se para Manaus, que vivia um período de
10
Comenta DERENJI (1998; p. 159) que a data na qual Santoro aportou em Manaus é imprecisa, e deve-
se considerar que de 1897 a 1900 a vida pública do engenheiro é escassamente documentada devido ao
mesmo ter sido acometido no Brasil por uma grave moléstia, fazendo com que Santoro passasse este três
anos na Itália em tratamento.
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riqueza e fausto decorrente da economia gomífera. Comenta ANDRADE JÚNIOR
(2007)11
que o engenheiro fora convidado a dar seu parecer acerca das condições
estruturais do Palácio destinado à sede do Governo do Estado, e verificar as reais
possibilidades de transformá-lo em uma edificação que correspondesse às exigências de
uma sede de governo.
Nesta época, as cidades amazônicas transformaram-se em lócus natural da
modernidade. As intervenções urbanas, os novos sistemas de transporte público, as
obras de ensecamento de cursos d´água, a retirada da vegetação nativa, o calçamento e
pavimentação de vias públicas não eram os únicos vetores de afirmação do discurso de
modernidade do poder público. Era necessário que ele próprio, personificado através de
uma “sede”, também se travestisse com uma roupagem consoante com a modernidade.
Contudo, o parecer de Santoro foi negativo quanto ao edifício, que apresentava
problemas estruturais, bem como inadequação ao clima quente e super-úmido das terras
amazônidas. Qualquer reforma seria excessivamente cara, e possivelmente não
responderia aos preceitos das construções “modernas”. Finalmente, Santoro convenceu
o Governador a demolir a edificação e construir um novo palácio, conforme projeto por
ele desenvolvido.
No interregno de um mês e meio, Santoro apresenta seu projeto, que pode ser
visto nas figuras 2a e 2b. No mês seguinte, as demolições do antigo prédio foram
iniciadas. Durante a construção da nova sede do Governo, as obras foram interrompidas
em função da queda dos preços do látex amazônico nos mercados internacionais, o que
provocou uma indelével crise financeira. O Palácio projetado pelo italiano não chegaria
a ser concluído.
11
ANDRADE JÚNIOR, Nivaldo Vieira de Andrade. 2007. Opus Cit.
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(a) (b)
Figuras 2(a) e 2(b) – Fachadas do Palácio do Governo de Manáos, projetado por Filinto Santoro. Na
esquerda, a fachada frontal, e à direita, a fachada lateral. Disponível em:
www.bv.am.gov.br/portal/,acessado em: 25/03/2008.
Durante os três anos de sua permanência em Manaus, Santoro recebeu
encomendas de projetos residenciais, religiosos e públicos, como a reforma e ampliação
do antigo Mercado Municipal, uma estrutura em ferro fundido da empresa Francis &
Morton, Engineers, de Liverpool montada ás margens do Rio Negro entre 1880 e 1883.
Santoro iniciaria as obras do Mercado construindo a fachada voltada para a Rua dos
Barés em alvenaria de tijolos, que é a maior fachada que pode ser observada na figura 3.
No entanto, as obras de reforma do edifício só viriam a ser concluídas pelas mãos do
empreiteiro Affonso Campora, em meados de 1906, período correspondente ao final do
mandato de Adolpho Lisboa na Intendência.
Figura 3 – Mercado Municipal Adolpho Lisboa sirca 1906. Observa-se um tramway da Manáos
Railway Company trafegando em frente à fachada projetada por Santoro. Fonte: arquivo pessoal da
autora.
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As atividades de Santoro em Manaus foram bastante profícuas. Dentre as
várias obras que realizou, os engenheiros, desenhistas, calculistas, chefes e supervisores
de equipe eram sempre italianos. O tempo em que o engenheiro italiano passou em
Manaus foi deveras curto, e em 1903, em pleno auge da administração Lemista na
Intendência Municipal, Santoro transfere-se para a capital do Pará.
Sua estada em Santa Maria de Belém do Grão-Pará seria de 13 anos,
produzindo nesse tempo importantes obras que marcariam profundamente a paisagem
urbana da cidade. Assim, Filinto Santoro tanto projetou quanto construiu uma de obras
importantes para Belém, não só emoldurando as novas avenidas arborizadas, mas
também imprimindo no tecido urbano uma nova tipologia arquitetônica, diferente do
neoclássico tardio então em voga em Belém.
À semelhança do plano urbanístico de Haussmann, que previa grandes
perspectivas ao longo dos boulevares bem como edificações monumentais em trechos
específicos das avenidas, os projetos de Santoro também contribuiram para
“espetaculizar” dois eixos importantes de circulação da capital paraense, sejam eles a
Av. Nazaré, e seu prolongamento, a Av. Independência, bem como a Av. São
Gerônymo, atual Av. Governador José Malcher. Com efeito, o ecletismo da arquitetura
de Filinto Santoro seria inicialmente assimilado e fundido às características
neoclássicas, conformando assim uma espécie de estilo híbrido no qual as edificações
apresentavam uma caixa mural neoclássica e os interiores ecléticos. Desta fase inicial
datam o Colégio Gentil Bittencourt, cujas obras já haviam iniciado desde 1895 a mando
do então Governador do Estado Dr. Augusto Montenegro, e três palacetes residenciais:
um para servir de residência ao Governador Montenegro – atualmente Museu da
Universidade Federal do Pará – outro para o Senador Virgílio de Sampaio – hoje sede
do Instituto de Estudos Superiores da Amazônia – vizinho ao primeiro e inaugurado no
mesmo ano, 1905. O terceiro palacete seria para o Senador Marques Braga, este último
em estilo lombardo.
Sua grande capacidade de articulação com a classe economicamente
dominante, característica que Santoro aprimorou ainda durante sua estada em Manaus,
fez com que seus serviços fossem avidamente solicitados pela elite burguesa emergente
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devido à exportação do látex. Assim, não tardaria para que o engenheiro italiano caísse
nas boas graças do Velho Tuxaua da política Paraense, o Intendente Antônio José de
Lemos. A primeira obra de Santoro para Lemos foi a sede de seu jornal e reduto
político, A Província do Pará, que pode ser observado na figura 4. A sede do maior
jornal da região norte fora um presente dado à Lemos por seus admiradores e
correligionários, e tornar-se-ia um dos marcos visuais deixados por Santoro em Belém.
Figura 4– A redução da massa à volumes simples, a rigidez composicional, a simetria axial e a
correspondência de abertura de vãos são características neoclássicas que pontuam a fachada de A
Província do Pará, que a despeito de sua caixa mural, apresentava interior completamente eclético.
(Fonte: PARÁ, Secretaria de Cultura do Estado do, 1996)
A relação entre Santoro e Lemos era quase um mecenato. Logo o Intendente o
tornaria articulista de seu jornal no período de sua estada em Belém. A ligação de
Filinto Santoro com a imprensa data dos primeiros anos de sua permanência no país,
quando seus artigos eram dirigidos aos seus compatriotas. Posteriormente, escreveu
sobre diversos assuntos, entre os quais, os avanços científicos e arquitetônicos
relacionado às obras públicas, as reformas urbanas, e, sempre que possível, celebrava
seus patrícios, pois havia por parte dele uma proteção quase que ostensiva à mão-de-
obra e materiais de seu país, como já pontuado aqui. Santoro trabalhou e empregou em
suas obras outros profissionais italianos, alguns deles nem sequer vieram à região, como
o conhecido arquiteto Gino Coppedé, co-autor do Palácio da Intendência de Belém, e o
engenheiro Giuseppe Predasso.
Apreciador do talento do italiano, Lemos não tardaria a encomendar projetos
mais arrojados e pomposos. Lemos desejava uma nova sede para a Administração da
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Comuna, mais condizente com a moderna arquitetura. Santoro então fora enviado ao
Velho Continente em busca de referências técnicas e estéticas para então poder executar
o projeto do futuro Palácio. Conforme explana DERENJI (1987)12
, o próprio engenheiro
menciona que as duas obras que serviram como importante referência para o projeto do
Palácio Municipal de Belém. Ainda na administração Lemista na Comuna de Belém,
Santoro, em 1909, seria encarregado de projetar o novo Mercado de Carne, na Praça
Floriano Peixoto, bairro de São Braz.
Do Norte do país, Santoro seguiu para o Nordeste que seria seu último destino
em terras brasileiras. Chegou à cidade de Salvador em 1912. Foi na capital baiana que
Santoro deixou um grande número de obras edificadas, bem como obras de cunho
militar. Entre seus projetos realizados em Salvador, estão o Quartel do Corpo de
Bombeiros, onde o engenheiro venceu uma concorrência pública para então realizar a
obra, comprometendo-se a entregá-la no curto prazo de seis meses. O Palácio da
Aclamação que lhe foi encarregado de realizar a reforma pelo governador Antônio
Ferrão Muniz de Aragão foi outra pérola eclética deixada no Brasil por Santoro. As
obras teriam sido começadas a partir da antiga residência colonial, e a execução da ala
nova, projetada unicamente por Santoro
Santoro, também reformaria o Palácio Rio Branco, no qual existem algumas
semelhanças arquitetônicas, dentre elas a volumetria e a cúpula centralizada, com o
Palácio Municipal de Belém.
Filinto Santoro, ainda em Salvador desenvolveria o projeto de um cine-theatro,
denominado de Kursaal-Bahiano, cujo interior pode ser observado na figura 28, e uma
parte da Avenida Oceânica, que conecta o Farol da Barra ao Rio Vermelho. Comenta
ANDRADE JÚNIOR (2007)13
que sob a responsabilidade de Santoro estiveram não
somente o projeto do traçado e das contenções da Avenida Oceânica, mas também o
desenho e a execução das suas escadas, balaustradas, obeliscos e demais elementos
arquitetônicos e artísticos.
Seu último trabalho executado na capital baiana foi um projeto para a reforma
do Teatro Municipal que deu – se através de um concurso realizado em 1920 pelo
12 DERENJI, Jussara.opus cit. 13 ANDRADE JÚNIOR, Nivaldo Vieira de Andrade. Opus cit.
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governo do estado onde mais uma vez o engenheiro saiu vitorioso. Porém, o projeto não
chegou a ser executado.
Assim, Santoro encerra suas atividades no Brasil, retornando à Itália, onde
faleceria em Nápoles, em 1927. Seus longos e proveitosos anos resididos no país
geraram obras marcantes e monumentais, tais estas consideradas características
principais de seus projetos. Suas construções fossem elas públicas, religiosas, cultural,
oficial e privada foram sempre grandiosas, situadas em espaços importantes,
envolvendo pessoas políticas e com o principal – um grande significado para todas as
cidades que as pertencem.
5.0 Conclusões:
O engenheiro italiano foi, portanto, autor de uma extensa obra construída, do Rio de
Janeiro a Salvador, e de projetos jamais concluídos em Belém e Manaus. Deixando na
região norte obras que até hoje retratam a sofisticação do período da Belle-Époque, cuja
visão foi composta por um lado através das transformações urbanas, e por outro, através
de seu ponto culminante, que é a arquitetura eclética que se disseminaria como novo
estilo arquitetônico, e como marcos visuais nas cidades nas quais o estilo foi impresso
por Santoro. Na região Amazônica, sua importância talvez só possa ser comparada à de
Antônio Landi, que proporcionou à Belém referências arquitetônicas ímpares, que
alteraram profundamente os padrões estéticos da época. Assim fez Santoro,
aproveitando o grande fluxo de capital proveniente das exportações do látex amazônico
que se desdobrava ainda na arquitetura e no comportamento de seus habitantes.
6.0 Referências Bibliográficas
ANDRADE JÚNIOR, Nivaldo Vieira de Andrade. A Influência Italiana na
Modernidade Baiana: o caráter público, urbano e monumental da arquitetura de
Filinto Santoro. in 19&20 - A revista eletrônica de DezenoveVinte. Volume II, n. 4,
outubro de 2007. Disponível em :< http://www.dezenovevinte.net/19e20>. Data de
acesso 25/02/2008.
BENJAMIN, Walter. Paris, a capital do século XIX. In BENJAMIN, Walter.
Passagens. Org. Willi Bolle. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
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BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da
modernidade. São Paulo: Companhia de Letras, 2007.
DERENJI, Jussara. Arquitetura Eclética no Pará no período correspondente
ao ciclo econômico da borracha: 1870-1912. In: FABRIS, Annateresa (org.).
Ecletismo na Arquitetura Brasileira. São Paulo: Nobel: EDUSP, 1987, pp. 146-175.
DERENJI, Jussara da S. Arquitetura Nortista: a presença italiana no início
do século XX. Manaus: SEC, 1998
DERENJI, Jussara. As Faces da Cidade. Belém: Mídia.com. S/C Ltda., 2001.
PARÁ. Secretaria de Cultura do Estado. Belém da Saudade: A memória da
Belém do início do século em cartões postais. 2. ed. Belém: Ver. Aum, 1996.